Lisbon ZOO · magazine 2014

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MAGAZINE SEMESTRAL Nº 20 · DEZEMBRO 2014

Enriquecimento Ambiental Bem-vindo ao Vale dos Tigres Entrevista Tony Carreira


{ 3.

} EDITORIAL

Pelo bem-estar dos animais

4.

NASCIMENTOS

Grou-do-japão Leão-marinho 1 ano Yuki

8.

FORA DE PORTAS

Conferência EAZA Budapeste Investigação e trabalho de campo

12.

RADIOGRAFIA

Vale dos Tigres

16.

BASTIDORES

Carrinho de compras Enriquecimento Ambiental

30.

ENTREVISTA

Tony Carreira

32.

IN&OUT

Os eventos dentro e fora do Zoo

34.

PASSATEMPOS

Sopa de Letras, Cruzadex, Palavras Cruzadas

FICHA TÉCNICA COORDENAÇÃO Serviço de Marketing COLABORADORES Ana Leonor Branco DESIGN Serviço de Marketing TIRAGEM 2.000 exemplares

Elefante-africano


JARDIM ZOOLÓGICO

EDITORIAL

{Pelo bem-estar dos animais} Empenhados no bem-estar dos animais, continuamos a inovar, a formar, a investigar, e a lutar por fazer sempre melhor. O enriquecimento ambiental é, por isso, uma das nossas prioridades: estimular o comportamento natural dos animais, promovendo a sua saúde física e psicológica. Assim, convidámos Valerie Hare, especialista mundial nesta área, a realizar um workshop no Jardim Zoológico, de modo a complementar a formação dos nossos tratadores e a incitar a troca de ideias e de experiências, tão essencial à inovação e ao desenvolvimento de técnicas eficazes. É, também, pelo bem-estar dos animais que nos aplicamos na contínua remodelação das instalações e que, hoje, contamos com recintos espaçosos, mais estimulantes e próximos do seu habitat, como o Vale dos Tigres. É gratificante verificar que estas iniciativas têm produzido frutos, através da reprodução das nossas espécies, cuja taxa tem aumentado de ano para ano. Os recém-nascidos Grou-do-japão e Leão-marinho-da-califórnia são mais uma confirmação disso mesmo. Ficamos, portanto, confiantes de que seguimos pelo caminho certo, cumprindo a nossa missão de conservar a biodiversidade e de preservar as espécies. Um esforço comum aos vários membros da EAZA (Associação Europeia de Zoos e Aquários), que voltaram a debater estes e outros temas na sua reunião anual, desta vez em Budapeste. Não menos inovadora e activa tem sido a outra função do Jardim Zoológico: educar e sensibilizar os mais novos para estas questões. Com o lema “educar para a conservação”, o nosso Centro Pedagógico procura permanentemente novas formas de cativar e integrar as crianças na nossa missão, concebendo programas destinados a escolas, dinâmicos e sempre diferentes, reconhecidos pelo Ministério da Educação. A mais recente proposta, criada em parceria com a Microsoft, oferece a possibilidade inesperada de juntar a aprendizagem do meio natural à das novas tecnologias de informação e comunicação, duas áreas habitualmente opostas, mas que neste caso se tornam complementares. Para a educação ambiental contámos também com a Sociedade Ponto Verde, que colocou ecopontos por todo o Jardim Zoológico e requalificou o Bosque Encantado recorrendo a dezasseis toneladas de materiais reciclados A todos os que fazem o Jardim Zoológico e que o ajudam diariamente a cumprir a sua delicada e exigente missão, funcionários, visitantes, parceiros e amigos, um sincero Muito Obrigado! Bem haja! Francisco Naharro Pires Presidente

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JARDIM ZOOLÓGICO

NASCIMENTOS

NASCIDA EM:

Groudojapão

Maio de 2014 FILHA DE:

Cleópatra (10 anos) Pai (11 anos)

T

alvez, de repente, não saiba ao certo como imaginar esta ave, mas basta lembrar-se dos origamis japoneses ou dos belos tecidos estampados do Japão para a reconhecer. Nasceu em Maio a pequena cria do casal de Grous-do-japão, espécie considerada em “perigo” de extinção pela UICN (União Internacional para a Conservação da Natureza). Mal nos aproximamos para a ver melhor, o pai intervém, pondo-se à frente da cria e vocalizando, em alerta. O seu instinto protector é muito apurado e está determinado em proteger fêmea e filhote. É precisamente graças a este comportamento mais agressivo do macho que os tratadores se aperceberam de que nasceu uma cria. No entanto, é também este mesmo comportamento que impede uma aproximação maior. Até ao momento, ainda não foi possível pesar o grou recém-nascido ou saber o seu sexo, motivo pelo qual ainda não tem nome. “Ao nascer parecia um pinto dourado muito pequenino”, conta-nos Telma Araújo, curadora de aves e répteis do Jardim Zoológico. Depois, as penas vão mudando. Neste caso, devem levar ainda cerca de dois ou três meses até atingirem a cor branca das do adulto. A cria já come peixe, insectos, grãos, maçã, cenoura e tenébrios, e procura os seus próprios alimentos, imitando os pais. Telma refere, aliás, que quando eram os pais a alimentá-la, manifestaram

uma particularidade muito curiosa: a mãe colocava delicadamente pedacinhos muito pequenos de peixe no bico da cria, enquanto o pai, mais destemido, chegou e dar-lhe um peixe inteiro para comer. No recinto vivem apenas pai, mãe e cria, um núcleo familiar mantido mesmo pelos animais que estão na Natureza. Cleópatra, a mãe, veio do Zoo de Riga e tem dez anos, o pai chegou de Moscovo e tem quinze anos. Tanto o macho como a fêmea integraram-se bem no Jardim Zoológico, formando um casal fecundo.

A fidelidade e a monogamia são características desta espécie e tornaram-na símbolo de amor e felicidade no Japão. Em termos de enriquecimento ambiental (procedimentos para estimular os sentidos naturais dos animais), não têm sido necessárias muitas intervenções, além de trocar o alimento de sítio, de vez em quando,

e de fornecer material para o ninho. É que, “em equipa vencedora não se mexe”, afirma Telma com um sorriso. E, assim, parece pensar também o casal de grous, que, a julgar pela sua saúde e reprodução, se sente em casa.

Curiosidades: · O Grou-do-japão é uma espécie em risco de extinção. · No Jardim Zoológico há mais uma espécie de grou: o Grou-coroadode-pescoço-cinzento. · É um animal sagrado na China e no Japão. · A arte do origami reproduz frequentemente esta ave. · É símbolo de fidelidade e amor, a ponto de algumas mulheres japonesas estamparem imagens da espécie nos seus vestidos de noiva. · O seu ritual de acasalamento dura cerca de 10 a 15 minutos e é admirado pela sua beleza.


JARDIM ZOOLÓGICO

NASCIMENTOS

crias

NASCIDA EM:

15 de Junho 2014 PESO: 11 kg SEXO: fêmea FILHA DE:

Taka e Lois

Leão-marinho

A

Luna nasceu a 15 de Junho e é um Leãomarinho-da-california fêmea, filha de Taka e Lois. Tem cerca de 50 centímetros e 11 quilos, mas poderá alcançar até 1,80 metros de cumprimento e 100 quilos. Os mais desatentos poderão confundi-la com uma Foca, mas ao contrário dos animais dessa espécie, que têm apenas orifícios auditivos e que rastejam para se mover em terra, Luna tem pequenas orelhas e desloca-se com facilidade em terra, usando as barbatanas anteriores. Esta pequena cria ainda mama, o que acontecerá provavelmente até

completar um ano, mas também já vai petiscando arenques. É a terceira de uma linhagem residente no Jardim Zoológico, constituída por Ylena, a avó, Taka, a mãe, e agora Luna, a filha. Por enquanto, Luna vive apenas com a mãe e a avó, mas os restantes quatro elementos do grupo já manifestam curiosidade em relação à sua presença. E, também, eles não lhe passam despercebidos. É que, embora em recintos distintos, a barreira de protecção que os separa permite que se vejam, se cheirem e se toquem, sendo estes dois últimos sentidos particularmente

importantes nesta espécie para o reconhecimento individual. Assim, aos poucos, Luna vai sendo integrada no grupo. Da mesma forma, já interage com os treinadores, com quem adora brincar. Os Leões-marinhosda-califórnia são, aliás, uma espécie que os norte-americanos carinhosamente apelidam de “big dogs” (cães grandes), pela sua sociabilidade e boa disposição. Na Natureza, apesar da degradação do seu habitat natural e da redução dos stocks de peixe, a população desta espécie parece estar a aumentar, contrariando a tendência geral.

