A REVISTA DO NOVO E DO VELHO ESCRITOR
ANO 1 | EDIÇÃO 2
CENA
E SEQUELA
ENTREVISTA
CRISTINA DEUTSCH, AUTORA DE LIVROS PARA ADULTOS E TAMBÉM DE LITERATURA INFANTIL, PUBLICOU SUA AUTOBIOGRAFIA DE FORMA INDEPENDENTE.
EDITORIAL
Demetrios Felipe | Facebook/demetriosf.felipe | Twitter@mmss2
16 - ESPECIAL
4 - HORA DO POEMA 5 - RESENHA 7 - QUADRINHOS 12 - ENTREVISTA 22 - RECOMENDAÇÕES 24 - DICAS
JOSÉ DE ALENCAR
- Os compromissos rompem-se dum momento para outro. - É exato; Ás vezes ocorrem circunstâncias que desatam as mais solenes obrigações. Mas entre as razões que movem a conciêncianão se conta o interesse; Ele daria ao arrependimento a feição de uma transação.
REPRESENTANTES DIRETOR
Demetrios Felipe demetrios_f@hotmail.com DEPARTAMENTO DE ARTE / DIAGRAMAÇÃO
arte_novosescritores@hotmail.com REVISÃO
Michelle Paranhos / FACEBOOK/michelle.paranhos.5 / RJ Leonardo Rodrigues / FACEBOOK/Leonardo3l / MS Samuri José Prezzi / FACEBOOK/samuri1355 / RS Rhuan Souza / FACEBOOK/rhuan.souza.948 / SP Demetrios Felipe / FACEBOOK/demetriosf.felipe / SP IMAGENS / ILUSTRAÇÃO
Divulgação / Internet
Samuri José Prezzi samuri1355@yahoo.com.br
ENVIO DE CONTEÚDO
Michelle Paranhos michellelouiseparanhos@gmail.com
A responsabilidade pelo conteúdo dos artigos assinados vincula-se integralmente a seus autores.
demetrios_f@hotmail.com / Demetrios Felipe
REVISTA NOVOS ESCRITORES 3
HORA DO POEMA FACEBOOK/ JEFERSSON DE CAMPOS |
JEFERSSON.CAMPOS.7
M e ch a m o J EFERSSON DE CAM POS. Ten h o 19 a n os e m oro em PI N H ALÃO/PR. I n iciei n a litera tu ra com 8 a n os, q u a n d o com ecei a escrever peq u en a s fá bu la s e m in icontos. Escrevia tu d o em d u a s folh a s su lfite a lá pis e ven d ia ca d a livrinho por 1 rea l. O menino quer ser jogador Com a bola no pé, brinca sem temor Chuta bola, chuta meia, chuta pedra Ai! Que dor! O menino quer ser jogador Quer carregar a bola no pé Como um poeta carrega o amor Mas, quando tira a chuteira, hum, que chulé. O menino quer ser jogador Brinca na terra, brinca na água Agora ele quer ser nadador Menino, é hora de acordar O Sol já está la fora Vá brincar e nunca deixa de sonhar.
4 REVISTA NOVOS ESCRITORES
Com 14 a n os com ecei a escrever poesia s. Além d e escrever, sou a ca d êm ico d e Direito, professor d e cu rsin h o e colu n ista d e u m site d e n oticia s d o n orte d o Pa ra n á . Escrevi o poema O Sonhador no ano de 2013 no meu último ano de colegial. Redigi o mesmo em pouco mais de 10 minutos dentro da sala de aula. Atu a lm en te estou escreven d o m eu prim eiro rom a nce, q u e in iciei a os 16 a n os d e id a d e. Con sigo tra ba lh a r com d iversos tem a s, d esd e poem a s e con tos rom â n ticos, pa ssa n d o pelo in fa n til e ch ega n d o a o terror.
RESENHA
MICHELLE LOUISE PARANHOS | FACEBOOK/MICHELLE.PARANHOS.5
QUEM É A BELA ADORMECIDA? Numa analogia ao conto A Bela Adormecida, de Charles Perrault, Rose Gindri compara a Bela com a situação feminina na sociedade contemporânea. Atra vés d e d i versos q u esti on a m en tos - m a i s q u e resposta s, sã o a s pergu n ta s q u e m ovem a s pa ssa gen s d o texto e con ta m a h i stóri a d a Bela d e n ossos d i a s - Rose tra ça o perfi l d a m u lh er q u e dorme , a trela d a a os pa péi s tra d i ci on a i s d e m ã e, esposa e m u lh er.
