Noticias do Jardim São Remo dezembro de 2023

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São Remo Dezembro de 2023 ANO XXX nº 3

www.centralperiferica.org

DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

Notícias do Jardim

ARTE: LUIZA MIYADAIRA

Às escuras

comunidade p.5

MATHEUS BOMFIM

Descaso da ENEL causa transtornos após fortes chuvas p.4 comunidade p.6

esportes p.12

Entregadores por aplicativo contam sobre rotina, as dificuldades e seus ganhos em suas jornadas

Concecionado a prefeitura, campo da SR fica na expectativa de melhorias

mulheres p.10

são remano p.8

entrevista p.3

Utilização de métodos contraceptivos e sua importância

Entrega de presentes agitam o Natal da comunidade

Baixa infraesrutura fica acentuada após mudanças climáticas extremas

comunidade p.5 Instalações do Circo Escola seguem sem resolução

É Natal no SÃO REMINHO Já fez seu pedido?


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Notícias do Jardim São Remo

debate

Dezembro de 2023

OPINIÃO

“O difícil é que você liga para todo mundo e ninguém vem pra cá” GABRIEL

Clima extremo prejudica a periferia

Precisamos colocar

a periferia em espaços de poder Leonardo Carmo

São Remo Notícias do Jardim

As mudanças climáticas são uma das questões mais urgentes da atualidade, manifestando-se através do aumento de eventos climáticos extremos, como as ondas de calor e as chuvas intensas. Um exemplo desse fenômeno ocorreu em novembro de 2023, quando a cidade de São Paulo testemunhou a temperatura mais alta do ano, chegando a 37,1ºC, conforme os registros do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). Essa instabilidade extrema é um dos efeitos da crise climática. Suas consequências afetam principalmente os moradores de comunidades e periferias, que estão mais vulneráveis a catástrofes climáticas. Moradores comentam Maria José, de 63 anos, aponta as dificuldades de acessar os espaços de lazer nos momentos de calor intenso: “Está muito difícil. Eu penso para onde a gente pode ir, e há momentos em que não tem. Quando a USP está aberta, a solução é a USP, mas no final de semana mesmo não tem para onde ir, a não ser que a gente pegue ônibus e vá para outro lugar”. Maria José também comenta a situação no seu dia a dia: “É muito desconfortável, mas a gente não tem muito o que fazer. Temos que nos acostumar e procurar tomar água gelada. E à noite, eu durmo com ventilador. Não dá para dormir sem”. Gabriel, de 22 anos, fala sobre os impactos que as fortes chuvas geram na comunidade. “A energia cai direto, toda vez

que chove forte, ocorre a queda de energia. Esses dias, durante uma chuva forte, ficou um dia inteiro sem energia.” Insatisfação A grande maioria dos moradores entrevistados afirma que os serviços prestados pela prefeitura e empresas com concessões públicas, como a Enel, não são suficientes para resolver os problemas trazidos pelo clima extremo. “O difícil é que você liga para todo mundo e ninguém vem pra cá”, afirma Gabriel. Segundo levantamento da vereadora Elaine Monteiro divulgado pelo jornal Brasil de Fato, a Prefeitura de São Paulo subnotificou diversos casos de enchentes na cidade. Por conta disso, há a falsa sensação de que houve queda de 47,5% no número de alagamentos na capital. Essa situação afeta diretamente as políticas públicas, uma vez que na análise de dados as enchentes não se apresentam como um problema que precisa de maior atenção da prefeitura. Clima Extremo Dados divulgados pela estação meteorológica do IAG-USP demonstram como as mudanças climáticas afetam diretamente a quantidade de chuvas na cidade. O número de eventos de precipitação extrema com chuva acima de 80 milímetros/dia já é maior nos últimos 20 anos do que no acumulado das seis décadas anteriores. Esse fator implica no crescimento do número de tragédias ambientais, como enchentes, deslizamentos de terra, entre outros. ARTE: YASMIN BRUSSULO

Entre os dias 30 de novembro e 12 de dezembro, alguns dos principais líderes mundiais se reuniram em Dubai para discutir as mudanças climáticas na 28 Conferência das Partes (COP28). Tradicionalmente, esse evento reúne figuras como parlamentares, executivos do setor privado e pesquisadores. Mas, dessa vez, houve um maior protagonismo de camadas populares da sociedade: representando o Brasil, estava o ativista Mateus Fernandes, por exemplo. Ele nasceu em Guarulhos e conta que, apesar de sofrer do descaso com o meio ambiente desde cedo, só foi descobrir que existia um encontro para discutir o que sua família sofria na pele há alguns anos. “Foi na ausência de políticas públicas de saneamento e energia que as ruas me ensinaram como sobreviver em meio às crises climáticas”, diz ele. Historicamente, a situação de pessoas periféricas é exatamente essa: conhecem profundamente os problemas ambientais que as afetam, mas raramente são convidadas a solucioná-los. A questão é que, se o objetivo verdadeiramente for resolver as mazelas que nos acometem, não há como fazer isso sem contar com o apoio de quem mais é impactado. Nós precisamos de jovens como os da São Remo em espaços de decisões como o promovido nos Emirados Árabes o quanto antes. Em momentos como esse, simplesmente não dá para ignorar as vozes potentes da comunidade. Cientes disso, dedicamos um bom espaço dessa edição para estimular o debate por meio de entrevistas e reportagens. Por ser a última do ano, também queremos aproveitar a oportunidade para desejar boas festas e um excelente 2024. Até a próxima!

Filipe Moraes Gabriela Barbosa

www.centralperiferica.org

Publicação do Departamento de Jornalismo e Editoração da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo. Reitor: Carlos Carlotti Júnior. Diretora: Brasilina Passarelli. Chefe de departamento: Luciano Guimarães. Professores responsáveis: Dennis de Oliveira e Luciano Guimarães. Monitoria: Bárbara de Aguiar e Gabriel Carvalho. Edição, planejamento e diagramação: alunos do primeiro ano de jornalismo. Secretário de Redação: Leonardo Carmo. Secretário Adjunto: Alex Amaral. Secretária Gráfica: Yasmin Brussulo. Editora de Imagens: Julia Martins. Editores: Bruna Correia, Diego Coppio, Gabriela Cecchin, Isabel Briskievicz, Paloma Lazzaro e Tauane Ybarra. Suplemento infantil: Luiza Miyadaira e Sophia Vieira. Repórteres: Davi Caldas, Felipe Bueno, Filipe Moraes, Gabriela Barbosa, Giovanna Castro, Guilherme Ribeiro, Jenny Perossi, José Adryan, Joseph dos Santos, Júlia Queiroz, Julia Teixeira, Julio Silva, Luíse Silva, Marina Galesso, Matheus Bomfim, Natália Tiemi, Pedro Malta, Samuel Cerri, Tainá Rodrigues, Tatiana Couto, Yasmin Andrade e Yasmin Teixeira. Correspondência: Av. Prof. Lúcio Martins Rodrigues, 443-Bloco A. Cidade Universitária CEP 05508-990. Fone: 3091-1324. E-mail: saoremo@gmail.com Impressão: Gráfica CS. Edição: 1500 exemplares.


