TGI II IAU USP | Débora Scanagatta

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MEMÓRIA E CULTURA EVIDENCIADAS PELO RIO PIRACICABA


DÉBORA SCANAGATTA_8503200 TRABALHO DE GRADUAÇÃO INTEGRADO II USP - IAU | Instituto de Arquitetura e Urbanismo São Carlos - SP | Dezembro 2018


MEMÓRIA E CULTURA EVIDENCIADAS PELO RIO PIRACICABA



MEMBROS DA COMISSÃO DE ACOMPANHAMENTO PERMANENTE Prof. David Moreno Sperling Prof. Dr. Joubert José Lancha Prof ª. Dr ª. Luciana Bongiovanni M. Schenk Prof ª. Dr ª. Simone Helena T. Vizioli COORDENADOR DE GRUPO TEMÁTICO Prof ª. Dr ª. Aline Coelho Sanches Corato BANCA EXAMINADORA

_________________________________________ Prof. Dr. Joubert José Lancha IAU - USP

_________________________________________ Prof ª. Dr ª. Maísa Fonseca de Almeida UNIARA

_________________________________________ Prof ª. Dr ª. Aline Coelho Sanches Corato IAU - USP


AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus por ter me dado forças para conseguir chegar até aqui, e também aos meus pais e minha irmã que me acompanharam durante toda a graduação de forma intensa e agitada, e que, acreditando em mim, me incentivaram sempre para percorrer o melhor caminho, Sem eles seria impossível, em todos os aspectos, realizar o meu sonho de ser Arquiteta e Urbanista. Ao meu namorado, Luiz Raphael, que participou dessa fase tumultuada do TGI e também do intercâmbio, me trazendo segurança, paz e confiança. A todos os amigos e colegas que estiveram presentes para que eu chegasse até aqui. Destaco a Marina, que esteve tão presente nesses dois últimos anos. Aos meus professores, em especial ao Joubert e à Aline, que com sabedoria e disposição, guiaram o percurso desse trabalho. Ao Ademir, um dos proprietários da Fábrica Boyes, por ter cedido informações e autorizado as visitas in loco. E a todos que direta ou indiretamente fizeram parte da minha formação, o meu muito obrigada.


RESUMO

Piracicaba, uma cidade de grande importância para o interior paulista, iniciou-se nas margens do Rio Piracicaba e partir dali se desenvolveu. O advento da Revolução Industrial possibilitou a construção em 1876 da Fábrica de Tecidos Arethusiana - posteriormente Fábrica Boyes na margem esquerda do Rio. Sua localização estratégica facilitava o transporte, o fornecimento de água e, pioneiramente, a produção de eletricidade para seu funcionamento. Entretanto, essa indústria pioneira, assim como outras, foram abandonadas por não atenderem mais as demandas necessárias, criando assim várias questões a serem pensadas. É nesse cenário de abandono da Fábrica Boyes, mas também de diversas ações públicas na tentativa de valorização da Rua do Porto - área de Patrimônio da cidade em que também está inserida a Fábrica - que o trabalho se desenvolve. Levando em consideração as Teorias do Restauro e a Carta de Veneza de 1964, que propõem a preservação da história e da arquitetura, a tentativa de revalorização do Rio Piracicaba mas também da sua relação com a Fábrica Boyes depende também das ações que podem ser feitas para a valorização da cultura piracicabana. A proposta de intervenção no conjunto fabril visa a abertura da área para a cidade através de conexões com o Rio Piracicaba, da diversidade de usos públicos e também de ações que possibilitem a permeabilidade no projeto de modo a ressaltar os valores arquitetônicos, funcionais e históricos ali presentes. Palavras chave: Patrimônio industrial. Frente de água. Cultura local. Equipamentos públicos. Intervenção.



SUMÁRIO

01 | INQUIETAÇÕES .................... 02 | HISTÓRIA .............................. 03 | LEVANTAMENTOS ................. 04 | PROJETO .............................. DIRETRIZES PROJETUAIS....... NÍVEIS ................................ ARQUITETURA ..................... DETALHAMENTO ................. 05 | BIBLIOGRAFIA ........................

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“A restauração deve visar ao restabelecimento da unidade potencial da obra de arte, desde que isso seja possível sem cometer um falso artístico ou um falso histórico, e sem cancelar nenhum traço da passagem da obra de arte no tempo” (BRANDI, 2004, p. 33 apud KUHL, 2008)


01 | INQUIETAÇÕES 11 11


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CONTEXTO ATUAL E PATRIMÔNIO “A veces, parecería incluso que fragmentos de unas ciudades son literalmente clonados en otras. Una producción de paisajes comunes que alcanza una escala global pero que conlleva un uso, manipulación y puesta en valor de algunos elementos de la esfera local en sus múltiples dimensiones: social, cultural o en lo que se refiere al entorno construido.” (MUÑOZ, 2008, p.4) Em um contexto em que as cidades atuais estão diretamente afetadas pelo fenômeno da globalização e pelo consumo, a paisagem urbana sofre intervenções e passa a responder menos às questões históricas e culturais e se volta mais a um novo tipo de paisagem. Segundo Francesc Muñoz, em “Urbanalización, paisajes comunes, lugares globales”, apesar de territórios diferentes e independentes entre si, com características próprias e cultura e história particulares, as transformações passadas são similares, e, portanto, produzem paisagens semelhantes. Paisagens homogêneas, padronizadas, sem temporalidades nem espacialidades, passa-se a produzir mais do que uma urbanización, uma urbanalización, que sofre reflexos na produção da linguagem arquitetônica. E como o arquiteto lida com essa questão?

para a alienação e ruptura do ambiente quando se esquece disso. Pertencer a um lugar quer dizer ter uma base de apoio existencial em um sentido cotidiano concreto.” (SCHULZ, 2006 , p. 459) Principalmente nas áreas centrais, que, de modo geral, são onde localizam-se os edifícios mais antigos da cidade, e, portanto, são áreas já consolidadas, as intervenções acontecem através da imposição de modelos, através da iniciativa pública e/ou privada, de modo a perderem-se os vínculos de sociabilidade cotidiana em edifícios históricos. Essa situação agrava-se quando, através de um processo de financeirização da cultura como uma nova forma de investimento, esses edifícios históricos transformam-se em turismo. Segundo Paula Marques Braga, o problema não está em fazer o turismo como atividade principal, mas sim na forma como ele é implantado no local histórico. Isso porque com as intervenções, ao alterar o uso e a função dos edifícios, os grupos sociais que participam do local são alterados, o que resultará em um processo de privatização do espaço urbano. Esse processo de gentrificação expulsa a comunidade e os aspectos particulares que definem tal local.

Segundo Norberg Schulz, a arquitetura é uma arte difícil, é mais do que construir, é ajudar o Como forma de evitar que a banalização da homem a habitar, a pertencer a um lugar: paisagem comprometa a memória – elemento de ligação entre temporalidades distintas – e os “A arquitetura começa a existir quando ‘faz visível marcos – carregados de significados de momentos todo um ambiente’, para citar uma definição J diferentes da história das cidades –, é importante e Suzanne Langer. Isso significa concretizar o a adequada incorporação do Patrimônio Cultural genius loci. Vimos que isso acontece por meio em uma intervenção. De modo a relacionar seu de construções que reúnem as propriedades do suporte físico – Patrimônio Material – com as lugar e as aproximam do homem. Logo, o ato manifestações culturais existentes – Patrimônio fundamental da arquitetura é compreender a Imaterial. ‘vocação’ do lugar. Dessa maneira, protegemos a terra e nos tornamos parte de uma totalidade Dessa forma, a intenção do projeto é que as compreensível. O que se defende aqui não é uma intervenções feitas possibilitassem a criação espécie de ‘determinismo ambiental’. Apenas de um lugar, em que os moradores se sintam reconhecemos o fato de que o homem é parte pertencidos, valorizando a memória e a vivência integral do ambiente e que ele somente contribui já existentes no local.

