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Janet Zimmermann

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Mardson Soares

Mardson Soares

DE PÊNDULO E BÚSSOLA

um dia fiquei triste ao notar que andava sozinho e a multidão em torno de mim também caminhava mas não tinha como objetivo o mesmo destino

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dentro de casa, no ir e vir da sala à cozinha quando abro livros e começo a leitura dum poema ou quando sento num banquinho pra tomar café

durante esse caminhar notei, algumas vezes que senti eternas alegrias por amigos que tive mas desatentamente perdi durante o caminhar...

o meu destino – apesar de não operar o pêndulo, nem ser proprietário de bússola norteadora de volta ao antigo oriente – é tentar encontrar uma solução para essa solidez que se concretiza no viver sozinho.

PREVENÇÃO DE PERDAS

o poeta não tem um programa de prevenção de perdas a música, musa, ritmos, insights vêm e vão, em segundos e se perdem sem mínima chance de recuperação por conta da falta de backup do condutor linear do peito o meu destino, percebi, é andar e ser sozinho

o coração sem um paradigma perfeito não expressa sua preocupação com a falta de sintonia entre tempos aleatórios são os descompassos entre o dito e o feito

o poeta não tem um programa de prevenção de perdas quando entra numa sinuca de bico não consegue sair fecha os olhos e tenta embarcar numa canoa sem furos...

sem futuro, mesmo que seja o de ir dali até aqui o poeta tenta escapar de todas possíveis armadilhas ao descer sem solenidade o rio que leva corpo e alma para o eterno templo só denominado Pantanal.

João Bosquo

poeta, jornalista e licenciado em Letras/UFMT - publicou o livro Abaixo-Assinado (1977), em parceria com L. E. Fachin; Sinais Antigos (1981), Outros Poemas (1984), Sonho de Menino é Piraputanga no Anzol (2006), Imitações de Soneto (2015) e Seleta Cuiabana (2019); participou das antologias Abertura (1976), Panorama da Atual Poesia Cuiabana (1986), A Nova Poesia de Mato Grosso (1986) e Primeira Antologia dos Poetas Livres nas Praças Cuiabanas (2005); com Abdiel ‘Bidi’ Pinheiro Duarte editou o alternativo NAMARRA (1984/86) e coordenou o projeto POETAS VIVOS (1987/88), da Casa da Cultura de Cuiabá.

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