C.L. Parker - Million Dollar Duet - LIVRO 01

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Um Milh達o de Desejos Secretos C. L. Parker


Lanie Talbot vive UM DILEMA TERRÍVEL. A mãe está entre a vida e a morte e precisa desesperadamente de ser operada. Disposta a tudo para conseguir pagar-lhe o transplante de coração, Lanie esquece o sonho de ir para a universidade e decide vender o seu bem mais precioso: a virgindade. Num clube supersecreto de Chicago, ela deixa-se ir a leilão, disputada por dois multimilionários: um xeique e um jovem herdeiro americano. O charmoso Noah acaba por vencer, pagando dois milhões de dólares por ela. "Compra" a virgindade de Lanie, e muito mais: durante dois anos, ela terá de obedecer a todos os caprichos do seu novo "senhor". A estudante entrega-se, relutante. Não percebe o que levou Noah a "comprá-la": afinal ele tem tudo, é riquíssimo, sensual, disputado pelas mais belas mulheres de Chicago. No entanto, o milionário tem as suas razões secretas: não quer compromissos, jurou a si próprio nunca mais sofrer por uma mulher... Mas a química entre ambos não para de crescer. E a cada novo encontro, a cada nova noite de paixão, desperta entre eles o desejo por algo mais, a procura de uma intimidade que vai muito para além do prazer físico e por mais que Noah tente proteger-se, por mais que Lanie saiba que está presa a um contrato sem sentido, o amor rompe todas as barreiras. "Este livro tem cenas escaldantes. A química está toda lá, os avanços e recuos, as punições e os momentos de ternura... Estou desejosa de pôr as mãos no próximo livro, pois este deixa-nos à beira do precipício... E como odeio (amo, amo, amo) esta sensação de não saber como as coisas acabam!"


Noah "O que eu queria era a mesma mulher na minha cama todas as noites e todas as manhãs, uma pessoa para me receber quando eu chegasse a casa após um longo e cansativo dia de trabalho, ansiosa por me agradar. Alguém que satisfizesse todas as minhas necessidades, sem compromissos. Sim, eu sabia que era a fantasia de todos os homens e que não era provável que acontecesse à maioria, mas eu tinha dinheiro suficiente para comprar essa fantasia. E comprei." Lanie "Eu tinha a certeza de que naquele momento devia parecer uma gatinha assustada, porque era assim que me sentia, mas ainda assim olhei-o nos olhos, pois o meu orgulho não me permitiu baixar a cabeça. Ou talvez tenha sido o medo que me fez mantê-lo debaixo de olho e estar atenta a quaisquer movimentos súbitos. Mas provavelmente, foi porque o homem era um espécime verdadeiramente lindo, e amaldiçoei a mulher carente que existia em mim por ser tão fraca."


Million Dirty Secrets Traduzido do inglês por Fátima Veríssimo Título Original MlLLION DlRTY secrets © 2013, CL. Parker Todos os direitos reservados. 1° edição / Janeiro de 2014 ISBN: 978-989-23-2516-3 Depósito Legal n.°: 367860/13 [Uma chancela do grupo LeYa] Rua Cidade de Córdova, n.° 2 2610-038 Alfragide Tel. (+351) 21 427 22 00 Fax. (+351) 21 427 22 01 Iuadepapel@leya.pt editoraluadepapel.blogs.sapo.pt www.luadepapel.pt Um Milhão de Desejos Secretos é uma obra de ficção. Nomes, personagens, lugares e incidentes são um produto da imaginação da autora ou são usados ficcionalmente. Qualquer semelhança com pessoas, vivas ou morras, acontecimentos ou lugares é mera coincidência.


Este livro é dedicado à minha irmã, Jessica Neidlinger. Ela foi a primeira a plantar a semente da escrita na minha cabeça e regou e cuidou dessa semente para vê-la crescer e transformar-se na autora que sou hoje. Devo-te todo o meu sucesso, Jess. Não literalmente, é claro. Ah! Amo-te pelo que és e por tudo o que me fazes ser.


PRÓLOGO Eu sou uma escrava sexual — uma pessoa mantida em servidão como propriedade de outra, completamente subserviente a uma influência dominadora. Tecnicamente, suponho que "puta" seria um termo mais apropriado para descrever o que eu sou. É que eu tornei-me completamente disponível para um homem, se bem que apenas um homem, em troca de dinheiro. Isto incluiu a minha lealdade, a minha discrição e a utilização do meu corpo de qualquer maneira que lhe apetecesse, mas não se limitou a isso. A ironia é que não fui obrigada a entrar nesta vida; fui eu que a escolhi. Bem, a verdade é que não tive outra opção, nem se me apresentou uma oportunidade melhor a tempo, mas ainda assim escolhi-a. Ele não me obrigou. Não me procurou. Eu não fui raptada nem brutalmente espancada até me submeter. Aceitei de boa vontade. E fiz tudo isto para salvar uma vida. Chamo-me Delaine Talbot, mas podem chamar-me Lanie. Esta é a minha história.


1 Os sacrifícios que fazemos Lanie — Tens a certeza de que queres fazer isto? — perguntou-me a minha melhor amiga ninfomaníaca pela milésima vez desde que eu tinha atravessado as portas do clube noturno onde ela trabalhava... e atuava... como acompanhante. Dez era o meu refúgio. Ela amparava-me quando a vida se tornava demasiado séria, e neste momento estava muito para lá de séria. Dez era o diminutivo de Desdemona, que, numa tradução livre, significava "do diabo". Ela tinha mudado o nome no dia em que fizera 18 anos porque os pais se tinham recusado a autorizar a mudança antes. A sério, quando ela nascera os pais tinham-lhe chamado Princesa, mas se outra pessoa que não eles tentasse chamar-lhe aquilo seguia-se uma verdadeira luta de bar. Dez era linda de morrer, o tipo de miúda com seios generosos que é retratada em todos os romances: cabelos compridos pretos e sedosos figura de ampulheta, pernas que nunca mais acabavam e o rosto de uma deusa. O único problema é que se comportava como uma motard. E também gostava de fazer a rodagem a todos os modelos. Como eu disse uma ninfomaníaca. Mas eu amava-a como se ela fosse sangue do meu sangue. E, tendo em conta o que eu estava disposta a fazer pelo sangue do meu sangue, era dizer muito. - Não, não tenho a certeza., Dez, mas tem de ser. Por isso, para de me perguntar antes que me faças mudar de idéia e eu saia daqui a correr como a gata assustada que ambas sabemos que sou — disse-lhe eu bruscamente. Dez nunca dava muita importância ao meu drama, pois divertia-se o mais que podia. Céus, como se divertia. E não sentia um pingo de vergonha por isso. - E estás mesmo disposta a entregar a tua virgindade a um perfeito desconhecido? Sem romance? Sem copos, sem jantar, sem 69? — As suas perguntas incessantes estavam a enervar-me, mas eu sabia que ela estava a fazer aquilo porque me amava e queria ter a certeza de que eu tinha ponderado tudo. Nós tínhamos analisado minuciosamente todos os prós e contras e eu estava convencida de que não nos tinha escapado nada. Porém, o que mais me preocupava era o facto de estar a mergulhar de cabeça numa situação completamente desconhecida. - Em troca da vida da minha mãe? Sem pestanejar - respondi enquanto a seguia pelo corredor escuro que levava à cave do Foreplay, o clube noturno onde ela trabalhava. Foreplay: o sítio onde a minha vida mudaria. O ponto de não retorno. Faye, a minha mãe, tinha uma doença terminal. Ela sempre tivera um coração fraco, mas o seu estado fora piorando progressivamente com o passar dos anos. Ela quase morrera durante o meu parto, mas conseguira recuperar disso e de inúmeras outras operações e tratamentos. Agora, não havia como recuperar. A sua luz estava a apagar-se depressa de mais. Nesta fase o seu estado era tão fraco e frágil que ela estava acamada, mas não antes


de ter estado internada em hospitais tantas vezes que o meu pai, Mack, tinha perdido o emprego. Ele recusara-se a deixá-la sozinha para ajudar uma estúpida fábrica a cumprir as suas metas de produção. Eu nunca o culpei por isso. Ela era a sua mulher, e ele levava muito a sério o seu dever de marido. Ele tinha de cuidar dela, como ela teria cuidado dele se os papéis estivessem invertidos. Mas o facto de ele ficar sem trabalho significou o fim do seguro de saúde. Também significou que fomos obrigados a mexer na pequena conta poupança que o meu pai tinha conseguido amealhar para a velhice. Logo, um seguro de saúde era um luxo que os meus pais não podiam pagar. Uma situação fantástica, não vos parece? E as coisas tinham piorado ainda mais. A doença de Faye tinha avançado até ao ponto em que ela precisaria de um transplante de coração para continuar a viver. Aquela notícia tinha-nos afetado a todos, mas foi Mack quem mais sofreu. Eu observava o meu pai todos os dias. Como a sua principal preocupação era a mulher, ele não cuidava de si mesmo e estava a emagrecer. E as olheiras escuras e olhos vermelhos mostravam claramente que também não dormia tanto quanto deveria. Seja como for, ele fazia sempre boa cara quando estava com a minha mãe. Ela tinha aceitado a sua morte iminente, mas o meu pai... ainda tinha esperança. O problema é que a esperança estava a diminuir. A sua alma estava a definhar ao ver a mulher morrer um pouco mais a cada dia que passava. Acho que um pedaço dele ia com cada pedaço dela. Uma noite, entrei no quarto depois de a minha mãe ter adormecido profundamente. Ele estava afundado na sua cadeira reclinável com a cabeça nas mãos e os seus ombros estremeciam enquanto soluçava desesperadamente. Ele não queria que ninguém o visse assim. Mas eu vi. Nunca o tinha visto tão abatido e não consegui deixar de pensar que quando a minha mãe morresse ele não duraria muito tempo. Eu não tinha qualquer dúvida de que o meu pai ia morrer, literalmente, de desgosto. Eu tinha de fazer alguma coisa. Estava desesperada para melhorar a nossa situação. Para os pôr melhor. Dez era a minha melhor amiga. A melhor de todas. Desde sempre que eu partilhara tudo com ela, por isso ela estava a par de toda a situação. Tempos desesperados pediam medidas desesperadas, e ao ver como eu estava transtornada ela acabara por me falar sobre o negócio mais escandaloso que era feito em segredo no Foreplay. Scott Christopher, o proprietário, era aquilo a que se podia chamar um empresário agressivo. Basicamente, era um chulo, mas não um simples chulo de rua. Não, ele tinha encontrado uma forma de esvaziar os bolsos de quem os tinha mais cheios. Ele geria uma operação com muita classe, um leilão onde mulheres eram vendidas a quem pagasse mais. O Foreplay podia ser a fachada do seu negócio, mas era o leilão que lhe pagava as contas. Aparentemente, o clube era um local onde se faziam grandes festas de associações de estudantes, em que as miúdas procuravam o seu próximo engate e ficavam tão bêbedas que nem se lembravam ilos seus nomes, o que era o disfarce perfeito para o requintado estabelecimento que existia na cave. Pelo que percebi,


algumas das mulheres — eu própria incluída — participavam voluntariamente, mas outras deviam alguma coisa a Scott. Vender o corpo era a solução de último recurso para lhe pagar. Ainda que isso significasse que iam perder a liberdade. Dez contou-me que os clientes eram sempre homens com grandes contas bancárias. Até os magnatas mais ricos do mundo gostavam das fantasias mais perversas - fantasias que não queriam ver tornadas públicas. Pela quantia certa, eles podiam encontrar mulheres dispostas a tudo e nunca teriam de se preocupar com a possibilidade de o seu segredo ser revelado. No entanto, era uma questão de sorte — eu podia acabar com uma pessoa simpática e bondosa ou com um verdadeiro tirano que gostava de dominar a sua propriedade. Se a história servisse de indicador, eu acabaria com o último. Eu não tinha tido exatamente a melhor das sortes na vida, por isso porque é que haveria de acreditar que os poderes que mandavam em nós me concederiam algum favor agora? A doença da minha mãe tinha implicado um sacrifício constante não apenas do meu pai, mas também meu. Não que eu estivesse ressentida, mas em vez de ir para a universidade tinha ficado em casa com ela para que o meu pai pudesse trabalhar. Agora que ele não tinha emprego, eles não viam qualquer motivo para eu me sentir obrigada a ficar com eles. Eu nunca me tinha sentido obrigada. Ela era minha mãe e eu amava-a. Além disso, ainda não tinha decidido o que queria fazer com a minha vida. Seria lógico pensar que uma mulher de 24 anos teria a sua vida organizada, mas não, nem por isso. Podia ter sido um golpe bastante baixo da minha parte dar-lhes esperança, mas, como já disse, esperança era uma coisa que não abundava na nossa casa e não lhes faria mal nenhum se eu lhes desse alguma. Assim, consegui convencer a minha mãe e o meu pai de que tinha conseguido uma maravilhosa bolsa de estudos com todas as despesas pagas na Universidade de Nova Iorque. Sim, sei bem que era uma coisa que só por milagre aconteceria neste ponto da minha vida, mas os meus pais não sabiam e isso fez toda a diferença do mundo. Estar tão longe de casa significava que não poderia visitá-los tantas vezes como gostaria e, por muito que me custasse estar longe da minha mãe moribunda durante tanto tempo, era absolutamente necessário para que o meu plano resultasse. Se eu tivesse sorte, eles nunca saberiam. Mas lembram-se do que eu disse acerca da minha sorte, certo? Eu tinha concordado com Scott que aceitaria viver com o meu "dono" durante um período de dois anos. Nem mais, nem menos. Depois disso, seria livre para viver a minha vida. Exatamente que tipo de vida seria nessa altura era ainda uma incógnita, mas eu tinha de me manter otimista. De qualquer maneira, dois anos era um pequeno preço a pagar para garantir mais tempo para a minha mãe e, no fundo, também para o meu pai. O som do baixo que se ouvia da música do clube, lá em cima, ecoava nas paredes e apossou-se dos batimentos do meu coração, mas eu tentei desesperadamente não querer estar lá em cima a afogar-me em bebida e diversão, como todas as pessoas que não faziam a mínima ideia da organização secreta que existia por baixo dos seus pés. As mulheres que estavam aqui em baixo afogavam-se numa coisa completamente diferente. Aproximámo-nos do porteiro do clube, que tinha uma lista VIP numa prancheta. Ele sabia quem éramos e porque estávamos ali, por isso deixou-nos entrar imediatamente. Eu quase perdi a coragem quando passámos pela multidão de mulheres que se


alinhavam ao longo do corredor. Eram muito diferentes umas das outras, algumas com um ar altivo e outras que pareciam já ter feito aquilo antes, embora talvez fosse a primeira vez que chegavam à liga principal. Cada mulher tinha um número colado no estômago nu e estavam todas diante de um espelho que forrava a parede em frente. - É um espelho sem estanho - explicou Dez. - Cada cliente que entra tem uma ficha com todas as raparigas que vão ser leiloadas hoje. Depois, elas são trazidas para aqui como gado e exibidas para os ricaços. Isto dá-lhes uma oportunidade para verificarem a mercadoria e poderem decidir que rapariga desesperada é que poderão querer licitar. - Bolas, Dez, obrigadinha. Isso não me faz sentir nada mal. - Oh, cala-te. Sabes que não falei por mal - disse ela, num esforço para me lazer sentir melhor. Tu és boa de mais para este gênero de coisas e sabes bem. Tu não és elas. - Fez um gesto para as outras mulheres que estavam no corredor. — Mas eu percebo. Estás a fazer isto pela Faye e isso só pode ser a coisa mais altruísta que já vi. Aquelas outras mulheres podiam muito bem ter uma Faye em casa, pensei enquanto desviava o olhar para não estabelecer contacto visual. Chegámos ao fundo do corredor e Dez bateu à porta. Uma voz gritou, mandando-nos entrar, mas quando Dez se desviou e apontou para a porta eu entrei em pânico. Percebi que dali a instantes começaria a hiperventilar. - Ei, olha para mim. - Dez obrigou-me a olhar para ela. - Tu não tens de entrar ali. Podemos dar meia volta agora mesmo e sair daqui. - Não, não podemos - respondi-lhe, com o corpo sacudido por estremecimentos apesar de todos os meus esforços para acalmar os nervos. - Eu não posso entrar ali contigo. Daqui em diante, estás por tua conta — disse ela, incapaz de esconder a tristeza e a preocupação. Eu acenei e baixei a cabeça para ela não ver as lágrimas que me enchiam os olhos. De repente, Dez apertou-me contra o peito e quase me tirou todo o ar dos pulmões. - Tu consegues fazer isto. Que diabo, talvez até venhas a ter bom sexo no meio de tudo isto. Nunca se sabe. Do outro lado daquele vidro pode estar um Don Juan à espera para te arrebatar. - Ah! Não é provável - trocei eu, conseguindo sorrir um pouco antes de me soltar do seu abraço seguro. - Eu vou ficar bem. Certifica-te apenas de que o cretino que ficar comigo cumpre o nosso acordo. Se não cumprir, espero bem que mandes o FBI para aqui de armas em punho. - Tu sabes que sim, miúda. E sabes o meu número de telefone, por isso é melhor ligares-me para me manteres a par do que está a acontecer, senão vou atrás de ti. Agora tenho de voltar para o bar antes que perca o emprego e as informações privilegiadas sobre ti. Mas não te esqueças que até gosto de ti e essas merdas. - Dez não era nada lamechas, mas eu sabia que aquilo era código para amo-te. Ela beijou-me na face e disse: - Dá cabo deles, miúda - antes de me dar uma palmada no rabo e afastar-se. Ela não me enganou. Eu vi como ela curvou os ombros e esfregou os olhos com as pontas dos dedos quando pensou que eu não podia vê-la. - Eu também gosto de ti - disse eu baixinho, porque ela já não me podia ouvir.


Voltei-me para a porta, obrigando-me a entrar antes de perder a coragem e recuar. Pensei na minha mãe e percebi que não podia voltar atrás. Por isso, abri a porta e entrei naquele escritório para finalizar os termos do meu contrato. O escritório de Scott era do tipo que eu esperaria num padrinho da máfia. Um carpete fofo forrava o chão, no teto havia um lindo lustre, vitrinas iluminadas expunham diversas coisas que presumi que custavam uma fortuna e quadros enchiam as paredes. Música clássica saía de colunas invisíveis numa tentativa de me induzir uma falsa sensação de segurança. A música e a decoração elegante transmitiam a ilusão de um estabelecimento fino, o que podia fazer a clientela sentir-se mais à vontade, mas eu não tive ilusões. Podia vestir-se um porco de fato e gravata, mas não era por isso que deixava de ser um porco. Scott estava sentado à secretária com um cigarro numa mão e um copo baixo de uísque na outra. Tinha os pés em cima da secretária e estava muito recostado na cadeira enquanto os seus dedos regiam uma orquestra invisível, como se não tivesse uma única preocupação no mundo. Ele virou-se para me olhar e sorriu antes de se sentar direito e apagar o cigarro num cinzeiro de mármore. - Ah, Sra. Talbot. Não sabia se nos honraria com a sua presença esta noite. Eu endireitei os ombros, estiquei o queixo e olhei-o nos olhos. Este negócio era meu e, até o dinheiro trocar de mãos, quem controlava era eu. Não estava disposta a deixar Scott Christopher pensar que era mais do que um simples intermediário. - Eu disse que viria e aqui estou. Ele levantou-se e dirigiu-se para mim, sem sequer tentar esconder 0 facto de que estava a observar-me da cabeça aos pés. - Isso é muito bom. Se não tivesses aparecido, talvez eu fosse obrigado a mandar uma equipa à tua procura. Tu vais fazer-me ganhar muito dinheiro esta noite. - Podemos confirmar os termos do meu contrato, por favor? - perguntei com um suspiro. Não confiava nele e tinha bons motivos para isso. Ele vendia seres humanos para ganhar dinheiro e não sentia quaisquer remorsos. Como é que eu podia confiar numa pessoa que ganhava a vida desta forma? Se tivesse tido outra alternativa, certamente não estaria ali naquele momento. - Certo - disse ele, voltando para a secretária e abrindo um dossiê com o meu nome escrito com tinta preta na capa. — Posso garantir-te pessoalmente que a clientela desta noite não terá qualquer problema com discrição. Na verdade, é um pré-requisito para todas as pessoas que visitam o meu estabelecimento. Eles são os grandes ricaços, a elite máxima de cavalheiros... um verdadeiro grupo pragmático com tanto dinheiro que nem sabem o que fazer com ele. Os motivos para estarem interessados neste tipo de mercadoria que eu negoceio só a eles dizem respeito, e desde que eles paguem eu não quero saber. O único alívio que eu senti ao concordar com isto, para além de estar a salvar a vida da minha mãe, foi saber que alguém com bastante dinheiro garantiria o pagamento necessário para a cirurgia de que ela necessitava e manteria a boca calada. Ninguém com tanto dinheiro queria que o mundo soubesse que se tinha envolvido num esquema


daquele tipo. E é evidente que eu não queria que os meus pais descobrissem. Eles morreriam de desgosto se soubessem, o que anularia completamente o que eu estava a tentar fazer por eles. O outro benefício, ou pelo menos esperei que fosse, era que alguém que podia pagar isto também seria bastante refinado para não transformar a minha vida num verdadeiro inferno. Eu não era ingênua; sabia que havia pessoas taradas, com alguns fetiches doentios, mas ainda assim mantive a esperança. - Presumo que continuas de acordo com a minha comissão de 20 por cento? — perguntou ele, a mexer nos papéis. - Boa tentativa. Combinámos 10 por cento - disse eu, nada divertida com esta tentativa de me enganar. - Certo, certo. Dez por cento. Foi isso que quis dizer. - Ele piscou-me o olho de uma maneira que fez a minha pele arrepiar-se e empurrou o contrato pela secretária e estendeu-me uma caneta. -Assina aqui... e aqui. Eu rabisquei a minha assinatura trapalhona por cima das linhas que ele indicou, plenamente consciente de que estava a desistir dos próximos dois anos da minha vida. Era um pequeno preço a pagar. Pouco depois, fui levada para outra sala onde me mandaram despir e vestir o biquíni mais reduzido que eu já tinha visto. A verdade é que deixava pouco ou nada à imaginação, e pensei que o objetivo devia ser precisamente esse. Os homens queriam ver a mercadoria antes de pagarem uma fortuna. Eu percebia, mas isso não me fez sentir menos exposta e vulnerável. Depois uma cabeleireira e uma maquilhadora fizeram o seu trabalho, deixando-me elegante e, surpreendentemente, nada reles. Em seguida, Scott colou o sortudo número 69 no meu estômago. Eu mantive a cabeça bem erguida quando me juntei às outras mulheres diante do espelho sem estanho. A parte pior foi que, enquanto só Deus sabia quem ou o que estava do outro lado do espelho a observar--me, eu não podia ver nada. No entanto, podia ver-me. Eu não era nada convencida, mas tive de admitir que tinha bom aspeto em comparação com as outras mulheres. Nunca me tinha considerado linda de morrer, mas era atraente. Os meus cabelos louros eram compridos e grossos. Os meus olhos não eram nada de especial, de um azul suave, mas de vez em quando enchiam-se de vida. Isso acontecia antes de a doença da minha mãe ter piorado, Eu não tinha um corpo perfeito, mas não era demasiado gorda nem demasiado magra e tinha curvas onde sempre imaginara que eram os lugares certos. No geral, achava que era vistosa. Uma por uma, as mulheres foram retiradas da sala. Primeiro, pensei que significava que tinham sido selecionadas e sentime como a miúda gorda no ginásio que era sempre a última a ser escolhida. Mas depois chamaram o meu número e eu dirigi-me para a mesma porta preta por onde tinha visto as outras desaparecerem antes. Quando entrei, fui levada para o centro da sala. A minha volta, havia áreas menores com paredes de vidro. Cada sala tinha um candeeiro de mesa fraco, um telefone e uma cadeira estofada de veludo vermelho. Era óbvio que a única coisa que os ocupantes das salas tinham em


comum uns com os outros era dinheiro — e montes dele. A primeira sala estava ocupada por um xeique que usava óculos escuros, um grande turbante branco e um fato completo. Duas das mulheres que tinham estado anteriormente no corredor estavam ao seu lado, a enchê-lo de beijos ao mesmo tempo em que lhe esfregavam os órgãos genitais e o peito. Embaraçada, desviei os olhos e deparei-me com um homem noutra sala. Era um homem enorme, grande como uma casa. Fez-me lembrar de imenso Jabba, o Hutt. Lembrei-me de uma fotografia da princesa Leia acorrentada ao seu lado e senti um arrepio. Nunca me tinha imaginado como a princesa Leia quando era criança, e certamente não ia começar agora. Na sala seguinte havia um homenzinho minúsculo com dois enormes guarda-costas parados ao seu lado. Os homens tinham as mãos cruzadas à frente do corpo e imaginei que era a posição em que deviam parecer mais relaxados. O homenzinho tinha as pernas delicadamente cruzadas e estava a beber uma bebida frutada com uma sombrinha espetada. Tinha o casaco branco casualmente pousado sobre os ombros, como se fosse fixe de mais para vesti-lo. Calculei que o gênero masculino fosse mais o seu tipo. Não me parecia que fosse muito ameaçador. Provavelmente, estava ali para arranjar uma miúda gira e manter publicamente as aparências enquanto enfiava secretamente alguém pela porta das traseiras, se é que me estão a perceber. Olhei para a última sala e suspirei no meu íntimo quando vi que a luz estava apagada. Aparentemente, quem ali estivera já tinha feito a sua seleção e saído, o que não me deu muita esperança em relação à fauna que restava. E depois uma luzinha cor de laranja piscou na sala às escuras, como se alguém tivesse acabado de dar uma passa num cigarro. Olhei com mais atenção e vislumbrei as linhas tênues de um corpo descontraidamente sentado na cadeira. A figura inclinou-se ligeiramente para frente para reajustar a posição e pude vê-lo melhor, mas não o suficiente para perceber alguma coisa. -Cavalheiros - disse Scott, batendo uma palma quando se veio colocar atrás de mim. Esta é a encantadora Delaine Talbot, o artigo número 69 da nossa lista esta noite. Acredito que todos têm as especificações, mas deixem-me realçar alguns dos seus melhores atributos. » Primeiro, e antes de mais, ela veio ter conosco por sua iniciativa. Obviamente, ela é espetacular à vista, o que pode tornar a vida infinitamente mais fácil para aqueles que quiserem uma companhia para frequentar eventos sociais. Ela é jovem, mas não demasiado jovem, por isso os vossos amigos e família acharão mais credível que tenham um relacionamento tradicional, se esse tipo de coisa for importante. É culta e educada, tem os dentes todos e goza de boa saúde. E não tem problemas com drogas, o que significa que não haverá um período de desintoxicação para adiar o que pretendem fazer com ela... e a ela. » E, provavelmente, o bem mais valioso de todos é que a sua inocência está completamente intacta. Esta, meus caros cavalheiros, é uma virgem de nível A. Imaculada, intocada... pura como neve acabada de cair. Perfeita para ensinar, não? Dito


isto, comecemos o leilão em um milhão de dólares e que ganhe o filho da mãe mais sortudo — terminou ele com um enorme sorriso falso. Voltou-se para me piscar o olho e depois se desviou. A plataforma em que eu estava no meio da sala começou a mover--se e, embora não estivesse exatamente a voar, ainda assim apanhou--me desprevenida e cambaleei um pouco antes de recuperar o equilíbrio. E continuei a andar à roda enquanto começou o processo do leilão. Não havia sons audíveis de vozes, apenas um zumbido ocasional quando as luzes por cima das portas se iluminavam. Eu via os homens a pegar no telefone que tinham ao seu lado e falar para o bocal antes de a sua luz se acender, por isso presumi que seria o método de fazer licitações. Eu não fazia ideia do valor das licitações. Só esperava receber dinheiro suficiente para pagar a cirurgia de Faye. Passado algum tempo, o xeique e o tipo minúsculo desistiram, deixando Jabba, o Hutt e o Homem Misterioso a competir. É claro que eu não fazia ideia de como era o Homem Misterioso, mas tinha de ser melhor do que afogar-me numa poça de Jabba, o Hutt. A licitação entre os dois começou a abrandar e eu estava a ficar cada vez mais tonta por girar na plataforma. Na verdade, eu só queria que aquilo acabasse para poder conhecer o meu destino e cumpri-lo. Secretamente, ainda estava a torcer pelo misterioso desconhecido. A luz de Jabba, o Hutt foi a última a piscar e eu percebi que a licitação estava do lado do Homem Misterioso, mas ele não estava a responder. Comecei a entrar em pânico quando Scott voltou para a sala e parou ao meu lado. Sorriu para Jabba, o Hutt e depois lançou um olhar interrogador na direção do Homem Misterioso. Eu sabia que a expressão dos meus olhos indicava claramente que eu estava a implorar-lhe, e não sabia se faria alguma diferença para ele, mas tinha de tentar. Os segundos arrastaram-se horrivelmente. Tudo parecia mover-se em câmara lenta e eu estava tonta e confusa. Sabia que ia desmaiar a qualquer momento se não levasse oxigênio para o cérebro, mas estava a conter a respiração, a rezar para que o Homem Misterioso viesse salvar-me e que eu não lamentasse ter desejado que ele fosse o vencedor. — Parece que temos um ven... — começou Scott, mas parou abruptamente quando a luz sobre a sala do Homem Misterioso se acendeu e se ouviu o zumbido. Inspirei uma golfada de ar muito necessário e senti o cérebro a formigar com a sensação de vida. A minha cabeça disparou na direção de Jabba, o Hutt. Suspirei, aliviada, quando ele abanou a cabeça e acenou uma mão num sinal de desistência antes de se levantar com dificuldade para apagar a luz na mesa. — Tem um novo dono, Menina Talbot — arrulhou Scott, um pouco perto de mais do meu ouvido. - Não quer vir conhecer o seu amo? — Eu não vou chamar-lhe amo — sibilei furiosa, num tom de voz suficientemente alto para ser ouvido apenas por Scott enquanto ele me obrigava a descer da plataforma. — Vais chamar-lhe o que ele quiser que lhe chames se queres os fantásticos dois milhões que ele acabou de pagar por ti — retorquiu ele, pegando-me no cotovelo e levando-me para a sala do Homem Misterioso.


— Dois milhões de dólares? - perguntei atônita. Tentei arrancar o cotovelo do seu aperto porque aquele tratamento bruto não fazia parte do acordo e estava a irritar-me profundamente. No entanto, cie agarrou-me de novo, desta vez com mais firmeza, e empurrou me paia a Irente. — O quê? Não basta? És uma coisinha gananciosa, não és? — Sem me dar oportunidade para responder, ele abriu a porta de vidro da sala do Homem Misterioso e entrou comigo a reboque. O cheiro a fumo de cigarro atacou o meu olfato, mas estranhamente, não senti repulsa. — A Menina Delaine Talbot. - Scott apresentou-me à figura ainda amortalhada em escuridão. - Parabéns pela vitória, Sr. Crawford. Tenho a sensação de que ela vai valer cada tostão. — Envie o contrato para a minha morada — disse uma voz grossa e rouca das sombras. A ponta incandescente do cigarro brilhou e iluminou tenuemente as suas feições antes de ele desaparecer de novo. -E tire as mãos da minha propriedade, por amor de Deus. Não estou disposto a pagar por mercadoria danificada. Scott soltou imediatamente o aperto e eu esfreguei o sítio na parte de trás do braço, sabendo que na manhã seguinte haveria ali uma nódoa negra. — Como queira. — Scott fez uma vénia pouco cerimoniosa. — Pode demorar o tempo que quiser na sala, mas tenha cuidado... ela é arisca. Eu não sabia o que era esperado de mim, por isso fiquei desajeitadamente parada durante o que me pareceu uma eternidade. Quando estava quase convencida de que ele pretendia passar ali os dois anos inteiros, ele suspirou finalmente e apagou o cigarro. A luz acendeu-se, cegando-me momentaneamente porque os meus olhos se tinham acostumado à escuridão. Quando se ajustaram à claridade, olhei para ele. O meu estômago apertou-se e juro que o meu coração deixou de bater uma... ou duas... talvez três vezes. Ele era lindíssimo. E estava a ser verdadeiramente difícil para mim não o comer com os olhos. Ele deixou-se ficar sentado a sorrir afetadamente enquanto eu o observava. Usava um fato feito por medida, completamente preto. Não tinha gravata e os botões de cima da camisa estavam desapertados, revelando a clavícula e deixando entrever um peito escultural com alguns pelos. Os meus olhos seguiram os tendões esticados do seu pescoço até ao maxilar saliente, escurecido pelo início de uma barba. Os seus lábios eram suculentos c tinham um tom perfeito de cor-de-rosa escuro, o nariz era direito e perfeito e os olhos... meu Deus, os olhos. Eu nunca tinha visto um castanho tão intenso e infundido de tantas tonalidades diferentes nem um homem com pestanas tão compridas. Ele tinha os cabelos castanhos escuros cortados muito curtos, mais compridos em cima e espetados na frente. Muito possivelmente, era o homem mais belo que eu já tinha visto. Ele ergueu a mão e passou os dedos compridos pelos cabelos. Eu não percebi se foi por estar furioso com o meu olhar intenso ou por hábito, mas ainda assim foi um gesto sensual. Comecei a perguntar a mim mesma porque é que uma pessoa como ele precisaria de


ir ao extremo de comprar uma companheira, quando era evidente que poderia ter quem quisesse. Mas depois ele abriu a boca, lembrando-me que não era um encontro de contos de fadas e que eram esperadas coisas de mim - coisas que eu teria de fazer, quer quisesse quer não. — Bem, vamos yer se vales o que paguei por ti — disse ele com um suspiro, desapertando as calças e tirando o membro enorme. Eu olhei-o, embasbacada, pois achei que ele não esperava que eu perdesse a minha virgindade com ele num lugar horrível como este. Quer dizer, eu sabia que lhe pertencia, mas a sério? - De joelhos, Delaine, ou anulo o negócio e podes ir para casa com o monte de banhas que está na outra sala. Ele parecia querer-te muito — disse ele com um sorriso sensual enquanto acariciava o seu glorioso membro. - Mostra-me um pouco de gratidão. Problema número um: eu nunca tinha feito um broche em toda a minha vida.


2 O problema do reflexo do vômito Lanie — Estás a fazer-me perder o meu tempo, Delaine, e aparentemente o meu dinheiro. - Quer que eu... Aqui? Agora? — perguntei nervosa. - Por acaso gaguejei? — perguntou o Homem Misterioso com uma sobrancelha erguida. Eu caí de joelhos diante dele e engoli o nó que se tinha formado na minha garganta. Felizmente o chão estava frio, pois só então reparei como o pequeno espaço tinha ficado extremamente quente. O calor saiu de mim em ondas e percebi que devia estar mais vermelha do que um tomate. Respirações curtas e rápidas eram vitais para me manter controlada e não vomitar no colo dele. Provavelmente, isso não cairia muito bem. Ele suspirou furioso, e isso só fez o meu coração bater mais depressa. — Ponha-me na sua boca, Menina Talbot. Eu inclinei-me para frente, peguei no seu membro e percebi que nem sequer conseguia agarrá-lo todo com a mão. Santo Deus! Ele não podia esperar verdadeiramente que eu conseguisse enfiar uma coisa daquelas na boca. Cometi o erro de levantar os olhos para ele. A sua testa estava franzida de expectativa e o maxilar mexia quase imperceptivelmente. Por uma fração de segundo, ele pareceu quase tão nervoso como eu. Eu abanei mentalmente a cabeça, pois devia ser um grande disparate, e voltei a concentrar-me na tarefa que tinha em mãos, que era definitivamente uma tarefa e uma coisa que era suposto eu fazer. Tenho a certeza de que parecia estúpida a observar o seu membro, a tentar descortinar a melhor maneira de fazer aquilo. Todas aquelas vezes cm que dormira em casa de Dez e ela insistira para que eu treinasse coisas como beijar e fazer broches de repente não me pareceram tão disparatadas. E claro que eu sabia fazer com uma banana, mas as bananas que usávamos teriam de ter sido injetadas com muitos esteroides para se compararem com o membro do Homem Misterioso. Havia um salpico de uma coisa húmida na ponta e eu não sabia bem o que fazer com aquilo, por isso abri a boca e lambi com a ponta da língua. Ouvi-o arfar vagamente e tomei isso como um sinal positivo, por isso beijei-o, mas o beijo não foi nada sensual. Foi mais como beijar a cabeça careca do meu tio Fred e ao mesmo tempo não foi nada como beijar a cabeça careca do meu tio Fred. Jesus, eu não fazia a menor ideia do que estava a fazer e a minha atrapalhação estava a levar a minha mente para um sítio muito tonto. Era o meu mecanismo de defesa. Eu tive consciência disso, mas não mudou o facto de que estava a acontecer num momento muito inadequado. Fechei os olhos e expirei lentamente, a tentar encontrar aquele lugar muito pequeno dentro de mim onde eu era uma megera desavergonhada. Uma imagem do rosto do


Homem Misterioso invadiu os meus pensamentos e de repente sentime mais arrojada. Fechei os lábios à volta da glande e chupei um pouco. Depois, abri mais a boca e meti tudo o que pude, que não foi muito. Como já disse, aquela coisa era enorme. Tive praticamente a certeza de que iria ficar com um grave problema de trismo. — Vá lá, tu consegues fazer melhor do que isso - desafiou-me ele. Eu continuei a avançar até a ponta do seu membro bater no fundo da minha garganta e eu pensar que os cantos da boca iam rasgar-se. Isto teria sido muito mais fácil se eu tivesse uma daquelas bocas de cobra que se soltam para engolir a sua presa. E foi mais ou menos nessa altura que comecei a rezar para não deslocar o maxilar. Recuei e avancei novamente, mas acho que desta vez o meu reflexo de vômito decidiu que não ia colaborar. Quando me engasguei involuntariamente com ele, o reflexo desencadeou uma reação em cadeia. Na minha pressa para reprimir o vômito e não vomitar em cima dele, os meus dentes morderam a pele sensível do seu membro. Ele gritou de dor e empurrou-me para longe antes de, praticamente, trepar pelas costas da cadeira para fugir de mim e da minha boca assassina. - Raios partam! - gritou ele, e depois começou a inspecionar-se. Eu nem sequer tinha rasgado a pele, que mariquinhas. - Só podes estar a gozar comigo! Alguma vez chupaste uma pila antes? — A raiva desfigurou lhe o rosto, mas, mesmo a fazer cara feia, ele era lindo. - Porque este foi sem dúvida o pior broche que já me fizeram. Era oficial: eu odiava-o. - Desculpe. Eu nunca... - Tu nunca fizeste um broche? - perguntou ele, incrédulo. Eu abanei a cabeça. — Jesus Cristo! — murmurou ele enquanto passava as mãos pelo rosto e respirava fundo. A sua insensibilidade perante esta situação, ou talvez a sua hipersensibilidade a ela, provocou-me. Muito embora soubesse que talvez fosse melhor ficar calada —, porque, sejamos realistas, ele podia fazer comigo o que quisesse - eu não estava disposta a aguentar. - O senhor e a sua gloriosa e colossal pila podem beijar-me o rabo! — gritei com a maior ênfase que consegui, mas ainda não tinha terminado. — Eu posso não ser o tipo de miúda que anda por aí a enfiar pilas na boca o dia inteiro... tenho a certeza de que não teria pago dois milhões de dólares por mim se fosse... e peço desculpa se o magoei, mas mesmo que fosse experiente neste tipo de coisa, eu... Simplesmente, não é possível que alguém consiga enfiar uma coisa tão grande pela garganta abaixo. O senhor é um fenômeno da natureza, mas pelo menos eu tentei, seu idiota! — Eu e o meu cérebro sem filtro tínhamos obviamente acabado de sofrer de um terrível caso de verborreia. Provavelmente, eu ia perder o contrato e arruinar tudo. Ele ficou sentado a olhar para mim. O seu rosto passou da surpresa à raiva e depois ele pareceu ficar confuso e talvez até um pouco sem palavras. Abriu e fechou a boca algumas vezes, como se estivesse prestes a dizer alguma coisa e depois se tivesse arrependido. Outro momento passou antes de ele virar a cabeça para o lado e depois novamente para mim.


- Então, o que estás a dizer é que achas que eu tenho uma pila grande, e que isso pode ser uma coisa bastante espetacular? - perguntou com um sorriso presunçoso. Eu sentei-me em cima dos tornozelos e cruzei os braços no peito, completamente mortificada de embaraço porque, sim, acho que, tecnicamente, era o que eu tinha acabado de dizer. Mas não ia admitir uma segunda vez. — Tens alguma experiência sexual? Abanei novamente a cabeça. Ele suspirou e passou mais uma vez os dedos pelos cabelos. Parecia estar a mil quilômetros de distância, provavelmente a pensar se ia ou não ficar comigo. E depois, por fim, enfiou-se nas calças e levantou--se, agigantando-se sobre mim. — Vamos embora. — Para onde? - Eu estava pronta para lhe implorar que não me vendesse ao Jabba, o Hutt. — Vamos para casa - foi à resposta curta. — Não está zangado? - Levantei-me atabalhoadamente e corri para acompanhar os seus passos compridos quando ele saiu intempestivamente da sala. — Oh, estou extremamente irritado, mas estou a esforçar-me muito para não estar. — Ele continuou a percorrer o corredor sem me lançar um único olhar por cima do ombro. Suponho que, se analisar o lado positivo da coisa, isto significa que posso ensinar-te a fazer as coisas como gosto. Mas neste momento tenho um tesão do tamanho do Texas e não estou propriamente encantado com isso. Onde estão as tuas coisas? — Numa sala ao fundo do corredor. Não dissemos mais nada um ao outro enquanto voltávamos para a sala onde eu tinha mudado de roupa e deixado as minhas coisas, incluindo o telemóvel. Ele ficou do outro lado da porta enquanto eu tirei as ligaduras que deviam passar por roupa e vesti o meu top e a minha saia. Depois de estar vestida e de me sentit menos exposta, ele levou-me pela saída das traseiras do Foreplay, a porta que eu tinha presumido que seria destinada apenas a este tipo de clientes. Quando chegámos ao parque de estacionamento, o Homem Misterioso dirigiu-se para uma limusina onde um homem baixo de cabelos louros estava parado à porta de fato preto e boné de motorista. — Sr. Crawford. — O homem cumprimentou-o com um aceno de cabeça e um rosto inexpressivo enquanto abria a porta de trás. - Samuel — disse ele por sua vez enquanto punha a mão no fundo das minhas costas e me empurrava para o interior do veículo. - Vamos para casa e esta noite não saímos mais. - Sim, senhor - disse o motorista quando o Sr. Crawford, isto é, o Homem Misterioso, deslizou para o enorme banco de trás da limusina e se sentou ao meu lado. Não que não houvesse muito espaço. No entanto, provavelmente espaço pessoal era um luxo que eu não teria muito nos próximos dois anos. Segundos depois, o carro seguia pelas ruas de Chicago. O Sr. Crawford expirou fundo e ajeitou-se no banco enquanto mexia nas calças. Nota para mim: não te metas com o Texas. Sorri um pouco para mim mesma. - Vives em Chicago? - perguntou ele, quebrando o silêncio.


- Não, Hillsboro - foi a minha curta resposta. Olhei pela janela e vi as luzes da cidade a passar. As ruas estavam cheias de pessoas despreocupadas que pareciam não ter um único problema no mundo. Pensei que em circunstâncias diferentes, e se o mundo não me odiasse, a mim e à minha família, eu poderia ser como uma delas. Mas não era. - Porque é que estás a fazer isto, Delaine? Eu não estava preparada para divulgar essa informação e certamente não fazia parte do meu contrato. Preferia não ficar muito íntima do homem que acabara de me comprar. - Porque é que o senhor está a fazer isto? - retorqui. Aparentemente, o meu filtro cerebral continuava avariado. A cara feia voltou e uma parte de mim arrependeu-se de ter sido atrevida com ele quando pensei em como ele me poderia castigar. Mas apenas uma pequena parte de mim. - Tens noção de que agora eu sou o teu dono, certo? É bom que não te esqueças do teu lugar. Eu não sou uma pessoa cruel por natureza, mas a tua língua comprida e a tua atitude desagradável estão a pôr o meu autodomínio à prova — avisou-me com uma expressão severa. Eu tinha a certeza de que naquele momento devia parecer uma gatinha assustada, porque era assim que me sentia, mas ainda assim olhei-o nos olhos, pois o meu orgulho não me permitiu baixar a cabeça. Ou talvez tenha sido o medo que me fez mantê-lo debaixo de olho e estar atenta a quaisquer movimentos súbitos. Mas provavelmente, foi porque o homem era um espécime verdadeiramente lindo, e amaldiçoei a mulher carente que existia em mim por ser tão fraca. — Escuta, eu sei que esta situação não é ideal para ti, e provavelmente tens os teus motivos, assim como eu tenho os meus — começou ele. - Mas a realidade é que estamos presos um ao outro nos próximos dois anos, por isso será muito mais fácil para ambos se pudermos pelo menos tentar darmo-nos bem. Não quero estar sempre a discutir contigo. Eu não vou discutir contigo. Tu vais fazer o que eu disser, e ponto final. Se não quiseres contar-me nada sobre a tua vida pessoal, tudo bem. Não vou perguntar. Mas tu pertences-me e eu não vou tolerar insubordinação, Delaine. Estamos esclarecidos? Eu semicerrei os olhos e cerrei os dentes. — Perfeitamente. Farei o que me mandar, mas não espere que goste. Ele sorriu com uma expressão maliciosa e depois pousou a mão na minha coxa nua. Lentamente, começou a acariciar a minha pele e os seus dedos subiram por baixo da saia. Ele inclinouse para mim até eu sentir a sua respiração quente a percorrer-me o pescoço e a minha pele a arrepiar-se com a sensação. — Oh, eu acho que vais gostar muito, Delaine. — A sua voz rouca fez-me sentir coisas que eu devia estar demasiado repugnado para sentir, e depois ele pressionou os lábios mesmo por baixo da minha orelha num beijo sensual enquanto os dedos compridos faziam pressão no meu centro. O meu corpo estúpido e traiçoeiro reagiu e eu derreti--me nas suas mãos mais que capazes. Acho que um pequeno gemido pode ter escapado dos


meus lábios quando ele se afastou abruptamente. — Ah, lar doce lar — disse ele quando o carro parou. Fui arrancada da névoa induzida pelo meu Homem Misterioso e olhei pelas janelas de vidros escuros. A casa nem sequer era uma casa. Era gigantesca. Uma mansão. Aposto que ele poderia enfiar uma cidade inteira lá dentro. Se eu não soubesse já, diria que ele estava a tentar compensar, mas obviamente não era nada disso. O Sr. Crawford - céus detestava referir-me a ele por aquele nome saiu da limusina e estendeu a mão para me ajudar. Eu declinei a oferta e saí sozinha. O acesso era de ladrilhos, enorme e circular com uma fonte de pedra no centro, iluminada com suaves luzes brancas. Colunas de água subiam no ar e caíam como chuva no lago de vidro. Quando me voltei para olhar para o que me rodeava, só vi relva perfeitamente cortada e arbustos ornamentais esculpidos com o formato de veados. Credo, o Eduardo Mãos de Tesoura vivia aqui? - Por aqui, menina - disse Samuel, tirando-me a mala das mãos e chamando a minha atenção para a casa. Estátuas de cimento, também com o formato de veados, adornavam as colunas de cada lado da escadaria que conduzia ao alpendre. Tinham as cabeças baixas, como se estivessem a posicionar os enormes chifres para a batalha, e um casco levantado no ar. Eu juraria que ouvi um ligeiro arquejo de um veado, mas era evidente que eles não estavam vivos. Altas colunas brancas ladeavam a entrada da casa e estendiam-se desde o enorme alpendre até ao primeiro andar. Samuel abriu as portas duplas para nós entrarmos e o Homem Misterioso convidou-me com um gesto para passar antes dele. Os chãos eram de mármore e os tetos altos e em forma de abóbada. Porém, o que chamou verdadeiramente a minha atenção foi a escadaria. Estava centrada na entrada e estendia-se até um patamar antes de se dividir em duas secções que seguiam para direções opostas da casa. Parecia um daqueles cenários em que a princesa surge no cimo da escadaria e espera para ser anunciada à multidão boquiaberta que se encontra lá em baixo antes de descer graciosamente para cumprimentar os seus convidados. Mas o que aconteceria comigo? Provavelmente, tropeçaria no primeiro degrau e o meu corpo enrolar-se-ia numa bola enquanto eu rebolava pelas escadas abaixo e caía com um ruído seco no fundo. E não seria gracioso. Nada gracioso. - Que é que te parece? - perguntou o Homem Misterioso enquanto gesticulava com os braços muito abertos. Obviamente, sentia orgulho na sua casa. - Eh, não é má. Para quem gosta de coisas pretensiosamente exageradas — respondi com um encolher de ombros entediado. Na verdade, estava impressionada. Muito impressionada. - Eu herdei a casa. E não sou pretensioso — disse ele. — Vou levar--te para cima para vestires uma coisa mais confortável e podermos dormir um pouco. Foi um longo dia e tenho a impressão de que o dia de amanhã vai ser ainda mais longo... e provavelmente todos os dias dos próximos dois anos da minha vida.


Ele voltou-se e começou a subir as escadas, deixando-me de novo para trás. - Parece que concordamos em alguma coisa, Sr. Crawford — disse eu. Ele parou abruptamente e voltou-se para me olhar com uma expressão irritada nos olhos. - É Noah - disse ele num tom solene, continuando depois a subir as escadas. - Só os criados é que me chamam Sr. Crawford. - E eu não sou uma criada? Está a pagar-me para aqui estar, tal como lhes paga a eles — provoquei-o. - Acredita que eles não ganham nem pouco mais ou menos o que tu vais receber. - Ele virou no patamar e seguiu pela escadaria do lado direito. — E tu serás a minha companheira quase constante nos próximos dois anos. As pessoas têm de acreditar que nós somos um casal a sério. Não é provável que isso aconteça se continuares a chamarme Sr. Crawford. - Muito bem, Noah - disse eu, a experimentar a sonoridade. -Qual é o meu quarto? perguntei quando chegámos a um comprido corredor adornado com grandes quadros nas paredes. - Nós estamos no fundo do corredor - disse ele, ainda a avançar à minha frente. - Espera. Nós? - Tu vais partilhar a minha cama. Este ponto não ficou claro para ti? - Mas nós nem sequer discutimos os termos do contrato - lembrei-lhe. Ele abriu a porta ao fundo do corredor e eu entrei atrás dele. No segundo em que atravessei a soleira da porta ele aproximou-se e prendeu-me com o seu corpo. - Os termos são bastante simples - disse ele enquanto os seus lábios afloravam a pele do meu pescoço. - Tu pertences-me e eu posso fazer contigo o que quiser. Ele encostou os lábios aos meus e beijou-me com firmeza, mas eu não retribuí o beijo. Os seus movimentos suavizaram-se e ele roçou os lábios nos meus, tentando fazer-me reagir. - Beija-me, Delaine. - Pressionou as ancas para frente e aquela coisa nas suas calças empurrou suavemente a minha parte mais feminina. - És capaz de gostar. Não me ocorreu que ele poderia ter razão, mas sabia que já estava a abusar da minha sorte com ele e que ele podia não estar disposto a continuar a aturar as minhas tretas. A minha mãe precisava daquela cirurgia e eu tinha a certeza de que enquanto estivéssemos juntos seríamos muito mais íntimos do que isto, por isso não tinha outra alternativa a não ser aguentar e ceder à sua vontade. Respirei fundo, com o peito encostado ao dele, e depois abri os lábios e deixei que o seu lábio inferior se colocasse entre os meus. Ele gemeu e reposicionou-se para que a coxa ficasse entre as minhas pernas, as mãos nas minhas ancas e a cabeça inclinada para o lado para ter melhor acesso. Eu deixei-o intensificar o beijo quando a sua língua lambeu o meu lábio e soube instantaneamente que nunca me arrependeria. Não que já tivesse beijado muitos tipos antes ou fosse uma espécie de especialista, mas as coisas que aquele homem sabia fazer com a língua... Pousei as mãos nos seus bíceps, sentindo o músculo que se fletia por baixo do casaco. Queria estar mais perto e pensei que ele apreciaria que eu tomasse alguma iniciativa, por


isso enfiei as mãos por baixo do casaco e toquei-lhe no peito. Depois, subi-as para os ombros para obrigar o casaco a deslizar pelos braços. Ele apanhou-o com uma mão e pousou-o na cadeira ao nosso lado antes de me agarrar novamente as ancas e me puxar para mais perto de si. Eu entrelacei as mãos atrás do seu pescoço e enrolei a língua na sua, chupando muito suavemente. Ele gemeu para dentro da minha boca e depois afastou-se inesperadamente, deixando-me com os olhos fechados, a cabeça inclinada para o lado, as mãos ainda suspensas no ar e os lábios franzidos do beijo. Foi um bocado como aquele momento embaraçoso em Dirty Dancing, quando Baby ainda estava a tentar apanhar o ritmo e johnny a deixou sozinha numa sala cheia de desconhecidos. - Estás a ver? Eu dissete que ias gostar - declarou ele com um meio sorriso. Não era justo ele ficar ali parado, impávido e sereno, enquanto eu estava prestes a rebentar uma veia de tanto desejar que o meu corpo não explodisse! - Não te preocupes, faremos isso mais vezes, mas negócios antes do prazer - disse ele, recuando dois passos. — Os termos do contrato: eu vou transferir o dinheiro anonimamente para a conta que especificaste como pediste. Espero que sejas discreta relativamente aos pormenores da nossa relação, e eu farei o mesmo. Para todos os efeitos, a minha família e colegas acreditarão que nos conhecemos durante uma das minhas muitas viagens de negócios e que estamos profundamente apaixonados. Tu vais acompanhar-me a vários eventos sociais e vais comportar-te como a senhora de boas maneiras que se espera que sejas. Em minha casa, vais partilhar a minha cama e estarás disponível de todas as formas físicas que eu precisar. E devo avisar-te que tenho uma imaginação prodigiosa. Esqueci-me de alguma coisa? Provavelmente, mas a minha cabeça ainda estava atordoada com o beijo e eu não conseguia pensar bem, por isso limitei-me a acenar. - Bom - disse ele, deitando-se na cama extragrande (eu começava a perceber uma tendência em todas as coisas excessivamente grandes que rodeavam aquele homem) e apoiando-se nos antebraços. - Agora, despe-te. - Como? - eu fiquei praticamente engasgada. - Delaine, nós vamos ver-nos muitas vezes nus. Por isso, talvez seja bom esqueceres essa parte do pudor e da timidez. - Ele olhou-me de cima a baixo e lambeu os lábios sugestivamente. Os seus olhos cruzaram-se com os meus e a expressão daqueles penetrantes olhos cor de avelã quase me fez cair de joelhos. - Tu mostras-me a tua e depois eu mostro-te o meu. Era um bom acordo, certo? Eu descalcei-me, peguei na bainha da camisola e puxei-a rapidamente pela cabeça. - Mais devagar - disse ele num tom rouco, fazendo-me parar. Eu revirei os olhos porque aquilo era um enorme clichê. - Gostarias de pôr música para eu poder lazer um strip-tease para ti, é isso? - Agora estás a perceber - disse ele com um piscar de olho, e depois rastejou pela cama e pegou num comando à distância que estava em cima da mesa de cabeceira. Carregou num botão e começou a ouvir-se música sensual, embora eu não conseguisse


perceber de onde é que ela vinha porque parecia sair de todos os lados. - Não! Eu... eu não sei. Quero dizer... eu não... - Estou só a brincar - disse ele, desligando a música e voltando para o seu lugar na cama. — Talvez noutra altura. Eu expirei profundamente e depois corri o fecho na parte de trás da saia e deixei-a cair no chão antes de sair de dentro dela. - Para aí. — Noah levantou-se da cama e dirigiu-se para mim. Inibida, cruzei um braço à frente do peito e o outro sobre o estômago antes de baixar os olhos para o chão. Ele andou em círculo à minha volta e senti os seus olhos em mim, a percorrer todo o meu corpo. E depois senti o seu toque quando ele parou atrás de mim e pressionou o peito contra as minhas costas. Ele passou a parte de trás das pontas dos dedos pelos meus braços até chegar às minhas mãos e depois pegou nas duas e afastou-as do meu corpo. - Não te escondas de mim. — Os seus lábios tocaram na curva do meu pescoço. Ele recuou um pouco e deixou as minhas mãos caírem ao longo do corpo antes de voltar a subir os dedos pelos meus braços e ombros e descer pelas minhas costas. Só parou quando chegou ao fecho do meu sutiã, que desapertou antes de eu dar por isso. Deslizou os dedos por baixo das alças e empurrou-as lentamente pelos meus ombros até elas escorregarem pelos braços, expondo os seios. Senti novamente o calor do seu corpo contra o meu e a sua respiração quente espalhou-se pela minha pele quando ele expirou lentamente. Ele depositou uma fila de beijos quentes por todo o meu pescoço e ombro, deixando um rasto de logo atrás deles. Eu estremeci, mas tive quase a certeza de que o estremecimento se deveu às suas atenções e não ao frio. O meu corpo estava a aquecer a tal ponto que temi que pudesse incendiar-se. E depois senti as suas mãos nas minhas ancas. Os dedos mergulharam por baixo do elástico das minhas cuecas e ele começou a descê-las, oh tão lentamente, biquei rígida, sem saber o que lazer. - Descontrai. Só te quero ver. Toda - disse ele num tom tranquilizador. Respirei fundo e tentei relaxar um pouco. No entanto, não foi propriamente fácil porque, como já disse, o homem era lindo e em circunstâncias normais eu quereria atirarme a ele. E depois as minhas cuecas caíram até aos tornozelos. Fiquei ali nua como uma idiota, completamente exposta e vulnerável ao homem que acabara de me comprar para seu prazer pessoal. — Estás a ver? Não foi assim tão mau, pois não? — Esperou por urna resposta que eu não tinha de dar, e ele sabia. - É a minha vez. Podes ficar de costas para mim ou podes virar-te e observar. Eu sabia o que ele estava a fazer. Estava a obrigar-me a escolher. Mas não havia grande escolha. Se eu ficasse onde estava, pareceria uma menina assustada. E se me voltasse pareceria que queria isto tanto quanto ele. Para ele, era uma situação vencedora; para mim, seria presa por ter cão e presa por não ter. Por isso, voltei-me. Se ia perder, queria o prêmio de consolação. E naquele momento


regalar os olhos com aquela brasa era consolação suficiente. Noah lançou-me novamente aquele risinho irritantemente sensual, claramente feliz com a minha decisão. Em segredo, eu também estava satisfeita. Observei-o a desapertar lentamente cada botão da camisa com os dedos ágeis. Eram grossos e compridos e, bem, super incríveis, como acredito que Dez diria. Ele puxou os ombros para trás e despiu a camisa, revelando uma camisola interior de alças muito sensual. Aquilo já era de mais. Eu estava aqui por um motivo. Aproximei-me quando ele pegou na bainha da camisola e imobilizei lhe as mãos. Ele ergueu uma sobrancelha interrogativa para mim e eu imitei a sua expressão, desafiandoo para me parar. Mas ele não fez nada. Eu pousei as mãos nas suas ancas e subi-as pelos lados, agarrando a camisola e arrastando-a pelo seu torso. Noah ergueu os braços, deixando-me passá-la pela cabeça, e eu atirei-a para o chão. Bem, tentei atirá-la para o chão, mas ele foi rápido e apanhou-a a meio da queda, pousando-a cuidadosamente nas costas da cadeira com o casaco e a camisa formal. Antes de ele poder olhar-me de novo, as minhas mãos começaram a desapertar o cinto das suas calças. Sem o retirar, desabotoei o botão das calças e depois o fecho. - Ansiosa? - perguntou com um sorriso matreiro. A minha única resposta foi olhá-lo nos olhos e descer as calças. Por baixo das calças? Boxers de fazer crescer água na boca. Boxers vermelhos. Boxers vermelhos onde vivia um soldado muito orgulhoso que usava um capacete. Ora, eu já tinha visto o seu maravilhoso membro de perto antes, mas havia alguma coisa na forma como o homem enchia um par de boxers que mexeu verdadeiramente comigo. Viam-se pormenores suficientes do que estava por baixo, ao mesmo tempo em que se mantinha um elemento de mistério; um cesto cheio de coisas boas à espera de ser desembrulhado, se quiserem. Noah prendeu os polegares no elástico dos boxers sem deixar de manter contacto visual comigo o tempo todo, e despiu-os. Só quando ele os apanhou do chão e se virou de costas para mim é que eu me permiti observá-lo mais minuciosamente. Ele dirigiu-se para um par de portas do outro lado do quarto que eu presumi que seria um roupeiro e eu deixei os olhos deambular pelos seus ombros fortes e pelas costas musculosas até... - Estás a observar o meu rabo, não estás? — perguntou ele sem se voltar. Eu mexi a cabeça para olhar para outro lado antes que ele pudesse apanhar-me. - Hmm, claro que não. — É claro que a minha voz falhou, obrigando-me a pigarrear. - Sim, pois - disse ele, fechando as portas do roupeiro. Dirigiu-se para o casaco, tirou um maço de cigarros e um isqueiro do bolso interior e depois se sentou no sofá ao lado da janela, ainda completamente nu. Eu não sabia o que devia fazer, por isso fiquei a vêlo acender um cigarro e pousar o isqueiro e o maço na mesa ao seu lado. Eu estava hipnotizada com a forma como os seus lábios faziam amor com o cigarro a cada passa de nicotina. Ele desceu a outra mão, pegou no membro e começou a acariciálo enquanto os seus olhos percorreram o meu corpo. — Vem cá — disse ele, chamando-me com um aceno da cabeça para trás. Eu hesitei ao ver o membro endurecer diante dos meus olhos. Sem vergonha absolutamente nenhuma, ele nunca deixou de se acariciar enquanto falava comigo.


— Chegou o momento da tua primeira lição. Eu vou ensinar-te a chupar um membro como deve ser. Admito que engoli em seco. E com bons motivos, tendo em conta a primeira tentativa. Mas era o funeral do seu pénis. Sabendo que não tinha outra escolha, dirigi-me para onde ele estava sentado e ajoelhei--me entre as suas pernas abertas à espera de mais instruções. — Percebeste mal. Quero que te sentes no sofá. - Ele apagou o cigarro no cinzeiro que estava em cima da mesa antes de se levantar e puxar-me para cima. Eu sentei-me no sofá onde Noah me colocou e ele ficou mesmo à minha frente. Todo ele. — Agora, vou foder a tua boca, Delaine. É a forma mais fácil que conheço de te mostrar. Depois de veres o que gosto, deverá ser mais fácil para ti da próxima vez. Espero que aprendas depressa. Ele pegou no membro com uma mão e pôs a outra na minha nuca, empurrando-me para frente até a ponta tocar nos meus lábios. — Beija-o. E não tenhas medo de usar a língua. Eu abri a boca e enrolei a língua à volta da ponta, deixando os lábios fecharem-se sobre ela. Ele gemeu. — Foda-se, isso é tão bom. Continua. Agora chupa um pouco. Eu achatei a língua e pus a ponta toda na boca, chupando-a como se fosse um chupa-chupa. Eu podia fazer isto. Além disso, ouvir as instruções fez-me querer fazer um bom trabalho. — Põe a mão à volta da base e aperta um pouco. Eu fiz o que ele tinha mandado e senti-o endurecer ainda mais na minha boca. Ele empurrou a minha cabeça para frente para entrar mais fundo e as suas ancas avançaram e depois recuaram em sintonia com os meus movimentos. — Oh, céus, sim. Assim mesmo - gemeu ele, entrando até bater no fundo da minha garganta. Corno eu não queria que houvesse uma repetição do que acontecera no Foreplay, subi a mão para ele não poder avançar mais. Noah enrolou os dedos nos cabelos da minha nuca e moveu--me lentamente para trás e para frente. Quando a minha boca se acostumou à invasão, ele acelerou o movimento. O quarto estava em silêncio, com exceção dos ruídos molhados de sucção que eu fazia e dos gemidos roucos que escapavam da sua garganta enquanto se via a foder a minha boca. Ele pôs um pé em cima do sofá e as ancas impulsionaram o membro para dentro e para fora. O seu ritmo aumentou e ele começou a gemer a cada arremetida. Eu estava vergonhosamente molhada entre as coxas e horrorizada ao pensar que poderia estragar o seu sofá. Gemi com a emoção de saber que lhe dava prazer e deve ter sido uma coisa boa porque ele também gemeu e investiu com mais força. - Foda-se! Quando vi essa tua boca boa para foder percebi que serias excelente nisto. — A sua voz continuava ofegante e rouca, e ele continuava a investir na minha boca, e eu queria que ele me tocasse porque, que diabo, ele era sensual. Quanto mais ele gemia, suspirava e até grunhia, mais confiante eu me sentia. Os seus


testículos baloiçavam para trás e para a frente e eu quis ver como eram. Por isso, estiquei a outra mão e peguei-lhes com cuidado. - Merda, merda, merda! Vais-me fazer vir. Eu queria muito que ele se viesse, mas não sabia o que era suposto fazer em relação a isso. - Oh... céus - gemeu ele, fodendo a minha boca mais depressa. Dedos compridos puxaram os meus cabelos e empurraram a minha cabeça para frente e depois para trás, para ir de encontro às suas arremetidas. O seu aperto era tão forte que devia ter doído, mas na verdade só me excitou ainda mais. - Vamos ver se consegues engolir. - A sua voz soou rouca e, antes de eu poder assimilar o que ele queria dizer, ele entrou profundamente na minha boca até tocar uma vez mais no fundo da minha garganta. Um gemido gutural saiu do seu peito e depois um líquido espesso e quente invadiu a minha garganta. Eu quase me engasguei até controlar os meus instintos e começar a engolir. Estaria a mentir se dissesse que sabia melhor do que chocolate ou rebuçados de frutas ou outra coisa maravilhosa desse gênero. Mas também não era terrível. O senso comum disseme que eu devia estar completamente enojada, mas, tendo em conta a reação que acabara de lhe provocar — este completo desconhecido que tinha pago dois milhões de dólares para me ter como sua escrava sexual para poder fazer o que quisesse -, foi tolerável. Ele saiu da minha boca e sorriu. - Foi um broche do caraças. Eu limpei os restos de líquido da boca com as costas da mão e fiz todos os possíveis para parecer repugnada, porque ele não precisava de saber que eu até tinha gostado. Mas ele só se riu. - Há elixir na casa de banho. Afastou-se de mim e deu-me a mão, levantando-me do sofá e levando--me para outro par de portas. Entrámos os dois e ele tirou um frasco de elixir de baixo do lavatório e entregou-me. Eu pus um pouco no copo e bochechei enquanto ele pegou numa toalha e se limpou. Mesmo flácido, o seu membro era surpreendente. - Toma — disse ele, pegando numa escova de dentes nova, ainda na embalagem. Lavámos os dentes na bancada com dois lavatórios num silêncio constrangedor. O seu reflexo não parava de me sorrir à volta da escova de dentes e eu tive a certeza absoluta de que ele estava a gostar de ver os meus seios a estremecer com os movimentos que eu fazia para escovar os dentes. Eu já não conseguia suportar a sua expressão presunçosa, por isso desviei os olhos e observei a casa de banho. Era uma casa de banho desenhada para um rei e a peça central do espaço era a banheira. Era um jacuzzi suficientemente grande para pelo menos quatro pessoas e tinha uma torneira de bronze numa extremidade. Dois degraus levavam à abertura e havia mais dois no interior da banheira. Dentro da banheira havia bancos até sensivelmente ao meio de cada lado, que funcionavam como uma zona de sentar. Aposto que ele poderia fazer uma festa dentro daquela coisa. Perguntei a mim mesma se alguma vez teria feiro. For algum motivo, apelei eu me est k ar a mão c bani lhe na mu a por aquele pensamento. Que raio se passava comigo? Estava ali nua como tinha vindo ao mundo, a lavar os


dentes ao lado de um homem que acabara de conhecer e sobre quem não sabia absolutamente nada, que acabara de foder a minha boca em grande, e apetecia-me darlhe um estalo por ter feito uma orgia selvagem na sua banheira gigantesca... na minha cabeça. O seu membro devia ter-me empalado o cérebro porque aquela reação não estava a fazer qualquer sentido.