A capa de Bela Adormecida/ Mulher adormecida está dividida em duas partes, que explicam, através de imagens, o conteúdo do livro. A mulher deitada num divã admira a imagem de si mesma, adormecida. Esse é um livro para provocar reflexão e sentimento. Pensamento e emoção devem caminhar juntos para compreender a profundidade da mensagem de Bela Adormecida/ Mulher adormecida.
MESMO HOJE, EM QUE A MULHER ESTÁ NO MERCADO DE TRABALHO E LUTA EM BUSCA DE ASCENSÃO PROFISSIONAL E PESSOAL, SERÁ QUE ESSA BUSCA SE CONVERTEU EM OUTRA FORMA DE PRISÃO?
REVISTA NOVOS ESCRITORES 5
RESENHA
MICHELLE LOUISE PARANHOS | FACEBOOK/MICHELLE.PARANHOS.5
Os capítulos do livro são abertos por ilustrações em preto e branco que contam passagens do conto e fazem correlação com os dilemas femininos. No interior de cada capítulo, Rose conduz a reflexão com sua posição e experiência profissional como psicoterapeuta de adultos.
ROSEMARI GINDRI,
FORMADA EM LETRAS, AUTORA DO LIVRO BELA ADORMECIDA MULHER ADORMECIDA
6 REVISTA NOVOS ESCRITORES
PRÉ-VENDA
ACESSE
GOO.GL/NWDQWI REVISTA NOVOS ESCRITORES 7
QUADRINHOS
PIETRO VAUGHAN | PIETROESTUDIO@ GMAIL.COM
Não importa se o seu sonho é escrever os personagens da Marvel, DC Comics, Turma da Mônica ou suas próprias criações. Escrever uma história em quadrinhos não é uma tarefa fácil. A única limitação nas páginas de uma história em quadrinhos é a imaginação, porém cada palavra tem que valer a pena por estar ali. Cada diálogo tem que soar natural e cada quadrinho tem que ter o motivo por estar naquela página. Em poucos quadros, o roteirista precisa apresentar os personagens, situar o leitor do que aconteceu ou está acontecendo e iniciar a história, tornando o exercício de escrever quadrinhos um grande desafio para todos os escritores, independentemente se são veteranos ou novatos. 8 REVISTA NOVOS ESCRITORES
No mercado há vários programas que podem auxiliar um escritor na criação de sua HQ, tanto na escrita quanto na criação da arte, principalmente para aqueles que mal conseguem desenhar um personagem de pauzinhos. Não há um padrão ou mesmo uma formatação específica para quem quer escrever uma história em quadrinhos. Depende do estilo de cada roteirista e principalmente da sintonia e confiança na relação com o desenhista. Um mesmo roteirista pode, dependendo da situação, escrever de maneiras diferentes para desenhistas diferentes. Entre as inúmeras maneiras que se pode escrever um roteiro para histórias em quadrinhos, três se destacam:
- PLOT FIRST – também conhecido como Marvel Way (Método Marvel); - FULL SCRIPT – roteiro completo (Roteiro DC); - LAYOUT SCRIPT – roteiro com desenhos (Método Maurício de Souza).
QUADRINHOS
PIETRO VAUGHAN | PIETROESTUDIO@ GMAIL.COM
PLOT FIRST N a década de 1960, a M arvel Comics explodia o mercado de quadrinhos nos Estados Unidos com o lançamento das revistas do Quarteto Fantástico, O Incrível H ulk, H omemAranha e muitos outros. Um único homem escrevia as histórias, editava, moderava as cartas enviadas pelos leitores, escrevia uma coluna mensal e coordenava as artes dos desenhistas. Esse homem era Stanley Martin Lieber. Provavelmente ele seja mais conhecido através do pseudônimo, pois reservava o nome Stanley Martin Lieber para quando escrevesse sua grande novela americana. Assim Stan Lee, o Excelsior!, era o homem por trás de tudo que a Marvel produzia nos anos 60. Com a sobrecarga de trabalho, Stan Lee não tinha condições de parar e escrever detalhadamente cada roteiro das revistas. De uma necessidade, Stan Lee criou o Método Marvel, algo que ainda hoje é usado por alguns roteiristas. Em geral, nesse método o roteirista escreve a trama geral (sinopse) ou muitas vezes apenas a ideia central (logline) do que acontecerá nas 22 páginas e passa para o cara do lápis desenhar. Depois das 22 páginas desenhadas, elas retornam ao roteirista que inclui os diálogos e recordatórios quando necessários. Para Stan Lee esse método funcionou muito bem. Logicamente havia os conflitos de interpretação dos personagens ou da história entre o escritor e os desenhistas, mas como ele trabalhava com outros gênios como Jack Kirby, John Buscema, Steve Ditko, entre outros, a coisa fluiu.
