Comentário biblico pentecostal – 1 e 2 timóteo

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I TIMÓTEO Deborah Menken G ill 2.2.1. Dar Preferência ao Adorno Espiritual (2.9,10) 2.2.2. A Ordem de Ensinar às Mulheres

rSBOÇO

1. Introdução (1.1-20) 1.1. Saudação (1.1,2) 1.2. Propósito da Carta: Assegurar a Firmeza da Fé em Éfeso (1.3-20) 1.2.1. A Tarefa de Timóteo: Lutar contra as Falsas Doutrinas (1.3-11) 1.2.1.1. O Comissionamento de Timóteo É Reiterado (1.3,4) 1.2.1.2. A Identificação do Objetivo do Autor: O Amor (1.5) 1.2.1.3. O Erro a que alguns se Desvia­ ram: O Falso Uso da Lei (1.6,7) 1.2.1.4. A Correção: O Uso Apropriado da Lei(1.8-11) 1.2.2. O Testemunho de Paulo: A Graça do Senhor para com Paulo (1.12-17) 1.2.2.1. O Senhor Designou o Apóstolo ipesar de seu Passado (1.12,13a) 1.2.2.2. A Misericórdia Concedida apesar i i Ignorância e da Incredulidade (1.13b,14) 1.2.2.3. Salvo apesar de seus Pecados -15) 1.2.2.4. Um Exemplo Admirável da Paci­ ência de Deus (1.16) 1.2.2.5. Doxologia (1.17) 1.2.3. O Encorajamento à Luta (1.18-20) izando a Igreja: Princípios Eerais para a Edificação da Problemática Igreja em Éfeso - 1 —3.13) 2 .1. A Oração pela Paz (2.1-8) -1.1. Exortação a Orar pela Paz (2.1,2) —1.2.0 Fundamento e a Bênção Trazidos ■ k í Exortação (2.3-7) -1.2.1. A Vontade de Deus: A Salvação e ji iclarecimento (2.3,4) .11.2.2.0 Papel de Cristo: Sacrifício e fcsemunho (2.5,6) 11-2.3. A Chamada de Paulo: Um Pastor e fstolo (2.7) ' 3- O Desejo de que os Homens

m (2.8)

A Vestimenta e o Estilo de Vida das heres (2.9-15)

( 2 .11) 2.2.3. A Ordem para que as Mulheres Permanecessem em Silêncio (2.12) 2.2.4. A Ordem da Criação É Reiterada (2.13) 2.2.5. A Explicação da Queda em Pecado (2.14) 2.2.6. A Esperança de sua Salvação É Anunciada (2.15) 2.3. Sobre os Bispos (3-1-7) 2.3.1. As Aspirações à Liderança São Ratificadas (3.1) 2.3.2. O Estabelecimento das Qualificações da Liderança (3.2-7) 2.4. Sobre os Diáconos (3.8-13) 2.4.1. Qualificações Gerais para todos os Diáconos (3.8-10) 2.4.2. Qualificações Específicas para as Diaconisas (3.11) 2.4.3. Qualificações Específicas para os Diáconos (3.12) 2.4.4. Elogios aos Diáconos que Servirem Fielmente (3.13) 3. O Estabelecimento de Diretrizes a Timóteo: O Aconselhamento Específico para Estabelecer o Jovem Timóteo na Liderança (3.14—6.10) 3.1. Defendendo a Fé (3.14—4.5) 3.1.1. A Conduta Correta na Igreja (3.14-16) 3.1.2. A Evidência do Falso Ensino (4.1-5) 3.1.2.1. A Apostasia do Fim dos Tempos É Antecipada (4.1,2) 3.1.2.2. O Asceticismo Estrito É Condena­ do (4.3-5) 3.2. Aprendendo a Liderar (4.6-16) 3.2.1. Princípios de Liderança (4.6-9) 3.2.2. Modelos de Liderança (4.10-12) 3.2.3. A Natureza Prática da Liderança (4.13-16) 3.3. O Relacionamento com as outras Pessoas na Igreja (5.1-16) 3.3.1. Como Tratar os mais Velhos e os Jovens (5.1,2)

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I TIMÓTEO 1 3-3.2. Como Tratar as Viúvas (5.3-16) 3.3.2.1. Honrar as Viúvas que Sejam verdadeiramente Viúvas (5.3) 3-3.2.2. Qualificações das Viúvas (5.4-10) 3.3.2.3. Sobre as Viúvas mais Jovens (5.11-15) 3.3.2.4. O Encorajamento ao Apoio Indi­ vidual às Viúvas (5.16) 3.4. Trabalhando com Líderes na Igreja (5.17-25) 3.4.1. Os Presbíteros Trabalhadores São Dignos de dupla Honra (5.17,18) 3.4.2. Como Lidar com as Queixas contra os Presbíteros (5.19-21) 3.4.3. A Proibição das Ordenações Precipitadas (5.22-25) 3.5. Exortando os Servos ou Escravos Crentes (6.1,2a) 3.5.1. Honrar os Mestres por Amor a Cristo (6.1) 3.5.2. Os Senhores Crentes Devem Ser ainda mais Honrados (6.2a) 3.6. A Luta contra os Falsos Mestres e o Amor ao Dinheiro (6.2b-10) 3.6.1. A Ordem para que a Ortodoxia Seja Ensinada (6.2b) 3.6.2. A Descrição dos Ensinadores de Heresias (6.3-5) 3.6.3. Tentações pelo Dinheiro Expostas

6 6 10)

( . -

4. Conclusão: Instruções Finais e Bênção (6.11-21) 4.1. Manter a Fé (6.11,12a) 4.1.1. Fugir do Materialismo (6.11) 4.1.2. Lutar pela Fé (6.12a) 4.2. Manter a Obediência (6.12b-15a) 4.3. Glorificado Seja Deus (6.15b,l6) 4.4. A Instrução aos Ricos (6.17-19) 4.4.1. Enfocar a Deus (6.17) 4.4.2. Cultivar a Generosidade (6.18,19) 4.5. Guardar o Depósito (6.20,21a) 4.6. Conclusào (6.21b) C OME NT ÁR I O

1. Introdução (1.1-20) 1.1. S a u d a ç ã o (1 .1 ,2 ) No período greco-rom ano as cartas começavam tipicamente com saudações polidas: o nome do escritor, o nome do destinatário e uma saudação; por exem ­

plo, “Paulo... a Timóteo, meu vi_ ro filho na fé: graça, misericórdia da parte de Deus, nosso Pai, e ca to Jesus, nosso Senhor”. As prim~: de Paulo traziam breves saudaçã 1.1a; 2 Ts 1.1), porém em suas r* seqüentes as saudações epístola: naram-se mais elaboradas. Na é~z Cartas Pastorais, Paulo amplia as oc da saudação. O apóstolo se identifica p el: título: “Paulo, apóstolo de Cri>:: (Embora Paulo usasse freqüenti estrutura “Jesus Cristo”, a expressa: Jesu s” é uma ordem comum na; rais). Nas epístolas em que precisa sua autoridade, chama a si m apóstolo (1 e 2 Coríntios, Gálataí. e Colossenses). Nas que são mais ais refere-se a si mesmo como u ã vo”(Filipenses e Romanos) ou \ (Filemom). Ainda que Tim óteo: amigo pessoal, Paulo menciona o ap em virtude dos oponentes em É5r tinham a intenção de ouvir s e c r e r a leitura desta carta. E ele o faz c ênfase, acrescentando a expressão o mandado de Deus”. Sua desc bitual é “pela vontade de Deus'. A vra grega traduzida como “mandaoa' era usada para ordens reais que am ser obrigatoriamente obed& fim de reforçar as ordens que l i proferirá em seu nome, Paulo bentendido que Timóteo também o comando divino. Observe os epítetos usados para do comissionamento de Paulo: nosso Salvador” e “Senhor Jesus esperança nossa”. Deus inaugura no da salvação e Cristo Jesus tran denção para a sua consumação mo dia. A identificação de Deu; Salvador tem, uma rica história. A judaica (Dt 32.15; SI 24.5; 65.5). e : de Jesus em hebraico significa “o salva”. Nas religiões pagãs miste época de Paulo, os deuses que mente davam a vida e o conhí da salvação eram chamados de dores”. A religião oficial do estadc romano aplicava este termo a Zeu;..

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I TIMÓTEO 1 e Asclépio. O mais importante era o uso oeste termo para o imperador romano: íalvador do Estado por manter a ordem e o bom governo. Em rivalidade delibe­ rada à adoração que era oferecida ao im­ perador, Paulo identifica a Deus como : Salvador, enfatizando o termo “nosso”. Embora o pai de Timóteo fosse um gentio, sua mãe era judia. De acordo com a lei de descendência materna, Timóteo poderia ser considerado um judeu. Con^_do, de acordo com alguns ensinos ju­ daicos, o nascimento de Timóteo seria -egítimo. Não há dúvida de que estas con­ siderações motivaram Paulo a fazer com r_te ele fosse circuncidado (At 16.3). Alguns esudiosos sugeriram que o pai de Timóteo ji havia falecido quando ele foi circuniidado. Se estivesse vivo, provavelmente o o teria permitido. Paulo se tom ou substituto de seu pai, autenticando condição judaica de Timóteo por meio circuncisão, reconhecendo suas quacações como verdadeiro descendende Abraão pela fé em Cristo (cf. Gl 3-26e adotando Timóteo como seu próo filho. O apóstolo agora declara a itimidade de Timóteo como seu próo filho na fé. A terminologia típica da saudação de ulo é “graça e paz”. Já em suas priiras cartas, Paulo transformou a sauão grega comum ch a irein ( “Saudas!”) em uma saudação cristã, charis raça a vós!”), e ainda acrescentou a dação hebraica, sh alom ( “Paz!”). No nto, som ente nas cartas a Tim óteo lo adorna a saudação com “graça, ericórdia e paz”. Talvez, levando em ta as dificuldades que Tim óteo está rentando em Éfeso, o apóstolo dea misericórdia de Deus com o tamsua graça e paz.

1.2. P rop ósito d a C arta: A sseg u rar a F ir m e z a d a F é em É feso (1 .3 -2 0 ) .2.1. ATarefa de Timóteo: Lutar conas Falsas D outrinas (1 .3 -1 1 ). 1 .2 .1 .1 .0 C om ission am en to de Tieo É R eiterado (1 .3 ,4 ). Nesta car­

ta, Paulo lembra Timóteo de sua tarefa. O termo “com o” reforça a lembrança e introduz um anacoluto (uma mudança abrupta da construção gramatical no meio de uma frase). As palavras omitidas e subtendidas aqui são colocadas entre colchetes: “Como te roguei... [pessoalmente, então agora o faço por escrito]”. Quando Paulo estava a caminho da Macedônia, rogou a Timóteo que permanecesse em Éfeso a fim de silenciar os falsos mestres. Talvez por causa da relutância de Timóteo, o apóstolo teve de insistir. Éfeso era uma das cidades mais importantes na Ásia Menor, tanto geograficamente como culturalmente. A timidez de Timóteo pode ter causado o receio de realizar tal tarefa. Paulo procura aumentar a autoridade de Timóteo declarando que ele se encontra sob a sua autoridade. A raiz do verbo tra­ duzido como “rogar” em 1.3 é diferente da raiz do substantivo traduzido como “mandado” em 1.1. O verbo aqui é um termo militar, significando “forçar, legar o controle a outrem, dar ordens estritas (autoritariamente)”. Os oponentes do apóstolo são aque­ les que (literalmente) “ensinam outra/ [diferente] doutrina”. Embora desejem “ser doutores da lei” (v. 7), não são mais do que ensinadores de inovações, isto é, daquilo que é alheio ao verdadeiro Evangelho. A polêmica de Paulo contra as heresias não é suficiente para identificar com certeza a doutrina a que está se opondo. Os mestres são amplamente descritos como aqueles dedicados a “fábulas ou genealogias in­ termináveis”. As fábulas e as genealogias intermináveis não estão ligadas somente aqui, mas também no helenismo (cultu­ ra grega), no judaísmo helenístico (juda­ ísmo influenciado pela cultura grega) e no gnosticismo (uma religião misteriosa em que a salvação era supostamente as­ segurada pelo conhecimento de segredos, tais como mitos e genealogias). O termo “fábulas” ou “mitos” ( mythos) poderia incluir narrações alegóricas, lendas ou ficção, ou seja, doutrinas espúrias em contraste com a verdade do Evangelho. Esta palavra era freqüentemente usada em um sentido pejorativo, denotando deste

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I TIMÓTEO 1 de expressões tríades nas Paste modo histórias falsas e tolas. A com po­ uma inclinação a uma linguagem c sição de histórias míticas baseadas no Antigo O amor ativo e o tratamento ca Testamento, agradou aos judeus daquele com os outros tem os seguinte? período (veja por exemplo, o Livro de quisitos: ter pureza na totalidade Jubileu). Os mitos eram também uma parte morais, ser sensível a ponto de integrante do ensino dos gnósticos, que a si mesmo e ter a fé que é li: tinham, por exemplo, versões alternati­ “uma fé não fingida” (isto é. vas da história da criação. crisia), mas sincera e que re No judaísmo pós-exílio existia um pro­ sistentemente, no amor a Deus e fundo interesse de cada pessoa em iden­ 1 .2 .1 .3 .0 E rro a que alj tificar sua linhagem através da árvore v ia ra m : O Falso Uso da Lei < genealógica, especialmente entre os ju­ característico identificar os o, deus que sobreviveram ao exílio babiprimeiras polêmicas cristãs lônico. Por exemplo, era necessário validar palavra grega tis/tines [plural] a linhagem de uma pessoa para que ela com o “certos” ou “alguns" pudesse servir no segundo templo sob “Alguns” perderam a marca a liderança de Esdras e Neemias (Ne as fontes virtuosas das quais 7.64,65). As “genealogias” tornaram-se (um coração puro, uma b c i motivo de controvérsias entre judeus cia e uma fé sincera). Frac e cristãos judeus. A con exão mais for­ do principal objetivo, e d es:te entre fábulas e genealogias está no desviaram do caminho c e n : gnosticismo. As interpretações gnósticas se para conversas im própria das genealogias do Antigo Testam en­ argumentos vazios. No estilo ■ to eram compreendidas de forma mítica, das Pastorais existe um ataquE e as especulações míticas sobre as enu­ te aos oponentes, mas pou ci m erações dos principados e da eterni­ ção sobre os mesmos. O v dade eram tem as centrais para a teo­ ar” ( ektrepo ) era às vezes usa logia gnóstica. O apóstolo chama es­ termo médico significando' tas genealogias de “intermináveis”, quer “ser deslocado”. A ab erracl: dizer, sem fim ou desenfreadas. destes falsos mestres era dol Os mestres preocupados com tais ques­ de Cristo. tões não trouxeram nenhum resultado Ainda que os hereges positivo para o povo. Não promoveram doutores da lei, eram comp: a “edificação de Deus” (literalmente, não qualificados, sendo que fizeram a obra de Deus como seus desteligência e conhecimento 1 penseiros, que edificaria o povo). A de­ lei” era uma expressão técnici voção a tais assuntos não ajuda o homem mo (cf. Lc 5.17; At 5.34). Estes' a realizar a obra que lhe foi confiada por do apóstolo buscavam re Deus como despenseiro. Ao invés disto, e posições oficiais por sua mim: “mais produzem questões” (isto é, espe­ culações, literalmente, “pesquisas que estão e demandas legalistas. Embora assem a fazer confiantes i completamente fora do caminho”). Estes termos são desdenhosamente emprega­ sistindo que estavam corre: 35 sando sua opinião em um dos como um antônimo de edificação. 1 .2 .1 .2 . A Identificação do Objetivo dogmático, mostram-se c acordo com a ênfase do :e~ r*: do Autor: O A m or (1 .5 ). Paulo contras­ nesta frase) incapazes de ta o propósito, finalidade, ou meta de suas I .2 .I .4 . A C orreção: O U instruções (pregações) com os resultados ado d a L e i ( 1 .8 - l l) . Pã ul das atividades dos falsos mestres. O ob­ benefício da lei é propor jetivo de Paulo é o amor que vem de “um apropriado e legítimo, isto é coração puro, e de uma boa consciência, estar de acordo com aquüo e de uma fé não fingida”. A prevalência


I TIMÓTEO 1 ;sso: a restrição ao mal. Desde que iremos como lei, a lei é algo excelenfcf. Rm 7.12,16). A lei funciona bem - do nós a respeitamos; contudo se a jigim os, esta nos condena. Paulo in’ 2 esta declaração como um princíreconhecido, com a frase “sabemos...” Alei não foi instituída em razão dos justos pouca relevância tem para eles — , mas j^jra os injustos. Paulo então lista quatorze diferentes de pessoas injustas (agra" sem quatro categorias duplas: “injustos inados”, “ímpios e pecadores”, “proe nreligiosos”, “parricidas e matricidas”; categorias simples: “homicidas, for­ res, sodomitas, roubadores de homentirosos e perjuros”). O apóstose caso, inclui todos os outros tipos adores como “contrários à sã [saluudável] doutrina”. Sua ordem primei~te se refere às pessoas culpadas de contra Deus, e àquelas que cometem s contra os outros. A partir do quarico na seqüência de Paulo, a lista coaproximadamente com o Decálogo. mundo antigo, as listas de virtudes e (catalogando tipos de comportamento e pecador) eram comuns (cf. Rml.31). habitual citar os crimes mais sérios e _muns em tais listas. O catálogo incluiqui parece ser uma adaptação cristã a lista judaico-helenística. is especificamente, as pessoas para a lei foi instituída são: sem lei; ueles que são insubordinados, incon­ táveis, independentes, indisciplinados e rebeldes; que não adoram a Deus, isto é, aqueles são ímpios, irreverentes; pecadores; eles para quem nada é santo, para quem existe nenhuma pureza interior; profanos, quer dizer, aqueles que se portam irreverente e desdenhosamente com as coisas de Deus; eles que matam seus pais (parricídio; 'almente, “assassinos de pais”, aqueles eliminam seus pais através da morte do desrespeito); eles que matam suas mães (matricidas); icidas;

10) adúlteros e fornicadores, ou seja, aquel­ es que praticam imoralidade sexual; 11) pervertidos, como sodomitas, homosse­ xuais (literalmente, “[homens] que têm re­ lações sexuais com outros homens” [cf. 1 Co 6.9D; 12) comerciantes de escravos (literalmente, “os que pegam um homem pelo pé”), in clusive todos aqueles que exploram ou­ tros homens ou mulheres para suas pró­ prias finalidades egoístas; 13) mentirosos; e 14) os perjuros, que prestam falso testemu­ nho, aqueles que mentem “contra [seu pró­ prio] juramento” de honestidade. Paulo conclui descrevendo a verdadeira fonte da sã doutrina: “o evangelho da glória do Deus bem-aventurado [bendito], que me foi confiado”. A primeira frase descreve o conteúdo e o caráter do Evangelho; a segunda, sua fonte; e no final, a relação de Paulo com este. 1.2.2. OTestemunho de Paulo: AGraça do Senhor para co m Paulo (1.12-17). 1 .2 .2 .1 .0 Senhor Designou o Após­ tolo ap esar de seu Passado (1 .1 2 ,1 3 a ). Paulo é grato a Cristo Jesus, que conce­ deu-lhe forças, por considerá-lo fiel e designá-lo ao ministério. A habilitação na graça é apreciada como uma chama­ da divina, sendo uma capacitação tão ne­ cessária quanto a comissão. Ainda que Paulo tenha plena consciência da respon­ sabilidade que tem para com a obra de Deus, está convencido da efetividade da graça de Cristo (veja 1 Co 10.15). Ele usa o tempo verbal aoristo “me tem confor­ tado”, recordando um tempo particular quando se tornou ciente deste crescen­ te fortalecimento (provavelmente implícito em 2 Co 12.7-10). Por ter sido julgado confiável, Paulo foi designado a servir como um apóstolo. Como em 1 Coríntios 15.9,10 e Gálatas 1.13-17, Paulo contrasta sua vida pré-cristã com sua vida cristã presente. Descreve sua antiga identidade como sendo um blas­ femo (que calunia e maldiz a Deus), um perseguidor (que procura as pessoas como um caçador) e um homem opressor, vio­ lento, sádico (do grego hybristes).

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I TIMÓTEO 1 declaração, o propósito da vinda de I era salvar, resgatar e libertar os p. dores (cf. 1 Jo 3.8b). Paulo então se identifica, não : tendo sido, mas com o sendo o piort pecadores (cf. 1 Co 15.9; Ef 3.8). bora esteja convencido de que a o libertou das penalidades prove» tes dos pecados cometidos no pasc adota uma posição de humildade memória e consciência do pecac-? presente, e neste sentido ainda se conhece com o um pecador. 1 .2 .2 .4 . U m E xem p lo Admirá 1 .2 .2 .2 . A M isericórdia C oncedida P a c iê n c ia de D eus ( 1 .1 6 ) . A sal­ ap esar da Ig n o rân cia e da In cred u li­ de Paulo tem como finalidade a c dade (1 .1 3 b ,1 4 ). Paulo se beneficia da a paciência ilimitada de Cristo Jesus distinção judaica entre pecados consci­ com outros candidatos à fé. O entes e inconscientes (Lv 22.14; Nm 15.22“mostrar” é uma forma intensificada 31). Não reivindica que seus atos de ig­ “apresentar”, como se apontasse o norância e incredulidade o tornem me­ indicadoraum objeto. Otermoemp^ nos culpado, porém menciona tais fatos para paciência aqui é makrothymia para explicar como seu perdão foi possí­ etim ologicamente significa a di§ii vel. Mas “a graça de nosso Senhor” não que Deus mantém de sua próprii tem fronteiras; aumenta até transbordar isto é, evitar a exteriorização de s u í e “superabundou”na vida de Paulo. A graça, sua longanimidade e clem ência. Cc por sua natureza, é completamente ime­ um exemplo para outros, Paulo é um recida; e, em sua medida, é extremamente tótipo da graça. É um paradigma r~ generosa. A bondade não merecida e a onário: único como apóstolo, porém ' capacitação divina foram abundantes na convertido a quem os piores pecai vida do apóstolo, e a fé e o amor foram res podem contemplar e ter espera*. os seus efeitos. 1 .2 .2 .5 . D o x o lo g ia (1 .1 7 ). Come 1 .2 .2 .3 Salvo a p e sa r de seus P e ca ­ outros exemplos nas Pastorais (1 Tm 2 ~ dos ( 1 .1 5 ) . Paulo insere a próxima de­ 5.21; 6.13-16; 2 Tm 1.9,10; 2.8; 4.1*. claração: “Esta é uma palavra fiel e dig­ apóstolo parece citar um material litú na de toda aceitação”, e concluindo com Desta vez, eleva-se a uma doxologia. uma aplicação pessoal, faz desta seu confissão de louvor a Deus, em que ar próprio testem unho. Sua estrutura quatro características ao Senhor: introdutória, “esta é uma palavra fiel”, 1) eternidade, permanecer para sempre aparece cinco vezes nas Pastorais (1 Tm 2) imortalidade, incormptibilidade, quer1.15; 3.1; 4.9; 2 Tm 2.11; Tt 3-8), e em imunidadeà decadência ou ao desfaleci. nenhuma outra parte do Novo Testamento. 3) invisibilidade; e Em cada uma destas ocasiões, está fra­ 4) singularidade, o único Deus existente se introduz uma declaração cristã fun­ O reconhecimento destas qualidades damental ou litúrgica (por exemplo, um vinas atribuem eterna honra e glória a De: fragmento de um hino [2 Tm 2.11-131, uma norma de fé [1 Tm 1.151, ou um 1 .2 .3 .O Encoraj am ento à Luta (1. aforismo ou provérbio [que se inicia em 2 0 ). O testemunho de Paulo em 1.18.1 4.8]), e afirma sua verdade (Kelly, 1963, leva-o a lembrarTimóteo do mandame 54). A própria declaração de que “Cris­ anteriormente dado em 1.3,4. Como ap< to Jesu s veio ao mundo, para salvar os adicional e encorajamento a seu jov: pecadores” era uma confissão comum amigo diante da responsabilidade que.1 entre os cristãos. De acordo com esta A palavra [hybristes] indica alguém que por orgulho e insolência deliberadamente maltrata, desdenha, humilha, faz o mal e fere outras pessoas pelo simples pra­ zer de ferir. Fala também de um trata­ mento premeditado que tem a finalidade de insultar e humilhar pública e aber­ tamente as pessoas. A palavra é usada em Romanos 1.30 para descrever um homem insolente e arrogante, e retra­ tar um dos pecados característicos do mundo pagão (Rienecker, 1980, 617).


I TIMÓTEO 2 diência com o rei” para apresentar uma havia sido atribuída, o apóstolo lembra petição. Esta palavra era regularmente Timóteo das profecias a seu respeito. Ele usada para rogar algo a um superior; espera que, inspirado por estas, Timóteo 2) “Orações” (proseuche), que é a palavra combata o bom combate conservando a comum para oração; :é e a boa consciência. 3) “Intercessôes”(enteuxis), outra palavra para Paulo cita então dois exemplos de falta petição ou intercessâo, que vem de umverbo refé. Os dois apóstatas, H im eneue Ale­ que significa “apelar para”; e xandre, são os pais infames da heresia 4) “Ações de graças” ( eucharístia), que é a orovavelmente as mesmas que foram palavra da qual vem o título litúrgico “eu­ mencionadas em 2 Tm 2.17; 4.14). Não caristia”, usado por alguns referindo-se à está exatam ente claro o que estes dois Ceia do Senhor. :.3mens rejeitaram, a que viraram suas O apóstolo faz menção especial da oração iDStas, ou o que repudiaram. O idioma pelas autoridades governamentais, expli­ prego o identifica por um pronome re­ cando seus propósitos ou resultados. A ativo singular feminino (traduzido como expressão traduzida como “os que estão 'essas” na NVI), cujo antecedente po­ em eminência” indica etimologicamente ria ser qualquer um dos seguintes “ter uma posição acima de...” Esta pode­ los : mandamento, instrução, obriria incluir todos aqueles que estão em o; combate, expedição militar, camproeminência ou os superiores. A descrição nha, guerra; a fé; ou uma boa consda efetividade destas orações inclui qua­ *ncia. O resultado da apostasia destro expressões para os tipos de vida a que - homens, porém, está claro: “fizeram a oração nos levará: ufrágio na fé ". Esta imagem é bastante 1) “quieta”, pacífica, tranqüila ou imperturbável; ida para Paulo, que por ocasião da 2) “sossegada” ou calma; Ta das Pastorais já havia sofrido quatro 3) “em toda a piedade” ou devoção religio­ frágios. Em cada ocasião perdeu tudo, sa, ou seja, tendo a atitude correta em re­ ;eto sua vida. lação a Deus, que é derivada do conheci­ Aresposta de Paulo foi severa: entregoumento verdadeiro de Deus; e a Satanás (cf. 1 Co 5.5). Satanás é um tutor 4) “[em toda] honestidade”, gravidade, seri­ nentador; o verbo “entregar” está mais 1 ~do à punição do que ã instrução. Devem edade ou dignidade, isto é, a seriedade moral que afeta o comportamento exterior e a nder a não caluniar ou blasfemar de intenção interior. ;, o que neste caso provavelmente se 2 .1 .2 .0 Fundam ento e a Bênção Tra­ a seu falso ensino ou à sua oposição zidos pela E x o rta çã o (2 .3 -7 ). mensagem do Evangelho. 2.1.2.1. A Vontade de Deus: A Salvação Organizando a Igreja: Princípios e o E sclarecim en to (2 .3 ,4 ). Paulo ex­ Gerais para a Edificação da Proble­ plica que a idéia da oração universal, por mática Igreja em Éfeso (2.1— 3-13) todas as pessoas, é boa (não somente agathos, “correta, praticável e moralmente 2 .1 . A O r a çã o p e l a P a z (2.1 -8) boa”, mas também kalos, “bonita e har­ moniosa — agradável aos olhos huma­ 2.1.1. Exortação a Orar pelaPaz (2.1,2). nos”) (Lock, 1973, 22-23) e agradável aos instruções de Paulo sobre a oração olhos de Deus. pam o primeiro lugar em sua agenA vontade de Deus, nosso Salvador, é íendo o assunto de maior importân“que todos os homens se salvem e venham Exorta com urgência que quatro tiao conhecimento da verdade”. Embora o ie oração devem ser oferecidos por texto grego tenha palavras que diferenci­ em “homem [pessoa do sexo masculino]” s as pessoas: edidos” ou “Deprecações” (deesis), isto (aner) de “ser humano [pessoa no senti­ é.petição ou intercessâo, derivada do verbo do genérico]” ( anthropos ), o texto da NVI que significa a felicidade de “ter uma au­ não distingue estas palavras em sua tra­ 1449


I TIMÓTEO 2 dução. Às vezes, isto pode dar aos leito­ res modernos uma impressão errada, já que não mais se lê “homem ou homens” de modo genérico. Um comentário cuidadoso ou uma consulta ao texto original torna­ rão este ponto mais claro para o leitor. 2 .1 .2 .2 . O P ap el de C risto: Sacrifí­ cio e Testem unho (2 .5 ,6 ). Paulo parece estar novamente fazendo citações. Ò texto original de 2.5,6 foi reconhecido como poético, sendo certificado como tal no Novo Testamento grego. Estes versos eram provavelmente um primitivo hino cris­ tão de cinco linhas: Porque há um só Deus e um só mediador entre Deus e os ho­ mens [ou humanidade, anthropon ], Jesus Cristo, homem [anthropos], o qual se deu a si mesmo em preço de redenção portodos [otermo “homens” não está presente no texto grego], para servir de testemunho a seu tempo. Este hino afirma a singularidade e a unidade de Deus como sustentada pelos judeus, então acrescenta a revelação cristã de Jesus Cristo como o mediador ou in­ termediário. Tal mediação foi possível pela encarnação e culminou na crucificação de Cristo, quando sua vida foi oferecida como o preço pago pela libertação daqueles que estavam escravizados. Tudo isso acon­ teceu no tempo ordenado por Deus. 2 .1 .2 .3 . A C ham ada de Paulo: Um P asto r e A póstolo (2 .7 ). Paulo foi en­ carregado de partilhar este testemunho com os gentios, como um “pregador” (ou arauto), “apóstolo”e “doutor”(ou ensinador). O arauto era alguém que trazia impor­ tantes notícias. Anunciava freqüentemente um evento atlético ou uma festa religi­ osa, ou funcionava como um mensageiro político, o portador de notícias ou or­ dens da corte do rei. Deveria ter uma voz forte e proclamar sua mensagem com vigor, sem demora e sem discuti-la. A qualidade mais importante do arauto consistia em ser um fiel representante ou divulgador da palavra daquele que o havia enviado. Não tinha a obrigação

de ser “original” ou criativo; deveria aM í um fiel portador da mensagem ce d » I trem (V. P. Fumish, citado em Riene -. ^»^ 1980, 619). Um apóstolo é “um enviado [co n -a l incumbência]”. Paulo novamente afinfl fortemente a legitimidade de seu apostai** 2 .1 .3 . O Desejo de que os H o c n O rem (2.8). Uma vez mais o apóstolo seu desejo de que os santos orem: vez, porém, em contraste com as o f a J vações que seguem este verso, especfll camente dirigidas às mulheres, os oifl tos da advertência imediata são os hccsa (plural de aner). A autoridade apc s: J ca está implícita na palavra traduzida com “quero”(expressando o desejo ou a v de alguém). “Santas” neste verso d ve mãos dadas a ações piedosas, p u rü « limpas conforme os mandamentos de D e i ao invés de serem mãos “ímpias”dedici ü à ira e às contendas. A atitude mais geral em relação à ora- -n ção na antigüidade para pagãos, judeus, j e cristãos era semelhante e consistia e~ i colocar-se de pé com as mãos estendi- ■ das e levantadas, com as palmas volta- -m das para cima. Os afrescos de pessoas * orando, por exemplo, nas catacumbas romanas, fornecem uma vivida ilustra­ ção da vida da igreja primitiva (Keilv 1963, 66).