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JARDIM ZOOLÓGICO

NASCIMENTOS

NASCIDAS EM: 20 Yuk i

de Agosto

co m c

i n co d i a s

ida de v

PESO: 2kg COMPRIMENTO: 35 cm SEXO: Masculino FILHAS DE:

Dakartas e Aska

Yuki nas suas brincadeiras

Yuky, um ano de muita vitalidade I mita os movimentos da mãe, é curioso, interactivo e cheio de energia. Já pesa mais de 20 quilos e tem pouco mais de 1,20 metros, mas poderá chegar a atingir 2,5 metros. Falamos de Yuky, o Golfinho-roaz que nasceu no Jardim Zoológico e que completou um ano de vida no dia 7 de Outubro.

Por enquanto, Yuky continua a viver apenas com a mãe na recatada Casa da Lagoa, onde o podemos visitar.

Ainda não foi integrado na Baía dos Golfinhos, juntamente com os outros quatro elementos do grupo, entre os quais se encontra o seu pai, Ajax, e a sua “tia”, Kobie, a fêmea de companhia que ajudou Vicky (a mãe de Yuky), a cuidar da cria, revezando-a para lhe dar descanso. Yuky come peixe desde os seis meses, cerca de dez vezes ao dia, 200 gramas de cada vez, mas ainda mama, e deverá continuar a mamar até aos dois ou três anos de idade. Bem-disposto, já interage com os treinadores que, à semelhança do que acontece com todos os golfinhos e, tendo

em conta o seu enriquecimento ambiental e bem-estar, elaboraram para ele um plano individual de treino, em função da sua capacidade de aprendizagem.

De momento, treina apenas a estabilidade e controlo, porque é importante que se sinta seguro e que veja no treinador uma fonte de confiança e apoio. Ainda não participa, portanto, em apresentações públicas. Tudo será feito ao seu ritmo.


FESTAS NO ZOO

Traga a sua pequena fera para ser o rei da festa. No Zoo, tem tudo para dar aos seus filhos uma festa sem igual, com programas de animação para todas as idades, e cerca de 2000 animais. Informe-se em www.zoo.pt

PELA PROTECÇÃO DA VIDA ANIMAL.


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JARDIM ZOOLÓGICO ZOOLÓGICO JARDIM

FORA DE PORTAS

Conferência EAZA Budapeste

T

odos os anos, em Setembro, a EAZA (Associação Europeia de Zoos e Aquários) realiza, num país diferente, um encontro entre os zoos e aquários membros da associação, através de reuniões, workshops, conferências e apresentações.

O objectivo é romover o contacto entre os membros, a troca de ideias e o debate sobre temáticas do interesse de todos: veterinários, biólogos, investigadores, curadores e outros. É, também, uma oportunidade para dar a conhecer o que de novo se tem desenvolvido relativamente à vida em Zoos e Aquários, explorar ideias originais sobre conservação e investigação, definir novos parâmetros em áreas que necessitem de revisão, conhecer outros parceiros, ou até ficar a par dos mais recentes produtos do mercado nas

mais variadas áreas (veterinária, nutrição, marketing, etc). Este ano, o evento decorreu de 24 a 27 de Setembro, em Budapeste, e contou com cerca de 700 pessoas de aproximadamente 300 instituições de países diferentes. O Jardim Zoológico fez-se representar por cinco membros de áreas distintas, tais como veterinária, educação e curadoria. A abertura do programa foi dedicada à análise da campanha anual de organização de fundos promovida pela EAZA, à forma como tem estado a decorrer até ao momento e como pode ser expandida. Este ano, a campanha foi diferente das anteriores. Em vez de angariar fundos para uma determinada espécie, como é hábito, pretendeu-se fomentar a mudança dos comportamentos, com vista à conservação das espécies. O tema é “Pole to Pole”, e foca-se nos pólos, nas múltiplas espécies que lá vivem e nas terríveis ameaças a que


JARDIM ZOOLÓGICO

FORA DE PORTAS

Cocktail de recepção

Participantes espreitam alguns animais

estão submetidas. Procurando chegar a todos, “Pole to Pole” pretende chamar a atenção para o facto de pequenos gestos diários que todos adoptamos terem grande impacto na preservação da biodiversidade nos pólos. É neste âmbito que surge a acção “Desliga a Ficha” do Jardim Zoológico, que pretende apelar à diminuição do consumo de energia, de modo a evitar as alterações climáticas e a deterioração do habitat da fauna dos pólos. E não só de debates e conferências se fez o encontro. O programa incluiu ainda uma visita ao Zoo de Budapeste, uma instituição com 148 anos de existência que, na opinião de Rui Bernardino, Médico Veterinário do Jardim Zoológico, presente na conferência, apresenta algumas semelhanças com o nosso, visto manter também algumas características próprias da traça antiga. “Tem um ambiente próprio, com alma e história, a par de requisitos mais recentes”, conta.

Zoo de Budapeste

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{10} FORA DE PORTAS JARDIM ZOOLÓGICO

Investigação e trabalho de campo

R

ui Bernardino, Médico Veterinário do Jardim Zoológico há mais de dez anos, tem cursos de especialização em Cirurgia de Mínima-invasão, ortopedia e traumatologia, é autor de capítulos em revistas e publicações internacionais sobre a temática da medicina e cirurgia de animais de zoo e, é membro fundador do recém-criado Gabinete de Conservação, Investigação e Maneio (GCIM) da DZV (Direcção Zoológica e Veterinária do Jardim Zoológico). Pelas suas mãos passam as cirurgias de todos os animais, seja qual for a espécie. O seu dia-adia no Jardim Zoológico é muito diversificado, entre medicina preventiva, tratamentos, cirurgias programadas, situações inesperadas que exigem acção imediata, e até assuntos referentes ao maneio ou relacionados com o projecto de renovação das instalações dos animais, no quadro da sua participação activa

no GCIM. Mas, além de trabalhar no Jardim Zooógico há dez anos, Rui dedica-se também à investigação. É Professor Assistente Convidado da Faculdade de Medicina Veterinária na Universidade Lusófona desde 2007, pertence ao Comité Veterinário da EAZA (Associação Europeia dos Zoos e Aquários – a maior associação internacional de zoos com cerca de 350 membros em 41 países) desde 2008 e, na mesma associação, é membro do Comité Científico do Okapi e do Leopardo-da-pérsia e Veterinary Co-advisor do Leopardo-da-pérsia.

Em 2014, durante o Congresso Anual da EAZA em Budapeste, Rui Bernardino foi convidado pelo Presidente do Comité de Investigação da referida associação, para integrar este comité.


JARDIM ZOOLÓGICO

FORA DE PORTAS

O seu maior projecto, de nível internacional, foca-se na área da Anatomia Cirúrgica e Cirurgia de Mínima Invasão. Mas Rui não descura outros projectos e actividades. É, também, colaborador científico para a área da Cirurgia Veterinária no conceituado Centro de Cirurgia de Mínima Invasão Jesús Usón (CCMIJU) em Espanha Painel científico em Congresso Internacional de Cirurgia Veterinária

Preparação para intervenção cirurgica

Ferramenta indispensável à divulgação da investigação em Zoos: “JZAR” Com uma periodicidade de quatro números anuais, a revista “JZAR” (Journal of Zoos and Aquarium Research) foi criada pelo Comité de Investigação da EAZA como uma publicação destinada à divulgação científica dos diferentes assuntos relacionados com a vida nos zoos, incluindo categorias de investigação tão distintas como nutrição, biologia, comportamento, genética, medicina, reprodução e conservação. Todos aqueles que tiverem interesse em saber mais sobre a ciência dos zoos, poderão aceder gratuitamente a www.jzar.org.

