Diário da Manhã
PSICOGRAFIA — ESPECIAL
ALFREDO NASSER
A LÂMINA NO FIO DA ESPADA
GOIÂNIA, SEGUNDA-FEIRA, 3 DE AGOSTO DE 2015
Espírito de Alfredo Nasser envia nova carta psicografada e dá a ordem final ao jornalista Batista Custódio para que lance luz a verdades ocultas e divulgue texto que revelará informações graves da torpe conjuntura política atual
Na missiva, Alfredo Nasser menciona a espada mitológica que fica suspensa na cabeça daqueles com grande poder
Emídio Brasileiro Especial para Diário da Manhã ssa mensagem psicografada por meio da mediunidade da senhora Mary Alves e endereçada ao benfeitor amigo, o jornalista Batista Custódio, é consoladora porquanto fortalece o espírito e dá testemunho de que não estamos sozinhos. Uma mensagem do benfeitor Alfredo Nasser (1907-1965), bom exemplo de homem público, que aos 23 anos já era deputado estadual, foi deputado federal, senador da república e ministro da Justiça. Por onde passou, deixou as marcas de muitas virtudes. A linha tênue entre o mundo corpóreo e o mundo extracorpóreo desaparece durante o sono, quando nos encontramos com os nossos afetos e desafetos encarnados e desencarnados e quando a mediunidade se transforma em Correio eficaz entre dois mundos, nos quais habitamos. A doutrina Espírita, por meio da codificação kardequiana, especialmente na obra O Livro dos Médiuns, elucida a respeito da natureza fenomênica da mediunidade em todos os seus matizes. Ninguém faz coisa alguma, ainda que às ocultas, sem o testemunho de muitos olhos invisíveis, aplaudindo ou reprovando as condutas discretas e silenciosas. Somos todos vigiados, atentamente. Uma plateia espiritual nos aceira durante todas as horas do dia e da noite. Não poderia ser diferente com o jornalista Batista Custódio. A morte de alguns dos seus entes amados não causou a ruptura dos afetos e dos cuidados que existem e são cultivados com reciprocidade. As mensagens consoladoras do seu filho Fábio Nasser e do seu amigo Alfredo Nasser, surgem para confortar a família e especialmente esse homem missionário, que, não raras vezes, vivencia o seu getsêmani espiritual, onde a sua sudorese de sangue costuma recepcionar os cursos de suas lágrimas. O escritor Alfredo Nasser começa a sua missiva ao seu amigo dileto, rogando a Deus que o fortaleça e fazendo uma análise a respeito da sua intimidade psicológica: “Você pede a misericórdia de Deus, mas o seu coração está vibrando na espada de Dâmocles”. O que se pode pensar a esse respeito? Inicialmente, vejamos o que diz a mitologia grega: Dâmocles era um membro da corte de Dionísio, rei de Siracusa. Dâmocles costumeiramente falava que Dionísio era um verdadeiro exemplo de um homem feliz. Ao saber disso, Dionísio fez uma proposta ao seu cortesão para que ele tomasse o seu lugar. Por um dia Dâmocles seria servido como um rei, tendo à sua disposição toda riqueza que desejasse, sendo atendido pelas mulheres de extraordinária beleza, que o servia com a mais requintada alimentação. No entanto, Dionísio ordenou que uma espada fosse pendurada sobre a cabeça de Dâmocles, presa apenas por um fio de rabo de cavalo. Diante dessa condição constrangedora, Dâmocles desistiu de ser afortunado tal qual o seu rei, abdicando do posto, perdendo total interesse pela comida e pelas belas mulheres. A partir desse conto, a espada de Dâmocles passou a representar a insegurança dos poderosos e também o sentimento de tragédia iminente. O benfeitor Alfredo Nasser usa de uma metáfora para analisar as hesitações e os sentimentos mais profundos do seu amigo Batista Custódio. Nesse sentido, vê-se que o grande missionário da imprensa goiana e brasileira transita entre os “Bem-aventurados os misericordiosos” e os “Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça”. Um sentimento de quem conhece o poder da Justiça divina e o que essa Justiça pode fazer aos seus transgressores, mas, ainda assim, clama por misericórdia. Além disso, sabemos que “é necessário que venha o escândalo, mas ai daquele que o provoque” porquanto a implacabilidade da Lei natural de Justiça é infinitamente maior do que qualquer maldade humana, porque ela educa, com veemência, o infrator contumaz, mas no seu devido tempo. O benfeitor espiritual ainda conforta o seu