2.2. A Vestimenta e o Estilo d e Vida d a s M ulheres (2.9-15 2 .2 .1 . D ar P referên cia ao Adorii Espiritual (2 .9 ,1 0 ). Uma tradução ral do texto grego inicia este verso co~ a frase “do mesmo modo as mulheres' — indicando aparentemente que as mulberes, assim como os homens, deveriam cxm, mas ao mesmo tempo deveriam ter cui­ dados em relação à sua aparência pesso* al. O desejo do apóstolo é que seu irzie (comportamento ou conduta) seja moceíai (isto é, decente, próprio, moderado) "conl pudor e m odéstia”. Estas duas rilri—a* condições levam a um sentido sexua_ q denotam uma reserva feminina, bem cc rj-_>


I TIMÓTEO 2

A Q u arta V ia g e m M is s io n á ria de P a u lo Aproxim adamente entre 62 e 68 d.C. Esíá claro a partir de Atos 13.1—21.17 que Paulo %ztrês viagens missionárias. Existem evidências rsra crermos que ele tenha feito uma quarta *agem após sua libertação do encarceramento *3nano, registrado em Atos 28. A conclusão de tal viagem tenha realmente acontecido ia-se no seguinte: " Na intenção declarada de Paulo de ir à Espanha (Rm 15.24,28); 2J Na declaração de Eusébio, de que Paulo tenha siüo libertado depois de seu primeiro encarceramento romano (História Eclesiástica 122.2-3); e IV Em declarações da literatura cristã primitiva :ue afirmam que o apóstolo levou o Evangelho a s a Espanha (Clemente de Roma, Epístola aos Zcóntios, cap. 5; Actus Petrí Vercellenses, caps.

1-3; Cânon Muratoriano, linhas 34-39). Os lugares que Paulo pode ter visitado após sua libertação da prisão são indicados por declarações de intenção expressas em seus escritos anteriores, e por menções subse­ qüentes nas Cartas Pastorais. A ordem de sua viagem não pode ser determinada com precisão, mas o itinerário apresentado a seguir parece provável.

repugnância moral a fazer o que é desonroso. Referem-se ao aperfeiçoamento Io domínio próprio, do controle dos ipetites, ao pleno governo interior que é capaz de colocar rédeas em todas as ~£ixões e desejos. Paulo passa então a ser mais específico, Esencorajando as mulheres de usarem estilos irados de cabelos, jóias de ouro ou pérolas, pas caras. Era notório que tanto as judias .o as mulheres gentílicas gostavam de isto. As pérolas eram os adornos mais is (custando aproximadamente o triplo valor do ouro). As mulheres usavam-nas decoraros cabelos, orelhas, dedos, roupas, é sandálias. “A ostentação na vestimenta freqüentemente considerada um sinal promiscuidade no mundo antigo [espe­ r t e entre os cristãos], tais gastos, tão ndes, eram considerados injustificados razão da difícil situação dos pobres” roeger e Kroeger, 1992, 75). O adorno apropriado de uma mulher professa reverência a Deus são suas s obras”, seu comportamento fiel. A deira beleza não é uma questão de oração exterior, e sim de virtudes in>res, que iniciam ações santas.

1. Roma: libertação da prisão, 62 d.C. 2. Espanha: 62-64 (Rm 15.24,28) 3. Creta: 64-65 (Tt 1.5) 4. Mileto: 65 (2 Tm 4.20) 5. Colossos: 66 (Fm 22) 6. Éfeso: 66(1 Tm 1.3) 7. Filipos: 66 (Fp 2.23,24; 1 Tm 1.3) 8. Nicópolis: 66-67 (Tt 3.12) 9. Roma: 67 10. Martírio: 67-68

2 .2.2. A O rdem de E n sinar às Mulhe­ res (2 .1 1 ). Neste versículo, Paulo muda de foco, passa a dar mais importância ao fato de que as mulheres devem estudar a Palavra de Deus, e não somente ter uma vida de oração. Está claro que o apóstolo deseja que as mulheres na igreja apren­ dam (cf. 1 Co 14.35a). No período roma­ no, fora da aristocracia, a maioria das mulheres, judias ou gentílicas, eram pri­ vadas da educação. A situação não era muito melhor no mundo religioso: não era per­ mitido que as gentílicas participassem da religião oficial do Estado grego e roma­ no, e as judias eram impedidas de estu­ dar a Torá e não podiam ser incluídas no quorum da sinagoga. Entretanto, as ordens de Paulo estabelecem um padrão diferente para o cristianismo: “A mulher aprenda... ” (literalmente, “que a mulher seja discipulada [:m anthano] ou ensinada”). O Antigo Testamento defendia que se fizesse silêncio na presença do Senhor (Sl 46.10; Is 41.1; Hc 2.20; Zc 2.13). Tal atitu­ de provavelmente tivesse a finalidade de auxiliar o aprendizado. Até mesmo os estudiosos rabínicos deveriam aprender em silêncio, que era entendido como uma

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I TIMÓTEO 2 parede ao redor da sabedoria. Por três vezes ensinar, ao contrário, às mulheres a Septuaginta (a tradução grega do Anti­ permissão, nem para authentein go Testamento) acrescenta a “sujeição” ao mem, mas que esteja em silêncio’ : “silêncio” de acordo com o Antigo Testa­ 3) O desafio gramatical é compor suas mento hebraico (Sl 37.7; 62.1,5). O silên­ umtexto com duas partículas negajiH cio e a submissão eram considerados estados e oude ) e três infinitivos (d ? de absoluta receptividade. authentein e einai)-, A conduta que Paulo exigiu das estudantes 4) Os versos seguintes à injunção ou discípulas (silêncio e completa submis­ levantam questões adicionais: (a) são, veja w . 11b,12b) nos faz relembrar a a referência à ordem na criação? (b) situação problemática que havia em Éfeso. a explicação do engano e da transg. Os falsos mestres infiltraram seus ensinos (c) Por que a conexão entre a pervertidos entre as mulheres, provavelmente “dar à luz” filhos? porque a verdade não lhes havia sido ensi­ 5) Mais significativamente, a inte nada pela igreja. Portanto, o apóstolo de­ tradicional (isto é, proibindo que sejou equipar estas mulheres com o conhe­ lheres liderem) torna as palavras cimento da verdade, de forma que pudes­ lo contraditórias em vista de sua sem se opor aos erros. Sua ordem em 2.11, de afirmar a liderança cristã das para que as mulheres aprendessem, representa em outras passagens. a correção dos enos divulgados pelos obreiros O verso começa com a palavra d; tolos de 2 Timóteo 3-6,7, que “aprendem “ensinar”. As Pastorais dão grande sempre e nunca podem chegar ao conhe­ se ao ensino, porque somente o cimento da verdade”. preciso poderia combater as falsas 2 .2 .3 . A O rdem p a ra que as M ulhe­ trinas em Éfeso. É claro que de res Estejam em Silêncio (2 .1 2 ). A pró­ maneira as mulheres estavam env xima oração foi interpretada por muitos no falso ensino (lT m 4 .7 ; 5.11-13 como uma denúncia inequívoca do apóstolo 3.6,7; Tt 1.11). Ainda assim, Paulo nãc contra a liderança feminina, sua proibi­ completamente a liderança das mu ção absoluta de colocar uma mulher em Em outras passagens nas Pastorais, uma posição de autoridade superior a um uma visão positiva relativa ao enr homem. Tal interpretação tem trazido mulheres (veja 2 Tm 1.5; 3.14,15; 4 1 perplexidade aos cristãos que crêem no At 18.26b). Além das Pastorais, o Evangelho de uma forma completa, e que Testamento contém numerosas afi nas cartas de Paulo sobre as mulh reconhecem o Espírito Santo como sen­ do o capacitador dos homens e mulhe­ ministério (Rm 16.1,2,3-5,6,7,12: Fr res para a liderança cristã, conforme a Note também que o próprio ap í promessa relatada por Jo el (2.28-32) e em sua ausência, deixou Priscila e / cumprida no dia de Pentecostes (At 2.17pastoreando os primeiros crentes 21). Como se pode conciliar as duas de­ dade de Éfeso (At 18.19). Era ta clarações bíblicas, a saber, a promessa (e conhecido que Priscila e seu mari seu cumprimento) e a proibição? sinaram o eloqüente pastor alexar Está claro que esta passagem apresenta (um homem) chamado Apoio (At 1 desafios especiais para os intérpretes:1 Paulo havia elogiado esta mulher 1) O verbo authenteo (que na NVI é traduzi­ tre e cooperadora na liderança da do como “ter autoridade sobre”) não está em Éfeso, que ainda estava viva e d e i de grande apreço no momento em claro. E já que esta palavra ocorre somen­ te uma vez em todo o Novo Testamento, as Pastorais foram escritas (Rm 16.3 e não consta na Septuaginta, devemos buscar Tm 4.19). O contexto histórico, recursos fora das Escrituras para discernir to, esclarece que o apóstolo não p seu significado; o ensino feminino (como alguns int 2) A ordem da frase que contém a palavra é taram este texto), mas proibiu que incomum; uma tradução literal seria: “Para nassem falsas doutrinas, da mesma 1452


I TIMÓTEO 2 aeira que os textos em 1 Timóteo 1.3,4 e Tito 1.9-14 proíbem o falso ensino de outros hereges. (Ôs versos seguintes [isto é, 1 Tm 2.13-15] revelam a natureza do ensino herético que Paulo proibiu.) O maior desafio para se interpretar 1 Timóteo 2.12 está no significado do se­ gundo infinitivo, o verbo raro authenteo (que é a forma infinitiva de authen tein ). Ainda que o seu significado, “ter autori­ dade sobre”, tenha sido tradicionalmen­ te aceito neste contexto, tal tradução é seriamente contestada hoje por estudio­ sos conservadores que realizaram uma extensa pesquisa sobre o uso da palavra :ora do Novo Testamento. A gama dos significados de authenteo inclui o seguinte: 1) começar algo ou ser responsável por uma : condição ou ação; 2) impor regras ou dominar; 5 usurpar o poder ou os direitos de outra pessoa; e 4 ) reivindicar propriedade, soberania, ouautoria ■ (Kroeger e Kroeger, 1992, 84). Os Kroegers oferecem duas traduções alternativas que levam em conta a ordem íncomum das palavras no verso, seus desafios gramaticais, seu contexto histó­ rico e a pesquisa léxica mais recente desta palavra: li) “Não permito que uma mulher ensine nem F se apresente como originador do homem” ^ (ibid., 103); e il> “Não permito que uma mulher ensine que é o originador do homem” (ibid., 191-192). Tal ensino (de que Eva foi criada priiro e que ela originou Adão) era uma s versões dos gnósticos a respeito da 'ação. Neste verso, Paulo está proibinque as mulheres ensinem tal heresia. Uma vez que tal interpretação não con­ terá 1 Timóteo 2.12 como uma proibicontra todo o ensino e autoridade das ilheres no ministério, é consistente com demais afirmações de Paulo a respeiliderança das mulheres. Observe tamcomo esta interpretação é clara no ..jtexto dos versos que se seguem. 2.2.4. A O rdem da C riação É Reite(2.13). Depois de Paulo proibir o ensino e aspecto de heresia dos gnósticos, declara visão ortodoxa relativa à cronologia da

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criação. Enfatiza a descrição contida em Gênesis e afirma definitivamente: “... pri­ meiro foi formado Adão, depois Eva”. 2.2.5. A Explicação da Queda em Pe­ cad o (2 .1 4 ). Outro mito dos gnósticos ensinava que a tentação da serpente não resultou no pecado, mas no esclarecimento, e que foi Eva, ao compartilhar o fruto, quem trouxe a luz a Adão. Para corrigir tal he­ resia, Paulo é obrigado a explicar a que­ da, como Eva foi enganada, e a primeira transgressão. 2 .2 .6 . A E sp e ra n ça de sua Salvação É A n unciada ( 2 .1 5 ). O apóstolo con­ clui o assunto prometendo a salvação para as mulheres, se permanecerem em sua missão de mãe “com modéstia na fé, na caridade (ou amor) e na santificação”. Os mitos dos gnósticos continham um en­ sino elaborado sobre uma suposta dis­ seminação, de acordo com o qual cada um de seus descendentes, ao nascer, recebia partículas da luz divina do primeiro ca­ sal, que fora dotado destas partículas na criação. Toda geração subseqüente dis­ tribui suas partículas de luz entre sua descendência. Após a morte, quando um indivíduo gnóstico procurar realizar a viagem celestial, deixando este planeta material, estará proibido de deixar a terra até que todas as suas partículas de luz sejam reunidas. Se, tendo filhos, as par­ tículas de luz de uma mulher gnóstica tiverem sido passadas a outros, ela esta­ rá presa na terra até a morte de toda a geração de seus descendentes; quando todas as suas partículas de luz poderão ser novamente reunidas. Em outras palavras, de acordo com o ensino gnóstico, a salvação eterna tornou-se com­ pletamente impossível àqueles que têmfilhos. Esta era possivelmente a razão pela qual os falsos mestres em Éfeso estavam proibin­ do o casamento (4.3). “Alguns textos gnósticos condenavam ter filhos, e outros chegavam até mesmo a afirmar que era impossível uma mulher alcançara vida etema”(Kroeger, Evans e Storkey, 1995, 442). Deste modo, Paulo corrige este ensino errôneo, prometendo assim a salvação a estas mulheres — ainda que tivessem filhos — , caso vivessem uma vida de santidade cristã.

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I TIMÓTEO 3 A interpretação correta desta passagem põe um fim à falsa alegação de que a tra­ dicional permissão do ministério e da li­ derança exercida pelas mulheres nos círculos pentecostais e carismáticos, onde se crê no evangelho como um todo, (e a aceita­ ção contemporânea do ministério femi­ nino em importantes denominações) seja uma violação das Escrituras. Assim como Pedro, que no dia de Pentecostes prometeu que nestes últimos dias o Espírito de Deus capacitaria os homens e as mulheres para o ministério (At 2.16-18), e da mesma maneira Paulo reconheceu que em Cristo as dis­ tinções sexuais são irrelevantes (G13.28), esta passagem também não proíbe que os homens sejam ensinados pelas mulheres no exercício de sua liderança espiritual. Antes, o apóstolo está confrontando um problema local específico em Éfeso, si­ lenciando os falsos ensinadores, e refu­ tando os falsos ensinos.

2.3■ S o b re os B isp os (3 -1 -7 ) 2.3-1. As Aspirações àL iderança São Ratificadas (3 .1 ). O apóstolo volta sua atenção especificamente às posições de liderança na igreja, citando outro provérbio aparentemente famoso. Já naquele tem­ po, a igreja primitiva tinha uma coleção de curtas declarações ( logia ), de modo resumido, porções memoráveis de verdades comumente sustentadas pelos crentes. Tais expressões existiram antes do tempo da composição das Pastorais, e como reco­ nhecimento de sua aceitação geral foram introduzidas em forma de citação como vemos aqui: “Esta é uma palavra fiel... ” (veja comentários sobre 1.15). Esta declaração cristã valida a aspira­ ção que um crente possa ter de servir à igreja em uma posição de liderança ou supervisão. Qualquer crente que tenha esta aspiração, homem ou mulher (a palavra tis inclui ambos os gêneros), certamente deseja fazer um bom trabalho, desempenharuma tarefa nobre. Ao citar este logion* o apóstolo recomenda o ofício do bispo a qualquer pessoa que tenha as qualifi­ cações que se seguem (w . 2-7).

As responsabilidades dos supemsq|B superintendentes ou bispos (episkopes O fl , longe de ser claras neste período pod tivo da Igreja. O título parece ser e c n jl lente ao de ancião ou presbítero (p re sb iia j (5.17; Tt 1.5), embora pouco seja c c c a í cido sobre as funções que desempeni vam. O papel dos oficiais da igreja era e flexível na época do Novo T e sta m e a J Até o período patrístico primitivo, tais ainda não haviam sido padroniza regulamentadas. 2 .3 -2 .0 Estabelecim ento das ficaçõesdaüderança(3.2-7).Pauic raosB sua discussão sobre as condições e x ;a a S aos candidatos à liderança da igreja uma lista consecutiva de doze qi: ções simples (w . 2,3), seguidas pcc ■ requisitos, cada um destes acompaniíuta por uma base lógica (w . 4-7). É im pcnai* notar que a lista inteira é estmturaoa rdh que é chamado de inclusio, um disoirf vo literário de parêntesis ou colcheie-s torno de um assunto particular. O r — ro requisito (v. 2a) é que o bispe 'sq p inepreensível”; e oúltimo (v. 7), é que le a lM bom testemunho dos que estão de :ac4w Logo o assunto como um todo ■ — as jo m lificações para os líderes da igreja — r i completamente envolvido por sua in^pi* tância, que é superior à repreensãc Esta não é uma lista de requisitas pirituais — nenhum dos itens é espedl camente cristão. Também não é uma crição das responsabilidades ou a i i n ções dos bispos. Antes, os itens r e f e a e os mais elevados ideais da filosofia c ral helenística. A lista sugere que o : ar portamento dos falsos mestres estava^j vando o Evangelho à perda de credibilíoa^J “Portanto, Paulo não está somente r r t* cupado com os bispos, a fim de q u e » l tes tenham virtudes cristãs (assume-se^ antemão que as tenham), mas que ~-n» bém reflitam os mais elevados ideaa- H cultura” (Fee, 1988, 78-79). As listas a qualificações eram comuns na antigú:._. ■ em meio aos gregos, romanos e ju a o s l O padrão de líderes “irrepreensíveis' -at amplamente difundido no mundo •• -nu “Paulo, reconhecendo os desafios q u e a cristãos enfrentavam já no início dc rc*

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I TIMÓTEO 3 conceito demonstrado pelo mundo, es­ tava determinado a sobrepujar os padrões da moralidade do mundo, não deixando r je os escândalos maculassem a reputa­ ção da igreja” (Keener, 1991, 87). I Aprimeira e mais importante qualificação, - então, é que os bispos tenham um caráter excelente, isto é, que sejam irrepreensíveis. Xunca deveria ser possível (literalmente) "surpreender um bispo” fora dos limites da integridade. I Apróxima qualificação — que o bispo seja "marido de uma mulher”(não existe o termo "mas” no texto grego, como traduzido na NVI) — é fácil traduzir, porém é difícil interpretar. Três questões estão envolvi­ das: (a) Será que o apóstolo está conde­ nando o divórcio, a poligamia, oconcubinato, ou qualquer outra coisa? (b) Será que o apóstolo está exigindo que os bispos seúm casados, refutando aqueles que dizi­ am que não se deveria casar? (c) Será que o apóstolo está exigindo que os bispos sejam homens e não mulheres? a) A primeira destas questões— “marido uma mulher” — é: Ó que queria dizer d o de uma mulher” no século I? A retação tradicional toma a frase como ndo dizer “marido de uma só esposa nte sua vida”, às vezes acrescentanmenos que ela mona”. Tal interpretação qualificações permite que as pessoe se casam novamente após a morcônjuge tenham a oportunidade de r na liderança da igreja, mas proíbe aqueles que se casaram após um '_rio se candidatem à liderança. Aqueles :rêem em todo o Evangelho mantêm elevada visão da permanência do ento e querem que seus líderes sejam pios do mesmo. Também mantêm elevada visão da graça de Deus e ~m que suas práticas demonstrem a em ação. Conseqüentemente, as ces sobre este texto foram tão grandes as congregações carismáticas e as tinações pentecostais se dividiram eito da interpretação e da aplicate requisito para os líderes das igrejas, sunto torna-se especialmente como quando o candidato à liderança ia se enquadra em uma das seguintes

categorias: se o divórcio e o novo casa­ mento aconteceram antes da conversão, ou se o crente era a “parte inocente” em um divórcio (isto é, se o casamento foi terminado em bases bíblicas). Jesus per­ mitiu o divórcio nos casos em que um dos cônjuges fosse infiel (Mt 5.31,32), e entende-se que Paulo permitiu o divórcio se um dos cônjuges abandonasse o lar (1 Co 7.15). O assunto é ainda mais compli­ cado quando já tem ocorrido uma anula­ ção eclesiástica (para o que não existe nenhuma citação nas Escrituras, no Novo Testamento). Algumas igrejas reconhecem que o adultério e a deserção são bases bíblicas para o divórcio, mas em nenhum caso permitem um novo casamento. Seu apoio é que (i) nem em Marcos 10.11,12 nem em Lucas 16.18 a declaração dejesus sobre o divórcio foi qualificada como uma “cláusula de exceção” (cf. Mt 5.31,32) — isto é, que todo novo casamento constitui um adul­ tério; e (ii) que Paulo subordina sua ex­ ceção ao decreto de divórcio proferido por Cristo, como uma idéia própria e não do Senhor (cf. 1 Co 7.10-16; parece que Paulo desconhece qualquer exceção por parte de Cristo). Outras igrejas permitem o novo casamento no caso de pessoas que experim entaram o divórcio em bases bíblicas. Sua lógica é que o propósito do divórcio antigo era como uma sanção legal para o novo matrimônio. O contexto de nosso mundo moder­ no e o rápido aumento do índice de di­ vórcios (tanto fora como dentro da igre­ ja) nos chamam a discutir este texto. Tal­ vez o contexto do mundo antigo e sua estrutura familiar e social possam elucidar 0 assunto. O que significava “marido de uma mulher” para os leitores originais de 1 Timóteo, para os judeus e para os pa­ gãos? Que advertência específica, naquele contexto cultural, o apóstolo Paulo quis dar aos candidatos à liderança cristã para que fossem moralmente irrepreensíveis? Referia-se ao divórcio, à poligamia, ao concubinato, ou a qualquer outra coisa? O divórcio era uma trivialidade no século I entre os pagãos. O judaísmo também permitiu o divórcio em muitas outras si­

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I TIMÓTEO 3 bém nas qualificações para o diá tuações, tornando fácil que um marido 1 Timóteo 3-12, tem sua contra se divorciasse de sua esposa (veja Mt 19-3,' expressão “mulher de um só maridc' onde os fariseus perguntam a Jesus se o de rodapé da NVI), encontrada divórcio poderia acontecer “por qualquer lificações para as viúvas que estâ: motivo”; e 19-10, onde até os próprios litadas a receberem o apoio fina discípulos de Jesus ficaram chocados pela igreja em 1 Timóteo 5. A estnr severidade de sua resposta). Keener diz: qualificações de Paulo para as viúv “É quase impossível que [Paulo] esteja velhas (5.3-16) é notavelmente se~ se referindo ao novo casamento de ho­ às qualificações do apóstolo pari mens divorciados, porque ninguém na mens mais velhos, ou bispos (5 1 antigüidade, judeu ou greco-rom ano, Parece que estas viúvas tiveram trataria com desprezo o novo matrimô­ gar no ministério e foram honra nio do hom em ” ([a ênfase é do próprio sempenhando um trabalho de Keener], Keener, 1991, 100). recebendo, de certa forma, um paf A poligamia era contrária à lei roma­ por este (cf. w . 5,9-16). na, contudo, oficialmente legal no juda­ Tanto a palavra latina univira c ísmo palestino. Todavia, em meio aos judeus palavra grega m onandros signifi a monogamia era a norma mais aceita. Uma posa] de um só marido” (liter vez que a poligamia não era praticada nem “mulher de um só homem”), sei pelos judeus fora da Palestina, nem pe­ mos atribuídos não somente a vi los gregos na Ásia Menor, parece impro­ éis ao Senhor, mas também enc vável que Paulo esteja escrevendo uma com o inscrições funerárias de proscrição contra tal prática aos líderes romanas virtuosas, honradas pelos da igreja em Éfeso. dos que viveram mais que elas. A er^ Ainda que o concubinato não fosse uma “mulher de um só marido”fala de prática habitual, não era desconhecido no que cumpriram o ideal “de: um sc século I do mundo greco-romano. Sabiado”que havia na antigüidade, e que r* se.que os soldados, que não podiam se em: (a) casarem-se somente uma casar oficialmente até que seu tempo de (b) serem absolutamente fiéis a ~ serviço militar fosse cumprido (um lon­ co marido por toda a vida. “A ênf: go período de vinte anos), praticavam tal cion al da expressão está na fideli ato. Embora 1 Timóteo 3-2 possa estâr esposa, como uma boa esposa du proibindo o concubinato, esta prática otem po do casamento... [Ela] foifiei provavelmente não era comum o bastante marido, nunca tendo interesse por em Éfeso para merecer uma proibição. O propósito das qualificações para os homem durante seu matrimônio'' ( se de Keener], Keener, 1991,95). líderes da igreja era manter a reputação a NVI traduz a “mulher de um só daqueles que estivessem no ministério, em 1 Timóteo 5.9 como uma viúva evitando que pudessem ser repreendidos “foi fiel a seu marido”. Já que a arpelos que estavamfora da igreja. Se o divórcio dade não assegurou aos homens um era socialmente aceitável no momento da “de uma só esposa”, quando a ex p r escrita do Novo Testamento, se a poliga­ é usada no masculino, “homem de mia não era praticada em Éfeso, e se o só mulher” (isto é, “marido de u concubinato era incomum, qual compor­ lher’ ) -;cífere-se ao cônjuge fiel e l tamento era considerado escandaloso na nunca se interessou por outra mu estrutura social do século I, pelo qual o decorrer de todo o seu casamentc apóstolo Paulo excluía os candidatos ao ministério da igreja? Existem esclarecimentos O casamento com um único côh adicionais no texto? por toda a vida nunca é aplicado A expressão “marido de uma mulher” líderes no mundo antigo como um encontrada entre as qualificações do bispo requisito; não é nem um elogio freqí em 1 Timóteo 3.2 e Tito 1.6, como tam­ 1456


I TIMÓTEO 3 aos homens (que naquela cultura pre­ encheram a maior parte dos papéis de liderança), sendo reservado mais fre­ qüentemente às mulheres. O ideal de fidelidade matrimonial, porém, é muitas vezes exigido aos líderes... Na antigüi­ dade, ter a casa em ordem era, habi­ tualmente, um padrão para a lideran­ ça (ibid., 95).

• Há uma falta de consenso sobre o signifi­ cado da expressão traduzida como “mari­ do de uma mulher”; e • E importante exercitar uma natureza sen­ sível no modo de proceder, assim como Cristo agiria em relação às pessoas envol­ vidas em situações matrimoniais infelizes.

k “O que era ridicularizado nesta cultu­ ra? O divórcio sucessivo, a bigamia (in­ clusive manter uma concubina além do casamento), e a infidelidade matrimoni­ al'' ([ênfase de Keener], ibid., 100-101) - Um candidato à liderança da igreja «vendo uma vida moralmente desregrada, escandalizaria a reputação da igreja (como era o caso em Corinto, 1 Co 5). Note como profeta Natã lamentou que a imoralide sexual do rei Davi tenha dado aos rim igos do Senhor uma causa pela qual “íasfemar (2 Sm 12.14). Se K eener estiver correto, esta quaicação para os bispos (diáconos e vi_as) significa fidelidade matrimonial, forma que o verdadeiro enfoque do 'sto lo está na moralidade sexual dos ndidatos à liderança da igreja. Tal inrpretação sugere que Paulo possa san~nar a liderança de alguém que tenha 'o vitimado pelo divórcio, enquanto qualifique a liderança dos crentes que já foram sexualm ente infiéis para com is cônjuges (deste modo, talvez, proido a restauração do ministério dos cres que decaíram moralmente, já que varam não ser “marido de uma mux”). Se a tradução da NVI — da conparte feminina da expressão — for licada de modo consistente, então esta ilificação para os bispos (3.2; Tt 1.6) ' ^ a os diáconos (1 Tm 3.12) seria: “serem s a seus cônjuges”. Em resumo, a interpretação e a apli­ co do critério a um bispo que seja “marido uma mulher” é um assunto difícil por s razões significativas: Deus tem uma elevada consideração pe­ los que permanecem no casamento (cf. Ml 116; Mt 19.6b; Mc 10.9);

A poligamia e o concubinato não pa­ recem ser o ponto crucial das instruções de Paulo aqui; porém ainda se discute se é o novo casamento após o divórcio ou a infidelidade matrimonial que desqualifica alguém do exercício destas funções. Cada denominação evangélica, e cada congre­ gação independente deve, em oração, discutir e estabelecer a questão. Em tais casos de incerteza teológica ou prática, nosso Senhor deu à igreja a autoridade para tomar decisões; e embora os dife­ rentes grupos possam chegar a conclu­ sões diferentes, Cristo comprometeu-se a honrar as decisões tomadas por seus re­ presentantes (Mt 16.19; 18.18,19). Nossa atitude deve ser como a de nosso Senhor — respeitar o julgamento de outros cren­ tes quanto a assuntos controvertidos, ainda que possam diferir de nossas próprias conclusões (Compare o conselho do após­ tolo em relação às diferenças de convic­ ções em outros assuntos morais importantes do século I, como comer a carne sacrificada a ídolos [Rm 14.1-23; 1 Co 8.1-13D. (b) A segunda questão da interpreta­ ção desta passagem — de um bispo ser “marido de uma mulher”— é que o apóstolo esteja exigindo que os líderes da igreja (bispos em 3.2 [cf. Tt 1.6], diáconos em 3 1 2 e vi­ úvas em 5.9) sejam casados, de forma oposta àqueles que nunca se casaram. No contexto local específico de Éfeso e Creta (século I), é possível que Paulo estivesse definindo que o matrimônio fosse preferível para os líderes da igreja. Os casamentos destes líderes locais seriam um testemunho de que rejeitaram o fal­ so ensino que proibia o casamento, uma atitude que o apóstolo está combaten­ do nas Cartas Pastorais (veja 4.3). A pre­ sença de tal heresia no contexto históri­ co desta carta pode contribuir também para o encorajamento de Paulo às viú­

