Agro - Outubro 2

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GRUPO DIÁRIO DA MANHÃ OUTUBRO II- 2019

MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS QUE TRADUZEM A TECNOLOGIA A utilização de tecnologias permite que o agricultor incremente a produção rural e atinja altos níveis de colheita dos grãos | Págs. 4 e 5


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Prêmio de Boas Práticas para Sistemas Agrícolas Tradicionais está com inscrições abertas Interessados têm até o dia 31 de outubro para realizar a inscrição no site do BNDES

Estão abertos até o dia 31 de outubro as inscrições para o 2º Prêmio BNDES de Boas Práticas para Sistemas Agrícolas Tradicionais. A inscrição pode ser feita através do site do BNDES, www.bndes.gov.br. A premiação tem como objetivo reconhecer as iniciativas de salvaguarda e conservação dinâmica de bens culturais imateriais associados à agro e sociobiodiversidade presentes nos sistemas agrícolas tradicionais do Brasil. Na edição deste ano, serão premiadas até dez ações conside-

radas bem-sucedidas nas etapas de execução ou na conclusão do projeto. Os três primeiros colocados receberão o valor de R$ 70 mil, e os demais receberão o valor de R$ 50 mil. Podem se candidatar instituições de direito privado, sem fins lucrativos, com existência mínima de dois anos, contados a partir da data de publicação do edital. As instituições deverão, ainda, comprovar composição ou parceria com comunidades de agricultores tradicionais.

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Secretaria da Agricultura emite nota sobre o uso de defensivos hormonais Conforme o órgão, mesmo que a aplicação dos produtos não esteja proibida, é preciso que o produtor siga determinadas orientações

A Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr) publicou uma nota de esclarecimento sobre a utilização dos defensivos agrícolas hormonais, entre eles os produtos com ingrediente ativo à base do 2,4-D. De acordo com a Seapdr, não

está proibida a venda ou aplicação desses produtos, mas é necessário que produtor rural mantenha determinados cuidados e siga as orientações da Secretaria para evitar a deriva. O problema da deriva causou alguns estragos em culturas sensíveis, como as oliveiras e macieiras.

Veja a nota na íntegra Para evitar a deriva, a aplicação de agrotóxicos hormonais deverá respeitar as seguintes condições meteorológicas: - Velocidade do vento entre 3 e 10 Km/h; - Umidade relativa do ar superior a 55%; - Temperatura ambiente menor que 30ºC. Enquadram-se como hormonais os agrotóxicos produzidos com os seguintes princípios ativos: - 2,4-D - Fluroxipir-meptílico - Quincloraque - Aminopiralide - Halauxifen - Triclopir-butolítico - Clopiralida - MCPA - Dicamba - Piroclam As denúncias somente deverão ser realizadas quando atenderem os seguintes requisitos: - Se tratar de deriva da aplicação de agrotóxicos; - Houver sintomas da deriva nas culturas sensíveis; A aplicação do agrotóxico hormonal

estiver ocorrendo em condições meteorológicas que não atendam os parâmetros gerais informados acima. No caso de denúncias inverídicas, que não atendam os requisitos, o denunciante estará sujeito às sanções legais cabíveis. Destacamos que em todos os casos de denúncia serão coletadas amostras das culturas atingidas para comprovar a contaminação pela deriva. As denúncias deverão conter, no mínimo, as seguintes informações: - Localização da aplicação (município, distrito, localidade, pontos de referência); - Data da aplicação/data da detecção dos sintomas de fitotoxidade; - Horário da aplicação; - Nome do proprietário/propriedade que está aplicando; - Cultura afetada; - Nome do proprietário da propriedade afetada. - Sempre que for possível, encaminhar fotos e/ou vídeos junto às informações da denúncia. Em caso de dúvidas, antes de formalizar a denúncia, é possível buscar esclarecimentos pelo e-mail denunciahormonais@agricultura.rs.gov. br ou pelo número (51)3288-6296.

região de abrangência:

