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“O manteau vermelho”
from Edição 693
MARIA DE LOURDES CAMILO SOUZA
Anos atrás quando empreendi minha primeira aventurosa viagem á Europa, resolvi ir no mês de novembro, na esperança de ver cair os primeiros flocos de neve.
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Sai de São Paulo, com direito ao bota fora da família.
Partia só rumo a terras espanholas onde encontraria um grupo de desconhecidos para visitar 5 países em 25 dias.
Na terra da garoa estava calor, mas o voo decolaria minutos antes da meia noite.
Eu não dispunha na época de uma mala grande e nem de um manteau elegante e apropriado para o frio europeu da época. Foi aí que a família e as amigas nos emprestaram os itens em falta.
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Resolvi aceitar por motivos de praticidade, a mala enorme da Dona Elisena, com rodinhas para caber roupas de inverno que como sabem ocupam muito espaço.
Quanto ao manteau, me predispunha a levar um velho casaco preto de lã, mas era curto e não iria atender ao frio aguardado.
Foi então que alguém da família me ofereceu aquele lindo manteau de corte elegante.
Era de lã vermelha e tinha um corte enviesado com botões combinando e uma gola protetora.
Ao sair de viagem, levei o manteau num cabide com uma capa protetora para usar logo ao chegar em Madri, onde a temperatura prometia ser menos de 10 °C.
Ao subir no avião e me instalar num dos primeiros bancos, uma linda e gentil aeromoça me ofereceu guardar o manteau em lugar protegido, não sem antes dar-lhe uma boa olhada curiosa e encantada diante do modelito.
Elogiou muito e o guardou para mim.
Usei muito em várias ocasiões, especialmente no dia do meu aniversário em Zurique, sobre o conjunto de lã e as botas forradas compradas em Paris, presente que me dei quando por lá passei.
Quanto aos flocos de neve tão aguardados naquele dia, ficaram só na esperança.