Agro Diário

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GRUPO DIÁRIO GRUPO DIÁRIO DA MANHÃ DA MANHÃJULHO I - 2019 JULHO I - 2019

O TRIGO AINDA PODE SER RENTÁVEL? Dúvida se semear a cultura de inverno é viável – tanto financeiramente quanto no tamanho da produção – ronda o pensamento do agricultor, que chega ao fim do mês e precisa pagar as contas. Estudo feito por pesquisador indica que, sim, é possível tornar o trigo uma cultura rentável e com perspectivas positivas | Páginas 4 e 5


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COTRIJAL INFORMA

SER AGRO É BOM

Embalagens vazias de defensivos agrícolas? O que fazer?

Ana Cláudia Capellari jornalista responsável pelo Agro Diário

Descarte correto das embalagens deve ser feito para evitar danos ao meio ambiente e para garantir a segurança da lavoura e do homem do campo

Uma das principais dúvidas do produtor rural é sobre o que fazer com as embalagens de defensivos agrícolas após a utilização. A Cotrijal, através do Programa Sentinela, orienta os agricultores sobre o manuseio adequado das embalagens para a devolução. Naquelas rígidas e laváveis, é fundamental que o produtor a devolva sem sombra de produto ou água de lavagem; destampadas e inutilizadas (perfuradas ou cortadas) e com as tampas em um saco separado. Já para aquelas embalagens não-laváveis, a dica dada pela cooperativa é de que elas sejam devolvidas vazias e separadas das demais em um saco. Além dessas orientações, a Cotrijal salienta que: - Na propriedade, é necessário armazenar temporariamente – no prazo máximo de um ano – as embalagens em local coberto, com piso, isoladas do acesso de pessoas e animais. Necessário ainda manter as embalagens limpas até a devolução; - Embalagens secundárias, como caixas de papelão, devem ser devolvidas desmontadas e empilhadas;

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Na semana passada, a ativista pela causa animal Luísa Mell postou em suas redes sociais que “não é o agronegócio que sustenta o país... somos nós ‘q’ sustentamos os ruralistas! Acorda Brasil!”. A postagem foi repostada pela cantora Anitta e ganhou uma proporção ainda maior. O lado positivo com a repercussão é que respostas aparecem. Noelle Viegas Folleto, engenheira agrônoma e atuante nas redes sociais, em especial no Instagram, respondeu Luisa Mell. “Gostaria de convidar as duas [Luisa Mell e Anitta] para conhecer a realidade do agronegócio brasileiro de perto, encarar nosso cotidiano com comprometimento e ter de ler e ouvir asneiras diversas. O Agro é o que de melhor existe nesse país, o agro é pop, é tecnológico, é maravilhoso. O agro é tudo o que vocês duas jamais conseguirão compreender!”. O agricultor brasileiro é o profissional que mais preserva o meio ambiente. Cerca de 30% do Brasil são áreas protegidas, são 1.871 terras atribuídas e 600 áreas indígenas. Outros países protegem 10% do seu território. Os brasileiros protegem quase três vezes mais a média mundial. Os produtores ocupam com lavoura apenas 7,8% do território. Com esses dados, é comprovado que o agricultor brasileiro é a única categoria profissional que dedica, do seu patrimônio privado aproximadamente R$3 trilhões de reais para o meio ambiente. Ainda existem ‘fake news’ sobre o setor, sobre a abrangência e a sua importância. Combatê-las com informação é a melhor maneira. O agro é a alavanca que puxa o Brasil. Neste caderno, há exemplos que desmentem Luisa Mell e Anitta. Que são excelentes nos seus meios, mas que quando falam de agronegócio, estão desinformadas. Boa leitura!

