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29 entrevista José Couto, pesidente do CEC/CCIC - Câmara de Comércio e Indústria do Centro
Distrito de CoimbraPandemia ajuda setor da saúde e prejudica indústria do papel
A saída da insígnia Navigator Brands da tabela das 1000 Maiores Empresas do Distrito de Coimbra reduziu de 12 para 11 o número de membros do “clube 100 milhões”, mas só os CHUC estão acima dos 400 milhões. Entretanto, o “clube 10 milhões” – com faturação entre os 10 milhões e os 100 milhões – manteve-se constante, com 113 empresas no distrito
Oregresso do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC) à liderança do ranking das “Mil maiores empresas do Distrito de Coimbra” é o dado mais relevante deste ano, ultrapassando as empresas de produção de papel com sede na Figueira da Foz. Entre estas houve dupla inversão de posições, com a Navigator a ultrapassar a Celulose Beira Industrial (Celbi), a que se acrescenta a troca de posições entre as duas insígnias da Navigator (Pulp e Paper). As três unidades industriais do setor tiveram quebra de faturação, embora a Navigator Paper só tenha baixado 9%, o que lhe permitiu a subida ao 2.º lugar do ranking, por troca com a Celbi – Grupo Altri – (-21%) e Navigator Pulp (-28%).
Em valores absolutos, resulta que a fasquia dos 400 milhões de euros de faturação atingida no ano anterior pelos quatro “gigantes”, só foi alcançada agora pelo CHUC, classificado como Entidade Pública Empresarial (EPE).
Em ano de pandemia, constata-se que o setor da saúde regista um significativo aumento de vitalidade económica, especialmente no subsetor do medicamento. A cooperativa farmacêutica Plural, com sede na zona norte de Coimbra, mas com atividade em todo o país, registou um aumento do volume de negócios de 28% atingindo o recorde da sua existência de 47 anos, com 294 milhões de euros, mais 35 milhões de euros do que na contabilidade do ano anterior, em que só tinha crescido 8%.
De resto, os mais relevantes laboratórios farmacêuticos com sede no distrito de Coimbra acompanharam a tendência de subida, com a Empifarma (com sede em Montemoro-Velho) e a Bluepharma (com sede em Coimbra) a crescer a dois dígitos, respetivamente 17,3% e 28,7%. Se a Empifarma manteve a sua 9.ª posição na lista das maiores do distrito, a Bluepharma subiu 16 posições, para o 14.º lugar.
Mais atrás, a Farmalabor (com sede em Condeixa-a-Nova) cresceu mais de 5%, entrando nas 50 maiores empresas do distrito.
Quanto ao maior aumento do volume de negócios, das 100 maiores empresas do distrito, a Tiray, farmacêutica de origem canadiana especialista na plantação e produção da canábis para fins medicinais conseguiu crescer 364%, para os 13
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milhões de euros, no segundo ano de laboração, depois de ter estabelecido em Cantanhede uma unidade de produção de canábis para uso medicinal, com cerca de 15 mil metros quadrados.
Com um aumento de faturação de 147%, a Sociedade Bioelétrica do Mondego (SBM) assume também posição de destaque. A SBM, é participada pelo Grupo Altri e faz o desenvolvimento e gestão de centrais elétricas e outras instalações de produção de energia bioelétrica em Portugal a partir de resíduos e biomassa. Subiu da posição 98 para a 38, atingindo um volume de negócios de cerca de 33 milhões de euros.
Outra empresa que atingiu uma subida de faturação acima dos 100% foi “os Novos Construtores de Cidálio Soares Ramos”, com sede em Cantanhede, que pulou até ao 80.º lugar com 17 milhões de faturação.
Quanto às maiores quebras, registe-se – em resultado da restruturação do Grupo Navigator – a continua descida da Navigator Brands, que deu um “trambolhão” de 12.º para 132.º, bem como, alguns lugares mais abaixo, da construtora MRG, da Ambitermo (fabricação de geradores de vapor) e Rodoviária da Beira Litoral.
Sem conseguirem fugir aos efeitos da pandemia, as empresas de referência do setor hoteleiro também registaram quebra de vendas, como são os casos da Quinta das Lágrimas, Vila Galé e Oásis Plaza (Figueira da Foz).
Entre as empresas tecnológicas, num concelho onde nasceram projetos de dimensão global como a Feedzai, a Critical Software e a Wit Software (nenhuma delas representada na tabela deste ano por questões de organização ou estratégia interna), volta a destacar-se a Talkdesk (que na edição anterior tinha crescido 154% e agora cresce 72%) especializada em soluções de software para call center, em crescimento internacional desde a sua data de fundação há exatamente há uma década.
