Diário da Manhã
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GOIÂNIA, SEGUNDA-FEIRA, 17 DE SETEMBRO DE 2018
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EDITORA: MEYRITHANIA MICHELLY
AS MORADAS DO SONHO Batista Custódio
ILUSTRAÇÃO / MONTAGEM / ARTHUR DA PAZ
Editor-geral do
A
inteligência superdotada e carecida de conhecimento é como a precisão da arma de fogo desregulada na mira. Detona tiros. Não acerta nos alvos. E lenca. A erudição fraca é como a munição falha. As balas desalinham no rumo das pontarias e as ideias vagam no vazio dos vácuos. Mas há o desfecho mais danoso. A arma mal manejada fere ou mata aquele que a manobra, ou quem estiver próximo, como a ideia mal concebida liquida o mentor nos malefícios extensivos a seus seguidores. A leitura precária dos clássicos da ciência política, econômica e da humana, sinaliza a vulnerabilidade intelectual, diagnostifica a desfirmeza na eticidade e indicia chefes de governo em Goiás como consignatários induzidos pelas más companhias ao perdularismo. O povo goiano experimentou ascensões e quedas de governadores no sumidouro adulativo e amaciante de personalidades temperamentais no envaidecimento prejudicial a todos eles na intimidade do poder com amigos vacilantes no caráter, parentes estorvadores na arrogância, assessores inventivos de meritocracia nas mesmices burocráticas dos escalões e, cada qual, mais intromissivo e inoportuno em prioridades no que não lhes confere o dom do doutorado da competência eficiente e criativa. Afamam no palco de outros e locam-se de autoglorificações catinguentas de penhorados invistos em sua convivência atual, enfadonha e dizente nos atos de quem foram e, se não é mais, não era real a sua importância. Os noviços no poder oficial embebem-se do assédio pegajoso deles. Eis a questão: são vítimas da curteza mental. O Palácio das Esmeraldas manchou o José Eliton na vaidade. Fê-lo outro no governador provisório. O Zé se noviciou em dois implantes de cabelo na invasão da careca na testa. Não precisava. Ele já estava tão topetudo no governo. Se a ciência descoberta por Hipócrates houvesse chegado à plenitude da bioquímica cerebral, ser-lhe-ia providencial o implante de ideias. José Eliton veio eleitor de Posse. Foi na lealdade de Ronaldo Caiado para a vice de Marconi Perillo, escorregou na traição ao Ronaldo, e a vida ensinará ao Marconi que aonde a fidelidade derrapa é onde a integridade não se firma. O Marconi ouvirá na voz do tempo o desencanto do Ronaldo no seu dia de Zé no ex-governador do seu vice. Faltou grandeza humana no amigo de Posse ao não intermediar a concórdia na desavença entre os amigos de Palmeiras e de Anápolis. Na Casa Verde há contágio das malquerenças. O ex-governador Marconi Perillo e o seu vice se estremeceram no governador Alcides Rodrigues, aos repasses de tranças conflituosas do ex-secretário da fazenda, Jorcelino Braga, nomeado por insistência de Marconi ao Alcides. Um questionamento intrigante na inteligência dos líderes condutores dos povos é que eles não leem sequer para satisfazer a curiosidade da ignorância, quanto aos embustes encobertos nos mitos da política, nos ícones da economia e nos dogmas das religiões. Satisfazem-se com as alegorias desmanchantes no lendário. Eles só conhecem o lado de fora na História, à mostra no espetaculoso do bélico nas guerras, e não se atentam para o fato veraz, à tona nos museus e à prova nos olhos dos turistas que visi-
tam as ruínas dos maiores Impérios dos tempos pretéritos da Humanidade. Todos eles, o Babilônico, o Macedônico, o Egípcio, o Grego e o Romano, já estavam abalados pelos sussurros das fofocas entre as facções de futriqueiros nas cortes dos tronos, anos antes, das quedas dos reinos nos confrontos das batalhas épicas. Até hoje é assim nas nações. Está igual no Brasil. Em Goiás piorou. Na relva moral de políticos e de jornalistas, há línguas que parecem ter cobras dentro delas, destilam veneno ampolado nos frascos das conversas cochichadas nos palácios do Poder. O habitat natural dessas víboras, que vivem em gentes, é o ambiente dos gabinetes do presidente da República e do vice-presidente, dos governadores dos Estados e dos vice-governadores. São os chamados ninhos de cobras, criadas nos serpentários dos comitês eleitorais. Soam intrigas nos chocalhos. Sibilam futricas. Arrastam-se vagarosas nos tapetes. Enrodilham atrás das portas. Levantam a cabeça, distraídas. Espionam os gestos. Bisbilhotam as vozes. Ficam por ali, lá e cá. Ou se movem aos requebros. Súbito, algo as incomoda. É o alvoroço dos passos. Vozes ensurdecem o Palácio das Esmeraldas e ecoam no Palácio Pedro Ludovico. A Praça Cívica se espreme de gente. É a posse do governador, o vice grudado atrás, o séquito dos caça-cargos aos amontados. As ninhadas de viperíneas, ouriças, congestionam os remanejos nas covilhas do fofoquismo, alarmadas. Dão botes de mexericos umas nas outras. Nas escamas espalhavam fuxicos cáusticos. As línguas, fininhas, bifurcam nas pontas arrelias ferinas para um lado, adulações safadas para outro e se fazem de mansinhas nas espreitas. O governador e o vice estão na redoma dos puxa-sacos. O poder é a adegados bebedores de tapeação nas taças da traição, nas goladas de ingratidão, com tira-gosto nas bandejas da delação. O serpenteado do intriguismo cruza envenenamentos no vespeiro do governador e no vespado do vice. Os mais vi-
