TFG | Complexo Educacional Paquetá

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complexo educacional paquetรก


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Trabalho de Curso | 2ยบ Semestre Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Universidade Catรณlica de Santos

Aluna: Diana Almeida Teixeira Orientador: Professor Mestre Gino Caldatto Barbosa Dezembro | 2015



“Fazer escolas, fazer escolas, fazer escolas, está bem, fazê-las, o fato enquadra-se em iniciativas abstratas, em retumbantes decisões ministeriais; falta o interesse ardente, falta a ‘dramaticidade’ da cousa. É necessário dramatizar o problema das escolas, torná-lo vivo, presente, cotidiano. O que é uma escola?”” BARDI, Lina Bo. Primeiro: Escolas in Revista Habitat nº 4, 1951.

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Esse trabalho é dedicado a todos que de alguma maneira me incentivaram a continuar nesse louco mundo da arquitetura, mas principalmente àqueles que estiveram comigo nos momentos mais difíceis: minha família, em especial minha mãe, pelo apoio e preocupação nas noites em claro; aos parceiros de projetos e risadas, amigos que espero levar para o resto da vida, Deborah, Anna e Luiz; e ao meu melhor companheiro, Cesar, por toda a paciência e conforto nas horas de desespero. Agradeço aos que passaram pela minha vida nesses cinco anos de aprendizado e crescimento, especialmente ao Gino, meu orientador e provocador de idéias, que me deu a liberdade necessária durante todo o processo de pesquisa e criação e que tanto me apoiou. 5


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sumário introdução

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capítulo 1 | CARACTERIZAÇÃO 1.1 | Histórica 1.2 | Social 1.3 | Local

11 14 19 23

capítulo 2 | ESCOLAS 2.1 | Antes da Escola Nova 2.2 | Escola-Parque 2.3 | Convênio Escolar 2.4 | CIEP (Centro Integrado de Educação Pública) 2.5 | FDE (Fundo para o Desenvolvimento da Educação) 2.6 | CEU (Centro Educacional Unificado) 2.7 | Exemplos Nacionais e Internacionais 2.8 | Quadro Síntese

47 50 54 59 62 67 70 74 78

capítulo 3 | ANÁLISES 3.1 | CEU Pimentas 3.2 | Edifício-sede Projeto Viver

81 84 92

capítulo 4 | COMPLEXO EDUCACIONAL 4.1 | Estudos Exploratórios 4.2 | Programa 4.3 | Projeto

99 102 108 111

considerações finais referências bibliográficas referências sitiográficas

153 155 157 7


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introdução

A implantação de equipamentos públicos em áreas degradadas, onde locais de uso coletivo de qualidade são inexistentes, é comprovadamente eficaz na busca da requalificação urbana. Essa é a intenção deste trabalho através da proposta final de implantação de um Complexo Educacional no bairro Paquetá, em Santos-SP. A educação é necessidade básica ao ser humano, podendo a arquitetura fazer do espaço construído da escola mais do que um equipamento voltado aos alunos, mas à população residente do local. Os capítulos que seguem auxiliam a compreensão das necessidades físicas e sociais presen-

tes no bairro, comprovadas com dados e levantamentos, e introduzem o leitor ao espaço escolar, sua concepção e as mudanças ocorridas no decorrer dos últimos 70 anos na educação brasileira. Por fim as propostas iniciais são apresentadas, concebidas a partir do extenso estudo anterior e referenciadas por projetos de cunho educacional e social como o Centro Educacional dos Pimentas e o Edifício do Projeto Viver, premissas do resultado final, nomeado Complexo Educacional Paquetá. 9


10 | caracterização


capítulo 1 | CARACTERIZAÇÃO

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12 | caracterização


| CAPA Rua Dr. Cochrane Foto: Acervo pessoal, datada de 12 de abril de 2015.

A degradação que áreas periféricas sofrem em decorrência das atividades exercidas é problema presente em muitas cidades portuárias no Brasil e no mundo, cabendo ao arquiteto e urbanista proporcionar qualidade à vida dos moradores dessa região. Para melhor entender a problemática enfrentada pelos habitantes do Bairro Paquetá, em Santos, local escolhido para implantação do projeto a fim de qualifica-lo social e educacionalmente, o capítulo a seguir contém levantamentos e dados socioeconômicos que apresentam a situação atual. caracterização

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1.1 | Histórica

A cidade de Santos, que apresentou a condição de Vila até o ano de 1839, cresceu social e comercialmente na segunda metade do século XIX. Em 1867, com a inauguração da São Paulo Railway¹, o movimento portuário na cidade se intensificou, assim como o fluxo Santos - São Paulo, significativo para o crescimento econômico do Estado de São Paulo. Surgiram nas áreas próximas ao porto novas atividades comerciais e de serviços, como hotéis, jornais e oficinas. No período entre 1820 e 1880 a região central da cidade tornou-se insuficiente à demanda populacional e inadequado para habitar devido ao aumento das atividades portuárias e ao crescente número de epidemias. Nesse período, habitações foram demolidas para dar lugar a armazéns ara depósitos de mercadorias do porto, e novas moradias foram construídas nas áreas próximas, como Paquetá e Vila Nova. A inauguração do primeiro trecho de cais no Porto de Santos², datada em 1892, contou com aterros e muralhas de pedra em substituição aos velhos trapiches e pontes de madeira. Com a criação da atual Avenida Conselheiro Nébias e implantação de novas linhas do bonde, por volta dos anos 1870, a facilidade para locomoção em direção à orla levou os moradores com maior poder aquisitivo a se afastarem da região portuária, tornando os bairros antes habitados 14 | caracterização

por famílias elitistas locais de acolhimento dos trabalhadores vinculados ao porto (doqueiros, estivadores, carroceiros e ensacadores) e, concomitantemente, resultando no surgimento de cortiços e pensionatos. Com o avanço da atividade portuária, a migração das antigas famílias residentes na região central à orla praiana e o crescimento da oferta de serviços relacionados ao porto, Santos ganhou uma nova centralidade comercial concorrente consolidada no Gonzaga. A procura por lazer e atrações nesse “novo centro”, unida às caraterísticas periféricas presentes com maior intensidade nos bairros mais antigos da cidade, com o passar do tempo, conduziram essas áreas ao abandono e degradação. Nos últimos anos muito tem-se investido nessas regiões a fim de preservar os patrimônios existentes e revitalizar a região central, através de incentivos fiscais às empresas. Investimentos privados e empreendimentos corporativos e comerciais têm impulsionado bairros como o Valongo, que passaram a receber investimentos também do setor público.


01 | Bairros Centro e Paquetá Abril de 1900 Fonte: Novo Milênio Disponível em: http://www. novomilenio.inf.br/santos/fotos060.htm, acessado em 06 de maio de 2015. 02 | Cais recém construído Foto de 1902 Fonte: Novo Milênio Disponível em: http://www. novomilenio.inf.br/santos/fotos151.htm, acessado em 07 de maio de 2015. 03 | R. Visconde de Vergueiro Década de 1960 Fonte: Novo Milênio Disponível em: http://www. novomilenio.inf.br/santos/fotos338.htm, acessado em 07 de maio de 2015.

1. The São Paulo Railway Company Ltd. foi a primeira ferrovia do Estado de São Paulo, ligando o planalto paulista ao litoral. Essa concessão do Governo ao capital estrangeiro funcionou entre os anos de 1867 e 1946. Sua estação na cidade de Santos é localizada no bairro Valongo. 2. Construído pela empresa Gaffrée, Guinle & Cia., com sede no Rio de Janeiro, mais tarde transformada em Empresa de Melhoramentos do Porto de Santos e, em seguida, em Companhia Docas de Santos. A concessão de construção e exploração do porto durou até o ano de 1980, passando então para a Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp).

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03 caracterização

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04 | Situação atual Foto: Acervo pessoal, datada de 12 de abril de 2015. 05 | Situação atual Foto: Acervo pessoal, datada de 12 de abril de 2015. 06 | Situação atual Foto: Acervo pessoal, datada de 12 de abril de 2015.

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Mesmo próximo à essas mudanças de requalificação, o Bairro Paquetá é, ainda hoje, uma das regiões mais depredadas da cidade. Os antigos casarões remanescentes foram subutilizados; mudaram o uso original ou tornaram-se cortiços. Armazéns são agora inutilizados, abandonadas à degradação. Além disso a área carece de equipamentos sociais e educacionais, tanto para jovens quanto adultos. Equipamentos voltados ao lazer que atendam diretamente à população residente do bairro e seu entorno são inexistentes hoje.

06 caracterização

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07 | Situação atual Foto: Acervo pessoal, datada de 23 de março de 2015. 08 | Rotina Foto: Acervo pessoal, datada de 12 de abril de 2015.

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18 | caracterização

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1.2 | Social

“Não importa que o edifício público a ser construído esteja numa área degradada. Se ele tiver qualidade, ele vai ajudar a qualificar toda a área.” Arquiteto Dietmar Starke, em entrevista ao site IAB-RJ, publicado em 23 de março de 2015.

Projetar para pessoas. A fim de caracterizar a população residente do local de implantação do projeto e suas carências, algumas análises serão apresentadas formando um perfil social e econômico a ser atendido pelo projeto proposto, baseadas no Censo Demográfico de 2010, que justificará socialmente a urgente necessidade de uma intervenção na região. caracterização

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0 a 9 anos

199 habitantes

10 a 19 anos

180 habitantes

20 a 29 anos

181 habitantes

30 a 39 anos

170 habitantes

40 a 49 anos

118 habitantes

50 a 59 anos 60 a 69 anos mais de 70 anos

107 habitantes 37 habitantes 16 habitantes

A predominância de crianças e jovens em idade escolar e dependentes financeiramente de responsáveis legais expõe a realidade de um bairro que não atende às necessidades dessa faixa etária (37,5% dos habitantes do bairro).

Gráfico 01 | Elaborado pela autora com base nos dados do Censo Demográfico 2010, IBGE.

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CLASSIFICAÇÃO ETÁRIA Bairro Paquetá População Total: 1008 habitantes

As moradias precárias e a condição social de seus moradores influenciam diretamente no desempenho escolar³, tendo como fator principal a precariedade de espaços adequados para intensificação dos estudos além do horário básico de aulas.

