jornal encontros do devir - júnior 2014-15

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jornal

dos

4 espetáculos |52 apresentações 7 encomendas de criação 132 workshops 1 exposição 1 encontro partilhado

o bairro do erro

O homem que não sabe ler avança apesar das inúmeras placas que dizem (que gritam): PERIGO!, PERIGO! Como não sabe ler nada percebe e abre a porta e avança, e no meio do perigo faz o que tem a fazer. pág.4

dança quê???? ... contemporânea?

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Afonso Cruz CRUZADA DAS CRIANCAS a nova bailarina Aldara Bizarro André e. Teodósio , o bairro do erro Gonçalo M. Tavares Miguel Cardoso o br° da Transgressão Miguel Castro Caldas o br° Destreza FILOSOFIA PRÁCTICA Laurinda Silva João Fazenda & Pedro Martins retrato falado José Laginha Igloo concerto 5ª Punkada e Ana Rostron & João Caiano Patrícia Portela o Bairro do Caos encontro partilhado Susana Menezes Vera Mantero danca do existir

Chegaste a uma zona do Planeta Dança conhecida como “Dança Contemporânea”. Aqui tudo se move, os bailarinos de contemporâneo são um grupo pouco homogéneo, o que têm em comum é a sua vontade de dançar. Adoram explorar e descobrir coisas novas… são imprevisíveis e por isso interessantes. pág.8

de onde VIMOS? para onde VAMOS?

a dança do existir

São cerca de 30 fotografias que traçam o percurso da coreógrafa, das suas primeiras criações às mais recentes. A exposição integra ainda a consulta de registos videográficos de alguns dos trabalhos da coreógrafa e a exibição do documentário ‘Lets talk about it now’ de Margarida Ferreira de Almeida. pág.10

o racismo é natural

da

Os participantes escolhem, ao entrar na sala, o bairro onde querem morar. Uns escolhem o Bairro do Certo, outros o Bairro do Erro. Este é descrito como «confuso», «barulhento», «poluído», onde existe «tráfico de drogas [e] de seres humanos», «racista»… Bem, então porque escolheram morar lá?! pág.16

... para onde VAMOS?

de onde VIMOS? para onde VAMOS? começou com o encenador a afastar-se para longe e, à distância, a ter longas conversas com os estudantes sobre estas duas questões. Posteriormente, pediu-lhes para, dentro de grupos de trabalho pré-definidos na escola, escreverem um texto sobre o tema. pág.14

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filosofia prática

É filosofar e quase não falar de Filosofia; é uma práctica, um exercício crítico que estimula o diálogo socrático; é uma busca pessoal que procura encontrar resposta para os problemas do quotidiano utilizando as ferramentas que a Filosofia nos pode dar; é um modo de trazer de novo a Filosofia para a vida dos cidadãos. pág.17

a Ria Formosa

É uma zona húmida de importância internacional como habitat de aves aquáticas que a ocupam de forma continuada ou nos seus movimentos migratórios entre o Norte de África e o Norte da Europa. Por este motivo, o Governo Português assumiu o compromisso de manter as características ecológicas da zona e de promover o seu uso racional, ainda assim continua a ser ameaçada pelo excesso de população que vive na zona costeira, principalmente devido ao turismo. pág.20

publicação do jornal/programa

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ApoioProje cto Formação e riação C rtistica A em Rede

actividades culturaa is

centro de artes performativas do algarve

Parceiros


editorial é mais do que um artigo de opinião, é um artigo jornalístico assinado ou não, que apresenta a opinião do próprio jornal/revista e não de um jornalista, acerca de um ou vários assuntos/temas. Nele analisam-se e abordamse notícias de grande relevância e atualidade que normalmente são destacadas na capa.

o autor não escreve segundo o novo Acordo Ortográfico

editorial

encontros do DeVIR, Júnior é um projeto dirigido ao público infanto-juvenil (6-18 anos). Congrega 196 atividades desenvolvidas paralelamente aos currículos escolares, dando ênfase à informação e à formação, que vão da criação e apresentação de espetáculos, à realização de workshops (percussão, teatro, voz, movimento, filosofia prática), passando pela encomenda de textos, pela realização de exposições e encontros/conversas informais, na área das artes do espetáculo, partindo de questões que se prendem com o desenvolvimento e a sustentabilidade do planeta. Queremos continuar a credibilizar as áreas artísticas, facultando aos alunos de 8 escolas de 4 concelhos da zona centro do Algarve (Faro; Loulé; Olhão; S. Brás de Alportel) um conjunto de atividades que os aproximem das Artes do Espetáculo, permitindo-lhes assim experimentar diferentes linguagens artísticas e estimular a criação de uma consciência cívica e ecológica nos mais novos, fomentando o debate sobre o nosso lugar na construção do futuro. Genericamente toda a programação foi pensada em torno de 2 questões: de onde VIMOS? para onde VAMOS? Este foi o título que André Teodósio deu a 2 criações que realizou em co-autoria com alunos de 2 escolas da região. Porque queremos cruzar a ética com a estética lançámos o projeto CIDADE do DeVIR, onde o desafio passou por pensar como criar uma cidade alternativa às cidades reais, um território imaginário, um lugar utópico saído da escrita de 4 destacados escritores nacionais que imaginaram 4 dos seus bairros. Vera Mantero, numa exposição antológica do seu trabalho, na Biblioteca Sophia M. Breyner, dá-nos a conhecer uma obra que reflete as suas inquietações pessoais, as suas preocupações relativamente ao mundo. Em simultâneo, no mesmo espaço, decorrerá um encontro com Susana Menezes, onde se questionará o papel do adulto (pais e formadores) enquanto mediador entre o jovem espectador e a criação. Aldara Bizarro em a Nova Bailarina e Afonso Cruz em a Cruzada das crianças desafiam-nos a pensar sobre a democracia, sobre o papel interventivo de cada um na sociedade. Propostas que pretendem promover a “desinfatilização” do público infanto-juvenil. Igloo propõe-nos uma viagem que atravessa mares e continentes, dános a conhecer um pouco da Ria Formosa e propõe aos mais novos construir um espetáculo (processo participativo) onde cada um pode experimentar as tarefas dos profissionais que estão envolvidos na criação de um espetáculo. A par de tudo isto iremos realizar exposições nas escolas dos quatro municípios que acolherem os encontros, o que constituirá uma oportunidade para os alunos conhecerem o projeto encontros do DeVIR, júnior na sua globalidade e conseguirem contextualizar as ações onde estiveram envolvidos. JL


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02 - editorial 03 - índice 04 - cidadedodevir 04 - bairrodoerro 05 - bairrodatransgressão 05 - bairrodadestreza 06 - bairrodocaos 08 - dançacontemporânea 09 - workshopmovimento 10 - dançadoexistir 11 - anovabailarina 11 - umacanetaeumlivro 12 - nobanco 13 - deondevimos 16 - oracismoénatural 17 - filosofiaprática 18 - dosautoretratosàsselfies 19 - retratofalado 20 - vamoscorrercomeles 21 - igloo 22 - pássaros 23 - thestoryofstuff 24 - obsolescência 25 - clearday 26 - palavrascruzadas 27 - fichatécnica

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04 sociedade

a CIDADE do DeVIR o desafio passa por pensar como criar uma cidade

bairro do erro dois erros (um muro)

sobre o erro Quatro patas tem o animal de quatro patas, e se cortarmos uma às 4 patas do animal ele não ficará mais inteligente, porém mais coxo. (“Porquê belo se coxo? porquê coxo se belo?” - Machado de Assis.)

o autor não escreve segundo o novo Acordo Ortográfico

submarina no “lado de lá”, uma cidade perfeita no fundo mar, como alternativa às cidades reais, ao caos urbanístico onde vivemos no “lado de cá”. Significa isto poder ter no “outro lado”, um território alternativo, um lugar utópico concebido, assente em princípios éticos, em contraponto com a realidade que vivenciamos nas nossas cidades. Trata-se de propor um exercício de cidadania que deve ter subjacente uma avaliação crítica às cidades onde vivemos, “organizações” que não têm dado certo, porque assentam em modelos passadistas, muito pouco democráticos, onde ao cidadão cabe o papel de utente passivo, sem voz, sem vontade, sem opinião. Há falta de políticas urbanísticas e sociais, somam-se erros na gestão do bem público e um profundo desrespeito pelo ambiente. O que ainda temos, o que resta por ocupar, só poderá ter um outro destino se se conseguir encontrar como reivindicar um futuro que contrarie o que hoje parece ser inevitável. Chegados aqui, o “lado de lá” pode ser o lugar de todas as possibilidades, o laboratório do imaginário onde se possa experienciar uma outra realidade. Porque não correr o risco de subverter o espaço? Criar uma nova geografia onde se experimente trocar as direções e abolir as distâncias. Criar uma nova Cidade, uma cidade do imaginário, com diferentes línguas, diferentes bairros verdadeiramente complementares, mais equilibrados, mais completos e mais viáveis do que aqueles onde vivemos. As diretrizes conceptuais (temas escolhidos) para cada bairro, resultaram da análise a um questionário que foi lançado aos alunos de um conjunto de escolas, uma amostra que nos permitiu encontrar os 4 temas. Foi este o ponto de partida que nos levou a convidar 4 escritores para criar 4 textos, cada um dedicado a um bairro tentando definir esses 4 territórios: o bairro do Erro - Gonçalo M. Tavares, bairro da Destreza – Miguel Castro Caldas, o bairro da Transgressão – Miguel Cardoso, o bairro do Caos – Patrícia Portela. JL

br° da destreza

bairro do caos

br° transgressão

bairro é uma comunidade ou uma área dentro de uma cidade ou município; é a unidade mínima de urbanização existente nos centros ou nas periferias na maioria das cidades do mundo.

Porquê coxo se quatro patas? No entanto, se o animal de 4 patas for coxo das 4 patas não é coxo de pata alguma, mas direito de todas. Aos erros Simétricos chama-se verdade, e o homem anda contente por isso. (O homem é um erro Simétrico). (Claro que uma pata coxa basta para pôr coxo até o animal de Mil-patas. O Erro é sempre mais Forte que o Certo. 999 patas certas e uma errada dão coxo: Errado. (O erro é como o Zero – zero multiplicado por qualquer número dá sempre zero. O zero manda sempre, o erro manda sempre). Daí a importância do Erro, de o desenvolver, de o tratar como a um doente (não é desprezá-lo, evitá-lo) - é um doente amado: deitá-lo, pois, na nossa cama, velar pelo seu bem-estar, analisar a cada dia o seu estado, a sua evolução; o que mudou, o que se mantém. Mudar de erro: eis o que é crescer.

um erro O homem que não sabe ler avança apesar das inúmeras placas que dizem (que gritam): PERIGO!, PERIGO! Como não sabe ler nada percebe e abre a porta e avança, e no meio do perigo faz o que tem a fazer. O quê? Nada de complexo: a vontade de urinar não é uma coisa delicada, é acção de macaco, antiga, um ato que nunca honrará a humanidade e as boas maneiras. Pois bem, no meio das placas que gritavam PERIGO!, o analfabeto urinou. Abotoou depois as calças; alguma urina (pelo menos o cheiro dela) ficou na mão; alguns vestígios nas calças. Homem desastrado nessa velha arte, e pormenorizada, da manipulação íntima. As mãos cheiravam a urina; regressou. Cá fora, dois senhores receberam-no com insultos. Que aquilo era um sítio perigoso, que ele correra risco de vida, que era estúpido, que não sabia ler, e os ânimos exaltaram-se de tal maneira que os dois senhores começaram a bater no homem que não sabia ler. Defendeu-se como pôde, o homem, e defendeu-se bem, mas a defesa enojou mais do que magoou: cheirava a urina, todo ele. Vieram mais senhores e bateram no homem, primeiro continuaram a bater, depois prosseguiram e depois terminaram. O homem ficou caído no chão. Não se mexia. As pessoas desapareceram; um leve vento não. As placas de: PERIGO!, estavam para lá, para o outro lado, mas o homem havia sido morto neste lado, no lado em que não havia perigo.


outro erro

(Muro, separação, altura, largura)

o autor não escreve segundo o novo Acordo Ortográfico

Um muro de dez metros de comprimento e cem metros de altura, que muro estranho! E sim, é um muro feito para todas religiões, sem excepção. A luta tranquila claro, pelo melhor espaço do muro começou e as religiões ali estão distribuídas como podem, apertadíssimas, portanto, distribuídas como podem por aquele muro, por aquela extensão. Como só há dez metros de comprimento e há muito mais de altura (cem metros) há religiões que se põem primeiro em bico de pés e depois descolam mesmo por completo do solo (como se fossem aves ou anjos ou helicópteros). Sim se repararmos bem, as religiões que sobem ocupando a parte de cima do muro não o fazem naturalmente, vão de helicóptero. Dentro deste aparelho técnico seguem grafiters que vão tentar ocupar um espaço do muro, escrever lá em cima os mandamentos, as frases certas, os rituais indispensáveis. As religiões, portanto, ali está numa guerra de helicópteros e grafitis, tentando cada um ocupar mais espaço e ser mais visível para as muitas pessoas que lá em baixo continuam com os pés no chão. A religião certa, que quer ser vista ao longe, usará néon berrantes, isso sem dúvida. E há quem diga que aquele muro se está a transformar numa Las-Vegas concentrada; o MURO-LAS-VEGAS já assim é designada aquela incrível concentração de néon de cor berrante, com letras que dizem Pai NOSSO, Alá Nosso, Buda Nosso e etc.