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entrevista

“Todo mundo devia ter esse direito à água, para começar. Não só água, mas uma moradia, alimentação, energia” ANA SANCHES

Os efeitos do clima extremo são desiguais Júlia de Queiroz Tainá Rodrigues Ana Sanches é doutoranda no Programa de Pós-Graduação Mudança Social e Participação Política na EACH-USP, pesquisando questões socioambientais e relações étinico-raciais com foco em mulheres negras. Ela concedeu esta entrevista para o jornal NJSR. Como as recentes mudanças climáticas impactam no cotidiano dos moradores das periferias? Ana Sanches: Nós que discutimos questões ambientais apontamos que os eventos extremos, como secas, desmoronamentos e alagamentos, são efeitos das mudanças climáticas. Nas periferias, as pessoas perdem as suas casas, por exemplo, quando tem uma forte chuva. Mas não só por isso. As fortes chuvas são um dos elementos, mas a falta de infraestrutura dos bairros onde moram as pessoas negras, mais pobres, também é um problema. Nas ondas de calor, as pessoas não têm equipamentos como ar-condicionado para ficar numa situação climática confortável e vivem em regiões que não têm boa arborização, ou seja, o calor é mais alto. Isso sem pensar nas questões socioambientais que envolvem a discussão das mudanças climáticas, como a disputa por terra e território. O racismo ambiental, que é um dos elementos para pensar em meio ambiente e direitos humanos, também entra nessa questão de não ter território ou terra, não conseguir plantar, colher, principamente em cidades urbanizadas. Há um impacto diferente em moradores de bairros de classe média/alta e em periferias? Os impactos são diferentes porque as pessoas são diferentes. Pensando na cidade de São Paulo, pelo mapa da desigualdade, quanto mais extremas são as regiões, mais negra e empobrecida é a população. São territórios com menos infraestrutura do que os bairros de classe média alta. Nas últimas chuvas e ventanias de novembro, moradores da pe-

ARQUIVO PESSOAL/ ANA SANCHES

A falta de infraestrutura nas periferias potencializa as consequências das mudanças climáticas

riferia ficaram sem luz, com bairros alagados, exposição a esgoto e falta de saneamento básico. As populações mais pobres, periféricas e pessoas negras vivem a falta de infraestrutura e são mais afetadas. Apesar de vivenciarmos mudanças climáticas de uma maneira global, os impactos chegam de forma diferente nos territórios a partir das pessoas que moram neles. Pessoas racializadas e empobrecidas por um sistema serão mais impactadas, porque há uma ideia de que essas vidas não são tão importantes e não precisam ser salvas. É o que a gente vai pensar dentro da necropolítica, de deixar viver e fazer morrer, como uma política de morte do Estado. Como os moradores podem minimizar as consequências das mudanças climáticas? Podemos pensar em ações individuais que podem temporariamente minimizar o problema, mas não vai resolver de forma estrutural. Então é difícil a gente pensar em técnicas, que muitas vezes envolvem uma capacidade de resiliência de pagamento e vulnerabilidade social. As pessoas vão ter que refrigerar o espaço onde elas estão e se hidratar. A água é essencial e estamos vivenciando uma grande ameaça no acesso à água, que é a privatização da Sabesp por conta do nosso Governador, sob o argumento de que o setor privado iria melhorar esse trabalho. Porém, quando olhamos para outros países,

isso como uma política pública de Estado, para todas as pessoas em todos os espaços, principalmente entendendo o que ainda está por vir, das problemáticas socioambientais, ecológicas e climáticas.

é percebido que o setor privado só quer lucro e não vai fazer um atendimento pensando na saúde pública. Mas se for possível, ter acesso a lugares que tenham sombras, que sejam mais refrigerados e arborizados, com alimentação e hidratação adequada, o que sabemos que para o nosso povo é um grande desafio, porque envolve capacidade de pagamento. A postura adotada pela Prefeitura nessas situações é suficiente? Eles têm construído alguns centros de apoio, oferecendo água e atendimento médico, muitas pessoas que estão com consumo de álcool e falta de alimentação acabam passando muito mal. A prefeitura tem feito esses atendimentos para, de alguma forma, remediar a situação. Não é o suficiente, porque temos uma questão estrutural. Temos uma legislação que obriga estabelecimentos de alimentação a fornecerem água gratuita para qualquer pessoa, mas isso ainda tem um estigma muito grande sobre atendimento, principalmente de populações pobres ou que estão em condições de moradia de rua, então não considero o suficiente, eu considero que é um passo. O que seria suficiente seria garantir água de forma gratuita para torneira de todas as casas, de todos os trabalhadores e trabalhadoras, não só da cidade como do país. Todo mundo devia ter esse direito à água, para começar. Não só água, mas uma moradia, alimentação, energia. Precisamos colocar

Qual deveria ser a política ideal para situações de risco na periferia? Uma ampla regularização fundiária, garantindo moradia para populações que residem em áreas de risco. Essa questão toca em um ponto histórico para o Brasil, que é a concentração de terras. A população negra e indigena foi expulsa de sua terra e, sem qualquer amparo do Estado, não teve condições financeiras para adquiri-la novamente. Por isso, passou a ocupar locais mais afastados do centro, que eram mais baratos e por vezes mais arriscados, como encostas de morros. É necessário pensar em uma política pública com participação social, ou seja, as decisões precisam ser tomadas junto aos moradores. Após os desastres em São Sebastião, litoral norte de São Paulo, no início de 2023, a prefeitura retirou a população das áreas mais arriscadas e decidiu onde e como seria a moradia delas. Agora, estamos vendo essa mesma população reivindicando participação nas decisões, pois o que lhes foi imposto não necessariamente levou em consideração suas opiniões e especificidades. É possível criar uma política focada em minimizar essas consequências nas periferias? Sim, é possível construir políticas públicas, nacionais e locais, que não só minimizam, mas também reformam a maneira que as pessoas habitam a cidade, buscando criar uma relação muito mais próxima com a natureza e o espírito coletivo. Podemos pensar também em uma política climática antirrascista, que coloca os interesses da população periférica como prioritárias. Estamos chegando em época de eleições municipais e é essencial que a população valorize e cobre seus governantes sobre as questões ambientais dos locais onde moram, exigindo também sua participação nesses processos.


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Notícias do Jardim São Remo

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comunidade

“Aqui, chove, já era, acaba a luz. Sempre tem isso“ PATRÍCIA TEIXEIRA, VENDEDORA DE CACHORRO QUENTE

Quedas de energia afetam moradores Apagão que durou dias atingiu parte da comunidade, algumas áreas tiveram perdas

O mês de novembro foi palco de chuvas fortes que causaram mortes, desabamentos e quedas de energia em diversos pontos do estado. A combinação com ondas de calor fez com que a população presenciasse as consequências cada vez mais severas das mudanças climáticas. O fato que mais causou transtornos foi o apagão de 6 dias que afetou vários locais da Região Metropolitana de São Paulo, incluindo áreas da São Remo. O caso gerou estresse aos moradores e críticas à Enel, empresa responsável pelo abastecimento de energia. Givanildo, 50, diz achar absurdo o descaso da empresa quanto à queda de eletricidade: “Como pode uma empresa desse tamanho deixar tantas pessoas sem energia? Durante o desastre tudo bem [a falta de energia], mas depois a empresa deveria ter suporte imediato para aten-

der a população”. Ele ainda diz ter perdido alimentos: “Tive que jogar fora, a casa fedia”. A negligência da empresa foi percebida por outros saorremanos. Patrícia Teixeira, vendedora de cachorro-quente, chegou a ficar três dias sem eletricidade e acabou sendo prejudicada em seu negócio. “A padaria onde eu pego o pão ficou quatro dias sem luz. Perdi minhas vendas porque não tinha o que fazer”, conta. A moradora ainda disse que o fornecimento de energia na comunidade é instável: “Aqui chove, já era, acaba a luz. Sempre tem isso”. Apesar do problema ser antigo, ele não foi igual para todos. Givanildo ficou apenas um dia sem luz, enquanto Patrícia, que mora no Rio Pequeno, ficou três dias. Outras regiões também foram afetadas, como a Corifeu, por quatro dias, e a área próxima ao HU, por dois dias. Para os moradores, a principal causa das quedas é a proximidade dos galhos de árvores com a fiação

elétrica do bairro. Há a queixa de que a Enel, ao ser questionada sobre essa questão, afirma que a poda deve ser realizada pela USP, já essa afirma que essa é uma função da Prefeitura. Os saorremanos também reclamam de terem que retirar os restos da poda quando ela ocorre. Como compensação aos prejuízos causados pelo apagão, a Enel anunciou que moradores que ficaram mais de 48h sem luz terão isenção em 3 contas de luz. Terão direito ao benefício clientes da empresa que forem cadastrados no programa Tarifa Social — contanto que o cadastro tenha sido feito antes do dia 03 de novembro — e pessoas dependentes de aparelhos elétricos para sobreviver — também previamente cadastrados nessa categoria pela Enel. A isenção, que também pode abater contas de energia pendentes, é feita de maneira automática na conta de luz, sem a necessidade de pedido à empresa.