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PATRIMÔNIO INDUSTRIAL

A intervenção em um edifício histórico, que sofreu alterações durante o tempo, tem como base a Carta de Veneza de 1964 que ressaltava o objetivo do restauro como “conservar e revelar os valores estéticos e históricos do monumento e fundamenta-se no respeito pelo material original e pelos documentos autênticos” (Carta de Veneza, artigo 9). Portanto, intervir significa basear-se em um conhecimento aprofundado, de abordagem multidisciplinar, de modo que os bens mais significativos possam ser preservados e valorizados, levando sempre em consideração que as transformações continuem a ser suportes efetivos e fidedignos da memória coletiva. Com o advento da Revolução Industrial desenvolvem-se novas tecnologias e alteramse, consequentemente, os modos de produção. Um novo cenário passa a ser constituído com a construção estratégica de Fábricas, de maneira geral, próximas às regiões centrais da cidade aos rios, facilitando o transporte e o fornecimento de água para a indústria. Entretanto, a partir da metade do século XX, essas indústrias pioneiras se tornam insuficientes e obsoletas por não atenderem mais às demandas necessárias da cidade, por isso transferem suas produções para zonas mais periféricas em busca de estruturas e condições favoráveis.

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Essas áreas industriais abandonadas tornaramse alvo de discussão para a área do Patrimônio, que não encontrava todas as respostas na Carta de Veneza. E em 2003, como uma síntese das definições feitas ao longo de várias décadas, criou-se a Carta de Nizhny Tagil, documento do TICCIH (The International Committee for the Conservation of the Industrial Heritage), que define o conceito de arqueologia industrial: “A arqueologia industrial é um método interdisciplinar que estuda todos os vestígios, materiais e imateriais, os documentos, os artefatos, a estratigrafia e as estruturas, as implantações humanas e as paisagens naturais e urbanas, criadas para ou pelos processos industriais. A arqueologia industrial utiliza os métodos de investigação mais adequados para aumentar a compreensão do passado e do presente industrial.” (Carta de Nizhny Tagil) O objeto de estudo de uma arqueologia industrial engloba não somente os edifícios de produção industrial, mas também as unidades de produção de energia, a sistematização dos meios de transporte e todo o complexo de elementos relacionados à fábrica. Mais do que construções, é necessário aliar à arqueologia industrial as questões do Patrimônio Imaterial. Encontrar soluções que relacionem a Fábrica com a história e a comunidade que a pertence.


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FRENTE DE ÁGUA

Diante das condições mínimas favoráveis várias cidades iniciaram seu crescimento e fundação próximas a rios, atribuindo-os, assim, uma grande valorização. Sua importância aumentou mais ainda com a industrialização e a construção de fábricas em seu entorno imediato. Entretanto, com o processo inverso - a desindustrialização - esses espaços transformaramse em extensas áreas obsoletas, abandonadas e até mesmo perigosas. Como forma de evitar isso, esses vazios vem sendo considerados como oportunidades de revalorização da cidade, através de intervenções que buscam aproximar a cidade das águas.

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A ideia de Alexandre Delijaicov para solucionar esse problema é a da Metrópole fluvial: “construir feixes de infraestrutura urbana, integrados a redes de equipamentos sociais, fundamentalmente estruturados pelos cursos d’água”. Ou seja, ao invés de enxergar o rio como um limite ou como fundo de uma cidade ou construção, deve-se devolver sua particular importância. Não só qualificar o seu percurso linear para a cidade, mas também criar centralidades nas confluências entre os rios através da inserção de equipamentos públicos.


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Fig. 01

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02 | histรณria 19


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PIRACICABA: O CRESCIMENTO ENTORNO DO RIO PIRACICABA E AS INTERVENÇÕES NA TRADICIONAL RUA DO PORTO

A ocupação do território iniciou-se entre 1723 e 1725 com uma abertura para ligar São Paulo a Cuiabá pelos bandeirantes. Seu crescimento começou pela ocupação da margem direita e, posteriormente, pela margem esquerda com a construção da Matriz, onde aconteceria a expansão da cidade.

Não só um crescimento de fábricas, mas iniciouse ali um incentivo de àreas recreativas, como a praça em frente à Fábrica Santa Francisca, o passeio público na Rua do Porto, o Mirante.

Somente no final da década de 1969 que é possível observar as transformações da área impulsionadas pelo aumento do processo de A cidade não só iniciou-se pelo entorno do Rio especulação turística e imobiliária. Neste período como também desenvolve-se com a construção é possível verificar que houve um processo da Ponte Pêncil em 1823, e com uma vida ativa dinâmico de (re)significação das tradições e e particular de seus moradores - pescadores, vivências locais com o aparecimento de novos trabalhadores de olarias - que faziam usos para a Rua do Porto, transformada em manifestações culturais que perduram ainda centro gastronômico e turístico. atualmente, como a Festa do Divino Espírito Santo, realizada desde 1926. Na década de 1970, resultado de um jogo de disputas entre os interesses públicos e privados, As modificações na configuração da Rua do Porto a margem esquerda do rio Piracicaba passou por começaram com a construção de duas fábricas um processo de requalificação e (re)valorização no final do século XIX nas margens do Rio de da área através da implementação de um grande Piracicaba: a Fábrica de Tecidos Santa Francisca, parque municipal: o Parque da Rua do Porto e a atual Fábrica Boyes - objeto de desenvolvimento Área de Lazer do Trabalhador. De certa forma um de projeto desse trabalho - fundada em 1873 por modo de retomar o que existia antes das grandes Luiz de Queiroz; e o Engenho Central, em 1881, fábricas e intervenções. pelo Barão de Rezende; além de diversas olarias Em setembro de 1978, no Parque do Mirante, que fabricavam tijolos e telhas. foi feito um mural de mosaico, da artista plástica

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piracicabana Clemência Pecorari Pizigatti, com diversas cenas da antiga Piracicaba. Mais uma ação do processo de conscientização sobre a necessidade de preservação dos bens naturais e culturais (materiais e imateriais) presentes nesta localidade.

país.

No entanto a partir da década de 1950, a concorrência do açúcar dos outros países latino-americanos privilegiados pelos EUA no mercado internacional, a dificuldade de manutenção das peças importadas, e de mãoEntretanto, apesar dessas intervenções que tinham de-obra especializada fizeram a produção decair como objetivo qualificar a Rua do Porto, com a em todos os engenhos centrais. o que levou à desativação do Engenho Central na década sua desativação em 1974 e contribuiu para a de 1970, das olarias nos anos 1980, a área degradação da área. caracterizou-se por um lugar perigoso devido à má conservação e por ter se tornado esconderijo Somente com a desapropriação de toda a área da antiga planta fabril e remanescente florestal, para sem-teto e usuários de drogas. o Parque do Engenho Central é tombado pelo Essa situação tem grande contribuição ao não Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, funcionamento do Engenho Central. Este, com Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado maquinários encomendados da França, deveria de São Paulo (CONDEPHAAT), e passa a ser processar toneladas de cana-de-açúcar, com utilizado para fins culturais, festas beneficentes, muito mais rapidez que os artesanais engenhos feiras e exposições, além de sediar a Secretaria Municipal da Ação Cultural. Uma forma de movidos à força de mula. reativar e qualificar o espaço da Rua do Porto. Porém, em função das más condições do mercado e pela insuficiência de matéria-prima, o Nas antigas instalações fabris funciona o Teatro Engenho estagnou e em 1899 é vendido para três Municipal Erotides de Campos e há um projeto franceses, na qual passou a ser a maior empresa em fase de captação de recursos para o Museu do estado em produção e a mais importante do do Açúcar.

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Fundada por Luiz de Queiroz, a Fábrica de Tecidos Santa Francisca foi a segunda grande casa industrial de Piracicaba. Engenheiro responsável: inglês Arthur Drysdem Sterry. A primeira iniciativa para o funcionamento da fábrica foi o pedido de concessão para montar uma usina de força no Rio Piracicaba. Na falta de máquinas, estas foram importadas da Inglaterra, assim como técnicos especializados vieram da Bélgica. O algodão passou a ser plantado e também a comprar de outros pequenos produtores, os quais Queiroz incentivou a produzir. Eram inaugurados os trabalhos de fiação com cinquenta teares de serviço para setenta operários, produzindo 2.400 metros de tecido por dia. Com uma grande visão de crescimento, Queiroz instalou linha telefônica entre a tecelagem e sua Fazenda Santa Genebra, adquiriu barcos para o transporte 1876 fluvial da produção com cidades vizinhas, e a partir de 1877 por meio dos trilhos da Cia. Ituana Piracicaba passou a ter relações com Capivari, Indaiatuba, Jundiaí, São Paulo e Santos.

