catwalk caderno do curso de Moda campus araranguá issn 2238-0833 v.5, n.1 (2012)
caderno de moda IF-SC araranguá
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I`Fashion desfiles e exposições
moda no museu slow fashion criação conceitual
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por ursula carvalho editora
Depois de seis edições conseguimos alcançar um nível de maturidade muito bacana! Aquela maturidade que só se consegue com o passar do tempo e com as experiências proporcionadas por ele. O erro diminui até se tornar imperceptível e o acerto se torna o maioral! Os registros fotográficos dos trabalhos dos alunos passaram a ser nosso grande compromisso, com imagens produzidas com planejamento proporcionando um resultado de grande peso. Mas não foram só elas, as imagens, que ganharam destaque especial. Eles, os textos, agora contam com um revisor, professor Cremilson Ramos, que, com seu olhar atento e profundo conhecimento da língua portuguesa, cuidou de manter as palavras em ordem. Então, um viva à qualidade! Nesta edição você encontrará
do primeiro módulo, um trabalho realizado a partir do conceito do slow fashion, questionando o ritmo acelerado de consumo que a moda impõe, através de customizações de peças em jeans. O segundo módulo participou em dois momentos, um deles com a proposta de desenvolvimento de uma coleção conceitual e, o outro, com o desenvolvimento de bijuterias. Já o terceiro, se empenhou em desenvolver lindos trabalhos de papel com a técnica do draping; fizeram também um editorial de óculos com um make incrível de Renata Silvano e, ainda e não menos importante, desenvolveram seus projetos finais que foram para a passarela do I’Fashion no desfile de encerramento de seus cursos. Trouxemos dessa vez uma coluna nova, a “Fala Aluno”, com um texto de Victoria Premoli sobre a
MARIA CLARA SCHNEIDER reitora do if-sc
emerson serafim diretor do campus araranguá
importância de se trabalhar com tema de coleção. Contamos, ainda, com a já tradicional matéria de tendência, nesta edição falando sobre o verão 2013; a coluna “dica do professor” trás super dicas de museus de moda no Brasil e no mundo. Propondo textos mais acadêmicos, mostramos um artigo de design trazendo um panorama da indústria brasileira e sua relação com o design e competitividade; também um artigo que aborda condições para arranjo produtivo local e sustentabilidade ao setor têxtil de Araranguá; e por fim, algumas notas sobre o que anda rolando no corpo docente, com as produções e capacitações de nossos professores. Também essa edição é uma despedida. Uma boa despedida, que deve ser dada com aquele brilho no olhar da certeza de
projeto gráfico
ter feito um bom trabalho, sem choros ou tristezas. Eu, Ursula Carvalho, despeço-me da edição da revista Catwalk, dando lugar à competentíssíma (e amiga!) coordenadora do curso de moda, Graziela Kauling, que continuará mantendo essa publicação um material de grande qualidade. Mas a despedida é maior do que essa, pois estou dando adeus ao IFSC, aos meus amigos de trabalho que tanto me ensinaram e me fizeram companhia em 4 anos de Araranguá; um adeus aos meus alunos queridos, dos quais já sinto falta até das conversas intermináveis em sala de aula... uma nova porta se abre na vida da minha família, na minha cidade natal, Rio de Janeiro. Para os que ficam, um abraço fraterno, saudoso, apertado! E para nós que estamos indo, que os bons ventos nos acompanhem!
fotografia
fashion 06 conceitual 08 bijuterias 10 papel 12 mexicana 16 i’fashion 20 formandos 47 verão 48 museu 49 design 50 artigo 52 aluno 04
cremilson ramos revisor
Este caderno acompanha semestralmente o calendário de conclusão do curso Técnico em Produção de Moda do Instituto Federal de Santa Catarina - Campus Araranguá (IF-SC), com o desfile das turmas concluintes, no I’Fashion Araranguá. É proibida a reprodução, no todo ou em parte, seja quais forem os meios empregados, sem a autorização por escrito dos autores das matérias e imagens.
fashion slow
por ursula carvalho
Destruição, racionamento, escassez. O homem não poupou, não teve consciência, não respeitou a natureza, e o mundo entrou em colapso. Em um cenário caótico, uma das últimas tribos femininas do planeta luta pela sobrevivência. São jovens mulheres de perfis e idades diferentes que se tornaram guerreiras de seus mundos. Trabalho de transformação de peças em jeans, desenvolvido pelas turmas do primeiro módulo do curso Técnico em Produção de Moda, dentro do conceito do slow fashion – uma moda mais lenta e consciente, visando chamar a atenção para a necessidade de respeitar o planeta.
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4 Criadores: 1.
Indyara Andrade, Rangel Pacheco e Leila Rosa
2. Daniele Gomes 3. Tamires Lucietti 4. Renato Carlos 5. Daiana Carvalho Ribeiro e Lucas Panchera 6. Juliana Pereira Elias
Créditos: Fotografia: Flávia Sá. Produção de moda: Ursula Carvalho. Assistentes de produção: Indyara Andrade, Rangel Pacheco, Leila Rosa, Daniele Gomes, Tamires Lucietti, Renato Carlos, Daiana Carvalho Ribeiro, Lucas Panchera, Juliana Pereira Elias. Make & Hair: Graziela Matos, Sara Bernardino, Indyara Andrade, Daniele Gomes, Roberta Lohn. Casting: Sara Bernardino, Luana Rosa, Flávia Ghedin, Érica Panchera, Larissa Morales, Tamiris Mattos. Agradecimentos: Marcos Medeiros da Diagramm Design Studio e Anamélia Fontana Valentim.
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criação
conceitual por ANAMéLIA VALENTIM
Criar com restrição de materiais, Tornar o Pobre, Nobre, No intercambio das ideias, Os movimentos que a rejeitam, A inovação estética, Traduzindo uma par te na outra par te, Será isso ar te?