GIOVANNA CASTRO

Felipe Bueno Giovanna Castro Samuel Cerri

Fios emaranhados, que são comuns na região, atrapalham fornecimento de energia

Privatização precariza serviço de energia A Enel, distribuidora de energia elétrica no estado, foi convocada para depor no dia 14 de novembro em uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Assembleia Legislativa de S. Paulo. Durante o evento, a energia caiu ao menos três vezes. A CPI ocorre para investigar as causas das inconsistências da empresa. São levados em consideração o suporte aos consumidores e às prefeituras, a conservação da infraestrutura e a distribuição energética. As reclamações acerca da distribuidora também partem de prefeitos. Ricardo Nunes, prefeito de São Paulo, pediu para a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) o cancelamento do contrato de concessão da Enel. O abastecimento de energia em SP se tornou responsabilidade da empresa

SINERGIA CUT

Giovanna Castro Samuel Cerri

após a privatização da antiga companhia de eletricidade, Eletropaulo, em 2018. Apesar da entidade ser estadual, o contrato de concessão foi feito com a União, com fiscalização do estado de SP. Conforme apurado na reportagem acima, a diferença do serviço foi sentida principalmente na questão da poda das árvores. Moradores afirmam que a empresa demora a prestar o serviço e, quando finalmente aparam, “cortam três árvores e vão embora, deixam sujeira no meio da rua e dane-se”.

Os saorremanos afirmam que, durante a ação da Eletropaulo, a empresa atuava no corte de galhos que afetavam o funcionamento da energia elétrica, mas que a Enel afirma que essa não é sua função. Entretanto, é responsabilidade da empresa realizar podas preventivas durante a prestação do serviço. A Enel vem trabalhando com quadro reduzido de funcionários desde 2019, pouco após a privatização. De acordo com a Aneel, a queda equivale a 36% do quadro original e impactou o funcionamento da empresa.

As demissões vieram no período em que a Enel teve lucros recordes. Desde o início da sua atuação no estado, a empresa dobrou seu faturamento, de R$777,07 milhões em 2019 para R$1,41 bilhão em 2022. A Enel respondeu à redação do NJSR com mensagem padrão enviada à imprensa. Em nota, Max Xavier Lins, presidente da Enel Distribuição São Paulo, pede desculpas pela demora no estabelecimento de energia e afirma ter feito o possível para evitar a continuidade do apagão.

No dia 6/12, a Alesp aprovou a privatização da Sabesp, de 62 a 1 votos. A sessão foi marcada pela atuação violenta da PM com manifestantes contrários.


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comunidade

“Lá [os meninos] eram bem cuidados, se alimentavam, brincavam, tinha aulas, tinha teatro“ THAIS, DA SÃO REMO

Circo Escola ainda continua sem solução Projeto que ajudava a comunidade da SR desde os anos 1990 foi abandonado em 2020

Criado como uma política pública pelo governador Mário Covas e implementado pela prefeitura municipal, o Circo Escola era um dos principais projetos da pasta da Assistência Social da SR. O espaço funcionava desde 1990 e atendia 300 crianças em situação de vulnerabilidade, com idades entre cinco e dezessete. No local, as pessoas recebiam ao menos duas refeições diárias, além de contar com aulas de circo, esportes, informática, danças e canto. O espaço também oferecia cursos profissionalizantes para a comunidade. Durante os primeiros 25 anos, período de funcionamento pleno do projeto, suas instalações garantiam à comunidade não apenas aulas e atividades, mas também confiança às mães que precisavam deixar os filhos no espaço para poderem trabalhar. É o que conta Thais, moradora da SR, que tem dois sobrinhos que utilizavam o serviço na época de infância: “Era muito bom, principalmente para as mães, que precisavam trabalhar e deixavam os filhos lá, pois sabiam que lá eram bem cuidados, se alimentavam, brincavam, tinha aulas, tinha teatro”. Entre 2010 e 2016, cerca de 800 pessoas utiliza-

vam o espaço mensalmente. Na perspectiva de Leandro Lira, assessor parlamentar da vereadora Luna Zarattini (PT), que acompanha as emendas legislativas destinadas ao Circo, o declínio do projeto foi por conta de pontos principais. O primeiro foi a sua troca de gestão, gradualmente afastando os coletivos da comunidade, que tinham atuação protagonista nas atividades, passando a ter uma participação cada vez menor e motivando a saída de alunos. O segundo motivo foram os problemas infraestruturais que começaram a acontecer por volta de 2020, tal qual o que atingiu o terreno onde ficava o prédio dos cursos de qualificação de pessoas para o primeiro emprego. Ele cedeu e apresentou diversas rachaduras. Outro acontecimento, ainda no ano de 2020, foi o início da pandemia do Covid-19, momento em que a prefeitura de São Paulo decidiu encerrar as atividades do projeto. Isso acarretou no abandono do espaço, e assim começaram a acontecer episódios de vandalismo dentro das instalações que já estavam prejudicadas. O último ponto é que, com tudo isso, o contrato do projeto não foi renovado pela prefeitura e a Universidade de São Paulo, dona do espaço destinado às instalações do

DAVI CALDAS

Davi Caldas Guilherme Ribeiro Julia Teixeira

A comunidade luta pela imediata reabertura do projeto projeto, retomou a posse do local. O assessor denuncia o atual governo da cidade de São Paulo, devido ao não cumprimento da destinação de 500 mil reais para a reforma e aquisição de equipamentos para o Circo Escola, valor previsto no projeto de lei orçamentária para 2023, realizado em dezembro de 2022. “Vejo que o [prefeito] Ricardo Nunes, e a prefeitura de São Paulo como um todo, perdem a oportunidade de dar um encaminhamento a uma política pública e também e dar um respaldo não só a comunidade da São Remo, mas a todas as

comunidades da área que utilizavam do serviço oferecido pelo Circo Escola”. Sobre a situação atual do Circo, Lira comenta que está havendo reformas de infraestrutura nas salas, outros locais e equipamentos essenciais para a volta de atividades que envolvem o serviço do circo social. Para o próximo ano, ele prevê uma reforma para manter a lona do circo de pé, com ajustes no picadeiro e qualquer outra estrutura necessária. Atualmente, os cursos oferecidos pelo projeto são: manicure, cuidador de idosos e confeitaria.

Trabalhos temporários

Casa ficou mais fácil

Alex Amaral Matheus Bomfim

Giovanna Castro

O emprego temporário é regulamentado por lei federal que garante ao empregado uma série de direitos semelhantes aos dos efetivados. Isso inclui benefícios como descanso semanal remunerado, 13º salário, Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e Previdência Social. Porém, há exceções, como a não concessão do direito à indenização de 40% sobre o FGTS, aviso prévio e seguro-desemprego aos trabalhadores temporários.

MUTIRÃO DE EMPREGO Barbosa Supermercados, Butantã - (11) 3732-2190

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No final de novembro, o governo anunciou a seleção de propostas habitacionais para famílias da faixa 1 do Minha Casa, Minha Vida. O programa, criado em 2009 pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, prevê a oferta de subsídios e taxas de juros abaixo do valor de mercado para facilitar a obtenção de moradias. O “Minha Casa, Minha Vida” é dividido em três faixas de acordo com a renda familiar bruta, também dividido entre famílias da zona rural e urbana. A principal mudança é sobre a primeira faixa: antes, perten-

ciam a ela as famílias urbanas com renda de até R$1800,00, agora, o teto chega até R$2640,00. Essa medida aumenta o número de pessoas que serão atendidas com os benefícios desse segmento, como a possibilidade do governo cobrir até 95% do valor do imóvel. Essa faixa também é contemplada com 50% dos imóveis do programa e em 2023 foram selecionadas 187,5 mil novas unidades habitacionais para esse público. Para se inscrever no programa é necessário acessar o site da Cohab (https://cohab.sp.gov.br/) e selecionar o campo “Faça seu cadastro”.


