Manual para cuidadores de pessoas portadoras de Doença de Alzheimer ou demência

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Manual para cuidadores de pessoas portadoras de doença de alzheimer ou demência


Universidade da Região de Joinville - Univille Departamento de Psicologia Ariane Damazzini Godinho Denise Vieira Taborda Jaqueline Dalcanale Mikeller Freire de Lima Professora Maria Gabriela Ramos Ferreira Fenômenos e Processos Básicos em Psicologia Joinville - SC 2015


As pessoas tendem a achar que a vida do cuidador é fácil, que tudo depende e gira em torno de planejamento. Contudo, é difícil planejar os dias de alguém que tem Alzheimer e interromper algo para dar comida, remédio, limpar o vômito, ajudar a tomar banho e se vestir, cuidar da higiene bucal, acalmar o paciente quando alguém liga e faz com que o ele fique agitado, acompanhar no médico, trabalhar a autonomia dele, fornecer atividades, monitorar o comportamento diário para se assegurar que ele não esteja fazendo nada que possa colocar sua integridade em risco, conversar quando ele quer, responder várias vezes a mesma pergunta e lidar com a agressividade. Ao mesmo tempo o cuidador também tem uma vida própria, e não há facilidade em administrar os dois. O principal objetivo desse manual é facilitar e orientar a rotina de cuidadores de pacientes com DA (doença de Alzheimer) e demência. Apresentaremos algumas situações comuns à quem sofre com DA e dicas úteis para melhorar a qualidade de vida dos cuidadores e portadores da doença.



O que é a demência? É considerada uma síndrome que apresenta perda progressiva da memória, que compromete o pensamento, o julgamento e a capacidade de adaptação a situações sociais. A demência mais comum é a doença de Alzheimer.

Doença de Alzheimer A pessoa apresenta problemas de memória, bem como perda de habilidade motora, problemas de comportamento e confusão mental. Inicialmente são pequenos esquecimentos que normalmente são aceitos pelos familiares como efeito normal do envelhecimento. Entretanto, o problema vai agravando-se, tornando os idosos mais confusos e até mesmo agressivos, terminando muitas vezes por não reconhecer os próprios familiares.


Início da doença Na fase inicial da doença, os idosos costumam ser muito distraídos: ® tem dificuldade para lembrar nomes ; ® dificuldade de aprender novas informações; ® apresentam lapsos pequenos de comportamento; ® esquecimento frequente; ® reduzem suas atividades sociais dentro e fora de casa. A partir da evolução da doença, os idosos tornam-se mais dependentes: precisam de ajuda para se locomover, possuem dificuldade para se comunicarem, necessitam até mesmo de supervisão para tarefas diárias como se alimentar, se vestir, etc. Mais adiante veremos como lidar com essas dificuldades diárias.


Diagnóstico Não há um teste específico para o diagnóstico da DA, pois ele só pode ser feito por meio de um exame patológico que não é realizado quando o idoso está vivo. Na prática, o diagnóstico, depende da avaliação feita por um médico, que irá definir, a partir de exames e da história do paciente, qual a principal hipótese para a causa da demência.

Tratamento O tratamento para a doença de Alzheimer é dividido em duas partes: uma que trata dos distúrbios do comportamento e outra que é direcionada ao tratamento específico, corrigindo o desequilíbrio químico do cérebro. Não existe ainda tratamento curativo, mas existem medicamentos que podem melhorar a memória e o comportamento. O estímulo cognitivo, a atividade física, o estímulo social e a organização do ambiente em que o portador da DA se encontra são essenciais para diminuir o avanço da doença. É essencial que o portador da doença de Alzheimer ou demência faça o acompanhamento com os diversos profissionais da saúde que tratam da doença. Além de médicos (geralmente neurologistas, geriatras, psiquiatras ou clínicos gerais), há a atuação de outros profissionais de saúde: psicólogos, enfermeiros, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos, fisioterapeutas, nutricionistas, educadores, educadores físicos, assistentes sociais e dentistas, que são essenciais para melhorar a qualidade de vida do portador e, consequentemente, da família do paciente.


Grupos de apoio Existem grupos de apoio que oferecem assistência aos familiares de pessoas com Alzheimer e outras demências. Os grupos são divididos em dois enfoques:

>>Grupos informativos Repassam informações relevantes sobre a doença, seu tratamento, cuidados necessários com o idoso, dentre outros temas de interesse. Há também a participação dos cuidadores que, por meio de sua experiência, procuram contribuir com os temas propostos. É uma atividade voltada para a aprendizagem de informações que contribuem para o preparo dos cuidadores na tarefa de cuidado com os idosos.

>>Grupo de apoio social e emocional Espaço para troca de experiências e reflexão, oferecendo oportunidade aos cuidadores de estarem diante de pessoas que passam por situações semelhantes. O cuidador interage com as dificuldades existentes, colocando aspectos emocionais que são envolvidos no cuidado do idoso. O cuidador passa a ter, a partir desses encontros, mais recursos para lidar com o idoso, recebendo apoio para que se organize melhor, utilizando assim recursos pessoais para encontrar soluções para os problemas, expressando os seus sentimentos e vivências particulares.