3. KOHARA, 2009.


O Ministério da Educação (MEC) determina que alfabetização da criança deve ser plena aos 8 anos de idade, ou seja, ao fim do 3º ano do ensino fundamental. Para tanto é necessário acompanhamento e estímulo, obtido em parte com ambientes que propiciem o desenvolvimento do aluno. Os índices de alfabetização obtidos pelo Censo Demográfico demonstram significativa parcela de crianças entre 5 e 9 anos em total analfabetismo. Esse atraso é numericamente suprido nos anos posteriores, elevando o índice de alfabetização a quase 100% no bairro, porém a educação tardia impacta negativamente o desenvolvimento escolar da criança.

97,2%

96,7%

91,8%

91,5%

86,9%

88,7%

52,7%

Gráfico 02 | Elaborado pela autora com base nos dados do Censo Demográfico 2010, IBGE.

ÍNDICE DE ALFABETIZAÇÃO 5-9

10-19

20-29

30-39

40-49

50-59

60 + caracterização

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Imagem 01 | Fonte: Google Maps Edição da autora.

Estação Rodoviária de Santos Jaime Rodrigues Estrela Jr.

Balsa Ilha Diana Poupatempo

Terminal Urbano de Passageiros

22 | caracterização

Bacia do Mercado Cemitério Paquetá


4. Dados do Instituto de Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), disponíveis em http://cidades.ibge. gov.br/ e acessados em 03 de abril de 2015.

1.3 | Local

Localizado junto a região mais antiga da cidade de Santos, o Bairro Paquetá abrange uma área de quase 350 mil m² (menos de 1% dos 39,40 km² que compreendem a área insular da cidade)4. Característica de regiões históricas, apresenta vias estreitas com predominância de serviços e vias principais de posterior construção. Apesar do bairro tornar-se uma área degradada no último século, ocorrência analisada anteriormente, a região contém infraestrutura consolidada e compreende um privilegiado acesso a diferentes modais de transportes, intra e intermunicipais, e às principais vias da cidade, como a Avenida Conselheiro Nébias, que transpassa a cidade de Santos do cais à orla. Os levantamentos apresentados a seguir ultrapassam os limites de bairro a fim de caracterizar uma região desvalorizada, porém com grande potencial, que não se limita ao Paquetá, tendo como foco das observações discutidas o terreno escolhido para implantação do projeto. caracterização

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a | Uso do Solo Levantamento realizado pela autora entre março e abril de 2015.

Predominantemente comercial, o Bairro Paquetá e as quadras mais próximas ao seu entorno apresentam terrenos com maiores dimensões do que outros bairros centrais, como Centro e Valongo, a fim de abrigar armazéns e galpões de empresas ligadas ao transporte portuário. O comércio existente na região limita-se ao atendimento local, com pequenos varejos e número excessivo de bares.

Residencial Comercial Serviços Institucional Público Institucional Privado Industrial Lote Vazio Imóvel Fechado Terreno Escolhido 24 | caracterização

À leste do bairro, na região denominada Outeirinhos, estão presentes novos armazéns em substituição aos antigos, exemplares ainda remanescentes ao norte do bairro e atualmente em situação de degradação pela falta de uso. A presença de imóveis fechados e lotes vazios contribui para a insegurança que predomina no bairro, tornando a região atrativo de moradores de rua e usuários de drogas. As poucas habitações encontradas são em sua maioria cortiços e pensionatos, à exceção de dois conjuntos habitacionais [01 e 02], um deles ainda em fase de construção [02]. Não há uma região predominantemente residencial, sendo as localizações dispersas pelo bairro em meio ao uso de serviços portuários. Caracterizam o uso industrial o Moinho de Trigo [03] da empresa Bunge Alimentos e o Moinho Santista [04], presente no bairro desde a primeira metade do século XX e atualmente integrante do grupo Bunge.


[03]

[02]

[01] 200m

350m

[04]

500m

0

50 10

200 100

Escala: 1:5000 caracterização

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b | Gabarito Levantamento realizado pela autora entre março e abril de 2015.

A região do Paquetá e seu entorno apresenta característica comum aos bairros mais antigos através da predominância de construções com baixo gabarito, configurando horizontalidade. As construções acima de cinco pavimentos são pontuais, com exemplares mais recentes como o Edifício Tribuna Square e prédios comerciais próximos ao Centro. Anterior a essas construções, entretanto, somente os moinhos e a Catedral se sobrepunham às outras edificações através da altura.

Sem construção Térreo Térreo + 1 Pavimento Térreo + 2 Pavimentos Térreo + 3 Pavimentos 5 Pavimentos ou mais Terreno Escolhido 26 | caracterização


200m

350m

500m

0

50 10

200 100

Escala: 1:5000 caracterização

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c | Níveis de Proteção Dados do Programa Alegra Centro

O Programa de Revitalização e Desenvolvimento da Região Central Histórica de Santos, Alegra Centro, visa valorizar o patrimônio cultural por meio de incentivos à implantação de empreendimentos comerciais e turísticos nas regiões do Valongo, Centro, Paquetá e Vila Nova, proporcionando desenvolvimento da área central. Os bens tombados com nível de proteção 1 devem ser preservados integralmente, interna e externamente; os de nível de proteção 2 exigem preservação parcial, incluindo fachadas, volumetria e telhado, enquanto os classificados com nível de proteção 3 (a ou b) devem atentar-se à volumetria dos bens tombados existentes na mesma testada. São poucos os imóveis localizados no Paquetá tombados, limitando-se aos moinhos, armazéns e ao cemitério, e seus respectivos entornos. Conforme a proximidade com o bairro Centro, observa-se o crescimento da intenção de preservação dos bens culturais.

Nível de Proteção 1 Nível de Proteção 2 Nível de Proteção 3 Terreno Escolhido 28 | caracterização


200m

350m

500m

0

50 10

200 100

Escala: 1:5000 caracterização

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d | Zona Especial de Interesse Social Dados da Prefeitura Municipal de Santos

O Plano Diretor de Santos, datado de 2013, delimita três Zonas de Interesse Especial no município, sendo a terceira localizada entre os bairros Paquetá e Vila Nova. Para esta, determina-se o desenvolvimento de programas e projetos habitacionais destinados à população residente nas moradias plurihabitacionais existentes na respectiva ZEIS. Abrangendo grande parcela dos cortiços da região, a ZEIS conta com um projeto de habitação da Prefeitura Municipal de Santos em parceria com Associações e Cooperativas do bairro denominado Condomínio Residencial Vanguarda [1], composto por 113 unidades habitacionais em fase de construção.

Delimitação ZEIS Cortiços Terreno Escolhido 30 | caracterização


[1]

200m

350m

500m

0

50 10

200 100

Escala: 1:5000 caracterização

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200m 350m 500m

0 50 10

200 100

Escala: 1:8500 32 | caracterização

500


e | Fluxo Viário Dados da Prefeitura Municipal de Santos

Estrategicamente localizado, o terreno escolhido para o projeto final deste estudo possui como limitantes as principais vias de acesso à região central da cidade de Santos: a Avenida Conselheiro Nébias, única a atravessar o município da orla ao porto e importante via comercial da cidade; e a Rua João Pessoa, acesso dos veículos provenientes da Avenida Perimetral e caminho para a saída de Santos, sentido capital. Predominantemente leve e moderado, o fluxo nas vias locais possui grande influência dos usos presentes no bairro, sendo o principal trânsito de caminhões. De extrema importância para a cidade pela ligação direta com o Distrito de Vicente de Carvalho, no Guarujá, a Bacia do Mercado Municipal está diretamente ligada ao bairro através da Rua Doutor Cochrane, sendo esta integrante do trajeto dos ônibus municipais com destino à Avenida Perimetral. Fluxo Leve Fluxo Moderado Fluxo Intenso Fluxo Intenso (predominância de caminhões) Terreno Escolhido caracterização

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200m 350m 500m

0 50 10

200 100

Escala: 1:8500 34 | caracterização

500


f | Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) Dados da Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos (EMTU)

O VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) da Baixada Santista é o primeiro do Estado de São Paulo e tem por finalidade reestruturar o sistema de transporte municipal e intermunicipal das nove cidades integrantes da Região Metropolitana, através da redução do tempo de viagem e diminuição da frota de ônibus, melhorando o intenso tráfego. Com previsão para iniciar as operações em dezembro de 2015, a primeira etapa da obra, que compreende o trajeto de ligação entre Santos e São Vicente, encontra-se em fase de construção (dados oficiais da Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos), com testes iniciados somente no município de São Vicente.

São Vicente Santos

Praia Grande

Guarujá

O segundo trecho, ainda sem data oficial para início, prevê a passagem pelos bairros do centro da cidade, interligado ao primeiro trecho na Avenida Afonso Pena. O trajeto ligará os principais acessos à cidade – Bacia do Mercado, Terminal Urbano e Rodoviária Municipal – passando pela Rua João Pessoa, principal via comercial da região central. Trajeto Intermunicipal Trajeto Previsto Terreno Escolhido caracterização

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200m 350m 500m

0 50 10

200 100

Escala: 1:8500 36 | caracterização

500


g | Ciclovia Dados da Prefeitura Municipal de Santos

Importante meio de transporte na cidade, o uso de bicicletas tem sido valorizado pela Prefeitura Municipal de Santos através da implantação de novas ciclovias, formando uma malha mais densa e acessível e proporcionando segurança aos usuários, além do Programa Bike Santos, que disponibiliza bicicletas para os munícipes em diversos pontos da cidade. Atualmente o acesso ao Centro da cidade é feito por meios da Avenida Perimetral portuária e pelo túnel, ambas ciclovias culminando em uma principal que percorre toda a Rua João Pessoa. Está previsto a implantação de um novo trecho ligando a Bacia do Mercado à cidade através da Avenida Campos Sales.

Trajeto Consolidado Trajeto Previsto Terreno Escolhido caracterização

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200m 350m 500m

0 50 10

200 100

Escala: 1:8500 38 | caracterização

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h | Equipamentos Turísticos Dados da Prefeitura Municipal de Santos

O Centro Histórico de Santos conta com grande quantidade de equipamentos culturais e religiosos que o caracterizam como pólo turístico da região. Todos contemplados pelo programa Alegra Centro, apresentado anteriormente, alguns ainda passam por processo de restauro e preservação, como é o caso da Casa de Câmara e Cadeia localizada na Praça dos Andradas, sendo promissores pontos de requalificação da área onde estão inseridos.