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comunidade

“Falta reconhecimento por parte das empresas de aplicativo” GILBERTO SANTOS,PRESIDENTE DO SINDIMOTOSP

Entregadores revelam se rotina compensa Plataformas como iFood e Rappi reduziram pagamento nos últimos anos e trabalhadores dizem porquê continuam na função

Há cinco anos, João Santos deixou o emprego de manobrista com carteira assinada e passou a fazer entregas por meio de aplicativos como iFood e Rappi. Apesar de ter aberto mão dos benefícios das leis trabalhistas, ele diz estar contente com a decisão. “Ganho R$4 mil por mês e faço meu horário”, afirma o entregador. João é um dos 386 mil entregadores que existem no Brasil, segundo pesquisa do Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento). Na São Remo, ele divide espaço com outras dezenas de trabalhadores autônomos que atuam também com aplicativos de transporte, como Uber e 99. Ciente de que gasta R$400,00 mensais com combustível e de que o ganho mínimo por entrega baixou de R$12,50 para R$6,50 nos últimos anos, ele garante que o lucro ainda vale a pena. “Na véspera de natal chego a ganhar R$ 1 mil em um dia”, diz o morador de Osasco. A satisfação com os ganhos e com a liberdade na rotina só esbarra na falta de benefícios que são comuns a funcionários de muitas empresas, como o plano de saúde. “Se acontece algum acidente, você quebra, tá? Não tem assistência”, lamenta João, que atualmente sofre com perda de visão devido ao diabetes.

A opinião do entregador é endossada pelo presidente do Sindicato dos Motociclistas de São Paulo (SindimotoSP), Gilberto Santos. “Falta reconhecimento por parte das empresas de aplicativo sobre os direitos trabalhistas, como controle de jornada, férias e décimo terceiro”, argumenta. De acordo com levantamento da Infosiga, sistema do governo de São Paulo, 2089 pessoas sofreram acidentes envolvendo motos no estado em 2022. O número é 8% maior em relação aos registros de 2021. Para as pesquisadoras do Grupo de Estudos de História e Economia Política (GMarx), Adriana Marinho e Marcela de Proença, o risco de “ser seu próprio chefe”, no caso dos trabalhadores por aplicativo, vai além. Segundo as especialistas, empresas como iFood e Uber podem encerrar o vínculo de trabalho com o prestador sem qualquer aviso prévio. Por outro lado, há quem veja vantagens em não ter uma rotina necessariamente fixa e controle de jornada. Motoboy há pelo menos cinco anos, Lucas Gomes avalia de forma positiva poder escolher os horários que sai para trabalhar. “Tem muita gente aí que trabalha quase 10 horas por dia e ganha um salário mínimo, não trabalho nem isso [essa carga] e faço R$4 mil no mínimo”.

MATHEUS BOMFIM

Joseph Silva Matheus Bomfim

São Remo tem intensa circulação de veículos sobre duas rodas Com dois filhos para cuidar, Lucas afirma que consegue se manter tranquilamente com a renda que recebe trabalhando somente pelo iFood, mas ressalta que atualmente seus ganhos não são como eram nos primeiros anos dentro da plataforma. “Diminuíram a taxa da gente, abaixaram a promoção, aí a gasolina aumenta, a manutenção

aumenta, mas ainda sim compensa”, explica. O motoboy, que é morador da cidade de Osasco, já fez várias entregas na São Remo e comenta que roda a cidade inteira em cima da moto, só fazendo uma pequena pausa para o almoço. “Rodo a cidade toda, onde chamar eu estou indo”, diz Lucas.

Lula e Tarcísio tiveram gestão tímida, dizem moradores Joseph Silva Samuel Cerri O primeiro ano das gestões do presidente Lúis Inácio Lula da Sil(PT), e do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), não trouxe grandes resultados. É o que revela uma apuração do jornal Notícias do Jardim São Remo com moradores. Cícero Lima, pai de quatro filhos, diz que o petista reduziu preços nos supermercados em relação ao governo Bolsonaro (PL).

"As coisas ficaram mais baratas. O óleo chegou a 15 reais e feijão era só para quem podia. Mudou muito, cara". O encarregado de obras defende que o presidente só não fez mais porque assumiu a economia em recuperação. Já a gestão do governador é criticada pelo morador. “Não estou gostando. Ele está fazendo umas obras aqui em São Paulo que não estou vendo para quê”, aponta. Por outro lado, Oliveira, morador da São Remo, considera que ainda é cedo para julgar os dois

governos: “O país estava praticamente parado, agora que as coisas vão começar a andar. Mas o governo Lula até agora não está demonstrando nada”, afirma. Apesar disso, para ele o governo federal ajudou a deixar o carrinho no fim do mês menos pesado: “Pelo menos deu uma abaixada [no preço dos alimentos], o quilo da carne já chegou a 60 reais, agora está entre 50, 40 reais”. Oliveira também compartilha da opinião de Cícero sobre Tarcísio, afirmando que o governador é “uma negação”.

Porém, considera-o melhor que o ex-governador João Dória (PSDB): “Esse é o pior que já vi em toda a minha vida”. Apesar da aprovação da gestão atual de Lula, Cícero dá um conselho ao presidente: “Dê mais oportunidade às pessoas”. Migrante nordestino, ele cobra do presidente a superação do problema que há nove anos tem prometido encarar no Planalto: a desigualdade. “É cinco com salário top e cem lá em baixo. Não tem condição”, completa.


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comunidade

“Esse controle afeta muito quem tem vontade de usar o espaço” FRANCISCO, SAORREMANO HÁ 27 ANOS

Muros da USP restringem acesso da SR Muros e portões afastam a comunidade dos serviços que são oferecidos pela Universidade

Aspectos positivos Por outro lado, existem moradores que, mesmo sentindo o impacto negativo da construção dos muros, ainda conseguem observar pontos positivos para a comunidade após a mudança. É o caso de Francisco, morador da comunidade há 27 anos. Ele achou positiva a construção dos muros, pois, da mesma forma que controla o acesso à USP, também passou a existir um maior controle do acesso à São Remo. Francisco vê uma certa igualdade quanto ao trânsito entre territórios; “tem o controle pra nós entrarmos pra lá mas também tem o controle pra eles entrarem pra cá”. Ericson, líder comunitário na São Remo e ativista político (participa do mandato da vereadora Luna Zarattini, do PT), afirma que, apesar dos muros terem surgido em um contexto de separação de territórios, com a favela e a USP de lados opostos, hoje ele tem um papel significativo. “Se nos dias de hoje nós não tivéssemos esse muro

DAVI CALDAS

São Remo e USP possuem uma ligação de longa data. O auge da ocupação do território da comunidade aconteceu em consequência da alta demanda da faculdade por mão de obra na década de 1960 para a construção dos primeiros prédios da Cidade Universitária. Na década de 1990, essa relação sofreu um brusco golpe quando a Universidade decidiu pela construção dos muros e portões em todo o seu entorno, o que incluiu o trecho que antes era compartilhado entre USP e São Remo. Desta forma, o acesso dos moradores saorremanoss Universidade foi reduzido a 2 portões de acesso - um no Hospital Universitário e outro próximo ao Museu de Arqueologia e Etnologia - controlados com restrição de horários e rondas da segurança. A separação entre Universidade e comunidade não é somente vista no aspecto territorial, mas também atingiu a rotina de muitos moradores da São Remo. A Cidade Universitária era um espaço muito frequentado por estas pessoas, que usavam as instalações da faculdade para lazer, diversão e prática de esportes. Esta é uma das queixas de Cláudio Klen, morador da São Remo há mais de 40 anos. “Na época que não tinha o muro, dentro do Ipen [Instituto de Pesquisas Energéti-

cas e Nucleares] tinha uma lagoa, todo mundo nadava lá, brincava [...] muita gente saía daqui pra ir na USP empinar pipa, andar de bicicleta, correr. Mas depois que veio o muro, isso mudou”, conta o morador. Já Dona Quitera, outra moradora da São Remo, relembra como era a vida antes de levantarem os muros e implantarem as grades. “Nós íamos buscar água lá no HU, porque aqui nós não tínhamos”, comenta.