Gonçalo M. Tavares

escritor nasceu em 1970. Estão em curso cerca de 290 traduções em trinta e cinco línguas, com edição em quarenta e oito países. Os seus livros deram origem, em diferentes países, a peças de teatro, peças radiofónicas, curtas metragens e objectos de artes plásticas, vídeos de arte, ópera, performances, projectos de arquitectura, teses académicas, etc. Em Portugal recebeu vários prémios entre os quais o Prémio José Saramago 2005 e o Prémio LER/Millennium BCP 2004, com o romance - “Jerusalém” (Caminho); o Grande Prémio de Conto da Associação Portuguesa de Escritores “Camilo Castelo Branco” com “água, cão, cavalo, cabeça” 2007(Caminho). Prémio Branquinho da Fonseca/Fundação Calouste Gulbenkain com “O Senhor Valéry”, Prémio Revelação APE com “Investigações. Novalis”

Passo a explicar: setenta a noventa por cento da população mundial é destra. Os carroceis andam para o lado direito. A escrita, por exemplo, escreve-se da esquerda para a direita, e não é que eu queira, ou que tu queiras pôr isso em causa, que queiras começar agora a escrever da direita para esquerda, sei lá, mas no bairro da destreza essa regra está regulamentada, está escrita, da esquerda para a direita, constitui lei, é obrigatório escrever da esquerda para a direita. Sim, mas, Deixa-me terminar o raciocínio. É crime escrever ao contrário no bairro da destreza. E como não estamos no bairro da transgressão, quem transgride é estrangeiro. Posso falar? escrever ao contrário, mesmo sendo da direita para esquerda, ou seja, aparentemente contrário à destreza, trata-se de um acto em si mesmo, de destreza. Isso dizes tu. Na pintura, por exemplo, as figuras pintadas fazem sempre coisas da esquerda para a direita, por exemplo, no Courbet, peneira-se o trigo para a direita, martela-se para direita, trabalha-se para direita. Sim, mas, Espera deixa-me acabar o raciocínio. Falo no Courbet porque fez aquele quadro em que o pintor encontra o patrão no caminho. O quadro é o patrão a cumprimentar o pintor, bonjour mr. Courbet, que vem caminhando da esquerda para a direita, e o pintor é quem vem da direita para a esquerda, logo é o patrão que está a encontrar o Courbet, e não o contrário, é ele que tem o dinheiro para pedir ao Courbet que lhe pinte o rosto. E depois o Courbet pinta-lhe um rosto diferente. No nosso bairro desenhamos só com uma mão. Sim, mas e naquele quadro do Klimt a que o Benjamin chamou o anjo da história, um boneco virado para o passado, empurrado pelo vento para o futuro. O boneco está a olhar para o lado direito, o passado vem do lado direito. O futuro é que é o lado esquerdo, lá ao fundo. Meu caro, deve ser um erro. No nosso bairro, os ponteiros do relógio andam para a frente. Sim, mas, Espera. No nosso bairro caminhamos sempre da esquerda para a direita e se vemos alguém que nos surge no limite do nosso campo de visão do lado direito, a caminho do lado esquerdo é alguém a regredir, profundamente triste a remoer nervos e a vasculhar baús. Sim, mas se olharmos de cima para o carrossel que tu dizes que anda para a direita, do mesmo modo como olhamos de cima o relógio com os ponteiros, reparamos que o carrossel afinal anda no sentido contrário ao dos ponteiros do relógio. Não. Ser olhado é sermos logo atirados para a periferia do bairro de quem nos filma com os olhos, por mais cavalinhos que faças na bicicleta ou por mais destreza com que ponhas a tua mota a fazer barulho, nunca estás plenamente um morador do bairro quando és olhado. Do nosso bairro vê-se o lado direito da lua. bairro Pois. Aqui, quando as pessoas casam os padres não declaram os noivos esquerda e direita, como nos outros sítios, mas sim, Declaro-vos comprometidos num sarilho. Mas não deixa de ser esquerdo, ou seja, sinistro, o bairro da destreza. Não, sinistra é a mão que pega numa tesoura e em vez de cortar, dobra. É a mão que não consegue de cega, de trapalhona, é a mão a menos direita de todas. Ah, quem me dera uma destreza desdestra.

estreza

o autor não escreve segundo o novo Acordo Ortográfico

Miguel Castro Caldas

escreve para a cena e para o papel, traduz e dá aulas de dramaturgia na licenciatura de Teatro na Escola Superior de Artes e Design. Publicou Queres Crescer e Depois Não Cabes na Banheira, Ambar (2002) e As Sete Ilhas de Lisboa, Ambar, (2004), Nunca Terra em vez de Peter Pan, Primeiros Sintomas (2005), O Homem do Pé Direito / O Homem da Picareta (2005); Casas / Comida / Repartição (2008), Artistas Unidos/Cotovia; Levantar a Mesa, Revista Artistas Unidos (2008); Nós Numa Corda, Culturgest (2010), – Não tenho a tua vida, Revista Fatal (2011), Comida, Douda Corrreria (2014), Sabotage, Douda Correria (2014), Como assim levantados do chão, Revista Blimunda, nº30 (2014), Chaconne ou a arte de mudar de assunto, Douda Correria (2015), Diálogos, Culturgest (2015). Publicou poesia nos livros colectivos: Voo Rasante, Mariposa Azual (2015) e De Natura, Mariposa Azual (2015). Traduziu Samuel Beckett, Harold Pinter, Ali Smith, William Maxwell, Joyce Carol Oates, Salman Rushdie, Senel Paz, entre outros.

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“...(sic) uma inteligência conhecendo todas as variáveis universais em determinado momento, poderia compor numa só fórmula matemática a unificação de todos os movimentos do Universo”

Diz-se que já não há espaços em branco nos mapas. Talvez haja o Bairro da Transgressão, para lá mapa, ou escondido entre as linhas dos cartógrafos. O certo é que é difícil, senão mesmo impossível, encontrar o caminho para lá. Isto ateia a curiosidade dos habitantes, eriça-lhes os cabelos da nuca, dá-lhes comichões. Para alguns é apenas um formigueiro, uma coisa de nada. Mas esta inquietação inquieta as autoridades, que gostariam que o Bairro fosse esquecido, tanto mais que há muitos habitantes que gravitam em torno do Bairro, ou da ideia dele (talvez sejam uma e a mesma coisa). Nestes casos, mais sensíveis, o Bairro tomou conta de cada fibra e dobra dos seus corpos e espíritos. Vejamos alguns deles: Os Espontaneístas correm a cidade em coreografias frenéticas improvisadas. É um carnaval de corpos desconjuntados, de marionetas com os fios trocados. Procuram, com um súbito estremeção de cabeça ou um girar de pulso, não se sabe onde nem quando, fazer girar o mundo. Os Exegetas desistiram de transgredir. Observam os passantes à procura de sinais de transgressão, como os áugures liam o voo e as entranhas das aves. Muitos acreditam que a transgressão virá não num gesto isolado, mas na ligação entre vários gestos insignificantes: uma constelação momentânea. Seguram na mão uma esferográfica sem tinta e desenham riscos no ar. Os Crentes esperam a vinda do Transgressor, que inauguraria o Reino da Transgressão. Vemo-los, imóveis, em bancos de jardim. Não perceberam que se o Transgressor chegasse, e o Bairro da Transgressão existisse plenamente, a possibilidade de Transgressão seria abolida. Os Distraídos (ou Hulots, ninguém se lembra já porquê), criaturas pernilongas que se dobram e esticam, atravessam estradas sem olhar e atiram-se de telhados e varandas com aparente mas misterioso propósito, escapando sempre por um triz. Por uma qualquer alquimia feliz, a sua sucessão de erros é uma dança. Andam descompassados dos outros habitantes e mecanismos da cidade, mas em sintonia com uma música que ninguém consegue ouvir. Supõe-se que da malha densa de gestos e palavras que todos os dias têm lugar na cidade nasçam transgressões várias, pequenos excessos ou exorbitâncias. Mas há muito que ninguém sabe onde está a linha que divide a norma da transgressão. Talvez este jogo entre a norma e a transgressão não sirva senão para esconder a verdadeira linha da Transgressão, do lado de lá da qual todas as linhas se esbatem. Entretanto, continuam a ser traçadas. É para isso que existem os Guardiões, que mantêm a ordem na cidade. Não sabem nem querem saber o que é transgressivo ou não. Há torres com sinos nas várias praças da cidade, que repicam de tanto em tanto tempo. Os sinos têm quatro toques diferentes: se soa o primeiro, os Guardiões batem na pessoa mais próxima; se o segundo, prendemna; se o terceiro, conversam com ela, explicando-lhes que transgressão ameaça o tecido social; se o quarto, chamam-na e, com muitos salamaleques, indicam-lhes o caminho para um monumento da cidade, acompanhando-os até lá, mesmo se a pessoa não tiver qualquer interesse em visitá-lo. Mas os rumores sobre o Bairro da Transgressão persistem. Muitos asseguram que ele existe. Seja como for, é difícil lá chegar, e impossível lá viver. A Transgressão é inabitável: tal como a lei e ordem, está em todo o lado e em lado nenhum. Assim, começou a circular o rumor de que o Bairro da Transgressão existe não no espaço mas no tempo. E os tempos são pouco dados a serem atravessados para outro lado. Os tempos correm, e nós com eles. Transgredir não é impossível, mas também não é possível, pois o possível é aquilo que conseguimos imaginar. Talvez o Bairro da Transgressão seja o nome que se dá ao desejo de viver de outra maneira, ao desejo de um desacerto colectivo dos passos. O Bairro da Transgressão é o espaço entre o que há e o que não há ainda. Não se pode lá viver, mas talvez descubramos uma maneira de viver aqui e agora como se lá vivêssemos. Talvez o autor não escreve segundo o novo Acordo Ortográfico consigamos transgredir o presente.

Miguel Cardoso

cresceu nos subúrbios de Lisboa. Pôs pesos nos tornozelos para vir a saltar mais alto, sem grande sucesso. Passou anos afundado nas cadeiras da Cinemateca. Teve Verões à solta. Partiu para Londres, onde viveu e trocou de língua. Voltou. Tem alergias, usa botas, rodopia, lava a louça. Vai à feira da ladra. Sobretudo anda com o filho às cavalitas, por vezes evitando colisões. Nos últimos anos, entre outros dispersos, publicou alguns livros: Que se diga que vi como a faca corta (Mariposa Azual, 2010), Pleno Emprego (Douda Correria, 2013), Os engenhos necessários (&etc, 2014), Fruta Feia (Douda Correria, 2014) e À Barbárie seguem-se os estendais (&etc, 2015). Leu-os em público de ponta a ponta e com isso fez alguns amigos. Verificou que havia manhãs seguintes e sugeriu que talvez nos desse jeito outro tipo de pescoço. Abordou questões como guizos e cuspo, peúgas e acrobatas, pêndulos e mergulhadores, ganchos e Cézanne, facas e Sophia, assobios e problemas respiratórios. Estudou o encontro entre a fruta e os abre-latas toscos, o cruzamento entre os cardos e a pintura histórica. Agradece a bênção das peças soltas de canções. Vai olhando por cima dos estendais, e para lá da poesia, à espreita da barbárie.

disse uma vez Laplace. no bairro do caos há anos luz que se chora tão desafortunada afirmação.