O cuidador, na realização de suas atividades com o idoso, está exposto a sobrecarga que são decorrentes das múltiplas tarefas necessárias. Além de se dedicarem ao paciente, os cuidadores precisam ainda substituir as tarefas por ele desempenhadas e ainda reorganizar tarefas de sua vida pessoal. Há também a necessidade de restrição de tempo para atividades pessoais e até mesmo a possibilidade de viver exclusivamente para a pessoa doente. Todo esse estresse gera alterações no estado emocional interferindo na sua vida pessoal, familiar e até mesmo na qualidade de cuidado que é oferecido ao idoso. Os grupos de apoio tem como objetivo ajudar o cuidador a amenizar essas dificuldades.

Como participar dos grupos de apoio? Entrar em contato com o Grupo de Apoio Social e Emocional de Joinville. Datas: segunda segunda-feira do mês. Horário: 19h30 às 21h Público-alvo: Familiares-cuidadores Coordenação: Francini Marchi Poleza Endereço: Faculdade de Enfermagem do Colégio Bom Jesus IELUSC (Bloco de Enfermagem, sala C7), Rua Princesa Isabel, 438 - Centro Endereço de e-mail: santacatarina@abraz.org.br


COMO CUIDAR DE IDOSOS COM ALZHEIMER?

Não busque o confronto com o idoso, sendo intolerante ou rígido com o mesmo. Procure sempre distraí-lo para que ele esqueça do comportamento inadequado. Seja gentil e paciente, não levante o tom de voz. Esse tipo de atitude apenas piora a situação. O contato pessoal e a atenção são essenciais para contornar situações constrangedoras.

>>Organização Manter tudo o mais normal possível, mantendo a rotina (fazendo as mesmas coisas, no mesmo horário, do mesmo jeito) para facilitar o idoso a lembrar-se. Sinalize sua casa, deixando-a mais familiar possível.


>>Segurança Cuidado com a segurança, pois com a perca de memória, perdem-se habilidades e coordenação motoras, aumentando o risco de acidentes em casa.

>>Vestuário Evitar calças ou vestidos com muitos botões, fivelas e cintos, etc, pois podem complicar o dia a dia dos idosos.

>>Comunicação Falar não é a única forma de comunicação, pois o tom da voz, o olhar, o abraço, também podem ajudar a comunicar-se. Fale sempre tranquilamente e de modo amigável, com frases curtas e simples enfocando uma ideia de cada vez. Não trate o idoso como criança ou doente, discutindo problemas relacionados com eles em sua presença como se ele não entendesse ou não estivesse ali. Dê instruções simples, peça sua ajuda, faça-o sentir útil.


>>Banho Pode haver resistência ao ato de tomar banho. Deve-se dar ordens claras do que se quer: vamos tirar suas roupas, entre no chuveiro, etc. Ao escovar os dentes, deve-se escovar os próprios dentes e após isso pedir ao idoso para que o imite.

>>Alimentação

A alimentação dos idosos deve ser bem planejada e acompanhada. É importante que se mantenha a rotina de horários e local das refeições.

>>Medicamentos Acerca dos remédios que ele toma, não deixe o idoso tomá-los por conta própria. O cuidador deve guardar o remédio e medicar o idoso nos horários corretos e nas doses adequadas.


>>Problemas de comportamento Quando o idoso apresentar problemas de comportamento, tenha paciência! É a sua doença que causa isto.

RESTRINJA – faça com o que idoso pare o comportamento problemático. Convença-o. REAVALIE – qual é o motivo de tal comportamento? RECONSIDERE – veja a situação do ponto de vista do idoso. RECANALIZE – torne um comportamento difícil em outro mais aceitável e seguro. REASSEGURE – seja generoso, demonstre afeto. REVISÃO – como consegui resolver tal situação? O que fiz foi melhor para o idoso?

>>Incontinência urinária Nos idosos é comum ocorrer incontinência (impossibilidade de retenção) urinária e/ou fecal. Devese registrar, durante alguns dias, as vezes em que o idoso urinar para que se possa verificar um possível padrão e assim encaminhar para o médico para correto diagnóstico. Sinalize bem a porta do banheiro e à noite deixe luz do banheiro acesa. O uso de fralda geriátrica pode ser útil à noite, mas deve ser bem explicada ao idoso para não causar constrangimentos e, assim, haver boa aceitação.


Às vezes o idoso não foge, se perde. Comunique a situação com vizinhos, dentre outras pessoas úteis nessa situação. O idoso com Alzheimer tem dificuldades em dormir. Evite cochilos durante a parte do dia e bebidas estimulantes à noite como café, chá mate, refrigerante, bebidas alcóolicas. O exercício físico é também um grande aliado na melhora do sono noturno. Pode ocorrer do idoso com Alzheimer apresentar problemas de comportamento sexual, como tirar roupa em público. Observe se esse comportamento não é alguma necessidade ele não sabe expressar (roupa apertada, está com calor, etc).

Para mais informações, acesse: BORGES, Márcio Fernando. Convivendo com Alzheimer: manual do cuidador. Disponível em: <http://www.cuidardeidosos.com.br/wpcontent/uploads/2008/04/manual-do-cuidador-alzheimer.pdf>. ABRAz – Associação Brasileira de Alzheimer. Grupos de apoio ao familiarcuidador. Disponível em: <http://abraz.org.br/assistencia-abraz/gruposde-apoio-ao-familiar-cuidador>. ABRAz – Associação Brasileira de Alzheimer. O estresse do cuidador. Disponível em: <http://abraz.org.br/orientacao-a-cuidadores/cuidadoscom-o-familiar-cuidador/o-estresse-do-cuidador>. Revista Alzheimer Portugal. Disponível em: <http://alzheimer portugal.org/pt/text-0-2-8-291-revista-alzheimer-portugal-janeiro-amarco-de-2015>.




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