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CAPÍTULO LXXIX

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CAPÍTULO CXVI

CAPÍTULO CXVI

CAPÍTULO LXXVIII

VISITA AO MARECHAL

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D. Cláudia, quando ele acabou, perguntou-lhe com simplicidade: — Você vai hoje ao marechal? Batista, caindo em si: — Naturalmente.

Tinham ajustado que ele iria ter com o presidente da República explicar-lhe a comissão que exercera, toda reservada, e, sem embargo, imparcial. Diria o espírito de concórdia com que andou e a estima que adquiriu. Em seguida, falaria da conveniência de um governo que, pela fortaleza e pela liberdade, excedesse o do generalíssimo; e uma frase final bem estudada. — Isso na ocasião, disse Batista. — Não, é melhor levá-la feita. Eu lembrei-me desta: “Creia V. Exª que Deus está com os fortes e os bons.” — Sim, não é má. Você pode acrescentar um gesto que indique o Céu. — Isso é que não. Você sabe que eu não dou para gestos, não sou ator. Eu, sem mexer um pé; inspiro respeito.

D. Cláudia dispensou o gesto; não era essencial. Quis que ele escrevesse a frase, mas lá estava de cor. Batista tinha boa memória.

Naquele mesmo dia. Batista foi ao Marechal Floriano. Não disse nada às pessoas da casa; contaria tudo na volta. D. Cláudia também calou, era por pouco tempo; ficou esperando ansiosa. Esperou duas mortais horas, chegou a imaginar que lhe tivessem encarcerado o esposo, por intrigas. Não era devota, mas o medo inspira devoção, e ela rezou consigo.

Enfim, chegou Batista. Ela correu a recebê-lo, alvoroçada, pegou-lhe na mão e recolheram-se ao quarto. Perpétua (vede o que são testemunhos pessoais na história!) exclamou enternecida: — Parecem dois pombinhos!

Batista contou que a recepção foi melhor do que esperava, conquanto o marechal não lhe dissesse nada, mas escutou-o com interesse. A

frase? A frase saiu bem, apenas com uma emenda. Não estando certo se ele preferia bons a fortes, ou se fortes a bons... — Deviam ser as duas palavras, interrompeu a mulher. — Sim, mas lembrou-me empregar uma terceira: “Creia V. Exª que Deus está com os dignos!”

Com efeito, a última palavra podia abranger as duas, e trazia esta vantagem de dar à frase um arranjo pessoal dele. — Mas o marechal que disse? — Não disse nada, ouviu-me com atenção obsequiosa e chegou a sorrir, — um sorriso leve, um sorriso de acordo... — Ou seria... Quem sabe... Você não andou bem, decerto. Comigo ele diria alguma coisa. Você expôs tudo, conforme tínhamos combinado? — Tudo. — Expôs as razões da comissão, o desempenho, a nossa moderação?... — Tudo, Cláudia. — E o aperto de mão do marechal? — Não estendeu a mão, a princípio; fez um gesto de cabeça; eu é que estendi a minha, dizendo: Sempre às ordens de Vossa Exª. — E ele? — Ele apertou-me a mão. — Apertou bem? — Você sabe, não podia ser um apertão de amigo, mas deve ter sido cordial. — E nenhuma palavra? Um passe bem, ao menos? — Não, nem era preciso. Cortejei-o e saí.

D. Cláudia deixou-se estar pensando. A recepção não lhe pareceu que fosse má, mas podia ser melhor. Com ela, seria muito melhor.

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