O bairro do caos faz esquina com o bairro da Complexidade, passando por cima da famosíssima mega cadeia de supermercados de congelados meteóricos Sopa Primordial. Neste bairro vive-se à base de associações de ideias e de copinhos de vodka literários, os dois estimulantes locais para manter a desordem necessária ao bom funcionamento de todas as instituições. No caos as famílias reproduzem-se por mitoses enquanto dão gargalhadas, almoçam e jantam quando lhes apetece (ficando dias sem comer ou comendo ininterruptamente por 10 mil anos luz sem arrotar), ninguém usa relógio, e todos trabalham apenas quando dormem, guardando a luz dos milhares de anos perdidos pelo tempo e pelo espaço, de quando tudo era uma só Coisa, do tempo em que todos sabiam que uma ordem era uma desordem e vice versa. Conhecida pelas dinâmicas bifurcações (de sela-nó, transcríticas ou de forquilha) que adiciona à suas auto-estradas e pelas perpendiculares infinitas no seu centro histórico, o bairro do Caos é um dos bairros mais antigos e deslumbrantes do mundo; há quem diga que o universo começou ali tal como em Cabeço de Vide: com um espirro de uma divindade engripada. Não é por um acaso mas por vários que este bairro não aparece em nenhum guia turístico e por que é matematicamente impossível (pelo menos até aos cronómetros de hoje) planear uma viagem até lá: nenhum transporte público se compromete com um horário de chegada ou partida, todos os aviões parecem desaparecer do radar mal sobrevoam a zona aérea caótica, os negativos de qualquer fotografia tirada em viagem revelam uma inevitável paisagem negra, nenhum geógrafo conseguiu até hoje identificar com certeza absoluta a região, a dimensão ou a qualidade de uma das montanhas, de uma cratera, ou mesmo indicar onde fica a Câmara Municipal do Acaso; todos os sistemas de GPS de telemóveis e aparelhos electrónicos afins pifavam ao primeiro contacto com a atmosfera caótica do bairro, sobrevivendo apenas a voz de John Cleese num loop de orientações absurdas, todas elas num inglês de aeroporto. Como se tal não bastasse, os Caoenses (seres sensíveis e instáveis originários do caos) são conhecidos por perceberem todas as línguas mas serem incapazes de se fazerem entender, entre si, ou com quem quer que seja. Falam por equações e rimas emparelhadas, enfeitiçando qualquer mortal com um fraquinho por telescópios (ou simplesmente por planícies imaginárias fugidias) com o som celestial da mais bela prosa poética. Também não ajuda nada o facto de todo e qualquer Caoense, por hábito ou super-

caos


notas extra sobre bifurcações no Caos (in Wikipedia): Uma Bifurcação num sistema dinâmico é uma mudança na natureza de um ponto fixo, devida à mudança de um parâmetro do sistema. Existem três tipos comuns de bifurcações que são designados por bifurcação sela-nó, bifurcação transcrítica e bifurcação de forquilha. Bifurcação sela-nó Neste tipo de bifurcação, o sistema não tem nenhum ponto fixo, mas quando aumenta um parâmetro do sistema, aparece um ponto fixo não-hiperbólico que depois se separa em dois pontos fixos: um ponto de sela e um nó.1 Por exemplo, consideremos a seguinte família de sistemas dinâmicos:

que depende de um parâmetro real . Bifurcação transcrítica Numa bifurcação transcrítica, dois pontos fixos aproximam-se, combinando-se num único ponto fixo, que depois se separa novamente nos dois pontos. Por exemplo, na família de sistemas Se o parâmetro for diferente de zero, existirão dois pontos fixos: e se o parâmetro for nulo, o único ponto fixo é a origem.

stição, nunca olhava de frente para um parceiro de conversa, preferindo sempre olhar para o céu, contemplando a formação das nuvens, ou as chuvas de estrelas, dependendo do ângulo de visão. A vida no caos é emocionante, imprevisível e em constante expansão, sem pontos fixos nem parâmetros universais. A vida no caos não existe porque não tem passado ou futuro; ou se calhar pela mesma razão, a Vida só existe no caos, porque só no caos existe apenas o presente, sem início e sem fim, e por isso mesmo sem história. No caos a vida não acontece, prolonga-se, incalculável, macrocósmica e para lá da linguagem, comunicando com todos os outros bairro possíveis muito de vez em quando, e no único momento em que as suas pontes passageiras descem sobre os seus buracos gravitacionais para abrir caminho: no momento em que uma tempestade inesperada surge num horizonte quadrimensional e confirma que uma borboleta bateu as asas, algures, no mundo dos mortais. E desapareceu.

o autor não escreve segundo o novo Acordo Ortográfico

Bifurcações e caos em sistemas discretos

Dois membros da famíl

Para c=-1 o sistema tem

As funções Q(vermelho) e Q²(verde) para c = 0 e c = −3/4.5

Patrícia Portela

(1974). Autora de performances e obras literárias, vive entre Portugal e Bélgica. Estudou cenografia e figurinos em Lisboa e Utrecht, cinema em Ebeltoft, na Dinamarca, e Filosofia em Leuven, na Bélgica. Entre 1994 e 2002 trabalhou como figurinista e/ou cenógrafa para companhias de teatro independents e com alguns realizadores de cinema em Portugal (do qual destaca Miguel Gomes) recebendo o Prémio Revelação 94 pelo seu múltiplo trabalho pela Associação de Críticos de Teatro. Foi uma das fundadoras do grupo O Resto em 1996 e da Associação Cultural Prado em 2003, onde colabora actualmente com artistas nacionais e internacionais. Criadora de performances e instalações transdisciplinares, itinera com regularidade pela Europa e pelo mundo. Reconhecida nacional e internacionalmente pela peculiaridade da sua obra, recebeu vários prémios (dos quais destaca o Prémio Madalena Azeredo de Perdigão/F.C.G. para Flatland I ou o Prémio Teatro na Década para Wasteband). Autora de Para Cima e não para Norte (2008) ou de Banquete (2012, finalista do Grande Prémio de Romance e novela APE), participou no 46º International Writers Program em Iowa City em 2013 e foi a primeira Outreach Fellow da Universidade de Iowa City. Lecciona dramaturgia com regularidade desde 2008 no Forum Dança e em diversas instituições culturais e universidades. É uma das 5 finalistas do Prémio Museu do Chiado/Sonae 2015. Encontra-se de momento a iniciar um doutoramento em Filosofia da Ciência, tecnologia, arte e sociedade na Universidade de Lisboa com uma bolsa da FCT.

c=-2.2 e conjunto de Cantor. Pêndulo simples com a base em rotação no plano horizontal e diagrama de forças externas.

Retrato de fase dum pêndulo com angular

da base é igual a

quando a velocidade (lado esquerdo) e

(lado direito).

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08 dança

dança quê???? ... contemporânea? – bem-vindo! olá! Chegaste ao Planeta Dança.

chegaste a uma zona do Planeta Dança conhecida como “Dança Contemporânea”. - Aqui tudo se move.

lia de mapas

existe uma diferença entre dança social e dança contemporânea.

a dança social é uma parte especial da vida das pessoas, não constitui espetáculo. Tem origem no folclore e nos bailes. Nela quase não existem espectadores.

a dança performativa é uma parte da dança que se apresenta em forma de espetáculo nos teatros e noutros espaços.

onde existe uma separação entre o bailarino/o performer e os espetadores.

a dança contemporânea é vizinha da dança clássica, do ballet, onde a dança é feita a partir da forma dos corpos, com uma imagem de leveza onde se contam histórias e contos de fadas.

a maioria dos bailarinos da dança contemporânea começa noutras áreas, no ballet, no Hip-Hop ou nas artes marciais.

os bailarinos de contemporâneo são um grupo pouco homogéneo.

o que têm em comum é a sua vontade de dançar. Adoram explorar e descobrir coisas novas…

são imprevisíveis e por isso interessantes.

m um ciclo

estas são algumas das imagens que compõem a trilogia Planet Dance apresentada durante o workshop de movimento lecionado aos alunos da turma V3B-teatro do 7º/9º ano da escola EB 2,3 Dr. António de Sousa Agostinho, Almancil. Foram ainda exibidos excertos de vídeos de algumas obras de dança, nomeadamente: www.youtube.com/watch?v=9rJoB7y6Ncs Lago dos cisnes www.youtube.com/watch?v=cFkZQ84YDlk Romeu e Julieta www.youtube.com/watch?v=COoql8jpj2A Grupo de rua www.youtube.com/watch?v=m2olDT_SEg0 . www.youtube.com/watch?v=_Uv600h8JVk Sankay Juku www.youtube.com/watch?v=qr3uwnuXX04 C de la B www.youtube.com/watch?v=W-VfeW11jZg . www.youtube.com/watch?v=1g5fLgsSQWU Sidi Cherkaoui e Akram Kahn

Trisha Brown Pina Bausch Sidi Larbi Cherkaoui Vera Mantero

www.youtube.com/watch?v=G1l39tw4V4Q www.youtube.com/watch?v=CNuQVS7q7-A www.youtube.com/watch?v=5pftKZoVndM www.youtube.com/watch?v=UMROFWSVs94 www.youtube.com/watch?v=uLtNvln98wI www.youtube.com/watch?v=ccXpc1R-7sk www.youtube.com/watch?v=91ssKkERDpw www.youtube.com/watch?feature=playerdetailpage&v=CM5NgbQUc5g www.youtube.com/watch?feature=playerdetailpage&v=z62Oj1QngwQ


percursos 09

vamos dar o corpo ao movimento vamos mexer a cabeça e descobrir um corpo novo; vamos inventar não ter tamanho partindo do que somos; vamos perceber que dançar é pensar com o corpo; vamos descobrir o movimento que temos cá dentro, o que é só nosso, e que ninguém nos pode ensinar; vamos experimentar ouvir o corpo, fazer o que ele nos pede sem o controlo da cabeça;

na dança contemporânea não há fronteiras.

vamos atrever-nos a tirar cá para fora o feio e o bonito, o estranho e o normal, o leve e o pesado, o duro e o suave... porque nós somos feitos disso tudo (e de muito mais que irás descobrir). - Bora lá dançar! prometo ser um bom companheiro nessa viagem à volta do teu corpo, e encontrar maneira de te ajudar a espreitar lá para dentro, para que descubras essa máquina de movimento que tens em ti e que é capaz de produzir o que tu ainda não conheces.

gostaste do workshop de movimento? esta seleceção de vídeos que apresentamos na página ao lado, que não é exaustiva, foi usada para mostrar/dar como exemplo obras criadas em diferentes épocas por coreógrafos que fazem parte da História da Dança. Visualiza os filmes e tenta enquadrá-los nas seguintes categorias: - Dança Clássica / Ballet; - Dança Moderna; - Dança-teatro; - Butoh; - Hip Hop; - Dança Contemporânea; Dança Clássica/Ballet > Lago dos Cisnes, Romeu e Julieta Dança Moderna > Trisha Brown Dança-Teatro > Pina Bausch Butoh > Sankay Juku Hip Hop > Grupo de Rua Dança Contemporânea > C de la B, Sidi Cherkaoui, Akram Kahn, Vera Mantero

www.youtube.com/watch?feature=player_ embedded&v=AUZ9a06fOKg

0% 11% muito

22%

mais ou menos

67%

pouco não respondeu

este workshop, ministrado por José Laginha, foi integrado nas aulas de teatro do Curso Vocacional 3ºciclo Teatro, Serviço de Mesa e Arte Digital da escola EB2,3 Dr. António de Sousa Agostinho em Almacil. Todas as sessões foram precedidas pelo workshop de Filosofia Prática onde se abordaram temas e se levantaram questões que serviram de pontos de partida para as aulas de movimento. Os participantes foram desafiados a explorar e a descobrir o seu próprio movimento mas também a pensar, a refletir sobre ideias/conceitos novos relativos à sustentabilidade do planeta, contribuindo assim para a criação de uma consciência cívica e ecológica.