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As criações representam o trabalho desenvolvido com os alunos do segundo módulo, na Unidade Curricular de Planejamento e Projeto de Coleção.
Criadores: 1. Lenir Moraes: Olhos Atentos 2.
Franciele Darabas: Blue Butterfly
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Franciele Sudré: Color Block
4. Marlize Zanerippe: Bellator 5. Sibele de Bem e Sinara de Bem: Wedding Punk
Créditos: Fotografia: Flávia Sá. Produção de moda: Anamélia Fontana Valentim. Assistentes de produção: Lucas Panchera, Franciele Darabas, Lenir Farias de Moraes, Franciele Sudré, Sibele Padilha de Bem. Make & Hair: Flávia Sá e Franciele Sudré. Casting: Érica Panchera, Pâmela Natália Farias de Moraes, Gabriele Giusti Darabas, Samira Salib, Joares Biff. Agradecimentos: Professora Ursula Carvalho. Apoio: Grupo Zangões do asfalto e Comando motos.
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criação de
bijuterias Explosão de cores! Quentes, frias, for tes e alegres. Mistura de texturas, de estilos, junção de opostos, complementares. Experimente ousar e brincar com formas, tamanhos e propostas. Tudo junto ao mesmo tempo, agora! Viva o Menos é mais no consumo, mas se permita brincar com o mais é mais do conceito da moda! Trabalho de criação de bijuteria desenvolvido pelos alunos do segundo módulo do Curso Técnico em Produção de Moda, orientado pela professora Ursula Carvalho.
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por ursula carvalho
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Criadores: 1. Bianca Fischer Silveira 2. Sarah Monique de Melo 3. Monike Genuino Soares 4. Priscilla Figueredo 5. Maria Carolina Gomes 6.
Franciele Sudré
Créditos: Fotografia: Flávia Sá. Produção de moda: Ursula Carvalho. Assistentes de produção: Bianca Fischer Silveira e Maria Carolina Gomes. Make: Franciele Sudré. Hair: Monike Genuino Soares, Bianca Fischer Silveira e Maria Carolina Gomes. Casting: Monike Genuino Soares.
papel draping de
por lilian pescador
Parece, mas não é! Não é tecido. É papel. Isso mesmo. São roupas feitas de papel! Para você, papel e água combinam? O que parece impróprio para muitos se tornou uma brincadeira para outros. Mostrando discordâncias, o trabalho permite pensar o que realmente faz sentido, nas coisas que não parecem fazer sentido algum. Trabalho realizado nas aulas de modelagem tridimensional do terceiro módulo do curso técnico em Produção de Moda, orientado pela professora Lilian Darós Pescador.
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Letícia Monteiro e Caroline de Assis Fraga, com o tema car tas em jogo. Técnica de criatividade: Colagem e Qualificação Fun.
Fernanda Miliolli e Luana Coelho Ferreira Selau, com o tema África. Técnica de criatividade: Releitura Étnica.
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Amater Wilian da Silva e Débora Pereira, com o tema Marinheiro. Técnicas de criatividade: Inversão.
Graziela Angeloni e Ana Oliveira, com o tema: Medieval Contemporâneo Técnica de criatividade: Qualificação Fun.
Odin Stampede e Bruna Fernandes, com o tema Starry Sky. Técnica de criatividade: Releitura Étnica.
caveira
mexicana por flávia sá
Abri um pouco mais os olhos Queria ver algo diferente Olhei o que tinha à frente Só vi um monte de gente Poderia mudar em minha mente Mas seria ilusão somente Pois que me veja internamente Passado, Futuro ou Presente Caveira para Sempre Realização: alunos do terceiro módulo vesper tino, na disciplina de Processos e Desenvolvimento de Mostruário, orientados pela professora Flávia Sá, com parceria de Renata Silvano Make Up e Alcidino Joalheria E Ótica.
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Créditos: Fotografia: Flávia Sá. Pesquisa de tema e direção de cena: Letícia Emerim. Assistentes de produção: Amater Wilian da Silva, Letícia Monteiro, Daniela Freitas Medeiros e Débora Pereira. Make: Renata Silvano. Hair: Susana Machado. Casting: Monike Genuino Soares.
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i’fashion cobertura
por jozimar pelegrini
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Aconteceu no dia 05 de julho de 2012 a oitava edição do I’Fashion, trazendo a SENSAÇÃO DAS CORES como tema. O evento envolveu a participação dos alunos, professores e técnicos do curso de Produção de Moda do IFSC, Campus Araranguá. Contamos com a presença de um público de cerca de 600 pessoas, desde pais de alunos até empresários da região, que vieram prestigiar nossos talentosos estudantes e formandos.
na exposição do draping e nos editoriais de moda, também abrilhantou a noite com um desfile comercial para fazer o encerramento de suas trajetórias no curso, após um ano e meio de muita dedicação. Para mostrarmos um pouco melhor o que foi o evento, apresentamos a opinião de diversos entrevistados que fizeram parte do público.
