UNIBAN Brasil
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423 Jornal da UNIBAN Brasil
FOLHA
O curso de Mestrado Profissional em Farmácia da UNIBAN Brasil acaba de formar sua primeira turma. Saiba quem são esses novos mestres e quais são seus trabalhos científicos. (pág. 04)
A atriz Marisa Orth fala sobre as diferenças em atuar na TV, cinema e teatro, e comenta sobre o desafio de interpretar a filósofa francesa e ícone do feminismo, Simone De Beauvoir, na peça O Inferno Sou Eu. (pág. 08)
UNIVERSITÁRIA Ano 13 . 8 de março de 2010
Supermulher Conciliar vida pessoal, profissional e acadêmica nunca foi tarefa das mais fáceis. Mas por mais incrível que pareça, esse é um tipo de desafio que as mulheres têm tirado de letra há muito tempo. Nessa conturbada “jornada tripla”, muitas têm que administrar o tempo entre estudos e profissão, sem deixar de lado seus vínculos afetivos, seja com a família ou com seus relacionamentos amorosos. Como forma de homenagem ao Dia Internacional da Mulher, a Reportagem da Semana ouviu histórias de vida de quatro personagens distintas. Apesar de suas diferenças, todas elas têm algo em comum. Assumiram o papel de protagonistas em seus empregos, em suas famílias e, por que não, de suas próprias histórias. (págs. 6 e 7)
Num ambiente de predominância masculina como é a área de Engenharia, mulheres têm conquistado aos poucos seu devido espaço, tanto no meio acadêmico como no mercado de trabalho. (pág. 03)
Editorial
EXPOSIÇÃO
Um dia é pouco. Pouco para simbolizar o importante papel que a mulher tem em nossa sociedade. Cada vez mais atuantes e protagonistas de suas próprias histórias, muitas delas tomaram as rédeas e se tornaram o eixo central de suas famílias. Principais provedoras do sustento familiar, o principal desafio de muitas delas é executar a chamada “tripla jornada”. Além de serem estudantes aplicadas e profissionais qualificadas, elas têm que arranjar tempo para serem esposas ou namoradas atenciosas e, muitas vezes, mães dedicadas. Tantas funções designadas a uma só pessoa poderiam ser feitas com maestria apenas por elas. Por essa razão dedicamos uma edição em homenagem ao Dia Internacional da Mulher. Na Reportagem da Semana, a jornalista Isabelle de Siqueira foi atrás de mulheres com origens e formações distintas, mas que em comum encaram o desafio de serem “chefes de família”. A editoria Carreira & Mercado enfoca a atuação feminina numa área de predominância masculina, a Engenharia. Já a repórter Luciana Almeida conversou com três mulheres maduras que conseguiram realizar o sonho de ingressar na universidade, mesmo depois de tantas tentativas e desistências. A entrevistada da semana é a atriz Marisa Orth, que na peça o Inferno Sou Eu interpreta a filósofa Simone De Beauvoir, um dos ícones do feminismo dos anos 60. Na editoria de Cultura você confere uma crítica do espetáculo. Ainda nesta edição você confere quem são os novos mestres da UNIBAN Brasil no curso de Mestrado Profissional em Farmácia. Renato Góes Editor
O Memorial da Inclusão, espaço que resgata os personagens, as lutas e as conquistas pelos direitos da pessoa com deficiência na América Latina, reúne em um só espaço, fotografias, documentos, manuscritos, áudios, vídeos e referências aos principais personagens, às lutas e às várias iniciativas que viabilizaram conquistas e melhores oportunidades às pessoas com deficiências na sociedade e mercado de trabalho. O local visa também registrar e resgatar um dos períodos mais importantes da história sócio-cultural e política do movimento de luta das pessoas com deficiência, que ocorreu no início dos anos 80. Um dos destaques do lugar, a Sala Preparatória dos Sentidos, um local escuro, com painéis de texturas diversas, alteração de temperatura e sensores sonoros e de odor. A ideia é a de que o visitante reflita sobre a importância dos sentidos como tato, visão e audição. Outra novidade foi a instalação de sound tubes, para pessoas com deficiência visual que não lêem em braile. Memorial da Inclusão Av. Auro Soares de Moura Andrade, 564 - portão 10 - Barra Funda - SP. Tel.: 3212-3727. De seg. a sex.: 12h às 18h. Entrada grátis
ESTÁGIOS
A EF Cursos no Exterior, empresa de educação internacional, seleciona candidatos para uma vaga de estágio por três meses no exterior. Podem participar universitários de qualquer curso, desde que sejam maiores de 18 anos. Os candidatos precisam montar um vídeo de até três minutos descrevendo como o estágio impactará em seu futuro. O vídeo deverá ser enviado pelo site www.ef.com/globalintern, junto com o currículo do candidato, até o dia 20 de abril. O vencedor ganhará um estágio de três meses em três países diferentes. As despesas de viagem, acomodação e alimentação serão pagas pela EF. O estágio não é remunerado. No Brasil, será selecionado um candidato de cada estado e, entre os escolhidos, um deles será eleito para concorrer com os finalistas de cada país.
TRAINNEE
Nós Erramos O nome correto do MASP é Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand, não Chatobriand, como foi escrito na última edição.
O EC
A TIM abre processo seletivo de seu programa “Estágio sem Fronteiras”. São 400 oportunidades em todo o País para várias áreas divididas em duas etapas de admissão: em maio e setembro. Para participar, os estudantes precisam estar a um ou dois anos da formatura, além de ter bom rendimento acadêmico e conhecimentos avançados em inglês e informática. O processo seletivo inclui triagem de currículos no site, testes on-line, dinâmica de grupo, redação e entrevista individual com a área de Recursos Humanos da TIM Brasil. O processo é concluído com uma entrevista com o gestor da área de interesse do candidato. As inscrições devem ser feitas pelo site www.tim. com.br até o dia 14 de março.