Portões regulam fluxo de moradores fora do horário comercial

DAVI CALDAS

Davi Caldas Guilherme Ribeiro Julia Teixeira

Muros representam a separação concreta dos dois espaços aqui, poderia ser que o Estado implantasse alguma outra forma de repressão para separar a população da comunidade de dentro da USP”, complementa. Ainda assim, até aqueles que optam por olhar os pontos positivos ainda se sentem afetados por essa segregação e seguem imaginando uma reintegração entre o ambiente universitário e a comunidade são remana. Francisco aponta que “se pelo menos tirassem os portões, já melhoraria bastante. Esse controle afeta muito quem tem vontade de usar o espaço”. Em concordância com isso, Ericson fala que os portões deveriam ter acesso livre, sem cadeados. Apesar disso, o líder comunitário comenta que a Universidade já tem contribuído para uma maior interação nos dias de hoje, com cursos, projetos e trabalhos, além da concessão do campo à comunidade e a própria criação do Jornal da São Remo. Porém, agrega: “É bem importante isso daí, mas eu acho que a USP poderia estar fazendo mais projetos de extensão para dentro da comunidade, trazendo os adolescentes para dentro da universidade e com isso aprimorando o conhecimento”. Sobre a atual situação e reivindicações dos moradores, a prefeita do Campus Butantã Raquel Rolnik, comenta que não existe um tipo de controle específico nos portões, que funcionam da mesma forma que os outros ministrados pela USP, sem

a necessidade de apresentação de documentos e com horários equivalentes entre todos eles. Ainda segundo a prefeita, a abertura dos portões para o uso do campus como espaço de lazer a todos demandaria por parte da universidade um investimento de infraestrutura muito grande “porque não basta apenas abrir o portão, tem que cuidar do lugar. Tem que cuidar do lixo, tem que ter banheiro para as pessoas, tem que ter estrutura, tem que ter segurança para as pessoas. Ou seja, tem que ter apoio, acolhimento e cuidado com o espaço”. Rolnik também comenta que, apesar de não existir uma interdição específica para a comunidade, a forma como os muros e portões existem pode ser discutida e questionada. “A USP está montando o seu plano diretor, que é feito a cada dez anos, e um dos temas em pauta é a relação da Universidade com os seus vizinhos, o que evidentemente inclui a São Remo”. Ela espera que esse debate seja feito junto à comunidade. “Particularmente em relação a São Remo, existe uma iniciativa da FAU com a prefeitura do campus para a instalação de um escritório de projetos dentro da comunidade, o gabinete inclusive já está operando dentro das instalações do Alavanca. A relação territorial entre os espaços, entre outros assuntos, é um dos temas abordados dentre os projetos”.


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Notícias do Jardim São Remo

Dezembro de 2023.

são remano

“Mas esse medo vem da falta de conhecimento. Se conhecessem, dessem as mãos, não teriam esse preconceito todo” praticante de umbanda da são remo

Um sentimento, várias fés e perspectivas Em clima de Natal, Saorremanos discutem fé, religiosidade, respeito e diversidade de crença J Perossi e Pedro Malta A São Remo é uma comunidade bastante religiosa, não é difícil encontrar igrejas, centros e espaços de pregação andando pelas ruas do bairro. Com o Natal chegando, as igrejas se dedicam a comemorar o nascimento de Cristo, e o feriado é dedicado também a relembrar a fé. Mas como os moradores vêem e se ralacionam com a fé? Raimunda é católica desde que nasceu, filha de pais também católicos. Além de frequentar a Capela Nossa Senhora de Fátima, única igreja católica da São Remo, também reza cotidianamente, em especial para Nossa Senhora. Caso semelhante ao de Priscila, que também é católica desde nascença. Ela conta que além de ir para igreja, a fé também é praticada em casa, lendo a Bíblia, por exemplo. Grande parte dos saorremanos é evangélica, ou protestante. No

bairro, existem ao menos nove igrejas protestantes Por exemplo, metodistas, neopentecostais e diversas outras evangélicas. Esse é o caso da Igreja Sinais de Cristo, na R. Baltazar Rabelo. Seu pastor, José Kleber, nos conta que passou a louvar Deus depois de receber um chamado para largar a vida de vício, e passou a espalhar a palavra desde então. “Isso é um dos pontos que me faz permanecer na religião, não é verdade? E consequentemente os outros aspectos mais importantes vão surgindo e foram surgindo: como a certeza da salvação, aquela sensação de paz de estar perto de Deus e enfim, as coisas que você vai aprendendo.” Outra religião presente na São Remo é a Umbanda, praticada na , praticada na casa do Pai Everaldo. A fé tem origem sincrética, ou seja, gerada pelo contato e trocas entre mais de uma cultura.

Altar da Igreja Apostólica da Última Geração, na rua Pires Brandão No caso, o catolicismo e religiões africanas. Um praticante de Umbanda, que preferiu não se identificar, nos conta que sente a fé que tem desde que nasceu. Ele também conta que os centros de de prática religiosa são discretos, nos becos, devido ao preconceito contra religiões afrobrasileiras.

“Pessoas têm medo do Candomblé e da Umbanda, confundem com ‘magia negra’. Mas esse medo vem da falta de conhecimento. Se conhecessem, dessem as mãos, não teriam esse preconceito todo, iam ver que o catolicismo e o evangelismo tem muito em comum com a Umbanda”.

Dia 24, Papai Noel chegará no campo Projeto social arrecada e distribui presentes na véspera de Natal para crianças do bairro

Papai Noel Talo entrega presentes para as crianças da comunidade Yasmin Teixeira Luzes e decorações de Natal já podem ser vistas espalhadas pela cidade de São Paulo e a São Remo não foge à regra. Com o feriado

cada vez mais próximo, os planos de viagens para as festas de fim de ano começam a ser feitos no fim de ano. Entretanto, algumas pessoas iniciam os preparativos já em janeiro. Esse é o caso de Claudemir

Florêncio, mais conhecido , mais conhecido como Talo, ou melhor ainda, Papai Noel Talo. Seu projeto de arrecadar e distribuir presentes teve início em 2018. Desde então tornou-se um dos mais importantes eventos no Natal da São Remo, amado pelas crianças e adultos das cercanias. Talo, vestido de Papai Noel, com outros voluntários distribuem presentes para as crianças no dia da véspera de Natal. Esse evento dura o dia todo e é acompanhado por máquinas de algodão doce, cama elástica e distribuição de doces para todos. Talo inicia as compras dos brinquedos ainda em janeiro e passa o ano todo acumulando bonecas, carrinhos, bolas de futebol e muitos outros em sua casa, para enfim serem embalados e distribuídos no Natal. Ele afirma que esse ano já somam mais de 1200 presentes a serem entregues para as crianças da região.

Esse ano, não só a São Remo receberá a celebração natalina, mas a Favela do Rio Pequeno também, que pela primeira vez terá Talo e sua equipe com uma distribuição de mais de 600 brinquedos. Conforme Talo, a base do trabalho é o carinho e a preocupação com a situação financeira de muitas famílias. “Nós damos com o coração e todo mundo fica feliz, porque se uma mãe não tem condições para presentear o filho, podemos realizar um evento como esse, que a favela raramente vê. Eu posso me vestir de Papai Noel, assim as crianças se animam”. Em 2023, a entrega dos presentes será dia 24 de dezembro. As crianças já encontram-se ansiosas para a chegada do Papai Noel , que ano pousou de helicóptero no campinho de futebol da São Remo de helicóptero, levantou as expectativas do que acontecerá e dos presentes entregues esse ano. Com certeza, haverão sorrisos.