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I TIMÓTEO 3 vas mais jovens para que se casem no­ zes na lista de qualificações, si vamente, e para sua especificação de que mente porque não existe um p somente as mulheres “de um só marido” genérico para a terceira pessoa (isto é, viúvas, não sim plesm enté as guiar no idioma inglês. Seria ~ mulheres mais velhas) fizessem parte do ro traduzir a lista como qualificaç' grupo de cooperadores que recebem os bispos (no plural), de forma, salários da igreja. “Pode ser que aque­ pronome do gênero neutro da t las que ocupavam posições de honra na pessoa do plural, “eles”, pudesse sc. igreja precisassem ter sido anteriormente O texto grego original, porém ( casadas, a fim de serem um exem plo no singular), inclui ambos os g ' contrário à retórica dos falsos mestres que O apóstolo poderia facilmente tè rejeitavam o casam ento” (Keener, 1991, pecificado como masculino, cc 92). Contudo, ainda que este seja o sig­ em 1 Tim óteo 2.8, mas escolheu nificado aqui, esta qualificação não era gênero neutro ao referir-se aos ’ um requisito universal para os líderes da Tendo em vista que Paulo eL igreja, mas um exemplo de que os repre­ liderança espiritual das mulheres sentantes de Cristo devem estar acima de como Febe (descrita literalmente qualquer repreensão por parte daque­ “... nossa irmã, a qual serve [miir les que estão fora da igreja, como na si­ igreja que está em Cencréia”, Rm 1 tuação cultural específica de Éfeso. O ca­ Junia (uma mulher que fazia umtr; samento certamente não era uma quali­ notável em meio aos apóstolos. Rn: ficação obrigatória para a liderança cristã. e Priscila, que juntamente com _A Provavelmente Timóteo fosse solteiro; foi encarregada de liderar a jovem Barnabé não tinha esposa (1 Co 9.1-5); gregação em Éfeso (At 18.19), nã: o próprio Paulo era solteiro (1 Co 7.7,8); vável que o apóstolo considerai — e nosso Senhor nunca foi casado. Ainda somente os homens pudessem que o apóstolo estivesse sugerindo que penhar o ministério em Éfeso ou em os bispos e diáconos em Éfeso (e Creta) quer outro lugar. devessem ser casados, tal qualificação não As próximas três qualificações seria obrigatória para os líderes cristãos so 2 são semelhantes (NVI): em outras situações. 3) Temperança ou moderação; (c) A questão final da interpretação da 4) Autocontrole ou sensibilidade; e qualificação de um bispo ser “marido de 5) Respeitabilidade ou bom compo uma mulher” é: Será que o apóstolo está A temperança é freqüentemenir exigindo que os bispos sejam homens e com relação a bebidas alcoólicas.: não mulheres? Novamente, nesta colocação uma vez que o versículo 3 trata específica é possível que Paulo possa estar ficam ente de não ser “dado ao v ordenando requisitos singulares para é mais provável que o termo u sac; combater problemas locais. Em um local tenha um sentido mais amplo, r.*. onde os falsos mestres tiveram um sucesso rico, isto é, “livre de toda forma especial em meio às mulheres ignoran­ cesso, paixão, ou p recip itação! tes (Keener, 1992, 111-112), o apóstolo modo, o ministro deve ter plena pode estar sugerindo que os bispos de­ ciência, uma mente sóbria e servi vessem ser homens. Entretanto, ainda que As duas qualificações posteriores tal hipótese seja possível, não é provável juntam ente em listas éticas de e-r — a maioria dos falsos mestres parece seculares, como os elevados ideaã realmente ter sido formada por homens. comportamento exigidos para o c ; Quando Paulo iniciou o assunto re­ penho de várias ocupações. Fa’^rr lacionado aos bispos, não especificou caráter interior e do com porta o gênero de tais líderes, mas usou a ex­ exterior — a vida particular bem pressão genérica “se alguém deseja”. A nizada da qual emana o cumpri NVI usa o pronome masculino dez ve­ bem ordenado de todos os deverei 1458


I TIMÓTEO 3 É necessário que o bispo seja “hospitajero ” (v. 2), outra virtude grega. A hos­ pitalidade é um dever de todos os crene s individualmente (5.10) e de toda a igreja arletivamente (Rm 12.13; 1 Pe 4.9; 3 Jo i no entanto, encontra sua expressão 3ais alta nos bispos que são descritos ncs primeiros escritos cristãos como as r*. ores que abrigam as ovelhas, sendo merecedores de especial louvor pelo papel que desempenham (1 Ciem 1.2,10,11). Ona bênção especial acompanha este miirstério (Hb 13.2). A hospitalidade no Novo Testamento ;5 do que divertir os amigos, parenvizinhos, ou ter convidados para o uma vez por semana. Refere-se à ira de nossa casa para aqueles que desconhecidos ou diferentes de nós s. O adjetivo “hospitaleiro” signilmente, “amar os estranhos”. Refereitenção para com os necessitados na egação e na comunidade, e a hosem casa ministros que estão viajando, '" lmente aqueles que vivem em outras .ades. igreja primitiva não poderia ter so'ido sem a prática desta virtude. Na antigüidade quando se viajava, era ral encontrar alguém do próprio país comérciodo viajante, que alegremente eceria acomodações durante a noite, pousadas cobravam preços injustante altos e normalmente funcionacomo bordéis; então os viajantes freqüência levavam consigo cartas recomendação, pois assim seriam bidos pelos amigos de seus amigos conhecidos em outras cidades. Isto acontecia especialmente com viajantes judeus, que se recusavam spedar-se em um bordel, se tivessem as alternativas disponíveis. As casas J e funcionavam as sinagogas e as olas poderiam ser usadas para este pósito, mas era melhor se hospena casa de um anfitrião. Parece que apropriado o anfitrião insistir para e o convidado ficasse, permitindopartir somente se este insistisse, ulo usufruiu freqüentemente des­

te costume em suas próprias viagens. Embora a virtude deste tipo de hos­ pitalidade devesse ser praticada em to­ das as culturas, provavelmente apare­ ce na lista de Paulo por ser um sinal de grande respeitabilidade naquela cultu­ ra (Keener, 1991, 97). 7) “Convém, pois, que o bispo seja... apto para ensinar” (v. 2). O ensino é conside­ rado um dom espiritual no NovoTestamento (cf. Rm 12.7; 1 Co 12.28,29; Ef 4.11). Os líderes devem se identificar com o grupo de presbíteros da congregação que se ocupam com a pregação e o ensino (1 Tm 5.17). A passagem em Tito 1.9 especifica três qua­ lificações dos mestres espirituais: a com­ preensão da verdade que seja consisten­ te com a tradição apostólica, a habilidade de transmitir esta verdade claramente aos outros e a habilidade de refutar os erros daqueles que procuram pervertê-la. O requisito de que os líderes espirituais te­ nham uma aptidão para o ensino é coe­ rente com a proibição de novos converti­ dos serem autorizados a ensinar (v. 6). 8) O bispo não deve ter problemas com be­ bidas alcoólicas (v. 3; literalmente, não ser “dado ao vinho”). Fee (1988,81) pergun­ ta se estes critérios sugerem que os falsos mestres eram dados à embriaguez. Talvez não, levando-se em conta seu asceticismo observado em 4.3. Entretanto, podem ter sido ascéticos sobre alguns alimentos e indulgentes a respeito do vinho. Em todo caso, a embriaguez era um dos vícios comuns na antigüidade; e poucos autores pagãos falam contra o mesmo — em geral, manifestam-se somente contra outros “pecados” que poderiam acompanhá-lo (a violência, a repreensão pública aos servos, etc.). Muitos teólogos entendem que de acordo com (5.23), o bispo não precisaria se abster totalmente, nem tampouco deveria se dar à embriaguez (cf. 3.8; Tt 1.7), por­ que esta é uniformemente condenada nas Escrituras. As próximas três qualificações parecem caminhar juntas e provavelmente reflitam

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I TIMÓTEO 3 o comportamento dos falsos mestres. Estes, como descrito em 6.3-5 e 2 Timóteo 2.2226 (cf. Tt 3-9), eram dados a discussões e disputas. Deste modo, os verdadeiros bispos não devem: 9) Ser “violentos”, nem briguentos ou alvoroçadores, ou seja, inclinados à agressão ou às discussões; 10) Mas “moderados”, que demonstram con­ sideração — até mesmo quando corrigem os seus oponentes (2 Tm 2.23-25); e 11) Ser “contencioso”. 12) A lista continua com o requisito de que o bispo não seja “avarento” (v. 3). A Primei­ ra Carta a Timóteo 6.5-10 explica que a cobiça é um dos “pecados mortais” dos falsos mestres, a causa de sua ruína final. Uma advertência contra a avareza é incluída em cada lista de qualificações para a lideran­ ça, no Novo Testamento (3.8; Tt 1.7; cf. At 20.33; veja comentários sobre 1 Tm 6.510; 2 Tm 3.6,7). Nos três tópicos finais (a vida da famí­ lia dos líderes, sua maturidade na fé e sua reputação com os estranhos), Paulo ofe­ rece uma razão para cada requisito. Es­ tes três também parecem ser questões relacionadas aos falsos mestres. 13) O requisito mais detalhado na lista de qualificações dos bispos está relacionado ao controle sobre seus filhos. Esta virtude era freqüentemente exaltada na antigüi­ dade, sendo apresentada como um prérequisito para liderar outros. Uma vez que no Novo Testamento as congregações se reuniam nos lares e se baseavam na orga­ nização doméstica (incluindo os membros das fâmílias, os escravos e os servos), a estabilidade da casa era importante para a manutenção de uma igreja forte. Já que este era um requisito padrão para os líde­ res respeitáveis, uma característica necessária para os líderes cristãos era serem “irrepre­ ensíveis” (v. 2) também nesta área.

pel tradicional de autoridade dade romana; embora o poder e da morte fossem raramente < sobre os filhos adultos, o dire'" nuo do pai de decidir se as deveriam ser criadas ou expul casa ressaltavam sua posição de no lar. Sua autoridade paterna t mente estendida até os netos e tos, enquanto permanecesse viv' que o amor dos pais por seus fi uma norma esperada, a discifreqüentemente severa (inclu' açoite), sendo enfatizada na s dos filhos. Apesar de Paulo apoiara que desaprovava a disciplina í 6.4), a cultura, como um todo. to mais orientada em direção à ência filial e à autoridade dos que em nossos dias (Keener, 1 ~ Os bispos devem “governar" famílias (proistem i , um verbo sugere severidade), mantendo sob submissão com todo o r razão para este requisito é que dizado da administração da casa ra a pessoa para administrar de Deus. A palavra proistem i. relação aos bispos em 5.17 (“gov e em 1 Tessalonicenses 5.12 (“pr implica o exercício de direção e dosa preocupação. O governo peito desempenhados pelo bi perfeita combinação de dignida tesia, ind ependência e hu (Rienecker, 1980, 623).

Mas o controle sobre a casa também era mais facilmente implementado naque­ le período do que atualmente. Quem não honrasse e obedecesse aos pais, não podia ser honrado na sociedade greco-romana; este conceito também era válido no judaísmo. O pai tinha também üm pa­ 1460

A força da frase, “com todo o to”, provavelmente não significa os filhos “obedecerão” com to”, mas que seriam conhecidos sua obediência e seu bom co mento em geral... Existe uma dif entre exigir obediência e cons O líder da igreja não “governa*. mília de Deus, pelo fato de ter = ponsabilidade de exortar o obediência. Ele “cuida” da far tal modo que seus “filhos” serl: nhecidos por sua obediência e comportamento (Fee, 1988, 82


I TIMÓTEO 3 |K) Os bispos não devem ser neófitos. Por quê? Oferecer aos novos crentes uma ele­ vada posição muito cedo poderia tentálos a se tornarem orgulhosos. Já que isto é exatamente o que é dito sobre os fal­ sos mestres em 6.4 (cf. 2 Tm 3.4), pare­ ce que alguns deles podem ter se con­ vertido recentemente, cujos “pecados... são manifestos” (1 Tm 5.24). As palavras traduzidas como “não neófito” são uma metáfora significando literalmente “uma pessoa que não tenha sido recentemen­ te estabelecida” (Fee 1988, 83), se refe­ rindo a alguém recentemente batizado (cf 1 Co 3.6, onde Paulo usa o verbo referindo-se a conversões). Deste modo, os candidatos devem ser cuidadosamente avaliados antes de serem designados para a liderança .(cf. 1 Tm 5.22). Xa época em que Paulo estava escrelo esta carta, a congregação de Timóteo Éfeso tinha mais de dez anos, com líderes ientemente preparados e maduros para m escolhidos. Este requisito está aute, porém, na lista de critérios para os ~res da congregação mais jovem, que va em Creta, na carta de Paulo a Tito. üm bispo deve ter uma boa reputação ou um“bom testemunho dos que estão de fora” da igreja, para evitar o fracasso. Esta lista inteira diz respeito ao comportamento que se pode observar, servindo como um tes­ temunho para os estranhos. Como Fee (1988, 83) explica: A ênfase parece ser que uma reputa­ ção ruim junto ao mundo pagão fará com que o episkopos caia ‘em afronta’, ou seja caluniado, e deste modo a igreja mele; e isto seria cair ‘no laço do diabo’, laço’ preparado pelo ‘diabo’ consiste m que o comportamento dos líderes igreja seja tal que os estranhos não se sintam inclinados a ouvir o Evangelho. s escândalos de certos líderes cristãos ossos dias têm envergonhado a igremo um todo e aprofundado a indinça da América do Norte para com o gelho. Muitas vezes a igreja perdoa cassos dos ministros, porém o mundo o faz. É especialm ente diante dos

“estranhos” que a reputação da lideran­ ça do ministério deve ser irrepreensível.

2.4. S obre os D iá co n o s (3-8-13) 2.4.1. Qualificações Gerais para todos os Diáconos (3.8-10). Da mesma maneira como fez com os bispos ou líderes, o apóstolo discute as qualificações (não os deveres) daqueles que servem à igreja como diáconos ou ministros. Embora sirvam como auxiliares da igreja e não como líderes, seus requisitos morais e espirituais são seme­ lhantes; deste modo, o apóstolo introduz suas qualificações com a expressão “Da mesma sorte...” Quem eram os diáconos? Ainda que seja uma prática comum considerar os que foram selecionados para servir às mesas em Atos 6.1-6 e 21.8 como protótipos daqueles que desempenham este papel, tais homens não foram chamados de diáconos. De fato eram claramente ministros da Palavra em meio aos judeus que fala­ vam grego, o que eventualmente resultou no título de “os Sete” (At 21.8), que os distingue “dos Doze”, porém utilizan­ do uma expressão semelhante. Sendo assim, temos a certeza de que episkopoi [bispos] e diakonoi [diáconos] são fun­ ções distinguíveis na igreja, mas não sabemos exatamente o que eramno início da Igreja (Fee, 1988, 86). Fee considera provável que tanto os “bispos” com o os “diáconos” estavam abaixo da categoria mais am pla dos “presbíteros” (Fee 1988,78). Ambos eram líderes da igreja. A palavra d iako n o s é, de fato, o termo favorito de Paulo no original em grego para descrever seu próprio ministério, bem com o o de seus cooperadores (por exem plo, Rm 16.1; 1 Co 3.5; 2 Co 3.6; Cl 1.23; 4.7). A pala­ vra é usada referindo-se a Tim óteo em 4.6. Embora a NVI não mantenha uma distinção, nas versões em inglês o ter­ mo d ia k o n o s é normalmente traduzido como “diáconos” quando aparece no Novo Testamento no plural, e “ministro” quando aparece no singular.2Como ocorre com

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I TIMÓTEO 3 outros títulos do Novo Testamento, parece haver uma oscilação na ênfase entre o ofício e a função. Da mesma maneira que os assistentes (conforme a NVI, “aqueles que são capazes de ajudar”) auxiliam os administradores (na NVI, “aqueles que possuem o dom de administrar”) (1 Co 12.28), parece que o ministério dos diáconos no Novo Testa­ mento é auxiliar os bispos/presbíteros. Seu papel subordinado é evidenciado pela ausência da menção de qualquer respon­ sabilidade para com o ensino ou hospi­ talidade, e pelo fato de que seu escrutí­ nio preliminar parece ser até mais rigo­ roso do que o dos bispos (Kelly, 1963,81). Várias das qualificações para os diáconos parecem sugerir diretrizes para as pessoas envolvidas no trabalho de casa em casa (veja as qualificações [2] e [8] abaixo) e na supervisão dos fundos assistenciais da igreja (veja as qualificações [4] e [10] abaixo). Acrescentando um qualificador masculino para o versículo 8, que não está presente no grego,3 o verso seria traduzido como: “Os diáconos devem ser, igualmente, ho­ mens dignos de respeito”. Muitas traduções e paráfrases em inglês (por exemplo, NVI, NASB, Phillips, Living Bible, NEB ejerusalem Bible) deixam a impressão de que os diáconos deveriam ser homens. AKJV, TEV, RSV, NRSV e a NIV Inclusive Language Edition estão de acordo com o texto original, não apre­ sentando estes versos como exclusivamente masculinos. De fato, as qualificações para os diáconos constam em três seções que podem ser claramente vistas na NVI: qua­ lificações genéricas para todos os diáconos, tanto homens como mulheres (w . 8-10); qualificações específicas para as diaconisas (v. 11); e qualificações específicas para os diáconos (v. 12). Os diáconos podem ser homens ou mulheres. Existem seis qualificações genéricas para todos os diáconos: 1) Devem ser “honestos”, dignos, respeitá­ veis e sérios. A palavra grega deriva-se da palavra usada no versículo 4 para o com­ portamento dos filhos dos bispos, “com res­ peito apropriado”. Semelhante às qualifi­ cações do inclusio, entre parêntesis, refe­ rindo-se aos bispos, com o requisito de serem

“irrepreensíveis”, “dignos de res: um termo de “cobertura” que traz go todos os critérios que se se; As próximas três qualificações bições no idioma original: 2) Os diáconos não deveriam ser ou fingidos (literalmente, não te faces”), mas completamente fi quanto ao que dizem (NVI, “sin palavra pode se referir a falar da v (dizer algo a uma pessoa e algo a outra) ou à hipocrisia (dizer algo pensa ou faz uma outra coisa); 3) Assim como os bispos (v. 3), os não devem ser “dados a muito v 4) Como os bispos (v. 3), os diáconos ser “cobiçosos de torpe ganância não devem procurar ganhos d A responsabilidade dos diáconos assuntos financeiros da congre; deria expô-los a muitas tentaçoeí. 5) Acima de tudo, os diáconos d pessoas convictas. O “mistério) da os diáconos devemmanter eqüivale i do ensino cristão que transcende humana, e que somente é acessível da revelação divina. “Paulo está do na relação íntima entre uma fé uma consciência irrepreensível e sem esta última, a primeira será esr 1963,82). A consciência dos diá ser livre de ofensas; 6) A qualificação genérica final para diáconos é que deverão ser p~ avaliados, e se considerados in poderão servir. Porém o tipo de z exame, ou aprovação exigidos sac tos, contudo a idéia de selecionar; soas que forem aprovadas após me é também vista em 1 Coríntios Coríntios 13.5. Afrase “se não h< contra estes”, que consta em a^. duções, é umsinônimo de ser “i que é uma qualidade exigida aos (v. 2), que também pode ser assim como a primeira qualificação presbíteros emTito 1.6. Asentença inicias-se com k a i (“também"), plicando que como os bispos e os os diáconos também devam ser samente examinados antes de signados como tais.

1462


I TIMÓTEO 3

■JALIFICAÇÕES EXIGIDAS DOS PRESBÍTEROS/BISPOS E DOS DIÁCONOS Ofício

= Hficação p h c ;o n tr o le 3 C í: ‘.alidade

Referências nas Escrituras

Presbítero

1 Tm 3.2; Tt 1.8

Presbítero

1 Tm 3.2; T t 1.8

f i f c : ã o a o ensino

Presbítero

1Tm 3.2; 5.17; Tt 1.9

■ S c .lolento, mas moderado

Presbítero

1 Tm 3.3; Tt 1.7

Presbítero

1 Tm 3.3

f c k e não seja um amante do dinheiro

Presbítero

1 Tm 3.3

f f t u - não seja recém-convertido

Presbítero

1 Tm 3.6

não seja contencioso

~i-~3 uma boa reputação com os estranhos : zominador

Presbítero

1 Tm 3.7

Presbítero

Tt 1.7

Presbítero

T t 1.7

Presbítero

T t 1.8

o. santo

Presbítero

Tt 1.8

te s o p lín a d o

Presbítero

Tt 1.8

fc^:-eensível (inculpável)

Presbítero/Diácono

1Tm 3.2,9; Tt 1.6

• s r d o de uma esposa

Presbítero/Diácono

1Tm 3.2,12; Tt 1.6

i

não seja de temperamento forte, iracundo ) do bem

Presbítero/Diácono

1Tm 3.2,8; Tt 1.7

Presbítero/Diácono

1 Tm 3.2,8

: dado à embriaguez

Presbítero/Diácono

1Tm 3.3,8; T t 1.7

; administre bem a sua própria familia

Presbítero/Diácono

1Tm 3.4,12

; tenha os filhos em sujeição

Presbítero/Diácono

1Tm 3.4,5,12; Tt 1.6

; não procure ganhos desonestos

Presbítero/Diácono

1 Tm 3.8; Tt 1.7

; sustente as verdades profundas

Presbítero/Diácono

1 Tm 3.9; Tt 1.9

:sro

Diácono

1 Tm 3.8

• ado

Diácono

1 Tm 3.10

•ÜE-clo, sóbrio ,tespeitável

2.4.2. Qualificações Específicas para D iaconisas (3.11)* O verso 11 é tra­ ído na NVI como qualificações para rsposas dos diáconos. Contudo tal Dretação obscurece as outras tradu; legítimas do texto grego, em que se teralmente, “Da mesma sorte as mu~s sejam honestas, não maldizentes, ~'as e fiéis em tudo [ênfase acrescenQuem são estas mulheres? Existem três opções. Uma vez que a ^vra grega usada aqui (gyn aikas , plude gyné) pode ser traduzida como leres” ou “esposas”, o texto pode ser -ndido como uma lista de qualifica(a) para todas as mulheres cristãs em I; (b) para as esposas de diáconos; ou para as diaconisas. Julgando pelo itexto, a opção (a) parece improvável.

Dado que este verso está localizado no meio de uma seção relacionada a diáconos, estas “mulheres” devem estar ligadas ao ofício do diaconato. A opção (b) é a interpretação tradicio­ nal, baseada na suposição de que não é permitido às mulheres servir nos ofícios ministeriais da igreja. Tal suposição per­ maneceu intocável até o primeiro movi­ mento fundamentalista/evangélico4e o nascimento do pentecostalismo;5 ambos receberam as mulheres no ministério. Mais recentemente, as descobertas contempo­ râneas relativas à igreja primitiva forne­ ceram o apoio histórico ao ministério das mulheres, que estes movimentos mais modernos sustentam na prática. Temos agora a evidência literária de que as mulheres serviram como diaconisas15e evidências

1463


I TIMÓTEO 3 escritas que documentam por nome e tí­ tulo o ministério de mulheres nos vários ofícios da Igreja Primitiva, inclusive no diaconato.7 Levando-se em conta a evidência das diaconisas na igreja primitiva, o consen­ so erudito está se tomando favorável a uma tradução que expõe a ambigüidade do grego e a possibilidade das três interpretações (veja a NRSV). A opção (c) está se tornando cada vez mais freqüente nas notas de rodapé da Bíblia (cf. NRSV) ou até mesmo no texto (REB) e nos comentários. Deste modo, tanto histórica com o te­ ologicamente, a opção (c), “diaconisas”, é uma tradução legítima. Gramaticalmente falando, a opção (b), “esposas de diáconos”, não é uma boa tradução. Já que gynaikas pode significar “mulheres” ou “esposas”, uma das formas que os escritores origi­ nais usaram para esclarecer os leitores sobre o uso do termo era colocando um substantivo possessivo, um pronome ou um artigo (que pode funcionar como um pronome possessivo) na frente do subs­ tantivo. Por exem plo, “m ulheres dos diáconos”, “suas mulheres”, ou “as mu­ lheres [dos diáconos]”seria traduzido como “suas esposas”. O substantivo gynaikas, porém, não tem nenhum artigo ou modificador no versículo 11; deste modo, o verso não está se referindo às esposas dos diáconos, mas às diaconisas. Existem vários pontos adicionais a favor de se considerar este verso como a descri­ ção das qualificações para as diaconisas: 1) Apalavra grega hosautos (“da mesma sorte, igualmente” (cf. v. 8) “indica um novo parágrafo em uma seqüência de regras para um grupo diferente de oficiais” (Barrett, 1963, 6l), isto é, diaconisas; 2) As virtudes exigidas destas eram as mes­ mas que se esperava dos ministros, não das esposas; 3) Já que o Novo Testamento não tinha ne­ nhuma palavra especial para as diaco­ nisas, o apóstolo provavelmente preci­ sou escrever “semelhantemente as mu­ lheres [diáconos]”, onde “mulheres”fun­ ciona como um adjetivo, deste modo, “diaconisas” (ibid.);

4) Nenhum requisito especial ém para as esposas dos bispos, que uma posição até mais influente diáconos (Guthrie, 1990, 85). razões, a tradução ‘diaconisas’(ou' mulheres”) provavelmente seja s (Kelly, 1963, 83). A NVI oferece uma nota de r gerindo a tradução “diaconisas”.Para da Bíblia em inglês, tal tradução é namento léxico da opção (c), “ ' mulheres”, porémalgunsjulgam-naii pois o termo diaconisa é anacrô~ tendem que tal ofício foi um d mento posterior (que limitou o feminino ao diaconato). Estaordemi durante um período menos ca~" mais institucionalizado da história ja, e foi especificamente projetado pai os papéis que as mulheres vinham penhando no ministério. Parece claro, então, que as de 1 Timóteo 3-11 são entendidasi nalmente como “diáconos mulhe quanto estas qualificações refere pecificamente a elas, são sem ef qualificações gerais para todos os d--' Não existe nenhuma indicação nc de que a responsabilidade e as des das diaconisas difiram daquer os diáconos possuíam; 7) Devem ser “honestas”ou “respeitáv v. 8, qualificação [1]); 8) Não devem ser “maldizentes” ou osas no falar (cf. v. 8, qualificação palavra em grego ( diabolos ; sigr. teralmente, “acusar, caluniar, difa a mesma palavra traduzida no Novo tamento como “Diabo” (o notório dor; cf. Zc3.1,2; este éo significado h: da palavra hassatan, “Satanás”). E suas funções pastorais possam oí freqüentes oportunidades a tal te as diaconisas não devem usar sua para caluniar os membros da con^ ção onde servem; 9) A sobriedade ou temperança também requisito reiterado parà as diaconi~ v. 2, qualificação [3] dos bispos; v. 8. lificação [3] dos diáconos); e 10) Finalmente, as diaconisas devem ser éis em tudo” (cf. v. 8, qualificação


I TIMÓTEO 3 2.4.3. Qualificações Específicas para » Diáconos (3 .1 2 ). Fee sugere que após tizar as qualificações específicas para ::~conisas, Paulo acrescenta duas qualifi:s específicas para os diáconos quase uma reflexão tardia (Fee, 1988,89). 'm como os bispos, os diáconos também ~eriam ser “maridos de uma mulher” . v. 2) e um bom administrador de sua ^pria família (cf. v. 4). Devido à estrusocial do século I, estas duas quali=ões são dirigidas aos homens, não diaconisas. 2.4.4. Elogios aos D iáconos que Serfielm ente(3.13). Os diáconos, tanto ens como mulheres, que servem ou stram bem, adquirem com eficácia para mesmos uma dupla recompensa. A ex;ão “adquirirão para si uma boa posif ( bathmos ) pode se referir à sua influ"ie reputação na igreja e diante de Deus. palavra significa literalmente um “passo” ■grau”, semelhante a nosso uso moderno ~es termos relacionados a nível profis1 ou escala de ganhos financeiros. Foi xido que o termo bathmos possa es­ se referindo a uma promoção eclesiásdo ofício de diácono para o de bispo presbítero (Barrett, 1963, 63). Parece Paulo está usando esta palavra como referência aos diáconos na comunicristã (e não diante de Deus), pora segunda faceta de sua recompensa relacionada à sua confiança na fé. Apalavra grega para “confiança”se refere ~isadia ou franqueza em relação a outros Co 3.12; Fp 1.20; Fm 8), ou a Deus (Ef 2: Hb 10.19,35). Provavelmente o sig-ido aqui seja a confiança em Deus, vez que Paulo especifica que a con" está “na fé que há em Cristojesus”. ;e modo, a recompensa dupla é uma reputação perante as pessoas e a conem Deus. fctes dois elogios, é claro, são justamente o que falta nos falsos mestres. Seu “eniãno errôneo” (cf. 1.19), que inclui um mportamento impróprio e uma repução imunda, levou-os também a aban'nar a genuína fé em Cristo (1.5) (Fee, ■PL988, 90).

3. O Estabelecimento de Diretrizes a Timóteo: O Aconselhamento Específico para Estabelecer o Jovem Timóteo na Liderança ( 3 .1 4 — 6 .1 0 )

3.1. D efen d en d o a F é (3-14 — 4.5) 3 .1 .1 . A C on d u ta C o rre ta n a Ig re ­ ja (3 .1 4 -1 6 ). A carta passa agora da pri­ meira para a segunda seção principal. No ponto de transição, o apóstolo rei­ tera sua declaração quanto ao propósi­ to. Iniciou a carta com uma ordem a Timóteo para que ficasse em Éfeso com a finalidade de fazer oposição aos fal­ sos mestres (1.3), então deu-lhe conselhos específicos relativos ao estabelecimento da igreja (2.1— 3.13). Agora repete seu propósito, m arcando-o com um hino cristão da época. Paulo antecipa um encontro com Ti­ m óteo em um futuro próximo, porém caso haja algum atraso, lhe dá de ante­ mão conselhos específicos para sua li­ derança na igreja. Tim óteo tem a m es­ ma responsabilidade dos bispos e dos diáconos, que devem governar bem sua própria casa e a de Deus (cf. 3-4,12). É aconselhável que a congregação saiba como se comportar, pois a igreja é o povo de Deus, “a coluna e firmeza da verda­ d e”. A con fian ça sagrada da igreja é verdadeira; se a verdade for comprome­ tida, a própria igreja estará em risco. Os falsos mestres, por exemplo, já abando­ naram a verdade (cf. 6.5; 2 T m 2 .1 8 ; 3-8; 4.4). É crucial que Timóteo não somente silencie os falsos mestres (1 Tm 1.3-11), mas também coloque a igreja novamente sobre seu correto alicerce. Paulo mescla suas metáforas da igre­ ja como família (cf. “Casa de Deus”) com a igreja com o templo (cf. “cqluna e fir­ meza”). O grego tem duas palavras para “tem plo”. H ieron é todo o complexo do templo, o lugar onde as pessoas se con­ gregam para a adoração; n aos é o san­ tuário interior (por exem plo, o Lugar Santíssimo), o lugar onde Deus habita. Os templos gregos pagãos eram freqüen­ temente pequenos santuários, compos­ tos por uma fundação e algumas colu­

1465


I TIMÓTEO 3 nas para alojar um ídolo. A imagem que Paulo mostra da igreja como naos de Deus não consiste em que Ele se una conosco, a congregação, no lugar onde nos reu­ nimos para a adoração; mas que a Igreja (o corpo de crentes) é o próprio santu­ ário no qual Deus tem prazer em habi­ tar (cf. 1 Co 3.16,17; 2 Co 6.16; Ef 2.21).

e a RSV identificam duas e linhas cada (de vários padri apresenta o hino com três duas linhas cada. Uma pari sa moderna do hino por Lock exp ressa uma in terp retaçi nuances poéticas: Em carne desvelada à visão Mantido justo pelo poder do Enquanto anjos contemplavam Seus arautos percorriam rapi' terra, costa a costa, E os homens criam, por todo mundo, Quando Ele, em glória pros­ as alturas.