Os objectivos do Comité de Investigação

Intervenção cirurgica

A iniciativa da revista enquadra-se num objectivo maior do Comité de Investigação, previsto para curto prazo: reajustar a estratégia de investigação da EAZA. O actual manual-guia que a define foi elaborado em 2008 e poderá beneficiar de algumas actualizações e mudanças, refere Rui. O Comité pretende, nomeadamente, conceber planos e programas mais activos dentro de cada área, lançar directrizes que possam ser exploradas pelos investigadores, e procurar mais apoios para a Investigação. Paralelamente, através da revista, o Comité procura estimular a comunicação entre todos os investigadores, independentemente da especificidade das suas áreas. Por fim, e de modo a agilizar todos estes objectivos, a renovação da estratégia poderá passar por estabelecer políticas internacionais de Investigação em zoos.

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EAZA ASSOCIAÇÃO EUROPEIA DE ZOOS E AQUÁRIOS

fundação

1992

missão conservação das espécies, educação e investigação

objectivo cooperação entre zoos e aquários e definir políticas comuns

i t ui ç inst ões reúne 345 instituições de 41 países

animais todas juntas têm mais de 250 000 animais


{12} RADIOGRAFIA JARDIM ZOOLÓGICO

No Vale dos Tigres…

O projecto

Começou, e terminou em 2008. Um ano bastou para remodelar inteiramente as instalações dos tigres e transferi-los de um espaço com cerca de 25 m², chão de cimento e grades, para um vale verdejante e arejado. Não se pense, no entanto, que foi um processo simples. Tudo mudou, diz-nos o arquitecto Leonel Carvalho, até o local em que ficam as instalações. A simples passagem do recinto dos tigres para o espaço actual, implicou uma série de transferências de outras acomodações, e uma total alteração da distribuição do espaço pedonal. A rua foi completamente redesenhada, aumentou-se o espaço destinado aos animais e diminuiu-se o da circulação dos visitantes. “Estou muito satisfeito com o resultado”, afirma, com orgulho. “Notou-se logo a diferença. Há mais nascimentos, os animais estão mais relaxados e tranquilos.”

Deste lado vive o Tigre-da-sibéria

Pormenores em que vale a pena reparar

Antiga instalação dos tigres Palácio das Feras

Logo à entrada, somos recebidos por um tigre que nos espreita do cimo de um templo antigo. Se desviarmos o olhar para baixo, apercebemonos de que outro olhar felino nos observa do chão. Mas não corremos perigo. O tigre do alto é uma escultura; o olho que nos fita do chão é um desenho em pedra preta na calçada. E desengane-se quem julgue que as rachas que se avistam no pórtico da entrada são reais. O templo não é antigo, nem tão-pouco se trata de um problema estrutural. Pelo contrário, a entrada é toda feita em cimento moldado e cada pequena racha foi cuidadosamente esculpida à mão, para lhe conferir o aspecto antigo.


Estátua de Félix Naharro Pires, antigo Presidente do Zoo. Em frente ao Vale dos Tigres

Deste lado vive o Tigre-de-sumatra Os aposentos

Antes de entrarmos nos bastidores, é preciso pisar um pequeno tapete que está à porta, mergulhado em líquido desinfectante. Não se pode correr o risco de trazer bactérias do exterior. Este é um espaço subterrâneo, dividido em vários compartimentos, destinados a recolher os animais quando necessário. Entre dois dos compartimentos, existe um pequeno corredor, protegido por barras metálicas. É nessa área que, quando é necessário, tratadores e veterinários conseguem, em segurança, observar os animais mais de perto.

Lá fora

Tanto as instalações do Tigre-da-sibéria, como as do Tigre-desumatra incluem uma zona exterior e aposentos interiores. Lá fora, os animais têm espaço para correr, árvores para trepar, vegetação diversa, um lago e uma estrutura de madeira, com pontes e plataformas elevadas, onde se podem refugiar. Em redor, não existem quaisquer grades. Apenas vidro e rede. Mas não há que recear. “A rede é de aço inox”, informa-nos o arquitecto Leonel, “corresponde a milhares de arames. Não quebra, resiste ao tempo e não cria ferrugem”. “O vidro é laminado”, acrescenta. E explica-nos que é composto por placas de vidro unidas por camadas de resina, calculado para resistir a um eventual impacto dos animais, tendo em conta o seu peso e a velocidade que possam atingir.


{14} RADIOGRAFIA CURTAS JARDIM ZOOLÓGICO

Quem lá vive?

O VALE ABRIGA DUAS FAMÍLIAS. DE UM LADO, UM CASAL DE TIGRES-DA-SIBÉRIA, OS MAIORES FELINOS EXISTENTES,

DO OUTRO, PAI, MÃE E CRIA CONSTITUEM UM AGREGADO DE TIGRES-DE-SUMATRA, A SUBESPÉCIE DE TIGRES MAIS PEQUENA DO MUNDO, CONHECIDA PELAS SUAS RISCAS COMPRIDAS E FINAS. VIVEM SEPARADOS PORQUE NÃO SE CRUZARIAM NO SEU HABITAT NATURAL E PORQUE, EM FAVOR DA BIODIVERSIDADE E DA CONSERVAÇÃO DAS ESPÉCIES, É IMPORTANTE QUE CADA QUAL MANTENHA AS SUAS CARACTERÍSTICAS GENÉTICAS.

Tigres-de-sumatra Deste lado, mãe e cria vivem juntas, mas afastadas do pai, com quem vão alternando entre o espaço exterior e interior. Assim tem de ser, para que Sigli, a fêmea, possa descansar e cuidar da sua cria. Sigli nasceu em 2002 e veio da Holanda em 2004. Pendekar, o macho, nasceu em 2005 e chegou de Inglaterra.

A Equipa Vasco André

José Oliveira

Fernando Pinto

Aires Colaço

Existem quatro tratadores de felinos no Jardim Zoológico, com cerca de 60 animais a seu cargo, no total. Um tratador de felinos tem algumas características próprias, alerta Aires. “Não pode ser alguém que ande distraído a enviar sms à namorada”, diz com um largo sorriso. Tem de ser alguém extremamente atento ao que faz. Não deve usar telemóveis, rádios ou outras distracções, porque não pode errar. Não pode deixar aberta uma porta que deveria estar fechada, ou o inverso, nem deixar um cadeado solto. Também não é permitido haver voluntários, pois a preocupação com a segurança do voluntário representaria uma distracção para o tratador. E medo? Aires sorri. Confessa que no início chegou a ter pesadelos.


JARDIM ZOOLÓGICO

CURTAS

Tigres-da-sibéria Tantan é o macho da Sibéria. Nasceu no JZ em Julho de 2006. A mãe abandonou-o recém-nascido, de modo que os tratadores tiveram de intervir. Aires Colaço, tratador principal dos felinos que trabalha no Jardim Zoológico há trinta anos, refere, orgulhoso, que, até aos seis meses da cria, chegou a vir de casa a meio da noite, alternadamente com outros tratadores, para o alimentar. Mas apesar desta proximidade, Aires avisa: “Estes animais não são gatinhos!” O tigre é um felino e mantém os seus instintos selvagens. Natália, a fêmea, nasceu em Inglaterra em Maio de 2009 e chegou ao nosso zoo em 2012. Veio ao abrigo do programa de reprodução das espécies (EEP), para formar um casal com Tantan e procriarem.