Agenda de eventos Emater/RS-Ascar | São Domingos do Sul

II Encontro de Agricultores de São Domingos do Sul Corede: Produção Data: 19/07/2019 Horário: 19:30 Promoção: 19:30 Abertura Oficial 19:45 Palestra sobre Manejo de Doenças de Plantas e Uso Racional de Fungicidas, ministrada pelo professor e pesquisador da UFRGS, PHD - José Antônio Martinelli 21:15 Jantar de Confraternização e Sorteio de Brindes, após baile Local: Salão Paroquial

Camargo

Mostra Municipal de Vinhos de Camargo Corede: Produção Data: 27/07/2019 Horário: 19:30 Promoção: Emater, Prefeitura de Camargo e Comunidade Arranca Tocp Local: Comunidade de Arranca Toco região de abrangência: Água Santa, Almirante Tamandaré do Sul, Barracão, Cacique Doble, Camargo, Capão Bonito do Sul, Carazinho, Casca, Caseiros, Ciríaco, Coqueiros do Sul, Coxilha, David Canabarro, Ernestina, Gentil, Ibiaçá, Ibiraiaras, Lagoa dos Três Cantos, Lagoa Vermelha, Machadinho, Marau, Mato Castelhano, Maximiliano de Almeida, Muliterno, Não-MeToque, Nova Alvorada, Paim Filho, Passo Fundo, Pontão, Sananduva, Santa Cecília do Sul, Santo Antônio do Palma, Santo Antônio do Planalto, Santo Expedito do Sul, São Domingos do Sul, São João da Urtiga, São José do Ouro, Tapejara, Tupancí do Sul, Vanini, Vila Lângaro e Vila Maria Diretores Comerciais Eliane Maria Debortoli Carlos Munhoz

Foto de Capa Freepik

Editor: Édson Coltz - RP 17.059

Clélia Fontoura Martins Pinto - ME

jornalista responsável Ana Cláudia Capellari

Matriz: Rua Independência, 917, sala 3 - Passo Fundo Contato: (54) 3316-4800


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Foto Wenderson Araujo | CNA

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FUTURO DO AGRO

Jovens e o agronegócio: formar líderes para o setor crescer Programa CNA Jovem tem o objetivo de construir lideranças para atuar nos desafios da agropecuária brasileira

Na cerimônia de premiação em Brasília no domingo (7)

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á três anos, a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) realiza um programa para estimular a participação dos jovens na cadeia do agronegócio. O ‘CNA Jovem’ forma e prepara lideranças para atuar no setor. O programa tem duração de quatro meses, com atividades que instigam e estimulam os jovens a pensar o agro além da maneira tradicional. Ao final dos quatro meses de atividade, os jovens com melhor potencial de liderança e um grupo são premiados em uma cerimônia na sede da CNA em Brasília. Os vencedores deste ano foram conhecidos no domingo (7), no último encontro da etapa nacional do programa. Dentre os vencedores na categoria individual – foram três premiados – está a gaúcha Paula Hofmeister, de 26 anos, de Pedras Altas, município distante 388 km da capital Porto Alegre. Junto a Paula, ganharam Carina Babick, de Santa Catarina e Pedro Correia, do Rio de Janeiro. O trio vencedor foi escolhido por uma comissão de técnicos da Diretoria de Educação Profissional e Promoção Social (DEPPS) do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), ligado a CNA. Além das avaliações individuais, o trio foi dividido em grupos. Paula, que é engenheira ambiental e sanitarista e produtora rural, conta que entrou no programa ‘meio por acaso’, mas que a experiência foi muito intensa. “Os jovens são indicados pelos sindicatos rurais que participam, no meu caso, de Pedras Altas, que é onde eu moro. Eu recebi o convite por acaso no WhatsApp e pensei ‘vou participar’. Pedi para o presidente do sindicato se eu poderia e ele autorizou”.