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amigo e irmão, semelhante ao bom samaritano que encontra uma vítima cruelmente agredida à beira do caminho e a conforta, tratando das feridas e ofertando o pleno cuidado que ela merece. Também, como se lavasse com lágrimas e enxugasse com os cabelos os pés ensanguentados do amigo, assinala: “Realmente, as provas têm sido duras e sofríveis”. Ninguém poderá dimensionar o tamanho da dor de um coração sofrido do que um espírito amigo desencarnado que sonda esse coração com amor e devotamento. Alfredo Nasser também sabe reconhecer os limites de uma vida em planetas de provas e de expiações ao afirmar: “Todos nós temos um limite. É humano e certo”. Afinal, até Jesus experimentou o extremo cansaço junto ao poço de Jacó e necessitou de ajuda, solicitando água a certa mulher da Samaria. O Mestre também sentiu sede do alto da cruz, mas recebeu vinagre como resposta. Ele ainda necessitou de um cirineu para carregar a sua cruz até o gólgota depois de sucessivas quedas. Sentiu alegrias, mas derramou lágrimas diante da indiferença dos religiosos de Jerusalém. Sentiu a agonia no Getsêmani, mas viu os seus discípulos dormirem, abandonando-o na dor e na sua solidão. No clímax de sua missiva, o ilustre ex-político brasileiro, agora embaixador de Jesus, consola o grande amigo, de forma singular: “Não se culpe e nem tampouco se cobre tanto”. Desse modo, o mentor espiritual age como um autêntico e sábio psicólogo, que sabe reconhecer o esforço de quem tem a consciência de sua missão e que busca cumpri-la a todo custo. No entanto, esse missionário da cultura deve reconhecer o ambiente inóspito no qual se encontra. Afinal, manter um jornal diário, com a qualidade do Diário da Manhã, sem a perseverança e a ajuda dos amigos é impossível. A perseverança nunca faltou ao Mestre das Letras, mas os amigos perseverantes são sempre poucos, o que torna o ambiente, às vezes, insuportável, e a cruz do dever pesada demais para carregá-la sozinho. Em seu soneto divino, o Dr. Nasser prossegue, sempre no sentido de consolar e de estimular o valente Guerreiro da Luz: “Tentar, aos olhos de Deus, é vitória”. Até o Cristo valorizou o poder da tentativa e da persistência e exemplificou por meio da sua Parábola do Juiz Iníquo, quando o juiz, para se livrar da mulher insistente, que batia à sua porta altas horas da noite para buscar a solução de uma contenda do seu interesse. Também o Mestre considerou que até a virtude do perdão para ser conquistada depende de setenta vezes sete testemunhos de perdão, resultado de muitas tentativas. Mas “aquele que perseverar até o fim, será salvo”. Mais adiante, o fiel Amigo de todas as horas, ao considerar a necessidade do cuidado com a saúde para o
A MENSAGEM “Meu irmão, que Deus o fortaleça! Você pede a misericórdia de Deus, mas o seu coração está vibrando na espada de Dâmocles. Compreendemos as hesitações! Realmente, as provas têm sido duras e sofríveis. E todos nós temos um limite. É humano e certo. Não se culpe e nem tampouco se cobre tanto. Tentar, aos olhos de Deus, é vitória. Preserve o seu dom mais precioso: sua saúde. Estamos juntos. Fábio endossa essas palavras. Artigos escritos não precisam de nossa aprovação, e sim de sua coragem. Que Deus, o soberanamente bom e justo, derrame Sua glória sobre todo o seu ser, inundando-o de luz celestial. Com todo meu respeito e amizade, Alfredo Nasser” valoroso missionário, aconselha: “Preserve o seu dom mais precioso: sua saúde”. Conselho que serve para todos nós, envolvidos com os movimentos do dia-a-dia. A melhor forma de preservarmos a saúde é evitar aborrecimentos, é transcender às inquietações do mundo e pairar sobre todas as preocupações porquanto nenhum trabalho é totalmente nosso, somos apenas os trabalhadores de Deus. Para demonstrar que nunca estamos sozinhos em nossas missões, o nobre Alfredo Nasser conforta: “Estamos juntos. Fábio endossa essas palavras”, o que demonstra que a mensagem também representa a opinião do filho tão amado Fábio Nasser e, certamente, de outros amigos e afetos espirituais. É o consolo maior da vida, tão bem explicado por meio do Espiritismo. O que fez Jesus responder, quando alguém censurou a euforia dos seus discípulos durante a sua entrada triunfal em Jerusalém: “Digo-vos que, se estes se calarem, as próprias pedras falarão”. (Lucas, 19:40). Foi o que ocorreu com os fenômenos das mesas girantes na França e em outros países. As pedras e outros seres inorgânicos “falaram”, representando as muitas vozes dos espíritos imortais que venceram a mortalidade dos túmulos, dos corpos e da incredulidade humana quanto à existência da vida após o desenlace carnal. Ao final da missiva, o Amigo Imortal, humilde, assevera: “Artigos escritos não precisam de nossa aprovação, e sim de sua coragem”. Isso demonstra que aos oitenta e três anos de idade um homem não deve temer em externar a respeito das verdades que sente ou que pensa. Afinal, somente com a idade de 80 anos Moisés foi capaz de enfrentar o Faraó e de libertar os hebreus da escravidão no Egito. O Grande Legisla-
dor necessitou de constituir família, de residir muitos anos no deserto e de amadurecer para compreender que todos nós passamos, mas as verdades e as determinações de Deus nunca envelhecem. A maior manifestação de coragem que um homem depois dos oitenta anos pode exemplificar é a de lutar pela paz. Sendo Pedro o mais velho do grupo apostolar, o divino Messias confiou a ele a mais difícil das missões: a de apascentar, ou seja, a de manter unido o grupo de apóstolos. É necessário ter muita coragem para apascentar as ovelhas, conforme as solicitações de Jesus ao apóstolo Pedro: “Simão, filho de João, tu me amas mais do que estes?” Respondeu-lhe ele: “Sim, Senhor, tu sabes que te amo”. Jesus lhe disse: “Apascenta as minhas ovelhas”. Perguntou-lhe segunda vez: “Simão, filho de João, tu me amas?” Disse ele: “Sim, Senhor, tu sabes que te amo”. Perguntou-lhe terceira vez: “Simão, filho de João, tu me amas?” Entristeceu-se Pedro porque pela terceira vez lhe pergunta “Tu me amas?” e respondeu-lhe: “Senhor, tu sabes tudo; tu sabes que te amo”. Disse-lhe Jesus: “Apascenta as minhas ovelhas”. (João, 21:15-17)
A grande e difícil missão dos que atingiram o cume do Everest da Vida aos oitenta anos de idade é a de apascentar. Moisés somente libertou o seu povo depois que conseguiu pacificá-lo. No entanto, é quando essa paz se consolida é que vem o tremor causado pela Lei Natural de Justiça que balança as estruturas da iniquidade e, naturalmente, o fio do rabo de cavalo, ligado ao teto e que sustenta a espada de Dâmocles sobre as cabeças dos iníquos, se rompe porque chegou a hora da separação do joio e do trigo. Conforme Allan Kardec assinala: “Quando um mal existe, ele não se cura sem crise”. Valoroso Benfeitor e Mestre Batista Custódio, unidos ao venerando Alfredo Nasser, nós, o povo goiano eternamente agradecido, o saudamos: “Que Deus, o soberanamente bom e justo, derrame Sua glória sobre todo o seu ser, inundando-o de luz celestial”. (Emídio Silva Falcão Brasileiro, escritor, advogado, professor universitário, orador, conferencista brasileiro, membro da Academia Goianiense de Letras, Academia Aparecidense de Letras e Academia Espírita de Letras do Estado de Goiás)
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