Luiz Augusto Sampaio - "Forças do alto permanecem ao seu lado" - Psicografia

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Diário da Manhã

ESPECIAL

GOIÂNIA, SEXTA-FEIRA, 29 DE MAIO DE 2015

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FÁBIO NASSER

“FORÇAS DO ALTO PERMANECEM AO SEU LADO”

Momentos de decisões hiperdifíceis arrombam as portas da paz do jornalista Batista Custódio e Fábio Nasser, seu filho falecido, vem em seu socorro

 A MENSAGEM Luiz Augusto Paranhos Sampaio Membro da Academia Goiana de Letras e do Instituto Histórico e Geográfico do Estado de Goiás

Especial para Diário da Manhã urante muitos anos permaneci céptico ao que se relacionasse com as religiões. Duvidava de tudo. E vou explicar. Quando criança, até os onze anos de idade freqüentei a Escola Dominical da Igreja Cristã Evangélica de Catalão, minha terra, levado pelas mãos de minha avó Amazília, mãe de minha genitora. Aprendi, com facilidade, as lições bíblicas, embora fossem ensinadas, empiricamente, por crentes leigos. Em julho de 1949, vim com meus pais e irmãos para Goiânia. Fui, então, estudar no Ateneu Dom Bosco, dirigido pelos padres salesianos, ótimos educadores. Naquele colégio, antes do início das aulas tínhamos que assistir às missas todos os dias úteis. Ali, também, fazia parte da grade escolar as aulas de instrução religiosa, nas quais se ensinava o catecismo, aquele livrinho elementar composto de perguntas e respostas. Nada de ensinamentos bíblicos, apenas alguns preceitos acerca dos dogmas da religião Católica Romana. Interiormente, meus conhecimentos religiosos eram mais profundos, no entanto, não podia exteriorizá-los naquelas aulas ministradas por sacerdotes com sólida formação seminarística, porém ligados, por demais, aos cânones da Igreja de Roma. Em determinado ano, já cursando o científico, o padre diretor, Valentin Cricco, convidou-me para dar aulas de religião aos alunos do curso primário. Relutei, mas ante a firmeza de seu convite, resolvi aceitar. Continuava em dúvida, completamente indeciso, pois não sabia se ministraria lições contidas no catecismo, como era de praxe, ou se as explicasse contando aos meus discípulos passagens bíblicas, que se achavam ainda inertes em minha cabeça. Resolvi fazer uma mescla de tudo e, finalmente, me sai bem, de vez que os padres até me elogiaram. Ingressei, em 1955, na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, esta dirigida pelos padres jesuítas. Novamente, aulas de religião, só que com maior profundidade. Frequentei estas aulas assiduamente nas quais muito se estudava as religiões comparadas, e nelas aprendi muito acerca das ideias filosóficas, éticas, metafísicas, morais e lógicas. No entanto, foi no estudo da Escolástica, (doutrinas teológico-filosóficas dominantes na idade média, dos séculos IX ao XVIII), a que mais me atraiu, principalmente, as posições das religiões no que concerne à problemática universal, que até hoje continua nos afligindo. Confesso aos meus leitores que fiquei atordoado naquela época (de 1955 até 1965) quando cheguei à infeliz conclusão de que nenhuma religião prestava. Entretanto, jamais me descri da existência de Deus, como Ser Supremo, criador de todas as coisas.

D

Nunca fui teófobo, mesmo porque nunca habitou dentro de mim o temor patológico ao Criador. Por volta de 1966, convidado pelo meu tio e padrinho Nathan Paranhos fui a um Centro Espírita, cuja mediunidade principal cabia à uma senhora muito querida, dona Maria Hermínia de Araújo (Didi). Até então não conhecia nada do Espiritismo, senão uma ideia superficial, vaga, sem que fizesse indagações, às quais pudessem me levar a um completo conhecimento acerca de seus princípios e preceitos. Como havia feito em relação às religiões, pus-me a estudar. Filo na pretensão não de me especializar na Ciência Espírita, porém ao fito de, pelo menos, conhecer os rudimentares fundamentos desta Doutrina. E, para minha alegria interior, muitas dúvidas foram dissipadas, e, por conseguinte, depois de ler inúmeras obras espíritas, de fazer pesquisas, consegui, interiormente, refutar aquilo que, de modo errado, houvera aprendido, completamente diferentes dos ensinamentos de ordem filosófica, moral e religiosa que me foram colocados pelos mestres que ajudaram na minha formação.