..Dezembro de 2023 . Notícias do Jardim São Remo

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são remano

“Eu sou a comprovação daquele velho ditado: trabalho de mulher não acaba” Dona Maria

Fim de semana: entre trabalho e lazer Entre rotinas exaustivas, comunidade encontra equilíbrio e reflexão no fim de semana Yasmin Andrade Ele desceu do 8012 e caminhou até sua casa. Numa rotina massante das 8 às 17, passava todos os dias por aquelas ruas craqueadas que mais lembravam como seu corpo se sentia: quebrado. O trabalho de carregar sacos de cimento quebrava não apenas seus ossos, mas seu ânimo. “Ah, mas pelo menos posso beber uma cervejinha no bar com os caras” esse era o pensamento reconfortante de Seu Reginaldo. A essas horas, os comércios da São Remo também se preparavam para fechar. Na lojinha de roupa localizada na entrada da comunidade já há 25 anos, Luisa e sua filha Ingrid conversavam sobre seus planos. A dona preferia cumprir seus hábitos e ir à Paulista ou “curtir um churrasquinho no parque”. — “Eu topo. É bom para que meu bebê explore novos lugares e conheça novas pessoas”, respondeu Ingrid. Mal sabia a mãe, mas ela tinha ideias maiores para passar as férias de fim de ano com seu marido e filho. Viajar! Contava os segundos até vivenciar os mistérios do Nordeste e experimentar sua culinária e cultura — “Eu estou cansada”- suspirou Dona Maria ligando a TV para

O churrasquinho do sábado sendo preparado nas ruas da comunidade assistir um episódio inédito da no vela “Terra e Paixão”, logo após terminar o jantar para sua família. Já passava das 21 horas e sua mente sempre a lembrava “Eu sou a comprovação daquele velho ditado: trabalho de mulher não acaba”. Seu cadinho de descanso era aquela novelinha à noite. Embora trabalhasse em dois turnos, tanto como assistente social, quanto mãe doméstica, a senhora sabia que veria suas amigas no sambinha de sábado . Já Carliane, ao contrário dos camaradas da comunidade, se pre-

parava para um fim de semana frenético. As vendas explodiam no momento de descanso, ainda mais no período das festividades. A revendedora de chocolates Cacau Show, com apenas 30 anos, não se arrependia de ter lançado mão de sua CLT. “Trabalhar para patrão é muito ruim, prefiro assim. Posso formar meus próprios horários”. As histórias de seu Reginaldo, Luisa, Ingrid, Dona Maria e Carliane representam mais que casos isolados, mas grande parte da São Remo.

Desde entregadores, mães solo, servidores públicos e autônomos, a comunidade toda compartilha o sentimento único de recuperar as energias para a próxima semana pesada de trabalho. O sambinha, as visitas aos parques e a outros bairros são formas de encontrar o tão merecido lazer. Dona Maria, como uma amante da música brasileira, por exemplo, dá uma dica a seus amigos: todo terceiro domingo de cada mês, o Samba da Elis se reúne na roda de samba na praça Elis Regina - Butantã. Aberto e gratuito para todo o público, o evento é realizado pelo Coletivo Samba da Elis, batucada por mãos femininas. É ali que se sente acolhida. “Escutando uma boa música, dançando e comendo o Acarajé da Edinha, posso esquecer minhas obrigações por um momento”, relata a dona. Em um espaço destinado ao protagonismo das mulheres no samba, a iniciativa do Coletivo apresenta os trabalhos musicais e uma reflexão sobre o papel feminino na sociedade e na cultura, de forma a afastar a percepção única de dever doméstico das mulheres. Enfim, o fim de semana na São Remo pode ter diversos rostos, mas se assemelha pela vontade coletiva de descanso e de valorização das relações humanas.

AGENDA CULTURAL

TODAS AS ATIVIDADES DISPONÍVEIS GRATUITAMENTE CASA DA CULTURA BUTANTÃ Av. Junta Mizumoto, 13 - Butantã Show Trio ForróZão 16/12, 19h O Trio traz os sucessos consagrados do forró em show. Skatantã 17/12, 16h Show das bandas Marzela e Abraskadabra, em um festival que celebra o gênero musical Ska.

CEDESP Rio Pequeno R. Aquianés, 13 - Vila Butantã Inscrições para cursos: 2024 Até dia 29 de dezembro,13-20h Cursos de: confeitaria, cuidador de idoso e manicure. Oferecidos nos períodos: vespertino (13-17h) e noturno (18-21h) Documentos necessários para a inscrição: RG, CPF, comprovante de vacina de COVID-19, comprovante de endereço atualizado, declaração escolar, NIS e duas fotos 3x4.

CCINTE Santa Dulce Av Corifeu de Azevedo Marques, 3653 Inscrições para cursos: 2024 No horário: 8h-17h Cursos de: linguagens, violão, informática, caminhada, artesanatos tricô/crochê/ponto cruz/fuxico, dança, teatro, exercício, recreação, corte e costura, culinária e artes.

São oferecidos gratuitamente almoço, lanche, material didático, e passeios. Os cursos acontecem nos períodos matutino (08-11h45) e vespertino (13-16h45) Documentos necessários para a inscrição: RG, CPF, comprovante de residência, cartão do SUS, NIS, telefone para contato, cartão de vacina de COVID-19. Para menores de idade, também levar RG de CPF do responsável, declaração escolar e carteira de vacinação.


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Notícias do Jardim São Remo

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mulheres

“Eu tinha muita desenvoltura, mas, às vezes, por ser da favela eles não davam muito crédito” ASHLYN BORGES, INFLUENCIADORA DIGITAL DA SR

Quem influencia as mulheres da SR? Na comunidade São Remo, as influenciadoras digitais se destacam como fontes inspiradoras LUÍSE SILVA

Luíse Silva Nos últimos anos, as redes sociais se tornaram um poderoso meio de comunicação e empoderamento. Em especial para mulheres de comunidades que encontram nas influenciadoras uma fonte inspiradora para alcançar seus objetivos de vida. Nas plataformas online, as influenciadoras digitais desempenham um papel crucial ao compartilhar experiências, histórias de superação e dicas valiosas que motivam outras mulheres a perseguirem seus sonhos. No entanto, é necessário diferenciar as influenciadoras reais das que fingem ter uma vida perfeita, deixando que muitas pessoas se sintam incapazes por não conseguirem alcançar o padrão de vida delas. Na comunidade São Remo, a modelo e digital influencer, Ashlyn Borges compartilha que “minha maior inspiração é a minha mãe, que batalhou muito para dar o melhor para a nossa família e hoje eu me inspiro nela para alcançar os meus objetivos”. Muitas mulheres da SR enfrentam desafios como acesso limitado a recursos e oportunidades, problema esse gerado pelo preconceito

A modelo Ashlyn Borges na comunidade São Remo com pessoas da comunidade “Comecei como modelo, mas depois de um tempo parei por questões financeiras e de saúde, então foi ai que eu comecei a gravar ‘stories’ para o instagram e, quando vi, eles fizeram um fã clube meu e me pediam para gravar vídeos

mandando beijo, porque gostavam do meu jeito e se identificavam comigo”, disse Ashlyn. “Eu tinha muita desenvoltura, mas, às vezes, por ser da favela eles não davam muito crédito e davam prioridade para as meninas que são ricas de classe alta, então é por

isso que hoje existem os influenciadores digitais, que você mesmo consegue atingir o seu público que se você quiser você consegue crescer ali”, acrescentou a modelo. você quiser e você consegue crescer ali”, acrescentou a modelo. Nesse contexto, as influenciadoras digitais se tornam verdadeiras mentoras, proporcionando um vislumbre de possibilidades e inspirando suas seguidoras a acreditarem em seu potencial. A interação constante nas redes sociais permite que as mulheres das comunidades construam uma rede de apoio online, compartilhando conquistas e desafios. Essa comunidade virtual se transforma em um ambiente seguro e motivador, onde a empatia e a solidariedade são cultivadas “Tenho muita vontade de crescer no meio digital, para conseguir influenciar mais pessoas a conquistarem os seus sonhos e acreditarem que elas podem, ainda mais para a gente que é de comunidade, que muitas vezes temos os nossos sonhos cortados desde cedo”, concluiu a influenciadora. Essa nova forma de influenciar quebra barreiras, inspira confiança e promove a igualdade de gênero.