Graziela Angeloni, formanda: “Participar de um evento de moda é importantíssimo, afinal a moda tem sido o centro de Partindo de um universo de sensações cromáticas, os alunos atenções nos últimos tempos, e o evento do IFSC a cada edição mergulharam fundo nas ideias surpreende os espectadores.” e coloriram – descoloriram – Para Emerson Silveira Serafim, as mais diversas criações. Essa diretor geral do Campus, “O edição do I’Fashion ofereceu exposições e desfiles produzidos evento é importante para descobrir novos talentos (nossos pelos alunos sob orientação de professores e técnicos do curso discentes). Para os convidados e os familiares é importante para de moda do IFSC. descobrir o que estes estão aprendendo e desenvolvendo O primeiro módulo partiu do no curso, pois para os alunos conceito slow fashion para desenvolver ricas customizações é o momento de se colocar em prova suas habilidades, e transformações em peças competência e atitudes”. de jeans. O segundo módulo participou da exposição, com Oscar Silva Neto, coordenador criativas bijuterias e, também, do desfile conceitual. O terceiro de extensão e relações externas do IFSC, na ocasião módulo, além de se destacar
do evento, relata que teve “[...] a impressão de estar em um local refinado, devido às luzes e exposições. Parecia que estava no hall de um centro cultural. Além disso, a disposição das cadeiras e a passarela me deram a ideia de estar par ticipando de um daqueles famosos desfiles de grifes”. Juliane Silvano, estilista que trabalha com coordenação de moda e desenvolvimento de produto, veio participar do evento para fazer apresentações com dança, convidada por uma aluna. Para Juliana esse tipo de evento é muito importante, “pois a moda está crescendo aqui na região, e as pessoas ainda são leigas quanto ao assunto. Então tudo o que possa contribuir para fortificar isso é de suma importância”. Juliana deu um show nas passarelas, deixando todos os convidados atentos à sua precisa desenvoltura nas apresentações de dança. A aluna do primeiro módulo do curso de moda, Juliana Mota, diz: “O que mais me chamou a atenção foram os vestidos de draping com as luminárias,
especialmente desenvolvidas para o evento. Também gostei muito do desfile conceitual, pelo fato de os alunos poderem mostrar do que são capazes”. Erica Panchera, que trabalha como modelo, relatou que o que mais lhe chamou a atenção foi a criatividade envolvida em todos os trabalhos do evento, com destaque para os desfiles e a customização dos jeans, que ficaram lindos. Ingrid Silva Dockhorn Mayer, dona de uma empresa de confecção da região e ex-aluna do curso de moda, participante assídua do evento, reforça a importância de se valorizar o que está sendo criado em Araranguá. Ingrid acha muito importante esse tipo de evento, principalmente os desfiles de moda conceitual, que possuem grande importância para o empresariado por serem extremamente criativos. Um evento de sucesso! Dessa forma se resume o que foi a oitava edição do I’Fashion. Inovação, criatividade e sensações cromáticas. Se você perdeu, aguarde o próximo!
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os alunos
formandos por ursula carvalho
A conclusão do Curso Técnico de Produção de Moda representa para todos os alunos muita dedicação e esforço diários. Toda a formação acontece em três semestres de aulas práticas e teóricas, muitos trabalhos, provas e visitas técnicas. No encerramento de suas atividades, nossos alunos desenvolveram projetos de coleções de moda para os mais diversos mercados, focados em públicos-alvos distintos. Esses projetos foram orientados, avaliados e revisados. Após essa etapa, as fichas técnicas foram minuciosamente preenchidas e a modelagem e a costura desenvolvidas sob olhares atentos de professores e técnicos. Erros,
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acertos, pesquisas e adaptações foram ações que acompanharam os alunos a todo o momento. Surgiram vestidos de noivas clássicos e ousados, roupas masculinas de skatwear, pijaminhas de crianças, roupas para um passeio de lazer, dentre tantos outros trabalhos primorosos. Quem olha despercebido para o resultado final não imagina tudo o que está por trás de apenas um look. Mas nós, professores, técnicos e alunos do curso de moda, sabemos: muito suor! Aprecie agora um pouquinho do resultado deste processo!
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Graziela Angeloni No Mar, No CĂŠu e Na Terra graziangeloni@hotmail.com
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Giulia Porto Pires Tilรกpia do interior lanaportopires@hotmail.com
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DĂŠbora Pereira Doces e Travessuras deda-pereira@hotmail.com
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Bruna Turatti O Rio Araranguรก e Suas Cores brunaturatti@hotmail.com
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Thissiany Anastรกcio A Flor do Maracujรก thissiany@hotmail.co.uk
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Manuela CristovĂŁo da Silva Fundo do Mar e Seus MistĂŠrios manucri93@hotmail.com
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Caroline de Assis Fraga Cartas em Jogo caroline.mcl@hotmail.com
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Daniela Freitas Medeiros Cor dos Olhos dfmedeiros@hotmail.com
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Luana Coelho Ferreira Selau Reflexos lluanacoelho@hotmail.com
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Fernanda Miliolli Eu vejo Cores em VocĂŞ fernanda_evily@hotmail.com
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LetĂcia Monteiro Cheias de Charme rafa-leh@hotmail.com
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FranciĂŠly de Souza Daros Novos ares: a Versatilidade franciely.daros@hotmail.com
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ThaĂs Morgana Dona Flor e Seus Dois Maridos tthaiss1@hotmail.com
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Juliana Nicoladeli Cirque ju_nicoladelli1@hotmail.com
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Amater Wilian da Silva Feminni amater12@hotmail.com
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Ana Oliveira Araras Brasileiras ana_oliveiraaa@hotmail.com
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Giseli Barbosa À Brasileira giseli.hb@hotmail.com
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Thays Barbosa A Magia D thaysbarbosa-@hotmail.com
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LetĂcia Emerim Rock and Roll Ladies lele_emerim@hotmail.com
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Indiana Pereira Paris, cidade das luzes indiana-pm@hotmail.com
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Juliara Caetano da Silveira Um mergulho na Calif贸rnia juliara_silveira@hotmail.com
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Mareline Heitor Helena de Tr贸ia mareline@hotmail.com
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Juliana Ribeiro da Silva Luchetti Dell Amore julika07@hotmail.com
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Suzana Machado Anjo Negro suzanamachado22@gmail.com
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Bruna Fernandes Bonecas de Porcelana b_deepshy@hotmail.com
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Odin Stampede Mito de Yatagarasu odinstampede@gmail.com
Verão 2013 moda
Não é de hoje que as tendências vêm se repetindo estação após estação. Quando são muito fortes elas não desaparecem, evoluem. O que muda na verdade é a fonte de inspiração. É por esse motivo que todos os anos empresas de consultoria especializada em tendência de moda trabalham em busca dessas temáticas. Para o verão 2013, a empresa WGSN, líder mundial no serviço de pesquisa e análise de tendência, apresentou os cinco principais caminhos da moda para esta estação: Water Babies: com inspiração na natureza, essa temática é influenciada pela fauna, flora e, principalmente, pelo oceano. Os elementos do mundo aquático real ou mitológico são traduzidos em texturas, formas e estampas, trazendo para a moda a magia do fundo do mar. Cores: branco, prata, todos os tons de azul, turquesa, candy colors e a cor principal da tendência, verde-água. Materiais: organza, seda ou chiffon e lantejoulas iridescentes Peças: peplum, calça flare, vestidos de prega, tops, bainha plissé, saias wrap e as formas de sereia.