Após a decisão de fundar a atual Escola Agrícola Luiz de Queiroz (ESALQ-USP), vende a Fábrica e sua residência ao lado – Palacete Luiz de Queiroz – para o Banco (da República) do Brasil.

1902 A Fábrica é vendida para a Sociedade Anônima Manufactora Piracicabana.

1918 Durante o período das Guerras Mundiais, o trabalho na fábrica passou a ser de 24 horas por dia, e assim permaneceu até meados da década de 1980, antes da recessão.

2002

Fechamento definitivo da indústria de tecidos.

1897 A Fábrica é vendida para Rodolpho Miranda e passa a ser denominada como Fábrica de Tecidos Arethusiana.

1912 A Fábrica passa a pertencer à Boyes e Cia, sociedade composta pelos irmãos Herbert James Singleton Boyes e Alfred Simeon Boyes.

1980 Década 1990 A produção começa a sofrer reduções. Quando em 2002 , com apenas algumas seções em funcionamento, concentravase na produção de fios vendidos a outras tecelagens da região e do Estado, e na produção de tecidos grossos como o brim.

2007

Desde sua fundação até a última aquisição pela família Boyes, a antiga fábrica, conforme se verifica pela descrição de sua trajetória, representou para cidade uma grande referência e um potencial de desenvolvimento, estabelecendo forte ligação com a população. Abandonada, após diversas especulações imobiliárias, foi aprovado em 2015 pela Prefeitura um Projeto para o local. Ele compreendia hotel, Shopping Center e Centro empresarial. Apesar de ter sido aprovado e começado a demolição de dois edifícios, o projeto não se desenvolveu, provavelmente por motivos econômicos.

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ARQUITETURA DA FÁBRICA BOYES

Segundo informações bibliográficas, o conjunto fabril originalmente executado em alvenaria aparente se compunha em vários edifícios com funções distintas. O grande pavilhão da tecelagem dividido em quatro blocos e em desnível, adaptado por porão, recebeu telhados independentes por bloco (com telhas francesas), ainda que fossem contíguos. Neste edifício, as aberturas foram executadas em arcos plenos e janelas em guilhotina, com quatro peças por bloco. Os outros prédios reuniam funções distintas de serviços e um casarão coberto com telhas coloniais, que parece ter sido a casa sede da Fazenda Engenho d’Água, abrigava os escritórios. Entre o pavilhão da tecelagem e o casarão de escritórios havia um jardim francês, ao lado de um canal. Logo na entrada principal do pavilhão, cujo destaque era um frontão com a epígrafe da empresa, existia uma ponte sobre o referido canal. Havia também um estábulo e pasto para cavalos. O abastecimento hidráulico da fábrica se dava por uma caixa d’água, correspondente a três pavimentos se destacava no conjunto, abastecida por dutos.

sido tombado em nível municipal, juntamente com as edificações ribeirinhas da Rua do Porto, não há ações efetivas que garantam sua preservação, além das possíveis pressões imobiliárias na área. A Usina, ainda existente, foi edificada em alvenaria aparente, vidraças de abrir e as telhas de capa e canal, com um anexo em madeira que se estruturava de forma semelhante ao esquema enxaimel (não existente atualmente). Neste pequeno edifício fabril aparece uma característica importante da alvenaria aparente em Piracicaba: a gama de cores variadas nos tijolos. Além disso, um dos grandes destaques está no edifício com pilares espaçados a cada 3,5 metros que ressalta o avanço da época em estruturas em concreto armado.

O conjunto fabril foi tombado em 2004 com grau P2 de preservação: “P2 - imóvel partícipe de conjunto arquitetônico, cujo interesse histórico está em ser parte do conjunto, devendo seu exterior ser totalmente conservado ou restaurado, mas podendo haver remanejamento interno, desde que sua volumetria e acabamentos não O conjunto passou por sucessivas vendas e várias sejam afetados, de forma a manter-se intacta reformas a que as edificações foram submetidas, a possibilidade de aquilatar-se o perfil histórico tornando difícil a percepção das características urbano” (LC 171/05). (FONTE CODEPAC) originais de suas tipologias e também a identificação das remanescentes do conjunto Após o fechamento da fábrica em 2007, o original, sendo que algumas foram reformadas terreno com uma área total de 32.477 m², e outras demolidas. Posteriormente o conjunto sendo 5.050,49 m² de área livre e 27.693,51 fabril foi reformado e ampliado pelo empreiteiro de área construída, ficou abandonado, O projeto Antonio Borja Medina assumindo linhas Art déco. do Shopping foi aprovado, porém não obteve Atualmente encontra-se fechada após a falência sucesso e permaneceu no papel. Somente foi da Boyes e apesar de seu conjunto edificado ter reativada a hidrelétrica.

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25 25


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03 | LEVANTAMENTOS 27


ANÁLISE DOS MAPAS ESCALA DA CIDADE Localizada no interior de São Paulo, com 400.000 habitantes, a cidade possui 1.376km2. Com a intenção de entender melhor o desenvolvimento das indústrias na cidade, o

mapa 01 apresenta as suas respectivas fundações confrontadas com a ocupação urbana por décadas. Percebe-se, portanto, que até 1920 somente a Fábrica em estudo e mais outras duas indústrias foram contruídas, sendo as três ao lado do Rio Piracicaba.

01. MAPA DA RELAÇÃO DA OCUPAÇÃO URBANA E INDÚSTRIAS EM PIRACICABA

Fundação das maiores indústrias por período: 1873 - 1920 1921 - 1967 1968 - 2014 Perímetro urbano Bens Tombados

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Ocupação urbana por década: Ocupação urbana - antes 1940 Ocupação urbana - déc. 1940 Ocupação urbana - déc. 1950 Ocupação urbana - déc. 1960 Ocupação urbana - déc. 1970 Ocupação urbana - déc. 1980 Ocupação urbana - déc. 1990 Ocupação urbana - déc. 2000 Ocupação urbana - déc. 2010 Ocupação urbana - pós 2010


Conforme já explicado anteriormente, as indústrias passaram para as áreas periféricas e atualmente em Piracicaba há um grande incentivo para que elas se instalem-se principalmente na região Nordeste. Localizados os bens tombados, destaca-se uma grande concentração na região central, justamente onde iniciou-se a cidade, na margem

esquerda do Rio. Já no mapa 02, pode-se verificar que a área central, onde localiza-se o objeto de estudo, é a àrea que possui o maior número de equipamentos públicos, questão importante a ser pensada no projeto. Destaca-se ainda algumas outras centralidades existentes também fora da região central.

02. MAPA DE EQUIPAMENTOS EM PIRACICABA

Centro Equipamentos culturais Equipamentos esportivos Equipamentos de saúde Hospitais Escolas de Ensino Superior Escolas de Ensino Público Escolas de Ensino privado

Agências bancárias Shopping Center Terminal rodoviário Terminais municipais Rotas de ônibus Ciclovia existente Centralidades

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ESCALA INTERMEDIÁRIA: Rua do Porto O mapa 03 mostra a cidade em uma escala mais aproximada do local de intervenção. É possível perceber os equipamentos de grande importância que existem em seu entorno, a área da Rua do Porto no qual a Fábrica pertence, e as dinâmicas que ali acontecem.