Água Santa, Almirante Tamandaré do Sul, Barracão, Cacique Doble, Camargo, Capão Bonito do Sul, Carazinho, Casca, Caseiros, Ciríaco, Coqueiros do Sul, Coxilha, David Canabarro, Ernestina, Gentil, Ibiaçá, Ibiraiaras, Lagoa dos Três Cantos, Lagoa Vermelha, Machadinho, Marau, Mato Castelhano, Maximiliano de Almeida, Muliterno, Não-Me-Toque, Nova Alvorada, Paim Filho, Passo Fundo, Pontão, Sananduva, Santa Cecília do Sul, Santo Antônio do Palma, Santo Antônio do Planalto, Santo Expedito do Sul, São Domingos do Sul, São João da Urtiga, São José do Ouro, Tapejara, Tupancí do Sul, Vanini, Vila Lângaro e Vila Maria

Diretores Comerciais Eliane Maria Debortoli

Foto de Capa: Foto Divulgação

Editor interino: Kleiton Vasconcellos - RP 10.791

PROJETO GRÁFICO: Henrique Peter

jornalista responsável Ana Cláudia Capellari

Clélia Fontoura Martins Pinto - ME Matriz: Rua Independência, 917, sala 3 Passo Fundo | (54) 3316-4800


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“A mulher vem com novas ideias”, diz agricultora que recebeu prêmio nacional de gestão inovadora Foto: Divulgação

De Carazinho, Luciane Rheinheimer foi uma das nove mulheres premiadas no 4º Congresso Nacional das Mulheres do Agronegócio, em São Paulo. Para a produtora, um dos desafios no agro é trabalhar com as margens de lucro mais ajustadas e buscar novas tecnologias

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produtora rural e engenheira agrônoma de Carazinho, Luciane Rheinheimer, foi uma das nove mulheres vencedoras do 2º Prêmio Mulheres do Agro, realizado durante o 4º Congresso Nacional das Mulheres do Agronegócio, em São Paulo. O evento é organizado pela Transamérica Expocenter e conta com o apoio institucional da Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG). A premiação é em parceria com a Bayer e Elanco. Nesse prêmio, são reconhecidas mulheres que possuem excelência de gestão em suas propriedades e que se destacam por práticas fixadas em sustentabilidade econômica, social e ambiental, dentro e fora da porteira. Além disso, são reconhecidas pelas boas práticas agropecuárias, como a utilização de tecnologia no campo. Luciane está no mundo do agronegócio há 23 anos. É formada pela Universidade de Passo Fundo (UPF) e chegou a atuar na profissão, mas há dez anos se dedica exclusivamente aos trabalhos na sua propriedade rural, localizada na divisa entre Carazinho e Chapada. Na propriedade, Luciane conta que são plantadas soja, milho, trigo e aveia. A produtora explica que decidiu participar do prêmio após uma reunião da comissão de produtoras rurais do Sindicato Rural de Carazinho. Na oportunidade, relembra, disseram que ela seria um bom modelo a ser seguido e que, portanto, deveria participar do prêmio. “Depois de um tempo pesquisei e fui respondendo o checklist, que é bem extenso, se fala da gestão do negócio, de pessoas, ambiental e no fim se manda uma documentação e onde é possível contar a sua história no agro”. Entre os dados solicitados pela organização do prêmio, estão georreferenciamento, Cadastro Ambiental Rural e Certificado de Cadastro de Imóvel Rural. Depois de preencher todos os dados pedidos, uma banca de em torno de sete pessoas avalia as respostas e os documentos. “Teve mais de 300 inscritas em todo o país e no evento tinha duas mil pessoas. Fui agraciada

Na foto, as mulheres premiadas e a organização do prêmio. Luciane Rheinheimer é associada da cooperativa Cotrijal

e fiquei muito feliz com o prêmio, é um sinal de que estamos conduzindo dentro de uma maneira que realmente funciona”, diz. A propriedade de Luciane é familiar e junto dela outra mulher gerencia os negócios, há 18 anos. Luciane Rheinheimer é associada da cooperativa Cotrijal. DESAFIOS NO AGRO Para Luciane, o agronegócio “nos últimos anos vem surpreendendo muito, com muitas inovações, muita tecnologia”. Ela cita que esses avanços podem ser notados no cenário das máquinas, agricultura de precisão e mais recentemente na agricultura digital. Com isso, os desafios dentro do setor aumentam. “Eu acredito que o maior desafio agora é trabalhar com uma margem de lucro mais ajustada, fazer com que o negócio cresça, estar ajudada nessa parte financeira. Os investimentos são altos e tem que se trabalhar com os pés no chão”, define.