MO
A empresa Ética Assessoria e Serviço de Apoio Ltda, abre oportunidade em regime CLT para estudantes a partir do 3º ano de Ciências Contábeis para a região do Butantã - São Paulo. A carga horária é de 44 horas semanais, com bolsa auxílio de R$ 900, mais benefícios. Os interessados devem ligar para o telefone: 3256-7813, falar com Beatriz a partir das 10h.
R ITO E R
FAL
Opine, critique e dê sugestões sobre as matérias publicadas na Folha Universitária. Mande suas cartas para folha_universitaria@uniban.br
Confira vagas em diversas áreas www.ciee.org.br Tel.: (11) 3046-8211.
Oportunidades de estágio para jovens talentos. www.nube.com.br Tel.: (11) 4082-9360.
EXPEDIENTE: Reitor: Prof. dr. Heitor Pinto Filho (reitoria@uniban.br). Vice-Presidente da Fundação UNIBAN: Américo Calandriello Júnior. Assessora-chefe de Comunicação: Mariana de Alencar. Editor e Jornalista responsável: Cleber Eufrasio (Mtb 46.219). Direção de Arte: Ronaldo Paes. Designers: Bruno Martins e Ricardo Neves. Editor: Renato Góes. Repórteres: Francielli Abreu, Isabelle de Siqueira, Karen Rodrigues e Manuel Marques. Fotos: Amana Salles. Diário Oficial UNIBAN - Edição e Coordenação: Francielli Abreu. Colaboradores: Analú Sinopoli e Marcio Fontes. Estagiária: Luciana Almeida. Impressão: Folha Gráfica. Cartas para a redação: Rua Cancioneiro Popular, 28 - 5º andar, Morumbi, São Paulo, CEP 04710-000. Tel. (11) 5180-9881. E-mail: folha_universitaria@uniban.br - Home page: www.uniban.br/folha - Tiragem: 30.000.
Em busca do próprio espaço Como uma mulher consegue se destacar numa área com tamanha predominância masculina como a Engenharia? Por Renato Góes Hoje em dia é difícil apontar uma área no mercado de trabalho em que as mulheres ainda não ocuparam posição de destaque. Do Direito à Medicina, da Arquitetura ao Jornalismo, do setor empresarial à assistência social, exemplos bons não faltam. Mas apesar delas marcarem forte presença na maioria desses setores, em alguns deles a presença feminina ainda é minoria. É o caso da Engenharia, seja ela Civil, Elétrica, Eletrônica, de Produção ou Mecatrônica. Ao tomar de base nos cursos oferecidos pelo Instituto Politécnico da UNIBAN Brasil, percebese que há uma forte predominância do sexo masculino entre os alunos. Quem afirma é o professor Ismael Mendonça Rezende, ex-coordenador acadêmico dos cursos de Engenharia dos campi ABC, Osasco e Morumbi. Ele comenta que “hoje, nos nossos cursos, o percentual de mulheres varia de 10% a 20%. Os que mais atraem o público feminino são Engenharia Civil e Engenharia Elétrica. Mas os novos cursos Engenharia Eletrônica e Produção e Tecnologia em Qualidade também tem atraído o público feminino”. Ele comenta que a área com maior participação masculina é sem dúvida o setor industrial, precedido pelo de serviços. Dentre eles pode-se destacar Engenharia Mecatrônica e Elétrica. “Nestas áreas as mulheres atuam mais em projetos, consultorias ou vendas. Na coordenação de obras e linhas de produção encontramos forte presença masculina com 95%”, comenta o docente. Essa predominância reflete em salários diferenciados para homens e mulheres, uma triste e antiquada realidade que ainda persiste no mercado de trabalho. De acordo com o professor, “infelizmente, diante de um mercado em expansão, ainda temos uma diferenciação neste sentido. O setor fabril industrial e de serviços, por exemplo, sempre foi predominantemente masculino. Alguns funcionários homens não se sentem confortáveis ao ser coordenados por mulheres, o que reflete em diferenciação salarial”. Mas ele faz questão de salientar que essa realidade tem mudado aos poucos. “Estamos numa era globalizada, com direitos e deveres iguais. Aliás, elas têm demonstrado que o sexo frágil está apenas no físico. O intelecto nesta área é o que importa, e nisto temos que admitir, elas tem se firmado cada vez mais”.
Mãos à obra Um bom exemplo é o caso da engenheira civil Lucimara Mendes Lopes. Atualmente ela tem a função de gerente geral de suprimentos da Zappi Construções e Empreendimentos Imobiliários Ltda., mas lembra que o caminho até a afirmação profissional foi árduo. As principais dificuldades nem aconteceram na época em que estava na universidade, quando ela e mais três jovens eram as únicas mulheres da sala. O preconceito se tornou mais latente quando procurava estágio ou mesmo depois de formada, durante as visitas às obras. Mas segundo ela, “o interessante é que com o pessoal de obra mesmo, que são os encarregados, mestres e serventes, eu nunca não tive problemas. Quem criava problemas era o pessoal da direção e os próprios engenheiros. Muitos vinham com piadinhas de que mulher devia fazer somente o curso de secretariado ou pilotar fogão. Acabavam torcendo para que não desse certo, pois vivenciar o dia a dia de uma obra, realmente não é fácil”.