Contendo uma necessidade quase irreprimível de cuspir a minha pasta de dentes no seu rosto, cuspi-a no lavatório. A minha boca estava limpa, mas eu ainda me sentia suja. - Vamos para a cama - disse ele depois de cuspir e de passar a boca por água. Eu lancei lhe um olhar mortífero, mas saí da casa de banho atrás dele. - Hum, desculpa - disse eu, parando quando ele se dirigiu para a cama. — Eu ainda estou nua. Onde estão as minhas coisas? - Eu durmo nu, e agora tu também vais dormir. — Ele puxou a roupa para trás e deitou-se na cama. Eu bufei e depois atravessei furiosamente o quarto para o outro lado da cama e deiteime, tendo o cuidado de ficar o mais perto da ponta que consegui sem cair da cama. - Vem cá, Delaine. Ele só podia estar a brincar. Não bastava eu ter de dormir nua? Não bastava ele estar a dormir nu? Não bastava termos acabado de lavar os dentes nus depois de ele foder a minha boca nu e me obrigar a pensar nele a fazer orgias selvagens, nu na banheira? Agora também queria que nos deitássemos aconchegados, nus? - Já disse... vem cá. — O seu braço estendeu-se no espaço que nos separava e prendeu-me pela cintura, puxando-me para o seu peito. -Assim está melhor - disse ele enquanto encostava o rosto ao meu pescoço. — È melhor dormires um pouco. Vais precisar. Como é que eu conseguiria dormir com aquela coisa gigantesca encostada ao meu rabo?


3 Ação na banheira Noah Na manhã seguinte acordei com o corpo ainda pesado do sono e o membro duro como a merda de uma rocha, entalado numa coisa quente e macia. A minha mão tocou em algo inequivocamente feminino e espetado e apertei para ver se era verdadeiro. Detesto mamas falsas e, embora tivesse visto as de Delaine através da tira de pano que ela usava no clube - e depois as tivesse visto a sério quando a mandara despir-se para mim na noite anterior —, era impossível saber ao certo até as apalpar. A indústria da cirurgia cosmética estava a progredir rapidamente, mas nunca podia comparar-se a um par de mamas verdadeiras perfeitas nas nossas mãos. E não se enganem: estas eram verdadeiras e inegavelmente perfeitas. Passei o polegar pelo mamilo e adorei a forma como ele endureceu com o meu toque. Delaine podia ter uma boca atrevida — céus, que boca que ela tinha —, mas desconfiei que quando sentisse o meu toque usaria essa boca para me implorar mais em vez de testar até que ponto conseguia irritar-me num segundo. Lamentavelmente saí da cama e não pude deixar de reparar que ela gemeu em protesto. Ela continuava a dormir profundamente e o mais certo era não se ter apercebido do que estava a fazer. Se estivesse acordada, tenho a certeza de que teria ficado aliviada. Esse facto devia ter-me feito sentir um imbecil - afinal de contas, eu, um completo desconhecido, estava a fazer-lhe coisas que ela não queria lazer -, mas tinha sido ela que se candidatara a isto. Além disso, havia sinais de que era muito possível que ela gostasse de ser obrigada a libertar a fera sexual que tinha mantido presa durante toda a sua vida. Eu tinha visto a expressão nos seus olhos quando ela tinha o meu membro na boca na noite anterior. Ela tinha adorado, o que era uma coisa boa pois eu planeava enfiá-lo ali muitas mais vezes. Fui para a casa de banho e pus um banho quente a correr no meu enorme jacuzzi. Era a primeira vez que ia usá-lo desde que os tinha encontrado ali. Eu era o principal acionista da empresa do meu pai, a Scarlet Lotus. A minha mãe, Elizabeth, que fora budista, tinha dado o nome à empresa. A flor de lótus começa como uma semente na lama no fundo de uma massa de água e cresce gradualmente até chegar à superfície para florir. A cor vermelha simboliza amor, paixão, compaixão e todos os assuntos do coração. O meu pai, Noah Sênior, achara que o nome se adequava bem à empresa. A Scarlet Lotus era uma empresa para onde as pessoas podiam trazer as suas ideias únicas - ideias que lhes eram queridas, mas que não tinham capital para pôr em prática - e vê-las crescer até florescerem. Mediante uma participação nos lucros, a Scarlet Lotus ajudava as pessoas a concretizarem os seus sonhos. A minha mãe insistira que a


empresa teria de retribuir à comunidade, por isso as obras de caridade tinham-se tornado uma parte do que fazíamos como desenvolvimento de ideias. Os meus pais tinham falecido num acidente de carro há quase seis anos, deixando-me tudo: o dinheiro, a casa e todas as ações da empresa que tinha pertencido ao meu pai. Nada disso poderia jamais substituídos e eu não merecia nada do que tinha recebido. Harrison Stone, o sócio do meu pai, reformara-se há três anos e entregara todas as ações ao seu único filho, David. David e eu tínhamos sido melhores amigos enquanto crescíamos. Dado o sucesso dos nossos pais, era praticamente impossível dizer quem era nosso amigo porque gostava genuinamente de nós e quem andava conosco apenas pelo nosso dinheiro. David e eu tínhamos aprendido da pior maneira que só podíamos contar um com o outro. Andávamos sempre metidos em sarilhos, a picarmo-nos mutuamente para fazermos os disparates mais ridículos. É claro que os nossos pais resolviam sempre as nossas trapalhadas; não queriam que os herdeiros da fortuna da Scarlet Lotus fossem notícia nos jornais sensacionalistas. Seria muito mal para os negócios. Além disso, ninguém no seu juízo perfeito colocaria as suas preciosas ideias nas mãos de um par de rufias com fama de só fazerem asneiras. Aos 22 anos e acabado de sair da faculdade, eu nunca tinha pensado que teria de assumir as rédeas. Nessa altura David já trabalhava com o pai e estava a aprender o negócio. Juntos éramos invencíveis e depressa passámos a ser tema de conversa no mundo empresarial. Quando nos tornámos sócios, como os nossos pais, já sabíamos que nos dávamos bem. Pelo menos era o que pensávamos. Afinal, David nunca tinha concordado com a quantidade de dinheiro que a empresa "desperdiçava" em obras de caridade. Ele era um filho da mãe ganancioso e pensava que encher os bolsos era muito mais importante do que ajudar os menos afortunados. Porém, tinha sido a paixão da minha mãe, e consequentemente a do meu pai, por isso eu não cederia. Além disso, eu sentia-me verdadeiramente bem a retribuir um pouco. Cerca de um ano antes, eu tinha viajado para Nova Iorque para uma reunião com uma agência especializada em projetos comunitários para manter os miúdos fora das ruas. Quando regressei, encontrei David no jacuzzi com Julie, a minha namorada de há dois anos. Para ser preciso, ele estava a ir-lhe ao cu enquanto ela gritava: «A tua pila é maior que a do Noah!”.». Era mentira. Eu apanhei-os em flagrante, por isso vi com os meus próprios olhos. De qualquer maneira, naquele momento eu não estava propriamente preocupado com isso. Estava apaixonado pela Julie e David sabia. Bem, eu pensava que estava apaixonado por ela. Ele também sabia que eu tinha planeado pedi-la em casamento quando voltasse daquela viagem e tinha feito todos os possíveis para me fazer mudar de idéias. David era um cretino chauvinista. Ele acreditava verdadeiramente que a única coisa para que as mulheres serviam era para saciar os seus desejos sexuais. «Mantém-nas permanentemente nuas e de joelhos ou de costas e garante que sabem


qual é o seu lugar, dizia ele. «Há demasiadas ratas no mundo para estarmos presos a uma mulher.» Ele tinha-me dito que homens como nós não podiam confiar em mulher nenhuma porque elas não passavam de um bando de vacas interesseiras; ou queriam uma conta bancária bem gorda ou queriam um membro bem gordo. Ele achava que eu era estúpido por me ter apaixonado, que isso me tornava vulnerável e fraco. Ele tinha razão. Eu fiquei com o coração partido depois de o ter apanhado com Julie, mas o seu nariz, rótula do joelho e três costelas também. Ele tinha fodido com ela apenas para provar que tinha razão. E, embora a nossa amizade tivesse chegado ao fim, a sociedade continuou. Não que eu não tivesse tentado comprar a sua parte. Tentei, mas ele recusou-se a vender. E nem pensar que eu ia desistir da empresa que o meu pai e a minha mãe tinham trabalhado tanto para construir. Por isso, engoli um sapo e ia trabalhar todas as manhãs com a cabeça bem erguida e tratava dos negócios como sempre. Aprendi a minha lição e recusei-me a deixar que uma mulher voltasse a aproximar-se o suficiente para me magoar. No entanto, sentia-me sozinho. E era ligeiramente viciado em mulheres. É claro que tinha tido casos com várias, mas afastava-me sempre quando elas começavam a aproximar-se de mais. O sexo era uma forma muito terapêutica de libertar as minhas frustrações, mas as mulheres não pareciam querer ficar comigo apenas para isso. Algumas tinham dito que compreendiam que era apenas sexo para mim, mas acabavam por se tornar pegajosas e queriam que eu sentisse coisas que eu não sentia nem queria sentir, por isso tinham de ir. Eu podia ter casos pontuais de uma noite, mas era como jogar roleta russa com o meu membro, mesmo com um preservativo, e eu tinha-me afeiçoado bastante a ele durante a minha jovem vida, muito obrigado. O que eu queria era a mesma mulher na minha cama todas as noites e todas as manhãs, uma pessoa para me receber quando eu chegasse a casa após um longo e cansativo dia de trabalho, ansiosa por me agradar. Alguém que satisfizesse todas as minhas necessidades, sem compromissos. Sim, eu sabia que era a fantasia de todos os homens e que não era provável que acontecesse à maioria, mas eu tinha dinheiro suficiente para comprar essa fantasia. E comprei. E tinha sido isso que me levara até Delaine. No meu mundo, havia sempre conversas entre homens. Ouvimos dizer que as mulheres passam o tempo inteiro a coscuvilhar, mas os homens são iguais. A diferença é que não somos tão óbvios. Uma tarde, estava a jogar golfe com um investidor da Scarlet Lotus e ouvi falar no leilão. Pesquisei o pouco que pude sobre o lugar e depois de falar com o proprietário o meu interesse aumentou. Obviamente, não queria possuir alguém contra a sua vontade, mas Scott assegurara-me de que as mulheres da "ementa" estavam ali voluntariamente e que naquela noite específica haveria uma virgem. Eu queria uma virgem. Tinha medo de doenças ou de gastar uma quantia astronômica numa mulher para descobrir que ela


estava grávida com o filho de outro homem. Isso não me agradava absolutamente nada. Sentado naquela cabina, completamente às escuras porque não queria ser reconhecido, deixei ir todas as raparigas em exposição sem uma única licitação. Isto é, até ela subir ao pódio. Delaine Talbot. Eu já tinha lido as suas especificações e o contrato que ela propusera e estava intrigado. Naturalmente, tinha perguntado a mim mesmo o que levaria uma mulher aparentemente sensata como ela a fazer uma coisa tão bizarra, mas contive a curiosidade porque, como já disse, não queria compromissos. Ela estava a oferecer dois anos no contrato e era precisamente o que me convinha. Dois anos a vir-me constantemente como me apetecesse seria tempo suficiente para esquecer tudo ou encontrar outra pessoa. E quando ela se fosse embora eu poderia citar o motivo mais velho do mundo: «Fomo-nos distanciando». Quando vi Delaine, percebi que teria de a possuir. Não só o contrato era ideal como ela era um espécime perfeito. Ela parecia tão íntegra como as suas especificações, não demasiado voluptuosa nem com uma aparência falsa. Eu tinha hesitado no fim do leilão, sem saber ao certo se queria levar aquilo adiante, mas depois ela lançara--me um olhar, como se estivesse a implorar-me em silêncio para a manter longe do alcance do monte de banhas asqueroso que estava na outra sala. Eu posso ter sentido um pouco de pena dela, o que deveria provavelmente ter sitio o primeiro sinal de que isto era má ideia. No entanto, acabei por lazer a última licitação. O segundo sinal tinha surgido quando ela se ajoelhou e enterrou os dentes no meu membro. Aquilo doeu como o caraças e indicou-me sem sombra de dúvida que eu tinha mordido mais do que podia mastigar — o que era irônico porque quem tinha mordido era ela, mas não interessa. A questão é que ela nem sequer tinha feito um broche em toda a sua vida. A sério? Eu sabia que ela era virgem, mas pela minha experiência a maioria das virgens fazia outras coisas para se virem sem quebrar o selo, por assim dizer. E o maior sinal? Aquela merda daquela boca atrevida. Isto era um acordo de negócios. Era marado e eu nunca tinha feito nada daquilo antes, mas ainda assim era um acordo de negócios. Eu tinha todas as intenções de cumprir a minha parte do contrato e esperava que ela fizesse o mesmo. No entanto, para ser franco, aquela sua atitude desagradável até me excitava. Acho que não conseguiria ficar tão teso com uma pessoa que fosse completamente subserviente a todos os meus caprichos. Ela tinha fogo e gelo a correr pelas veias e não ia facilitar-me a vida. E era precisamente isso que ia tornar a coisa ainda mais excitante para mim. Normalmente eu não era um imbecil, mas levava os negócios muito a sério. Além disso, era um filho da mãe com tesão e ela mostrara-se muito promissora quando eu lhe fodera a boca para submetê-la, tendo até pegado nos meus tomates sem ter sido mandada. Ensiná-la a fazer as coisas como eu gostava delas e ver a sua sexualidade a desabrochar e florescer ia ser uma coisa maravilhosa. E eu tinha um lugar na primeira fila.


Fechei a torneira da banheira quando esta ficou cheia e voltei para o quarto. Puxei o lençol para trás e passei as mãos pela pele cremosa do seu rabo. Tecnicamente, agora era o meu rabo. Ela mexeu-se um pouco no sono e as suas sobrancelhas franziram-se. — Horas de levantar, Delaine — disse eu em voz baixa. — Hmm? — murmurou ela, mas não tentou abrir os olhos. Eu aproximei-me mais do seu ouvido. — Levanta esse rabo, senão enfio o meu membro nele disse eu mais assertivamente e depois passei a ponta do dedo no buraco e fez um pouco de pressão para realçar as minhas palavras. Ela levantou-se imediatamente da cama, parecendo tonta e confusa até os olhos se focarem e olhar para mim. Eu vi literalmente o momento em que ela percebeu onde estava e porque é que estava ali. Tinha os cabelos embaraçados e cheios de nós e o pouco de maquilhagem que usava estava borrada debaixo dos olhos. - São horas do meu banho — disse-lhe eu. - E depois? Que é que isso tem a ver comigo? - retorquiu ela, deitando-se de novo na cama e tapando-se com o lençol. E adivinhem o que aquela boca atrevida me fez naquele preciso momento? Isso mesmo. Fiquei com uma ereção que parecia titânio instantâneo. Peguei no seu corpo minúsculo e pendurei-a no ombro, levando-a para a casa de banho. Ela pontapeou em protesto e bateu-me no rabo nu, mas mal sabia ela que só estava a incentivar-me. Atirei-a para a banheira e ri-me quando ela aterrou com estrondo. A água subiu e molhou-lhe os cabelos, fazendo-os cair molemente no seu rosto. Ela parecia um animal afogado. Mmm... rata molhada. - Por que raio é que fizeste isso? — gritou ela, atirando os cabelos para trás. - Porque tu me vais dar banho e eu não quero ouvir nenhum comentário em relação a isso - respondi, entrando também na banheira. Ela tentou afastar-se de mim, mas eu agarrei-lhe os antebraços e puxei-a até ela ficar sentada de pernas abertas no meu colo. O meu membro estava entalado entre nós e ela arquejou quando percebeu que eu já estava duro para ela. - Muito bem. Assim... - disse eu, empurrando para cima para que ela pudesse sentir todo o meu comprimento — sabe muito melhor. Não achas? Ela encolerizou-se. - Odeio-te mesmo a sério. - A sério que não me importo — retorqui. — Agora, lava-me o cabelo e tenta ser sensual. Fia bufou, mas pegou no frasco de champô. Eu fechei os olhos e desfrutei da sensação da sua pequena vagina quente sobre o meu tesão palpitante, enquanto ela me massajava o escalpe com os dedos. Reparei que ela estava a arranhar a minha pele com as unhas, provavelmente para eu não querer que ela voltasse a fazer isto, mas só teve o efeito contrário. Eu adorava as coisas à bruta e ela nem sequer estava a arranhar a superfície.


Eu murmurei como sinal de reconhecimento e empurrei as ancas para ela, e sei que não estava a imaginar coisas; ela também fez pressão. A sua respiração tornou-se mais superficial e percebi que ela estava a tentar manter a compostura e não deixar perceber que estava excitada. E depois ela inclinou-se para a frente, começando a passar os meus cabelos por água com o chuveiro manual, e as pontas dos seus mamilos começaram a roçar nos meus lábios. Eu abri os olhos para espreitar e vi os seus lindos seios empoleirados mesmo diante do meu rosto, por isso espetei a língua e lambi-lhe o mamilo. - Oh, céus - disse ela, ofegante, e recuou imediatamente. — Nem pensar — ralhei eu. — Traz essas mamocas lindas para aqui, Delaine. Ainda não terminaste. Os meus cabelos ainda têm champô. Ela semicerrou os olhos para mim, mas voltou a subir para o meu colo. Ouvi-a inspirar fundo enquanto se inclinava novamente para a frente, com as costas curvadas para manter os seios longe do meu rosto, mas eu pus as mãos nas suas costas e puxei-a para a frente, prendendo o mamilo entre os lábios ao mesmo tempo. Ela arquejou uma vez mais e eu sorri à volta do seu mamilo enquanto a minha língua rodopiava. Pus a outra mão no outro seio e massageei-o, com o polegar a percorrer o alto duro, enquanto empurrava novamente as ancas para ela. O seu corpo descontraiu e ela inclinou-se para mim, enquanto eu chupei o mamilo e depois deixei os dentes arranhar suavemente a pele sensível. Ela deixou de passar os meus cabelos por água. Eu percebi porque o chuveiro estava molemente pendurado nas suas mãos e agora ela estava a arquear as costas e a empurrar a mama para a minha boca. Eu gemi c soltei o mamilo com barulho para dar atenção ao outro. Como uma serpente, a minha língua lambeu rapidamente o mamilo duro como uma pedra e depois enfiei-o bruscamente na boca. Ergui as suas ancas e sentei-a melhor no meu colo para o meu pénis ficar mesmo na sua entrada. Quando empurrei um pouco para frente, ela ficou tensa e apertou as mãos nos meus ombros. - Calma, eu não vou entrar - garanti-lhe. - Só quero que me sintas aí. Mexi-me um pouco para a frente, para aplicar mais pressão, e depois gemi audivelmente quando o meu membro quase a penetrou. - Mal posso esperar para te foder — murmurei para a sua pele. Tirei-a de cima de mim e reposicionei-nos para que ela ficasse sentada ao meu lado porque se não o fizesse ia penetrá-la naquele momento e queria prolongar a antecipação e brincar mais um pouco. Inclinei-me para frente para me encostar a ela e beijei-lhe o pescoço sofregamente, enquanto uma mão a segurava na nuca e a outra percorria a parte interna da sua coxa. - Alguma vez sentiste um orgasmo, Delaine? - deslizei os dedos pelas pregas suaves do cimo das suas coxas e ouvi-a engolir em seco antes de proferir um não engasgado. - Mmm - murmurei no seu ouvido. - Eu sou o primeiro em tudo. Não fazes ideia de como isso é incrivelmente sensual. Os meus dedos mergulharam entre as suas pregas e acariciei-a, evitando o pequeno


feixe de nervos. A sua cabeça caiu para trás de encontro à banheira, abrindo ainda mais o pescoço para mim. Eu retirei os dedos, voltando a descê-los pelo interior da sua coxa até chegar à parte de trás do joelho para passar a sua perna por cima de uma das minhas coxas, e voltei lenta e tortuosamente para cima pela sua perna. - Vou-te fazer vir, Delaine — sussurrei no seu ouvido. Os altos dos seus seios estavam salientes fora da água, revelando mamilos perfeitos a cada respiração entrecortada. Acariciei-a levemente desde a entrada até ao clitóris, voltando para trás com mais pressão. Ela estava imóvel, com exceção da respiração, e eu chupei levemente a parte sensível por baixo da orelha. - Não faz mal gostares do meu toque. Não vejo porque é que eu devo ser o único a obter prazer com o nosso arranjinho. - Mergulhei um dedo dentro dela. As suas paredes cerraram-se à minha volta e eu inspirei. Raios, tu és apertada. Acho que o simples pensamento de enfiar o meu membro nesse buraco apertado pode ser suficiente para me fazer vir com tanta intensidade que vou perder a cabeça. Entrei e saí de dentro dela com um dedo enquanto o polegar começou a fazer círculos em volta do clitóris. - Gostavas de ver isso, Delaine? — perguntei, com a voz grossa de luxaria. — Gostavas de me ver perder a cabeça, enquanto o pensamento de estar dentro de ti me faz vir? Ela não respondeu, mas a forma como os seus olhos se semicerraram e as ancas começaram a mover-se para a frente para ir ao encontro das investidas do meu dedo disseram-me tudo o que eu precisava de saber. Inseri outro dedo e ela gemeu, pondo a cabeça de lado para olhar para mim. E depois ela beijou-me. Delaine chupou o meu lábio inferior entre os seus antes de enfiar a língua dentro da minha boca para acariciar a minha. Eu recuei porque gostava de controlar, mas mantive os meus lábios sobre os seus. - Toca no teu peito - sussurrei. - Ajuda-me a fazer-te sentires--te bem. No fundo eu não precisava da sua ajuda, mas queria que ela se abrisse mais e explorasse a sua sexualidade. Além disso, ver uma mulher tocar-se era extremamente sensual. Vi-a pôr a mão em concha no seio e apertar o mamilo com o dedo indicador e o polegar. - Raios, isso é perfeito — gemi, enfiando os meus dedos com mais força e mais depressa dentro dela. Retirei os dedos e acariciei lhe as pregas até conseguir manipular o clitóris, passando suavemente os dedos para frente e para trás no duro feixe de nervos. Depois, mergulheios rapidamente dentro dela e rodeios, encontrando o seu ponto especial. - Mais — gemeu ela contra a minha boca antes de exigir com mais um beijo ardente. Parecia que eu tinha uma pessoa muito elétrica nas mãos - definitivamente, uma mulher para ser fodida. Mexi o corpo e virei-me para ela, soltando o beijo e mergulhando a cabeça até a minha boca estar debaixo de água a chupar o seu mamilo duro enquanto ela continuava


a manipular o outro. Senti as suas paredes a apertarem se à volta dos meus dedos e percebi que estava quase. Os meus dedos entraram e saíram, movendo-se em espiral para tocar no seu ponto G. Olhei-a por detrás das minhas pestanas e vi que ela estava a observar-me. Tinha a boca aberta e arqueou as costas quando um gemido começou baixinho no seu peito e, finalmente, escapou pelos seus lábios. As paredes da sua rata apertaram-se contra os meus dedos e ela tentou juntar as coxas, mas eu prendi um joelho entre as minhas pernas e mantive-a imóvel. - Tu estás a vir-te com os meus dedos, Delaine. Meus. E esta sensação que estás a ter agora vai ser muito mais intensa quando for o meu pénis - disse-lhe, e depois reclamei a sua boca aberta com a minha. Ela reagiu imediatamente, devorando avidamente a minha boca até o orgasmo terminar e ela não passar de uma massa de felicidade pós--orgástica nas minhas mãos. Quando retirei os dedos, levantei-me imediatamente e saí da banheira, com o membro ainda duro como uma barra de ferro e água a escorrer da ponta. - Termina o teu banho - disse-lhe eu descontraidamente, enrolando-me numa toalha. — Tenho de ir trabalhar. Fica à vontade, mas quero que estejas à minha espera à porta quando eu voltar, às seis horas. Compreendes? Ela voltou a semicerrar os olhos - obviamente, não tinha gostado da minha mudança de atitude -, mas acenou afirmativamente. Eu podia ter-lhe proporcionado o momento mais íntimo da sua vida, mas ambos precisávamos de recordar que isto era apenas um acordo de negócios. - Claro que sim, patrão - disse ela sarcasticamente, e depois fez--me continência. - Ei, sabes aquele pequeno pedaço de céu que acabei de te dar? Bem, se quiseres sentir isso mais vezes, em vez de eu me limitar a usar o teu corpo para meu prazer, então sugiro que tenhas cuidado com essa boca atrevida — avisei-a, passando a ponta do dedo pelo seu lábio inferior. -Claro que eu podia enfiar alguma coisa nela para te manter calada. -Sabia que a tinha irritado e, como queria irritá-la ainda mais, curvei-me sobre a banheira e disse: - Onde está o meu beijo de despedida, mulher? Ela inclinou-se relutantemente paia a frente e eu beijei-lhe a ponta do nariz e não a boca. - Porta-te bem hoje - disse eu com um sorriso trocista e depois saí a dançar a valsa para o quarto, sabendo que ela estava a observar novamente o meu rabo. Antes de chegar à porta, parei e fleti uma nádega de cada vez e depois olhei por cima do ombro e pisquei-lhe o olho. Como suspeitava, ela tinha a boca aberta. Quando os seus olhos se despregaram finalmente do meu rabo e olhou para mim, Delaine pegou na esponja e atirou-na. Eu saí do caminho quando ela aterrou no chão com um barulho molhado. - Odeio-te! - gritou ela. - Talvez, mas é óbvio que adoras o meu rabo! - gritei eu em resposta, a rir. Ia ser muito divertido foder com ela.


4 Agente dupla galdéria Noah Não consegui parar de sorrir muito satisfeito comigo mesmo durante toda a viagem para o emprego. Saber que Delaine estaria à minha espera em casa quando eu regressasse tornaria sem dúvida o meu dia um pouco mais suportável. Ou insuportável, tendo em conta que provavelmente passaria o dia inteiro a pensar em todas as coisas picantes que queria fazer com a minha miúda de milhões de dólares, e que ela me fizesse. Mesmo aquele milionésimo de segundo de pensamento obrigou-me a ajeitar aquele tesão desconfortável que parecia ter decidido passar a residir nas minhas calças. Mas eu era um empresário e os negócios vinham antes do prazer. Por isso, no segundo em que Samuel me abriu a porta e eu saí para o passeio junto da porta giratória de vidro da entrada da minha segunda casa, o meu sorriso desapareceu. O Crawford de rosto de pedra tinha entrado no edifício. Eu era conhecido como autoritário no escritório. Empregados que trabalhavam na empresa desde o tempo do meu pai tinham ficado chocados ao ver o seu turbulento filho metamorfosear-se num astuto empresário. Todavia, o mundo dos negócios era frio e cruel, e para uma pessoa se manter à tona tinha de estar sempre alerta ou sujeitava-se a ficar sem os tomates ao primeiro sinal de fraqueza. Mason, o único homem em quem eu confiava neste lugar, cumprimentou-me quando eu entrei. Mason Hunt era o meu braço direito, o meu secretário particular e, provavelmente, o mais parecido que eu tinha com um amigo. Ele e a mulher, Polly, tomavam conta de quase todos os aspetos da minha vida. Mason apoiava-me no escritório e Polly cuidava da minha vida pessoal. Ela geria a minha casa, controlando todos os empregados e despesas, para que eu nunca tivesse de me incomodar com essa tarefa. As criadas, jardineiros e cozinheiros entravam e saíam antes de eu chegar a casa, e eu estava grato por isso. Polly também comprava as minhas roupas e garantia que eu estava fantástico para os negócios e para o lazer aos olhos da sociedade. Multitarefas extraordinária. Ela era verdadeiramente boa no que fazia, e Mason também. Trabalhavam juntos como uma máquina bem oleada. Eu gostava de pensar que tinha tido alguma influência na aproximação do casal. Afinal de contas, cuidar de mim diariamente significava que os seus caminhos tinham de se cruzar com bastante frequência. Apesar das suas diferenças, eles complementavam-se. Mason era um tipo descontraído e fixe alto, sulista e nunca era visto sem as suas botas de cowboy preferidas. Polly era uma coisinha hiperativa que nunca parava quieta. Baixa e extremamente social, aparentemente nunca usava a mesma roupa duas vezes. Não que eu tivesse reparado, mas recebi esse fragmento de


informação durante um dos seus discursos retóricos, que eu me esforçava normalmente por ignorar. Polly era o yin do yang de Mason, por isso parecia inevitável que acabariam juntos. - Hunt — cumprimentei-o, enquanto nos dirigíamos lado a lado para o meu elevador. Sim, eu tinha um elevador privado. Não suportava estar preso numa caixa minúscula com mais 20 pessoas à minha volta, cada uma com uma água-de-colónia diferente ou a tossir e a espirrar na porcaria do elevador. Mason enfiou a chave na fechadura e abriu as portas para eu poder entrar à sua frente. Eu pousei a pasta e sentei-me no sofá de veludo vermelho que se estendia ao longo da parede interior. O teto e as paredes estavam espelhados para que o pequeno espaço parecesse maior. Maior era sempre melhor. - Então, como é que correu? - perguntou ele, quando carregou no botão para o quadragésimo andar e se sentou na outra ponta do sofá. Eu estava solteiro há bastante tempo e Polly tentava incansavelmente convencer-me a sair com mulheres que considerava serem adequadas para mim. Para travar as suas tentativas, eu acabara por ceder e dizer-lhe que andava secretamente com uma pessoa que tinha conhecido durante uma das minhas viagens a Los Angeles. Ela acreditara e parará de fazer de casamenteira, mas depois começara a insistir que queria conhecer a mulher misteriosa. Normalmente, eu fazia "o olhar" a uma pessoa e ela esquecia o assunto, mas não Polly. Ela não se sentia absolutamente intimidada por mim. Eu tinhalhe dito que ia convidar a minha senhora misteriosa para vir viver comigo ontem à noite só para o caso de encontrar alguma coisa que me agradasse no Foreplay e decidisse efetuar a compra, o que tinha acontecido. — Ela aceitou - respondi. — Eu disse-lhe para deixar todas as suas coisas e ela veio comigo ontem à noite. Agora, está lá em casa. — O quê? Isso é fantástico! — disse ele, entusiasmado, enquanto me batia no ombro dando-me os parabéns pelo importante passo que eu tinha dado. — Sim, estou bastante entusiasmado com isto — disse eu com um sorriso, porque era verdade. O meu membro endureceu levemente para provar a veracidade daquela afirmação. O resto da subida foi feita no meio de uma conversa de circunstância. Mason nunca bisbilhotava os meus assuntos pessoais a não ser que Polly ameaçasse fazer greve de sexo se ele não tentasse pelo menos arrancar-me alguma informação. Eu atirava-lhe um osso de vez em quando, para o manter fora da casota do cão, mas ele nunca insistia. Hoje não foi exceção. Ele sabia que ela estava lá, mas eu não tinha dito a nenhum deles quem ela era. Mason recordou-me que Polly iria a minha casa depois do almoço para tratar das compras e dar ordens aos empregados. Aquilo assustou-me. Delaine e eu não tínhamos discutido os pormenores da história que íamos contar aos meus conhecidos, nem sequer se ela queria ser tratada pelo seu verdadeiro nome. Eu sabia que as criadas manteriam a boca fechada e fariam o seu trabalho, mas Polly não.


Saí do elevador e acenei a dois empregados num cumprimento educado quando passei por eles a caminho da minha suíte de trabalho na extremidade ocidental do edifício. A secretária de Mason ficava à porta do meu escritório. Todos os espaços exteriores tinham janelas do chão ao teto, carpetes vermelhas e paredes brancas com pormenores verdes na decoração o mesmo esquema de cores do lótus vermelho. Abri a pesada porra de madeira do meu escritório e fechei-a atrás de mim antes de correr para a secretária e pegar no telefone para marcar o número da minha casa. Precisava de falar com Delaine para combinarmos alguns pormenores antes de o Furacão Polly aparecer. Polly começaria a sua super investigação, somaria dois mais dois e a verdade sobre o nosso acordo seria desvendada antes sequer de eu ter a oportunidade de molhar o pincel. Em retrospectiva, eu devia ter tudo planeado antes de comprar uma mulher, mas sabem o que se diz sobre a retrospeção. Ninguém atendeu ao telefone lá em casa. É claro que ninguém atenderia. Provavelmente, Delaine não se sentiria à vontade para atender o meu telefone, mas eu já estava a começar a transpirar no fato ao imaginar todas as formas como isto poderia virar-se contra mim quando Polly chegasse para fazer o seu trabalho. Em pânico, peguei na pasta e saí, passando por Mason enquanto ligava a Samuel para que ele voltasse para me vir buscar. Mason parou--me antes de eu conseguir sair. — O Daniel telefonou e disse que está à espera que lhe digas se vais lá hoje — disse ele, confuso. Daniel Crawford, o meu tio médico. — Merda, esqueci-me completamente. Eu ligo-lhe do telemóvel. Não sei bem a que horas voltarei, mas tenho umas coisas para tratar — disse eu, empurrando a porta e saindo para o corredor. Eu estava a cometer tantos erros que até parecia que Delaine tinha arrancado todos os meus neurônios na noite anterior. E talvez tivesse. E lá estava novamente aquele maldito tesão... — Crawford! - a voz de David troou do outro lado do corredor, onde se situava a sua suíte de trabalho, antes de ele começar a dirigir-se para mim. - Que merda é estar Eu suspirei e voltei-me para ele, com a mão já fechada e pronta para voltar a partirlhe o nariz se ele começasse a tentar irritar-me. A maior parte do tempo conseguíamos manter-nos longe um do outro, mas como éramos sócios era impossível evitarmo-nos completamente. — O que? - perguntei com os dentes cerrados. - Dez por cento do que ganhámos no trimestre passado foi entregue a instituições de caridade! - Ele estendeu-me o balanço do trimestre, como se eu ainda não o tivesse visto. — Sim, e depois: - Concordámos que seria apenas cinco por cento. - Não sei por que é que me dou ao trabalho de ter a mesma discussão sobre isto sempre que me viro, mas não há nada a fazer - retorqui eu, irritado. Não estava com disposição para resolver este assunto agora, mas a verdade é que nunca estava. - Com


esta economia má, neste momento as instituições de caridade precisam mais do que nunca da nossa ajuda, Stone. O enorme desconto nos impostos, para nem falar no facto de que os nossos clientes se aliam a nós porque sabem que fazemos generosas doações para instituições de caridade, é a melhor prova de que doar é não apenas a coisa certa a fazer como uma coisa inteligente. Além disso, temos dinheiro mais do que suficiente para gastar e tu sabes. Só então reparei que os empregados tinham parado o que estavam a fazer para observar o espetáculo. Não era a primeira vez, e provavelmente não seria a última. É claro que David aproveitaria ao máximo a audiência. — Então, talvez fosse boa ideia venderes-me algumas das tuas ações e doares esse dinheiro. — O seu rosto feio sorriu presunçosamente antes de ele me voltar as costas e regressar ao seu lado do edifício. Embora eu estivesse a tentar comprar a sua parte, ele estava a tentar fazer o mesmo em relação à minha. Éramos ambos demasiado teimosos para deixar o outro ganhar. O seu comportamento abominável diante dos nossos empregados e o facto de eu saber que ele se estava nas tintas para o sonho da minha mãe de que a Scarlet Lotus retribuísse, por assim dizer, fez--me pensar que gostaria de partir todos os dentes da enorme cabeça daquele cabrão. Mas quando era criança tinha aprendido que um mal não justifica outro e estava realmente com pressa, por isso contei lentamente até dez para recuperar a compostura e obriguei os meus pés a seguirem na direção oposta. Se fosse preciso, trataria daquele assunto mais tarde. Dirigi-me para o átrio e quando saí para o exterior fiquei aliviado ao ver que Samuel já estava à minha espera no passeio. Chicago podia ser um inferno à hora de ponta, mas Samuel parecia saber sempre como ultrapassar toda a gente e chegar rapidamente a todos os lugares. Lanie Oh... meu... Deus do céu! Nunca, mas mesmo nunca, tinha sentido uma coisa tão loucamente agradável em toda a minha vida. As coisas perversas que aquele homem fazia com os dedos e a forma sedutora como me olhava por baixo daquelas pestanas longas e densas, hipnotizando-me e ao meu corpo para obedecermos a todas as suas ordens. As coisas porcas que a sua boca pecadora dizia e que me davam vontade de lhe bater e de montar na sua cara ao mesmo tempo, e nem sequer podia pensar naquela língua e na forma malévola como ela cantava para os meus mamilos. Juro que parecia que ele estava a falar com a língua embora não se ouvisse nenhum som, mas eu tinha sentido. O homem era a encarnação do diabo, o filho imortal de Satanás, e eu estava condenada. Sentia a pouca religião que restava em mim ser sugada da minha alma, transformando-me numa pecadora reincidente. Eu ia para o inferno e esperava verdadeiramente que os seus dedos estivessem à minha espera à porta.


Fiquei sentada numa beatitude pós-orgástica, com a pele engelhada e a água a ficar fria. Ele andou entre o quarto e a casa de banho enquanto se preparava para ir trabalhar. Vi-o lavar os dentes em roupa interior e depois ele desapareceu no quarto e reapareceu passado pouco tempo com um par de calças pretas descidas na cintura que acentuavam o delicioso V do seu abdômen. O cinto das calças estava desapertado, ele ainda não tinha vestido a camisa e estava descalço. Eu fiquei hipnotizada com o movimento dos seus músculos das costas quando ele se olhou ao espelho e não fez absolutamente nada a não ser pôr um pouco de gel na mão antes de passar os dedos pelos cabelos sensuais. Ele olhou-me, piscou o olho e lançou-me o seu sorriso meio trocista, enquanto aplicava desodorizante de uma forma quase pornográfica. Seul i uma vontade enorme de enfiar o nariz nas suas axilas. Ele tinha um ar confiante que me fazia querer lambê-lo da cabeça aos pés, e depois talvez chupar todos os seus dedos. Embora uma parte de mim estivesse aliviada porque ele ia sair, a minha minicabra interior queria implorar-lhe que voltasse para a banheira e nos mostrasse novamente aquele truque de magia que ele tinha feito com aqueles dedos super incríveis. Assim, sem mais nem menos, nasceu a Agente Dupla Galdéria. Bastara o meu primeiro orgasmo para ela ganhar vida. E tudo levava a crer que era uma ordinária muito descarada. Bestial. Só quando ouvi Noah gritar que ia sair e a porta a ser fechada atrás dele é que me obriguei por fim a sair da banheira do pecado. As minhas malas estavam do lado de dentro da porta; presumi que Noah as trouxera para cima. Depois de me vestir e de me sentir um pouco mais recatada, decidi sair do quarto para procurar alimento. Não tinha comido nada na noite anterior porque tinha os nervos em franja e estava preocupada com a possibilidade de vomitar no meio do meu leilão. A casa estava sinistramente silenciosa, mas estranhamente quente c aconchegante tendo em conta o seu tamanho. Percorri lentamente o corredor e dirigi-me para a escadaria, observando o que me rodeava com um olhar maravilhado. A casa estava decorada com bom gosto, com quadros enormes que pareciam custar mais do que o meu pai ganhava num ano inteiro na única fábrica de Hillsboro. O chão estava alcatifado com um vermelho real, mas as paredes eram brancas. A maior parte das porcas das outras divisões estava fechada, mas eu não me dei ao trabalho de as abrir porque tinha fome e sabia que acabaria por ter a oportu unidade de as ver durante os próximos dois anos. Quando desci as escadas, o silêncio sinistro foi para o espaço. Devia haver pelo menos meia dúzia de mulheres de uniformes cinzentos e aventais brancos a andar de um lado para o outro como uma colônia de formigas unidas na tarefa de deixar a Casa de Crawford imaculada. E todas pararam no segundo em que sentiram a minha presença, todos os pares de olhos fixados em mim com surpresa. - Hum, olá - cumprimentei-as. Uma mulher baixa e rechonchuda deu um passo em frente com um sorriso tão radioso como o sol.


- Desculpe menina. Não queríamos incomodá-la. Se quiser, podemos voltar mais tarde. - Ela acenou para as outras mulheres, que começaram a pegar nas suas coisas. - Não, tudo bem! - disse eu, provavelmente um pouco mais alto do que era necessário. - Quero dizer, sabe... não estão a incomodar--me. Continuem o que estão a fazer e eu vou tentar manter-me longe do vosso caminho. A senhora voltou-se novamente para mim, com o mesmo sorriso no rosto. - Não devemos demorar. Eu franzi a testa. - Ah, sim. Demorem o tempo que for preciso. - Ela fez uma ligeira vénia, o que foi esquisito, e depois se voltou de novo, mas eu detive-a. — Hum, pode dizer-me onde é a cozinha? Ela acenou para um comprido corredor. - É ao fundo do corredor, depois da sala de jantar, menina. Eu agradeci-lhe e segui naquela direção, convencida de que tinha dado às empregadas bastantes motivos para especular e coscuvilhar no instante em que eu desaparecesse da vista. Não que eu as censurasse. Provavelmente, eu faria o mesmo. E depois pensei se estaria diferente, agora que tivera o meu primeiro orgasmo. Elas perceberiam? Seguramente não. Dirigi-me para as traseiras da casa e atravessei uma enorme sala de jantar formal com capacidade para pelo menos 50 pessoas. Tudo bem, podia ser um ligeiro exagero, mas juro que parecia aquela mesa comprida no Indiana Jones e o Templo Perdido onde serviram miolos de macaco gelados aos convidados. Havia uma porta na outra extremidade e juro por Deus que, se a empurrasse e entrasse num túnel antigo cheio de armadilhas e todos os insetos conhecidos pelo homem, ia-me embora imediatamente. Felizmente, era apenas a cozinha. No entanto, fiquei na dúvida se aquilo podia ser chamado de cozinha. Parecia uma palavra muito insignificante para o centro de preparação de alimentos ao estilo de um restaurante que estava à minha frente. Era tudo em aço inoxidável c mais esterilizado do que se estivesse dentro de uma garrafa de lixívia. No entanto, um olhar rápido à minha volta não revelou qualquer vestígio de miolos de macaco nem daquelas coisas arredondadas de cobre onde eles eram servidos, por isso estava tudo bem. Olhei em volta e finalmente descobri uma despensa que era tão grande como o résdo-chão inteiro da minha casa e, céus, como me atirei àquele paraíso de comida de plástico. Parecia que o Sr. Crawford, também conhecido como Rei do Dedo Mágico, gostava de coisas doces. Peguei numa caixa de Cocoa Puffs - porque era completamente viciada em Cocoa Puffs — e em molho de chocolate e voltei para a cozinha a fazer a dança da felicidade. Lembrava-me de ter visto tigelas durante a minha busca, mas seria um difícil jogo de memória encontrá-las novamente. Depois de abrir diversos armários, acabei por encontrá-las e gritei: — Como eu sou boa! — enquanto agitava um punho no ar. Eu era a minha maior fã.


O frigorífico era óbvio e, adivinharam gigantesco. No entanto, imaginem o meu desapontamento quando abri uma porta e constatei que não era uma unidade de frio onde se podia entrar. Não teria ficado surpreendida se encontrasse um talhante a viver ali dentro com uma manada inteira de gado, mas acho que Noah tinha economizado nessa parte. Peguei no leite e voltei para as minhas coisas, enchendo a tigela com cereais e lambendo os lábios quando despejei demasiado molho de chocolate nos deliciosos cereais de cacau, que ficaram todos cobertos de chocolate. Tive o cuidado de não deitar demasiado leite e fazer uma sujeira, embora talvez houvesse uma coisinha tipo flauta algures por ali para soprar e fazer um grupo de homenzinhos cor de laranja com cabelos verdes entrar a correr e limpar tudo antes de voltarem paia a masmorra de perdição e ficarem na escuridão com os seus pequenos amiguinhos. Sim, eu tinha uma imaginação muito fértil, mas era totalmente justificada num lugar tão grande como este. Graças à expedição anterior em busca da tigela, eu sabia exatamente onde estavam os copos, por isso peguei num e espremi uma quantidade disparatada de molho de chocolate para dentro dele. Juro que ouvi o meu dentista a ralhar-me algures num lugar recôndito da minha consciência. E depois chegou o momento de iniciar outro jogo de procura e encontrarás para descobrir onde estavam os talheres. Uma colher de plástico seria suficiente nesta altura... que diabo, até comeria com um garfo-colher. Vitória! Ganhei o jackpot na primeira gaveta que abri. Foi bom, porque eu abominava cereais moles. Leite e molho de chocolate de novo no frigorífico, caixa de cereais arrumada na despensa, e estava pronta para comer. E depois o telefone tocou. Olhei à minha volta e por fim avistei-o pendurado na parede ao lado do fogão, mas nem pensar que ia atender aquela coisa. Em primeiro lugar, porque isso significava que teria de abandonar o meu paraíso de açúcar. Em segundo lugar, porque não fazia a mais pequena ideia de quem seria e a casa não era minha. Além disso, como explicaria quem era ou porque é que estava a atender o telefone de Noah? Hum, olá. Eu sou a gaja virgem por quem o Sr. Crawford pagou dois milhões de carcanhol para fazer todas as coisas porcas que quiser comigo. Na verdade, ele fodeu a minha boca ontem à noite, mas isso foi depois de eu quase lhe ter arrancado a pila com os dentes e antes de ele ter fodido a minha vagina ordinária com os dedos até me levar ao céu esta manhã. Ele não está em casa neste momento, mas se quiser posso dar-lhe o recado. Pois, essa conversa não ia acontecer. Assim, ignorei o toque insistente e atirei-me à minha comida deliciosa. Por muito que o som do telefone me irritasse, lembrou-me de que eu precisava de ligar a Dez para falar com ela. Eu tinha guardado o telemóvel entre as minhas coisas, esperando que quem quer que me comprasse não mo tirasse, proibindo-me de ter quaisquer contatos com o mundo exterior. Noah não tinha dito que eu não podia, por isso


presumi que não faria mal. Não que eu me importasse com o que ele dizia. Eu tinha-lhe vendido o meu corpo, não a minha humanidade. Depois de devorar o pequeno-almoço, passei a minha loiça por água, pu-la na máquina de lavar e fiquei ali parada como uma idiota. Não fazia a menor ideia do que faria com o resto do meu dia. Pensei em ir lá acima procurai' o meu telemóvel para ligar a Dez, mas tinha acabado de comer uma quantidade brutal de Cocoa Puffs e subir as escadas seria como fazer exercício físico. Num momento épico de inspiração, decidi procurar uma televisão e ver o meu Maury. Depois de deambular pela casa durante o que me pareceu uma eternidade, e desejar ter deixado um rasto de migalhas para encontrar o caminho de volta, por fim cheguei ao que era obviamente uma sala de entretenimento. Parecia um parque de diversões para homens, cheio de testosterona. Consolas de jogos de vídeo, um jogo de hóquei de mesa, uma enorme aparelhagem de som e pista de dança, assentos de cinema e um enorme sofá de pele, uma mesa de póquer, um bar e a maior televisão que eu já tinha visto. Bem, era quase uma parede visão. A sério, ocupava uma parede inteira. Perguntei a mim mesma se Noah alguma vez se sentaria ali com a mão enfiada na parte da frente das calças numa pose clássica de Al Bundy. Alguém pode fazer o favor de me dizer por que é que de repente me imaginei a enfiar a minha mão nas suas calças? A Agente Dupla Galdéria sorriu conhecedoramente e acenou-me em resposta. — Cala-te. Tu estás descontrolada, menina — murmurei para as minhas virilhas. Seja como for, eu não fazia ideia de como ligar esta televisão monstruosa, mas consegui encontrar um comando gigantesco no bar. Peguei nele com as duas mãos e sentei-me num dos assentos de cinema a observá-lo. Aquela coisa tinha uma série de botões e nenhum deles estava rotulado. Isto ia ser divertido. Fechei os olhos e fiz aquela coisa em que rodamos o dedo no ar e deixamo-lo cair num botão, esperando que seja o certo. Nada. Abri um olho, olhei em volta e vi as cores do arco-íris refletidas na parede enquanto rodavam pela sala. Olhei para cima e... Ele tinha uma bola de espelhos na sua toca? Soltei uma risada e tentei de novo. Desta vez, o Eminem decibéis que talvez me provocasse surdez numa questão de minutos. Tentei desligar aquela coisa, mas é claro que tinha os olhos fechados enquanto estava a carregar nos botões e não fazia a menor ideia de qual seria. Provavelmente, aquela não era a melhor ideia que eu já tinha tido. Agora, estava a carregar freneticamente em botões, a tentar descobrir o certo para parar aquela loucura, mas a loucura só aumentava. Não estou a brincar, a pista de dança começou a rodar, luzes piscaram numa imensidão de cores, o assento onde eu estava sentada começou a vibrar e a fazer-me uma massagem e... Que diabo? A sério que o copo misturador era controlado pelo maldito comando à distância? Mais um botão e a filha da mãe da televisão acendeu-se por fim. Atirei o comando para o outro lado da sala e afundei-me novamente na cadeira molestadora com dedos superamistosos porque só Deus sabia como eu estava com os


nervos em franja e precisava daquela massagem. - Calgon! Leva-me daqui! - gritei a plenos pulmões para poder ouvir-me acima da canção "Not Afraid" do Eminem. - Vai-te foder, Slim Shady! Tenho medo. Muito medo. - Que é que se passa aqui? - gritou uma voz. Os meus olhos abriram-se imediatamente e eu endireitei-me, chocada, com o coração quase a sair do peito. Noah estava parado à porta com uma expressão completamente confusa no rosto. - Faz isto parar! - gritei-lhe como resposta. Ele atravessou a divisão, apanhou o comando à distância do chão e carregou habilmente nalguns botões até haver finalmente silêncio e a minha cadeira molestadora parar de me apalpar. Bem, essa parte não tinha sido assim tão má e eu até gostaria que ele se tivesse esquecido de carregar naquele botão. - Desculpa! - gritei, porque aparentemente o meu cérebro ainda não tinha processado o facto de que já não precisava de falar alto. Noah ergueu-me uma sobrancelha. Eu baixei a voz e recomecei. — Desculpa. Eu só queria ver televisão... e quem é que tem um comando sem indicações? - Demoramo-nos algum tempo a acostumar - disse ele, pousando-o no bar. - Que estás a fazer em casa? Pensei que tinhas dito seis horas. - Sim, bem, como nunca fiz este tipo de coisa antes, posso ter-me esquecido de combinar alguns pormenores contigo e a Polly vem cá hoje. - Ele desabotoou o casaco e puxou-o para trás, pondo as mãos nas ancas. Apeteceu-me mordei-lhe a barriga. Obviamente, a Agente Dupla Galdéria unha se apoderado do meu cérebro, traidora como era. - E, por favor — continuou ele, parecendo incrivelmente sensual naquela gravata de seda vermelha - não brinques com as coisas se não sabes o que estás a fazer. Não queremos que haja outro percalço, pois não? - Ele bateu com força no seu Pénis Maravilhoso através das calças, como se estivesse a consolá-lo. Apeteceu-me pegar naquela gravata sensual e estrangulá-lo. - Pfff, isso foi tããão ontem - trocei eu. - Esquece. Além disso, ontem à noite beijei-o e compensei tudo. A sério que aquelas palavras não vieram da minha boca. E pensei imediatamente nele a vir-se na minha boca. Jesus, Lanie! Controla-te. Tu odeia-lo, recordas-te? Ele. Não o Pénis Maravilhoso nem aqueles dedos orgasticamente compridos que ele tamborilava agora nas ancas que pareciam dizer lambe-me-agora-mesmo. - Vai-te foder! Odeio-te — disse eu e depois engasguei-me imediatamente, tapando a boca. Não por ter medo de o ofender, mas porque lançar a bomba F era uma coisa que eu não costumava fazer. Normalmente, também não pensava em dedos da forma muito porca como acontecera poucos segundos antes. Decidi culpar o chocolate e o excesso de açúcar pelo meu colapso mental temporário. - Oh, tu vais-me foder. - Ele avançou para mim. - Muito. Mas não agora. Temos merdas para fazer. Vamos. - Vamos onde? Ele pegou-me no pulso, levantou-me da minha fantástica cadeira molestadora e


puxou-me para fora da sala. - Vou levar-te à tua consulta. - Que consulta? Eu não tenho uma consulta - disse eu, a tentar libertar-me do seu aperto. - Agora, tens. Seria bastante irresponsável da minha parte não seres vista por um médico antes de eu saquear essa tua doce rata, não te parece? Eu parei e obriguei-o a fazer o mesmo. - Vais levar a minha vagina ao médico? - perguntei insultada. Não te conheço suficientemente bem para confiar que és tudo 0 que dizes ser. — Ele puxou-me bruscamente contra o peito e pôs as mãos no meu rabo. - Eu comprei uma virgem e pretendo ter a certeza de que recebi o que paguei. Além disso, vais precisar de tomar a pílula porque quando eu entrar finalmente nessa tua pequena mina de ouro quero ter a certeza de que sinto tudo. O meu queixo caiu no chão. — Fecha a boca, Delaine. A menos que seja um convite para meter alguma coisa nela - disse ele, e depois levantou-me o queixo com os dedos para me fechar a boca antes de se afastar com um sorriso nos lábios. Um ou dois minutos depois, eu estava sentada ao lado de Noah, na parte de trás da sua limusina, a caminho do médico das vaginas. Noah acendeu um cigarro e soprou o fumo pela janela que tinha aberto um pouco. Normalmente, eu estaria a barafustar pela falta de consideração pelos meus pulmões, mas a forma como ele apertava os lábios à volta daquele filtro... bem, fez-me pensar em coisas muito, muito marotas. — Podes beijar-me, sabes — disse ele enquanto dava mais uma passa no cigarro. - Eu estou aqui para o teu prazer tanto como tu estás aqui para o meu. Eu cruzei as pernas, a tentar encontrar a fricção que ansiei de repente, e cruzei os braços no peito num gesto desafiador. Não lhe respondi. Afinal de contas, que é que poderia responder àquilo? - Isto - disse ele, acariciando longamente o membro através das calças — também é para o teu prazer. Não devias ter vergonha de pedir o que queres, Delaine. Ou de pegar no que queres, porque podes ter a certeza de que eu não vou ser nada tímido. Eu virei a cabeça e olhei pela janela, a tentar ignorar a palpitação nas minhas partes íntimas. No entanto, as ditas partes íntimas estavam a salivar com a imagem que as suas palavras tinham criado. Pelo canto do olho, vi-o a apagar o cigarro antes de dizer: - Deixa-me mostrar-te. Ele percorreu imediatamente o espaço entre nós e abriu-me bruscamente as pernas antes de enterrar o rosto entre as minhas coxas. Depois, pôs as mãos no meu rabo e puxou-me para a frente, pata ter um ângulo melhor. Eu ofeguei de surpresa quando senti o calor da sua respiração através da ganga grossa das minhas calças, enquanto a sua boi a andava para trás e para a frente por cima de mim. Chocada, observei o movimento da sua cabeça e depois ele olhou para cima e fez questão de me deixar ver a língua comprida a lamber de trás para frente. Ele mostrou os dentes e brindou-me com um sorriso malicioso antes de dar um beliscão exatamente por cima do meu clitóris e piscar o olho.


- Oh, céus - gemi, agarrando os seus cabelos com as mãos e enfiando O seu rosto entre as minhas pernas. A boca de Noah aumentou a pressão entre as minhas pernas. - Mmm... adoro uma mulher que sabe o que quer, Delaine. A forma como ele ronronou o meu nome fez as minhas entranhas tremerem, ameaçando uma erupção como nunca tinha sido vista no Monte de Santa Helena. Mas depois as mãos do filho da mãe pousaram nas minhas e obrigaram-me a soltar os seus cabelos antes de ele se afastar e depositar um leve beijo sobre o meu clitóris. - Aquilo foi... promissor - suspirou ele. - Mal posso esperar para ver a tua reação quando não houver roupas a atrapalhar, mas infelizmente isso vai ter de ser adiado para mais tarde. Eu fiquei ali sentada a transpirar e completamente incapaz de controlar a minha cabra interior, mas Noah recostou-se no seu assento e endireitou as roupas como se o que tinha acabado de me fazer não o tivesse afetado minimamente. Ele passou as mãos pelos cabelos para reparar o estrago que eu causara e eu gritei no meu íntimo, com vontade de o despentear. A porta do passageiro abriu-se e Samuel cumprimentou-nos com um sorriso. Noah saiu para o passeio e estendeu uma mão para me ajudar. Eu aceitei a sua ajuda, mas só porque queria apertar-lhe os dedos com toda a força, o que fiz, mas ele também não pareceu nada incomodado com isso. Filho da mãe. Através da minha raiva sexualmente frustrada, eu mal registei que estávamos a entrar numa clínica médica. Noah levou-me por um corredor e entrámos numa zona de recessão. A recepcionista cumprimentou Noah de uma forma muito profissional, mas esteve sempre a despi-lo com os olhos, aparentemente alheada da minha presença. Eu sabia que não tinha qualquer direito sobre ele, mas ela não sabia, por isso o seu atrevimento irritou-me. Provavelmente, ela não teria ficado nada preocupada se eu me gabasse de que ele acabara de ter a cabeça enterrada entre as minhas coxas, a vaca desavergonhada. Antes que a minha cabra interior pudesse arrancar aquelas pestanas falsas das suas pálpebras, fomos levados para uma sala de observação onde a enfermeira mediu os meus sinais vitais e me mandou despir, entregando-me uma bata de papel para eu vestir. Também me entregou um formulário e disseme que teria de o preencher para ficarem com os meus dados, mas Noah tirou-lhe da mão. - O meu tio Daniel é dono desta clínica - disse Noah quando a enfermeira saiu da sala. Estava a escrever algumas informações no formulário. — Ele não é ginecologista, e eu não queria que mais tarde te sentisses pouco à vontade com ele, por isso vais ser examinada pelo Everett, um dos seus colegas. Eu acenei afirmativamente, a odiar profundamente o que ia seguir-se. — Tens algum problema de saúde que eles precisem de conhecer? Eu abanei a cabeça numa resposta negativa e ele estendeu-me o formulário para eu assinar. Quando lhe devolvi, fez-me sinal para eu me despir e virou as costas enquanto continuava a falar. - Eu disse à minha família e aos meus amigos que nos conhecemos há algum tempo,


durante uma das minhas viagens a LA. Todos pensam que andamos juntos em segredo há sete meses e que, por fim, eu consegui convencer-te a mudares-te para Oak Brook para vires viver comigo. Não disse o teu nome a ninguém, por isso podes decidir se queres usar o teu nome verdadeiro ou outro qualquer. — Bem, como já puseste o meu nome verdadeiro naquele formulário, acho que vamos usá-lo. - Despi as calças e dobrei-as cuidadosamente antes de pegar na bata de papel azul. Ouvi-o murmurar enquanto inspirava. Aparentemente, ele não tinha pensado nisso antes de preencher o formulário. - Além disso, se usarmos outro nome é muito provável que eu estrague tudo. E a propósito, obrigada. - Por quê? — Por teres criado uma história minimamente decente sobre mim para eu não parecer a puta que ambos sabemos que sou na realidade. Ele voltou se e deu dois passos largos na minha direção ale o seu corpo estar tão perto do meu que senti o calor libertar-se dele em ondas. Ele pôs o dedo sob o meu queixo e ergueu-o para que eu o olhasse nos olhos. - Eu dificilmente chamaria puta a uma virgem. Eu não tive oportunidade de responder porque bateram levemente à porta. Ele afastou-se de mim antes de mandar entrar quem estava do outro lado. - Noah, meu rapaz! — Um homem jovial com uma bata branca entrou na sala e abraçou Noah. — É tão bom ver-te. Como tens passado? - Vou sobrevivendo - respondeu Noah com um sorriso genuíno no rosto enquanto o abraçava. O médico voltou-se para mim com uma expressão apologética. - Desculpe, mas não havia ficha por isso não sei o seu nome. - Delaine. Delaine Talbot - disse-lhe eu, e de repente fiquei muito fascinada com os mosaicos brancos do chão por baixo dos meus pés. - É um prazer conhecê-la, Menina Talbot. — Ele apertou-me a mão e depois apontou para a marquesa de observação, enquanto se sentava num banquinho com rodas à minha frente. - O que posso fazer por si? - A Delaine só precisa de um exame de rotina e gostaria de saber quais são as opções de contracepção - respondeu Noah por mim. - Estou a perceber. Bem, a forma de contracepção que terá menos probabilidade de esquecer é a injeção. É o que gostaria de experimentar? — perguntou-me ele com um sorriso simpático. - Hmm... — Eu tinha lido algumas coisas durante a última consulta no meu médico, mas isto era bastante inesperado por isso eu não tinha a certeza. - Cada injeção dura três meses, e uma das vantagens para a maioria das minhas pacientes é que normalmente torna o ciclo mais ligeiro ou interrompe-o totalmente. Nos últimos anos, tem sido uma forma de contracepção bastante popular. - Sim, está bem. Parece-me bem — respondi com um aceno tímido. - Bom, então vamos começar, está bem? - O seu sorriso foi genuíno e reconfortante. Eu deitei-me na marquesa e Noab colocou-se perto da minha cabeça antes de eu colocar os pés nos estribos. Não que eu nunca tivesse leito um esfregaço cervical, mas ter


as partes expostas diante de um completo desconhecido era sempre enervante. Quero dizer, os médicos de vaginas viam muita coisa, por isso era quase impossível não pensarmos se a nossa era diferente das outras ou se teria alguma deformidade que não conhecíamos. Antes mesmo de conseguir completai todas as minhas divagações interiores, ele recuou e bateu-me na perna para me dizer que tinha terminado. - Vai sentir algumas eólicas durante os próximos dias. Pode tomar ibuprofeno para as dores. E também poderá ter algum sangramento, tendo em conta a sua circunstância especial, mas no geral acho que vai ficar bem. — Ele tirou as luvas e deitou-as fora. — Se sentir alguma coisa irregular, não deixe de vir cá. A enfermeira surgiu ao meu lado e desinfetou-me o braço com álcool antes de me dar uma injeção. - Agora, vou deixá-la para se vestir e depois pode ir - disse ele, voltando-se para a porta. — Foi ótimo voltar a ver-te, Noah. - Também gostei muito de o ver, Everett, e obrigado - disse ele antes de se voltar para mim. — Vou pagar a conta e espero-te lá fora. Ele seguiu o médico e a enfermeira e eu levantei-me rapidamente, arrependendo-me imediatamente do movimento rápido porque já me sentia dorida. Vesti-me o mais depressa que consegui, com vontade de sair dali, e quando abri a porta Noah estava à minha espera. - Estás bem? — perguntou ele, provavelmente porque eu tinha um braço sobre o abdômen. - Tenho algumas eólicas, mas se puder ir para casa deitar-me acho que vou ficar bem. - Está bem? - disse ele com um aceno de cabeça, e depois pegou no telemóvel e premiu um botão. - Bom dia para ti também, Polly - disse ele para o aparelho. — Preciso que acabes o que estás a fazer aí em casa. Estou a caminho com a minha convidada e vou precisar de um pouco de privacidade... Sim, Polly, é ela. - Ele revirou os olhos, mas segurou-me pelo cotovelo e levou-me para fora do prédio e para a limusina que nos aguardava. — Neste momento ela não está com disposição para receber visitas. Talvez daqui a alguns dias. Liga para o Mason e diz-lhe que eu volto para o escritório dentro de uma hora. Obrigado, Polly. Dito isto, desligou o telefone e sentou-se ao meu lado, pondo o braço sobre os meus ombros. — A Polly cuida de todos os meus assuntos pessoais, incluindo a casa. Ela é bem intencionada, mas por vezes pode ser um pouco difícil de aturar — explicou ele. - Vai ser mais difícil enganá-la com o nosso segredinho do que qualquer outra pessoa, por isso mantém-te atenta. Ela é matreira. Eu acenei afirmativamente e ele pôs a mão na minha face, incentivando-me a encostar a cabeça no seu peito. Provavelmente era uma coisa demasiado íntima para ele fazer, pois só nos tínhamos conhecido na noite anterior, mas tendo em conta a intimidade que já partilháramos, supus que não fazia mal. Escutei o bater do seu coração enquanto seguimos em silêncio. E pela primeira vez prestei verdadeira atenção ao seu cheiro. Reconheci o aroma do sabonete e do desodorizante daquela manhã, mas também captei outro cheiro que era mais distintivo e


muito... ele. Os seus dedos acariciaram-me os cabelos e eu fechei os olhos, saboreando o silêncio e as suas ternas carícias. Os movimentos eram tão calmantes que se eu não estivesse tão dorida provavelmente teria adormecido. Chegámos a casa num instante. Noah saiu do carro em primeiro lugar e estendeu-me a mão, dispensando a tentativa de Samuel de fazer o seu trabalho. Eu curvei-me para frente porque naquela altura estava com mais eólicas. — Merda, estás bem? - Noah pareceu nervoso. — Estou ótima. Foi apenas uma eólica mais forte — disse eu, tentando falar sem grande tensão. Não queria que ele pensasse que eu era uma bebê grande que não aguentava um pouco de dor. Sem aviso, ele pegou-me ao colo e transportou-me como se eu fosse uma noiva pela porta principal, que Samuel já abrira de par em par. Eu tentei que ele me pusesse no chão, mas ele não me deu ouvidos. Em vez disso, levou-me pelas escadas até ao seu quarto. Sentou-me para afastar as roupas da cama para eu poder enfiar-me por baixo delas e depois se afastou. -Torna estes comprimidos - disse ele quando voltou, entregando-me dois comprimidos e um copo com água. Eu aceitei a oferta e engoli os comprimidos. Noah tirou-me o copo das mãos e pousouo na mesa de cabeceira ao meu lado. - Ficas bem se eu for trabalhar? - perguntou ele, com um tom de preocupação evidente na voz. — Eu vou ficar bem. Só preciso de dormir um pouco - disse eu, abafando um bocejo. — Podes ir. De qualquer maneira, posso descansar melhor se não estiveres aqui. — Ui, isso doeu - disse ele, a rir baixinho, com a mão no peito. — Gosto de ver que não perdeste aquela atitude. Tenho a certeza de que vais ficar bem e pronta para nova tentativa de me morder a pila num abrir e fechar de olhos. Ele inclinou-se, beijou-me levemente os lábios e depois se endireitou. - Tens um telemóvel? - perguntou. - Sim, está ali na minha carteira. Por quê? Não vais tirar-mo, pois não? — perguntei,,, com pânico de que ele mo levasse. — Não, a não ser que me dês motivos para isso — respondeu ele, aproximando-se e pegando na minha carteira. Entregou-ma e, acreditando que ele não me ia tirar o telemóvel, peguei nele e estendi-lho. Ele premiu alguns botões antes de mo devolver. O seu telemóvel começou a tocar naquele momento e ele tirou-o do bolso do casaco e desligou-o. - Gravei o meu número no teu telemóvel e agora também tenho o teu. Não te esqueças de andar sempre com ele. Não apenas para tua segurança, mas também porque não ficarei nada feliz se me mantiveres à espera quando eu precisar de ti. Guardou o telemóvel no casaco. -Liga-me se precisares de alguma coisa. A sério. Embora estivesse a tentar ser severo, eu vi a sinceridade no seu rosto. Revirei os olhos e acenei sarcasticamente porque adorava irritado, e depois voltei-lhe as costas, a murmurar:


— Vai-te embora, depressa. A tua cara está a provocar dores no meu útero. Era verdade, mas apenas porque o seu rosto era tão lindo c eu queria mergulhar nele, mas não podia. E havia algo de estranho naquilo: não só eu nunca tinha feito um broche, como também não tinha estado do lado de quem recebe. Agora, de repente, não conseguia tirar da cabeça a imagem do seu rosto entre as minhas pernas. Era de loucos. Digo-vos que só podia ser por ele ser tão fantasticamente bonito. - Mmm-hmm, então está bem - disse ele, como se não acreditasse numa única palavra do que eu tinha dito. — Vejo-te mais tarde, ao fim do dia. Ouvi a porta fechar-se devagarinho atrás dele e aconcheguei-me na sua almofada, inalando uma vez mais o seu cheiro. Enquanto parte de mim ficou contente por não ter de fazer nada até ao fim do dia, tenho de admitir que outra parte, a minha minicabra interior nascente, ficou extremamente irritada porque, aparentemente, não ia ter outra ronda com o Rei do Dedo Mágico. Com aquele pensamento deprimente na cabeça, adormeci lentamente.