03. MAPA DE USOS NA REGIÃO DA RUA DO PORTO, PIRACICABA Centro Área principal de comércio do centro Rua do Porto - Área tombada pelo CODEPAC Área de bares e restaurantes Área de intervenção Bens tombados Terminal Rodoviário Terminal Municipal Central Hospitais Escolas privadas Escolas públicas

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1 2 3 4 5 6 7

EEP - Escola de Engenharia de Piracicaba UNICAMP/FOP - Fac. de Odontologia de Piracicaba ESALQ - Escola Superior de Agronomia Luiz de Queiroz UNIMEP - Universidade Metodista de Piracicaba Faculdade Dom Bosco SENAC Piracicaba SENAI Piracicaba

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18

Shopping Center Lar dos velhinhos Hotel Beira Rio Biblioteca Municipal Museu da Água Ponte Pêncil Fábrica Boyes Praça Boyes/Praça Ermelinda Ottoni de Souza Queiroz Engenho Central Casa do povoador Pinacoteca Municipal Passarela Estaiada Catedral de Piracicaba SESC Piracicaba Área de lazer - Pq. Rua do Porto Rua do Porto Área de esportes - Pq. Rua do Porto Prefeitura Municipal


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ESCALA APROXIMADA Numa escala ainda mais aproximada, o mapa 04 de usos mostra a grande quantidade de residências na área, mas também de maior que existem regiões de maior movimentação com restaurantes. 04. MAPA DE USOS DO ENTORNO DA ÁREA DE INTERVENÇÃO

Comércio Serviço Residência Misto Público Estacionamento Indústrias

Área de intervenção Áreas verdes

06. MAPA DE CURVAS DE NÍVEL (1m)

No mapa 05 de gabaritos é possível verificar como as edificações são baixas, com mínimas exceções, possuem no máximo 3 pavimentos. A fábrica que detaca-se por um gabarito maior, porém de maneira discreta inserida no desnível do terreno. 05. MAPA DE GABARITO DO ENTORNO DA ÁREA DE INTERVENÇÃO

Térreo 2 a 3 pavimentos 4 a 6 pavimentos 7 a 10 pavimentos 11 a 15 pavimentos 495,0

490,0

485,0 480,0

475,0

470,0

470,0

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No mapa 06 de curvas de nível é possível perceber que o terreno da área de intervenção possui 17m de desnível, o que torna uma das principais questões do projeto.

No mapa 07 de usos e no 08 de usos por período observa-se a dinâemica existente no local, os períodos de utilização mas também de certo abandono, pricipalmente no período noturno.

07. MAPA DE USOS DO ENTORNO DA ÁREA DE INTERVENÇÃO

Bares e Restaurante SEMAE - Sistema de tratamento de água e esgoto Indústria Museu da Água Hidrelétrica

08. MAPA DE USOS POR PERÍODO DO ENTORNO DA ÁREA DE INTERVENÇÃO 1

2 3

6

Usos noturnos Usos diurnos

4

5

1 - Bares e restaurantes 2 - Usuários de drogas 3 - Via de treinamento de auto escola 4 - Museu da água 5 - Avenida Beira Rio/Rua do Porto 6 - Hidrelétrica

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ESTUDO DOS MATERIAIS Para que fosse possível definir propostas de intervenção na área baseadas na situação existente era necessário entender as dinâmicas que compunham e definiam o conjunto fabril. Para isso foram feitos estudos in loco, buscando entender os edifícios tanto em termos de funcionalidade como em suas características materiais. Assim foi possível atribuir valores a cada construção analisada.

APOIO 1 - Berçario, refeitório 2 - Sala de reuniões 3 - Portaria pessoal, segurança, enfermaria e banco 4 - Depósito de embalagens e ferro da oficina mecânica 5 - Abridores e batedores, compressores 11 - Oficina mecânica e prensa de resíduos 15 - Hidrelétrica

Valor funcional Sem valor (destruído quase inteiro) Valor funcional (entrada) Valor arquitetônico Valor arquitetônico Não possui valor funcional, mas sua característica (cobertura em forma de abóbada) destaca-se do restante Valor histórico e funcional

PRODUÇÃO 6 - Pré-fiação, fiação filatório Flatts e Dasa, fiação open-end 7 - Espuladeiras e liços 8 - Almoxarifado filatório sussen 9 - Porão de fios e tecelagem, preparação e retorcimento 10 - Porão de fios e tecelagem, preparação e retorcimento 12 - Caldeira e depósito de materiais de engomagem e tubos plásticos 13 - Depósito de embalagem, sala de pano, engomadeira 14 - Depósito de embalagem e tecidos, sala de pano, urdideiras

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Valor arquitetônico e funcional Valor arquitetônico Valor funcional Valor arquitetônico e funcional Não possui valor funcional, mas sua característica (forma trianguular) destaca-se do restante Valor funcional Valor arquitetônico de uma fachada, pois o restante foi muito destruído Sem valor


DIAGRAMA DOS EDIFร CIOS 2

1

3 7

4

5 10

6

11

9

8 12

13

14

15

DIAGRAMA DE MATERIAIS | COBERTURA Telhas de barro e estrutura de madeira Telhas de amianto Telhas metรกlicas Telhas de fibrocimento

DIAGRAMA DE MATERIAIS | PAREDES

Parede de tijolo aparente + revestimento de pintura Parede de alvenaria + revestimento de pintura Parede de alvenaria + revestimento de pintura com telhas de amianto

DIAGRAMA DE MATERIAIS | PISOS Taco de madeira Cimento queimado Misto

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ESTUDO DAS FOTOGRAFIAS ANTIGAS Com o intuito de entender como as construções existentes foram feitas durante o tempo, já que não existem muitas informações, foi necessário pesquisar o Acervo do Instituto Histórico e Geográfico de Piracicaba.

15: escrito no edifício a data de construção: 1926. Características semelhantes aos edifícios 4 e 5. 7, 8 ,9 e 13: cobertura de madeira e telhas de barro, estrutura com pilares menores e mais proximos. Provavelmente edifícios mais antigos.

Com base nas fotografias encontradas abaixo, unindo-se às informações encontradas em livros e in loco, foi possível chegar a algumas conclusões: 1, 2, 6, 10, 11 e 14: telhas mais recentes e estrutura de pilares com vãos maiores. Provavelmente edifícios mais recentes.

Fotografia de1915.

Fotografia de 1986.

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Fotografia sem data.

Fotografia sem data.

Fotografia sem data.

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REFERÊNCIAS ARQUITETÔNICAS Foram usadas diversas referências arquitetônicas com diferentes questões a serem tratadas no projeto. As principais foram: Fig. 02 | MILLENIUM BRIDGE, Londres: chegada no edifício através da passarela.

Fig. 04 | CONCHA ACÚSTICA da LAGOA DA JANSEN, São Luis: uso do desnível do terreno para arquibancada da concha acústica. Fig. 05 | PRAÇA DAS ARTES, São Paulo: abertura do edificio para a cidade.

Fig. 03 | PARQUE FLUVIAL PADRE RENATO POBLETE, Santiago: utilização do desnível do terreno para o paisagismo.

Fig. 06| APPLE PIAZZA LIBERTY, Milano: arquibancada ao ar livre, praça seca. Fig. 07 | BIBLIOTECA MARIO DE ANDRADE, São Paulo: áreas de estudo e relação de ambientes com fachadas de vidros.

Fig. 02

Fig. 05

Fig. 03

Fig. 06

Fig. 04

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5

Fig. 07


SESC POMPEIA, São Paulo:

Fig. 08

Usado como referência principal do trabalho por também ser uma intervenção em uma antiga Fábrica. Feita uma análise mais aprofundada do edifício, é possível observar tanto as dinâmicas que foram possibilitadas através da arquitetura, como o uso de materiais que se destacam em relação ao antigo.

Estudo de cada ambiente do projeto.

Fig. 09

Fig. 10

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04 | projeto 41


DIRETRIZES PROJETUAIS Após feito o estudo da área e dos edifícios, diante iniciais para o projeto foi através da conversa da diversidade de usos encontrados na região com os usuários do local, por isso optou-se pelas da Rua do Porto, a forma de encontrar as ideias entrevistas. ENTREVISTA Qual região você mora? 16% Central 13% Norte

39% Sul

16% Leste 13% Oeste 3% Outros municípios Períodos que mais costuma utilizar a Rua do Porto. 12,9% Dias da semana durante o dia 4,3% Dias da semana durante a noite

84,3% Finais de semana durante o dia

28,6% Finais de semana durante a noite Indique os usos mais comuns para esta área. 55,7% Passeio (caminhar, feira do artesanato, fotos, brincar) 31,7% Cultural (teatro, oficinas, shows, exposições) 47,1% Gastronômico 7,1% Estudo, relaxar

Quais outros usos poderiam existir? (resumo das As funções resumiriam-se em bares/cantina/café, escola, oficinas, espaço de leitura e estudos, respostas abertas) teatro, museu e parque. Reforçar a cultura local | museu com a história da Rua do Porto | oficinas musicais, artesanato, Com base nos estudos e nas entrevistas, partindo pintura, teatro, dança | teatro e cinema mais do principio de preservar a história e valorizar a acessíveis, ao ar livre | praça de alimentação cultura local, enxergou-se a necessidade de obter e de convivência | estar | área de leitura e um edifício que se abrisse para toda a cidade. estudos | uso popular e acessível | shopping | triagem médica para idosos | necessidade de Para que isso fosse possível, foram traçadas três complementar o Engenho Central, que possui diretrizes projetuais: usos mais pontuais e caros. Dessa forma, a ideia principal seria aumentar o uso durante a semana, reforçar a cultura local, criar espaços de estar e convivência e trazer usos populares e acessíveis.