Ela conseguiu uma oportunidade de estágio na Gafisa quando estava no terceiro ano da faculdade. De acordo com Mara, “já trabalhavam lá estagiárias e engenheiras, o que mostra que a visão da empresa já era diferenciada perante as demais construtoras do mercado. Acredito que eles foram os pioneiros em dar oportunidade para o ingresso de mulher nesse campo”. A partir daí ela se destacou e foi efetivada como engenheira. Depois de 16 anos formada, hoje ela ocupa um cargo que exige presença integral no escritório da construtora, mas não deixa de liderar outros homens ao cuidar da parte administrativa das obras e com os engenheiros residentes de cada uma delas. “Posso dizer que tive muita sorte, pois hoje, mais do que nunca, eu sei que sou muito respeitada no meu ambiente de trabalho, afinal foram muitos anos de dedicação e determinação para ganhar respeito”, confessa.
Nossos primeiros mestres Dez alunos do Mestrado Profissional em Farmácia da UNIBAN fazem parte da primeira turma de formandos Por Karen Rodrigues
Gustavo dos Santos, novo docente do curso de Farmácia da UNIBAN
com ele, “o primeiro resultado foi o fato de a UNIBAN ter me contratado. Ano passado, uma professora saiu e eu fui contratado para o lugar dela. Felizmente permaneci com mais algumas matérias. Mas busco melhorar minha qualificação. Agora meu interesse é fazer doutorado”. Quem também já colhe bons frutos com a conclusão do Mestrado Profis-
Amana Salles
Depois de longos 24 meses de dedicação, estudos teóricos, práticos, atividades programadas e defesas de teses, dez alunos do Mestrado Profissional em Farmácia da UNIBAN compõem a primeira turma de formandos do curso. Muitos dos novos mestres já atuavam no mercado de trabalho e buscavam a oportunidade de crescer profissionalmente. O mestrado pôde proporcionar este crescimento, devido ao seu diferencial. Ele permite que o aluno consiga conciliar sua atividade profissional com o andamento do curso. Esse diferencial tornou-se uma facilidade aos alunos, inclusive para Gustavo Alves Andrade dos Santos, que não tinha disponibilidade de ficar o dia inteiro no laboratório, cinco dias por semana, por conta de seus compromissos profissionais. “A UNIBAN proporcionou que eu dedicasse alguns horários da semana. Em alguns casos eu até abdicava o dia inteiro, mas não necessariamente todos os dias”, explica. Primeiro aluno a obter o título de mestre, Gustavo comenta que o apoio do corpo docente, principalmente do seu orientador, foi fundamental para que conseguisse atingir esse resultado. “No início, o aluno chega com várias idéias e o orientador tem essa função de ver o que dá pra fazer. O corpo docente em si é muito bom, mas eu destacaria o orientador, Paulo Celso Pardi”, afirma. Com a conclusão do curso, já obteve resultados positivos. De acordo
sional é a mestre Carina Agostinho Rodrigues, que está trabalhando em mais uma universidade. “Ela já queria ter me contratado, mas como eu não tinha mestrado eu não pude lecionar. Mas assim que terminei, eu fui contratada. O curso melhorou meus conhecimentos, aumentou a oportunidade de empregos, superou minhas expectativas”, disse. Professora de Química Farmacêutica, Carina confessa que por vários momentos pensou em desistir por ter a impressão de que não ia conseguir escrever a tese e cumprir os créditos. Mas ela não desistiu e hoje dá dica aos novos alunos. “A gente consegue sim. No final sempre dá tudo certo e a sensação de terminar e dizer: ‘eu consegui’ é muito boa”. Outro case de sucesso é o do novo mestre Leandro Galhardi Paez. Gerente farmacêutico da Drogaria SP, em questão de três meses após o inicio do mestrado foi chamado para dar aulas, tanto em um curso técnico, quanto num curso superior em Jundiaí. Seis meses depois foi convidado para assumir a coordenação de um curso técnico em Santo André.
Com a nova proposta, deixou as aulas no interior para se dedicar à coordenação e às aulas técnicas, além atuar como gerente farmacêutico. “O mestrado foi exatamente o que eu precisava. Eu tive facilidade para fazer minha pesquisa. Tive uma abertura de horários das disciplinas obrigatórias a cursar. Sempre pesquisaram com o próprio aluno o horário mais adequado para desenvolver determinadas disciplinas. Os orientadores sempre estavam disponíveis para nós, nos horários que desse para irmos ao laboratório para desenvolver a parte prática”, relatou. Com apenas 26 anos, Leandro é um grande exemplo de determinação. Ele confessa ser uma pessoa bastante agitada e, por esse motivo, fez duas faculdades juntas, curso técnico, três pós-graduações e agora o mestrado. Como qualquer pes-
soa, ele também teve vontade de jogar tudo para o alto, teve várias noites mal dormidas, mas reconhece que o esforço valeu à pena. Segundo a coordenadora do Mestrado, Márcia Regina Machado Santos, o programa acrescentou uma boa bagagem de pesquisa científica para a vida profissional desses alunos. Para ela, mais gratificante que a contribuição para o título, é a credibilidade que eles agora têm no meio científico. “Isso é uma comprovação de que nós não estamos brincando. Na verdade o programa é sério e tem rendido bons resultados, publicações e patentes”, afirma Márcia. A coordenadora conta que para este ano o Mestrado Profissional já tem 14 alunos. A novidade para 2010 é a proposta para o doutorado. “A gente está construindo essa proposta para absorver estes nossos alunos e com o diferencial de flexibilidade de tempo, que é o nosso desafio, que é encaixar um doutorado com todas as atribuições de um doutorado pro nosso aluno que trabalha’, finalizou.