Ela lembra que as atividades do programa começaram no sistema EAD (à distância) e interagiu com pessoas de todo país. “Depois das atividades EAD, que buscavam muito a nossa parte de administração de conflitos, nos fazia pensar para um lado que às vezes a gente não pensa, tivemos atividades presenciais e estaduais”. Com o resultado da etapa EAD, 12 jovens gaúchos foram selecionados para um encontro em Porto Alegre, que ocorreu em fevereiro deste ano. Dos 12 jovens, 10 foram selecionados para o encontro presencial. Nessa etapa, Paula foi desafiada a criar um desafio pessoal. “O meu era desmistificar as ações negativas do agro. O meu objetivo sempre foi fazer com que as pessoas tentassem enxergar o agronegócio por outro lado que não o negativo que muitas vezes é mostrado na mídia erroneamente, na maioria das veze é escrito de uma forma errada. Esse foi o meu objetivo”, lembra. Após a etapa estadual, com os 10 jovens escolhidos, três foram selecionados para a etapa nacional. Paula esteve, com muito esforço, em todas as etapas e enfrentou cada obstáculo que era imposto em seu caminho.

ETAPA NACIONAL Já na etapa nacional, com pessoas de 24 estados brasileiros, Paula se reuniu em um grupo e precisava, junto aos colegas, pensar

em desafios e estratégias importantes para o desenvolvimento sustentável do agro. “O meu grupo contava com 12 pessoas e fizemos o nosso desafio sobre energias alternativas. A nossa ideia é levar até o produtor rural as informações do uso e de implantação de energias alternativas. O nosso projeto piloto vai começar em Santa Catarina e depois no Rio Grande do Sul. Posteriormente, Amapá, Pará, Rio de Janeiro, que são os estados que já temos o apoio das federações”.

“PUDE ENXERGAR O QUANTO POSSO CONTRIBUIR PARA O AGRONEGÓCIO” Nas atividades da etapa nacional do programa CNA Jovem, uma delas era perguntas as pessoas em uma rua de São Paulo, na Vila Madalena, o que elas achavam do agronegócio. “Surgiu tanta resposta, surgiu tanta gente que não fazia ideia do que é o agronegócio, surgiu gente dizendo que o agronegócio destruía tudo e que era um horror, que dizia que o agronegócio só visava o lucro e poucas pessoas apareceram dizendo que o agronegócio era algo muito importante para a economia, para o país, que gera tanto emprego e renda”. Com essas respostas em mãos, Paula se sentiu ainda mais motivada a continuar com sua missão de desmistificar o agronegócio brasileiro. “Pude enxergar o quanto eu posso contri-

buir para o agronegócio através da minha formação, da minha realidade, porque eu morei em propriedade rural e temos muito a mostrar. É unir forças e tornar o agronegócio maior do que já é, fazer com que as pessoas apoiem e saibam exatamente o que é o agronegócio”.

EXPERIÊNCIA GRATIFICANTE Toda a experiência no programa, para Paula, foi gratificante. “A vitória, de verdade, não imaginava e tinha muita gente forte e boa, gente com muita capacidade. Eu tinha um pingo de esperança porque estava lá, mas foi uma surpresa enorme, muito grande”. Mas mais do que a vitória – que é positiva – Paula tirou de lição outra coisa. “Quando eu estava lá comemorando os organizadores me disseram ‘viu Paula,viu como você consegue, você tem muito a mostrar’. Isso me deu muita força para continuar, para colocar os planos em prática, sempre envolvendo o agronegócio. Para mim foi um crescimento pessoal muito grande, eu não sabia que eu podia fazer tanto, não sabia da minha capacidade de liderar, de mediar conflitos, de debater”, diz. JOVENS LÍDERES O programa CNA Jovem ocorre de dois em dois anos. Para a quarta edição do programa, Paula tem a intenção de indicar jovens que já tenham o perfil de liderança e amor ao agro. “Eu diria que os jovens tem que viver ao máximo, conseguir sugar tudo o que puder e aproveite cada segundo e pessoa, todos os que fazem parte do processo são muito especiais e tem muito a nos mostrar”, enfatiza.