Terreno Escolhido caracterização

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200m 350m 500m

0 50 10

200 100

Escala: 1:8500 40 | caracterização

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i | Equipamentos de Saúde Dados da Prefeitura Municipal de Santos

O Paquetá conta atualmente com uma Unidade Básica de Saúde, localizada no extremo nordeste do bairro, cercada pelos armazéns e transportadoras predominantes na região, sendo seu raio de atendimento expandido aos moradores dos bairros vizinho (Centro, Valongo e Vila Nova), que não contam com oferecimento exclusivo desse tipo de equipamento. Duas Unidades de Apoio à Família estão presentes no setor levantado nesse estudo, que atuam como apoio técnico à Unidade Básica de Saúde, através do fornecimento de materiais, manutenção dos equipamentos, informatização e divulgação dos programas de saúde nesse estabelecimento.

Terreno Escolhido caracterização

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200m 350m 500m

0 50 10

200 100

Escala: 1:8500 42 | caracterização

500


j | Unidades de Educação Dados da Prefeitura Municipal de Santos

Apesar do amplo atendimento da rede escolar pública municipal e estadual no município, o bairro Paquetá é o único que não possui unidades instaladas dentro de seus limites para atender diretamente seus habitantes. A partir do terreno escolhido para a implantação do projeto proposto, as unidades mais próximas estão a pouco mais de 500 metros de distância. Dentro da deficiência de equipamentos educacionais que ocorre na região mostrada, socialmente a maior carência é de pré-escolas, deficiência essa que se aplica a todo o território municipal, já que menos de 44% da demanda é atendida. As unidades escolares da rede pública oferecidas nas proximidades do bairro Paquetá são de caráter unicamente educacional, possuindo grade curricular básica. O Colégio Santista (antigo Colégio Marista), localizado no bairro Vila Nova, é o único na região a oferecer creche em período integral, além de abranger o Centro de Atividades Integradas de Santos (CAIS), promotor de trabalhos capacitadores em artes plásticas e música através de aulas práticas e teóricas.

Terreno Escolhido caracterização

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09 | Escola Barnabé Fonte: Blog Artefato Cultural Disponível em: http://www. artefatocultural.com.br/portal/ index.php?secao=news&id_noticia=33&subsecao=31, acessado em 14 de maio de 2015.

10 | Escola Acácio de Paula Leite Sampaio Fonte: Panoramio Disponível em: http://www.panoramio.com/photo/29772875, acessado em 14 de maio de 2015.

11 | Colégio Santista 10

Fonte: Diário do Litoral Disponível em: http://www.diariodolitoral.com.br/conteudo/15106santos-tera-centro-de-pesquisada-petrobras, acessado em 14 de maio de 2015.

12 | UME Mário de Almeida Alcântara Fonte: UME Mário de Almeida Alcântara Disponível em: http://www.novomilenio.inf.br/santos/h0250v10. htm, acessado em 14 de maio de 2015.

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44 | caracterização


caracterização

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capítulo 2 | ESCOLAS

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“[...] Por que não considerar em cada bairro – a escola, o grupo escolar, como fonte de energia educacional, como ponto de reunião social, como sede das sociedades de “amigos do bairro”, como ponto focal de convergência dos interesses que mais de perto dizem com a vida laboriosa de suas populações?” DUARTE, Hélio. O problema escolar e a arquitetura, in Revista Habitat nº4, 1951

| CAPA CIEP Joadelho Codeço Fonte: Blog Joadelho Cadeço Disponível em: http://ciep121pjc.blogspot.com.br/p/ nossa-historia.html, acessado em 28 de abril de 2015.

A segunda metade do século XX apresentou mudanças nos conceitos educacionais que foram expressos também na arquitetura. Através de um breve panorama histórico, analisando e comparando projetos de diferentes períodos, o capítulo a seguir revela o desenvolvimento da arquitetura escolar brasileira, bem como de exemplos internacionais relevantes, até os dias atuais, apontando referências significativas para a afirmação de tipos arquitetônicos. escolas

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2.1 | Antes da Escola Nova

Edifícios voltados ao ensino refletem as alterações que ocorrem no perfil da instituição escolar conforme o progresso social e o desenvolvimento do campo pedagógico. A arquitetura escolar presente após a Proclamação da República apresentava monumentalidade similar a palacetes desde seus acessos, através de grandes escadarias, até a ornamentação das fachadas. O advento da Escola Nova4, aplicado inicialmente na Europa e Estados Unidos, inovou a pedagogia aplicada nas escolas, abrindo espaço para uma arquitetura que visava a relação entre interior e exterior nas salas de aula e a valorização das diferentes funções dentro do complexo escolar. Concomitante ao Movimento Moderno, esses conceitos foram adotados em diferentes programas educacionais no Brasil e os projetos deixaram de apresentar as soluções geométricas simples, simétricas e sem recortes que as escolas construídas até a primeira metade do século possuíam. As escolas resultantes de tal mudança procuraram tornar o espaço mais flexível e passível de alterações conforme as evoluções pedagógicas. Assim,

“[...] dinamizar o espaço físico é torna-lo mais atraente à aprendizagem dos alunos, 50 | escolas

é tornar toda sala de aula um ambiente estimulante à aprendizagem de diferentes conteúdos.” 5 Exemplares desse período inicial da Primeira República são as Escolas Normais de São Paulo, criadas na década de 1890, que objetivavam mudar a forma com que a educação básica era oferecida nos períodos colonial e imperial. O primeiro exemplar das Escolas Normais Paulistas, construído em 1984, foi a Escola Caetano de Campos, atualmente ocupado pela Secretaria de Educação do Estado. Originalmente com dois pavimentos, foi acrescido de um terceiro a fim de receber a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, além do acréscimo de salas de aula e auditório nos anos seguintes.

4. A Escola Nova foi um movimento de renovação do ensino surgido no final do século XIX que ganhou notoriedade na primeira metade do século XX. 5. CASTRO, 2001.


13 | Edifício Caetano de Campos Primeira Escola Normal de São Paulo Fonte: Blog Rodrigo Piscitelli Disponível em: http://rodrigopiscitelli2.blogspot.com. br/2013/10/semana-em-fotos-2.html, acessado em 18 de maio de 2015.

13 escolas

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Imagem 01 | Planta Térreo - Escola Normal Caetano de Campos Elaboração da autora.

1

1 2

acesso feminino

acesso masculino

acesso principal A arquitetura opulenta com traços ecléticos transmitia as mudanças que ocorriam no sistema de ensino no Estado, até o momento limitado a instituições religiosas. É possível observar resquícios da configuração espacial presente em conventos no edifício da Escola Normal, com as salas voltadas para um pátio interno. O setor administrativo tem pouco expressão no edifício, limitando-se a dois espaços para a diretoria e professores, sendo as salas de aula compondo quase 90% da área total. Os acessos ao interior da Escola são demarcados por grandes escadarias, com as laterais para alunos (à direita meninos e à esquerda meninas). A planta simétrica é também reflexo da separação por gênero presente no período, necessitando duplicidade de todos os ambientes oferecidos. 52 | escolas

SETOR EDUCACIONAL

1. Salas de Aula 2. Auditório

SETOR ADMINISTRATIVO SETOR RECREATIVO (Pátio)


14 | Escola Caetano de Campos Fonte: Site Caetano de Campos Disponível em: http://www. iecc.com.br/historia-da-escola/arquitetura/223/reformas-arquitetonicas-no-iecc, acessado em 21 de maio de 2015. 15 | Construção do auditório em 1940 Fonte: Site Caetano de Campos Disponível em: http://www. iecc.com.br/historia-da-escola/arquitetura/223/reformas-arquitetonicas-no-iecc, acessado em 21 de maio de 2015. 16 | Vista aérea Fonte: IECC Memórias Disponível em: https://ieccmemorias.wordpress. com/2011/07/31/veja-o-iecaetano-de-campos-e-o-largo-do-arouche-em-1958/, acessado em 21 de maio de 2015.

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16 escolas

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2.2 | Escola-Parque

Inspirado no sistema de ensino platoon6 aplicado nas escolas comunitárias norte-americanas, o conceito escola-parque desenvolvido pelo então Secretário da Educação do Estado da Bahia Anísio Teixeira7, no ano de 1947 em Salvador, propunha uma educação dirigida complementar à educação da sala de aula. Com projeto do arquiteto Diógenes Rebouças , o conjunto escola-parque de Salvador inaugurado em 1950, nomeado Centro Educacional Carneiro Ribeiro, é composto por quatro escolas-classe construídas no entorno de uma escola-parque. Em casa escola-classe são aplicadas as disciplinas fundamentais, sendo as atividades específicas aplicadas na escola-parque (como educação física, social, artística e industrial), complementares à formação do aluno. Em um sistema de turnos alternados, os alunos dispõem de auditório, ginásio, salas de música, aulas de arte e literatura, atividades vocacionais e artes manuais, além de clínicas médicas e biblioteca para uso livre. 8

Em seu texto Um presságio de progresso, publicado na revista Habitat nº 04, de 1951, Anísio Teixeira ressalta a importância do projeto arquitetônico na educação: 54 | escolas

“[...] Reconheçamos, entretanto, que nenhum outro elemento é tão fundamental, no complexo da situação educacional, depois do professor, quanto o prédio e suas instalações.” A proposta da escola de atuar como centro de convívio da comunidade, baseado na Escola Nova, serviu de inspiração para futuros projetos escolares no Brasil, que passaram a atuar como centros culturais e sociais, além de educacionais.


17 | Biblioteca do Centro Educacional Carneiro Ribeiro Fonte: Escola-Parque Salvador Disponível em: http://www. escolaparquesalvador.com. br/?cat=8, acessado em 20 de abril de 2015.