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10 percursos (vida)

a dança do existir

exposição

retrospetiva em imagens do trabalho coreográfico de Vera Mantero são cerca de 30 fotografias que traçam o percurso da coreógrafa, das suas primeiras criações às mais recentes. A exposição integra ainda a consulta de registos videográficos de alguns dos trabalhos da coreógrafa e a exibição do documentário 'Lets talk about it now' de Margarida Ferreira de Almeida. Fotos de Alain Manot, Alcino Gonçalves, Dirk Rose, Henrique Delgado, José Fabião, Jorge Gonçalves, João Tuna, João Sérgio, Laurent Philippe e Margarida Dias. “Para mim a dança não é um dado adquirido, acredito que quanto menos o adquirir mais próxima estarei dela, uso a dança e o trabalho performativo para perceber aquilo que necessito de perceber, vejo cada vez menos sentido num performer especializado (um bailarino ou um ator ou um cantor ou um músico) e cada vez mais sentido num performer especializadamente total, vejo a vida como um fenómeno terrivelmente rico e complicado e o trabalho como uma luta contínua contra o empobrecimento do espírito, o meu e o dos outros, luta que considero essencial neste ponto da história.” Vera Mantero www.orumodofumo.com

Vera Mantero estudou dança clássica e integrou o Ballet Gulbenkian entre 1984 e 1989. Começou a sua carreira coreográfica em 1987 e desde 1991 tem mostrado o seu trabalho por toda a Europa, Argentina, Brasil, Canadá, Coreia do Sul, EUA e Singapura. Dos seus trabalhos destacam-se os solos “Talvez ela pudesse dançar primeiro e pensar depois” (1991), “Olympia” (1993) e “uma misteriosa Coisa, disse o e.e.cummings*” (1996), “O que podemos dizer do Pierre” (2011) assim como as peças de grupo “Sob” (1993), “Para Enfastiadas e Profundas Tristezas” (1994), “Poesia e Selvajaria” (1998), “Até que Deus é destruído pelo extremo exercício da beleza” (2006), “Vamos sentir falta de tudo aquilo de que não precisamos” (2009) e mais recentemente “Os Serrenhos do Caldeirão, exercícios em antropologia ficcional” (2012) e “Salário Máximo” (2014). Em 2013 e 2014 criou as instalações performativas “Oferecem-se Sombras” e “Mais Pra Menos Que Pra Mais”, esta última uma parceria entre a Culturgest e o Maria Matos Teatro Municipal. Participa regularmente em projetos internacionais de improvisação ao lado de improvisadores e coreógrafos como Lisa Nelson, Mark Tompkins, Meg Stuart e Steve Paxton. Desde 2000 dedica-se igualmente ao trabalho de voz, cantando repertório de vários autores e cocriando projetos de música experimental. Em 1999 a Culturgest organizou durante um mês uma retrospetiva do seu trabalho realizado até à data com o título “Mês de Março, Mês de Vera”. “Comer o Coração”, trabalho criado em parceria com o escultor Rui Chafes, representou Portugal na 26ª Bienal de São Paulo 2004. Em 2002 foi-lhe atribuído o Prémio Almada (Ministério da Cultura) e em 2009 o Prémio Gulbenkian Arte pela sua carreira como criadora e intérprete.

esta exposição estará patente de 5 a 31 de Outubro na Biblioteca Sophia de Mello Breyner Anderson (Loulé)


dança 11

uma caneta e um livro podem mudar o mundo

Nobel da Paz 2014, prémio Sakharov e Fundação Clinton - 2013

Malala Yousafzai, uma adolescente paquistanesa discursou na Organização das Nações Unidas e prometeu que não será silen-

ciada pelos terroristas, pelo grupo Talibã que a baleou na cara. “Obrigado a cada pessoa que rezou pela minha rápida recuperação e pela minha nova vida. (…) Queridos irmãos e irmãs, lembrem-se de uma coisa: O "Dia de Malala" (14 de Julho) não é o meu dia. Hoje é o dia de cada mulher, cada garoto e cada garota que levanta a voz pelos seus direitos. Eu falo, não por mim mesma, mas por todos os meninos e meninas. Queridos amigos, em 9 de outubro de 2012, os talibãs dispararam contra mim e contra os meus amigos, atingiram-me na cara. Pensaram que as suas balas nos silenciariam. Pensaram que mudariam nossos objetivos e eliminariam nossos desejos. Mas falharam, do silêncio nasceram milhares de vozes. Apenas uma coisa mudou na minha vida: a fraqueza, o medo e a falta de esperança morreram, enquanto a força, o poder e a coragem nasceram. (…) Queridos irmãos e irmãs, não sou contra ninguém e nem estou aqui para falar sobre uma vingança pessoal contra os Talibãs ou outro qualquer grupo terrorista. Estou aqui para falar do direito de cada criança à educação. Luto pela educação para todos, inclusivé para os filhos e filhas de todos os extremistas, especialmente dos talibãs. (…) O sábio ditado "A caneta é mais poderosa que a espada" é verdadeiro. Os extremistas têm medo dos livros e das canetas. O poder da educação assusta-os, eles têm medo das mulheres. O poder da voz das mulheres apavora-os. É por isso que eles atacam escolas todos os dias: têm medo da mudança, da igualdade que queremos que seja uma realidade para a nossa sociedade. (…) Mulheres e crianças sofrem em muitos lugares do mundo. Na Índia, crianças pobres e inocentes são vítimas do trabalho infantil. Muitas escolas têm sido destruídas na Nigéria, durante décadas os afegãos têm sido oprimidos pelo extremismo. Pedimos aos líderes mundiais que todos os acordos de paz protejam os direitos e a dignidade das mulheres e crianças. Convocamos todos os governos a assegurar a educação obrigatória e livre para todas as crianças do mundo. Apelamos, também, a todos os governos que lutem contra o terrorismo e a violência, protegendo as crianças da brutalidade e do perigo. Ajudem-nos a travar uma luta global contra o analfabetismo, a pobreza e o terrorismo. Deixem-nos pegar nos nossos livros e nas nossas canetas porque estas são as nossas armas mais poderosas. Uma criança, um professor, uma caneta e um livro podem mudar o mundo. (excertos do discurso proferido na ONU A educação é a única solução. Educação antes de tudo!” em Nova Iorque a 12 Jul 2013)

a nova bailarina de Aldara Bizarro

é um espetáculo sobre a DEMOCRACIA que nos remete para o papel de cada um na sociedade e para a consciência cívica, abordando, através da dança, de uma forma não convencional, e com muito humor, questões éticas e de valores base de construção pessoal e social. O público é assim convidado a pensar, escolher e decidir, através de questões que vão sendo colocadas pela bailarina, que age, como se o público nunca tivesse ouvido falar destas temáticas. Estes terão assim que tomar posições de cidadania, unindo-se, chegando a ter que se opor à Bailarina, que por vezes, não tem um comportamento nada democrático. Na sequência do trabalho que tem vindo a ser desenvolvido pela coreógrafa Aldara Bizarro, esta é uma peça em que a palavra está muito presente, sempre com o objectivo de reforçar a consciência da ligação entre o corpo e a mente, ligando o pensamento à dança, e potenciando uma nova forma de viver o lugar do corpo na sociedade. este espetáculo foi apresentado no Auditório Municipal de Olhão e no auditório da escola EB 2,3 Engenheiro Duarte Pacheco (Loulé) a diferentes turmas do 2º e 3º ciclo. espetáculo escolhido entre os 10 melhores espetáculos do ano em que foi criado pela crítica do jornal O público.

Aldara Bizarro

- Estudou dança em Luanda, Lisboa, Nova Iorque e Berlim. Como intérprete trabalhou com Rui Horta, Paulo Ribeiro, Francisco Camacho e Madalena Victorino. Começou a coreografar em 1990 e desde então assinou muitas peças de dança contemporânea, apresentadas nas melhores salas do país, tais como O Encaramelado, Uma Bailarina...A Preguiça, Ataca?, A Casa, Projecto Respira, A Nova Bailarina, Cara e O Baile. Como formadora trabalhou com o Forum Dança, Escola Superior de Dança, Centro Cultural de Belém, Fundação Calouste Gulbenkian e muitos teatros nacionais. Foi directora artística de Jangada, uma estrutura de dança financiada pela DGArtes durante 16 anos. Actualmente desenvolve projectos para jovens e a comunidade, cruzando a dança com outras artes, com um foco especial na componente pedagógica e social.

democracia é a institucionalização da liberdade. Baseia-se nos princípios de defesa dos direitos individduais e das minorias, embora respeitem a vontade das maiorias. Numa democracia, as eleições são livres e justas, abertas a todos os cidadãos.

intervenção ato de exercer influência numa determinada situação na tentativa de alterar o seu resultado. Podes intervir expressando as tuas ideias, apresentando os teus argumentos através da palavra escrita ou falada mas também usando as expressões artísticas.

democracia e intervenção são duas palavras que andam sempre juntas, por isso desafiamos-te a visitar os seguintes links ( www.youtube.com/watch?v:MOqIotJrFVM / www.youtube.com/watch?v:uZsDliXzyAY ) cujos QR codes estão junto aos textos sobre a democracia e intervenção: dois bons exemplos que provam e fazem-nos acreditar que a nossa voz pode ser ouvida idependentemente das nossa idade, da nossa cor de pele ou das diferenças de género. O que precisamos mesmo é de ter vontade, confiança e, sobretudo, razões para intervir.

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no banco

(Despeja o mealheiro da criança 2 e junta às moedas que tinha despejado antes). criança 2: (Virando-se para trás, depois para a criança 1, apontando para a multidão.) Lá ao fundo dizem que têm mais. bancário: Não fun-ci-o-na a-s-sim. criança 1: O que é que têm aí guardado? bancário: Como assim? criança 1: Para terem cofres desse tamanho, não pode ser só dinheiro. bancário: Bom, há títulos e... criança 1: Títulos? criança 2: Não há qualquer coisa importante? bancário: Importante como? criança 2: Como ser feliz. criança 1: Como fazer construções de areia. criança 2: Como jogar às escondidas. criança 1: Como tirar macacos do nariz. criança 2: Chocolates. criança 1: Têm chocolates? bancário: O dinheiro permite-nos comprar coisas que nos fazem felizes. criança 2: Como brinquedos? bancário: Como brinquedos. criança 1: Então guardam a felicidade dentro desses cofres? bancário: Não é bem assim. criança 2: Como é, então? (Bancário encolhe os ombros e suspira.) criança 1: Se o senhor abrir o cofre, as pessoas podem ser todas felizes, cheias de brinquedos? bancário: Não se pode abrir o cofre. criança 2: É só para vocês? bancário: Não. O trabalho é essencial para se ter acesso ao conteúdo do cofre. Não funciona assim. criança 2: A reclamadora de tranças loiras e sem um dente diz que não tem o que comer. bancário: Nós não temos culpa disso. criança 1: Para ser feliz é preciso trabalhar? bancário: Sim. criança 1: Mesmo que isso nos faça infelizes o tempo todo? É que depois de sermos infelizes durante o dia todo, já não temos tempo para brincar. bancário: Não funcio... criança 2: Podemos assaltar um bocadinho de felicidade? (Virando-se para trás, tentando ouvir o que se diz.) O reclamador com o cabelo em pé diz que está a precisar. bancário: Não podem assaltar nada. Isso é muito feio. criança 1: Então podemos comprar? Estamos dispostos a dar tudo o que temos em troca da felicidade toda que tiverem dentro dos cofres. (Voltam a empurrar as moedas no balcão.) bancário: Isto não funciona assim. criança 1: Isso é uma armadilha. Não há felicidade nenhuma aí dentro, pois não? bancário: Felicidade, propriamente dita, não. criança 1: Então para quê guardar em cofres coisas que não são felicidade? criança 2: É assim tão importante?

criança 1: (Despejando o mealheiro em cima do balcão.) Queremos comprar casas para toda a gente. criança 2: com janelas a dar para as outras pessoas. bancário: Isso não é suficiente. criança 1: como assim? bancário: Não chega. criança 2: Tem de chegar. bancário: São poucas moedas. criança 1: Não pode ser. bancário: Não dá. criança 1: É tudo o que tenho, por isso tem de dar para comprar tudo. Não há mais do que isto. bancário: Não chega. criança 1: Tudo o que se tem deve ser mais do que qualquer outra coisa. Tem de dar para tudo. Se não der, é porque está tudo mal. excerto do livro “Cruzada das Crianças” bancário: As finanças? A economia? autor / ilustrados: Afonso Cruz edição: Alfaquara (maio 2015) criança 1: Não sei, mas assim está tudo mal. Tudo o que se tem deve chegar para comprar tudo. Se eu só der metade daquilo que desigualdade na distribuição de riqueza baseando-se em datenho, deve chegar para comprar metade de tudo. Se eu só dos de 2000, o estudo mostra que 1% dos adultos mais ricos é dono de 40% da riqueder um dedo mindinho daquilo que tenho, só deve dar para za, sendo que 10% dos mais abastados possuem 85% da riqueza disponivel. Por sua comprar um dedo mindinho de tudo. Se eu só der uma unha vez, metade da população mundial detém apenas 1% da riqueza total do planeta, o de um dedo mindinho daquilo que tenho, só deve dar para que prova bem as desigualdades existentes entre os mais ricos e os mais pobres. comprar uma unha de um dedo mindinho de tudo. Mas, claro, in Correio da Manhã 6 de Dezembro 2006 se der tudo o que tenho, tem de dar para comprar tudo o que quero. bancário: Não funciona assim. escreve e, além de ilustrador, criança 2: Então funciona muito mal. realiza filmes de animação às vezes de publicidade, às criança 1: Erradamente. vezes de autor, e é um dos elementos da banda The criança 2: Pessimamente. Soaked Lamb. Em Julho de 1971, na Figueira da Foz, era bancário: Não se pode mudar o sistema. completamente recém-nascido e haveria, anos mais criança 1: Quanto custa levantar dinheiro? tarde, de frequentar lugares como a António Arroio, bancário: Levantar dinheiro? Há uma comissão... as Belas Artes de Lisboa, o Instituto Superior de Artes criança 1: Queremos levantar o que houver aí. Temos isto.