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Ainda vale a pena plantar trigo? Dúvida se semear a cultura de inverno é viável – tanto financeiramente quanto no tamanho da produção – ronda o pensamento do agricultor, que chega ao fim do mês e precisa pagar as contas. Estudo feito por pesquisador indica que, sim, é possível tornar o trigo uma cultura rentável e com perspectivas positivas

Foto: Divulgação Farsul

Foto: Divulgação

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trigo, mesmo com os percalços de mercado, continua sendo uma cultura importante para o inverno e para o país. Nessa safra, o Rio Grande do Sul semeou 793,4 mil hectares. De acordo com o último levantamento da Emater/ RS-Ascar, de quatro de julho, o plantio tinha avançado 15 pontos percentuais em comparação com a semana passada. Ainda conforme o órgão gaúcho, 97% das lavouras estão em germinação e desenvolvimento vegetativo. No entanto, a área do cereal de inverno poderia ser maior na avaliação do presidente da Comissão de Trigo da Federação de Agricultura do Estado (Farsul), Hamilton Jardim. “O trigo é fundamental para a sustentabilidade do sistema produtivo e no Rio Grande do Sul, infelizmente, a cultura está ocupando um pequeno espaço comparado ao que se planta no verão. O RS, de maneira geral, tem aptidão para trigo e não se pode olhar ele [trigo] isoladamente”, afirma. Jardim esteve em Passo Fundo na semana passada para o Fórum Nacional do Trigo, programação paralela à 13ª Reunião da Comissão Brasileira em Trigo e Triticale (RCBPTT), que ocorreu na Universidade de Passo Fundo. Na oportunidade, Hamilton conversou com a reportagem do Diário da Manhã e expôs aos técnicos, produtores e cadeia produtiva do cereal um tema considerado importante pela Farsul: as intervenções governamentais. “O trigo ainda é uma cultura que está no amparo da política de garantia de preços mínimos do governo,

há muitos anos, mas é uma cultura que nesse momento o governo tem olhado com muita preocupação haja vista a instabilidade ao longo dos anos”. Para ele, as políticas aplicadas de Prêmio Equalizador Pago ao Produtor Rural (PEPRO) e Prêmio para Escoamento do Produto (PEP), que ocorreram na safra 2017/2018, por exemplo, não devem acabar, mas devem ser reavaliadas. “Isso eu acredito que não irá acabar, mas temos que entender que estamos dentro de uma economia liberal e isso foi o que a ministra Tereza Cristina [da Agricultura, Pecuária e Abastecimento] nos chamou há exatamente um mês em Brasília para nos colocar algumas responsabilidades para a cadeia”. “Queremos mostrar para o governo a importância da cultura, de ela estar no abrigo da política de preços mínimos, mas também a importância de nós corrigirmos aquilo que o atual governo está detectando”, completa. Ao representar a Farsul e a Câmara Setorial do trigo do Ministério da Agricultura, Hamilton quis deixar claro a importância de toda a cadeia do trigo, que envolve desde o produtor rural até os moinhos, diminuir a dependência de importações do cereal. Conforme dados trazidos pelo presidente da Comissão de Trigo, neste ano, para suprir o consumo interno, serão importadas mais de 6,5 milhões de toneladas de trigo. “É muito dinheiro, dinheiro que poderia ficar aqui no Brasil. Temos que focar no que podemos fazer para que a cultura se torne mais rentável e com a recuperação da economia brasileira”, pontua.

Queremos mostrar para o governo a importância da cultura, de ela estar no abrigo da política de preços mínimos, mas também a importância de nós corrigirmos aquilo que o atual governo está detectando

Hamilton Jardim

presidente da Comissão de Trigo da Farsul

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RETORNO FINANCEIRO: MITO OU VERDADE? Para o pesquisador em economia rural da Fundação ABC, do Paraná, Cláudio Kapp, o tão esperado retorno financeiro do trigo pode existir. Isso porque Cláudio analisou 24 safras de trigo ao longo dos anos. Com as informações, oriundas de um banco de dados de três cooperativas – Capal, Frísia e Castrolanda – Kapp consegue observar a cultura do trigo sob o viés financeiro. “Dentro da metodologia que usamos, o trigo trouxe um fluxo positivo, trouxe uma rentabilidade na média durante essas 24 safras. Têm algumas safras que é negativo, que o produtor perdeu dinheiro, outras que deram um resultado satisfatório, que ele ganhou dinheiro. As safras que ele [produtor] ganhou dinheiro superaram aquelas em que ele perdeu”, explica. Os resultados da pesquisa mostram que o trigo obteve rentabilidade média acima de R$200 por hectare, o que, para Cláudio, demonstra como cereal pode ser uma boa opção para o inverno. “Só que o psicológico do produtor às vezes guarda mais as safras que ele perde dinheiro. Na média, tirando os anos bons e ruins,