6. O sistema platoon, criado em Detroit, nos Estados Unidos, buscava aperfeiçoar e adequar a ensino elementar norte-americano ao progresso da sociedade através do uso simultâneo de salas divididas em dois blocos (atividades fundamentais e especiais). 7. Anísio Teixeira (1900-71), jurista, escritor, educador e intelectual brasileiro, é considerado grande idealizador das mudanças na educação brasileira no século XX. Foi um dos idealizadores do movimento Escola Nova na década de 1930, que defendia a universalização da escola pública, laica e gratuita. Seguidor do pensamento de John Dewey (1852-1952), onde a educação deve concentrar-se no desenvolvimento crítico do aluno. 8. Diógenes Rebouças (19141994) foi um arquiteto, professor e artista baiano de grande influência na modernização urbana da cidade de Salvador nas décadas de 1940-60.

17 escolas

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18 | Ginásio (concluído em 1959) Fonte: Site Diógemes Rebouças Disponível em: http://www. diogenesreboucas.com.br/ centro-educacional-carneiro-ribeiro-escola-parque/, acessado em 22 de abril de 2015. 19 | Refeitório (concluído em 1962) Fonte: Site Diógemes Rebouças Disponível em: http://www. diogenesreboucas.com.br/ centro-educacional-carneiro-ribeiro-escola-parque/, acessado em 22 de abril de 2015. 18

A configuração mista de usos na escola-parque permite diferentes atividades concomitantemente, suprindo as necessidades familiares que os alunos sofrem, desde apoio nutricional ao desenvolvimento de atividades específicas e profissionalizantes em oficinas esquipadas de uso livre. A disposição dos equipamentos oferecidos cria um fluxo de circulação cruzada capaz de promover encontros numa grande praça central, com atividades ao ar livre e espaços cobertos compartilhados. 19

“[...] Essa nova escola, já agora para todos ou, pelo menos, para muitos, não tinha por objetivo preparar os especialistas das letras, das ciências e das artes, mas o homem comum, para o trabalho ou o ofício, tornado êste, pelo desenvolvimento da civilização, suficientemente técnico para exigir também treinamento escolar especial.” TEIXEIRA, Anísio. Educação no Brasil. São Paulo: Companhia Ediitorial Nacional, 1969.

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56 | escolas

20 | Pavilhão de Trabalho (concluído em 1955) Fonte: Site Diógemes Rebouças Disponível em: http://www. diogenesreboucas.com.br/ centro-educacional-carneiro-ribeiro-escola-parque/, acessado em 22 de abril de 2015.


Imagem 02 | Esquema do Centro Educacional Carneiro Ribeiro Elaboração da autora.

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1

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4 2

3

1

8

9

1

SETOR EDUCACIONAL

1. Escola Classe 2. Biblioteca 3. Auditório 4. Pavilhão de Trabalho SETOR ADMINISTRATIVO 5. Administração 6. Refeitório SETOR RECREATIVO 7. Atividades Socializantes 8. Teatro ao Ar Livre 9. Ginásio escolas

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21 | EE Brasílio Machado Fonte: Metrópole Arquitetos Disponível em: http://metropole.arq.br/E-E-Brasilio-Machado, acessado em 27 de abril de 2015.

21

58 | escolas


2.3 | Convênio Escolar

O crescimento populacional da cidade de São Paulo, na década de 1950, levou a um acordo entre Estado e Município para a construção de escolas em todos os níveis educacionais (com exceção do ensino superior), a fim de suprir a deficiência na relação escola x alunos. Formou-se um grupo de trabalho denominado Comissão do Convênio Escolar, sob direção do arquiteto Hélio Duarte9, com o intuito de projetar os novos grupos escolares, determinar os locais que esses projetos seriam implantados (através de um levantamento da densidade infantil, até então inexistente) e propostas de melhorias aos problemas encontrados em escolas de períodos anteriores que ainda estivessem em pleno funcionamento.

9. Hélio de Queiroz Duarte (19061989), arquiteto formado pela Escola Nacional de Belas Artes, professor e criador do primeiro programa de pós-graduação em arquitetura do Brasil, implantado na FAU/USP em 1970.

fia, ciências e trabalhos manuais); museu escolar, colocado na entrada do grupo como passagem para estimular o interesse das crianças; biblioteca; área para ginástica programada. 2. Setor de Recreação, contando com galpão para recreio coberto e cinema educativo (auditório com palco). 3. Setor Administrativo, composto por administração (diretoria, secretaria, arquivo, depósito de material escolar, sala dos professores, biblioteca didática, almoxarifado), assistência (social, médica, odontológica e nutricional) e zeladoria. Os grupos escolares atuavam ainda como centro social do bairro inserido.

A Comissão determinou o planejamento e construção de 100 grupos escolares (atendimento total a 48000 crianças), com bibliotecas, parques infantis e instituições auxiliares num prazo de 5 anos, projetos esses influenciados pelo conceito de Escola-Parque aplicado por Anísio Teixeira em Salvador (BA).O programa básico inicial de cada grupo escolar contava com 3 setores, divididos em volumes distintos: 1. Setor de Ensino, com 12 salas de aula, sendo 4 com maiores dimensões para as classes especiais (geograescolas

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Imagem 03 | Esquema da EE Brasílio Machado Elaboração da autora.

Pavimento Superior

Pavimento Térreo

acesso principal

SETOR EDUCACIONAL SETOR ADMINISTRATIVO SETOR RECREATIVO

60 | escolas

Corte Esquemático


22 | EE Brasílio Machado Fonte: Blog Física Moderna Disponível em: http://fisicamoderna.blog.uol.com.br/images/AVA_24mar2012_03G. jpg, acessado em 18 de maio de 2015. 23 | EE Brasílio Machado Fonte: ABREU, Ivanir Reis Neves. Convênio Escolar: utopia construída. São Paulo, 2007. 24 | EE Brasílio Machado Fonte: Metrópole Arquitetos Disponível em: http://metropole.arq.br/E-E-Brasilio-Machado, acessado em 27 de abril de 2015.

22

Os projetos variavam conforme as possibilidades que o terreno permitia e sua relação com o entorno, gerando características singulares que os diferenciam. A Escola Estadual Brasílio Machado, usada como exemplo para análise da setorização utilizada no período do Convênio, possuiu gabarito baixo - somente dois pavimentos -, sendo o superior composto exclusivamente de salas de aula. Serviços para alunos e comunidade compõem o pavimento térreo, formado por grandes áreas cobertos e descobertos para fim recreativo. Os ambientes administrativos são dispersos pelo pavimento, mesclando-se com os usos sociais, permitindo que toda a área seja utilizada inclusive fora do horário comercial usual, não criando áreas ociosas nesses períodos.

23

24 escolas

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2.4 | CIEP

(Centro Integrado de Educação Pública)

A fim de oferecer educação de qualidade para a população mais carente do Estado do Rio de Janeiro, os Centros Integrados de Educação Pública partiram de uma iniciativa governamental inspirada nas idéias da Escola Nova pré-implantadas no ensino público por Anísio Teixeira na década de 1930, mas somente executadas em Salvador no ano de 1950. O projeto educacional, liderado por Darcy Ribeiro10 durante o governo de Leonel Brizola, teve assinatura do arquiteto Oscar Niemeyer nos projetos arquitetônicos, que ofereciam atividades culturais e estudos dirigidos. Diferencia-se das propostas anteriores por apresentar um bloco de dormitórios destinados à alunos sem moradia fixa. A construção pré-moldada garantia a rapidez necessária na construção desses Centros e barateava os custos, permitindo que mais de 500 unidades fossem construídas nos dois mandatos de Brizola (1983-1987 e 1991-1994).

25

62 | escolas


25 | CIEP Fonte: Fundação Niemeyer Disponível em: http://www.niemeyer.org.br/sites/default/files/repositorio/PRO192/PRO192-FOT0001-001-G.JPG, acessado em 18 de maio de 2015.

26 | CIEP Oswaldo Aranha Fonte: Blog CIEP Brizolão Disponível em: https://ciep244. wordpress.com/tag/patio/, acessado em 18 de maio de 2015.

10. Darcy Ribeiro (1922-1997) foi um antropólogo, escritor e político notabilizado por trabalho na área da educação e sociologia e um dos fundadores da Universidade de Brasília no início da década de 1960.

26 escolas

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27 | CIEP Nelson Rodrigues Fonte: Wikimedia Disponível em: http:// upload.wikimedia.org/ wikipedia/commons/b/ b2/2011-06-12_CIEP_Brizol%C3%A3o_172_N%C3%A9lson_Rodrigues.JPG, acessado em 18 de maio de 2015. 28 | Circulaçãp Fonte: The Guardian Disponível em: http://www. theguardian.com/artanddesign/architecture-design-blog/2013/mar/15/flatpack-flexible-oscar-niemeyer-schools, acessado em 18 de maio de 2015.

27

29 | Croqui Fonte: Fundação Niemeyer Disponível em: http://www. niemeyer.org.br/?q=gm5/ ajax/detalhe-obra/3742, acessado em 18 de maio de 2015.

28

Os CIEPs possuem o mesmo partido arquitetônico em todos seus edifícios, diferentemente dos projetos desenvolvidos em São Paulo no período do Convênio Escolar, criando uma massificação da arquitetura escolar.

29

64 | escolas

A setorização do programa dá-se semelhante ao projeto analisado anteriormente, com as salas de aula exclusivamente nos pavimentos superiores, permitindo que as atividades abertas ao público se localizem no pavimento térreo. Conta ainda com áreas diversas de convívio e esportes, cobertas e descobertas.


Imagem 04 | Esquema do CIE`P Elaboração da autora.

4

5 2 3 praça

1

acesso principal

SETOR EDUCACIONAL

acesso serviço

1. Projeção Pav. Superior (Salas de Aula) 2. Biblioteca

SETOR ADMINISTRATIVO SETOR RECREATIVO

3. Quadras 4. Salão Polivalente 5. Horta escolas

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30 | FDE Campinas Fonte: ArchDaily DisponĂ­vel em: http://www.archdaily.com.br/br/01-25980/ escola-de-ensino-fundamental-fde-campinas-f1-mmbb, acessado em 18 de maio de 2015.