Novos mestres da UNIBAN Brasil - Carina Agostinho Rodrigues Estudo preliminar de estabilidade de dois fármacos. - Leandro Galhardi Paez Capacidade Antioxidante dos cafés tradicionais, descafeinados e orgânicos: considerações em epilepsia. - Gilvan de Paula Leonardo Validação de Método Bioanalítico, Farmacocinética e Biodistribuição do DM1 em Camundongos - Fabio D’Abronzo Amorim Avaliação da Toxicidade e da Mutagenicidade “in vivo” do composto fenólico DM1 com atividade antitumoral comparado com produtos antimurais comerciais de referência. - Rafaela Astaruth Teixeira Gomes Contribuição ao controle de Qualidade de Maytenus Ilicifolia - Carla Adriana Hartmann Vieira Miyashiro Avaliação da atividade antioxidante e antiinflamatória do flavonóide rutina e derivados contendo metal de transição - Reginaldo Pereira Santos Síntese de Pentadienomas e análogos estruturais com potencial atividade biológica - Gustavo Alves Andrade dos Santos Avaliação dos efeitos do Tartarato de Rivastigmina nas formas oral e transdérmica em pacientes com demência do tipo Doença de Alzheimer. - Ivair Donizeti Gonçalves Avaliação da atividade analgésica e comportamental do composto fenólico DM1 em animais de experimentação. - Luiz Fernando Silva de Oliveira Prospecção de novos produtos naturais e sintéticos bioativos com atividade antimicrobiana frente a Helicobacter pylori
Mulheres, mães, esposas e
universitárias
Alunas da UNIBAN realizaram o sonho tardio de ingressar na universidade
Por Luciana Almeida Exemplo e incentivo para jovens de todas as idades, mulheres maduras, muitas delas casadas e com filhos já criados, têm realizado o desejo de ingressar numa universidade. Cada uma delas tem um motivo para que o sonho tenha ficado adormecido ao longo dos anos. Falta de oportunidade, tempo e dinheiro figuram entre os principais. Mas o que importa é que elas passaram por cima de qualquer tipo de percalço ou preconceito e trilham seus respectivos caminhos em busca de seus objetivos. Conquistar um diploma superior, se tornar uma profissional qualificada, melhorar seu posicionamento no mercado de trabalho ou simplesmente obter uma satisfação pessoal. Dividir o tempo entre casa, família e estudos foi a forma que Adriana Marques, 39 anos, encontrou para realizar o sonho de fazer um curso superior. O desejo de cursar uma universidade veio da infância quando sua mãe passou por problemas de saúde. “Minha relação com a Psicologia começou muito cedo. Minha mãe teve uma depressão pós parto e esse estado era muito mal compreendido e aceito. Pelo menos por nós que éramos menos favorecidos”, comenta. Entre outros motivos, o que também a impediu de fazer o curso na época foram as dificuldades e o lado financeiro. Hoje com a oportunidade financeira que a UNIBAN disponibiliza, Adriana cursa o primeiro ano Psicologia e está confiante em sua nova jornada: “Hoje, estou aqui, desfrutan-
do deste abençoado tempo, motivada pelo o amor e companheirismo de meu querido esposo, Marcelo, e incentivada pela força da juventude de minha filha, Júlia e a alegria de meus pais ao me verem realizando mais um sonho”, afirma.
Muitas dessas mulheres que não tiveram a oportunidade de cursar um nível superior aproveitam algumas facilidades dos dias de hoje para realizarem seus sonhos. Mulheres comuns que trabalham, cuidam de suas casas, famílias e, mesmo assim, caminham em busca de suas realizações. É o caso de Maria do Carmo Barbosa Cavalcante, 57 anos, que desde a infância alimentou um desejo de cursar Direito: “Meu pai não tinha condição de pagar este curso, e outra, a igno-
rância era tão grande que advogado tinha que ser só homem e mulher tinha que ser professora ou costureira. Então optei pela primeira opção que foi ser professora”. Ela lecionou durante 28 anos, se aposentou e decidiu prestar vestibular para o curso de Direito. Hoje está no 5º ano e não pretende parar tão cedo: ”Penso, no próximo, em ano montar um escritório de advogados associados com profissionais competentes, já com experiência no ramo e eu entro para aprender mais um pouco com eles, né? (risos). E estou com uma ideia de fazer pós e voltar para sala de aula para lecionar no nível universitário”, conta Maria do Carmo.
Depois de mais de 20 anos, Maria Aparecida Ruggiero de Carvalho, 53 anos, pode realizar também seu sonho. No último ano do curso de Direito na UNIBAN, ela explica os motivos que a levaram a entrar na faculdade depois de tanto tempo. “Me casei, em seguida fiquei grávida do meu filho. Antes mesmo de me casar meu pai não tinha condição de pagar uma faculdade como a gente gostaria de fazer. Os filhos a gente coloca em primeiro lugar, você se propõe e dá o melhor de si para eles: estudo, saúde e educação de modo geral. Agora que eles estão crescidinhos, eu me vi numa ótima oportunidade e coincidiu também com o meu novo trabalho”, disse. Maria Aparecida trabalha em uma empresa que presta serviços na área de cobrança fazendo um trabalho extrajudicial e unindo a oportunidade ao seu antigo sonho, “foi um momento certo para eu poder realmente fazer o curso de Direito e as pessoas me incentivaram bastante dentro da empresa. Quando eu me propus a fazer o curso, os meus diretores me incentivaram muito. Meu marido e meus filhos me deram um incentivo muito grande. A oportunidade foi única”, relembra.