No geral, esse método de escrita de roteiro pode gerar muita confusão entre o roteirista e o desenhista, principalmente se o artista não entender muito bem o que está sendo pedido ou roteirista não for muito claro no que está pedindo. No final, entre a ideia inicial e as páginas desenhadas, podem aparecer coisas completamente diferentes. Lógico que, se o roteirista estiver trabalhando com um clone de Jack Kirby, é o método mais recomendado. REVISTA NOVOS ESCRITORES 9
QUADRINHOS
PIETRO VAUGHAN | PIETROESTUDIO@ GMAIL.COM
SCRIPT COMPLETO
Nesse estilo de se escrever se encaixam os roteiros hiperdetalhados de Alan Moore, que é capaz de dedicar páginas para descrever um único quadrinho ou mesmo incluindo desenhos de outros artistas ou até dele.
PRINCIPALMENTE QUANDO O BARBUDÃO ACHA QUE NÃO DESCREVEU TUDO COM CLAREZA OU SE O DESENHISTA NÃO ESTÁ CONSEGUINDO ENTENDER.
É maneira de escrever um roteiro de histórias em quadrinhos, muito semelhante à forma como é feito o roteiro para o cinema, televisão ou animação. O roteiro é enviado pronto para o desenhista trabalhar. Em cada página o roteirista especifica o número de quadros e as ações que ocorrem. O desenhista recebe o roteiro tendo uma dimensão da história, do tom da narrativa e dos diálogos. Dessa maneira, o roteirista tem a oportunidade de controlar tudo que acontece nas páginas da revista e também tem a oportunidade de fazer um planejamento prévio do que quer mostrar em cada uma das páginas e naquela edição. E, dependendo do caso, nas próximas edições. 10 REVISTA NOVOS ESCRITORES
QUADRINHOS
PIETRO VAUGHAN | PIETROESTUDIO@ GMAIL.COM
LAYOUT SCRIPT Prefere o roteiro completo para escrever ou mesmo para desenhar.
Dependo do roteirista (Alan Moore não vale), além do roteiro, é enviada ao desenhista uma série de desenhos da própria página, principalmente quando ele deseja que nada seja modificado daquilo que ele escreveu.
Na próxima edição falaremos um pouco mais sobre métodos de roteiro e a opinião dos profissionais da área.
É algo muito semelhante ao storyboard usado no cinema, na animação, publicidade, etc. A diferença é que, nesse caso, além das páginas escritas, o desenhista recebe também thumbnails para orientá-lo em seus desenhos. Em algumas situações, o roteiro é totalmente criado dessa maneira. São páginas desenhadas de um jeito simples, mas que incluem planos e diálogos. É um método muito similar ao adotado pelo Maurício de Souza na produção das histórias da Turma da Mônica tradicional. O roteirista prepara a história em uma folha de papel, separando as páginas em quadros. Em outras situações, esse método é usado por autores com grandes conhecimentos de roteiro e linguagem visual que, ao prepararem suas HQ autorais, dispensam uma escrita elaborada dos roteiros, já que a história será desenhada por eles mesmos.
PIETRO VAUGHAN,
Escritor – Ilustrador – Animador www.pietrovaughan.blogspot.com
REVISTA NOVOS ESCRITORES 11
ENTREVISTA
CRISTINA DEUTSCH,
autora de livros para adultos e também de literatura infantil . www.cristinadeutsch.org
12 REVISTA NOVOS ESCRITORES
AUTORA DE LIVROS PARA ADULTOS E TAMBÉM DE LITERATURA INFANTIL, PUBLICOU SUA AUTOBIOGRAFIA DE FORMA INDEPENDENTE. TIVEMOS A OPORTUNIDADE DE LER E CONHECER UM POUCO DA VIDA E OBRA DESSA ESCRITORA QUE, AINDA QUE TÃO LONGE DE NOSSO PAÍS, CONTINUA ESCREVENDO E PUBLICANDO EM PORTUGUÊS, ALÉM DE TRADUZIR SUAS OBRAS PARA O ALEMÃO E O INGLÊS. CONHEÇAM UM POUCO MAIS DA ESCRITORA CRISTINA DEUTSCH
ENTREVISTA NOVOS ESCRITORES - Você publicou livros adultos e infantis. Pode contar para os leitores como foi a experiência de escrever para públicos de diferentes idades? CRISTINA DEUTSCH - Publicados foram três, minha autobiografia e dois romances. Uma verdadeira catástrofe, todavia serviram para abrir meus olhos para realidade dos fatos. A tiragem foi pequena e presenteei os interessados. Seria uma afronta vendê-los. Para ser sincera, valeu muito a pena, pois, ao abandonar o entusiasmo, consegui ver que um livro é escrito para terceiros, portanto precisa ser bem elaborado. Desde então, andei me aprimorando e diria que sou romancista. E prefiro escrever para o público jovem-adulto. Escrevi também seis textos infantis e gostei do resultado. No entanto, escrever para crianças requer muita atenção e responsabilidade, por vários fatores, como, pedagogia e psicologia. Por essas e outras, prefiro escrever romances jovens e adultos.