42

1. Rio como conector urbano; 2. Permeabilidade; e, 3. Diversidade de usos públicos.


1. RIO COMO CONECTOR URBANO

43


A ideia é que o Rio apareça como um elemento de junção entre o que acontece em suas margens. Em vários pontos da Rua do Porto isso já acontece, portanto, para dar continuidade à essa ideia, a intervenção proposta para o conjunto fabril devese abrir ao rio e à cidade, de forma a funcionar como elemento conector.

Situação proposta

44

Assim, a Praça de Entrada do projeto se ligaria diretamente à Ponte Pensil através das seguintes ações: elevação do nível da rua até a calçada com a mesma pavimentação - bloco de concreto - já existente no percurso da Rua do Porto; um percurso retilíneo que liga a Ponte à Praça e chega-se até o caminho principal, que atravessa todo o projeto. Essas questões podem ser vistas na ilustração abaixo:


PALACETE LUIZ DE QUEIROZ

Fig. 11

A proposta de conectar não fica restrita apenas à antiga Fábrica Boyes, mas também ao Palacete Luiz de Queiroz ao seu lado. O edifício é atualmente uma propriedade privada e possui em seu entorno muros que acabam escondendo totalmente sua beleza e o jardim que o envolve. Como forma de evidenciar a história e preservar a cultura local, propõem-se a desapropriação do Palacete e a implantação de um museu em seu interior. Essa ação inseriria o Palacete num sistema de museus próximo à área da Rua do Porto, como pode ser visto na imagem abaixo, que inclui o Museu do Açúcar, projeto a ser executado no Engenho Central.

45


2. PERMEABILIDADE Para que seja possível a abertura do edifício para a cidade e esse espaço possa ser utilizado da melhor forma pela população, a passagem pela área deve ser facilitada. Para isso foram estrategicamente retiradas as barreiras que impedissem ou comprometessem o fluxo de pedestres tanto na Fábrica como no Palacete: remoção dos muros e cercas, elevação do nível da rua até a altura da calçada.

FLUXOS PROPOSTOS

pedestres fluxo principal de pedestres

46

Além disso, a principal ação projetual feita para possibilitar a permeabilidade foi a criação/ reforma/manutenção de rampas, escadas, elevadores, caminhos e ligações para superar um dos grandes problemas do projeto: o desnível do terreno.


FLUXOS EXISTENTES automóveis ciclistas pedestres muros

FLUXOS PROPOSTOS automóveis ciclistas pedestres fluxo principal de pedestres

AÇÕES PROPOSTAS escadas rampas com destaque ligações

47


3. DIVERSIDADE DE USOS Por fazer parte de um complexo cultural complexo em Piracicaba, a ideia era propor usos que servissem como complementação do que já existe. Além disso, possibilitar o uso durante a semana, que é baixo atualmente. Buscando esses objetivos foram propostos os seguintes usos: Escola Parque; Centro do Folclore; teatro; ateliês de artesanato, dança e música; área de estudo; quadra de esportes; e áreas de alimentação.

Situação proposta - permeabilidade 48



DIVERSIDADE DE USOS 1 - Praça Dona Ermelinda Ottoni de Souza Queiroz (Praça da Boyes) 2 - Calçadão de pedestres (acesso restrito para veículos de carga/descarga) 3 - Café 4 - Área externa do café/estar 5 - Hall de entrada 6 - Jardim 7 - Espaço de ateliês 8 - Espaço teatral 9 - Teatro 10 - 1 º pav.: Foyer 2 º pav.: Escola Parque 3 º pav.: Escola Parque 11 - Halll de distribuição 12 - Praça Central - Café 13 - 1 º pav.: Espaço de estudos 2 º pav.: Área de convivência e alimentação 3 º pav.: Centro do Folclore de Piracicaba 14 - Vestiários 15 - Área de esportes 16 - Recepção 17 - Arquibancada ao ar livre 18 - Hidrelétrica 19 - Praça de Entrada 20 - Percuso lateral 21 - Via compartilhada (automóveis e pedestres) 22 - Percurso do Museu 23 - Museu Palacete Boyes 24 - Museu da Água 25 - Avenida Beira Rio 26 - Ponte Pêncil 27 - Engenho Central Usos: Propostos Mantidos

50


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24

26

27


5 10 20 m


NÍVEIS Como a área de intervenção possui diversos edifícios em diferentes níveis, a forma de apresentá-lo será em duas etapas.

edifício. Em seguida a planta baixa detalhada desse mesmo nível. E assim serão apresentados os quatro níveis e cobertura.

Na primeira etapa uma implantação geral mostrando o nível, sua relação com o entorno e os respectivos usos de cada pavimento para cada

Numa segunda etapa serão apresentados os edifícios de maneira individual, suas características arquitetônicas e as ações propostas.

NÍVEL 01

A

A’

Diagrama de corte AA’

PAVIMENTOS pedra portuguesa bloco de concreto intertravado concreto polido seixo natral

O nível 01 compreende os edifícios com pavimentos de cota 470m a 475,5m. Sendo o nível mais baixo, conecta-se diretamente com a paisagem do Rio de Piracicaba.

ÁREA DE ESTUDOS ÁREA DE ESPORTES RECEPÇÃO ARQUIBANCADA AO AR LIVRE HIDRELÉTRICA PRAÇA DE ENTRADA

53


DIAGRAMA: PLANTA DEMOLIR E CONSTRUIR demolir construir manter

ÁREA DE ESPORTES (1º pavimento) 1 2 3 4

Quadra poliesportiva Arquibancada Guarda volumes Depósito de materiais esportivos

ÁREA DE ESTUDOS (1º pavimento) 1 2 3 4 5 6 7

Área de estudos individuais/grupo Área de estar e exposições Estar com abertura a parte externa Sanitários Depósito/apoio Rampa de acesso ao pavimento superior Mirante na rampa

RECEPÇÃO 1 2 3 4

Área de recepção/reunião Área administrativa Sanitários Copa

1 ARQUIBANCADA AO AR LIVRE 1 HIDRELÉTRICA

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Planta baixa nĂ­vel 01 | Esc. 1:500

1


5 10 20 m


NÍVEL 02

C

C’

Diagrama de corte CC’

O nível 02 compreende os pavimentos de cota 477,5m a 482,9m. Abrange o maior número de construções que, em sua maioria, conectam-se entre si.

ESPAÇO DE ATELIÊS ESPAÇO TEATRAL HALL DE DISTRIBUIÇÃO PRAÇA CENTRAL ÁREA DE ALIMENTAÇÃO/CONVIVÊNCIA VESTIÁRIOS ÁREA DE ESPORTES

57


i=9,3%

i=11%

DIAGRAMA: PLANTA DEMOLIR E CONSTRUIR demolir construir manter

ESPAÇO DE ATELIÊS 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Ateliê de oficinas artesanais Sala de aula teórica Sala de aula de música Sala de aula de dança Sanitários Guarda volumes Rampa de acesso ao pavimento superior Copa Área de estar/convivência Depósito

19 Bilheteria do Teatro 20 Área de exposições 21 Acesso de materiais HALL DE DISTRIBUIÇÃO (1º pavimento) 1 Área de painéis PRAÇA CENTRAL 1 Área de estar 2 Café 3 Área de estar/alimentação ÁREA DE ALIMENTAÇÃO/CONVIVÊNCIA (2º pavimento)

ESPAÇO TEATRAL - APOIO E TEATRO (1º pavimento) 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18

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Sanitários Acesso ao pavimento superior Área de estar/convivência Camarim individual Sala de maquiagem Camarim coletivo Sala de aula/ensaio de teatro Ligação teatro-apoio-área externa Depósito do teatro/oficinas Teatro (capacidade: 648 pessoas) Cabine de projeção Entrada principal do teatro Sanitários masculino Livraria Espaço de produção de exposições Sanitários feminino Estar/convivência da livraria Entrada do Foyer

1 2 3 4 5 6 7 8 9

Restaurantes Vazio - painéis Cafés/cantinas abertos Sanitários Depósito Área de estar/convivência Balcão Rampa de acesso ao pavimento inferior Pavimento inferior: praça central

1 VESTIÁRIOS (1º pavimento) ÁREA DE ESPORTES (2º pavimento) 1 2 3 4

Quadra poliesportiva Arquibancada Mezanino Cantina


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Planta baixa nível 02 | Esc. 1:500

1

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C’

5 10 20 m


NÍVEL 03

C

Diagrama de corte CC’

O nível 03 compreende os edifícios com pavimentos de cota 483,5m a 484,85m. Eles ficam na cota mais próxima a do calçadão.

