SÍTIO PALEONTOLÓGICO
MORRO DO PAPALÉO
SÍTIO PALEONTOLÓGICO
MORRO DO PAPALÉO ORGANIZADORES
Fernando Heck Michels Francisco Paulo Garcia Guilherme Sonntag Hoerlle Francisco Paulo Garcia
IDEAL MEIO AMBIENTE LTDA CMPC Celulose Riograndense LTDA
Agradecemos ao Laboratório de Paleobotânica e ao Laboratório de Palinologia Marleni Marques Toigo, especialmente aos Profs. Drs. Roberto Iannuzzi e Paulo Alves de Souza, do Instituto de Geociências da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, pelas imagens cedidas e revisão.
Revisores de texto: Dra. Fabiana Maraschin, Prof. Dr. Roberto Iannuzzi Design Editorial: Débora Zilz Ilustrações: Voltaire Dutra Paes Neto Fotos: capa - Guilherme S. Hoerlle miolo - Guilherme S. Hoerlle, Tiago A. Morais, Luiz Flávio Lopes. 1ª edição Todos os direitos reservados. A reprodução não autorizada desta publicação, no todo ou em parte, constitui violação dos direitos autorais (Lei N° 9.610).
A histĂłria de uma floresta que cobriu parte do Rio Grande do Sul hĂĄ mais de 280 milhĂľes de anos pode ser lida nas rochas de Mariana Pimentel, basta observar os detalhes...
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APRESENTAÇÃO DA CMPC O sítio paleobotânico do Morro do Papaléo, localizado no município de Mariana Pimentel, é uma fonte preciosa para que aprofundemos o conhecimento do ambiente regional. A CMPC Celulose Riograndense, ciente da importância do local, decidiu contribuir para que esta publicação acontecesse. Tal decisão, se deu porque a empresa acredita que fomentar o acesso ao conhecimento é uma ferramenta poderosa para a valorização e conservação do patrimônio natural. Espera-se que este extenso trabalho de resgate de artigos científicos publicados, reportagens e entrevistas diretas com os pesquisadores que já trabalharam na área, somado aos novos levantamentos de campo, ofereça a todos os interessados uma melhor compreensão das dimensões do local e que, dessa forma, mais pessoas e instituições possam se engajar em busca da manutenção desta incrível fonte de pesquisa sobre os histórico de nossa região.
11
15
Introdução
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Histórico do Morro do Papaléo
20
O Tempo Geológico
22
Paleontologia e Paleobotânica
25
Preservação dos Fósseis
27
Localização
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As Rochas do Morro do Papaléo
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Estratigrafia
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Evolução Paleogeográfica
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Paleobotânica do Permiano Sul-Riograndense
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Palinologia
50
Glossário
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Bibliografia e Leituras Recomendadas
INTRODUÇÃO Uma antiga área de mineração deixou para trás alguns paredões rochosos que parecem simplesmente camadas de pedras empilhadas. Entretanto, o olhar minucioso dos paleontólogos revela que estas rochas carregam uma rica história de uma floresta que cobriu parte do Rio Grande do Sul há milhões de anos atrás. A partir de impressões de folhas e caules, marcas de sementes e grãos de pólen fossilizados nas finas camadas das rochas, os cientistas foram capazes de conhecer um pouco da vegetação que existiu ali. Além disso, a descoberta do sítio paleobotânico no Morro do Papaléo ajudou os cientistas a escreverem parte da história geológica da América do Sul e a entender as condições ambientais existentes há milhões de anos. Este livro apresenta de uma forma simples a história paleoambiental e paleontológica do Morro do Papaléo e ressalta a importância da sua preservação.
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50m
HISTÓRICO DO MORRO DO PAPALÉO A descoberta do Morro do Papaléo ocorreu devido a busca de
situaram a região do Morro do Papaléo nos modelos geográficos
argilas a fim de abastecer a indústria cerâmica local. Dessa
do final da Era Paleozoica, há aproximadamente 290 milhões de
forma, a mineração expôs os paredões rochosos que despertaram
anos, época em que se formaram os fósseis do Morro do Papaléo.
o interesse dos pesquisadores para estudos aprofundados da geologia da região. Historicamente, o Morro do Papaléo tem sido
No início dos anos 90, foi publicado um trabalho de contexto
alvo de variadas pesquisas no campo da geologia e paleontologia
regional que abordou a bioestratigrafia das rochas do sul do
desde a década de 60. No ano de 1968, foi publicado o primeiro
Brasil, possibilitando conhecer a idade das rochas a partir da
trabalho sobre as rochas do Morro do Papaléo. Esta pesquisa de
datação dos fósseis. No final dos anos 90 e início dos anos 2000,
abrangência regional, descreveu as principais ocorrências de
os estudos estratigráficos avançaram na região. Tais pesquisas
argilas no Rio Grande do Sul.
resultaram na publicação de artigos científicos que auxiliaram na compreensão da história geológica do Morro do Papaléo.