5 Sobremesa à la mode Lanie - Delaine — cantou uma voz rouca no meu ouvido enquanto eu me esforçava para sair de uma névoa ensonada. Registei vagamente o toque de uma mão bastante grande e quente a acariciar a parte interna da minha coxa e gemi involuntariamente. - Devias ter mais cuidado com os sons que fazes enquanto dormes. Gemer assim pode fazer com que eu perca o pouco controlo que ainda tenho. Os teus gemidos fazem-me sentir coisas indescritíveis. Um hálito quente varreu a pele do meu pescoço e um arrepio delicioso percorreu-me as costas quando senti a sua língua a puxar o lóbulo da minha orelha para a boca e os seus lábios macios a fecharem-se sobre ele. A sua mão começou a massajar a minha coxa enquanto subia gradualmente. Eu contorci-me numa tentativa de encontrar a posição perfeita para aproveitar ao máximo. - Merda - praguejou ele, e depois se afastou demasiado depressa. Os meus olhos abriram-se e eu arquejei, apercebendo-me da resposta traiçoeira que o seu toque, em conjunto com as suas palavras exaltadas, tinha provocado no meu corpo. Noah passou a mão pelos cabelos, nervoso e obviamente excitado: - O jantar está pronto. Provavelmente, devias levantar-te e tentar comer alguma coisa. A sério? Eu tinha perdido um dia inteiro? Enterrei o rosto debaixo do lençol, porque vê-lo tão ofegante e excitado estava a fazer-me reagir da mesma forma e não era o momento para perder a minha compostura com ele. - Não tenho fome - murmurei para a minha almofada. - Mesmo assim, precisas de comer. Agora, ou te levantas e vens jantar comigo no salão de banquetes ou eu posso pendurar-te no ombro, carregar o teu rabo lá para baixo e alimentar-te à força. O que é que preferes? Eu resmunguei frustrada, e dei um murro na almofada, mas não fiz qualquer esforço para me levantar. - Então, vamos fazer como queres - disse ele, levantando a roupa da cama e debruçando-se para me pegar. - Espera! - Eu sentei-me rapidamente e levei os joelhos ao peito. — Eu levanto-me. Céus, tu és um verdadeiro Neandertal! Dá-me um pouco de privacidade para eu me recompor e já desço. Está bem? - Tudo bem - disse ele, recuando. - Mas não me deixes à espera durante muito tempo. Detesto comer sozinho. Eu acenei para ele perceber que tinha compreendido e fiquei a vê-lo dirigir-se para a


porta com os olhos pregados no seu rabo. Credo, eu era uma viciada em rabos. Logo que ele saiu do quarto, peguei no telemóvel que estava em cima da mesa de cabeceira e premi o número de marcação rápida para a minha melhor amiga. Do outro lado não ouvi um olá, mas também não houve qualquer sombra de dúvida de que ela tinha atendido. - Já não era sem tempo, merda! Que raio é que te aconteceu? — gritou Dez por cima da música que se ouvia em segundo plano. Aparentemente, ela estava a trabalhar. Estás bem? - Dói-me a vagina, mas tirando isso estou ótima. - E também estava muito aflita para fazer chichi, por isso saí da cama e dirigi-me para a casa de banho. Dez riu-se. - Pimba! Ele enfiou-to assim sem mais nem menos? - Na verdade, o meu íman ainda está intacto, mas não sei quanto tempo é que isso vai durar. — Calei-me quando me vi ao espelho. — Oh, meu Deus. Estou um caco. - Tu estás sempre um caco. Mas conta-me todos os pormenores. Quem é que te comprou? Ele é uma brasa? - Hmm, Noah Crawford. E sim, é uma verdadeira brasa. Na verdade, acho que "brasa" nem sequer é uma descrição adequada. O homem é um inferno ardente de brasas escaldantes - admiti, acima de tudo porque não podia mentir à minha melhor amiga e seria uma blasfêmia mentir sobre o nível de espetacularidade de Noah Crawford. O tipo rebentava todas as escalas. - Ele é uma grande brasa? Então isso quer dizer que é homossexual? Au lamento querida - disse ela, a rir. - Não, ele não é homossexual. Pelo menos, acho que não - disse eu, a tentar pentear o cabelo. — Ele enterrou a cara entre as minhas coxas, por isso acho que deve gostar de partes femininas. Dez ofegou, obviamente entusiasmada com a notícia. - Ele fez-te um minete? Oh, meu Deus! Não adoraste? Adoraste, não foi? Não foi a melhor coisa... - Dez! Concentra-te! - disse eu, tentando que ela me prestasse atenção. - Eu tinha as calças vestidas, por isso não faço ideia e também não tenho muito tempo para estar ao telefone. Vamos aproveitar para falar sobre uma coisa importante, sim? Como estão os meus pais? O dinheiro já está na conta? - O dinheiro está lá, e raios, gaja... foste vendida por dois milhões? Seria lógico esses pervertidos quererem uma mulher experiente que sabe fazê-los passar um bom bocado, mas não, eles querem a Menina Inocência. Não posso dizer que compreendo essa lógica. - Dez — disse eu, tentando fazê-la voltar à conversa antes de ela começar a divagar. — Como está a Faye? - Passei por lá hoje para vê-la. Ela está na mesma querida. Não há mudança. — A voz de Dez tornou-se mais solene. — Mas agora temos o dinheiro para a operação, graças ao teu corajoso esforço. — Dez suspirou. - Eu admiro-te muito, Lanie. Sacrificares assim as tuas mercadorias e tudo isso? É verdadeiramente heroico. Estou a falar muito a sério.


- Bem, desde que ajude a minha mãe vale a pena, certo? Mmm-mm. E já que aí estás não tens de ter vergonha de aproveitar um pouco de ação na tua vagina. Eu sorri e soltei uma pequena gargalhada. - Sim, só tu para pensares assim. Escuta, tenho de desligar. Diz aos meus pais que eu estou atolada com coisas de caloira, mas que lhes telefono logo que puder, está bem? E até que gosto de ri. — Claro, miúda. E eu também até que gosto de ti - disse ela com um toque de sentimentalismo na voz. Pelo menos, o sentimentalismo de que ela era capaz. Lambidelas no clitóris e dentadinhas nos mamilos, gaja! Eu desliguei o telefone e decidi tomar um duche rápido. Quando terminei, dirigi-me para o quarto para me vestir, mas não encontrei as minhas coisas em parte alguma. Até procurei no enorme roupeiro de Noah e nada. Assim, peguei numa das suas camisas formais, que felizmente era suficientemente grande para tapar a minha nudez. Sim, eu sabia que provavelmente ia irritá-lo, pois já tinha visto como ele era obcecado com as suas roupas, mas de certeza que ele não esperava que eu andasse permanentemente nua pela casa. Lavei os dentes e olhei-me ao espelho, satisfeita porque ele ia ficar furioso, mas teria de me dizer o que tinha feito com as minhas coisas, quanto mais não fosse para eu não usar as suas. Depois, desci as escadas o mais depressa possível para não o aborrecer com a minha demora. De novo, não porque me importasse, mas porque queria ver o seu rosto lindo, lindo, quando ele ficasse irritado. Quando entrei na sala de jantar — eh, desculpem, salão de banquetes -, ele estava sentado à cabeceira da mesa. Presumi que o lugar à sua direita estava posto para mim e sentei-me. Noah olhou-me da cabeça aos pés, assimilando o meu estado atual de não vestida, e observei-o a engolir em seco. — Espero que não te importes. A verdade é que não tive escolha porque todas as minhas coisas desapareceram. Que diabo fizeste com as minhas roupas? — perguntei. — Tinha pensado levar-te às compras esta tarde, por isso mandei as criadas deitarem fora as tuas outras coisas - disse ele, pegando no guardanapo. - Não percebi que ias passar o dia inteiro a dormir. As minhas desculpas. Ele tinha deitado fora as minhas roupas? — Não podes deitar fora as minhas coisas sem mais nem menos! — guinchei. — Eu não deitei tudo fora. Apenas as roupas - disse ele, fazendo pouco caso da minha frustração. Não estavam à altura do meu estilo de vida. - Ui, como somos elitistas! Lamento não ter vindo preparada para o teu estilo de vida chique. - Não precisas de pedir desculpa - disse ele, bastante sério. - Amanhã tratamos disso. No entanto, tenho de admitir que ficas deliciosa com a minha camisa. Ele estava a olhar para mim como se eu fosse um bufete daqueles em que se pode comer tudo o que se conseguir e ele não ingerisse uma refeição há dias. No momento em que ele lambeu os lábios, eu obriguei-me a desviar o olhar, ficando de repente muito interessada na comida que tinha à minha frente. Os três pratos que compunham a


refeição já estavam na mesa: salada para entrada, um suculento bife com batatas assadas e uma fatia de bolo de chocolate com três camadas, com uma bola de gelado de baunilha para sobremesa. Eu desdobrei o guardanapo e pousei-o no colo. - Fizeste isto tudo? - Eu sou multimilionário. Não preciso de cozinhar - disse ele, pegando no garfo e espetando na salada. - Pago a pessoas para fazerem isto para mim. - Estou a ver. Tipo, como pagas para ter sexo? — perguntei, e em seguida bebi um gole de água do copo que estava à minha frente. Noah engasgou-se com a salada que acabara de pôr na boca e eu dei os parabéns a mim mesma enquanto sorria à volta do rebordo do copo. - Afinal de contas, porquê? - perguntei nada preocupada com o seu bem-estar. - Esse assunto não vai ser abordado - disse ele, bebendo um gole de vinho. - Como te sentes? Sangramentos ou eólicas? Até ele falar no assunto, eu quase tinha esquecido a pequena excursão ao médico de vaginas. - Bem, essa pergunta é pessoal, mas se tens de saber... - Tenho e durante os próximos dois anos nada que diga respeito ao teu corpo é um segredo para mim. Quanto mais depressa te acostumai es a essa ideia, mais fácil será esta situação. Estavas a dizer... Eu rangi os dentes, a esforçar-me ao máximo para não o mandar paia o outro lado, embora isso tivesse sido excitante. Ao imaginar essa cena mentalmente, precisei de contar até dez em silêncio antes de me sentir razoavelmente calma paia responder à sua pergunta. - As cólicas pararam e não tive nenhum sangramento. Isso quer dizer que me vais foder agora? - Sim. Que tal aqui mesmo, em cima da mesa? — disse ele com ironia, enquanto fingia testar a sua resistência com um abanão. Lançou--me um sorriso travesso para ter a certeza de que eu percebia que ele só estava a brincar. - Acho que te posso deixar ter a noite para recuperar. Sei que me odeias e que deves pensar coisas bastante terríveis a meu respeito, mas eu não sou um monstro. De vez em quando sou capaz de demonstrar um pouco de compaixão, sabias? A Agente Dupla Galdéria já estava a calçar os seus saltos de matadora para fazer a sua dança especial e ficou profundamente desapontada quando ele deu o dito por não dito. Ela estava a ameaçar uma revolta, mas eu dei um murro na cara daquela cabra e mandei-a acalmar-se. - Ligaste a alguém para avisar que estás bem? — perguntou ele, cortando o bife. Eu fiquei sem saber como responder àquilo. Se lhe contasse a verdade, talvez ele ficasse irritado ao ponto de me tirar o telemóvel. Mas ele não tinha estabelecido regras para o contacto com a minha família ou amigos, e, além disso, sabia que eu tinha o meu telemóvel. Eu detestava mentir, porque uma mentira levava sempre a outra, que levava a outra, até se tecer uma enorme teia de enganos em que era impossível não sermos apanhados. Além disso, eu ainda queria ver o seu rosto tão lindo com um dos seus


ataques de fúria. Por isso, que se lixasse, contei-lhe a verdade, - Falei com a minha melhor amiga, a Dez, antes de descer para jantar. - E os teus pais? - perguntou ele, e o seu rosto não mostrou qualquer sinal de estar perturbado com a minha confissão. Eu fiquei desapontada, para dizer o mínimo... e também tive de arrancar os sapatos de saltos altos de matadora da Agente Dupla Galdéria e enfiar um na sua boca atrevida. - Eles pensam que eu estou longe, a estudar. Vou acabar por ter de lhes telefonar, mas eles não podem saber onde estou nem o que estou a fizer. Morreriam de desgosto. Noah acenou afirmativamente e apoiou o queixo nos dedos. — Isso é compreensível. Mas quero que te sintas livre para falar com quem precisares. Enquanto cumprires o estipulado no acordo e não tentares quebrar a tua parte do contrato, terás a maior parte das outras liberdades que tinhas antes de vires para mim. — A maior parte? - perguntei, arqueando uma sobrancelha interrogativa. — Todas exceto o teu corpo, é claro. Esse pertence-me - esclareceu ele. — Então, posso sair de casa sempre que quiser? — perguntei, testando as limitações. — Espero que estejas aqui quando eu estou aqui, a menos que tenha autorizado previamente uma saída. Digo autorizado previamente porque quero saber sempre onde estás. Além disso, pode haver alturas em que sinto necessidade de vir para casa durante o dia para aliviar um pouco o stresse — disse ele com um sorriso matreiro. Deixem-me esclarecer: não foi um simples sorriso matreiro. Eu estava a ficar molhada a um ritmo anormal e temi pelo tecido dispendioso que estofava a cadeira onde estava sentada. Os meus mamilos estavam completamente espetados e puxei os ombros para a frente, tentando que que a minha excitação não se notasse. Mas não parou ali. Oh, não, aparentemente eu estava lançada na minha recém-descoberta devassidão. — E agora te sentes estressado? — perguntei eu com voz rouca. Não me perguntem de onde veio aquilo. Eu própria não reconheci a minha voz. Aparentemente, eu tinha baixado a guarda o suficiente para permitir que a ordinária que existia em mim me dominasse, indo diretamente para a função verbal do meu cérebro e montando acampamento. Aquela era a minha história e eu ia manter-me fiel a ela. Noah riu-se e lambeu o lábio inferior, o que me irritou profundamente porque até me apetecia fazer aquilo. — Vejamos. Tenho uma mulher incrivelmente sensual na minha casa, a quem paguei uma quantia astronômica para usar sempre que me apetecer, e no entanto não posso porque lhe causei um pouco de desconforto. Por isso, sim, acho que se pode dizer que estou um pouco estressado. A Agente Dupla Galdéria descobriu a parte do meu cérebro que controlava as minhas capacidades motoras e plantou ali a sua bandeira. Eu tinha perdido todo o controlo do meu próprio corpo. Pousei o guardanapo ao lado do prato e afastei-me da mesa. Noah manteve os olhos pregados em mim o tempo todo. Quando me dirigi para ele, ele recostou-se na cadeira e inclinou a cabeça para o lado com as sobrancelhas franzidas numa interrogação, à espera para ver o que eu pretendia fazer. Eu deslizei entre ele e a mesa e caí de joelhos,


— Que estás a fazer, Delaine? - perguntou ele, com a voz grossa e rouca. — Gestão de stresse — respondi eu, sorrindo enquanto lhe desapertava o cinto das calças com uma enorme confiança. — Pensei que te tinha dito que tinhas a noite de folga - disse ele, empurrando ligeiramente a cadeira para trás para me dar mais espaço. — Pois disseste. - Desapertei o fecho das calças e abri-as enquanto dava beijos intensos no alto por baixo das suas Calvin Klein. Noah passou os dedos pelos meus cabelos e depois me segurou no queixo, erguendoo para eu olhar para ele. — Se continuares com isso durante mais tempo, não vou conseguir parar-te. — Então, não pares - disse eu, baixando a cabeça para continuar o que estava a fazer. Ele empurrou a cadeira mais para trás até ficar fora do meu alcance. — Só depois de comer a sobremesa. Sem aviso, levantou-me e sentou-me na ponta da mesa, afastando os pratos. Tinha as mãos nos meus joelhos quando me abriu as pernas e se aproximou mais. Depois, subiu lentamente pelas minhas coxas, mergulhando sob a bainha da sua camisa e empurrandoa para cima. Ambos observámos quando ele revelou a minha nudez por baixo dela e eu ofeguei quando ouvi um gemido selvagem vindo do fundo do seu peito. Eu tinha-me mantido sempre razoavelmente depilada naquela zona porque, bem, nunca se sabe quando temos um acidente estranho e alguém poderá ter necessidade de ver alguma coisa ali cm baixo. Ele lambeu os lábios enquanto me comia com os olhos e depois, finalmente, olhou-me nos olhos. - Tenho a certeza de que não te vais importar se eu a beijar para ela ficar melhor. Sem esperar pela minha resposta, ele abriu-me mais e começou a sugar a pele da parte interior da minha coxa esquerda. - Hum, Noah? - comecei eu num tom trêmulo. - Humm? - murmurou ele enquanto continuava a subir pela minha coxa. - Achas mesmo que a mesa da sala de jantar é o melhor lugar para fazer isto? Quero dizer, não pode ser muito higiênico. - Eu como todas as minhas refeições à mesa - murmurou ele contra a minha coxa. Suponho que ele tinha alguma razão, e provavelmente eu não ia vencer aquela discussão, mesmo que quisesse verdadeiramente. Além disso, não importava porque naquele momento ele tinha chegado ao meu centro e o seu nariz estava a tocar no meu botão do amor. Senti a sua língua a percorrer as minhas pregas e agarrei nos seus cabelos para me segurar porque o mundo parecia estar a rodar depressa de mais. - Cheiras tão bem, Delaine. E sabes ainda melhor - gemeu ele contra o meu sexo e depois a sua mão percorreu a parte interior da minha coxa para me levantar a perna, colocando-a em cima do seu ombro. Observei-o a lamber o meu centro e depois ele prendeu o meu clítoris com os lábios e chupou castamente antes de o lamber com determinação. Ele ergueu a cabeça e piscou-me o olho, acelerando a língua que mais parecia uma serpente e fazendo o meu corpo sentir um prazer que nunca tinha sentido


antes. A minha cabeça caiu para trás. - Olha para mim - ordenou a sua voz rouca. - Quero que me vejas a alimentar-me de ti. - Oh, Deus - gemi, erguendo a cabeça para obedecer. Primeiro um e depois outro dedo desapareceram dentro de mim e começaram a entrar e a sair enquanto os dedos da outra mão separavam os meus lábios. Ele enfiou o meu clitóris na boca, apertando-o e fazendo uma coisa inacreditável com os dentes e com a língua que eu não consegui ver, mas senti sem qualquer sombra de dúvida. Depois, ele enterrou os dedos até ao fundo e rodou-os para trás e para frente, e eu não consegui evitar o gemido de estrela de filmes pornográficos que veio não sei de onde do fundo da minha garganta. - Mmm, gostas disso, não gostas? - Ele esticou a língua, lambendo desde a minha abertura até ao clitóris, que continuou a sugar. — Isso é... santo Deus. Tão fantástico. - Gemi, com dificuldade para respirar. O meu peito ergueu-se e o aperto nos seus cabelos intensificou-se quando o puxei para mim sempre que impulsionava as ancas para o seu rosto. Ele gemeu, agradado, aparentemente a aprovar o facto de eu lhe mostrar o que mais gostava. Os seus dedos deixaram a minha abertura e eu gemi em protesto, mas depois vi que ele tinha uma colher cheia de gelado. Ele sorriu antes de deixar cair um pedaço de gelado de baunilha mesmo em cima do meu clitóris. Eu sobressaltei-me com a sensação gelada no meu montículo sobreaquecido e quase perdi todo o controlo que tinha. Noah mordeu o lábio inferior enquanto observava a minha reação e depois se lançou para a frente, devorando avidamente o meu sexo e lambendo todo o gelado doce. Uma mola começou a formar-se na boca do meu estômago e reconheci a sensação do banho que tínhamos tomado mais cedo. Todos os músculos do meu corpo ficaram tensos e as minhas coxas prenderam involuntariamente a sua cabeça. A sério, foi como se a minha vagina se tivesse metamorfoseado numa Dioneia, nada disposta a deixar escapar o lindíssimo rosto de Noah Crawford. Noah chupou o meu clitóris com mais intensidade e abanou a cabeça para trás e para frente, o que quase me fez enlouquecer, mas depois enterrou ainda mais a cabeça entre as minhas pernas, lambendo, chupando, gemendo e sussurrando. Os seus dedos entraram e saíram, rodando para trás e para frente. Eu já não aguentava mais. Senti-lo, vê-lo, ouvi-lo - era de mais. Parecia uma carga sensorial ou alguma coisa igualmente entorpecedora. Todo o meu corpo estremeceu quando a mola se soltou por fim e os meus olhos se fecharam com muita força. Manchas azuis c pretas cintilaram atrás dos meus olhos quando mordi o lábio inferior e gemi o meu orgasmo. O meu corpo loi percorrido por estremecimentos, enquanto Noah continuava a lamber e a chupar. Quando o intenso prazer abrandou finalmente e o meu corpo descontraiu, ele parou e olhou-me enquanto lambia os lábios. — Então, sentes-te melhor? — perguntou ele a rir com uma expressão extremamente sensual.


— Humm-humm — mal consegui dizer, acenando a cabeça como uma perfeita idiota. Ele recostou-se na cadeira, com restos do gelado e dos meus sucos a brilhar no queixo. Eu estava tão envergonhada que até corei. Quer dizer, tanta humidade não podia ser normal, pois não? — Vagina à la mode... a minha preferida. - Ele pegou no guardanapo e limpou a boca e o queixo. Eu baixei a camisa para me cobrir e, com sorte, esconder algum do meu embaraço, e disse a primeira coisa que me veio à cabeça. — Ainda não tiveste a minha cereja — disse eu sugestivamente. Noah soltou uma forte gargalhada, esfregando as mãos no rosto lindíssimo que alguns minutos antes estava enterrado na minha vagina. Eu tinha descido aquela escadaria com vontade de o ver irritado, mas isto era muito melhor. — Com que então, estás ansiosa? - perguntou ele. — Bem - continuou, encolhendo os ombros. Depois bateu nas coxas ao levantar-se e enfiou os polegares sob o elástico da roupa interior feita para sexo —, se é realmente isso que queres... A realização atingiu-me como um camião tir e os meus olhos abriram-se e as minhas pernas fecharam-se instintivamente. — Não! — gritei, mais alto do que provavelmente era preciso. — Eu... eu ainda estou dorida. Era uma enorme mentira. Eu sabia. A Agente Dupla Galdéria sabia. E, mais importante, ele sabia. — A sério? Humm, bem, eu posso sempre obrigar-te — disse ele, usando aquela voz rouca que fazia as minhas entranhas dissolverem-se numa poça pegajosa. Ele deu um passo na minha direção e ergueu o meu queixo para me dar um beijo suave, depois outro, e mais outro. As suas mãos percorreram os meus ombros, desceram pelos braços e rodearam me a cintura, enquanto eu me esforçava para não deixar as minhas coxas desavergonhadas abrirem-se num convite para ele entrar. Noah afastou-se e beijou a minha linha do maxilar até ao ponto sensível por baixo da orelha. — Em breve — sussurrou ele, segurando o meu rosto nas mãos e prendendo o meu lábio inferior entre os seus. Ele afastou-se e pigarreou. - Tenho trabalho para fazer esta noite, para poder ir contigo às compras amanhã disse ele, passando as mãos pelos cabelos. - Entretanto, podes fazer o que quiseres. Dito isto, ele afastou-se e deixou-me sentada em cima da mesa num silêncio atordoado, numa névoa póscoital e vestida apenas com a sua camisa. Noah Eu tinha de sair dali. O seu sabor e cheiro estavam por toda a parte e ela estava ali sentada com a porcaria da minha camisa, parecendo mais sensual do que tinha o direito de ser. E, ainda por cima, estava a oferecer-me a merda da sua cereja.


Será que ela não percebia a quantidade de controlo de que eu tinha precisado para não a empalar com o meu membro naquele preciso momento? Mas ela ainda tinha de estar dorida, e penetrá-la sem dó nem piedade só ia contribuir para piorar aquela situação. O que também significava que eu teria de esperar ainda mais tempo para o fazer de novo. E, quando a tivesse ajeito, eu não ia conseguir impedirme de a possuir vezes sem conta, em todas as superfícies da casa. E a minha casa, como o meu membro, era muito grande. Controlo. Tinha de manter o controlo e ter mais um pouco de paciência. Quem esperava era recompensado com coisas boas. Certo? Sentei-me à minha secretária e levei os dedos que tinham estado dentro do seu sexo apertado ao nariz, inalando uma vez mais o seu cheiro. Sim, foi um gesto masoquista, pior do que qualquer outro tipo de tortura imaginável - exceto talvez ter de ver outra pessoa a fodé-la em grande à minha frente -, mas não consegui resistir ao fascínio do perfume de Delaine. De repente, apercebi-me do enorme tesão que tinha desde que ela entrara na sala de jantar vestida apenas com a merda da minha camisa. Gemi com a dor que o meu membro duro como uma rocha, torcido e apertado numa posição muito desconfortável, estava a provocar-me naquele preciso instante. Levei a mão à roupa interior e estremeci quando 0 retirei. Podia tê-lo usado para perfurar uma barra de metal. Não seria muito viável deixá-lo ficar assim. Nunca conseguiria trabalhar com aquela coisa a abanar na minha cara, especialmente com o gosto de Delaine ainda na minha língua e o seu cheiro ainda a pairar nos meus dedos e nas minhas patilhas. Procurei dentro da gaveta de cima da minha secretária e retirei o frasco de loção que guardava ali. Coloquei uma quantidade generosa na palma da mão e esfreguei a mão para cima e para baixo na haste. Fechei os olhos e imaginei a minha miúda de um milhão de dólares, ainda com a minha camisa, ajoelhada à minha frente quando eu estava sentado à mesa. O meu polegar varreu a glande e eu arfei, imaginando a parte lisa da sua língua a fazer o movimento enquanto lambia o esperma que se acumulara na ponta antes de eu me vir. Ela fechou os olhos e gemeu quando me provou. A sua língua percorreu o lábio superior em antecipação de mais e a sua boquinha gananciosa devorou o meu membro e engoliu-me. Senti o fundo da sua garganta contrair-se à minha volta enquanto ela gemia e mexia a cabeça para cima e para baixo. A minha mão acompanhou os movimentos imaginários de Delaine. Estreitei o aperto e acariciei-me mais depressa enquanto recordava a noite em que lhe tinha fodido a boca, com o membro a entrar e a sair dos seus lábios perfeitamente cor-de-rosa e carnudos. A Delaine imaginária olhou-me e eu apertei a base da haste com mais força, empurrando as ancas na direção da sua boca. A minha mão livre agarrou a ponta da secretária com tanta força que me pareceu ouvir a madeira estalar debaixo das pontas dos meus dedos. Mas os seus olhos azuis e vibrantes de vida, tão quentes, tão


esfomeados - nunca deixaram os meus. Fia i Impou me com intensidade e rapidez. Depois, soltou-me com ruído antes de atirar os cabelos para trás dos ombros, lamber a haste desde o fundo até ao topo e engolir-me o máximo que conseguiu com um gemido de satisfação. Eu segurei-lhe na nuca e mantive-a ali enquanto o calor da minha ejaculação me percorria o corpo e os meus movimentos tornaram-se irregulares antes de eu derramar a minha semente na sua garganta. Quando expeli toda a semente que tinha, abri os olhos. Ela não estava ali, mas a minha mão estava coberta com o meu esperma. Suspirei e procurei na gaveta da secretária, tirando uma toalhita e limpando a minha porcaria. Depois de estar razoavelmente limpo, liguei o computador. Acedi ao sistema de segurança e encontrei Delaine na cozinha. Eu tinha-lhe dito que ela podia fazer o que quisesse e esta era a sua escolha? Ela estava a lavar os pratos à mão enquanto dançava ao som de uma música que estava obviamente na sua cabeça. Quando fôssemos às compras, teria de me tentar lembrar de lhe comprar um iPod. As suas ancas balançavamse para um lado e para o outro, enquanto ela saltitava e atirava os cabelos para trás e para frente. Bolas de sabão flutuavam no ar à sua volta e ela rodou com a cabeça atirada para trás, rodopiando e rindo como se não tivesse nenhuma preocupação neste mundo. Eu não consegui deixar de rir quando uma madeixa de cabelo ficou presa na boca e ela a cuspiu e puxou, deixando pousar inadvertidamente um monte de bolas de sabão na ponta do nariz. Soprando ar pela boca, ela fez as bolas voar e voltou ao trabalho com os pratos. Eu fechei o programa, sabendo que se continuasse a observá-la não conseguiria concentrar-me nos ficheiros que precisava de analisar. Também tinha de enviar um email a Mason para ser reencaminhado para os membros do conselho de administração pela manhã. Duas horas mais tarde, já estava a ver a dobrar antes de terminar o trabalho. Desliguei o computador e o candeeiro da secretária antes de me ir deitar. Delaine já estava profundamente adormecida quando cheguei ao quarto e tinha uma expressão angelical. Mas eu sabia que na verdade ela era um demônio disfarçado. Tornei um duche rápido e enfiei-me debaixo tia roupa, satisfeito ao constatar que ela estava nua, como eu tinha mandado. Aconcheguei-me nas suas costas e abracei a sua barriga com uma mão. Ela mexeu-se um pouco, sempre a dormir, e murmurou alguma coisa ininteligível antes de se imobilizar e a sua respiração se tornar regular. Pensei que talvez me tivesse metido em altas cavalarias com Delaine, e teria de ser determinado. Amanhã, voltaria a estabelecer a minha posição e lembrá-la-ia e a mim mesmo do motivo por que ela estava aqui. Amanhã... Como acontecera no dia anterior, naquela manhã acordei com o membro na mesma posição precária entre as suas coxas macias. No entanto, hoje seria diferente. Ela estava aqui por uma razão e, embora eu não fosse má pessoa, tinha necessidades.


0 meu braço esquerdo envolvia-lhe a cintura e a minha mão estava pousada em concha naquela mamoca espantosa. (A sério, eu tinha acabado de usar a palavra "mamoca"?, perguntou o homem adulto que, aparentemente, tinha revertido para um miúdo de 17 anos quando estava a tocar em mamocas. Santo Deus, a minha mente estava a transformar--se numa polpa por causa das suas mamas.) O meu polegar passou por cima do seu mamilo e... nada. Bem, isso nunca podia acontecer. Por isso fiz nova tentativa, beliscando-o levemente entre o polegar e o dedo Indicador sempre que lhe tocava. Houston, temos uma coisa a ficar dura! Ela contorceu-se um pouco a dormir e eu esperei que fosse porque estava a fazê-la sentir-se bem e não porque conseguia ouvir os meus resmungos interiores demasiadamente imaturos. As suas contorções puseram em sentido a barra de ferro ligada ao meu corpo e senti uma sensação fantástica quando ela deslizou para trás e para a frente entre as suas coxas quentes. Eu só precisava de um pouco de lubrificação e devia conseguir vir-me sem enfiar o meu pau no seu sexo virginal. Ela ainda não estava pronta para isso, embora eu estivesse morrinho por entrar ali. Beijei-lhe o ombro nu e percorri-o com beijos até chegar ao pescoço. Entretanto, não parei de mover lentamente as ancas para trás e para frente e de rolar o mamilo entre os dedos. Delaine soltou um pequeno gemido e pôs a mão sobre a minha. Eu fiquei paralisado durante um segundo, preocupado com a possibilidade de ela protestar contra o que eu estava a fazer, mas depois apercebi-me de que me estava nas tintas para o que ela queria ou não queria. Para minha surpresa, ela não tentou remover a minha mão. Pelo contrário, começou a massageá-la, encorajando-me a apalpar o seu seio com mais agressividade. Aquele gesto não tão simples levou as minhas ancas a atirarem-se para a frente e senti que ela ficou rígida quando meteu a mão entre as pernas e encontrou o meu pénis. - Ainda não - sussurrei eu contra o seu pescoço, e depois comecei a sugar a pele naquele lugar. Ela estremeceu nos meus braços e a vibração disparou diretamente para o meu membro, deixando-me impossivelmente mais teso. Eu precisava de maior fricção. Desci a mão pelo seu estômago e entre as suas pernas e abri as pregas para deixar que a sua humidade revestisse o meu pénis. Deslizei para trás e para a frente algumas vezes e não consegui conter o gemido que o calor dos seus sucos provocou. - Tu és tão boa... só... assim - disse eu a cada movimento suave de ancas contra ela. Delaine arqueou as costas e mudou o ângulo em que eu estava a esfregar-me, mas eu percebi que ainda não era o que ela precisava. Peguei-lhe na mão e guiei-a mais para baixo, para que ela pudesse sentir-nos a movermo-nos juntos. O arco nas suas costas tornou-se ainda mais pronunciado quando apertei mais as nossas mãos contra a parte de baixo do meu membro, e como os meus dedos eram mais compridos estiquei o polegar para pressionar a minha glande contra o seu clitóris. - Oh! - arquejou ela, rodando as costas para deslizar pelo meu comprimento até tocar uma vez mais no ponto.


- Mais - gemi eu contra o seu ombro. Recuei e avancei de novo, com o pénis tão encostado a ela que pressionou inadvertidamente a sua abertura. A ponta mal entrou nela antes de eu a retirar e encostar novamente. O que me surpreendeu profundamente foi ela estar a pressionar por sua vez e nem sequer ficar tensa quando eu estava na sua entrada. A sua mão mantinha-me pressionado contra ela, enquanto eu ia e vinha com mais urgência entre as suas pregas molhadas. Ela já não precisava que eu a mantivesse no lugar, por isso afastei-me e agarrei-lhe na anca para ter maior apoio. Ela estava muito macia, quente e húmida. O meu membro nadava na sua humidade e eu não me fartava daquilo. Mexi-me com mais força e mais depressa e o seu polegar fino roçou na racha da minha glande e depois passou rapidamente pela saliência pronunciada. Ela estava a levar-me à loucura. Eu tinha de abrandar, por isso comecei a roçar-me longamente nela, deixando propositadamente a glande fazer pressão contra a sua abertura. Ela veio ao meu encontro e eu forcei apenas a ponta no interior. Ela parou instantaneamente. Conteve a respiração e todos os músculos do seu corpo ficaram tensos. - Descontrai miúda - sussurrei-lhe ao ouvido. A minha respiração estava descontrolada e eu estava encostado ao seu pescoço a tentar recompor-me, enquanto o meu pénis entrava ligeiramente dentro dela. Porra, ela cheirava tão bem e sabia ainda melhor. - Desejo-te tanto — disse eu, ofegante, sem me mexer com medo de a penetrar. Raios partam, porque é que és tão boa? O meu membro pulsava com necessidade de entrar na sua rata apertada. Uma vozinha dentro da minha cabeça gritava-me para entrar, roçar, enterrar, entrar, roçar, enterrar. Talvez se permitisse a mim mesmo entrar um pouquinho mais... - Não te mexas, gatinha — murmurei contra a sua nuca. Avancei milimetricamente, sentindo as suas paredes apertarem-se à minha volta quando deixei toda a glande entrar nela. A única coisa que permiti a mim mesmo foi uma quantidade minúscula de movimento. - Não... te mexas. - A minha voz estava praticamente a implorar-lhe quando fechei os olheis com força e lutei contra a vontade de dar ao meu membro exatamente o que ele queria. Um gemido minúsculo saiu da sua garganta e senti a sua mão deslizar entre as coxas para me acariciar. — Foda-se! — exclamei eu, saindo abruptamente de dentro dela e levantando-me da cama. — Que foi? Que é que eu fiz de errado? - Ela sentou-se na cama, confusa. — Raios partam! Não podes fazer essas merdas, Delaine! Eu estou a recorrer a todo o meu autocontrolo para não te possuir à bruta agora mesmo, e tu vais e encorajas-me! O que é que te passou pela cabeça? Ela baixou a cabeça e deixou os cabelos caírem como uma cortina para esconder o rosto de mim. Baloiçou-se para trás e para frente com a testa nos joelhos enquanto murmurava: — Não sei. Acho que pensei que ias gostar. Estava a ser tão bom -disse ela com um


gemido. Ora essa quem diria? Ela também queria aquilo. Um sorriso gigante espalhou-se no meu rosto e eu comecei a dirigir-me para a cama, com o membro ainda completamente teso e pronto para lhe dar o que. ambos queríamos. E depois a porra do filho da puta do meu telemóvel começou a tocar. Eu ainda pensei em atirar o filho da mãe pela janela, mas sabia que não podia. Resmunguei e aproximei-me da mesa de cabeceira onde ele estava com o pénis a subir e a descer com o meu movimento. — Crawford! - ladrei para o aparelho. — Bom dia, Sr. Crawford. Espero não o ter acordado - replicou a voz nasalada da secretária de David. — Que queres Mandy? — O Sr. Stone mandou-me avisá-lo que convocou uma reunião de emergência com o conselho de administração por causa da recente crise - disse ela. — Que crise? — Não viu as notícias? O mercado acionista está a cair a pique por causa do derramamento de petróleo. As holdings da Scarlet Lotus foram muito afetadas. — Raios... - comecei eu, a esfregar a cara. - Muito bem. Vou para aí imediatamente. Diz ao Mason para me esperar à porta com as notícias mais recentes. Desliguei o telefone sem dizer mais nada e voltei me para Delaine. — Lamento, mas hoje não vou poder levar-te às compras. — E que é que eu devo fazer no que diz respeito a roupas? Usar mais das tuas coisas? - começou ela, irritada, quando finalmente olhou para mim. — Por muito que goste de te ver a usar as minhas roupas, não tenho nada suficientemente pequeno para ti. — E depois tive uma ideia. — Vou mandar a Polly levarte. Ela tem um gosto excelente. Tirei a carteira da gaveta da mesa de cabeceira e peguei no cartão dourado. — Toma. Não te preocupes com o que gastas; tenho a certeza de que a Polly não se vai importar. Vou ligar-lhe para lhe dizer o que precisas, mas podes comprar tudo o que quiseres. — E, entretanto? — perguntou ela, a olhar para si mesma. - Não posso sair propriamente neste estado. — Vou pedir à Polly para trazer alguma coisa dela para te emprestar. Marquei o número de Polly enquanto ia para a casa de banho e pu-la a par do que Delaine precisava no seu roupeiro, deixando, evidentemente, as compras de roupa interior a meu cargo. Ela teria de ir a festas e eu queria ter a certeza de que ela estava vestida de forma apropriada. Claro que Polly ficou encantada por levar Delaine às compras às minhas custas. Eu avisei-a para não ser muito intrometida com Delaine e para a deixar escolher algumas coisas sozinha. Também lhe dei instruções específicas para não bisbilhotar. Qualquer coisa que Delaine quisesse que ela soubesse, partilharia voluntariamente. Quando acabei de me vestir, dei as últimas instruções a Delaine. — Não lhe contes nada sobre o nosso acordo, por muito que ela tente arrancar-te a


informação. Diz-lhe o que quiseres acerca da tua vida pessoal, mas tanto quanto as pessoas sabem nós conhecemo-nos em LA. Eu devo chegar a casa por volta das seis. Não te esqueças de estar à minha espera à porta. Dito isto, levantei-a, dei-lhe um forte beijo na boca e deixei-a cair para trás na cama. — Apetecia-me mesmo que fizesses uma passagem de modelos de roupa interior paia mim hoje. Fica para outra vez. - Pisquei-lhe o olho e dei lhe unia palmada no rabo antes de pegar na pasta e no casaco. Detestei ter de a deixar sozinha nas mãos de Polly da primeira vez que se viam, mas não tinha outra hipótese. Com sorte, ela seria suficientemente forte para lidar com Polly, ou suficientemente evasiva para a manter à distância por enquanto. Além disso, esperava verdadeiramente que a farra de compras suavizasse o interrogatório, mantendo Polly demasiado distraída para bisbilhotar. Só podia esperar...


6 Duo Ignóbil Lanie - Olá? Está alguém em casa? — Ouvi uma voz melodiosa a chamar do átrio. - Delaine? Sou eu, a Polly, compradora pessoal extraordinária e estou aqui para a levar para o que considero ser o paraíso. Desci rapidamente a escadaria, com a mesma camisa que tinha vestido na noite anterior para o jantar. E, embora me sentisse embaraçada por ir ao encontro de uma desconhecida apenas com a camisa do meu homem, a verdade é que não tinha outra alternativa. - Não te esqueças de limpar as pratas esta semana e diz à cozinheira para mudar a ementa desta noite para carne estufada. - Polly escrevinhou alguma coisa num pedaço de papel preso numa prancheta e depois entregou-o à mesma criada que me tinha indicado a cozinha ontem de manhã. — Obrigada, Beatrice. Como sempre, estás a fazer um trabalho maravilhoso. Depois, ela olhou para cima e viu-me. - Oh, olá! - Obviamente, ela era uma daquelas pessoas que começam a manhã muito felizes. O seu cabelo era de um louro platinado e forte e ela era tão sorridente e inacreditavelmente bonita que me fez lembrar a chefe de uma claque de liceu num filme dos anos 80. Era quase contagiosa, e parte de mim sentiu vontade de lhe dar um murro por me fazer sentir assim. - Humm, olá — disse eu, pouco à vontade. — Lanie Talbot. - Polly Hunt - disse ela com um grande sorriso. — É um prazer conhecê-la finalmente! Estendi a mão num gesto amistoso, mas ela revirou os olhos de unia forma brincalhona. - Oh, por favor! Ela fungou suavemente através do nariz espetado, ignorando o meu comprimento algo formal. Vamos passar o dia inteiro juntas a fazer compras. No meu mundo, é como fazer sexo. — Ela soltou uma risada e depois me puxou para um rápido abraço. — A propósito, isto é para ti - disse ela, estendendo-me um saco cor-de-rosa. - Roupas? - perguntei, só para ter a certeza. - Sim, minha senhora. Afinal, o que é que aconteceu a todas as tuas roupas? - Em relação a isso... - Hesitei, pois não fazia a mínima ideia de como responder. - A minha mudança para vir viver com o Noah foi uma decisão um pouco apressada e não tive propriamente tempo para trazer muitas coisas, O pouco que trouxe não parecia estar à altura dos estilos e tendências que vocês usam por aqui, por isso livrei-me de tudo. Já estava. Parecia conversa de uma pessoa que se interessava por moda, certo? Polly arqueou uma sobrancelha perfeitamente arranjada e eu vi as rodas a girar na sua cabeça. Ela franziu os olhos e olhou-me com uma expressão de dúvida.


- E estavas nua quando fizeste isso? - Humm, não - soltei uma pequena risada. - É claro que não, tonta. As roupas que tinha vestido estão sujas. Sim, estão sujas. - Uh-huh. - Ela olhou-me com desconfiança. - Bem, não queres ir mudar de roupa para irmos andando? Andar no pequeno BMW vermelho de Polly quase me matou de susto. A capacidade de fazer várias coisas ao mesmo tempo era um dom, mas eu pensei que era um dom que não devia ser usado enquanto se conduzia. Ela ia muito acima do limite de velocidade, enquanto mexia no rádio e falava mais depressa ainda do que conduzia, tanto quanto percebi sem sequer respirar. De vez em quando, buzinava e praguejava com outro condutor porque este ia muito devagar ou mudava de faixa num momento que não era conveniente para ela. - É Chicago. Aprendam a aguentar-se à bronca ou saiam da estrada, cretinos! — Ela olhou-me e abanou a cabeça enquanto revirava os olhos. - As pessoas que estão obviamente assustadas são perigosas e não têm nada que estar atrás do volante de um carro. Eu concordei, mas pessoas hiperativas c raivosas na estrada que estão cheias de cafeína também não deviam poder está atrãs de um volante. Ela estacionou num espaço que outro veículo acabara de deixar vago. E quando digo acabara de deixar vago, quero dizer que o veículo ainda mal tinha saído do espaço antes de ela estacionar em paralelo sem abrandar a velocidade, subindo o passeio e obrigando alguns dos transeuntes que caminhavam no passeio a desviarem-se rapidamente. Eu consegui despregar os dedos do tablier, onde com toda a certeza tinha deixado impressões digitais que não desapareceriam tão depressa, e saí do carro. Eu não me importaria nada de beijar o chão, se não fosse tão grotesco. As ruas e os passeios públicos eram como uma placa de Petri a cultivar misturas mortais. Polly colocou os óculos escuros, pôs a carteira ao ombro e disse: - Vamos, chica. — Os seus saltos de sete centímetros e vestido curto pareciam ter sido feitos para uma criança pequena e não para uma mulher adulta e eu não os usaria de forma alguma, mas ficavam-lhe extremamente bem. A sério, a mulher era adorável e tinha um lado sensual. Entrámos na primeira loja e as senhoras que estavam atrás do balcão reconheceramna imediatamente, tratando-a pelo nome. - São tuas amigas? - perguntei. - Profissionalmente, não socialmente — respondeu ela em voz baixa. - Pode dizer-se que eu sou presença freqüente aqui. Além disso, dou gorjetas muito boas. «Senhoras - disse ela, voltando-se para elas e erguendo o cartão dourado de Noah -, façam o favor de encher a minha nova amiga com o que têm de melhor. Eu fui levada para um provador para me despir e antes mesmo de estar sem roupa, já estavam a passar-me conjuntos por cima da porta. Eu gemi interiormente, porque não gostava de fazer compras, mas não pude deixar de admitir que ao ser tratada daquela maneira me sentia um pouco como Julia Roberts em Um Sonho de Mulher. Polly estava do outro lado da porta a elogiar as coisas que aprovava e a recusar as


que não lhe agradavam. Eu achei que estaria segura no meu pequeno provador, afastada do resto do mundo, mas Polly não ia admitir isso. Abriu a porta e entrou como se eu não tivesse nada que ela não tivesse visto antes. Suponho que era verdade, mas ainda assim talvez quisesse lei uni pouco de privacidade. Eu estava a começar a aprender rapidamente que no mundo de Noah o meu corpo parecia ser livre para todos. Por isso, desisti de me importar e deixei o que a minha mãe me tinha dado à mostra, como se eu fosse um pôster central de uma revista para ser invejado, embora eu estivesse longe disso. - Então — Polly suspirou quando se sentou no banco do meu provador a observar-me. - Conta-me tudo sobre como tu e o Noah se conheceram. - Humm, acho que como todas as pessoas se conhecem - disse eu, a tentar descobrir como vestir o vestido que ela me tinha estendido para experimentar a seguir, - Ninguém se conhece exatamente da mesma maneira. Todas as pessoas têm uma história. Conta-me os pormenores, amiga — disse ela, a ajudar-me com o vestido. E depois eu fiquei animada porque a sua curiosidade ia permitir--me brincar um pouco com Noah. Ele tinha-me dito para lhe contar o que me apetecesse. - Bem, provavelmente ele vai matar-me se eu te contar isto, por isso tens de me jurar que guardas segredo. - Honra de gaja — disse ela, pondo o dedo médio e o dedo indicador diretamente por baixo dos olhos como Samantha em Casei com uma Feiticeira e conquistando-me completamente com aquele pequeno gesto: uma psicopata que queria saber tudo sobre mim. - Conheci-o à porta de um bar de travestis — disse eu num sussurro. - Ele era tão lindo que eu pensei que era um dos atores. - O Noah Crawford assistiu a um espetáculo de travestis? — guinchou Polly, e depois começou a rir quando eu lhe tapei a boca com a mão para a calar. - Ele disse que não conhecia a zona, queria beber um copo e tinha entrado ali por engano — embelezei. — Ele estava à porta a fumar um cigarro quando eu apareci, e eu sempre perguntei a mim mesma se seria porque se tinha acabado de vir. Polly e eu rimos juntas e foi muito bom. - E depois? - perguntou ela, suspensa em todas as minhas palavras. - Bem, sou capaz de lhe ter lançado o olhar «pois claro, como se eu acreditasse nesse olhar» e nesse ponto ele começou a comer as miúdas com os olhos — disse eu, fletindo os seios. — Só para reforçar as suas palavras, tenho a certeza. - Tens umas mamas bonitas - disse ela, encolhendo os ombros como se quisesse dizer: Isso faz sentido. - Bom, depois ele convidou-me para tomar um copo e, como era tão giro e estava a tentar provar que era muito homem, deixei-o ir para a cama comigo. Não consigo livrarme dele desde então — disse eu, a rir. - Bem, fico contente por ele ter decidido finalmente assentar, especialmente depois do que aconteceu com a Julie - disse ela, ajustando os meus seios no vestido. Acho que, no fundo, o que ela queria era apalpados. Eu não fiquei nada ofendida, se fosse esse o caso, mas fiquei curiosa com o que ela tinha dito.


-Julie; Quem é a Julie? - perguntei ansiosa por ter qualquer informação sobre o passado de Noah. Não porque me importasse, mas porque queria munições de que poderia precisar mais tarde. - Ninguém. Esquece. Eu não devia ter dito nada - disse ela rapidamente. - Ei, ficas uma brasa neste vestido. Boa forma de mudar de assunto, sua pequena matreira. Vou ter de te manter debaixo de olho, pensei. Nem consigo dizer durante quanto tempo andámos às compras. Deixei Polly escolher a maioria das roupas e todos os sapatos. Eu não tinha nada contra estar bonita e adorei todos os sapatos lindos que ela escolheu, embora fossem um perigo de segurança para uma pessoa como eu. Ela recusou-se a deixar-me comprar roupa interior, porque Noah queria encarregar-se dessa parte. Mas, francamente, será que uma miúda não podia comprar umas simples cuecas de algodão? Por fim, Polly decidiu que devíamos fazer uma pausa para almoçar, bala me um pomo sobre ri - disse ela, começando a comer a sua salada, — Que queres saber? — Não sei. O básico acho. De onde és? Quem são os teus pais? Que fazes? Esse gênero de coisas. Quero dizer, o Noah até manteve o teu nome em segredo - disse ela, revirando os olhos, claramente ofendida com a sua recusa em contar-lhe pormenores sobre mim. — É porque eu estou no programa de proteção de testemunhas - disse eu descontraidamente, antes de dar uma dentada no meu sanduíche. — Tu estás o quê? - Ela deixou cair o garfo. — Sim - disse eu, esforçando-me ao máximo para não sorrir, A minha tentativa foi fútil porque a sua expressão foi simplesmente impagável e eu descontrolei-me, praticamente cuspindo migalhas por toda a parte. — Sua mentirosa! - exclamou ela, a rir. — Quase me enganaste. Agora, conta-me a verdade. — Está bem, a verdade é que sou de Graceland e o Elvis Presley é o meu pai. — Elvis e Graceland? — disse ela com uma sobrancelha arqueada. - Não és nova de mais para seres filha dele? — Pois. Não ouviste dizer? A verdade é que ele não morreu. Está com o Tupac e o Biggie a tomar comprimidos e a fumar ganzás. Polly suspirou e revirou os olhos. — Acreditarias no Michael Jackson e no Neverland Ranch? - perguntei na minha melhor imitação de Maxwell Smart. - Sou suficientemente branca para isso, certo? — Muito bem, espertinha - disse ela, atirando-me uma fatia de pepino. - Estou a perceber. Obviamente, não queres falar sobre ti. Mas porquê, Lanie? Que estás a esconder? — Oh, não, não vais conseguir. - Apontei um dedo acusador para ela. - O Noah já me alertou para as tuas artimanhas matreiras. Não tentes armar-te em detetive comigo. No fundo, eu não sou assim tão interessante. Venho de uma cidade pequena e fui viver para LA porque tinha grandes sonhos de entrar na indústria dos filmes pornográficos. Mas não


correu bem. - Encolhi os ombros. Polly engasgou-se com a água e eu não consegui deixar de rir ao ver a expressão de espanto que eslava estampada no seu rosto. — Estou a brincar... em relação à cidade pequena. — Soltei uma risada. Polly bufou novamente com as minhas palavras, mas por fim esqueceu o assunto quando eu lhe pedi para me falar sobre si. Aparentemente, ela não tinha segredos nenhuns. Até me contou sobre a posição sexual que ela e o marido tinham experimentado na noite anterior e disse que eu devia experimentá-la com Noah. Mas o que ela não sabia, e nunca poderia saber, era que eu era uma puta virgem e não tinha voto na matéria em relação ao que o Noah e eu fazíamos no quarto... ou na mesa da sala de jantar... ou na limusina... ou na banheira. Aliás, eu nem sabia muito bem que diabo estava a fazer. Por fim acabámos de almoçar, a pequena tira preta no verso do cartão dourado do Noah estava gasta e o porta-bagagens do carro de Polly estava quase cheio de mais para fechar. Estávamos a voltar para a propriedade dos Crawford e eu não tinha dado nenhuma informação, por isso estava bastante orgulhosa de mim. Não tinha a certeza se Polly acreditara numa única palavra do que eu tinha passado o dia inteiro a contar-lhe, exceto, talvez, a parte do espetáculo de travestis. Honestamente, ela não era tão insistente como Noah me levara a acreditar. Paramos na alameda circular e Polly desligou o carro mesmo diante da porta principal. No entanto, não saiu. Voltou-se para mim e baixou os óculos escuros, olhando-me por cima do aro superior. — Gosto de ti, Lanie. A sério que gosto. E já posso dizer que vamos ser grandes amigas — começou ela. — Mas vamos esclarecer uma coisa. Tens de compreender que o Noah é mais do que um simples patrão para mim e para o Mason. Ele é nosso amigo, e só Deus sabe que não tem muitos. Eleja foi magoado e eu não posso ficar de braços cruzados e deixar que uma coisa dessas lhe aconteça outra vez. Por isso, desde que sejas boa para ele, eu não vou bisbilhotar a tua vida pessoal. Eu pousei a mão no seu ombro e olhei-a com uma expressão séria. — Tu és uma terrível mentirosa, Polly, mas eu vou tentar não te recriminar por causa disso. A sua boca abriu-se como se ela estivesse ofendida, mas ela sabia que tinha sido apanhada. Nesse instante, Samuel saiu para nos ajudar com os meus sacos. Eu pisquei o olho a Polly c saí do carro, deixando-a ali sentada com a boca anula aberta. Achei encantador que Polly fosse tão protetora em relação a Noah. Se ela soubesse a verdade sobre a nossa relação, não seria tão rápida a atirar-me o discurso de «se o magoares, vou dar cabo de ti». A verdade é que ela nunca me tinha ameaçado abertamente, mas estava sem qualquer sombra de dúvida a avisar-me. - Isto não acabou Lanie! - disse ela do carro enquanto Samuel e eu nos dirigíamos para casa. - Até amanhã, Polly! - disse eu por cima do ombro com uma risada, e depois desapareci no interior da casa.


Subi para o quarto de Noah e comecei a tirar as coisas dos sacos. Não fazia ideia de onde guardar as minhas roupas, mas algo me disse que não era suposto as coisas que Polly tinha escolhido ficarem todas enroladas e amontoadas numa gaveta qualquer. Dirigi-me para o seu roupeiro e abri-o. Gostaria de dizer que fiquei chocada com a forma meticulosa como ele tinha tudo arrumado ali, mas não fiquei. Vi filas de sapatos muito arrumados, cada par engraxado até à perfeição; as suas camisas formais estavam organizadas por cor, e o mesmo acontecia com as calças e os casacos dos fatos, todos protegidos em sacos de lavandaria. Mas o melhor era que estava tudo espaçado de forma a nada tocar em nada. Ele era completamente passado. Que é que eu podia fazer? Sorri e mordi o canto da boca. Depois, empurrei todas as suas roupas para um lado e pendurei as minhas ao lado delas. Se ele não gostasse, podia dar-me um quarto só para mim. Às seis menos um quarto já tinha arrumado tudo e estava à espera junto à porta principal, como Noah tinha mandado. Se querem saber a minha opinião, pareceu-me um pouco ridículo ele querer que eu ficasse ali parada como June Cleaver(1), à espera que ele entrasse em casa. Pensei que ele devia ficar excitadíssimo se eu pegasse na sua pasta, lhe entregasse a camisola de lã e o beija estar para ele se sentar na sua cadeira preferida, onde os chinelos e o cachimbo o esperavam. Não ia acontecer, Carcereiro. 1-Protagonista da série americana dos anos 60 Leave it to Beaver. (N.daT) O clique da maçaneta da porta trouxe-me de volta da minha fantasia da Terra da Televisão e parei de morder as cutículas. Noah estava com uma expressão extremamente preocupada, mas o sorriso no seu rosto foi imediato. — Olá, querido! Como foi o teu dia? - perguntei eu com o maior, mais falso e mais sarcástico sorriso que consegui. Noah soltou uma gargalhada e pousou a pasta em cima da mesa. Passou as mãos pelos cabelos, inclinou a cabeça para o lado e olhou-me. — Foi uma merda. — Ui, pobre querido — arrulhei, espetando o lábio inferior para troçar dele. — Sentado o dia inteiro atrás de uma secretária num confortável escritório com ar condicionado, enquanto outras pessoas fazem tudo o que queres, parece ser um verdadeiro martírio. — Sabes uma coisa? Gosto mais da tua boca quando tem alguma coisa dentro. — Ele levou a mão ao cinto das calças e desapertou-o. -Que tal vires aqui e tomares o meu dia um pouco melhor? - disse ele enquanto retirava o pénis. O meu queixo caiu e imaginei que a minha expressão foi igual à que Polly fizera mais cedo no carro. — Sim, isso mesmo, apenas no meu membro. — Aqui? Na entrada? Mas não tenho a certeza se a cozinheira já se foi embora. E se alguém nos vir? — disse eu numa torrente frenética de palavras. Eu posso ter entrado em pânico, mas a Agente Dupla Galdéria já estava de joelhos com as mãos erguidas numa prece, a implorar--me para fazer o que ele queria.


— Bem, isso faria parte do encanto, não faria? - Ele esticou a mão e puxou-me para perto de si. Eu senti o movimento da sua mão contra o meu estômago quando ele se acariciou. A respiração quente de Noah varreu-me o rosto e os seus lábios estavam a centímetros dos meus. -Aposto que isso te excita, não é verdade, Delaine? O medo de seres apanhada de joelhos com a minha pila na boca? A ponta da sua língua serpenteou pelo meu lábio inferior e quase foi ou no lábio superior, excitando-me loucamente. - Vou mostrar-te coisas que nunca sonhaste fazer - murmurou ele. — Coisas proibidas que garanto que vais adorar. De repente, lembrei-me que continuava sem cuecas e a Agente Dupla Galdéria escorria agora pelas minhas coxas. O homem tinha um jeito perverso com as palavras. Apanhada no seu transe, caí de joelhos à sua frente e peguei-lhe no pénis com as duas mãos. Ele gemeu quando eu lambi os lábios e depois depositei um beijo sensual na ponta, capturando a pequena pérola de esperma na ponta. Engolia com pompa e circunstância, como se estivesse a saboreá-la, e aquilo valeu-me mais um gemido. - Gostas disso, Noah? - perguntei num tom profundo e rouco. Ele acariciou-me a face com as costas da mão e depois enrolou suavemente os dedos nos meus cabelos. Com um movimento rápido, puxou a minha cabeça para a frente e entrou na minha boca. - Sim, adoro isto. Eu acelerei os movimentos, sugando, lambendo e fazendo-o entrar e sair da minha boca, praticamente engolindo-o todo, exatamente como me lembrava que ele tinha gostado na primeira noite. Agarrei-lhe nas ancas e fi-lo entrar e sair de mim, cada vez mais depressa. A sua cabeça caiu para trás e ele fechou as mãos em punhos nos meus cabelos. - De mais. Demasiado depressa — resmungou ele enquanto tentava afastar-se, mas eu não deixei. Peguei novamente no membro e puxei-o para a frente. Se ele ia afastar-se, teria de o fazer sem aquele apêndice agarrado ao corpo, e estava bastante confiante de que ele não queria que aquilo acontecesse. Senti-o vibrar na minha boca e relaxei a garganta, recebendo-o o mais fundo que consegui, ao mesmo tempo que tentava desesperadamente não me engasgar. Ele gemeu e depois senti o sêmen quente a jorrar pela minha garganta. Os seus movimentos tornaram-se irregulares e eu levantei os olhos para ele e vi o seu rosto contorcido como se ele estivesse com dores. As expressões podiam ser enganadoras. Por muito que eu detestasse admitir, ele tinha um rosto muito sensual quando se vinha. Quando ele afrouxou o aperto nos meus cabelos e o seu corpo começou a descontrair, eu recuei lentamente, lambendo-o enquanto me afastava. Depois, soltei o seu pénis e observei-o a cair sem vida. — Estiveste a prestar atenção. Linda menina. - E depois, antes de se enfiar nas calças, fez-me uma festa na cabeça como se eu fosse um cão.


Aquele filho da mãe arrogante! - Não sei o que se passa contigo, mas eu fiquei com um enorme apetite. Vamos comer — disse ele, batendo palmas. Noah Eu tinha passado o dia inteiro a tentar esconder o tesão constante nas minhas calças excessivamente caras. Cristo, seria de pensar que ao pagar tanto dinheiro por alguma coisa, ela viria equipada com uma engenhoca para ajudar um tipo neste tipo de situações: Bloqueador de Membros Prodigiosos ou uma coisa do gênero. Pfff, que se lixasse. Não parava de imaginar Delaine nua, a experimentar diferentes roupas e saltos altos... o... dia... inteiro. Além disso, David Stone não era exatamente a pessoa com quem eu mais gostava de estar no mundo. O cabrão tirava conclusões precipitadas e agia como se cada pequena descida no mercado fosse o fim do mundo. A Scarlet Lotus era uma empresa resistente e mantivera-se sempre forte. Esta pequena crise não seria diferente. Por isso, fiquei feliz ao chegar finalmente a casa e fiquei ainda mais feliz ao ver que Delaine estava à minha espera à porta. A verdade é que nunca esperei que ela seguisse as minhas instruções e estivesse ali, mas estava. E não conseguiu conter a sua língua atrevida, deixando o meu pénis ainda mais duro do que já estava. Não foi uma atitude muito sensata da sua parte. Por isso, enfiei uma coisa nela para a calar. Eu merecia uma grande palmada nas costas por pensar rapidamente. E tinha sido incrível. Quando eu me tinha tentado afastar e ela me agarrara e me obrigara a ficar quieto... Raios! A minha miúda de um milhão de dólares estava a aprender a gatinhar, e acho que até me pode ter vindo uma lágrima aos olhos. Eu estava perfeitamente consciente de que fazer-lhe uma festa como se ela fosse um cão ia irritá-la, mas era o que ela merecia por ser tão respondona. Suponho que ela não falou durante todo o jantar para me castigar. Nem sequer respondeu a perguntas diretas, e aquilo irritou-me mais, mas deixei aquela merda passar porque estava a planear um castigo muito especial. Ansioso para avançar com ele, insisti para que ela fosse comigo para a cama logo depois de um jantar apressado. Ela estava completamente nua à minha espera debaixo da roupa quando eu me despachei da casa de banho. Exatamente como devia estar. Exatamente como eu lhe tinha pagado para estar. - Estás zangada comigo? - perguntei enquanto atravessava o quarto, sem nada a não ser um sorriso. Ela não respondeu. Na verdade, virou-se e voltou-me as costas. Foda-se. Eu não ia ser ignorado. Não na minha casa e muito menos na minha cama. Enfiei-me na cama ao seu lado e virei-a para ela ficar virada para cima. - Não me ignores, Delaine. Eu não gosto. Especialmente quando paguei milhões de dólares para ser coberto de atenções.


Os olhos dela olharam-me furiosamente. — Eu não sou a tua puta. — Tu és tudo o que eu quiser que sejas — recordei-lhe. Antes de ela poder dizer mais alguma coisa, tapei-lhe a boca com a minha. Os seus lábios não se abriram e o seu corpo manteve-se rígido. Ela ia fazer-se de morta. Tinha de lhe reconhecer mérito porque era um plano brilhante, mas tenho a certeza de que ela se devia ter esquecido de como o seu corpo podia ser traiçoeiro quando estava à mercê das minhas mãos hábeis. O seu castigo: trazê-la até à beira do êxtase sem a deixar mergulhar nele. Recuei e sorri-lhe afetadamente, preparado para o seu joguinho e disposto a alinhar nele. Depois, sem despregar os olhos do seu rosto, a minha mão foi para a parte interna das suas coxas e abri-lhe os joelhos antes de pôr rapidamente a mão em concha na sua rata. Ela arquejou levemente, fazendo todos os possíveis para não mostrar qualquer ripo de reação. Eu continuei a observa Ia enquanto deslizava os dedos entre as suas pregas, sentindo-as a tornarem-se mais húmidas de cada vez que eles passavam pela entrada. - O teu corpo atraiçoa-te, Delaine - disse-lhe eu em voz baixa. Enfiei um dedo dentro dela, movendo-o lentamente para dentro e para fora. O seu peito subiu e desceu com respirações mais pesadas e a sua boca abriu-se, mas ela fitou-me e não emitiu qualquer som. Eu retirei o dedo e comecei a fazer círculos em volta do clitóris, sentindo os músculos das suas pernas tremer enquanto ela se esforçava por controlá-las. Dois dedos mergulharam dentro dela. Eu rodeios para trás e para a frente, manipulando habilmente o seu ponto G. Eu sabia. Ela sabia. Mas ela recusava-se a mostrar. Retirei os dedos e levei a mão à boca. Eles estavam a brilhar com os seus sucos e senti o cheiro da sua excitação. Ela ainda não tinha desviado os olhos, por isso viu a sua humidade. - Estás a tentar fingir que não estás afetada, mas tu e eu sabemos que não é bem assim. E isto... isto é a prova. — Enfiei os dedos na boca e fechei os lábios à volta deles. Ela era tão deliciosa que tive de fechar os olhos para saborear. Quando os abri de novo, os seus olhos vibrantemente azuis tinham escurecido e as suas faces estavam ruborizadas. Ela agarrou-me pelas orelhas e puxou-me para si, esmagando a boca na minha. Apeteceu-me rir por ser tão fácil domá-la, mas ela estava a beijar-me tão sofregamente, com os mamilos a fazerem pressão no meu peito nu a cada inspiração difícil, e estava a contorcer-se, a tentar enroscar-se nas minhas pernas. Em resumo, o feitiço virou-se contra o feiticeiro e deixei de conseguir jogar jogos com ela. Eu queria-a. Precisava dela. Sem interromper o beijo, rolei para cima dela para aquela posição primitiva que nos trazia prazer a ambos. As suas pernas abriram-se ansiosamente para mim e eu acariciei lhe a língua sedutoramente com a minha em sinal de agradecimento. Mal me instalei entre as suas pernas, ela ergueu as ancas, roçando-se contra o meu membro enquanto


gemia para a minha boca. - Mais devagar, miúda - disse eu com a respiração ofegante. Interrompi o beijo e tentei abrandar os seus movimentos urgentes. - Não te preocupes. Eu vou fazer-te sentir bem. Beijei-a suavemente e comecei a mover as ancas contra a sua doce entrada. As costas de Delaine arquearam-se, desencostando-se da cama, e eu abracei-a para a puxar para mim. Depois, percorri a sua linha do maxilar e desci para o pescoço, encontrando o lugar onde o pescoço se unia ao ombro, e chupei devagar, enquanto me roçava lentamente nela. Ela estava tão molhada, tão receptiva. As suas mãos desceram ao longo do meu corpo e sobre as costas até ela me agarrar no rabo, obrigando-me a aproximar-me mais. Senti a sua respiração quente a encher a minha orelha e os seus minúsculos gemidos de desespero enviaram ondas de choque diretamente para o meu membro. Ela enterrou o rosto no meu pescoço, chupando e lambendo a pele. Oh, céus, eu não aguentava mais. Precisava que ela se viesse, e já. Afastei-me dela, mas mantive o contato com as minhas ancas, ainda a mover-me para trás e para a frente entre as suas pregas escorregadias. Ela estava a morder o lábio com tanta força que pensei que ia rebentar a pele. Uma expressão de pura concentração marcou-lhe as feições quando ela se afastou e aproximou de mim com movimentos mais fortes. Ela estava quase lá. Eu apoiei-me sobre um cotovelo, peguei na parte de trás da sua coxa com uma mão e pus a sua perna em cima da minha anca. Balancei para trás e para a frente com golpes compridos e intensos, sentindo o seu clitóris a roçar na minha glande. - Vá lá, gatinha. Fala comigo. É bom, não é? Tão bom. Não te apetece perder o controlo? Solta-te, querida. Solta-te. - Merda! Eu vou... - gemeu ela em voz alta, a revirar os olhos. Senti o seu corpo a ficar rígido nos meus braços e percebi que ela estava a sentir o êxtase do orgasmo que eu lhe provocara. Sem hesitar, alinhei-me com a sua abertura e empurrei o membro para dentro dela, roubando a sua virtude com um golpe curto e rápido. As suas costas arquearam-se com uma inspiração brusca, elevando-se da cama. A sua boca estava aberta, chocada, quando os seus olhos encontraram os meus. Eu pensara que seria mais fácil tirar-lhe a virgindade no meio do clímax, mas não tinha a certeza. Quer dizer, eu tinha espelhos. Sabia como o meu pénis era grande. - Respira, querida - sussurrei. - Tenta descontrair. Não vou magoar-te durante muito tempo. Não percebi quem estava a tentar convencer, a mim ou a ela, mas também não me mexi. Embora todos os instintos primitivos dentro de mim me implorassem para entrar e sair dela sem parar, não o fiz. Se não conseguisse controlar-me para deixá-la adaptar-se ao meu tamanho, acabaria por rasgá-la toda. Depois, não poderia voltar a fazer isto durante algum tempo. Além disso, sentir-me-ia um imbecil por lhe causar mais dor do que era necessário. Delaine expirou lentamente e o seu corpo começou a descontrair e a afundar-se de


novo na cama. Eu empurrei, enfiando-me mais na sua vagina apertada. Ela fechou os olhos com força e mordeu novamente o lábio. Eu sabia que não devia importar-me nada se estava ou não a magoá-la, mas era um homem, e a maioria dos homens quer que as mulheres em quem têm o membro enterrado sintam algum prazer. No entanto, esta era a sua primeira vez e, dado o meu tamanho, não era provável que ela sentisse algum gozo. Retirei quase completamente o membro e voltei a entrar lentamente. Tive de parar de novo. As minhas pernas tremeram com o esforço de não me mexer, o suor escorria-me da ponta do nariz e penso que até posso ter parado de respirar. Pensei seriamente que corria perigo de explodir de dentro para fora. - Foda-se, tu és tão boa. Tão apertada - gemi. - Então, de que raio estás à espera? - perguntou ela num desafio. - Fode-me e para de agir como um mariquinhas. A não ser que tenhas medo de te vir depressa de mais. Jesus, se não soubesse, pensaria que o virgem és tu. - Foi a frase mais longa que ela proferiu desde que me cumprimentara quando eu chegara a casa. A sua voz estava ofegante, traindo o esforço, mas ela estava determinada a provocar-me. Seria lógico que um comentário como aquele tirasse a minha ereção. Mas não tirou. Só me deixou insuportavelmente mais teso, se isso fosse possível. Havia alguma coisa na sua boca e na forma como ela me desafiava que me excitava. Eu era um filho da mãe doente. Mas estava-me nas tintas, porque ela estava a alimentar o meu desejo já escaldante por ela. - Oh, não devias ter dito isso — retorqui, saindo completamente para voltar a entrar nela. Ela silvou entredentes e fechou os olhos com força. Eu entrei e saí com movimentos curtos, sem querer magoada, mas sem me importar se estava a ser bom para ela. Ela era minha, estava ali para o meu prazer, e eu ia mostrar-lhe que não me tinha esquecido disso. - És minha, Delaine. Os meus dedos foram os primeiros a tocar-te, a minha boca a primeira a provar-te e o meu pénis o primeiro a foder-te. E a recordação de me teres tão fundo dentro de ti estará na tua cabeça durante o resto da tua vida. Nenhum outro homem chegará aos meus calcanhares. Eu marquei oficialmente o meu território. A minha rata. Compreendes? As suas unhas estavam a enterrar-se na minha pele com toda a força e ela tinha os dentes cerrados, mas ainda assim conseguiu dizer: — A última vez que verifiquei, estava presa no meu corpo. - Resposta errada. — Eu entrei mais fundo, não com intensidade suficiente para magoá-la, mas com força suficiente para chamar a sua atenção. Ela arquejou. — Jesus Cristo! - Penso que sabes que esse não é o meu nome. Tenta de novo. Continuei a mover-me dentro dela, sentindo a tensão aumentar rapidamente dentro de mim. Os meus testículos doíam, implorando a ejaculação, mas eu não cedi ainda.