Uma vida sexual segura exige cuidados Os métodos contraceptivos mais utilizados pelas mulheres na SR são o DIU e as camisinhas Tatiana Couto

garam algum problema ou efeito colateral com estes contraceptivos. Já entre as que fazem uso de injeções e pílulas, parte não tem qualquer incômodo, e outras percebem que engordaram desde de que passaram a usá-las. O chip, apesar de ser um dos métodos mais utilizados, foi o que mais apresentou reclamações: para Sarah, o efeito colateral foi o ganho de peso, já para Júlia, além de também engordar, causou irregularidade na menstruação e mau humor. “As pessoas falam sobre sexo, mas não como se cuidar”, conta Bianca Almeida, moradora da SR que, como a maioria das entrevistadas, afirma

que a UBS da região é o único lugar onde pode-se encontrar informações mais precisas sobre o assunto. O posto de saúde oferece consultas além de fornecer preservativos gratuitos TATIANA COUTO

Por melhor que seja, fazer sexo requer seus cuidados. A contração de Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) como HIV, sífilis e herpes é um dos maiores riscos. Por isso, o uso dos preservativos sempre é recomendado, principalmente quando se relaciona com pessoas desconhecidas. Além dos riscos de infecção, a gravidez indesejada é algo que preocupa as mulheres. Métodos contraceptivos tem um papel fundamental na saúde sexual. Além dos práticos preservativos, DIU, as pilulas anticoncepcionais, cada um contri-

bui da sua forma para que se possa aproveitar com mais segurança. Todos apresentam vantagens e desvantagens. É importante ir ao médico antes de fazer uso de algum método anticoncepcional que atue sobre o organismo, para assim poder entender qual é o mais adequado e seguro. Consultas regulares são essenciais principalmente para mulheres, visto que a maior parte dos métodos anticoncepcionais hormonais são destinados a elas. Apesar da escolha de métodos de prevenção variar bastante, o DIU e as camisinhas são as opções de preferência dentre as moradoras da São Remo, e poucas ale-

Preservativos distribuidos pelo posto de sáude.


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“Frase em destaque, aspeada, alinhada à margem externa em duas, três ou quatro linhas”

Notícias do Jardim São Remo

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mulheres

ASSINATURA COM NOME, VÍRGULA E DEFINIÇÃO DO AUTOR

O cuidado é trabalho não remunerado Tema da redação do Enem discutiu a invisibilidade do trabalho de cuidado da mulher De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) do IBGE, mulheres acima de 14 anos dedicam em média 21,4 horas semanais aos afazeres domésticos e/ou às tarefas de cuidado de pessoas, enquanto os homens dedicam 11 horas semanais. Esta disparidade reflete diretamente na vida das mulheres dentro e fora de casa. Atividades de lazer, estudos e sonhos perdem espaço para uma rotina doméstica exigente. Célia, 40 anos, mora com os três filhos e o marido e relata a desigualdade na divisão de funções em seu lar. “99% das tarefas aqui de casa são feitas por mim.

Infelizmente não tem, por enquanto, divisão de tarefas entre os familiares.” A moradora da São Remo arruma a casa, faz a limpeza, leva e busca as crianças, o que configura o trabalho de cuidado, enquanto concilia os estudos para cursar pedagogia. Ao prestar o Enem se deparou com o tema da redação que reflete sua realidade. “O tema achei muito propício, muito genial a ideia que eles tiveram de lembrar das mulheres que fazem esse serviços domésticos que muitas vezes é tido como invisível.” O texto motivador na prova define o trabalho de cuidado como essencial para sociedade e economia, porém não remunerado ou

NATALIA TIEMI HANADA

Natalia Tiemi Hanada

Célia: família e estudos mal pago. Afinal, dedicar tempo a tarefas domésticas não apenas exige tempo para realizá-las, mas consome tempo de outras atividades.

“A gente faz muita coisa e só é reconhecida quando a gente não faz, e isso é muito triste para quem trabalha no lar. Porque quem trabalha no lar também abdica da sua vida aos seus familiares e muitas vezes não tem o retorno que deveria ter”, comenta Célia. A sociedade brasileira está em constante transformação e, junto com ela, o valor dado à força de trabalho das mulheres. Porém, se a mudança não partir de dentro de casa, os reflexos comunitários não chegarão tão cedo. Por isso, Célia conclui: “para esse próximo ano de 2024, eu vou trabalhar para isso, para que haja divisão de tarefas, porque se não, não vai dar para eu alcançar o meu objetivo.”

Maria José, direto de Lagoa das Pedras Marina Galesso

MARINA GALESSO

Dona Maria com muita gentileza me recebeu na SR. Maria José é do Rio Grande do Norte, da cidade de Lagoa de Pedras, a 56 km da capital Natal. Filha de Antônio e Josefa, é a mais velha entre 10 irmãos, que seguem ainda na cidade dos pais. Maria é a única da família que veio para São Paulo. Ela me conta que gostaria de sair dali, mas não sabe me dizer para onde. Em 1986, seguindo a recomendação de uma amiga e uma fotografia, ela rumou para a cidade para se casar com Arlindo, com quem teria ainda 4 filhos, Cícero, Ruama, Laís e Júnior, além de Vinícius, que veio com ela do Nordeste. Perguntada se gostou do marido, Maria conta: “No começo, não. Era muito difícil”, mas que ela se acostumou. O carinho na voz dela e os relatos dos anos de casamento, por mais desafiadora que fosse a relação, ainda eram muito importantes para ela. Quando Arlindo faleceu, em 2012, Dona Maria conta que ficou deprimida e encontrou no artesanato algum consolo. Ela se lembra que, em sua juventude, acompanhava sua mãe na produção de bordados e dos fuxicos que, mais

tarde, virariam tapetes. Mas não foi até mais recentemente que isso se traduziu na sua própria paixão pelo artesanato. Com imensa gratidão ao projeto Delinearte, da Associação Metodista Livre Agente, ela conta sobre os panos de prato que faz para venda e mostra, orgulhosa, as páginas de um livro criado a partir do projeto. Em formação que pedia para as participantes desenharem estampas que contassem histórias e pro-

Dona Maria reclama do barulho

duzirem peças de roupa com o padrão escolhido, a página de Dona Maria exibe um peixe.Ela diz ter escolhido o peixe por gratidão ao alimento que foi sua subsistência em sua terra natal, e por lembrá-la de sua mãe. As duas costumavam pescar juntas, experiência que descreve com um largo sorriso no rosto. “Muita satisfação sentir o peixe puxando a linha. Às vezes a gente também precisava esgotar poço”. Ela ri da minha ignorância sobre a técnica, que explica prontamente em detalhes: elas precisavam eleger um buraco nos rios, isolá-lo, desviando o curso da água, e tirar toda a água que nele ficava, até restarem só os peixes. Para ela, a pesca, além da comida e do momento com a mãe, era um momento de paz e silêncio. Dona Maria não gosta de barulho. No caminho para sua casa, e em todo e qualquer canto ao redor na rua, pessoas sentavam nas calçadas no sábado quente em que nos encontramos, todas com música alta, mesmo a metros umas das outras. Ela conta que é um dos motivos pelos quais gostaria de se mudar dali para um lugar mais tranquilo. Ela também faz questão de dizer que não gosta de política, e não acredita em partidos. Para ela, as pessoas deveriam votar em outras

pessoas pelas suas atitudes. O comentário vem como uma surpresa quando, a cada ponto da conversa, ela menciona outro projeto social do qual faz parte, ocupações às quais comparece junto da Comuna-Quilombo Acotirene, e do seu amor pela participação voluntária no programa Vivaleite. Dona Maria é uma pessoa de ação e engajamento, mas que não acredita em outras formas de organização política: ela já tem a dela. O QUE É ACOTIRENE A Comuna-Quilombo Acotirene é um projeto brigadista na comunidade Jardim São Remo voltada para geração de renda e formação de mulheres. A comuna conta com venda e estampa de camisetas, cadernos e, em breve, inaugurará uma socioloja de roupas na sede da ONG. Além disso, eventos de cozinha solidária também ocorrem esporadicamente na comunidade. Para participar ou saber mais, só é necessário entrar em contato através das redes sociais (@cqacotirene, no Instagram).