Apenas no final dos anos 70, esta área começou a despertar a atenção de paleontólogos. Em 1977, um estudo sobre a flora antiga
No ano de 2006, uma proposta de registrar o Afloramento do Morro
foi realizado na região de Mariana Pimentel para conhecer e
do Papaléo como geossítio foi submetida à Comissão Brasileira
classificar as ocorrências de fósseis vegetais. No ano seguinte,
de Sítios Geológicos e Paleobiológicos. Neste estudo, abordou-
foram realizados estudos estratigráficos, objetivando determinar
se com clareza as associações de plantas fósseis e a estratigrafia
as idades de formação das rochas na região do Morro do Papaléo.
deste importante sítio paleontológico. Atualmente, a área do entorno do Afloramento Morro do Papaléo é uma área de cultivo
No ano de 1982, foi publicado o primeiro trabalho específico sobre
de eucalipto pela CMPC Celulose Riograndense. Os afloramentos
o Afloramento do Morro do Papaléo. Neste estudo foi elaborado
são preservados e o acesso só é permitido a pessoas e instituições
o perfil paleoecológico do morro, ou seja, foram reconstruídos
que realizam pesquisas no local. Ademais, estudos de mestrado e
os ecossistemas do passado com base nos fósseis presentes no
doutorado são produzidas com frequência abordando os aspectos
local. Além deste estudo, outras pesquisas paleoecológicas foram
paleontológicos e estratigráficos do afloramento.
realizadas na região, incluindo estudos paleogeográficos, que
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O TEMPO GEOLÓGICO O objetivo de contar a história do Planeta Terra une os geólogos
de novas descobertas. Atualmente, a teoria mais aceita pelos
e os paleontólogos através do estudo das rochas e dos fósseis.
cientistas é de que a Terra tenha se formado há aproximadamente
A partir deles os pesquisadores são capazes de compreender
4,5 bilhões de anos.
melhor como e quando a Terra foi formada, além de aprender mais sobre quais tipos de plantas e animais viveram no nosso
O tempo geológico é subdividido em uma série de categorias. As
planeta durante diferentes períodos de tempo.
principais categorias são: Éons, Eras, Sub-Períodos e Épocas. As rochas mais recentes no Tempo Geológico estão no topo da
O estudo do Tempo Geológico em relação à idade da Terra é
tabela, enquanto as mais antigas se situam na parte de baixo. Os
chamado de Geocronologia. O uso de tecnologias modernas
números ao lado direito indicam, em milhões de anos, quando
permite aos cientistas determinar a idade absoluta de alguns
um período do tempo geológico terminou e outro começou. Por
tipos de rocha. Correlacionar essa informação com os estudos dos
exemplo: os limites do período “Permiano” são delimitados pelas
fósseis encontrados em rochas sedimentares levou a elaboração
idades de 299 e 252 milhões de anos.
da Escala de Tempo Geológico, constantemente atualizada a partir
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CENOZOICO
ÉON ERA
PERÍODO
ÉPOCA Holoceno Pleistoceno Plioceno
NEOGENO PALEOGENO
66
Mioceno
MOSOZOICO
CRETÁCEO Idade dos dinossauros
FANEROZOICO
TRIÁSSICO Primeiros dinossauros
Civilização humana Homo sapiens sapiens Primeiros hominídeos (australopitecos)
Cães, cavalos, ursos
23 Oligoceno
145 JURÁSSICO Idade dos dinossauros e das amonites
Presente 10.000 anos 2,6 5,3
34
201
Baleias primitivas
Eoceno
252
56
PERMIANO Idade dos anfíbios
Paleoceno
299
Gatos, cervos
Primeiros mamíferos
66 M.a.
CARBONÍFERO Primeiros répteis
PALEOZOICO
358 DEVONIANO Idade dos peixes SILURIANO Primeiros crinóides
419 443
ORDOVICIANO Primeiros corais Peixes primitivos
PRÉ-CAMBRIANO
CAMBRIANO Idade dos trilobitas
Coral
485
Primeiros eucariontes
541
Primeiros fósseis de algas azuis (cianofíceas)
PROTEROZOICO
2500 Registro dos primeiros fósseis
ARQUEANO
HADEANO FORMAÇÃO DA TERRA
4000 4600 M.a.
Ausência de qualquer registro geológico terrestre
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PALEONTOLOGIA E PALEOBOTÂNICA A Paleontologia (do grego palaios = antigo + ontos = ser + logos
tais como drásticas mudanças climáticas, migração de continentes
= estudo) é o ramo da Ciência que descreve e ajuda a entender
e grandes extinções da vida no planeta, informando dados da
o passado da Terra através do estudo dos fósseis de seres vivos
história da Terra e de seus habitantes durante o passado geológico.
que habitaram o nosso planeta ao longo do tempo geológico. Por isso, os fósseis são considerados o objeto de estudo da
A Paleobotânica (do grego palaios = antigo + botané = planta) é
Paleontologia e são caracterizados por restos antigos de animais
uma área da Paleontologia que estuda as partes de um vegetal
e vegetais ou evidências de suas atividades que se encontram
fóssil, sob todas as formas conhecidas de fossilização nas rochas,
naturalmente preservados nas rochas, representando a prova
considerando a interação destas plantas com os seus ambientes
mais concreta da existência de vida há milhares, milhões ou
primitivos do passado.
mesmo bilhões de anos atrás.