Heroínas do dia a dia Confira alguns relatos de vida de mulheres que superaram dificuldades e hoje são as principais provedoras de suas famílias
Por Isabelle de Siqueira Ser mulher definitivamente não é uma tarefa fácil. Mas ao longo de uma história de lutas e muitas conquistas, as mulheres têm aprendido a viver duplas e, às vezes, triplas jornadas diariamente. Há quem diga que a mulher tem um dom ou uma habilidade de conseguir desenvolver várias atividades ao mesmo tempo. Há quem busque até na Ciência explicação para tal afirmação. Não é difícil encontrar exemplos que sustentem essa tese. Seja por opção ou necessidade, as “mulheres-maravilhas” estão em toda parte e se multiplicam na mesma proporção em que dividem o dia em mil e uma atividades. A advogada Vera Lúcia sabe bem o que é ter de conciliar vida profissional e pessoal. Há mais de 25 anos ela resolveu buscar novas oportunidades de trabalho na sua área e se mudou do Rio de Janeiro para São Paulo. Desde então, vive os sabores e dissabores da dupla jornada. Mãe de um jovem do seu primeiro casamento, Vera diz ter se desdobrado para ser mãe, dona de casa e profissional ao mesmo tempo. Hoje ocupa um importante cargo numa montadora de automóveis. “Quando estou envolvida demais com um projeto pode acontecer de perder a noção do tempo e ficar horas a fio dedicada a ele, sem notar. Sinto muito prazer em trabalhar sem deixar de pensar na minha família e na minha casa. Quando saio do escritório consigo desligar o meu plug para não abrir mão das minhas outras atividades, que me dão a disposição para enfrentar a rotina do cotidiano. Ultimamente tenho procurado me disciplinar para não sair depois das sete da noite do escritório, embora apareçam compromissos que não posso faltar. A carreira profissional é muito importante mas não pode ser o eixo ao redor do qual gira toda a minha vida. Na minha casa não abrimos mão de tomar o café da manhã juntos onde aproveitamos para
colocar a conversa em dia, nos fins de semana e feriados, além de cuidar das minhas rosas e orquídeas. Também nos divertimos com as nossas duas cadelas que também precisam de atenção e nos domingos gosto de cozinhar para a minha familia e amigos”. Vera afirma que sempre fez questão de educar o filho mostrando o valor de cada coisa e faz um balanço positivo da sua tripla atuação – mãe, dona de casa e profissional. “Mesmo com tanto trabalho, eu olho pra trás e vejo que, sim, aprendi a conciliar todas as áreas importantes da vida de uma mulher - não com perfeição, mas cumpri e continuo cumprindo o meu papel”, disse.
uma pressão para que continuemos exercendo todos estes papéis, adicionados a alguma atividade profissional. Sem falar na pressão brasileira de estar linda, de cabelos pintados e unhas feitas. “No trabalho, já está
com excelência. Se ela usar de sabedoria, consegue tudo o que quer, domina a situação”, disse a psicóloga Adriana de Araújo. A especialista também é mãe, trabalha fora, tem que gerenciar a casa,
mais que provado que mulheres que são mães desenvolvem uma capacidade de exercer várias funções ao mesmo tempo. Saber aproveitar os talentos e as possibilidades que todas estas funções da mulher pós-moderna nos proporcionam é a melhor maneira de fazer um pouco de tudo,
então sabe bem a rotina de uma mulher. Mesmo assim afirma: “Com certeza é possível separar cada área da nossa vida, mas para isso é importante saber que não será possível alcançar o mesmo nível em todas as tarefas. Alternando prioridades a gente consegue”. Ela destaca que o
Sexo frágil? Seja por sua estrutura física ou pela sensibilidade emocional, a mulher é taxada como o sexo frágil. Não se sabe ao certo como, quando e nem onde surgiu essa expressão, que já foi tema de músicas, seriados, filmes, artigos e estudos. Porém, as diversas circunstâncias têm provado o contrário. Se há 100 anos as mulheres não tinham direito a voto, a freqüentar colégios de nível superior e a exercer determinados cargos e profissões, hoje a história é bem diferente. Elas passam mais tempo estudando, ocupam os mesmos cargos que os homens, estão à frente de ministérios e até chefiam nações. De maneira alguma a mulher é o sexo frágil. Antigamente o papel da mulher era ser esposa, ser mãe, e cuidar da casa e da família; hoje, existe
viúvas, todas convivem com o mesmo desafio de criar, educar e suprir as necessidades dos filhos sem a figura paterna ao lado. Se hoje guiar o filho num bom caminho já é um grande desafio para um casal, quanto mais para as mulheres que levam a carga sozinhas. São cinco horas da manhã. O celular programado na noite anterior começa a tocar, rompendo o silêncio da madrugada. Segundos depois, o aparelho de TV do quarto também desperta. “Se um falhar, o outro funciona!”, explica, bem-humorada, a professora Cida, 51 anos. O dia dela está começando. Divorciada há anos e responsável pelo sustento dos três filhos - Nicole, Felipe, Guilherme e de uma neta -, Cida enfrenta jornada dupla de trabalho, dá aulas numa escola pública de Santos pela manhã, vara as tardes em outra escola no Guarujá e dorme menos de cinco horas por noite. Como milhares de brasileiras, Cida é a única provedora do lar e da família. “Não é fácil. Há mais de 15 anos o pai deles sumiu, nunca mais deu notícias. Por isso tenho que trabalhar muito, porque assumi todas as contas de casa. E não é só a questão do dinheiro, também sou responsável pela educação deles. É muito difícil educar os filhos sozinha. Se eu fosse casada, acho que seria mais fácil. Pelo menos, não teria que trabalhar tanto e me dedicaria mais a eles”, lamentou Cida. Um caso parecido é o de Jô. Com apenas 44 anos tem sete filhos e é avó de duas crianças. Numa rotina corrida como diarista, ela se sacrifica para sustentar a casa sozinha e ainda arruma tempo para estudar. “Minha vida sempre foi de muita luta. Comecei a trabalhar com oito anos em Pernambuco, tive dois casamentos e me separei quando as crianças ainda eram pequenas. Não tenho ajuda de pensão alimentícia, mas apesar das