brincam com as formas e dão a ilusão de uma nova silhueta. Cores: menta, metalizados, preto e branco Materiais: encorpados e com estruturas mais amplas, que não mostram as formas da mulher. Peças: formas retas e vestidos em linha A. Tribal Artisan: com o tema antitecnologia, propõe artigos artesanais e rústicos de qualidade com aspecto natural. São inspirações étnicas no mundo antigo do Egito e da África com estampas que misturam a arte decô e a tribal. Cores: nude, marrom, vermelho e ouro velho. Materiais: naturais e rústicos como a palha, o linho puro e o couro natural. Peças: amarrações, saia envelope, franjas.
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Sporting Life: com o acontecimento das Olimpíadas de Londres, entre julho e agosto de 2012, a temática esportiva entra como um dos principais destaques desta temporada, juntamente com os shapes dos anos 1990. Em estilo urbano, ganham um ar mais sofisticado com o uso de tecidos nobres e modelagens mais soltas. Essa estética limpa e funcional recebe recortes e detalhes que enfatizam o tema esportivo. Cores: branco, laranja, preto, azul. Materiais: malha, neoprene, couro (branco), tela. Peças: costas nadador, amarrações, cordas e capuz. 50’s Twist: é uma nova releitura dos anos 1950, com inspiração na estética glamourosa do cinema e o estilo de vida e beleza das mulheres dessa época. Cores: candy colours, rosa pálido, rosa-choque, turquesa Materiais: renda, cambraia, jeans. Peças: conjuntos, principalmente estampados, fendas profundas, cintura alta marcada. Mod Couture: esse tema regressa para os anos 1960, trazendo o futurismo com inspiração na Op Art, modernismo e o estilo minimalista. Os padrões e os recortes geométricos recebem destaque com o color block, em cores opostas e contrastantes,
caderno de moda IF-SC araranguá
por Roberta Lohn
Com toda a sua complexidade, mistério e feminilidade, o verão 2013 traz uma luz intensa para esta estação. As cores que marcaram o inverno 2012 aparecem em tons de flúor e os tecidos de brilhos metalizados chegam para iluminar os looks mais ousados. Em momento de nostalgia, os anos 1950 e 1960 trazem o novo poder feminino, estruturado e ao mesmo tempo delicado, numa paleta colorida de padrões geométricos. A transparência, que mostra sem mostrar, define o jogo da sedução que ganha como aliados recortes em pontos estratégicos. Para dar um ar sofisticado ao visual, salpique toques étnicos, adote tons terrosos e invista em materiais naturais refinados. As palavras de ordem são: ousadia, delicadeza e feminilidade.
moda no
museu por Emerson Cardoso Nascimento
Quem pensa que museu é lugar de coisas velhas e empoeiradas está enganado! Então, façam as malas e vamos conhecer alguns museus de moda do mundo. Sim, museu também é lugar de moda. Nossa primeira parada é no Museu de Moda – MUM, em Canela, RS. No MUM, encontramos a reconstrução de 4.000 anos do vestuário feminino, que permite uma verdadeira viagem no tempo. O espaço conta com loja e até cafeteria (Site: www.museudamodadecanela.com.br). Agora embarcamos para o Rio de Janeiro, rumo ao Museu Histórico Nacional. Mesmo que não seja um museu específico de moda, é possível encontrar uma rica coleção que pode nos auxiliar a compreender o universo da moda (Site: www.museuhistoriconacional.com.br). Outro espaço inspirador é o Museu Afro Brasil (www.museuafrobrasil.org.br/) e o Memorial da América Latina (http://www.memorial.org.br), ambos em São Paulo, parada obrigatória para pesquisas relacionadas a temas africanos e latinos.
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Que tal partimos para Salvador, BA? Lá é possível visitar a Coleção Têxtil do Instituto Feminino, que abrange um acervo sobre a sociedade bahianense do Século XIX – com roupas de noiva, roupas infantis, trajes a rigor, acessórios e até uma galeria eclesiástica (Site: www.institutofeminino.org.br/museu_do_traje_e_do_textil). Agora confiram as malas, peguem seus passaportes, apertem os cintos e vamos rumo ao Museo de la Moda em Santiago, Chile. O espaço conta com uma bela iluminação e uma boa sonorização, além de audioguia em português. Destaque também para o café e a loja anexa (Site: www.museodelamoda.cl). Do Chile vamos para os Estados Unidos conhecer o Fashion Institute of Technology Museum – FIT, que dispõe de uma coleção formada por 50.000 peças (do Século XVIII à atualidade), com ênfase na moda feminina contemporânea, além de 15.000 acessórios e obras relacionados ao tema (Site: www.fitnyc.edu/museum). Nossa viagem não para por aqui. Que tal cruzar o oceano em busca do Victoria and Albert Museum, em Londres, Inglaterra. O espaço é considerado como um dos grandes centros de arte e design, onde também é possível apreciar uma coleção de acessórios e trajes do Século XVII aos dias atuais. Destaca-se a moda dos grandes centros europeus, além de um grande número de joias, tecidos, pinturas, entre outras obras capazes de inspirar qualquer um (Site: www.vam.ac.uk). Outra parada obrigatória é o acervo do Museum of Costume ou Fashion Museum, ainda na Inglaterra. A coleção inclui um amplo acervo com diversas obras relacionadas ao mundo da moda – com algumas raridades do Século XV e XVI, como camisas bordadas e luvas (Site: www.museumofcostume.co.uk). Agora se preparem! Vamos conhecer um dos principais centros da moda. Sim, Paris nos espera! Entre muitos museus na França, como o famoso Museé du Louvre (http://www.louvre.fr), existem os específicos de moda, como o Musée de la Mode et du Textile. O museu dispõe de aproximadamente 19.000 trajes, do Século XVII à contemporaneidade, além de milhares de acessórios e peças têxteis, com destaque para a produção de diversos estilistas, como Poiret, Lanvin, Chanel, Dior, Courrèges e McQueen (Site: www.lesartsdecoratifs.fr/francais/mode-et-textile).