Este ramo da Ciência, igualmente chamada de Paleontologia
A descoberta de um fóssil em boas condições de conservação, além
Vegetal, acaba abrangendo tanto estudos sobre grandes partes
de ser um fato que desperta a curiosidade mundial, pode indicar
fossilizadas das plantas (caules, folhas, sementes, etc.), como
um melhor entendimento sobre a evolução dos seres vivos e a
também a área denominada de Palinologia, que estuda os fósseis
compreensão de antigos ecossistemas em que estes indivíduos,
de estruturas de reprodução muito pequenas dos vegetais, como
hoje fossilizados, viviam.
os grãos de pólen e esporos. Para compreender as dinâmicas ambientais que resultaram nesta diversa flora que observamos
22
Desta maneira, os princípios e métodos da Paleontologia estão
hoje na superfície do planeta, é muito importante olharmos
baseados em duas ciências: a Biologia e a Geologia. No campo
para o passado e entender a evolução dos vegetais através do
das ciências biológicas ocorre o estudo do fóssil em si, pois ele
Tempo Geológico. Esta resposta pode ser encontrada nos fósseis
representa os restos de um antigo organismo vivo. Já a Geologia
de plantas, que se apresentam como fotografias fixadas em
estuda os fósseis como ferramenta para definir a idade de rochas
rochas sedimentares, conservando memórias de um passado
nas quais eles foram encontrados, bem como para apontar
longínquo, e aguardando apenas serem reveladas pelas mãos de
informações sobre processos globais que aconteceram no passado,
um paleontólogo.
PRESERVAÇÃO DOS FÓSSEIS Os fósseis são considerados como o registro paleontológico conservado nas rochas por tempo indeterminado, sendo preservados por processos distintos que iniciam logo após a morte do organismo e que são estudados por uma ciência chamada tafonomia (do grego tafos = sepultamento + nomos = leis). De um modo geral, a tafonomia visa entender como os organismos e seus restos chegaram à rocha e quais foram os fatores e processos que atuaram na formação das concentrações fossilíferas. Para um fóssil se preservar, é imprescindível que o seu soterramento seja lento sem eventos com temperaturas ou pressões elevadas no interior da terra. Consequentemente, a rocha sedimentar representa a melhor rocha para se encontrar um fóssil.
A história tafonômica do fóssil passa por várias fases a partir da morte do organismo, passando pela sua desarticulação, soterramento e culminando em processos no interior da terra como transformações minerais, antes de ele ser novamente exposto através da erosão da rocha já na forma fossilizada. Observamos, através deste conhecimento, que o achado fóssil em uma rocha representa uma situação incomum e extraordinária visto que a maioria dos organismos têm todas as suas partes decompostas já nos primeiros estágios tafonômicos e não se preservam após a morte.
25
N 500km
BRASIL
São Paulo
Rio de Janeiro
Curitiba
Morro do Papaléo
Buenos Aires
Porto Alegre
Fonte da imagem: Google Earth Data SIO, NOAA, US Navy, NGA, GEBCO Image Landsat
LOCALIZAÇÃO O sítio paleontológico está localizado em Mariana Pimentel, município que se encontra na porção leste do Rio Grande do Sul, a 85 quilômetros da capital do estado, Porto Alegre. Partindo de Porto Alegre, o acesso a área se dá através da BR-116 e da RS-711. A partir do centro da cidade de Mariana Pimentel, cerca de dez quilômetros em estrada de chão levam ao Sítio Paleontológico do Morro do Papaléo.
N
Porto Alegre BR-290
BR-116
Morro do Papaléo
Mariana Pimentel
RS-711 30km
Fonte da imagem: Google Earth Data SIO, NOAA, US Navy, NGA, GEBCO Image Landsat
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AS ROCHAS DO MORRO DO PAPALÉO Argilito Rocha formada a partir da litificação de grãos de tamanho argila (< 0,0039 mm). Os principais constituintes destas rochas são argilominerais, ricos em alumínio, silício, potássio, magnésio, entre outros. Apresenta frequentemente textura maciça e compacta. A ausência de estrutura sedimentar pode estar associada à falta de contraste entre o tamanho dos grãos.
Arenito Rocha formada a partir da litificação de grãos de tamanho areia (2,0 – 0,062 mm). O principal constituinte é o quartzo, mas pode ter quantidades variáveis de feldspatos, micas e impurezas. A presença e o tipo de impurezas determinam a coloração dos arenitos (p. ex. arenitos avermelhados apresentam tal coloração pela quantidade de óxidos de ferro). A textura de um arenito pode variar de estratificada a maciça. O tamanho de areia predominante na rocha dá o segundo nome do arenito, podendo ser nomeado como arenito fino (0,250 – 0,062 mm); arenito médio (0,50 – 0,250 mm) e arenito grosso (2,0 – 0,50 mm).