Hoje, passados trinta anos, já está habituado, mas nunca descura nada. A manhã de trabalho começa logo às 7h. Mal chegam, verificam se os animais passaram bem a noite. Segue-se a limpeza e a preparação das instalações exteriores. Para isso, é necessário que, por minutos, os animais passem para os compartimentos interiores. É também nesta altura que preparam o enriquecimento ambiental. Depois, os animais voltam para o exterior, para que os tratadores possam limpar o interior. Por volta das 10h, as instalações estão totalmente prontas, e começam a chegar os visitantes. A alimentação dos animais é outra das funções dos tratadores. Os felinos, no conjunto, comem diariamente cerca de 150 quilos de carne. Um tigre adulto, tal como um leão, come em média 5 quilos de carne por dia. Parece bastante em comparação com o lince, por exemplo, que come apenas 700 ou 800 gramas. Por fim, cabe aos tratadores observar regularmente os animais ao longo do dia e alertar o veterinário, caso se verifique algo fora do habitual.

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{16} BASTIDORES

JARDIM ZOOLÓGICO

Dentro do nosso

carrinho de compras

Q

Refeições para algumas espécies

uem imagina que, por detrás dos 18 hectares de espaço zoológico, estão um sem-fim de armazéns de proporções gigantescas e uma equipa de mais de cem membros, está redondamente enganado. Em vez disso, está um discreto espaço de cerca de 300 m2, contíguo à área zoológica, onde se encontra uma equipa de sete elementos que diariamente vão realizando os desejos mais extravagantes. Não são o génio da lâmpada, porque estamos no século XXI, mas estão num bosque (quase) encantado, vão às compras por todos os funcionários e animais do Jardim Zoológico e asseguram toda a logística inerente. E o que compram? Tudo! É precisamente o leque abrangente dos produtos que constitui o principal

factor diferenciador desta central de compras e que a torna uma supercentral-de-compras.

Aqui, tanto se compra uma simples caneta, como o sal para a água da piscina dos golfinhos, o cimento para as obras ou o feno para as zebras. A central encomenda, desde alimentos e produtos de limpeza, até todo o material necessário para a manutenção dos recintos dos animais, dos edifícios, das instalações de animais, dos vários profissionais e das viaturas de serviço, produtos de jardinagem, material de escritório, medicamentos para o Hospital Veterinário e muito mais.


JARDIM ZOOLÓGICO

BASTIDORES

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Extravagâncias À primeira vista, o processo é simples e decorre como em qualquer outra central de compras. As direcções e chefias de cada departamento elaboram uma lista com aquilo de que necessitam e entregam-na na central. A partir daí, os sete elementos-maravilha (dois responsáveis pela logística, um ajudante e quatro motoristas) põem mãos ao trabalho e tornam os desejos realidade, mas… Onde comprar ácido láctico para misturar na água das Tartarugas-de-pescoçocomprido? Como? Ácido láctico, um ácido habitualmente libertado pelos músculos, que pode actuar como fonte temporária de energia e que nenhum dos fornecedores habituais consegue arranjar. Pois, não basta esfregar a lâmpada, bem pelo contrário. As exigências das encomendas podem ser de tal forma específicas e invulgares que nem na internet é fácil encontrar os produtos e, por vezes, torna-se necessário fabricá-los de propósito para a ocasião. Exemplo disso são as instalações em que são transportados os animais quando são deslocados para outros zoos. E aqui reside o primeiro desafio destes profissionais.

Construção caixa de transporte

Montagem para transporte de animais

É preciso procurar quem forneça este tipo de produtos. Uma vez encontrado o fornecedor, torna-se tudo mais fácil e habitual: obter orçamentos, compará-los, negociálos, seleccionar o melhor. A lista de fornecedores não é, portanto, homogénea. Tanto se pode tratar do comércio local e tradicional ou de grandes superfícies (para material mais vulgar em pouca quantidade), como de produtores (por exemplo, no caso do feno), de fabricantes ou de grandes grupos de distribuição. Assim, o contacto com alguns é regular, mesmo diário, o que permite negociar melhores condições, mas com outros pode ser bastante esporádico.

Montagem para transporte de animais

Um carrinho de compras de peso: 15 toneladas de sal de quinze em quinze dias

400 toneladas de feno por ano

1 190 000 papel higiénico reciclado por ano


{18} BASTIDORES

JARDIM ZOOLÓGICO

Olhando para o relógio, a chegada dos produtos Segue-se a espera, que poderá demorar poucos minutos (se se tratar de comprar um produto na loja do lado), dois dias (se for um produto habitual, mas que exija encomenda) ou até quase um ano (no caso de artigos que têm de ser produzidos de propósito para o Jardim Zoológico). Em função do volume da encomenda e do produto, algumas compras são feitas directamente pelos membros da central de compras, que se deslocam aos estabelecimentos comerciais. Um determinado tipo de parafuso ou prego, por exemplo, em quantidade moderada, pode não justificar uma encomenda à fábrica, sendo mais célere e eficaz obtê-lo directamente nos locais de venda ao público. Outros artigos, em quantidades maiores ou de

Transporte de diversos

Carlos Pedroso, chefe do serviço de central de compras

Armazém de feno

natureza mais rara, são trazidos pelos fornecedores, que as deixam no armazém da central, em paletes, durante o horário normal de trabalho, e são depois distribuídos internamente pelos vários departamentos. Só no caso dos produtos alimentares é que a entrega difere. Nestes casos, a recepção é feita directamente no armazém nutricional, um espaço vizinho do armazém central, destinado a guardar apenas alimentos, de modo a permitir uma gestão mais rápida e ágil e a facilitar a distribuição interna dos alimentos pelas diferentes copas espalhadas pelo Jardim Zoológico. Stock de produtos? Sim, existe, confirma o chefe do departamento de compras e logística, Carlos Pedroso, mas “produtos em armazém é dinheiro empatado”, considera. Portanto, o objectivo é ter o mínimo de produtos armazenados na central.

Só mesmo o indispensável, o que se tem a certeza de vir a ser necessário, produtos de limpeza e escritório, algum material promocional. Tudo o resto é à medida das necessidades. E em que sector se consome a maior fatia de orçamento? A resposta é: “no sector das obras e manutenção, quer se trate de obras de carácter preventivo, quer sejam intervenções de reparação ou desgaste, sendo a área da alimentação a segunda maior fonte de gastos.“

Compram-se, por exemplo, cerca de 400 toneladas de feno por ano!

E todos os dias, a qualquer hora do dia, a magia acontece. Alguém precisa, faz a lista do que deseja e vê realizar-se o seu pedido. Melhor? Só nas histórias de encantar.


JARDIM ZOOLÓGICO

FÉRIAS NO ZOO

Traga o seu pequeno sabichão para aprender com os mestres. Dos 3 aos 16 anos, de 15 de Dezembro de 2014 a 2 de Janeiro de 2015 e 23 de Março a 2 de Abril de 2015. Informe-se em www.zoo.pt

PELA PROTECÇÃO DA VIDA ANIMAL.

Patrocinador Oficial

Testemunho

A

EDP apoia e patrocina o Jardim Zoológico, desde 1996. Inseridas na sua estratégia de responsabilidade social, o Grupo EDP promove uma série de acções lúdicas durante todo o ano, nomeadamente no Dia Mundial da Criança e na comemoração da época natalícia,

com a chegada do Pai Natal a este espaço único da capital portuguesa. Estas acções destinam-se ao público em geral e a crianças de instituições que, na sua maioria, de outra forma, não têm possibilidade de vivenciar um dia único e diferente no Zoo. Esta forte parceria traduz-se

ainda na presença da marca EDP no recinto do Zoo, através da sinalética, do teleférico e do comboio que leva os visitantes num passeio único pelo “mundo animal”. Quem visita este espaço privilegiado pode contar assim, durante todo o ano, com as actividades lúdicopedagógicas promovidas pela EDP, uma forma também de estar próxima dos seus futuros clientes.

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Enriquecimento Ambiental

O que é?

H

oje, as instalações dos animais têm lagos, estruturas de madeira com pontes, escadas e flora variada.