Como você se inspirou para escrever seus livros? Gosto muito de ler, entretanto não posso dizer que tenho um autor preferido. Têm livros de um autor que você lê e gosta e outros não. Creio que isso acontece com todas as pessoas, se forem sinceras. Por isso não me inspiro em ninguém, tenho meu estilo próprio.
Como foi esse processo da escrita? Na verdade eu sempre gostei de escrever. Escrevia versinhos e poemas na época da escola, mas, talvez por falta de incentivo e apoio, não tenha dado o devido valor ao que escrevia naquela época. Acredito com certeza que teria descoberto esse talento mais cedo se eu tivesse vindo de uma família que lesse, o que não foi o meu caso. Porém, mesmo gostando de escrever, não me imaginava uma escritora. Há cerca de uns dez anos comecei a levar a coisa mais a sério. REVISTA NOVOS ESCRITORES 13
ENTREVISTA Quanto à publicação, você publicou por editora ou foi autora independente?
Como foi a escolha da plataforma de autopublicação?
Bem, empolgada com o resultado que meus textos haviam gerado e sem um minuto sequer imaginar que as pessoas que leram os textos eram familiares, conhecidos, amigos ou interessados em faturar, e que estes jamais diriam que seu texto é uma porcaria, fiquei iludida. Acreditei estar fazendo um grande negócio. "Negócio" a que me refiro era a ilusão de ver meus textos impressos. Movida por essa ansiedade, contatei algumas prestadoras de serviços para publicar meus livros de forma independente.
Foi um desastre. O escritor precisa ter em mente que, se alguém foi remunerado para publicar seu livro, jamais ira divulgá-lo gratuitamente. Por que fariam? A divulgação é a parte mais difícil para um autor independente, pois o custo para uma tarde ou noite de autógrafos é elevado, e o retorno do investimento, incerto. Portanto, é muito difícil, sem altos recursos financeiros, arriscar-se de forma independente no mundo literário.
Você pretende publicar o próximo livro por editora novamente? Por quê? Todo escritor quer publicar seu livro por uma editora, de preferência de forma convencional. Se essa for sua pergunta, sim, com imenso prazer, contudo sei o quanto é difícil um autor desconhecido ou iniciante conseguir esse apoio. Quanto à autopublicação, sou contra se você não tem financeiramente como se promover, mas sou a favor se tiver como bancar os custos elevados desse sonho. Outro ponto a observar, ao optar por uma publicação independente, e que é fundamental, é a escolha da editora. Ela precisa ser séria e respeitada no mercado editorial, além de possuir um bom catálogo de distribuição. Enfim, tem que analisar os prós e os contras, pois, quando menor for a tiragem, mais caro será o exemplar para venda. E um livro caro de um autor desconhecido não vende. E, sem divulgação, seu sonho será transformado numa eterna frustração. 14 REVISTA NOVOS ESCRITORES
QUADRINHOS
PIETRO VAUGHAN | PIETROESTUDIO@ GMAIL.COM
REVISTA NOVOS ESCRITORES 15
ESPECIAL
MICHELLE LOUISE PARANHOS | FACEBOOK/MICHELLE.PARANHOS.5
CENA E SEQUELA Com variações próprias de cada gênero literário, se existe algo em comum é a utilização de técnicas que permite transformar um texto amador em um texto profissional. A técnica, quando bem empregada, não traz bloqueio ao escritor. Ao contrário, reconhecer as partes que compõem um texto, as formas narrativas dos principais gêneros literários, como traçar o perfil de personagens, fazer a ambientação (o cenário físico e psicológico do personagem) e, finalmente, como estruturar as cenas e sequelas - objetivo deste artigo - ajuda a iniciar ou mesmo dar continuidade ao texto, evita-se ou resolve-se bloqueios criativos. 16 REVISTA NOVOS ESCRITORES
ESPECIAL
MICHELLE LOUISE PARANHOS | FACEBOOK/MICHELLE.PARANHOS.5
Numa fase posterior, as soluções serão analisadas. Serão eliminadas soluções repetidas ou que em nada contribuam para a solução do conflito, e, por fim, uma solução é escolhida e aplicada na solução do conflito. COMO APLICAR ESSA TÉCNICA NA LITERATURA? Não é tão difícil como parece. A principal diferença é que, é claro, será apenas uma pessoa – o autor – a pensar nessas possíveis soluções. COMO APLICAR A TÉCNICA, ENTÃO? Vamos imaginar que o escritor esteja dando início ou ainda continuidade ao texto, mas não sabe como dar sequência às cenas, surgindo assim o bloqueio criativo. Para exemplificar, vamos partir de uma única palavra. Por exemplo, manga, apenas para compreensão da técnica. OBSERVAÇÃO: Nesse momento, tanto a vivência do autor quanto a necessidade de um vocabulário extenso serão fundamentais para estabelecer as possíveis soluções para a escrita de qualquer tema. O que significa manga? Em que contexto será empregado? A palavra refere-se à peça de vestuário ou é o fruto de uma árvore? Defino então em proposição clara: o significado que procuro é a fruta manga.