30

66 | escolas


2.5 | FDE

(Fundação para o Desenvolvimento da Educação)

Criada em 1987, a FDE abrange todos os órgãos estaduais relativos à educação no Estado de São Paulo a fim de implantar e gerenciar programas e projetos que garantam o aprimoramento da rede pública estadual de ensino. Sua abrangência social é limitada se relacionada à programas como a Escola Parque, porém determina os parâmetros necessários para obter uma arquitetura escolar de qualidade construtiva. Os projetos são desenvolvidos por diferentes escritórios, desvinculando-os da massificação presente em programas como o CIEP, apresentado anteriormente. O partido arquitetônico é desenvolvido especificamente para a região onde será implantado, tendo como limitador somente as especificações técnicas exigidas pela Fundação. A contratação de profissionais e escritórios de arquitetura desvinculados ao serviço público foi uma iniciativa anteriormente adotada pelo FECE11, antecessor da FDE.

11. Fundo Estadual de Construções Escolares (1960-1975), destinado a elaborar, desenvolver e custear construções e ampliações de escolas públicas estaduais. escolas

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Os projetos da Fundação caracterizam-se por sua implantação em áreas de periferia urbana, dispondo de terrenos limitados em tamanho e, por vezes, em declividade. A função predominante é a atuação escolar, porém disponibiliza atividades culturais diferenciadas, sendo todo o programa desenvolvido em um único edifício. A verticalização do projeto permite criar espaços de atividades esportivas e convivências com pé direito duplo ou triplo, e a linearidade propicia aberturas e campos visuais entre os pavimentos e para o entorno, conectando interior e exterior.

31 | FDE Jardim Ataliba Leonel Fonte: SPBR Arquitetura Disponível em: http://www. spbr.arq.br/portfolio-items/ escola-fde-jardim-ataliba-leonel-2/, acessado em 18 de maio de 2015. 32 | FDE Jardim Ataliba Leonel Fonte: SPBR Arquitetura Disponível em: http://www. spbr.arq.br/portfolio-items/ escola-fde-jardim-ataliba-leonel-2/, acessado em 18 de maio de 2015. 33 | FDE Jardim Ataliba Leonel Fonte: SPBR Arquitetura Disponível em: http://www. spbr.arq.br/portfolio-items/ escola-fde-jardim-ataliba-leonel-2/, acessado em 18 de maio de 2015.

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32

68 | escolas

33


Imagem 05 | Esquema da Escola Jardim Ataliba Elaboração da autora.

Pavimento Térreo

Pavimento Superior

SETOR EDUCACIONAL SETOR ADMINISTRATIVO

Corte Esquemático

SETOR RECREATIVO escolas

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2.6 | CEU

(Centro Educacional Unificado)

Semelhantes aos projetos realizados anteriormente, os Centros Educacionais Unificados, desenvolvidos pelo Departamento de Edificações da Prefeitura de São Paulo nos últimos anos, caracterizam-se como polos reguladores da sociedade em que estão inseridos, uma ocupação em áreas com déficit de infraestrutura urbana que traz benefícios para a comunidade do seu entorno através de um complexo público de uso múltiplo. Segundo o portal da Secretaria Municipal de Educação da Prefeitura de São Paulo12, os CEUs contam com: Centro de Educação Infantil (CEI) para crianças de zero a três anos; Escola Municipal de Educação Infantil (EMEI) para alunos de quatro a cinco anos; Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) e ensino para jovens e adultos (EJA).

das em um bloco secundário, dispondo de anfiteatro, salas de ginástica e espaços para atividades culturais. O Centro é composto ainda por uma creche diretamente vinculada ao bloco escolar e por um conjunto aquático, quadras poliesportivas e pista de skate, além das áreas de convivência formadas entre tais espaços. Os Centros mais recentes possuem uma configuração diferente das primeiras propostas, assemelhando-se aos projetos desenvolvidos pela Fundação do Desenvolvimento da Educação (FDE), como será apresentado no próximo capítulo com a análise do Centro Educacional Unificado Pimentas, localizado em Guarulhos.

A gestão dos Centros é compartilhada entre a prefeitura da cidade e a comunidade onde está inserido, através de um Grupo Gestor. Os primeiros CEUs implantados no Estado de São Paulo – CEU Rosa da China e CEU Jambeiro – possuem uma clara divisão das funções oferecidas por diferentes blocos. O edifício principal conta com as salas de aula do ensino regular, enquanto as atividades extracurriculares são ofereci70 | escolas

12. http://portalsme.prefeitura.sp. gov.br/


34 | CEU Jambeiro PrĂŠdio Principal Foto: acervo pessoal, datada de 16 de maio de 2015.

34 escolas

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35 | CEU Jambeiro Foto: acervo pessoal, datada de 16 de maio de 2015. 36 | CEU Jambeiro Foto: acervo pessoal, datada de 16 de maio de 2015.

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37 | Vista AĂŠrea CEU Jambeiro Fonte: ArcoWeb DisponĂ­vel em: http://arcoweb.com.br/projetodesign/ arquitetura/alexandre-delijaicov-andre-takiya-e-wanderley-ariza-centros-educacionais-23-10-2003, acessodo em 22 de maio de 2015,


Imagem 06 | Esquema do CEU Jambeiro Elaboração da autora.

acesso

3

3

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5

1 3

2

acesso Implantação

acesso

Corte Longitudinal

Corte Transversal

SETOR EDUCACIONAL

1. Salas de Aula 2. Creche

SETOR ADMINISTRATIVO SETOR RECREATIVO

3. Quadras 4. Bloco Cultural 5. Piscinas escolas

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2.7 | Exemplos Nacionais e Internacionais

Pioneiro no estudo da relação arquitetura x educação, Richard Neutra13 desenvolveu pesquisas e projetos a fim de proporcionar às crianças usuárias desses espaços um aprendizado relacionado aos sentidos, através da utilização do espaço natural inserido nas salas de aula. A Corona School (1935), atualmente chamada Bell Avenue School, na Califórnia, é um dos principais exemplos desse uso, com salas abertas para grandes jardins que atuam como extensões da aula. Suas pesquisas na América Latina foram influências para os futuros programas educacionais implantados no Brasil, principalmente a respeito da organização espacial dentro do projeto. Em meados dos anos 1960 desenvolvia-se na Europa técnicas a fim de baratear e agilizar as construções, sendo essas trazidas para o Brasil por arquitetos como João Filgueiras Lima, o Lelé, que exemplifica essas aplicações dentro da arquitetura escolar com projetos rurais para a região de Abadiânia, interior de Goiás, trazendo arquitetura de qualidade para áreas carentes. A utilização da obra arquitetônica como ponto de revitalização de regiões periféricas e necessitadas de equipa74 | escolas

mentos públicos tem proporcionado exemplos de qualidade projetual e construtiva ao redor do mundo. Recentemente realizado, o projeto da Escola Antônio Derka, em Medellín, Colômbia, do escritório colombiano Obranegra Arquitectos, é implantado no centro de uma favela, semelhante às propostas adotadas no Brasil através da FDE e, principalmente, dos CEUs. Projetos como a Escola Parque Arte e Ciência, localizada em Santo André e projetada pelo arquiteto Paulo Mendes da Rocha a partir de 2003 e a Arena do Morro em Natal, pelo escritório Herzog & De Meuron entre 2011 e 2014, atuam como extensões de instituições públicas de ensino, oferecendo cultura e, no caso de Natal, esporte.

13. Richard Neutra (1892-1970) foi um arquiteto austro-americano da terceira geração do Movimento Moderno.


37 | Corona School Disponível em: http://archvicmag.com.au/2015-summer/ ovga-message-5/, acessado em 24 de maio de 2015. 38 | Corona School Disponível em: http://en.wikiarquitectura.com/index.php/ Corona_School, acessado em 01 de julho de 2015. 39 | Escola Parque Arte e Ciência Fonte: MMBB Arquitetos Disponível em: http://www. mmbb.com.br/projects/fullscreen/41/1/773, acessado em 24 de maio de 2015.

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40 | Escola Antônio Derka Fonte: Obranegra Arquitectos Disponível em: http://www. obranegra.com/, acessado em 02 de maio de 2015. 41 | Arena do Morro Fonte: Herzog & De Meuron Disponível em: http://www. herzogdemeuron.com/index/ projects/complete-works/ 351-375/354-1-arena-domorro.html, acessado em 24 de maio de 2015.

39 escolas

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42 | Escola Parque Arte e Ciência Fonte: MMBB Arquitetos Disponível em: http://www. mmbb.com.br/projects/fullscreen/41/1/773, acessado em 24 de maio de 2015.

42

76 | escolas


escolas

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2.8 | Quadro Síntese

SÉCULO XIX

- planta simétrica; - separação por gêneros; - pátio interno. 78 | escolas

ESCOLA-PARQUE

-

programa dividido em blocos; usos diversos concomitantes; circulação cruzada; espaços compartilhados.

CONVÊNIO ESCOLAR

- espaços de convívio cobertos e descobertos; - térreo administrativo e social; - segundo pavimento de salas de aula.


SETOR EDUCACIONAL SETOR ADMINISTRATIVO SETOR RECREATIVO

CIEP

- espaços de convívio cobertos e descobertos; - térreo administrativo e social; - segundo pavimento de salas de aula.

FDE

- programa disposto em um edifício único; - projetos verticalizados; - pátios e quadras internas.

CEU

- uso múltiplo (educacional, cultural e lazer); - atuação em áreas degradadas. escolas

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80 | anรกlises


capítulo 3 | ANÁLISES

81


82 | anรกlises


| CAPA CEU Pimentas Foto: Acervo pessoal, datada de 16 de maio de 2015.

O desenvolvimento da arquitetura escolar apresentado no capítulo anterior oferece ao leitor uma introdução às análises apresentadas a seguir, feitas de maneira mais aprofundada e direcionadas a pontos específicos relevantes para a concepção do projeto final deste estudo. Os projetos estudados possuem características diferentes entre si, desde a dimensão ao programa, porém tratam de maneira eficaz a mesma problemática apresentada nos levantamentos de campo do bairro Paquetá: precariedade dos equipamentos públicos de educação, lazer e atendimento social. análises

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3.1 | CEU Pimentas Biselli + Katchborian Arquitetos Construção: 2008-2010 Área construída: 16000m² Área do terreno: 30780m²

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84 | análises


43 | Praça Interna Foto: Acervo pessoal, datada de 16 de maio de 2015. 44 | Corte Esquemático Fonte: Biselli + Katchborian Disponível em: http://www. bkweb.com.br/projects/public/centro-de-artes-e-educac-o-dos-pimentas/, acessado em 29 de abril de 2015.