o trigo trouxe um resultado positivo. Temos que entender que esse resultado positivo acontece dentro de um sistema de produção para ver se no final do ano, quando se fecha a fazenda no final do ano, ele ajuda a melhorar os níveis de rentabilidade”, argumenta. “A NOSSA DISCUSSÃO É PARA QUE NÃO SEJA ELIMINADO” O pesquisador Cláudio Kapp, assim como Hamilton Jardim, participou da 13ª Reunião da Comissão Brasileira em Trigo e Triticale (RCBPTT), onde mostrou para o público o resultado da pesquisa. “No final das contas, é difícil o produtor fazer 100% da área de trigo todo ano, a nossa discussão é para que não seja eliminado de cara essa cultura com uma metodologia que não consideramos adequada. Queremos trazer para a discussão de que sim, o trigo é uma opção e pode ser uma opção financeiramente atrativa para o inverno”, salienta. Kapp acredita que o produtor que plantou trigo nessas 24 safras independentemente de clima ou mercado, teve resultado positivo simplesmente por ter plantado.

Foto Divulgação 13ª RCBPTT | Ron Lima

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Queremos trazer para a discussão de que sim, o trigo é uma opção e pode ser uma opção financeiramente atrativa para o inverno

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Cláudio Kapp

pesquisador em economia rural da Fundação ABC

13ª REUNIÃO DA COMISSÃO BRASILEIRA EM TRIGO E TRITICALE A reunião ocorre anualmente e é uma oportunidade em que a cadeia do trigo se une para discutir temas importantes, como a viabilidade econômica, neste ano pautada pela pesquisa de Kapp, e os avanços na pesquisa. Os dois eventos - 13ª RCBPTT e o Fórum do Trigo foram uma realização da Biotrigo Genética, com o apoio da Embrapa Trigo.


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Planejamento Rural Eng. Agr. Claudio Dóro InovAgri – Planejamento Rural

O estabelecimento de uma agricultura sustentável, que preserve o meio ambiente e que proporcione segurança alimentar futura, é um fator primordial para o desenvolvimento da humanidade ante as mudanças climáticas e o declínio das reservas energéticas não renováveis. Prevê-se que em 2050 a população mundial atinja nove milhões de habitantes, existe o desafio de criar métodos para aumentar a produção de alimentos e energia renovável sem esgotar os recursos naturais. Em 2050 provavelmente estaremos vivendo sob a influência de três crises: a diminuição das reservas de petróleo, a escassez de água potável e a falta de alimentos. No Brasil os programas do etanol e do biodiesel mostraram ser alternativas viáveis para reduzir a dependência do petróleo, porem o cultivo extensivo e exclusivo para cultivo de plantas com potencial para a produção de biocombustíveis pode gerar problemas no abastecimento de alimentos para população, com escassez e elevação de preços. Neste sentido a biotecnologia se insere como propulsora para o aumento da produtividade, da qualidade da produção e para o desenvolvimento de plantas adaptadas a diversas condições ambientais de espécies com potencial energético. No futuro, a redução dos custos para o desenvolvimento e a adoção dos produtos da biologia molecular pode aumentar a variedade de plantas transgênicas e a sua disponibilidade para pequenos e médios produtores. A inserção de características antes ausentes na planta pode agregar valor aos seus produtos, multiplicando a renda do agricultor e diminuindo o êxodo rural. A transformação genética pode ser o motor de uma transformação social.