CAFETERIA HALL DE ENTRADA JARDIM ESPAÇO TEATRAL ESCOLA HALL DE DISTRIBUIÇÃO CENTRO DO FOLCLORE DE PIRACICABA VESTIÁRIOS

61


i=9,3%

i=11%

486.55

ESCOLA (2º pavimento)

DIAGRAMA: PLANTA DEMOLIR E CONSTRUIR demolir construir manter

CAFETERIA 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Depósito Sanitário de cadeirantes Sanitários Carga e descarga Refrigeradores Cozinha Lixo Área de alimentação/estar Área externa Rampas de acesso

HALL DE ENTRADA 1 Área de passagem com tótens 2 Guarda 1 JARDIM ESPAÇO TEATRAL - DORMITÓRIOS 1 Dormitórios 2 Sanitários 3 Copa/Estar

62

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13

Entrada para a escola Acessos ao pavimento superior Secretaria Sala de recepção Sala do diretor, vice-diretor e coordenador Salas de aula (capacidade: 30 alunos) Depósito Copa Almoxarifado Sanitário de cadeirantes Sanitários Estar/convivência Balcão externo

HALL DE DISTRIBUIÇÃO (2º pavimento) 1 2 3 4

Área de painéis Acesso por rampa a pavimentos externos Acesso à escola Acesso ao Centro do Folclore de Piracicaba i=9,3%

i=11%

CENTRO DO FOLCLORE DE PIRACICABA (3º pavimento) 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Acesso ao hall de distribuição Recepção Acesso à área externa Acervo João Chiarini Vazio - painéis Área de leitura Sanitários Depósito Área de estar/leitura Balcão

1 VESTIÁRIOS (2º pavimento)


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Planta baixa nível 03 | Esc. 1:500

10

8


5 10 20 m


C

NÍVEL 04

C’

Diagrama de corte CC’

O nível 04 possui o pavimento de cota mais alta: 489,25m. Contém o segundo pavimento da escola e uma vista previlegiada para o Rio Piracicaba.

ESCOLA

65


ESCOLA (3º pavimento)

DIAGRAMA: PLANTA DEMOLIR E CONSTRUIR demolir construir manter

66

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14

Acessos ao pavimento inferior Refeitório Cantina Cozinha Lixo Sanitários Depósito Zeladora Sala multiuso (capacidade: 90 pessoas) Sala de professores Área de estar/copa dos professores Recepção da biblioteca Bilioteca Balcão


1 2 3

4

5 7 8

1

6

11

10

9

13

12 14

Planta baixa nĂ­vel 04 | Esc. 1:500


5 10 20 m


COBERTURA

Situação proposta - Centro do Folclore de Piracicaba

69


Corte AA’ | Esc. 1:500

Corte BB’| Esc. 1:500

70


B

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Corte CC’ | Esc. 1:500

Corte DD’ | Esc. 1:500

Corte EE’ | Esc. 1:500

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E’ D

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C

73

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2 4

8m

2 4

8m


ARQUITETURA EDIFÍCIO | CENTRO DO FOLCLORE Esse edifício se destaca dos outros por possuir uma malha de pilares de 3,5mx3,5m, ou seja, o edifício se tornou um “mar de pilares”. Considerando a época em que ele foi construído, a construção em concreto armado vencendo vãos desse tamanho, de maneira modular, foi considerado um marco, tanto para a cidade como para a arquitetura industrial do Brasil.

logo atrás da fachada de brises, servindo como separação entre as áreas, criando maior relação do usuário com a parte externa (Rio de Piracicaba) através da criação desse balcão de estar nos dois pavimentos;

- Remoção de parte das duas lajes existentes, criando-se um vazio no centro do edifício e organizando a circulação entorno deste, de A diretriz principal da intervenção nesse edifício modo que a estrutura presente no centro possa parte justamente da ideia de valorizar e destacar ser apreciada no percurso ao redor do guarda sua arquitetura modular peculiar, tanto vigas corpo; como pilares, a partir das seguintes ações: - Inserção de paineis de brises, paineis - Remoção de paredes e construções que translúcidos e paineis com artes visuais de provavelmente foram feitas posteriormente unindo divulgação de eventos e informações, dispostos edifícios, de modo a deixar os pilares evidentes entre os pilares e vigas na parte interna do vazio criado no centro do edifício; nas fachadas; - Inserção de painéis de brises verticais na fachada noroeste, devido a incidência solar, de modo que esses painéis, de tonalidade amarelada, fossem encaixados entre os pilares e vigas, e pudessem assim destacá-los ainda mais. A fachada de painéis teve como base as dimensões e desenhos das outras duas fachadas e também daquela que provavelmente ali existia, como poderá ser visto a seguir. -

DIAGRAMA DE PAINEIS, ESQUADRIAS E PISOS

- Criação de um guarda corpo que pudesse ser colocado também entre os pilares, de cor e material diferente. Além disso, vale destacar que, tanto para este edifício quanto para os outros, a inserção de fechamentos novos sempre são de drywall, de modo que a construção existente sofresse o menor impacto psosível e também que o novo fosse o mais flexível possível.

fechamento tipo 1 fechamento tipo 2 paineis de brises inteiros paineis de brises parciais paineis de propaganda paineis translucidos paineis de exposição

Fachada também de esquadrias de vidro

fechamento tipo 1: esquadrias de vidro

74

restaurantes balcão de café fechamento tipo 3

fechamento tipo 2: drywall com esquadria de vidro

PISO assoalho de madeira (espécies: ipê, jatobá, pumaru) concreto polido

fechamento tipo 3: fachada de vidro


A fachada, como já mencionado, foi desenhada como forma de retomar as outras fachadas do edifício e também a que existia antes ali e foie sofreu grandes alterações. Os pilares, vigas e lajes são colocados em evidência com a inserção do brise de cor amarela e material PVC, se difere do existente.

BRISE PROPOSTO PARA A FACHADA

FACHADA PROPOSTA - NOROESTE

FACHADA EXISTENTE - SUDESTE

FACHADA EXISTENTE - SUDOESTE

75


O uso proposto para o edifício compõem-se de uma área de estudos no primeiro pavimento que dá acesso direto à arquibancada ao ar livre, uma área de alimentação e de convivência no segundo pavimento, e o Centro do Folclore de Piracicaba no terceiro pavimento, considerando a importância tanto do edifício como do Centro para Piracicaba. CENTRO DO FOLCLORE DE PIRACICABA É no contexto em que a cidade de Piracicaba passa por grandes transformações - intenso êxodo rural, mas ainda assim, a prevalência grandiosidade da produção de cana-de-açúcar – que é criado o Centro de Folclore de Piracicaba (CFP), em maio de 1945, por João Chiarini. Chiarini se interessava pelo folclore da região de Piracicaba e de todo o interior do Brasil, mas principalmente pela música espontânea produzida pelos repentistas. Com seu livro Cururu, mostrou ao país inteiro o folclore paulistano, mas também

Situação proposta - Espaço de estudos

76

o modo peculiar do falar piracicabano - o caipiracicabano, decretado Patrimônio Imaterial de Piracicaba em 2016. Segundo Uassyr de Siqueria (2015), o Centro buscava incentivar e preservar as tradições populares da cidade, de modo a defender e democratizar o folclore, cooperar com outras instituições congêneres e manter cursos populares de folclore. Buscando reunir elementos dispersos da área rural em costumes e hábitos, manter intenso intercâmbio com estudiosos e interessados pelo folclore no restante do país e até no exterior, Chiarini conseguiu fazer com que o Centro contasse com significativa biblioteca, hemeroteca, discoteca e até mapoteca, um espaço de articulação e de sociabilidade dos músicos da cidade. Como observa Tania Garcia, caberia aos folcloristas a “missão de orientar e controlar a modernização, evitando que as transformações decorrentes da modernidade corrompessem a cultura nacional” (GARCIA, 2013, p. 30). Atividades associadas à melhoria


do exercício de lazer dos trabalhadores. Para o folclorista piracicabano João Chiarini, o cururu e outros ritmos de origem rural eram vistos como parte integrante de uma longa tradição, cuja origem remonta aos primórdios da formação brasileira. E, embora transformado no ambiente urbano, o cururu deveria ser incentivado pelo Cento de Folclore de Piracicaba. Para Chiarini, os versos de cururu “significam um estado de espírito”, uma expressão relacionada à origem social de uma coletividade: os trabalhadores (CHIARINI). Levando em consideração toda a tradição envolvente nesse Centro que já existiu, mas foi desativado em 1988, e diante de algumas tentativas da população em resgatar e reativar esse centro como forma de resgatar as tradições piracicabanas, que é elemento principal do projeto em discussão, trata-se de extrema importância adicionar esse Centro ao Projeto, de modo que as crianças, ao serem alfabetizadas, tenham contato direto com a própria cultura da cidade em que pertencem.