Afonso Cruz

Plásticas da Madeira e mais de meia centena de países.


contextualização os espectáculos foram co-criados por André e. Teodósio e pelos alunos do 3º ano do Curso Profissional de Artes do Espectáculo-interpretação e de interpretes de Dança Contemporânea das escolas Secundárias Tomás Cabreira (Faro) e do 11º ano do Curso Técnico de Psicossocial da escola Secundária Dra. Laura Ayres (Quarteira).

1. de onde VIMOS? para onde VAMOS? começou com o encenador a afastar-se para longe e, à distância, a ter longas conversas com

os estudantes sobre estas duas questões. Posteriormente, pediu-lhes para, dentro de grupos de trabalho pré-definidos na escola, escreverem um texto sobre o tema.

2. o encenador demonstrou e partilhou com os alunos, como podem filtrar tecnicamente os seus textos de forma a que possam dialogar com as expectativas do resto do mundo.

3. depois da revisão dos textos, a ação coletiva seguinte consistiu em preparar a estrutura para a performance, de forma “do it yourself” (faça você mesmo) o mais possível, ainda que de maneira estruturada.

4. tudo resultou numa performance totalmente estruturada, que não teve qualquer encenador, chefia,

nada de nada! Apenas as linhas-guia fornecidas para fortalecer as suas vontades de fazer performances e solidificar as suas metodologias de apresentação. Nesta criação o trabalho do encenador pode ser visto como a “mão invisível” que segura um espelho, dando-lhes a oportunidade de melhor tomarem consciência dos seus atos. Eles encontraram as suas respostas no momento certo, tudo graças a sí próprios.

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14 teatro (nós)

muitas pessoas vêm do Norte, do Centro, outras do Sul e das Ilhas. Vêm de cidades, vilas ou aldeias. Vêm de famílias ricas, ou pobres. Vêm da felicidade ou da tristeza. o passado onde eu pertenço, um passado de tudo e nada. Onde tudo era o significado e o nada que agora significa. eu venho da areia escura e negra, que preenche a praia mais longínqua que podemos encontrar. Eu vim do sal, que se une e completa as águas mais profundas e agitadas. Eu vim de cavalo preto, negro como o carvão e com um porte nunca antes visto. a sociedade fala-nos de um homem e de uma mulher. Seres que se envolvem e dão vida a um novo ser. Isto acontece na realidade, ou será apenas fruto da nossa imaginação? na minha forma de pensar, vim de uma geração que nos desenvolve e nos prepara para a vida (...) uma geração que vai envelhecendo cada vez mais cedo. eu vim de uma explosão nuclear. eu vim de um seio familiar turbulento. se és fruto dos teus pais e eles dos seus e assim sucessivamente, isso ajuda a perceber quem tu és. eu diria que nós viemos do Cosmos estamos aqui porque os 9 meses de gestação acabaram. vimos do presente situado no passado, para o presente situado no futuro. vimos de lado nenhum e vamos para lado nenhum. foram os meus pais que me fizeram, assim como um pintor faz um quadro ou um cozinheiro faz uma refeição. um dia, os nossos pais conhecem-se um ao outro e, mutuamente, constroem uma vida da qual todos nós faremos parte. quando nascemos, os nossos pais dão-nos bagagens. E, quando atingimos uma determinada idade, deixam-nos ir. as teorias de como realmente começou são apenas teorias.

2 perguntas que resultaram em 2 espectáculos e em muitas perguntas que não tiveram respostas

em Faro o espetáculo começou com a entrada de 33 alunos do Curso Profissional de Artes do Espetáculo - Interpretação e de Intérpretes de Dança Contemporânea, da escola Sec. Tomás Cabreira (Faro) no palco do Teatro Municipal que, em coro, gritavam “- Somos figurantes de uma obra, da terra. - Somos figurantes!”. À frente, simbolicamente, um monte de terra, o único elemento cénico que permaneceu inalterado, durante os 60 minutos, representava a obra, alvo de todas as perguntas e de algumas respostas. Em Quarteira, estávamos literalmente em festa, o público e os 18 alunos do 11º ano do Curso de Técnico de Psicossocial da Escola Secundária Dra. Laura Ayres (Quarteira) partilharam o mesmo espaço cénico, uma cozinha, transformando-a no cenário de uma festa que, como todas as festas, vivia do excesso, da música muito alta, de copos entornados e de muitas conversas paralelas entre os intérpretes. Frente a frente, olhos nos olhos, as perguntas sucediam-se, e iam tendo respostas até nos silêncios dos espectadores, alvo de todas as insinuações e de muita cumplicidade. Estes dois espetáculos tiveram em comum, a complexidade das perguntas que eram lançadas e as respostas (possíveis) que nem sempre chegavam e que nos arrastaram para uma viagem pela mente dos jovenscriadores/interpretes. Apesar de tudo parecer caótico e de, ao início, sermos levados a achar que tudo foi deixado ao acaso, estes espetáculos de André e. Teodósio em cocriação com os alunos de duas escolas secundárias de Faro e 7 Quarteira, nada tiveram de aleatório, antes pelo contrário. No final, como na vida, tudo faz sentido e tudo se ajeita.


como sempre ouvimos, “só o futuro dirá”. e será que no final da vida significaremos tudo, ou passaremos a não ser nada? a ponte para o futuro é a luta, porque a luta está dentro das nossas vidas. não sei quem serei amanhã, mas sei quem fui ontem. apenas nos limitamos a viver o agora, dia-após-dia. E é esse agora que define a nossa vida. tudo o que seja antes ou depois do presente não existe de facto. Apenas existe na sua cabeça e com o tempo vai desvanecendo. sabemos que um dia morremos. E aí, acabou? não sei para onde vou, mas sei que quero ir para um sítio onde possa ser feliz. ao nascermos estamos a dar o passo mais assertivo em direção à morte. e, mesmo assim neste paraíso chamado Céu, nós nascemos para morrer. E este é o ciclo da vida. vim de um mundo real e caminho, passo a passo, para um mundo que me submerge dentro da minha cabeça. será que há nada depois da vida? vimos do fim do mundo e é para o fim do mundo que voltamos. o nosso futuro depende completamente dos passos que damos agora.

André e. Teodósio frequentou o Conservatório

Nacional de Música, a Escola Superior de Música e a Escola Superior de Teatro e Cinema. Fez várias formações na Gulbenkian, tendo assinado a encenação da ópera «Riders to The Sea» como prova final. É membro fundador do Teatro Praga, tendo também integrado a companhia de teatro Casa Conveniente, e colabora assiduamente com a companhia de teatro Cão Solteiro. Para além dos trabalhos desenvolvidos com o Teatro Praga encenou os espectáculos "Três mulheres", "Diário de um louco", "Super-Gorila" e "Supernova", co-criados com José Maria Vieira Mendes e André Godinho. Encenou as óperas e escreve regularmente para diversas publicações sendo autor do texto "Cenofobia" editado pela Fundação Culturgest e autor do ciclo Top Models que inclui "Susana Pomba (um mito urbano)" e "Paula Sá Nogueira (um bestiário)". É ainda co-autor do bailado «Perda Preciosa» na Companhia Nacional de Bailado recipiente do prémio Sociedade Portuguesa de Autores na categoria de melhor espectáculo de dança. Uma das suas últimas criações foi “Tropa Fandanga”.

acede aos links dos vídeos dos espétaculos de Quarteira e de Faro no site dos Encontros do DeVIR, onde poderás visionar os espetáculos que os teus colegas criaram e apresentaram. Depois, tal como eles, responde às 2 perguntas que despoletaram estas duas criações: de onde vens? ________________________________ _______________________________________ _______________________________________ _____________________________________ para onde vais? ____________________ ____________________________ ____________________________ 8 ____________________________


16 pensamento

afirmação de um aluno afro-descendente da turma V3B-teatro do 8º ano da escola EB 2,3 Dr. António de Sousa Agostinho durante o workshop de filosofia prática que teve como tema - o bairro do erro

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Porque motivo nunca posarias para esta fotografia? - o que fazem essas pessoas a ver em vez de ajudar? - não faz sentido, não se faz. - desrespeito! 8

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[Árvores do sul produzem uma fruta estranha] Os participantes escolhem, ao entrar na sala, o bairro onde querem morar. Uns escolhem o Bairro do Certo, outros o Bairro do Erro. Este é descrito como «confuso», «barulhento», «poluído», onde existe «tráfico de drogas e de seres humanos», «racista»… Bem, então porque escolheram morar lá?! Uma voz no grupo sugere que não é por se morar no Bairro do Erro que se é racista, que certo e errado podem estar em qualquer lado. (P.) A fuga para o relativismo parecia resultar: tudo pode ser certo ou errado, é uma tese que reúne quase consenso: - O racismo é natural! (R.) A discussão situa-se, sem dúvida, no campo moral do binómio e são dados exemplos-que-não-são-exemplos de racismo e de poluição certos. [Pastoril cena do valente sul] Os participantes ouvem uma música - Não percebo nada do que ela diz! (A.) - e colocam no papel palavras: o que os lembra ou faz sentir. Os registos não mudam muito, de uma audição para outra, já com o poema em legenda. A música cumpre o seu papel de trampolim para a configuração do real em palavras - morte; escuridão; saudades; más recordações; medo; raiva; tristeza; angústia… Lawrence Beitler entra na sala com um aspecto acinzentado, normal para quem chega de 1930 e condizente com o ambiente semântico. Observando-o – Alguma coisa eles fizeram… – afirma (R.), numa tentativa de definir um castigo como justo, ou pelo menos merecido, se se faz alguma coisa.

– Mas, essas pessoas!, o que fazem a ver em vez de ajudar? (L.); – Parece que se estão a rir…(M.) Lawrence Beitler torna-se mais definido na sua fotografia de um linchamento de dois rapazes negros e não se precisou de mais razões – Isso é racismo! (R.) – [Para os corvos arrancarem] Não se precisou de mais razões. Poderia não se tratar de racismo, caso os dois jovens negros tivessem, realmente, feito algo que merecesse punição? Precisaremos de mais razões? Estaremos enganados? Seremos incoerentes nos nossos juízos? Será que produzimos sempre os mesmos erros, como se fossemos máquinas? Com os nossos vícios de raciocínio, criaremos injustiça? Será que temos acções contrárias ao nosso próprio pensamento? Estaremos a confundir errado com negativo ou mau? Ou causas com consequências? Será que concordamos apenas com o que gostamos? Conseguimos ver esta diferença? Perguntamo-nos? Se pensamos mal, como vivemos? «Gostava de ter mais aulas dessas.» (M.)

se recortares todos os pequenos rectângulos que encontras nos cantos de algumas páginas (peças do puzzle da fotografia) e os colocares nos respetivos lugares, o puzzle ficará completo e tu conhecerás a fotografia de Lawrence Beitler.

Lawrence Beitler

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fruta estranha Árvores do sul produzem uma fruta estranha, Sangue nas folhas e sangue nas raízes, Corpos negros balançando na brisa do sul, Frutas estranhas penduradas nos álamos. Cena pastoril do valente sul, Os olhos inchados e a boca torcida, Perfume de magnólias, doce e fresca, Então o repentino cheiro de carne queimando. Aqui está a fruta para os corvos arrancarem, Para a chuva recolher, para o vento sugar, Para o sol apodrecer, para as árvores derrubarem, Aqui está a estranha e amarga colheita. Abel Meeropol 1936

Dianna Ross (sem legendas) www.youtu.be/vxeI5gFJZRw

strange fruit Southern trees bear strange fruit, Blood on the leaves and blood at the root, Black bodies swinging in the southern breeze, Strange fruit hanging from the poplar trees. Pastoral scene of the gallant south, The bulging eyes and the twisted mouth, Scent of magnolias, sweet and fresh, Then the sudden smell of burning flesh. Here is fruit for the crows to pluck, For the rain to gather, for the wind to suck, For the sun to rot, for the trees to drop, Here is a strange and bitter crop.