PARTICIPAÇÃO FEMININA A engenheira agrônoma e produtora rural têm por convicção que as mulheres trazem novas ideias para o agronegócio e que partir disso o setor pode crescer e a mulher crescer pessoalmente. “Eu acredito que a base de tudo é estar focada, saber onde se quer chegar e isso com muita dedicação nas atividades. A mulher vem com novas ideias”, explica. Luciane também pontua que é necessário ser “receptiva as novas tecnologias e acreditar que isso [novas tecnologias] veio para o crescimento, na busca por produtividade”. MAIOR MUDANÇA Ter o olhar mais voltado à propriedade rural como uma empresa é, para Luciane, a maior mudança no

agronegócio desde que começou a atuar, há 23 anos. “Olhar a propriedade rural como um negócio, fazer uma gestão inovadora, moderna, olhando o todo, a parte econômica, social, ambiental, como todas as empresas fazem isso”. “Ver a propriedade rural como uma empresa que necessita de uma gestão estratégica”, completa.

O EVENTO O 4º Congresso Nacional das Mulheres do Agronegócio teve como tema ‘Agir: Ação Global: Integração de Redes” e ocorreu entre os dias 08 e 09 de outubro, no Transamerica Expocenter, em São Paulo. O evento abordou entre vários temas que fazem parte da cadeia produtiva do agro o consumidor final, agroindústria, supermercados, produtores rurais, sistemas financeiros, de seguros, tecnologia, insumos de produção, organizações não-governamentais e órgãos públicos. Do RS, outras duas produtoras rurais receberam a premiação. Marinez Ana Bortolanza Croda, de Matelândia, na categoria média propriedade e Liane dos Santos da Silva, de Viamão, na categoria pequena propriedade.


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Máquinas e equipamentos que traduzem a tecnologia A utilização de tecnologias permite que o agricultor incremente a produção rural e atinja altos níveis de colheita dos grãos

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egundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), neste ano, o setor de máquinas agrícolas e rodoviárias deve registrar alta em vendas internas de 10,9%, o que representa 53 mil unidades. Em 2018, foram vendidas 47,8 mil máquinas agrícolas e registrado uma expansão de 12,7% sobre as 42,4 mil em 2017. Na 42ª Expointer, realizada de 24 de agosto a 1º de setembro de 2019, o setor de máquinas agrícolas movimentou R$2.546 bilhões. Isso é um aumento de 11,43% em relação às vendas da Expointer do ano passado. O valor é

correspondente aos negócios efetivados através das instituições financeiras que estiveram no evento, como bancos de fábricas e vendas diretas. O presidente do Sindicato de Máquinas e Implementos Agrícolas do Rio Grande do Sul (Simers), Cláudio Bier, destacou o sucesso de mais uma edição da feira agropecuária. “Hoje as máquinas agrícolas são o carro-chefe da nossa Expointer. Isso porque nós temos uma agricultura forte. E as máquinas são importantes, uma vez que aumentam a produtividade do campo. Por isso alcançamos essa venda espetacular. Já é o quarto ano consecutivo de crescimento”.

As máquinas e implementos agrícolas são uma das peças fundamentais para o desenvolvimento do agronegócio gaúcho e brasileiro. Um dos exemplos de perseverança na busca por maiores produtividades e rentabilidade é a Stara, de Não-Me-Toque. Neste ano, a empresa brasileira que desenvolve 100% das suas tecnologias completou 59 anos de atuação no mercado. Conforme a gerente de marketing da Stara, Cíntia Dal Vesco, a inovação proposta pela Stara no setor de máquinas e implementos vem por causa da convivência diária com os produtores. “O prestar atenção no dia a dia dos

produtores e saber quais são as necessidades é traduzir isso em equipamentos que não tenham só tecnologia, mas que elas sejam simples e que tragam resultados para o agricultor na última linha, para fazer com que ele produza mais e ao mesmo tempo utilize menos insumos”, pontua Cíntia. Na parte de utilizar menos insumos, está aliada a prática da sustentabilidade.