Fig. 13

Fig. 13

Situação proposta - Centro do Folclore de Piracicaba

77


EDIFÍCIO | ESCOLA PARQUE

Já esse edifício, diferentemente do Centro do Folclore, destaca-se pela sua modulação grande de pilares - 6,5mx6,5m e sua cobertura inclinada. A ideia de intervenção parte do mesmo princípio de destacar essa estrutura e também de usar o drywall como novo fechamento: - Remoção de parte da laje do segundo piso para a inserção de uma rampa de acesso segundo-terceiro pavimento para a escola; - Fechamentos de drywall e esquadrias de vidro para a formação dos ambientes e promoção de circulação de ar entre eles; - Remoção do fechamento na cobertura para a criação de um shed com brises solares horizontais, propiciando a ventilação e a entrada de luz no terceiro pavimento; - Abertura maior no primeiro pavimento voltado para a Praça Central, propiciando maior circulação de pessoas no acesso ao Foyer do Teatro.

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fechamento tipo 4: drywall com esquadria de vidro º

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Situação proposta - Escola Parque

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ESCOLA PARQUE A ideia de criar uma movimentação no local durante o dia unindo-se à ideia de reafirmar a cultura local, levou a necessidade de propor uma escola parque de ensino fundamental (1º ao 5º ano) para que possam conviver junto com o Centro do Folclore, e assim criar uma forma de unir a educação com a cultura local. Para intensificar o uso noturno e diversificar as classes etárias que frequentam a área, acontecerá o EJA - Escolas de Jovens e Adultos.

Situação proposta - Escola Parque

80

O primeiro pavimento do edifício se difere um pouco por possuir uma área a mais com um grande vão sem pilares. Por esse motivo nessa área foi proposto um teatro, e embaixo da Escola Parque um enorme foyer que integra-se à livraria e à área de exposições. Esse pavimento conecta-se ao apoio teatral como poderá ser visto a seguir.


CEU (2000-2004) - RELAÇÃO COM A COMUNIDADE | ESCOLA PARQUE (1947) [...] predomina o sentido de atividade completa, com as suas fases de preparo e de consumação, devendo o aluno exercer em sua totalidade o senso de responsabilidade e ação prática, seja no trabalho, que não é um exercício mas a fatura de algo completo e de valor utilitário, seja nos jogos e na recreação, seja nas atividades sociais, seja no teatro ou nas salas de música e dança, seja na biblioteca, que não é só de estudo mas de leitura e de fruição dos bens do espírito. (ANÍSIO TEIXEIRA, 1994, p.163)

CULTURA EDUCAÇÃO MULTIUSO

ESPORTES

MAPA DE ESCOLAS EXISTENTES (RAIO 3Km)

2° ao 5° ano 6° ao 9° ano 9° ano ao ensino médio ensino médio área de intervenção

81


EDIFÍCIO | PRAÇA CENTRAL Partindo do princípio de proporcionar permeabilidade para o conjunto fabril, um eixo se forma da Ponte Pênsil até a Praça Boyes passando pela via interna. Assim cria-se um edifício aberto para todo o projeto como um ponto de encontro. Para que isso fosse possível algumas ações projetuais foram feitas:

- Remoção e substituição de pilares de concreto por metálicos;

- Remoção da cobertura, já parcialmente destruída;

Com a criação de um café ao centro, a praça central verde serve tanto de passagem como estar para os usuários.

-

Remoção da laje;

- Grandes aberturas nas paredes opostas através da inserção de vigas metálicas para liberar a passagem de pedestres;

Situação proposta - Praça Central

82

-

Inserção de um café no centro do edifício;

- Remoção de reboco e pintura de todas as paredes para deixar o tijolo à vista.


Situação proposta - Praça Central

83


EDIFÍCIO | ARQUIBANCADA AO AR LIVRE Essa área do projeto caracterizava-se pela como se trata de um edifício antigo e pertencente presença de dois edifícios, que foram removidos. ao restante, a ideia foi deixar a sua única parede ainda restante por inteira como uma marca da O edifício 14 foi removido pois, diante do memória do que existia ali. conjunto fabril, não representava nenhum tipo de valor (hist´´orico, arquitetônico ou funcional), Entretanto, com as remoções encontrou-se um isso porque foi construído mais recentemente de grande desnível do terreno. Inserida num espaço modo a destoar e até mesmo esconder o edifício em que a hidrelétrica, o Centro do Folclore, a do Centro do Folclore, consequentemente, sua fachada de um edifício e a vista direta para o manutenção não agregaria valor algum ao Rio de Piracicaba o compunham, a ideia seria projeto. aproveitar o desnível da melhor forma: criando uma arquibancada e um patamar rebaixado, Além disso, sua construção se deu ao redor do para que ali pudessem ocorrer espetáculos e edifício 13 de forma a descaracterizá-lo, por eventos, sobreposto exatamente no contorno do isso a decisão de também remove-lo. Entretanto, edifício que existia ali.

Edifícios demolidos:

1314

Edifício 14

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Edifícios 13 e 14


EDIFÍCIO | HIDRELÉTRICA A proposta para o edifício de tijolos a vista construído em 1926 para funcionar como hidrelétrica é que ele seja mantido para que a energia nele produzida possa ser utilizada para

o funcionamento do projeto proposto, assim como era antigamente: era responsável pelo funcionamento da fábrica Boyes fornecendo energia elétrica através do Rio Piracicaba.

Situação proposta - arquibancada ao ar livre

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EDIFÍCIO | EDIFÍCIO CAFÉ Funcionando inicialmente como refeitório para os funcionários da fábrica, o edifício parcialmente circular recebe a proposta de manter sua função alimentícia, porém como uma cafeteria. Localizado próximo ao calçadão, tem acesso fácil aos restaurantes existentes na rua superior através da Praça Boyes. Para essa nova proposta foi necessário retirar o edifício ao lado que já estava destruído.

Situação proposta - café

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EDIFÍCIO | HALL DE ENTRADA Esse edifício encontra-se atualmente destruído: Com uma cobertura de estrutura metálica e sua cobertura retirada, suas paredes quebradas. telhas de policarbonato, serve de passagem e de informações para os usuários através dos totens A proposta para ele seria mante-lo da forma disponíveis. como está para também marcas a sua função inicial: porta de entrada para a construção fabril.

Situação proposta - calçadão

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EDIFÍCIO | CALÇADÃO Como forma de interligar a Praça Boyes e a antiga Fábrica, a proposta para a rua, de acesso restrito à Fábrica, que separava as duas partes é de aumentar o seu nível até a calçada, expandir a sua pavimentação - pedra portuguesa - para

Situação proposta - calçadão EDIFÍCIO | RECEPÇÃO Reformado recente para utilização da empresa que faria o projeto de um Shopping Center, a proposta para o edifício que se conecta ao Rio de Piracicaba por sua localização é uma sala de recepção e de reuniões.

88

dentro do projeto proposto até a Praça de Entrada de forma que fosse criado um calçadão de árvores de sombra que serviria de acesso preferencial de pedestres e restrito para carga e descarga quando necessário.


