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A NOSSA LÍNGUA MATERNA

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Diário da Cuesta

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Dante Alighieri & Luiz de Camões

O ITALIANO originou-se do LATIM VULGAR pela criatividade de um grande POETA : DANTE ALIGHIERI .

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O PORTUGUÊS também originou-se do LATIM VULGAR pela criatividade de outro grande POETA: LUÍS VAZ DE CAMÕES.

PÁGINA 3

Elda Moscogliato

Pertencemos a uma geração que ouviu no berço os últimos extertores longínquos oriundos das trincheiras da Primeira Grande Guerra invadidas pelos gases letais dos obuses; que em plena mocidade conheceu o sotur no e distante impacto do “cogumelo radiativo” da Segunda Guerra Mundial e que agora, na maturidade, lê os avanços científicos do gens artificial e teme, como todo mundo, a insegurança do Universo preso ao leve retinir dos telefones vermelhos frágeis anteparos de mísseis mortíferos que se entrecruzarão em segundos ao primeiro sinal de violação de tratados diplomáticos.

Malgrado esse balanço apocalíptico, trazemos em nós uma formação caracteristicamente latina herdada no lar, de nossos ancestrais e na escola, pelos métodos de ensino vigorantes de autoria de sábios pedagogos europeus. Exaltar a latinidade atávica não é evidenciar conservadorismo ferrenho.

Decantar a cultura européia não é apostasiar a tecnocracia avançada dos nossos dias que triturou e deglutiu eletronicamente o sentimentalismo e nos dita hoje frias normas esquematizadas de viver em bases exclusivamente cientificas de relações humanas. Tudo o que nos foi inculcado plasmou-se-nos na alma e no espírito como visão profundamente humana do verdadeiramente ideal circundado de nobreza de sentimentos, de beleza e de perfeição. Por isso somos bastante sensíveis aos grandes acontecimentos que por vezes, de inopino, abalam o noticiário internacional.

De nossos avós recebemos atavicamente o gosto pela leitura. Nos bancos da querida Escola Normal navegamos com Camões na análise dos “mares nunca dantes navegados”. A nossa juventude iluminou-se com os livros, entre outros, de Camilo, Diniz e

Expediente

Eça. Suas páginas povoaram nosso espírito de imagens deliciosas. De Cervantes, antes do Dom Quixote já conhecíamos as novelas enfaixadas em “Cornélia”. Nosso avô paterno nas horas que lhe restavam do cultivo da horta e nos intervalos e nos intervalos que lhe dava a sovela, lia Dante Alighieri na interpretação da “Divina Comédia” feita por Eugenio Camerini. Por isso, antes dos dez anos sabíamos de cor o “Nel mezzo del camin di nostra vita” ... e folheávamos à sorrelfa, os nus das ilustrações de Doré. Do avô materno recebemos e aprendemos a admirar Papini, através de sua “História de Cristo”.

E porque a Europa milenária foi sempre a depositária do saber humano, conhecemos antes de Warther, o Egmont de Goethe. E quando recebemos num aniversário, toda a obra Shakespereana, de há muito lêramos as tragédias e as comédias do poeta de Strafford – on – Avon. Mas o espírito francês, esse inculcou-se-nos não só pelos seus autores mas pelo muito que ele influiu em nossos escritores nacionais. Exaltá-mo-nos com os heróis de capa-e-espada de Dumas pai e choramos com Dumas Filho na “Dama das Camélias”. De Victor Hugo a Fleubert,de Balsac a Merimée, gerações se plasmaram no culto ao Belo, na exaltação do Dever, no devotamento às causas nobres no inteiro sacrifício à Pátria.

Todo esse acervo literário que plasmou nos espíritos a imagem do paladino, do herói lendário, e que aos poucos se vai diluindo na voragem impressionante da cibernética e da automação – esse mesmo acervo cultural que tanto influenciou as outras artes, ele mesmo – sofreu, através do noticiário telegráfico do último dia dez, o seu maior e último golpe.

Dias depois, quando mercê de um testamento extraordinário a laje modesta fechou-se para sempre, no cemitério humilde de Colombey-les-deux-Églises, o mundo inteiro perdia o último Rolando redivivo. Com ele morria a latinidade.

DIRETOR: Armando Moraes Delmanto

EDITORAÇÃO E DIAGRAMAÇÃO: Gráfica Diagrama/ Edil Gomes

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Tels: 14.99745.6604 - 14. 991929689

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