SALTOS DA AGRICULTURA

Outros fatores preponderantes na importância das máquinas agrícolas para o agro são os dois saltos que a agricultura passou. Cíntia argumenta que um deles


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foi o plantio direto, quando se entendeu que não se deveria mais queimar a palhada que ficava de uma cultura para a outra e sim utilizá-la ao seu favor. O outro foi a agricultura de precisão, intimamente ligado a história da Stara. “Quanto mais nós otimizarmos essa utilização com a prática da agricultura de precisão, nós vamos economizar insumos, contribuir para o meio ambiente e potencializar a produtividade do agricultor”, diz. A gerente observa que a empresa da região Norte do RS observou, ainda na década de 1990, que a agricultura de precisão seria mais do que uma tendência e sim uma realidade. “A Stara entendeu naquela época que precisaria da tecnologia própria e foi buscar alternativas. Procuramos alguns parceiros e fornecedores de fora do Brasil para entender e compreender os avanços da agricultura de precisão”, lembra. No entanto, quando os obstáculos surgiram, a Stara resolveu mais uma vez inovar. “Esse pacote enlatado de tecnologias que vinha de fora não teria sucesso, era extremamente caro e muitas vezes em inglês ou em alemão em uma linguagem mais técnica. Depois de 10 anos de estudo e projeto, a Stara lançou em 2010 no mercado o primeiro controlador para a agricultura de precisão, um computador de bordo que controla a máquina”, explica Dal

Vesco. “100% brasileiro, desenvolvido e produzido aqui no Brasil”, ressalta.

DIFERENCIAL

As máquinas e implementos da Stara já saem de fábrica com a tecnologia própria produzida. “Isso nos dá uma grande autonomia e nos possibilita fazermos mudanças rápidas, adequar os sistemas e tudo nosso, o ferro, o aço, quanto a tecnologia. Hoje só duas empresas no mundo fazem isso, a máquina e a sua própria tecnologia e a Stara é uma delas”. Segundo dados da Stara, 66% do faturamento da empresa vem de produtos lançados nos últimos três anos, o que mostra a força da inovação.

“TODA ESSA INOVAÇÃO RESULTA EM INCREMENTOS ESPETACULARES”

Cíntia Dal Vesco ainda argumenta que todas as inovações do setor agrícola, em especial as proporcionadas pela Stara, resultaram em aumentos na produtividade. “Se formos pensar na década de 1970 se produzia 30, 33 sacas de soja e hoje temos médias na nossa região de 70 sacas, as vezes até mais, dependendo muito do manejo. A essência de toda essa tecnologia é realmente produzir cada vez mais para que nós consigamos abastecer o mundo dessa demanda de alimentos que é tão crescente em virtude do aumento da população mundial”.

A importância da Agricultura Familiar Eng. Agr. Claudio Dóro InovAgri – Planejamento Rural

A agricultura familiar além de ser uma atividade econômica é um estilo de vida, que envolve trabalho e união familiar. O apego do agricultor a terra é um sentimento que dificilmente quem não vive no meio rural pode entender. O sentimento diário que a terra é a única coisa no mundo pela qual vale a pena trabalhar, lutar viver e morrer por ela. O agricultor familiar é um empresário, mas com um grande diferencial, ele é mais humano, seus valores geralmente estão em nível completamente diferente daqueles que exercem outras atividades que não estejam ligados diretamente à natureza. Os agricultores familiares são inteligentes, de uma maneira pratica aprendem com a necessidade diária, outras profissões, como: serem carpinteiros, mecânicos, jardineiros, soldadores, encanadores as vezes até veterinário, sempre buscando a solução rápida e eficaz diante do problema. No Brasil, de cada dez alimentos servidos a mesa, sete são oriundos de pequenas propriedades rurais. A agricultura familiar ocupa 84% das propriedades rurais e emprega 5 milhões de famílias, gerando faturamento anual de 5,5 bilhões de dólares. A agricultura familiar produz 70% do feijão nacional, 34% do arroz, 87% da mandioca, 46% do milho, 38% do café e 21% do trigo. Também é responsável por 60% da produção de leite, 59% dos suínos, 50% das aves e 30% dos bovinos. Nota-se a importância econômica e social da agricultura familiar, que necessita apoio da população e do poder público.