Ainda em território francês, outro museu que se destaca é o Musée Galliera, também conhecido como Musée de la Mode de la Ville de Paris (fechado para reforma até 2013). O acervo é composto por 90.000 peças de vestuário que retratam três séculos de moda, desde vestidos do século XIII a obras atuais. Joias e diversos acessórios, como sapatos, chapéus, leques, bolsas e sombrinhas fazem parte da coleção (Site: www.paris.fr/loisirs/musees-expos/musee-galliera/p5854). O Galliera situa-se em frente ao Musée d’Art Moderne (Site: www.mam.paris.fr/). A Bélgica é outro hot spot da moda. O Mode Museum - MoMu, dispõe de uma coleção com mais de 25.000 obras, como peças têxteis, roupas, rendas, bordados e até ferramentas artesanais de costura, em sua maioria oriundas dos Países-Baixos (Site: www.momu.be). Já que chegamos até aqui, aproveitemos para conhecer o Museo del Traje, em Madri, Espanha, que dispõe de uma ampla e variada coleção, incluindo trajes históricos, tradicionais, contemporâneos, joias e acessórios (mais de 21.000 peças) – revelando a contínua mudança na prática do “vestir”. Há também outro espaço interativo no qual os visitantes podem encontrar diversos materiais e atividades educativas (Site:http:// museodeltraje.mcu.es). Nossa viagem ainda não terminou! A Itália não poderia ficar de fora do roteiro. Lá encontramos a Galleria del Costume, situada na ala Palazzina della Meridiana do Palácio de Pitti, que contém figurinos teatrais datados desde o século XVI aos dias atuais. A galeria é reconhecida por detalhar com destaque a história da moda italiana (Site: www.museumsinflorence.com/musei/costume_gallery.html). Para os mais curiosos, é possível se aventurar rumo ao Oriente! É no Japão que se encontra o Kyoto Costume Institute – KCI, que conta com uma coleção formada por peças do século XVII à época atual, com mais de 11.000 itens e 13.000 documentos, que retratam o vasto panorama da indumentária ocidental (Site: www.kci.or.jp). Para os que morrem de medo de avião ou querem uma viagem mais tranquila, o ideal é navegar – sim, na Internet! O Museu da Indumentária e da Moda (MIMO) é um dos primeiros sites brasileiros sobre a história da moda num ambiente on-line, com espaço para á publicação de textos, imagens, fotos, tecidos e aviamentos (Site: www.mimo.org.br). Existe também o museu virtual Valentino Garavani, desenvolvido para simular um passeio virtual surpreendente por galerias de moda. O espaço reúne aproximadamente 300 vestidos, compreendendo um período que vai desde a White Collection (1968) ao baile White Fairy Tale Love (2011) (Site: www.valentino-garavani-archives.org/). Está pensando em estudar fora do país? O Instituto Marangoni na Itália é conhecido por ensinar e preparar profissionais para o mundo da moda e do design (Site: www.istitutomarangoni.com). Por fim, nada como voltar para casa com a certeza de que os museus podem ser lugares surpreendentes, que inspiram e revelam tendências. O conhecimento e a compreensão da história da indumentária e da moda, por meio do acesso a galerias, museus e exposições, são fundamentais tanto para o profissional da área como para o estudante ou para o público interessado em desenvolver sua formação profissional e pessoal.
Este artigo fez parte do projeto “Videoteca de Arte, História e Moda: uma ponte entre o Instituto Federal e as Escolas de Araranguá”, financiado peloPrograma Institucional de Apoio a Projetos de Extensão do IF-SC (APROEX – Nº 02/2012).
a importância do
design
A IMPORTÂNCIA DO DESIGN: O CENÁRIO DA INDÚSTRIA BRASILEIRA E SUA RELAÇÃO COM O DESIGN E COMPETITIVIDADE.