Com estas duas imagens, da família e do templo, Paulo expressa os dois pontos mais urgentes desta carta: sua preocu­ pação com o comportamento apropri­ ado em meio aos crentes e face a face com os falsos mestres, e a igreja como o povo a quem foi confiado o trabalho de sustentar e proclamar a verdade do Evangelho (Fee, 1988, 92). A menção da “verdade” no verso 15 estimula o apóstolo a uma exclamação: “E, sem dúvida alguma, grande é o mis­ tério da piedade”. “A expressão traduzida como ‘sem dúvida alguma’ (do grego, hom ologoum enos) significa ‘por consen­ timento mútuo’, e expressa a convicção unânime dos cristãos” (Kelly, 1963, 88). O que se segue é uma recitação do “mis­ tério” (isto é, da verdade revelada) da “pi­ edade” (o conteúdo ou base do cristia­ nismo, isto é, nossa fé). “Uma das carac­ terísticas mais interessantes das Pastorais é a citação freqüente de resumos da ado­ ração contemporânea. Esta nos dá uma noção muito mais rica de como era a ado­ ração neste primeiro período que nós, de outra forma, não teríamos conheci­ do” (Hanson, 1982, 45). Todos os estudiosos concordam que o que se segue foi um dos primeiros hi­ nos cristãos, porém a análise da estru­ tura poética das seis linhas, o significa­ do das várias linhas e o do hino com o um todo causaram um considerável de­ bate. No idioma original, cada linha tem dois membros: um verbo (no aoristo [tem­ po passado] passivo) seguido por uma frase prepositiva. O assunto de cada verbo é Cristo (compreendido). As versões in­ glesas modernas refletem possibilida­ des de estrutura poética. A JB vê cada linha como uma estrofe separada. A GNB

Como Fee (1988, 92-95) ex vista de tantas dificuldades e d: as interpretações são oferecidas reservas”. Aqui está um resu interpretação. A importância 1, 4 e 5 parece ser mais clarair pressa como um hino do Evan é, uma canção que mostra a t salvação por intermédio de J se caso, podemos ter um hino estrofes, com três versos cada. humilhação e a exaltação de C~ meira estrofe expressa a história nistério terreno de Cristo, que t clímax em triunfo; a segunda, e mensagem de Cristo como pro: pela Igreja, finalizando com glc_ O primeiro verso é caracterí": hinos do Novo Testamento. A frase que se manifestou em carne” é salmente reconhecida como uma da encarnação (cf. Jo 1.14; Rm 1 2.7,8), com implicações de preexis (cf. Jo 1.1; Fp 2.6). A sentença “[Ele] foi justifica espírito” pode estar se referindo ã surreição de Cristo. Uma vez que no a palavra “espírito” (pn eu m a ) nâc nenhum artigo, não está claro se nhase refere ao Espírito Santo ou ao pi * espírito de Cristo durante sua encarr r. A frase poderia significar que o Es™" Santo provou que Cristo era verda; por meio dos milagres e da ressurr'

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I TIMÓTEO 3 Nos tem pos bíblicos, os livros eram escritos em rolos de papel. O início deste rolo, que é um a reprodução, é m ostrado abaixo. O idiom a hebraico é lido da direita para a esquerda. Em 2 Tim óteo 4.13 P aulo pede que Tim óteo traga seus “livros, especialm ente os pergam inho s” .

j dependências da com unidade de Q um ran, nas - dades do m ar M orto, foram identificadas com o o num, onde os escrib as registravam as inform ações nos Os R olos do m ar Morto, que incluíram um a cópia do livro ;;:as que era m ais antiga do que qualque r cópia nente conhecida, foram encontrados em ja rro s de nica em um a caverna nestas proxim ida des em 1947.

. que o caráter de Cristo foi justificado r_: modo com o Ele governou seu próespírito. A frase “[Ele foi] visto dos anjos” pode rse referindo à adoração, no céu, ao lo que para lá retornou. Em grego, elos significa tanto anjo com o menro. Este verso pode significar que i terrena de Cristo foi testemunhas por seres celestiais (com o vemos ao >dos evangelhos), ou que a vida de ) foi testemunhada pelos mensageiros é, as testemunhas) do Evangelho. ) Fee (1988,94) explica, se o segundo ) se refere à ressurreição e a terceikascensão de Cristo, “então os três prias versos cantam a encarnação, a reseição e a glorificação de Cristo, fordo uma estrofe sobre o próprio Cristo, 1 é visto d e glória em glória”’. >versos 4 e 5 (Ele foi “pregado aos atios” e “crido no mundo”) são geaente reconhecidas como se referindo primgiro período da história aposi, quando as Boas Novas foram divulis por todo o mundo conhecido na . O verso 6 (“[Ele foi] recebido acima,

na glória”) é o clímax glorioso. Assim com o o triunfo de Cristo em sua condi­ ção mortal alcançou seu ponto mais elevado na glória eterna, em seu esta­ do divino, também Tim óteo, se triun­ far em sua tarefa, terá uma recom pen­ sa gloriosa no céu. 3 .1 .2 . A Evidência do Falso Ensino (4 .1 -5 ). 3.1.2.1. A Apostasia do Fim dos Tem­ pos É A ntecipada (4 .1 ,2 ). A maior parte do restante de 1 Timóteo é dedicada ao aconselhamento sobre a conduta que o jovem cooperador deveria ter em seu mi­ nistério. O conselho do apóstolo é vol­ tado contra as bases do falso ensino e as práticas errôneas dos hereges em Éfeso. Paulo desenvolve o tema baseando-se nas ordens expressas no capítulo 1, exami­ nando primeiramente os erros dos fal­ sos mestres (4.1-5; cf. 1.3-11,19,20), ins­ truindo então Timóteo acerca de seu papel em Éfeso (4.6-16; cf. 1.18,19).

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Em primeiro lugar, diz que o surgimento destes falsos mestres não deveria trazer qualquer surpresa — o Espírito os pre-


I TIMÓTEO 4 veniu claramente sobre estes; em se­ gundo lugar, indica que a verdadei­ ra fonte do ensino destes hereges é demoníaca; e em terceiro, especifi­ ca particularmente seus erros expli­ cando as razões pelas quais estão errados (Fee, 1988, 97). Este parágrafo é unido ao hino que o precede por meio da conjunção adversativa moderada de, em grego ( “mas”, em português). Embora a NVI não a tra­ duza, a idéia transmitida é: “Mas o Es­ pírito expressam ente diz que, nos últi­ mos tempos, apostatarão alguns da fé [isto é, da verdade]”. O Espírito Santo, por meio do dom da profecia, indicou o aparecim ento de tal apostasia antes que esta acontecesse. Paulo vê os “últi­ mos tem pos” com o a situação presente em Éfeso. A Igreja reconheceu a vinda do Espírito Santo com o o início do fi­ nal dos tempos (At 2.16,17).

sido marcados com o alguém tence ao próprio Satanás. 3 .1 .2 .2 . O A sceticism o Condenado (4 .3 -5 ). Dois des^s ensinos estão agora listados: a pn do casamento e a abstinência dc alimentos. Ainda que . stas pr possam estar relacionadas à idéi os falsos mestres queriam “ser ã: da lei” (1.7), como será que se rel^ãj com a alegação de que os falsos < eram “fábulas ou genealogias in td veis” (1.4), além de pensar que z : reição já havia acontecido? (2 Tm] Estas pessoas podem ter sido - d que insistiram que a nova era ;í h> sido introduzida por Cristo e que \ lharam em distinguir o tempo da 1 solação presente iniciado pela redj reição de Jesus e da consumação 1 9 inaugurada pela ressurreição [fcí^fl (Rienecker, 1980, 625).

O próprio Paulo creu, e fez parte de uma tradição que acreditava que o final dos tempos seria acompanha­ do por um período de intensa mal­ dade (cf. 2 Ts 2.3-12), inclusive pela “apostasia” de alguns dentre o povo de Deus (veja 2 Tm 3.1; cf. Mt 24.12; Jd 17,18; 2 Pe 3.3-7). Deste modo, a cena presente era, para Paulo, a clara evidência de estar vivendo no final dos tempos (Fee, 1988, 98). Paulo rotula tal erro com o demonía­ co, e a atividade de seus oponentes como inspiradas por Satanás (Dibelius e Conzelmann, 1972, 64). A frase “... dando ouvidos a espíritos enganadores e a doutrinas de demôni­ os, pela hipocrisia de hom ens que fa­ lam mentiras” (v. 2) mostra que tais ensinos vêm de pessoas que são exteriorm ente falsas (cuja abstinência [v. 3] é um eng a n o )e que estão declarando fatos que não são verdadeiros. Têm “cauterizada a sua própria consciência”. O verbo nesta oração pode indicar que esta cauterização destruiu a capacidade de discernirem a verdade da falsidade, ou ainda que haviam

Em Corinto, este tipo de visão 5«tJ os últimos tempos estava aparenteireai ligado ao dualismo helenístico. ■ acreditava que a matéria era co m â l ou má, e que somente o espírito d bom. Da mesma maneira que a !r a l coríntios negavam uma futura ressi* reição corporal (1 Co 15.12,35'. ú m menos alguns tiveram uma visão a nuada sobre o sexo (7.1-7) e sobes* casamento (7.25-38), é completameai provável que algo semelhante estive* sendo imposto como uma “Lei”emÉre< Conseqüentemente, alguns estavamo^ gando que o caminho para a purea era demarcado pela abstinência do cs samento (ser como os anjos após a n surreição [provavelmente se baseai sem em Mateus 22.30]) e de “certc >sà mentos” (Fee, 1988, 99). Estas tendências são características gnosticismo. Paulo não dá uma longa resposta bre a questão do casamento, mas de» seus tabus a respeito dos alimentc-í I bora aborde tipicamente a questão de oa ou não certos alimentos com alguma 22

1468


I TIMÓTEO 4 ia — cada um é livre para fazê-lo ordo com o próprio entendimento 14.1-23; 1 Co 10.23-33; Cl 2.16,21). combate aqueles que passam do veria ser um mero ‘julgamento’ para :gência de abstinência por razões reou teológicas, como em Colossenses , 1988 , 100).

razão de Paulo recusar a abstinêncertos alimentos é dupla: “tudo que criou é bom, e recebido com ações ças; nada é recusável, porque pela ra de Deus e pela oração é santifi". O primeiro argumento ataca direte a noção de dualismo, dizendo que que Deus criou é bom (Gn 1) e não ria ser rejeitado (por motivos de eza de caráter ritual [Rm 14.14]). O do argumento é a evidência de que Leiros cristãos (com o os judeus) mação de graças por seus alimentos; :ções santificavam a comida tomandopriada para ser consumida. 3-M

A pren den do a Liderar (4 .6 -1 6 )

~>.l. Princípios de Liderança (4.6' -ste ponto, Paulo se dirige pessoalaTimóteo. O tom desta seção é quase letamente construtivo — não existe ima denúncia ou refútação aqui. Antes, :olo encoraja seu jovem amigo a superar um líder uma situação difícil, resisao erro e vivendo como um modeuconselho paraTimóteo cabe a qualquer •odo Evangelho chamado para servir tiações semelhantes. Timóteo deveria propor “estas coisas ãos”. O verbo “propor”não denota ma sugestão de autoritarismo. A idéia 'e, não tem um caráter de “ordenar” e “instruir”, mas de “sugerir”. A pagr(<g,a traduzida como “irmãos” (ou dade” em traduções mais antigas) ém o sentido inclusivo de “irmãos e . A igreja é uma família na qual soJ os irmãos. A meta é que Timóteo um “bom ministro de Jesus Cristo”, ‘ vra para “ministro”aqui é novamente nos (veja comentários sobre 3.8).

Timóteo deve ser um servo para os seus irmãos, não um senhor sobre seus lide­ rados. Sua vida como ministro deve evi­ denciar sua educação, pois foi “criado com as palavras da fé e da boa doutrina” que estava seguindo. Deve nutrir-se e sustentarse no Evangelho, vivendo na sã doutri­ na. “A metáfora da alimentação com a idéia da leitura e digestão interior e o particípio presente sugerem um processo con­ tínuo” (Rienecker, 1980, 626). Em um nítido contraste com as “pala­ vras [verdades] da fé” e da “boa doutri­ na” estão as “fábulas profanas e de velhas” (v. 7; cf. 1.4). Estas fábulas devem ser for­ temente recusadas e rejeitadas; convêm apenas a mulheres idosas e supersticio­ sas. Estas três últimas palavras em inglês e em português traduzem uma palavra em grego, um epíteto sarcástico usado pelos filósofos implicando absoluta ingenuidade. As mulheres em Éfeso não só criam nes­ tes mitos, mas também os ensinavam. Deste modo, Timóteo foi obrigado a silenciar tais mestres e corrigir seus erros (veja co­ mentários sobre 2.11-15). Nos versos 7b e 8, Paulo exorta Timó­ teo dizendo vigorosamente: “exercita-te a ti mesmo em piedade”. Acomparaçãoentre avidacristãe o exercício atlético ou o esporte é, sem dúvida, um dos meios favoritos de Paulo transmitir sua mensagem (veja especialmente 1 Co 9.24-27). Há uma forma de autodisciplina genuinamente cristã que Timóteo deve­ ria praticar. Consiste geralmente no auto­ controle, na devoção contínua à tradição do Evangelho, e talvez, acimadetudo(como 4.10 sugere), em aceitar alegremente a cruz do sofrimento que todos os cristãos de­ vem esperar (Kelly, 1963, 99). Como Paulo reflete em tal treinamen­ to, cita o que soa como um provérbio comum: “Porque o exercício corporal para pouco aproveita, mas a piedade para tudo é proveitosa”.

1469

Paulo reconhece que o “exercício cor­ poral”(gymnasia) “para pouco aproveita”; este tem um certo valor, porém- está


I TIMÓTEO 4 estritamente limitado a esta era. No en­ tanto, expressa-se deste modo somen­ te para introduzir sua verdadeira preo­ cupação. Eusebeia (piedade) é onde se encontra o verdadeiro valor. Realmen­ te, “a piedade para tudo é proveitosa” (ou melhor, “é proveitosa em todos os aspectos”), porque tem “a promessa da vida presente e da que há de vir”. Aqui está uma clara referência à compreen­ são que Paulo tem da existência cristã como basicamente escatológica. A “vida”, que significa a “vida eterna”(veja 1 .16), já começou. A “vida” do futuro é, por­ tanto, uma “realidade presente e uma esperança da vida futura”(Fee, 1988,104). A frase no versículo 9: “Esta palavra é fiel e digna de toda a aceitação” aparece pela terceira vez, dentre as cinco vezes que é utilizada nas Cartas Pastorais (veja os comentários sobre 1.15). É debatido se esta declaração se refere ao verso 10a ou 10b, ou ainda ao verso 8, ou talvez somente ao 8b. Uma vez que a frase “a piedade para tudo é proveitosa” tem o teor de uma declaração, sendo, de fato, o que o apóstolo continua a elaborar aqui, o elemento do verso 8 parece ser o que ele está endossando como a “palavra fiel”. 3 .2 .2 . M odelos de Lid eran ça (4 .1 0 12 O comentário parentético no versículo 10 (“porque para isto trabalhamos e luta­ mos”) se refere ao versículo 8b, a meta do “treinamento” cristão — a piedade e suas recompensas. Paulo continua a metá­ fora aüética iniciada no verso 7 com o verbo “exercitar” e usa outro verbo (“trabalhar”) associado ao ministério de ensino dos presbíteros ( kopiao , traduzido como “tra­ balho” em 5.17). A razão pela qual Paulo e Timóteo fazem parte deste contexto é “porque” (uma tradução melhor do que “aquela”) colocaram sua esperança “no Deus vivo”, que nos oferece ajuda tanto nesta vida como na que há de vir. Ele é a esperança viva, pois “é o Salvador [veja comentários sobre 2.4-6] de todos os homens, principalmente dos fiéis”. O apóstolo está ciente de que a Igreja representa somen­ te uma parte da humanidade, embora a salvação esteja disponível a todos.

).

No versículo 11, Paulo reitera ções repetidas ao longo das Pastor Timóteo deve ordenar e ensinar iv 6.2b; 2 Tm 2.2,14; Tt 2.15). Ele primeiro verbo em 1.3,5,18; que também ser traduzido como “orc “instrução”. Aquilo que Timót “ensinar” pode se referir a 4.8-10. c _J aos textos que se encontram a 2.1 em diante (cf. 4.6). O apóstolo então continua a jar o jovem pastor: “Ninguém des tua mocidade”. Esta exortação por um motivo oculto pelo qual Pa escrevendo esta carta. Esta declara— ser vista de dois modos. Tem co— tivo encorajar um obreiro mais confiar no Senhor (que deveria :er vavelmente entre trinta e quarenu. de idade), pois era provavelmer^c homem tímido. Mas também dev: entendida pela congregação coma endosso apostólico. Fee (1988, lfl| clara de modo sucinto: “Não devem lo com desprezo por ser jovem. — vem imitá-lo tendo-o na mais alta deração... como um exem plo pqd crentes”. O papel dos líderes cristãos modelos é penetrante ao longo r: critos de Paulo (1 Co 4.6; 11.1; Fp 3 Ts 1.6; 2 Ts 3.7,9; cf. 2 Tm 1.13). Paulo menciona as áreas em qatt móteo deve ser exemplar: 1) “na palavra”, se refere à conversa ria; Timóteo não deveria ser cont (cf. 3.8; 4.5,6); 2) “no trato” ou no estilo de vida. r ao comportamento ou conduta, veriam ser marcados por decoro e 3) “na caridade” ou no amor; 4) “na fé” (ou na fidelidade); e 5) “na pureza”, ou seja, na inocência, tidade e na integridade — fala dr qualidades interiores que influen comportamento exterior. 3.2.3. AN aturezaPráticadali (4 .1 3 -1 6 ). Da vida pessoal de Ti Paulo se volta para o seu ministér>oi blico. Na ausência do apóstolo, seu assistente deverá se dedicar continur à leitura pública das Escrituras, a e e a ensinar (v. 13). A primeira tareri


I TIMÓTEO 4 prelmente se refira a selecionar e pre■urir as passagens do Antigo Testamento serem lidas; a segunda, à exposi: e aplicação das Escrituras; e a ter­ ia, ao ensino da doutrina cristã. Estas » as partes da adoração pública que 'teo deve liderar. A partir de outras sagens, sabemos que estas não eram -nicas partes do culto de adoração do _oTestamento. Também estavam indos: a oração (2.1-7; cf. 1 Co 11.2-6), -:uvor (1 Co 14.26; Cl 3-16; cf. 1 Tm . as expressões carismáticas (1 Co 2-16; 12-14; 1 Ts 5.19-22) e a Ceia do '~or (1 Co 11.17-34). A próxima instrução que Paulo dá é: desprezes o dom [cbarism a] que há " (v. 14; literalmente, “não negligencie -:m que há em seu interior”); fala de dom da graça ou dom espiritual que cita Tim óteo a desem penhar seu tério na comunidade cristã. “O dedesempenho destas tarefas não dee da habilidade nata de Timóteo, mas um dom divino ou espiritual que re” (Barrett, 1963,70). O Espírito Santo equipou Timóteo para seu ministério pregador/ensinador/pastor em Éfeso; ieve aprender a confiar e a contar com ronte e não com seus próprios esfornão deve deixar de usar este novo É uma grande tentação procurar fazer alho do Espírito por meio de força na. Esta advertência serve para tonós. Da mesma maneira que Paulo pelos colossenses (Cl 1.9-11), também cmos estar cheios do conhecimento ~:>ntade de Deus e do poder do seu Irito para fazermos a sua vontade. Ddom espiritual de Timóteo lhe foi dado .'és de uma “profecia” e acompanha?ela (o termo grego m eta é melhor -ido como “com" ou “por” do que “quando”) imposição das mãos dos iteros. A NVI deixa uma impressão ' nica disto quando Timóteo foi orde(um ritual ainda não padronizado); írito Santo respondeu à imposição mãos, dando-lhe, naquele momen: dom espiritual que precisaria para ipenhar a posição à qual estava sendo ínado. A analogia mais provável para

esta referência pode ser vista em Atos 13.13, onde o Espírito fala (v. 2), aparentemente por intermédio dos profetas (v. 1), em resposta à imposição das mãos dos pro­ fetas e mestres, que o faziam como algu­ ma forma de consagração. Em todo caso, a evidência contida ali e em outras pas­ sagens (2 Tm 1.6,7) indica que o Espírito é o elemento crucial; a imposição das mãos, entretanto, não é insignificante; é a res­ posta humana à atividade anterior do Espírito (Fee, 1988, 108). Como uma declaração resumida (w . 15,16), Paulo começa exortando Timóteo a ser diligente nestes assuntos, entregandose inteiramente a estes. O primeiro ver­ bo, que algumas traduções trazem como “ser diligente”, é freqüentemente um termo agrícola para “cultivar”; por meio do se­ gundo verbo, Paulo novamente levanta a metáfora atlética dos versos 7-10 (Fee, 1988,109). O objetivo de tal prática e devoção era que todos vissem o seu progresso ou aproveitamento. Fee sugere, baseado na evidência de 2 Timóteo 2.16 e 3-9, que o termo “progresso” pode ter sido um slogan dos falsos mestres, um apelo elitista (através de sua especulação tola) ao “avanço” às “verdades mais profundas”. “Sendo assim, esta declaração teria sido uma audaciosa oposição ao tipo de ‘progresso’ a que os falsos mestres se referiam... Através da fidelidade de Timóteo, por ser um fiel ministro da palavra do Evangelho, o povo poderá enxergar a realidade” (ibid.). O versículo 16 traz mais três advertências como explicação dos assuntos m encio­ nados no versículo 15. Com a frase “tem cuidado de ti mesmo”, Paulo novamen­ te enfatiza o papel crucial de Timóteo como um modelo. Pela frase “tem cuidado... da doutrina”, o apóstolo enfatiza a fun­ ção que Timóteo precisa exercer como mestre. Dizendo “persevera nestas coi­ sas”, acrescenta pela última vez sua ên­ fase apostólica de que este é o modo como o jovem pastor salvará tanto a si mesmo como aos que lhe ouvem. Barrett (1963, 73) explica o seguinte: O autor não quis dizer que o próprio ministério, mesmo envolvendo muita 1471


I TIMÓTEO 5 dedicação, fosse o verdadeiro agente da salvação. Só Deus salva; contudo, sua salvação só pode entrar em vigor atra­ vés da fiel pregação e ensino, e esta é uma verdade que nenhum ministro ousa esquecer.

3-3- O R elacion am en to com as outras Pessoas n a Igreja (5.1-16) 3 .3 .1 . C om o T ratar os m ais Velhos e os Jo v en s (5 .1 ,2 ). Como uma transi­ ção do conselho do apóstolo a respeito do relacionamento de Timóteo com ca­ tegorias específicas de pessoas na con­ gregação, Paulo lida primeiramente com as questões relacionadas à juventude de Timóteo. Em 4.12 o apóstolo exortou: “Ninguém despreze a tua mocidade”. Agora diz (v. 1), “não repreendas asperamente os anciãos, mas admoesta-os como a pais”. Podemos parafrasear, “nunca sejas seve­ ro com os mais velhos”. Paulo não só trans­ mite confiança ao jovem pastor, como também exige cortesia para com o reba­ nho. “Na administração da casa de Deus (note o tema ‘família’ em cada caso) existe um modo apropriado para o líder tratar as pessoas — exatamente como faria com a sua própria família (supondo uma idéia cultural de grande deferência e respeito no lar)” (Fee, 1988, 92-112). Semelhantemente, Paulo aconselha: “trate os jovens como irmãos; as mulhe­ res idosas com o mães, as moças como irmãs.” Parece que o relacionamento com as mais jovens era uma área de especial preocupação na congregação em Éfeso (cf. 5 .1 1; 2 Tm 3-6,7), porque o apóstolo especifica que é exigida “toda [absolu­ ta] pureza” em relação a estas mulheres. 3.3.2. Como Tratar as Viúvas (5.3-16). 3 .3 .2 .1 . H o n ra r as Viúvas que Se­ jam verdad eiram en te Viúvas (5 .3 ). As duas próximas seções principais (sobre viúvas e presbíteros) têm como enfoque alguns dos principais problem as que T im óteo deve enfrentar na igreja. A aparente preocupação com as viúvas refere-se ao relacionam ento das viúvas mais jovens com os falsos mestres. Pre­

sumivelmente estas viúvas identificadas com o “mulheres carregadas de pecados, leva ’ rias concupiscências” (2 Tm 3.ó.~f se observar a considerável ' tamanho irregular desta passagem comparada a outras questões nesta carta. Portanto, o apóst ta que somente a verdadeira v ü ter a honra de ser registrada na ' de viúvas da igreja (cf. vv. 9 .l i bendo deste modo não só o rec m ento de seu ministério, mas o sustento financeiro. Esta é a passagem mais antigz tória cristã relativa a uma classe oc especial de viúvas que serviram 2 e que foram sustentadas por esti demos que nem toda viúva qualificada como tal em um se nico; e que aquelas que o foss direitos especiais e deveres es Neste período da história, o te va”era usado para designar qual que fosse viúva e o ofício das “vf congregação”. Tal versatilidade nc termo demonstra que este ofício a ~ havia sido rigidamente padroni comentários semelhantes no capír relação aos ofícios dos bispos, e presbíteros). No período subaj porém, as viúvas eram uma parte 1 cativa das equipes ministeriais gregações locais. Naquela época, com Kroeger, Evans e Storkey (1995(

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Asviúvas eramconsideradas como que tinham oportunidades especiais o serviço cristão. Participaram ativar" no ministério da igreja primitiva. do especialmente honradas dianie congregação. Uma grande igreja. Hagia Sophia em Constantinopla. ter tido uma equipe de centenas de úvas. Elas visitavam os lares, leva» comida para os famintos, cuidavam doentes, confortavam os que perr seus entes queridos, oravam port aqueles que expressavam os seus didos, ajudavam na instrução e nc tismo cristão, e aconselhavam aqr que estivessem atravessando situaçf


I TIMÓTEO 5 ""reis. Eram tão poderosas na oração, a antiga literatura cristã às vezes chama viúvas de “altares de Deus”. í primeira preocupação expressa pelo :olo é que as “verdadeiramente viúrecebam o auxílio que merecem. A "Honra as viúvas que verdadeiramente ras” (v. 3) significa, literalmente, “Dê ecimento apropriado àquelas viúvas lmente precisam”. O tipo de honconcedido às viúvas e aos presbíteros remuneração financeira expressa no 17 e 0 respeito descrito em 6.1. Deste :. a “honra” ou o reconhecimento a Paulo exorta não consiste apenas na ~ de seu ministério, mas também no do .de suas necessidades. Um dos temas constantes tanto no :go como no Novo Testamento é o lado para com as viúvas (Dt 10.18; ' 22.9; 24.3; 31.16; SI 94.6; Is 1.23; 10.2; 12.40; Tg 1.18 [sic; deveria ser 1.27]). s pronuncia uma maldição contra teles' que retêm a justiça das viúvas 27.19), enquanto aqueles que se iortam com elas têm prometida a rnção de Deus (Jr 7.5-7). ‘A nenhuma -iva... afligireis’, adverte Êxodo 22.22, _ is Deus é o defensor das viúvas (Dt 17; SI 68.5; 146.9). Malaquias 3-5 deque aqueles que defraudam os ope’os em seu salário e oprimem as viúnão temem ao Senhor Todo-pode. Deus ordenou repetidamente que u povo aliviasse a aflição das viúvas. Existe também uma ênfase a respeide deixar algo para as viúvas. O dízimo produto de cadatrês anos era designado viúvas, aos órfãos, aos estrangeiros aos levitas (Dt 26.12; 27.19). Um indivíduo que deixa uma viúem necessidades nega a fé e é pior que um infiel (1 Tm 5.4,8). Na Priira Carta a Timóteo foi definido que viúvas deveriam ser financeiramente impensadas por seus trabalhos na ~eja (5 3-16); e a opinião de Paulo que um trabalhador é merecedor seu salário (5.18) (Kroeger, Evans Storkey, 1995, 446-47).