A técnica conhecida como Brainstorming ou, em português, Tempestade de ideias foi originada na Administração de Empresas, onde é bastante utilizada para solucionar conflitos empresariais. No caso de uma empresa é detectado um problema e um grupo de pessoas se reúne durante um período curto e previamente estabelecido. Ali sugerem como resolver o conflito, anotando o que vier a mente, sem censura. Quanto maior o número de ideias, é possível que alguma delas ou até mais de uma seja a solução ideal. REVISTA NOVOS ESCRITORES 17
ESPECIAL
MICHELLE LOUISE PARANHOS | FACEBOOK/MICHELLE.PARANHOS.5
Então, segundo a técnica, vamos anotar tudo aquilo que vier à mente quando pensamos em manga (fruta): Mangueira – árvore – floresta – sítio – queda – escalada sujeira – doce – Melado – sabor – morcego –podridão desilusão – perda.
Essas são as minhas palavras. Experimente aplicar essa técnica e escreva aquilo que vier à sua mente. Agora que escrevemos as palavras sem censura, vamos tentar estabelecer correlações entre os termos. Algumas palavras sugerem relações mais simples. Outras parecem não se encaixar bem, mas ainda assim podem ser utilizadas ou não. Nesse caso, serão descartadas, mas não num primeiro momento. Apenas escreva a maior quantidade possível de palavras. Procure reorganizar as palavras de forma com que crie uma sequência lógica e mantenha certa coerência. Quando você tiver um conflito X com seu personagem e ficar sem ideias para dar sequências ao texto criando novas cenas, essa técnica vai ser de grande utilidade para resolver o bloqueio criativo. Essa sequência de ações será a Cena de Ação ou a cena propriamente dita. E as reações do personagem serão a cena de reação ou sequela. Assim, um personagem irá fazer algo em algum lugar durante certo espaço de tempo. Essa é a definição de cena. O momento que o personagem sentir suas reações ao que lhe aconteceu durante e após o que for descrito na cena é a Cena de Reação ou sequela. Elementos essenciais em cena de ação: - OBJETIVO, - OBSTÁCULO, - DESASTRE. O OBJETIVO é aquilo que o personagem quer nesta cena específica e não na história completa. Pode ser ou não o mesmo que o objetivo geral da trama. OBSTÁCULO é aquilo que impede que o personagem chegue logo ao objetivo. Bem, se o personagem quer algo e conquista esse desejo na primeira cena ou mesmo capítulo da trama, encerrou-se a história antes mesmo de começar, certo? DESASTRE é aquilo que impede o personagem de atingir logo o objetivo. 18 REVISTA NOVOS ESCRITORES
A Cena de reação é subjetiva e fala sobre os sentimentos do seu personagem, suas reflexões e suas reações ao que lhe acontece na cena.