Graziela Brunhari Kauling
Segundo autores como Naveiro (2008) e Keller (2004), a atividade de design no Brasil é relativamente recente. Muitas das dificuldades enfrentadas atualmente nas empresas brasileiras são reflexos das características culturais e fatores sócio-econômicos das décadas de 80 e 90, que formaram um estilo de gestão caracterizado pelo hábito de reproduzir. Há duas décadas, era comum a prática de adaptar modelos estrangeiros à realidade brasileira, sem pensar nas necessidades, gosto e desejo do consumidor. O design como elemento diferencial está sendo inserido vagarosamente na política das empresas justamente pela falta de conhecimento teórico e prático dos empresários brasileiros. Sendo assim, organizações não estão habituadas a fazer do design um elemento de contribuição estratégica. De certa forma, isso justifica a dificuldade de implementação da gestão do design nas empresas brasileiras, sendo que, na maioria das vezes, ele é associado unicamente a desenvolvimento de produto. Esses aspectos históricos, associados a uma formação profissional carente em gestão, resultam na realidade atual existente nas empresas brasileiras, principalmente nas de micro e pequeno porte (MINUZZI, PEREIRA e MERINO, 2008). Por isso, para criar uma cultura de design não basta ter um profissional de design ou um departamento de design. É preciso integrar as atividades da área no contexto geral da empresa. Segundo Bonsiepe (1997), no Brasil o design não se constitui em verdadeira preocupação na gestão das empresas. Contudo, para melhorar esse cenário foi necessário promover o design através de instituições preocupadas em valorizar a atividade no desenvolvimento industrial, buscando superar um estilo tradicional de gestão já estabelecido. Essas instituições, como o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), em 1981, incorporaram oficialmente o design industrial à sua política tecnológica e científica, permitindo que o design pudesse ser abordado como tema de pesquisas científicas. Em 1995, foi lançado o Programa Brasileiro de Design pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), que teve por objetivo incorporar a indústria brasileira aos mais atualizados padrões industriais e tecnológicos por meio do design, e contribuir para padrões mais elevados de qualidade e competitividade nos mercados de bens e serviços no Brasil, bem como torná-los mais conhecido. Esses programas buscaram esclarecer e incentivar as empresas brasileiras quanto à importância do uso do design, ao oferecer produtos e ações inovadoras que consequentemente levariam ao aumento da competitividade. As primeiras empresas que se abriram ao novo conceito foram àquelas voltadas à exportação e as de grande porte, justamente pela exigência do mercado externo. De acordo com Ginsberg e Abrahamsom (1991), fatores como a globalização, internacionalização, abertura econômica e privatização têm exercido forte influência no perfil das empresas que visam manter-se competitivas no mercado. Desta forma, o design passa a ser peça
chave na competição entre as mais diversas organizações por conciliar a inovação e criatividade à lucratividade das empresas. Este conceito é corroborado por Martins (2008) que afirma: O Design é uma atividade importante no processo de inovação, no qual as idéias são geradas num alinhamento perfeito entre a criatividade e as especificações técnicas, juntamente com demandas e oportunidades de mercado, sem deixar de ter o foco centrado no usuário. Trata-se de um processo de busca na satisfação dos usuários e a lucratividade das empresas por meio do uso criativo dos elementos que compõem sua atividade. A Confederação Nacional das Indústrias percebe o design como um negócio. De acordo com a CNI (1999), pesquisas realizadas internacionalmente revelaram que a cada dólar investido em design traz cinco dólares de retorno, sendo que apenas 15% do custo final do produto é referente ao investimento em design e os 85% restantes são gastos literalmente com a produção do produto. Para Burdek (2006 p. 363), “o design é nos dias de hoje tratado como assunto sério nos mais altos escalões das empresas. As decisões estratégicas destas empresas são em muitos casos também decisões de design”. Essa citação retrata a importância e a evolução do significado do design nas organizações, principalmente após a década de 90. Dessa forma é possível constatar a importância da utilização do design nas empresas não somente como elemento estético, mas, principalmente, como elemento estratégico dentro das organizações.
Referências BONSIEPE, Gui. Design: do material ao digital. Florianópolis: FIESC/IEL, 1997. BURDEK, Bernhard E. Design, História e Práticas de Produtos. Tradução de Freddy Van Camp. São Paulo: Edgard Blucher, 2006. 479 p. CNI – Confederação Nacional da Indústria; SENAI – Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Identificação da demanda de Design no Nordeste do Brasil. Teresina: SENAI, 1999. GINSBERG, A.; ABRAHAMSON, E. Champions of Change and Strategic Shifts: The Role of Internal and External Change Advocates. Journal of Management Studies, v. 28, n. 2, 1991. KELLER, Jacqueline. Gestão do design na moda: processos que agregam valor e diferencial ao produto da moda. 2004. 149 p. Dissertação de Mestrado em Mídia e Conhecimento - Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC, Florianópolis. MARTINS, Roseane Fonseca de Freitas de; MERINO, Eugenio Andrés Diaz. Gestão do design como estratégia organizacional. Londrina: Eduel, 2008. 250 p. MINUZZI, Reinilda de F. B; PEREIRA, Alice T. C; MERINO, Eugenio A. D. Teoria e prática na gestão do design. In: Congresso internacional de Pesquisa em Design. 4°, Rio de Janeiro: 2008. NAVEIRO, Ricardo M. Design Education in Brazil. Design Studies, v.29 n.3, p.304312, 2008.
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O termo design está associado a diversos produtos: carros, eletrônicos, arquitetura, decoração, roupas, tecnologia, dentre outros. Em geral, relaciona-se esse termo com o moderno, o criativo, com o que está na moda.
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o que anda rolando no
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Professora Graziela Kauling: Artigo aprovado e publicado na revista “Estudos em Design” da PUC-RIO. A Revista Estudos em Design é um periódico nacional cadastrado no sistema QUALIS da CAPES e mais pontuado na área de Design. É uma publicação semestral que tem por objetivo divulgar a produção acadêmica e científica de professores e pesquisadores envolvidos com a área de Design. O artigo Estudo da inserção da gestão do design no processo de desenvolvimento de produtos de empresas de confecção brasileiras encontra-se disponível na versão on-line da revista, que pode ser acessada no endereço http://www.maxwell. lambda.ele.puc-rio.br/estudos_em_design
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ISSN: 1983-196X, vol. 19, 2/2011
Professoras Lilian Daros Pescador, Lucimar Antunes de Araujo e Iole Piva Stürmner: Participação no curso Draping Trench Coats, no Orbitato Instituto de Estudos em Arquitetura, Moda e Design, com a professora renomada Ana Lucia Niepceron. As aulas aconteceram nos dias 16 e 17 de abril de 2012, com duração de 16 horas.