dificuldades tenho muita fé em Deus e não me arrependo de nada do que fiz. Quando cheguei em São Paulo comecei do zero. Não sabia ler nem escrever, e no ano passado voltei a estudar, trabalhava de dia e estudava a noite. Hoje tenho o segundo grau completo e penso em fazer um curso relacionado à culinária”, revela entusiasmada. A psicóloga Adriana alerta quanto às marcas que a ausência do pai pode deixar nas crianças. “O filho precisa de um referencial do pai e da mãe. A falta do pai dentro de casa pode deixar marcas nos filhos”, relatou. Mesmo sendo a melhor opção para os filhos ter os pais sempre presentes, a especialista admite que nem sempre há essa possibilidade. “Há casos em que a mulher fica viúva ou é solteira, enfim, ela precisa fazer um esforço dobrado”, disse. Vera, Cida e Jô, como outras milhares de mulheres, fazem parte das estatísticas do novo retrato da família brasileira. Segundo análise feita pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) sobre dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) realizada pelo IBGE, o índice de lares onde a mulher é a principal figura de referência é de 33% do total de famílias em 2007. Em concordância, uma outra pesquisa do Ipea, realizada em parceria com o Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher (Unifem), constatou que o número de famílias formadas por casais com filhos, mas chefiadas por mulheres, aumentou mais de 10 vezes em 15 anos. Em 1993, havia no Brasil pouco mais de 300 mil casos. Já em 2007, esse número foi para 3,6 milhões de famílias. Um salto de 3,4% para 18,3 % do total dos lares brasileiros em que a mulher é a figura de referência. Isso mostrou aos pesquisadores que o homem está deixando de ser o chefe da casa, dividindo ou até transferindo esse papel para a mulher, que tem se tornado a principal provedora.
Mulheres responsáveis por domicílios É interessante pensar em alguns fatores que influenciam o aumento do número de mulheres responsáveis pelo domicílio.
sentimento de culpa às vezes é tão grande que potencializa as situações. Nem sempre a mãe está em falta com o filho, com a família, mas por acreditar tanto nisso, não percebe o bom desempenho que tem nessa dupla jornada. “É engraçado que eu percebo em algumas mulheres que a culpa que sentem de não estarem sempre com os filhos é maior do que a falta que, realmente, fazem para eles. Mui-
tas vezes as crianças já se acostumaram com menos tempo, vivem bem e felizes assim e as mães ainda não”, alerta Adriana.
Papel de mãe e de pai Não é nada fácil a rotina das mulheres que precisam executar o papel de pai e mãe dentro de um lar. Sejam elas solteiras, divorciadas ou
• Maior participação das mulheres no mercado de trabalho e, conseqüentemente, maior contribuição para o rendimento da família: O nível de ocupação das mulheres aumentou, ao passo que para os homens ocorreu uma redução. Para as mulheres, o aumento nos níveis de ocupação foi maior no Sudeste e na categoria de 40 a 49 anos de idade. • Casamentos desfeitos: A mulher, separada do marido, torna-se responsável pelo domicílio sozinha ou com os filhos. Entre os diversos tipos de estrutura familiar, a maior proporção de mulheres “chefes” encontra-se em famílias que não contam com a presença do marido e todos os filhos têm 14 anos ou mais de idade. • Homens que migram: de seu estado ou região em busca de emprego ou por outros motivos. • Aspectos culturais: As mulheres que valorizam a autonomia, independência e busca profissional muitas vezes preferem morar sozinhas. É simplesmente uma opção, uma questão de ponto de vista. Fonte: IBGE
Muito além da Magda É mãe e no que diz respeito à vida acadêmica formou-se em Psicologia e em Artes Cênicas pela USP. Ao longo da carreira, atuou em novelas, seriados, teatro e cinema. Já foi definida como uma das atrizes mais polivalentes de sua geração. Atua, dança, canta, faz drama e comédia. Foram mais de 30 trabalhos. Como disse a jornalista Marília Gabriela: “faz o diabo a quatro”. Quem mais poderia representar as várias facetas da mulher brasileira que Marisa Orth? Pois é, leitor, a famosa atriz arranjou um tempinho em sua agenda lotada para uma agradável conversa com a Folha Universitária. Em seu camarim do Teatro Jaraguá, onde vive a personagem Simone de Beauvoir na peça O Inferno Sou Eu, ela interrompeu o ensaio, recebeu nossa reportagem em seu camarim e concedeu a seguinte entrevista.
Folha Universitária – Marisa, eu quero começar pelo final. Me conte como surgiu a ideia pra você interpretar essa peça sobre a Simone de Beauvoir. Marisa Orth – Graças a Deus a ideia surgiu da autora, que é minha amiga. Foram quatro anos de trabalho da Juliana. Ela fez e me convidou. A gente montou a equipe e estamos aí.