40 %

da aquisição de grãos são de agricultores familiares

15 mil famílias são beneficiadas

+ incentivo a agricultura familiar + capacitação no campo + assistência técnica

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Foto: Divulgação Apil/RS

roteIro tÉCnICo

Apil/RS traz conhecimento e informações na bagagem

Representantes de laticínios e associados da Apil/RS visitaram fazendas e indústrias de três países da Europa por quase duas semanas

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pós diversos quilômetros rodados, chegou ao fim o roteiro técnico realizado pelo grupo de laticinistas da Associação das Pequenas Indústrias de Laticínios do Rio Grande do Sul (Apil/RS) pela Europa. O grupo visitou a Holanda, Alemanha e França e pode conhecer, em cada país, um pouco mais sobre a produção leiteira, industrialização e a tendência em produtos do mercado internacional. A viagem foi organizada pela Sumond, com o apoio da Globalfood, DSM, na Holanda, e da Lallemand Animal Nutrition, na França. Já a elaboração do roteiro foi por conta da Apil/RS. Na ação, participaram nove entidades associadas: Mandaká Alimentos, Kiformaggio, Tchê Milk, Doceoli Alimentos, Laticínios São Luis e Granja Cichelero, além dos laticínios Aurora e Riolat, e da Cooperativa Santa Clara. Além dessas, acompanharam o roteiro representantes da Globalfood E DSM e o diretor do Departamento de Compras Públicas para Inclusão Social e Produtiva Rural do Ministério da

Cidadania, Iberê Orsi. Conforme o presidente da Apil/ RS, Wlademir Dall’Bosco, a viagem foi muito positiva no sentido de conhecer a realidade da União Europeia na produção de leite. “A Holanda é um país extremamente avançado, com tecnologia de produção, de industrialização, de processamento de produtos lácteos. Da mesma forma a França e a Alemanha. Nos três países percebemos que existe uma cultura e uma tradição muito fortes, muitos anos de trabalho, dedicação e esforços para melhorar a cadeia como um todo”, salientou. Quando se compara o Brasil, explicou Dall’Bosco, com os países europeus, existe uma distância que pode ser considerada imensa na parte de conhecimento e cultural, mas que ao mesmo tempo se percebe uma evolução rápida dos brasileiros. “Nós temos hoje produtores no Brasil com produtividade quase do nível de produtores europeus, evidentemente que é uma parte dos produtores”, destacou.


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Alimentos para o mundo

De vilão a bom amigo do prato Dia Mundial do Ovo foi celebrado na UPF com diversas atividades, palestras e degustação Foto: Divulgação UPF

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Dia do Ovo foi comemorado na Universidade de Passo Fundo

m alimento completo e saudável. Essa foi a temática escolhida para a segunda edição do evento em alusão ao Dia Mundial do Ovo, realizado pelo curso de Medicina Veterinária da Universidade de Passo Fundo (UPF), com o apoio da Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav). A programação, desenvolvida junto ao curso, no Campus I, na quarta-feira, 9 de outubro, contou com palestras, debates e degustação de receitas feitas à base de ovo. Entre os temas abordados, esteve o “Ovo: um alimento completo e saudável”, com a nutricionista e especialista em gastronomia Angela Corrêa Trentin, e “A avicultura no Rio Grande do Sul”, com o diretor executivo da Asgav/Sipargs, José Eduardo dos Santos. De acordo com o professor Dr. Fernando Pilotto, coordenador do evento, a intensão é fazer com os que os acadêmicos reflitam sobre a importância nutricional e de mercado do ovo. “A ideia de marcar esse dia é permitir que os acadê-

micos visualizem, nas palestras e nas atividades, a importância do ovo, não apenas enquanto alimento, mas também enquanto espaço de trabalho. O profissional médico-veterinário tem um papel fundamental no processo de qualidade e de melhoramento dessa área”, destacou. Segundo a coordenadora do curso de Medicina Veterinária, professora Dra. Laura Beatriz Rodrigues, o evento ocorre simultaneamente em diversas instituições, e participar desse ciclo é importante para a troca de experiências e saberes. “A partir do momento em que a UPF entra nesse cenário de debates, insere-se também na construção de conhecimentos e no desenvolvimento de pesquisas. Além disso, aqui também abordamos aspectos da própria atuação do médico-veterinário e da interdisciplinaridade”, destacou, ressaltando a participação de cursos como Nutrição, Agronomia, Engenharia de Alimentos e do Programa de Pós-Graduação em Bioexperimentação.