Billie Holliday (legendado) www.youtu.be/Web007rzSOI

na sequência da aula de Filosofia Prática onde se refletiu sobre o bairro do erro, os participantes tiveram oportunidade de ouvir Strange Fruit, nas versões de Billie Holliday e Dianna Ross, um poema de Abel Meeropol (1936) inspirado no linchamento de Thomas Shipp e Abram Smith, dois afro-americanos que foram enforcados em Marion, Indiana (EUA) depois de terem sido acusados de roubar e assassinar um operário branco. Este mesmo acontecimento foi captado pelo fotógrafo Lawrence Beitler (fotografia/puzzle da página anterior). conceitos eco do visonamento do video clip de Strange Fruit, ou seja, as palavras que os participantes relacionaram com as imagens que viram e a música que ouviram.

Sabes ler? Já aprendeste a escrever? O quê, e a falar inglês também? E a usar um computador?!! Hummm… E a pensar, já aprendeste a pensar? todos temos a capacidade de pensar, mas será que sabemos pensar? Um workshop de Filosofia Prática é um Laboratório de Ideias. Nele podemos explorar e testar todas as ideias com liberdade e sem medo do desconhecido. Para isso, utilizamos as regras de um pensamento válido, avançamos hipóteses, procuramos exemplos mas também contra-exemplos, definimos, comparamos… E se uma ideia não reunir em seu redor boas razões, se não passar nestes testes, então devemos tentar corrigirnos. que perguntas fizeste hoje? As perguntas são o que anima a Filosofia. Quando fazes uma pergunta é porque já pegaste em tudo o que sabias e isso te provocou, te impulsionou. É por estares agora no terreno desconhecido que podes alcançar conhecimentos novos. Um workshop de Filosofia Prática pode ser bom quando se debruça sobre uma ou várias perguntas, mas é bombástico se sais de lá com perguntas novas! Isso aperfeiçoa a tua capacidade de pensar e aguça a tua criatividade! Laurinda Silva

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não

estas foram algumas das observações dos alunos no final do workshop:

este workshop foi mais engraçado do que eu pensava (E) foi divertido (C+L) comunicámos e trocámos ideias (R+M) fazia pensar (L) gostava de ter mais aulas dessas (M) foi diferente do que eu pensava (T) foi um pouco secante (A) O que é a Filosofia Prática? é filosofar e não apenas falar de Filosofia; é uma prática, um exercício crítico que estimula o diálogo socrático; é uma busca pessoal que procura encontrar resposta para os problemas do quotidiano utilizando as ferramentas que a Filosofia nos pode dar; é um modo de trazer de novo a Filosofia para a vida dos cidadãos.

pouco

Laurinda Silva

licenciada em Filosofia (2004) pela Fac. de Filosofia da Univ. Católica Portuguesa (Braga). Professora de Filosofia e facilitadora de Filosofia para Crianças e Jovens. Coordenadora do projecto Enteléquia - Filosofia Prática ® desde 2007: um projecto educacional de divulgação e prática da Filosofia (F. nas Organizações, F. para Crianças, Diálogos Públicos e Consultadoria Filosófica). Formação em Filosofia Prática, pelo Institut de Pratiques Philosophiques, Paris e pelo Institute for the Advancement of Philosophy for Children, Montclair State University – New Jersey, é dinamizadora vários workshops: Music and Construction of Meaning, 2011/ Sophia Network Meeting, Istambul; Filosofia para Crianças; Filosofia para Crianças&Arte…

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18 actualidade

o auto-retrato acompanha o Homem desde a sua existência. Os primitivos auto-retratavam-se fixando registos da sua imagem nas paredes das cavernas. Mais tarde, os grandes pintores da História da Arte encheram telas com os seus rostos e em 1839, Robert Cornelius, químico americano filho de emigrantes holandeses, fez o que pode ser considerado o primeiro auto-retrato da história da fotografia. Um registo feito através de um daguerreótipo, que fixou a sua imagem numa placa de metal banhada por químicos como o nitrato de prata. Este é um tipo de fotografia exigente, normalmente precisa de tempo e de decisão. O auto-retratado escolhe o fundo/cenário, monta engenhosamente a câmara e experimenta o enquadramento. Normalmente não sorri, oferece a si mesmo a imagem que mais se aproxima da sua idealização e, sem pestanejar, enfrenta a máquina e dispara. Hoje, no tempo do digital, já não é um acto potencialmente fatal/definitivo, como acontecia no tempo do analógico, quando se precisava de tempo para revelar a fotografia e só depois se conhecia o resultado. Revelar era um acto de magia, que acontecia nas tinas das câmaras escuras com a luz das lâmpadas vermelhas, onde o fotógrafo se via “nascer” lentamente, ficando umas vezes eufórico outras desiludido com o resultado. Os auto-retratos (self-portrait) na fotografia, são imagens disparadas pelo próprio contra si ou contra um espelho que reflete a sua imagem. Nestes casos vê-se o instrumento de registo, a câmara fotográfica. Andy Warhol, David Fonseca, Ansel Adams, Cindy Sherman, Lucien Freud, John Lennon, Pablo Picasso, Edgar Degas, Frida Kaulo, Leonardo da Vinci, Rembrandt, Richard Avedon, Man Ray, Van Gogh, Stanley Kubrick, Hermann Hesse, Francis Bacon, Francisco de Goya, René Magritte. _________________________________ (assina aqui o teu auto retrato)

às selfies nos smartphones

selfie, a palavra foi usada pela primeira vez por um australiano e foi considerada em 2013 pelos editores dos Dicionários Oxford de Inglaterra, a palavra inglesa do ano. A selfie “é uma auto-fotografia, uma fotografia que uma pessoa tira a si própria, geralmente com um smartphone ou uma webcam, que depois é descarrega numa rede social na Internet”. Tem um destino comum, o mundo virtual. Ao contrário dos auto-retratos, são imagens naturalmente distorcidas, registadas por telemóveis e nas quais não se vê o aparelho. O grau de distorção é directamente proporcional ao comprimento do braço do “fotógrafo/fotografado”. As selfies são uma forma de dizer olá a toda a gente que nos segue. Basta um click. É simples, barato e imediato. De forma quase instantânea, o cidadão anónimo “constrói a ilusão” de existir para o mundo, de ser uma pop-star amada e admirada à escala planetária. Este tipo de “auto-retrato dos nossos dias” até ajuda a tornar mais famosos os famosos. As selfies, através das redes sociais, são como (os nossos) espelhos no mundo digital, trazem consigo esse gesto narcísico que vai da escolha do enquadramento ao sorriso. Somos nós que fazemos tudo, não dependemos de ninguém. Retratado e retratista são uma e a mesma pessoa que até tem o estranho poder de censurar as sua própria imagem. JL > estica o braço > enquadra > smile > click > hummm...(não ficou boa) > delete e volta a sorrir. completa a galeria de notáveis que fizeram os seus auto-retratos, usando o espaço em branco emoldurado a dourado. Preenche-o criando o teu próprio autoretrato e descobrirás o que os teus olhos não vêem.

www.gigapan.com/ gigapans/155294

o autor não escreve segundo o novo Acordo Ortográfico

dos auto-retratos a óleo


O Jorge vive dentro de uma moldura muito especial numa casa cheia de fotografias. Os seus pais às vezes não sabem onde é que ele anda porque o Jorge adora saltar de fotografia em fotografia e descobrir as suas histórias. Com texto de Pedro da Silva Martins, através da projecção e manipulação de desenhos da autoria do ilustrador João Fazenda, e acompanhado pela música e voz de Bruno Humberto, vamos conhecer a incrível aventura do Jorge que nasceu feito de papel e tinta e transformou-se em alguém que o que gosta mesmo é de desenhar.

Este espectáculo foi apresentado a diferentes turmas do 1º ciclo de escolas do Concelho de São Brás no Cine-teatro Sambrazense.

https://vimeo.com/130079573

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20 saúde & desporto

com os maus hábitos genericamente , os portugueses estão a perder anualmente cerca de 141 mil anos de vida saudável, apenas por não terem hábitos corretos no que diz respeito ao consumo de alimentos. Apenas três peças de fruta por dia poderiam inverter estes números. Os hábitos alimentares contribuem para 19,2% da perda de anos de vida saudável. Percentagem esta que chega a ultrapassar o valor da hipertensão arterial ou até mesmo consumo de tabaco e de álcool. Estes dados fazem parte do relatório A Saúde dos Portugueses – Perspectiva 2015, publicado pela Direcção-Geral da Saúde (DGS).
 Segundo a pediatra Júlia Galhardo [1], “existe um número bastante elevado de adolescentes com diabetes tipo 2, com hipertensão e até com colesterol elevado. Patologias que, até alguns anos atrás só se manifestavam na população adulta.” No que respeita à atividade física, um estudo da Fundação Portuguesa de Cardiologia, diz-nos que cerca de 64% dos portugueses são sedentários, ou seja, praticam menos do que 1h e 30m de exercício físico por semana. Segundo a mesma investigação, as mulheres são ainda mais sedentárias do que os homens (56% contra 44%).
A nível europeu somos ainda o povo mais sedentário da Europa, sendo que a média Europeia ronda os 42%, segundo a Fundação Portuguesa de Cardiologia. Somos ainda mais sedentários que os americanos, uma vez que praticamos 9 horas de atividades sedentárias, por dia, contra as 8 dos americanos. Ainda assim, 50% da população americana alcança as 2h30m de exercício físico recomendado. “What if everybody ran”, feito pela Universidade da Carolina do Norte a pedido da Mizuno Running, concluiu que dos 150 milhões de americanos ativos, apenas 30 correm mais do que uma vez por semana. Este estudo, cujos resultados apresentamos parcialmente, mostra-nos o impacto que correr 30 minutos por semana, teria na vida da população. [1]

saúde

sociedade

-150 mil milhões de euros com despesas de saúde -5 milhões de visitas aos hospitais por ano -49,1 milhões de cigarros fumados por dia 20% memória mais forte 860 mil quilogramas perdidos pela população 6,2 anos de aumento da esperança média de vida nos homens 5,6 anos de aumento da esperança média de vida nas mulheres 10% aumento de autoestima +32% de melhor sono +25% de ar fresco respirado +20% de capacidade de resolução de problemas +20% de velocidade de aprendizagem de vocabulário -37% de ansiedade -16% de redução da hipótese de diabetes -37 % redução do risco de doenças cardiovasculares -49% redução do risco de doenças cerebrovasculares

+37% de sorrisos +7 milhões de horas fora de casa -135 milhões de horas a ver televisão - 14 000 milhões de horas na internet - 46% de sem-abrigo + 27 milhões de pores do sol vistos por semana

economia 23% de aumento da produtividade 10% de aumento no rendimento potencial das famílias

contribuindo para contrariar os hábitos de sedentarismo propomos-te que faças um passeio na Ria Formosa. Se fizeres um dos percursos que estão indicados nos mapas poderás visitar moinhos de marés, centro de recuperação de aves e ser surpreendido pela diversidade de aves que nidificam nesta área protegida. Na página 22 encontrarás um artigo sobre pássaros.

Vila Real StºAnt

Mizuno Running www.mizunousa.com/running

143 mil milhões de dólares de poupanças em custos de saúde

a Ria Formosa é um sapal com uma área de cerca de 18.400 hectares ao longo de 60 quilómetros desde o rio Ancão (Quinta do Lago) até à praia da Manta Rota (Vila Real de Santo António). Trata-se de uma área protegida do Oceano Atlântico por um cordão dunar quase paralelo à orla continental, formado por duas penínsulas (do Ancão e de Cacela)

Olhão

In “Somos o que comemos” de Júlia Galhardo Grande reportagem SIC

e cinco ilhas barreira arenosas (Ilha da Barreta, Ilha da Culatra, Ilha da Armona, Ilha de Tavira e Ilha de Cabanas), que servem de proteção a uma vasta área de sapal, canais e ilhotes. A ria é também composta por salinas, pequenas praias arenosas, por terra firme e por linhas de água doce que nela desaguam. O seu fundo é constituído essencialmente por sedimentos que se têm vindo a consolidar com a ajuda da “morraça”, que é um tipo de vegetação predominante e característico desta região. É uma zona húmida de importância internacional como habitat de aves aquáticas que a ocupam de forma continuada ou nos seus movimentos migratórios entre o Norte de África e o Norte da Europa. Por este motivo, o Governo Português assumiu o compromisso de manter as características ecológicas da zona e de promover o seu uso racional, ainda assim continua a ser ameaçada pelo excesso de população que vive na zona costeira, principalmente devido ao turismo.