As suas unhas enterraram-se nas minhas costas e ela empurrou as ancas para cima com um grunhido. Os seus dentes continuavam cerrados e as coxas estavam apertadas contra as minhas ancas enquanto ela ia ao encontro das minhas arremetidas. Tive de reconhecer o seu mérito - estava impressionado. Sabia que ela estava desconfortável, possivelmente até com dores, mas não desistia. — Diz...! — rosnei para ela, realçando a palavra com uma forte penetração. Ela conteve a respiração, mas olhou-me com uma expressão de desafio. Entrei mais uma vez com força e ouvi-a choramingar. — É tua! A minha rata é tua. Noah Crawford! Era tudo o que eu precisava de ouvir. Entrei profundamente dentro dela e vim-me, a gemer durante o orgasmo. Deixei todo o meu peso cair sobre o seu corpo e beijei-a, gemendo para a sua boca, enquanto mexia as ancas esporadicamente até não ter mais sêmen para lhe dar. Ela beijou-me ardentemente, tentando dominar o beijo para provar uma coisa que nem sequer precisava de ser provada, por muito que me custasse admitir. Ela estava à minha altura, e pagava-me com a mesma moeda. Eu estava metido num sarilho dos diabos. Lanie Aquilo doeu horrores! Estão a ouvir Horrores! Não foi muito mau a primeira vez que ele entrou em mim. Estar no meio de um orgasmo e ser apanhada completamente desprevenida pelo seu plano deve ter ajudado. Eu fiquei apenas aturdida. No entanto, fiquei aliviada pelo íman ser finalmente rasgado, embora a Galdéria tivesse levado uma grande tareia. Quando Noah começou a parar, eu fiquei irritada. Quanto mais tempo ele demorasse, mais desconfortável seria. Pelo menos, foi o que eu pensei. Porque, quando ele continuou, aquela sensação de estar completamente cheia aproximou-se bastante da melhor coisa que eu já tinha sentido. Eu sabia que ia doer porque ele era descomunalmente grande e tudo isso, mas sentir aquele poder bruto entre as minhas coxas, recebendo-o como um soldado, fez-me sentir uma supermulher. E depois não consegui deixar de abrir a minha grande boca e provocá-lo. Acho que era uma imbecil com queda para o castigo; uma daquelas taradas que não conseguiam admitir a derrota, embora eu soubesse que estava a ser perfurada, por assim dizer. Como um polícia novato no local de um banho de sangue em curso que entra a correr com a arma semiengatilhada, convencido de que vai abater criminosos procurados. Eu não era uma superpolícia, mas a Agente Dupla Galdéria tinha vestido a sua capa e as botas de pele vermelha como se fosse uma espécie de super heroína, sem esquecer o lato justo e o cinto dourado com um flamejante G a vermelho gravado no peito. Acho que ela não tinha percebido bem a magnitude do que estava para vir. Noah deitou-se de costas e puxou-me para os seus braços até eu estar semiencostada no seu peito. - Estás bem? - perguntou ele suavemente.


Eu acenei, sem saber muito bem o que dizer. Não queria admitir que tinha doído. Não queria admitir que me tinha excitado imenso. Não queria admitir que havia partes de que eu tinha gostado verdadeiramente. Por isso, fiquei calada. Por outro lado, a Galdéria Prodigiosa já estava recostada com um cigarro, a soprar bolas de fumo com um sorriso satisfeito. - Vai ser melhor - disse ele, a acariciar-me ternamente o braço, o que me fez dobrar a perna em cima da sua coxa e aninhar-me nele. Como a cabra de duas caras que eu parecia ser. Ouvi o seu coração bater com força e rapidamente no peito e a minha cabeça subiu e desceu com a sua respiração pesada. Uma leve camada de suor cobria-lhe a pele e, sem pensar, provei-o com um beijo. Aquele beijo levou a outro, e depois outro, até eu ter o seu mamilo na boca. - Provavelmente, não queres fazer isso, Delaine - disse ele, muito ofegante e sensual. - Eu tenho um tempo de recuperação bastante rápido e tenho a certeza de que não estás preparada para outra dose. Os dedos de Noah desenharam preguiçosos padrões nas minhas costas e no meu rabo antes de subirem pelo mesmo sítio até ao meu pescoço. A sua respiração estava a normalizar e os batimentos cardíacos, embora ainda fortes, começaram a abrandar. - Preciso de um cigarro. - Ele suspirou e mexeu-se um pouco por baixo de mim, por isso eu afastei-me para ele poder sentar-se na cama. Ele tirou um cigarro e o isqueiro da mesa de cabeceira e acendeu-o, exalando o fumo quando se voltou para mim. - Talvez te sintas melhor se tomares um banho quente. Vou pôr a água a correr. Levantou-se e dirigiu-se para a casa de banho. O seu rosto tinha uma expressão que eu não consegui perceber. Lamentaria o que tinha feitor Uma parte de mim sabia que não podia ser isso, mas já o tinha visto assim antes, depois da visita ao ginecologista. E depois percebi: ele podia nao lamentar ter-me tirado a virgindade, mas sentia-se responsável pelo meu desconforto e agora estava a tentar cuidar de mim. Porque é que o cretino tinha de se comportar de uma forma tão docer Não sei o que acontece convosco, meninas, mas era incrivelmente difícil para mim odiar uma pessoa que estava a ser boa para mim. A Agente Dupla Galdéria pensou que devíamos mostrar o nosso reconhecimento. A traidora estava a passar-se para o outro lado, o lado do prazer. Já estava - a Super Galdéria estava irremediavelmente viciada no Pénis Maravilhoso e eles iam unir forças para formar um duo ignóbil.


7 A menina fez uma coisa muito, muito má. Lanie Na manhã seguinte, acordei deitada de costas e não era assim que costumava dormir. Tinha uma coisa quente e pesada no estômago e abri um olho para investigar. Cabelos escuros despenteados faziam cócegas na minha pele sempre que ele erguia a cabeça ao ritmo da minha respiração. Ele estava deitado de lado, com o rosto bastante baixo no meu corpo, e a sua respiração quente espalhava-se pela carne sensível da minha zona inferior. Fechei os olhos e engoli fortemente em seco ao sentir aquilo, sentindo-me mais mulher do que nunca. Foi uma sensação muito boa. Noah mexeu-se a dormir e reparei no calor da sua mão na parte interna da minha coxa, perigosamente próxima do meu centro. Gemi com a sensação dupla da sua respiração e toque e depois tapei a boca com a mão para abafar o som, desejando ardentemente que ele não me tivesse ouvido. É claro que a Agente Dupla Galdéria tinha-me ouvido sem qualquer sombra de dúvida. Estava a franzir as sobrancelhas e a fazer-me sinal para eu enfiar a cabeça dele entre as minhas pernas. Por favor, adormece novamente, Galdéria Desavergonhada. Noah balbuciou alguma coisa e virou o rosto para o meu estômago. O movimento aproximou a sua cabeça do meu sexo e eu arqueei uma sobrancelha para a Galdéria, perguntando a mim mesma onde é que ela teria arranjado os superpoderes para fazer aquilo acontecer. Leviana desavergonhada. Ele pôs a mão na minha coxa, deslizando-a até os dedos tocarem na minha entrada, e eu empurrei instintivamente as ancas para ele. Não diz de propósito, Aconteceu, um reflexo ou uma coisa do gênero. - Mmm - murmurou Noah a dormir. Pelo menos, eu estava bastante certa de que ele continuava a dormir. E diabos me levem se aquele som, associado à sua proximidade das minhas partes íntimas, não me deixou completamente excitada. Comecei a fazer alguns cálculos mentais, a tentar perceber se conseguiria vir--me com ele enquanto Noah dormia, sem que ele desse por isso. Mas é claro que isso dependeria em grande medida de o seu sono ser pesado. E, sejamos realistas, eu não era propriamente experiente naquela área. Mas de repente recordei as suas palavras na limusina: «Estou aqui para o teu prazer tanto quanto tu estás aqui para o meu.» Por isso, decidi testar a validade do que ele tinha dito. Ver se ele era um homem de palavra, percebem? Foi puramente com fins experimentais, por isso não me censurem. Passei os dedos de uma mão pelos seus cabelos, enquanto a outra desceu pelo seu ombro largo e pelo braço até eu encontrar a mão entre as minhas pernas-Noah mexeu-se um pouco mais, aninhando-se no meu estômago. Eu não conseguia ver o seu rosto, por


isso também não conseguia ver os seus olhos para saber se ele estava acordado. De qualquer maneira, continuei. Entrelacei os dedos nos seus e ergui a sua mão para colocá-la em concha no meu centro. O peso da sua mão ali provocou-me arrepios em todo o corpo e fiquei instantaneamente húmida. A sua palma estava pousada sobre o meu clitóris, fazendo uma deliciosa pressão que me arrancou um minúsculo gemido. Pus os meus dedos sobre os seus e manipulei-os para se moverem como eu queria entre as minhas pregas molhadas. Pareceu-me ouvir Noah a inspirar rapidamente, mas para ser honesta, com todas as outras sensações que estava a sentir naquele momento, fiquei sem saber se não estaria tudo na minha cabeça. Empurrando o seu dedo médio mais para baixo, fi-lo rodear a minha abertura antes de o enfiar dentro de mim juntamente com o meu. Eu estava um pouco dorida da noite anterior, mas não muito. Movi o seu dedo comprido para dentro e para fora. Não foi tão bom como quando ele tinha o controlo dos seus movimentos e me tocava como queria tocar-me, como apenas o Rei do Dedo Mágico sabia. Frustrada, retirei o dedo e passeio pela minha humidade paia estimular o clitóris. Os nossos dedos estavam encharcados da minha excitação e moveram-se sobre o duro feixe de nervos no cimo das minhas pregas enquanto eu me estimulava até ficar num estado frenético. Senti-o a estremecer, sem dúvida acordado e a querer mover-se ao seu ritmo. No entanto, não fez nada. Deixou-me controlar e eu não sabia se era o que ele queria naquele momento. Só queria vir-me. Por isso, mergulhei dois dos seus dedos dentro de mim e retirei--os, esperando incitálo a assumir o controlo. Quando isso não resultou, ergui a sua mão e levei os mesmos dedos à sua boca, arrastando-os pelos seus lábios, provocando-o, praticamente a implorar-lhe para querer mais do que o sabor. Senti os seus lábios roçarem contra os meus dedos quando ele enfiou os seus dedos na boca. Ele gemeu suavemente, gratificado, e o delicioso som provocou outra onda de excitação no meu centro e nas minhas coxas trêmulas. Comecei a afastar-me, mas o seu aperto implacável no meu pulso parecia uma algema. Com calma determinação, ele levou depois os meus dedos encharcados aos seus maliciosos lábios, repetindo o gesto enquanto chupava avidamente um deles até a minha pele se arrepiar de prazer com a minúcia da sua língua. Depois de lamber todos os meus sucos naquele dedo, ele dedicouse ao outro. O homem tinha uma capacidade de sucção tão grande que eu sentia as vibrações diretamente no clitóris, que pulsou em resposta. - Há mais de onde isso veio — sussurrei eu sugestivamente. Depois, puxei-lhe os cabelos com a mão livre e incitei-o a avançar. - Estás mesmo a fazer-me um convite? - A sua voz rouca estava grossa de sono. - Estou a dar-te o que ambos queremos — disse eu, levantando as ancas num convite mudo, esperando que ele reagisse. Antes de eu ter tempo de me deitar, Noah virou-se e ficou entre as minhas pernas, com o nariz a roçar no meu clítoris inchado, enquanto os seus lábios pairavam perigosamente perto de onde eu queria que ele estivesse.


- Tu pões-me doido, Delaine - gemeu ele. - Não devias oferecer-te desta maneira a uma pessoa que te repugna. Não faz sentido. Eu suspirei. - Parece-me que tu disseste que adoras uma mulher que sabe o que quer... Bem, agora eu quero a tua boca em mim. — Não me perguntem como uma pessoa inexperiente e recentemente desflorada como eu teve coragem para dizer uma coisa assim. Foi um grande mistério para mim, mas ainda assim pareceu-me natural. Girei as ancas para o seu rosto, para realçar o que queria. Ele rosnou, mostrando-me dentes perfeitos. Depois, fechou os olhos e respirou fundo. - Não. - Não? - perguntei confusa. A boca da Agente Dupla Galdéria abriu-se, chocada. Ele abriu os olhos e a intensidade da cor cinzento aço agora escurecida, que tinha substituído o castanho, quase me sobressaltou. - Se fizermos isto agora, vou querer foder-te. A bruta. — Ele proferiu as palavras a respirar pesadamente. — Não vou ser meigo, e acredita que não consegues agüentar o tipo de tareia que te vou dar. Ainda. Por isso, talvez seja boa idéia parares de tentar seduzir-me. - Não me venhas com isso, Noah - trocei. - Em que é que é tão diferente agora de quando me usaste como tua sobremesa na outra noite? Na altura, controlaste-te o suficiente para não me foder. - Ainda não te tinha penetrado. Não te tinha sentido envolvida à volta do meu membro, a apertar-me. Céus és tão boa — disse ele com os olhos fechados, aparentemente a recordar a sensação. Depois, abanou a cabeça e sussurrou em voz rouca: — Não posso. Com a finalidade das suas palavras ainda a ecoar nos meus ouvidos, ele saltou da cama e passou as mãos pelos cabelos ainda desgrenhados pelo sono - que, para que conste, pareciam os seus cabelos acabei-de-te-foder que fizeram a Agente Galdéria sentir vontade de passar também os dedos neles. Voltei a concentrar-me nele e vi que o seu pénis continuava duro como uma rocha, grande e erecto. Raios, o seu tesão quase bastava para me fazer querer implorar. Quase. - Tu não podes fazer merdas destas, Delaine! Eu posso dobra r--te em qualquer superfície disponível nesta casa e foder-se com força e depressa, sempre que quiser. Não se esqueças disso. Ele passou as mãos pelo rosto e depois pousou-as nas ancas. - Tudo bem, escuta. Eu vou enfiar-me no jacuzzi exterior para tentar acalmar-me. Talvez queiras sair da minha cama e vestir-te antes de eu voltar para o quarto. - Então, vais deixar-me assim? - perguntei incrédula, apontando para as minhas pernas abertas. Os seus olhos foram atraídos para o meu centro como um íman e não sei se me apeteceu rir por causa da sua falta de controlo ou dar-lhe um babete para aparar a baba que ele tinha no queixo. — Foda-se! — resmungou ele. — Sim. Vou deixar-te assim. Abriu a porta e


desapareceu. O seu glorioso rabo pareceu troçar de mim quando ele saiu. Deixei a cabeça cair pesadamente na cama e peguei na sua almofada, cobrindo o rosto com ela para abafar o meu grito de frustração. Não conseguia perceber Noah Crawford. Ele comprara-me precisamente para este tipo de coisas, dissera-me que não tinha medo de obter o que queria, mas quando eu engolia o meu orgulho e tentava fazer isso, ele dizia-me que eu não podia e depois fugia como uma menina assustada. Teria acontecido alguma coisa a meio da noite que revertera de alguma forma os papéis? Talvez eu tivesse escorregado para um universo alternativo. E porque é que de repente eu o desejava tão ardentemente? Bem, eu sabia a resposta: a Agente Dupla Galdéria. A ordinária tinha assumido o controlo da minha vida. A minha vagina pulsava de desejo e eu resmunguei. Saltei para fora da cama, ainda nua como tinha vindo ao mundo, e fui atrás dele, esperando não me perder naquela casa monstruosa à procura do jacuzzi. Se estivesse no meu juízo perfeito, talvez não quisesse que os empregados me vissem nua, mas estava descontrolada, por isso não me importei. Além disso, parecia que eles nunca estavam quando Noah estava em casa, por isso calculei que tínhamos a casa só para nós. Apesar do tamanho do edifício, consegui encontrá-lo. Ele estava no exterior; o sol da manhã acabara de surgir no horizonte e o céu estava banhado em ricos tons alaranjados e rosados. O jardim era enorme e reparei que tinha uma piscina bastante grande, mas eu estava distraída e não prestei muita atenção aos outros pormenores. Noah estava de costas para mim e tinha os ombros largos esticados e os braços pousados no rebordo do jacuzzi enquanto vapor espesso rodopiava à sua volta. Tinha a cabeça para trás e os olhos estavam fechados. Ele respirava fundo, inspirando pelo nariz e expirando pela boca. Aproximei-me, tendo cuidado para que ele não se apercebesse da minha presença. Ele não se mexeu quando eu entrei cuidadosamente no jacuzzi e avancei muito lentamente para ele. O seu pescoço musculoso estava convidativamente esticado e o seu peito esculpido brilhava com gotas de água. Ele era lindo — um espécime perfeito de um predador capaz de atrair a sua presa só com a sua aparência. Eu podia ter ficado assim, a comê-lo com os olhos. Mas odiava-o, por isso já devem ter adivinhado o que fiz. Antes que ele se apercebesse das minhas intenções e tentasse deter-me, coloquei as mãos nos seus ombros e sentei-me em cima dele, encostando imediatamente o nariz na curva entre o seu pescoço e o ombro. Não era o que esperavam? Pensem bem se deixariam passar a oportunidade. - O que estás a fazer, Delaine? - Ele agarrou-me nos ombros e tentou empurrar-me para trás, mas eu fiz mais força para a frente. - Eu vou ter o que quero Noah. Tu não vais recusar-te a mim. — Posicionei-me sobre o seu membro ainda duro. - Para! — ordenou ele, afastando-me persistentemente. Eu fui apanhada desprevenida e perdi o equilíbrio, caindo pesadamente na água quente. Um dilúvio cheio de cloro agitou-se à minha volta, encharcando-me os cabelos. Bufei frustrada, e cruzei os braços no peito, olhando-o furiosa. Aquilo era de mais! A


galdéria e eu estávamos quentes, excitadas e muuuuuito zangadas. - Qual é o teu problema, Crawford? - Ergui as mãos no ar e deixei-as cair na água, molhando-o. Ele limpou calmamente as gotas de água do rosto, mas o seu peito estava agitado, um sinal de que ele não estava nada calmo. - Estou a tentar não te magoar mais do que já te magoei - disse ele entre dentes. — Uma tarefa que neste momento estás a dificultar ao máximo. Eu lancei-me para frente e subi novamente para o seu colo. Peguei no seu pénis e coloquei-o na minha entrada, preparada para fazer o trabalho todo sozinha. Ele tentou afastar-me, mas eu era uma grande teimosa quando decidia fazer alguma coisa. E naquele momento precisava de provar algo a mim mesma. Noah afastara-se de mim há pouco, depois de eu me ter atirado desavergonhadamente a ele, e aquilo não me tinha caído bem. A rejeição era uma merda. - Muito bem! Queres? Vais ter - disse ele rispidamente, e depois me agarrou nas ancas e empurrou-me para baixo com força. - Foda-se! - gritámos os dois ao mesmo tempo. Mas o meu grito foi mais um «filho da puta, esta merda dói como o caraças», enquanto o dele foi um «Oh, meu Deus, que bom que isto é». Foram muitas bombas F, mas completamente justificadas. Inspirei com dificuldade e contive a respiração enquanto enterrava o rosto na curva do seu pescoço e os meus dedos se enterravam nos seus ombros. Fiz todos os possíveis para não me mexer, porque se me mexesse doeria ainda mais. Senti a sua respiração quente no ouvido. - Estás a ver? Eu dissete, mas tu tens de ser tão teimosa, tão desafiadora, não tens? As suas mãos esfregaram-me as costas num movimento calmante e ele continuou. — Agora, queres fazer o favor de me deixar decidir quando estás pronta? Eu sou capaz de ter um pouco mais de experiência do que tu neste gênero de coisas. Eu concordei com um aceno, ainda a conter a respiração e incapaz de falar. Noah tirou-me de cima dele lentamente e embalou-me no colo. Tirou os cabelos do meu rosto e afagou-me a face. - Prometo que nos próximos dois anos haverá muito sexo e aprecio verdadeiramente a tua vontade de agradares a ti mesma e a mim. Foi o que dificultou tanto cuidar de ti no quarto. Normalmente, a sua suposição de que eu estava completamente fixada nele e no seu pénis teria suscitado uma resposta desagradável da minha parte. Mas, para ser franca, não tive coragem. Estava com muitas dores e sentia-me derrotada. Além do mais, ele tinha razão: eu estava completamente lixada — no seu membro, não nele. Eu não era estúpida. Sabia que não era normal para mim sentir-me assim em relação a uma pessoa que devia odiar. Ainda o odiava, mas estava a acontecer alguma coisa completamente marada no meu cérebro e no meu corpo. Talvez fosse a síndrome de Estocolmo ou uma coisa parecida. No entanto, o facto de eu não ser propriamente sua refém fazia a minha ideia cair por terra. E eu não estava a ser obrigada a fazer nada contra a minha vontade; tinha assinado o contrato e até tinha decidido os termos do


mesmo. Eu estava muito baralhada, mas esperava estar a fazer o que era certo. Ele ergueu-me o queixo e beijou-me suavemente nos lábios. - Desculpa por te ter magoado — sussurrou ele com a testa encostada à minha. Tudo isto devia ser prazer, não dor. - Teu, não meu - recordei-lhe. Noah fechou os olhos e suspirou antes de se sentar direito. - No princípio? Sim. - Suspirou de novo e observou a sua mão a acariciar o inchaço dos meus seios. - Quero que sintas prazer, Delaine. Eu também. O que é que ele pensava que eu tinha tentado fazer a manhã inteira? Ergui-me do seu colo e voltei-me para o olhar. Os meus dedos fervilhavam de vontade de tocar nos seus cabelos e fiz-lhes esse pequeno favor. Ele pegou nas minhas ancas e puxou-me para si, começando a chupar o meu mamilo. Mas eu precisava de mais. Por isso, pus um pé no banco ao seu lado e empurrei-lhe suavemente o ombro até ele me libertar o mamilo e se recostar. Depois, fiz o mesmo com o outro pé e icei-me até ficar levantada, com o corpo a escorrer. A Agente Dupla Galdéria estava diretamente diante do seu rosto e contraiu os lábios para um beijo. Noah agarrou nas minhas ancas com as mãos em concha para ter mais apoio e segurou-me para eu não cair. Ergueu para mim os seus olhos castanhos com um caleidoscópio de cores a questionar a minha intenção. Eu sorri levemente e disse: - Faz-me sentir bem, Noah. - Depois, entrelacei os dedos nos seus cabelos e puxei-lhe suavemente a cabeça para a frente. Ele sorriu-me e os seus olhos iluminaram-se de desejo quando ele mordeu o lábio inferior e abanou a cabeça. - De onde é que tu vieste, Delaine Talbot? Não esperou por uma resposta. A sua boca colou-se a mim, depositando beijos intensos nas minhas pregas, sugando a pele enquanto a língua fazia aquela coisa mágica. A minha cabeça caiu para trás e gemi alto, para que ele soubesse como estava a fazerme sentir bem. As pontas dos seus dedos seguravam-me com firmeza, demonstrando a sua força e garantindo-me que não me deixaria cair. Os meus dedos moveram--se através dos seus cabelos, incitando-o a aproximar-se mais. Depois, a sua língua muito talentosa mergulhou dentro de mim e eu afrouxei a pressão para lhe permitir entrar e sair. — Céus, eu devia pagar-te - gemi. A sua língua rodopiou à volta do meu clitóris e depois ele roçou ao de leve o feixe de nervos inchado com os dentes antes de o chupar suavemente. - Aí mesmo - gemi eu, empurrando as ancas para a frente ao mesmo tempo que lhe puxava os cabelos para o manter no lugar. Ele continuou a chupar o meu clitóris, enquanto girava rapidamente a língua por cima dele. Aquela inexplicável pressão gloriosa começou a crescer nas minhas partes íntimas e as minhas pernas começaram a tremer. Noah subiu as mãos para me agarrar as nádegas e puxar-me para si. Avançou até os dedos roçarem a minha abertura, mas não entrou.


Em vez disso, abriu a pele do meu rabo e pressionou até um dedo estar dentro de mim. - Valha-me Deus! - gritei ao vir-me. As minhas entranhas explodiram e o meu corpo começou a estremecer. Se não estivesse tão completamente dominada pelas sensações que irradiavam de todas as moléculas do meu corpo, talvez tivesse medo de que os meus joelhos cedessem e eu caísse. — Isso mesmo, gatinha. — A sua voz rouca estava cheia de luxaria, embora a boca ainda estivesse em mim. — Sente-te bem por mim. Sente-te bem, apenas por mim. As minhas mãos estavam a fazer tanta pressão na sua cabeça, empurrando o seu rosto para a minha vagina, que não percebi bem como é que ele conseguia emitir sons coerentes. Nem sequer percebi como é que ele conseguia respirar, e muito menos talar. Ele meteu novamente o meu clitóris na sua boca e mexeu lentamente o dedo no meu rabo, fazendo explodir outra onda orgástica no meu corpo. Naquela altura, eu estava a ver estrelas com a forma de línguas e não sabia quanto mais é que aguentaria, mas não ia pará-lo. Porém, deixei os meus dedos descontrair nos seus cabelos para que ele pudesse recuperar alguma liberdade de movimento. Aparentemente, ele pensou que aquilo lhe dava autorização para parar, pois foi precisamente o que fez. Nota para mim: da próxima vez que Noah Crawford tiver o rosto enfiado na tua vagina, não soltes a sua nuca. - Vem cá, querida - disseme ele, pondo as mãos atrás dos meus joelhos para me ajudar a descer. Eu afundei-me no seu colo e exigi imediatamente a sua boca com a minha, querendo mostrar algum reconhecimento pelo prazer que ele me tinha dado. - Aquilo... foi... tão bom — consegui dizer entre beijos. - Sim? — perguntou ele com um sorriso presunçoso. - Sim — disse eu, encostando a minha vagina sensível ao seu tesão. - Agora, quero fazer-te sentires-te bem. - Delaine... - avisou ele. - Eu sei, eu sei, mas acho que não vai doer. Se doer, paramos, está bem? Eu queria fazê-lo e ainda o desejava muito, embora ele tivesse acabado de me fazer vir. Eu não sabia explicar. Só sabia que queria fazê-lo sentir-se bem e achava que um broche não seria suficiente para lhe mostrar o meu reconhecimento, depois do que ele fizera por mim. Eu queria-o. Queria o seu membro profundamente enterrado em mim. - Por favor? - implorei pateticamente. - Eu quero... quero muito — disse ele, apertando-me as ancas e aproximando-me dele. - Mas não devemos. Ainda não. As suas mãos apertaram-me enquanto ele desviava a cabeça. E depois, numa voz verdadeiramente fria e autoritária, disse: - Hoje vamos às compras. Vai para o quarto e veste-te. Eu uso uma das outras casas de banho. Que é que tinha acontecido? Num minuto era um Richard Gere sensual c cavalheiresco e no seguinte transformava-se no tirano Atila o Huno.


- Presumo que voltámos ao discurso «comprei-te e vais fazer o que eu mandar»? — perguntei uma vez mais picada com a sua rejeição. - Nunca deixou de ser assim. Eu disse que quero que sintas prazer, mas isso não muda nada. Só queria que soubesses que não sou um grande filho da mãe. - Ele continuava a não olhar para mim. - Sim, bem, eu discordo — foi a minha única resposta. Se ele podia fazer o papel de patrão autoritário, eu podia certamente ser a empregada descontente. Levantei-me novamente do seu colo e saí do jacuzzi. Na minha precipitação para encontrá-lo, não me tinha ocorrido trazer uma toalha, por isso quando vi a dele dobrada nas costas de uma espreguiçadeira, peguei nela. Ouvi-o murmurar um palavrão atrás de mim, mas não pensei que fosse por causa da estúpida toalha. Fosse como fosse, não me dei ao trabalho de olhar para trás antes de me embrulhar nela e voltar para casa. É evidente que ele tinha razão. Não sobre não ser um grande filho da mãe, mas sobre nada ter mudado. Eu tinha sido estúpida e ingênua ao pensar que as suas palavras simpáticas durante o seu lapso momentâneo significavam que ele tinha coração. Quer dizer, afinal que tipo de cavaleiro-andante compra uma puta para os seus objetivos egoístas? Independentemente do facto de querer que eu também sentisse prazer. Era apenas mais uma coisa que o excitava - saber que era tão bom que controlava completamente o meu corpo quando eu perdia toda a capacidade de o controlar. No quarto, meti-me no duche e encostei-me à parede enquanto a água lavava as minhas lágrimas de rejeição. Que diabo estava eu a fazer? Tinha-me atirado a ele, praticamente atacando o homem que era suposto repugnar-me. E porquê? Porque ele fazia sexo oral divino? Eu é que era a repugnante. Era suposto ele ser o predador e eu a presa. No entanto, eu estava a comportar-me como uma ninfomaníaca enlouquecida. E enquanto eu me vinha, sentindo prazer, a minha mãe, o único motivo por que eu tinha feito isto, estava deitada na sua cama em casa, provavelmente a morrer? Por amor de Deus, eu nem sequer tinha telefonado para saber como é que eles estavam. Não pensei que isso se devesse á distração que era Noah Crawford, mas talvez mais à vergonha, ao medo de que se falasse com os meus pais, eles saberiam o que eu tinha feito. Claro que era uma parvoíce. A verdade dos factos continuava a ser que eu não fazia ideia se tinha sido encontrado um dador para a minha mãe ou se a cirurgia já tinha sido marcada. Eu sabia que Dez me ligaria se houvesse algum problema grave, mas para todos os efeitos os meus pais pensavam que eu estava a estudar em Nova Iorque, não debaixo dos seus narizes em Chicago a fazer sexo. Eles deviam estar mortos de preocupação por eu não ter telefonado. Fechei a torneira e saí do duche. Ouvi Noah a balbuciar uma série de palavrões no seu roupeiro e reprimi uma risada. Aparentemente, ele não tinha gostado das minhas técnicas de arrumação. Passados alguns minutos, ouvi-o atirar com a porta do roupeiro. - Espero na merda do carro! Se fores inteligente, não me vais deixar à espera! Dito isto, outra porta bateu e ele foi-se embora. Ainda enrolada na toalha, peguei no telemóvel e sentei-me na cama. Premi um botão e dois toques depois a voz do meu pai ouviu--se do outro lado. - Lanie, querida. Há algum problema? - A voz cansada de Mack fez-me sentir uma


alfinetada de culpa e apeteceu-me chorar. - Não há problema nenhum. Não posso telefonar aos meus pais para saber como estão? - perguntei, tentando parecer irritada para esconder a tristeza na voz. - Bem, sim, é claro que podes. Como está a Grande Maçã a tratar-te? - Bem. As aulas são intensas e um dos meus professores é um filho da mãe do pior respondi, mentindo apenas ligeiramente. Tudo bem, eu estava a mentir muito, mas tecnicamente havia mesmo alguém que mandava em mim e que estava a educar-me. Só não era o tipo de educação que os meus pais pensavam que eu estava a ter. - Sim, bem, mantém o nariz enfiado nos livros e não passes a vida em festas e vai correr tudo bem, miúda. - Pareces cansado, Mack. Estás a descansar bastante? - O suficiente. - Ele suspirou, acostumado a ouvir-me ralhar com ele por causa da sua saúde. — Ela precisa cie mim, tu sabes. - Pois sei. Corno é que ela está? — perguntei num tom mais sério. — A tua mãe está a aguentar-se. Está acordada, se quiseres falar com ela. Talvez a faça sentir-se melhor. Na verdade, ela tem boas notícias para ti. — Sim, adorava ouvir a voz dela. - Ele não precisava de saber até que ponto aquilo era verdade. Ouvi-o dizer alguma coisa ao longe e depois o barulho da roupa da cama quando ele lhe passou o telefone. — Lanie? Es tu, querida? — A voz da minha mãe parecia fraca. — Sou eu, mãe. Como estás? — Comovi-me. — Não estou muito mal - disse ela, rindo um pouco. - Ei, tenho boas notícias. Um benfeitor anônimo depositou uma quantia astronômica na nossa conta bancária. Acreditas numa coisa destas? O Mack diz que é uma trafulhice, mas eu penso que é a resposta às nossas preces. — Oh, uau! Isso é fantástico, mãe - disse eu, genuinamente feliz por lhe ter trazido um pouco de sol quando todos os seus dias eram cinzentos. Ela teve um acesso de tosse e Mack tirou-lhe o telefone, mas não antes de ela conseguir dizer no meio da tosse: — Amo-te, querida. — Ela está bem? — perguntei ao meu pai, preocupada. — Está ótima. Por vezes tem aqueles ataques de tosse quando tenta falar de mais. — Boas notícias sobre o dinheiro, não são? Faz-me um favor e não penses de mais nem compliques — disse eu. - Ela precisa desse dinheiro. Não me importa de onde veio. A cirurgia está marcada para quando? — Esse é o problema, Lanie. — Ouvi uma porta fechar-se e presumi que ele tinha saído do quarto, não querendo que ela ouvisse o resto da nossa conversa. — Ter o dinheiro é fantástico, mas não servirá para nada se ela não tiver um dador. Há tantas pessoas à frente... Não sei se virá a tempo. Meu Deus! Aquele pensamento nunca me tinha ocorrido. — Não te preocupes, pai. Os milagres acontecem quando menos esperamos.


— Talvez tenhas razão. - Ainda senti dúvida na sua voz. Sei que lenho - afirmei eu. linha conseguido arranjar o dinheiro; de alguma forma, também conseguiria que ela passasse para a frente na lista de transplantes. Tinha de haver uma maneira. Eu recusava-me a acreditar que o universo me deixasse passar por tudo isto e ela acabasse por morrer. - Tenho de ir para a aula. Dá-lhe um beijo por mim e promete--me que vais descansar. - Sim, sim, sim. Sabes que são os pais que têm de se preocupar, certo? — Eu vou preocupar-me sempre convosco. Estou muito triste por não poder estar aí agora. — Não fiques toda lamechas com o teu velhote, Lanie. Desliga o telefone e vai viver. Amo-te, miúda. - E a linha ficou muda. Eu fiquei chocada porque Mack raramente expressava os seus sentimentos. Não que eu alguma vez duvidasse de que ele me amava, mas foi estranho ouvi-lo. De repente senti uma força renovada no que estava a fazer. Conversar com os meus pais recordou-me o motivo que me levara a decidir fazer aquilo. E a verdade é que não teria recuado mesmo que tivesse sido Jabba, o Hut, a comprar-me. Por muito irritante que Noah fosse, podia ter sido pior. Agora só tinha de descobrir o que fazer em relação àquela lista de transplantes. Noah Não estava certo. A miúda estava a dar cabo de mim, com violentos tesões que não tinham fim. A merda dos meus tomates estavam roxos! Ela estava demasiado disposta, era demasiado atraente, demasiado difícil de resistir. Mas eu tinha feito aquilo. Deus me ajudasse, eu tinha feito aquilo. Mesmo quando ela espetara aquele voluptuoso lábio inferior, eu tinha resistido. Bem-vindo à santidade, Noah Crawford. A noite anterior tinha sido fantástica. Verdadeiramente fantástica. Mas depois eu sentia-me um lixo. Tinha roubado a virgindade da miúda, por amor de Deus! Tudo o que devia ter sido guardado para algo monumental não fora. Não tinha havido um ambiente romântico, nenhuma jura de amor até ao fim dos tempos. Apenas puro sexo animalesco. Eu fodera-a. Pura e simplesmente. E, embora tivesse sido ótimo para mim, foi-me difícil acreditar que tenha sido pera doce para ela. No entanto, ela queria mais. Delaine Tabolt gostava de ser castigada. Mas era o que eu queria, certo? Alguém que estivesse à minha disposição para satisfazer todos os meus desejos e fantasias sexuais, uma mulher que resolvesse todas as minhas necessidades, enquanto eu me estava nas tintas para as suas. Nenhum laço emocional, nenhuma discussão sobre onde íamos jantar, nenhum desajeitado primeiro beijo nem uma apresentação aos pais, nenhuma possibilidade de apanhada na minha cama com um suposto melhor amigo, nenhum compromisso. Ponto final. Com Delaine e aquele contrato, era precisamente o que eu tinha. Então, porque é que


tinha dúvidas? Porque de alguma forma parecia diferente. Diferente era bom. E quando diferente estava envolvido à volta do meu membro, era verdadeiramente bom. Tudo bem, aquilo resolveu o meu misterioso lapso de direção momentâneo. Com a cabeça novamente no lugar e a motivação refocada, esperei que Delaine viesse para a limusina para a nossa ida às compras. Às compras de roupa interior. Eu estava muito entusiasmado, embora soubesse que só ia aumentar o alto permanente que tinha nas minhas calças Levis. Mas não fazia mal porque usava calças largas, de tropa. Aquilo devia impedir-me de rebentar o fecho, certo? Errado. Samuel abriu a porta a Delaine quando ela apareceu finalmente e apeteceu-me matar Polly Hunt com as minhas próprias mãos. Ou talvez devesse aumentar-lhe o ordenado. A minha miúda de milhões de dólares usava uma saia preta de algodão que mal lhe tapava o rabo e um top de alças azul, da cor dos seus olhos, sem sutiã. Ao vet os seus mamilos duros pensei que a limusina estava fria e que teria de dizer a Samuel para reduzir o ar condicionado. Ou não. Um rabo-de-cavalo alio e sapatos de salto alio abertos à frente completavam o conjunto, e eu registei mentalmente que não podia esquecê-los quando a fodesse novamente em grande num futuro muito, muito próximo. - Como foi a tua saída com a Polly? - perguntei, tentando controlar-me porque estava a cerca de cinco segundos do meu futuro muito próximo, figurativa e literalmente. - Diverti-me imenso com ela - respondeu ela. - Mas tinhas razão. Ela é extremamente metediça. Sorte a tua, eu sou rápida no gatilho. Ela riu-se e pareceu quase delicada, tão diferente do que eu tinha visto dela até ao momento. Não percebi bem o que senti. Quero dizer, se ela começasse a comportar-se de uma forma inocente e essas merdas, eu poderia sentir-me potencialmente pior com o que estava a fazer. Tinha de a irritar ou provocá-la para ela me irritar. - Mmm, isso é bom - respondi rapidamente. - Então, não tens nada por baixo dessa saia, pois não? - O quê? - peguntou ela, abalada. - Humm, não. Tu deitaste fora todas as minhas, roupas, lembras-te? E não me deixaste comprar roupa interior quando fui às compras com a Polly. - Deixa-me ver - disse eu com um aceno. - Deixo-te ver o quê? - perguntou ela num tom estridente. - Essa rata linda. Ela arqueou as sobrancelhas numa expressão desafiadora, mas eu fitei-a. - Estás a falar a sério? — perguntou ela, incrédula. - Sim, estou a falar a sério. Levanta a saia, raios! - Eu estava a ser um imbecil e tinha plena consciência disso. Mas tive de levantar a voz para a irritar a sério. - És um cretino - murmurou ela, revirando os olhos, mas levantou a saia de má vontade e mostrou-me o meu brinquedo. Delaine estava a olhar-me como se eu tivesse enlouquecido, e devo admitir que era bem possível. No entanto, a sua expressão mudou quando eu desci o fecho das calças e


retirei o pénis. - Que estás a fazer? - Vem aqui e cospe nele - disse eu, ignorando a sua pergunta. - Eu tentei sentar-me nele no jacuzzi e tu disseste que ainda não podíamos lazer isso. Mas agora que estamos num veículo em movimento, com uma pessoa do outro lado de uma fina barreira de vidro e multidões de pessoas à nossa volta do lado de fora do carro... agora queres-me? - Eu mandei-te cuspir, não te mandei sentar — corrigi-a, e ela fez uma expressão enojada. Por isso, tive de lhe explicar o objetivo. Quero dizer, não queria que ela pensasse que eu era um tarado com fetiches perversos. — Preciso de lubrificação. - Para quê? - O meu pénis está mais duro do que a merda de uma barra de titânio e não posso foder-te, mas tu apareces com os mamilos todos espetados e uma saia quase inexistente e eu não agüento mais! Preciso de me aliviar um pouco. Por isso, se não te importas... e mesmo que te importes, estou-me nas tintas... vou-me vir antes de acabar por te possuir como um homem das cavernas selvagem. Porque no estado em que me encontro agora nem sequer consigo pensar em ti em roupa interior. - Oh - disse ela simplesmente, e a sua boca manteve a forma de um O durante mais tempo do que o necessário. Sentime um velho porco a pagar para ter sexo. Oh, meu Deus, eu tinha pago para tet sexo. - Porque é que não me mandas chupá-lo? - Eu podia contar sempre com a atitude atrevida de Delaine para me fazer sair do meu medo e voltar ao bom caminho. — Afinal de contas, pagaste imenso dinheiro para eu te dar prazer. Eu esbocei um sorriso trocista. - Porque acho que estás a começar a gostar um pouco de mais de ter a minha pila na boca. Ela estreitou o espaço entre nós e bateu-me. Com força. Por fim, estávamos a chegar a algum lado. Apertei-lhe o pulso e puxei-a para o meu colo, rodando-a para que ela ficasse deitada nas minhas pernas com toda a glótia redonda e cremosa do seu rabo nu a olhar-me. - É óbvio que esqueceste o teu lugar nesta relação, Delaine, e tens de ser castigada como a fedelha mal-educada que és. - Ergui a mão e deixei-a cair com força no seu rabo espetado. A marca vermelha da palma da minha mão ficou impressa na sua pele perfeita e senti os meus testículos a endurecerem. Tinha-a marcado, e como aquilo me excitava. Ela era minha. Ela sacudiu-se do meu aperto e tentou fugir, mas eu bati-lhe novamente no rabo, adorando a forma como ele abanou ligeiramente. - Seu filho da mãe! Solta-me! - gritou ela, com o rosto vermelho de raiva. - Não, não — repreendia. — Chamar nomes feios é outra coisa que não podes fazer, menina marota. Dei-lhe outra palmada no rabo, desta vez com mais força, e depois esfreguei a mão no vergão cor-de-rosa que começava a formar-se em resultado das palmadas. Ela


balançou as pernas, abrindo-as inadvertidamente e oferecendo-me uma visão fantástica do seu doce sexo. Eu posicionei o pulso e a seguir bati-lhe nos lábios nus. Uma, duas, três vezes. E a minha menina marota gemeu. - Gostas disso, não gostas? - perguntei naquela voz rouca a que sabia que ela não conseguia resistir. Quando ela não respondeu, dei-lhe uma nova palmada no rabo. Depois, inclinei-me para frente e acariciei a marca com a língua, para aliviar a dor. Enquanto isso bati levemente nas pregas entre as suas pernas, sentindo e ouvindo a humidade que se acumulou ali. Fiz movimentos circulares com as pontas dos dedos e fui recompensado com mais um gemido que ela soltou entre dentes cerrados. Três dedos molhados bateram na sua abertura numa rápida sucessão antes de dois mergulharem no interior. - Unf... - Ela contorceu-se no meu colo. - Fica quieta! - ordenei-lhe, e depois retirei os dedos e bati-lhe novamente com força no rabo. Ela berrou em resposta, mas não se mexeu, como eu tinha mandado. Aquilo merecia uma recompensa, por isso enfiei os dedos entre as suas pregas húmidas e massajei o clítoris antes de arrastar a sua humidade entre as nádegas e começar a circundar a outra abertura. Quando apliquei uma leve pressão ali, ela revirou os olhos, empurrando o rabo para mim. Dizer que ela era receptiva ao meu toque seria um eufemismo. Mordi o lábio, incapaz de conter a excitação, porque sabia que ia enfiar o pénis no seu lindo rabo. - Queres que eu te faça vir, não queres? — Não. Odeio-te. — E depois ela gemeu e o som foi uma total contradição com as palavras que tinha proferido. - Odeias? — perguntei com um sorriso demoníaco. Bati-lhe suavemente na vagina uma vez mais, fazendo questão de acertar no clitóris inchado. Ela ergueu o rabo no ar, a tentar posicionar-se para aproveitar ao máximo o toque naquele pequeno feixe de nervos. Eu dei-lhe o que ela queria, mas quando senti o seu corpo tenso, a preparar-se para o orgasmo iminente, parei e dei-lhe uma última palmada forte no rabo. Antes de ela conseguir perceber o que estava a acontecer, ergui-a e sentei-a no banco à minha frente. Ela estava a transpirar intensamente e o seu peito arfava quando ela deixou cair o queixo e me olhou. Os seus olhos chisparam de fúria, o que só me divertiu. Senti o carro parar e percebi que tínhamos chegado ao nosso destino. Ainda não me tinha conseguido vir, mas o tempo acabara e teria de esperar. Não importava; eu sabia que a loja tinha provadores privados e conhecia pessoalmente uma das vendedoras. Ela era uma verdadeira fera na cama, muito ansiosa para agradar e disposta a experimentar tudo uma vez, ou até cinco vezes. Enfiei o pénis nas calças e inclinei-me para a frente no espaço entre nós. Peguei no queixo de Delaine e obriguei-a a olhar-me, embora ela estivesse a tentar soltar-se do meu aperto. — Para referência futura, quando me bates, isso só me excita. E a julgar pela forma


como o teu lindo sexo gemeu quando te espanquei, acho que será seguro dizer que as coisas à bruta também te excitam. Vou ter de me lembrar disso. Inclinei-me para a beijar e ela apertou os lábios, recusando-me. Eu peguei no seu queixo e olhei-a severamente. — Beija-me, senão tiro-te todas as tuas lindas roupas novas e obrigo--te a andar nua pela casa durante os próximos dois anos. - A Polly vai... Interrompi-a no meio da frase e reclamei a sua boca com a minha. Aquilo deve tê-la irritado porque me mordeu o lábio com força. Um gemido baixo subiu no meu peito, mas não parei c enfiei a língua nos seus lábios afastados. Ela empurrou-me o peito enquanto eu abafava os seus gritos de protesto, ignorando as suas tentativas para se libertar. Por fim, soltei-a e brindei-a com um sorriso arrogante. - Eu dissete que gosto das coisas à bruta. Já podes baixar a saia. Ela baixou os olhos para o colo e puxou a minúscula tira de algodão quando eu bati no vidro da janela e Samuel abriu a porta para nós sairmos. - Le Petit Boudoir - disse eu num francês impecável quando saímos do carro. - Vem, Delaine. Vamos fazer compras. Ela bufou e saiu do carro para se juntar a mim no passeio. - Como queiras. Vamos despachar isto. Eu voltei-me para ela, zangado. - Podias estar um pouco mais agradecida com as coisas que eu faço por ti. Sabias no que te estavas a meter quando aceitaste este acordo. Por isso, não faz qualquer sentido para mim que aches que tens de estar sempre armada em parva comigo. Eu não estou propriamente a tratar--te mal. Na verdade, acho que tens sido muito bem tratada, melhor do que a maioria das mulheres na mesma situação. - Sim, pois, mas duvido muito que encontre muitas outras mulheres na mesma situação, Sr. Crawford, por isso não tem provas que confirmem essa declaração. — Ela virou-se e o seu rabo-de-cavalo bateu-me no rosto quando ela passou por mim. — Tu fodeste a minha boca, deitaste as minhas roupas fora, obrigaste-me a receberte à porta só para te fazer um broche e tiraste a minha virgindade. Por isso vais ter de me desculpar se não sinto grande vontade de me desculpar por magoar os teus sentimentos. Reparei que ela não referiu que eu acabara de a espancar. Ela chegou à porta e abriu-a com um pouco de força a mais do que era necessário. Sem olhar para mim, entrou e desapareceu do meu ângulo de visão. - Sim? Bem, tu gostaste de cada minuto! - gritei, mas é claro que ela não me ouviu. No entanto, a meia dúzia de pessoas que caminhavam no passeio ouviram. Eu era a merda do Noah Crawford, o solteiro mais cobiçado de Chicago, e ela fazia-me parecer um lunático psicótico a gritar para o ar. Olhei para o carro a tempo de ver Samuel a reprimir o sorriso. - Ainda bem que te estou a divertir. Espera aqui. Nós não demoramos — disse eu bruscamente, e depois entrei atrás de Delaine. Os meus olhos perscrutaram a loja à procura dela e vi-a a observar algumas coisas no centro da loja.


- Noah Crawford - arrulhou uma maliciosa voz latina atrás de mim. Delaine levantou a cabeça quando um par de mãos rodeou a minha cintura por detrás e uma respiração quente varreu a minha pele. - Senti a tua falta, amante. Onde é que tens estado escondido? -sussurrou Fernanda ao meu ouvido. Virei a cabeça de lado e brindei-a com o meu melhor sorriso, sem tirar os olhos de Delaine porque a sua reação foi impagável, até cômica. A forma como ela ergueu a sobrancelha e esticou desafiadoramente o queixo revelou o seu ciúme. Bem, agora isto podia tornar-se interessante. - Fernanda - disse eu à minha antiga amante, voltando-me para lhe dar um demorado beijo na face. — Como estás? - Solitária — disse ela, fazendo beicinho. Eu toquei nos seus lábios com o polegar e acariciei-lhe a face. - A sério? Uma mulher linda como tu? Solitária? Custa-me muito a acreditar. Delaine pigarreou e quando olhei na sua direção ela virou a cabeça e continuou a mexer nos cabides, agindo como se não tivesse prestado atenção à conversa. Ela não estava a enganar ninguém. Dei a mão a Fernanda e aproximei-me da minha miúda. - Quero apresentar-te uma pessoa. Fernanda, esta é a Delaine. Delaine, apresento-te a muito voluptuosa Fernanda. Disse aquilo de propósito. No entanto, ela era verdadeiramente voluptuosa: pernas compridas, cabelos pretos brilhantes, lábios carnudos e um corpo que fazia homens adultos chorar. Le Petit Boudoir era apenas um biscate. O seu principal rendimento era proveniente de posar nua para várias revistas importantes destinadas a cavalheiros refinados. - Ê um prazer conhecê-la, Delaine — disse Fernanda com um sorriso agradável, estendendo a mão. Delaine olhou-me e depois olhou para Fernanda antes de lhe apertar finalmente a mão. - É um prazer. — As suas palavras foram breves e o tom bastante agudo para cortar vidro. - Então - disse Fernanda, retirando a mão e enfiando-a no meu braço, enquanto pousava a outra mão possessivamente no meu peito. - hoje estás a tratar desta senhora encantadora? Delaine semicerrou os olhos, concentrada na familiaridade com que Fernanda me tocava. Eu sorri sedutoramente a Fernanda para irritar ainda mais o pequeno monstro de olhos verdes de Delaine. - É isso mesmo. Tens alguma sala privada disponível? - Qualquer coisa e tudo o que tenho está disponível para ti, Noah Crawford. Tu sabes. - Ela riu-se e atirou sedutoramente os cabelos compridos para trás dos ombros antes de me levar para o fundo da loja. Delaine ficou atrás de nós, e tive de esconder o meu sorriso divertido. A vingança era


terrível e ela estava a ferver de ciúmes. Sentia--os a sair dela como o calor que se liberta de uma estrada no deserto. Fomos levados para um provador privado. Três das quatro paredes estavam forradas a espelho e havia uma sala mais pequena para a senhora vestir conjuntos diferentes antes de sair e passar os modelos para a pessoa que tinha trazido para o espetáculo. Dois suportes com a roupa interior mais vendida estavam posicionados num canto, ao lado de um minibar. No canto oposto havia um banco forrado com veludo vermelho. Fernanda levou-me para o centro da sala e sentou--me numa cadeira excessivamente grande que estava na posição perfeita para ver tudo. Delaine sentou-se no banco com os braços cruzados no peito. - Escolhe uma coisa de que gostes e experimenta - disse-lhe eu, apontando para os suportes de roupa. - Noah, não me parece... — começou ela. Fernanda interrompeu-a. É claro que sentiu a tensão e quis ajudar. - Sabe que mais? Parece usar o meu tamanho. Quer que escolha alguma coisa para si? Eu conheço o gosto dele. As garras de Delaine dispararam como se ela fosse a filha do Wolverine. Pelo menos, foi o que me pareceu; eu podia estar a imaginar coisas. Sem esperar uma resposta, Fernanda saiu da sala e voltou paia a loja. Delaine virou-se imediatamente para mim e nem sequer se deu ao trabalho de baixar a voz. - Fodeste com ela? - Isso importa? - Eu levantei-me e dirigi-me para o bar para me servir de uma bebida. - Sim, importa. - Por quê? Tens ciúmes? Porque eu também fodi contigo e tu tens a vantagem de ter muito mais sexo do que ela jamais teve. Isso faz-te sentir melhor? — Bebi um gole do uísque escocês que tinha servido. - És um nojo! - bufou ela, e depois virou-me novamente as costas. - Sou insaciável. Grande diferença. - Porque é que tiveste de gastar milhões comigo quando a Menina Vaca Charo estava disposta a dar-te qualquer coisa e tudo? - perguntou ela, troçando do sotaque de Fernanda, o que até foi engraçado. - Charo é de Espanha. A Fernanda é argentina - corrigi-a. -E, embora a Fernanda seja agradável ao olhar, muitos olhares foram satisfeitos por ela. — Eu pisquei-lhe o olho e fizlhe um brinde com o copo. - Não resultaria entre ela e eu em público. Mas ela é fixe. Compreende. Ela preparava-se para dizer alguma coisa quando Fernanda voltou e começou a pendurar cabides na zona mais pequena do provador. - Escolhi algumas coisas que achei que vão realçar o seu corpo. - Vai experimentar, Delaine — disse eu, sentando-me novamente. - Mostra-me. Ela deixou-se ficar sentada, teimosa e imóvel. Fernanda olhou-a e depois voltou-se para mim, curiosa. Eu encolhi os ombros. - Ela é tímida.


- Oh, então eu posso passar os modelos, se quiserem. Abençoada Fernanda e a sua vontade de agradar. Isto não poderia ter corrido melhor se eu tivesse planeado. - Acho que é uma idéia fantástica, Fernanda — disse Delaine. A sua voz soou dura e sarcástica quando ela se levantou, irritada. - De qualquer maneira, tenho a certeza de que o Noah prefere vê-la com elas. Ate vos vou dar um pouco de privacidade. - Virou-se para mim e semicerrou os olhos. Fico à espera no carro. Dito isto, saiu intempestivamente da sala, atirando com a porta. — Eu fiz alguma coisa errada? — perguntou Fernanda. — Não, não foste tu — tranquilizei-a. — Embrulha tudo o que escolheste e põe na minha conta. Vou levar tudo - disse eu, levantando-me. - Foi bom voltar a ver-te, Fernanda. — Também gostei de te ver, Noah. — Ela abraçou-me com força e beijou-me na face. - Mando entregar tudo amanhã de manhã. Vai atrás da miúda, querido. Acenei num agradecimento e dirigi-me para o carro. Quando entrei, Lanie estava sentada com os braços cruzados no peito e o rosto voltado para a janela. — Para casa, Samuel - ordenei antes de ele fechar a minha porta. — Queres fazer o favor de me dizer o que foi aquilo? - perguntei a Delaine. Ela rodou a cabeça e olhou-me furiosamente. — De futuro, se quiseres visitar uma das tuas antigas namoradas para te excitares, por favor tem a decência de não me levar. Eu não gosto disso. — Ela não é uma antiga namorada. — Namorada, brinquedo... é a mesma coisa. - Ela observou o meu rosto e depois abanou a cabeça antes de se virar. — Talvez queiras limpar esse batom vermelho de cabra da tua face. Eu limpei a face e olhei para a mão. É claro que o batom de Fernanda tingiu as pontas dos meus dedos. — Escuta, eu não te trouxe aqui para me excitar com uma antiga namorada. Embora tivesse todo o direito de o fazer, se quisesse. O contrato especifica que tu não podes estar com outro homem. Não diz absolutamente nada sobre mim. A cabeça dela voltou-se novamente para mim. — Seu filho da mãe! Se pensas por um minuto que eu vou ficar impávida e serena, enquanto fodes todas as mulheres que te aparecem à frente, para me pegares alguma doença esquisita, pensa melhor! Eu saio daquela casa tão depressa que a tua cabeça até vai andar à roda! — E depois eu processo-te por quebra de contrato - declarei eu muito pragmático. No entanto, não precisamos de nos preocupar com isso porque eu não estou a pensar dormir com outras pessoas, pelo menos nos próximos dois anos. Tu és a única mulher com quem quero fazer sexo, Delaine. Agora, queres fazer o favor de parar de fazer birras infantis para eu poder desfrutar de ti? A expressão no seu rosto suavizou-se ligeiramente para um amuo, mas ela não deixou a postura defensiva quando desviou novamente os olhos dos meus. Eu presumi que o facto de não me responder significava que ela estava a concordar relutantemente com o


meu pedido. - Bom. Agora, o teu castigo por fazeres uma cena diante de uma boa amiga e embaraçares-me — comecei eu. Ela olhou-me e preparava--se para dizer alguma coisa, mas eu cortei-a antes de ela abrir a boca. — Eu estava a tentar comprar-te roupa interior bonita, mas agora terás de andar sempre sem cuecas para mim. - Sorri presunçosamente ao ver como ela abriu e fechou a boca. - Provavelmente, devia agradecer--te por não conseguires controlar o teu gênio, porque é sempre melhor para mim. Por isso, obrigado, Delaine.

— Oh... seu... ahh! — bufou ela, e depois afastou novamente o rosto. O resto do caminho foi feito em silêncio. Ela recusou-se a olhar para mim, mas eu não consegui despregar os olhos dela. Estava desapontado por não a ter visto a passar os modelos de roupa interior na loja, mas também tinha um lado possessivo, por isso acho que podia compreender porque é que Delaine estava zangada. Ela passara a manhã inteira a atirarse a mim e, com exceção do pequeno presente que eu lhe tinha dado no jacuzzi, tinha rejeitado as suas tentativas de me dar alguma coisa em troca. Tinha de admitir que se estivesse no seu lugar, também teria ficado um pouco aborrecido. Porém, embora eu estivesse acostumado à sua relutância em deixar-me fazer o que queria com ela, ela não estava acostumada à minha. O que ela não compreendia era que eu estava a tentar ser gentil com ela. Pelo menos por enquanto. Mas tudo isso mudaria quando a sua pequena vagina tivesse recuperado. Depois da tareia que eu planeava dar-lhe, tinha a certeza de que ela me imploraria para «me excitar» com uma antiga namorada.


8 Fogo, vibradores e vampiros, oh céus! Lanie Noah deixou-me sozinha depois do fracasso épico da ida à loja de roupa interior. Eu não tive ciúmes. Juro. Foi a Galdéria. Ela ficou extremamente irritada e começou a lançar sinais de protesto por toda a parte. O Pénis Maravilhoso ia ter de se esforçar muito para voltar a conquistá-la. Talvez se safasse com outro daqueles espancamentos, mas eu não tinha a certeza. Deitei-me antes de Noah, mas estava apenas a fingir que dormia quando ele se enfiou por baixo da roupa. Os meus sentimentos ficaram um pouco magoados quando ele me voltou as costas e deixou um enorme espaço entre nós. Não se colou a mim em concha, não me apalpou, nada. Na manhã seguinte, acordei antes dele. Ele ainda estava a dormir quando eu saí do duche e não acordou quando eu fiz todo o barulho que consegui para o acordar. Não me perguntem porque é que o fiz, porque a verdade é que não sei. Talvez tivesse sentido a falta daquele cretino. Até andei pelo quarto nua, procurei no seu roupeiro alguma coisa para vestir e atirei acidentalmente de propósito um dos seus pares de sapatos ao chão (deixando-os ali), fechando depois a porta com mais força do que o necessário. Nada. Por isso, tinha de verificar o pulso do homem, certo? Quero dizer, quem é que conseguiria dormir no meio de todo aquele barulho? Porém, depois o meu estômago roncou para indicar que eram horas de comer e lembrei-me nitidamente de ver uma caixa de Frosted Flakes na despensa, por isso o bemestar do filho da mãe do Noah Crawford foi rapidamente esquecido. Tinha acabado de beber o resto do leite doce dos cereais e de pôr a tigela no lava loiça quando Noah apareceu finalmente. Santo Deus, ele estava ali parado com cabelos húmidos, secos com uma toalha, um par de calças de ganga velhas de cintura descaída e absolutamente mais nada - exceto a pequena tira do elástico dos boxers Calvin Klein por baixo. Deixem-me dizer isto: Noah nu era glorioso, mas Noah seminu, apenas com um par de calças de ganga, era... um estrondo. O pequeno carreiro de pelos que descia desde o umbigo até às maravilhas mais abaixo... Completamente apetecível para lamber. E com maravilhas quis dizer que o seu tesão matinal continuava aparentemente em grande porque havia um alto gigantesco por baixo daquela ganga. A Galdéria cruzou desafiadoramente os braços e voltou-lhe as costas. Ela recusou-se a olhar ou até a reconhecer a presença do Pénis Maravilhoso. — Bom dia, Delaine — disse ele enquanto passava os dedos super incríveis pelos cabelos.


- Bom dia, Pénis Maravilhoso. Humm quero dizer, Noah. Noah ergueu uma sobrancelha para mim e depois arrastou os pés descalços na minha direção. Quanto mais ele se aproximava, mais eu recuava até ficar encostada ao lava-louça. Ele pousou as mãos na bancada e encurralou-me antes de descer a cabeça e dar-me um beijo de fazer arrepiar as pontas dos pés. A Agente Dupla Galdéria voltou-se para olhar por cima do ombro e depois olhou rapidamente para o outro lado, lembrando-se de que ainda estava zangada com ele. Ele tinha um gosto fresco a menta e apeteceu-me seriamente chupar a sua língua, mas isso dar-lhe-ia a impressão de que eu queria a sua atenção. E, embora eu soubesse que era verdade, ele não sabia e não me apetecia que percebesse. Ele rematou o beijo com uma sucção no meu lábio inferior e depois mergulhou no meu pescoço e encostou o corpo ao meu. O alto gigantesco fez pressão contra as minhas partes íntimas e a resistência da Galdéria fraquejou. Braços fortes envolveram-me a cintura e Noah apertou-me contra si, enquanto continuava a massajar dissoluta mente a minha carne. O seu pescoço estava exposto à frente dos meus lábios, com os tendões esticados e sedutores. Não consegui evitar. Tive de o provar. Inclinei-me para frente e chupei a pele entre o seu pescoço e ombro e ele gemeu no meu ouvido. Chupei com toda a força, porque por algum motivo desconhecido ainda estava zangada por causa do dia anterior e sentia-me um pouco possessiva. - Estás a tentar marcar-me, Delaine? - perguntou a sua voz rouca contra o meu ouvido. Eu ignorei a sua risada baixinha e mordi-lhe a carne para ajudar a minha tentativa. Aparentemente, ele gostou porque fez mais pressão contra mim até não haver espaço entre os nossos corpos. A sua cabeça caiu para trás e para o lado, expondo mais daquela carne maravilhosa. Eu não perdi tempo a devorar aquela oferenda com a minha boca molhada e exigente. As minhas mãos enrolaram-se nas madeixas de cabelo mais longas no cimo da sua cabeça e puxei com alguma intensidade. Senti o sabor metálico do sangue quando este subiu para a superfície da pele e desencadeou um frenesim de fome dentro de mim. Irrefletidamente, enterrei as unhas na sua cabeça, arranhando a carne macia. Intensifiquei a sucção, deliciando-me com o sabor salgado da sua pele. E eu ainda queria mais. Só posso ter sido uma vampira numa vida passada porque visualizei os meus dentes a chupar a sua carne e a perder-me na sua essência. - Basta! - disse ele por fim num tom autoritário, afastando o pescoço antes de sair rapidamente do meu abraço. Ambos estávamos a transpirar profusamente e eu ainda o sentia na minha boca. Não tenho vergonha de admitir que me lamuriei um pouco. Tinha-me sido negada a oportunidade de experimentar as minhas travessas fantasias de vampira. Mas depois os meus olhos prenderam-se no seu pescoço e a Agente Dupla Galdéria riu-se de alegria. Noah Crawford tinha a mãe de todos os chupões. A pele do seu pescoço já estava a transformar-se numa linda tonalidade de carmim escuro e começou a aparecer um vergão que estragou a sua pele perfeita. Um lado da sua boca subiu num sorriso presunçoso quando ele me observou. Ergueu um dedo comprido para tocar na minha face e observou os meus seios agitados com um


fascínio extasiado. - Só te deixei marcares-me porque estou a pensar marcar-te mais tarde. As instas da sua mão afloraram um dos meus seios. - No entanto, a minha marca não vai ser um simples chupão no pescoço. Toda a gente saberá que me pertences. Um arrepio percorreu-me as costas e fiquei com pele de galinha. O olhar de Noah fixou-se nos meus mamilos e ele suspirou quando viu a prova de como as suas palavras me tinham excitado. - Muito lindo - disse ele antes de rolar um mamilo entre os dedos. - Sem sutiã? Revirei os olhos e cruzei os braços no peito. Ele afastou-os e aproximou-se. - Vamos olhar melhor, está bem? As suas mãos enfiaram-se por baixo da minha blusa e deslizaram pelo meu estômago e costelas antes de encontrarem a carne nua dos meus seios. Ele cobriu-os com as mãos e os polegares passaram sobre os mamilos duros. - Gosto disto. Torna muito mais fácil fazer isto. - Baixou a cabeça e pôs um mamilo na boca para sugar castamente e depois fez o mesmo com o outro. Talvez fosse alguma coisa do gênero igual oportunidade de emprego, ou uma coisa assim. Quero dizer, tecnicamente eu estava a trabalhar para ele. Bem, pelo menos o meu corpo estava. A Galdéria era uma empregada modelo antes daquela coisa do Noah a babar para cima da puta latina. Ela era uma verdadeira fura-vidas; esforçava-se sempre para que a sua avaliação anual fosse «excede em muito as expectativas». Pfff, graxista. Acho que a sua teoria era que se tivesse sucesso talvez recebesse um aumento. - E cuecas? Vamos ver se estás a obedecer às regras do teu castigo? — As suas mãos deslizaram pelo meu abdômen. Com uma torção dos dedos, desapertou o botão dos meus calções e enfiou uma mão dentro deles. Eu devia ter-me sentido como uma bezerra num leilão de gado a ser apalpada por um moço de lavoura muito sozinho e muito desesperado. Mas recordam-se do que eu disse sobre os dedos super incríveis, certo? Sim, eles continuavam a ser super incríveis. Ele moveu habilmente dois dedos entre as minhas pregas antes de os enfiar dentro de mim. Os seus dedos rodaram para trás e para frente, locando naquele lugar maravilhoso até os meus olhos quase rolarem para a nuca e um gemido escapar dos meus lábios. Depois ele retirou-os, tocou algumas vezes no clitóris e voltou a enfiá-los rapidamente dentro de mim. Os meus joelhos quase cederam. Noah retirou rapidamente a mão. - Talvez seja boa ideia mudares esses calções agora — disse ele com aquele sorriso presunçoso. Depois, enfiou os dedos na boca e chupou--os para os limpar. Eu fiquei muito perturbada com a troça. - Já terminaste? Passei na inspeção? - Passaste - reconheceu ele, e depois virou-se para o frigorífico. — Tenho de sair rapidamente e preciso de ir buscar uma coisa hoje, mas estou à espera de uma encomenda que será entregue aqui em casa. O Samuel pode assinar o recibo, mas o conteúdo pertence-te, por isso podes abri-la. - O que é?