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Siltito Rocha formada a partir da litificação de grãos de tamanho silte (0,062 – 0,0039 mm). Os principais constituintes são quartzo, feldspatos, micas e argilas. A textura dos siltitos pode variar de maciça a laminada, dependendo se há ou não diferença entre o tamanho dos grãos.
Conglomerado Rocha sedimentar detrítica (composta por clastos) formada a partir da litificação de grãos de tamanho grosseiro (> 2,0 mm). Os principais constituintes são clastos e fragmentos de rochas preexistentes misturados com uma matriz arenosa e/ou mais fina e cimentados por material calcário, óxidos de ferro, sílica ou argila. O tamanho dos fragmentos predominante na rocha dá o segundo nome do conglomerado, podendo ser subdividido em: conglomerado de grânulos (4,0 – 2,0 mm), conglomerado de seixos (64 – 4 mm), conglomerado de blocos (256 – 4,0 mm) ou conglomerado de matacões (> 256 mm).
29
ESTRATIGRAFIA
O empilhamento das rochas
As rochas sedimentares são formadas pela deposição e acumulação de grãos de diversos tamanhos, desde argilas até grandes blocos de rocha. Estes sedimentos podem incluir minerais, fragmentos de plantas, além de outros tipos de matéria orgânica. Após a deposição no ambiente formador, os sedimentos são comprimidos ao longo de um longo período antes da consolidação em camadas de rocha (estratos). O empilhamento das camadas de rochas é alvo de estudo de um ramo da Geologia chamado de Estratigrafia. Através da sucessão de estratos, é possível estudar a evolução do ambiente deposicional além de obter muitas outras informações do passado geológico. 31
EVOLUÇÃO PALEOGEOGRÁFICA Em busca de um melhor entendimento da evolução
o final do Carbonífero e o início do Permiano. Os sedimentos
paleogeográfica e paleoambiental da região onde hoje se situa
encontrados nas rochas da base do afloramento são
o afloramento do Morro do Papaléo, diversos pesquisadores
associados a grandes lagos glaciais, de ocorrência de capas de
observaram minuciosamente as rochas encontradas na
gelo e icebergs existentes na época, bem como sedimentos
área. Além disso, foram examinadas diversas amostras de
lagunares associados ao posterior degelo
afloramentos e poços exploratórios perfurados em áreas
e consequente inundação do sistema
próximas ao Morro do Papaléo associados ao mesmo período
costeiro, mostrados na ilustração
geológico. Desta forma, realizou-se a integração dos dados e
abaixo (I).
posterior elaboração de um modelo regional de evolução ao longo do tempo geológico. De acordo com as rochas mais antigas do afloramento, infere-se que esta região esteve sob um regime glacial entre
I. Ambiente lagunar glacial na região de Mariana Pimentel há aproximadamente 300 e 295 milhões de anos.
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Reconstituição paleoambiental da área do Morro do Papaléo entre 300 e 295 milhões de anos atrás, hoje registrado nas rochas e fósseis do Grupo Itararé
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Como consequência do intenso degelo, a região começou
da região do Morro do Papaléo durante o Eopermiano,
a ser gradativamente inundada e dominada por diferentes
desde a alternância de ambientes fluviais, deltaicos e
sistemas deposicionais. Desta forma, há aproximadamente
lagunares (II) até a consolidação de um sistema do tipo
295 e 290 mihões de anos, a região contemplava ambientes
laguna barreira relacionado à intensa deposição de matéria
fluviais, deltaicos e transicionais do tipo laguna-barreira.
orgânica da Formação Rio Bonito (III). Estas camadas
Estes ambientes eventualmente deram origem a depósitos
com alto teor de matéria orgânica representam pacotes de
carbonosos relacionados ao topo da Formação Rio Bonito.
carvão semelhantes àqueles que são explorados no estado e
As figuras abaixo demonstram a evolução paleoambiental
constituem, hoje em dia, uma importante fonte de energia.
II. Ambientes fluviais e deltaicos 34
III. Ambientes úmidos e pantanosos
Reconstituição paleoambiental da área do Morro do Papaléo entre 295 e 290 milhões de anos atrás, hoje registrado nas rochas e nos fósseis da Formação Rio Bonito
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PALEOBOTÂNICA DO PERMIANO SUL-RIOGRANDENSE Durante o período Permiano (intervalo de tempo entre 299 e 252
galhos, troncos, sementes) eram depositadas continuamente e ali
milhões de anos atrás), a maioria dos continentes do planeta Terra
permaneciam, originando milhões de anos depois os depósitos de
se encontravam muito próximos ou mesmo juntos em um evento
carvão do sul do Brasil.