Não passam despercebidos certos elementos curiosos nos recintos. Falamos de sacos de serapilheira, caixas de madeira, cordas e muito mais. Nada disto é por acaso. Cada elemento faz parte de um processo pensado ao pormenor para promover o bem-estar animal, o chamado “enriquecimento ambiental”. Mas em que consiste, afinal, esse processo? Para aprofundar esta questão, o Jardim Zoológico convidou a maior especialista em enriquecimento ambiental, para realizar um workshop no Jardim Zoológico. Foi assim que ficámos a conhecer Valerie Hare, co-fundadora com Karen Worley, de “Shape of Enrichment”, uma revista exclusivamente dedicada à temática do enriquecimento ambiental.

Valerie começa por esclarecer: ”Enriquecimento Ambiental não são brincadeiras e petiscos, ou pelo menos, não só.” Não é um extra nem um luxo, mas um componente indispensável dos cuidados diários dos animais, tão importante quanto a própria alimentação, a água ou os procedimentos de higiene. Destina-se aos animais mantidos sob cuidados humanos e consiste num conjunto de técnicas que pretendem provocar uma mudança no habitat do animal, de forma a estimular os seus comportamentos naturais e aumentando o seu bem-estar. Constitui também um meio para evitar comportamentos estereotipados e possibilita a eventual reintrodução dos animais na Natureza. E o que significa “bem-estar”? Um estado de saúde física e mental que permite que os animais se desenvolvam e comportem de modo natural para a espécie, explica Valerie.

É condição fundamental para a reprodução dos animais e para a conservação das espécies em vias de extinção, missão primordial do Jardim Zoológico


JARDIM ZOOLÓGICO

BASTIDORES

E o que se entende por cada uma destas categorias? Da alimentação à ocupação Na Natureza, todos os animais têm comportamentos essenciais à sua sobrevivência: procurar alimento, água, sombra, parceiros com os quais reproduzir, cuidar das crias, defender o seu grupo… São esses comportamentos que o enriquecimento ambiental pretende estimular. Distinguem-se habitualmente cinco tipos de estímulos, em função dos seus objectivos: alimentares, sociais, físicos, sensoriais e ocupacionais ou cognitivos. No entanto, um estímulo pode pertencer a várias categorias ao mesmo tempo.

Enriquecimento répteis

O enriquecimento alimentar consiste em diversificar os alimentos e dificultar o acesso a eles. Nada de descascar, cortar e servir a comida num comedouro comum. O animal deve ter trabalho para alcançá-la e despedaçá-la, tal como na Natureza. O desafio dá-lhe mais prazer, garante Valerie. Enriquecimento social é tudo o que possa estimular ou estabelecer os laços que seriam criados no meio natural: brincadeiras, relações familiares ou, pelo contrário, isolamento, relações de dominância, coabitação de espécies diferentes… O estímulo físico, por seu lado, abrange as alterações visíveis no habitat e tudo o que implique exercício, desde a oferta de materiais e substratos diversos, para a construção de ninhos e esconderijos, à preocupação em manter barreiras visuais, para que o animal se sinta protegido e não tenha de estar permanentemente visível. O estímulo sensorial é constituído essencialmente por desafios olfactivos, seja colocando nas instalações pêlo ou fezes de outros animais, seja através de plantas aromáticas ou de saquinhos com especiarias… Por fim, tudo aquilo que desafie o animal, que o mantenha

Preparação de refeições

Preparação de refeições

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{22} BASTIDORES

JARDIM ZOOLÓGICO

Técnica aplicada nos babuínos

Técnica aplicada nos répteis

interessado durante algum tempo constitui o enriquecimento cognitivo ou comportamental. As técnicas que desencadeiam o estímulo não pretendem “imitar” a Natureza, explicanos Telma Araújo, curadora de aves e répteis. Tal não seria possível. O objectivo é que os animais desenvolvam reacções e comportamentos naturais, mas o estímulo em si pode ser despertado através de quaisquer práticas concebidas, desde que seguras. Para Valerie, quanto mais simples for a prática, melhor. Mais fácil e rápido é para o tratador prepará-la e menos frustrante se torna se não cativar o animal.

Técnica aplicada nas aves

Como são concebidas as técnicas de enriquecimento ambiental? “As técnicas de enriquecimento têm de ser permanentemente reinventadas, não se podem tornar um hábito, ou deixam de captar a atenção do animal e de estimulálo”, diz-nos Telma. É por isso que todos os enriquecimentos ambientais têm uma duração prevista, que tanto poderá ser de poucos minutos como de vários dias, em função do pretendido e da reacção do animal.

O ideal é uma técnica que possa demorar quinze minutos a ser preparada, mas que mantenha o animal ocupado por várias horas.

A elaboração dos programas de enriquecimento ambiental é assumida por uma médica veterinária, Teresa Fernandes, uma bióloga, Lucília Tibério, e uma tratadora, Cláudia Correia

Valerie relata que, na sua opinião, nada como um bom monte de terra. Raro é o animal que não adora cheirá-la, rebolar-se nela e espalhála, além de que é muito fácil de improvisar. Importa referir, que o animal é livre de reagir ou não ao estímulo, ou de reagir mais a um do que a outro, correspondendo ou não ao objectivo a que o enriquecimento foi concebido. Proporcionar-lhe essa liberdade de escolha faz também parte do seu bem-estar. A variedade e a mistura de estímulos é, por isso, benéfica. Mas atenção, alerta Valerie, idealmente, não deve ser submetido a muitos estímulos de cada vez. Não se deve fazer, de repente, uma remodelação completa à sua “casa”.

No entanto, o fluxo de ideias e a concepção e concretização das práticas contam com a participação de todos: tratadores, curadores, biólogos e veterinários. Graças ao conhecimento do animal, ao trabalho de campo, aos conhecimentos sobre a espécie em questão, assim como à boa vontade geral, às várias reuniões de brainstorming e a muita imaginação, põem-se em prática ideias frescas com frequência. E com a colaboração de todos, o Grupo concebe mensalmente um plano diário, abrangendo as várias categorias de enriquecimento para cada espécie.


JARDIM ZOOLÓGICO

BASTIDORES

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A importância da observação Para compreender se um determinado estímulo foi bem-sucedido, ou seja, para avaliar os resultados, é indispensável uma análise minuciosa dos comportamentos do animal antes e depois do enriquecimento, assim como uma avaliação do grau de interacção de cada animal com cada item. Só assim será possível planear futuras práticas e obter novos dados acerca do animal. Claro que esta observação exige tempo. Um par de horas é pouco para se concluir o que quer que seja, nalguns casos a avaliação pode demorar dias. Além disso, as reacções dos animais nem sempre são imediatas. Em todo o caso, convém não esquecer que dois animais da mesma espécie e do mesmo sexo são dois indivíduos diferentes, podendo reagir de modo bastante distinto, alerta Valerie.

Os riscos Qualquer enriquecimento ambiental tem de ser pensado com muita cautela, uma vez que a reacção do animal é totalmente imprevisível. Além disso, há que ter em conta não só o animal visado para o enriquecimento, mas todos aqueles que se encontrem na instalação. Se o elefante macho coabita com suricatas, por exemplo,

Enriquecimento elefantes

Observação feita por miúdos nas Férias do Zoo

o enriquecimento que visa o elefante tem de ter em atenção a presença das suricatas e não incluir nada que possa constituir um perigo para esta espécie. O mesmo acontece se houver crias. Qualquer enriquecimento pensado para animais adultos tem de ter em conta se existem crias na instalação e de tomar as precauções necessárias para não as pôr em risco. Ao conceber-se um enriquecimento ambiental é, portanto, indispensável uma atitude preventiva. Embora raramente, pode acontecer um animal entalar uma

Enriquecimento répteis

Enriquecimento suricatas

pata, ficar com um dente preso, engolir o que não deve... Tudo o que possa causar asfixia, perigo de obstrução ou qualquer mutilação deve ser, naturalmente, evitado. A observação volta então a ter um papel essencial. “É preciso verificar os itens e vistoriar as instalações antes de colocar o animal perante o enriquecimento, para que não fique lá esquecido nenhum objecto não previsto, um prego ou uma tábua, por exemplo”, informa-nos Telma. Por outro lado, há que ficar atento ao animal imediatamente após a alteração no seu habitat, de modo a poder-se intervir, caso surja algum perigo inesperado.