Celso L. Moretti Presidente da Embrapa

Com tecnologia moderna, a agropecuária brasileira alimenta hoje mais de 1,5 bilhão de pessoas em todo o mundo, o que equivale a um Brasil e uma China juntos. Em pouco mais de 10 anos, a população mundial chegará a 8,5 bilhões de pessoas. O processo de urbanização se acelerará. A melhoria de renda, associada ao aumento da longevidade e mudanças nos padrões de consumo, produzirá crescimento na demanda por alimentos (35%), energia (40%) e água (50%). Nem todos os países conseguirão enfrentar os desafios sociais, ambientais e geopolíticos impostos por essas mudanças. Disputas localizadas e migrações crônicas e em massa ocorrerão em busca de segurança alimentar. Ainda hoje, o flagelo da fome atinge mais de 1 bilhão de pessoas em todo o mundo. Mais do que produzir em quantidade e com qualidade, o grande desafio está na distribuição e na redução do desperdício, que pode chegar a 20% na produção de grãos e a estratosféricos 50% na produção de frutas e hortaliças. Apenas alguns países, nas últimas décadas, desenvolveram tecnologia de produção agropecuária e estão preparados para enfrentar tais desafios. Eles podem alimentar sua população e a de outros países. É o caso do Brasil, exemplo único no cinturão tropical do globo. Em pouco menos de cinco décadas, o país deixou de ser um importador líquido para se tornar um dos maiores produtores de alimentos, fibras e bioenergia do mundo. A agropecuária brasileira produz excedentes e exporta para mais de 180 países. O agronegócio responde por quase 25% do PIB nacional, emprega um terço da população ativa e é responsável por quase metade de tudo que é exportado. E faz isso de forma sustentável. O Brasil protege, preserva e conserva 66,3% de sua vegetação e florestas nativas. Mais de um quarto do território brasileiro está dedicado à preservação da vegetação nativa dentro das propriedades rurais. Na semana em que celebramos o Dia Mundial da Alimentação é importante reafirmar, com base em dados robustos, que o Brasil produz alimentos e preserva o meio ambiente como poucos países ao redor do globo. O país só chegou a esta situação porque investiu de forma consistente e contínua em ciência, tecnologia e inovação agropecuária nas últimas décadas. Graças à tecnologia, incorporou à matriz produtiva brasileira 45% dos 200 milhões de hectares de cerrados, área inóspita e desacreditada até a década de 70. Em 2019, os cerrados produziram mais de 50% dos grãos e da canade-açúcar do Brasil. Com tecnologia, a tropicalização do gado europeu e indiano tornou o país um grande produtor de leite e o maior exportador de carne bovina. Com tecnologia, soja, pastagens e, mais recentemente, o trigo foram tropicalizados e colocaram o país na posição de um dos maiores produtores de commodities do mundo. A Embrapa e seus parceiros do setor público e privado tiveram responsabilidade decisiva nesse processo. Tecnologias foram e são geradas, transferidas e adotadas pelo setor produtivo. Em 2018, quase 50% da área agrícola e pecuária do país adotava pelo menos uma tecnologia da Embrapa e seus parceiros. Não é pouco. Esses números demonstram, de forma inequívoca, a conexão da pesquisa com o mundo rural. A pesquisa pública contribui para que o agro seja uma potência, um dos setores mais competitivos da economia, colocando alimentos baratos na mesa do brasileiro. É estratégica para o desenvolvimento sustentável do Brasil. Nos bancos genéticos da Embrapa, por exemplo, estão armazenados o futuro da segurança alimentar das novas gerações de brasileiros. É lá que estão conservados genes ou microrganismos para enfrentar as mais de 400 pragas e doenças que batem à porta do país, querendo entrar pelos portos, aeroportos e fronteira seca. Manter esse banco genético e a expertise em utilizá-lo sob controle do Estado brasileiro é questão de Segurança Nacional. A demanda por alimentos crescerá nas próximas décadas. Acordos comerciais, como o que está em negociação entre o Mercosul e a União Europeia, e que contou com grande protagonismo da ministra da Agricultura, Tereza Cristina, possibilitarão que os alimentos produzidos no Brasil contribuam para a segurança alimentar de um número crescente de pessoas em todo o mundo. A pesquisa agropecuária continuará a ter um papel central para liderança e competividade do país na produção de alimentos. Seguir investindo em pesquisa e desenvolvimento agropecuário garantirá, não somente ao Brasil, mas também a vários outros povos ao redor do globo, a manutenção da segurança alimentar e da paz.