- Um presente. — Ele encolheu os ombros e encheu um copo com leite. - Gastaste dois milhões de dólares comigo e ainda por cima compras-me presentes? - O presente é tanto para mim como para ti. - Ele beijou-me na testa e deu-me uma palmada no rabo antes de sair da cozinha, deixando-me ali sozinha. Eu não fazia ideia que tipo de presente seria, mas fiquei curiosa. Que mulher não gostava de receber presentes? Descobri um pouco mais tarde. A campainha da porta soou — e, a propósito, era uma daquelas campainhas horríveis que parecem nunca mais parar - e Samuel recebeu o embrulho. - Aqui tem, Menina Delaine - disse ele num tom simpático, entregando-me a caixa. - Por favor, Samuel, é Lanie - disse eu a sorrir. Ele acenou respeitosamente e saiu. Não tenho vergonha de admitir que me senti uma menina na manhã de Natal quando me ajoelhei no chão com a minha saia - sim, tinha mudado - e comecei a abrir a caixa. Não foi uma tarefa fácil. Quem tinha embrulhado aquela coisa selara-a como se fosse o Forte Knox. Até tive de a deixar no átrio para ir buscar uma faca ao suporte da cozinha. Sem problema; eu tive muito cuidado para não destruir o pequeno tesouro que estava no interior. No entanto, toda a surpresa se perdeu quando cheguei por fim à estúpida coisa e olhei para o interior. "Le Petit Boudoir" estava escrito em todo o papel de seda e havia um bilhete da própria Fernanda. Abri-o e raios me partam se a sua caligrafia não era tão linda como ela. Cara Delaine, O Noah pediu-me para lhe enviar estas coisas. Ele vai adorar vê-las em si. Devo admitir que sinto alguns ciúmes. É uma pena não termos tido a oportunidade de brincar. Aproveite! Fernanda Aquela cabra! E Noah devia estar doido se pensava que não fazia mal mandar--me estas coisas. Ele devia ter percebido a indireta quando eu saíra da loja no dia anterior. Ele não podia pensar que eu iria pôr no meu corpo alguma coisa que o fizesse lembrar-se dela. Amachuquei o bilhete e enfiei-o no bolso. Num acesso de raiva, dei um murro na caixa. É claro que isso não acalmou a minha fúria, por isso esfaqueei-a com a faca que continuava a segurar. Não parei de esfaquear a maldita coisa até os meus braços ficarem doridos. Fragmentos de renda e seda estavam irreconhecíveis na caixa de cartão, mas não fiquei satisfeita. Ainda via as coisas e sabia o que elas representavam. Levantei-me de um salto e corri com determinação para o armário da lavandaria. Procurei e finalmente encontrei o que procurava: combustível líquido para isqueiros. Desci as escadas a correr, tirei fósforos da despensa da cozinha e arrastei a caixa injuriosa para a rua. Encharquei a com lodo o líquido que havia na lata, acendi um fósforo


e deixei-o cair na caixa. Tive de recuar um passo quando uma bola de fogo se incendiou e subiu no ar. Sim, eu sabia que o meu comportamento era irracional. Sim, sabia que a minha reação era um pouco psicótica. Mas raios me partissem se eu ia usar uma coisa que uma das suas putas tinha escolhido por saber o que lhe agradava. E também queria que não restasse qualquer dúvida na sua cabeça em relação ao que eu sentia. Como dizem, não há fúria como a de uma mulher desprezada. Voltei as costas ao inferno e afastei-me. Embora o fogo fosse relativamente pequeno e limitado, na minha cabeça era enorme. Na verdade, tive a certeza de que era tão espetacular como a pequena Drew Barrymore em O Poder do Fogo, com chamas a engolir tudo à sua volta, porque Samuel surgiu no alpendre com a boca aberta e os olhos esbugalhados de pavor. - Está bem, Lanie? - perguntou ele freneticamente. - Oh, estou fantástica... agora. - Quando passei por ele e entrei em casa ouvi o ronronar suave de um motor, por isso, naturalmente, voltei-me para ver quem tinha vindo visitar-nos. Era Noah, e vinha a conduzir. Estava num elegante e resplandecente carro desportivo preto que parecia ter custado mais do que eu e me fez lembrar um leopardo à caça. Ele travou o carro e saiu rapidamente, sem sequer fechar a porta, correndo para a minha pequena fogueira. Olhou para ela e depois para mim. - O teu presente estava estragado - disse eu factualmente antes de espetar o queixo e afastar-me. É evidente que Noah veio atrás de mim. - Samuel, pega no extintor e apaga aquele fogo! — ordenou ele. - Deixa arder, Samuel - disse eu num tom aborrecido por cima do ombro. - Delaine! - gritou ele, mas eu continuei a andar. - Delaine! Para imediatamente, senão juro por Deus que... Eu rodei nos calcanhares para olhar para ele. ( )ne o i|iiê? Observei o seu rosto a contorcer-se de choque. Os músculos dos seus maxilares fletiram-se quando ele cerrou os dentes, obviamente a tentar encontrar uma resposta à altura e falhando miseravelmente. - Foi o que eu pensei - disse eu, e depois virei-me e continuei a subir as escadas. - Há alguma coisa seriamente errada contigo, Noah Crawford. Sabias que fiquei furiosa quando estivemos na lojinha da tua namorada. E no entanto, por algum motivo imbecil, pensaste que era boa ideia pedir a uma mulher, que obviamente ainda fica toda excitada com o meu homem, para mandar coisas escolhidas por ela? E é suposto seres um enorme magnata dos negócios? - Ri-me com incredulidade e abanei a cabeça. - Tããão perturbado. Oh, e a propósito... - Parei no cimo das escadas e voltei-me para olhar para ele enquanto procurava no bolso. - Ela mandou um bilhete. Atirei-lhe o papel amachucado, que lhe acertou no peito antes de cair no chão. Ele apanhou-o do chão e desdobrou a página amachucada antes de ler o seu conteúdo. - Oh, por amor de... - começou ele, e depois suspirou. -A Fernanda é bissexual, Delaine. Ela queria ver-te com a roupa interior e ficou desapontada porque esperava que


tu e ela... - A sua voz perdeu-se. - Que nós...? Ele ergueu as sobrancelhas e olhou-me, expectante. Oh. Ohbhhh... - Tu não estás a falar a sério - exclamei eu com uma gargalhada sem humor. - Bem, ela não disse abertamente, mas conheço-a suficientemente bem para poder afirmar com alguma certeza que ela esperava um pouco de ação. Um sanduíche de Lanie. Tive de admitir que estava ligeiramente lisonjeada. Quero dizer, Fernanda era linda e tudo isso. A miúda hetero que existia em mim ficou um pouco curiosa, mas eu não pensei que alguma vez conseguiria fazer uma coisa dessas. Eu era completamente heterossexual. Ponto final. Mas Dez? - Ela vai ficar excitadíssima com isto — murmurei para mim mesma. - O quê? - Nada. Isso não muda nada. Tu compraste-me aquela roupa interior mesmo depois de saberes como me tinha irritado. Fim da história. Eu continuo zangada. - Dito isto, vireime e afastei-me. Ouvi-o resmungar, frustrado, e pensei que poderia ter dado um murro numa parede, mas não tive a certeza. Cerca de uma hora mais tarde, sentime muito mal e decidi procurar Noah para lhe pedir desculpa. Quando cheguei ao fundo das escadas, vi um buraco do tamanho de um punho num canto da parede. Revirei os olhos porque aquilo era totalmente desnecessário, mas a birra que eu fizera por causa da roupa interior também. Eu reconhecia quando estava errada. Ele não estava no seu escritório nem na cozinha. Pareceu-me ter ouvido a televisão aos berros na sala de entretenimento, por isso segui o som e enfiei cautelosamente a cabeça pela porta. Noah estava recostado numa das cadeiras de cinema, com a camisa atirada para o lado. Nunca o tinha visto tão relaxado desde o dia que o conhecera. Pigarreei para o alertar para a minha presença. Ele voltou a cabeça para me olhar e, embora eu esperasse ver uma expressão zangada, ele pareceu mais à espera que eu entrasse novamente no meu modo de cabra. - Desculpa - disse eu, engasgada, porque pedir desculpa ao homem que me comprara para ser sua escrava sexual não era propriamente uma coisa fácil. Ele suspirou e bateu na coxa. - Vem sentar-te aqui comigo um pouco. Eu atravessei a sala e empoleirei-me no seu colo, pousando o braço nos seus ombros. - Eu também peço desculpa — disse ele, esfregando suavemente a minha coxa. - Não refleti. Pensei que gostarias da roupa interior e na verdade queria ver-te com ela. Lamento ler incendiado tudo murmurei. - Não lamentes. Os teus sentimentos foram magoados, por isso compreendo a tua reação. — Ele riu-se. - Tu és uma monstrinha, sabias? Mas isso até me excitou. Especialmente quando disseste que eu era o teu homem. Raios. Eu tinha dito aquilo?


- Bem, vais ser durante os próximos dois anos - disse eu, disfarçando, e depois olhei para a televisão. Ele estava a ver uma daquelas populares séries de vampiros e eu fiz todos os possíveis para esconder a menina feminina que existia em mim. - Adoro esta série. Os vampiros têm alguma coisa de muito sensual e proibida. Ele riu-se. - Oh, a sério? O que é que têm de tão sensual? Eu olhei novamente para a televisão e o vampiro tinha uma rapariga humana amarrada de pé, com os braços e pernas afastados, e fodia-a com a sua semente de vampiro. - A razão é aquela - respondi, apontando para o ecrã. Eu estava a ficar bastante excitada ao olhar para o rabo nu do vampiro e para a forma como ele arremetia contra a pobre rapariga, mas ela não estava a queixar-se. - Eu sabia que te tinha topado bem. Tu gostas das coisas à bruta, não gostas? — perguntou ele, subindo a mão pela minha coxa e roçando no meu seio. Prendeu o meu mamilo vestido entre os dentes e mordeu-o levemente. — Humm? Queres que te faça aquilo? - continuou ele, tocando no mamilo com a ponta do nariz. - Queres que te ponha com os braços e pernas abertos à minha frente e entre nessa tua rata linda? Sim, por favor. - Eu posso fazer aquilo, Delaine. Posso foder-te assim. Eu inspirei com dificuldade e ele olhou-me através das suas pestanas compridas. - Levanta a saia para mim, querida - disse ele naquela voz rouca. A Agente Dupla Galdéria levantou-se e ficou atenta. Fiz lentamente o que ele me pediu e desta vez não fiquei nada aborrecida. Ele soltou um gemido que fez a Galdéria estremecer e depois derretei se toda. Os seus lábios envolveram o meu mamilo esquerdo enquanto as mãos se aproximaram do meu centro. Lentamente, a sua língua circundou o mamilo entumecido antes de ele o arranhar com os dentes. Senti a sua respiração quente inundar-me a pele quando ele expirou, satisfeito. Depois, os seus lábios fecharam-se no mamilo e ele chupou enquanto movia a cabeça para trás e para frente. Ele afastou--se com um longo chupão, esticando o meu peito antes de o soltar e vê-lo voltar ao lugar. Nesta altura, eu estava completamente húmida entrepernas, estilo cataratas do Niágara. Noah inclinou a cabeça e depositou beijos sensuais por baixo do meu maxilar até chegar à orelha. - Tenho uma coisa para ti - murmurou ele. Quando eu recuei e resmunguei um aviso, ele apressou-se a explicar. - Escolhi isto só para ti. Prometo. E nunca dei a outra mulher nada remotamente parecido. - Está bem... - disse eu circunspectamente. Ele esticou a mão para trás, pegou numa caixa preta com uma fina fita cor de esmeralda e pousou-a na minha coxa. - Abre — insistiu quando eu fiquei a olhar para ela. Eu respirei fundo e libertei lentamente o ar, enquanto pegava na caixa e puxava a


ponta da fita. Em seguida levantei a tampa e o meu queixo caiu. Era uma pulseira de prata com um centro oval decorado com um veado com incrustações de diamantes. Por baixo, havia uma insígnia com o nome "Crawford" em diamantes resplandecentes, ainda mais minúsculos. Era de cortar a respiração. Noah tirou-a das minhas mãos e prendeu-a no meu pulso direito. - E o brasão da minha família - disse ele com um encolher de ombros. - Com isto toda a gente vai saber que me pertences. Quero que a uses sempre. - É de mais - disse eu, a abanar a cabeça. - Há um certo padrão de vida que está associado a seres a minha miúda, Delaine disse ele. - Embora ambos saibamos que é contratual, mais ninguém sabe. Faz sentido que uses uma joia deste tipo. Além disso, acho que ficas extremamente sensual com ela. Eu acenei com relutância. -Levanta o fundo - disse ele, acenando para a caixa. - Há mais. Enfiei a mão dentro da caixa e puxei a pequena aba de seda no fundo, tentando adivinhar que mais poderia ser. E fiquei completamente chocada! Eu já tinha visto este tipo de coisa antes; Dez tinha-me arrastado para mais festas "divertidas" do que uma pessoa devia ser obrigada a ir à vida inteira. Honestamente, eu não percebia o entusiasmo. E agora dei por mim a olhar para o suprassumo de todos os vibradores de prata. O mesmo brasão dos Crawford estava gravado de lado, mas felizmente não havia diamantes. E depois tive uma epifania. Dizem que os diamantes são os melhores amigos das mulheres, mas o vibrador suplantava-os sem dúvida naquela categoria. A Galdéria pôs as mãos nas ancas, ofendida por ele não lhe ter dado também diamantes, mas ainda assim grata por não ter de se preocupar com a possibilidade de eles rasgarem as suas partes íntimas. - A pulseira é para que todas as pessoas saibam que me pertences - explicou-me ele quando tirou o vibrador das minhas mãos. — Isto... é para que tu saibas. Ele ligou o botão e enfiou a mão entre as minhas pernas para pressionar o vibrador contra o meu clitóris. - Oh, Deus - ofeguei, e a minha cabeça caiu para a frente. - Bem, não era essa a reação que eu esperava — sussurrou ele ao meu ouvido. - Já falámos sobre isto antes, Delaine. Este brinquedinho devia lembrar-te a quem pertences. Por isso diz-me, Delaine, quem é outra vez? Ele afastou o vibrador, deixando-o tocar apenas ao de leve no pequeno feixe de nervos, e depois começou a movê-lo em círculos excruciantemente lentos. Nós somos a sua puta ordinária! Diz o seu nome! Diz-lhe tudo o que ele quiser! Eu só quero mais!, Gritou-me a Galdéria. - Por favor... Noah - disse eu num gemido, e depois arqueei as ancas para estreitar a distância. Ele pegou-me na anca com a mão que se tinha enrolado à volta da minha cintura e puxou-me para baixo. - Por favor, o quê? - troçou.


O filho da mãe arrogante tinha-me mandado dizer o seu nome e eu obedecera. E ele continuava a troçar de mim? - Mais. Quero mais - gemi pateticamente. - Mais o quê? Mais disto? - Ele aproximou mais o vibrador e deu--me o que eu desejava. - Oh, Deus, sim. - Percebi o meu erro um pouco tarde de mais. Noah retirou novamente o vibrador e ralhou-me. - Vamos tentar de novo. Na verdade, vamos criar uma regra nova. Sempre que sentires necessidade de dizer o nome "Deus", dizes o meu. E garanto-te que vais adorar a minha versão do céu. Noah encostou de novo o vibrador ao meu clitóris e depois deslizou-o rapidamente entre as minhas pregas antes de o enfiar dentro de mim. - Oh... Noah! - exclamei. - Muito bem, Delaine. Tu aprendes depressa - disse ele, satisfeito, e depois recompensou-me pondo novamente o meu mamilo na boca e chupando vigorosamente enquanto manuseava o vibrador dentro de mim. Eu não sabia em que sensação devia concentrar-me e nem sequer tinha a certeza porque é que estava a tentar estabelecer a diferença entre as duas. Por que juntas? Oh, meu Noah, era incrível. E depois acabou. Nenhum vibrador, nenhum chupão, nada. Olhei-o como se ele fosse louco. Depois, vi o meu pequeno vibrador Crawford na caixa em cima da mesa. - Não estás dorida? - perguntou ele. Eu olhei-o de novo como se ele fosse louco. - Raios, não! — disse eu num tom estridente. Ele saiu de baixo de mim e ficou de pé, forçando-me a cair com um ruído seco na cadeira. Eu preparava-me para protestar pelo seu rápido desaparecimento quando ele se ajoelhou diante de mim e me abriu os joelhos. Enquanto ele se inclinava para a frente e reclamava sofregamente a minha boca, as suas mãos puxaram a minha saia para cima. Eu levantei avidamente as ancas para o ajudar, embora não percebesse porque é que ele não deslizava a maldita saia pelas minhas pernas. No entanto, assim era bastante excitante. Havia alguma coisa intensamente erótica em estarmos tão excitados que nem sequer queríamos perder tempo a despirmo-nos completamente. Noah não desapontou. Ouvi o tilintar da fivela do seu cinto e depois ele sentou-se direito, desapertou as calças de ganga, prendeu os braços sob os meus joelhos e puxoume para a frente até o meu rabo estar na ponta da cadeira. - Quero-te tanto. - A sua voz estava tensa quando ele tirou o Pénis Maravilhoso dos seus confins. — E recuso-me a esperar mais. Dá-me o que é meu — exigiu ele. - Vem buscar — desafiei-o. Eu não estava a fazer-me difícil. Ele sabia e eu também. Era apenas o que fazíamos. Desafiávamo-nos mutuamente e depois divertíamo-nos com a possessividade que ambos sentíamos. Por muito que eu gostasse de negar, não podia. Era um prazer secreto que ambos adorávamos: bruto, animalesco, selvagem. O chupão que eu lhe tinha feito antes era uma forte lembrança disso. Estendi uma mão para tocar na marca e depois olhei-o


nos olhos. Ele percebeu a mensagem que eu estava a tentar transmitir: Meu... Noah soltou um rugido feroz e inclinou-se para a frente para atacar a minha boca com um beijo ardente e brutal. Eu entrelacei os dedos nos seus cabelos e dei-lhe tudo o que tinha em mim, porque quem ia dançar o tango com Noah Crawford tinha de estar no seu melhor. Ele nem sequer se preocupou em passar as calças pelas ancas antes de se alinhar comigo e entrar lentamente dentro de mim. Ele interrompeu abruptamente o beijo e sibilou: - Jesus, gatinha. Tu és tão apertada. A Galdéria guinchou de deleite quando se reuniu finalmente com o Pénis Maravilhoso. Eu quase vi os dois amantes predestinados para a infelicidade, enquanto corriam por um campo de margaridas para, finalmente, estarem nos braços um do outro. Ele sussurrou as suas desculpas; ela perdoou-lhe todas as transgressões. Foi perturbador, mas muito gratificante. Depois de estar completamente dentro de mim — e acreditem quando digo que não foi fácil —, ele prendeu os braços sob os meus joelhos e empurrou até eu estar o mais aberta possível. - Oh, Noah - ofeguei, ainda a jogar o seu jogo dos nomes. - Sim... sim... Ele empurrou para frente até as suas mãos estarem agarradas aos braços da cadeira para maior apoio. Os seus antebraços seguraram as minhas pernas quando ele se curvou pelos cotovelos e se inclinou para mim. - Agora, vou foder-te à grande, Delaine - avisou ele com as ancas a pairar sobre as minhas. As suas respirações eram as minhas respirações e inclinei o queixo para o beijar, mas ele afastou-se. Deixou os lábios pairar sobre os meus, enquanto acabava de me torturar. — Se te magoar, diz-me, e pode ser que eu pare. - Força - disse eu com os olhos semicerrados, inclinando a cabeça para a frente e mordendo o seu lábio inferior. Noah resmungou e esmagou os lábios contra os meus. Senti um leve sabor a sangue e percebi que era dele. Aquele sabor deixou-me louca de desejo, por isso chupei-lhe o lábio, provocando-o mais. Ele saiu rapidamente de dentro de mim e depois entrou mais lentamente, mas foi o suficiente para desviar a minha atenção do seu lábio. Deixei cair a cabeça para trás e arqueei-me quando ele saiu de novo e depois me penetrou com mais força. Quando olhei para ele, vi o corte e o sangue a pingar na sua boca. Lambi o meu lábio inferior, com vontade de prová-lo de novo. Era doentio, bem sei, mas quem alguma vez tivesse provado Noah Crawford saberia porque é que eu queria mais. - Eu é que devo ser o vampiro, Delaine. Não tu — recordou-me ele, aumentando a velocidade e intensidade das suas arremetidas. Eu estiquei-me para ele e consegui agarrar-lhe os cabelos antes de ele se afastar e negar-me o que eu queria. Eu puxei e prendi as suas madeixas grossas até ele se submeter por fim e deixar-me dar-lhe mais um beijo. Eu fui diretamente ao sangue que se acumulava no seu lábio e apanhei-o com a ponta da língua. Sem interromper as suas arremetidas, Noah capturou a minha língua antes de eu conseguir levá-la à boca para o provar. Lutámos pelo domínio do beijo e do sangue, e foi tão incrivelmente erótico que


quase me vim naquele momento. Ele interrompeu o beijo, baixando os olhos para o lugar onde estávamos unidos, e eu segui o seu exemplo. Ele tinha as calças de ganga penduradas nas ancas. Aquela mola na boca do meu estômago começou a ficar cada vez mais apertada com a imagem do seu membro a entrar e sair de mim com força. Mas, raios, ele eslava a mover-se muito depressa e eu queria que a sensação não acabasse nunca. Como se estivesse a ler a minha mente, ele abrandou para ambos podermos ver melhor. Eu observei-o a lamber os lábios quando uma gota de suor escorreu da ponta do nariz e caiu no meu abdômen. - É uma coisa linda, não é? — perguntou ele, a observar-me. Eu olhei de novo entre as minhas pernas e fiquei imediatamente enfeitiçada com a visão. — O meu membro grosso a foder a tua linda e molhada rata apertada. Vou-me vir nessa tua linda rata, Delaine. Ele inspirou fundo e depois começou a mover as ancas com maior rapidez. Não era propriamente a velocidade de um vampiro, mas quase. Sim, eu senti algum desconforto, mas não, não me preocupei nada com isso. Ele brindou-me com um daqueles sensuais sorrisos maliciosos e depois precipitou-se para a frente com os dentes à mostra. Senti-os a raspar a pele que cobria a artéria do meu pescoço e depois ele chupou com força. A ilusão que ele tinha criado, um vampiro a provar a sua amante no auge. da paixão, provocou em mim a sensação de que tinha sido agarrada e atirada para um oceano de bem-aventurança orgástica. A sensação foi tão avassaladora que não consegui emitir um único som; acho que nem sequer estava a respirar. A minha boca abriu-se, os meus olhos reviraram-se, as costas arquearam-se e enterrei as unhas na pele das costas de Noah para o colar a mim. Ele abrandou os movimentos e fez aquela coisa incrível em que girava as ancas a cada entrada, provocando uma deliciosa fricção no meu clitóris. Entretanto, ia gemendo no meu pescoço e as vibrações disparavam diretamente para o meu centro. Eu tinha a certeza de que o meu corpo estava em convulsões naquele ponto, mas ele continuou. Por fim, soltou a pele do meu pescoço e olhou-me com um sorriso diabólico. - E a minha vez - disse ele, movendo febrilmente as ancas. Cada penetração fazia um baque quando pele chocava com pele. Eu estava intensamente consciente de que os seus movimentos estavam a fazer-me recuar na cadeira, mas não me importava. Senti as minhas paredes fecharem-se de novo à sua volta quando explodi noutra onda daquele oceano de orgasmos. - Raios partam - murmurou Noah. E depois deixou cair a minha perna esquerda e tirou o pénis de dentro de mim mesmo antes de o seu sêmen disparar em jatos. Senti o líquido quente contra a pele macia do meu sexo e observei-o com um enorme fascínio, enquanto ele deslizou a mão para trás e para frente a todo o comprimento. O seu peito subiu e a cabeça caiu para trás, enquanto um gemido baixo reverberou no seu peito. Eu queria fodê-lo de novo só para ver tudo outra vez. Depois de ele esvaziar toda a sua semente, o seu rosto caiu para frente e ele olhoume nos olhos. Os seus músculos do peito fletiram--se quando ele inspirou profundamente para controlar a respiração. Ele soprou rapidamente o ar e depois inclinou a cabeça para o lado antes de me dar um suave e demorado beijo.


- Estás bem, gatinha? - perguntou ele, pegando no meu queixo com uma mão e passando o polegar pelo meu lábio inchado dos beijos. Eu beijei a ponta do seu polegar e acenei preguiçosamente, porque não conseguia fazer mais nada. Ele levantou-se e puxou as calças o suficiente para que elas não caíssem até aos tornozelos. Quando se voltou e se dirigiu para o bar, as covinhas das suas costas sorriram-me e a Galdéria acenou-lhes afetadamente. Acho que a pequena ordinária já estava a pensar num segundo round com o Pénis Maravilhoso. Noah desapareceu atrás do balcão do bar e eu baixei a saia. Segundos depois, ele voltou para junto de mim com uma toalha molhada. — É um dos muitos benefícios de ter um bar completo na sala de entretenimento — disse ele com uma expressão divertida. Limpou as minhas partes íntimas com movimentos suaves contra a minha carne. - Estás dorida? — perguntou ele, voltando para o bar. — Bolas, Noah! — disse eu, irritada, e baixei a saia. — Aprecio a tua preocupação, mas... - Calei-me ao ver a expressão de expectativa no seu rosto. Ele esperava que eu estivesse dorida. - Sim, Noah - admiti. - Tu bombardeaste bem a minha vagina. Não vou conseguir andar durante dias. A verdade é que as minhas pernas estavam doridas e a Galdéria estava mesmo a lamber as feridas, embora num contentamento feliz. Ele esboçou um enorme sorriso presumido e eu percebi que lhe tinha massajado excecionalmente bem o ego. - Ei, Noah? - disse eu, chamando-o. -Sim? - Sabes todos aqueles vampiros supersensuais da televisão com os seus rabos duros, cabelos de sexo e rostos tão lindos que nos fazem ter um orgasmo com um único olhar? Ele franziu uma sobrancelha com uma expressão desaprovadora. — Eles não chegam aos teus calcanhares. Tu és muito mais sensual e muito mais exótico, e, embora não tenha visto o deles acho muito difícil de acreditar que algum possa ter um membro maior do que o teu. Tu és de ouro, querido. Ele riu-se e depois mordeu o canto do lábio. - Au, bolas - disse ele gravemente. - Só estás a dizer isso porque é verdade. Eu ri-me e abanei a cabeça. - Tu és um cretino convencido. - Lá estás tu a ofender-me. Sabes que esta tua obsessão começa a ser doentia. - Ele pegou nas minhas mãos e puxou-me para eu me levantar antes de colocar os meus braços à volta do seu pescoço e me rodear a cintura. Eu pus-me em bicos de pés e beijei-o suavemente. Eleja não estava a sangrar e não estremeceu de dor, por isso passei a língua pelo seu lábio inferior. Ele concedeu-me o meu desejo não verbalizado de intensificar o beijo e acariciou-me suavemente a língua com a sua. Foi o beijo mais doce que demos desde a minha chegada. Esperei que tivéssemos outros mais assim e constatei que não me odiava por isso.


Afinal de contas, o nosso acordo de neg처cios talvez n찾o fosse assim t찾o mau.


9 Cheira-me a bacon! Lanie Chamo-me Lanie Talbot e sou... viciada em rabos. Em minha defesa, o rabo de Noah era ridiculamente fabuloso. Era muito redondo, firme e atrevido. Tinha duas covinhas mesmo por cima, no fundo das costas, e depois havia um pequeno alto macio que se arredondava deliciosamente em duas bochechas musculosas que se encovavam quando ele as fletia. Se acrescentássemos a isso a delícia cremosa da pele, tínhamos uma visão de um rabo divinal. Era de manhã e Noah estava deitado de barriga para baixo enquanto eu estava inclinada de lado ao seu lado. Ele ainda dormia e eu estava a contemplar toda a sua glória nua. Ele tinha afastado a roupa durante a noite e quando acordei fui imediatamente saudada pela visão gloriosa do seu delicioso corpo na sua forma pura. Ele era magnífico. Embora eu adorasse a forma como as roupas lhe ficavam, isto era muito melhor. Observei as suas costas a subir e descer ao ritmo das suas respirações regulares. Todos os músculos estavam definidos e os meus dedos morriam de vontade de os contornar. O seu rosto estava voltado para mim e maravilhei-me com o comprimento das suas pestanas escuras e grossas. O facto de não se ter barbeado durante o fim de semana tinha deixado a sombra visível de uma barba no seu maxilar forte. Eu gostei bastante e tomei nota mentalmente para tentar encontrar uma forma de convencê-lo a andar assim mais vezes, e que se lixasse a América empresarial. Ele tinha os lábios ligeiramente franzidos e havia uma ligeira ferida no lábio inferior, uma lembrança da nossa sessão erótica no dia anterior, quando ele tinha mais do que realizado a minha fantasia tie vampira malvada. Um sorriso aflorou nos meus lábios e estiquei-me para lhe tocar suavemente no rosto. Enquanto passava delicadamente a ponta do polegar pelo seu lábio inferior, ele gemeu e depois mexeu-se. Eu sabia que provavelmente não devia tê-lo acordado antes do toque do despertador, mas não consegui resistir. Lábios como aqueles tinham de ser tocados. Os seus olhos abriram-se e fixaram-se imediatamente nos meus: lagos rodopiantes de verde, castanho, azul e cor de âmbar tão ricos e profundos que era possível uma pessoa afogar-se neles. - Bom dia — balbuciou ele na sua voz matinal. Franziu os lábios e beijou a ponta do meu polegar. - Desculpa. Não queria acordar-te - menti, afastando a mão. - Não faz mal. Que horas são? - Ele soergueu-se apoiado nos cotovelos e olhou para o despertador que estava na mesa de cabeceira ao seu lado. Resmungou quando viu as horas e deitou-se de costas. -Porra. Tenho de me levantar para ir trabalhar.


— Suspirou e passou as mãos pelo rosto. - Queres que te prepare o pequeno-almoço? As suas mãos caíram do rosto e ele olhou-me, surpreendido. - Tu sabes cozinhar? Eu soltei uma risada porque, aparentemente, estava a amolecer. - Sim, Noah. As pessoas da classe trabalhadora têm de fazer esse gênero de coisas, a menos que queiram morrer de fome. - Sabes fazer bacon e ovos? - O seu rosto iluminou-se com uma adorável expressão esperançada. Eu revirei os olhos e acenei afirmativamente. - Como é que gostas dos ovos? - Médio-bem? - Eu posso fazer isso, Noah. Posso fazer-te o pequeno-almoço assim — disse eu sedutoramente, brincando com as suas palavras da noite anterior. Parecia que eu estava a oferecer-lhe a mesma coisa que ele me tinha oferecido, porque juro que ele ficou com uma ereção. - Boa! Vou só tomar um duche e vestir-me. - Ele saltou da cama num piscar de olhos e eu fiquei a olhá-lo. Sim, estava a comer o seu rabo, uma verdadeira obra de arte, com os olhos. Também me levantei e vesti uns calções e uma camisola de alças. Ficaria assim até poder tomar um duche. No andar de baixo, tirei uma frigideira de um daqueles suportes todos cheios de mariquices pendurado por cima da ilha central e pousei-a no fogão. O fogão. Deixem-me falar-vos sobre esta coisa. O próprio Gordon Ramsey não conseguiria perceber como funcionava. Havia botões e manípulos que nunca mais acabavam e raios me partissem se eu sabia o que cada um deles fazia. Por isso, como fiz com o comando à distância, comecei a carregar em tudo o que via. Tive uma breve recordação daquele dia e estremeci, mas fiquei aliviada quando carreguei no botão certo à segunda tentativa. A primeira tentativa? Nem sequer vamos falar sobre isso. As minhas sobrancelhas ainda estavam relativamente intactas e só havia um ligeiro cheiro a cabelos chamuscados no ar. Dancei até ao frigorífico e tive de desviar algumas coisas para encontrar o — notem bem — bacon cortado no talho. Mmmmmm. Aparentemente, Noah Crawford não comia uma carne qualquer. Abanei a cabeça., espantada com a excentricidade, e peguei nos ovos. Depois de lavar muito bem as mãos, preparei a minha bancada. O bacon estava na frigideira e quase a precisar de ser virado quando o braço de Noah me rodeou a cintura por trás. Senti a sua mão a roçar o meu ombro e os meus cabelos foram puxados para trás para revelar o pescoço. Eu desviei instintivamente a cabeça para o lado para o tentar e estremeci nos seus braços quando a ponta do seu nariz percorreu o meu pescoço e ele inspirou profundamente. Noah


- Céus, isto cheira bem - sussurrei ao seu ouvido. - E a comida também não cheira nada mal. Cheirava maravilhosamente bem, mas alguma coisa ao vê-la ali no meu fogão, a cozinhar-me o pequeno-almoço, fez-me querer prová-la mais. Enfiei o lóbulo da sua orelha na boca e brinquei com ele com a língua, enquanto as minhas mãos deambulavam pela sua pele sedosa. — Estou a tentar cozinhar, Noah. — Ela soltou uma risada e aquele som enviou ondas de choque para o meu membro. - Então, cozinha. - A minha mão deslizou para baixo da sua camisola e brinquei com o cós dos calções de algodão. Senti o seu pulso acelerar sob a minha língua quando lhe beijei o pescoço. — A menos que queiras bacon queimado, é melhor parares com isso. Distrai imenso. — Não queimes o meu bacon, Delaine. - A minha voz foi sedutora mas também autoritária, como eu sabia que ela gostava secretamente. Enfiei a mão dentro dos seus calções e agarrei-a com a minha mão enorme. Ela ofegou e tentou virar-se para me olhar, mas o meu aperto manteve-a no lugar. - Não, não, Delaine. Tens de vigiar a frigideira - recordei-lhe. -Porque se queimares o meu bacon, vou ter de te castigar. Ela lançou-me um meio sorriso sedutor. Sim, ela queria ser castigada quase tanto como eu queria castigá-la. Jesus, eu adorava os nossos joguinhos. Abri os seus lábios e deslizei os meus dedos compridos entre as pregas já húmidas. Eu adorava a forma como ela estava sempre tão recetiva ao meu toque. Por isso pressionei todo o meu corpo contra as suas costas para lhe dar mais. Sabia que ela sentia o meu membro a endurecer contra ela e também sabia que ela gozava tanto como eu com aquilo. Continuei o ataque ao seu pescoço, deixando os dedos da outra mão descer até encontrar um mamilo duro. Ela arqueou as costas e pressionou o rabo contra a minha ereção quando eu lhe dei um ligeiro beliscão. - Noah... — Chiu... bacon — sussurrei eu contra ela. Eu queria brincar com ela, ver até que ponto ela era boa a fazer várias coisas ao mesmo tempo. Por isso, retirei as duas mãos e empurrei lentamente os calções pelas ancas curvilíneas até eles descerem pelas pernas. - O que estás... Eu respondi à pergunta quando lhe abri as pernas e enfiei dois dedos dentro dela por trás. Enquanto me movia dentro dela com a mão direita, a esquerda abriu rapidamente as minhas calças e o pénis ficou solto. Eu estava plenamente consciente de que provavelmente associaria para sempre o cheiro de bacon com o que estava prestes a acontecer. E, como os cães de Pavlov, era muito provável que tivesse uma forte ereção sempre que sentisse aquele cheiro à minha volta. Mas era um risco que eu estava disposto a correr. — E os meus ovos? — perguntei enquanto os meus dedos entravam e saíam de dentro dela. — Vá lá, Delaine. Estou esfomeado. Mãos trêmulas pegaram nos dois ovos e partiram-nos um contra o outro para quebrar


a casca de um deles. Ela ia entrar no jogo. Eu adorava que ela fosse tão aventureira. Retirei os dedos quando ela deitou cuidadosamente o primeiro ovo na frigideira. Quando ela partiu a casca do segundo contra o rebordo da frigideira, eu puxei as suas ancas para trás e empurrei ligeiramente o fundo das suas costas para baixo para obter um arco perfeito. — Não rebentes a gema — avisei, e depois entrei nela ao mesmo tempo que ela deitou o segundo ovo na frigideira. Ela deu um salto e quase rebentou a gema, mas recuperou bem e conseguiu manter o centro amarelo intacto. A assombrosa Delaine era inacreditável. Em todas as minhas relações anteriores, eu nunca tinha encontrado uma vagina tão doce como a dela. Era quente, a sua carne era sedosa e abraçava o meu membro com mais força do que qualquer outra que eu tivera a oportunidade de penetrar. Recebia-me e apertava-me possessivamente como se nunca quisesse soltar-me. Eu era seu escravo, o que era irônico pois era suposto ser ela a minha escrava. Ela representava bem o seu papel, não se enganem, mas aquela sua rata era minha dona. E eu não me importava nem um pouco. Fleti ligeiramente os joelhos e mantive-a em posição, enquanto entrava e saía lentamente dentro dela. Ela estava tão surpreendente a envolver o meu membro que perguntei a mim mesmo se alguma vez conseguiria fartar-me dela. Quando ela virou a cabeça e me olhou por cima do ombro, enquanto mordia aquele maldito lábio inferior, eu percebi que a resposta era não, nunca me fartaria dela. Agarrei numa mão cheia dos seus cabelos e puxei, obrigando-a a arquear ainda mais as costas até aquela deliciosa boca estar ao meu alcance. Reclamei a num beijo ardente e ela gemeu para a minha boca. - É o bacon que me cheira a queimado? - perguntei contra os seus lábios. Ela voltou-se para a frigideira e virou-o com mãos trêmulas. Eu mantive uma mão nos seus cabelos e a outra na sua anca enquanto aumentava o ritmo e a urgência dos movimentos. As nádegas do seu rabo perfeito tremiam a cada baque das minhas ancas contra elas e não consegui desviar o olhar. Como queria ver o tesouro escondido entre aqueles dois altos celestiais, agarrei nas suas ancas com as duas mãos e usei os polegares para abri-la. Gemi quando o jardim de prazer proibido foi revelado. A sua entrada traseira desafiou-me com o seu retesamento e senti o meu membro ficar impossivelmente mais duro. - Foda-se, querida — gemi. - O teu rabo é tão lindo. Mal posso esperar para enfiar o meu pénis nele. Senti o seu corpo retesar-se e ela olhou-me novamente. - Agora não, Delaine, mas em breve - garanti-lhe. - Confia em mim, da maneira que és tarada, vais adorar. Passei o polegar pela entrada e pressionei até ele entrar. Ela arquejou e depois senti as paredes do seu sexo a contraírem-se à volta do meu membro. Senti o pulsar do seu orgasmo quando a sua cabeça caiu para a frente e ela se agarrou à bancada para não cair enquanto um gemido crescia a cada estremecimento. - Sim, isto é apenas uma amostra do que será.


Mordi o lábio inferior e segurei-lhe as ancas, enquanto a atacava, aumentando o seu prazer. Os meus testículos endureceram e uma fantástica sensação de euforia invadiu-me o corpo até explodir de mim como fogo-de-artifício. Intensifiquei o aperto nas suas ancas, mas naquele momento não me preocupei se estava a magoá-la. Um rugido longo e selvagem saiu do meu peito quando Delaine rodou e empurrou as ancas para mim vezes sem conta até eu libertar todo o meu sêmen. Soltei-lhe as ancas e pousei as mãos ao lado das suas na bancada e depois empurrei para a prender, a transpirar contra o seu ombro. Entre respirações muito necessárias, consegui depositar alguns beijos castos aqui e ali. Acima de tudo porque não conseguia fartar-me dela, mas também como uma forma de agradecimento. Sim, olhem para mim. Esta mulher tinha a missão de me foder e eu estava a agradecer-lhe por me deixar fazer isso. No entanto, era melhor do que nada, certo? A sua voz suave quebrou o silêncio. - Humm, Noah? Acho que deixei queimar o bacon. Eu ergui a cabeça e olhei para a frigideira. Evidentemente, o bacon parecia carvão e a gema do ovo, que agora mais parecia borracha, estava rebentada. Deixei cair a cabeça e ri-me contra o seu ombro enquanto a abraçava. - Não faz mal, querida. Eu não tinha assim tanta fome. - Mas... ainda me vais castigar, certo? — Que maravilha, ela queria mesmo que eu a castigasse. - Oh, podes acreditar que sim. Ao meio-dia estava sentado à minha secretária, incapaz de me concentrar no que quer que fosse porque não conseguia parar de pensar em Delaine. Ouvi um toque na porta antes de esta se abrir e Mason entrar. — Quatro fatias de bacon, dois ovos médio-bem passados e torradas — disse ele com um franzir de sobrancelhas intrigado enquanto pousava a caixa à minha frente. Pequeno-almoço para o almoço? - Mason tinha passado o dia inteiro a olhar para mim de uma forma estranha e eu começava a ficar irritado. Eu encolhi os ombros. - Que queres que te diga? Tive um desejo. Polly entrou no escritório e parou ao lado dele. — Tens sorte porque o restaurante ao fundo da rua serve pequenos-almoços 24 horas por dia. Eu lancei a Mason um olhar interrogativo. - De qualquer maneira ela vinha para cá, por isso pedi-lhe para trazer o teu almoço. Ele encolheu os ombros. - Tu estás sempre a dizei-que eu devia aprender a delegar. - Ei! - disse Polly num protesto fingido, enquanto lhe dava um murro brincalhão no braço. — Tu não delegas na tua mulherzinha, imbecil. - Sim, pois, que tal se tu e a tua mulherzinha fossem brincar para eu poder apreciar o meu almoço em paz? - sugeri eu, enquanto abria a embalagem. O cheiro do bacon trouxe imediatamente de volta a recordação daquela manhã e a parte da frente das minhas calças ficou esticada. Quase senti a humidade apertada de Delaine a envolver o meu membro, enquanto eu me movia dentro dela. Raios, sentia a


sua falta. - Na verdade, há uma coisa que quero conversar contigo — disse Polly, arrancando-me do meu mundo de fantasia. Eu olhei para ela e apontei para o meu almoço. - Pode esperar? Isto não vai saber muito bem quando estiver frio. - Não, não pode - disse ela, sentando-se à frente da minha secretária. - Podes comer. Eu não me importo. E como eu sabia que ela ficaria a andar de um lado para o outro à porta do meu escritório enquanto eu comia, com várias interrupções para saber seja tinha terminado, desisti. Polly podia ser uma chata insistente quando queria alguma coisa. - Muito bem, o que há de tão importante? Mason pigarreou e começou a recuar para a porta. - Se precisares de mim, estou na minha secretária. Eu percebi a expressão de apreensão no seu rosto e aquilo foi um sinal de que não ia gostar do que ela tinha para me dizer. Como já disse, Mason é o oposto de Polly. Ele sabia quando ignorar uma coisa, ao passo que Polly insistia até conseguir o que queria. Eu peguei numa tira de bacon e dei-lhe uma dentada, enquanto esperava que ela começasse. - Este fim de semana estava a conferir o teu livro de cheques, a pagar as contas da casa e outras coisas, quando encontrei um movimento de uma soma avultada que foi transferida da tua conta pessoal para uma conta em Hillsboro, Ilinóis - começou ela num tom interrogativo. - E? — comi um pouco dos ovos. Precisavam de sal. - E... dois milhões de dólares? Eu sei que não é da minha conta, Noah, mas que diabo? - Tens razão, não é da tua conta — disse eu, perdendo o apetite de repente. Eu sabia que ela veria a transação, mas ela nunca me tinha interrogado sobre os meus gastos extravagantes antes. Mas, afinal de contas, a última vez que eu tinha gastado uma quantia remotamente parecida com aquela fora para comprar o meu Hennessey Venom GT Spider. Polly semicerrou os olhos, desconfiada. - Estás a fazer alguma coisa ilegal? - Estou a avisar-te, Polly. Esquece o assunto — disse eu no meu tom mais ameaçador. - A última vez que verifiquei, eu era o patrão e tu a funcionária. Por isso, não venhas fazer-me um interrogatório sobre uma coisa que não é da tua conta. - Tu não me metes medo, Noah Patrick Crawford - disse ela, levantando-se e esticando-me um dedo. — Passa-se alguma coisa, e eu não sei o que é, mas vou continuar a investigar até descobrir. E não penses que não reparei que a transação aconteceu na mesma altura em que a Lanie apareceu. Ela estava a irritar-me. Senti a veia da minha testa a latejar. - Delaine - corrigi. - Não, ela pediu-me para lhe chamar Lanie. Acho que prefere o diminutivo ao nome, mas tu deves saber isso uma vez que estão tão apaixonados - disse ela, cruzando os


braços no peito. — O que é que se passa entre vocês? Porque eu não caí na história da treta de «conhecemo-nos à porta de um espetáculo de travestis em LA e apaixonámonos». Tu és muitas coisas, mas não te interessas por tipos. As minhas sobrancelhas ergueram-se de repente até à linha do cabelo e quase me engasguei com a minha própria saliva. - Ela dissete que nos conhecemos num espetáculo de travestis? Parecia uma coisa que Delaine diria. Não fiquei muito surpreendido. Na verdade, até era divertido. Foi então que tive uma idéia que as lixaria às duas - Polly por meter o nariz onde não devia e Delaine por ter mencionado o espetáculo de travestis. - Ela contou-te que tem um pénis? Não me lixes! - o queixo de Polly caiu de choque e depois ela fechou rapidamente a boca e ficou pensativa. - Espera um pouco. Semicerrou os olhos, desconfiada, e pousou uma mão na anca. - Eu vi-a nua. Definitivamente, ela não tem um pénis. — Já não - acrescentei eu. — Para que pensas que foi o dinheiro da conta? Quase consegui ver o hamster a correr na roda dentro da sua cabeça, enquanto ela processava o que eu acabara de lhe dizer. — Oh. Meu. Deus! A Lanie mudou de sexo? Eu encolhi os ombros. — Não vejo qual é o grande problema. Ela chamava-se Paul. No entanto, agora parece bastante convincente, não parece? — Mas tu não gostas de gajos. — Ela não é um gajo... agora. - Entrelacei os dedos e pu-los atrás da nuca, reclinandome na cadeira. - Mais alguma pergunta? O olhar de Polly estava perdido, aturdido, mas por fim ela abanou a cabeça. Começou a dirigir-se para a porta, mas eu chamei-a antes de ela sair. — Oh, Polly? - Ela voltou-se para me olhar. - Isto tem de ser o nosso segredo. Não podes contar a ninguém, especialmente à Delaine. Ela é muito sensível em relação a este assunto e só quer ser aceite como a mulher que sempre se sentiu por dentro. — Oh, sim, claro que sim. — Ela acenou veementemente, enquanto me olhava desdenhosamente e depois rodou a maçaneta para sair. Eu fiquei muito orgulhoso de mim mesmo por ser capaz de pensar tão depressa. Quando Delaine descobrisse o que eu tinha feito ia ficar megairritada. Para mim, isso traduzia-se noutra escapadela sexual épica. Pum, pum, pum. Golpe triplo. Eu parei-a de novo. — Mais uma coisa. Estou a brincar. — Sobre o quê? — Sobre tudo, Polly. Inventei tudo. A Delaine nunca foi um homem chamado Paul e é claro que não tem, nem nunca teve, um pénis - disse eu, a rir. — Mas, céus, devias ter visto a expressão na tua cara. — Ugh! Noah Patrick Crawford! - sibilou ela entredentes, enquanto avançava para mim. - Eu devia dar-te uma tareia! Ela rodou a carteira c bateu-me na nuca. - Au! - exclamei eu a rir, desviando-me para evitar mais golpes.


- Vou contar-lhe isto! — disse ela, batendo-me novamente. Eu esperava bem que sim. Ela recuou e pareceu ficar tudo bem. - Escuta, não me surpreende que ela tenha dito que nos conhecemos num espetáculo de travestis. Ela tem um sentido de humor muito estranho, Polly. É impossível saber se o que ela está a dizer é verdade ou se está a enganar-nos — expliquei. — Ê uma das muitas coisas que adoro nela. Mas a verdade é que nos conhecemos numa conferência. A verdade verdadeira era que a maior parte do que eu tinha dito era realmente verdade. - Aparentemente, ela não é a única que conta tretas por aqui - disse ela com as mãos nas ancas. Depois, suspirou e disse: - Muito bem, chegou o momento das confissões. Quando vi aquela transferência enorme, comecei a pensar e nada fazia sentido. Por isso fiz algumas investigações e, curiosamente, não consegui encontrar nenhuma viagem para LA na altura em que devias andar com ela. E, embora não soubesse o seu apelido, também não encontrei ninguém chamado Delaine ou Lanie em nenhum voo de LA no dia em que ela apareceu. - Ela inspirou. -O que encontrei foi um recibo de um clube muito fino que por acaso pertence a um Scott Christopher. Uma pequena investigação sobre ele revelou acusações por tráfico. Tráfico de seres humanos. Mulheres, para ser mais específica. Por isso — concluiu ela com um suspiro -, queres dizer-me quem é realmente a Lanie? Puta da minha vida! A filha da mãe da gaja estava a lixar-me. - É complicado, Polly - disse eu, derrotado. Raios, precisava de um cigarro e de um shot de Patrón. - Noah. — A sua voz soou muito mais baixa e ela olhou-me com uma expressão de pena, enquanto se sentava à minha frente. - Compraste-a, não foi? Eu mordi o interior da bochecha e fiquei a olhar para ela. Obviamente, ela interpretou a minha reação como uma resposta afirmativa. - Não te vou perguntar porquê, porque tenho quase a certeza de que já sei a resposta. Mas a Lanie... ela é uma boa miúda. Porque é que ela faria uma coisa destas? — Não sei — respondi honestamente. — Concordámos em não falar sobre o assunto. — E não achas que devias descobrir? — perguntou ela, incrédula, a agitar as mãos no ar. — Só porque não podes falar com ela sobre isso não significa que não podes fazer algumas investigações por tua conta. Jesus Cristo, Noah. Usa a cabeça que tens sobre os ombros em vez da que tens entre as pernas. Quem sabe o sarilho em que ela pode estar metida? Ela estava a arriscar muito ao falar assim comigo, mas se alguém podia safar-se com isso, esse alguém era Polly. Ela era demasiado alegre e amorosa para eu me passar com ela. Seria como atacar uma menina do quarto ano. Além disso, ela estava certa. E se eu não andasse tão distraído ultimamente, teria feito exatamente o que ela tinha sugerido. Delaine tinha um jeito especial para me fazer esquecer quem eu era. Não que eu não tivesse meios para saber mais sobre ela, possivelmente até o motivo que a levara a aceitar aquele contrato. Talvez uma parte de mim apenas quisesse viver no mundo de fantasia que tinha criado com ela.


Quero dizer, aquilo não mudava nada. Eu comprara-a. Mas, se ela tivesse problemas, talvez eu pudesse ajudá-la. Afinal de contas, uma grande parte do que eu fazia na Scarlet Lotus era gerir os nossos donativos para caridade. A minha mãe tê-la-ia ajudado. Ela não a teria comprado nem lhe teria tirado a virgindade, e provavelmente matar-me-ia se soubesse o que eu tinha feito, mas ainda assim... — Então? - perguntou Polly, obviamente à espera de uma resposta minha. Eu suspirei. — Vou fazer algumas investigações - cedi. - Agora queres fazer o favor de te ires embora e parares de me chatear, sua meiga? — Claro que sim — disse ela, voltando ao tom alegre de sempre e afastando-se praticamente a saltitar até à porta. — De qualquer maneira, eu ia visitar a Lanie. Tenho a certeza de que ela vai gostar de ter companhia. — Não fales sobre isto com ela, Polly. Não estou a brincar. — Está bem, está bem — disse ela, levantando as mãos num gesto de rendição. - E a propósito, estás despedida. Ela revirou os olhos, sabendo que era mentira, e disse: - Mmm, está bem. Deixei a tua roupa na lavandaria. Por isso vejo--te amanhã? - Sim, até amanhã. Quando ela saiu, peguei na embalagem com o almoço não comido e deitei-a no lixo. Frustrado, dei na secretária o murro que queria dar a mim mesmo. Devia ter sido mais esperto em relação a isto. Devia ter sido um pouco menos egoísta, um pouco menos pervertido — um pouco menos excitado. Abri a lista de contatos no meu computador e encontrei o número que procurava. Brett Sherman era um implacável detetive particular que eu tinha contratado quando as coisas tinham azedado com Julie. Pensei que ela poderia arranjar alguma coisa para fazer chantagem comigo ou algo desse gênero, por isso tinha-o contratado para descobrir todos os seus podres antes sequer de ela tentar alguma coisa. Desde então, usava-o ocasionalmente. O cabrão cobrava couro e cabelo, mas o trabalho que fazia valia cada tostão. Marquei o número e fiquei agradavelmente surpreendido quando ele atendeu ao primeiro toque. - Brett Sherman. - Brett, é o Noah Crawford — disse. - Sr. Crawford! Que posso fazer por si? — Ele tinha ficado obviamente satisfeito por ouvir a minha voz. - Preciso que descubra tudo o que for possível sobre uma senhora chamada Delaine Talbot, de Hillsboro, Ilinóis — disse eu. — Precisa de mais alguma coisa? - Uma idade seria bom. Sentime ainda mais enojado comigo mesmo porque a tinha violado de tantas formas, e tinha planos para violá-la de mais formas ainda no futuro, e nem sequer sabia a resposta para aquela simples pergunta. - Vinte e poucos - calculei.


- Isso deve ser suficiente para avançar. Telefono-lhe no final da semana disse ele, desligando abruptamente. Sherman não tinha educação para delicadezas, mas ainda bem porque eu sabia que ele começaria a trabalhar no momento em que desligasse o telefone. - Noah! — David entrou intempestivamente no meu escritório, sem ser anunciado e sem ser convidado. - Que queres? - perguntei num tom que indicava que não estava com disposição para lidar com as suas merdas. - Preciso de querer alguma coisa para vir ter uma conversinha com o meu amigo? perguntou ele com um sorriso arrogante, sentando-se numa cadeira e pondo os pés em cima da minha secretária. - Tu e eu não somos amigos há muito tempo, David. E duvido que alguma vez tenhamos sido verdadeiramente amigos. - Inclinei--me sobre a secretária e empurrei os seus pés para o chão. E não fui nada meigo. - Oh, não sejas assim, Noah — disse ele com um amuo fingido. — Já não tens tesão por aquela Janet, pois não? - Julie, e vai-te foder. - Não, tu é que te vais foder - disse ele, como se tivesse sido insultado. — Não posso acreditar que deixaste uma gaja meter-se entre nós, meu. O que aconteceu a irmãos antes de gajas? - Acabou-se o tempo da conversa da treta, Stone. Sai daqui ou ponho-te na rua — disse eu entre dentes cerrados. David levantou-se e começou a dirigir-se para a porta. - Juro que não percebo porque é que ainda estás tão danado por causa daquela ordinária. Eu dissete, meu. Ou pelo menos tentei dizer--te. Elas são todas umas putas que só estão interessadas em dinheiro. Come-as e desiste delas, ama-as e deixa-as... não importa — disse ele com um encolher de ombros. - Só não te envolvas emocionalmente e nunca, jamais, as deixes verem-te arrependido, mano. Eu trocei, - Como se eu aceitasse conselhos sobre relações vindos de ti. - Diz o que quiseres sobre mim, mas as senhoras matam-se para me terem. - Ele sorriu e depois agarrou no material. - Espera só até veres o meu par para o baile. Uau! Ela é uma brasa do caraças - disse ele com um piscar de olho. - Puta deve ser um termo mais adequado - murmurei eu quando ele saiu. Ouvi o filho da mãe arrogante a cumprimentar Mason exuberantemente, como se fossem velhos amigos de liceu, e aquilo fez o meu olho tremer de fúria. Eu odiava-o profundamente. Durante todas as nossas vidas, ele sempre tivera de ter tudo o que eu tinha. Eu pensava que era uma daquelas coisas que os melhores amigos faziam, mas David levou a coisa a um nível totalmente diferente. Os meus amigos, a minha namorada e até a minha empresa — ele queria tudo. Bem, eu tinha uma coisa que ele nunca poderia ter. Eu tinha Delaine. E raios me partissem se eu o deixaria aproximar-se dela.


O meu dia já tinha sido suficientemente complicado, por isso peguei no telefone e mandei Samuel trazer o carro. Não que eu tivesse feito alguma coisa. Arrumei as minhas coisas e disse a Mason para me ligar se alguma coisa necessitasse da minha atenção imediata. Mal podia esperar para ver Delaine e descarregar um pouco o stresse e quando Samuel chegou, eu estava a andar de um lado para o outro como um louco. Ele abriu a porta da limusina para que eu entrasse e perguntou: - Para onde, senhor? - Para casa, e quando chegarmos manda os empregados tirarem o resto do dia de folga — disse-lhe eu. — Gostaria de passar algum tempo a sós com a Delaine. - Sr. Crawford, a Lanie saiu com a Polly. Creio que foram comprar um vestido para o baile. - Esqueceste qual é o teu lugar, Samuel? — perguntei eu num tom calmo, porque ele acabara de lhe chamar Lanie e aquilo não era nada típico dele. - Ela chama-se Delaine. - As minhas desculpas, senhor, mas ela pediu-me para lhe chamar Lanie. O meu maxilar cerrou-se e eu estiquei o braço e fechei a porta com toda a força. Não devia ter ficado irritado, porque a culpa não era dele. Como sempre, ele estava apenas a cumprir ordens. Mas raios me partissem se não fiquei extremamente irritado com aquela merda, pois parecia que todas as outras pessoas no maldito planeta a tratavam por um nome tão informal, e no entanto ela nunca me tinha pedido para fazer o mesmo. Seria lógico que o tipo que estava a enfiar os tomates dentro dela tivesse esse privilégio. Eram aproximadamente cinco da tarde quando Polly a deixou por fim e ela entrou em casa. Não me tinha dado ao trabalho de telefonar para lhe dizer que voltaria cedo para casa, por isso ela ficou surpreendida quando abriu a porta e me encontrou sentado num dos bancos do átrio. O meu joelho balançava como doido e os meus cabelos estavam despenteados porque quase os tinha arrancado de impaciência. - Oh! Noah — disse ela com uma expressão de choque. — Não te esperava em casa tão cedo. - Obviamente - disse eu com algum ressentimento na voz. - Onde raio te meteste Delaine? - Fui às compras com a Polly. Ela disse que havia um evento da empresa este fim de semana e insistiu para que eu mandasse fazer um vestido novo — disse ela, revirando os olhos. - Eu dissete que queria saber onde estás em todos os momentos. Porque é que não me telefonaste? - Percebi que parecia um louco, mas que diabo, estava furioso. Fez-se silêncio e ela continuou a olhar-me como se esperasse que a minha cabeça fosse explodir. - Um dia mau? - perguntou ela depois do que pareceu uma eternidade. Baixei a cabeça e olhei para o chão. - Sim, pode dizer-se que sim - murmurei. Delaine pousou os sacos no chão e aproximou-se de mim. Quando eu não levantei os olhos para ela, ela ajoelhou-se à minha frente e observou o meu rosto. Sem uma palavra, segurou-o com as mãos e encostou os lábios aos meus. O que começou como um beijo doce que se destinava a acalmar-me escalou rapidamente para uma ardente troca de


desespero. - Deus, também senti a tua falta — murmurou ela entre beijos. “Deixei passar sem comentários o facto de ela não ter dito o meu nome em vez de ‘Deus”, porque não conseguia preocupar-me com aquela merda quando ela estava a esfregar-se em mim e a aproximar o mais possível os seios do meu peito. Ela passou o casaco pelos meus ombros e, enquanto eu o sacudia, foi direta à fivela do cinto. Depois, despiu-me rapidamente as calças e afastou o elástico dos meus boxers para revelar o meu membro. É claro que eu já estava com um tesão enorme porque ela tinha esse efeito em mim. Um gemido quase imperceptível escapou dos seus voluptuosos lábios cor-de-rosa quando ela me examinou. Depois, sem sequer me despir a roupa interior, agarrou na base do meu membro e mergulhou-o na caverna quente e deliciosamente molhada da sua boca. Eu soprei quando senti os seus dentes a roçarem na minha pele. Ela estava a olhar para mim e os seus lábios carnudos estavam fechados à volta do meu membro, movendo-se para trás e para a frente como se ela estivesse a morrer de fome. Depois, ela fechou os olhos e gemeu como se o meu membro fosse a melhor coisa que ela já tinha provado. Era uma visão divinal. — Delaine — disse eu, ofegante, acariciando lhe o queixo com as costas da mão. Dizer o seu nome recordou-me como, aparentemente, eu era o único imbecil que lhe chamava aquilo. Mas uma vez mais deixei passar aquela merda porque senti a ponta do pénis a tocar no fundo da sua garganta em cada movimento que ela fazia. Além disso os seus gemidos, misturados com os sons húmidos de sucção que ela emitia, ecoaram no espaço vazio que nos rodeava. O átrio tinha uma acústica fantástica. — Com mais força, querida. Chupa com mais força. Ela gemeu à volta do meu membro e depois cumpriu o desafio. Reposicionou-se para ter um ângulo melhor e começou a trabalhar no meu membro. Mais depressa, com mais força — e, que diabo, estava a ir ainda mais fundo. Eu podia ter posto as mãos na sua cabeça para ajudada, mas não interferi. Queria que ela fizesse tudo sozinha. Ela abrandou abruptamente e mergulhou o mais que conseguiu no meu membro. Depois, senti-a a engolir à sua volta, enfiando-o ainda mais na garganta. A minha miúda conseguia enfiá-lo até ao fundo da garganta de uma forma que parecia impossível. — Raios, raios, raios - entoei eu quando um orgasmo veio do nada e me abalou profundamente. A minha ejaculação foi intensa e violenta e o sêmen disparou do meu membro para o fundo da sua garganta. Ela gemeu e fechou os olhos, engolindo o meu esperma e enterrando o meu membro mais fundo de cada vez que engolia. - Que... merda... Delaine! - ofeguei enquanto me vinha. O meu coração batia com força no peito, com força e furioso. Com um último e longo movimento de sucção, ela soltou-me. Beijou a ponta do meu membro e aquilo fê-lo estremecer, o que aparentemente a divertiu porque ela riu-se e repetiu. - Onde raio é que aprendeste a engolir tão fundo? - Talvez eu devesse ter esperado até conseguir respirar de novo antes de falar, mas queria uma resposta àquela pergunta


imediatamente. - Eu não te ensinei isso. Ela encolheu os ombros e limpou o canto da boca. - A Polly ensinou-me e eu pensei experimentar. Porquê? Não gostaste? Fiz mal? Talvez Polly se tivesse redimido um pouco. Ela pareceu tão preocupada que foi amoroso. Eu agarrei-a e beijei-a com intensidade antes de encostar a testa à sua. - Foste perfeita, Lanie. Adorei. Sim, chamei-lhe Lanie. Queria saber o que ela diria. Os seus olhos abriram-se e ela afastou-se do meu abraço. - Delaine - disse ela bruscamente, e depois levantou-se, pegou nos sacos e começou a afastar-se, Eu enfiei rapidamente o membro na roupa interior e fui atrás dela. - Oh, então o Samuel e a Polly podem chamar-te Lanie, mas eu não posso? Que raio de merda é esta? - Eles não pagaram milhões de dólares para me possuírem durante dois anos. Eles não são o meu patrão. São iguais a mim, apenas reles criados pagos para satisfazer todas as tuas necessidades. - Isso é uma estupidez - disse eu, pondo as mãos nas ancas. O gesto chamou a sua atenção para as minhas virilhas e os seus olhos mantiveram-se ali, onde as calças e o cinto ainda não estavam presos. - É o que é, Noah. É o que é. - Voltou-se e continuou a subir as escadas, pondo fim à conversa.


10 Com calma Lanie Aquele filho da mãe tinha uma lata do caraças. Usar o meu nome assim? Que diabo? Ouvi-o subir as escadas duas a duas, a correr atrás de mim, por isso estuguei o passo. - Delaine! - gritou ele, mas eu continuei a andar. Bem, naquela altura estava quase a correr porque queria afastar-me dele. Tudo isto, tudo o que eu estava a enfrentar e teria de continuar a enfrentar, já era suficientemente difícil sem que ele dificultasse tudo ainda mais. Tinha de me afastar antes de me descontrolar completamente à sua frente. - Espera raios! — gritou ele quando eu deixei cair os sacos e desatei a correr. Abri a porta de um quarto ao acaso e atirei-a com estrondo atrás de mim. Estava completamente escuro e eu não fazia idéia de onde estava, mas sabia que estava a criar um bloqueio entre mim e Noah e isso era tudo o que importava. Tateei na escuridão até encontrar o mecanismo que trancava a porta e fechei-a antes de virar as costas e de me encostar à porta. Eleja ali estava, a dar murros com os punhos do outro lado. Ouvi-o resmungar de frustração e o som quase me assustou. - Se não abrires esta porta, juro por tudo quanto é sagrado que vou arrombá-la! - Não quero falar contigo agora! Vai-te embora! - disse eu o mais alto que pude para que ele conseguisse ouvir-me acima dos murros que estava a dar na pobre e indefesa porta. - Muito bem. Tu é que sabes. Os murros pararam e eu suspirei aliviada por ele ter desistido, Tinha começado a afundar-me no chão quando ouvi o que pareceu um tenso grito de batalha do outro lado, seguido por um forte estrondo na porta que me atirou a cambalear para a frente. Consegui equilibrar-me de gatas e virei a cabeça quando a luz do corredor inundou o quarto. Noah estava no centro da soleira da porta, com os braços caídos ao longo do corpo e os ombros a subir e a descer com respirações pesadas. O seu corpo estava em contraluz, mas consegui ver a expressão ameaçadora do seu rosto. Ele parecia quase letal. - Acusas-me de te tratar como qualquer outro empregado, mas nunca escutas quando te dou uma ordem — disse ele, furioso. - Pois é, sou insubordinada. Despede-me — declarei eu, levantando--me para sair do quarto. Ele agarrou-me no braço e rodou-me até eu ter as costas encostadas à parede do lado de dentro da porta. O seu corpo estava encostado ao meu e os antebraços colaram-se à parede, a imobilizarem-me. Ele abriu-me as pernas à força com o joelho e eu senti a sua respiração quente contra o meu ouvido quando ele esmagou o alto das calças contra o meu estômago. Ele não estava a brincar quando dissera que tinha um tempo de


recuperação rápido como um relâmpago. - Porquê? Porque é que não posso chamar-te Lanie? - Ele enterrou a cabeça na curva do meu pescoço. A sua voz soou com um misto de desespero, raiva e frustração, e juro que não consegui perceber por que. Ele arrastou sensualmente os lábios pela minha pele e depois levantou a cabeça para me olhar nos olhos. Penetrantes órbitas cor de avelã refletiram uma intensidade que me chocou e me fez querer dar-lhe qualquer coisa que ele pedisse. - Eu tratei-te bem. Melhor do que poderias esperar na tua situação. E tive sempre o cuidado de que também fosses tratada de maneira adequada de outras formas. — Ele recordou-me o que queria dizer fletindo os joelhos e fazendo pressão no meu centro. Um gemido traiçoeiro escapou dos meus lábios. - Então, porquê? Dá-me um bom motivo. Que tal cinco? Porque tornava tudo isto demasiado pessoal. Porque seria difícil de mais deixá-lo ao fim dos dois anos. Porque ia ser demasiado fácil apaixonar-me por ele. Porque simplesmente não podia... Aquela era a verdade. Mas se eu lhe dissesse alguma daquelas coisas, ele ia mandarme embora e exigiria que eu lhe devolvesse o dinheiro todo. — Porque tu queres - disse eu, dando-lhe a quinta razão. — Eu quero-te. - Ele inclinou-se para a frente e puxou suavemente o meu lábio inferior com os dentes. As suas mãos deixaram a parede e ele começou a passá-las desesperadamente pelo meu corpo. — Porque é que me estás a torturar? Eu estava a torturá-lo? — Eu não te estou a torturar, Noah — suspirei. — Não te dar autorização para me chamares Lanie significa que por uma vez na tua vida não podes ter uma coisa que queres. E tu só queres isto porque não podes ter. E está a dar cabo de ti porque é uma coisa que não controlas. Tu és excessivamente privilegiado e estragado com mimos. E é bastante óbvio que tudo o que tens na vida te foi entregue numa bandeja de prata. Mas isto? Isto é pessoal. Tu tens de ganhar o direito e só eu decido quando é que fizeste o suficiente para merecê-lo. Senti as vibrações do seu resmungo contra o meu peito, recordando-me como estávamos sedutoramente próximos. Obviamente, ele não gostou da minha resposta. — Tu és minha. Talvez te tenhas esquecido. Deixa-me recordar-te. O seu corpo manteve o meu pregado à parede, mas as mãos levantaram-me a saia por cima das ancas antes de ele baixar a parte da frente da sua roupa interior e desencarcerar a fera que estava no interior. Eu compreendi perfeitamente o que Noah estava a fazer. Eu tirara--lhe o controlo que ele pensava ter e fizera-o sentir-se menos homem. Esta era a sua forma de se reafirmar. Eu esperava que sim, até ambicionava que assim fosse. Ambos sabíamos que o meu corpo reagiria. Era inevitável. Mas a minha mente, a minha alma... essas pertenciam-me e só as daria quando o considerasse merecedor. E isso nunca aconteceria. Isto não era um conto de fadas. Isto era eu a ser propriedade de um homem que pagara bom dinheiro para garantir a minha submissão física. Nada mais. E eu não ia arriscar-me daquela maneira porque via-me a apaixonar-me por Noah Crawford sem qualquer dificuldade, e era certo que ficaria com o coração partido.


