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Salvador Dalí e o Surrealismo

A porção central da pintura possui um perfil de uma cabeça humana, com aspecto entorpecido voltada para baixo, trata-se de um autorretrato de Dalí. Um perfil similar, é visto em A Persistência da Memória, de 1931. Ambos os rostos representados não possuem boca.

Na obra é possível reparar que os elementos com consistência de pele são fundidos com textura de pedra, agravando a percepção lógica do observador em identificar o que é sólido e o que tem consistência fluida. Essa ambiguidade é associada à transformação do sujeito, que se culpa por sentir desejo, o reprimindo, resultando e um congelamento das emoções e vontades.

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O Grande Masturbador foi pintado depois de Dalí conhecer Gala Éluard, ela é a personagem que se manifesta em sua cabeça e ruma em direção às genitálias da estátua, que tem os joelhos machucados. O movimento da mulher é o afastamento dela em relação ao artista. Além disso, Gala, na obra, caracteriza a dualidade entre o prazer e a realidade, ou seja, a inquietação por ter um desejo que entra em conflito com o socialmente estabelecido.

O grande masturbador, 1929 Óleo, tela 110 x 150 cm Museu Nacional Centro de Arte Reina Sofia

Já no grande rosto, a ausência da boca significa os desejos e impedimentos vividos pelo personagem, estudados pela teoria da psicanálise. No lugar dela há um gafanhoto dependurado, o inseto tem a região do órgão genital infestada por formigas, que estão ligadas à ideia de putrefato, que abre margem para a interpretação de que elas estão sobre algo agravado. Entre as figuras principais (Dalí e Gala) há um leão exibindo a língua, ele representa a paixão.

O casal se abraçando logo abaixo do gafanhoto faz alusão ao sentimento de culpa, e é o ponto chave da pintura de Dalí. A mulher tem metade do corpo já transformado em rocha, e compõe a trágica narrativa de duas pessoas se abraçando, enquanto uma delas está se tornando uma pedra. O pesar do autorretrato ainda é representado pelas pedras empilhadas na parte de trás de sua cabeça, e simboliza a ânsia pelo equilíbrio.

Toda a obra é uma narrativa sobre os conflitos da mente causados pela bipolaridade: prazer e princípio da realidade, e representa as atitudes conflituosas do pintor em relação ao ato sexual. Em sua juventude, seu pai lhe deu um livro com fotos de pessoas sofrendo estágios avançados de doenças venéreas como forma de educálo. As fotos tanto o fascinaram quanto o assombraram e o pintor continuou associando o sexo à purificação e à decadência ao longo de sua fase adulta.

Sonho Causado Pelo Voo de uma Abelha ao Redor de Uma Romã um Segundo Antes de Acordar, 1944

Óleo, tela 51 x 41 cm

Museu Thyssen-Bornemisza

A pintura retrata uma mulher (a mulher de Dali, Gala), enquanto dorme numas rochas flutuando sobre o mar a apanhar sol durante um dia calmo. Um elefante com pernas incrivelmente longas e extremamente finas passa pelo horizonte do mar, transportando um topo de uma montanha. Perto da mulher flutuam duas gotas de água e uma pequena romã. A partir de uma romã maior vem um peixe que “cospe” um tigre de onde vem um outro tigre, enquanto na frente de esse existe uma espingarda apontada à mulher. O segundo tigre demonstra várias diferenças do primeiro, diferentes garras, e sem bigodes. Salvador Dali neste quadro tenta explorar o mundo dos sonhos, a espingarda podendo representar a picadela da abelha e o acordar da mulher bastante repentino, o elefante poderá ser a visão bastante retorcida de uma famosa escultura situada em Roma, a romã mais pequena poderá simbolizar Vénus especialmente pela sombra em forma de coração, o simbolismo da mulher poderá ser a da fertilidade/sensualidade que contrasta com as criaturas. Pode-se também interpretar esta pintura como uma ilustração a teoria da evolução.

A Persistência da Memória, 1931 Óleo, tela 24,1 x 33 cm

Museu de Arte Moderna

“A Persistência da Memória” é de longe uma das pinturas mais características do estilo de Salvador Dali e que possui muitas referências à cultura popular. Apesar de ter sido conjecturada a hipótese de que os relógios derretendo fossem uma interpretação da teoria da relatividade, o próprio Dali afirmou que a sua inspiração foi um queijo camembert derretendo no sol. A sequência de relógios derretidos em uma paisagem insólitas é a descrição de um sonho que Dali teve; a figura no meio da pintura representa a imagem do próprio sonhador. A interpretação mais comum da pintura, a qual apresenta muitos relógios derretidos, é de que ela representa uma rejeição do tempo como uma influência definitiva e determinista.

Esta pintura icônica representa o tempo como uma serie de relógios se derretendo cercados por muitas formigas que espreitam a organicidade dos relógios; algo que sempre fascinou Dali. Elaborada no frontispício do Segundo Manifesto Surrealista, a influente distinção entre objetos duros e moles, organizada por Dali por ordem e putrefação respectivamente, nos informa sobre o seu método de trabalho ao subverter propriedades textuais inerentes: o amolecimento de objetos duros e o corresponde endurecimento de objetos moles. É provável que Dali tenha usado os relógios para simbolizar a mortalidade(a sua própria), em vez do tempo em si mesmo, visto que a carne derretendo-se no centro da pintura é levemente baseada no próprio Dali. As montanhas que oferecem o pano de fundo foram tiradas de imagens da Catalunha, cidade de Dali.

Construção suave com feijão cozido: Premonição da Guerra Civil, 1936

Óleo, tela 110 x 84 cm

Museu de Arte de Filadélfia

Jovem Virgem Auto-Sodomizada pelos Chifres da Sua Própria Castidade, 1954

Óleo, tela

40,5 x 30,5 cm

Coleção particular

A Velhice de William Tell, 1931

Óleo, tela

98 x 140 cm

Coleção particular

A Vaca Espectral, 1928

Óleo, painel

50 x 64,5 cm

Centro Georges Pompidou

Fantasias Diurnas, 1932 Cartão postal

Alegoria de um Natal americano, 1934 Óleo, tela Coleção particular

Alegoria de um Natal americano, 1934 Óleo, tela Coleção particular

As formigas, 1929 Colagem, guache, tinta 11,3 x 16,4 cm Coleção particular

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