No mundo ocidental moderno, embora algumas viúvas sejam financeiramente desprovidas, outras vivem confortavel­ mente seguras por receberem o seguro de vida ou algum benefício mensal, como por exemplo a aposentadoria de seu fa­ lecido marido. Como podemos aplicar o intento deste requisito bíblico à nossa situação moderna? Entre as mulheres que enfrentam dificuldades financeiras hoje, as divorciadas são freqüentemente as mais vulneráveis aos maus-tratos e à explo­ ração. A Igreja de hoje é também desa­ fiada a ajudar financeiramente as mulheres e as famílias que amam ao Senhor, que servem à igreja, e que passaram pelo divórcio, desde que estejam realmente necessitadas. 3 .3 .2 .2 . Q u alificações das Viúvas (5-4-10). A primeira desqualificação para ser considerada viúva da igreja é ter “fi­ lhos ou netos” (v. 4). Uma prioridade na “prática” da “religião” destes descendentes é prover o sustento para suas mães e avós viúvas. A responsabilidade de sustentar as viúvas é principalmente dos filhos, não da igreja. Novamente, vemos a ênfase no comportamento cristão em relação à ad­ ministração da casa de Deus (tanto da comunidade como da família biológica; cf. 3.4,5,12,15). Tal “reembolso a seus pais e avós” pelo cuidado que receberam “é bom e agradável diante de Deus” (cf. o quinto mandamento, Êx 20.12). Entretanto, qualificar-se como genuí­ na viúva (o advérbio “verdadeiramente” é repetido nos versos 3,5 e 16) exige mais do que a necessidade financeira. Na ver­ dade, ela deve estar completamente só e “desamparada”, isto é, sem família para sustentá-la. Mas uma genuína viúva deve também ser fiel e dedicada à oração. Deste modo, uma verdadeira viúva deve apre­ sentar três características: solidão, neces­ sidade e religiosidade. Ligando estes fa­ tos ao que foi dito nos versículos 3 e 4, a verdadeira viúva é aquela que se en­ contra “desamparada”, não tendo mari­ do nem filhos para sustentá-la. Contu­ do, uma viúva genuína não se desespe­ ra; antes, “espera em Deus e persevera de noite e de dia em rogos e orações”. 1473


I TIMÓTEO 5 Observe como estas descrições são se­ melhantes às da profetiza Ana em Lucas 2.36-38, que também era uma viúva. Em contraste com a devoção da ver­ dadeira viúva, está aquela “que vive em deleites”(v. 6). Ao invés de ser uma mulher confiante e de oração, a auto-indulgência faz com que a viúva se torne uma mulher que mesmo “vivendo, está morta”. Este tipo de viúva está de acordo com a des­ crição das viúvas mais jovens nos versos 11-13. Paulo acrescenta a instrução do versículo 7 para que as “viúvas”, como os bispos (3-2) e os diáconos (3-8), sejam inepreensíveis. “Todos os membros da igreja deveriam ser irrepreensíveis, mas é par­ ticularmente importante que isto seja verdadeiro na vida daqueles que ocupam posições de liderança, e que recebem o seu sustento da igreja” (Barrett, 1963,75). A responsabilidade de sustentar a fa­ mília (v. 4) é revista no verso 8 com uma ênfase maior. Qualquer um que desconsidere esta obrigação de zelar pelas ne­ cessidades de sua família é culpado, ten­ do negado a fé. Por falhar ao demonstrar amor, aquela pessoa não é “nada” (1 Co 13.2). De acordo com Tiago, a fé de tal pessoa não resultará na salvação (Tg 2.14). Ilustrando que “a fé, se não tiver as obras, é morta em si mesma” (2.17), descreve o cenário de um crente que conhece a ne­ cessidade de um irmão ou irmã e não faz nada tangível a respeito (2.15,16). O apóstolo Paulo descreve tal comportamento como de um “infiel” (1 Tm 5.8; literalmente, “alguém que não crê”). “Na verdade, esta pessoa seria ‘pior do que o infiel’, não porque muitos gentios e judeus cuidavam de seus pais; mas por ter aceito os privilégios do apostolado cristão, recusando-se a cum­ prir suas obrigações” (Barrett, 1963, 75). Nos versículos 9 e 10, Paulo expressa várias qualificações adicionais necessárias para o ingresso das viúvas (cf. w . 4,5). O verbo katalego, utilizado nesta passagem com o sentido de ser colocada na lista, é um ter­ mo técnico que “deixa absolutamente cla­ ro que existia uma ordem definida de viú­ vas” (Kelly, 1963,115). Teituliano (em A d uxorem 1.7)também traduziu otermo eclesiasticamente como “aceitar como parte do

clero” (Dibelius e Conzelmann, 19- ~ Os requisitos da listapara as verdadei parecem bem desenvolvidos para c do primitivo. É provável que o apóst£: seguido o modelo judaico e talvez apóstolos de Jerusalém (cf. At 6.1). 1) Uma verdadeira viúva deveria ter ta anos de idade. Esta erauma idadeav na antigüidade. Considerava Re c\ pessoa atingia uma “idade avançada" cessavam as paixões sexuais e um casamento estava fora de ques~~ requisito da idade reduziria mui:: mero de viúvas no ministério da i poderiam se desviar para um tipo portamento que comprometeria sua ção no ofício ministerial. 2) A exigência da viúva ter sido “m um só marido” (NVI, “fiel a seu 1 corresponde aos pré-requisitos para de liderança como bispos (3.2), (3.12) e presbíteros (Tt 1.6; veja os tários sobre 1 Tm 3-2,12). Esta ex era freqüentemente usada para e l ;; mulheres que haviam se casado uma vez, mas foi tambémusada para que haviam sido fiéis a seus cônjua casamento. Embora existamevidên ' que mostrem que as mulheres que sido casadas mais de uma vez desqualificadas para o serviço da i patriarca da igreja chamado Teodorc suestia considerou que esta qualifi" referia à “fidelidade ao seu marido. - * portando se esta teve somente um. foi casada uma segunda vez” (Dí Conzelmann, 1972, 65). 3) Uma viúva deve ter uma boa rep que corresponda às qualificações sárias aos bispos (3-2,7), diáconos e presbíteros (Tt 1.6; veja comentár bre 1 Tm 3.2,7,10). A lista de condiço ingresso de uma viúva assemel uma descrição de cargos e funç~ passado. “Os membros da ordem da; vas tinham deveres práticos a cunr comunidade; então o melhor teste que um novo membro poderia mos‘ o zelo e a eficiência ao executar refas voluntariamente” (Kelly, 1963. O testemunho das boas obras das v é descrito em alguns itens específicrt

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I TIMÓTEO 5 Ela deve ter criado “filhos" — que ideal cultural e bíblico da mulher, é absurdo supor... que Paulo esteja indo as candidatas que não tiveram ... Um dos maiores problemas endos pela igreja primitiva era cuidar fàos (cf. Hermas, Mand. VII. 10; Apost. III, iii. 2; etc.); parece provável que vas oficiais fossem encarregadas de r destes órfãos” (Kelly, 1963, 116); Ela deve ter uma reputação de “hos-ad e”, da mesma maneira que era lo ao bispo (3-2), e a todos os ou'stãos (Rm 12.13). ‘As viúvas tinham :arefa a realizar ao lado dos bispos epção e cuidado dos evangelistas ntes, pregadores, mensageiros e os em geral, que viajavam de uma a outra, o que era uma característioeminente no cotidiano da igreja -a ”(ibid., 117); (c) Ela deve ter “lavado fs aos santos”. Não está claro se esta "ação tem um sentido literal ou fi. Existe uma falta de conhecimento costümes locais. De qualquer modo, )ecto de sua reputação indica humile serviço; (d) Ela deve ter “socorribs aflitos”. As particularidades deste isitò também são obscuras, mas re~i um espírito generoso e servil; (e) zeve ter “praticado toda boa obra”, sumo, sua boa reputação deve preseu ofício como uma viúva na igreja. 3.2.3. Sobre as Viúvas m ais Joven s 1-15). Paulo então cita desqualificaçòes mais para o ofício das viúvas: Ml:dade é um destes fatores. As viúvas mais ~ens deveriam ser desqualificadas quanà consideração para o serviço e a remução das viúvas da igreja. O verbo katasiao (que na NVI é traduzido com o se"te sentido: “os desejos sensuais supen sua dedicação”; literalmente, “são conJt^rios...”), que aparece somente aqui no Novo Testamento, esclarece a razão. “Sugere a netáfora de um boi jovem tentando escado jugo. As viúvas mais jovens não deiam estar comprometidas com os deveres igreja se lhes surgisse uma nova oportude de casamento” (Guthrie, 1990,103). possibilidade (um novo casamenraria um julgamento sobre estas jo­

vens viúvas, já que seriam consideradas levianas contra Cristo, violando seu com­ promisso anteriormente assumido. Os estudiosos ofereceram três sugestões para a expressão “primeira fé”: a) O compromisso com o primeiro marido é quebrado pelo segundo casamento de uma viúva, deste modo abandonando o ideal de ser casada uma só vez (cf. v. 9); b) O novo casamento de uma viúva na igre­ ja é equivalente a abandonar a Cristo, ou o mesmo que seguir Satanás (v. 15); c) O novo casamento é a quebra da garantia de uma viuvez perpétua, de um voto de celibato ao unir-se ao grupo de viúvas. “Está implícito que uma mulher que se apresenta voluntariamente para servir como viúva na igreja, compromete-se com Cristo a não se casar, e sim a se empenhar completa­ mente nos trabalhos da igreja”(cf. 1 Co 7.34) (Barrett, 1963,76). “O voto de celibato era considerado como um tipo de casamento com Cristo. Muitos anos mais tarde, a mulher que entrava em uma ordem religiosa era chamada de ‘esposa de Cristo'” (Hanson, 1982, 60). 2) “A segunda razão para não contar as viú­ vas mais jovens juntamente com as verda­ deiras viúvas, é que em seu estado presente não estão fazendo o que deveriam (ora­ ção v. 5 e boas obras vv. 9,10), e sim o que não deveriam fazer” (Fee, 1988,122). Ao invés de se ocuparem com o cuidado do marido e dos filhos em sua própria casa, “aprendem também a andar ociosas de casa em casa” (v. 13). “Alguns imaginam se o problema aqui é simplesmente desperdi­ çar seu próprio tempo, e também o dos outros; ou se talvez isso envolva a ruptu­ ra de várias comunidades de adoração”(ibid.). Dentre os tipos de serviço exigidos das viúvas da igreja está o ministério de vi­ sitar os lares. O apóstolo teme que as vi­ úvas mais jovens sofram grandes tenta­ ções ao fazer este trabalho, transformando os momentos de testemunho e aconse­ lhamento particular em ocasiões para conversas que não trazem edificação. Ao invés das atividades construtivas que podem ser desempenhadas durante a visitação, o que é esperado das viúvas mais velhas, as mais jovens poderiam se

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I TIMÓTEO 5 envolver em uma ociosidade destrutiva e em conversas vãs. Os pecados da lín­ gua mencionados aqui correspondem aos dos falsos mestres (veja 1.6,7; 4.7; 6.3,4; 6.20). Note também a relação desta se­ ção com o requisito de que os diáconos não fossem de língua dobre (3-8) e que as diaconisas não fossem caluniadoras (3.11; veja os comentários sobre 3.8,11). Paulo está desenhando una retrato vi­ vido do dano que a tagarelice causa. O apóstolo pensa que as mulheres jovens demais para estar nos trabalhos soci­ ais seriam especialmente propensas a este tipo de conversação — ainda que a experiência da igreja tenha mostra­ do que nem as mulheres mais velhas nem os oficiais da igreja estão neces­ sariamente isentos da mesma tentação (Kelly, 1963,118). Em lugar da ociosidade e das conver­ sações vãs, o apóstolo incentiva as viú­ vas mais jovens a praticarem três ativi­ dades e espera um resultado positivo (w . 14,15). Devem-se casar, ter filhos e ad­ ministrar o lar. Deste modo não darão ao inimigo nenhum a oportunidade para calúnia. De acordo com o pensamento de Paulo (cf. 1 Co 7.25-40), embora um segundo casamento não seja o ideal, é o caminho sensato para as mulheres que estão sozinhas, em pleno vigor da juven­ tude, principalmente diante de um his­ tórico (em Éfeso) de incontinência. Kelly (1963, 77) sugere que “a esposa e mãe tem um ministério tão honrado e frutí­ fero quanto o daqueles que recebem uma pensão por servirem à igreja”. Fee explica que o conselho do apóstolo para que as viúvas mais jovens se ca­ sem novamente não contradiz os ver­ sos 11 e 12, que parecem criticar o novo matrimônio e desqualificá-las com base em sua tendência ao novo casamento. “Nos versos 11-13, Paulo estava enume­ rando as razões pelas quais não deve­ riam ser contadas em meio às verdadeiras viúvas — basicam ente por não estarem de acordo com as qualificações expressas nos versos 9 e 10. Agora aconselha as

viúvas jovens quanto ao que já que são rejeitadas como viúvas” (Fee, 1988, 92-123 A declaração enfática de mas se desviaram, indo ap ' 15) demonstra que os ver são meras preocupações hi apóstolo; antes, trata-se de u crítico presente, que jaecess; ção urgente. O verbo “se d reincidente tanto em relaçã mestres como àqueles a qu fluenciaram. 3 .3 .2 .4 .0 Encorajam ento Individual às Viúvas (5.16). declarado genericamente (in do gênero) no verso 8 (“se algu' cuidado dos seus e principalm sua família, negou a fé e é pi infiel”; cf. v. 4) é agora espe ■' a mulher cristã. “Se alguma cr úvas, socorra-as [a expressão ' mília’, que aparece em algumas não faz parte do texto grego]”.5_ mos por que este mandamento do especificamente às mulher não conhecemos tais fundame Paulo conhecesse mulheres ricas semelhantes a Lídia em Filipos (A: ou Cloe em Corinto (1 Co 1.11). vavelmente já tivessem trazido lheres para cooperar na admini: suas casas. O apóstolo continua jando-as ao cuidado destas pes; que a igreja não fosse sobrecarr atitude deixaria os recursos da i poníveis para o cuidado de ou~

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A razão pela qual Paulo provar te não impunha a mesma obri umhomem cristão de posição senr deveria ser óbvia. Se tal homem solteiro ou viúvo, seria inadequa assumisse a responsabilidade grupo de viúvas; e, se fosse casa responsabilidade em todos os se pectos práticos seria naturalmente esposa (Kelly, 1963, 121).

3-4. T rabalh an d o com Líd n a Igreja (5.17-25)


I TIMÓTEO 5 tente pregar bem ”. Antes, é como se es­ .4.1. Os Presbíteros Trabalhadores > Dignos d e d u p la H o n ra (5 .1 7 ,1 8 ). tivesse dizendo: “Administre bem, mas realmente trabalhe, acima de tudo, no .igere que a palavra “presbíteros” no ministério da Palavra”. uló 17 provavelmente inclua “todos A “duplicada honra” é devida aos pres­ í dirigem os assuntos da igreja”, isto • bispos de 3-1-7 (cf. At 20.17,28; Tt bíteros que lideram bem e trabalham ar­ duamente no ministério da Palavra. Ba­ e os diáconos de 1 Timóteo 3.8-13seando-nos no verso seguinte, sabemos alha da terminologia (veja também que a “honra” inclui, no mínimo, a re­ .23; 15-4) reflete indubitavelmente muneração financeira. A ênfase do após­ ça judaica da igreja; os presbíteros l parte integrante da estrutura das tolo, porém, provavelmente não signi­ fique que os presbíteros que pregam gas” (Fee, 1988, 128). devam receber o dobro do salário da­ primeiro aspecto do ministério dos queles que não o fazem, ou que m ere­ xeros é administrar ou dirigir “os çam duas vezes mais que as viúvas. No as da igreja”. Paulo usou o verbo entanto, assim com o no ministério das mi em 3.4,12 referindo-se a admiviúvas, estes presbíteros merecem honra r e cuidar da própria família. O ver­ em dobro: respeito e remuneração. Paulo ifica literalmente “ocupar a primeira 3, administrar, governar, exercer areitera um tema que enfatizou em ou­ tras passagens: aqueles que ministram itendência”. A forma do substantia Palavra a uma congregação deveriam ! particípio deriva deste verbo, que ser sustentados por ela (1 Co 9-7-14; cf. ilo descritivo de uma pessoa nesta 2 Co 11.8,9; 1 Ts 2.7). y. é o termo mais antigo usado pelo No versículo 18, em um bom estilo •Iopara os líderes da igreja (veja Rm rabínico, o apóstolo cita Moisés como um t i Ts 5.12; cf. uma palavra relacionaapoio bíblico primário (Dt 25.4) e Jesus .asada para o ministério louvável de com o a máxima autoridade em sabedo­ J e em Romanos 16.2). Desde a época 1 no. o Mártir (150 d.Cr, conforme a ria (Lc 10.7;9cf. Mt 10.10), para a prática i Fust Apology 1.67), um substantivo que acabou de elogiar a congregação que estava em Éfeso. egular denota o líder de uma congrePaulo não apresentou uma descrição b. O elogio é em virtude daqueles detalhada do trabalho dos presbíteros; este Ifcfeios que cumprirambem tal ministério, não era seu objetivo. Sua preocupação era gundo aspecto do serviço de um recompensar aqueles que trabalharam bem; :rero é o trabalho de pregar e ensi> verbo usado aqui (kopiao) é um mas como nem todos os presbíteros em Éfeso o estavam fazendo, o apóstolo agora ritos de Paulo para referir-se àqueles volta a tratar deste problema. fcaòalham em prol do Evangelho; usa3 .4 .2 . Com o Lidar co m as Q ueixas io fala a respeito de seu próprio c o n tra os P resb íteros (5 .1 9 -2 1 ). Uma cerio e do de Timóteo (4.10), como vez que ninguém é exposto a tantas re­ do ministério de outros (por d o . 1 Co 15.10; 16.16; lT s 5.12; cf. clamações e calúnias como o ministro que serve fielmente, os presbíteros merecem i Rm 16). Este verbo tem o sentimais do que somente a proteção finan­ abalhar até ficar exausto. O fato ceira. Merecem a confiança da congregação verbo ter sido usado com referêna menos que as reclamações sejam subs­ scto do trabalho que o presbítero tanciadas por várias testemunhas. Em outras enha em relação ao ensino, e não palavras, os ministros devem ser conside­ ^^^___stração, é uma clara indicação dos rados inocentes até que seja provado o fccsapostólicos. Paulo está recomencontrário, como ocorre com todas as pes­ i : aos ministros que dediquem-se mais I n nate,r para n que m ipsejam c p i o t n mais m o i c peficientes fi, soas (2 Co 13.1; cf. Dt 19.15; Jo 8.17; Hb 10.28). Calvino disse que tal prática “é um Ir is té r io . Ele não diz: “Dedique-se remédio necessário contra a malícia dos ■ n o possível à administração, e então


I TIMÓTEO 5 homens; ninguém está mais sujeito a ca­ lúnias e difamações do que os mestres piedosos” (citado em Barrett, 1963, 80). No entanto, se as reclamações podem ser substanciadas, os pecados do presbítero não devem ser ocultados e sim expostos publicamente (v. 20). Este exemplo pú­ blico não será apenas uma forte adver­ tência aos demais presbíteros, mas tam­ bém a toda a congregação.

continue bebendo”) não prof de uma prática; exige a interrup prática em andamento. Paulo selhando Timóteo a “não [con bendo] somente água” (NVI). outros usos deste verbo na a se referiram a beber apen as á abster-se do vinho. Provavelme tenha sido envolvido pela visà sos mestres quanto à pureza, estava causando problemas de A solicitação do apóstolo se mostra forte vinho era conhecido como um no verso 21 quando exorta Timóteo a contra a má digestão (dispeps observar estas regras sem prejulgar o um tônico, e também um med assunto, não fazendo nada por favori­ contra os efeitos da água impr tismo... Ele invoca a Deus e a CristoJesus mentário do apóstolo reflete o use porque o juízo final está nas mãos do com propósitos medicinais, ai Senhor; Timóteo deve exercitar suas te difundido na antigüidade. funções judiciais como seu representante, O que se pode dizer sobre o e também como alguém que será jul­ da abstinência total de álcool gado por Cristo (Kelly, 1963, 127). so mundo moderno? Entre muit costais em nossos dias, a abst: Note que o papel dos anjos no juízo uma questão significativa, rela final pode servisto em Mateus 25.31; Marcos à santidade. Contudo, a prátic8.38; Lucas 9.26; Apocalipse 14.10. ber vinho durante as re fe iç ' 3.4.3A P roib ição das O rdenações embriagar-se, é um hábito cultxr Precipitadas(5.22-25).Aresponsabilidade aceito entre muitos pentecostais por uma eventual conduta imprópria dos países. A completa abstinência presbíteros é compartilhada por aqueles mendável. Uma pessoa que se que os ordenam. Portanto, Timóteo deve completamente do álcool não usar um critério cuidadoso antes de de­ agará nem se tornará alcoólaf signar os oficiais da igreja. Os líderes cristãos bém não faria com que um ex­ que são chamados para julgar e punir os tra recaísse no pecado. É mel demais, devem viver acima de qualquer venir do que remediar! repreensão. A tolerância em amor para com O conselho no versículo 23 parece estar que têm opiniões diferentes, em fora de ocasião, interrompendo a cone­ tos discutíveis, é também virtuo xão entre os versos 22 e 24. Alguns têm pecialmente levando-se em co conjeturado que se trate de uma declara­ gação de alguns, de que as Escritu ção colocada em um local errado ou um do Antigo como do Novo Tes comentário erroneamente incluído no texto, toleram o ato de consumir o vi embora não exista nenhum manuscrito moderação em certas ocasiões, que apóie uma ou outra hipótese. É pro­ dúvida de que o apóstolo Paulo vável que os comentários de Paulo se refiram encorajando Timóteo a abando à pureza pessoal, para que Timóteo não abstinência e com eçar a usar um participasse “dos pecados alheios” (v. 22); de vinho. As pessoas que crêem n pode ter vindo à memória do apóstolo o gelho, não importando sua visão assunto da abstinência total promovida peito deste assunto, fariam bem pelos falsos mestres (4.3) e agora prati­ sumissem a postura dos reforma cada pelo jovem pastor. “Unidade naquilo que é essencial, li O fato da proibição estar no tempo naquilo que não é essencial, e a presente no versículo 23 (literalmente, “não todas as coisas”.


I TIMÓTEO 6 s versos 24 e 25, o apóstolo retorna stão da avaliação do caráter dos J datos ao presbitério.

plica que a escravidão raramente era motivada pelo fator racial e, embora a alforria fosse uma prática comum, em muitos casos os escravos preferiam a escravidão em lugar _:stem pessoas, ele assinala, cujos da liberdade em virtude da segurança e da -::ados são imediatamente óbvios, boa posição que às vezes desfrutavam; —ando diante deles para julgamento 2) Já que os cristãos estavamesperando o retomo um outro modo de dizer que até o iminente de Cristo, a igreja investiu todas stor mais inexperiente e sem disceras suas energias na evangelização e não iiento não tem desculpa por não têna reforma social; ; notado... Existem outros, porém, cujos 3) Já que a verdadeira liberdade e a servi­ :cados vêm como rastro atrás de cada dão dos crentes são baseadas em seu re­ deles; isto é, só serão trazidos à luz lacionamento com Cristo, sua posição social ndo comparecerem na presença do neste mundo não era considerada tão im­ que tudo vê. A existência de tais portante quanto sua relação com Cristo oas sublinha a necessidade de se (Kelly, 1963, 130). um extremo cuidado ao selecionar Apesar da aparente tolerância do Novo ministros (Kelly, 1963, 129). Testamento em relação à escravidão na ■ cultura, e a consciência de sua presença _ j Io não deseja finalizar com uma nota na igreja, este não é o final da história. raf conseqüentemente declara o proApesar de Paulo se dirigir tanto aos es­ "Dverso24demodoafirmativo: “Assim cravos cristãos como aos senhores cris­ também as boas obras são manitãos (cf. Ef 6.5-9; C13.22— 4.1), etam bém e as que são doutra maneira não podem aos escravos cristãos que eram possuídos -se”(v. 25). A mensagem para Timóteo por senhores cruéis e irracionais (Tt 2.9,10; rejeitar os candidatos que, a princí­ 1 Pe 2.18-20), a atitude cristã em relação pio parecem possuir as qualidades à escravidão é melhor resumida por Paulo porque as boas obras não podem em sua Carta a Filemom. Discutindo a ítadas e certamente virão a público. alforria, o apóstolo afirma que Onésimo s palavras, as pessoas verdadeiranão deve ser considerado “como servo: merecedoras, com certeza apareceantes, mais do que servo, como irmão onfòrme um conhecido provérbio poamado” (Fm 16). A igreja primitiva de fato "A nata sempre sobe!” praticava aquilo que pregava. Aquele escravo, Onésimo, foi libertado e tudo indica que tornou-se o bispo de Éfeso, 5. E x o rta n d o os Servos ou e por volta do ano 220 d.C. Calisto, um E scrav os C rentes (6 .1 ,2 a ) antigo escravo, ascendeu ao bispado de Tavos são a categoria demográfica Roma. Talvez estes versos (1 Tm 6.1,2a) que Paulo se dirige nesta carta. O sejam outra evidência de escravos minis­ a igreja primitiva ter sido formatrando como líderes na igreja. muitos escravos e donos de es3 .5 .1 . H o n rar os M estres p o r A m or pode ser uma surpresa para o leitor a C risto (6 .1 ). Barrett sugere que as pri­ o, mas é importante lembrar três meiras palavras gregas no verso — lite­ lativos ao contexto histórico e teralmente, “Todos os servos que estão debaixo do jugo...” — não se referem aos escra­ :tuição da escravidão estava profunvos em geral (embora não seria inaplicável ~te enraizada na cultura greco-romana. a qualquer escravo), mas particularmen­ da que as pessoas estivessem nesse te aos presbíteros que são escravos (Barrett, — e na estrutura social tais pesso- 1963, 82). A advertência a considerar os enciam à classe mais pobre —, era senhores como “dignos de toda a hon­ deravelmente diferente do que foi ra” é dado sob um motivo decisivamen­ do na história americana. Fee ex­ te missionário. Se os escravos cristãos forem 1479


I TIMÓTEO 6 rebeldes, “o nome de Deus e a doutrina [o ensino da igreja]”são blasfemados. Aqui, novamente, como foi anteriormente evi­ dente no caso das instruções de Paulo aos bispos e diáconos, o modo como ad­ ministramos nossa vida cristã é essenci­ al para a imagem da igreja perante os estranhos (cf. 2.2; 3-7; 5.14). 3-5.2. Os Senhores C rentes Devem Ser ainda m ais H onrados (6 .2 a ). A admoestação para respeitar os senhores é a mais adequada no caso dos senhores crentes. Da mesma maneira que Paulo advertiu Filemom de que Onésimo era mais do que um escravo — era um irmão (Fm 16) — diz agora o mesmo sobre os senhores crentes. Estes são mais do que senhores; são irmãos. Os escravos cristãos não devem, portan­ to, negligenciar suas obrigações simples­ mente pelo fato da disciplina dos senho­ res crentes ser menos severa, por ser tem­ perada com amor. Antes, cada um deve servir a seu senhor de modo ainda melhor, sa­ bendo que um crente amado será benefi­ ciado por seu trabalho.

3.6. A Luta con tra os Falsos Mestres e o A m or a o D in heiro ('6.2 b -10.9 3 .6 .1 . A O rdem p a ra que a O rtod o­ x ia Seja Ensinada (6 .2 b ). À medida que o apóstolo se aproxima de suas injunções finais, exorta Timóteo dizendo: “Isto ensina e exorta”. Ainda que o termo “isto” possa se referir ao que precede imediatamente este verso (o conselho relativo aos es­ cravos), provavelmente se refira àquilo que vem a seguir (as instruções relati­ vas aos falsos mestres ■— a razão para esta carta e as instruções do apóstolo desde 2.1). 3.6.2. A D escrição dos E nsinadores de H eresias (6 .3 -5 ). Em uma acusação final aos falsos mestres, Paulo contras­ ta as coisas que Tim óteo deveria ensi­ nar com as doutrinas errôneas dos hereges. O verbo que ele usa, referindose ao ensino das falsas doutrinas (o mesmo que em 1.3), significa “ensinar outra doutrina”, isto é, ensinar uma doutrina falsa ou herética. O ensino destes ho­

mens não está de acordo com as saudáveis que vêm da parte A sintaxe dos versos 3-5 é condicional assumida como dadeira. Em outras palavras, e claração comece com a parti cional “se”, a gramática que Pa que ele sabe que está expr verdades como realmente sâo. tolo caracteriza o falso mestre de c , 1) “É soberbo e nada sabe” (v. 4 refere aos falsos mestres como pomposos”. Aqueles que penr os (sendo deste modo sobe suposta importância), mas não nada, são um tema constante de Paulo (cf. 1.7; cf. 1 Co 1.18 2 Co 10— 12; Cl 2; Tt 1,15,16): 2) O falso mestre também “tem un: insalubre em controvérsias e J — bre as palavras”. Ao invés de se rem pela sã doutrina (cf. v. 3), “doentio” (BAGD, 543) pela c Paulo então descreve dois efr tadores deste falso ensino: o detr comunidade de Cristo e a enfei piritual dos próprios mestres. A argumentos e as palavras de ordem inveja ou ciúme, o pecado mortal com que as pessoas se voltem u as outras (Rm 1.29; Gl 5.21). A qüentemente causa explosões de e contendas (que também fazem listas de Rm 1.29; Gl 5.20). A por sua vez, produz “contendas de e “suspeitas ruins”. Em poucas pala\ um atrito constante. Em nome dc mento e da sabedoria, estes falsos produziram o erro e a destruição. Não só a igreja sofre, mas os mestres experimentam uma doe ritual terminal. Tornaram-se ho; ruptos de entendimento” — seu mento tornou-se decaído a po composição. Foram até mesmo da verdade ”. Ao tentar ganhar din meio do Evangelho, empobrec relação à verdade. A cobiça, du o tempo, levou-os ao caminho 3 .6 .3 . Tentações pelo Dinh p ostos (6 .6 -1 0 ). Em contraste com as últimas palavras do v


I TIMÓTEO 6 muda as frases. Os falsos mestres que “a piedade seja causa de ganho”, o verdadeiro ganho é a piedade que busca o lucro material. Õ “contentaj ” (v. 6), como um termo usado pelos fos, significa “satisfação, auto-sufia, independência”; mas usando-o Fp 4.11), Paulo declara aos estóicos o verdadeiro contentamento é a sú­ cia em Cristo, e não a auto-sufici- (Fee, 1988, 143). versos 7 e 8, o apóstolo dá duas para que “a piedade seja causa de ” (v. 5): kna vez que o lucro material é temporá. a cobiça é irracional. As palavras de Paulo cam como as de Jó 1.21: “Nu saí do ven­ de minha mãe e nu tornarei para lá”; suficiência ultrapassada ainda é sufi~ncia, de forma que a busca da riqueé fútil. Uma superabundância daquique é “suficiente” não encontra mais essidades do que o suficiente. E vir« íoso estar contente, isto é, satisfeito com | suficiente. verso 9, Paulo retorna à avareza dos i mestres e de todos os que “querem ■os”. Fee (1988,144-45) descreve as qüências da cobiça como uma esdescendente. O ganancioso “cai em o”. Como qualquer um que já pescou :ce, a atração (isto é, a isca, a tentaleva a “uma armadilha”. A armadi' o desejo tolo e prejudicial que nos _,_lha na ruína e na destruição. A linsem original é vivida aqui: estes de~ são como um monstro que arrasta vítimas até o fundo, submergindoe afogando-as. As palavras “ruína” e ição”sugerem uma perda irreparável rie, 1990, 113). apóstolo conclui o assunto (v. 10) do um provérbio grego e um teste' 10 pessoal: “... o amor do dinheiro raiz de toda espécie de males”. Fee , 145) esclarece: “Este texto não diz, é citado erroneamente, que o di~o é a raiz de todos os males, nem nde dizer que todo o mal conhecim a avareza como raiz... A cobiça é armadilha cheia de muitos desejos x>s que levam a todos os tipos de

pecado”. A triste realidade é que algu­ mas pessoas — no contexto de Paulo, os presbíteros desviados da congrega­ ção dos efésios — em virtude da ganân­ cia, “se desviaram da fé e se traspassaram a si mesmos com muitas dores”.

4. Conclusão: Instruções Finais e Bênção (6.11-21) Em suas instruções finais para Timó­ teo, o apóstolo dá quatro ordens a seu jovem amigo pastor, uma instrução solene e um hino de louvor.

4.1. M anter a F é (6 .1 1 ,12a) 4 .1 .1 . Fugir do M aterialism o (6 .1 1 ). Paulo transmite a Timóteo plena confi­ ança ao identificá-lo como um “homem de Deus”, um termo do Antigo Testamento usado para designar um servo ou agen­ te de Deus. O apóstolo o previne a fugir “destas coisas” (isto é, das doutrinas e práticas dos falsos mestres) e a seguir uma vida virtuosa. O termo “justiça” signifi­ ca uma conduta correta; “piedade” ex­ pressa um relacionamento correto com Deus e com os outros; “fé”, aderência à verdade; “amor”, caridade para com to­ dos; “paciência”, persistência tenaz em meio a situações difíceis; e “mansidão”, um espírito meigo, terno. 4 .1 .2 . Lutar pela Fé (6 .1 2 a ). Paulo, então, volta-se ao conceito de lutar e manterse firme. Alguns entendem que a expressão “Milita a boa milícia da fé” é uma metá­ fora realmente atlética (e não militar), en­ corajando-o a (literalmente) “continuar lutando na competição da fé”.

4.2. M anter a O bediên cia (6 .1 2 b-1 5 a ) O conceito de “tomar posse da vida eterna”dá continuidade à metáfora atlética. O jovem que está pelejando deve enfocar o prêmio e prosseguir na competição até a sua conclusão triunfante, quando re­ ceberá a recompensa da competição para a qual foi chamado. Paulo lembra Timóteo de sua confissão de fé, provavelmente feita por ocasião de seu batismo, diante

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I TIMÓTEO 6 de muitas testemunhas. Levando em conta o passado, o presente e o futuro, o apóstolo encoraja-o à obediência. A instrução solene de Paulo a Timó­ teo, dada na presença de Deus (que pode preservar a vida) e na presença de Jesus Cristo (que fez a maior de todas as con­ fissões), é que guarde este mandamento [isto é, que persevere na fé e no ministé­ rio] “sem mácula e repreensão”. Sua per­ severança consiste em continuar “até a aparição de nosso Senhor Jesus Cristo”. A segunda vinda é descrita como certa (será proporcionada por Deus), e acontecerá de acordo com a soberania de Deus (“a seu tempo”).