de rara ocorrência na história geológica formando um único
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supercontinente, chamado de Pangeia. Este evento ocasionou
A “Flora Glossopteris” representava um grupo de plantas atualmente
um afogamento das áreas costeiras ao redor do planeta, mesmo
extintas, com feições que ainda colocam os pesquisadores em
daquelas mais distantes do oceano como no caso das existentes
dúvida se elas pertenciam ao grupo das gimnospermas ou mesmo
no atual território do Rio Grande do Sul. Em um ambiente de
se eram os ancestrais mais antigos das angiospermas. Segundo os
clima temperado a frio com alta umidade, crescia nas terras
registros fósseis, eram árvores de altura variável medindo entre 4
baixas de planícies costeiras do sul do Brasil uma abundante
e 8 metros, e possuíam folhas semelhantes às samambaias. Além
vegetação conhecida como “Flora Glossopteris”, preservada em
desta vegetação descrita, outros grupos de plantas de ambientes
considerável quantidade de fósseis no sítio paleontológico do
úmidos foram preservados como fósseis no Afloramento Morro
Morro do Papaléo. Esta flora se desenvolveu próxima às zonas
do Papaléo, como os representantes dos grupos das licófitas,
alagadiças onde grandes quantidades de restos de vegetais (folhas,
esfenófitas e as samambaias.
1cm Gangamopteris obovata var. major
GANGAMOPTERIS As Glossopterídeas representam um grupo muito interessante pela sua anatomia complexa e distinta das plantas atuais. A estrutura das suas folhas era parecida com as das samambaias, enquanto que seu caule é semelhante ao das araucárias e suas estruturas reprodutivas assemelham-se as das angiospermas. Os principais morfo-gêneros de folhas do grupo são: Glossopteris e Gangamopteris. As folhas de Glossopteris se diferenciam das de Gangamopteris por serem percorridas por um contínuo e nítido feixe mediano de veias. Ambas possuíam um padrão de veias reticuladas, lembrando algumas folhas das samambaias atuais.
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GLOSSOPTERIS Seu nome é atribuído às suas folhas possuírem forma semelhante a uma língua (“glosso” = língua). Normalmente, constituíam árvores de porte médio com alturas variando de 4 a 6 metros. O grupo viveu na porção sul do supercontinente Pangeia, conhecida como Gondwana, em zonas de médias a altas latitudes em climas frios e temperados.
1cm Glossopteris occidentalis 39
PHYLLOTHECA As filotecas são plantas similares às atuais cavalinhas ou rabo-de-cavalo. Eram plantas arbustivas de caules finos e folhas bem desenvolvidas e fundidas na base que alcançavam até dois metros de altura.
50cm
Phyllotheca indica 40
1cm
Viviam em ambientes muito úmidos, ocupando as beiras dos corpos d’água. Hoje, plantas semelhantes são encontradas ao longo da planície costeira do Rio Grande do Sul.
Phyllotheca indica 1cm
41
ASTEROTHECA SP. As plantas do gênero Asterotheca se assemelham às atuais samambaias arborescentes ou xaxins. Eram vascularizadas e não possuíam sementes. Foram abundantes nas partes úmidas das matas do Permiano Sul-Riograndense.
Asterotheca sp. 5mm 42
BRASILODENDRON PEDROANUM
Brasilodendron pedroanum 20 µm
Os caules de Brasilodendron
pedroanum correspondem a licopódios que alcançavam até quatro metros de altura. Viviam em ambientes úmidos de grande acumulação de matéria orgânica, como as turfeiras. Hoje, uma planta semelhante ao Brasilodendro pedroanum é o pinheirinho-de-praia, porém estes são licopódios muito menores do que os que viveram durante o Permiano no Rio Grande do Sul.
1m
43
CORDAITES HISLOPII As Cordaitales viveram somente no Paleozoico (541 a 252 milhões de anos atrás) e possuem parentesco com os atuais pinheiros e araucárias. Acredita-se que seu tamanho variava desde arbustos até árvores de médio porte e eram encontradas próximos aos corpos d’água, nas matas de galeria do Rio Grande do Sul.
Cordaites hislopii 1cm 44
Cordaites hislopii 1cm
Dentre as principais similaridades com os pinheiros, estão a distribuição helicoidal das folhas e reprodução por estróbilos, semelhantes às pinhas. Entretanto, ao contrário das araucárias, as Cordaitales possuíam folhas grandes e multinervadas.
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PALINOLOGIA Os grãos de pólen e esporos encontrados preservados nas rochas e em sedimentos são estudados num ramo da Paleontologia denominado Palinologia. Eles são chamados de palinomorfos e representam as estruturas reprodutivas microscópicas das plantas. Quando liberados pelo vegetal, parte deles se deposita no solo ou em corpos d’água, podendo vir a serem soterrados e assim preservarem seu envoltório externo (exina) durante milhões de anos como um fóssil. Deste modo, os palinomorfos são testemunhos da vegetação que dominava a região e permitem interpretações de ambientes do passado através da análise palinológica. No afloramento do Morro do Papaléo, são encontrados 10 µm Punctatisporites gretensis
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palinomorfos em três níveis diferentes de rocha sedimentar e a seguir estão ilustrados alguns grãos de pólen e esporos representativos desta área.