44

Localizado no Distrito dos Pimentas, em Guarulhos, o Centro Educacional Unificado Pimentas é um dos exemplares mais recentes dos CEUs construídos no Estado de São Paulo, e o primeiro do município de Guarulhos. A implantação do CEU na região dos Pimentas está inclusa em uma série de investimentos públicos e privados ocorridos nos últimos dez anos no distrito, como equipamentos de saúde e lazer, a fim de receber a crescente demanda populacional da cidade de Guarulhos, município mais populoso14 do Estado perdendo somente para a capital. O surgimento do Distrito de Pimentas data da metade do século XX, decorrente do grande fluxo migratório de trabalhadores da região nordestina do Brasil para o sudeste. Devido ao custo alto da moradia na região central da cidade, instalavam-se na periferia aqueles que tinham menor condições econômicas, surgindo pequenos comércios e, principalmente, atividade oleira.

14. Dados do Instituto Brasileira de Geografia e Estatística.

A falta de investimentos públicos e atendimento básico da rede de saneamento, unida à grande quantidade de assentamentos precários levou à favelização da região. A

construção do CEU proporcionou, em um mesmo equipamento, ensino, lazer e esporte para os moradores da região e entorno. Atualmente dois conjuntos habitacionais estão em fase de conclusão nas proximidades do Centro Educacional, além das melhorias de pavimentação. A topografia plana do terreno escolhido para implantar o equipamento, unido à sua linearidade, foram determinantes para a concepção formal do projeto. Diferente dos CEUs anteriormente implantados no município de São Paulo, onde os usos e atividades são dispostos em blocos separados criando praças e passeios entre si, o CEU Pimentas é composto por um bloco único que abriga todas as atividades oferecidas. O programa é distribuído nas bordas do bloco, liberando o centro para uma grande praça coberta. A quadra poliesportiva finaliza o edifício, sendo este todo construído em concreto pré-fabricado e fabricado in loco, e a cobertura metálica. Do programa, localizam-se fora do bloco somente o conjunto aquático, que conta com três piscinas de diferentes usos, e duas quadras. O projeto conta ainda com sistema de captação de água da chuva para reuso. análises

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45 | Acesso de Pedestres Foto: Acervo pessoal, datada de 16 de maio de 2015. 46 | Pátio Interno Foto: Acervo pessoal, datada de 16 de maio de 2015.

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acesso serviços

rampa para vestiários acesso

Circulação Vertical Estacionamentos 86 | análises

acesso público 0

50

Imagem 07 | Esquema de circulação. Elaboração da autora.


Os acessos ao conjunto, tanto o privado para funcionários quanto o público, são dados a partir da Estrada do Moinho Velho, porém com entradas distintas.

Os pedestres são recebidos por uma grande esplanada valorizada pela cobertura metálica projetada à frente, mesmo aqueles que acessarem o local em veículos, já que a estacionamento para o público encontra-se na lateral da esplanada, com saída direta para a mesma. O acesso de serviços, dado pela lateral oposta, conta com estacionamento privado para funcionários do Centro Educacional e uma circulação periférica para carga e descarga de materiais. A circulação vertical interna é composta por duas escadas e uma rampa para o pavimento superior, que contém as salas de aula de ensino regular, e uma rampa de acesso ao subsolo, onde encontram-se os vestiários feminino e masculino para uso de exclusivo de alunos em horário letivo. Toda a extensão do projeto é liberada no centro, ocupado somente pelos acessos e culminando na quadra poliesportiva no extremo oposto à entrada, formando um grande pátio coberto com áreas para leitura e atividades expositivas e a lateral dispõe de área descoberta para uso dos alunos. 46

Sanitários Imagem 08 | Esquema de usos. Elaboração da autora.

Pátio Coberto Pátio descoberto

0

50 análises

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Imagem 09 | Uso administrativo. Elaboração da autora.

depósitos guaritas

Administração e Serviços

cozinha administração

O setor administrativo concentra-se por completo no pavimento térreo, composto por diretoria e secretaria e sala dos professores, localizados a esquerda, onde também se localizam a cozinha e seu respectivo depósito. Os almoxarifados/depósitos de materiais gerais concentram-se no lado oposto, com acesso direto ao corredor de serviços e próximos aos sanitários. A entrada de pedestres possuiu guarita para controle e informações, assim como o acesso de veículos pela lateral de carga e descarga, que é restrito. 88 | análises

0

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47 | Guarita Foto: Acervo pessoal, datada de 16 de maio de 2015.


48 | Quadra Coberta Fonte: Biselli + Katchborian Disponível em: http://www. bkweb.com.br/projects/public/centro-de-artes-e-educac-o-dos-pimentas/, acessado em 20 de maio de 2015. 49 | Refeitório Foto: Acervo pessoal. datada de 16 de maio de 2015.

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49

O complexo é finalizado com os equipamentos de lazer, abertos ao público e de uso livre fora do horário regular de aulas. São três quadras poliesportivas, sendo duas ao ar livre e uma coberta, esta última com arquibancada para eventos esportivos, e três piscinas descobertas – uma infantil, uma recreativa e uma semiolímpica. O refeitório complementa, junto aos pátios e ao setor de lazer, as áreas de convivência do Centro Educacional.

Quadras Poliesportivas Imagem 10 | Esquema de usos. Elaboração da autora.

Refeitório Piscinas

0

50 análises

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50 | Relação Volumétrica Foto: Acervo pessoal, datada de 16 de maio de 2015. 51 | Croqui Fonte: Biselli + Katchborian Disponível em: http://www. bkweb.com.br/projects/public/centro-de-artes-e-educac-o-dos-pimentas/, acessado em 20 de maio de 2015. 52 | Vista Áerea Fonte: Biselli + Katchborian Disponível em: http://www. bkweb.com.br/projects/public/centro-de-artes-e-educac-o-dos-pimentas/, acessado em 20 de maio de 2015.

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90 | análises

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Imagem 11 | Setor Educacional. Elaboração da autora.

Salas de Aula Biblioteca

Pavimento Térreo

0

0

50

50

Pavimento Superior

O setor educacional, distribuído pelos dois pavimentos, é formado por duas salas de ginástica e duas salas de uso múltiplo, todas com pé direito duplo. Seis pequenos auditórios com divisórias recolhíveis para ampliação do espaço e salas de aula voltadas para noroeste, a fim de evitar a insolação elevada que ocorre no período diurno, complementam o setor. O programa se completa com uma biblioteca localizada na entrada do Centro e aberta para uso geral, de duplo acesso (térreo e mezanino), com circulação vertical própria. O programa do CEU Pimentas é comum a todos os CEUs anteriormente construídos no Estado de São Paulo,

diferenciando-se pela distribuição e composição dos usos e pelos materiais construtivos utilizados. Os primeiros Centros, como o Jambeiro, apresentado no capítulo anterior, foram construídos em concreto pré-fabricado e os usos seccionados em blocos distintos. O Centro Educacional Unificados dos Pimentas apresenta uma nova maneira de dispor o programa através da união dos vários blocos que o compõem em uma mesma cobertura, tornando os usos integrados entre si.

análises

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53 | Vista Áerea Fonte: ArchDaily Disponível em: http://www. archdaily.com.br/br/625866/ vencedor-do-premio-rogeliosalmona-edificio-projeto-viverfgmf, acessado em 24 de junho de 2015.

3.2 | Edifício-Sede Projeto Viver FGMF Arquitetos Construção: 2003-2005 Área construída: 1000m² Área do terreno: 1500m²

53

92 | análises


Imagem 12 | Corte Longitudinal Esquemático. Elaboração da autora.

terraço-jardim treinamento

cooperativa oficinas

quadra 0

Construído na favela Jardim Colombo, inserido no Bairro de Paraisópolis, zona sul da cidade de São Paulo, o edifício-sede do Projeto Viver atua como um espaço coletivo de qualidade para a população residente da favela. O bairro de Paraisópolis originou-se na década de 1920 com a finalidade de receber um conjunto habitacional de classe alta que contaria com 2200 lotes. A invasão por famílias de baixa-renda no terreno não-habitado, a maioria oriunda do nordeste brasileiro, a partir da década de 1950, deu início à situação de favelização presente hoje no bairro, sendo intensificada entre os anos 1970 e 1980. Projetos de urbanização da favela e investimentos públicos foram iniciados a partir dos anos 2000, com ações de pavimentação, abertura de novas vias e adequação de calçadas, assim como regularização fundiária e construção de espaços de lazer. Decorrente do rápido crescimento das favelas, parte das novas ruas e calçadas construídas foram invadidas para ampliação das habitações, retornando à configuração anterior com acessos precários. O complexo de favelas de Paraisópolis conta com uma grande quantidade de organizações e associações de moradores, com partici-

4

20

pação de empresas privadas localizadas no entorno do bairro. O Projeto Viver é um exemplo dessas entidades, criada em 2001 por funcionários do Banco Votorantim para atuar socialmente nas favelas. O terreno de 1500m², anteriormente utilizado pela população local como acesso à favela, depósito de lixo e espaço para eventos comunitários, foi o espaço escolhido para implantar a nova sede do Projeto Viver, que visa preservar o uso comunitário e a passagem dos moradores através de diferentes acessos e passarelas em aproveitamento do desnível do terreno.

análises

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54 | Circulação Vertical Fonte: ArchDaily Disponível em: http://www. archdaily.com.br/br/625866/ vencedor-do-premio-rogeliosalmona-edificio-projeto-viverfgmf, acessado em 24 de junho de 2015.

0

54

94 | análises

4

Estacionamento

20 Imagem 13 | Esquema de Circulação. Elaboração da autora.


Imagem 14 | Pátios. Elaboração da autora. 55 | Pátios Fonte: ArchDaily Disponível em: http://www. archdaily.com.br/br/625866/ vencedor-do-premio-rogeliosalmona-edificio-projeto-viverfgmf, acessado em 24 de junho de 2015.

A preservação da passagem dos moradores foi obtida através da construção de uma rua lateral para circulação de veículos e pedestres com delimitação de estacionamento no nível inferior do terreno, sendo também o pátio do conjunto aberto para esse uso. O pátio é delimitado por escadarias a fim de vencer o desnível de quase 8 metros, suavizadas com largos patamares. A projeção do conjunto cria espaços de convivência para os moradores, sendo parte coberto e parte descoberto.