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Notícias do Jardim São Remo

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esportes

“A concessão do terreno para a Prefeitura permite que o campo possa receber novas melhorias” FAUSTINO OLIVEIRA, LÍDER DAS ASSOCIAÇÕES ESPORTIVAS

Campo da SR é concedido à Prefeitura Reunião entre USP, parlamentares e comunidade selou o acordo de transferência do terreno JÚLIO SILVA

José Adryan Júlio Silva No último dia 10 de novembro, ocorreu a assinatura do termo que concedeu o terreno onde está localizado o campo da São Remo para a Prefeitura de São Paulo. O espaço, que pertencia à USP, estará sob a posse do município pelos próximos 20 anos. A assinatura aconteceu no auditório do Instituto de Estudos Avançados (IEA), no prédio da Administração Central da USP. A cerimônia contou com o deputado federal Carlos Zarattini, o Secretário Municipal de Esportes, Carlos Vianna, o Cacá, e a prefeita do Campus da Capital, Profa. Raquel Rolnik. Daniel Luiz e Faustino Oliveira, representantes das associações esportivas da comunidade, também estiveram presentes.

Emenda parlamentar possibilitará investimentos no campo da São Remo, espaço de lazer da comunidade Faustino contou que tinham dificuldades em manter contato com a reitoria da USP e dificilmente eram respondidos. A alternativa encontrada foi arrecadar fundos entre as nove equipes amadoras da comunidade, que destinam um valor mensal para manutenção da estrutura. A dinâmica permitiu a construção dos muros que cercam o espaço e da iluminação do local para práticas esportivas à noite.

Importância para a comunidade Em entrevista ao NJSR, Faustino celebrou a concessão e destacou o impacto positivo para o lazer dos moradores. Juntamente com Daniel, ele é responsável pela manutenção do campo. Os líderes da comunidade relataram os problemas enfrentados quando precisavam pedir auxílio para implementação de melhorias no espaço.

Melhorias para o futuro Daniel agradeceu e destacou o esforço de Cacá e Zarattini para a idealização do projeto. Ele acredita que a concessão do terreno facilitará o contato entre a comunidade e a

Prefeitura, além de agilizar os processos de reforma no local. Segundo Zarattini, os recursos financeiros para investimento em melhorias já estão na conta da Prefeitura. A expectativa é de que um gramado sintético seja implementado em breve. Para o futuro, há expectativa de novas reformas, como aumento da arquibancada. Espaço de lazer O campo é um dos principais pontos de lazer na comunidade. No dia 2 de dezembro, um evento no local reuniu centenas de moradores para prestigiar um torneio de futebol infanto-juvenil. A iniciativa foi idealizada pela Escola de Fute-

bol Catumbi, projeto social fundado por uma das equipes da São Remo, com o intuito de levar o esporte aos jovens. Faustino informa que a modernização do campo aumentará o número de campeonatos realizados na SR e acredita que a qualidade da estrutura permite que o espaço seja alugado para eventos externos. Ele, porém, alerta para o aumento de custos que o tratamento de um gramado sintético exige, mas acredita que a realização de eventos e a proximidade da comunidade com a Prefeitura e a Secretaria de Esportes permitirão uma administração segura do campo e suprirão as necessidades dos saorremanos.

Moradores têm baixa expectativa com a Seleção José Adryan Júlio Silva JÚLIO SILVA

Fase da Seleção preocupa

A atual fase da Seleção Brasileira tem gerado discussões. Desde a saída do técnico Tite após a eliminação da Copa do Mundo de 2022, o Brasil disputou nove jogos em 2023. O retrospecto da equipe no ano foi de um empate, cinco derrotas e apenas três vitórias, com um aproveitamento de cerca de 37%. Recordes negativos também marcam o período. Diante deste cenário, são poucos os torcedores brasileiros que se mantêm esperançosos em relação ao desempenho da equipe para os próximos anos. A reportagem visitou estabelecimentos da comunidade da São Remo para saber a opinião dos moradores. As principais críticas foram à Confede-

ração Brasileira de Futebol (CBF) pela demora na contratação de um treinador para a equipe. Além da instituição, os jogadores também foram amplamente citados nas críticas. O autônomo JS acredita que o Brasil já não produz mais craques como antigamente. “Neymar é o único que tem capacidade para assumir esse papel de estrela do time, mas não consegue ter sequência de jogos”, contou. Outro ponto citado pelos saorremanos é a ausência nas convocações de atletas que atuam em solo brasileiro. Segundo o comerciante PR, a Seleção perde um pouco da sua identidade por contar apenas com atletas que jogam em equipes europeias. Para ele, há uma série

de jogadores do Brasileirão com plenas condições de atuar pela equipe titular do país. Os saorremanos não mantêm altas expectativas com a Seleção para o próximo ano. JS acredita que o país não vá ficar de fora da Copa de 2026, mas alerta para a urgência de diversas mudanças na organização da equipe para evitar um novo fiasco no mundial. ERRATA: Na última edição, dissemos que as aulas de capoeira ocorrem no Circo Escola. Na verdade, elas acontecem no Centro Cultural Riacho Doce.


PARTE INTEGRANTE DO JORNAL NOTÍCIAS DO JARDIM SÃO REMO - EDIÇÃO DEZEMBRO 2023

SÃO REMINHO

Vamos juntos nos divertir e aprender mais sobre nossas festas!

Feliz Natal! Que bom te ver de novo!

LIGUE OS PONTOS!


Ao som de tambores e pandeirinhos, dança o bumba meu boi, alegre e festivo. Com cores vivas e muita animação, contam a história da ressurreição.

O bumba meu boi é uma figura muito conhecida em nosso folclore e aparece nas festas de fim de ano. Que tal colorí-lo e deixá-lo bem festivo?

A morte e a vida se entrelaçam na dança e as crianças sorriem com tanta bonança. O folclore brasileiro é um tesouro cultural, que encanta e educa nesse mundo sem igual. - Augusto Bertotto

07/12/2023, 18:28

bumba meu boi - Imprimir Caça Palavras

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07/12/2023, 18:28

DANÇA EDUCA

bumba meu boi

BUMBA CRIANÇAS


Resolva o palavra-cruzada sobre a festa de Dia dos Reis!

1. Tradição do Dia de Reis

5. Em que mês ocorre?

2. O que guiou os reis até Jesus

6. Para onde vão as doações arrecadadas?

3. O dia também é conhecido como...

4. Em que dia acontece?

7. Os foliões usam trajes...

5. janeiro 6. caridade 7. coloridas

Ajude os três Reis Magos a atravessarem o labirinto e chegarem até a estrela!

1. cantoria 2. estrela 3. Reisado 4. seis

Nas tradições cristãs, 6 de janeiro marca a data em que os três reis magos visitaram o bebê Jesus. Guiados por uma estrela brilhante, os reis viajaram levando presentes para o menino. No Brasil celebramos o Dia de Reis, ou Reisado, com desfiles, comidas gostosas e muita folia! As ruas são preenchidas por numeros musicais, onde pessoas usando trajes coloridas cantam e dançam pedindo por doações para a caridade.


VAMOS COLORIR? Solte sua imaginação e decore os enfeites natalinos!

Foi tão bom te ter conosco! Que tal deixar aqui sua cartinha nos contando o que você deseja de natal para seus amigos, família e comunidade?


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