— Vá. Fode-me - desafiei-o. - É para isso que aqui estou, certo? Ele parou e olhou-me nos olhos. Depois, inclinou-se até os nossos lábios quase se roçarem e perguntou: — Porque é que me vendeste o teu corpo? - O seu membro estava pressionado contra a minha entrada, mas ele não se moveu. — Foste quem pagou mais. - A ponta da minha língua tocou fugazmente no seu lábio inferior e eu arqueei as costas para tentar incitá-lo a entrar sem demora. — Não foi isso que eu quis dizer, e tu sabes. Porque é que te leiloaste? Porque é que precisavas do dinheiro? — Céus, hoje estás cheio de perguntas, não estás? - passei brincalhonamente as mãos pelos seus cabelos e tentei mover as ancas para que o seu pénis entrasse em mim, mas ele recuou o suficiente para boicotar o meu esforço. — Responde à porcaria da pergunta e para de tentar foder-me -disse ele violentamente. — Porquê? Não me queres foder? Ele prendeu as mãos atrás das minhas coxas, erguendo-me do chão, e depois enfiou o membro em mim. Num movimento rápido, entrou completamente dentro do meu corpo. Eu arquejei e apertei os seus ombros. — Diz-me. Parece que te quero foder? — Ele girou as ancas para se enterrar mais em mim. - É evidente que é a única coisa em que penso ultimamente. Estou tão viciado na tua maldita rata que não consigo pensar racionalmente. Agora, para de tentar distrair-me e responde à pergunta. Ele manteve as ancas imóveis e recusou mexer-se mais, embora eu estivesse a tentar fazer alguma fricção. — Noah, por favor — implorei como uma leviana desavergonhada. Sentia o seu tesão a esticar-me e queria mais. Ele inclinou-se para a frente e a sua voz rouca infiltrou-se no meu ouvido, provocandome arrepios nas costas. — Responde à pergunta e prometo que te dou o que queres. Porque tu também queres. Não queres, Delaine? Tu queres foder-me tanto quanto eu te quero foder. Raios, pensa nisso... o meu membro grosso a mover-se dentro desse teu sexo pequeno. A entrar e a sair até parecer que vais explodir. Eu gemi e deslizei as mãos por baixo dos seus braços e pelas costas até conseguir enfiá-las nos boxers para lhe apertar o rabo. Depois, rolei as ancas na fração de espaço que tinha,desesperada para sentir o orgasmo entorpecedor que sabia que ele me podia dar. - Sim, tu gostas dessa idéia, não gostas, gatinha? - Ele chupou-me o lóbulo da orelha e mordiscou-o, brincalhão. - Só tens de responder à pergunta. Eu já estava à beira de perder o controlo, e depois ele tinha de me chamar "gatinha". Ultimamente ele fazia aquilo muitas vezes, e sempre que isso acontecia atirava-me para um abismo de loucura. Eu queria-o tanto que pensei que ia chorar. E ele cheirava tão bem que juro que provavelmente poderia vir-me só com o seu cheiro. Choraminguei de frustração, porque sabia que não podia dar-lhe a resposta que ele queria, do mesmo modo que sabia que ele não ia dar-me o que eu queria se eu não lhe dissesse.


- Não me vais dizer, pois não? - Não - respondi, soltando um suspiro de frustração. - Tal como o meu nome, a minha razão para o contrato também é pessoal. Ele fechou os olhos com força e eu vi os músculos do seu maxilar a mexerem-se enquanto ele rangia os dentes. Ele saiu abruptamente de dentro de mim e pôs-me no chão. Vestiu rapidamente as calças e apertou o cinto. Tinha de doer, porque ele continuava duro como granito. Ele resmungou de desconforto, confirmando as minhas suspeitas. Quando acabou de se vestir, olhou-me, abanando a cabeça, desapontado, e depois saiu do quarto sem uma palavra. Eu caí no chão, com os joelhos encostados ao peito e o rosto enterrado nos braços. E foi então que tudo se abateu sobre mim. A doença da minha mãe, o desespero do meu pai, o estúpido contrato - e Noah. O que eu tinha de fingir com ele; tinha de fingir que sentia por ele uma indiferença muito maior do que sentia na realidade. Era de mais e eu estava entorpecida. Estava a mentir aos meus pais. Estava a mentir a Noah. E estava a mentir a mim mesma. Oh, como eu tinha tecido uma teia tão grande de enganos. Eu estava como peixe fora de água. Não ia conseguir sair de tudo isto incólume. Eu já me estava a apaixonar por ele. Tinha falado a sério há pouco; hoje tinha sentido a sua falta. Não conseguia suportar estar separada dele. E depois, quando entrei e ele estava à minha espera, parecendo exatamente como eu me sentia - exausto e ansioso com a separação —, precisei dele. Precisei que ele precisasse de mim. Sim, eu disse precisei. Não quis, precisei. Fiquei ali sentada no chão durante horas, a refletir sobre tudo aquilo e a sentir pena de mim mesma. Eventualmente, teria de enfrentar Noah, por isso levantei-me do chão e decidi que seria uma boa idéia ir tomar um bom e longo banho de piscina. Talvez quando eu terminasse Noah já estivesse a dormir profundamente. Eu nem sequer tinha a certeza se ele me quereria na sua cama. A menos que ele me desse outra ordem, era onde eu ficaria. Fantástico. Pensei sarcasticamente que a Agente Dupla Galdéria não se preocuparia nada com isso. Sim, um bom banho numa piscina fria era exatamente o que eu precisava para me acalmar e à Galdéria. Felizmente, a casa era suficientemente grande e não tropecei em Noah quando fui para o quarto. Ele não estava lá. Mudei-me rapidamente, vestindo a tira de tecido que Polly tinha jurado por tudo que era um biquíni, e fui para a piscina. Também sou capaz de ter rezado uma oração de agradecimento silenciosa aos poderes celestiais por o meu pai não ter de ver a sua menina com aquela roupa absurda. No entanto, depressa percebi até que ponto Deus estava a castigar-me por esta vida de pecado em que eu tinha caído quando vi Noah a nadar na piscina. Fiquei momentaneamente surpreendida quando vi os seus músculos fortes, enquanto ele deslizava pela água como uma faca quente em manteiga mole. Os seus movimentos eram fáceis e fluidos, como se ele próprio fizesse parte da água. Quando chegou ao fim da piscina, apoiou-se no rebordo e saiu. Água escorreu do seu corpo e os seus cabelos


molhados brilharam pretos como a noite, refletindo a luz da lua. Os meus olhos percorreram os seus ombros e desceram pelas costas esguias até... Oh. Meu. Deus. Ele até nadava nu. O rabo fenomenal estava fletido e era mais esculpido do que qualquer rabo tinha o direito de ser. Apeteceu-me mordê-lo. Com força. - Estás a olhar novamente para o meu rabo. - A sua voz escorreu como sexo líquido c libertou-me do meu estupor ébrio. Sim, eu estava hipnotizada com aquelas nádegas perfeitas. E ele tinha olhos na parte de trás da cabeça.? Talvez aquelas covinhas pretas fossem um par de olhos extra. Ofeguei quando ele se voltou e ele cobriu-se rapidamente. Encolheu os ombros e, numa reação completamente incaracterística, pareceu embaraçado. - A água está um pouco fria. Bem, ninguém diria. Quero dizer, ele não estava tão colossal como eu estava acostumada a vê-lo, mas havia muitos homens que gostariam de ser tão grandes quando estavam tesos como Noah era quando estava mole. - Desculpa, não sabia que estarias aqui. Eu vou... — Voltei-me para entrar em casa. - Não, não vás. Fica. Voltei-me e ele aproximou-se de mim com aquela toalha enrolada à cintura e gotas de água coladas no pequeno montículo de pelos escuros no peito que se estendiam num carreiro até ao objeto do meu afeto. A toalha não fez nada para impedir o meu olhar de cobiça. O Pénis Maravilhoso estava saliente debaixo da toalha e se ficasse excitado eu sabia que a tenda que ele formaria seria suficiente para abrigar toda a família Von Trapp. Quase me apeteceu cantar, mas não tinha jeito nenhum. Cantava tão mal que tinha sido proibida de o fazer na minha própria casa. Mas estou a divagar. A Galdéria estava a ameaçar sair do meu biquíni para o apanhar e eu bati-lhe na cabeça para que ela se acalmasse. Aparentemente, não foi uma palmada mental porque Noah olhou-me com uma sobrancelha erguida. - Humm, pareceu-me sentir um mosquito, e seria um sítio bastante desconfortável para ter comichões - disse eu. Não foi uma boa desculpa. - Pois. Bem, podes usar a piscina à vontade. Mas se não te importares vou descansar um pouco nas espreguiçadeiras enquanto me seco. Estou um pouco tenso e o ar fresco vai fazer-me bem. - Se quiseres, posso fazer-te uma massagem — disse eu precipitadamente. - Tenho bastante jeito. Ele pareceu tão surpreendido como eu com a minha oferta, mas inclinou a cabeça como se estivesse a pensar no assunto. Acenou e depois lançou-me um sorriso malicioso. — Sim, seria muito bom. Eu segui-o para uma das espreguiçadeiras e esperei que ele a esticasse e se deitasse de barriga para baixo. Ele dobrou os braços para apoiar o queixo e eu fiquei parada como uma idiota, a tentar pensar na melhor forma de me aproximar dele. O rabo fenomenal parecia ser o melhor assento da casa, por isso sentei-me de pernas abertas e empoleirei a Galdéria em cima dele. Como a viciada em rabos que todos sabíamos que era, ela travou um conhecimento mais profundo com ele imediatamente,


atirando-se descaradamente nas costas do Pénis Maravilhoso. — Humm, normalmente isto resulta melhor com loção. Queres que vá buscar alguma? — perguntei. Noah levantou um pouco a cabeça e olhou-me. — Nem por isso. Estou bastante confortável e preferia que ficasses onde estás. A Agente Dupla Galdéria e eu estávamos de acordo em relação a isso. Comecei pelo pescoço e ombros, massajando a carne o mais firmemente possível sem lhe beliscar a pele. Ele gemeu em sinal de aprovação, enquanto eu trabalhava os músculos tensos até sentir a tensão derreter-se sob os meus dedos. Ele manteve os olhos fechados e eu fiz o que tinha de fazer, percorrendo-lhe os ombros e as costas. Não consegui evitar — inclinei-me para a frente e beijei-lhe suavemente o pescoço. Ele gemeu de novo e mexeu as ancas, provocando uma deliciosa fricção entre as minhas pernas. Achei que como ele tinha gostado daquilo eu ia repetir para ver se obtinha a mesma reação. Noah não me desapontou. Depositei um carreiro de beijos na sua coluna, enquanto continuava a massajar lhe os músculos, ansiando por senti-lo por baixo dos dedos e das palmas das mãos. Ele arqueou as costas, aproximando ainda mais o rabo do meu centro como uma oferenda. Eu escorreguei pelas suas pernas e fiz uma paragem para rodopiar a língua naquelas covinhas por cima do seu rabo, arrastando os braços e as mãos ao longo da carne das suas costas. Quando cheguei à toalha, Noah ergueu as ancas e eu tirei-a lentamente, expondo a dádiva de Deus às galdérias viciadas em rabos de toda a parte. A minha língua saiu da boca para humedecer os lábios enquanto eu comia o seu rabo com os olhos, sentindo-me de repente faminta. Em seguida, deslizei as mãos nos dois voluptuosos montes e apalpei--os gananciosamente. - O teu rabo é tão perfeito. — Inclinei-me para frente, lambi-o rapidamente e depois mordi-o. Noah estremeceu com um suspiro e eu mordi-o de novo, mas na outra nádega. Ele era delicioso. Mordisquei e chupei com toda a força. Oh, Deus, finalmente estava a ter o que mais queria e a espera tinha valido imenso a pena. Os meus gemidos misturaram-se com os silvos de Noah e depois alguma coisa aconteceu extremamente depressa. De alguma forma Noah conseguiu virar-se sem me tirar de cima de si e sem eu cair. Fiquei sentada no seu peito com as pernas sobre os seus ombros, e o rabo fabuloso desapareceu. Fiquei um bocado zangada com aquilo, mas acalmei-me rapidamente quando senti a boca de Noah a lamber a Galdéria. - Merda... — disse eu com uma inspiração rápida quando percebi que ele também tinha conseguido desatar as tiras da parte de baixo do meu biquíni e eu estava nua. Quando Noah Crawford queria alguma coisa, não podíamos pestanejar perto dele pois perdíamos a oportunidade de ver como ele conseguia. Não que eu estivesse a queixarme, longe disso. Ele olhou-me por entre as minhas pernas. - Despe a parte de cima para mim. Quero que sintas o ar fresco da noite nesses lindos mamilos cor-de-rosa.


Eu puxei o fio atrás do pescoço e deixei a parte de cima cair para a frente. Ele observou todos os meus movimentos, enquanto beijava e chupava suavemente o meu clitóris. Os meus mamilos já estavam duros e eu quis exibir-me para ele, por isso espalmei os seios e rodei as pontas cor-de-rosa entre os dedos. Ele murmurou em sinal de apreciação e depois eu soltei o laço nas costas e atirei a parte de cima para o chão. - Deita-te para trás, querida. Deixa-me fazer-te sentir bem. - Os seus braços subiram para o lado do meu corpo e ele ajudou-me a descer as costas até o meu estômago ficar deitado e eu sentir o seu membro sob 0 meu ombro. Depois, ele passou as mãos ao longo do meu corpo c agarrou nas minhas ancas. O céu estava limpo e a lua estava cheia e redonda por cima das nossas cabeças. Eu via todas as estrelas no céu noturno e foi como se tivesse sido transportada para outro universo. Noah estava a fazer aquela coisa do outro mundo com a boca, enquanto uma brisa suave me beijava a pele e eu ouvia os sons dos grilos e de outros insetos e animais à nossa volta. Foi sereno e exótico. Senti a língua de Noah entrar em mim e de repente quis mais, quis senti-lo dentro de mim naquele lugar e naquele momento. Não que o que ele estava a fazer não fosse simplesmente fantástico; mas eu queria mais. Eu não queria discutir. Não queria pensar. Não queria fazer nada a não ser sentir. Por isso sentei-me direita e, depois de um breve protesto de Noah, interrompi a sua marmelada com a Galdéria. - Eu fiz alguma coisa errada? - perguntou ele, confuso. Abanei a cabeça e sentei-me na sua cintura. - Não fales. Sente — sussurrei contra os seus lábios e depois beijei-o ardentemente. Os seus braços envolveram-me as costas e ele apertou-me contra si, retribuindo o meu beijo com igual fervor. Era isto que eu queria. Os nossos corpos disseram coisas que as nossas bocas nunca admitiriam. Não havia competição, desafio, apenas duas pessoas dando e recebendo da forma mais natural, preenchendo uma necessidade básica. Pousei as mãos no seu peito para me apoiar e ergui-me. Os seus olhos estavam pregados nos meus quando eu girei o corpo e deslizei as minhas pregas húmidas pelo seu comprimento. Não fazia idéia se estava a fazer aquilo bem porque nunca tinha assumido o controlo antes. Só fiz o que me pareceu bom para mim e esperei que ele também gostasse. Quando os seus lábios se afastaram e os seus olhos se fecharam, obtive a minha resposta. As minhas mãos viajaram pelo seu peito e pelos músculos definidos do seu abdômen até eu encontrar o seu membro monstruoso. Só ergui-me para ficar por cima dele e posicionei-o na minha entrada, mas depois hesitei. Deus, eu queria tanto não estragar isto. Noah deve ter sentido a minha hesitação porque acariciou-me a coxa com força e disseme num tom de voz extremamente terno: - Desce lentamente, galinha, senão vais magoar-te, Eu inspirei fundo e soltei o ar lentamente enquanto seguia a sua instrução, sentindo cada pedaço do seu volumoso membro a encher-me magnificamente centímetro por


centímetro. - Ê isso, querida. Deus, tu és tão incrível. - Não sei o que fazer — confessei depois de ele estar todo dentro de mim. O seu membro estava muito mais fundo deste ângulo do que das outras vezes. - Mexe as ancas para cima e para baixo, para trás e para a frente. Monta-me, querida. Faz o que te fizer sentir bem e prometo que também vai ser bom para mim. — Depois, ele lambeu os lábios voluptuosos e disse: - Vem cá e beija-me. Eu inclinei-me para a frente e ele esticou o pescoço para vir ao meu encontro. Ao fazêlo, prendeu-me as ancas e começou a mover-se lentamente para trás e para frente dentro de mim. Em seguida, girou as ancas e eu senti-o esmagar o meu clitóris. Eu ofeguei quando uma onda de choque de prazer disparou por todo o meu corpo. Ele interrompeu o nosso beijo. - Estás a ver? Assim. Eu mantive os olhos nos seus e as minhas mãos no seu peito quando me sentei direita e girei as ancas para recriar a mesma sensação. Sentia-o dentro de mim, o latejar do seu coração, a pressão das suas mãos, enquanto ele me puxava para trás e para a frente. Os seus polegares carregavam no ponto sensível sobre os ossos ilíacos e eu gemi e deixei cair a cabeça para trás. As estrelas e a lua olhavam-me e eu fiquei convencida de que nunca tinha sentido nada tão perfeito em toda a minha vida. Sentime viva, já não estava entorpecida. - Em que é que estás a pensar, gatinha? - A voz de Noah estava áspera e cheia de desejo. - Em como isto é tão perfeito - respondi honestamente, e depois baixei os olhos para ele. Ele levantou-se para ficar sentado e segurou o meu rosto com as mãos em concha, puxando-me para um beijo lânguido. Foi intenso, sensual e perfeito para o momento. Nenhum de nós se apressou. Demorámos c desfrutámos da sensação de cada um sem pensar em contratos, doenças ou moi ivos. Ele envolveu-me a cintura com um braço, enquanto o outro massageava um seio. Depois, ele interrompeu o beijo e a sua boca passou para o outro seio e começou a chupá-lo suavemente. Eu passei os dedos pelos seus cabelos e puxei-o para mim. As minhas madeixas caíram para a frente, criando uma cortina à sua volta. Eu movi as ancas mais depressa e cavalguei-o com mais determinação do que quando tínhamos começado. A ponta da sua língua tocou no meu mamilo e eu fechei os olhos quando a conhecida espiral na boca do estômago se descontrolou. O meu orgasmo soltou-se como moléculas minúsculas a explodir no sangue. O seu nome saiu dos meus lábios e ecoou no silêncio da noite, e ouvi-o gemer. Quando o momento estava quase a passar, Noah ergueu-me e pôs-me de costas. Depois, pôs os braços por cima da cabeça e uniu os dedos aos meus para me segurar as mãos, deitando-se em cima de mim. Entrou e saiu de dentro de mim, intensificando o meu orgasmo e ressuscitando-o. - Raios, tu és linda, Delaine. Sabes isso? Tão linda. Ele apertou-me as mãos com mais força e entrou mais fundo, mas não mais depressa.


A expressão nos seus olhos era intensa e os seus lábios estavam ligeiramente abertos quando ele me olhou. - Desculpa... por tudo. Lamento imenso.

Antes de eu poder perguntar-lhe o que era aquilo, os seus lábios pousaram nos meus. Ele murmurou, gemeu e rosnou, atacando a minha boca com uma fome feroz. Eu respondi o melhor que pude, mas sentime como um peixe fora de água. Foi um beijo desesperado, como se ele não conseguisse saciar-se, o que foi bom para mim porque eu queria que aquele beijo nunca mais acabasse. Mas fiquei preocupada. Os seus movimentos tornaram-se mais erráticos e ouvi aquele rugido gutural que precedia sempre o seu orgasmo. Depois, como eu tinha previsto, ele interrompeu o beijo e veio-se dentro de mim. Os seus olhos nunca deixaram os meus. - Oh, foda-se... tão bom — disse ele entre dentes cerrados. As suas arremetidas tornaram-se irregulares e entrecortadas quando os últimos jorros de sêmen foram libertados. Quando acabou, caiu em cima de mim antes de colar o meu corpo no seu e rodar-nos até ficarmos de lado. Noah ainda estava a respirar pesadamente quando afastou os cabelos do meu rosto e me olhou com uma expressão de adoração. Depois, inclinou-se para frente e beijou suavemente os meus lábios inchados. - Porque é que disseste que lamentas? Lamentas o quê? - perguntei, porque tinha de saber. Ele suspirou e abanou a cabeça. - Por te chatear com aquilo do nome. Eu estava a ser irracional. Faz sentido que queiras que eu te trate pelo teu nome em vez do diminutivo que é muito mais familiar. - Oh. Bem, certamente compensaste isso. — Eu ri-me levemente. - Não, foste tu que fizeste tudo. Tu és incrível. - Eu sou bastante espetacular, não sou? - brinquei. A Agente Dupla Galdéria celebrou efusivamente.

Pelo menos a minha arrogância nada característica arrancou-lhe uma gargalhada, e foi surreal porque ele não se ria muito. Ele puxou-me mais para si e eu aninhei-me no seu peito para escutar o forte bater do seu coração enquanto olhava para o céu. Acho que fiz um comentário acerca da beleza das estrelas e ouvi-o concordar num murmúrio, mas estivemos quase sempre em silêncio. Eu teria dado qualquer coisa para ouvir o que ele estava a pensar, mas sabia que provavelmente só serviria para termos mais uma das discussões mesquinhas que costumávamos ter. E a verdade é que não queria estragar o momento. Por isso, mantive a boca calada e desfrutei da sensação. Porque entre Noah e eu, ambos teimosos como mulas, era impossível saber o que aconteceria a seguir.


11 Que...? Lanie Eu estava a sonhar. Sentia o corpo de Noah contra as minhas costas, a apertar-me sob um céu cheio de estrelas e a sussurrar coisas doces ao meu ouvido, enquanto me apertava mais a cintura. - Lamento muito. Eu não sabia - sussurrou ele. - Mas agora que te tenho aqui, nunca poderei deixar-te partir. Nunca, Delaine. Agora, fazes parte de mim. Não posso deixar que te afastes de mim. - Eu não queria estar noutro lugar, Noah - suspirei, aninhando-me mais contra ele. Quero ficar aqui assim contigo para sempre. Abraça--me com força e nunca mais me soltes. - Nunca. Eu amo-te, Lanie. Por favor diz-me que tu... - A sua voz áspera calou-se e o cenário à minha volta tornou-se confuso e desapareceu. Eu tentei desesperadamente recuperá-lo com a minha mente, mas era tarde de mais. Eu estava a despertar do meu sono e tudo tinha simplesmente desaparecido. - Por favor, diz-me que não vais passar o dia inteiro a dormir. - Huh? — Eu sentei-me e olhei cegamente para o quarto, o que não resultou bem porque tinha o cabelo a tapar-me o rosto como a prima Itt da Família Addams. As minhas mãos bateram desajeitadamente naquele ninho de ratos, o suficiente para dividir a cortina de cabelos e ver quem era a pessoa horrível que se atrevia a perturbar o meu sono. Porque aquela não era seguramente a voz de Noah. - Vai-te embora, Polly — resmunguei, deixando-me cair na cama num movimento dramático. Peguei na almofada de Noah e abracei-a no peito, inalando o seu cheiro e suspirando satisfeita. - Estou a dormir. Se ela ficasse calada e desaparecesse, ainda havia uma possibilidade de eu recuperar o meu sonho. - Já não vais dormir mais — disse ela, e depois ouvi-a andar pelo quarto para fazer só Deus sabia o quê, mas jurei que se ela saltasse para cima de mim, eu ia dar-lhe um piparote na testa, seguido de um puxão de orelhas. Ela era demasiado eufórica de manhã, e provavelmente merecia um castigo por ser assim, mas esperei discretamente para ter o elemento surpresa do meu lado. - Que queres? - quase choraminguei quando ela abriu os reposteiros e deixou o forte sol matinal invadir o meu ambiente confortável e acolhedor e bufei, enterrando o rosto na minha almofada. Depois comecei a pensar em vampiros, o que levou a pensamentos sobre o sexo vampírico que Noah e eu tínhamos feito na sala de entretenimento. Devíamos fazer aquilo de novo. A Galdéria arrebitou-se como se tivesse tomado dez mil miligramas de cafeína. Ordinária. Acho que ela estava a aprovar o meu pensamento.


- Bem, para começar gostaria que fizesses alguma coisa em relação a essa coisa horrorosa a que chamas cabelo — disse Polly, e senti-a a elevar delicadamente uma madeixa embaraçada antes de a deixar cair e esfregar as mãos uma na outra. Até parecia que eu tinha piolhos ou uma coisa assim. — E depois precisamos de ter uma conversa. - Sobre o quê? - A minha voz sonolenta foi abafada pela almofada e eu quase me engasguei quando senti o meu hálito matinal. O cabelo podia esperar; precisava de pasta e escova de dente. - Coisas. Agora levanta esse rabo da cama antes que eu te atire com um balde de água fria - disse ela, dando-me uma palmada no rabo. - Eu não te suporto, Polly. Sabias? Depois de tomar duche — masturbando-me duas vezes com a ajuda do meu pequeno vibrador Crawford -, depilar as pernas e, sim, lavar os dentes, voltei para o quarto, onde Polly já tinha feito a cama e, obviamente, escolhido as minhas roupas para o dia. Vestime e prendi os cabelos num carrapito desordenado antes de descer para o andar de baixo. - Polly? - chamei, sem fazer a menor idéia onde ela estaria. - Aqui! - gritou ela da cozinha. Quando entrei, vi que ela já tinha feito café e servido uma chávena para mim. - Uau, pareces quase humana. - És capaz de te ter livrado de levar um pontapé no rabo — repliquei, porque a melhor parte de acordar era Folgers já servido na chávena. No entanto, duvidei bastante que o aroma rico que eu estava a sentir fosse Folgers, Noah só teria o melhor café conhecido pelo homem na sua casa. Sentei-me à sua frente na ilha da cozinha e comecei a pôr açúcar no café. - Então, o que é tão importante para teres interrompido o meu sono de beleza? - Já lá vamos. Em primeiro lugar, quero saber se experimentaste aquela coisa da garganta funda - perguntou ela, curiosa. - Sim. E acredito que tu darias um Yoda dos diabos, e não apenas por teres a altura certa. - Tu aprendeste depressa, jovem Skywalker. Ou deveria dizer jovem Streetwalker? (2)?— disse ela na sua melhor imitação do Yoda. Rimo-nos, mas de repente Polly calouse e pigarreou. - Humm, desculpa - disse ela com uma expressão de culpa. - Por quê? - perguntei eu, confusa. - Oh... por nada. - Ela bebeu um gole de café. - Pois. Nem penses. Desembucha. Agora. — Apontei-lhe um dedo. Polly pousou a chávena e soltou um suspiro profundo. - Oh, Deus. Ele vai matar-me. Eu sei que vai — disse ela, tão nervosa que torceu as mãos. - Quem? O Noah? - Eu sabia de quem ela estava a falar. - Por que, Polly? Ela contorceu o rosto como se estivesse prestes a dizer uma coisa que não queria. Depois, tapou o rosto com as mãos e espreitou para mim por entre os dedos. - Eu sei, Lanie. Eu sei tudo.


- Que tudo, pequenota? Não estás a dar-me pista nenhuma - disse eu, rodando a mão para encorajá-la a continuar a falar. - Eu sei sobre o contrato que tu e o Noah fizeram. Eu sei que ele pagou dois milhões de dólares para vires viver aqui com ele durante dois anos. Sei que vocês não são um casal a sério. Sei sobre o sexo. 1—Prostituta. Ao traduzir, perde-se o trocadilho com o nome do personagem do filme Guerra das Estrelas(N.deT) Oh, Deus, Lanie, sei tudo e gostava de não saber porque é de mais, é demasiado esmagador para uma pessoa como eu assimilar - disse ela numa longa torrente de palavras frenéticas. As minhas mãos tremiam tanto que tive de pousar a chávena de café que tinha nas mãos com medo de a deixar cair, ou atirá-la contra uma parede, ou outra coisa qualquer. — Ele contou-te? — A minha voz soou relativamente calma, o que me surpreendeu. - Não, não, não, nãããooo. Por favor, Lanie, a culpa não foi dele — implorou ela desesperadamente, como se estivesse a tentar resolver tudo. - Sabes, eu faço toda a contabilidade da casa e quando vi a transferência de dinheiro, confrontei-o. Somei dois mais dois e percebi que o dinheiro foi transferido quando tu apareceste. E depois, bem, tu já sabes como sou, comecei a fazer umas investigações. Mas devo dizer--te que se me tivesses contado a verdade quando nos conhecemos, eu não teria de procurar. Quero dizer, tu falaste sobre o Elvis, o Tupac, o MJ, travestis... E o Noah também não ajudou nada. Quando eu lhe perguntei o que tinha acontecido ao dinheiro, ele disse que tu eras um homem e o dinheiro tinha sido usado para a tua mudança de sexo, e... - Ei, ei, eiiii! - gritei eu, interrompendo-a. - Espera, o que é que acabaste de dizer? Polly inspirou fundo. — Que parte? Ou queres que comece tudo de novo? - Céus, não. Acho que o meu cérebro não aguentaria tudo uma segunda vez. Belisquei a cana do nariz porque estava a começar a ter uma dor de cabeça terrível graças a toda a tagarelice e revelações que me estavam a ser atiradas. - Polly? Disseste que o Noah te contou que eu era um homem e fiz uma operação de mudança de sexo? — Sim, mas ele também disse que estava a brincar - contou ela com um encolher de ombros, e depois os seus olhos ficaram tão grandes como pires. — Ele estava a brincar, certo? Tu não tinhas mesmo uma pila, pois não? — Sim! — guinchei eu. - Sim, tinhas uma pila? - perguntou ela com uma expressão de choque... e possivelmente até um pouquinho de curiosidade. - Não, Polly. Sim, ele estava a brincar - esclareci. Noah Crawford ia arrepender-se amargamente. A vingança seria terrível. - Bom. Quer dizer, isso é... bom — disse ela com um suspiro de alívio. E depois apoiou o cotovelo na mesa e pousou o queixo na mão. — Lanie, querida, porque é que fizeste isto? Porque é que te vendeste para sexo? - É pessoal, Polly. E não quero que andes a bisbilhotar para descobrir. Se o fizeres,


juro que te dou um pontapé nesse rabo escanzelado -avisei-a. Ela pôs a mão no peito numa promessa silenciosa de que não tentaria saber. — Além disso, nem sequer o Noah sabe. - Sim, tenho a certeza de que ele não insistiu contigo sobre esse assunto, especialmente porque isso significaria que teria de te falar sobre a Julie. A vaca murmurou ela. - Espera, é a segunda vez que dizes o nome dela. O que é que aconteceu com essa tipa? É uma ex-namorada ou coisa do gênero? — Se alguém ia contar-me alguma coisa, esse alguém seria Polly. Provavelmente, ela já me tinha contado mais do que eu devia saber. - Juro que se ele descobrir isto vai-me despedir a sério, e provavelmente também despede o Mason. Sabes, aquela coisa do culpado por associação. E depois vamos ficar sem casa e sem termos para onde ir, sem dinheiro para fazer compras... - Trágico - murmurei eu sarcasticamente. - E, não é? - disse ela como se fosse realmente. - Tudo bem; vou contar-te tudo, mas só depois de me contares o que se passa realmente entre ti e o Noah. Eu pensei no sonho, mas não tinha passado disso. Certo? Noah nunca sentiria aquilo por mim, por muito boa que eu fosse a engolir o seu colossal membro. - O que interessa é que foi uma transação comercial, Polly. Nada mais - disse eu pragmaticamente. - Eu não engulo essa, Lanie. Tu podes mentir ao Noah, ou até a ti mesma, mas eu não acredito - disse ela, e continuou: - Eu ouvi-te. Antes de te acordar. Tu estavas a falar enquanto dormias c tudo indica que estás apaixonada pelo pai iao, amiga. — Raios, Polly! Tu alguma vez deixas de ser bisbilhoteira? — perguntei ofendida com aquela invasão da minha privacidade. - Ei! Não praguejes comigo! - admoestou-me ela, a abanar o dedo. Pousei os cotovelos em cima da mesa e passei as mãos pelos cabelos, frustrada. - Desculpa Polly. Escuta esta situação não é propriamente ideal para mim. Estou a apaixonar-me pelo homem que pagou dinheiro suficiente para alimentar uma aldeia esfomeada, durante tanto tempo que nem sequer consigo imaginar, para poder fazer sexo sempre que lhe apetecer, sem compromissos. E, por muito que eu tente odiá-lo, não consigo! O que é que se passa comigo? Não é a síndrome de Estocolmo, porque eu não fui propriamente raptada e não estou a ser mantida aqui contra a minha vontade. Eu concordei com isto, mas está a tornar-se muito real. Percebes? Polly acenou com um olhar sincero, enquanto eu continuei a divagar. — E, com todos os problemas que tenho em casa, a única coisa que posso fazer é erguer as mãos para o céu e dizer «Jesus, por favor assume o volante»... o que não vai adiantar muito porque a vida que eu estou a viver não é propriamente santa... mas não faço idéia do que estou a fazer aqui. E pareço estar a enterrar-me cada vez mais. Quero dizer, sei que para ele sou apenas uma prostituta e que ele nunca poderia sentir por mim nada remotamente parecido com a paixão louca que eu sinto por ele, mas... ugh! Respirei fundo. O meu rosto estava muito ruborizado e pensei que poderia começar a chorar a todo o momento. Nem pensar que ia fazê--lo porque me faria parecer fraca e


ainda mais vulnerável. Porém, fiquei agradecida por poder desabafar um pouco antes de ter um colapso mental completo e total. Porque eu estava seriamente próxima de um descalabro daquele gênero. No entanto, Polly pareceu perceber-me, e ao contrário dos seus modos habituais, limitou-se a escutar e deixar-me desabafar sem me obrigar a entrar em mais pormenores. Não havia palavras para descrever a minha gratidão. Ela esticou um braço na bancada e pegou-me na mão com um sorriso consolador. - Tu carregas um fardo muito pesado, não é? - Não quero falar sobre o assunto. Polly e eu desatámos a rir ao mesmo tempo. Não foi uma gargalhada feliz, mas uma daquelas gargalhadas em que ambas reconhecíamos como a minha declaração parecia ridícula depois do enorme fardo que eu tinha despejado. - Não te preocupes querida. Tu vais conseguir ultrapassar isto. E nunca se sabe o que pode acontecer. Quero dizer, o Noah não é incapaz de ter sentimentos. Pelo menos, acho que não. Tenho a certeza de que aquele dissabor horrível com a Julie foi apenas um pequeno contratempo e não uma coisa que o deixará emocionalmente marcado para o resto da vida. - Sim, ias falar-me sobre isso. O que é que aconteceu entre ele e essa miúda? - Bem, para começo de conversa ela é uma cabra do pior - começou ela com um resmungo ressentido. — O Noah andou com ela durante dois anos, que mais pareceram uma eternidade. O pai dela, o Dr. Everett Frost, é um grande amigo da família, e foi assim que eles se conheceram. - Eu... conheci o Dr. Frost - disse eu, recordando o seu nome da consulta. - Sim, o Everett é um bom tipo. Não o julgo pela filha - disse ela. - De qualquer maneira, o Noah foi fazer uma viagem de negócios, mas tinha decidido... irrazoavelmente... pedi-la em casamento quando voltasse. Por algum motivo desconhecido, ele estava convencido de que a amava. Não sei bem se ele sabia verdadeiramente o que era o amor e continuo convencida de que ainda não sabe. Seja como for, ele voltou para casa e encontrou a sua amada Julie a levar no rabo do seu melhor amigo. Eu sobressaltei-me e pus a mão sobre o coração. Não estava a fazê--lo para obter um efeito dramático; foi uma reação completamente natural ao meu choque. - Oh, não... - Sim, «oh, não» é um eufemismo - disse Polly. — Escusado será dizer que o coração do Noah ficou desfeito, ou talvez tenha sido apenas o seu ego, mas seja como for ele ficou devastado. Ela calou se c olhou-me com uma expressão assustadora e superprotetora de mãe ursa. - E, Lanie, eu não sei se ele consegue agüentar mais. Por isso, se esta coisa entre os dois avançar para outro nível, não te esqueças disso. Estamos esclarecidas. Que amorosa. Ela tinha o tamanho de um mosquito e era irritante como um, mas ali estava ela toda autoritária e a fazer-me um aviso de rufia. No entanto, de certa forma eu não deixei de ouvir o seu aviso. Não que ela tivesse de se preocupar com isso, porque


Noah Crawford não nutria esse tipo de sentimentos por mim e eu ia lutar contra os meus para garantir que não me atirava para debaixo daquele comboio. Qualquer tipo de sentimento que eu estivesse a desenvolver por ele teria de ficar enterrado dentro de mim, para que o meu coração não fosse rasgado em pedaços às mãos do único homem com poder suficiente sobre mim para o fazer. - Perfeitamente, Polly. Não te preocupes. Embora na verdade eu não pense que devas preocupar-te com a possibilidade de o Noah sair magoado nesta equação. - Sim, eu percebo isso. Sei que ele parece uma pessoa insensível por fora, mas quando deixa transparecer o seu verdadeiro eu... - Ela suspirou. - Ele tem o verdadeiro potencial para ser tudo isso e muito mais. Por isso, percebo perfeitamente por que é que há motivo para preocupação. - Ah, não digas isso, Polly - queixei-me, pondo a cabeça nas mãos. - Lamento querida. - Ela levantou-se e bateu-me no ombro. — Mantém o queixo erguido e acredita com todas as tuas forças que o que tiver de ser será. — Ela piscou-me o olho antes de pegar na carteira e colocada debaixo do braço. — Tenho coisas para fazer. Falamos mais tarde. Deu-me um beijo casto na face e depois só ouvi o som dos seus saltos quando ela se afastou, deixando-me a pensar em todos os meus problemas. O engraçado é que nem pensei neles. Estava mais preocupada com Noah e com as coisas horríveis que lhe tinham acontecido. Sim, provavelmente os meus problemas eram muitíssimo mais difíceis, com a minha mãe a morrer um pouco mais a cada dia que passava, mas (oi o meu lado de cuidadora e provavelmente o meu estado per manente de negação — que me fizeram esquecer isso por momentos e sentir pena dele. Não conseguia imaginar como seria apanhar a minha melhor amiga e o meu homem naquela situação. Amaldiçoei-me quando uma imagem de Dez e Noah juntos surgiu na minha mente e me fez estremecer. O inferno gelaria antes que isso acontecesse. Eu sabia, mas se alguma vez acontecesse, o inferno não seria nem pouco mais ou menos tão frio como o meu coração. Pobre Noah. Aquilo explicava porque é que um homem rico e lindo de morrer desceria tão baixo ao ponto de comprar uma mulher - para que ela nunca mais voltasse a fazerlhe uma coisa daquelas. Descer tão baixo... então, eu era mesmo um último recurso, não era? É claro que sim. Muito embora eu não fosse suficientemente boa para ele, jurei a mim mesma que cuidaria dele como ele necessitava, mesmo que apenas durante os dois anos em que estaria ligada a ele. Noah Dez minutos para comprá-la. Uma hora para ter os seus lábios em volta do meu pénis. Três dias para provar os seus sucos.


Quatro dias para lhe tirar a virgindade. Duas semanas para perder a cabeça. Merda. Apenas duas semanas. Quinze malditos dias. Tinha sido o tempo necessário para uma virgem comprada envolver-me de todas as formas possíveis. Nos dois anos em que Julie e eu tínhamos estado juntos, ela nunca conseguira fazer aquilo. Mas Delaine? Todo o meu mundo tinha sido virado de pernas para o ar em apenas duas malditas semanas. Não era nada assim que isto devia acontecer. Como raios ia eu aguentar dois anos quando já lhe tinha dado tudo o que ela pedira numa bandeja de prata? Merda de Crawford Banana era como eu devia passai-a chamar-me. Raios partissem. Tinha passado o dia inteiro no escritório a pensar nela. E fora precisamente por isso que tinha tomado uma decisão desesperada ao mandar Samuel trazê-la consigo quando viesse buscar-me. Sim, eu podia facilmente tê-lo obrigado a infringir todas as leis rodoviárias que existiam no estado do Ilinóis para me levar mais rapidamente para ela, mas quando comecei a pensar em comprar um helicóptero, para poder evitar o atraso provocado pelo trânsito na hora de ponta, decidi que trazê-la até mim talvez fosse a melhor alternativa. Eu estava doente da cabeça. E provavelmente devia ter procurado um programa de ajuda de 12 passos para a minha nova obsessão, porque aquilo não podia ser saudável. Samuel parou junto ao passeio onde eu esperava impacientemente e, antes de poder sair para me abrir a porta, eu ergui a mão para o parar. Chegaria a ela muito mais depressa se abrisse eu próprio a porta. Abri-a e ali estava ela... a minha miúda de milhões de dólares usando apenas o meu roupão e um par de sapatos de saltos altos, exatamente como eu tinha pedido quando lhe telefonara nessa tarde. E raios me partissem se ela não estava recostada no banco com a seda preta do roupão aberta e a escorregar nos ombros, caída num lago à volta do seu corpo. E era tudo obra dela; eu não tinha pedido aquilo, mas fiquei extremamente agradado por ela ter tomado alguma iniciativa. O seu corpo era claro e sedoso e, raios, ela estava a acariciar um seio com uma mão enquanto a outra acariciava a planície lisa do estômago. A sua pele nua só tinha sido tocada daquela forma por uma pessoa — eu — e parecia estar a atrair-me de novo. Os meus lábios recuaram numa rosnadela protetora que nem sequer percebi que estava a emitir, quando perscrutei a área à minha volta para ver se alguém tinha visto a minha mulher. Eu tinha de a ter, de marcar a merda do meu território, e não podia nem queria esperar até voltarmos para o retiro da casa. — Para casa, Samuel — resmunguei. — E vai dar um passeio turístico ou coisa que o valha. Não nos incomodes. — Como queira, senhor. — Ele acenou afirmativamente e voltou para o lugar do motorista.


Entrei rapidamente e fechei a porta para me isolar do mundo lá fora e manter todos os tesouros escondidos de Delaine só para mim. Porque eu era um filho da mãe egoísta e nunca partilhava. Jamais. Nem sequer queria que mais alguém visse o que eu possuía. Ajoelhei-me diante dela, atirei a pasta e o casaco para o lado e desapertei rapidamente o cinto e as calças antes de os passar pelas ancas. O meu membro soltou-se e agarrei-o para impedir que baloiçasse de uma forma esquisita. — Põe-no húmido para mim, gatinha — disse eu, posicionando-me de forma a ficar diante do seu rosto. Deus a abençoe, ela lambeu os lábios e olhou-me avidamente antes de se inclinar para a frente e abrir a boca para me receber. Eu parei-a. — Não assim. Lambe-o, querida. Quero ver a tua língua a lambê-lo. Ela sorriu-me com uma expressão sensual e depois esticou a língua para limpar o pingo de esperma que aparecera na ponta. O meu membro estremeceu por iniciativa própria e eu soprei entredentes. Ela nunca deixou de me olhar, enquanto pôs as mãos na base do meu pénis e esticou a língua para o lamber longamente desde o fundo até à ponta. — Filho da puta — gemi. Pela visão periférica percebi o seu movimento quando ela fechou as coxas e as esfregou para criar fricção. Eu tinha de a ver, tinha de ver a prova da sua excitação. — Deixa-me ver essa linda rata, Delaine. Abre bem as pernas para mim. Ela emitiu um som guloso, rodopiando a língua em volta da ponta do meu pénis, e depois pôs um pé no chão, abrindo as pernas para mim. Raios, ela já estava tão molhada. Tapei o seu sexo nu com a mão e deslizei os dedos entre as suas pregas sedosas. Ela arqueou as costas e rodou as ancas para se aproximar mais, mas eu afasteime para provocá-la. — Não sejas mau — protestou ela num tom profundo e rouco. Eu bati ligeiramente no feixe de nervos no seu cume uma vez, duas vezes, três vezes, antes de fazer pressão com três dedos e massageá-lo lentamente. Delaine rodou as ancas num círculo e subiu contra os meus dedos. Depois, senti a sua boca quente a engolir o meu membro. Inspirei uma golfada de ar e observei-a a fazer-me um broche. Os meus dedos deslizaram pelo seu centro e enfiei os três dentro dela. Foi ajusta, mas mesmo assim ela avançou ao encontro deles. Eu retirei-os e enfiei dois para poder movêlos para trás e para frente no seu pequeno e mágico ponto G, o que a fez ficar frenética no meu membro. Há duas semanas ela era virgem. Hoje, eu juraria que ela era uma profissional. - Oh, foda-se! Calma, querida. Vais-me fazer vir - avisei-a. Por muito bom que fosse vir-me na sua boca e vê-la engolir-me, não era o que eu queria desta vez. Tinha de a marcar, de dentro para fora. Tentei afastar-me, mas ela tinha o meu membro bem apertado. Por isso, retirei os dedos e empurrei os seus ombros para obrigá-la a soltar-me. Ela fez beicinho e foi tão sensual que tive de me inclinar para a frente para lhe chupar o lábio inferior. Ela entrelaçou os dedos nos cabelos da minha nuca e enfiou a língua nos meus lábios para


procurar a minha. Eu dei-lha sem luta, mas apenas fugazmente, porque precisava de estar dentro dela e não queria perder mais tempo. Por isso interrompi o beijo e agarrei-a bruscamente atrás dos joelhos, puxando-a para frente até ela estar estendida à minha frente com o rabo meio pendurado no assento. Abri-lhe as pernas e posicionei-me entre elas, com o membro a tentar entrar. Delaine rodou o corpo, tentando aproximar-se mais, mas eu ainda queria brincar. — Observa, querida. Observa o meu pénis enquanto te fodo. - Os seus olhos desviaram-se para o espaço entre nós e a sua boca abriu-se quando eu peguei na ponta do meu pénis e a esfreguei entre as suas pregas e sobre o clitóris. Ela estava tão molhada que parecia seda quente. Afastei a pele das suas pregas e observei a sua entrada a esticar. Ela era tão apertada que eu nem percebia bem como é que cabia dentro dela. Ela nem sequer conseguia rodear o meu membro grosso com a mão e no entanto já o tinha recebido dentro daquela abertura minúscula. Eu esfreguei a ponta do meu pénis à volta da sua entrada e depois alinhei-me com ela. - Foda-se, preciso de ti. Tenho de entrar em ti. - Lentamente, entrei nela pouco a pouco e contemplei o meu membro a desaparecer dentro dela. Ela fez um som incrivelmente erótico. - Gostas de ver. É sensual como o caraças. - Eu percebi que estava a divagar, mas na verdade estava-me nas tintas porque era incrivelmente erótico de observar. - Deus, sim - respondeu ela, e eu franzi a testa porque ela tinha dito "Deus" em vez do meu nome. Saí de dentro dela e esfreguei novamente o clitóris até ter o membro entre as suas pregas. Depois, segurei-lhe nas ancas e movi-me para a frente e para trás num movimento acariciador. O meu pénis estava encharcado com a sua humidade e brilhava com a pouca luz filtrada pelas janelas. Eu não aguentava mais. Recuei e entrei profundamente dentro dela, arrancando um arquejo dos seus lábios cor de morango. - Oh, foda-se, Noah — gemeu ela quando eu lhe apertei as coxas e comecei a entrar e a sair dela num ritmo constante. Reparei que ela só usava a palavra "foda-se" quando eu estava a dar-lhe prazer. Aquilo só contribuiu para aumentar ainda mais o meu ego. Estávamos ambos a ver, ambos a respirar por entre lábios abertos, ambos fascinados ao perceber como ficávamos perfeitos unidos. Senti as suas paredes a apertarem o meu membro com força, como se a sua linda rata estivesse a reclamar-me, disposta a não me soltar. Os meus testículos batiam nas suas nádegas sempre que eu entrava nela, criando uma sensação dupla. Era o paraíso do sexo e eu queria que ela se viesse porque queria fazer mais uma coisa antes de me vir. - Toca-nos, gatinha. Põe a mão em cima de ti e abre os dedos à volta do meu membro - disse-lhe. Ela esticou timidamente a mão em cujo pulso tinha a minha pulseira e fez o que eu tinha mandado. A sua cabeça caiu para trás, expondo aquele pescoço cremoso num convite explícito que eu não ia recusar de maneira nenhuma. Inclinei-me para a frente e raspei ao de leve os dentes na sua carne antes de a chupar. Depois, beijei-a até à orelha,


sempre a enfiar o meu membro entumecido no seu corpo lindo. Sentiste a minha falta hoje, Delaine? Porque eu senti a tua falta. Tive de bater três punhetas porque não conseguia deixar de pensar em como és boa enrolada à volta do meu membro. — Acentuei a minha afirmação movendo-me mais depressa. - E tu? Brincaste contigo enquanto pensavas em foder comigo? Talvez até tenhas usado o meu presente para algumas rondas de treino? Masturbaste-te, gatinha? Ela acenou afirmativamente, mas aquilo não bastava. - Diz-me. Quero ouvir-te. - Duas vezes - admitiu ela. - E não foi nem por sombras tão bom como o verdadeiro. - É... disso... que... estou... a... falar - disse eu, realçando cada palavra com uma forte penetração. Ela gemeu em resposta e enrolou a minha gravata no pulso antes de me puxar bruscamente para a sua boca. Eu arrebatei-a com um beijo ardente, reclamando o que já sabia ser meu, mas reafirmando para o caso de ainda haver alguma dúvida. As nossas línguas moveram-se habilmente uma contra a outra quando eu apertei as suas ancas com mais força e a penetrei mais depressa. O meu membro entrou e saiu dela e senti as paredes da sua vagina contraírem-se à volta da minha ereção a cada movimento. Quebrei o nosso beijo febril e baixei a cabeça para apanhar um mamilo espetado entre os lábios, mordendo-o levemente com os dentes. Senti as unhas da sua mão livre a arranhar a minha cabeça, quando ela me puxou para si e infelizmente tive de parar aquilo para poder sentar-me para trás porque queria entrar ainda mais fundo. Vi o meu membro a aparecer e depois desaparecer dentro dela vezes sem conta, ajudado pela sua excitação. - Põe os teus dedos na minha boca, gatinha. Deixa-me provar-te. A forma como Delaine alinhava comigo, obedecendo a todas as minhas instruções, era fantástica. Ela deslizou os dedos entre as pregas, enchendo-os com os seus sucos antes de os trazer para a minha boca. Ela passou brincalhonamente as pontas pelos meus lábios e eu mexi a língua para aceitar a sua oferenda antes de abrir a boca e deixá-la enfiá-los lá dentro. Soltei um forte gemido quando o seu sabor chegou à minha língua. Ela era absolutamente deliciosa. Lambi os dedos todos antes de os soltar. - O meu sabor é bom? - Que loucura. A forma como ela me olhou e lambeu os lábios e disse aquelas palavras r.io atrevidas... - Vê por ti mesma - disse eu, saindo de dentro dela. Ela queria falar ordinarices, por isso eu ia mostrar-lhe até que ponto podia ser ordinário. Ergui-me o mais possível tendo em conta o teto baixo da limusina e ao mesmo tempo empurrei-lhe a cabeça para baixo, para as minhas virilhas. Ela percebeu a mensagem e pôs-me avidamente na boca. E diabos me levem se a minha valiosa propriedade não gemeu quando sentiu o seu sabor no meu membro. Eu mexi as ancas algumas vezes e depois saí da sua boca. - É tempo de foder, não de chupar - disse eu, mergulhando de novo dentro dela. Delaine estava a ronronar e a gemer, arqueando as costas, sussurrando o meu nome, mordendo o lábio inferior e rodando a cabeça de um lado para o outro. Era uma visão extraordinária.


- Merda. Preciso que te venhas. — Necessitei de todo o meu autodomínio para não explodir dentro dela. - Com mais força, Noah. Fode-me com mais força. - Eu tê-lo-ia feito de boa vontade, mas na posição em que estávamos era mais fácil dizer do que fazer. Sem problema, eu tinha uma solução. Saí de dentro dela. - Vira-te, gatinha. Quero ir mais fundo. Ela gemeu um protesto, mas eu sabia o que era melhor para ambos, por isso não cedi. - Vira-te, merda, põe-te de joelhos, segura-te nas costas do assento e abre as pernas - ordenei apressadamente. Ela pareceu confusa, mas obedeceu. Eu ajudei-a a ajoelhar-se à minha frente, mas voltada para a janela de trás. O seu rabo roliço era perfeitamente redondo e as costas estavam arqueadas no ângulo perfeito para me dar livre acesso àquela deliciosa vagina apertada. Todavia, quando ela viu os carros a moverem-se à nossa volta a um ritmo lento, virou a cabeça como se quisesse esconder-se. Eu entrei dentro dela por trás e inclinei-me para sussurrar sensualmente ao seu ouvido: - Não te preocupes, Delaine. Nós vemo-los, mas eles não nos veem. É uma pena não poderem ver-me foder-te. Eu gostaria que todos vissem o que nunca poderão ter. Dito isto, sentei-me direito e ataquei. E, oh merda, estava tão mais fundo deste ângulo, e as suas nádegas estavam abertas com o buraco do cu a provocar-me. Delaine agarrou-se às costas do assento e os nós dos dedos ficaram brancos com a força do aperto quando eu a fodi o mais intensa, depressa e fundo possível. A minha testa encheu-se de suor, que escorreu pela ponta do nariz, e o facto de a gravata ter sido apertada com mais força à volta do pescoço quando Delaine a agarrara para me puxar para um beijo não ajudou em nada. No entanto, a sensação que dominava todas as outras era as suas paredes a apertarem--se contra mim. Que se lixasse o mundo exterior. Eu tinha tudo o que precisava à minha frente. Lembrando-me de como ela tinha gostado antes, acariciei o centro do seu rabo com o polegar e pressionei a sua entrada traseira. Ela gemeu audivelmente e arqueou as costas, mesmo na hora H. Por isso, fui mais longe e pressionei até o meu polegar estar dentro dela. A sua cabeça caiu entre os ombros e ela empurrou na minha direção. - Sim, querida. É bom, não éi - disse eu, retirando parcialmente o polegar e voltando a inseri-lo. - Vou foder-te aqui. Vou enfiar o meu pénis dentro do teu rabinho apertado e tu vais adorar. Em breve. Muito em breve. Senti as suas paredes apertarem-se à minha volta em ondas ritmadas quando ela explodiu num orgasmo. - Oh, Noah! — exclamou. Deus, sim. A minha miúda queria-me no seu rabo tanto quanto eu queria lá estar. - Olha para eles, Delaine - disse eu, orientando-a. - Olha para todas aquelas pessoas ali fora, a viverem as suas vidas mundanas sem fazerem a menor idéia do que está a acontecer aqui. Eles nem sequer imaginam o que tu estás a sentir agora, o que eu estou prestes a sentir.


- Filho da... - Uma sensação indescritível explodiu nos meus testículos e disparou pelo meu membro quando eu me vim finalmente. - Oh, eu consigo sentir isso - disse ela com um gemido ofegante. — Sinto-te a vires-rc dentro de mim e é... é... - Foda-se, diz-me, querida. Como é? - consegui perguntar durante o orgasmo porque gostava de ouvir palavras ordinárias a sair da sua adorável boca, perfeita para foder. - Como nada que senti antes... vou-me vir novamente — gemeu ela, e depois o seu corpo começou a retesar-se, com todos os músculos esticados e todos os terminais nervosos a pulsar quando ela chamou o meu nome. Eu aumentei o ritmo dos movimentos, rezando para conseguir manter-me teso durante tempo suficiente para ela ter o seu segundo orgasmo. Por um pequeno milagre consegui, e quando acabámos caímos no assento e eu fiquei deitado nas suas costas. - Raios — murmurei, saindo de cima dela. — Tu vais ser a minha morte, mulher. Ela riu-se e virou-se para me beijar suavemente nos lábios. - Então, quando é que é muito em breve? - O quê? - perguntei enquanto vestia as calças. - Tu sabes... — A sua voz calou-se quando ela olhou para o seu voluptuoso rabo. — Tu disseste «muito em breve». Quando é muito em breve? Eu fiquei chocado e o que me saiu da boca foi: - Porra, eu amo-te... - O que foi uma coisa muito estúpida para dizer, por isso tive de remediar aquela merda acrescentando: - Teu-uuuu entusiasmo. Antes de me enterrar ainda mais, agarrei-a e beijei-a intensamente para a fazer derreter-se nos meus braços e, com sorte, esquecer a minha gafe. Eu, por outro lado? Eu estava pronto para cortar os tomates e levados a um talhante para os cortar em pedaços para alimentar cães ferozes. Porque aquilo foi a coisa mais idiota que eu podia ter dito, mas algo no fundo do meu coração desolado disseme que era verdade. Que diabo era aquilo? Recuei e olhei-a nos olhos - outra coisa estúpida - e sentime a cair. A sério. E aquilo não era bom. Nada bom. Eu era fraco e ela estava a deixar-me de quatro. Duas semanas. Duas malditas semanas insignificantes que de alguma forma se tinham tornado muito, muito importantes. Raios. Finalmente chegámos a casa, relativamente incólumes à vista. No entanto, por dentro eu estava na maior confusão. E agora, mais do que nunca, precisava de saber tudo acerca dela. Precisava de saber porque é que ela estava aqui, nesta situação. Quando começara tudo isto, tinha--me convencido de que as suas questões pessoais não importavam. Mas Polly tinha razão: Lanie era uma boa miúda, ainda que por vezes se comportasse como uma cabra raivosa. Depois do jantar fui para o meu escritório, onde andei de um lado para o outro e abanei bastante o joelho enquanto refletia sobre o que fazer. É claro que podia esperar que Sherman me ligasse para me informar das suas descobertas, mas estava impaciente por isso liguei-lhe. Sim, mordi muito as unhas enquanto esperei que ele atendesse.


— Sherman — respondeu ele ao terceiro toque. — É o Crawford. Já tem alguma coisa para mim? — perguntei, sem a certeza de querer saber a resposta, mas precisando de saber. - Na verdade, acabei de recolher todas as informações de que precisava. Ia telefonarlhe amanhã de manhã porque não quis incomodado — disse ele. — Então, o que é que quer saber? - Tudo.


12 Fazer cócegas nas teclas do piano Noah - Muito bem, aqui vai - disse Sherman. Ouvi-o a instalar-se na cadeira e a folhear papéis, enquanto eu esperava ansiosamente por qualquer fragmento de informação que ele pudesse dar-me sobre o quebra-cabeças que era Delaine Talbot. Ouvi um leve bater na porta do meu escritório e depois ela abriu-se completamente. Delaine posicionou-se na soleira de uma forma bastante sedutora, com os braços esticados por cima da cabeça e as costas arqueadas contra a aduela da porta. Tinha os cabelos molhados caídos nos ombros e as pernas compridas num ângulo, estando uma delas curvada no joelho. Ela usava sapatos de saltos altos com presilhas, a pulseira com o brasão da minha família, uma das minhas gravatas pretas de cerimônia e nada mais. - Desculpa, estou a incomodar-te? — A sua voz foi um ronronar de luxúria erótica. Ela mexeu sedutoramente na gravata que caía no vale dos seus seios fantásticos. — Se quiseres, posso ir-me embora. O meu coração bateu desordenadamente no peito e tive a certeza de que o meu queixo caiu. Ela era uma galdéria, uma estrela de filmes pornográficos... uma deusa. O meu pénis retesou-se contra o fecho das calças de caqui subitamente demasiado apertadas, pois todo o sangue tinha afluído ali num milésimo de segundo. Por um instante pensei que talvez o meu pequeno soldado estivesse a tentar abrir um buraco para poder ver por si mesmo, mas isso não podia acontecer - ou podia? Eu estava a aprender rapidamente que, sempre que Delaine estava por perto, tudo era possível. - Crawford? - a voz de Sherman foi um vago eco ao longe. Eu estava completamente concentrado na minha miúda de milhões de dólares e o seu corpo de sereia tinha-me distraído da minha obsessão anterior. Ela era a única coisa que interessava. Tudo o resto desvaneceu-se em nada. — Eu estava no duche e, bem, toda aquela água quente estava a lavar a minha pele com uma pressão deliciosa e fez-me pensar no teu corpo encostado ao meu e aquela coisa mágica que fazes com os dedos... e a língua... - Ela fechou os olhos e reclinou a cabeça, enquanto acariciava a garganta nua com uma mão, deslizando a outra entre as pernas enquanto suspirava. — Preciso que me toques. — Siiiim? Ainda está aí, Crawford? Eu afastei a névoa o melhor possível e pigarreei, obrigando-me a desviar o olhar dela. — Humm, sim. Tenho alguém... uma coisa para fazer. Ligue-me amanhã de manhã. Não esperei por uma resposta antes de desligar o telefone. Ele ia telefonar-me porque queria ser pago. E eu pensei que tinha passado mais de duas semanas sem saber a informação que queria, por isso poderia esperar mais dez horas. A velocidade da luz fiquei defronte de Delaine com as duas mãos fechadas apoiadas


na aduela da porta por cima dela. Não me atrevi a tocar-lhe com medo de magoá-la ou parti-la. — Não podes dizer estas merdas sem... Incapaz de concluir o meu pensamento porque ela estava ali parada, pecadoramente nua e com um cheiro atrevidamente excitado, perdi toda a determinação e apoiei-me num joelho, empoleirando um dos seus delicados pés no meu ombro antes de me inclinar para a lamber no seu centro. Claro que era apenas um castigo por interromper um telefonema profissional tão importante. Ia doer-me muito mais a mim do que lhe doeria a ela. Sim, até eu achava que era uma treta. — Uh-uh-uh. — Ela empurrou muito levemente o meu ombro com o salto agulha do sapato para me obrigar a sentar-me para trás, longe dela. - Por isso estava a pensar... Por acaso não tocas piano? Porque encontrei um pequeno piano preto lá em baixo, no que presumi que é a rua sala de música, e estava a pensar que seria incrivelmente erótico se eu estivesse, oh, não sei... em exposição para ti enquanto tocavas para mim. Quero dizer, olha para esta gravata preta. Afinal, estou vestida formalmente. Não foi preciso dizer mais nada. Sem proferir uma palavra — porque, como eu disse, não era necessária nenhuma — pendurei-a no ombro e dirigi-me para o que ela tinha chamado tão adequadamente de sala de música. A acústica ali era ainda melhor do que a do átrio, e mal podia esperar para ouvir o seu eco a gritar o meu nome. E ela iria definitivamente gritar. Lanie Os homens eram tão previsíveis. Bastou-me aparecer virtualmente nua e insinuar que queria um pouco de atenção para o ter a comer na palma da minha mão. Bem, talvez não fosse exatamente a palma da minha mão que ele queria comer, mas, fosse como fosse, obtive o resultado desejado. Eu tinha estado a pensar em toda tudo aquilo da cabra traidora da ex-namorada que Polly me tinha contado antes e estava determinada a enchê-lo com a atenção que ele desejava, para ter a certeza de que ele sabia que eu estava interessada nele. Porque, no fundo, fora por isso que ele descera tão baixo ao ponto de comprar uma mulher. Eu era uma coisa certa: ele podia contar comigo para satisfazer todos os seus caprichos e desejos, sabia que eu o queria a ele e apenas a ele. Não que eu estivesse a queixar-me. Claro que devia sentir-me repugnada comigo mesma por ser basicamente uma participante solícita, e era — até certo ponto. Mas eu era uma mulher com necessidades que nunca tinha percebido que tinha antes de tudo isto começar, necessidades que estavam muito certamente a ser satisfeitas por um homem que em circunstâncias normais teria conseguido levar-me para a sua cama sem ter de me convidar duas vezes. Além disso, eu tinha-me comprometido com isto, certo? Eu sabia no que me estava a meter. Gostar do "trabalho" só podia ser um benefício


acrescido. Quero dizer, eu podia ter acabado com Jabba, o Hur. A Galdéria estava a acenar energicamente num sinal de concordância até eu ter de mencionar aquele filho da mãe gordo e asqueroso, que me provocou um arrepio. Noah pôs-me no ombro como uma saca de batatas e eu soltei risadinhas como uma menina quando ele virou o rosto e me deu uma dentada no rabo com os seus gloriosos dentes muito brancos. Aparentemente, eu não era a única que tinha um fetiche por morder rabos. Por fim, chegámos à sala de música. Eu percebi, porque o seu ronronar com dentes de sabre tornou-se mais um murmúrio que fazia uma vibração constante que eu ouvia e sentia. Ele sentou-me com todo o cuidado em cima do seu piano de cauda e colocou-se entre os meus joelhos abertos. - Era isto que tinhas em mente? - A sua voz foi um ribombar profundo e rouco que percorreu o seu corpo e saiu pelas suas mãos, que estavam pousadas no piano de cada lado de mim. Eu senti a vibração da voz contra as minhas partes íntimas e pensei no meu novo brinquedo, o vibrador Crawford. - Na verdade, estava a pensar numa coisa mais ao estilo de tu sentares-te no banco e deixares esses teus dedos molestar as teclas — disse eu, enquanto passava as mãos pelo seu peito. - Achas que podes fazer isso por mim, Noah? Tocar alguma coisa para mim, inspirada na visão da minha... tua... rata? Colei reverentemente os meus lábios aos seus, mas ele não se mexeu. Parecia uma estátua, uma estátua de Adónis. Eu tinha começado a pensar que talvez a minha conversa porca não tivesse sido tão ordinária como eu queria quando ele se inclinou para a minha orelha e sussurrou: - Delaine? - Humm? - Acho que me vim um bocadinho. - Antes de eu conseguir responder, ele afastou-se abruptamente e foi sentar-se no banco do piano. Com o queixo encostado ao ombro, a olhar para ele, observei as suas mãos a percorrer suavemente as teclas sem emitir um único som. A sua expressão era de puro respeito e concentração, um homem que, obviamente, reverenciava aquele instrumento. Eu não podia censura Io; eu própria achava que o seu "instrumento" inspirava reverência. Ele lambeu os lábios e sentou-se numa posição mais confortável antes de me olhar com expectativa. — Tu prometeste que providenciarias a inspiração se eu tocasse. Um problema: se eu tentasse rodar o rabo no seu piano brilhante, que não era tão escorregadio como parecia, era mais do que provável que a pele chiasse. E eu não sabia se a minha dignidade aguentaria um embaraço daquela dimensão quando estava a tentar ser sensual e sedutora. Por isso, fiz a única coisa possível. Desci do piano, mantendo-me supreendentemente direita apesar dos saltos vertiginosamente altos de prostituta que tinha calçado (a Galdéria escolhera-os porque condiziam na perfeição com o meu traje) e depois aproximei o meu rabo quase nu de Noah, lembrando-me da maneira de andar das manequins que vira em incontáveis passagens de modelos a que a minha mãe me obrigava a assistir.