{24} BASTIDORES

JARDIM ZOOLÓGICO

O que mudou? LONGE DOS RECINTOS COMPACTOS DE OUTRORA, COM GRADES, ACTUALMENTE OS ANIMAIS PASSEIAM-SE, DESCANSAM OU EXERCITAM-SE EM INSTALAÇÕES AREJADAS E REPLETAS DE DESAFIOS.

Aves

Répteis

Os répteis são dos menos estudados em termos de enriquecimento ambiental. O metabolismo destes animais é condicionado pela temperatura, de modo que, não se recorre muito ao enriquecimento alimentar, sendo preferível o estímulo sensorial ou físico. Susana Silva, tratadora dos répteis, coloca um saquinho de alfazema no centro da instalação da Boa-arco-íris-brasileira. A reacção não é imediata, avisou, mas garantiu-nos que no dia seguinte já a boa poderia ter revolvido tudo dentro da instalação. Por vezes, a própria cobra enrola-se no saquinho. O casal de Hidrossauros-das-filipinas é dos poucos que desfruta de enriquecimento alimentar: um tronco de palmeira com pequenos orifícios, onde são colocados tenébrios. Poucos segundos passam até que ambos se lançam sobre o tronco, apanhando os tenébrios.

No caso das aves, o Jardim Zoológico privilegia o enriquecimento alimentar e leva-nos a observar vários exemplos. Quando entramos na cozinha das aves, Joana Baptista, tratadora de aves, começa a preparar o enriquecimento para o casal de Araras-jacintas, a maior espécie de araras: uma caixa quadrada de madeira, recheada com nozes e molhos de alecrim, tapada com várias tábuas estreitas. As tábuas são depois atadas com uma corda e a caixa é suspensa numa árvore. Joana entra no recinto e amarra a corda com a caixa pendurada. De início, as duas Araras-jacintas limitamse a observar. Decorridos cinco minutos, decidem aproximar-se. A fêmea salta de imediato para cima da caixa. É seguida pelo macho. Têm um ligeiro arrufo. É pouco usual, garante-nos Joana, mas relações hierárquicas são mais visíveis nestas situações. Segue-se o enriquecimento ambiental das Araras-nanicas, as mais pequenas das araras: meio melão com sementes germinadas misturadas com papel triturado.


JARDIM ZOOLÓGICO

CURTAS

míferos a M

os inh ar M

Todos os mamíferos precisam de enriquecimento ambiental, mas se fosse necessário destacar alguns que precisam de ser mais estimulados do que outros, Lucília Tibério, bióloga, referiria os elefantes, os primatas e os golfinhos. Para os felinos, por exemplo, além do enriquecimento alimentar, recorre-se sobretudo a estímulos sensoriais, visto que são muito sensíveis a cheiros e faz parte do seu instinto marcar o território. Até um perfume de mulher já foi usado num enriquecimento para o Leopardo-das-neves, refere Lucília. Durante o workshop, a colocação de algumas penas de flamingo na rede de protecção nesta instação resultou bem. No caso do elefante foi colocada na sua instalação um monte de terra coberto de melâncias e bananas. O animal deliciou-se a revolvê-lo com a tromba e a devorar as frutas . Os babuínos foram outra espécie alvo de enriquecimento ambiental durante o workshop de Valerie. Mal foram confrontados com os estímulos, correram a experimentar tudo, usufruindo alegre e vorazmente de cada novidade. Desde lamber mel com sementes de girassol até provar sorvetes de fruta, procurar sementes dispersas em fardos de palha, andar de baloiço ou vasculhar numa piscina de folhas, todos participaram. Tão concentrados ficaram que até os tratadores que conhecem bem os seus habituais gritos e conflitos mal acreditavam no que viam: cada um por si, silenciosamente, comia, brincava ou vasculhava.

míferos a M

Os mamíferos marinhos são sobretudo estimulados por enriquecimento cognitivo, ou seja, pela interacção com os treinadores e os desafios que estes lhes apresentam. A entreterem-se com bóias, bolas, cordas e até com bolas de pilates, enquanto os Leõesmarinhos-da-califórnia preferem ocupar-se com jactos de água e blocos de gelo com peixe.

Workshop - Um enriquecimento geral Durante o workshop, abordaram-se alguns aspectos teóricos mais importantes, como a definição de enriquecimento ambiental, a identificação dos seus objectivos e as precauções que devem ser tomadas. Valerie

recorreu sempre a exemplos concretos

e procurou solucionar as dúvidas particulares de cada tratador em relação à espécie ao seu cuidado. Depois, passou-se à prática e a formadora fez algumas curtas demonstrações. Por fim, os cerca de quarenta tratadores presentes tiveram de preparar enriquecimentos ambientais para uma das espécies seleccionadas por Valerie: o Ádax, o lince, o babuíno, as catatuas, a Tartaruga-leopardo e o elefante. Com maior ou menor rapidez de reacção, nenhum animal ficou indiferente. Os enriquecimentos foram bem-sucedidos e o workshop também. O espírito de colaboração, entreajuda e amizade transformou o workshop num enriquecimento social visível. Isto, claro, para além do enriquecimento cognitivo. No último dia, em que foram entregues os certificados, o bem-estar era visível: animais, tratadores, a formadora e todos os que assistiram saíram enriquecidos.

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{26} BASTIDORES

JARDIM ZOOLÓGICO

Bosque Encantado

N

o dia em que comemorou 130 anos, o Jardim Zoológico apresentou os renovados Bosque Encantado e Parque de Merendas, uma remodelação que resultou da parceria com a Sociedade Ponto Verde. “Há vários anos que a Sociedade Ponto Verde tem uma parceria com o Jardim Zoológico, através do apadrinhamento da Foca Storm”, conta-nos Susana Palma, do departamento de Marketing da Sociedade Ponto Verde. A ideia inicial era a de patrocinar a Apresentação das Aves em Voo Livre mas, havendo a necessidade de remodelar o Parque de Merendas, avançou-se com este projecto. O objectivo era claro: sensibilizar os visitantes para as preocupações ambientais e para a importância da reciclagem, mostrar que da reciclagem podem nascer vários objectos úteis. “Sendo o Jardim Zoológico um espaço de informação e sensibilização sobre ambiente e biodiversidade, é muito importante que, além de toda a informação que o Zoo possa disponibilizar, os mais jovens tenham exemplos reais do que

pode ser feito para proteger o nosso planeta”, acrescenta Susana Palma. E foi precisamente o que aconteceu. Juntando a teoria e a prática, expôs-se o funcionamento de todo o processo de reciclagem através de exemplos concretos. A remodelação demorou um ano, e hoje, no Bosque Encantado, passaram a existir, simultaneamente, o primeiro e o último elo da cadeia de reciclagem. Por um lado, para reunir a matéria-prima indispensável, espalhou-se, pela primeira vez, no Jardim Zoológico, ecopontos por todo o recinto. Por outro, o parque de merendas recebeu “mobiliário urbano”, mesas e bancos para as refeições, e “casinhas” para as crianças brincarem, peças feitas

exclusivamente com material reciclado. Deste modo foram “devolvidas” as embalagens ao consumidor. A complementar esta demonstração prática, encontramse por todo o Bosque Encantado e pelo Parque de Merendas inúmeros painéis com informações curiosas que ajudam a chamar a atenção e a reter a principal mensagem: reciclar e cuidar do ambiente. Graças a esses painéis, ficamos, por exemplo, a saber que as 16 toneladas de embalagens recicladas usadas na requalificação do espaço equivalem ao peso de dois elefantes. Descobrimos também que dessas 16 toneladas, fazem parte, por exemplo, 150 000 pacotes de batatas fritas (com o peso médio de 3 tigres machos), 66 000 embalagens de champô (peso de duas girafas), 90 000 copos de iogurte (peso de 4 elefantes recém-nascidos), e até 250 pneus (peso de 880 araras) para os pisos dos parques infantis. Tudo isto à nossa frente, transformado em mesas, bancos e “casinhas de aves”. No mínimo, desperta a nossa imaginação sobre o futuro da próxima embalagem que colocarmos no ecoponto.