Professora Lilian Daros Pescador e a técnica Roberta Lohn: Participação no II Fórum Mundial de Educação Tecnológica, no dia 29 de maio de 2012, apresentando o pôster Draping em papel: construindo diferentes formas de criatividade na moda
Os professores Lilian Daros Pescador, Suzy Pascoali, Joel Brasil Borges e Lucas Dominguini tiveram o artigo Conhecimento prévio em soldagem dos materiais – levantamento dos saberes pré-existentes aprovado para o COBENGE, Xl Congresso Brasileiro de Educação em Engenharia, que acontecerá de 3 a 6 de setembro de 2012, em Belém - PA.
No fascinante e exigente mundo da moda, o constante aprendizado é fundamental para uma prática profissional criativa e eficiente. A maioria das pessoas relaciona a moda aos costumes e adornos, o que leva a pensar que ela é um fenômeno restrito ao vestuário. Para realmente compreender a moda é necessário aprofundar e ampliar seu olhar sobre a mesma. A moda possui aspectos materiais e simbólicos. Portanto, o olhar que prioriza apenas o estudo das tendências, formas, materiais, cores, ou seja, aspectos tangíveis e utilitários, é insuficiente para percebê-la por completo. As pesquisas devem abranger aspectos abstratos, estéticos e intangíveis. E isso demostra o quão multidisciplinar é a moda. Um exemplo dessa amplitude de abordagens que a moda pode ter foi o artigo produzido para a disciplina de Teoria Literária do mestrado em Ciências da Linguagem, no qual sou aluna. Esse trabalho foi aceito para apresentação e publicação no 4th Global Conference Fashion: Exploring critical issues, em Oxford, no Reino Unido, evento realizado de 14 a 19 de setembro de 2012. De forma sucinta, o artigo que produzi discute a questão da cópia na moda brasileira, associando-a a duas teorias que emergem a partir de duas análises críticas sobre a literatura brasileira: “As ideias fora do lugar”, de Roberto Schwarz e “O entre-lugar do discurso latino-americano”, de Silviano Santiago, ambos escritores brasileiros. Em comum, as teorias discutem sobre a formação e independência do Brasil no que tange a aspectos intelectuais e culturais como a literatura e baseiam-se nos reflexos do passado colonial da américa-latina. A apropriação de tais teorias literárias para a análise da cópia na moda brasileira permitiu o entendimento de que as mudanças sofridas pelo Brasil em seu processo de existência, a mistura do que é interno ao que era externo, e que aos poucos se sobrepõe, é reflexo do que estamos vivendo no mundo, um processo histórico regido pela instabilidade. A conferência, que durou quatro dias e contava com participantes de todos os continentes, foi mais um exemplo de como a moda pode ser relacionada aos mais diversos assuntos, teorias e interesses. Voltei da viajem cheia de ideias, contatos e experiências positivas. Além da participação na conferência, na viagem ainda foi possível uma visita ao Victória & Albert Museum em Londres. Conhecido também como museu da moda, ele conta com acervo amplo e riquíssimo a respeito da história da moda ocidental e oriental. Destaque para a exposição sobre a moda do século XX e para exposição Ballgowns, que mostrava o glamour dos vestidos de festa britânicos desde1950.
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4th Global Conference Fashion, em Oxford, no Reino Unido, realizado de 14 a 19 de setembro de 2012.
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artigo CONDIÇÕES PARA ARRANJO PRODUTIVO LOCAL (APL) E SUSTENTABILIDADE AO SETOR TÊXTIL DE ARARANGUÁ por: Prof. Aline Hilsendeger Pereira de Oliveira Prof. Dr. Gilberto Montibeller Filho (Orientador)
O tema sustentabilidade e competitividade é tratado como antagônico. A questão é: como ser competitivo e ao mesmo tempo ser sustentável ambientalmente, socialmente e ainda obter lucro?
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Essas questões são tratadas à luz da economia local e do referencial teórico sobre arranjos produtivos. Formas regionalizadas de desenvolvimento econômico e redução de desigualdades sociais por meio de arranjos produtivos e inovativos respondem com eficiência à questão anterior. A promoção do aprendizado, da inovação em um mesmo território num projeto de governança e descentralização política, viabilizado por meio de estratégias de desenvolvimento socioeconômico e ambiental eleva a qualidade de vida dos cidadãos. A economia globalizada, por sua dinâmica e estratégias voltadas essencialmente ao mercado, aumentou as externalidades sociais e ambientais. O setor da confecção foi fortemente influenciado pelos processos de desregulamentação econômica, resultando na necessidade de sua reestruturação em termos de modernização do parque fabril e capacitação de mão-de-obra.
A revisão da literatura apontou três fatores imprescindíveis ao desenvolvimento do setor de confecção: proximidade territorial, competitividade e desenvolvimento local. Esses aspectos são inter-relacionados na forma de um sistema integrado. A proximidade local favorece a sustentabilidade e promove a competitividade. O meio inovador promove oportunidades e externalidade positivas desde que o território não seja portador de uma inércia empreendedora. A proximidade local promove a especialização do trabalho. No aspecto da competitividade há o fortalecimento de toda a cadeia de valor e efeitos de transbordamento por meio das conexões horizontais e verticais da cadeia. A produção de artigos com valor agregado propõe a gestão de marcas (branding), parcerias, logística, design e marketing.
No município de Araranguá/SC, o setor de confecção é representativo em termos sociais e econômicos e seu desenvolvimento é importante. De acordo com os dados da RAIS/2010, há no município 106 indústrias de confecção, as quais absorvem 870 empregos diretos e representam economicamente 7% do valor agregado de toda a economia do município, sem considerar os setores similares e da cadeia têxtil que se desenvolveram em torno do setor.