4.3■ G lorificado Seja Deus (6 .15b, 16) O pensam ento do retorno de Cristo e da soberania de Deus leva a uma ma­ jestosa doxologia. Kelly (1963,146) sugere que o hino de louvor a Deus, com tra­ ços do Antigo Testamento e do judaís­ mo, seja “uma pedra preciosa do tesouro devocional da sinagoga helenística que os convertidos naturalizaram na igreja cristã”. O Senhor Deus, que fará com que o Senhor Jesus Cristo venha pela segunda vez no tem po certo, é d escrito com majestoso esplendor, por meio de cin­ co epítetos, seguidos por um hino de louvor. Todos os significados léxicos imagináveis estão incorporados para enfatizar a singularidade e a soberania de Deus: 1) Ele é o Deus bendito, o Juiz supremo, o “único poderoso Senhor”. O uso do ter­ mo “único” enfatiza a soberania de Deus; 2) Ele é 0 “Rei dos reis e Senhor dos senho­ res”. Esta frase em grego difere da cons­ trução usada em Apocalipse 17.14 e 19.16. “A diferença enfatiza o fato de que Deus é realmente o governador de todos os prín­ cipes da tena” (Barrett, 1963, 87). Ele é o Rei dos que reinam como reis, e Senhor daqueles que exercitam o senhorio; 3) Ele é “aquele que tem, ele só, a imortali­ dade”. Sua existência é sem fim e não está sujeita ao poder da morte;

4) Ele “habita na luz inacessível* dor de sua santidade absoluu habitação inacessível; 5) Ele éaquEle “a quem nenhum viu nempode ver”. Ele é invisível seu lugar de habitação seja: porque é muito brilhante para mortais. Doxologia: A Ele “seja hoi sem piterno. Amém”. A dox expressão da glorificação a D não existe nenhum verbo nesta ela pode ser lida com o uma d (isto é, “Honra e poder perten para sem pre”), ou com o um vo ou exortação (isto é, “Que 2 o poder lhe sejam tributados pre”). O termo “Amém” significa* do” ou “assim seja”; esteúltimc provável. Esta doxologia ord honra (respeito, reconhecime ou dignidade) e o domínio absol atribuídos a Deus eternament

4.4. A In strução a o s Ricos (6.17-19) O apóstolo já havia se dirigi les que queriam se tomar ricos; ag~ a carta com conselhos para aq~ já são ricos. 4 .4 .1 . E n fo c a r a Deus (6.1~ lo começa dando a Timóteo duas negativas quanto “aos ricos deste 1) Não devem ser altivos, isto é, rem-se de modo arrogante, pen são superiores; 2) Não devem colocar a sua esp~ riquezas, mas em Deus. As riqu incertas, porém Deus é fiel. Ele e dor, e age de modo a prover todas sas ricamente, não simplesmente do nossas necessidades básicas, sustentando de uma maneira que alegria e prazer. 4 .4 .2 . Cultivar a G eneros (6.18,19). Então Paulo prosseguei bições pormeio de ordens de caráter; “Manda aos ricos deste mundo... çam o bem, enriqueçam em boas repartam de boa mente e sejam c cáveis”.A bondade e a generosidade.


I TIMÓTEO 6 > ativa e passivamente, deveriam ca* N. do T.: O termo logiort significa uma 'zar o rico justo. Como o próprio Seexpressão ou dito atribuídos a Cristo, não Jesus disse, tal bondade e generosiregistrados nos Evangelhos, mas conser­ são investimentos na eternidade (Lc vada por tradição oral. 3:18.22; cf. Mt 6.19-21), pois assim os entesouram “para si mesmos” e esecem “um bom fundamento para o ”. Cultivando deste modo a generocristâ, os ricos alcançarão a vida que O ANTIGO TESTAMENTO ente tem valor; a vida eterna.

NO NOVO TESTAMENTO

4.5. G u ard a r o D epósito (6 .2 0 ,2 1 a) instrução final do apóstolo para Ti~o é: “guarda o depósito que te foi do”. Isto significa que o jovem pastor ria guardar de modo seguro aquie foi confiado aos seus cuidados, estudiosos debateram sobre o que aquele depósito sagrado confiado óteo — o ensino sadio do Evan. seu dom espiritual para o minis. a tarefa de resistir aos falsos mese manter sua própria vida pura. parando esta passagem com 2 Ti'o 1.12 (veja o com entário) e 1.14, e melhor entender “o depósito” como dade do Evangelho. Uma vez mais 'stolo exorta Tim óteo a ter “horaos clamores vãos e profanos e às 'ções da falsamente chamada ciência” também 1.6; 4.7; cf. 2 Tm 2.23). lizmente, Paulo reitera a perda de ~s crentes que professavam a fé, por a deste erro.

4.6. C onclu são (6.21b) 'Finalmente, de uma maneira répencom sua ternura intrínseca, Paulo rlui a carta com sua bênção típica: ~ça seja convosco’” (Fee, 1988,162). é uma oração breve, porém sincepara que a graça de Deus esteja não ente com Timóteo, mas também com eles que estão sob seus cuidados re que a palavra “convosco”é plural), lação é crítica, a conclusão é bremas a ajuda divina está disponível e eficiente para trazer bom êxito ao essor de Paulo.

NT

AT

ASSUNTO

1 Tm 5.18

Dt 25.4

Não atar a boca do boi

NOTAS

1Todo o livro de Richard e Catherine Clark Kroeger, ISufferNota Woman, é dedicado a esta passagem. Contém bases históricas, culturais e uma excelente compreensão gramatical — o fruto de dez anos de pes­ quisa léxica da palavra au thenteo (traduzida pela NVI como “ter autoridade sobre”) . Meus comentários derivamdo trabalho dos Kroeger. 2A exceção notável, que é uma tendência de tradução, é Romanos 16.1. Já que o ministro ( diakon os ) neste texto é uma mulher, Febe, os tradutores hesitaram em reconhecer o ofício que o apóstolo Pau­ lo lhe atribuiu. Neste texto a NVI traduz o título deste ofício como “servo”, enquanto oferece uma nota de rodapé que sugere a tradução “diaconisa”. Esta tradução, embora possa ser utilizada, não é exata, uma vez que a palavra “diaconisa” é anacrônica (de um outro período). Veja também os co­ mentários sobre 1 Timóteo 3.11. 3Nenhum dos manuscritos antigos especi­ fica que estas sejam qualificações para oficiais do sexo masculino. Não existe nenhuma evidência nos manuscritos para crermos que isto fosse sequer uma questão na igreja primitiva. Tal exclusividade masculina em relação aos diáconos é uma convenção das traduções inglesas, não do texto no idioma original. A palavra diakonos pode ser tanto masculina como feminina, de­ pendendo do artigo grego, que neste caso não consta no texto. 1483


I TIMÓTEO 4 Acreditando que a Segunda Vinda de Cristo estivesse próxima, e desejando en­ volver no trabalho da colheita todos aque­ les que estivessem dispostos, o antigo fundamentalismo na América (1880-1930) deu forte apoio ao ministério feminino. Janette Hassey documenta esta defesa bem como as razões de seu declínio nos círculos fundamentalistas mais antigos, na obra, No Time

for Silence: Evangelical Women in Public Ministiy Around lhe Turn o fth e Century (1986). Outro livro documenta as vastas contribuições das mulheres como missionárias no século XIX e no início do século XX: R. Pierce, Beaver, American Protestant Women

in WorldMission: aPíistoryofthePirstFeminist Moviment in North Am erica (1968; cuja primeira publicação foi intitulada AllLoves Excelling; 1980, edição revisada). 5Reconhecendo o derramamento do Espírito Santo em Atos 2 como o cum­ primento de Jo el 2, que diz que “os vos­ sos filhos e as vossas filhas profetizarão”, “ou pregarão”, as mulheres nos círculos pentecostais foram reconhecidas como chamadas e capacitadas por Deus para o ministério, desde o avivamento que ocor­ reu no início do século XX. As Assem­ bléias de Deus, por exemplo, têm uma rica história do apoio de corajosas ser­ vas do Senhor, que foram ordenadas ao ministério do evangelho. O pentecostalismo afro-americano não só tem uma fervo­ rosa história de mulheres no ministério, mas algumas das maiores pregadoras ainda vivas fazem parte deste grupo. Embora alguns carismáticos tenham tomado uma posição reacionária contra a ordenação de mulheres, o novo pentecostalismo (por exemplo, o Movimento da Palavra e a Terceira Onda) abraçou o ministério fe­ minino.

6 De fato, o Distinctive Diako Londres, Inglaterra, é comple~ dedicado à pesquisa e restauração dos diáconos conforme o NovoT para a igreja contemporânea. Su^~ cobertas se tornaram um impulse esforço ao retomo das mulheres a e Veja também a observação sobre os na referência a Filipenses 1.1 em j Evans e Storkey, 1995, 407. 7 Recentes evidências docume extensa participação das mulherps nistério da igreja primitiva, como estudos léxicos e contextuais, de as interpretações tradicionais de passagens do Novo Testamento e com a igreja a repensar seu ensino tra * em relação ao papel das mulheres nistério. Por exemplo, extensos est. erudito australiano Greg Horselv. piros que contêmantigos documentos inscrições da igreja (inclusive epm lápides) recuperaram os nomes e as e^ de cinco presbíteros mulheres, urr mestra e nove diáconos mulheres cs primitiva. Um resumo destas fontes formação aparece na obra “Early Bv of Women Õfficers in the Church". Papers 1/4 (Fali, 1987): 3-4. 8Esta mudança para o assunto ref às mulheres foi tão surpreendente alguns copistas alteraram o texto (; que estivessem fazendo uma correçc que este incluísse ambos os gê 9 Deve ser notado que na única passagem onde Paulo cita litera' palavras de Jesus (1 Co 11.24,25), cita uma versão partilhada com Lu contraste com Marcos e Mateus, istq deveria nos surpreender, em vi aparente proximidade de Paulo e (Fee, 1988, 129).

1484


II TIMÓTEO D e b o ra h K/Ienken G i l l 3.1.2. Treinar-se para Ser Preciso na Palavra (2.15) 3.1.3. Evitar absolutamente as Palavras Vazias (2.16-18) 3.2. Viva uma Vida Santa! (2.19-22) 3.2.1. O Selo de Deus (2.19) 3.2.2. Um Vaso de Honra (2.20,21) 3.2.3. Um Seguidor da Justiça (2.22) 3-3. Paulo Abre um Parêntese: Rejeitar as Questões Loucas! (2.23; cf. w. 14-18) 3.4. Liderar como um Servo Humilde (2.24-26) 3.4.1. Características do Servo do Senhor (2.24) 3.4.2. O Servo do Senhor Deve Corrigir (2.25,26)

:5BO Ç O

L Introdução (1.1-18) 1.1. Saudação (1.1,2) 1.2. Ternas Lembranças (1.3-7) 1.2.1. Recordando as Lágrimas de Timóteo, Paulo Relembra-o em Oração L G.3,4) 1.2.2. Relembrando a Herança Religiosa , de Timóteo, Paulo o Incentiva a Reavivar ! seu Dom (1.5-7) 1.3. O Encorajamento Inicial (1.8-14) 1.3.1. Participar do Sofrimento (1.8-12) 1.3.2. Duas Ordens Adicionais (1.13,14) 1.4. Notícias Recentes (1.15-18) 1.4.1. Aqueles que Estavam na Ásia se r Apartaram de Paulo (1.15) 1.4.2. A Casa de Onesíforo Recreou o I Apóstolo (1.16-18) —

Exortações Pessoais ao Sucessor de Paulo (2.1-13) 2.1. Eortalecer-se na Graça (2.1) 2.2. Transmitir a Responsabilidade a Pessoas Fiéis (2.2) 2.3. Resistir conforme estes Exemplos : 3-6) 2.3.1. Sofrer como Bom Soldado — Nâó ; se Embaraçar! (2.3,4) 2.3.2. Competir como um Atleta — De acordo com as Regras! (2.5) 2.3.3. Trabalhar arduamente como um lavrador e Participar da Colheita (2.6) 2.4. Refletir por um Momento (2.7) 1.5. A Base para o Apelo (2.8-13) 2.5.1. Lembrar-se de Jesus Cristo: O Exemplo Excelente (2.8,9) 15.2. A Consideração dos Motivos de Bwlo: A Salvação dos outros (2.10) -5-3. Meditar sobre esta Declaração: Um Ifcio de Persistência (2.11-13) Exortações de Liderança ao iocessor de Paulo (2.14-26) 3 1 . Mantenha a Doutrina! (2.14-18, cf. v. 23) 51.1. Ensiná-los a não Contender por feiavras (2.14)

1485

4. A Advertência contra a Maldade e as Heresias Escatológicas (3.1-17) 4.1. A Maldade do Final dos Tempos (3.1-9) 4.1.1. Virão Dias Difíceis (3.1) 4.1.2. As Pessoas que Devem Ser Evitadas (3.2-5) 4.1.3.0 que Fazem os Falsos Mestres (3.6,7) 4.1.4. Dois Exemplos Infames (3.8) 4.1.5. O Fim de tais Pessoas (3.9) 4.2. Encorajamento apesar dos Obstáculos (3.10-17) 4.2.1. Timóteo Tem um Histórico de Fidelidade (3.10,11) 4.2.2. A Perseguição Deve Ser Esperada

(3 .1 2 )

4.2.3. A Degeneração Aumentará (3.13) 4.2.4. A Perseverança É uma Necessidade (3.14,15) 4.2.5. A Escritura É Suficiente (3.16,17) 5. Instruções Solenes Relativas ao Ministério (4.1-8) 5.1. Sobre o Ministério da Palavra (4.1-4) 5.1.1. Pregue o Máximo Possível! (4-1,2) 5.1.2. Você nem sempre Terá a Oportunidade (4.3,4) 5.2. Sobre o Ministério em Geral (4.5-8) 5.2.1. Agir corretamente em tudo (4.5) 5.2.2. Não Estarei perto por muito Tempo (4.6-8)


II TIMÓTEO 1 titua a expressão “meu verdadeirc na fé”. Como uma correspondên;^ 3 tima entre um apóstolo e seu apre" J Ê não há necessidade de legitimar a p 1 ção de Timóteo diante da co n g reg :fi antes, Paulo simplesmente expre-íc ■ estreitos laços que compartilham. Tszá ■ sempre foi um “filho amado” pari B lo (veja 1 Co 4.17).

6. Conclusão: Considerações Finais (4.9-22) 6.1. Observações Pessoais (4.9-13) 6.1.1. Venha Depressa! (4.9-1 la) 6.1.2. Traga Marcos consigo (4.11b) 6.1.3. Tíquico É Recomendado (4.12) 6.1.4. Traga três Coisas (4.13) 6.2. Compartilhando uma Advertência: Tenha Cuidado com Alexandre (4.14,15) 6.2.1. “O Latoeiro Causou-me muitos Males” (4.14) 6.2.2. Guarda-te também dele! (4.15) 6.3. O Testemunho em meio às Dificuldades (4.16-18) 6.3.1. Todos me Desampararam (4.16) 6.3.2. Porém Deus Estava Presente (4.17) 6.3.3. Ele sempre Estará Presente (4.18) 6.4. Palavras de Despedida (4.19-22) 6.4.1. Saudação a três Irmãos (4.19) 6.4.2. Notícias sobre dois Irmãos (4.20) 6.4.3. Venha antes do Inverno! (4.21a) 6.4.4. Estes quatro (e os demais) o Saúdam (4.21b) 6.4.5. Conclusão (4.22)

1.2. Ternas Lem branças (1 ,S-~3

C OME NT ÁR I O

1. Introdução (1 .1 -1 8 )

1.1. S a u d a çã o (1.1,2) Semelhante à primeira, a Segunda Carta de Paulo a Timóteo começa com uma breve saudação seguindo o padrão habitual. Pode parecer surpreendente que Paulo ainda esteja enfatizando seu apostolado a seu amado filho na fé. Por que faria isso? Já que esta carta é mais pessoal do que a primeira que foi endereçada a Timóteo, a razão que o levou a esta ênfase apostó­ lica pode simplesmente ter sido o hábi­ to, ou pode refletir um apelo urgente à lealdade. O apostolado de Paulo é des­ crito como sendo “pela vontade de Deus”, não por vontade de Paulo; é “segundo a promessa da vida”, que é o objeto e a intenção do compromisso; e a vida está “em Cristo Jesus”, que é a fonte e a esfera do verdadeiro viver. O. modo como Paulo se dirige ao des­ tinatário é quase idêntico a 1 Timóteo (veja comentários sobre 1 Tm 1.2), a não ser que a expressão “meu amado filho” subs­

A oração de ação de graças na al ra, lembrando Timóteo de sua leaádi passada, de sua fé e de sua herança i giosa, ajusta o tom para seu argunaS de perseverança e contínua lealdadÉ 1 .2 .1 . R eco rd an d o as Lá; Timóteo, Paulo Relembra-o em ( 1 .3 ,4 ) . Paulo se identifica co m sincero adorador e servo do Deus 5; antepassados. Seu Cristo está e~ clara continuidade com o Deus dj tigo Testamento; seu cristianis— suprem o cum prim ento do ju ci^ Tam bém partilha tal herança refig com Tim óteo. O verbo “servir que o apóstolo está executand: ori veres religiosos do ministério; se _ ■ presente indica que tal serviçc fÜ hábito ininterrupto cuja intensidact foi reduzida em sua vida (Rienecker 2. 637). Paulo é grato a Deus em to suas orações, “noite e dia”, menc::Tim óteo em suas petições. É a memória das lágrimas de que move em Paulo o desejo de - oá jovem amigo novamente, para que próxima visita a dor presente substituída pela alegria. Não há dói| que o apóstolo mais velho está recac o sofrimento de sua última desrwi Podemos ver uma sugestão da s : I Paulo durante sua vigília final e com: a companhia de Timóteo, em bcri 1 ; em Éfeso ainda não esteja conc/. 1 .2 .2 . R elem brando a Her ligiosa de Tim óteo, Paulo o ] a R eavivar seu D om (1 .5 -7 ). >. mória aquece o coração do ajjxxs* I sincera de Timóteo (1.5). O atí;e^ | nifica “genuíno” (literalmente,

1486


II TIMÓTEO 1 ”); o substantivo “fé” (pistis) poderia ' -se à sua confiança em Deus, porém is provável que indique a fidelidade Timóteo. A fidelidade genuína e a firsão as razões para que Paulo rendesse em mais de uma ocasião (cf. Rm 1.8; 1.4; 1 Ts 1.3; 3.6,7; 2 Ts 1.3; Fm 5). rm um esforço para encorajar a leal~c contínua deTimóteo (a Cristo, a Paulo seu ministério), o apóstolo lembra o pastor de sua herança religiosa. Da a maneira que Paulo continuou fiel seu serviço ao Deus de seus antepas_s (v. 3), assim a firmeza de Timóteo te do sofrim ento representa uma :“uidade da fé e da fidelidade de seus assados. A mãe e a avó de Timóteo lhe trans­ iam uma rica herança espiritual, que pissou de geração a geração... O texto 2 Timóteo 3.14,15 indica que muito o, em sua infância, Timóteo foi ins­ truído nas Sagradas Escrituras... É pro•ável que ele fosse o fruto de um “ca­ samento misto”, pois seu pai era grego t sua mãe era judia. Parece que o pai re Timóteo não era crente, já que sua ' não é mencionada. A passagem em Coríntios 7.14 fala do marido incrér.io que é santificado por sua esposa nte, de forma que os filhos podem parte desta nova vida em Cristo. Como são afortunadas e santificadas ps crianças nascidas em famílias onde a ?l!avra de Deus é passada de geração a ffiiação (SI 78.1-7). Muitos dos patriar115 da igreja primitiva como Agostinho, João Crisóstomo, Gregório de Nazianzo, Bisílio e Gregório de Nissa celebraram influência religiosa de suas mães... Pesquisas recentes relativas ao comitamento infantil enfatizam a imporÉncia do desenvolvimento da criança r meio de sua interação e de seu re:~namento com a mãe— isto é, o efeito 'proco da mãe sobre a criança, ascomo da criança sobre a mãe (Kroeger, ns e Storkey, 1995, 451-452).

afirmação, declarando que estava per­ suadido de que esta fé também habita­ va em seu jovem coop erad or: “... estou certo de que também habita em ti”. Esta confiança na fé genuína de Timóteo tornase o trampolim para o apelo que vem a seguir (1.6— 2.13) (Fee, 1988, 223). Tal confiança na herança religiosa e na fé genuína é a base da recomendação de Paulo para que Timóteo “desperte” seu dom espiritual (v. 6). Este verbo se refere a ativar, acender a chama para que se torne viva, e mantêla acesa. Também significa “reacender” ou “manter a chama acesa em seu nível máximo”. A declaração de Paulo não contém necessariamente uma censura, já que o fogo no mundo antigo nunca era mantido como uma chama ininterrupta; no entanto, mantinha-se vivo por meio de brasas de carvão que eram novamente acesas por um fole sempre que a situa­ ção o demandasse (Rienecker, 1980,638). E como se o apóstolo estivesse dizen­ do a seu amigo tímido: “Agora é o mo­ mento; a situação exige que você faça pleno uso do dom da graça de Deus”. Em 1 Ti­ móteo 4.14 lemos sobre o dom espiritu­ al de Timóteo, e .em 1.18 e 4.14 sobre as profecias a seu respeito; agora vemos que as mãos que lhe foram impostas não fo­ ram somente as dos presbíteros, mas tam­ bém as mãos do apóstolo. Paulo enfoca sua própria situação pessoal ao autenti­ car o ministério de Timóteo, em um es­ forço de encorajar o jovem inseguro (cf. 1 Co 16.10,11; 1 Tm 4.12). Em relação ao verso 7, Fee argumenta (1988, 226) que o “espírito”, não de “te­ mor”, mas de “fortaleza”, “amor” e “mo­ deração” não é uma atitude interior, mas é o próprio Espírito Santo.

apóstolo conclui seu resumo sobre nça religiosa de Timóteo com uma 1487

Paulo está se referindo não a algum “espírito” (ou atitude) que “Deus” nos tenha dado (a ele e aTimóteo, e em última instância a todos os outros crentes que devem igualmente perseverar diante das adversidades), mas ao Espírito Santo de Deus, o que é explicado por vários as­


II TIMÓTEO 1 também o destino de Timóteo (3.12 expressão traduzida como “participa aflições” significa “assumir a sua no sofrimento de alguém”; o aoristo: rativo indica “que a ação deve ser : diatamente realizada” (Rienecker. 1 638). A capacitação para se passar este sofrimento virá “segundo o de Deus”. A menção de Deus encaminha a uma confissão de fé no evangelhe 9,10), da mesma maneira que faz eru 2.11-14 e 3-4-7. Esta declaração em ma de hino é particularmente apr~_ da à situação presente de Timótec precisa de encorajamento para rea seu dom, renunciar à sua covardia mar sua parte no sofrimento por a. Cristo. Embora os versos 8-11 formen única sentença no grego, os editoir texto grego apresentam os versos 9 em forma poética conforme a seg; tradução literal:

pectos: (a) o termo explicativo “porque” que inicia esta oração, aproxima-a do verso 6; (b) o relacionamento próximo entre charisma (“dom”, v. 6) e Espírito (v. 7) é uma característica completamente paulina...; (c) as palavras “fortaleza” e “amor” são especialmente atribuídas ao Espíritonos escritos de Paulo; e (d) existem fortes ligações entre este verso e 1 Ti­ móteo 4.14, onde o “dom” de Timóteo está especificamente destacado como sendo uma obra do Espírito. Além disso, nas expressões “não... mas”, declarações que contrastam espíritos (Rm 8.15; 1 Co 2.12), o termo “mas” refere-se claramente ao Espírito Santo. “Deste modo, o intento de Paulo poderia ser expresso da seguinte maneira: Pois quando “Deus nos deu” o seu “Espírito”, não recebemos “timidez” ou “temor”, mas “fortaleza, amor e m oderação” (ibid., 227). Diante das dificuldades presentes, é o Espírito de Deus que vence a covardia, contribui para o pensamento claro (especialmente dian­ te dos falsos mestres), nos fornece poder e nos enche de amor.

[Foi Deus] quem nos salvou e nos mou para [ou com] uma santa cação, não de acordo com as nossas obras, de acordo com o seu próprio pi e graça, que nos foramdados em Cristojesus do tempo imemorial, mas agora foram revelados através aparecimento de nosso Salvador. Jesus, que, por um lado destruiu a mor.t. por outro trouxe luz à vida e a talidade através do evangelho.

1.3■ O E n corajam en to In ic ia l (1 .8 -1 4 ) 1.3.1. Participar do Sofrim ento (1.812 Levando em conta a capacitação do Espírito, o apóstolo exorta Timóteo com duas ordens: “não te envergonhes”, mas “participa das aflições do evangelho” (v. 8). Paulo primeiro exorta Timóteo a com­ partilhar de boa vontade do estigma e da vergonha de Cristo, o Messias cruci­ ficado, e de Paulo, seu em baixador em prisões. Isto é, Tim óteo não deve evi­ tar a humilhação baseada no testem u­ nho de Cristo ou em sua associação com o apóstolo. Além disso, Timóteo deve abraçar o sofrimento. Pelo fato de Paulo não se envergonhar do testemunho de Cristo, sofreu freqüentemente pelo evangelho (cf. Rm 8.17; 2 Co 4.7-15; Fp 1.12,29; Cl 1.24; 1 Ts 1.6; 2.14; 3-4). Entretanto, o so­ frimento não é a situação presente de­ signada somente a Paulo (2 Tm 2.9); é

).

O objetivo de Paulo para Tim' claro: “Seja firme: reavive seu d“ ticipe do sofrimento; já estamos aqueles que venceram a morte de Cristo” (Fee, 1988, 230). Antes de Paulo terminar a ora: clara novamente seu papel na p r ção do evangelho (v. 11); e no que fere a isso, o apóstolo foi designa “pregador, e apóstolo, e doutor”, é semelhante a 1 Timóteo 2.7, ênfase de Paulo aqui não consiste compromisso de ministrar para c s

1488


II TIMÓTEO 1 mas em ministrar o evangelho. A êns dos três papéis não está na autorida­ de Paulo como um apóstolo, mas no 'prio evangelho e em sua relação com e (Fee, 1988, 231). O papel de Paulo no que se relaciona evangelho é justamente a razão de sua ente situação (v. 12). Novamente ele e como um modelo para Timóteo, que não se envergonha, e seu depóestá seguro nas mãos de Deus. Omesmo substantivo (paratheke ) usado 1 Timóteo 6.20, traduzido literalmente iO “o depósito que te foi confiado”, reçe aqui em 2 Timóteo 1.12 com o nome possessivo na primeira pessoa singular, “meu depósito” ou “aquilo que me confiou” (podendo ser provavelte aceitável: “o que lhe confiei”); aparece "amente no verso 14, “Guarda o bom ' sito” que lhe foi confiado (a expressão você” não faz parte do grego). Estas as únicas três ocorrências deparatheke Novo Testamento; em todos os três s funciona como o objeto do verbo 'rdar, proteger, manter seguro”. Em imóteo 6.20 e 2 Timóteo 1.14, Timódeve “guardar o... depósito”, enquanto 2 Timóteo 1.1 2 o próprio Deus o está rdando. que é “o depósito”? É algo confiado Deus ou algo que Deus nos confiou e caso, Paulo e Timóteo)? bora os estudiosos tenham oferecivárias sugestões referentes aparatheke alma de Paulo, sua confiança, o dom ~'ino para ò ministério, etc.), Barrett 1963,97) explica que se tomarmos “o “depósito” como significando “a verdaciedo evangelho que foi confiada a Paulo, para que a pregasse”, esta interpretação a grande vantagem de dar à pala“depósito” o mesmo significado em as as três passagens, aqui, em 1 Ti~‘eo 6.20eem2Timóteo l.l4.0próprio assume a responsabilidade suprema lo evangelho que confia a seus predores; conseqüentemente, “a palade Deus não está presa” (2 Tm 2.9). pregação não poderia sè suster nem uer por um momento Sobre qual­

quer outra base; quaisquer que sejam osfracassoseos sofrimentos de umpastor, Deus vela sobre a sua palavra para a cumprir. Seu cuidado continua até “àquele grande Dia”— do julgamento e da con­ sumação (cf. 1.18; 4.8). 1 .3 .2 . D uas O rd en s A dicionais (1 .1 3 ,1 4 ). O apóstolo profere mais duas ordens a Timóteo, porém estas não são voltadas aos assuntos pessoais do pastor em relação à mocidade e à timidez, e sim à contínua ameaça dos falsos mestres: 1) Como tem enfatizado ao longo das Cartas Pastorais, Paulo exorta Timóteo a conser­ var o “modelo das sãs palavras” (veja co­ mentários sobre 1 Tm 1.10), que “de mim tens ouvido” (cf. 2 Tm 2.2; 3.10; também 1Tm 4.6); e à medida que o fizer, Timó­ teo será um modelo “na fé e na caridade que há em Cristo Jesus”; 2) A outra ordem, paralela ao verso 12, é a seguinte instrução de Paulo a Timóteo: “Guarda o bom depósito [que te foi con­ fiado] pelo Espírito Santo que habita em nós” (veja comentários sobre o verso 12). A sã doutrina do evangelho confiada por Deus a Paulo, e agora por Paulo a Timó­ teo, algum dia será confiada a outras pes­ soas fiéis, que também poderão ensiná-la a outros (2.2). Timóteo deve proteger a mensagem que recebeu contra qualquer contaminação doutrinária dos falsos mestres. No entanto, Timóteo não está sozinho nesta tarefa, ele o fará por meio do auxí­ lio do “Espírito Santo”. Novamente Pau­ lo afirma a espiritualidade do jovem pas­ tor dizendo, em essência, que o precio­ so Espírito Santo é o mesmo que habita, em ambos (cf. w . 6,7). O mesmo que ajudou Paulo a guardar o tesouro divino será fiel, e concederá vitória a Timóteo.

1.4.

Notícias Recentes (1.15-18)

O apóstolo agora compartilha um re­ latório de exemplos de fidelidade e de in­ fidelidade. Embora esta seção possa pa­ recer um desvio do tema principal, não é sem propósito. Levando em conta o ape­ lo para que Timóteo “guardasse” aquilo que lhe havia sido confiado, o apóstolo 1489


II TIMÓTEO 2 lembra-se de muitos que não mantiveram a confiança, e de um homem que era exem­ plar ao compartilhar os sofrimentos de Paulo. 1 .4 .1 . Aqueles que Estavam n a Ásia se A p artaram de Paulo (1 .1 5 ). Paulo aborda uma situação da qual Timóteo está dolorosamente ciente: “... os que estão na Ásia todos se apartaram de mim”. Como a cidade de Éfeso ficava na Ásia, Timó­ teo também vivia esta situação de apostasia. Os detalhes sobre como, quando e onde estas apostasias aconteceram, são claros para Timóteo (“Bem sabes isto”), porém não o são para nós. Provavelmente todos aqueles que viviam na Ásia, que visitaram Paulo em Roma (exceto Onesíforo) de­ sertaram e retomaram para suas casas. Pode ser ainda mais provável que a apostasia na Ásia tenha sido tão surpreendente (Kelly [1963,169] identifica a descrição do apóstolo como “uma depressão exagerada”), a ponto daqueles amigos de quem teria espera­ do lealdade, inclusive “Fígelo e Hermógenes”, também o deixarem. Embora não estejamos absolutamente certos daquilo que esta apostasia envolvia, parece que por abandonarem Paulo (provavelmen­ te devido às notícias de sua prisão), o apóstolo considere que estivessem aban­ donando: a Cristo. Ó verbo usado neste verso é o mesmo usado para a apostasia espiritual (veja 4.4; Tt 1.14); um verbo diferente é usado para apostasias pesso­ ais (veja 2 Tm 4.10). 1 .4 .2 . A Casa de O nesíforo R ecreou o A póstolo (1 .1 6 -1 8 ). Onesíforo é um exemplo positivo, ummodelo para Timóteo. A oração de Paulo: “O Senhor conceda misericórdia à casa de Onesíforo”, indi­ ca que este não está com sua família nes­ te momento. O fato de Paulo iniciar sua lembrança sobre Onesíforo deste modo, pedindo misericórdia por sua casa no presente, e no final (v. 18a) pedindo por miseri­ córdia futura (naquele Dia) a favor do próprio Onesíforo, sugere que este homem tenha morrido neste ínterim. Umfato como este só poderia aumentar a dor e a so­ lidão de Paulo (Fee, 1988, 236). Fee oferece esclarecimentos adicionais a respeito deste bom companheiro. Em

uma cultura onde o encarceramento fre­ qüentemente envolvia o auto-sustema, Ónesíforo “muitas vezes me recreou”. áisíe Paulo, sem dúvida levando comida e pakr.ra? de ânimo ao apóstolo. Longe de eslaJ preocupado com qualquer embaraço ou dificuldade, este homem se arriscou p s a visitar regularmente um prisioneiro do Estado condenado à morte; ele “nãc se envergonhou” das cadeias de Paulo.. M rece que o apóstolo não estava em prisão pública e encontrá-lo demandara um esforço considerável; por esta razã^ Paulo disse que quando estava em Ro— Onesíforo com muito cuidado o procu­ rou e o encontrou. O principal tema ih»trado pelos eventos recentes é claro: "X 20 se envergonhe do evangelho ou de m iag, diz Paulo. “Muitos se envergonham, -rsa» não Onesíforo. Seja como ele, Timótea-' (Fee, 1988, 236-237)

2. Exortações Pessoais ao Sucessor de Paulo (2.1-13)

2.1. Fortalecer-se n a G raça (2.1) Paulo inicia agora uma extensa seçi:» de instruções pessoais a Timóteo, a » nuances da conjunção “pois” são he * tiplas, assinalando que as exortações qpri se seguem: 1) estão em contraste com os apóstatas: 2) consistememmantero exemplo de O nesíbJ 3) resumem os imperativos dos versos S-^s. 2 4) dão prosseguimento ao encorajamera:.1I Timóteo que, através da capacitaçãr ;r»j Espírito, tem todas as condições necesã-1 rias para ser bem-sucedido. Paulo ordena a Timóteo: “Tu. p :i^ meu filho, fortifica-te na graça que ra em Cristo Jesu s”. O termo “fortifica-arl está no imperativo passivo prese^:±. indicando que Tim óteo deve conf ar sendo fortalecido por Deus. O re— “graça” ou tem um sentido local, expres­ sando o reino ou a esfera em que Timctai deve ser forte, ou um sentido instnime-r?. expressando os meios pelos quai5 13 m óteo é capacitado a se fortalecer S » um ou outro caso, a fonte desta gr> ç i é “Cristo Jesu s”.