Creio que fiz bastante sucesso, porque Noah olhou-me como se fosse um lobo num daqueles desenhos animados dos Looney Tunes, a lamber as beiças como se eu fosse um cordeiro premiado. Sentindo--me provavelmente mais confiante do que devia, pus um pé no banco ao seu lado. Conhecem o ditado «Se o olhar pudesse matar...»? Sim, se os olhares pudessem apalpar-nos, juro que seria exatamente o que Noah faria com as minhas pernas, o meu rabo, as minhas mamas e a Galdéria - que diabo, os seus olhos tinham tantos apêndices como um polvo. A minha vagina estava positivamente ensopada. Imaginem! Não era porque a Agente Dupla Galdéria estava a salivar; era porque a reles ordinária estava a chorar lágrimas de alegria pelo que sabia que ia acontecer. E as lágrimas eram mais que muitas. Por isso empoleirei pomposamente o rabo em cima do seu piano e cruzei as pernas para esconder esse pequeno facto. Embora eu já tivesse aprendido que aquilo provocava uma grande excitação em Noah, queria brincar um pouco com ele. Afinal de contas, ele precisava de algum incentivo para me dar o que eu queria antes de eu lhe dar o que ele queria. Noah olhou-me e começou a desapertar lentamente a fivela guarnecida que estava presa em volta do meu tornozelo. Quando acabou, descalçou-me 0 sapato devagar c depositou um demorado beijo no peito do meu pé. - Não posso ter estes nas minhas teclas, gatinha - disse ele em voz baixa, pousando o meu pé descalço e começando a descalçar o outro. - A propósito, lembra-me de dar um aumento à Polly. - Compra-lhe um par destes sapatos fantásticos e ela vai ficar mais do que satisfeita. Ele pousou os meus sapatos no chão ao seu lado e depositou uma fila de beijos até chegar aos meus joelhos. Em seguida, separou-os e pousou os meus pés diretamente nas teclas, o mais longe que conseguiu. Quando eles carregaram nas teclas, o som que emitiram foi deprimente porque o teclado estava bastante desafinado e ambos nos arrepiámos ao mesmo tempo, mas depois ele olhou para a Galdéria e a sua expressão mudou depressa e apressadamente. - Adoro como ficas molhada para mim. - A Galdéria estava ocupada a lubrificar-se e a borrifar spray para o hálito na boca, aquecendo para o grande espetáculo. — Talvez devas saber que ninguém pousou jamais um dedo no meu piano de cauda, Delaine, e muito menos os pés. - Desculpa. Posso tirá-los - disse eu, mas antes de conseguir levantar sequer no dedo mindinho, ele impediu-me. - Não. - A calma tranquilidade da sua voz teve mais peso do que se ele tivesse berrado a ordem. Noah nunca tirou os olhos do meu centro, enquanto arregaçou as mangas da camisa até aos cotovelos. Depois, endireitou as costas e curvou ligeiramente os ombros para posicionar os dedos nas teclas. - Humm, já não toco há algum tempo - disse ele nervosamente, encolhendo um ombro. - Por isso posso estar um pouco enferrujado. Eu já sabia isso. Pouco antes de Noah telefonar para me mandar estar no carro, quando Samuel fosse buscá-lo ao emprego, Polly tinha ligado para saber como eu estava.


Tínhamos conversado durante algum tempo, enquanto eu deambulava pela casa, Foi nessa altura que eu tinha ido parar à sala onde nos encontrávamos agora. Tinha sido também quando Polly me contara que ele passava a vida a tocar antes de toda a tragédia com Julie. Quando ela me confidenciou que estava convencida de que ele nunca mais tinha tocado, eu percebi que tinha de tentar fazer com que ele tocasse de novo. Afinal de contas, dizia-se que a música acalmava o animal selvagem. Eu não sabia muito bem se o queria acalmado antes de ele me foder bem fodida, acima de tudo porque pensava que ele precisava de libertar alguma frustração, raiva ou o que quer que fosse que estava acumulado, mas talvez não fizesse mal ele voltar a interessar-se por uma coisa que o fizera feliz em tempos. Era arriscado? Sim. Mas pensei que, se tinha alguma possibilidade de ser bem sucedida, a melhor forma de o fazer seria apelando à sua natureza sexual. Polly estava convencida de que eu poderia ser um ponto fraco para o Sr. Crawford e, apesar de eu não ter qualquer intenção de explorar essa informação para meu benefício pessoal, não ia negar a mim mesma o prazer que sentiria ao ajudá-lo a aprender a viver de novo. Eu estava completamente encharcada quando ele tocou a primeira nota no piano. Os seus dedos moveram-se rápida e habilmente nas teclas, tocando uma melodia que acho que nunca tinha ouvido antes, mas que era linda. Eu estava preocupada com a limpeza do piano porque se ele continuasse a tocar assim eu vir-me-ia em grande sem que ele tivesse de me tocar. Embora, de certa forma, ele estivesse a tocar-me; afinal de contas, os seus dedos a fazerem aquela música linda que vibrava no piano e nas minhas partes íntimas pertenciam-lhe. - Reclina-te para trás apoiada nos cotovelos, gatinha - disse ele sem falhar uma nota. Pelo menos achei que ele não falhou nenhuma nota. Eu não era especialista naquele tipo de coisa, mas soava bem. Na verdade, mais do que bem; era erótico. Eu não diria que era propriamente a banda sonora de um filme pornográfico, mas, tendo em conta que a música era obviamente outra extensão de Noah - tal como os seus dedos, a sua língua e o seu colossal membro -, fazia sentido que, por extensão, também embalasse a minha vagina. A verdade é que mais do que embalou a minha vagina. Comoveu-me, fezme sentir coisas que deviam ser ilegais em 48 estados. Além do mais, a forma como os seus dedos percorriam aquelas teclas mostrava bem como é que ele tinha obtido a prática para outras coisas. Por isso, eu percebi que o Rei do Dedo Mágico tinha aparentemente mudado o nome para Rei do Piano Mágico. Recostei-me nos cotovelos, mas não deixei de olhar para ele. Noah estava a fitar-me. E quando digo que estava a fitar-me, não estou a referir-me à Caldéia. Estava a olhar para mim, para os meus olhos. Ele olhava-me tão intensamente que pensei que poderia entrar em combustão espontânea. E depois aconteceu. Sem quebrar o contato visual ou interromper a linda melodia sensual que estava a tocar, ele inclinou-se para frente e depositou um beijo no meu clitóris. O meu queixo caiu quando eu inspirei e contive a respiração, enquanto as minhas pernas tremiam involuntariamente. Claro que aquilo estragou a sua melodia angélica porque os dedos dos


meus pés afundaram-se nas teclas, mas Noah sorriu--me maliciosamente e continuou a tocar. A única diferença entre o que estava a tocar antes e o que continuou a tocar foi que as notas pareciam mais pesadas, mais urgentes. Também continuou a fazer aquela coisa que estava a fazer com aqueles lábios carnudos e com a língua que mais parecia uma serpente. A sua boca estava quente e húmida e os seus lábios acariciaram suavemente a minha boca de baixo, enquanto a sua língua manipulava habilmente todos os terminais nervosos do meu corpo a partir daquele ponto entre as minhas pernas. Eu não ia demorar muito tempo. A Galdéria estava a aquecer as cordas vocais, preparando-se para dar o concerto da sua vida. Talvez ela não conseguisse cantar, mas Noah tinha-a feito murmurar loucamente no pouco tempo desde que se conheciam. O que eu estou a dizer é que ele era um treinador vocal excelente. E por falar em murmurar — era precisamente o que Noah estava a fazer contra mim, em perfeita harmonia com a música que estava a tocar, como se tivesse sido ele a compô-la. O que podia muito bem ter acontecido. Os músculos das minhas coxas tremeram incontrolavelmente e as minhas ancas subiram quando tentei aproximar-me mais da sua boca deliciosa. Eu ansiava pelo orgasmo e comecei a implorá-lo em voz alta. De repente, a música parou e Noah alcançou aquele pequeno feixe de nervos inchado entre as minhas pernas, chupando como se a sua vida dependesse disso. Eu endireitei-me rigidamente e agarrei nos seus cabelos para o obrigar a ficar onde estava. Ao mesmo tempo, o orgasmo apoderou-se do meu corpo. A minha cabeça caiu para trás, as coxas apertaram-se à volta da sua cabeça e umas séries de sacrilégios indecifráveis saíram dos meus lábios numa voz que não se parecia nada com a minha. Juro por Deus — estás a ouvir, Noah — que devo ter sido possuída por algum demônio maléfico dos orgasmos ou uma coisa desse gênero. Só depois de as ondas se desvanecerem e a tensão no meu corpo diminuir um pouco é que eu fiquei legitimamente preocupada com a possibilidade de ter cortado o fornecimento de ar a Noah. Morte por asfirratiação, em oposição a asfixiação, não era propriamente uma coisa que se pusesse numa certidão de óbito, mas não seria fixe se pusessem? — Oh, meu Deus! Estás bem? — Entrei em pânico e puxei-o para cima pelos cabelos para poder vê-lo. Ele tinha aquele sorriso «sou um deus do caraças» e lambeu os restos do meu orgasmo dos lábios, dizendo: - Não. Mas podes crer que vou ficar. Eu não percebi como ou quando é que ele tinha conseguido fazê-lo, mas quando se levantou as suas calças já estavam caídas nos tornozelos e o seu colossal membro estava em sentido, a fazer-me continência. Ergueu-me do seu piano e sentou-se no banco comigo no colo. Demorou dois


segundos a levantar o meu rabo, a posicionar-se na minha entrada e depois deixar-me cair em cima dele. E não perdeu o ritmo. Ergueu novamente as minhas ancas e deixoume cair com força. A sua boca prendeu-se num mamilo quando o apertei contra mim. Embora eu estivesse em cima, não controlava de forma alguma a situação. Era Noah que fazia tudo. Dentro de mim, à minha volta, em mim - ele estava em toda a parte. A cada arremetida do seu membro ele entrava mais fundo e com maior intensidade até uma leve camada de suor lhe encher a testa e começar a humedecer lhe os cabelos. Os meus olhos começaram a revirar-se e pensei que devia estar possuída, mas não saberia ao certo, enquanto a minha cabeça não começasse a rodar ou eu sentisse a necessidade de vomitar sopa de ervilhas por todo o lado. No entanto, na verdade não pensei que isso viesse a acontecer porque como poderia uma coisa tão boa ser obra do diabo? Vim-me de novo, enterrando as unhas nas suas costas, e não me importei nada se estava a rasgar a sua camisa de estilista ou não. A única coisa que sabia era que tinha de me agarrar e nunca mais largar. E foi o que fiz, mesmo depois de Noah soltar o seu rugido selvagem que devia ter-me assustado e se vir dentro de mim. Com mais algumas arremetidas, ele ficou finalmente mole e exausto. Noah manteve a face encostada ao meu peito e os braços a envolver a minha cintura. Nem sequer se deu ao trabalho de sair de dentro de mim. E ficou calado. O único som que se ouvia na sala era o eco das nossas respirações pesadas, enquanto ambos tentávamos acalmar, ou talvez estivéssemos apenas a tentar fazer a sensação durar mais tempo. Eu também não o deixei sair. Continuei a acariciar-lhe os cabelos e a beijar o alto da sua cabeça até encostar a face a ele e ficar quieta. Não podia deixá-lo ir. New por sombras podia deixá-lo ir. Pela primeira vez desde que tomara a decisão de fazer isto, de me vender nesta coisa marada, estava aterrorizada. Quando é que aquilo tinha acontecido? Foi naquele momento que percebi como era verdadeiramente inexperiente e tonta, uma rapariga de uma cidade pequena a tentar entrar para um mundo completamente diferente com um homem que era maior do que a própria vida. Depois do que pareceu uma eternidade, soltámo-nos um do outro e eu fui para a casa de banho para tomar mais um duche. Até precisava de um, mas mais do que isso queria ter tempo sozinha para organizar os meus pensamentos. Quando a água quente do chuveiro me tocou na pele, comecei a chorar em silêncio. Os fingimentos - oh, Deus, os fingimentos atrás dos quais eu me tinha escondido aquela parede de eu-sou-uma-mulher-forçam-me-rugir: tudo começou a desfazer-se rapidamente. Eu não passava de uma miúda loucamente apaixonada por um homem que só me via como sua propriedade. E ele era verdadeiramente meu dono em todas as acepções da palavra. Voltei a pensar no que tinha acontecido mais cedo, depois da brincadeira na limusina. Eu tinha pensado que ele dissera que me amava e o meu coração tinha estremecido, como se tivesse caído para a boca do abdômen, ficando à espera de nascer e ser


entregue à única pessoa a quem eu sentia que poderia ent rega -Io de boa vontade. Mas ele não tinha dito nada daquilo. Pois não? O que prova até que ponto eu era inexperiente. Eu era uma miúda pateta e tonta. Noah Crawford era um homem que tinha o mundo inteiro na palma da mão e eu não tinha nada para oferecer. Mas, Deus me ajudasse, eu estava a apaixonar-me loucamente por ele. Do nada, Noah apareceu e abriu a porta da cabina de duche, apa-nhando-me de surpresa. — Ei, vou tomar duche numa das suítes de hóspedes. Só queria dizer-te, para o caso de te despachares antes... - Parou abruptamente de falar e franziu a testa. - Estiveste a chorar? Eu desviei a cabeça e comecei a limpar os olhos. — Humm, não. Claro que não - menti. — Que pergunta tão parva. Porque é que eu estaria a chorar? Entrou-me sabonete para o olho, mais nada. Ele ergueu lentamente o meu queixo para me olhar e eu vi alguma coisa nos seus olhos, mas, antes de deixar a minha mente deambular de mais para a terra das idiotas delirantes, percebi que era um simples reflexo do que estava nos meus. E fiquei profundamente assustada. De novo. Porque estremeci ao pensar nas consequências se ele visse o que eu sentia. Provavelmente, levar-me-ia e ao seu recibo diretamente para o balcão de apoio ao cliente de Scott para uma troca ou uma devolução total. Ele não sentia o mesmo por mim. Nunca sentiria. Nunca poderia sentir. — Está bem, se tens a certeza, eu vou só... - Ele acenou para a porta da casa de banho. — Sim, estou bem — disse eu com um sorriso fingido. — Vai. Estou a morrer gelada. — Não queremos que isso aconteça, pois não? - Ele inclinou-se para mim e a água do chuveiro salpicou o seu peito nu quando ele depositou um casto beijo em cada uma das miúdas e depois nos meus lábios. Com um piscar de olho e um sorriso malicioso, foi-se embora. Como se iria embora se alguma vez descobrisse que eu sentia alguma coisa por ele, o que, indubitavelmente, não fazia parte do contrato. Ia contra toda aquela coisa de sem compromissos. Eu tinha de me controlar e ultrapassar este momento de fraqueza. E ia conseguir. Ia conseguir esquecê-lo e cumprir as funções de que ele necessitava e nada mais. Já tinha sobrevivido a coisas muito piores. Eu não era uma mulher vulnerável. Era forte. Era resistente. Tinha feito tudo o que estava ao meu alcance para ajudar os meus pais perante a iminência da perda da minha mãe, a base de tudo o que nós éramos. Tinha-me vendido cegamente a quem tinha pago mais para garantir que ela, que todos nós, tínhamos uma hipótese de lutar. Eu conseguiria ultrapassar isto. Tinha de conseguir. Noah Na manhã seguinte, estava sentado à secretária com as mãos a puxar os cabelos,


frustrado. Não tinha dormido bem na noite anterior. Não conseguia tirar aquela expressão de Delaine da cabeça. Ela perseguia-me. Os olhos dela tinham alguma coisa diferente. Eu já tinha visto aquele olhar antes. Mas não conseguia lembrar-me onde. Ela mentira-me. Tinha estado a chorar e, como não me diria porquê, eu tinha de tirar as minhas próprias conclusões. Não demorei muito a perceber. Ela era uma prisioneira na minha casa. Embora eu lhe tivesse dado rédea solta, ela continuava a ser uma prisioneira que era obrigada a submeter-se às minhas necessidades primitivas sempre que me apetecia. Porque é que nunca me tinha passado pela cabeça que aquilo podia ser humilhante para ela? É claro que muitas mulheres se atiravam a mim, mas faziam-no porque queriam, não porque tinham sido pagas e não tinham outra alternativa. Levantei-me e fui para a minha casa de banho privativa. Abri a torneira da água fria e deixei-a encher as minhas mãos em concha antes de lavar o rosto. Repeti o gesto vezes sem conta até perceber que não estava a fazer efeito. Nada ia arrancar-me do torpor que eu sentia. Peguei numa toalha para limpar o rosto, mas observei-me fugazmente no espelho e fiquei paralisado. E foi então que percebi. Eu tinha-me transformado na pessoa que mais desprezava neste mundo: David Stone. Afinal de contas, o que eu tinha feito era uma coisa que ele faria, mas eu pagara para ter um contrato a longo prazo cm vez ilc a usai apenas durante uma noite. Eu estava a usada para meu benefício e com um desrespeito total pelo efeito que isto poderia ter nela. E tinha agido com a rede de segurança de dizer a mim mesmo que ela tinha escolhido fazer isto e que sabia no que se estava a meter. Embora isso pudesse ser verdade, não significava certamente que eu devia aproveitar-me desse facto. E se ela tivesse uma doença mental? Não parecia ter, mas quem é que, no seu juízo perfeito, faria uma coisa destas? Alguém completamente encurralado, evidentemente. Se eu estava a aproveitar-me do seu desespero, como é que era diferente de David? Ignorância não era uma boa desculpa. Eu devia saber que qualquer pessoa, quer fosse Delaine quer fosse uma prostituta viciada em drogas, só faria uma coisa destas como último recurso. Por isso, de qualquer maneira eu tinha feito uma coisa má. Voltei para o escritório e olhei para o telefone que estava em cima da secretária, desejando que ele tocasse. Como o masoquista que eu parecia ser, queria saber o que tinha acontecido na sua vida para obrigá-la a seguir este caminho. O salvador que existia em mim queria ajudá-la. A verdade era que eu não era nenhum salvador; eu era um encorajador. Devia ter algum poder extrassensorial porque naquele momento o maldito telefone começou a tocar. De repente, não tive a certeza se queria que fosse Sherman, porque se ele me contasse o que eu pensava ser verdade, que Delaine estava numa situação terrível quando decidira fazer isto, eu não sabia como iria lidar com a situação. Respirei fundo para me acalmar e controlar os nervos e depois atendi. — Crawford. - Ei, Crawford. É o Sherman. Tenho as informações que queria. Espero tê-lo apanhado num momento melhor. Eu suspirei e o meu suspiro pareceu abatido até aos meus ouvidos.


— Ê um momento tão bom como qualquer outro — respondi. E depois aguardei a respirar devagar. - Sim, bem, tem caneta e papel à mão? - perguntou Sherman no seu tom profissional. Eu tirei uma caneta do bolso e coloquei o bloco de notas à minha frente. —Pode dizer. — Delaine Marie Talbot, conhecida como Lanie Talbot. - Como se eu precisasse de ser recordado. — Tem 24 anos, vive em Hillsboro, Ilinóis, em casa dos pais, Faye e Mack Talbot. Se quiser, tenho um endereço - disse ele. — Não é para isso que eu lhe pago? - perguntei agitado. Sherman debitou o endereço e continuou sem interrupção. — Os registos do liceu mostram que era uma aluna excelente, mas não encontrei registos de ter frequentado qualquer universidade. Não fiquei nada surpreendido por ela ser inteligente; talvez precisasse de dinheiro para as propinas. — Também não parece gostar muito de sair. O que não é surpreendente numa aluna excecional. Eles tendem a estar sempre enfiados em casa. Eu tinha sido um desses alunos excelentes, por isso sabia muito bem que nada podia estar mais longe da verdade. — Parece bastante aborrecida, se quer saber a minha opinião. — Eu não queria. - Não encontrei mais nada sobre ela, por isso investiguei os pais. O pai foi operário fabril até ter sido despedido recentemente por problemas de assiduidade. Havia justificações de médicos no ficheiro, mas não eram para ele. Aparentemente, ele estava a cuidar da mulher doente, Faye. Faye Talbot está terminalmente doente, tipo às portas da morte, e precisa de um transplante de coração — disse ele, e calou-se. Memórias do caixão fechado da minha mãe passaram-me diante dos olhos e deixei cair a caneta, perdendo de repente o controlo das minhas funções motoras. Eu tinha perdido ao mesmo tempo as duas pessoas que amara verdadeiramente, por isso sabia demasiado bem como Delaine devia estar a sentir-se. E ela estava ali comigo, em vez de estar ao lado da mãe. Porquê? Ouvi Sherman a mexer em papéis do outro lado da linha e depois ele continuou; — Recentemente, eles receberam uma avultada quantia, doada por um anônimo. Antes disso, parece que estavam a afundar-se em dívidas rapidamente. Muitas contas médicas, cartões de crédito com plafonds esgotados... Seria lógico o seguro de saúde pagar algumas destas coisas. Mas ficar sem emprego normalmente significa perder o seguro de saúde. Raios. — Essa Delaine não tem cadastro policial. É tudo o que tenho. - Ele suspirou e esperou que eu dissesse alguma coisa. O problema é que eu não sabia o que dizer. O meu cérebro ainda estava a processar o facto de a mãe de Delaine estar a morrer. Pela primeira vez desde que a minha mãe falecera, apeteceu-me chorar. - Crawford? Está a ouvir-me, Crawford? — repetiu ele. Não consegui falar. Estava engasgado num dilúvio de emoções que me invadiram de


repente e ameaçaram rebentar a barragem que eu tinha construído cuidadosamente para refrear essas emoções, como se fosse feita de ramos em vez de 100 metros de betão reforçado. O desgosto que eu tinha sentido quando perdera os meus pais quase me destruíra. Eu teria feito qualquer coisa para os salvar, se tivesse sido possível. Qualquer coisa. No meu estado de choque, quase não percebi que tinha desligado o telefone. Delaine tinha feito a coisa mais altruísta que qualquer ser humano neste mundo poderia fazer. Ela tinha dado o seu próprio corpo, a sua própria vida... para salvar a mãe moribunda. Ela era uma santa e eu tratara-a como uma escrava sexual. Culpa como nunca tinha sentido começou a corroer-me. Porque saber o que ela tinha feito, e o motivo por que tinha feito aquilo, partiu-me o coração.


13 Sinto-me com vontade Noah Saí cedo do escritório. Não conseguia concentrar-me; não podia ficar ali a fingir que estava tudo bem, a tratar de negócios como sempre, quando o que estávamos a fazer era tudo menos normal. - Ei, Crawford - Mason deteve-me quando eu me dirigia para a porta da antessala do meu escritório. - Vais-te embora? O que é que se passa? Sim, provavelmente eu devia ter dito alguma coisa ao meu assistente, certo? Tudo na merda da minha cabeça estava na maior confusão e só piorava a cada segundo que passava. Não era nada normal. - Reencaminha os telefonemas para o meu correio de voz. Vou sair e já não volto hoje. Se alguém perguntar, não sabes onde vou. - Mas eu não sei onde é que vais. - Exatamente. Virei-me e continuei o meu caminho, ignorando o «Está tudo bem?» de Mason. Não, não estava tudo bem. E não, não queria falar sobre o assunto. Só queria chafurdar na minha culpa durante algum tempo e depois encontrar uma forma de sair desta trapalhada. Eu sabia que só havia um sítio onde ia conseguir ter a paz e a serenidade de que precisava para refletir sobre esta merda, e não ia deixar--me atrasar por conversas da treta. O que significava que teria de ser rude, e fui... com diversos empregados. Mas sabem que mais? Estava--me nas tintas se eles se sentiram desconsiderados porque eu não sorri delicadamente quando me perguntaram como estava e lhes atirei um superficial «Bem, bem. E você?». Eu não queria saber como eles estavam, nem que o pequeno Johnny estava constipado ou que Susie tinha entrado para a claque, nem sequer que Bob conseguira finalmente aquela promoção. Eu estava me a cagai paia isso. Saí cio edifício e entrei no primeiro táxi que parou porque não queria usar o carro com Samuel. Não queria que ninguém soubesse onde estava. Seria irresponsável da minha parte não dizer nada a ninguém? Provavelmente, mas uma vez mais estava-me nas tintas. Passei uma nota de 50 dólares para o motorista e disse: — Sunset Memorial. — Claro. Você não é aquele miúdo Crawford? - Não. Deve ter-me confundido com outra pessoa. - Suspirei quando me recostei no assento. E claro que ele sabia que eu estava a mentir. Por amor de Deus, ele acabara de me apanhar diante do edifício que pertencia «àquele miúdo Crawford». Por isso, a culpa da minha mentira era sua. Ele não devia ter-me feito uma pergunta tão estúpida.


Pouco depois o trânsito do centro de Chicago desapareceu da vista e o sol apareceu no céu cheio de nuvens. Foi muito estranho ver os raios a brilhar pela minúscula abertura, especialmente quando as nuvens que os rodeavam pareciam prestes a despejar a chuva que tinham dentro delas, mas fiquei um pouco mais calmo quando segui os raios de sol até ao sítio para onde me dirigia. A cripta dos Crawford. Bem, suponho que mausoléu seria o termo correto, mas cripta soava melhor. Fosse como fosse, era o lugar de descanso eterno das duas únicas pessoas que me tinham tido realmente, que me tinham amado como eu era. E provavelmente um deles ia sair daquela coisa para me dar uma palmada na nuca pelo que eu me tinha tornado. — Quer que espere? — perguntou o taxista quando parou na alameda ao fundo da colina que levava ao cemitério onde a minha família estava enterrada. - Não. Eu fico bem - respondi. - Tem a certeza? Parece que vai começar a chover a qualquer momento. - Tanto melhor - murmurei, e depois saí. Chuva torrencial corresponderia perfeitamente à forma como me sentia por dentro. — Bem, não acho certo deixá-lo aqui sozinho sem ter pelo menos alguma coisa para lhe aquecer os ossos — disse o taxista, esticando a mão para o assento e estendendo-lhe um saco de papel castanho com uma garrafa de Jose Cuervo por abrir. O preferido do meu pai... que irônico. — Obrigado — disse eu, dando-lhe outra nota de 50 e pegando na garrafa. Subi a colina até à cripta da família e sentei-me no banco de mármore à porta. Depois, tirei a garrafa do saco, abri a tampa e despejei uma boa dose no chão. Afinal de contas, não seria rude ao ponto de beber diante do meu pai sem lhe oferecer um gole. — Saúde — disse eu, batendo na garrafa antes de beber. O líquido queimou ao descer e eu estremeci, como acontecera da primeira vez que tinha bebido um pouco quando tinha 13 anos. David desafiara-me e, como eu não queria parecer um mariquinhas, reprimi a tosse que o meu corpo queria libertar, esperançado de que ele não percebesse que eu não era tão forte como fingia ser. O mais engraçado foi que, quando ele experimentou, cuspiu aquela porcaria pelo nariz. Ainda o via a apertar as narinas e a choramingar durante uma boa hora depois de aquilo ter acontecido, porque ardia muito. Não pude deixar de soltar uma risada ao recordar aquele episódio, e depois bebi outro gole antes de olhar para o chão. Merda para David. E merda para mim. Ainda me lembrava da noite em que perdi os meus pais. É evidente que me lembrava; eu tinha-os assassinado, por isso nunca conseguiria esquecer. Talvez não com as minhas próprias mãos, mas ainda assim a culpa tinha sido minha e isso tornava-me um assassino. Como sempre, David e eu tínhamos andado a fazer asneiras. Estávamos podres de bêbedos. Acho que nessa noite o uísque tinha sido o culpado, e estávamos a beber aquela merda como se fosse água. O desafio? Quem conseguiria beber uma garrafa mais depressa - puro, sem nada. Não estávamos nada preocupados com a possibilidade de


entrarmos em coma alcoólico, estávamo-nos nas tintas para o facto de irmos receber os nossos diplomas no dia seguinte e termos de nos levantar de manhã cedo. E nenhum de nós estava em condições de conduzir. Os meus pais voltavam para casa depois de um espetáculo de ópera quando eu lhes telefonei. Eu só queria que eles mandassem o motorista buscar-me, mas o meu pai ficou furioso e a minha mãe ficou preocupada. Por isso insistiram em ir buscar-me e ao David a caminho de casa. Nunca chegaram. Um outro filho da mãe bêbedo, que tinha decidido que seria uma idéia fantástica sentar-se atrás do volante de um carro em vez de arranjar uma boleia nessa noite, chocou de frente com os meus pais. Eles estavam mortos no local, de mãos dadas, sem vida. Eu vi, porque fui a pé até ao acidente quando me apercebi das luzes das ambulâncias. Eles estavam apenas a três quarteirões. Eu tinha vencido o concurso de bebida nessa noite, mas o preço a pagar fora muito alto. A culpa tinha sido minha, mas a mãe de Delaine? Não era culpa de ninguém, especialmente não de Delaine. Ela não era uma fedelha mimada com uma vida de luxo que não tinha idéia da sorte que tinha. Ela não era uma cretina estúpida que achava que embebedar-se e foder tudo o que tinha um par de mamas decente e um rabo bonito era a receita perfeita para passar um bom momento. Por isso, porque é que tinha de pagar um preço tão elevado? Suspirei e levantei os olhos para as nuvens escuras. - Diz-me o que fazer - pedi, erguendo os braços, desesperado, e agitando a tequila dentro da garrafa. Naquele exato momento, as nuvens de chuva por cima de mim decidiram despejar a carga que carregavam. Eu tive a minha resposta. Tinha de a deixar ir. Ela tinha de estar com a mãe e o pai, mas era muito mais fácil dizer do que fazer. Virei novamente a garrafa, mas antes de o líquido ardente me queimar a língua, afastei-a e atirei-a por cima do pequeno monte relvado à esquerda do mausoléu. Fiquei a vê-la rebolar até ela parar no fundo da colina e despejar quase todo o líquido no chão, mas não todo. O simbolismo fez-me rir como um louco. Delaine era o sumo do diabo, capaz de me incendiar de dentro para fora. Quando estava perto dela, a minha mente ficava entorpecida e os meus pensamentos incoerentes. E agora ela estava livre, mas haveria sempre uma pequena parte dela que eu traria comigo. Porque Delaine Talbot não era fácil de arrancar do sistema - pelo menos, não do meu. Não podia fazê-lo. Não podia libertá-la. Fiquei no cemitério até depois de o sol se pôr. Podia ter sido horas depois; não tinha a certeza porque o tempo pareceu parar durante momentos, enquanto eu chafurdei na minha culpa. Eu estava gelado e o meu rabo e as duas pernas estavam dormentes por não me ter mexido daquele lugar no banco. Felizmente, a chuva só tinha caído durante meia hora e eu já estava completamente seco. Ignorei os roncos do meu estômago, a minha boca seca e o telemóvel que não parava de tocar. As pessoas queriam saber onde eu estava. Eu sabia. E era apenas uma questão de tempo até Polly mandar os cães de fila à minha procura. Mas o único nome que piscou no ecrã e me deixou curioso foi o de Delaine.


Não vou mentir - queria atender aquela maldita chamada mais do que tudo no mundo. Peguei no telemóvel ao primeiro toque, olhei para ele durante o segundo e apertei-o com tanta força durante o terceiro que pensei que tinha estalado aquela maldita coisa. Mas não atendi. Que diabo teria dito? Contratei um detetive particular para investigar o teu passado porque sou um filho da mãe coscuvilheiro, que pode ter uma ligeira tendência para ser controlador... Raios, ela ia ficar mais do que furiosa quando descobrisse o que eu tinha feito. Tinha a certeza absoluta. E adivinha o que descobri? Isso mesmo. Sei que vendeste o teu corpo para pagar o transplante de coração da tua mãe moribunda, mas mesmo assim vou continuar a foder-te porque estou doente e preciso de ajuda - montes de terapia de choque na minha pila pode ser o remédio certo. Sim, isso não ia acontecer. O meu telefone apitou a notificação habitual de que eu tinha uma mensagem de texto e peguei nele. O meu peito agitou-se um pouco quando vi que era de Delaine e abri a mensagem. O relógio digital disseme que já passava das 10 da noite. Merda, eu tinha estado aqui durante tanto tempo? Onde estás? Estou sozinha... nesta cama grande... nua. O meu membro estremeceu nas calças ao imaginar aquela imagem que ele e eu conhecíamos tão bem. - Cala-te. Esta trapalhada em que estamos metidos é toda por tua causa, seu filho da mãe excitado - admoestei o meu amigo de toda a vida. Reunião de negócios. Não esperes por mim. Tretas. Falei com a Polly, mas contente porque estás vivo. Vou dizer-lhe. Graças a Deus que por enquanto ela não ia insistir mais. É evidente que eu estava perfeitamente consciente de que, quando tivesse de enfrentá-la, tudo mudaria drasticamente. Pelo menos, ela faria com que Polly deixasse de me chatear. Vou dormir. Não deixes de me acordar quando chegares a casa. Se quiseres :) Oh, eu queria. Mas não acordaria. Guardei o telemóvel no bolso e continuei a olhar para o vazio. O fantasma da minha mãe não tinha aparecido para me bater na cabeça. O fantasma do meu pai não tinha aparecido para me ralhar por ter desperdiçado um bom Cuervo nem para me dizer que tinha de me recompor e deixar de me comportar como um imbecil. Eu não tinha tido uma grande epifania nem tinha tomado nenhuma decisão relativamente ao que ia fazer. Tudo considerado, tinha perdido um dia e uma noite.


Peguei novamente no telemóvel e liguei para o meu tio. Daniel era cardiologista, o melhor de Chicago. Não apenas isso, mas parecia conhecer toda a gente. Provavelmente, porque era um grande apoiante de tudo o que estava relacionado com medicina. Exatamente o que o tinha levado a comprar o consultório de Everett. Aquela clínica médica tinha especialistas de quase todas as áreas e Daniel era como uma esponja, constantemente a tentar assimilar todo o conhecimento possível. Eu sabia que telefonarlhe era um tiro no escuro, mas queria que ele tentasse saber informações sobre o estado de Faye Talbot e se poderia ajudá-la. Nem pensar que alguém me ia dar informações com toda aquela treta da confidencialidade médica - não que eu compreendesse uma palavra mesmo que me dissessem tudo o que havia para dizer. Porém, Daniel faria o que fosse possível. Depois de falar com Daniel e de ele aceitar ajudar-me, liguei a Samuel para me vir buscar. Tinha chegado o momento de voltar para casa e, embora temesse a reação do meu corpo ao ver Delaine, o meu coração precisava dela. Samuel conhecia-me bem e não me disse nada quando voltámos para casa. Claramente, eu não estava com disposição para conversas. Quando chegámos entrei sem uma palavra e fui para o quarto. Embora conhecesse o caminho de cor, foi como se estivesse a ser puxado naquela direção por uma força invisível. Ela estava ali e eu era atraído para ela como um íman. Pela primeira vez em muito tempo, deitei-me com todas as roupas vestidas, exceto os sapatos. Ela estava a dormir, mas estava voltada para o meu lado da cama e o seu rosto angélico parecia pacífico, embora eu soubesse o inferno que o destino, e eu, lhe tínhamos imposto. Cada molécula do meu corpo queria esticar-se e tocar-lhe, mas não podia. Porque eu estava sujo e ela não. E não estava a referir-me ao facto de ter passado o dia com roupas molhadas e ainda não ter tomado um duche. Eu não conseguia manchar uma coisa tão imaculada. Mas ela já estava coberta com as minhas manchas, não estava? Eu tinha-lhe tocado em todo o lado, não deixara um centímetro da sua pele sem a marca do meu toque. Por isso, fiz a única coisa que podia fazer. Fiquei ali deitado a vê-la dormir, memorizando cada pormenor, vendo-a respirar. E naquele momento percebi que nunca mais a trataria como uma escrava sexual. Lanie - Mexe-me esse rabo, senão vamos atrasar-nos! - Polly estava a berrar-me ordens do outro lado da porta da casa de banho há quase uma hora c eu começava a ficar seriamente irritada. Tinha acabado de abrir uma frincha da porta para correr com ela quando, de repente, um forte ruído abalou a casa e um meteoro com o tamanho do Texas esmagou o teto e aterrou diretamente em cima da cabeça de Polly, antes de se afundar para o rés-do-chão e aterrar com um grande estrondo. Os seus pequenos braços e pernas foram tudo o que consegui ver quando olhei para o enorme buraco no chão, e


não estavam a mexer-se - nem sequer a estrebuchar. Ding, dong, a bruxa estava morta... —Já não era sem tempo! - guinchou Polly, arrancando-me da minha alucinação. O buraco no teto tinha desaparecido, bem como o buraco no chão, os destroços e o meteoro gigantesco. Uma tripé de ácido muito séria. Tinha de repetir. Polly ofegou, aparentemente sem palavras. Na verdade, aquilo não era nada típico dela. - Tu estás absolutamente... Deus, neste momento sinto uma inveja tão grande de ti — disse ela enquanto andava à minha volta. — Se o Noah não perder aquele seu feitio estou-zangado-com-o-mundo quando te vir com este vestido, é um caso completamente perdido. Eu dirigi-me para o espelho de corpo inteiro do lado de dentro da porta do roupeiro de Noah e observei-me. O vestido era maravilhoso - de qualquer modo, o pouco que havia dele. Era um modelo de cetim azul-marinho com um grande decote atrás que terminava mesmo por cima da curva do meu rabo. A zona do peito era basicamente uma faixa que cruzava sobre os seios e descia até às ancas. O meu estômago estava nu até onde a saia começava nas ancas. E a saia podia ser até ao chão, mas que diferença fazia quando tinha uma racha até ao cimo da coxa? Pelo menos o tecido da saia era solto e vaporoso. Polly tinha-me apanhado o cabelo num torcido, mas deixara elegantes madeixas estrategicamente colocadas à volta do meu rosto. A maquilhagem era muito mais arrojada do que eu teria feito, mas os olhos esfumados ficavam-me bem. Se Dez pudesse ver-me agora - juraria que eu era uma pessoa completamente diferente e talvez não se sentisse tão embaraçada por ser vista comigo em público. Porém, por muito bonita que eu me sentisse, duvidei que Noah reparasse. Polly tinha razão — ele parecia estar zangado com o mundo e eu não fazia idéia por que. Nem sequer tinha voltado a tocar-me desde aquela noite na sala de música, a noite em que tínhamos feito a música mais bela que eu jamais tinha tido o prazer de ouvir, sendo os nossos corpos e o piano os únicos instrumentos da orquestra. Tive de me rir de troça de mim mesma porque aquilo parecia muito piroso até na minha cabeça, mas era verdade. Eu sentia a sua falta. Quando ele voltara para casa da sua "reunião de negócios", não me tinha acordado. Invulgar para ele, desanimador para mim, devastador para a Galdéria. Polly contara-me que Mason tinha dito que ele saíra do escritório como se estivesse possuído e sem dizer onde era o incêndio. Não tinha atendido os seus telefonemas, e nem sequer os meus, até eu lhe mandar uma mensagem de texto. - Ouviste-me? - perguntou Polly naquele tom "estáááás aí". Oh, certo, novamente a sonhar acordada. - Humm, sim? — perguntei em vez de afirmar. - O que é que eu disse? - Polly tinha as mãos nas ancas e a cabeça inclinada para o lado com a sua expressão "estás tramada se não me deres a resposta certa". - O Noah perdeu a visão porque o vestido o deixou pasmado e ele incluiu o mundo inteiro no seu testamento - repeti eu. Está bem, talvez não estivesse perfeito, mas tinha de estar perto, certo?


Ela semicerrou os olhos. - Calça-te. Os rapazes estão à espera. Eu enfiei os sapatos de salto alto e peguei na clutch antes de seguir a pequena Chihuahua estridente que Polly era para fora do quarto e pelo primeiro lance da escadaria. Parei quando cheguei ao primeiro patamar e fiquei embasbacada quando vi Noah. Ele estava perfeito da cabeça aos pés. Smoking preto, camisa branca de cerimônia, sapatos pretos e o rosto bonito com a sua melhor expressão. O homem fazia aquilo parecer tão fácil. Ele olhou para o patamar onde eu estava. Quase se voltou novamente, mas em vez disso abriu muito os olhos. Ah, afinal eu tinha atraído a sua atenção. Ele sorriu acanhadamente quando eu desci as escadas e passou as mãos pelos cabelos antes de me dar a mão. - Estás deslumbrante — disse ele, beijando-me as costas da mão como um verdadeiro Príncipe Encantado. Nesse momento, eu percebi o quanto Cinderela e eu tínhamos cm comum. Como ela, eu era apenas uma miúda da classe operária a viver uma linda fantasia. Só que em vez de uma fada madrinha, eu tinha um contrato de dois anos. O sorriso de Noah alargou-se quando ele viu a pulseira Crawford no meu pulso e depois soltou-me a mão e o sorriso desapareceu. Ele pigarreou, embaraçado, e depois enfiou as mãos nos bolsos antes de dizer: — Bem, temos de ir. Polly pigarreou por sua vez, de uma forma nada discreta - sim, pois - e quando Noah olhou na sua direção, ela inclinou rapidamente a cabeça na minha direção, enquanto batia na garganta. — Oh! - disse Noah, percebendo por fim a dica muito óbvia. - Tenho uma coisa para ti. - Levou a mão ao bolso e retirou uma fina corrente de platina. Quando a ergueu, eu vi o simples diamante azul no centro. — Oh, Noah, não devias. — Jesus, eu até parecia a Cinderela, mas aquilo era o que o homem me fazia. Noah encolheu os ombros, mas não me olhou. Em vez disso, concentrou-se no fecho do colar. — Não é nada especial. Tu mereces... - Ele suspirou e por fim levantou a cabeça com uma expressão de incerteza - ... muito mais. Aquilo foi estranho. Especialmente tendo em conta a forma como ele me tinha tratado nos últimos dois dias, como se eu tivesse a peste. Noah passou para trás de mim e roçou levemente a pele nua das minhas costas com o peito quando prendeu o colar. Antes de recuar, os seus dedos percorreram os meus ombros nus, provocando-me arrepios. Eu pus a mão no seu antebraço para o impedir de se afastar. — Obrigada - sussurrei, e depois pus-me em bicos de pés para lhe dar um suave beijo. Quando ele se afastou, reparei que o seu maxilar estava tenso como se ele estivesse a ranger os dentes. A verdade é que eu não compreendia qual era o seu problema. Até há dois dias, ele não me largava, como se não conseguisse saciar-se. E agora tinha havido uma inversão


de 180 graus. Eu não sabia se ele estava descontente comigo, se eu tinha feito algo para o desinteressar, ou outra coisa qualquer. Mas sabia uma coisa: ele começava certamente a irritar-me. No entanto, talvez fosse esse o objetivo. Desde que tinha sabido a história de Julie, eu estava a tentar anular o meu lado atrevido e ser boazinha. Talvez ele não gostasse desse meu lado. Talvez ele não tivesse mudado. Talvez eu é que tivesse mudado e a nova versão de mim não lhe agradasse tanto. Muito bem. Espetei o queixo, retirei a mão do seu braço e comecei a dirigir-me para a porta. E depois percebi que ninguém me seguia. Por isso voltei--me, olhei-os e disse: - Então? De que é que estamos à espera? Vamos despachar isto. A viagem na limusina foi calma. Polly e Mason tinham levado o seu carro para o baile, para o caso de algum dos casais querer sair mais cedo. Noah sentou-se num lado da limusina, a fumar um cigarro enquanto olhava pela janela. Tradução: estava a torturarme com toda a sua vibração "vê-me a fazer amor com este cigarro enquanto te ignoro". E depois começou a verdadeira tortura. Pessoas. Montes e montes de pessoas. E máquinas fotográficas. Flashes disparavam por toda a parte quando percorremos o tapete vermelho para o lugar da moda que estava a receber a elite de Chicago. Pessoas gritavam e lutavam para conseguir uma posição que lhes permitisse uma fotografia melhor. E o centro das atenções? Noah Crawford - e a sua acompanhante. Eu mantive o rosto escondido atrás dos seus ombros largos ou apenas desviada em geral. Noah manteve o braço à volta da minha cintura, enquanto sorria e posava, acenava e cumprimentava as multidões de pessoas e continuava a ignorar completamente a pergunta constante «Quem é a linda mulher que o acompanha esta noite, Noah?» até estarmos finalmente fora do caos e no interior, onde a festa estava no auge. Eu fiquei aliviada, mas depois Polly ocupou o seu lugar ao meu lado e perguntou: - Estás pronta para entrar? - Pensei que já tínhamos entrado — disse eu, olhando em volta. - Miúda tonta. Isto — disse ela quando abriu as portas duplas - é o Baile da Scarlet Lotus. Uau. O lugar era gigantesco, mas não fiquei surpreendida. Tudo o que Noah fazia era em grande. Havia flores de lótus vermelhas por toda a parte: a flutuar em taças de vidro cheias de água e velas, em ramos, por todo o lado. Bandeiras de seda vermelha adornavam o teto, complementando as toalhas de mesa vermelhas e laços vermelhos; parecia que um lindo massacre tinha ocorrido na sala. Champanhe corria em fontes. Não, a sério, havia fontes de champanhe, além de cerca de duas dúzias de empregados que percorriam estrategicamente a sala aberta com bandejas de taças cheias de líquido dourado. O que provavelmente explicava porque é que as pessoas estavam tão alegres. Tão extremamente alegres. Os empregados eram lindos, todos vestidos com vestidos e smokings que custavam mais do que um mês de ordenado para gastar com as despesas da casa da maioria das pessoas que residiam na minha cidade. Aqui, até cheirava a dinheiro. A hierarquia social


tinha uma forma de recordar às pessoas o seu lugar no momento certo. Noah nunca me fizera sentir menos do que adequada, mas a verdade é que ele e eu nunca tínhamos estado expostos aos olhares públicos desta forma antes. Até esta noite, tínhamos sido apenas os dois a fazer sexo como coelhos na privacidade da sua casa enorme. Agora, no meio dos seus amigos da vida real, eu vi claramente a linha que nos dividia. Se eu não me tinha sentido completamente inferior a Noah antes, agora sentia-me. - Bem-vinda ao meu mundo — sussurrou Noah ao meu ouvido antes de me segurar pelo cotovelo e me levar pelo meio da multidão. -Quero apresentar-te algumas pessoas. Jesus. Eu ia fazer asneira da grossa. Tinha a certeza. - Noah! Estava à sua espera - guinchou uma pequena loura bamboleante, aproximando-se dele. Se querem saber a minha opinião, parecia que ela já tinha bebido demasiado. - Oh, trouxe companhia? Não sabia que andava com alguém. - Mandy, só porque não estamos no escritório não significa que deixo de ser o Sr. Crawford — disse-lhe Noah num tom de voz firme. Nesse instante, um empregado passou com uma bandeja de champanhe. Ele pegou numa taça e entregou-me e depois tirou uma para si mesmo. - Oh, certo. Desculpe - disse Mandy, constrangida. E depois começou a avaliação. A julgar pela forma como ela torceu o nariz e fingiu um sorriso, eu diria que ela percebera que o meu lugar era no braço de Noah. - Quem é ela? - Não tem nada com isso. Agora, desapareça e vá procurar mais uma bebida, Menina Peters — disse ele, despachando-a com um aceno. Ela lançou-me um último olhar maldoso e eu inclinei-me para Noah com um sorriso de adoração para provocá-la. - Oh! A Lexi e o Brad estão ali! - guinchou Polly, a apontar para um casal espantoso a alguns metros de distância. Eu consegui pegar noutra taça de champanhe antes de ela me agarrar no pulso e praticamente me arrancar o braço da articulação para nos aproximarmos do casal mais belo do mundo. Noah foi parado por alguns homens de fato, mas Polly, como a pequena metediça que era, continuou a avançar. - Lexi! — guinchou Polly, soltando-me finalmente o braço para correr para a ruiva de pernas altas e magras e abraçá-la. Aquela tipa devia ter servido de modelo para a Jessica Rabbit. Tinha uma beleza escultural: bronzeado maravilhoso, mamas enormes, cintura minúscula, lábios vermelhos salientes. Eu quase esperei ouvir os Commodores a interromper a presunçosa música para dormir que se ouvia agora. - Oh, Brad! - trinou o tipo enorme que estava ao seu lado numa voz feminina, a troçar de Polly enquanto batia as pestanas e acenava os pulsos no ar. — Senti imensas saudades tuas e tu és a minha pessoa preferida! Ooh! Deixa-me apalpar-te também! Polly soltou o abraço daquela mulher alta e boazona e olhou-o, enquanto a dita beldade batia na nuca do companheiro. - Não sejas parvo. Temos companhia - disse ela, acenando na minha direção com uma expressão de curiosidade. - Oh, sim. Esta é... Noah interrompeu-a, aparecendo subitamente do nada.


- Delaine. A minha Delaine. - Envolveu a minha cintura com um braço e puxou-me possessivamente para si. — Delaine, esta é a Alexis, a minha prima preferida, e o seu marido, Brad Mavis. - Pode chamar-me apenas o Bom Gigante - disse Brad. — Ele é defesa e joga na Liga Nacional de Futebol Americano -explicou Noah. — E sou muito bom — gabou-se Brad, inchando o peito. — A Lexi é a sua temível agente - continuou Noah com um aceno na direção da prima. - Acho que ela o assusta mais do que qualquer um dos negociadores de contratos sanguessugas. — Alguém tem de o manter na linha. Além disso, ele gosta de coisas duras - disse Lexi, a sorrir. — É um prazer conhecê-la — disse eu, estendendo a mão a Lexi num cumprimento. — O Noah não me disse absolutamente nada acerca de si. — Eu ri-me acanhadamente. — Igualmente — disse Lexi, apertando-me a mão. Dir-se-ia que "igualmente" se referia ao prazer em conhecer-me, mas fiquei com a impressão de que a resposta tinha os dois sentidos... Noah também não lhe tinha dito nada sobre mim, o que fazia sentido, mas não para eles. — Então, Patrick, viste a mãe e o pai? — perguntou ela a Noah. Eu olhei para Noah com as sobrancelhas erguidas numa expressão curiosa. Ele percebeu imediatamente o sentido do olhar. Revirou os olhos, embaraçado, antes de dizer com um encolher de ombros: — Todas as pessoas da minha família me trataram sempre pelo meu nome do meio. Era a maneira mais fácil de diferenciar entre mim e o meu pai sem terem de nos chamar Noah sênior e Noah júnior. — Claro — disse eu. Pormenores como este eram provavelmente uma coisa que devíamos ter partilhado antes de ele me apresentar à sua família como a "minha Delaine", mas quem era eu para falar? Bebi metade do champanhe da minha taça, pois os nervos estavam a apoderar-se de mim. — E não, Lexi, ainda não os vi - continuou Noah, a olhar para a multidão como se estivesse a tentar retificar aquela situação. — Bem, eles andam por aí. Tenho a certeza de que vão voltar a aparecer - disse ela, desinteressada. - Sabes como o meu pai pode ser nestes eventos. Brad, Mason e Noah começaram uma conversa sobre uma equipa desportiva à qual eu não prestei atenção nenhuma porque Noah eslava a fazer círculos no fundo das minhas costas com o polegar, enquanto o dedo mindinho mergulhou por baixo do meu vestido, pousando no rego do meu rabo. Polly e Lexi estavam a tagarelar, uma conversa para a qual eu não tinha nada para contribuir porque não sabia nada sobre as coscuvilhices do seu círculo de amigos. Por isso, fiz a única coisa que pude: preocupei-me com um jogo de Vamos Ver se Consigo Beber o Champanhe Todo Antes de a Próxima Bandeja Passar com Mais, e estava a vencer. E não era tarefa fácil. Havia montes de bandejas. Noah inclinouse e sussurrou-me ao ouvido. - Tem calma, gatinha. - O que fez a minha cabeça rodar. Eu tinha bebido quatro, talvez cinco taças de champanhe, e estava bem. Mas o homem tinha-me chamado


"gatinha' e de repente eu estava inequivocamente inebriada. - Preciso de fazer chichi — deixei escapar. As conversas à minha volta silenciaram-se e todos os olhos se voltaram para mim. Suponho que aquilo não foi muito senhoril, e certamente não o gênero de coisa que uma mulher que andava com Noah Crawford diria em voz alta. Notado. Lexi riu-se. - Eu também preciso de fazer chichi. Vamos, Polly. Parece que temos de ir à casinha. - Francamente, Lexi - disse Polly com uma careta desaprovadora, e depois voltou-se para mim. — Ela pode parecer uma debutante, mas não te deixes enganar por isso. Ela é um gajo rude e ordinário por baixo de todo este brilho e elegância. - A minha miúda é assim mesmo — disse Brad, dando-lhe uma palmada no rabo para ela começar a andar. - Volta depressa. - A voz rouca de Noah flutuou na pele sensível por baixo da minha orelha. - Quero-te ao meu lado a noite inteira. -Pressionou discretamente os lábios macios no meu pescoço, mas eu senti aquele beijo e derreti-me como manteiga numa pilha de bolos quentes. - Jesus, Patrick. Nós só vamos à porcaria da casa de banho. Prometo que não vou assustá-la ao ponto de ela fugir - disse Lexi, revirando os olhos. Ele troçou. - Boa sorte com isso. Acho que vais perceber que a Delaine é bastante capaz de resistir ao teu encanto inteligente. - Vai-te foder - retorquiu Lexi. - Também te adoro, querida prima. - Noah sorriu e piscou-me o olho antes de beber um gole de champanhe e voltar-se para os rapazes. Enquanto nos dirigíamos para a casa de banho pela sala cheia de gente, Lexi parou de repente. - Vejam o que o cão trouxe com ele - disse ela entredentes, enquanto apontava para a nossa direita. Vi uma enorme montanha de homem com cabelos pretos lisos, um bronzeado artificial, patilhas compridas e dentes superbrilhantes parado no meio de uma multidão de pessoas do outro lado da sala. As mulheres não o largavam e, inexplicavelmente, ele parecia prestar igual atenção a cada uma delas. Sem dúvida, possuía um grande magnetismo animal. - Bem, ele é um fofo, para quem gosta do tipo Wolverine Ken -disse eu com um resmungo. - Quem é ele? - David - disse Lexi desdenhosamente. - David, quem? Polly inclinou-se para mim como se fosse contar-me um segredo podre. - O antigo melhor amigo do Noah, nem mais. Eu sobressaltei-me e depois fiquei impossivelmente vermelha — sob o colarinho, definitivamente não por baixo da saia. - Ele também é o sócio do Patrick - murmurou Lexi, abrindo a porta da casa de banho. - Tem tentado que o Patrick lhe venda as suas ações da Scarlet Lotus desde que o meu


tio e a minha tia morreram, o cabrão de merda. E foi assim que começou o meu caso de amor com Lexi Mavis. - Espera, os pais do Noah morreram? — perguntei, antes de perceber que provavelmente também devia saber aquilo, mas fiquei demasiado chocada. Ele nunca tinha falado sobre eles. - Sim, num acidente de carro há seis anos - respondeu Lexi. -Ele nunca fala sobre o assunto, por isso não me surpreende que não soubesses. Polly fez uma expressão solene. - Ele perdeu os dois ao mesmo tempo, e isso tem-no torturado desde então, por isso não fales no assunto com ele. Quando ele estiver pronto, vai-te contar, está bem? - Sim, está bem. - De repente, senti saudades dos meus pais. Lexi abriu a porta de um cubículo e empurrou-me lá para dentro. - Despacha-me esse rabo. Preciso de beber alguma coisa. Céus, adoro um bar aberto. Eu fiz o que tinha a fazer, enquanto Lexi e Polly começaram a conversar. Ter bebes foi o tópico de eleição: Polly queria um, mas Mason ainda não estava preparado; Brad queria um, mas Lexi recusava-se a ficar em casa e grávida, pondo a sua carreira em risco. - E tu e o Noah, Delaine? - perguntou Lexi quando eu abri a porta do cubículo. - Humm... - Hesitei e dirigi-me para os lavatórios para lavar as mãos. Como é que devia responder àquilo? - Lanie - interrompeu Polly. - Ela gosta que lhe chamem Lanie, não é verdade? - Sim, apenas Lanie - disse eu com um sorriso apreensivo. -E, bem, o Noah e eu ainda não falámos sobre bebês. Quero dizer, não chegámos a esse ponto na relação... ainda. - Mmm-mmm, estou a ver - disse Lexi, suspirando de uma forma dramática. - Bem, vamos deixar-nos de rodeios e pôr os pontos nos is, está bem? Eu fechei a torneira e sequei as mãos. - Como assim? - Escuta, Lanie. O Noah não tem mãe, não tem pai e não tem irmãos. Por isso, todas as tretas da proteção recaem sobre os meus ombros - começou ela. - Eu não te conheço, mas assim à primeira vista gosto de ti. No entanto, tenho de te avisar. Se magoares o meu primo, vou desfazer-te o rabo. E quando digo que vou desfazer-te o rabo, quero dizer que vais precisar de um transplante quando eu acabar. Estamos esclarecidas? Eu admirei verdadeiramente os tomates dela, mas como era a mulher que todos pensavam que namorava com Noah tinha de responder, caso contrário pareceria pouco sincera. Atirei a toalha de papel usada para o caixote do lixo e pus as mãos nas ancas, enfrentando-a. Polly recuou um passo porque era uma miúda esperta. — Completamente. Mas aqui tens um pequeno aviso meu para ti e para todos os que querem saber das nossas coisas. Eu amo aquele homem mais do que alguma vez pensei amar outro ser humano, de uma forma incondicional e irrevogável - o que, percebi, não era mentira — e se alguém tem de se preocupar em ficar com o coração partido nesta relação, sou eu. Dito isto, se alguma coisa correr mal entre mim e o Noah e sentires necessidade de me desfazer o rabo, faz o que tens a fazer. Tu não me intimidas. Se alguma vez sentires vontade... salta. Polly inspirou fundo e eu vi-a engolir em seco. Mantive o olhar intenso, sem jamais


hesitar enquanto fitei Lexi. Ela era uma verdadeira amazona que poderia muito provavelmente aniquilar-me, mas eu não ia recuar. Teria sido um sinal de fraqueza e, embora eu me sentisse vulnerável como um caracol fora da casca em relação a Noah, não era seguramente uma pessoa fraca por natureza.

]O semblante carregado de Lexi desapareceu e o canto da sua boca ergueu-se num sorriso, o sorriso de Noah. — Juro por Deus que se não fosse já casada, tu e eu fugíamos esta noite para nos casarmos. Eu também sorri e Polly soltou o ar que tinha estado a conter. — Vocês foram feitas uma para a outra. — Ela abanou a cabeça. — Se já acabámos de ver quem tem os tomates maiores, podemos voltar para junto dos nossos homens? — Absolutamente - disse Lexi, dando-me o braço. — A propósito, os meus são maiores. — Bem, isso ainda está para ser visto - repliquei eu quando saímos da casa de banho. O meu sorriso caiu imediatamente quando um mar de pessoas à nossa frente se afastou e eu vi Noah. Ele estava diante de um homem mais velho de cabelos escuros, muito atraente, e estava a sorrir e a acenar a cabeça. Mas o que fez o meu estômago apertar-se foi a mulher que estava pendurada no seu braço. Agarrada como se fizesse parte da sua roupa estava uma mulher alta e loura que me fez lembrar imenso Ginger de Gilligans Island. Ela parecia uma estrela de cinema e também parecia ter plena consciência disso. - Lexi, por favor, diz-me que é a tua irmã. - Ugh, por favor! Aquela gaja bem gostava de partilhar os meus genes. - Então, quem é? - Aquela... é a Julie - respondeu Polly num tom descontente. –

Também conhecida como o polvo. Dizem que fodeu com oito gajos de uma vez... depois de ela e o Noah terminarem, é claro. Não me perguntes como é que conseguiu. - Polvo, huh? Acho que isso explica porque é que tem os tentáculos pegajosos no meu homem — disse eu, vendo tudo vermelho e, reconhecidamente, um pouco verde. A minha mente começou a engendrar todos os tipos de manobras do Mortal Kombat, que conseguiria certamente fazer tendo em conta a irritação que sentia. - Queres que faça as honras? Eu já ando a morrer de vontade de cortar aquela vaca há muito tempo - ofereceu-se Lexi. Eu adorava Lexi. Ela estava a tornar-se rapidamente numa espécie de irmã. - Não, obrigada. Eu trato disto — disse eu, atirando os ombros para trás e dirigindome para o meu homem. Ouvi-a a rir-se atrás de mim. - Salta, salta.


14 A barragem rebenta Noah Eu odeio Julie. Enquanto estava a conversar com o meu tio Daniel e a minha tia Vanessa, não pude fazer nada em relação à atenção indesejada e não solicitada de Julie. Exceto beber mais, e depressa, para que o meu corpo ficasse entorpecido e não sentisse o seu toque repulsivo. Teria de me lavar com um esfregão de arame ou uma coisa do gênero logo que chegasse a casa. Não muito depois de Delaine — que, a propósito, estava deliciosa naquele vestido — ter desaparecido com Lexi e Polly na casa de banho, a puta traiçoeira tinha vindo diretamente para onde eu estava. Como se pensasse que eu estava em pulgas para voltar a vê-la. Pelo contrário, eu tinha--me esquecido completamente de que ela poderia estar ali, mas, como já disse, não conseguia pensar bem desde que Delaine entrara na minha vida. - Oh, que merda - suspirou Mason quando alguma coisa atrás de mim lhe chamou a atenção. É claro que eu tive de me virar para ver o que era, mas arrependi--me imediatamente. - Ora, quem é vivo sempre aparece... Noah Crawford - arrulhou o som familiar da voz da minha ex. Ela estava a esforçar-se de mais para parecer maliciosa, mas não lhe ficava bem... nada bem. Ela podia estar linda, mas eu não percebi porque a única coisa que conseguia ver era ela curvada por baixo de David, a levar no cu. - Bem, enquanto sufoco e espero morrer... Julie Frost — repliquei eu num tom aborrecido. - Ah, se te portares bem, Noah, talvez te dê uma segunda oportunidade antes do fim da noite. - Como se eu alguma vez quisesse voltar a andar com ela. - Vai-te foder — disse eu simplesmente, e volteidhe as costas. - O plano é esse. Ela parecia tão segura de que aquela merda ia acontecer que eu me limitei a rir sarcasticamente e beber o meu champanhe. Ia precisar de alguma coisa mais forte para aguentar aquela noite. - Quem seria suficientemente estúpido para convidar uma puta como tu para uma coisa com tanta classe? - Tem cuidado com o que dizes, Crawford. Estás a insultar o meu par. — David aproximou-se do nosso pequeno grupo e abraçou Julie por trás. - Eu tinha-te dito que o meu par era uma verdadeira brasa. Eu teria apostado o meu testículo esquerdo em como o que ele esperava conseguir com aquela jogada era uma forte reação da minha parte, uma reação que fosse explosiva e prejudicial para a minha posição na empresa. Ele esperava que eu perdesse o controlo no meio de uma sala cheia não apenas de empregados mas de clientes — atuais e potenciais —, sem esquecer os membros do conselho de administração. Era um bom


plano, mas não tinha a menor possibilidade de funcionar quando estava envolvida uma cabra como Julie Frost. Nem pensar que eu ia dar-lhe essa satisfação. Por isso, rangi os dentes e forcei um sorriso. - Estás com bom aspeto esta noite, David. Onde é que arranjaste o smoking? No Armazém dos Traidores? - perguntei. Brad e Mason fizeram todos os possíveis para disfarçar as gargalhadas. - Muito engraçadinho. Lembraste-te disso sozinho ou a tua namorada ajudou-te? Oh, espera, já me esquecia, a tua namorada está comigo. - A obnóxia gargalhada de David fez-me contrair todos os músculos para não lhe dar uma tareia. - Vou ao bar buscar uma bebida a sério. Queres vir, querida? - Não, obrigada. Acho que vou ficar por aqui um pouco e falar com o Noah sobre os velhos tempos. - Julie manteve os olhos colados em mim. Não que eu estivesse a olhar para ela; mas sentia os seus olhos a despirem-me. Sim, nem pensar que ia voltar a percorrer aquele caminho. Ela tivera a sua oportunidade e deitara-a fora pelo rabo... literalmente. Daniel e Vanessa juntaram-se ao nosso grupo, pondo fim ao pequeno tête-à-tête e atirando-me para o poço escuro e sem fundo em que eu estava preso. - Patrick — entoou a minha tia no seu tom maternal. Praticamente deslizou para mim e envolveu-me nos seus braços para me dar um abraço. - Que visão maravilhosa para olhos tristes. - Tia Vanessa. - Eu sorri abertamente quando ela se afastou. -Ainda bem que veio. - Onde é que poderia estar? Tu sabes como o teu tio é em relação a estas coisas disse ela, olhando para o tio Daniel com uma expressão de adoração. - Patrick - cumprimentou-me ele, acrescentando um aceno de cabeça e dando-me uma amistosa palmada no ombro antes de olhar furiosamente para Julie. - Espero que estejas a comportar-te bem esta noite. Sim, eles sabiam tudo acerca da sujeira que acontecera entre nós, mas estavam dispostos a ser educados. Eu acenei com um sorriso inocente. - Absolutamente. Julie deu-me o braço e encostou-se a mim. - O Patrick e eu estávamos a recordar os bons velhos tempos. -A cabra estava a abusar, tratando-me até pelo meu nome do meio como se fizesse parte da minha família, o que não era verdade. - Porque é que as miúdas estão a demorar tanto? — perguntou Mason, tentando mudar de assunto. Foda-se. Se Delaine saísse da casa de banho e visse Julie pendurada em mim... estremeci ao pensar no que poderia acontecer. Especialmente se a sua reação com Fernanda fosse um indicador. Teríamos sorte se o edifício inteiro não ficasse transformado num monte de detritos e cinzas quando ela se transformasse num Godzilla a cuspir fogo por toda a parte. Foi aproximadamente nesse momento que Delaine saiu da casa de banho com Lexi e Polly. Aquelas duas eram instigadoras por natureza, o que não era auspicioso para mim.