EDIFÍCIO | ÁREA DE ESPORTES A quadra foi criada também com a intenção de utilizar-se da melhor forma da arquitetura existente: cobertura em abóboda. Apesar de o primeiro pavimento inicialmente ser bem menor, a ideia de ampliá-lo possibilitou a inserção de uma quadra poliesportiva e com o desnível criar a arquibancada que dá acesso ao vestiário, edifício

ao lado. Por estar em um edifício, é possível restringir seu uso em determinados horários para as atividades da Escola Parque, mas também em outros horários, inclusive aos finais de semana, para toda a população.

EDIFÍCIO | VESTIÁRIOS Edifício triangular de dois andares, ao lado da área de esportes foi mantido para ser utilizado como vestiário.

89


EDIFÍCIO | ATELIÊS O edifício proposto para o uso de ateliês tem sua característica própria, composto de tijolinhos a vista, em seu interior pintados de branco e no exterior de amarelo. A ideia é restaurá-los a fim de deixá-los com a aparência de tijolos à vista, destacando-se do restante das construções. Em

seu interior, os tijolos não só foram pintados como também receberam uma camada de reboco bruto. Já que as alterações foram maiores, optouse por deixar seu interior como está. A cobertura de madeira permanece à vista no edifício como um todo.

EDIFÍCIO | ESPAÇO TEATRAL Em sua parte externa será feito o mesmo, remoção da pintura e tijolos à vista. Em seu inteiror, a parede rebocada permanece, sendo pintada toda de branca. O forro horizontal metálico,

90

colocado posteriormente e atualmente destruído, e o forro de madeira abaixo do madeiramento serão retirados para que a cobertura de madeira permaneça aparente.


EDIFÍCIO | PERCURSO LATERAL

Situação proposta - percurso lateral

Situação proposta - ateliês e espaço teatral 91


DETALHAMENTO RAMPAS, GUARDA CORPO E VIGA METÁLICA As rampas, elemento de destaque no projeto, que serve como a solução principal encontrada para solucionar o problema do desnivel do terreno, aparece como forma de ligação entre edifícios e pavimentos. Os materiais utilizados para sua fabricação, partindo do princípio de dar destaque em relação às construções existentes, foram a cor branca para o acabamento da rampa como um todo, o aço

galvanizado para o seu piso, material adequado para uso de cadeirantes, e o aço galvanizado escuro, em destaque, para o corrimão e seus apoios. Estruturada por concreto armado. Em outras situações, o guarda corpo aparece todo em aço galvanizado preto, com uma tela quadriculada, de modo a estabelecer transparência entre os ambientes, mas também destacar o elemento do já existente.

tubo circular Ø 40mm esp.2mm tubo retangular 30mm esp.2mm

tubo retangular 30mm esp.10mm

620 150

920

150

chapa de aço galvanizado 100mm x 100mm esp. 3mm

Imagem isométrica do guarda corpo 92


det. A tubo retangular 30mmx20mm esp.10mm tubo retangular 30mm esp.10mm tubo retangular 30mm esp.2mm

det. B tubo circular Ø40mm esp.2mm tubo retangular 30mm esp.2mm tubo retangular 3mmx3mm

det. C

chapa de aço galvanizado 100mm x 100mm esp. 3mm

det. A

Elevação guarda corpo

det. B

Corte guarda corpo det. C

Planta baixa guarda corpo

ESC. 1:50

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Assim como as rampas e os guarda corpos foram desenhados de modo a se destacar da construção existente, o mesmo foi feito para todas as outras intervenções. A ideia de utilizar as cores brancas e materiais

diferentes aplicada a todas as situações, pode ser vista também nesse caso da Praça Central, em que foi necessário inserir uma estrutura nova para que fossem feitas aberturas nas paredes: vigas metálicas de cores claras em contraponto aos tijolos à vista e aos pilares de concreto existentes.

det. D chapa metálica 45mm esp. 4mm viga metálica I 30mmx45mm viga metálica H 30mmx45mm

det. D

Corte FF’ | Esc. 1:250

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CORRIMÃO AÇO GALVANIZADO Ø 40mm

ACABAMENTO DE REBOCO E PINTURA

RAMPA DE AÇO GALVANIZADO SOBRE CIMENTADO (ARGAMASSA DE CIMENTO E AREIA) SOBRE PLACA DE CONCRETO ARMADO 15cm

FECHAMENTO DE BLOCO CERÂMICO 11,5X14X24cm

VIGAS DE CONCRETO ARMADO 15x70cm

MURO DE ARRIMO PILARES DE CONCRETO ARMADO 15x50cm

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MOBILIÁRIO Assim como o conjunto da fábrica representa MOBILIÁRIO DE LAZZARI um marco da tecnologia para a indústria daquela época, a ideia do mobiliário é que ele se destacasse de alguma maneira por seu modo de ser fabricado. Dessa forma a escolha se deu pela cortadora CNC, que pode ser fabricado de modo fácil através de moldes prontos com a impressão na máquina a LASER do CNC. Além disso, sua montagem é feita apenas, ou na maioria dos casos, apenas por encaixes. Isso Banco Petricor tudo barateia o produto e o torna mais acessível, quando se trata de um projeto dessa dimensão. A opção para a parte externa, já que o CNC não pode ser utilizado, foi a utilização também de dois materiais já existentes na fábrica: a madeira e o cimento. Para isso foram utilizados móveis da marca De Lazzari. Poltrona Verano

Banco Octo

POLTRONA CABRIOLET, Carla Medina

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MOBILIĂ RIO CNC

APTEK BAR, Lesha Galkin

Crush Design TEE CHAIR, IDEA Belo Horizonte, Lucas Couto, Thiago Viana

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05 | BIBLIOGRAFIA 99


BRAGA, Paula Marques. “Intervenções urbanas em áreas centrais históricas: paisagens particulares versus a banalização da paisagem. Contradições entre a preservação do patrimônio cultural e a promoção do turismo em intervenções realizadas no Centro Histórico de Salvador e no Bairro do Recife”. Tese (Doutorado- Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo e Área de Concentração em Teoria e História da Arquitetura e Urbanismo) – Instituto de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo, São Carlos, 2013.

KUHL, Beatriz Mugayar. Patrimônio industrial: algumas questões em aberto. 2010. Disponível em: http://www.usjt.br/arq.urb/ numero_03/3arqurb3-beatriz.pdf. Acesso em 15/09/2017 ____________________ “Algumas questões relativas ao patrimônio industrial e à sua preservação”. 2006. Disponível em: http:// www.labjor.unicamp.br/patrimonio/materia. php?id=165 . Acesso em: 15/09/2017.

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Lista de figuras nĂŁo pertencentes Ă autora: Fig. 01: http://www.vidadefotografo.com.br/ portal/ponte-pensil-2/ Fig. 02: https://stampsy.com/stamp/27712 Fig. 03: https://www.plataformaarquitectura. cl/cl/793450/parque-fluvial-padre-renatopoblete-boza-arquitectos/57b3b3efe58ece 8ae3000039-parque-fluvial-padre-renatopoblete-boza-arquitectos-foto Fig. 04: https://www.apple.com/ newsroom/2018/07/apple-piazza-liberty-opensthursday-in-milan/ Fig. 05: https://eliaslacerda.com/destaques/ flavio-dino-arranca-aplausos-em-solenidadeque-inaugurou-a-revitalizacao-da-conchaacustica-da-lagoa-da-jansen-monumento-quefoi-abandonado-no-governo-roseana/ Fig. 06: https://www.archilovers.com/ projects/116454/praca-das-artes.html Fig. 07: https://www.prefeitura.sp.gov.br/ cidade/secretarias/cultura/bma/acervos/index. php?p=7961 Fig. 08: http://www.melhoresdestinos.com.br/ sao-paulo.html/sao-paulo-030 Fig. 09: https://archive-inigobujedo.photoshelter. com/image/I0000Xr2ApL2XYBQ Fig. 10: https://www.flickr.com/photos/sescsp/ sets/72157646916598193/ Fig. 11: https://ospaesdebarrossaopaolo. blogspot.com/2011/11/luiz-vicente-de-souzaqueiroz.html Fig. 12: http://gshow.globo.com/EPTV/MaisCaminhos/noticia/2015/03/improviso-e-rimao-mais-caminhos-uniu-geracoes-diferentes-dorap-e-do-cururu-em-piracicaba.html

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