Quinta do Marim

Quinta do Lago

ILH M52 A 7F

1

estacionamento

centro interpretativo

salinas

moinho de maré

piscicultura

aeroportop

observatório de aves

centro de recuperação

de aves

cão de água português

O AR

ponte


“Define bem as tuas metas, e não pares até alcançá-las” Set your goals high, and don't stop till you get there. - Bo Jackson -

“Não é a vontade de vencer que importa – toda a gente tem isso. É a vontade de te preparares para vencer que importa.” It’s not the will to win that matters—everyone has that. It’s the will to prepare to win that matters. - Paul Bryant -

“Sem auto-disciplina, o sucesso é impossível, ponto final.” Without self-discipline, success is impossible, period. - Lou Holtz -

“Eu odiei cada minuto de treino, mas disse para mim mesmo: “Não desistas. Sofre agora e vive o resto da tua vida como um campeão.” I hated every minute of training, but I said, “Don’t quit. Suffer now and live the rest of your life as a champion. - Muhammad Ali -

“Eu falhei vezes sem conta na minha vida. E foi por isso mesmo que eu sucedi.” I’ve failed over and over and over again in my life. And that is why I succeed. - Michael Jordan -

cria um pensamento que te defina ou transcreve uma frase curta com a qual te identifiques.

1. sabes quem viaja de África, faz escala na Ria Formosa e voa até ao Polo Norte? - Não sabes? - Não! não é nenhuma companhia de aviação com voos baratos (low cost), é o Igloo, um pássaro como muitos outros que todos os anos nos vem visitar porque não gosta de muito calor e foge de onde está muito frio. 2. o que têm em comum os iglos e os ninhos? - Sabes o que são iglos? Não?!? Humm... 3. queres conhecer um pássaro que às vezes pensa que é homem e um homem que (quase) se transforma em pássaro? Consegues imaginar como se desloca? Voará ou andará? Que roupa é que lhe vestirias? 4. já alguma vez imaginaste fazer um vídeo? E to car uma músi ca para uma dança? e... construir um cenário para um espec táculo? - Não? - Olha! Então, tu trazes as mãos, os pés, os olh os... não te esq ueças da cabeça, e nós emprestamos-te uma cana de pesca. Mostra mos-te muitas aves e até te ensinamos a fazer um pá ssaro de papel para tu levares para casa.

“Comer é necessidade, mas comer de forma inteligente é arte.” To eat is a necessity, but to eat intelligently is an art. - La Rochefoucauld -

se seguires as instruções da ilustração, usando uma folha de papel com um formato quadrado e fazendo as dobragens indicadas no esquema de construção da pomba, obterás uma forma identica ao pássaro/convite que os espectadores interpretes de IGLOO construiram no workshop de origami e levaram para suas casas.

igloo é um espectáculo/workshop onde os part icipantes, alunos do préescolar e do 1º ciclo, têm a oportunidade de co nhecer muitas esp écies de pássaros da Ria Formosa e de perceber como se constrói um espec táculo. É uma actividade partilhada que quer contrariar a ideia de espectá culo magia. Ao invés de propor um espetáculo acabado, des afia os participant es a montar, passo a passo, o que depois merecerá o seu aplauso. Uns experimentam ser luminotécnicos outros aceitam o desafio de construir par te da banda sonora, outros ainda, assuem a responsabilidade de criar a cenogr afia. Ninguém fica de fora, a todos cabe a tarefa de idealizar o Ig loo, esse pássa ro mágico que todos trazem os dentro de nós. Na parte fina l do espectácu lo o grupo divide-se e é lançado a todos os espectadores int erpretes um d uplo desafio: visionar imagens dos pássaros que nidific am na Ria Fo rmosa e participar num curto workshop de origami. Cada participante construirá um convite (que endreçará aos pais), em forma de pássaro, utilizando um mapa onde se sugerem dois passeios a pé pela ria, onde teram oportunidade de observar os pássaros no seu hab itat natural. Serão realizadas 40 apresentações do espectáculo que conta com a participação dos alunos do pré-escolar e do 1º ciclo de escolas dos concelhos de Loulé, Faro, Olhão e S. Brás de Alportel.

José Laginha

sou o , nasci e vivi em Loulé até aos meus 17 anos. Quando consegui, fui para Lisboa estudar dança no Ballet GULBENKIAN e na Companhia Nacional de Bailado. Depois quis aprender mais e fui para Nova Iorque. Quando voltei a Lisboa tirei design de interiores, sem nunca ter deixado de dançar, e ao mesmo tempo comecei a experimentar fazer as minhas primeiras criações. Mais tarde, voltei a Loulé e criei o “a sul” festival internacional de dança contemporânea (94-2006) e em 2001 o CAPa, Centro de Artes Performativas, em Faro.

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1. Gaivota-argêntea 2. Alfaiate 3. Galinha d’água 4. Alvéola branca 5. Milherango 6. Corvo marinho 7. Pernilongo 8. Camão

9. Flamingo 10. Rola do mar 11. Chilreta 12. Garçote 13. Guarda rios 14. Carraceiro 15. Piadeira 16. Frisada

17. Pato de bico vermelho 18. Mergulhão de poupa 19. Toutinegra dos valados 20. Mergulhão pequeno 21. Abelharuco 22. Garça branca 23. Gaivina 24. Cegonha

25. Colhereiro

apresenta um dos bicos mais estranhos e chamativos da nossa avifauna. Esta ave usa uma «espátula» para varrer os lodos e os fundos aquáticos em busca de alimento. É quase totalmente branco, tem patas escuras, e ostenta um penacho na nuca durante a época de reprodução, assim como uma pequena mancha amarela no pescoço.

a Ria Formosa é uma zona perfeita para a observação de aves aquáticas. A maioria do seu território só é visitável de barco, no entanto engloba áreas acessíveis por terra como o Ludo, a Quinta do Lago e as salinas de Santa Luzia, percursos pedestres onde se podem observar inúmeras espécies que aí nidificam. Existem 3 tipos de aves que podemos encontrar na Ria: aves aquáticas são aves que habitam massas de água doce ou salobra, incluindo sapais, lagunas e outras águas costeiras restritas. Pertencem a espécies cujo habitat está preferencialmente restrito a zonas húmidas ex: mergulhão-de-pescoço-preto, ganso-patola, corvo-marinho-de-faces-brancas, garça-branca-

pequena, garça-real, colhereiro, ostraceiro, borrelho-grande-de-coleira, borrelho-de-coleira-interrompida, tarambola-cinzenta, pilrito-das-praias, pilrito-comum, maçarico-de-bico-direito, fuselo, maçarico-galego, maçarico-real, perna-vermelha-comum, perna-verde-comum, maçarico-das-rochas, rola-do-mar, gaivota-de-cabeça-preta, guincho-comum, gaivota-de-audouin, gaivota-argêntea, garajau-comum, guarda-rios

grandes aves terrestres podemos observá-las tanto quando sobrevoam os nossos telhados como nas zonas húmidas onde encontram alimentos ex: cegonha-branca, tartaranhão-ruivo-dos-pauis, rola-brava passeriformes são popularmente conhecidos por passarinhos. O grupo é bastante numeroso e diversificado, com cerca de 5 400 espécies o que representa mais de metade do total das espécies de aves. Geralmente, são aves de pequenas dimensões, canoras, com alimentação baseada em sementes, frutos e pequenos invertebrados. Usualmente têm patas sem membranas interdigitais com 4 dedos ao mesmo nível uns dos outros, três virados para a frente e um para trás ex: cotovia-de-poupa, petinha-dos-prados, alvéola-amarela, cartaxo-nortenho, cartaxo-comum, rabirruivo-de-testa-branca, chasco-

cinzento, toutinegra-de-cabeça-preta, papa-amoras-comum, papa-moscas-cinzento, papa-moscas-preto, picanço-barreteiro, pintarroxo

estes são alguns dos pássaros que nidificam na Ria Formosa. Tal como fizemos com a alvéola branca, desafiamos-te a ligar os nomes dos pássaros às imagens correspondentes. Aproveita e completa o espaço do puzzle, que está vazio, com um desenho que resulte da descriação que te facultamos do colhereiro. Sem recorreres ao site, partindo das poucas informações que te disponibilizamos relativas a este estranho pássaro, faz um exercício de imaginação e desenha, usando lápis de cor, a cabeça desta ave. Como é que achas que é a sua plumagem? Porque razão lhe chamam colhereiro? Como o nome indica, terá algo parecido com uma colher. Consegues imaginar como será a forma do seu bico?

http://www.avesdeportugal.info secções de desenhos retirados do mapa Descubra as Aves da Ria Formosa (zona oeste) publicado pela SPEA. www.polislitoralriaformosa.pt/ downloads/portugues.pdf


story of stuff valemos aquilothe que consumimos www.youtube.com/watch?v=3c88_Z0FF4k

vivemos num Planeta finito

valemos aquilo que consumimos

vivemos num Planeta finito já pensaste donde vêm as coisas que compramos?

e para onde vão quando as deitamos fora?

vivemos num planeta finito

valemos aquilo que consumimos

vivemos num Planeta finito valemos aquilo que consumimos estamos a ficar sem recursos naturais!!!

nas ultimas 3 décadas ... foram consumidos 33% dos nossos recursos naturais

estamos debilitando o Planeta para sustentar o nosso modo de vida

vivemos num Planeta finito valemos aquilo que consumimos

vivemos num Planeta finito já desapareceram 80% das florestas originais do Planeta

só na Amazonia estamos a perder 2000 árvores por minuto, o equivalente a um campo de futebol

o consumo é o motor, o coração do sistema capitalista em que vivemos

valemos aquilo que consumimos

vivemos num Planeta finito valemos aquilo que consumimos 99% das coisas que compramos vão parar ao lixo ao fim de menos de seis meses de utilização

a nossa economia exige que façamos do consumo o nosso modo de vida

obsolescência programada e obsolescência técnica

vivemos num Planeta finito valemos aquilo que consumimos

vivemos num Planeta finito a moda é um exemplo de obsolescência perceptiva

a publicidade tem um grande peso nas nossas vidas, vemos mais publicidade num ano que uma pessoa via há 50 anos atrás em toda a sua vida

se queres perceber melhor como vives e como és influenciado/comandado pela industria, desafiamos-te a ver os seguintes vídeos youtube.com/watch?v=5XqfNmML_V4 youtu.be/-jrHrqATYho youtu.be/8Aw3CeLVR8w youtu.be/Klx8UBMRrMA Ficarás mais informado e mais apto a diariamente tomares decisões conscientes que, apesar de poderem ser do foro pessoal, têm sérias implicações no futuro do planeta.

um dos papéis da publicidade é fazer-nos sentir infelizes com o que temos

estes e outros temas / conceitos aqui apresentados foram abordados nos workshops lecionados aos alunos da turma V3B-teatro da escola EB 2,3 Dr. António de Sousa Agostinho - Almancil. The Story of Stuff foi um dos vídeos visionados pelos alunos.

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24 economia/tecnologia

sabes quando é que vais comprar um novo telemóvel ? - Não?!? - Então pergunta ao fabricante do modelo que estás agora a usar. obsolescência programada

é a decisão do produtor de fabricar propositadamente produtos de pouca qualidade, encurtando o seu tempo de vida útil. Quando fabricam um objeto já sabem quando é que ele irá avariar de forma a forçar o consumidor a comprar um novo modelo do produto. A obsolescência programada foi criada, na década de 1920, pelo então presidente da General Motors. Ele começou a fabricar os carros seguindo uma estratégia criando modelos com novos acessórios. Em vez de criar carros colocando toda a tecnologia avançada que conhecia, ia produzindo anualmente modelos sempre novos onde colocava só parte das novas tecnologias que tinham sido já descobertas. A obsolescência programada é um fenómeno industrial que é totalmente nocivo para o meio ambiente. É considerada uma estratégia de produção não-sustentável. Produzir de forma sustentavel é a capacidade do ser humano produzir e interagir com o mundo, preservando o meio ambiente para não comprometer os recursos naturais das gerações futuras, isto porque o planeta não é infinito.

sabes qual é a cor da blusa que vais comprar no Verão do ano que vem?