Quanto a recursos humanos, entre os maiores empregadores destaca-se o aumento de funcionários dos CHUC de 7.840 para 8.160; da Aquinos de 1.461 para 1.564; do IPO, de 1.014 para 1.053, e da Talkdesk, de 449 para 727. A Lusiaves, outro grande empregador da região manteve o número de colaboradores de 1.084.
90519 90154 Número de empresas da lista “Mil maiores do distrito de Coimbra” por concelho (entre parênteses o n.º do ano passado):
1 - Coimbra: 342 ( 356 ) 2 - Figueira da Foz: 155 ( 159 ) 3 - Cantanhede: 102 ( 100 ) 4 - Oliveira do Hospital: 56 ( 57 ) 5 - Montemor-o-Velho: 46 ( 40 ) 6 - Condeixa-a-Nova: 37 ( 32 ) 7 - Lousã: 35 ( 34 ) 8 - Mira: 33 ( 33 ) 9 - Arganil: 30 ( 30 ) 10 - Penacova: 29 ( 26 ) 1 - Penela: 26 ( 23 ) 12 - Soure: 25 ( 25 ) 13 - Tábua: 25 ( 25 ) 14 - Miranda do Corvo: 24 ( 18 ) 15 - Vila Nova de Poiares: 22 ( 26 ) 16- Pampilhosa da Serra: 9 ( 9 ) 17 - Góis 5 ( 6 )
Indústria de materiaisFapricela e Verallia lideram acima dos 100 milhões
Duas fábricas com sede no concelho de Cantanhede e outras tantas no concelho da Figueira da Foz mantêm a liderança no setor da indústria de materiais, mas o maior aumento de volume de negócios foi em empresas de Coimbra, Poiares e Penela
Onível de especialização alcançado pelas indústrias da região revela forte aposta na inovação. Neste setor, a indústria de trefilaria Fapricela (com sede em Ançã, Cantanhede), e a fabricante de embalagens de vidro para bebidas e produtos alimentares Verallia (com sede na Figueira da Foz) são líderes destacadas, respetivamente, com mais de 126 milhões e de 105 milhões de euros de faturação. A primeira exporta acima dos 100 milhões de euros (82% da produção) e a segunda quase 20 milhões de euros (20%).
Ambas mantêm – em relação ao período homólogo – a sua posição relativa no ranking global das 50 maiores empresas da região (10.º e 11.º lugares). Ao mesmo tempo são empresas criadoras de muitos postos de trabalho, bem acompanhadas neste capítulo pela maior parte dos grupos industriais do setor da indústria de materiais, onde a média do número de colaboradores se aproxima dos 300.
A vocação empresarial dos concelhos de Cantanhede e Figueira da Foz – onde se localiza metade do top 10 deste setor com maior volume de negócios – tem seguimento pelo concelho de Coimbra, que alberga outras duas, seguido por Vila Nova de Poiares, Soure e Penela.
Os efeitos da pandemia na economia nacional e internacional não são alheios à quebra de faturação da maior parte das 10 empresas representadas neste rank. As exceções, ou seja, as que registam aumento do volume de negócios, são a Sramport (Pedrulha, Coimbra), filial da multinacional americana SRAM, que produz correntes de bicicleta para a Trek, Giant, Specialized e Decathlon; a Ansell, com sede em Vila Nova de Poiares, que registou um aumento da procura de equipamentos de proteção industrial (EPI), associado à evolução da pandemia da covid-19; e a Simões & Rodrigues, de Penela, especialista na fabricação de máquinas para as indústrias extrativas e para a construção.
DR
Indústria de materiais
posição nome concelho
10 FAPRICELA - INDÚSTRIA DE TREFILARIA, S.A. 11 VERALLIA PORTUGAL, S.A. 22 MAHLE - COMPONENTES DE MOTORES, S.A. 35 MICROPLÁSTICOS, S.A. 42 SRAMPORT - TRANSMISSÕES MECÂNICAS, LDA
CANTANHEDE FIGUEIRA DA FOZ CANTANHEDE FIGUEIRA DA FOZ COIMBRA 48 ANSELL PORTUGAL-IND. GLOVES, SOCIEDADE UNIPESSOAL, LDA V. NOVA DE POIARES 53 PLASFIL - PLÁSTICOS DA FIGUEIRA, S.A. FIGUEIRA DA FOZ