ESPECIAL
MICHELLE LOUISE PARANHOS | FACEBOOK/MICHELLE.PARANHOS.5
“A manga estava madura. Sua casca amarelada por fora e o chei ro adocicado revelava que estava no ponto de ser colhida, não fossem aqueles pequenos furos profundos que romperam a casca, permitindo ver a polpa e por onde escorreu um pouco do sumo doce, que secara em contato com o ar, deixando a fruta pegajosa. Limpei a mão melada na blusa e pensei no que iria fazer agora. Ontem, durante uma visita à tarde ao pomar – minha rotina du rante as férias no sítio – eu escolhera aquela manga para saboreála no dia seguinte (cena exemplo 1). Início da sequela exemplo 1 Considerei, porém, que não era uma boa ideia subir numa árvore durante o anoitecer. Depois lembrei que minha avó sempre dizia que manga era uma fruta muito pesada para consumir à noite. Não entendi muito bem o que ela queria dizer com isso. Como é que uma manga é tão leve durante o dia e ao mesmo tempo pesada du rante a noite? Mas minha avó deveria ter razão. Então eu esperei ansio sa que a noite chegasse logo (fim da sequela exemplo 1) e fui para cama mais cedo, sem reclamar. Sonhei com a aventura que iria ter no dia seguinte e no sonho me vi saboreando a fruta, o suco doce e quente escorrendo pela boca e su jando minha blusa. Só não contava com aquele visitante indesejado durante a noite. O animal que conseguiu se antecipar a mim, deixou sua marca incon fundível e a certeza de que eu não era a única ali a passear por entre as árvores em busca de frutas. Mas agora eu estava com a fruta em minhas mãos, após escalar o tronco até o terceiro galho onde ela parecia esperar por mim. A fruta que eu tanto desejava. Chegar até a manga não foi fácil não. A man gueira era uma árvore tão alta que cheguei a considerar o que aconte ceria se eu caísse dali. Eu, uma exímia escaladora de árvores. Imagine. Fui surpreendida com a mordida inconfundível de um morcego oportunista que, impiedoso, chegou sorrateiro durante a noite e cravou os caninos na manga que eu tanto queria saborear e foi embora. Eu não vou comer uma fruta que o morcego comeu primeiro – digo para mim mesma, irritada (sequela exemplo 2). Lá de cima da ár vore mesmo eu abro a minha mão e deixo a manga cair. Ela explode em seguida à queda, com baque surdo (cena exemplo 2). Comi outras frutas, é claro, mas nunca vou esquecer a manga com o sabor mais doce de todas, aquela que só experimentei em meus sonhos.” REVISTA NOVOS ESCRITORES 19
ESPECIAL
MICHELLE LOUISE PARANHOS | FACEBOOK/MICHELLE.PARANHOS.5
A personagem e a forma de narrativa devem ter sido escolhidas antes mesmo de iniciar o texto. Porque se o personagem é homem ou mulher ou se o texto será narrado em 1° ou 3°pessoa, se ele consegue ver a cena por completo ou apenas parcialmente são algumas situações que poderá interferir no Ponto de Vista (PV) da personagem. Voltando à definição de cena, é algo acontecendo em algum lugar durante um espaço de tempo.
QUANTAS CENAS HÁ NESSE TEXTO? Primeiro, vamos definir o ESPAÇO DE TEMPO. “...esperei ansiosa que chegasse até o dia seguinte” – essa frase demonstra claramente a mudança de tempo e a quebra de cena: o que aconteceu ontem e o que aconteceu hoje. Ontem: fu i a o pom a r, vi a fru ta e optei por colh er n o d i a segu i n te. Hoje: voltei ao pomar, subi na árvore, vi a manga perfurada pelo morcego, etc. A cena, ao ser quebrada, pode ter sequência no tempo presente ou voltar ao tempo anterior, ou mesmo intercalar tempos diversos, como FLASHBACKS (volta ao tempo) ou FLASHFOWARD (um olhar para o futuro). É interessante que o autor deixe certa liberdade para o leitor interpretar e imaginar uma cena, sem que sejamos extremamente detalhistas ao escrever. Muitos autores gostam de estabelecer os mínimos detalhes do personagem, da ambientação e da cena em si. Nem sempre é necessário e interrompe a sequência dos acontecimentos. Uma das funções da cena é, de fato, descrever o personagem. E usada com cuidados e limites, pode ser um recurso interessante. A descrição do personagem pode estar diluída em várias cenas do texto e não apenas na primeira cena ou quando ele aparecer. Quando no penúltimo parágrafo do texto eu digo que ela se irritou "JOGANDO A MANGA MORDIDA PELO MORCEGO AO CHÃO, IRRITADA", falo uma característica psicológica da personagem e assim estou compondo o perfil da menina. Outra função da cena é mover a história do ponto A para o ponto B. Então, definido o Ponto de Vista (PV) do seu personagem, aqui você precisa se perguntar o que o personagem quer atingir nesta cena? Ele irá atingir seu objetivo? O motivo de uma cena de ação ser interessante é justamente o personagem não alcançar seu objetivo. 20 REVISTA NOVOS ESCRITORES
ESPECIAL
MICHELLE LOUISE PARANHOS | FACEBOOK/MICHELLE.PARANHOS.5
O Desastre que impede que meu personagem alcance o objetivo tanto pode ser interno como externo. No texto “a manga desejada” o que provocou o desastre?
