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GOIÂNIA, SEGUNDA-FEIRA, 29 DE MAIO DE 2017
Carta
Diário da Manhã
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do espírito da mãe de
Demóstenes Torres
“VÁ E LUTE POR UM PAÍS MELHOR” Esta é a segunda mensagem psicografada que a mãe do ex-senador Demóstenes Torres envia ao filho após as turbulências que levaram à perda de seu mandato. No dia 25 de outubro de 2016, o Supremo Tribunal Federal anulou todas as provas do processo contra o jurista e político goiano. Na psicografia, mãe estimula o filho a lutar pelo Brasil e diz que Demóstenes conseguirá “o que tanto espera”: sua reconstrução pública CRISTOVÃO MATOS
Meu amado filho. Demorou, mas nos reencontramos mesmo que seja pela escrita. Eu e seu pai temos tanto a dizer, mas o tempo é curto. Temos conhecimento por tudo que tem passado e já passou. Mas o que posso dizer é que apesar de tudo lhe amamos profundamente. Não vimos lhe questionar, pois se aqui está é porque quer respostas e reencontrar-se consigo mesmo. Ouça com carinho seu coração, existem muitas pessoas que confiam em ti. Aproveite. Coloque tudo em pratos limpos e liberte o pequeno grande homem que você é e que eu amo. A vida passa tão rápido que, quando percebemos, o que era mais importante já deixamos pelas estradas da vida. Vida essa que é sua, pois quem lhe deu foi Deus e quem irá lhe tirar é Deus. Ninguém poderá calar a verdade, ninguém lhe tirará sua dignidade e honra, desde que mostre seu lado humano e sensível de amor ao próximo. Somos todos viajantes da mesma jornada aonde o final poderá ser amoroso ou doloroso. Não tema, meu adorado Demóstenes. Você sempre será um guerreiro, sempre será um Torres.
Arthur da Paz Especial para Diário da Manhã
O
“menino” Demóstenes Lázaro Xavier Torres soma hoje 56 anos de cicatrizes nas costas e no peito. Nas costas, pelas facadas de amigos, e no peito, no enfrentamento às
adversidades. Quando as ladeiras do ostracismo acenaram para o político goiano, ele aprendeu a dura lição da solidão, após anos de paparicagem na órbita da estrela que chegou ao posto de mais promissora figura a constelar na República brasileira. Em todas as cotações políticas, pedestava o ex-senador, mas as mãos invisíveis de muitas traições lhe empurraram do cume e a estrela, implodida pela pressão externa de gases
Mensagem psicografada na noite de 25/05/2017, no Centro Espírita Irmã Dulce, pela médium Rosana
Lute com toda fé, amor e paciência e verá suas dúvidas, incertezas e medos sumirem como uma folha seca ao vento. Na vida, temos altos e baixos. Devemos aprender a domar os dois lados com humildade, fé e perseverança. Acalme teu coração, o que tanto espera está para acontecer. Tenha fé e paciência. Tudo na hora de Deus. Vá e lute por um mundo melhor, por um País melhor, lute por ti e pelos nossos irmãos que estão abandonados nesta terra tão imponente chamada Brasil. Fique em paz, meu menino, grande homem
Demóstenes Torres
Luzia Xavier Torres.” tóxicos, ofuscou-se nos choques meteóricos da vida pública. No Cosmos astrofísico, uma estrela morre para ressucitar-se n’outra de maior brilho após sua explosão como supernova. Este, um dos fenômenos mais iluminados do Universo, não acontece sem antes causar um estilhaço astronômico dos materiais que antes macularam a própria estrela, agora, renascida e purificada. É a larva, anterior à borboleta, que precisa livrar-se da casca no impulso de suas asas para sair dos rastejos e avançar para os voos da graça e da liberdade a borboletear sonhos de fecundidade e renovação. Esta metamorfose é vivida, hoje, na figura do político Demóstenes Torres, que consegue, a passos pesados, restaurar força e honra na mesma Justiça que lhe imputou dor e afastamento, mas, ainda sim, Justiça. O penúltimo dos dez irmãos de Anicuns, filhos da dona de casa Luzia Xavier Torres e do pai, o comerciante Avelomar Torres, viveu desde moleque em Goiânia, que fica a 85 quilômetros de sua cidade natal. Na Capital, avançou para os domínios de sua vocação no curso de Direito na Pontifícia Universidade Católica de Goiás. Foi para a rede pública e por meio de concurso tornou-se professor, revisou jornais, advogou e chegou a promotor antes de sagrar-se procurador-geral de Justiça de Goiás por dois mandatos, 1995 e 1998. Após
aí, ao entrar no mundo político, precisou tecer parcerias. No Brasil, este é o jeito. E Alfredo Nasser avisou Batista Custódio, por intermédio do espírito Bezerra de Menezes, na mediunidade de Chico Xavier: não entre na política. Se esta constatação do Alfredo, que morreu arrebatado por seu coração após traição política, tivesse sido direcionada a Demóstenes Torres, talvez o jurista tivesse cautela extra ao entrar no lamaçal que alaga a política brasileira há muitos anos, desde antes da ditadura. Mas alguém tem que limpar a casa, independente de quem a bagunçou e Demóstenes encarnou, demais, este personagem. Amargou o preço da boa intenção.