- Não?!? - Então pergunta ao designer de moda que tomou essa decisão no ano passado obsolescência técnica ou funcional é uma forma de nos

“obrigar” a deitar fora os equipamentos novos que avariam, sem que os tentemos concertar. Os produtores manipulam-nos tornando tão dispendiosas as peças avulsas das máquinas que deixa de valer a pena mandar arranjar os produtos avariados. - Já reparaste que todos os anos as tendências mudam? De ano para obsolescência perceptiva é uma forma de reduzir a vida ano muda a cor da moda. Se este ano o que se usa são calças largas, útil dos produtos que ainda são perfeitamente funcionais e úteis. Os seguramente nos próximos anos a tendência ditará o oposto. É um ciclo fabricantes lançam produtos com aparência inovadora e mais agradável, vicioso que tem um objetivo estratégico muito concreto, bem definido além de pequenas mudanças funcionais, dando aos produtos antigos e silenciosamente manipulador. Pôr-nos a comprar cada vez mais e a aspeto de ultrapassados. Um bom exemplo é a moda, que se modifica consumir tudo aquilo de nem precisamos. A coreógrafa Vera Mantero, de de forma a estimular a compra frequente de novos modelos de vestuário. quem te falámos na página 10 refletiu sobre este assunto numa das suas últimas criações a que deu o sugestivo nome “vamos sentir falta de tudo aquilo de que não precisamos” www.youtube.com/watch?feature=player_detailpage&v=pDPsWANkS-g www.youtube.com/watch?feature=player_detailpage&v=JnV9yjGd-Cs www.youtube.com/watch?feature=player_detailpage&v=HI8VVR1FYSk


“não percebi nada. O que é que aquilo queria dizer?”

atribuimos às crianças a capacidade de nos colocarem questões, que lhes são sugeridas pelo seu encontro com a obra de arte, de uma forma directa e clara. Se por um lado a criação artística pode e deve ser usufruida livremente - de modo a deixar ao observador/espectador a sua interpretação, apropriação e satisfação própria de quem se revê no objecto observado ou vê as suas duvidas interiores respondidas ou ainda por uma outra razão qualquer própria de cada um – é também verdade que gostar e compreender se afirmam em planos diferentes e que para gostar nem sempre é necessário compreender em toda a totalidade, nem dominar as ferramentas que nos permitem explicar o que sentimos. No entanto é possivel que, mesmo gostanto do que se viu ou sentiu, a própria obra, levante questões e às vezes alguns desconfortos nas crianças para os quais muitas vezes nós pais e também educadores não temos ainda respostas obvias ou imediatas. - O que fazer então? (Entre outras coisas, admitir que a procura de respostas já constitui por si o princípio de uma outra aprendizagem e descoberta igual ou maior.) Durante a tarde de 31 de Outubro proponho-vos pensar e conversar sobre estas matérias, ver imagens e videos com exemplos practicos e descobrir respostas para as perguntas das crianças, que nos apanham desprevenidos, e na maior parte dos casos nos fazem sorrir.

Susana Menezes nasceu no Porto em 1973. Licenciou-se em Design de Produto na ESAD, Matosinhos. Foi bolseira Erasmus na Hogeschool, em Antuérpia.

Participou em workshops sobre criação e método de projecto, com Christopher Jones, Uwe Fischer e Xavier Mategot no Domain de Boibuchet - Vitra Design Museum. Frequentou o programa de mestrado em Criatividade Aplicada na Faculdade de Ciências Educativas, Universidade de Santiago de Compostela. Fez Pós-graduação em Gestão Cultural nas Cidades no INDEG/ ISCTE. Criou e coordenou o Serviço Educativo do Teatro do Campo Alegre durante 7 anos. Foi consultora para as actividades educativas da Artemrede – Teatros Associados. Dá formação na área dos Serviços Educativos e desenvolve actividades pedagógicas em diferentes contextos e para diferentes idades e níveis de ensino. Desde 2006 programa e coordena o Programa para Crianças e Jovens do Teatro Maria Matos.

no dia 31 de Outubro pelas 15h30 na Biblioteca Sophia de Mello Breyner Anderson (Loulé)

um concerto partilhado, diferente e inusitado onde se pretendeu festejar a música e esbater as diferenças. No palco do Cine-teatro Louletano apresentaram-se os 5ª Punkada, uma banda pop-rock constituída por utentes da APPC, Associação Portuguesa de Paralisia Cerebral de Coimbra, que há mais de 20 anos produzem uma música cheia de força e muito pouco limitada. Na primeira parte deste concerto apresentaram-se Ana Rostron&João Caiano e convidados, uma banda local recém formada que vive de uma parceria que tem vontade de arriscar.

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1. institucionalização da liberdade; 2. ato de exercer influência; 3. pássaro com bico com formato de colher; 5. pintor irlandês; pintura figurativa, produziu auto retratos; deformações; 6. pássaro que pensa que é homem e homem que quase se transforma em pássaro; 7. pintor, cientista, matemático, inventor, Renascimento; 8. é filosofar e não falar de Filosofia; 9. subverter a ordem; Galileu teoria heliocentrista; 12. cantora de Jazz norte americana, famosa versão the strange fruit; 14. sapal entre o Ancão e a Manta Rota; 16. comemora-se dia 22 de Abril; 17. onde se abatem 2000 árvores por minuto; 18. pintor espanhol do sec. XVII, fez muitos auto-retratos; 19. em 2013 foi considerada a palavra do ano em Inglaterra, auto-fotografia;

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4. montagem de selfies no formato do globo; 10. guitarrista e letrista dos the Beatles; “Imagine”; 11. o que é da mesma época; partilha o mesmo tempo; 13. último livro de Afonso Cruz para crianças; 15. quem criou “a dança do existir”e “vamos sentir falta de tudo aquilo de que não precisamos”; 17. criação de imagem de si próprio; 20. nome de divindade grega, sinónimo de confusão; 21. a escrita da dança; 22. músico e fotografo português, ex-silence 4; 23. o processo do desejo; 24. fotógrafa conhecida pelos seus auto-retratos;

Vertical 1. democracia 2. intervir 3. colhereiro 5. FrancisBacon 6. igloo 7. LeonardoDaVinci 8. filosofiaprática 9. transgredir 12. BillieHolliday 14. riaformosa 16. diadaterra 17. amazónia 18. Goya 19. selfie Horizontal 4. globalselfie 10. JohnLennon 11. contemporâneo 13. cruzadadascrianças 15. VeraMantero 17. autoretrato 20. caos 21. coreografia 22.DavidFonseca 23. devir 24. CindySherman

para onde queremos ir

a 1ª edição dos encontros do DeVIR, júnior tem como primeiro objetivo desenvolver um conjunto alargado de actividades que visam estimular a oferta e a procura de projectos artísticos com uma forte componente educacional. Pretende-se assim facultar experiências artísticas a jovens estudantes (do pré-escolar ao secundário), e criar sinergias entre entidades artísticas, escolas e agentes locais, essenciais para o desenvolvimento futuro de projectos artísticos sustentáveis. Frequências&vibrações foi um projecto realizado no âmbito dos encontros do DeVIR júnior, ministrado por Genoveva Faísca e por Tiago Rêgo. Este conjunto de 94 workshops envolveu centenas de alunos de oito escolas EB 2,3 dos concelhos de Loulé, Olhão e S. Brás. No final de cada sessão foram distribuídos questionário de avaliação num total de 1500 exemplares. gostaste do workshop?

gostavas de ter workshops noutra área artística?

gostavas de frequentar:

Os gráficos que aqui apresentamos resultaram da análise feita aos 1270 questionários que nos foram devolvidos. Esta amostra permite-nos concluir que existe um verdadeiro interesse, por parte dos alunos (mas também dos professores), em envolverem-se em atividades artísticas que possam ser desenvolvidas paralelamente à formação académica ministrada nas escolas do ensino regular. Tendo em conta os resultados já alcançados, pensamos que se justifica pensar em avançar para uma 2ª edição dos encontros do DeVIR (2017) tentando consolidar um evento que promove a aproximação às Artes, através do reforço ou da experimentação da utilização de linguagens artísticas.

ade voz sustentabilid ambiente percussa filosofia pratica

plastico utopia

danc

artist as

cidade sociologos

cli ma

arquitetos

m ar

artes ais digit

teatro

do ambi ente

biol ogos

musica electro nica Organização

ApoioProje cto Formação e riação C rtistica A em Rede

actividades culturaa is

centro de artes performativas do algarve

Parceiros

chegados á penúltima página do jornal dos encontros do DeVIR jr. onde pudeste ler artigos sobre diferentes temáticas relacionadas com as Artes do Espetáculo mas também com questões relativas ao ambiente e à cidadania, desafiamoste a fazer as palavras cruzadas, desde modo testarás o conhecimento que adquiriste.

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ficha técnica do jornal concepção, edição e design gráfico José Laginha design gráfico (estagiário) Tiago Gonçalves revisão Cláudia Oliveira tipografia Grafedisport, impressão e artes gráficas, sa.

ficha técnica dos encontros do DeVIR, júnior direcção artística José Laginha gestão e direcção de produção Ana Rodrigues assistente de produção e comunicação Cláudia Oliveira concepção design gráfico José Laginha design gráfico (estagiário) Tiago Gonçalves equipas artísticas Aldara Bizarro, André e. Teodósio, Laurinda Silva, João Fazenda e Pedro Martins, José Laginha, 5ª Punkada, Ana Rostron e João Caiano, Susana Menezes, Vera Mantero, Genoveva Faísca, Teresa Silva, Tiago Rêgo, Miguel Murta, Miguel Horta, João Fazenda e Bruno Humberto, alunos do Curso de Técnico Psicossocial da Esc. Sec. Drª Laura Ayres (Quarteira), alunos do curso Profissional de Artes do Espectáculo – interpretação e de intérpretes de Dança Contemporânea da Esc. Sec. Tomás Cabreira (Faro), alunos das Esc. EB2,3 António de Sousa Agostinho (Almancil), Padre João Cabanita, engº Duarte Pacheco (Loulé), D. Diniz, S. Pedro do Mar (Quarteira), Poeta Bernardo Passos ( S. Brás de Alportel), José Carlos da Maia (Olhão) agradecimentos Bruno Pires, Maria João Lima, Fábia Azevedo/RIAS, Cátia Mateus & Luísa Ramos/o Rumo do Fumo, Fátima Mártires, Ana Coutinho, Carla Cruz (Esc. EB2,3 António de Sousa Agostinho), Cláudia Fontão, Luís Romão (Esc. Sec. Drª Laura Ayres), Cristina Madeira (Esc. Padre João Cabanita), Isabel Diogo (Esc. engº Duarte Pacheco), João Evaristo (CMOlhão), Custódia Reis (CM S. Brás), Isolda Costa (S. Pedro do Mar), Brígida Eusébio, Carlos Sousa (D. Diniz), equipas do Auditório da Igreja de S. Pedro do Mar, Cine-teatro Louletano, Teatro Municipal de Faro, Cine-teatro Sambrazense, Auditório Municipal de Olhão, Esc. EB2,3 engº Duarte Pacheco, Fundação António Aleixo, Centro Comunitário de Vale Silves

organização

actividades culturais

ce

f

estrutura financiada por

l

ntro de artes per ormativas do a garve projeto formação e criação artística em rede co-financiado por

parcerias


R H E M N V S A L O V M B H C Z D R WQ R E H U R H P I K P F R OE E Z WD T V V Y E M O V

R UE C A C PUS T Z Ç A X UO O C O X I M R NT P A S Y B C AE Ç C O F X A Q U I N T A D O M A R I M L Z E A W V XOG V P E R N I LO N GO H R A WOJ X Y N S C R L K D N GJ T F A BK ZU R C O S NO F A G XD I N D D A TE R L I H CM A L A L A Q A I C A RC O M E DWN S H N I C W Z Q Z S E L F I E H N D E I P S X R I V R E T N I X I R H I X DS X F T R A T O F A LA D O KA A VK L J Y I U T I Q T PP Z R ZN S UN ZQ R W EC A M PUS T Z ÇN X U OOC C A SS O T BOH U A EA R NM FP T H AL T A R AB I C AR R OS AE L P Z L T T K NS X V S O A C I RR C G W P NX V TW N J Y S L GCGC L Y J O ÁM A CB T P X S L L AÓU I I C E F P I VW I L DO I X RES L N R G WH K UB RI C KO B TRS E R L Y U Z I MV XU B L L A UOÃ O V I M E NT O A SY B C N E ECO F X A Q Z I N T A VOM A R R M LZ

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