F.U – Você, que já interpretou tantas personagens cômicas, imaginou que interpretaria a filósofa mais influente do século passado no Teatro? M.O – Nunca imaginei que faria alguém como ela, que é mais contemporânea. Graças a Deus eu fiz muito sucesso com comédias, principalmente na TV, que movimenta muito público. Mas fazer um personagem de drama bem feito é mais fácil. Simone é quase do meu tempo. Dá para ver que é um personagem bastante controvertido e ela tinha uma coisa irônica, cortante. Gostaria que uma pessoa que nunca tivesse ouvido falar de Simone gostasse da peça, que não fosse necessário ler uma bibliografia para entender. A Simone trata de questões que o ser humano, a mulher ainda não descobriu a resposta. Nem eu e nem ela estamos certas. A Simone é uma mulher que não só escreveu sobre existencialismo, como viveu isso. É muito emocionante, porque ela foi uma mulher de muita coragem.
F.U – Você já havia sido apresentada aos textos da Simone?
M.O – Eu conhecia mais a visão estereotipada dela. Tinha lido um pedacinho de texto na faculdade. Mas livro mesmo, fui ler uma obra dela agora.
A atriz Marisa Orth fala de teatro, TV, cinema e, principalmente, do desafio de interpretar a filósofa francesa Simone De Beauvoir
F.U – Eu vi agora há pouco, em cima de sua mesa, um exemplar de Os Mandarins. Por acaso é ele? M.O – Não, eu li Memórias de uma Puta Bem Comportada e trechos de umas cartas dela e li um livro sobre Sartre.
F.U – E O Segundo Sexo? M.O – Este eu não li, mas era o livro de cabeceira da minha mãe.
F.U – O que é ficção e o que é real nessa peça? M.O – A passagem deles por aqui, o envolvimento do Sartre com a dona da casa em que eles estavam hospedados e o exílio deles da França é verdade absoluta. (Apontando para a atriz Paula Weinfeld) O que é ficcional é ela, Dorinha, personagem que Ju (Juliana Rosenthal K.) criou pra ser interlocutora da Simone. Como lhe falei, o que a gente quer é que alguém que nunca leu Simone de Beauvoir venha assistir nossa peça e possa curtir.
F.U – A fala da Simone é mais densa ou mais bem humorada? M.O – Os dois. Eu acho que a Simone tem uma coisa de humor na obra dela toda. É muito inteligente, irônica. Mas por incrível que pareça, os momentos mais engraçados da peça acontecem com a Dorinha, que faz à Simone as mesmas perguntas que nós gostaríamos de fazer. Mas com Simone a gente aprendeu a questionar a situação da mulher. E quando você questiona a situação da mulher, você questiona a situação do homem também, da família, da criação dos filhos e de tudo que rege a nossa sociedade. O que fazer para ser feliz? Cinderela a gente sabe que não existe mais.
F.U – Marisa, quero sair um pouco desse universo Simone-Sartre, e quero centrar nossa conversa mais em sua carreira. Você é uma mulher de TV, cinema e teatro. Descreva como é interpretar nesses três meios tão distintos? M.O – O teatro é mais o espaço do ator. Nele a gente sempre melhora como ator. Eu também acho que é no teatro que o ator se desenvolve mais e tem mais prazer. No teatro ele apresenta a obra inteira. Televisão é um tesão mais pelo alcance que você consegue, pelo nível de comunicação que você consegue, pela rapidez. Mas o ofício de arte dramática, no teatro caminha mais. E cinema é um exercício de entrega na mão do diretor. Às vezes você não tem muita noção do que está fazendo, começa a filmar a última cena, depois vai pra terceira, pra sétima. Aí você reza pra o cara te dirigir bem para aparecer o personagem inteiro. E no cinema é tudo “menorzinho”, televisão também é menor. O cinema e a televisão costumam ser mais realistas. O teatro não é tão realista, é mais grandiloquente, o tom de voz é mais alto, os gestos são mais amplos, mais demonstrativos. Sem falar mal do teatro, mas teatro não é realismo.
M.O – (rindo) Cuidando do meu intestino, do meu estômago. Dá muita ansiedade, mas por isso que tem três meses de ensaio. Se eu tiver passando muito nervoso é porque eu não fiz a frente, estou aparecendo peladinha. Se a frente está feita passa a ansiedade na hora. Se o ensaio foi de qualidade, tudo funciona.
F.U – As ideias dela contribuíram para que a humanidade hoje fosse mais feliz? M.O – Felicidade é um assunto para filósofos. O que é a felicidade? Mas uma coisa é certa. Do jeito que estava não dava. Quando a Simone começou a falar, o mundo inteiro queria ouvir. Ela foi a voz corajosa.
Ela e Sartre foram de uma coragem enorme.
F.U – Na TV e no cinema o ator pode se dar ao luxo de errar, dar uma engasgada. No teatro, o espetáculo é ao vivo e o ator precisa ser preciso. Como você trabalha com a questão da ansiedade quando atua num espetáculo?