250

66 mil

230 mil

150 mil

pneus reciclados

embalagens

copos de iogurte

90 mil

sacos de compras

garrafas plástico

pacotes batatas

= 880 araras

= 2 girafas

= 4 elefantes bebés

= 2 golfinhos

= alimentação 1 leão-marinho

= 3 tigres machos

100 mil


O melhor de dois mundos O Jardim Zoológico e a Microsoft Educação voltam a desafiar alunos e professores para um divertido programa educativo gratuito. Já começou a Kids Experience@Zoo, um complemento inovador, criativo e inesperado dos programas do Centro Pedagógico (CP) do Jardim Zoológico, que abre portas ao melhor de dois mundos e contraria a antiga dicotomia: Novas Tecnologias vs. Natureza.

A Sara, o Luís e o João foram ao Jardim Zoológico com a escola na terça-feira, mal sabiam que iam viver uma Kids Experience@Zoo.

Fascínio da descoberta a dobrar

Quando passear é aprender

Os programas do CP passam agora a reunir dois objectivos: sensibilizar para a biodiversidade e valorização animal e simultaneamente estimular as competências em Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC), juntando as mais-valias da aprendizagem in loco, com as ferramentas informáticas indispensáveis ao século XXI. Como? Ora leiam. A Kids Experience@Zoo é um projecto destinado a alunos do 1.º, 2.º e 3.º ciclo que, sob temas adaptados às suas idades e currículos escolares, pretende familiarizá-los com o Microsoft Office 2013 e o Windows 8.1., de modo interactivo e integrado nos habituais programas pedagógicos do CP, reconhecidos pelo Ministério da Educação. Os programas têm a duração de duas horas repartidas em dois momentos de uma hora cada.

Num primeiro momento, as crianças aventuram-se numa visita guiada pelo Zoo, sob um dos seguintes motes, “Os seres vivos e o meio ambiente” (1ºciclo), “Diversidade dos seres vivos” (2º ciclo) ou “Biodiversidade e ecossistemas” (3º ciclo).

À pergunta “O que esperam encontrar?” responderam: “tigres”, “focas”, “golfinhos” e… “fresh paint” e “puzzle touch” e “computadores”! A fusão das duas áreas era desde logo evidente.


{28} CURTAS

JARDIM ZOOLÓGICO

Às 14h10, as crianças conheceram de perto as zebras, descobriram por que motivo têm riscas e foram surpreendidos pelo saco do educador do Centro Pedagógico, Diogo, que lhes deu a conhecer o alimento preferido destes mamíferos. Ao serem apresentados ao Órix-de-cimitarra, a Sara, o João e o Luís ficaram a saber que há espécies que estão extintas na Natureza e que só já existem em jardins zoológicos, sendo por isso tão importante o papel destas instituições. Subitamente, ouviu-se um grito de uma criança:“Olha os Macaquinhos!”.“Gorilas...”, respondeu um menino indignado.“Primatas!”, corrigiu alguém mais atento. Eram chimpanzés, os primatas mais parecidos com o Homem. Estávamos a chegar ao Templo dos Primatas, o grande recinto destinado a este grupo de mamíferos onde culmina a visita e começa a segunda fase do programa...

Mãos à obra... criar e explorar! Na segunda fase, a turma materializa o que aprendeu, explorando as ferramentas da Microsoft em computadores Magalhães disponibilizados pelo Jardim Zoológico, um para cada criança.

Com o programa seguinte, o Puzzle touch, puderam transformar os próprios desenhos em puzzles de quantas peças quisessem e ficarem a resolvê-los.“Não escolham mais de doze peças”, recomendou o professor. A Sara escolheu trinta e seis. Sob a orientação do professor e de um educador do CP, os alunos criam desenhos, textos, puzzles, imagens, gráficos ou mapas, que lhes permitem consolidar os conhecimentos que acabam de adquirir durante o passeio enquanto, simultaneamente, vão adquirindo competências na área das TIC.

O misterioso saco do Diogo, o guia! Além de perguntas e de muitas respostas, o Diogo traz ao ombro um saco misterioso de onde vai retirando os mais curiosos elementos… Junto às zebras, a Sara, o João e o Luís tocaram no molho de feno que o guia extraiu do seu saco “mágico”, familiarizando-se com o tacto e o cheiro do alimento preferido destes animais. Påerto da Arara-Jacinta, o guia voltou a mergulhar a mão no saco, revelando três tipos de penas: de aquecimento, revestimento e voo, que deu a tocar a todos os meninos. Chegou a fazer um “truque de magia” perante os alunos boquiabertos: verteu um pouco de água sobre a pena de revestimento, mostrando que é tão impermeável que nem uma gota cai no chão. O saco-Mary-Poppins do guia voltou a entusiasmar quando de lá saiu um punhado de pêlo de urso-formigueiro. Uma vez mais, todos foram convidados a tocar. “Como é que lhe tiraram o pêlo?”, perguntou, com alguma desconfiança, um aluno preocupado. “Ninguém lho arrancou”, tranquilizou o guia, “esperaram que caísse para o apanharem do chão, como se fosse cabelo”. O saco do Diogo é, sem dúvida, um importante complemento da formação, que permite apurar os sentidos e as experiências.


Eram 15h02 quando a Sara, o Luís e o João chegaram ao Templo dos Primatas. Ao abrir os Magalhães, a Sara, o João e o Luís, começaram por aprender a usar o menu start, a partir do qual foram sendo encaminhados para vários programas. O primeiro foi o Fresh Paint. Bastava escolherem um dos cenários de floresta à disposição e desenhar um animal que fizesse parte da visita-guiada e que vivesse em florestas. As crianças aderiram naturalmente ao programa e ao ecrã táctil. Às 15h20, os três meninos riam, radiantes, dos desenhos uns dos outros.“Os tigres não têm dentes assim!”, dizia o João ao Luís, e ajudava-o a fazer outros dentes. Com o programa seguinte, o Puzzle touch, transformaram os próprios desenhos em puzzles. Às 16h, a Sara, o João e o Luís estão encantados com tudo o que viram. Vão rumar a casa, inspirados, desejosos de arrumar os seus peluches de animais por outra ordem nas prateleiras do quarto. Sabem agora que o tigre não deve ficar ao pé da zebra. Porquê? Podem explicá-lo aos pais no computador!

O nosso desafio A todos os professores, tanto ou mais entusiasmados do que os seus alunos, saibam que é possível viver esta aventura de segunda a sexta no horário das 10h30 ou das 14h. Basta fazerem a marcação através do e-mail pedagogico@ zoo.pt ou do número de telefone 217 232 960, e aparecerem, prontos para começar a explorar. O programa é gratuito, apenas se paga o bilhete de entrada (ao preço especial para escolas). E a todos os curiosos, acompanhem-nos nesta experiência através do nosso blogue:

www.zoo-centro-pedagogico. blogspot.pt

Agende para as férias de Natal! O Jardim Zoológico preparou surpresas para as férias de Natal de todas as crianças e jovens que se interessam pela Natureza! Os mais pequenos, dos 3 aos 5 anos, poderão participar num atelier com o mote “Toca e descobre”, que lhes permitirá conhecer in loco os animais das histórias de encantar. Para os mais velhos, dos 6 aos 16

anos, foi concebido um ATL que lhes dará a conhecer os mistérios de cada espécie. Os programas incluem visitas aos bastidores, conversas com treinadores e tratadores, jogos de pistas, caças ao tesouro, peddypapers e outras diversões. No final, todos obterão a distinção de “Embaixadores da Natureza”. Podem ver wm www.zoo.pt


Tony Carreira

Reconheço o papel do JZ na protecção de algumas espécies

Que idade tinha quando visitou o Jardim Zoológico pela primeira vez? Lembra-se de algo que o tenha marcado particularmente nessa visita? A primeira vez que visitei o Jardim Zoológico tinha quinze anos e ainda hoje guardo esse passeio na minha memória.