EXTERNAMENTE – o morcego INTERNAMENTE – as recomendações da avó para não comer a
manga à noite. Embora a personagem não entenda o motivo, a recomendação da avó é a memória afetiva da personagem e provoca um dilema: comer a manga e desobedecer as recomendações da avó ou não comer e aguardar ansiosamente o dia seguinte, quando então irá saboreá-la. A cena é tudo aquilo que acontece aqui e agora num tempo mensurável. É objetiva. Quando a personagem analisa seu dilema e resolve optar por uma ou outra saída possível, explicando suas razões para uma ou outra escolha, temos então a cena de reação ou Sequela. No texto eu pus dois exemplos de cena e sequela em ordens inversas. Repare que no primeiro exemplo primeiro veio a cena e em seguida a sequela. No segundo exemplo, a relação foi inversa. Comentei o que a personagem sentiu primeiro e a cena veio em seguida quando ela agiu, abrindo a mão e deixando a manga atingir o solo em queda livre, explodindo ao tocar ao chão.
MICHELLE PARANHOS, Escritora
REVISTA NOVOS ESCRITORES 21
RECOMENDAÇÕES
RHUAN SOUZA | FACEBOOK/RHUAN.SOUZA.94
Livro: Graham O Continente Lemúria Autor: A. Wood Editora: Selo Jovem Ano 2014 “Essas criaturas malditas existem. São tão reais quanto qualquer pessoa. Elas existem, estão entre nós, e eu odeio todas elas. Quero vê-las mortas, torturadas, dizimadas. Estou aqui apenas para isso. Aniquilá-las uma por uma.” Peter Graham é um caçador de vampiros, mas não foi sempre assim. Antes era um rapaz homossexual que enfrentava as dificuldades de uma sociedade dividida entre a aceitação, o respeito e a repugnância à sua condição. Tinha amigos, amores, preocupações e medos como qualquer jovem, mas tudo isso ficou no passado. O novo Peter é frio e destemido a conseguir seu objetivo: aniquilar o maior número de vampiros possível. No entanto, tudo sofre uma reviravolta quando se vê obrigado a realizar uma missão à Família de vampiros que procura há muito tempo: caçar e matar um lobisomem. O que Peter não esperava era se apaixonar por ele e acabar por descobrir um segredo muito antigo que pode ajudá-lo em sua busca. 22 REVISTA NOVOS ESCRITORES
RECOMENDAÇÕES
RHUAN SOUZA | FACEBOOK/RHUAN.SOUZA.94
Titulo : Cidades Mortas Autor : Dêner B. Lopes Editora: Chiado Ano: 2014 Cada uma das 10 cidades da nação de Lisarb escolherá, por meio do voto dos habitantes, um casal de jovens entre 15 e 18 para o Festival das Cidades-Mortas. Os 20 Eleitos serão encaminhados para Cidade-Morta selecionada, onde serão confinados e terão que escapar dos soldados-robôs que irão se dispersar pelo local, com claras intenções de morte lenta. Todos aqueles que conseguirem sobreviver até o final das duas semanas de confinanento terão a honra de fazer dois pedidos, possiveis e aprovados pelo Presidente, é claro. As seleções começarão no dia primeiro do último mês do ano e o Festival tera inicio no dia terceiro após os Eleitos serem anunciados. O confinamento será acompanhado por toda Lisarb por meio da TV aberta durante todos os dias do festival, ao fim das noites. Ao Eleitos , com toda verdade, desejamos sorte e, acima de tudo, coragem.
Titulo : Desejo Iminente Autor : Francine Locks Editora: Editora Angel Ano: 2015 “E, então, aceitei o convite para o inferno.” Emmily é uma jovem do interior que acaba de ser aceita para a faculdade. Logo de cara conhece Mia, que em tão pouco tempo torna-se a sua melhor amiga. Sua ida para outra cidade não poderia ter vindo em melhor hora. Acabara um relacionamento perigoso e conturbado e decidiu ser uma nova uma nova mulher, centrada, independente e que sabe o que quer. Por ter sofrido com o namorado mau caráter, fecha-se a relacionamentos com homens complicados. É levada a dividir um apartamento com Mia, Alex e Henzo. O perfil de homem másculo e sexy capaz de levar qualquer mulher ao inferno, sem direito a retorno. O bad boy da faculdade, tatuado, mulherengo e que adora viver perigosamente e que não demora a convidá-la aos prazeres perigosos que costuma proporcionar. Essa é a história de uma garota que guarda um enorme segredo do passado. Uma narrativa provocante, envolvente, repleta de momentos de luxúrias que oscilam entre amor e ódio. Será que Emmily cederá aos caprichos de Henzo e conseguirá resistir às tentações das profundezas negras em seus olhos? Até quando alguém consegue evitar um Desejo Iminente? REVISTA NOVOS ESCRITORES 23