56 | Pátios Fonte: ArchDaily Disponível em: http://www. archdaily.com.br/br/625866/ vencedor-do-premio-rogeliosalmona-edificio-projeto-viverfgmf, acessado em 24 de junho de 2015.

Circulação Vertical Pátio Coberto Pátio Descoberto

55

0

4

20

56 análises

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A sede do Projeto Viver ocupa amplo espaço no pavimento superior, em um setor destinado ao atendimento médico e assistencial à população local e a uma cooperativa produtiva. O edifício foi projetado com um ambiente térreo a fim de acomodar os funcionários e colaboradores durante o horário de atividades.

54 | Recepção Fonte: ArchDaily Disponível em: http://www. archdaily.com.br/br/625866/ vencedor-do-premio-rogeliosalmona-edificio-projeto-viverfgmf, acessado em 24 de junho de 2015.

57

0

4

20

Pavimento Térreo

Administração e Secretaria 0

Consultórios Área de Funcionários 96 | análises

Pavimento Superior

4

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Imagem 15 | Administração. Elaboração da autora.


Imagem 16 | Setor Educativo e Lazer. Elaboração da autora.

A principal atuação do projeto, além do centro comunitário, é o oferecimento de cursos profissionalizantes para a população local e atividades extracurriculares para os alunos do ensino fundamental das escolas públicas do bairro, atuando como uma extensão das instituições de ensino. Duas salas de treinamento e uma sala de informática estão dispostas no pavimento superior, estando no térreo as oficinas públicas. Além dos pátios para recreação, o Edifício conta com uma quadra poliesportiva, equipada com vestiários e de uso livre. O projeto possuiu um programa simples com a finalidade de atribuir à área atividades diferenciadas que a configuração de uma favela não pode oferecer aos seus habitantes. Esse programa é distribuído em um espaço fluido, onde os elementos principais e norteadores do projeto são os vazios criados pela construção, que propiciam a integração entre o existente e o construído. A densidade do entorno se insere no ambiente através das aberturas e as passarelas de acesso e circulação, construídas em metal vazado, permitem contempla-lo.

0

4

20

Pavimento Térreo

Quadra Vestiários e Sanitários 0

Pavimento Superior

4

20

Oficinas Salas de Treinamento análises

| 97


98


capítulo 4 | COMPLEXO EDUCACIONAL

99


100 | complexo educacional


O projeto final, fruto da pesquisa apresentada nos capítulos anteriores sobre a evolução da arquitetura escolar no Brasil, aliada aos levantamentos do local de inserção, ultrapassou a intenção de ser um equipamento de ensino, visando atender a outras necessidades do bairro. Apesar da tipologia fechada - tão estudada e aperfeiçoada durante os últimos cinquenta anos no Brasil - que um programa escolar impõe, buscou-se atingir uma nova proposta de integração entre os diferentes ciclos letivos e entre o equipamento e a população. Essa intenção é observada nos estudos evolutivos e no programa adotado, apresentados a seguir. complexo educacional

| 101


4.1 | Estudos Exploratórios

Os primeiros estudos foram de implantação e circulação de pedestres, focados na volumetria e na setorização do programa de necessidades de acordo com o ciclo letivo. O gabarito preexistente do entorno foi um fator norteador na concepção volumétrica do Complexo Educacional. Em um segundo momento optou-se por priorizar o eixo Rua dos Estivadores - Avenida Conselheiro Nébias para a circulação de pedestres, mantendo o programa paralelo a este eixo e criando praças de convivência não somente de alunos mas livre a qualquer transeunte entre os blocos. Partiu-se então para o estudo da relação entre os blocos, circulações e ajustes do programa de necessidades. 102 | complexo educacional


complexo educacional

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104 | complexo educacional


complexo educacional

| 105


106 | complexo educacional


complexo educacional

| 107


4.2 | Programa

01 | 1 berçário 02 | 2 salas de maternal 03 | 3 salas de aula 04 | 1 fraldário 05 | 1 depósito 06 | 1 cozinha 07 | 1 conjunto de sanitários 08 | 1 sala de descanso infantil 09 | 1 biblioteca infantil com jogos 10 | 1 cinema/teatro 11 | apoio técnico

12 13 14 15 16 17 18 108 | complexo educacional

| | | | | | |

9 salas de aula 1 laboratório de ciências 1 laboratório de biologia 1 laboratório de química 1 conjunto de sanitários 1 sala de informática 2 mini-auditórios

51,84 m² 51,84 m² (cada) 51,84 m² (cada) 28 m² 23 m² 49,70 m² 51,84 m² 51,84 m² 92 m² 42,40 m² 38,36 m²

51,84 m² (cada) 51,84 m² 51,84 m² 51,84 m² 41,24 m² 100,48 m² 100,48 m² (cada)


19 | 10 salas de aula 20 | 1 sala de dança 21 | 1 sala de música 22 | 1 laboratório de informática 23 | 1 laboratório de mecânica 24 | 1 laboratório de eletrônica 25 | 4 salas de apoio técnico 26 | 2 conjuntos de sanitários

51,84 m² (cada) 116,28 m² 116,28 m² 100,48 m² 100,48 m² 100,48 m² 24,28 m² (cada) 41,24 m² (cada)

27 | 1 auditório/teatro 28 | 1 sala técnica 29 | 2 conjuntos de sanitários/vestiários 30 | 2 salas de apoio de educação física 31 | 1 atelier de ginástica 32 | 1 atelier de atividades manuais 33 | 1 quadra poliesportiva 34 | 1 campinho de futebol 34 | 1 piscina semi-olímpica 35 | 1 piscina de lazer 36 | 2 depósitos gerais 37 | 1 área técnica de piscinas 38 | 1 cozinha/refeitório 39 | 1 biblioteca/midiateca

375 m² 57,44 m² 51,84 m² (cada) 19,90 m² 153 m² 223,20 m² 577,80 m² 240 m² 392 m² 115,50 m² 11,90 m² 58,48 m² 40,65 m² 810 m²

40 | 1 secretaria 41 | 1 coordenação 42 | 1 diretoria 43 | 1 sala de reuniões 44 | 1 sala dos professores 45 | 1 copa 46 | 1 depósito 47 | 1 sala de assitência social

12,70 18,92 24,75 31,20 37,52 11,90 11,90 12,70

m² m² m² m² m² m² m² m² complexo educacional

| 109


110 | complexo educacional


4.3 | Projeto

Diferentes idades demandam diferentes espaços. A maior preocupação neste projeto, desde o princípio, foi a de preservar ao máximo as crianças do ensino infantil, muito pequenas para que haja uma ligação direta com jovens e adultos, sem exilá-las das atividades comuns disponíveis no programa de necessidades. Para tanto, a busca pela melhor ligação, circulação e interação entre todos os anos letivos de forma a preservar as necessidades exigidas por cada uma delas foi feita de maneira intensa, inicialmente através de blocos separados para cada um desses ciclos, posteriormente unindo-os.

referentes a cada ano voltadas para o norte, onde foi criado em mesmo nível um pátio ajardinado e com árvores frutíferas que integram o interior da sala de aula composta por generosas portas que se abrem para essa vegetação. A intenção é que o pátio seja uma continuidade da sala de aula, sendo a vegetação importante também para a proteção solar e aprendizado.

Uma das soluções adotadas para assegurar a segurança das crianças e promover o passeio livre pelo terreno, permitindo que o pedestre atravesse de uma via a outra sem necessariamente estar dentro do equipamento, foi a criação de meio nível abaixo do nível da rua. Nele encontra-se todo o programa destinado exclusivamente às crianças menores de 7 anos, composto por salas de aula, berçário, cozinha independente, biblioteca com sala lúdica e um cinema com tela retrátil, podendo ser utilizado como teatro. Com base nos estudos realizados a respeito da proposta de Richard Neutra, optou-se por manter as salas complexo educacional

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Imagem 17 | Cinema/teatro infantil. Uso simultâneo. Elaboração da autora.

Imagem 18 | Cinema/teatro infantil. Parede de projeção recolhida e utilização do cinema como arquibancada. Elaboração da autora.

112 | complexo educacional


Imagem 19 | Esquema de circulação. Elaboração da autora.

O projeto desenvolve-se em dois blocos distintos unidos através da rampa de circulação. Optou-se por permitir que a cada término de lance o usuário possa desfrutar de alguma parte do equipamento, tornando a circulação um passeio que possa ser aproveitado, e não uma simples passagem. O térreo foi elevado para o nível +0.52, sendo essa diferença entre Complexo e calçada importante para que não haja barreiras artificiais, como grades, e ainda assim exista a clara diferenciação do público e semi-público. Nele encontram-se as áreas destinadas a lazer seco: quadra poliesportiva, campinho de futebol, pátio coberto e pátio descoberto, assim como o acesso ao teatro, administração e contina. Havia a necessidade de projetar neste Complexo uma área de trabalho livre, onde os alunos e a população pudesse trabalhar em conjunto. No térreo então está localizado o atelier de trabalhos manuais, bloco metálico com fehamentos de painéis semi-transparentes, que permitem iluminação durante todo o dia e torna-se uma vitrine do que pode ser feito no equipamento.

acesso acesso

Níveis -1.52 e +0.52

Subindo mais meio lance de rampa, equivalente a 2.04m, encontram-se as piscinas, ambas de uso recreativo, sendo uma com caráter semi-olímpico, podendo receber competições. As salas de aula, tanto do ensino fundamental e médio quanto as do ensino profissionalizante, encontram-se nos pavimento superiores. Voltadas sempre para o norte, possuem fechamento com brise-soleil em toda a extensão.