Tem um animal preferido? Qual? Sim, o golfinho, mas confesso que todos têm o seu encanto, claro.

Quem o acompanhou? A família? A escola? Fui com um tio.

Como seria um dia ideal no JZ? Um bonito dia de sol, que permitisse passear e desfrutar.

Costumava trazer os seus filhos ao Jardim Zoológico quando eram pequenos? Devido à minha vida profissional e ao pouco tempo que tinha com eles, acabei por não ter oportunidade de os trazer ao Jardim Zoológico enquanto pequenos. Já mais crescidos, foram eles que me pediram para vir e foi muito bom regressar e ver como está tão bonito e tão evoluído.

O que representa para si o Jardim Zoológico? Que pensamentos lhe evoca? Uma tarde ao ar livre, muito bem passada.


JARDIM ZOOLÓGICO

ENTREVISTA

Já visitou outros Zoos pelo mundo? Quais? JZ só em Lisboa, mas já visitei vários parques, inclusive o Kruger Park na África do Sul. Que impressão tem do papel geral dos Jardins Zoos? Apesar de gostar de ver os animais no seu habitat natural, reconheço o papel do Jardim Zoológico na protecção de algumas espécies que de outra forma correriam sérios riscos de extinção. Portanto tenho uma óptima opinião sobre o trabalho desenvolvido.

Em que projecto(s) está neste momento envolvido? Neste momento encontro-me envolvido em vários projectos: um novo álbum de originais em português que está praticamente terminado; o final da tournée em Portugal e a programação já da próxima tour; uma digressão em França, onde percorrerei várias cidades em concerto até ao final do ano; um novo disco Francês, entre muitas outras coisas.

Se criasse uma canção sobre um animal, que animal escolheria? Qual seria o título e como seria o refrão? Nunca pensei nisso, teria de pensar...

Neste momento encontro-me envolvido em vários projectos (...) um novo álbum

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in&out Veja o que se passou dentro e fora do Jardim Zoológico nos últimos meses.

Dia do Animal Acção Sociedade Ponto Verde

Dia da Conservação Acção da CP

Dia de Halloween

Dia do Ambiente Acção da CP

Dia do Professor

Novela Jardins Proibidos, da TVI


Green fest A convite da Microsoft Educação, de 9 a 12 de Outubro, o Centro Pedagógico do Jardim Zoológico esteve presente no Green Fest, o maior evento do País dedicado à sustentabilidade, que celebra anualmente o que de melhor se faz nas vertentes ambiental, social e económica. O papel do Centro Pedagógico consistiu em dinamizar um dos espaços da Microsoft, apresentando o seu mais recente programa educativo para escolas, o Kids Experience@zoo. No stand, por onde passaram centenas de alunos e inúmeras famílias, adultos e crianças divertiram-se a explorar o ecrã táctil, cedido pela Promethean, os computadores magalhães, os materiais zoológicos e a XBOX ONE, com um jogo cujo objectivo é gerir um Jardim Zoológico, o ZOO Tycoon.

Um presente inesperado No ano em que comemora o seu 130º aniversário, o Jardim Zoológico orgulha-se de ter recebido o Certificado de Excelência do TripAdvisor® 2014, uma distinção atribuída aos estabelecimentos que recebem constantemente as melhores avaliações dos viajantes de todo o mundo.

Kids Time Foi nos dias 4 e 5 de Outubro, nas cavalariças do Pestana Palace, na Ajuda, que decorreu o Kids Time, um evento totalmente dedicado às crianças. No stand do Jardim Zoológico houve de tudo: pinturas faciais a imitar os animais favoritos dos mais pequenos, balões em

forma de animais, venda de peluches e porta-chaves, e até vales de desconto para a entrada no Zoo. Afinal, era Kids Time!


{34} PASSATEMPOS JARDIM ZOOLÓGICO

Cruzadex

Sopa de Letras

Zonas do Zoo

1.º Aniversário do golfinho Yuky

Por Paulo Freixinho

Tendo como ajuda as letras já colocadas, preenche a grelha com os nomes dos mamíferos da lista:

Procura na sopa de letras as 12 palavras da lista. Não há palavras na diagonal: SOLUÇÕES SOPA DE LETRAS HORIZONTAIS: Golfinho, Aniversário, Cria, Brincadeiras. VERTICAIS: Oceanos, Spratt, Sociável, Arenque, Vicky, Amamentação, Yuky, Cetáceos.

AMAMENTAÇÃO, ANIVERSÁRIO, ARENQUE, BRINCADEIRAS, CETÁCEOS, CRIA, GOLFINHO, OCEANOS, SOCIÁVEL, SPRATT, VICKY, YUKY.

3 Letras › ANO, KIT, ZOO 4 Letras › LOJA 5 Letras › GRUPO 6 Letras › ANIMAL, ONLINE 7 Letras › BILHETE, DIPLOMA, FAMÍLIA 8 Letras › AFILHADO, ESPÉCIES, PADRINHO, SELVAGEM 9 Letras › DESCONTOS 10 Letras › MANUTENÇÃO 11 Letras › ALIMENTAÇÃO, CONSERVAÇÃO, CRESCIMENTO, PRESERVAÇÃO

SOLUÇÕES CRUZADEX HORIZONTAIS: TPadrinho, Família, Diploma, Crescimento, Conservação, Loja, Zoo, Animal, Manutenção, Grupo.. VERTICAIS: Bongos, Flamingos, Vale, Selvagem, Preservação, Kit, Bilhete, Descontos, Ano, Espécies, Afilhado, Online,

Por Paulo Freixinho

Palavras Cruzadas

Animais Por Paulo Freixinho

VERTICAIS: 2 › Embaixador da (...), pode ser o presente ideal para oferecer nesta quadra natalícia (ATL de Natal e o Atelier de férias no Zoo). 4 › Vale dos (...), um dos locais do Zoo a visitar. 6 › Associação Europeia de Zoos e Aquários. 8 › (...) Encantado, foi renovado e é Apresentação de Aves em Voo Livre do Jardim Zoológico. 9 › Pequeno parque de diversões situado na zona de acesso livre do Jardim Zoológico. 10 › A mascote do Programa Pinguim das Festas de Aniversário (a partir dos 6 anos).

SOLUÇÕES PALAVRAS CRUZADAS HORIZONTAIS: 1 › Animais, 3 › Spratt, 5 › Andile, 7 › Ambiental, 11 › Vibrissas, 12 › Koala, 13› Adax. VERTICAIS: 12 › Natureza,. 4 › Tigres, 6 › Eaza, 8 › Bosque, 9 › Animax, 10 › Tizoc.

HORIZONTAIS: 1 › No Zoo, podem ser vistos cerca de 2000 animais de 330 espécies distintas. 3 › Peixe que faz parte da alimentação dos golfinhos. 5 › Nome da mais recente cria de Rinoceronte-branco nascida no Jardim Zoológico. 7 › Enriquecimento (...), processo dinâmico que tem como objetivo estimular os comportamentos naturais de cada espécie; melhora o bemestar animal, evita comportamentos estereotipados e possibilita uma futura reintrodução na Natureza. 11 › São os bigodes do Leão-marinhoda-califórnia, usadas como órgãos sensoriais, importantes na detecção das presas. 12 › É um mamífero fascinante e uma das cerca de 250 espécies de animais marsupiais que se conhecem. 13 › É o antílope melhor adaptado ao deserto.


O Jardim Zoológico agradece a todas empresas e instituições que o apoiam. Novos Parceiros

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Padrinhos

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PADRINHOS DO ZOO

A sua pequena fera já pode apadrinhar uma das nossas. No Zoo, os seus pequenotes podem ser padrinhos dos nossos. Podem ajudar na conservação das espécies e ainda participar em actividades acompanhando de perto os afilhados, enquanto crescem juntos. Informe-se em www.zoo.pt

PELA PROTECÇÃO DA VIDA ANIMAL.


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