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Agronomia da UPF é a melhor do RS, segundo a Folha Dentre todas as universidades privadas do estado, o curso de 58 anos da Universidade de Passo Fundo é considerado o mais completo. Em mais de cinco décadas, mais de dois mil alunos já se formaram Foto: Divulgação UPF

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Curso de 58 anos foi reconhecido como o melhor dentre as universidades privadas do Estado

e acordo com um levantamento do Ranking Universitário da Folha (RUF), o curso de agronomia da Universidade de Passo Fundo (UPF) é o melhor entre as universidades privadas do Rio Grande do Sul. A avaliação é feita com instituições de ensino superior de todo o Brasil e premia os cursos por diversos itens, tais como pesquisa, ensino, inovação e internacionalização. O coordenador do curso, professor Dr. Vilson Antonio Klein, explica que esse não é o primeiro ano que a agronomia passo-fundense recebe esse reconhecimento positivo, há pelo menos quatro anos a agronomia é agraciada. Neste ano, a faculdade de agronomia completa 58 anos. “Em todos esses anos de historia, já formamos 83 turmas e 2.752 engenheiros agrônomos, é uma turma grande que está espalhada pelo Brasil e pelo exterior, ajudando a avançar o agronegócio”, afirma. As atividades de pós-graduação tiveram início em 1996, com a abertura do mestrado. O doutorado começou em 2005 e de lá para cá, 304 alunos já se formaram, sendo 247 mestres e 52 doutores.

Com uma formação de alto nível, explica Klein, é comum que os alunos da UPF sejam líderes e ultrapassem as fronteiras brasileiras na busca pelo desenvolvimento da agricultura. O professor comenta que no Paraguai, país vizinho, “o agronegócio está nas mãos de brasileiros”. “Eles estão abrindo áreas, produzindo soja com toda a tecnologia daqui. Inclusive temos cinco alunos da agronomia UPF que estão fazendo o seu estágio de final de curso lá”, completa.

ATUAÇÃO DO ENGENHEIRO AGRÔNOMO

Dia 12 de outubro, sábado da semana passada, foi o dia do engenheiro agrônomo. Para Vilson Klein, o profissional é “a roda motriz de todo esse agronegócio” e que se hoje o agro pode ser considerado “tech” ou “pop”, é por causa da atuação do engenheiro agrônomo e, em conjunto ao trabalho, do médico veterinário. O professor observa que mesmo com as inúmeras transformações que o agronegócio passou e ainda vai passar, o contato direto do profissional da agronomia é fundamental para o de-

senvolvimento do campo. “Hoje temos desafios muito grandes de repassar essas informações técnicas via algum recurso tecnológico, mas nada substituiu o contato do engenheiro agrônomo lá no campo, junto do agricultor, esclarecendo, orientando. Isso eu tenho certeza que não vai acabar tão cedo, embora tenhamos alguns recursos tecnológicos de diagnóstico a distancia”. Para ele, isso seria o mesmo que fazer uma consulta com um médico via smartphone. “Temos muitas nuances e detalhes que só o profissional da agronomia pode verificar no campo, observando a planta, os animais, o que está envolvido”. Nos desafios tecnológicos, Klein pontua que é preciso dar atenção a mecanização e a tendência de mídia de tecnologia embarcada, como imagens por satélites. Para que o profissional formado pela instituição esteja preparado para enfrentar esses e outros desafios, o curso de agronomia deve estar em constante atualização. “É necessário estarmos em evolução e estamos iniciando uma reforma curricular para deixar o nosso curso cada vez mais moderno”.

POR QUE O CURSO DE AGRONOMIA É O MELHOR DO RS? Na visão de Klein, são vários fatores, entre eles:

- Ampla e moderna infraestrutura, com inúmeros laboratórios e amplo campo experimental e de produção adjacente ao campus universitário; - Corpo docente titulado, qualificado, especializado e experiente, com grande dedicação ao curso; - Currículo moderno, atualizado e dinâmico; - Realização de pesquisas por professores, pósgraduandos e graduandos que gera conhecimento que é transmitido nas salas de aula e para a comunidade; - Integração da graduação com a pós-graduação; - Geração de conhecimento e tecnologias como, por exemplo, inúmeras patentes e registros de cultivares de batata e de aveia; - Interação com empresas e outras instituições de ensino e pesquisa, o que proporciona oportunidades de estágio e de vivências práticas aplicadas na Agronomia; - Estágio curricular supervisionado com duração mínima de 600 horas, realizado exclusivamente no último semestre do curso. O curso de Agronomia mantém convênio com 221 empresas/instituições, das quais 70 são de outros estados ou países.


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