GRÃOS DE PÓLEN
GrãosGrãos de pólen de pólen GrãosGrãos de pólen de pólen
Peppersites sp. Peppersites sp. Peppersites sp. Peppersites Peppersites sp. sp.
Striomonosaccites Striomonosaccites Striomonosaccites Striomonosaccites Striomonosaccites
Tétrade de Lundbla Tétrade d Tétrade deTétrade Lundb
20 µm
Vesicaspora sp. Vesicaspora sp. Vesicaspora Vesicaspora sp. sp.μm 20 Vesicaspora sp.
Vittatina vittifera Vittatina vittifera Vittatina vittifera Vittatina Vittatinavittifera vittifera
20 μm 20 μm 20 μm
Cirratrirad Cirratrirad 47
Cirratriradites sp. Cirratriradites Cirratriradites sp. sp.
morungavensis Cristatisporites Cristatisporites morungavensis morungavensis 20 μmCristatisporites 20 μm 20 20 μm μm
Brevitriletes levis Brevitriletes levis Brevitriletes Brevitriletes levis levis
Convolutispora candiotensis Convolutispora candiotensis Convolutispora Convolutispora candiotensis candiotensis
ESPOROS
Brevitriletes levis
Convulutispora candiotensis
20 µm
Horriditriletes uruguaiensis Horriditriletes uruguaiensis Horriditriletes Horriditriletes uruguaiensis uruguaiensis Horriditriletes uruguaiensis
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Horriditriletes gondwanensis Horriditriletes gondwanensis Horriditriletes Horriditriletes gondwanensis gondwanensis
20 μm 20 μm 20 20 μm μm
Horriditriletes gondwanensis
Esporos
Esporos Esporos Esporos
saccites
accites
Tétrade de Lundbladispora riobonitensis Vallatisporites splendens Tétrade de Lundbladispora riobonitensis Vallatisporites splendens Tétrade de Lundbladispora riobonitensis Vallatisporites splendens Tétrade deTétrade Lundbladispora de Lundbladispora riobonitensis riobonitensis Vallatisporites Vallatisporites splendenssplendens
20 µm
vittifera
vittifera
Cirratriradites sp. Cristatisporites morungavensis Cirratriradites sp. Cristatisporites morungavensis Cirratriradites Cirratriradites sp. 20 μm sp. Cirratriradites sp.
20 μm
Cristatisporites Cristatisporites morungavensis morungavensis
20 μm 20 μm
Cristatisporites morungavensis
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GLOSSÁRIO Afloramento: exposição de rochas na superfície da terra. Em geologia, este termo é usado para a porção de rocha visível no ambiente. Exemplos: cortes de estrada, pedreiras. Ambiente deltaico: referente à foz de um rio, ou seja, o local onde o rio desagua no mar. Ambiente fluvial entrelaçado: referente aos rios ou cursos d’água com vários canais divididos por barras arenosas, normalmente apresentam-se largos e rasos. Representam importantes agentes de transporte de sedimentos. Amonites: grupo de moluscos marinhos extintos, hoje encontrados apenas fossilizados nas rochas. Se assemelham às atuais lulas gigantes e náutilos. Anfíbios: grupo de animais que apresentam formas larvais que vivem na água e formas adultas terrestres. Os sapos e salamandras são exemplos de anfíbios. Bioestratigrafia: estudo das camadas de rocha a partir dos fósseis que existem nelas. Análises bioestratigráficas definem a idade de formação da rocha, assim como relacionam camadas de rochas de diferentes lugares pelo conteúdo fóssil encontrado nelas. Biologia: é a ciência que estuda os seres vivos compreendendo aspectos de sua origem e evolução, da sua constituição e também relação com outros organismos. Analisa os organismos tanto em escalas microscópicas até grandes escalas de populações. Cianofíceas: algas primitivas que surgiram no planeta Terra há aproximadamente 3,5 bilhões de anos atrás. São consideradas como os primeiros organismos que faziam fotossíntese. Clasto: fragmento de rocha que foi transportado por diferentes processos sedimentares, vulcânicos
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ou biológicos. Crinóides: grupo de organismos aquáticos que vivem em sua maioria fixos em rochas ou no fundo do mar. Hoje em dia os crinóides são mais raros que no passado, onde seus fósseis provam que eles possuíam uma grande diversidade. Depósitos carbonosos: camadas de rocha formada pela compactação de grandes quantidades de matéria orgânica por um longo período de tempo. O carvão mineral é extraído dos depósitos carbonosos. Esfenófitas: são plantas que habitam preferencialmente áreas úmidas e se caracterizam por possuir folhas pontiagudas saindo de um único caule vertical. São consideradas um fóssil vivo, já que estão presentes no Planeta Terra há muito tempo. Exemplo: cavalinha. Esporos: estruturas muito pequenas, na maioria das vezes invisíveis a olho nu, responsáveis pela reprodução de algumas plantas chamadas de briófitas e pteridófitas, além de fungos e algas. Estratigráfico: referente ao ramo da geologia chamado de estratigrafia que estuda a sequência de camadas das rochas procurando investigar as suas condições de formação. Eucariontes: organismos com células dotadas de núcleo individualizado, protegido por uma membrana e com o citoplasma organizado. A maioria dos animais e plantas são compostos deste tipo de células. Extinto: referente a algum grupo de organismos que sofreu extinção, ou seja, deixou de existir no ambiente porque todos os componentes deste grupo morreram. As extinções são parte normal na evolução dos seres vivos. Fóssil: restos ou vestígios de seres vivos preservados