Níveis +2.56 e +4.60

Circulação Vertical Estacionamentos complexo educacional

| 113


O bloco de ensino profissionalizante, por possuir maior gabarito, foi disposto próximo a Rua João Pessoa ou seja, ao sul, permitindo assim melhor iluminação na- tural na praça entre edifícios. Todo o Complexo Educacional foi pensado em um misto de concreto armado e pré-moldado, atendendendo as necessidades específicas de cada setor do edifício. Optou-se por deixar o concreto aparente por ser característico da arquitetura paulista, usando de cores para sinalizar os diferentes usos através dos brises. As cores foram escolhidas com base num levantamento das cores preexitentes no entorno, já que não havia a intenção de ser extremamente contrastante com a relidade local. As selecionadas foram as cores primárias, trabalhadas em nuances mais sóbrios, intercaladas com um tom de cinza constante no entorno. Ao bloco de atelier e biblioteca, em estrutura metálica, destinou-se a cor branca, resultado de todas as cores do espectro de cores, em alusão à biblioteca ser o conjunto de toda a informação existente e o atelier o resultado do trabalho e dos estudos.

114 | complexo educacional


Imagem 20 | Insolação Verão - Inverno. Elaboração da autora.

Imagem 21 | Insolação durante o dia. Elaboração da autora.

complexo educacional

| 115


Imagem 22 | Esquema de usos. Elaboração da autora.

Sanitários Pátio Coberto Pátio descoberto Administração e Serviços

Níveis -1.52 e +0,52

Níveis +2.56 e +4.60

Imagem 23 | Uso administrativo. Elaboração da autora.

Níveis -1.52 e +0,52 116 | complexo educacional

Níveis +2.56 e +4.60


complexo educacional

| 117


Imagem 24 | Esquema de usos. Elaboração da autora.

Quadras Poliesportivas Piscinas Salas de Aula Biblioteca e Teatros

Níveis -1.52 e +0,52

Níveis +2.56 e +4.60

Imagem 25 | Setor educacional. Elaboração da autora.

Níveis -1.52 e +0,52 118 | complexo educacional

Níveis +2.56 e +4.60

Níveis +6.64 e +8.68


complexo educacional

| 119


120 | complexo educacional


IMPLANTAÇÃO Escala 1:1000 0

10 5

40

Rua

dos E s t iv a d o

A v e n id a C o n s e lh e ir

res

o N é b ia s

Rua Gene ra l C â m a ra

Rua J oão P esso

a

20 complexo educacional

| 121


E

D

G

F

D

C

A

0.00

3

09

01

4

02

10

A

-1.52

08

02

6

7

17

11

02

12

03

12

9

06

B

-1.52

03

10

04

13

05

0.00

-1.52

12

13

07

15

14

C

16

16

15

0.00

E

D


01 | Depósito 02 | Sala de Aula 03 | Maternal 04 | Fraldário 05 | Berçário 06 | Pátio Infantil 07 | Piscina Infantil 08 | Pátio Coberto 09 | Área Técnica Piscinas 10 | Biblioteca e Sala Lúdica 11 | Sala de Descanso 12 | Sanitários 13 | Cozinha e Refeitório 14 | Teatro ao Ar Livre 15 | Cinema / Teatro 16 | Área de Apoio ao Teatro 17 | Praça

J

-0.38

A

0

5

B

10

20

C

50

PLANTA NÍVEL -1.52 escala 1:450


NÉBIAS

IRO IDA CONSELHE

E

D

G

F

D

C

A

0.00

1

3

4

0.52

-1.52

5

A

6

7

0.00

L CÂMARA RUA GENERA

9

B

-1.52

10

0.00

11

36 12

13

14

0.52

C

15

16

0.00

E

D

DOS ESTIVADORES


AVE

18 | Teatro 19 | Pátio 20 | Sanitários 21 | Sala de Apoio Ed. Física 22 | Refeitório / Cantina 23 | Assistência Social 24 | Depósito 25 | Sala dos Professores / Copa 26 | Secretaria 27 | Coordenação 28 | Diretoria 29 | Sala de Reuniões 30 | Bicicletário 31 | Campo 32 | Quadra Poliesportiva 33 | Sala de Ginástica 34 | Atelier 35 | Espelho d’Água 36 | Estacionamento

J

I

H

18

30

31

0.52

A

19

0.00

21

32

21

20

0

RUA JOÃO PESSOA

0.52

20

5

B

10

22

0.52

20

0.52

26

23

27

24

C

29

35

35

50

PLANTA NÍVEIS 0.00 E +0.52 escala 1:450

34

33

28

25

RU


NÉBIAS

IRO IDA CONSELHE

E

D

G

F

D

C

0.00

1

38

37

2 3

4

2.56

5

A

6

7

39

39 40

L CÂMARA RUA GENERA

40

9

B

10

11

12

41

14

0.52

2.56

C

16

42

0.00

E

D

DOS ESTIVADORES


AVE

37 | Piscina 38 | Piscina Semiolímpica 39 | Depósito Educação Física 40 | Sanitários 41 | Biblioteca 42 | Leitura

J

I

H

0.52

A

0.00

0

RUA JOÃO PESSOA

0.52

5

B

10

20

C

50

PLANTA NÍVEL +2.56 escala 1:450

RU


NÉBIAS

IRO IDA CONSELHE

E

D

G

F

D

C

1

3

4

2.56

5

A

6

7

8

L CÂMARA RUA GENERA

9

B

10

11

12

14

C

16

E

D

DOS ESTIVADORES


AVE

43 | Projeção Teatro 44 | Sala de Aula 45 | Sanitários 46 | Laboratório de Mecânica 47 | Laboratório de Eletrônica 48 | Sala de Dança 49 | Laboratório de Informática 50 | Sala de Apoio 51 | Sala de Música

J

43

A

44

4.60

44

45

0

RUA JOÃO PESSOA

48

45

5

B

10

49

46

20

50

50

51

47

C

50

PLANTA NÍVEL +4.60 escala 1:450

RU


NÉBIAS

IRO IDA CONSELHE

E

D

G

F

E

B

1

2 3

54

52

4

55

52

5

A

6.64

52

6

7

56

52

8

57

52

57

L CÂMARA RUA GENERA

9

B

52

10

52

11

52

58

12

52

14

C

53

53

16 17

18

E

D

DOS ESTIVADORES


52 53 54 55 56 57 58

| | | | | | |

AVE

Sala de Aula Mini-Auditório Laboratório de Laboratório de Laboratório de Sanitários Laboratório de

J

Informática

Biologia Ciências Quimica

A

4.60

0

RUA JOÃO PESSOA

5

B

10

20

C

50

PLANTA NÍVEL +6.64 escala 1:450

RU


NÉBIAS

IRO IDA CONSELHE

E

D

G

F

E

B

1

2 3

4

5

A

6

6.64

7

8

L CÂMARA RUA GENERA

9

B

10

11

12

14

C

16 17

18

E

D

DOS ESTIVADORES


AVE

59 | Sala de Aula 60 | Sanitários 61 | Depósitos

J

A

59

8.68

60

60

0

RUA JOÃO PESSOA

59

5

B

59

10

59

59

20

61

59

61

59

C

59

50

PLANTA NÍVEL +8.68 escala 1:450

RU


134 | complexo educacional


complexo educacional

| 135


Com base no catálogo de espécies vegetais sugerido pela FDE, algumas espécies foram selecionadas conforme seu período de floração, criando diversidade durante todo o ano. 01 | Aldrago 02 | Alecrim de campina 03 | Diadema 04 | Ipê-roxo 05 | Manacá-da-serra 06 | Pau-cigarra 07 | Pau-ferro 08 | Quaresmeira 09 | Urucum Sugere-se que sejam usados arbustos e forrações em toda o projeto que possuam floração variada nas quatro estações. 136 | complexo educacional


VERÃO

OUTONO

INVERNO

PRIMAVERA

complexo educacional

| 137


Em anĂĄlise, o programa foi disposto de maneira a escalonar as diferentes faixas de ensino, tendo assim na base o ensino infantil, seguido pela biblioteca - fonte de conhecimento e base para os anos seguintes -, en- sino fundamental e mĂŠdio e, no topo, ensino profissionalizante. 138 | complexo educacional


complexo educacional

| 139


B

C

D

E

F

6.64

2.56

0.00 -1.52

CORTE AA Escala 1:250

0 1

5

10

20


G

H

I

J

8.68

4.60

0.52

0.00


B

C

D

E

6.64

2.56

0.00 -1.52

CORTE BB Escala 1:250

0 1

5

10

20


G

H

I

J

8.68

4.60

0.00

0.52

0.00


J

I

H

G

8.68

4.60

0.52

0.00

CORTE CC Escala 1:250

0 1

5

10

20

0.00


F

E

D

C

B

A

6.64

2.56

0.00 -1.52


18

16

14

12

6.64

2.56

0.00 -1.52

CORTE DD Escala 1:250

0 1

5

10

20

11

10


9

8

7

5

4

2

2.56

0.00


5

6

2.56

0.00 --1.52

CORTE EE Escala 1:250

0 1

5

10

20


6.64

2.56

0.00


150 | complexo educacional


complexo educacional

| 151


152


considerações finais As pesquisas realizadas e apresentadas neste caderno foram de extrema importância para compreender melhor o problema que a população residente do bairro Paquetá enfrenta, e assim projetar um equipamento que atenda e supra as deficiências sociais, urbanísticas e educacionais da região. A implantação de um equipamento de grande porte e com amplo atendimento de usos que é proposto neste trabalho tem por objetivo requalificar urbanisticamente a área inserida, revitalizando uma região rica historicamente, que sofre com a degradação proveniente do crescimento de serviços portuários. Além disso, o questionamento sobre as configurações atuais das escolas levaram ao crescimento do programa de necessidades, deixando de ser uma simples escola e tornando-se um equipamento de múltiplo uso para a comunidade.

153


154


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ABREU, Ivanir Reis Neves. Arquitetura) - FAUUSP. São Paulo, 2007.

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KOHARA, Luiz Tokuzi. Tese (Doutorado - Área de Concentração: Habitat) - FAUUSP. São Paulo, 2009. KOWALTOWSKI, Doris C. C. K.

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LOPES, Ana Carolina Louback. Dissertação (Mestrado - Área de Concentração: Habitat) - FAUUSP. São Paulo, 2011. NASCIMENTO, Mário Fernando Petrilli do. Dissertação (Mestrado - Área de Concetnração: História e Fundamentos da Arquitetura e Urbanismo) - FAUUSP. São Paulo, 2012. SOUZA, Clarissa D. C. Tese de Doutorado - FAUUSP. São Paulo, 2012. 155


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157


158


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