DICAS
SAMURI PREZZI | FACEBOOK/AMURI1355
U m a gen te li terá ri o ou a té u m a a gên ci a li terá ri a é com o u m a pon te en tre o a u tor e a ed i tora . Gra n d e pa rte d os a gen tes já tra ba lh ou em a lgu m a ed i tora e sa be com o fu n ci on a o cam i n h o d a obra a té a li vra ri a . Ele i n i ci a lm en te fa z u m a lei tu ra críti ca d a obra e a pon ta os pon tos fortes ou fra cos. Como o agente tem informações privilegiadas que a maioria dos escritores não possui, ele cuida do seu original, envia para editora certa, na hora certa e para a pessoa certa. Cada editora tem sua linha editorial. Se você escreveu um livro de fantasia, não adianta enviar para uma editora que publica somente livros técnicos. O agente sabe disso. Esse trabalho feito pelos agentes é visto com bons olhos pelas editoras, pois elas sabem que uma obra que passou por esses profissionais tem maior chance de ser aprovada. 24 REVISTA NOVOS ESCRITORES
DICAS
SAMURI PREZZI | FACEBOOK/AMURI1355
Fern an d o Card oso, d a AZO Agên cia Literária, in form a q u e, a os serviços são d ivid id os em três fases. N a prim eira fase tem a prod u ção q u e, além d a leitu ra Beta, q u e m ostra ao au tor falhas d e con tin u id ad e e d á u m parecer d a obra, oferece-se vários ou tros serviços: PREPARAÇÃO DE TEXTO – organ iza o texto, d ivid e em capítu los, corta trechos d esn ecessários e in form a ao au tor a n ecessid ad e d e criar n ovos textos para d ar m aior sen tid o à obra. EDITORAÇÃO – faz o projeto gráfico e a d iagram ação d o texto, d e acord o com o estilo d o au tor.
EVENTO DE LANÇAMENTO – organização do lançamento do livro e noite de autógrafos. AÇÕES E CAMPANHAS publicitárias – marketing relacionado ao livro para sua divulgação. MÍDIAS SOCIAIS – postagens e monitoramento das mídias sociais direcionadas ao público-alvo.
CRIAÇÃO DA CAPA – cria u m a capa para o au tor q u e ten ha u m a relação com o assu n to d a obra ou faz m u d an ças d a capa q u e o au tor já ten ha, caso seja n ecessário. APROVAÇÃO – con clu i e apresen ta o projeto ao au tor para aprovação e en cam in ha para a prod u ção. PRODUÇÃO – acom pan ha a prod u ção d o livro d e acord o com o projeto elaborad o.
Na segunda fase vem a divulgação. Após o lançamento do livro, a parte mais difícil, e que a maioria dos autores reclama, que é a venda. Quase ninguém sabe como fazer a propaganda. É nessa hora que o agente literário aparece para ajudar nas vendas e dar ideias aos escritores. Na AZO os serviços oferecidos são: HOTSITE – criação de um site que funciona como canal de comunicação e também com um lugar para a venda do livro. BLOG – espaço para o escritor colocar seus textos relacionados à obra a ser divulgada. Aqui também pode-se ter textos de obras já lançadas anteriormente. BOOK TRAILER – criação de um vídeo promocional com imagens e frases relacionadas à obra. PRODUÇÃO FOTOGRÁFICA – fotos do autor e do material de divulgação da obra. PRODUÇÃO DE VÍDEOS – vídeos para colocar no Youtube, onde tenham entrevistas e informações importantes sobre o autor e sua obra. REVISTA NOVOS ESCRITORES 25
DICAS
SAMURI PREZZI | FACEBOOK/AMURI1355
A terceira e última fase que o agente oferece ao autor e não menos importante é o agenciamento, que oferece os seguintes serviços: PLANEJAMENTO – criação de briefings e releases, com a apresentação dos personagens e descrição da obra. TRIAGEM – seleção de editoras adequadas ao estilo e gênero referente à obra. ENCAMINHAMENTO – preparação da obra para envio às editoras selecionadas. GERENCIAMENTO – administra a venda do livro e agencia o autor junto às editoras. 26 REVISTA NOVOS ESCRITORES
AUTORES NORMALMENTE NÃO TÊM TEMPO PARA FAZER TUDO ISSO. DIVIDIR ESSA RESPONSABILIDADE COM UMA AGÊNCIA SÉRIA AJUDA MUITO PARA QUE A OBRA TENHA MAIOR CHANCE DE TER SUCESSO.
E VOCÊ, GOSTARIA DE ALGUÉM PARA AJUDÁ-LO A FAZER SUA OBRA APARECER? PROCURE UM AGENTE.
SAMURI PREZZI,
Revisor
REVISTA NOVOS ESCRITORES 27
28 REVISTA NOVOS ESCRITORES