nas rochas. São utilizados para o estudo da vida no passado, assim como para a datação das rochas que os contém. A paleontologia é a ciência que estuda os fósseis. Geocronologia: ramo da geologia que estuda os métodos de datação para avaliar as idades das rochas e eventos geológicos. São utilizados métodos de datação relativa a partir da relação entre as camadas de rocha e os fósseis contidos nelas, como também os métodos absolutos identificando as mudanças químicas nos minerais das rochas para sua datação. Geologia: ciência que estuda o Planeta Terra, sua composição, estrutura e os seus processos formadores. As rochas representam o principal material de estudo dos geólogos. Geossítio: lugar conhecido por possuir formações de rochas interessantes sob o ponto de vista didático, científico ou turístico. Tem como elemento principal o patrimônio geológico. Gimnospermas: grupo de plantas terrestres que possuem sementes nuas, ou seja, suas sementes não são protegidas por um fruto como é o caso das angiospermas. Exemplos de gimnospermas atuais: Pinheiros e Araucárias. Grão de Pólen: estrutura de reprodução de certas plantas cujo papel é levar o material genético do órgão masculino ao órgão feminino. De forma geral, são pequenos e arredondados. História geológica: processos e eventos geológicos que influenciaram a evolução do Planeta Terra desde a sua formação. Hominídeos: família dos grandes primatas ao qual pertence a espécie humana (Homo sapiens sapiens), além dos Gorilas, Chimpanzés e Orangotangos.
Homo sapiens sapiens: espécie de hominídeos cujos integrantes possuem as mesmas características dos humanos atuais. Iceberg: bloco de gelo que se desprende de uma geleira e flutua pelo oceano levado pelas correntes marinhas. Lacustre: provém de lago que é uma área onde se acumula quantidade variável de água. Esta água é proveniente de rios, da chuva, ou mesmo de uma nascente próxima. Os lagos geralmente se formam em regiões baixas onde a água se deposita facilmente. Lagunar: provém de laguna que é uma área onde se acumula água e apresenta algum tipo de ligação com o mar. As lagunas estão geralmente no litoral, separadas do mar por rochas, areias ou recifes. A água da laguna é normalmente salobra. Licófitas: um dos primeiros grupos de plantas que surgiu no Planeta Terra. São pequenas e se diferenciam de todas as outras plantas por possuírem folhas com um único veio vascular.
Modelo geográfico: reconstituição de como estavam os continentes em determinado período de tempo. Vale lembrar que os continentes se movimentam devido à movimentação das placas tectônicas. Multinervado: referente a folhas que apresentam várias ranhuras vistas a olho nu em sua estrutura. Paleoambiente: ambiente do passado inferido através dos estudos dos fósseis e sua relação com o meio físico da época. A caracterização de paleoambientes é comum em estudos de paleontologia. Paleobotânico: cientista especializado em paleobotânica cuja área de atuação é o estudo de vegetais fósseis sob todas as formas conhecidas de fossilização nas rochas. Paleoecológico: provém da palavra paleoecologia que é o ramo da paleontologia voltado ao estudo das relações de organismos fósseis e seus ambientes de vida no passado geológico.
Licopódios: são plantas pequenas do grupo das Pteridófitas, considerado um dos primeiros vegetais que surgiram no Planeta Terra. Estas plantas se reproduzem pela dispersão de esporos.
Paleogeográfico: provém da palavra paleogeografia que é o ramo da paleontologia que descreve a geografia física de determinada área no passado geológico ou o estudo de sucessivas mudanças físicas no planeta durante o tempo geológico.
Litoestratigrafia: é o ramo da estratigrafia que estuda a formação das camadas de rochas presentes numa região e como elas estão empilhadas.
Paleontologia: ciência que descreve e ajuda a entender o passado do Planeta Terra através do estudo dos fósseis e as formações de rochas que os contém.
Matéria orgânica: são partes e restos de algum organismo vivo como pedaços de plantas e animais, ou mesmo a matéria que deriva de um ser vivo. Já se apresenta em estado de decomposição.
Paleontólogo: cientista com formação superior em biologia, geologia ou áreas afins que analisa a vida do passado do Planeta Terra através do estudo dos fósseis.