borizados ficam no círculo do Marconi e enxotam os menos peçonhados para a roda do vice nos burburinhos da fofocagem no solenismo da posse, que é o momento em que todos, na multidão palaciana estão, cada um, pensando apenas em si, porque, ali, todo mundo é sozinho nas picadas de sua vantagem em meio às furupas do serpenteado dos interesses peçonhentos. Dali em diante, as cobrinhas-futricas e as cobronas-intrigas desfilam na passarela do corre-corre no leva-e-traz de suas doses, covistas, ferroantes, e interpassadas ao Coninho, de Palmeiras, e ao Zé, da Terra Ronca. É o cobreiro à sombra nas cobras. Cobra-caninana. Corre empezinha na ponta do rabo e bate com ele ao alcançar as pessoas que zomba delas. Não tem veneno, mas solta um bafo que mancha. Cobra-cega é do tamanho de minhoca grande, pele lisa e com sulcos formando anéis e com olhos reduzidos no corpo. Veem o que se passa até debaixo do chão, onde políticos escondem barras de ouro do Tesouro dos Erários. Cobra-cipó se mantém no alto, como nos cargos dos escalões. Cobra-verde, pouco percebida na vegetação da Amazônia e não seriam notadas nas paredes do Palácio das Esmeraldas, onde espécimes semelhantes a ela transitam aparentemente imperceptíveis. Cobra-preta só é vista à luz e nunca nos escuros, onde há muita coisa escura nos governos. Cobra-de-asa, onde elas pousam, fincam o ferrão na árvore, e há árvores genealógicas, quase matas, nos cargos do Estado. Cobra-de-duas-cabeças, ela é duplamente enganosa, morde com uma boca e sorri com a outra, pelo menos é o que se sabe delas na paisagem governamental. Cobra-coral-falsa é a etnia mais vicejada no marconismo e no irismo, à moita, nos ajardinados cheios de espinhos nos canteiros da política em Goiás. São as pessoas alcunhadas pela sabedoria popular de cobras criadas. Elas proliferam nativas nos governos. Umas alojadas junto ao governador. Outras à banda do vice-governador. Estafetam intrigas
nos dois redutos. Quando o governador renuncia e o vice é empossado governador, a cobrada troca de importância. As da escala superior vão para a ala inferior e, as do solar, vão para a sola. O tece-tece das malhas da fuxicaria e o vaivém das intrigueiras criam rupturas dos ressentimentos, irremendáveis na convivência dos ex-governadores com os ex-vices. Tem sido assim em Goiás. É assim nos 26 Estados. Foi assim no atemporal dos Palácios do Catete e é assim no permanente do Planalto. O panorama vigente no cenário político indica que continuará assim entre os céus e as terras de Palmeiras e de Posse. O governador José Eliton está em coma na candidatura da reeleição, à espera de receber transplante de votos do marconismo, aos resmungos, caído na rinha do Ronaldo Caiado cruzando os horizontes para o primeiro turno. O ex-governador Marconi Perillo aterrissou do 4º mandato e decola no voo para o Senado, medindo espaço com o Kajuru, com o Zé, sucessor, pesando em suas asas no ar tempestuoso das mudanças cíclicas. O José Eliton já plana ao embalo dos ventos e não lhe será surpresa o clima do fim no Palácio das Esmeraldas, pois respira-o desde o início do seu governo. O Marconi Perillo tem fôlego no pulmão de suas lutas para respirar ainda outras vitórias. Se o José Eliton viesse a ser reeleito, Marconi teria que fazer um pouso de emergência, por falta de combustível, bem longe do Palácio das Esmeraldas. Mas, com o Ronaldo Caiado na Casa Vede, só o futuro sabe o que está escrito no destino de Marconi. O visível é a gaiola dos marqueteiros que voejam nos terreiros palacianistas militantes do tolismo mental, quase jumentados no cérebro encabrestado aos troncos do antanho, abobados no pensamento e pastadores de ideias jogadas fora por outros; e estão, na jagunçada desses escribas, os coices que o José Eliton e o Marconi Perillo levarem dos eleitores goianos no tribunal das urnas eleitorais em 7 de outubro de 2018. Esses respingos de gente são a irmandade do mal em caravanas de cáfilas atocaiadas no roteiro fugitivo dos remorsos perseguindo-lhes na consciência. Tem um deles que faz inveja ao Judas. A sua coragem tem a resistência de uma palha. Mas tem vaidade de moça. Na espécie das víboras é a cobra-chata, que se move achatada nos perigos e tem os dentes maiores que os das demais serpentes. Morde à distância. Fez isso muitas vezes comigo. Acabou de dar-me uma mordida. Não teve outra opção. Escondeu-se numa ex-saia. E sibilou no vespeiro intermediador de peçonhas às sombras do Marconi Perillo e do José Eliton, mas guizalhou que essa destilada venenosa viera do Euler Belém. O Euler esteve comigo no velório do Jávier Godinho. Censurou a qualidade do texto. Ele não se esconde nos botes. Nem entoa-se nos chocalhos. Euler é de frente na nossa amizade. Euler não escreveria contra mim. A caneta dele vomitaria antes a tinta. É coisa da cobra-chata. Falou em “dinossauros e camaleões”. No seu caso, o único ser pré-histórico que o define é a barata. Você sim, esteve camaleão no Iris, no Irapuan, no Nion e, inclusive, no primeiro mandato de Marconi. Mas esse vira-casaca é um feto da vida. Saia do encosto do Marconi e do Eliton. Venha para o aberto na polêmica. Vou mostrá-lo o Judas que é dentro de si.
BATISTA CUSTÓDIO