60 anos

Faço este resumo, um pouco longo, sobre minha iniciação ao Espiritismo, para, ao depois, chegar à temática que me propus desenvolver para este DM, no dia de hoje. Aconteceu que segunda feira passada, precisamente no dia 25 deste mês, fui à sede deste Diário para resolver um problema referente à pauta do DMRevista, encarte no qual escrevo há mais de vinte anos, semanalmente. Eis que à entrada, deparei-me com o meu grande amigo Batista Custódio, com o qual compartilho uma amizade que se acha à beira de sessenta anos. Convivência sadia, amistosa e fraternal. Conversa às soltas sobre vários assuntos, alguns de ordem política, familiar e pessoal, de repente ele abriu uma das gavetas de sua mesa e põe à minha frente uma mensagem de seu filho amado Fábio Nasser, psicografada na noite de 12 deste mês (maio), nas Obras Sociais Mãos Unidas, pela médium Mary Alves. Eis o seu conteúdo:

Jornalista Fábio Nasser envia psicografias desde 2001 para seu pai e a população goiana

“Meu pai,abençoe-me. Responder a questões tão importantes em momentos tão decisivos é uma tarefa difícil. Sinto-me emocionado o tempo todo em que permaneço ao seu lado,porque vejo-o tentando alternativas incansavelmente. E realmente é difícil ver toda uma vida cercada por alheios aos nossos destinos, sem causas e sem ideais. O que nos preocupa é sua saúde, pois o cansaço começa a refletir sinais. Forças do alto permanecem ao seu lado,mas não podemos interferir em seu

De imediato, peguei-a e a li. Reli. Vi que o espírito de Fábio achava-se preocupado em não poder “responder a questões tão importantes em momentos tão decisivos é uma tarefa difícil”. A entidade – Fábio – como sempre tem feito, autorizada por espíritos superiores, intercambia com seu querido pai, examinando-se, como é claro, a natureza, a causa e o modo dessa inter-relação espiritual, mas, ante alguns problemas, às vezes, torna-se uma tarefa difícil resolvê-los. Desde que me iniciei nos estudos da Doutrina Espírita constatei que se reconhece a qualidade dos Espíritos pela sua linguagem coloquial. Vê-se, nessa mensagem, que Fábio, embora não o possa fazê-lo, se preocupa com seu pai terreno de uma maneira lógica, digna, isenta de enganos ou de ilusões, os quais por razões superiores, não poderá dar respostas a não ser quando autorizadas. Vale lembrar, por oportuno, que os Espíritos são livres. Eles se comunicam como querem ou com quem lhes convém, entretanto, há certas questões que lhes são postas, muitas das vezes, se tornam difíceis de merecer respostas. A Doutrina Espírita, em casos como esses, nos ensina que o melhor é orar, pedindo a Deus que nos dê forças suficientes para vencer esses obstáculos que a vida na Terra nos colocam à frente. No segundo parágrafo de sua concisa mensagem, Fábio, afirma que se acha “emocionado o tempo todo em que permaneço ao seu lado, porque vejo-o tentando alternativas incansavelmente”. Li, certa vez, numa obra espírita que as preocupações que nos afligem, no dia a dia, de nada valem e que, de uma forma ou de outra, nosso destino terráqueo é de lidar com o que vier. Se as alternativas falharem, é necessário compreender que isto faz parte do nosso car-

Facsímile da psicografia

livre arbítrio. Sua sensibilidade é seu guia seguro. Estamos juntos,chefe. Com meu amor,o beijo do seu, sempre seu

Fábio Nasser Custódio dos Santos”.