Microfósseis: fósseis de organismos com tamanhos muito pequenos que são estudados com auxílio de lentes de aumento como a lupa e o microscópio. São o foco de estudo da micropaleontologia.
Palinologia: é a ciência que estuda os grãos de pólen, esporos e outros organismos que possuem parede orgânica resistente a ácidos. Uma das áreas de atuação da palinologia é na paleontologia, quando
palinomorfos fósseis são estudados e características de sua dispersão, constituição e período de vida são analisados. Palinomorfo: são os componentes estudados pela palinologia. Podem ser grãos de pólen e esporos de plantas, pequenos organismos marinhos, fungos e algas. Normalmente são muito pequenos para serem vistos a olho nu, por isso em trabalhos palinológicos são utilizados microscópios para as análises. Rocha sedimentar: rocha constituída através da acumulação de sedimentos transportados pela água, vento ou gelo ao longo do tempo. Adquire o aspecto maciço de rocha após os sedimentos ficarem compactados por um longo período de tempo. Seção estratigráfica: tipos de rochas que apresentam-se empilhadas em determinado afloramento. O estudo da seção estratigráfica informa como era o ambiente quando estas rochas foram formadas. Tafonomia: ramo da paleontologia que investiga os processos de preservação do organismo desde a sua morte até ele se transformar em um fóssil. Tétrade: arranjo de quatro elementos. Os esporos são formados em tétrades nas estruturas reprodutivas das plantas e acabam se separando na sua dispersão para formar novas plantas. Trilobitas: organismos marinhos extintos que habitavam os oceanos na era paleozoica, há milhões de anos atrás. Hoje são encontrados fossilizados em rochas de vários lugares do mundo. Turfeira: zona muito úmida e ás vezes alagada com grande quantidade de matéria orgânica em decomposição, formando um solo orgânico. Muitas das turfeiras de antigamente se transformaram em depósitos de carvão mineral.
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BIBLIOGRAFIA E LEITURAS RECOMENDADAS | Carvalho, I.S. (2011). Paleontologia. 3ª edição. Rio de Janeiro: Editora Interciência, v. 3. 448p. | Coimbra, J.C.; Lemos, V.B.; Souza, P.A.; Schultz, C.L.; Iannuzzi, R. (2004). Antes dos Dinossauros. 1ª edição. Porto Alegre: Editora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, v. 1. 91p. | Holz, M.; Ros, L.F. (2000). Paleontologia do Rio Grande do Sul. 1ª edição. Porto Alegre: CIGO/ UFRGS, v. 1. 397p. | Iannuzzi, R.; Vieira, C.E.L. (2005). Paleobotânica. 1ª edição. Porto Alegre: Editora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. 167p. | Iannuzzi, R.; Scherer, C.M.S.; Souza, P.A.; Holz, M.; Caravaca, G.; Adami-Rodrigues, K.; Tybusch, G.P.; Souza, J.M.; Smaniotto, L.P.; Fischer, T.V.; Silveira, A.S.; Lykawka, R.; Boardman, D.R.; Barboza, E.G.(2006). Afloramento Morro do Papaléo, Mariana Pimentel, RS-Registro ímpar da sucessão sedimentar e florística pós-glacial do Paleozóico da Bacia do Paraná. In: Winge, M.; Schobbenhaus, C.; Berbert-Born, M.; Queiroz, E.T.; Campos, D.A.; Souza, C.R.G.; Fernandes, A.C.S. (Edit.) Sítios Geológicos e Paleontológicos do Brasil (SIGEP). Disponível em www.unb.br/ ig/sigep/sitio101/sitio101.pdf. | Press, F.; Siever, R.; Grotzinger, J.; Jordan, T.H. (2006). Para entender a Terra. 4ª edição. Bookman. 656p. | Teixeira, Toledo, Fairchild; Taioli (2000). Decifrando a Terra. Oficina de Textos, 624p.
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Composto com os tipos Questa e Titillium, Impresso na Grรกfica XXXXX, Porto Alegre, RS, miolo em papel Couche Fosco (LD) Matte 115g e capa em Supremo 250g.
SÍTIO PALEONTOLÓGICO
MORRO DO PAPALÉO Uma antiga área de mineração deixou para trás alguns paredões rochosos que parecem simplesmente camadas de pedras empilhadas. Entretanto, o olhar minucioso dos paleontólogos revela que estas rochas carregam uma rica história de uma floresta que cobriu parte do Rio Grande do Sul há milhões de anos atrás. A partir de impressões de folhas e caules, marcas de sementes e grãos de pólen fossilizados nas finas camadas das rochas, os cientistas foram capazes de conhecer um pouco da vegetação que existiu ali. Além disso, a descoberta do sítio paleobotânico no Morro do Papaléo ajudou os cientistas a escreverem parte da história geológica da América do Sul e a entender as condições ambientais existentes há milhões de anos. Este livro apresenta de uma forma simples a história paleoambiental e paleontológica do Morro do Papaléo e ressalta a importância da sua preservação.
Cordaites hislopii
Asterotheca sp.
1cm
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