QUANDO A DOR CHEGOU Os espíritos vieram em socorro do ex-senador. Temiam que desistisse após a fatalidade que desvastou sua vida política. Vários médiuns enviaram comunicado, diretamente e ou por meio de amigos, solicitando força e clamando que ele falasse somente a verdade em todas as oportunidades que recebesse. Admirou-se ao perceber que estava amparado por mãos invisíveis, e sua mãe enviou a primeira psicografia pelo lápis da médium Mary Alves, nas Obras Sociais Mãos Unidas. Dona Luzia oferecera o consolo inicial ao “menino” ferido, pedindo que soerguesse a cabeça, pois que tudo daria certo. Meses depois, o Supremo Tribunal Federal (STF) anulava todas as provas que vertiam sobre
os ombros do senador cassado e o mundo político brasileiro assustou-se. As manchetes, de poucos jornais, estamparam em 2016: A Volta de Demóstenes. Neste caminho de regresso, uma nova mensagem chegou, também de sua mãe. E ao ler a psicografia, assim que recebeu a carta em mãos, Demóstenes admite: “é a minha mãe, até os traços e detalhes de caligrafia. Desde o formato do D até o ponto final que ela colocava após assinar seu nome. É o estilo da minha mãe”, disse ao Diário da Manhã. A mensagem foi psicografada, desta vez, por outra médium, a Rosana, que é voluntária no Centro Espírita Irmã Dulce, no Setor Faiçalville, em Goiânia, e tem recebido por seu intermédio centenas de mensagens medianímicas que, igualmente, amparam e orientam outros filhos, pais e irmãos que foram aos extremos de muitas dores na vida. Inclusive, o Batista Custódio, editor-geral deste Diário, recebe frequentemente as psicografias por lá. Mas a ignorância caçoa de qualquer luz. E é normal que novas práticas sejam afrontadas pela treva dos que regozam no conforto de seus limites pessoais. A recomendação é: instruí-vos, não julgueis. Na psicografia endereçada a Demóstenes, a mulher simples do interior, dona Luzia Torres, resplandece em amor materno e cívico e estimula o filho a permanecer lutando ao falar que ele ainda tem tarefa a cumprir com o povo sofrido do nosso País. “Ouça com carinho seu coração,existem muitas pessoas
que confiam em ti.Aproveite.Coloque tudo em pratos limpos e liberte o pequeno grande homem que você é e que eu amo”. Ao longo da carta, várias orientações são dadas ao filho Demóstenes, onde ela conclui ao clamar o esforço do filho: “Vá e lute por um mundo melhor, por um País melhor,lute por ti e pelos nossos irmãos que estão abandonados nesta terra tão imponente chamada Brasil”, escreveu Luzia. Entretanto, antes de chegar ao seu objetivo na missiva, a mãe alertou o filho que todas as conquistas verdadeiras só são possíveis ante algumas condições essênciais à luz de Deus, onde a primeira foi que o amor seja a bússola a orientar os atos de Demóstenes: “Ninguém poderá calar a verdade,ninguém lhe tirará sua dignidade e honra,desde que mostre seu lado humano e sensível de amor ao próximo”. A segunda condição repete o amor da primeira e acrescenta outros elementos, ainda essenciais, como a fé e a resignação: “Lute com toda fé, amor e paciência e verá suas dúvidas, incertezas e medos sumirem como uma folha seca ao vento”. A sabedoria da mãe Luzia Xavier Torres, agora observando a Eternidade sob o olhar do espírito livre da matéria densa, abraça Demóstenes Torres, explica as condições para o filho voltar a sorrir ao lado do povo e fornece um último estímulo de coragem à luta do ex-senador: “Não tema, meu adorado Demóstenes. Você sempre será um guerreiro, sempre será um Torres”.