ma, que é justamente o conjunto das ações dos homens e de suas consequências. O que se deve fazer é buscar solucionar essas preocupações momentâneas e tentar minimizar seus efeitos indesejados, sempre com a ajuda da prece a Deus. É preciso lembrar, meu caro Batista, que tudo que vivemos nos dias turbulentos de hoje nos trará força, crescimento e progresso, principalmente, o espiritual. O que Fábio quer dizer é que seu pai deverá enfrentar as situações novas ocorrentes, às vezes, complexas e difíceis, para que, finalmente o faça amadurecer e crescer. No terceiro parágrafo, o Espírito de Fábio fala que “é realmente difícil ver toda uma vida cercada por alheios aos nossos destinos, sem causas e sem ideais”. Neste parágrafo reside talvez o principal conselho. A vida terrena nos coloca frente à frente com seres humanos bons e maus. Há Espíritos que não desejam o aperfeiçoamento dos seres humanos; outros, buscam o progresso espiritual, gradativamente, aconselhando, advertindo, ensinando para que os encarnados, na sua caminhada, percebam que terão de atravessar momentos difíceis. Muitas vezes, na nossa existência terrena, vivemos sentimentos que de algum modo nos desequilibram. Por mais preparados que estejamos espiritualmente, sofremos com a iniquidade de alguns, com a indiferença de outros, com o desprezo e com a incompreensão de muitos, até daqueles que nos são mais próximos. Muitas vezes, ainda, sentimos não mais poder relacionarmos fisicamente com muitos desses encarnados; isto porque alguns deles podem (e nos trazem) problemas financeiros, responsabilidades adversas, prejuízos incontáveis, que nos poderão ocasionar tristezas e, também, a solidão. Mas, é bom refletir que se ficarmos lamuriando, tristes, achando que tudo vai mal, estaremos acarretando prejuízos não só a nossa vida, bem assim aos demais entes encarnados que nos rodeiam ou que vivem conosco. O quarto parágrafo da missiva no qual Fábio fala “o que nos preocupa é sua saúde, pois o cansaço começa a refletir sinais”. Na dimensão física, o cansaço é um mau sinal. Nosso corpo físico, segundo a Doutrina Espírita, é uma fonte de energia que, pouco a pouco, fenece. O desgaste, a fraqueza, o cansaço são o prenúncio que o mais perfeito mecanismo de atuação e suporte do Espírito na Terra se acha em desarmonia com sua missão corpórea. A consciência humana encarnada não vê que está definhando aos poucos, e é difícil para o encarnado aceitar esta

situação. Até, por si mesmo, renegaa, pensando que as tensões são passageiras. Ledo engano. É importante que se chegue à conclusão que a matéria corporal, sede do Espírito, não é tão forte e sólida como muitos acreditam. Daí a preocupação da entidade – Fábio – com a saúde de seu genitor terreno e, para tanto, diz que este começa a refletir os sinais de debilidade corpórea. O cansaço faz a pessoa pretender deixar tudo de lado, para ver como é que fica.

IMORTALIDADE Convém ressaltar, por último, que toda massa corporal, repetindo, a sede do Espírito, é controlada pela mente, que é, em suma a manifestação visível da imortalidade espiritual. Sabe-se, e a medicina nos explica, que a saúde do corpo representa a harmonia com as leis que regem a vida e que a desarmonia conduz às doenças nas suas mais diversas formas. O quinto parágrafo é bem explícito – “forças do alto permanecem ao seu lado, mas não podemos interferir em seu livre arbítrio”. Pelo que estudei e pesquisei, o livre arbítrio é um conceito relevante para Doutrina Espírita. Ninguém, em sã consciência, no mundo terreno e espiritual poderá interferir na livre escolha do Espírito. Sempre, sempre mesmo, podemos fazer ou deixar de fazer o que quisermos. E, nós todos, ao valermos da livre escolha, arcaremos, ao depois, com as consequências de nossas ações ou inações – boas ou más. E a tão decantada “causa e efeito”, prova a nós todos que em decorrência do que fizermos, teremos que suportar as consequências. A punição e a premiação são produto de nossas ações, de nossos atos. Perante a Doutrina Espírita, na conformidade de seus conceitos, Deus não pune e nem premia. Nós é que construímos nossa existência aqui na Terra; somos, por assim dizer, o arquiteto de nossa vida. Desse modo, a cada segundo, a cada minuto e a cada hora que passa, o livre arbítrio (ou a livre escolha) define o que vamos fazer durante os anos que passarmos nesta vida. Portanto, no parágrafo final de sua carta, talvez instado a fazê-lo por seus mentores espirituais, ele diz que “não podemos interferir no seu livre arbítrio, mas que a sensibilidade é seu guia seguro”. Quer dizer: seu genitor terreno, ligado a ele por laços espirituais indestrutíveis, com a sua faculdade de sentir, poderá perceber as transformações do meio externo ou interno e de reagir de maneira sensata, adequada, sem entrar em desespero, mesmo porque o desesperado, contrariando a consciência, o juízo e o raciocínio, perde a esperança, ocasionando, destarte, em si mesmo malefícios imprevisíveis.


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