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II TIMÓTEO 2

2.2. Transm itir a R espon sabilidade a Pessoas Fiéis (2.2)

elementos simples das comparações da vida de Timóteo com um soldado são como a devoção à tarefa e à lealdade total ao chefe. O “comandante” é traduzido lite­ A primeira tarefa de Timóteo é ser forralmente como a pessoa “que o alistou”, filecido para então confiar (o verbo re­ cujo dever consistia em garantir que seus lacionado ao substantivo “depósito”, veja soldados estivessem bem equipados e bbcomentários sobre 1.12) a pessoas “idôsupridos, tendo comida e abrigo. aeas”(homens e mulheres) aquilo que tinha 2 .3 .2 . C om petir co m o u m A tleta— Luvido do apóstolo. Uma vez que Paulo De aco rd o co m as Regras! (2 .5 ) O se­ eaá exortando Timóteo a deixar aquela gundo modelo de perseverança é o atle­ -dade e unir-se a ele em Roma, embora ta, que deve “competir de acordo com as e u trabalho ainda não esteja terminado regras” ou “militar legitimamente”, isto é, Éfeso, o jovem pastor deve confiar o legalmente. Não está claro a que “regras” «jie ouviu de Paulo a homens fiéis, e como Timóteo deve aderir, mas pode estar se Bis, “idôneos para também ensinarem os referindo às regras da competição (“não outros”. A preposição d ia (traduzida na era permitido a um atleta ganhar sua luta «VI como “na presença de”) é melhor infringindo as regras”[Rienecker, 1980,640]) ttaduzida como “através de muitas teste­ ou às regras de treinamento (“os jogos munhas”, significando que as coisas que exigiam um período de dez meses de rí­ B u lo ensinou haviam sido atestadas por gida disciplina [Fee, 1988, 242]). Em am­ •enão simplesmente mediadas por) muitos bos os casos, a trajetória do atleta em direção Burros, com quem Timóteo também apren“à coroa da vitória” incluía o sofrimento áeu (cf. 3-14). do vencedor. 2 .3 .3 . T rabalhar arduam ente com o um Lavrador e P articip ar da Colheita 2.3. Resistir co n fo rm e estes (2 .6 ). O terceiro modelo de resistência Exem plos (2.3-6) ou perseverança é o “lavrador”. O lavra­ 2.3.1. Sofrer com o Bom Soldado — dor também encontrará uma recompen­ \k> se Em baraçar! (2 .3 ,4 ) A razão mais sa por seu sofrimento. |ignificativa para Timóteo necessitar ser leddoé(comofezQnesfforo)compartilhar 2.4. R efletir p o r um M om ento íofrimento. “Sofre, pois, comigo, as afli(2.7) (o mesmo verbo usado em 1.8) siga “sofrer os males junto com alguém, O apóstolo está certo de que a análise jrtar a aflição junto com alguém, tomar destas analogias fará com que reflitam. A >ecom alguém em uma situação difícil”. composição das três metáforas da resis­ O primeiro modelo de resistência ou tência coloca igual ênfase em “participar xseverança é o de um “bom soldado das aflições” e “conquistar um prêmio”. Jesus Cristo”. Paulo usa freqüenteBarrett resume o significado das três ana­ te exemplos militares (cf. 2 Co 10.3logias: “Além da guerra está a vitória, além Ef 6.10-17; Fm 2), especialm ente no do esforço do atleta há um prêmio, e além ^texto de lutar com oponentes do do trabalho agrícola há uma colheita. Da gelho (cf. 1 Tm 1.18). “Pela própria mesma maneira, a participação de Timó­ reza de sua ocupação, o ‘soldado’ teo no sofrimento será seguida por uma com freqüência solicitado a partirecompensa” (Barrett, 1963, 102). rdos sofrimentos” (Fee, 1988,241). Duas analogias extras surgem da me2.5. A B a se p a r a o Apelo (2.8ura do soldado: “Ninguém que milita 13) embaraça com negócio desta vida” e âm de agradar àquele [o seu comanEste parágrafo leva a uma conclusão: e] que o alistou para a guerra”. Os o longo apelo de Paulo (iniciado em 1.61491


II TIMÓTEO 2

14 e retomado em 2.1) para que Timóteo 2 .5 .2 . A C on sideração dos Motivo permanecesse leal, a ponto de sofrer. Agora de Paulo: A Salvação dos outros (2.10). o apóstolo fornece a base teológica para É “por amor aos escolhidos” que Paulo tal apelo. Mais importante que a recom­ sofre tudo isto (ou seja, resiste paciente­ pensa é o evangelho, que Pauloresume mente sob todo este fardo). O termo “esl nesta seção. colhidos” (o povo escolhido de Deus) é 2.5.1. Lem brar-se de Jesu s Cristo: O uma aplicação cristã para os crentes do Exem plo Excelente (2.8,9). Em uma carta Novo Testamento, que tem a sua origem repleta de reminiscências, o enfoque da em um termo que era usado ho Antigo atenção deve estar no exemplo de Cris­ Testamento para o povo de Deus (cf. Tt to. Em sua lembrança de Jesus Cristo, 1.1; 2.14). “Já se gastou tinta demais es­ Timóteo deve enfocar duas realidades: que crevendo sobre as implicações teológicas Jesus “ressuscitou dos mortos” e que “é deste termo, quer referindo-se aos “esco­ da descendência de Davi”. Ainda que a lhidos” que já foram salvos quer aos “es­ ênfase na ressurreição seja característica colhidos” que ainda não foram. Tal teo­ de Paulo (cf. Rm 1.4; 10.9), a ênfase so­ logia não está de acordo com o enfoque bre o descendente de Davi não o é (exceto de Paulo” (Fee, 1988, 247). em Rm 1.3). Como um apóstolo para os O apóstolo está de algum modo con­ gentios, a dem onstração da linhagem vencido de que aquilo que está sofrendc messiânica era um assunto mais signifi­ contribuirá para a salvação dos escolhidoí. cativo para os judeus do que para o pú­ mas não esclarece como. Alguns fizeram blico alvo de Paulo. Mas para Timóteo, conjeturas quase “mágicas” sobre a cone­ que tinha uma herança judaica, estas duas xão entre os sofrimentos de Cristo, os so­ realidades traziam um resumo apropria­ frimentos dos mensageiros e a salvação de do do evangelho. A expressão “da des­ outras pessoas (cf. 2 Co 1.6; Cl 1.24). O pontccendência de Davi” sugere o cumprimento chave, porém, não é o sofrimento de Pau­ da história e da esperança israelita em uma lo pelo evangelho, mas o evangelho pela pessoa humana, real; e o fato de ter “res­ qual ele sofre, e que traz a salvação .(Fee. suscitado dos mortos”, a irrupção esca1988, 248). Ao serem comparadas com a tológica neste mundo (o mundo de Davi, salvação dos escolhidos, “com glória eterna'. e de Jesus de Nazaré) do sobrenatural e quaisquer provas temporais perdem a sua divino (Barrett, 1963, 103). importância (cf. Rm 8.18). Por pregar esta mensagem, o apóstolo 2.5.3* Meditar sobre esta Declaração: está sofrendo “trabalhos e até prisões, como UmHino de Persistência (2.11-13). Pa _ um malfeitor”. A palavra para “malfeitor” conclui esta seção principal de exortações no original grego é forte, um termo técni­ pessoais a seu sucessor com outra “Pal*l co reservado aos assaltantes, assassinos, vra fiel” (veja comentários sobre 1 Tm l.Bj traidores, e assim por diante. A única ou­ O paralelismo da idéia e o caráter rítimJ tra vez em que é usada no Novo Testamento co das linhas sugerem que esta passagem é para referir-se aos ladrões que foram tenha sido tirada de um hino litúrgisf crucificados ao lado deJesus (Lc 23-32,33,39). preexistente já conhecido por Tim óten “Seu uso aqui sugere as condições do pela Igreja em Éfeso (observe o inícic x i massacre promovido por Nero em vez do parágrafo na NVI). A teologia e a termi­ encarceramento relativamente brando de nologia do hino são características de Psrjla devendo ter sido provavelmente originadas Atos 28” (Kelly, 1963, 177). Embora seu mensageiro esteja preso, o evangelho de de uma de suas congregações ou até mesa» Cristo não está! O tempo perfeito enfatiza composta pelo apóstolo. O último verm que “não foi e não será impedido”. Como Ele “não pode negar-se a si mesmo”, p a a | em Filipenses 1.12-18, o encarceramento ser o ponto onde Paulo interrompe o b rm de Paulo não impediu que as Boas Novas Seu motivo ao citar este hino é mostrara fossem compartilhadas, mas forneceu novas conexão entre o sofrimento com C r i a i oportunidades para tal. compartilhar a sua glória. 1492


II TIMÓTEO 2 Embora a citação que Paulo faz deste se aplique ao sofrimento da perseo e ao martírio, seu uso litúrgico original ■avelmente refletisse um culto de “mo. A conexão entre as imagens de er para o pecado e para si mesmo, e ' neição para uma nova vida por meio tismo dos crentes, é comum (cf. Rm -23; Cl 2.11,12; 3.3). Em seu comentábre esta passagem, Crisóstomo traz ntexto do batismo e do martírio jun~te com sua exortação: “se nossa morte Cristo foi real e completa... devemos prontos para compartilhar sua mone :al” (citado por Lock, 1973, 96). ntretanto, como Kelly escreve (1963, . “a morte do cristão com Cristo no mo é só um primeiro episódio. Sua ^ çã o é ser misticamente unido àquefoi crucificado, abraçando uma vida provas e dificuldades”. Quer dizer, ios “resistir também com Ele”. Tal pré-requisito para “reinar com Ele” .1 Co 15.24,25; Ap 1.6; 3-21; 5.10; 20.4). hino, em seu idioma original, pasr uma progressão cronológica em tempos verbais. Do tempo passa"morrido” no batismo) para o temesente (“resistindo” aos sofrimenpresente), o hino se move agora a possibilidade futura de “negar” a . “Se o negarmos” (uma oração connal seguida por um verbo futuro) re uma possibilidade distante e não rteza” (Hanis, Horton e Seaver, 1989, ). Negar a Cristo resulta em seu re­ para conosco no Dia do Juízo (cf. .32,33; Lc 12.9). Esta segunda me­ de 2 Timóteo 2.12 é o oposto da ira. Pressupondo o contexto do ento, esta é uma clara advertênra Timóteo e para os “escolhidos” a apostasia durante a perseguição, es que viviam na Ásia, descritos em lã haviam apostatado; deste modo, 'aro que já não eram mais parte da de Cristo. e verso do hino pode apontar para a de gnóstica dos falsos mestres. Em de sua doutrina dualística e dico, que cria na divisão entre o corpo pírito, um gnóstico poderia negar a

Cristo com sua boca e continuar a confessálo com o espírito.1Existe pouca evidência sobre os mártires gnósticos; podiam renunciar ou abjurar publicamente e mais tarde ne­ gar sua apostasia. O apóstolo afirma nes­ te hino ortodoxo: “O que dizemos conta! — Cristo negará aqueles que o negarem”. Ainda que a graça de Deus não se es­ tenda à apostasia, ela pode alcançara falta de fé. “Se formos infiéis, ele permanece fiel”. “Infiéis” ( aspisteo ) não significa sem fé (isto é, “incrédulo ou descrente”), mas sem fidelidade. Eee (1988, 251) explica: Isto aindapode significarque Deus anulará nossa infidelidade por meio de sua graça (como sugere a maioria dos comenta­ ristas), ou que sua fidelidade ao dom gracioso da salvação escatológica a seu povo não é negada pela falta de fé de alguns. Este ponto parece estar mais de acordo com os escritos de Paulo e o contexto imediato. Alguns demonstra­ ram sua incredulidade, mas a fidelida­ de de Deus em relação à salvação não foi diminuída por este fato. Barrett (1963,104) explica: “A única base de segurança não é a fidelidade do ho­ mem, porém a de Deus, isto é, a fidelida­ de de Deus à sua palavra, às suas promessas e a si mesmo”. A esperança escatológica está arraigada no caráter de Deus.

3. Exortações de Liderança ao Su­ cessor de Paulo (2.14-26) O restante do capítulo 2 é a principal seção de exortações a Timóteo, como líder. Da doutrina e da santidade à humildade, o apóstolo apresenta uma série de assun­ tos sobre liderança.

■■3.1. M an ten ha a D outrina! (2.14-18, cf. v. 23 ) Deixando as reminiscências pessoais (a Timóteo, suas lágrimas e sua fé since­ ra [1.3-5]) e a exortação àquilo que Timóteo não deve esquecer (seu dom e o evange­ lho [1.6; 2.8]), o apóstolo se volta agora ao que Timóteo deve ter sempre em mente: “Traze estas coisas à memória...”

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II TIMÓTEO 2 3.1.1. Ensiná-los a não Contender p or (cf. 1 Tm 6.20). O verbo no imperativc Palavras (2 .1 4 ). “Diante do Senhor”, a “evita os falatórios profanos”, signific; autoridade máxima a quem alguém pode literalmente “mudar ou se afastar, con: apelar, avisou-os:“não tenham contendas a finalidade de evitar”; o objeto dire:: de palavras”. Esta era a principal caracte­ significa “conversa vazia, profana”. CÍ-J rística dos falsos mestres (veja comentári­ conteúdo da mensagem dos falsos mes­ os sobre 1 Tm 2.8; 6.4,5; cf. Tt 3-9). A con­ tres é sem propósito. gregação deve ser advertida a não se en­ Como resultado, o falso ensino produzr; volver em tais disputas em razão das pa­ uma “impiedade” cada vez maior, falta de lavras divulgadas pelos falsos mestres. Estas religiosidade e “roerá como gangrena'. não trazem nenhum benefício (cf. Tt 3-8); Tais ensinos não ferem somente os mes­ pelo contrário, “para nada aproveitam e tres, mas todos aqueles que os ouvem sã: são para perversão dos ouvintes". infetados por seu veneno. Estas conver­ 3.1.2. Treinar-se p ara Ser Preciso na sas vazias se espalham como um rebanh: Palavra (2 .1 5 ). O próprio ensino de Ti­ de gado “que pasta” em uma relva, um móteo deve estar em nítido contraste com verbo usado para “espalhar a dor”. J o dos falsos mestres. O apóstolo o exor­ substantivo utilizado aqui era um antig: ta a ser diligente, fazer o máximo, ou “tomar termo médico grego para gangrena, câncer: todas as dores para apresentá-las diante ou o aumento de uma úlcera. de Deus como alguém que pode supor­ tar sua prova— como um verdadeiro obreiro É uma doença pela qual qualquer par­ que nunca será envergonhado por um te do corpo que sofra uma inflamação trabalho de má qualidade ou feito às pressas, torna-se tão corrompida que, a menos mas que ensina corretamente a mensa­ que um remédio seja aplicado, o mal se gem da verdade” (Lock, 1973,97). A pas­ estenderá continuamente, atacará ou­ sagem “Procura apresentar-te a Deus tras partes, e afinal corroerá os própri­ aprovado, como obreiro que não tem de os ossos. A metáfora ilustra atitudes que se envergonhar, que maneja bem a insidiosas, e nada poderia descrever mais palavra da verdade” ou, como na tradu­ adequadamente a maneira do avançc ção da KJV, “que compartilha conetamente” do falso ensino, seja este antigo ou — “a palavra da verdade” — são expres­ moderno (Rienecker, 1980, 642). sões que ocorrem somente no Novo Tes­ tamento. Este verbo significa literalmen­ “Himeneu e Fileto”, que “se desviara ~i te “ser objetivo, compartilhar a palavra da da verdade”, são dois exemplos de fals :s verdade diretamente, sem distrações” mestres (veja 1 Tm 1.6; 6.21). Sem dúvi- . (Zerwick e Grosvenor, 1979, 641). Tem da, o mesmo Himeneu a quem Pau_:> múltiplas analogias: “um arado preparando “entregou a Satanás” em 1 Timóteo Uít| um sulco em linha reta” (Crisóstomo), “uma ainda está trabalhando, pervertendo "a£ máquina abrindo uma estrada em linha de alguns”. reta”, “um sacerdote preparando corre­ Estes dois homens ensinavam “dizertamente um sacrifício”, e “um pedreiro me­ do que a ressuneição era já feita”. Esta vis_ t dindo e cortando uma pedra para ajustáescatológica de que a ressurreição é ex­ la em seu devido lugar” (uma definição perimentada em nossa morte e ressurre: ► baseada em Pv 3-6; 11.5). A palavra era espiritual por ocasião do batismo em Cr.r ( freqüentemente usada nas liturgias para era um falso ensino com o qual Paul: m descrever os deveres do bispo e para denotar deparava repetidamente (1 Co 4.8; 1? 1_: a ortodoxia ( “que é o ensino direto ou 2 Ts 2.2), uma doutrina que se encaixai j ] correto”) (Lock, 1973, 98-99; Rienecker, perfeitamente no dualismo do gnostidsno. 1980, 642). Tornando a ressurreição somente espm i 3 .1 .3 . Evitar ab solu tam en te as P a­ tual, isto é, um fenômeno não literal, e lavras Vazias (2 .1 6 -1 8 ). O apóstolo pro­ tes falsos mestres estavam tentando ce -t fere agora uma advertência clara a Timóteo trair o principal fundamento da fé. e n | 1494


II TIMÓTEO 2 ■mente já haviam pervertido a fé de al3 .2 .2 . Um Vaso de H on ra (2 .2 0 ,2 1 ). 0 m s. “Para Paulo, a negação de (nosso A próxima analogia de Paulo diz respei­ i-raro corpo) nossa ressurreição é negar to à variedade de artigos em uma prós­ i própria fé, e assim negar o nosso paspera casa antiga. Existem artigos caros, ü-io (a própria ressurreição de Cristo, que como os vasos “de ouro e de prata”; mas base de tudo aquilo que é pregado) e existem também aqueles que são bara­ bém o nosso presente” (Fee, 1988,257). tos, como os vasos “de madeira e de bar­ do o texto em 1 Coríntios 15 é dedicaro”. Alguns servem “para honra”, para 1a derrotar a falsa doutrina que negava propósitos nobres, como por exemplo para surreição literal, física de Cristo e de serem admirados pelos convidados du­ i santos. Note as profundas implica- rante os banquetes; alguns servem “para as teológicas e espirituais da heresia desonra”, a propósitos humildes, comuns, como conter o lixo que será eliminado. :rulgada por Himeneu e Fileto em 1 Ltios 15.13,14,16,17: A metáfora era comum na antigüidade, tanto no Antigo (Jr 18.1-11) como no Novo E. se não há ressurreição de mortos, Testamento (Rm 9.19-24), mas a aplica­ ambém Cristonão ressuscitou. E, se Cristo ção do apóstolo neste contexto é nova. não ressuscitou, logo é vã a nossa preA expressão “De sorte que”, no início ; gação, e também é vã a vossa fé... Pordo verso 21 (não traduzida na NVI), liga que, se os mortos não ressuscitam, também a aplicação desta analogia ao verso 19, Cristo não ressuscitou. E, se Cristo não que diz que “qualquer que profere o nome ressuscitou, é vã a vossa fé, e ainda de Cristo aparte-se da iniqüidade”. “Se rermaneceis nos vossos pecados. alguém se purificar destas coisas” — do reino do ignóbil, ou seja, do falso ensino — essa pessoa “será [um] vaso para hon­ 1.2. Viva u m a Vida Santa! ra, santificado e idôneo para uso do Se­ (2.19-22) nhor e preparado para toda boa obra”. 3.2.1.0 Selo de Deus (2 .1 9 ). Para não Somente o vaso “santificado e idôneo”, :ar com uma nota negativa, o apósnobre e honorável é que possui o mais da mesma maneira que no hino contido elevado valor. O que importa não é o valor 2.13, termina esta seção com um codos vasos ou do material de que são fei­ rio a respeito da fidelidade de Deus. tos, mas o conteúdo de cada um. Então, o uma forte conjunção adversativa, a fim de se enquadrar nesse perfil, cada via”, Paulo está convencido de que, um deve ser “santificado”, isto é, separa­ dos oponentes e apóstatas, “o [sólido] do para os propósitos sagrados, afastanmento de Deus fica firme”. A boa do-se dos ensinos e da prática do mal. de Deus em Éfeso não pode ser 3.2.3. Um Seguidor dajustiça (2 .2 2 ). ida pelos falsos mestres. Ela resisPaulo exorta Timóteo a fugir “dos dese­ oposição e permanece firme, jos da mocidade” e a “seguir” as qualida­ selo do Senhor, sua marca de prodes cristãs. Estes desejos maus, Fee argu­ de, sustenta uma inscrição dupla menta (1988, 263), não são paixões sen­ se refere a um correto relacionamento suais, mas determinadas coisas que atra­ uma vida justa. “O Senhor conhece em pessoas jovens: “questões loucas e sem e são seus” — a confiança do povo instrução... que produzem contendas”. Lock us não consiste naquilo que conheacrescenta à lista: “a impaciência, o amor ~ a respeito dEle, mas no que Ele pela disputa, a auto-afirmação, como tam­ ~ce a nosso respeito. “Qualquer que bém a auto-indulgência”(Lock, 1973,101). re o nome de Cristo aparte-se da Em vez de participar dos passatempos e dade”— o comprometimento com diversões dos falsos mestres, Timóteo deve será evidenciado por meio de um ser um seguidor da justiça. Nas três pri­ rompim ento com o pecad o e a meiras virtudes da lista (justiça, fé e cari­ de. dade), Paulo usou um imperativo seme­ 1495


II TIMÓTEO 2 lhante a 1 Timóteo 6.11 (veja os comen­ tários). Timóteo deve procurar também “a paz com os que, com um coração puro, invocam o Senhor”. “A comunhão frater­ nal deveria florescer em meio aos cristãos” (cf. Rm 12.18) (Kelly, 1963, 189).

participam de uma guerra de palavras co~ o sentido de disputar, discutir, rivalizar’ (Rienecker, 1980, 643). Se o servo do Se­ nhor, Cristo, nãocontendeu; Timóteo, você e eu também não devemos fazê-lo. Antes, “ao servo do Senhor não convém contender, mas, sim, ser manso para ccnr todos, apto para ensinar, sofredor”. Ao in­ 3 .3 ■P au lo A bre um Parêntese: vés de discutir, os ministros devem resisír R ejeitar as Questões ao erro, porém com uma disposição dife­ Loucas! (2.23; cf. vv. 14rente. Como foi dito, “Se agirmos como a 18) inimigo, nos tomaremos como este”. A bon­ Paulo interrompe sua linha de racio­ dade e a mansidão são atitudes contrastantes cínio para voltar a mencionar as “ques­ com as dos falsos mestres, e é assim q_e tões loucas”. Fee (1988, 264) nos ajuda a Timóteo deve tratar até mesmo a estes M traçar a conexão de seus pensamentos. 25; cf. “seguindo a verdade em caridade' em Ef 4.15). Timóteo deve ter a habilidade Justamente por Timóteo ter a obriga­ de ensinar (cf. 1 Tm 3-2). Não deve ter re~ção de buscar a paz, deve “rejeitar” (o sentimentos, mas ser tolerante, paciente, e mesmo verbo usado em 1Tm4.7) as “ques­ pronto a resistir ao mal. “A frase denota u e í tões loucas” (cf. Tt 3-9, um forte pejora­ atitude de paciência em relação àqueles q^e tivo) “e sem instrução”(apaideutos, “sem estão em oposição” (Rienecker, 1980,643 t informação”) que produzem “contendas” 3 .4 .2 .0 Servo do Senhor Deve Cor (veja o comentário sobre 1 Tm 6.4; Tt 3-9). rigir (2.25,26). Timóteo deve instruir“ccra Timóteo, então, deve buscar a paz mansidão os que resistem”. Que lição pari (v. 22), ou seja, rejeitar os debates to­ todos os servos do Senhor! Com que fre­ los, que se baseiam na falta de instru­ qüência os ministros atacam aqueles qceção, porque estes só “produzem” (lite­ se lhes opõem, afastando-os ainda n- •» ralmente, “dão origem a”) “contendas” do arrependimento! Esta atitude mansi ( machai ; cf. Tt 3.9; cf. também “bata­ e dócil é expressa pelo substantivopraices lhas de palavras”, logomachiai, 1 Tm 6.4; (“mansidão”). “Denota a atitude humilir 2 Tm 2.14) — um dos sérios pecados e mansa que se expressa em particular através dos falsos mestres (veja especialmente de uma postura paciente perante a ofen­ o comentário sobre 1 Tm 6.4,5). sa, livre de malícia e do desejo de vingança (cf. 2 Co 10.1)”(Rienecker, 1980,643). Seneo assim, o próprio mestre se torna o insírr3-4. L id erar com o um Servo mento usado pelas mãos de Deus para H um ilde (2.24-26) conceder aos oponentes uma transformação 3 .4 .1 . C aracterísticas do Servo do de coração — para conceder-lhes o arre­ Senhor (2 .2 4 ). A última questão relacio­ pendimento e o “conhecimento da verdade'. nada à liderança, discutida pelo apóstolo Tal instrução mansa também trarâ y* Paulo, é a atitude. Diferentemente dos falsos volta a seu juízo aqueles que são influ­ mestres, “ao servo do Senhor não convém enciados pelos falsos mestres, e os habi­ contender”. O título usado aqui (“o servo litará a fugir das armadilhas do Diabo, peas do Senhor”) provavelmente tenha sido quais tornaram-se cativos de sua voniiinfluenciado pelas mensagens que Isaías de. Ver os oponentes como pessoas ca© transmitiu a respeito do Messias (Is 42.1estão enganadas, cativas e presas porSatanád 3; 53). O verbo “contender” ( m achom ai ) torna mais fácil instruí-las com m ansidl-t “era geralmente usado para referir-se a A nanepho ( “recobrar o juízo ou a razà; ' combatentes armados, ou àqueles que é um significado do verbo “tornar-se tomavam parte em uma luta corpo a cor­ brio, retornar à sobriedade”. “A metá" po. Foi então usado para aqueles que implica alguém ser enganado por in 1496


II TIMÓTEO 3 s malignas, como no caso de uma 'cação; o método do Diabo é ‘entorx a consciência, confundir o juízo e :‘ar a vontade’” (Rienecker, 1980,643. Tendo tal compreensão desta situembaraçosa em que vivem aqueles estão enganados, o servo de Deus pode compreensivo, reconhecendo o estado engano em que os oponentes se enim, de forma que a abordagem do tenha como ênfase uma clara atenção lade, sem ataques pessoais. A ênfase na instrução é claramente reora. “Paulo quer que Timóteo seja o o de um tipo de ensino que não apenas rá os erros (Tt 1.9; 2.15), salvando seus ouvintes (1 Tm 4.16), mas que xm será usado por Deus para resga'aqueles que já tiverem sido enredados falsos ensinos” (Fee, 1988, 266). A Advertência contra a Maldade e

as Heresias Escatológicas (3.1-17)

4.1. A M ald ad e d o F in a l dos Tempos (3-1-9) 4.1.1. Virão Dias Difíceis (3.1 ). Abrup"mente, o apóstolo volta sua atenção à i pÉdade dos últimos dias e aos desastres ■os doutrinários. Tal discussão é uma rtante mudança na carta, passando instruções pessoais a Timóteo para o :que dos falsos mestres. É o ataque * do apóstolo às heresias antes de sua lusão pessoal de encorajamento a 'teo. bora as Cartas Pastorais tenham 'damente abordado a questão dos mestres, neste contexto Paulo se refere nflito sob uma perspectiva teológi— a presença dos falsos mestres como indicação do final dos tempos. O Novo ‘ mento usa a expressão “últimos dias” referir-se à vinda de Cristo, ao ad:o da nova era, e à era cristã (cf. At 21; Hb 1.2). Em outras palavras, os ‘ s do fim já chegaram, e estamos do esta era. ponto principal é que Paulo deseja Timóteo saiba (isto é, entenda, reeça, perceba) “que nos últimos dias virão tempos trabalhosos”. O ver­

bo “sobrevir”, nesta oração, não é sim­ plesmente copulativo, uma vez que in­ dica algo que é iminente. Fee (1988,269) assinala a conexão entre o fim dos tem­ pos e a dificuldade como uma caracte­ rística comum no apocalipse judaico do Antigo Testamento (Dn 12.1), na litera­ tura intertestamentária (1 Enoque 80.28; 100.1-3; Ascensão de Moisés 8.1; 2 Baruque 25-27; 48.32-36; 70.2-8), nas palavras deJesus (Mc 13-3-23), e nos escritos da igreja primitiva (1 Co 7.26; 2 Pe 3-3; 1 Jo 2.18; Jd 17,18). Estes últimos dias são descritos como “trabalhosos” ou “terrí­ veis”, não simplesmente porque serão difíceis ou perigosos, mas por causa do mal associado a eles. 4 .1 .2 . As P esso as que D evem Ser Evitadas (3 .2 -5 ). Apesar de Paulo usar o tempo futuro no verso anterior, a lista de vícios apresentada reflete os proble­ mas que prevaleciam na sociedade pagã, provando que Timóteo já estava vivenciando estes males. Já vimos uma lista de defeitos em 1 Timóteo 1.9,10 (cf. Rm 1.29-31; 1 Co 6.9,10), que era claramen­ te organizada; porém esta lista de dezoito características parece não ter um padrão organizacional: 1) A lista começa descrevendo estas pesso­ as como “amantes de si mesmos” (v. 2). O egoísmo encabeça a lista dos males do final dos tempos; 2) O materialismo vem em segundo lugar; as pessoas serão “avarentas”, amando o dinheiro e aquilo que este é capaz de comprar; 3) A arrogância é o terceiro vício. A palavra “presunçosos”, se refere a “alguém que alardeia e ostenta suas realizações, e em sua jactância ultrapassa os limites da ver­ dade, procurando se destacar e se engran­ decer em uma tentativa de impressionar” (Rienecker, 1980, 644); 4) A pessoa “soberba” (isto é, arrogante ou altiva) é “alguém que procura se mostrar superior aos outros” (ibid.); 5) Os “blasfemos”são aqueles que usam suas palavras para caluniar os outros. O termo grego fornece a raiz da palavra portugue­ sa “blasfêmia”; 6) Os “desobedientes a pais e mães” são os rebeldes;

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II TIMÓTEO 3 7) Eles são “ingratos” ou mal-agradecidos; 8) Eles são “profanos” ou não religiosos (cf. 1 Tm 1.9); 9) Aqueles “sem afeto natural” (v. 3) são os que não amam a família, e insensivelmente não amam aos pais, isto é, desprezam o afeto natural. Sêneca cita a prática de ex­ por os bebês indesejados como uma ilus­ tração de tal falta de humanidade e sensi­ bilidade, e de afeto natural (Brown, 1976, 2.542); 10) Os “irreconciliáveis” são aqueles cuja hostilidade não admitirá nenhuma trégua, aqueles que recusam a reconciliação, os implacáveis; 11) Os “caluniadores” são aqueles cujas pa­ lavras (literalmente) “diabólicas”colocam as pessoas em conflito umas com as ou­ tras. Promovem os conflitos na esperança de ter algum benefício (Lock, 1973,106); 12) Aos “incontinentes” falta o poder e a autodisciplina da conversação até o ape­ tite; não possuem a temperança; 13) Os “cruéis” são como os animais selva­ gens — indomados e incivilizados; 14) Aqueles que não têm “amor para com os bons” são indiferentes à bondade; odei­ am o bem e não têm qualquer escrúpulo em relação à virtude; 15) Os “traidores” (v. 4) são falsos e engana­ dores. “Esta palavra era usada para alguém que traísse seu país ou que não cumpris­ se um juramento, ou ainda para aqueles que abandonassem outra pessoa em pe­ rigo” (Rienecker, 1980, 644); 16) Os “obstinados”são negligentes. Este adjetivo vem do verbo “cair à frente ou adiante”; isto é, ser precipitado em palavras ou ati­ tudes. Estas pessoas “não medem as con­ seqüências para alcançar os seus objeti­ vos” (Kelly, 1963,194); 17) Os “orgulhosos” (literalmente) se “inflam, ou se enchem com fumaça”, ou “incham”. Todas estas imagens, como na idéia hebraica da névoa, da fumaça ou do vapor, signifi­ cam vaidade, vazio, falta de autenticida­ de (veja também 1 Tm 3-6; 6.4); 18) Nesta lista, que apresenta pessoas com más condutas, existem numerosos exemplos de amor impróprio ou mal orientado. O exemplo final é o pior de todos — trata-se daque­ les que são “mais amigos dos deleites do

que amigos de Deus”. Estes hedonistas mantêm a “aparência de piedade”(cf. 1 Tn 2.2; Tt 1.16) enquanto negam seu poder: O apóstolo retornou ao enfoque de suas observações que eramdirecionadas aos iates mestres. Estes gostavam das expressões visíveis, das práticas ascéticas e das discussões intermináveis sobre trivialidades religiosas, pensando ser obviamentejustospor serem obviamente religiosos. Mas assim- “ne­ garam” a eficácia ou o poder da pieda­ de cristã, eusebeia, por tomarem parte em tantas atitudes e práticas “não reli­ giosas”que caracterizaramo mundo pagão (Fee, 1988, 270-271; ênfases acrescen­ tadas pelo autor).