Elas vinham a rir, até olharem para mim. A julgar pela expressão feroz no rosto de Delaine, eu tinha todos os motivos para entrar em pânico. E foi o que fiz, mas interiormente, porque mostrar fraqueza só pioraria a situação. Eu não podia fazer nada a não ser observar e esperar quando Lexi e Polly deixaram Delaine e continuaram o seu caminho, sempre a olhar raivosamente para Julie, mas a minha miúda de milhões de dólares não as acompanhou. Em vez disso, ela... Oh, raios, não! Lanie Eu pousei os olhos no meu alvo: Noah Patrick. A minha mente estava concentrada, a minha determinação formada e as minhas miúdas estavam espetadas e redondas. Ele era meu e eu não ia deixar aquela cabra enterrar as garras nele. Julie tivera a sua oportunidade e dera cabo dela. Tinha chegado o momento de perceber o que tinha perdido e esperei que Noah não fosse suficientemente estúpido para repetir tudo aquilo outra vez. - Lanie, espera! — disse Polly num sussurro apressado, correndo e puxando-me para trás. - O Daniel está lá. -Ei - A Julie é a filha do Everett, o Dr. Everett Frost. - Ela abanou a cabeça e rodou as mãos, encorajando-me a perceber. - O pai da Julie é um dos colegas mais próximos de Daniel e um velho amigo da família. Tu não podes meter-te na conversa, agarrar a filha do Everett pelos cabelos e dar-lhe uma tareia à frente do Daniel. - Tem um pouco de confiança em mim, Polly - disse eu com as mãos nas ancas. - Eu não ia bater-lhe a não ser que ela obrigasse a minha mão. Ou punho. - Por muito que eu deteste admitir, ela tem razão - disse Lexi, de mau humor. — O meu pai ia ter um ataque. E tu não queres fazer uma cena diante de todas as pessoas que trabalham com o Patrick. Por muito divertido que fosse, não seria bom para ele e provavelmente seria favorável para o David Stone. O filho da mãe anda a tentar encontrar uma forma de obrigar o Patrick a sair da empresa desde que a herdaram dos seus pais. Embora todos saibam que é o Patrick que faz o trabalho todo. - Além disso, esse vestido é caro de mais para ser estragado por causa da Julie Frost acrescentou Polly à pressa. - Sabes o que devias fazer? Matá-la com bondade - sugeriu Lexi, e depois sorriu maliciosamente. - E provavelmente não faria mal se desses um ou dois apalpões no Patrick. Só para lhe recordar a quem é que pertence, percebes? - O plano era esse, Lexi. Mas parece que neste momento o Noah está bastante bem com a mulher a apalpá-lo. - Eu ia matá-lo quando acabasse de dar cabo de Julie. No entanto, ia ser muito embaraçoso. Eu era o seu par e ele estava a deixá-la estar toda pendurada em si como se se preparassem para se comer um ao outro diante de toda a gente. Era uma coisa repugnante e tornou-se claro que a tipa estava a atirar--se descaradamente. Noah estava a embaraçar-se ao deixar que aquilo continuasse. Mas depois ocorreu-me que, embora Julie pudesse estar a comportar-se como uma


puta, quem estava a desempenhar esse papel na vida real era eu. E não tinha qualquer direito sobre ele. Noah não era meu. Só tínhamos andado a brincar às casinhas, ou à Penthouse ou o que fosse, mas não era real. O mesmo não acontecia com Julie. Ele estivera apaixonado por ela em tempos e talvez ainda gostasse dela. Talvez ela fosse mais o seu tipo. Ou talvez, como vinha de um meio rico e estava muito mais familiarizada com o estilo de vida de Noah, fosse capaz de manter a fachada melhor do que eu. A minha família vivia a contar tostões e por vezes tínhamos de esticar o dinheiro até um ponto que não era confortável. Não éramos feitos do mesmo pano, Noah e eu, e eu sentiria sempre essa diferença. Para ele, eu era apenas uma ajuda contratada, ou corpo. Talvez Noah e eu não tivéssemos uma relação de compromisso no sentido tradicional, mas ele tinha vindo comigo e eu era uma pessoa real, com sentimentos reais, e ele estava a fazer-me parecer e sentir uma idiota. Polly aproximou-se de mim e agarrou-me pelos dois ombros, abanando-me um pouco para que eu olhasse para ela e desviasse os olhos do espetáculo pornográfico gratuito que estava a acontecer do outro lado da sala. Tudo bem, talvez fosse um exagero mas era assim que eu via o que estava a acontecer. - Lanie, eu conheço o Noah. Neste momento ele não está nada divertido. Está apenas a manter as aparências, para não fazer um escândalo. Provavelmente, ele está a fazer todos os possíveis para se controlar neste preciso momento. Por isso tem calma com ele e dádhe o benefício da dúvida, está bem? — Sim, está bem — menti. Eu não ia fazer uma cena, mas ia fazer com que a minha presença fosse notada... com dignidade e classe. E se Noah tivesse um problema com isso, então o problema era dele. A única coisa que o meu cérebro processava era as mãos de Julie a passearem--se pelo meu homem e Noah não estava a fazer nada para impedida. A verdade é que estava a sorrir, e estava lindo, e parecia estar a divertir--se um pouco de mais. E eu não gostei nada daquilo. Eu precisava de uma bebida para organizar os meus pensamentos e divisar um plano de ação. Marcar o meu território era uma sugestão verdadeiramente boa, mas, por muito que eu estivesse zangada com Noah naquele momento, provavelmente ia fazer asneira e arrancar-lhe os tomates com as minhas próprias mãos. E isso seria bastante macabro e malograria o objetivo de não fazer uma cena. Quando me virei para olhar para o bar, vi David Stone parado junto ao balcão. Sozinho. Um plano começou a formar-se na minha cabeça, um plano que eu estava completamente decidida a pôr em prática porque sabia que se Noah ainda tivesse uma grama de natureza possessiva por mim, o que eu me preparava para fazer forçá-lo-ia muito certamente a prestar atenção. — Vocês vão andando — disse eu para Lexi e Polly. - Eu vou só buscar uma bebida e esperar um momento para me acalmar antes de levantar a saia e mijar na perna do Noah. -Já te disse ultimamente que te amo? - perguntou Lexi com uma expressão de adoração no rosto, batendo com o ombro no meu. - Traz--me um shot de Patrón, está bem? — Claro, e obrigada — disse eu com um sorriso genuíno antes de me virar e dirigir-me


para o bar. David Stone era a minha arma de eleição para fazer Noah Crawford sentir-se tão insignificante como me fizera sentir. — Patrón Silver com gelo, dois - disse eu ao empregado do bar quando ele se dirigiu a mim. — Ora, olá, beldade - disse o cabrão nojento, pondo-se ao meu lado... Como eu esperava que acontecesse. Ele tresandava a perfume que teria cheirado bem em menor quantidade. Além do mais, havia uma dose letal de obnoxigénio a sair pelos seus poros. Eu reconheci o cheiro porque Polly também tinha um pouco. Felizmente, ela só tinha sido levemente contaminada, ao passo que David Stone era obviamente a sua imagem de marca. - Olá também — respondi-lhe, usando todo o meu encanto. Ele apresentou-se, estendendo a mão. - David Stone. Eu retribuí o cumprimento cordial, apertando a mão que ele me oferecia. - Delaine Talbot. - Uau! Que linda pulseira. Um presente? — Ele examinou a pulseira que marcava o território de Noah como um joalheiro a avaliar o seu valor. - Crawford, huh? É da família do Noah? - Obrigada. E não, o Noah é o meu namorado. Conhece-o? - perguntei, sabendo perfeitamente que sim, mas representando muito bem o meu papel. - Sim. Somos melhores amigos, praticamente família. Engraçado, ele nunca falou em si. Deve ser o seu segredinho sujo - disse ele num tom brincalhão, ainda a segurar a minha mão. - Acho que pode dizer-se isso. Ele não gosta de partilhar, por isso mantém-me escondida. - Que pena. Um diamante como você devia estar em exposição para todos verem. Quase vomitei com a sua reles tentativa de me elogiar, mas mantive o sorriso, olhando para me certificar de que Noah estava a observar, e estava. Por isso aproximeime mais de David e passei os dedos por baixo da lapela do seu casaco. Sem desmanchar o teatro que estava a fazer para Noah, inclinei-me para ele e disse: - Bem, sabe... eu sei tudo sobre si. - Ah sim? - Ele aproximou-se mais e falou num tom profundo e sedutor. - Não pode acreditar em tudo o que ouve, sabe? Os ciúmes podem tornar algumas pessoas muito rancorosas. - Mmm. Tem toda a razão - concordei. - Mas não me parece que seja o caso nesta situação. Ele aproximou-se ainda mais e pousou uma mão na minha anca, enquanto comia o meu decote com os olhos. - Bem, agora espicaçou o meu interesse. Diga-me. O que é que ouviu? - Você era o melhor amigo do Noah, mas depois fodeu aquela galdéria que está ali nas costas dele. Acho que, tecnicamente, foi nas costas dela, mas não interessa - disse


eu com um encolher de ombros, enquanto os meus dedos seguiram a sua lapela e rodearam o colarinho para o seu pescoço. - Por isso, parece compreensível que o Noah esteja absolutamente decidido a querer manter-me como o seu pequeno segredo. Porém, o que ele não consegue perceber é que nem todas as mulheres são facilmente suscetíveis a cair na lábia de um tipo como você. - Não me diga? - declarou ele com um sorriso confiante, mostrando os caninos, o que só comprovou a minha idéia. Eu acenei afirmativamente, sem apagar o sorriso sedutor. - Eu vejo-o como você é realmente. - E o que é isso exatamente? - E uma sanguessuga, um parasita, um simples rémora. Ele mudou o apoio para o outro pé, claramente desagradado com a minha avaliação. - Que diabo é um rémora? - Os rémoras são aqueles pequenos peixes que se agarram aos tubarões e a outras espécies mais fortes e mais poderosas nos mares. Usam--nos para andar pelo grande oceano sem terem de fazer qualquer esforço. Alimentam-se dos restos de comida do seu hospedeiro e por vezes até das suas fezes - expliquei numa voz que se assemelhava muito à de uma educadora de infância a falar com os seus alunos. - Sabe nesta equação o Noah seria o tubarão; a trabalhar duramente, a lutar por cada refeição, a seguir o seu caminho. Mas você... você é o rémora parasita, que se banqueteia com a merda dele e faz todos os possíveis para apanhar os seus restos, enquanto espera que tudo lhe seja entregue numa bandeja. - Sorri abertamente e a minha expressão foi uma contradição total com as palavras que tinha proferido. »Você aproveita-se das fraquezas da pessoa e deforma-as até encontrar uma forma de se aproveitar delas, enchendo assim o vazio da sua vida, embora apenas momentaneamente. Tenho pena de si, a sério que tenho. Mas se, por um milionésimo de segundo, me vir como uma potencial abertura na armadura do Noah que poderá usar contra ele, pense melhor. Ao contrário de si, e da ex dele, a minha lealdade para com o Noah Crawford não tem limites. Eu vivo e respiro para ele e apenas para ele. David engoliu em seco e depois riu-se. - Raios, mulher. Acabaste de me deixar com um tesão do tamanho da Califórnia. - Califórnia, eh? Não é mau. - Acenei. - Mas o Noah vence novamente. Ele pode não ser texano, mas a pila dele obviamente que é. E conhece o ditado: tudo é maior no Texas, querido. - Pelo canto do olho vi Noah a aproximar-se rapidamente de nós, por isso recuei um passo. - Ainda bem que o conheci, David Stone. Gostaria de dizer que foi um prazer, mas estaria a mentir. Adeusinho! - Pus a carteira debaixo do braço e depois peguei na minha bebida e na de Lexi, virei-me e afastei-me. Tinha dado uns dez passos quando Noah me alcançou. E como estava furioso! Os seus olhos cor de avelã estavam cinzentos como aço e as narinas abanavam de raiva quando me lançou um olhar de morte. Prendeu-me o braço e puxou-me para junto de si para poder falar sem ser ouvido pelas pessoas que nos rodeavam. O seu corpo emitia ondas


de rancor e ele disparava adagas na direção de David. - Que merda pensas que estás a fazer? - Tens cerca de dois segundos para me soltar o braço antes que eu comece a gritar por socorro - avisei eu calmamente. Ele soltou-se e enfiou as mãos nos bolsos. - Responde à maldita pergunta. - Estava com sede. Fui ao bar buscar uma bebida. E aquele cavalheiro simpático meteu conversa comigo - disse eu, desafiadora. - Não quis ser mal-educada. - Sim, bem, aquele cavalheiro simpático... — resmungou ele, e depois calou-se. - O quê? - Nada - disse ele, abanando a cabeça. Olhou para o chão e depois fitou me. Escuta... não quero que voltes a falar com ele. Na verdade, não quero que fales com nenhum homem na festa. Ouviste-me? Tu és minha. Bem, bem, bem. E o monstrinho verde vem a jogo. Era a minha vez. Olhei-o com os olhos semicerrados. - Certamente, não ages como se eu fosse tua - retorqui eu, e depois contornei-o para voltar para junto de Polly e Lexi, que estavam concentradas na nossa pequena cena. Ele resmungou de novo e depois ouvi os seus passos apressados quando tentou alcançar-me. - Que queres dizer com isso? Eu bufei. - Oh, não brinques comigo, Noah. Tu sabes exatamente o que estou a dizer. Quem é ela? Huh? - Quem? Virei-me para ele, quase entornando o líquido de um dos copos baixos que tinha nas mãos. - A sério, Noah? Achas que eu sou cega? E não tentes dizer que é mais uma das tuas parentes ou uma sócia de uma empresa qualquer, porque parentes e sócias não te apalpam assim, a menos que pertençam a uma colônia marada de praticantes de incesto. Ele passou a mão pelos cabelos, claramente frustrado. - Ela é... ninguém. Escuta, falamos sobre isto mais tarde. — Ele preparava-se para continuar a andar, mas eu bloqueei-lhe o caminho. - Quero falar sobre o assunto agora. - Não faças uma merda de uma cena, Delaine. Eu trabalho com estas pessoas - avisou ele. - Oh, bem, uma vez que pões as coisas dessa forma, não te preocupes. Não vou fazer uma cena - disse eu, fechando ostensivamente a boca, mantendo uma atitude alegre e obediente. - Já não era sem tempo — disse Lexi quando eu lhe estendi um dos copos. Polly olhou-me com a testa franzida numa interrogação e depois olhou para onde David estava agora com Julie - que, aparentemente, se afastara sem demora quando Polly e Lexi tinham aparecido e de novo para mim. Eu abanei a cabeça quase


imperceptivelmente para que ela soubesse que não havia problema. — Aqui está ela - disse Noah, pousando a mão no fundo das minhas costas. A carranca tinha desaparecido e fora substituída por um sorriso radioso de orgulho quando me apresentou ao lindo casal que estava à nossa frente. — Delaine, este é o meu tio Daniel e a sua mulher Vanessa. Credo, a sua família tinha de descender diretamente de anjos. Eram lindos a esse ponto. Os olhos cor de avelã de Daniel sorriram como os de Noah, mas com uma versão mais pronunciada das rugas do tempo que já tinham começado a aparecer nos cantos dos olhos de Noah. Os seus lábios tinham a mesma tonalidade de cor-de-rosa com o formato de um arco e os seus cabelos tinham o mesmo tom de chocolate, mas os de Daniel já estavam grisalhos nas têmporas. Distinto e magnífico, não que eu tivesse esperado outra coisa. Fiz uma cara feliz, sorrindo o mais radiosamente que as minhas faces permitiram. — Olá. Ê um prazer conhecer-vos — cumprimentei Vanessa. Não disse nada a Daniel. Noah dissera-me que não podia falar com nenhum homem, e ele era sem dúvida um homem. Afinal de contas, eu estava apenas a cumprir ordens como uma boa subordinada. Daniel pigarreou, tentando ignorar o facto de eu não lhe ter dirigido a palavra. - Então, o Patrick está a ser um anfitrião atencioso? Oh, sim. Tirou-me a virgindade, deitou fora todas as minhas roupas e depois comproume um guarda-roupa inteiro - sem cuecas, é claro - e deixou-me chupar o seu membro em mais do que uma ocasião. Mas tive múltiplos orgasmos graças ao nosso arranjo e se essa não é a definição de um anfitrião atencioso, então não sei qual é. Era o que eu podia ter dito, mas felizmente para Noah não estava autorizada a falar com homens, por isso mantive-me calada e limitei--me a responder com um sorriso. Noah franziu-me o sobrolho desaprovadoramente. Polly olhou-me com os olhos muito abertos. E Lexi disfarçou a sua risada com uma tosse discreta. - Está a gostar de Chicago, minha querida? Perguntou Vanessa. Eu animei -me e respondi. - Oh, adoro! Pelo menos o que já conheço. O Noah mantém-me ocupada a maior parte do tempo. - Oh, a sério? - perguntou Daniel. - E que é que ele a põe a fazer? Oh-oh. Como é que eu ia responder àquilo com um aceno ou abanando a cabeça? Aha! Encolhi os ombros. Daniel e Vanessa pareceram confusos. Brad, Mason, Lexi e Polly viraram-se de costas como se de repente estivessem interessados na multidão. Mas eu vi os seus ombros a abanar, um sinal muito claro de que estavam a rir. Noah pigarreou. — Dão-nos licença? Gostava de dançar com o meu par. — Claro que sim, querido - disse Vanessa com um sorriso constrangido. Noah tirou-me o copo da mão e pousou-o na mesa ao nosso lado. — Danças comigo? — Eu percebi o tom subjacente. Era uma ordem, não um convite.


- Ora, Sr. Crawford, a honra será toda minha - disse eu com a minha melhor imitação da pronúncia de uma beldade sulista. Noah não disse mais nada. Deu-me a mão e levou-me para a pista de dança. Misturámo-nos com a multidão e ele fez-me rodopiar, apertando-me com força contra o seu corpo antes de se inclinar para que a sua respiração quente soprasse no meu ouvido. Depois, começámos a oscilar para trás e para a frente. - Que raio foi aquilo? — O quê? — perguntei, enquanto o seu cheiro invadia os meus sentidos e me fazia esquecer o que ele estava a dizer. - Foste muito rude com o meu tio. Se não tivesses falado com a minha tia, tenho a certeza de que ele teria pensado que eras muda. Ele pressionou levemente os lábios por baixo da minha orelha. Foi bom ele estar a apertar-me com tanta força porque de repente os meus joelhos transformaram-se em gelatina e tenho a certeza de que teria caído. — Tu disseste-me para não falar com nenhum homem, e corrige-me se estou errada, mas acredito que o teu tio é um homem - respondi ofegante. - Ou isso ou é um transexual muito convincente. Ou - arquejo! - é um hermafrodita? - Muito engraçada - disse ele secamente, e depois mordeu-me brincalhonamente o lóbulo da orelha. - Faz-me um favor e para com essa merda desse sarcasmo. - Sim, senhor. O senhor manda, Sr. Crawford. Noah afastou-se e olhou-me, obviamente nada satisfeito com o meu tom. - Qual é o teu problema de repente? - Problema? Não tenho problema nenhum. - Encolhi os ombros. - Estou apenas a ser eu mesma. A única pessoa aqui que tem um problema és tu. Ele suspirou. - Como queiras. Eu devia ter percebido que não te devia ter trazido para aqui. A culpa foi minha. - Porquê? — perguntei, tentando libertar-me do seu aperto sem sucesso. — Porque sou apenas uma coisa que tu compraste? Uma pessoa que não se encaixa na tua classe social? Noah recuou e olhou-me nos olhos. -. Estás a gozar comigo, certo? - Quando a minha expressão não mudou, ele inclinouse para baixo e sussurrou ao meu ouvido. — Tu és a mulher mais bela do baile, Delaine. Não era nada verdade, mas teria sido mais fácil acreditar se eu não tivesse visto aquela cena quando saíra da casa de banho. E por isso, fiel a mim mesma, não fiquei calada. - E no entanto não conseguias tirar as mãos de cima daquela outra mulher murmurei. - Julie Frost, certo? A tua ex? Senti o seu corpo retesar-se contra o meu, com todos os músculos enrolados como uma víbora prontos para atacar. - Quem te contou? - Isso importa? O que interessa é que tu não me contaste. Talvez porque ainda a


queres. Ele afastou-se de novo para me olhar. Ao mesmo tempo, a sua mão desceu mais nas minhas costas até estar sobre o meu rabo. N.io pinhas estar mais enganada. - Ah, sim? - perguntei, fitando-o. Os meus olhos interessaram--se imediatamente pela visão da sua língua a sair da boca para lamber os lábios voluptuosos e esforcei-me para manter a minha corrente de pensamento. — Porque tu passaste de não te fartares de mim para nem sequer me tocar. Tens dormido vestido; não falas comigo e nem sequer me gritas. É mais do que óbvio que já não me queres. E sei que não tenho o direito de questionar nada disto, mas que diabo, Noah, não gosto de sentir que... que não importo. Ele parou de se mover e fitou-me, com os olhos a andar de um lado para o outro como se estivesse à procura de alguma coisa. Depois, sem uma palavra, deu-me a mão e começou a dirigir-se para uma das portas de saída. - Onde vamos? - perguntei, a acelerar o passo para conseguir acompanhá-lo. - Para um lugar mais privado — respondeu ele, abrindo a porta. Eu olhei para trás, para o salão cheio de gente e vi Julie e David abraçados sob o lustre, que estava agora a abanar. Quando os fios se partiram e o candeeiro ornamentado começou a cair, Noah puxou-me o braço, e a minha pessoa, para fora do meu mundo de faz-de-conta. Raios partissem aquilo tudo. Ele olhou para a esquerda e para a direita até optar por fim pela direita. Virou a esquina para outro corredor, e depois outro, até quase não se ouvir a música da festa. Havia uma escadaria quase às escuras à esquerda de onde estávamos e Noah abriu uma porta com um murro e puxou-me lá para dentro. Fiquei com as costas encostadas à parede e o corpo de Noah colou--se ao meu num ápice. Antes de eu conseguir falar, ele pôs as mãos nas minhas ancas e os seus lábios suaves moveram-se sobre os meus num beijo sensual que eu retribuí incondicionalmente, com igual ternura. E depois, tão depressa como tinha começado, ele interrompeu o beijo e as suas mãos prenderam o meu rosto. - O que há ou não há entre mim e a Julie Frost não importa. Mas tu? Tu és importante e nunca te esqueças disso. - Ele falou em voz baixa e rouca, sedutoramente erótica, li estava com um tesão do Tamanho do Texas. Eu estiquei as ancas para me esfregar nele. - Isso é para ela? Ele suspirou e revirou os olhos. - Delaine... - Porque se for não faz mal. Deixa-me cuidar disso para ti. Ê para isso que me pagas — continuei. - Quero dizer, sei que não sou ela, mas... - Tu nunca poderias ser ela - disse ele, zangado. Afastou-se de mim até a parede oposta o impedir de ir mais longe. Não, eu não podia ser ela, pois não? Ele tinha-a amado. Aparentemente, ainda amava. Eu nunca estaria à sua altura. Ela tinha dinheiro e era praticamente da sua família. E eu era a puta que ele tinha comprado para a esquecer. Atravessei lentamente o espaço que nos separava.


- Não, eu sei isso. E nunca tentaria ocupar o lugar dela - garanti--lhe, enquanto me ajoelhava diante dele. - Delaine, não. - A sua voz estava áspera, mas ele não se mexeu para me deter, quando eu lhe desapertei as calças e retirei o membro. - E eu posso não ser aquela que tu amas, mas sou aquela com quem estás. Por isso, deixa-me cumprir a minha obrigação — disse eu, encostando o nariz à ponta do seu pénis e beijando-o. - Não! — Ele empurrou-me, enfiando rapidamente o pénis nas calças. Nunca tinha sido tão humilhada. Levantei-me, com os punhos cerrados ao longo do corpo. - Por quê? - Porque não é isto que eu quero - disse ele, agitando o braço entre o chão e ele mesmo. - Isto não está certo. - Bem, vai-te foder, Noah! Talvez te tenhas esquecido que foste tu que me compraste! — Eu estava furiosa, magoada e... furiosa. Sim, ao assinar aquele contrato tinha feito uma coisa desesperada numa altura muito desesperada, mas isso não fazia de mim menos pessoa do que Julie. O que ela tinha feito era muito pior do que o que eu fizera. Pelo menos, eu não era uma traidora. - Eu posso não ser a Julie, mas tenho a certeza absoluta de que nunca deixaria o teu melhor amigo ii me ao ni! A cabeça dele levantou-se bruscamente e o seu olhar foi quase letal. Acho que aquela foi a proverbial bofetada na cara. Lamentei imediatamente ter proferido aquelas palavras no segundo em que elas saíram da minha boca, mas a cabra que havia em mim estava rejubilante, simplesmente porque precisava de o magoar ou humilhar como ele me tinha feito. Eu amava-o, embora soubesse que ele nunca me poderia amar, que já estava apaixonado por outra pessoa. E ali estava eu, de joelhos diante dele, com um elegante vestido, disposta e capaz de o ajudar a esquecer o que ele não tinha, para poder concentrar-se no que estava diante do seu rosto bonito e estúpido, e ele empurrava-me daquele maneira, como se eu não fosse suficientemente boa para ele. Noah tirou o telemóvel do bolso e marcou um número. Passado um momento, disse: - Vai ter conosco ao lado sul, Samuel. Vamos sair. Desligou bruscamente o telefone e deu-me a mão. — Vamos — disse ele, e depois parou. — Merda! — Voltou a abrir o telemóvel e marcou outro número. - Polly, a Delaine e eu vamos embora. Fica com a carteira dela e diz a quem perguntar que ela não estava a sentir-se bem, por isso levei-a para casa. — Eu sinto-me bem — murmurei, enquanto ele me levava a reboque. - Engraçado, parece-me que perdeste a merda da cabeça - resmungou ele. Eu não argumentei porque, francamente, ele era capaz de ter razão. No entanto, ainda não tinha dito tudo o que tinha para lhe dizer. Ele estava zangado. Eu estava zangada. E era nesses momentos que ele e eu estávamos no nosso melhor. Ficávamos zangados e depois tínhamos sexo e fazíamos as pazes. Era assim que fazíamos as coisas. Percorremos o labirinto de corredores sem sermos vistos por nenhum dos outros


convivas, um verdadeiro milagre, e depois saímos. Eu parei de repente porque estava uma forte tempestade - raios, trovões, chuva torrencial, tudo. Samuel estava à porta com um chapéu--de-chuva para nos abrigar da chuva e Noah arrastou-me para a parte de trás da limusina. Não esquecer que era a mesma limusina onde ele me tinha fodido, enquanto eu olhando para rodas as pessoas que viviam as suas vidas mundanas, como se fossem elas que estavam engaioladas a ser observadas pela pessoa que estava a viver verdadeiramente livre. A mesma limusina onde ele me tinha dito que estava ali para o meu prazer, como eu estava ali para o seu. A mesma limusina onde ele me tinha dito que gostava de uma mulher que sabia o que queria. Ele sentou-se à minha frente e acendeu mais um daqueles cigarros pornográficos e eu não aguentei mais. - Olha para mim - disse-lhe num tom autoritário. Ele ignorou-me. - Já te disse para olhares para mim! - exigi. Ele soltou uma baforada de fumo, mas nunca se voltou para mim. Estiquei a mão, tirei-lhe o cigarro de entre os lábios e atirei-o pela janela. Depois levantei a saia, sentei-me de pernas abertas em cima dele e agarrei duas mãos cheias dos seus cabelos, obrigando-o a olhar para mim. - Não me ignores. Eu não gosto de ser ignorada. - Então, para de te comportares como uma cabra — disse ele sem qualquer emoção. Eu devia tê-lo esbofeteado, tinha de o ter esbofeteado, mas ele tinha razão. Eu estava a comportar-me como uma cabra. Mas era assim que nós fazíamos as coisas. - Fode-me. - Não. - Porque eu não sou ela? - Não. Porque não te quero foder mais. Eu senti que o que tinha estado a segurar o meu miserável coração no seu lugar tinha desaparecido e deixara-o cair na boca do meu estômago, como um viciado em adrenalina a mergulhar da Ponte Royal Gorge sem uma corda elástica para o manter em segurança. Mas eu não estava a acreditar. - Tretas. Não acredito em ti — disse eu, e depois forcei um beijo. Senti o sabor do tabaco que ele acabara de fumar segundos antes e do champanhe que ele bebera antes de tudo ter ficado tão fora de controlo. Eu queria que ele me quisesse não a ela. Eu queria que ele me amasse não a ela. Eu... estava delirante. E ele... não retribuiu o meu beijo. Afastei-me para o olhar, mais do que confusa porque aquilo não devia acontecer. - Sai de cima de mim. - A sua voz soou tenebrosamente calma, imperturbável, como se ele tivesse desistido e já não tivesse forças para lutar. O carro parou e eu continuei a olhar para ele. Depois, a porta abriu-se e Samuel apareceu novamente com o chapéu-de-chuva, a ficar encharcado enquanto esperava que nós nos mexêssemos. — Vais sair ou não? — perguntou-me Noah. Finalmente levantei-me do seu colo para sair do carro e passei por Samuel porque não


queria a porcaria do chapéu-de-chuva. Queria sentir a chuva na pele, porque pelo menos estaria a sentir alguma coisa. Dirigi--me para a porta da frente e entrei na casa escura com Noah a seguir-me. Eu tinha mais uma carta para jogar, um ás genuíno na manga. E, se não resultasse, não havia mais nada a fazer. — Tu podes não querer foder-me — disse eu, subindo a escadaria com o meu vestido arruinado —, mas havia pelo menos meia dúzia de outros homens naquela festa que queriam. Na verdade, vem-me à memória um em especial. Não foi preciso mais nada. A mão de Noah disparou para a frente ao mesmo tempo que o trovão ecoou no céu noturno e ele prendeu-me o tornozelo, levando-me a tropeçar e perder o equilíbrio. Apanhou-me antes de eu bater com a cabeça no chão e deitou-me nos degraus por baixo dele, pairando ameaçadoramente sobre o meu corpo. O seu rosto estava escondido na sombra, pois a única luz na casa vinha dos relâmpagos que iluminavam as grandes janelas. - Queres foder? - disse ele num tom frio e duro, enquanto me subia a saia e a enrolava à volta da cintura. — Eu vou foder-te. — Ele demorou meio segundo a desapertar as calças e expor o membro, mas eu estava demasiado concentrada nas linhas duras do seu rosto para prestar muita atenção. Num movimento rápido e rancoroso ele entrou em mim. Não houve nada de suave no que ele fez, nada de lento, nada de sensual. Mas era tudo o que eu queria, porque embora não houvesse prazer para mim eleja não me estava a ignorar. Noah entrou e saiu de mim depressa e furiosamente e eu aguentei obstinadamente, enterrando as unhas nas suas costas e aceitando tudo o que ele me estava a dar porque pelo menos era alguma coisa. Ele enterrou o rosto no meu ombro e entrou e saiu cie mim inflexivelmente, sem me dar a satisfação de ver a sua expressão ou a dignidade de me olhar nos olhos. Não havia maneira de saber o que ele estava a pensar, mas eu sabia quem não queria que estivesse no seu pensamento. - Não penses nela! - A minha voz falhou, mas apertei-o contra mim. — Não te atrevas a pensar nela, enquanto estás dentro de mim! A sua resposta não foi mais do que um resmungo ocasional e uma respiração pesada. Ele fodeu-me com força e com uma raiva selvagem. Um raio brilhou do lado de fora da janela, seguido de perto pelo forte trovão que fez estremecer o vidro. O breve clarão de luz branca mostrou as sombras dos nossos corpos entrelaçados nas paredes e eu percebi que nós éramos aquelas sombras. Igualmente vazias, meramente a criar a ilusão de um casal feliz que estava profundamente apaixonado, quando nada podia estar mais longe da verdade. Aquilo não era o que eu queria. Eu queria que isto fosse real, uma coisa tangível em que eu pudesse tocar, uma coisa que não desaparecesse quando estávamos de repente amortalhados na escuridão e fora das luzes da ribalta. Noah veio-se e todo o seu corpo ficou paralisado quando ele libertou a sua semente dentro de mim com um rugido estrangulado. Eu apertei-me contra ele, não querendo


soltá-lo porque sabia que tinha passado todas as marcas e obrigara-o a fazer uma coisa que ele não queria. Naquele momento, a única coisa que senti foi o corpo quente de Noah e o seu peso em cima de mim. Não foi o pulsar intenso do meu sangue, nem os rebordos dos degraus a enterrarem-se nas minhas costas, e muito certamente não foi o frio que se tinha infiltrado no meu coração e ameaçava encher-me os olhos de lágrimas. Ele ia mandar-me embora. Eu tinha a certeza.

Quando ele acabou, soltou-se do meu abraço e depois levantou-se para compor as roupas. Os seus movimentos foram calculados e mecânicos. Eu não me mexi e sentia-me entorpecida, mas recusei-me a tirar os olhos dele. - Não posso retirar o que acabei de fazer. Não posso retirar nada do que fiz. E isso está a dar cabo de mim... - A voz de Noah foi ficando mais baixa até ele suspirar e olhai' para mim. O seu rosto estava contorcido de angústia, ele tinha os cabelos molhados e despenteados como as roupas, e vi-o claramente. Ele estava tão destroçado como eu. Passou as mãos pelo rosto com um gemido frustrado. — Eu sei, Delaine. Sei tudo sobre a tua mãe e sei que foi por isso que fizeste isto. Eu não queria foder-te porque não estava certo. Eu já não queria foder-te porque... não sei bem quando, aconteceu o impensável - disse ele com incredulidade, enquanto levantava as mãos para o ar. - Jesus, apaixonei-me por ti. Aí tens. Estás feliz? Agora, sabes. E, para que conste, nunca foi por causa da Julie. Foi sempre por ti. Ele não esperou pela minha resposta. Na verdade, acho que eu não conseguiria dizer nada. Não importava se ele me amava, como não importava se eu também o amava. Nós nunca resultaríamos. Talvez noutro tempo, noutra vida em que fôssemos iguais, mas não nesta. Nesta vida ele seria para sempre Noah Crawford, o famoso milionário, e eu seria eternamente a puta que ele tinha comprado para o seu prazer sexual. Ele deixou cair os braços, exasperado, encolheu os ombros e subiu as escadas sem deixar de praguejar. O ribombar de um trovão percorreu o céu como uma ovação solene pelo meu enorme erro. Que raio tinha eu feito? E como é que poderia remediar a situação?


15 Fazer amor em troca de nada Noah Quando proferi as palavras que mudariam para sempre a dinâmica entre mim e Delaine, ouvi a minha voz a quebrar-se, o turbilhão emocional no interior a libertar-se. Tentei controlar-me, mas quando olhei para ela, com o vestido comprido ainda levantado e enrolado à volta da cintura e o seu corpo frágil deitado nos degraus duros - como é que lhe podia ter feito aquilo? Tinha jurado a mim mesmo que nunca mais a trataria daquela forma, mas acho que a minha palavra não rinha valor nenhum, nem mesmo para mim próprio. Passei as mãos pelo rosto com um resmungo de frustração. Não contar a Delaine tudo o que sabia fora precisamente o que a descontrolara e nos levara àquele momento. E eu não podia continuar a conter--me. Tinha de confessar. Tinha de expurgar o segredo porque se não o fizesse, ia ultrapassar aquela linha tênue entre a culpa e a loucura, e as coisas entre nós só podiam piorar. Que se lixasse, eu tinha feito aquilo. Ia contar-lhe tudo. Ela limitou-se a olhar para mim, estupefata. E a única coisa que eu podia fazer era esperar pelas repercussões, mas não naquele momento, não ali. Ela viria à minha procura quando estivesse pronta e eu sentir-me-ia muito melhor se o fizéssemos no nosso quarto. Pelo menos na relativa segurança daquelas quatro paredes, talvez ela não tivesse vontade de me empurrar pelas malditas escadas. Deixei cair os braços, derrotado, e comecei a longa subida para o primeiro andar. As minhas pernas estavam pesadas e os meus pés pareciam blocos de cimento quando dei um passo de cada vez, obrigando-me a afastar. Tudo dentro de mim gritava para ir na direção oposta, para pegar nela nos braços e correr como um louco, levando-a para longe de tudo para um lugar onde o mundo exterior já não pudesse interferir. Esse era o sonhador que existia em mim. O realista sabia que já não podíamos esconder-nos de nada. A cada passo que dava no corredor que levava ao nosso quarto, a distância para a porta parecia aumentar, mas por fim cheguei. Braços de chumbo seguraram a maçaneta e rodaram-na, abrindo-a para o lugar onde tínhamos consumado a nossa relação pela primeira vez. Até eu tive de rir com aquilo. "Consumar" — a palavra parecia demasiado limpa para o que acontecera na realidade ali. O que eu tinha feito fora amaldiçoar aquilo, condená-lo ao fracasso desde a merda do início. Despi o casaco e atirei-o para o chão como um pano sujo em vez da dispendiosa obraprima feita por medida que era. Não me importei. Havia merdas muito mais catastróficas a acontecer na minha vida para eu me preocupar com vincos no casaco. Catástrofe número um: tinha uma escrava sexual. Catástrofe número dois: apaixonara-me por essa


escrava sexual. Catástrofe número três: a dita escrava sexual tinha uma mãe moribunda de quem eu a estava a manter longe. Catástrofe número quatro: sabia tudo isto e mesmo assim tinha-a fodido como um animal nas escadas. Peguei no meu maço de cigarros, dirigi-me pesadamente para o sofá e afundei-me nas almofadas. A chama do isqueiro lançou um brilho alaranjado na divisão às escuras quando acendi o cigarro e soltei o fumo com uma força exagerada. A nicotina acalmoume e só Deus sabia como eu precisava de me acalmar. Estava pronto para explodir, pronto para destruir a casa dos meus pais com as minhas próprias mãos até não restar nada a não ser uma pilha de escombros. Porque era o que a minha vida se tinha tornado. Uma merda de um monte de escombros. Levantei o rabo do sofá e despi o resto das roupas, a precisar desesperadamente de um duche. As minhas roupas aterraram onde eu estava quando as despi, porque uma vez mais não importava. Fui para a casa de banho sem acender a luz, porque não queria verme ao espelho. Imagens daquele dia na minha casa de banho já estavam a ser passadas constantemente na minha mente hiperculpada, lembrando-me de como David Srone e eu éramos iguais. Não precisava de ver aquilo novamente. O que é que se passava comigo? Quanto mais tentava não ser como ele, mais era. Tinha-a fodido nas malditas escadas, por amor de Deus. Tinha-a fodido sem emoção, tinha-a fodido sem lhe dar qualquer prazer, tinha-a fodido e deixara-a ali, mas não antes de admitir como a tinha fodido. Entrei no chuveiro sem deixar a água aquecer primeiro porque água fria nos rapazes não era uma coisa agradável e era isso que eu merecia. A única coisa que queria era relaxar até ao ponto em que deslizasse para um coma, para não ter de sentir a dor que se tinha instalado no meu coração. Porém, o que eu queria e o que eu precisava eram duas coisas completamente diferentes. Eu precisava de enfrentar o que tinha feito. Precisava de ficar diante de Delaine e agir como um homem, enquanto ela me massacrava por ter andado a meter o nariz na sua vida. Precisava de a olhar nos olhos quando lhe pedisse desculpa por roubar a sua virtude. Precisava de a ver sair da minha vida sem esperança de voltar a encontrá-la. E precisava de sentir a dor de a perder. Emocional e mentalmente exausto, encostei a cabeça à parede, usando o antebraço como apoio, e deixei a água cair sobre o meu corpo. Esperava que o duche lavasse de alguma forma a imundície que estava a apodrecer no interior, a manchar a minha alma, mas isso não seria possível a não ser que eu conseguisse encontrar uma maneira de virar a minha pele do avesso. Mesmo assim, simples sabonete e água não resolveriam o assunto. Raios, duvidava que até lixívia conseguisse limpar-me. Só conseguia ver a sua imagem quando ela descera aquela escadaria anteriormente naquela noite. A forma como as suas ancas tinham balançado e a racha do vestido se abrira para revelar a suavidade cremosa da sua perna. Como a sua pele estava macia quando lhe tinha colocado o colar. O seu sabor quando ela roçara os lábios nos meus num agradecimento. E ainda sentia o seu cheiro. Jesus, a simples recordação de tudo aquilo provocou-me uma ereção. Quem me dera que as coisas tivessem sido diferentes. Quem me dera que em vez de estar aqui, atolado na minha culpa, estivesse a abraçá-la e ela estivesse a abraçar-me.


Mas eu tinha estragado tudo. Tinha-a estragado e tinha me estragado. Na escuridão, a minha mente desorientada começou a enganar--me. Juraria que senti as suas mãos agarradas ao meu peito por trás e um beijo suave a ser depositado no centro das minhas costas. E, para piorar tudo, o seu cheiro pairou de novo à minha volta, forte e mais potente do que o vapor quente. O meu membro reagiu naturalmente à presença que não estava ali e perguntei a mim mesmo quanto tempo demoraria a esquecê-la. - Por favor, volta-te. - Até parecia que ela estava mesmo ali, mas a voz soou muito dócil e insegura. Foi quando percebi que tinha de ser uma ilusão dela que eu tinha criado apenas na minha mente. - Noah, por favor? Não podes fugir de mim depois de me ignorares durante dias, fazendo-me pensar que tinha feito alguma coisa errada e depois dizendo-me uma coisa daquelas. Sim, era definitivamente Delaine. O único motivo por que ela estaria ali seria para me arrancar o membro e enfiar-me pelo cu acima por meter o nariz nos seus assuntos. Não podia fugir dela. Tinha de enfrentar a sua ira porque ela tinha-me encurralado. E eu merecia tudo o que ela ia dizer e fazer-me. Voltei-me lentamente, com os olhos finalmente ajustados à escuridão, mas nenhum ajustamento ia permitir-me vê-la quando não havia luz absolutamente nenhuma na casa de banho. - Eu sei e descul... Nem sequer tive a possibilidade de pedir desculpa antes de sentir o seu corpo colado ao meu e, diabos me levem, ela estava nua. Eu poderia ter esperado aquilo, porque era uma coisa que ela teria feito, mas não esperava aquele beijo. Os seus lábios começaram a acariciar os meus — delicados, ternos, inacreditáveis. Acho que foi o beijo mais doce que recebi em toda a minha vida. Passei os dedos pelos seus cabelos, aprofundando a ligação e memorizando o seu sabor, o seu toque, o seu cheiro, porque não sabia se voltaria a ter a oportunidade de sentir tudo aquilo de novo. Céus, eu amava-a. As suas mãos percorreram-me o corpo com as pontas dos dedos a pressionar a pele do meu peito, das minhas costas, dos meus braços. Era como se ela estivesse a deixar impressões permanentes em todos os sítios onde me tocava. E ao mesmo tempo estava a tentar aproximar--se, Se fosse possível, eu teria aberto o meu maldito peito para a deixar entrar, prendendo-a ali e andando com ela em mim para sempre. E o mais lixado era que eu não percebia porque é que ela estava a fazer aquilo. E depois ela interrompeu o beijo. Senti o seu peito subir e descer, ouvi as suas respirações difíceis, senti o calor do seu hálito na minha pele molhada. Ela encostou a cabeça sobre o meu coração. - Faz amor comigo, Noah. Apenas uma vez, mostra-me como é ser amada por ti. Eu sabia que devia ter recusado, mas atrás da fachada eu era um homem fraco apenas para ela - e queria que ela conhecesse a verdade das minhas palavras. Mas não numa porcaria de uma cabina de duche e não onde eu não pudesse ver o seu rosto. Beijei-lhe o cimo da cabeça antes de a empurrar suavemente para trás para poder


erguer-lhe o queixo para um suave beijo nos seus lábios macios. Depois fechei a torneira, deslizei as mãos pela curva do seu rabo e ergui-a para a minha cintura. Delaine prendeu os dedos atrás do meu pescoço e encostou a testa à minha quando eu saí da cabina de duche e a levei para o nosso quarto. Os seus olhos nunca deixaram os meus quando a levei para a cama. Ainda estava escuro, mas a tempestade lá fora tinha parado e as nuvens tinham-se separado o suficiente para que a sua pele cremosa fosse banhada pelo luar que entrava pelas janelas. Quando a deitei na cama, percebi que ela tinha muito em comum com aquele corpo celestial que pairava tão proeminentemente no céu completamente preto. Ela, sozinha, destacava-se num mar de estrelas, brilhando mais do que as mais brilhantes. Ela estava ali, mas por muito que eu tentasse não conseguia alcançá-la. Tinha-me sido dada esta oportunidade, este foguetão para o espaço longínquo, e eu não ia desperdiçá-la. O meu coração bateu tão alto nos ouvidos que eu percebi que ela conseguiria ouvir. Fiquei aterrorizado, com medo que ela percebesse o cobarde que eu era na realidade e não o homem seguro de si que me tinha esforçado tanto por me tornar. Para lhe dar o que ela queria, eu teria de me despir de tudo até ficar completamente vulnerável. E faria isso... para ela. Raios, eu ter-lhe-ia dado tudo o que ela me pedisse. Se ela quisesse o meu braço, poderia ficar com ele. A minha perna? Poderia tê-la. O meu coração? A minha alma? Já lhe pertenciam. Quando subi para a cama e me deitei ao seu lado, acariciei-lhe a face e deixei o meu dedo descer pelo seu pescoço. Ela tremeu com o meu toque e eu percebi que era um imbecil e que a tinha deixado molhada, e agora ela tinha frio. Quando puxei o lençol para lhe cobrir o corpo, ela pôs uma mão no meu antebraço para me parar. - Não é do frio — sussurrou ela com um sorriso delicado. O meu coração saltou no peito. Prendi os lábios de Delaine nos meus enquanto pairei sobre ela, tendo o cuidado de apoiar o meu peso no cotovelo. As costas da minha mão continuaram a sua viagem pelo ombro, passando pela curva do seio, e desceram até parar na anca. Cada cova, cada curva lembravam-me como ela era verdadeiramente preciosa, ou pelo menos devia ter sido. Ela merecia ser adorada, reverenciada. Cobri a sua coxa direita com a minha, enfiando o joelho entre as suas pernas quando ela se voltou para mim. A palma da sua mão deslizou pelas minhas costelas e ela puxoume mais para si quando a minha língua varreu o seu lábio inferior, pedindo autorização para entrar. Ela não hesitou. A ponta da sua língua saiu e saudou a minha, como uma mulher a abraçar o seu amado após oceanos e anos de separação. Os nós dos meus dedos afloraram a pele macia do seu estômago, subindo mais para tocar num mamilo duro dos seus seios cheios. Ela gemeu na minha boca e arqueou as costas, implorando mais. Eu interrompi o beijo e os meus lábios fizeram um carreiro no seu maxilar e desceram pelo seu elegante pescoço até à clavícula, onde chupei levemente a pele porque não queria marcá-la. Ela não era o meu território nem o meu brinquedo. Eu estava a amá-la como ela merecia ser amada. Delaine apertou o meu bíceps e as pontas dos seus dedos desceram pelo meu braço e


passaram para o meu peito, deixando um rasto de fogo. Todos os terminais nervosos do meu corpo estavam em alerta máximo, cada toque de Delaine enviava ondas de choque de prazer diretamente para a minha região central. Ela tinha aquele efeito em mim; quer estivéssemos a brincar aos vampiros na minha sala de entretenimento, a fazer sexo como exibicionistas na parte de trás da limusina ou a cozinhar bacon na minha cozinha, ela tinha esse efeito em mim. Eu desfazia-me nas suas mãos capazes e nunca mais seria igual para mim com outra pessoa qualquer. Puxei a sua mão para a minha boca e beijei-lhe a palma antes de a pousar sobre o meu coração para ela sentir os batimentos fortes. Aquilo era para ela e eu disselho com os olhos. Com um suave beijo nos seus lábios suculentos, mergulhei a cabeça e capturei um dos mamilos espetados com a boca, girando a língua à volta do alto até ela inspirar fundo, aproximando-se ainda mais. Chupei a pele sensível e rodei a língua, encostando o nariz a ela. Uma das mãos de Delaine estava nos meus cabelos e a outra apertava-me o ombro, puxando-me para si. Ela foi obrigada a afrouxar o aperto quando eu me voltei para o outro seio, querendo dar-lhe igual atenção. Depositei um suave beijo no mamilo e depois desci pelo seu corpo, cobrindo cada centímetro de pele com a minha boca e as minhas mãos. Nenhuma parte dela ficaria intocada. Quando deslizei a mão por baixo do seu joelho e ergui a perna para cima da minha anca, rodei a virilha contra ela. Foi uma reação involuntária à sua proximidade. Não era minha intenção fazer aquilo, mas a julgar pelo gemido que escapou dos seus lábios e pela forma como ela se aproximou, percebi que não se tinha importado nada. Na verdade, a sua mão deslizou pelas minhas costas até ela segurar o meu rabo e me puxar mais para si. O calor da sua excitação em contato com o meu pénis foi praticamente a minha desgraça. Por isso recuei, calando o seu lamento de protesto quando desci pelo seu corpo e lhe abri as pernas para encaixar os ombros. Eu adorava como ela estava sempre despida para mim — despida, quente e, oh, rão húmida. Mantendo os olhos pregados nos seus, depositei um beijo leve no cimo do seu centro. Ela fechou os olhos, mordeu o lábio e deixou a cabeça cair na almofada. O seu corpo foi percorrido por um efeito de ondulação; as suas costas arquearam-se, o seu estômago iodou e as suas ancas impulsionaram-se para frente para trazer o seu centro para mais perro de onde eu a queria. E eu aceitei a sua oferta, mergulhando a cabeça e saboreando o seu delicioso fruto ao mesmo tempo em que deixava os seus sucos encherem-me os lábios, a língua, o rosto. — Noah... O meu nome pareceu uma súplica desesperada saída dos lábios de Delaine. As suas ancas subiram e desceram e ela entrelaçou os dedos nos meus cabelos, prendendo as coxas à volta dos meus ombros. Não para me sufocar, mas para criar um casulo e manter-me onde queria. Ela apoiou um pé minúsculo no meu ombro e deslizou a sola macia pelas minhas costas e pela curva do meu rabo antes de fazer o mesmo caminho vezes sem conta. Eu enfiei dois dedos dentro dela, movendo-os para trás e para a frente, para dentro e para fora, enquanto lambia, chupava e beijava cada centímetro do seu


precioso paraíso. E depois, demasiado cedo, ela estremeceu com as minhas manobras. As suas coxas ficaram tensas, as ancas deixaram de se mover, as suas mãos puxaram-me os cabelos e ela soltou um som que eu nunca, nunca esquecerei. Não foi alto - Delaine nunca fazia muito barulho quando se vinha -, mas foi animalesco, como o ronronar de uma leoa enquanto aproveitava o sol do fim da tarde depois de ter enchido a barriga. Senti a humidade a acumular-se no meu pénis, a ameaçar sair prematuramente, e isso nunca poderia acontecer. Ignorei o meu próprio desejo de saciar as minhas necessidades, pois queria trazê-la uma vez mais para o rebordo para poder vê-la a cair para o abismo, A minha língua e dedos continuaram a trabalhar nela, guiando-a pelo orgasmo até outro se seguir pouco depois. Os músculos das suas coxas relaxaram lentamente, dando-me autorização para abandonar o meu posto. Não que eu quisesse, mas tinha de acabar por parar, ou temia nunca ser capaz de o fazer. Os meus olhos contemplaram a forma de Delaine, o seu corpo a contorcer-se sob o meu olhar. Ela olhou-me, com os maravilhosos olhos azuis cheios de intensidade. — És tão... lindo - sussurrou ela. — Nem por sombras tão lindo como tu. — Era verdade. Ela não precisava de uma casa pomposa, de carros dispendiosos nem de um emprego importante. Ela tinha tudo o que precisava naquele coração de puro ouro. Ela era tão bonita por dentro como por fora, e era isso que marcava a diferença entre mim e ela. Era o que a tornava perfeita. Incapaz de continuar a olhar sem lhe tocar, rastejei para cima do seu corpo e soerguime enquanto me posicionava no seu centro. Tendo o cuidado de manter o peso nos antebraços, instalei-me sobre ela e empurrei uma madeixa do seu cabelo para trás da orelha. - Esta devia ter sido a nossa primeira vez - disse eu, e depois entrei lentamente nela. Ela soltou um miado suave que eu abafei quando a minha boca cobriu a sua. As pernas de Delaine cruzaram-se no fundo das minhas costas quando eu me movi dentro dela, muito lentamente. As suas unhas enterraram-se nas minhas omoplatas a cada movimento dos nossos corpos. Ela respondeu aos meus movimentos balanceados com um aperto deliberado das ancas. Eu abandonei o beijo e desci para o seu pescoço, enchendo a sua pele de beijos, lambidelas e chupões. A minha mão colou-se no alto espetado do seu rabo e desceu pela coxa. Quando cheguei à curva atrás do joelho, puxei-o ternamente para trás, mantendo ali a mão e abrindo-a mais para poder entrar ainda mais fundo. A necessidade de ela me sentir até às profundezas da sua alma apoderou-se de mim e guiou todas as minhas ações. Posicionei-me ligeiramente de lado quando as suas mãos desceram pelas minhas costas e ela me apertou o rabo. Delaine era definitivamente uma miúda de rabos. Eu fleti os músculos para ela, entrando mais fundo e rodando as ancas para dar ao seu clitóris a fricção que sabia que ela adorava. Os nossos corpos balançaram-se para trás e para a frente, como o fluxo e refluxo da corrente do oceano com as ondas a esmagarem-se na costa rochosa e a recuarem para repetir tudo de novo. Foi uma coisa mágica, como aquelas que só se leem naqueles


romances lamechas. Porém, nunca dois corpos se tinham encaixado mais perfeitamente um no outro, quer na vida real quer na ficção. Era o tipo de coisa que nos fazia acreditar que, finalmente, tínhamos encontrado a nossa alma gêmea. Era uma pena eu ser o único a sentir isso, mas, por muito que me doesse saber a verdade, não me importei. Eu estava destinado a amá-la, tinha a certeza disso. Mesmo que o objetivo fosse apenas ensinar-me uma lição, pelo menos eu sabia o que era importar-me mais com uma pessoa do que comigo mesmo - para variar. Enfrentaria as repercussões da minha decisão mais tarde, mas naquele momento ela estava ali e ela tinha de saber o que eu sentia realmente. Não podia deixá-la sair daquele quarto sem saber, sem qualquer sombra de dúvida, onde estava a minha mente, o meu coração e a minha alma. Estavam com ela, e estariam com ela para sempre. E se ela se fosse embora quando tudo estivesse dito e feito, levaria tudo consigo. Encostei o nariz por baixo da sua orelha e as minhas palavras estavam cheias de paixão e dilaceradas de dor. - Amo-te, Delaine. Com todo o meu coração. - Oh, Deus, Noah. - A sua voz estava tão cheia de emoção que tive de olhar para ela. O seu lábio inferior tremia e ela tinha os olhos brilhantes. Uma mão tímida segurou-me o rosto e o seu polegar varreu o meu lábio inferior. - Por favor, chama-me Lanie. Apenas... Lanie. Perscrutei o seu rosto e quando uma lágrima escorreu pela sua face, não encontrei uma única prova de que ela estava a dizer aquilo apenas por piedade. Se pensei que o meu coração estava a bater e aos saltos antes, não foi nada comparado com as acrobacias que ele começou a fazer naquele momento. O meu coração inchou, uma lufada de calor disparou pelo meu peito e saiu antes de ir diretamente para o meu cérebro. Fiquei atordoado, e no entanto não consegui desfazer o sorriso que me encheu o rosto. - Lanie - repeti num sussurro. Ela estremeceu nos meus braços. - Jesus, é tão sensual. Repete. - Ela enterrou os dedos nos meus cabelos e ergueu-me a cabeça o suficiente para poder ver o meu rosto. Eu aproximei os lábios, quase roçando os dela quando repeti o seu nome: - Lanie... Os seus dentes puxaram o meu lábio inferior uma vez, duas vezes, e depois ela chupou-o entre os seus, murmurando: - Outra vez. Eu beijei-a com mais vigor do que da última vez, dizendo o seu nome vezes sem conta porque podia. Por fim. Os meus movimentos tornaram-se mais insistentes. Agarrei-me à parte de dentro do seu joelho e empurrei as ancas contra ela. Com mais força, mais fundo, mais depressa. Agarrei a ponta do colchão por cima de nós e usei-o para me impulsionar enquanto entrava e saía dela. Ela colou-se a mim, com o suor dos nossos corpos a misturarem-se enquanto escorregávamos um no outro. Os tendões dos meus braços e pescoço estavam esticados, os músculos das minhas costas, abdominais e rabo a trabalhar a sério enquanto eu lhe dava tudo o que tinha.


Delaine arrastou as unhas pelas minhas costas e eu rezei a Deus para que ela deixasse feridas, feridas que nunca se curassem - cicatrizes que rivalizariam com as que ficariam no meu coração quando ela me deixasse. Eu afastei-me para olhar para ela, memorizando todas as suas feições, e não pude deixar de reparar que a veia do seu pescoço pulsava com o forte bater do seu coração. Mais uma visão que me perseguiria para o resto da vida. Tão linda. Uma gota de suor baloiçou precariamente na ponta do meu nariz até cair no seu lábio inferior, e vi-a esticar a língua para prová-la. Os seus olhos fecharam-se e ela murmurou como se tivesse acabado de provar um chocolate de uma qualidade excelente e estivesse a saboreá-lo. — Olha para mim, gatinha — sussurrei. Ela obedeceu e os seus olhos ligaram-se instantaneamente aos meus. Foi uma ligação muito mais profunda do que as aparências exteriores. - Amo-te, Lanie. - Noah, eu... - Ela gemeu e depois mordeu o lábio inferior e atirou a cabeça para trás. O seu orgasmo percorreu lhe o corpo em ondas e o seu corpo retesou-se por baixo de mim. Aquela visão. Oh, Deus, aquela visão. A sua expressão quando eu lhe disse que a amava e ela tivera um orgasmo... Simplesmente, não havia palavras adequadas para descrever como me senti. Com uma última arremetida, também me vim. Senti as suas paredes interiores a apertarem-se e estremecerem, recebendo o meu esperma enquanto eu estremecia e pulsava dentro dela até não ter mais nada para dar. Rodei para o lado e levei-a comigo, usando os dois braços para apertá-la contra o meu peito, sem querer soltá-la. E não era essa a dificuldade da questão? Eu não podia deixá-la, mas tinha de fazê-lo. Porque mantê-la aqui seria cruel. Ficámos na nossa felicidade póscoital durante o que pareceu uma eternidade, mas ainda assim não era suficiente. Nenhum de nós falou, nenhum de nós afrouxou o aperto, ambos perdidos nos nossos pensamentos. Os lençóis estavam encharcados - ensopados com os nossos corpos húmidos, encharcados com o suor do nosso esforço, encharcados com a libertação resultante. E, oh, como tinha sido doce a libertação. E depois ela quebrou o silêncio. — Noah. - Ela falou tão baixinho que quase não a ouvi dizer o meu nome. - Temos de falar. - Ouvi aquilo muito bem. E não queria porque seria nessa altura que tudo ficaria arruinado, que eu seria esmagado pela realidade... que ela me diria que ia partir. - Chiu, ainda não. - Alisei-lhe os cabelos e beijei-lhe a testa. - Pode esperar até de manhã. Por enquanto, vamos ficar aqui assim. Delaine... Lanie acenou e aninhou o rosto no meu peito sem dizer mais nada, dandome aquela última noite para a apertar nos meus braços. Era a primeira e única noite em que tudo estava certo na porcaria do mundo porque ela estava ali e sabia que eu a amava. Nem pensar que eu ia dormir e desperdiçar um segundo daquele precioso resquício de tempo que tinha com ela. Passei o resto da noite ali. Enquanto ela dormia tranquilamente, eu acariciei-lhe os


cabelos, esfreguei lhe as costas, inalei o seu cheiro. Só quando os primeiros raios alaranjados mancharam o céu matinal é que saí finalmente de baixo dela. Um beijo suave na face e um "amo-te" sussurrado e fui tomar um duche. Enquanto passava pela porta do quarto, uma mão invisível pareceu surgir do nada e agarrar-me. Puxou-me pelo corredor para o meu escritório, até eu estar diante de uma gaveta aberta na minha secretária. Com uma mão trêmula, retirei a minha cópia do contrato, o contrato que ligava Delaine a num durante os dois anos seguintes. Lanie Na manhã seguinte acordei e passei-me por um momento (tudo bem, foi mais do que um momento) quando não senti e depois não vi Noah na cama. Mas depois sentei-me e olhei à minha volta, reparando que a porta da casa de banho estava fechada, o que significava que ele tinha de estar lá. Percebi que ainda estava nua, o que não era muito chocante porque Noah insistira sempre em dormir assim - na verdade, eu até gostava — e o vestido que eu tinha despido continuava no chão onde eu o tinha deixado na noite anterior antes do duche. Não tinha sido mais um dos meus sonhos alucinados. Deitei-me novamente na cama e aninhei-me com a almofada de Noah. Ele amava-me. Ele amava-me a sério. E não se tinha limitado a dizer-me. Tinha-me mostrado com cada toque, cada beijo, cada parte de si até nunca poder haver qualquer dúvida. Os meus pensamentos recuaram algumas horas e eu sorri tanto que as faces me doeram. Eu estava a planar por dentro e o meu corpo a vibrar por fora. Quando ele me disse que me amava «com todo o seu coração», eu soube que ele estava a falar verdade. Mas não parecia certo ele dizer uma coisa daquelas sem usar o nome que eu insistira que ele não tinha 0 direito de usar. Ele tinha mais do que conquistado o direito de me chamar Lanie. Nada podia ser mais certo. E quando o ouvi dizê-lo, quando ouvi a palavra A a sair da sua talentosa língua -gah, fiquei toda arrepiada e tremi de dentro para fora, ansiosa por ouvilo vezes sem conta. Até àquele momento, eu tivera a certeza de que as coisas nunca poderiam resultar entre mim e Noah. Pertencíamos a dois mundos completamente diferentes e, independentemente do que sentíamos um pelo outro, esses mundos podiam ser implacáveis. Mas quando vi, senti e ouvi a sua convicção, soube que merecíamos uma oportunidade de tentar e não seria eu a aniquilar a nossa hipótese de felicidade. Não quando sentia o mesmo que ele. Podíamos fazer com que isto resultasse. Talvez todas aquelas comédias românticas não fossem apenas fantasias. Talvez Noah e eu também pudéssemos rei um pouco daquela magia. Eu ia dizer-lhe que o amava, mas depois ele tinha-me dito para olhar para ele e eu vi o que só podia imaginar que ele sentia verdadeiramente no interior. Foi tão claro como aquele nariz sensual no seu rosto, e depois ele repetiu aquelas palavras de novo, usando a versão familiar do meu nome. Não consegui conter o orgasmo que aquelas palavras


provocaram. Felicidade total. Ainda tentei dizer-lhe novamente, depois de termos arrefecido os motores, por assim dizer. Mas ele não quis falar. Quis deliciar-se apenas com a lembrança do que tínhamos feiro e eu não me importei. Porque ainda tínhamos hoje, e amanhã, e o dia seguinte, e todos os gloriosos dias das nossas vidas depois disso. Estávamos apaixonados e nada nem ninguém ia conseguir intrometer-se entre nós. Francamente, quais eram as probabilidades? Dois desconhecidos, ambos a tentar desesperadamente resolver os problemas que tinham de suportar, e no meio de toda aquela trapalhada tínhamo-nos encontrado. Tínhamos encontrado o amor. Pegámos em nada e transformámos esse nada em alguma coisa. Essa seria a história que contaríamos um dia aos nossos filhos e aos filhos dos nossos filhos - deixando de fora a parte sobre a mãe e avó ser uma puta e tudo isso, é claro, porque aquilo não era um momento de sonho. Eu estava feliz. Estava animada. Era um novo dia. As nuvens de tempestade tinham desaparecido. O sol brilhava. Pássaros chilreavam. Aposto que se abrisse uma janela e me inclinasse para fora, uma ave canora azul pousaria no meu dedo e cantar-me-ia uma canção. Era um verdadeiro momento de conto de fadas. No entanto, eu não tinha a menor intenção de fazer isso. Com a minha sorte, ia tropeçar ou alguma coisa do gênero e cairia dois andares para me esborrachar no imaculado betão lá em baixo, sem nada para me amparar a queda a não ser o minúsculo pássaro, que pareceria um M&-M azul esborrachado por baixo de mim, e eu não queria ter esse peso na consciência. Não, isso não ia acontecer. Nada ia arruinar a beleza do dia. Por isso, disse mentalmente ao passarinho azul para ficar do outro lado da janela, que eu lu aria deste lado. Assim, ninguém se magoaria. Grande suspiro, enorme espreguiçadela e bingo! Momento de idéia brilhante. Pequeno-almoço. Eu ia fazer-lhe o pequeno-almoço. Esbocei um enorme sorriso quando decidi que seria bacon e ovos, e um sorriso malicioso quando pensei no que poderia resultar dali. Quem diria? Bacon, um afrodisíaco cheio de colesterol. Huh. Fantástico para a Galdéria -mau, mau, mau para as artérias. A Galdéria ergueu os dois polegares a apoiar a minha idéia. Mas é claro que apoiaria a ordinária. Eu afastei-a do pensamento e desviei a roupa da cama para ir preparar o pequenoalmoço - porque afinal de contas a melhor forma de chegar ao coração de um homem é através do estômago —, mas depois a porta da casa de banho abriu-se e Noah apareceu. Estava completamente vestido e parecia puro sexo, mesmo com as ligeiras olheiras. Acho que devo tê-lo mantido acordado até muito tarde na noite anterior. A minha cabra interior riu-se como uma menina inocente. Total contradição, eu sei. - Bom dia. - Sorri timidamente, de repente insegura, sem saber se ele sentia agora o mesmo que sentira a noite passada. - Bom dia — respondeu ele, mas o seu tom foi um pouco mais sério do que eu esperara. Ele baixou os olhos e começou a mexer na gravata, embora ela estivesse perfeita como sempre. Eu fiquei com a impressão de que ele não queria olhar para mim,


Oh, merda. Muito bem, não valia a pena entrar em pânico. Talvez ele estivesse a pensar como eu e não soubesse qual iria ser a minha reação esta manhã. Mas isso poderia ser resolvido facilmente. - Então... vais trabalhar? — perguntei, porque não sabia bem como começar. - Sim. Ontem à noite saí à pressa e ainda não tinha falado com todos os potenciais clientes e com os membros do conselho de administração. Por isso, preciso de fazer algum controlo de danos. - Os seus alisamentos desnecessários passaram da gravata para as mangas do casaco. - Oh. Desculpa — disse eu, sentindo uma pontada de culpa pelo meu comportamento. Temos tempo para Ia lar primeiro? Ele encolheu os ombros. — No fundo, não há nada para dizer. Eu já sei tudo o que vais dizer e a solução para o problema é simples. Bem, aquilo irritou-me. Como se atrevia ele a presumir que sabia o que eu estava a pensar? E que solução? Para que problema? No que me dizia respeito, estava tudo perfeito. Noah aproximou-se da cama e retirou um papel dobrado do bolso interior do casaco, abriu-o e rasgou-o ao meio. Deixou as duas metades cair na cama ao meu lado. — Vai ficar com a tua mãe e o teu pai. Eles precisam muito mais de ti do que eu. Além disso, nunca resultaria entre nós. Não no mundo real. Quando eu olhei para o papel, ele voltou-me as costas e dirigiu-se para a porta. Não foi preciso ver com muita atenção para perceber que a folha que ele destruíra era o nosso contrato. O que em tempos fora uma corrente que me mantinha presa ao homem que eu amava era agora um insignificante donativo para a causa do Dia da Terra: material reciclável. — Noah, eu... — comecei, mas ele interrompeu-me. — Tenho de ir - disse ele, parando à porta de costas voltadas para mim. - E tu também devias ir. Dito isto, abriu a porta e afastou-se de mim. Eles precisam muito mais de ti do que eu... nunca teria resultado entre nós. As suas palavras foram quase ensurdecedoras enquanto martelavam nos meus ouvidos. E porque é que eu estava tão chocada? Ele só tinha confirmado o que eu sempre soubera que era verdade. O meu coração, que estava prestes a rebentar de felicidade alguns segundos antes, estava agora como aquele documento inútil caído ao meu lado: destruído, desfeito, rasgado ao meio. — Mas... eu também te amo — sussurrei eu para o quarto agora vazio. Não podia deixá-lo sair sem ter a certeza de que ele ouvia pelo menos estas palavras. Saltei da cama para correr atrás dele, mas quando uma corrente de ar fresco me fez tremer percebi que ainda estava nua. Por isso, peguei numa das suas camisolas de meia manga, enfiei-a pela cabeça e corri para a porta e pelo comprido corredor. Quase caí de cabeça pelas escadas abaixo, mas de alguma forma consegui manter-me direita até chegar ao átrio. Depois, abri a porta principal e abri a boca para gritar as palavras


mesmo a tempo de ver a parte de trรกs da limusina a desaparecer na alameda. Tarde de mais. Ele tinha-se ido embora. E eu estava sozinha. Continua...


AGRADECIMENTOS A minha decisão de publicar este livro não foi rápida nem fácil, mas ainda bem que o fiz. Obviamente, esta página é dedicada às pessoas que me deram um pouco do seu sangue, suor e lágrimas para me ajudar a torná-lo uma realidade. Por isso vamos a isso, está bem? Em primeiro lugar e acima de tudo, tenho de agradecer à minha incrivelmente talentosa amiga e mentora, Darynda Jones. Se não fosses tu, esta aventura teria tomado um rumo completamente diferente. Estou convencida de que as pessoas são postas nas nossas vidas por um motivo. Senhora, tu foste posta na minha para me ajudar a realizar os meus sonhos. Amo o teu rosto voluptuoso. Ainda não consigo acreditar na sorte que tive ao encontrar a minha excecional agente, Alexandra Machinist, e a minha extraordinária editora, Shauna Summers. Vocês são as minhas pessoas duas preferidas no mundo. Obrigada por apostarem em mim. Enormes agradecimentos aos meus pré-leitores: Patrícia Dechant, Melanie Edwards, Maureen Morgan e Janell Ramos. Vocês são as minhas âncoras, as minhas caixas de ressonância e os meus maiores apoios. Amo-vos. A sério. Um agradecimento especial à minha equipa de Rua, a Parkers Pim-pin' Posse, e às senhoras (e cavalheiros) da PNSS. Mais importante, aos meus leitores leais, obrigada. Gostaria de mencioná-los a todos pelo nome porque é o vosso apoio que me mantém a fazer o que faço. E por último, mas não menos importante, acredito que se deve dar crédito a quem merece, e por isso tenho de agradecer a Stephenie Meyer. Originalmente publiquei esta história como uma obra de ficção de fãs da série Twilight. Embora tivesse usado os seus personagens como uma plataforma, eles tornaram-se uma coisa completamente diferente. Também gostaria de fazer um agradecimento especial ao clube de fãs que viu a minha história pelo que ela era e poderia ser.


A AUTORA C. L. Parker é autora de romances que incendeiam os sentidos. Nascida numa cidade de província, mas com o sonho de um dia vir a viver na capital do mundo o que conseguiu graças ao sucesso dos seus livros. "Com diálogos super-sexy, esta história de uma Cinderela moderna começa com um desejo: queremos que Lanie e Noah vivam felizes para sempre... Não posso esperar pela continuação” R T Book Reviews "Cenas de sexo escaldantes e um final que deixa tudo em suspenso vão deixar as fãs de literatura erótica a suspirar por mais." Publishers Weekly


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