57 OMYA, S.A. 59 SIMÕES & RODRIGUES, S.A. 84 FUCOLI-SOMEPAL - FUNDIÇÃO DE FERRO, S.A.
SOURE PENELA COIMBRA volume de negócios empregados
126.626.852 105.435.328 46.148.007 36.680.820 28.950.859 26.871.117 23.604.223 21.825.512 21.153.954 16.658.131 367 244 564 234 156 319 249 59 107 211
Fonte : Rank elaborado pela Informa D&B
Produção alimentar Carne e peixe conquistam mais mercado
A fábrica de conservas de peixe Cofisa, da Figueira da Foz, voltou a ultrapassar a Dan Cake, de Coimbra, numa alternância que se tem registado de ano para ano. A Lusiaves lidera com grande vantagem, mas baixou da fasquia dos 200M
Atabela das 10 maiores empresas do setor alimentar do distrito de Coimbra sofreu este ano uma considerável renovação, com a entrada ou reentrada de três grupos empresariais que não figuravam na lista do ano anterior. São os casos da S&A (de Montemor-o-Velho), Frutorra (Soure) e Fresbeira (Vila Nova de Poiares).
De resto, os quatro primeiros lugares continuam ocupados pelas mesmas empresas do ano passado, registando-se todavia, a troca de posições entre a indústria conserveira de peixe Cofisa, da Figueira da Foz, com a fábrica de bolos e bolachas Dan Cake, de Eiras, Coimbra. Ambas aumentaram o volume de negócios, mas o maior crescimento da Cofisa ditou a posição final no 2.º lugar.
Embora tenha registado uma quebra de faturação de cerca de 12%, a Lusiaves continua a ter a liderança hegemónica do setor, ocupando também a 17.ª posição das 50 maiores empresas da região Centro e a liderança das empresas com sede no distrito de Leiria, embora a sua demonstração de resultados consolidados também surja no distrito de Coimbra, atendendo a que grupo industrial – que conta atualmente com 23 empresas – nasceu com o “centro de abate e transformação de aves” na Marinha das Ondas, Figueira da Foz, Coimbra.
A Lusiaves destacou-se também, ao longo do biénio 2020/21, pelo facto de ter adquirido uma posição no canal de televisão TVI, com Paulo Gaspar – administrador do grupo Lusiaves – a assumir um lugar na Triun, empresa que detém 20% do grupo Media Capital, dona do canal de televisão.
Da presente lista das maiores da indústria alimentar do distrito saíram as conservas Maçarico (Mira), os produtos congelados Gelcentro (Coimbra) e as atividades piscícolas Acuinova (Mira). Em todos os três casos houve uma queda ligeira na tabela deste ano, mas que foi suficiente para não figurarem no top 10.
Geograficamente, regista-se o peso relativo da Figueira da Foz, por ser o concelho que alberga os dois maiores grupos (Lusiaves e a Cofisa), embora Coimbra seja a zona onde estão instaladas as indústrias Dan Cake, Lugrade e Probar. As restantes cinco empresas estão distribuídas por outros tantos concelhos.
Indústria alimentar
posição nome
8 LUSIAVES - INDÚSTRIA E COMÉRCIO AGRO-ALIMENTAR, S.A. 18 COFISA - CONSERVAS DE PEIXE DA FIGUEIRA, S.A. 19 DAN CAKE (PORTUGAL), S.A. 25 FRIJOBEL - INDÚSTRIA E COMÉRCIO ALIMENTAR, S.A. 33 S & A - SOCIEDADE INDUSTRIAL DE APERITIVOS, S.A. 46 LUGRADE - BACALHAU DE COIMBRA, S.A. 54 FRUTORRA - PIMENTA, LDA 55 PROBAR - INDÚSTRIA ALIMENTAR, S.A. 56 FRESBEIRA - INDÚSTRIA DE CARNES, LDA 60 VHUMANA, S.A. concelho
FIGUEIRA DA FOZ FIGUEIRA DA FOZ COIMBRA PENELA MONTEMOR-O-VELHO COIMBRA SOURE COIMBRA V. NOVA DE POIARES CANTANHEDE volume de negócios empregados
198.133.702 54.404.639 53.250.606 44.037.103 37.789.214 28.182.039 23.569.101 23.686.153 21.878.829 21.111.413 1.084 245 463 201 242 133 85 253 72 9
Fonte : Rank elaborado pela Informa D&B
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