O apóstolo Paulo tem uma ordem erplícita para Timóteo a respeito de t£_: pessoas: “Destes afasta-te”. 4 .1 .3 . O que Fazem os Falsos Mes tres (3 .6,7). No versículo 6 o apóstolo m u uma vez expõe as práticas dos charlatões religiosos. Fee (1988, 271) assinala, en­ tretanto, que Timóteo e sua congregação não aprenderam nada de novo sobre as falsos mestres por meio da repreensão severa de Paulo. O leitor moderno é esclare:> do por esta censura. Alguns dos tipos de charlatanismo religioso com que os fu­ sos mestres estavam comprometidos a ziamrespeito às mulheres. Estas informações servem como base para o ensino de Pau­ lo em 1 Timóteo 2.9-15; 3.11; 4.7; 5.3-16. Paulo liga as práticas dos falsos mes­ tres à lista de maus comportamentos: “Porq_T deste número são os que se introduzen pelas casas e levam cativas mulheres nésdas’ . O verbo grego descreve o modo como estes entravam nas casas. A expressão “se mg troduzem” denota métodos insidiosasá Penetravam ou se introduziam nas casas por meio da falsidade. Na expressão 'as­ sumir o controle” temos um verbo que se refere a fazer prisioneiros, conduzindoos sob a ameaça da ponta da lança: seu uso metafórico implica cativar através d J engano ou de uma liderança enganadB Tal era o método dos falsos mestres (c0 v. 13; também 1 Tm 4.1,2).

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II TIMÓTEO 3 As mulheres que se tornavam presas mestres são descritas pejorativamente um diminutivo, (literalmente) “muinhas” ou “mulheres néscias”, signido “bobas, mulheres tolas ou ocio: é uma palavra de desprezo. Elas são 'tas como “carregadas de pecados” adas de várias concupiscências” ou das por todo tipo de desejos maligOs pecados destas mulheres são tantos, acumulam a ponto de controlá-las; po perfeito implica uma condição estado contínuo. Elas estão sendo ~m levadas por uma variedade de sos ou luxúrias. Isto pode sugerir envolvimento sexual dos falsos mescom tais mulheres, porém não deve limitado a tal significado, almente elas são descritas como as que “aprendem sempre e nunca ti chegar ao conhecimento da ver(v. 7). Kelly (1963,196) interpreta frase, bem como as duas anteriores, uinte modo: mulheres, assim como os homens, =o prontas para abraçar o verdadeievangelho; porém o mesmo ocorre relação à sua forma pervertida, quando sentem conscientes da condição miseel e fútil de suas vidas... Estão anetes, e talvez morbidamente curiosas respeito das religiões e prontas para entregarem a qualquer teoria de amor lhes seja apresentada. No entanto, vez que lhes falta um sério propóo e se sentem simplesmente atraídas uma novidade, provam ser “incaes de alcançar o conhecimento da dade”. 1.4. Dois Exem plos Infam es (3 .8 ). onentes da verdade pregada por e o em Éfeso são comparados a dois t o s de Faraó que se opuseram à verdade :~és. Ainda que seus nomes não sejam 'onados em Êxodo 7.11; 9 -11, docus posteriores do judaísmo retrataram s a respeito de Moisés e identificadois mágicos comojanes ejambres. não possamos ter a completa certeza e os falsos mestres de Éfeso estives­

sem envolvidos na feitiçaria, Plummer argumenta que “a conexão entre a here­ sia e a superstição é muito próxima e real” (citado em Guthrie, 1990,158). Este fato é tão verdadeiro nos tempos modernos como era antigamente. O movimento contem­ porâneo da Nova Era é claramente uma combinação de heresia e superstição. Es­ tes homens foram descritos mais adiante como “homens corruptos de entendimento e réprobos quanto à fé”. “Perderam o poder de raciocinar... não podem passar pelos testes da fé” (Banett, 1963,112). 4 .1 .5 .0 Fim de tais Pessoas (3 .9 ). O sucesso destes mestres será breve, pois sua loucura será exposta. Guthrie (1990, 160) explica: “No final, os embustes são sempre descobertos”.

4.2. E n corajam en to a p esa r dos O bstáculos (3-10-17) 4.2 .1 . Timóteo Tem u m H istórico de Fidelidade (3 .1 0 ,1 1 ). O encorajamento de Paulo a Timóteo é outro apelo à leal­ dade e à perseverança baseado em sua herança religiosa e em seu histórico fiel. Afastando-se da discussão sobre os falsos mestres, Paulo contrasta seu apelo a Ti­ móteo com as palavras: “Tu, porém, tens seguido a minha doutrina [literalmente, tem seguido de perto]”. A seguir, o apóstolo reitera suas próprias virtudes (em contraste com o comportamento maligno dos fal­ sos mestres descrito em 3-2-5), que foram observadas e imitadas porTimóteo durante o relacionamento mentor/aprendiz: 1) A “doutrina” de Paulo encabeça a lista. A instrução do apóstolo é ortodoxa; 2) Seu “modo de viver” ou conduta é santo; 3) Sua “intenção” é única e firme; 4) Sua “fé” em Deus; 5) Sua “longanimidade” com os outros; 6) Seu “amor” ou “caridade”para com todos; 7) Sua “paciência” em situações difíceis, são exemplares em todos os sentidos; 8) Em particular, Timóteo deve se lembrar das “perseguições”; e 9) “aflições” de Paulo “tais quais acontece­ ram em Antioquia [cf. At 13.50], em Icônio [cf. 14.2-6] e em Listra [cf. At 14.19,20]”, a própria cidade natal de Timóteo.

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II TIMÓTEO 4 “E o Senhor de todas me livrou”, lem­ bra Paulo. Fee (1988, 277) parafraseia o propósito do discurso de Paulo da seguinte forma: Lembre-se de que você estava em Lis­ tra quando fui apedrejado. E que tais padecimentos eram visíveis na época em que começou sua caminhada cristã. Então não desista agora em meio a esta pre­ sente — e vindoura —•angústia... For­ taleça-se, peregrino, porque você tam­ bém... tem sua parte nos sofrimentos. 4 .2 .2 . A P erseg u ição Deve Ser E s­ perad a (3 -1 2 ). A perseguição é um prin­ cípio da vida cristã. É uma verdade uni­ versal. 4 .2 .3 . A D eg en eração A u m en tará (3 .1 3 ). O grego é quase irônico aqui: “Mas os homens maus e enganadores [se aper­ feiçoarão] irão de mal para pior, enganando e sendo enganados”. 4 .2 .4 . A P ersev eran ça É u m a Necessid a d e (3 .l4 ,1 5 ) . Timóteo tem a respon­ sabilidade de continuar naquilo que apren­ deu e tornar-se cada vez mais convenci­ do disto, a saber, da verdade do evange­ lho. A veracidade da doutrina de Timó­ teo está na integridade de seus mestres (tanto do apóstolo como também de sua mãe e de sua avó) e em seu conhecimen­ to vitalício das Escrituras. Tal conhecimento mesclado com a fé em Cristo Jesus pro­ duz a “salvação”. 4.2.5. AEscrituraÉSuficiente(3.l6,17). Ainspiração é um princípio da Palavra, sendo totalmente útil a Timóteo em seu ministé­ rio. Já que a Escritura em sua totalidade foi “divinamente inspirada”(isto é, teve sua origem em Deus), é útil em todos os as­ pectos do ministério. Paulo enumera quatro destes aspectos: “para ensinar” (instruir no Evangelho), “pararedargüir”(expor os enos), “para corrigir” (redirecionar o comporta­ mento errado) e “para instruir em justiça” (nutrir os crentes em santidade). Ó resul­ tado (ou propósito) da aplicação efetiva das Escrituras é que a pessoa que busca a Deus [o grego aqui é de gênero inclusivo] terá todas as demandas da vida e do mi­ nistério cristão devidamente supridas.

5. Instruções Solenes Relativas ao Ministério (4 .1 -8 )

5.1. Sobre o M inistério d a P alavra (4.1-4) 5 .1 .1 . Pregu e o M áxim o Possíve_I (4 .1 ,2 ) À medida que Paulo se aprox;~n da conclusão de sua última carta, dirigese a seu jovem colega com e x o rta çíe j pessoais sóbrias: “Conjuro-te, pois, diame de Deus e do Senhor Jesus Cristo”. Como no Antigo Testamento, que trazia juramenKB e cobranças, os nomes listados são cít*dos como testemunhas. Este fato é espe­ cialmente claro levando em conta a des­ crição de Cristo Jesus como aquEle que “há de julgar os vivos e os mortos”. Corro uma testemunha perpétua, Ele está qua­ lificado a julgar aqueles que estarão vi­ vos no momento de sua vinda, como taup bém aqueles que já morreram. Considerando “a vinda” e o “reino" de Cristo, Timóteo é instruído a “pregar a palavra”, ou seja, anunciar ou seruiíiarauin da verdade. Esta instrução solene ao í:vem pastor é modificada com quatro c rdens adicionais: 1) “Pregues a palavra”, mantenha-se firmens: guarde seu posto (isto é, sua pregação), quer isto seja quer não seja conveniente para vceê e seus ouvintes; 2) “Instes a tempo e fora de tempo”, corna “com tal sentimento eficaz... seja para In ­ zer alguns ao menos a uma confissão, oe à simples convicção de pecado” (Treifc±_ 1953, 13); 3) “Repreendas”ou censure claramente aquee? que estão no erro; 4) “Exortes”, “encoraje” (quer dizer, impe­ re, exorte, advogue, admoeste) a todos. Esess ordens e instruções devem ser executaõ? “com toda a longanimidade e doutrina'— um temperamento caracterizado pela pa­ ciência, que tolere as pessoas que são le n s a responder à correção e à instrução. 5.1.2. Você nem sem pre Terá a Opor tunidade (4 .3 ,4 ). Ainda que Timóteo i esteja vivenciando os tempos trabalhoscs dos últimos dias (3.1), o apóstolo o adveí^ te de que o mal aumentará com a aproxi­ mação do fim. Virá o tempo, e realmente

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II TIMÓTEO 4 I chegou, quando as pessoas não tolerao ensino da sã doutrina, mas “tendo ichão nos ouvidos, amontoarão para iutores conforme as suas próprias conipiscências”, a saber, mestres que se adaptem :us próprios desejos, que lhes digam ilo que desejam ouvir ou aquilo que xile sua fantasia ou sua curiosidade, quaisquer considerações a respeito da ade” (Kelly, 1963, 206-207). Estes se rão deliberadamente da verdade para entiras e as “fábulas” (cf. comentárisobre 1 Tm 1.4).

5.2. Sobre o M inistério em G eral (4.5-8) 5.2.1. Agir co rre ta m e n te em tudo •5) . O apóstolo dá agora quatro ordens

'imóteo que contrastam com a obra dos s mestres: "Sê sóbrio em tudo”. Esteja alerta para não ser enganado! Isto é, permaneça vigilan­ te, alerta, prestando atenção ao que está acontecendo ao seu redor e procurando trabalhar com tranqüilidade e objetivida­ de (Rienecker, 1980, 648); "Sofraas aflições”(cf. 1.8; 2.3); ■‘Faça a obra de um evan­ gelista”(continue pregando a mensagem); "Cumpre o teu ministério”, ou seja, cumpra sua respon­ sabilidade ministerial da me­ lhor maneira possível. 5.2.2. Não Estarei perto r muito Tempo (4.6-8). ia carta assume neste mo­ nto um tom obscuro, à meque o apóstolo informa móteo de que o fim de sua ópria vida é iminente. Após ara questão dos falsos mess e oferecer o encorajamento Boessárioaseujovemsucessor, ilo parece abrir uma jane|uemostre seu próprio sonento com o enfático proe na primeira pessoa. É se escrevesse, “mas quana mim”. Descreve anteci­ padamente seu fim por meio

de cinco retratos vividos da palavra: 1) Retrata seu martírio iminente como se o seu sangue fosse uma libação prestes a ser derramada no altar do sacrifício; 2) Descreve sua partida desta vida como se fosse um navio levantando a âncora ao deixar a orla, ou como um soldado que rapidamente desmonta sua barraca antes de uma marcha. “O que para Timóteo poderia parecer o fim, para o apóstolo parece ser uma gloriosa nova era quando será libertado de todas as aflições presentes” (Guthrie, 1990, 169)Os próximos três retratos da palavra (v. 7) são fundamentados em três verbos no tempo perfeito, indicando, deste modo, a culminação ou conclusão. 3) Paulo conclui dizendo que sua competi­ ção ou luta, representada pelo simbolis­ mo atlético ou militar, foi um bom com­ bate; 4) Comenta que concluiu sua carreira, usando a metáfora atlética de uma corrida a pé. Sua preocupação não era chegar antes dos outros, mas terminar sua carreka tendo feito o melhor possível;

O C oliseu, em Rom a, onde se pode ve r as d e p end ênci­ as abaixo do piso da arena, onde os escravos treinavam com o gladiadores; os prisio­ neiros e os anim ais a g uar­ davam a hora de en trar na arena e luta r até à m orte, em um esporte considerado com o en trete nim en to pelos rom anos.

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II TIMÓTEO 4 5) Ele guardou a “fé". Esta frase tem amplas possibilidades metafóricas. Os estudiosos sugerem que a frase se refira à “promessa do atleta de obedecer às regras” (Easton), ou ao “juramento de fidelidade feito pelo militar” (Calvin), ou à “metáfora de um mordomo” (Guthrie), ou a uma “declara­ ção de negócios que tem a finalidade de manter um compromisso”(Deissmann) (to­ dos citados por Guthrie, 1990, 169-170). De qualquer modo, o apóstolo permane­ ceu fiel e verdadeiro. No versículo 8 Paulo retoma mais uma vez à metáfora atlética, desta vez se refe­ rindo à escatologia. A coroa de louro ou laurel (a coroa do vencedor) lhe está se­ guramente reservada no céu. Os estudi­ osos diferem em suas opiniões a respei­ to do que seja esta “coroa da justiça”. Fee (1988,290) explica que alguns se referem a esta como “o prêmio por uma vida jus­ ta” (Bernard, Barrett e Kelly); Pfitzner argumenta que esta coroa “consiste no dom da justiça, que só um Juiz, por ser abso­ lutamente Justo, pode dar”. Fee (ibid.) conclui que a justiça final é concedida aos crentes, “não necessariamente como um prêmio por suas realizações ou obras”, mas porque já receberam a justiça de Cristo. A coroa da justiça não é uma exclusivi­ dade de Paulo; uma outra também está sendo preparada por Deus para Timóteo (se ele permanecer fiel) e outras para “todos os que amarem a sua vinda”. Todo aquele que renunciou a seus desejos pessoais a fim de fazer a vontade de Cristo tem uma co­ roa de justiça reservada no céu.

6. Conclusão: Considerações Finais (4 .9 -2 2 ) Estes versos finais fonnam o clímax da carta, as palavras particulares do apóstolo a um amigo íntimo. Ao preparar-se para o final de sua vida, fica claro que o grande após­ tolo está sofrendo por causa da solidão.

6.1 . Observações Pessoais (4.9-13) 6.1.1. Venha Depressa! ( 4 .9 - l l a ) Seu primeiro pedido é que Timóteo faça o possível para vir rapidamente a Roma. Embora a morte de Paulo seja iminente, ele espera

que a demora no sistema judicial romano permita um tempo suficiente para que Timóteo faça a viagem e partilhe com eie a comunhão pela última vez. O apóstolo então explica por que es:i só. Demas o desamparou, tendo escolhi­ do amar o mundo presente mais do que a vinda de Cristo. Ele compartilha a experi­ ência de nosso Salvador ao sentir-se abattdonado. Crescente e Tito também pari­ ram, provavelmente a serviço do ministé­ rio; Crescente para a Galácia (naAsia Mencr. atual Turquia) e Tito para a Dalmácia (o antigo Ilírico, atual região da extinta Iugo>lávia). Lucas é o único cooperador que es^ presente com Paulo. 6.1.2. Traga M arcos consigo (4.11b > Paulo pede a Timóteo que quando vier traga consigo a Marcos (João Marcos). Na pri­ meira viagem missionária de Paulo, Mar­ cos, um parente de Bamabé, deixou a missã: (At 13.13). Ainda que Barnabé estivesse dis­ posto a perdoarMarcos e dar-lhe uma segundi chance em sua segunda viagem missionária o apóstolo não estava disposto a fazê-li A contenda entre Paulo e Barnabé foi tâ: grande que o grupo ministerial se sepa­ rou, partindo para direções diferentes <Ai 15 -36-41). Nos anos seguintes, porém, Marcos cresceu e amadureceu espiritualmente. ■ que fez com que Paulo mudasse sua ati­ tude a seu respeito. Trabalharam juntos no­ vamente (Cl 4.10; Fm 24). Agora, encamnhando-se para o final de sua vida, Pau.: faz o seguinte pedido a Timóteo: “Tomi Marcos [implicando que este não estava em Éfeso] e traze-o contigo, porque me é muito útil para o ministério”. O Senh :: restabeleceu os sentimentos e trouxe a reconciliação que restaurou uma p arcen positiva de mútua edificação, e contribui _ muito para o ministério de Cristo. 6.1.3. Tíquicoé recom endado (4.12 L Guthrie explica que as freqüentes refe­ rências a Tíquico nos escritos de Paulj ilustram que ele era um cooperador c c 'fiável. Ele foi o portador das Cartas aos Colossenses e aos Efésios, e provavelmenre o vocabulário deste verso indique que Tíquico também seja o portador desta cars. de Paulo a Timóteo. É mais provável que Paulo esteja enviando Tíquico a Éfeso c o a

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II TIMÓTEO 4 a missão de continuar o ministério em Éfeso, substituindo Timóteo durante sua ausência, enquanto visita Paulo em Roma (cf. Tt 3.12) 'Guthrie, 1990, 173). 6.1.4. Traga três Coisas (4.13). O triplo redido de Paulo a Timóteo oferece uma idéia de sua condição presente e de seus interesses pessoais. Parece que o após: :>lo foi preso em Mileto (cf. v. 20), em vi­ agem a Nicópolis através de Corinto, ou emTrôade, onde deixou sua capa na casa Carpo. Era um grande artigo de vestu­ ário, pesado, sem mangas, de lã, em for­ mato circular com uma abertura no cen­ tro para a cabeça. Protegia da chuva e do :rio, especialmente durante as viagens Rienecker, 1980, 649). Esta capa quente ■eria uma bênção no inverno que se aprormava, o que pode indicar que o lugar :nde Paulo estava preso era uma fria nasmorra. O apóstolo esperava que Ti­ móteo seguisse a mesma rota que seguiu Éfeso a Roma, pedindo-lhe então que uxesse sua capa. 0 apóstolo também pede seus “livros, cipalmente os pergaminhos”.Aprimeira avra se refere aos rolos de papiro, a se­ da a códices de pergaminho (livros fordos por folhas ou por partes presas nas emidades). O primeiro item era barafeito de um tipo de cana e usado para ‘pósitos gerais; o segundo era caro, feito peles de animais, muito duráveis, e .rvado para documentos importantes, “livros” podiam ser uma coleção pes1 de Paulo de livros bíblicos, ou talvez mesmo seu estoque de papiro para linuar sua correspondência com as igrejas. ■pergaminhos”poderiam ser documentos ajs de Paulo, como seu certificado de dania romana, escritos do Antigo Tesento, ou pré-escritos do Novo Testa~to das palavras e obras do SenhorJesus to. Em meio à solidão e ao desconforenfrentados por Paulo, ele aparentemente :nejou obter forças meditando na Palata de Deus, e talvez desejasse até mesí io continuar a fortalecer os demais cris, através de seus escritos.

6.2. C om partilhan do u m a A dvertência: Tenha

C u idado com A lexan dre (4.14,15) 6 .2 .1 . “O Latoeiro Causou-m e m ui­ tos M ales” (4 .1 4 ). Fee (1988, 296) suge­ re que foi Alexandre quem prendeu Paulo. Seu grande dano foi traduzido pelo apóstolo do seguinte modo: “... causou-me mui­ tos males” (Guthrie, 1990, 175); o verbo empregado nesta passagem é freqüente­ mente usado em um sentido legal para o trabalho do informante (Fee, 1988, 296). 6.2.2. Guarda-te tam bém dele! (4.15) A forte oposição de Alexandre “às nossas palavras”ou “à nossa mensagem”pode referirse à sua resistência ao evangelho que Pau­ lo pregava, ou a ser uma testemunha de acu­ sação no processo de julgamento de Pau­ lo. Timóteo é aconselhado a estar em guarda contra Alexandre. Quem era este Alexandre, o latoeiro? Pode ter sido uma pessoa sobre quem não temos nenhum registrobíblico, ou o judeu que tentou acalmar a revolta em Éfeso (At 19-33,34), ou a pessoa que junto com Himeneu foi entregue por Paulo a Satanás (1 Tm 1.19,20). Nos dois últimos exemplos, pode-se estar tratando da mesma pessoa.Talvez Alexandre tenha procurado vingar-se de Paulo. Pode ter sido o responsável pelo encarceramento e martíriodo apóstolo. Mas “o apóstolorestringe seu ressentimento natural citando as pala­ vras do Salmo 62.12” (Guthrie, 1990,174): “... o Senhor lhe pague segundo as suas obras” (2 T m 4 .l4 ).

6.3- O Testem unho em m eio às D ificu ldades (4.16-18) 6 .3 .1 . T odos m e D e s a m p a ra ra m (4 .1 6 ). Talvez a lembrança da capa que deixou em Trôade tenha feito Paulo se lembrar de sua prisão, e conseqüente­ mente de Alexandre, que por sua vez agora o faz recordar de sua primeira defesa (pro­ vavelmente o prim a actio romano, seme­ lhante a uma audiência do grande júri ou uma audiência preliminar ante o im­ perador ou um magistrado; veja Fee, 1988, 296). Embora naquela audiência Paulo tenha ficado só, oferece o perdão a to­ dos aqueles que o abandonaram.

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II TIMÓTEO 4 6.3-2. P orém Deus Estava Presente (4 .1 7 ). Em contraste com todos aqueles que o deixaram, o apóstolo diz: “...o Se­ nhor assistiu-me e fortaleceu-me”. A pre­ sença de Cristo fortaleceu Paulo, fazendo com que se sentisse seguro. Assim como em Atos 24.1-20 (cf. 26.1-32), usou seu jul­ gamento como uma oportunidade para dar um testemunho a respeito de Cristo; “para qüe”, disse Paulo, “por mim, fosse cum­ prida a pregação e todos os gentios a ou­ vissem”. A “boca do leão”mencionada pelo apóstolo foi variavelmente inteipretada como uma referência a Satanás, a Nero, ou à própria morte. A última opção é fortalecida pelo Salmo 22, cujo conteúdo parece fazer parte deste contexto literário (cf. 22.1,4,5,21). 6 .3 .3 . Ele sem p re E stará P resen te (4.18). O recente livramento (w . 16,17) faz com que Paulo se lembre da fidelidade de Deus, que sem dúvida nunca falha, e que sempre o salvará “para o ... Reino celestial” de Cristo. Fee (1988, 298) resume:

governante cuja designação deriva da pa­ lavra romana que dá origem ao termo "se­ nador”). Os romanos freqüentemente abre­ viavam os nomes pela metade; por exem­ plo, Silas, o nome do companheiro de Paul: emsuasegundaviagemmissionária(Atl5.-k . é o diminutivo de Silvano, o amanuense a quem Paulo ditou as Cartas aos Tessaloircenses (cf. 1 Ts 1.1; 2 Ts 1.1). Priscila e Áquila são o casal de Rocü que originalmente encontrou Paulo em sua segunda viagem missionária em Corintc. onde os três viveram e trabalharam junms fabricando tendas, e no ministério duran­ te um ano e seis meses (At 18.1-11). Quand Paulo deixou Corinto, eles o acompanha ram a Éfeso. O apóstolo os deixou comi 3 os primeiros pastores daquela congrega­ ção que estava em fase de formação (« a 18,19). Ali, este casal tomou Apoio, o granae evangelista de Alexandria, em particular, e ensinaram-lhe a respeito de Deus c c a precisão (w . 24-28). Quatro, das seis vezes em que este c*Mais uma vez o enfoque da carta está sal é mencionado por Paulo (em suas cap­ na escatologia, na forma de uma das tas) ou por Lucas (em Atos), o nome da certezas triunfantes de Paulo: O após­ esposa é mencionado em primeiro luzzr tolo verá, por meio da consumação fi­ (um fato completamente incomum no sécuo nal, aquilo que Deus já realizou em Cristo; I). A partir dos registros bíblicos de se^ o Senhor realmente completará a sal­ ministério, e em virtude do elevado n n cj vação que Ele mesmo iniciou. da educação das mulheres da classe patriaL. os estudiosos concluíram que Priscila tese E esta verdade pede palavras de glori­ um papel público mais proeminente 3 :» ficação a Deus em forma de doxologia: ministério do que seu marido. É im portai* “A quem seja glória para todo o sempre. notar que a liderança espiritual de Prií d a Amém!” Apesar da realidade de sua terrí­ nunca foi desacreditada ou depreciada p:*r vel situação presente, o apóstolo olha em Paulo ou Lucas — tanto ela como ÁquSa direção àquEle que é maior! Deus é a sua eram queridos e respeitados por seu craglória e aquEle que levanta a sua cabeça. balho em prol da pregação do evangelò: A igreja se reunia em sua casa, tanto e a Éfeso como em Roma (Rm 16.3-5; 1 Co 16.1%. 6.4. P alavras d e D espedida Existem muitos casais nos círculos ptn(4.19-22) tecostais e carismáticos que são parcerrs 6.4.1. Saudação a três Irm ãos (4 .1 9 ). no ministério. Alguns cônjuges desemrePaulo envia saudações a vários membros nham funções de liderança igualmente rzproeminentes da congregação de Timóteo. portantes; em alguns casos o marido asssf Priscila (em grego, Priskd) e Áquila foram me a liderança, e em outros, a esposa. Pcsda os primeiros pastores da Igreja em Éfeso, a e Áquila são um modelo, não apenas de uai qual será liderada porTimóteo, que está sendo casal que é parceiro no ministério, mastararem preparado por Paulo. Priska é um nome um modelo de casal que faz pleno us-c d: h feminino da classe patrícia (a classe privi­ dons concedidos por Deus, de modo rue legiada dos cidadãos romanos, a classe pode-se considerar tão positivo uma m 1504


II TIMÓTEO 4 lher estar em uma posição de liderança acima do homem, assim como o inverso. A saudação à “casa de Onesíforo” (sem incluir uma saudação específica a ele) sugere que este irmão já tivesse morrido (veja comentários sobre 1.16-18). A referência à sua casa pode se aplicar à sua família, aos seus parentes e/ou aos seus escravos, ou até mesmo a uma igreja que provavel­ mente se reunisse em sua casa. 6.4.2. Notícias sobre dois Innãos(4.20). Paulo dá detalhes sobre mais dois cooperadores. Erasto ficou em Corinto; Trófimo permaneceu em Mileto em virtude de uma enfermidade. Existia um oficial (procura­ dor) da cidade de Corinto que se chamava Erasto (Rm 16.23), eumcooperadordePaulo comomesmonome (At 19.22); émais provável que Paulo esteja se referindo ao segundo. 6.4.3. Venhaantes do Inverno! (4.21a) Paulo apressa Timóteo, não só porque precisa de sua capa por causa do inverno, mas tam­ bém porque a navegação era interrompi­ da de novembro a março. 6 .4 .4 . E stes q u atro (e os d em ais) o Saúdam (4 .2 1 b ). Paulo envia a Timó­

teo e à igreja de Éfeso saudações de al­ guns de seus amigos em Roma. Êubulo, Pudente (ou Prudente), Lino e Cláudia são quatro nomes latinos, indicando que a congregação local continha crentes ro­ manos e, provavelmente, líderes roma­ nos. É notável que o quarto nome seja de uma mulher. Todos os irmãos e irmãs de Roma são incluídos na saudação de Paulo a Timóteo e aos efésios. 6 .4 .5 . C onclusão (4 .2 2 ). A despedi­ da final de Paulo é uma conclusão em duas partes: uma bênção pessoal a Timóteo e “graça” a todos. As últimas palavras regis­ tradas nos escritos do apóstolo Paulo ex­ pressam uma oração para que a graça de Deus esteja com todo o seu povo. NOTA

1 As tendências ao gnosticismo podem ter sido o contexto teológico pelo qual foi necessário que Paulo explicasse em 1 Coríntios 12.3 que chamar Jesus de anátema não condiz com a reivindicação de ser um crente cheio do Espírito.


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