A questão central da gestão dos APLs ocorre pela via da inovação e das relações existentes entre os setores públicos e privados. Os sistemas de inovação obtêm vantagens na proximidade territorial contrapondo-se à concorrência global. A inovação não ocorre de maneira isolada. Ela se desenvolve nos ambientes internos e externos das empresas por meio da troca de informações. Vantagens estratégicas de competitividade são promovidas por atividades inovativas envolvendo o desenvolvimento de produtos, as atividades gerenciais, táticas e operacionais promovidas por meio da descentralização organizacional e do aprendizado coletivo.
Nesse sentido, a pesquisa desenvolvida no programa de mestrado em Ciências Ambientais da Unesc teve como objetivo identificar os elementos necessários para a formação de um arranjo produtivo local inovativo e sustentável. Para isso, fez-se um levantamento em dez indústrias de confecção do município. Os resultados confirmam a importância das empresas de micro e pequeno porte na socioeconomia de Araranguá e sobre as condições existentes para viabilizar a formação de um arranjo produtivo local, com vistas a tornar as empresas mais competitivas no mercado e promover a sustentabilidade sócio-ambiental e econômica e o desenvolvimento da região.
Os resultados da pesquisa apontaram similaridades no que se refere à estrutura produtiva das empresas e da capacitação da mão-de-obra, além de obterem vantagens por estarem localizadas no município. De maneira geral, as empresas têm gestão familiar e apresentam dificuldade de contratar mão-de-obra especializada, pois não há especialização quanto ao segmento de moda. Todas as empresas pesquisadas relacionam-se com outras por meio da terceirização de etapas do processo produtivo. Isso significa que, apesar da existência das atividades de subcontratação, não compõem um sistema de governança, pois se apresentam de forma desarticulada na busca isolada por objetivos
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comuns. A inovação foi considerada incremental e predominantemente organizacional. O aprendizado é tácito, desenvolvido por práticas e condutas comuns no interior das empresas. Entre as vantagens da localização estão a proximidade com o IFSC, a infraestrutura de meios de transporte, comunicação e estradas adequadas, além da proximidade com os clientes do varejo e atacado. A responsabilidade sócio-ambiental é reduzida às esferas legais, ou seja, à observância das leis trabalhistas. A gestão ambiental ocorre na separação do lixo para o recolhimento dos catadores e da coleta pública. A qualificação formal é pouco incentivada e os sistemas de incentivo são, em sua maioria, de flexibilização contratual. Em longo prazo, a articulação dos atores no desenvolvimento local pode ser efetivada por meio de operações conjuntas para a redução das dificuldades. Dentre tais operações, destacam-se a melhoria da qualificação, da produtividade e da inserção da inovação na gestão
organizacional. O estímulo ao associativismo torna-se necessário para reduzir a desconfiança entre os agentes e promover um ambiente colaborativo. Apesar de a pesquisa ter abordado a área do vestuário, o desenvolvimento de competências para outros setores é de fundamental importância para o desenvolvimento econômico e social da região. A formação de um núcleo organizado para gerir políticas e metas institucionais voltadas ao aprendizado e no estudo de tendências de mercado é importante para a construção de uma visão comum de promoção do bem-estar e do crescimento econômico sustentado. Fica a dica: melhorar a qualidade dos padrões sócioambientais de um arranjo é a chave para o desenvolvimento sustentável. Além disso, o cumprimento das leis trabalhistas, das leis ambientais, do respeito à saúde e à segurança dos colaboradores e a formalização das empresas trazem benefícios para o setor e para a comunidade.
aluno fala
Orientada pela professora Ursula Carvalho, a aluna Victória Premoli, do segundo módulo do curso técnico de Produção de Moda, escreveu sobre a importância do tema de inspiração para uma coleção de moda. Então, fala aluno!
por victória premoli
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Quando nos referimos a uma coleção, independente de qual natureza ela seja, logo nos vem à imaginação uma série de peças, objetos e principalmente roupas, sapatos e acessórios que têm uma relação entre si. Essa ligação existente pode ser de forma harmoniosa ou contrastante. Nas coleções de moda, para que isso seja possível, é necessário se passar por várias etapas, até chegar ao final, quando as roupas são apresentadas, muitas vezes em forma de desfiles. No decorrer dessas etapas, são realizadas pesquisas que fazem surgir significados para a coleção. Dentre essas, é preciso ter um ponto de partida, uma fonte de inspiração e algo que possa organizar as ideias de quem está produzindo a coleção. Então, usa-se a pesquisa do tema de inspiração. O tema pode ser considerado a razão para as características da coleção, pois ele será o foco das pesquisas e a realização de processos importantes, como as cartelas de cores, tecidos, aviamentos, ou seja, o tema irá impulsionar o desdobramento da coleção. Ele pode ser escolhido de forma a criar uma crítica tanto social como cultural.
Alguns estilistas se destacam nesse quesito por possuírem grande capacidade de associar isso com criações de moda, como é o caso do estilista brasileiro Ronaldo Fraga. Esse criador sempre procura escolher temas com foco no Brasil, aproveitando a diversidade existente na natureza, no povo brasileiro e em seu comportamento. A capacidade de Fraga em conseguir representar as características do tema nas peças de roupa é enorme. Na sua coleção chamada São Francisco, por exemplo, homenageando um dos rios mais importantes do Brasil, a partir das características dessa natureza surgiram estampas com formas de madeiras, que estão presentes nos barcos e nas casas da costa do rio. Em algumas coleções, o mau desdobramento do tema pode resultar em uma confusão de peças, sendo difícil compreender a mensagem que deveria ser passada. O acontecimento dessa confusão não significa que o tema tenha que estar extremamente evidente nas roupas da coleção. Em alguns casos, ele aparece com sutileza, como nas formas, nas estampas, na harmonia de cores, etc. É válido ressaltar que temas simples e inteligentes podem originar uma coleção interessante e fácil de ser compreendida.
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