Fotos: Amana Salles
Por Manuel Marques
Saiba mais: Confira o restante da entrevista no hotsite da Folha Universitária: www.uniban.br/folha
O espetáculo O Inferno Sou Eu prima pelos diálogos afiados e por interpretações convincentes de suas duas protagonistas Por Manuel Marques Sabe Simone de Beauvoir, aquela famosa filósofa francesa que moldou o pensamento feminista do século passado? Ela era uma mulher forte, mas também frágil. Ela tinha muita em comum com as mulheres do seu tempo, como o desejo de ser amada e a necessidade de se realizar sexualmente. Isso é parte do que descobrimos assistindo ao denso, mas agradável espetáculo O Inferno Sou Eu, em cartaz no teatro Jaraguá. Escrito por Juliana Rosenthal K e dirigido por José Rubens Siqueira, O Inferno Sou Eu é provocativo até no título, que ironiza a famosa frase de que o inferno são os outros. Não são não. E no caso de Simone de Beauvoir, magnificamente vivida por Marisa Orth, esse inferno está no seu interior, com realizações e frustrações que são tão comuns aos demais mortais. A história é simples. Toda a narrativa se desenvolve a partir de um suposto encontro em 1960 entre a filósofa francesa e Dorinha, uma jovem estudante de Letras do Recife, apaixonada
pelos textos de Simone. Daí em diante, nos deparamos com frases inteligentes, dramas existenciais, expectativas, frustrações e momentos de tensão e humor. Paula Weinfeld, que interpreta Dorinha contribui muito para a graça dessa encenação. Ela vai da simplicidade (no momento em que conhece Simone) ao amadurecimento da convivência com a mulher de Sartre. E detalhe: tudo ocorre naturalmente. Outro aspecto que encanta, e que tem a assinatura de Juliana Rosenthal, são os diálogos. As frases ora são extremamente cômicas, ora são densas. Quando Dorinha diz estar apaixonada houve de Simone: “O amor não tem o mesmo significado para o homem, Dorinha. Para ele é uma ocupação, enquanto que para a mulher, se não tomar cuidado, vira sua própria vida”. Um momento cômico bem divertido ocorre no início da peça quando Dorinha diz a Simone que a viu na TV, junto com Sartre. Simone responde questionando se alguém no Brasil não os viu. E emenda: “Três horas de entrevista! Que raio de país capitalista é esse que abre três horas do espaço para se falar mal do capitalismo?”.
Outro momento cômico acontece quando a mocinha traz um chá medicinal que diz ter aprendido com a avó. O tal remédio serve pra mal-estar, enjôo e até olho gordo. Simone cheira o chá e pergunta se a moça é do candomblé. A moça responde que é da umbanda, mas que acredita também no candomblé. O diálogo segue e Dorinha filosofa: “Na verdade, dona Simone, Deus tá em todo lugar, não é?”. A resposta da filósofa ateia é magistral: “Aqui no Recife ainda não o vi”. O diretor José Rubens Siqueira conta que a peça é cheia de humor, compacta na busca de sentimentos e significados inconscientes, sem deslizar para o psicológico. Sua colega Juliana completa explicando que o objetivo central desse seu novo trabalho é fazer com que o público se identifique com as personagens e tirem suas próprias conclusões. Ambos alcançaram esse objetivo. Mais que um resgate da memória dessa grande intelectual que foi Simone, O Inferno Sou Eu nos faz ver que mesmo tendo uma vida finita, nossas necessidades, frustrações, humor e ironia são atemporais.
O Inferno Sou Eu Teatro Jaraguá - Rua Martins Fontes, 71 - Sexta às 21h30, sábado às 21h e domingo às 19h00 O ingresso custa entre R$ 50,00 e R$ 70,00. Estudante paga meia.
Divulgação
Fotos: João Lara
Ficção ou realidade? Simone de Beauvoir é um nome que se confunde com a prórpia história do século passado. Os livros dessa pensadora revelam muito de sua vida e do seu tempo. Logo no primeiro romance A Convidada, ela aborda os dilemas existencialistas da liberdade, da ação e da responsabilidade individual, temas recorrentes em romances posteriores, especialmente em Os Mandarins, tido como o mais importante e premiado com o Goncourt, uma espécie de Oscar das letras francesas. As teses existencialistas, segundo as quais cada pessoa é responsável por si própria esteve presente em praticamente todos os ensaios dela e do marido Jean-Paul Sartre. Outra obra de grande destaque de Simone é O Segundo Sexo, que analisa o papel das mulheres na sociedade, do nascimento à velhice. Embora ficcional, A peça O Inferno Sou Eu se baseia num fato histórico, qando Sartre e Simone ficaram três meses no Brasil em 1960. Os últimos dias do casal no País foram desfrutados no Recife. Na peça, Simone ainda não estava curada de tifo, que contraíra na Amazônia. Eles se hospedam na casa de Marta, uma das amantes de Sartre. A única ficção é a personagem Dorinha.
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TV UNIBAN Destaques da Semana de 08/03 a 14/03 Revista UNIBAN Reabilitação para Terceira Idade / Programa de Orientação Profissional / Programa de Rádio na Internet “Filhos da Pauta Livre” / Palestra sobre Cidadania com o Senador Eduardo Suplicy / Quadro “Nossas Palavras”. CNU/SP: 2ª – 1h, 18h e 22h30, 3ª – 22h30, 4ª – 1h, 5ª – 9h30 e 18h e 6ª – 14h
P2 A falta de profissionais no mercado e a boa remuneração abrem portas para um futuro promissor. Marcelo de Moura, animador que já participou da produção de filmes como A Era do Gelo e Piratas do Caribe nos conta sobre a profissão. CNU/SP: 2ª – 8h, 3ª – 18h, 4ª – 9h30, 5ª – 1h e 6ª – 21h30
Referências A literatura é a sua força de expressão. Morador do Capão Redondo, ele é ligado ao movimento hip hop. No programa ele fala como se sente por ser referência para o povo da periferia. CNU/SP: 4ª – 23h, sab. – 22h e dom. – 5h
UNIBAN Discute O professor da UNIBAN Brasil, Reinaldo Leite, fala sobre como as novas tecnologias em comunicação, dos aparelhos celulares à internet, mudaram e continuarão mudando e afetando a maneira de nos relacionarmos com o mundo. CNU/SP: 4ª – 18h, 5ª – 21h, 6ª – 9h30 e dom. – 1h
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