Cotação do trigo, para especialista, não deve ter fator para gerar alta Safra argentina do cereal, expectativa de reforma da previdência na Câmara dos Deputados e condições climáticas das lavouras americanas influenciam os preços nacionais

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futuro da cotação de trigo pode não ser tão animador para os produtores gaúchos. Conforme explica o consultor de mercado Paulo Molinari, o clima no Rio Grande do Sul em outubro, novembro e dezembro tende a ser chuvoso. Além do clima no estado, Molinari comenta que a safra da Argentina – que está indo bem – pode fazer com que a cotação não suba. “Argentina está plantando uma boa safra, está chovendo bem e plantando sem problema nenhum, os Estados Unidos tem um bom estoque, temos que ver a safra da Europa e da Rússia como vai ser. Não tem um grande fator diretamente do trigo que possa fazer com que o mercado suba. O trigo é basicamente a conta de Argentina mais câmbio. Se os argentinos vierem com uma safra cheia, o trigo vai ter preço em baixa lá na frente”. No entanto, existe uma variável que pode ajudar o trigo: quebra de safra nos Estados Unidos. “Se realmente tiver essa quebra de safra americana, se realmente isso se confirmar lá para frente, hoje ainda não podemos dizer que tem toda essa quebra, vai acontecer de o milho subir em Chicago e isso trará reflexo para o trigo no mercado mundial, que pode ajudar o trigo brasileiro, o preço aqui no Rio Grande do Sul. Essa é a combinação do trigo”. Sobre o atual preço do trigo, que está em torno de R$40 a saca, Molinari diz que é um preço ‘regular’. “Acredito que na safra mesmo vamos ter preços mais baixos se essa combinação de fatores mencionados ajudarem. O preço bom seria mais próximo de R$ 50 e um preço ruim seria abaixo de R$30”, avalia.

Foto: Marcos Tomé/Região News

InovAgri

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Paulo Molinari, consultor de mercado

menos, significa que vamos importar mais da Argentina e o nosso preço é feito por eles. Vamos ficar sem plantar e a Argentina ganhando dinheiro. É uma conta ruim, claro que não é bom, mas precisa dar essa ‘ajudinha’”, diz.

SOJA Na oleaginosa, os olhos do mercado ainda se voltam para a guerra comercial entre China e Estados Unidos. Na quartafeira (10), o ministério do Comércio da China revelou que INTERVENÇÕES GOVERNAMENTAIS entrou em contato por telefone com o representante comercial Para Molinari, os mecanismos de intervenção governados Estados Unidos, Steven Mnuchin, para pedir a volta das mental para o trigo, o Prêmio Equalizador Pago ao Produtor negociações. Rural (PEPRO) e Prêmio para Escoamento do Produto Mesmo com esse princípio da volta de negociações, Molina(PEP) não são bons, porém necessários. “Eles [PEP e ri acredita que a “novela do acordo comercial vai demorar a se PEPRO] foram criados para retirar excedentes de um local, ter uma solução”. “Ficamos com os prêmios na soja variando o governo já usou bastante isso no milho e na soja em entre muito mais alto e muito mais baixo dependendo de como um passado e no trigo tem usado até para tirar o de baixo a China decidir”. padrão aqui do Estado. Não é bom, mas é infelizmente é Com a guerra comercial em andamento e as negociações necessário”. sem um final, a China deve continuar com a compra de soja Ele ainda explica que, até o mercado conseguir andar brasileira. “A China já aprendeu como funciona o Brasil, já com as próprias pernas, as intervenções, consideradas pelo não é mais aquele desespero do ano passado, a China sabe que consultor como ‘ajudinha’ devem continuar. “O mercado tem que vir com calma. Depende muito da fome da China em deveria se autorregular plantando menos, mas plantando relação ao Brasil nesses próximos meses”, analisa Molinari.


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EEPROCAR

Escola Estadual de Carazinho oferece formação completa no desenvolvimento e integração com o meio agrícola aos jovens

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undada há 43 anos, a Escola Estadual de Educação Profissional de Carazinho (EEPROCAR) tem o objetivo de integrar a comunidade urbana e rural, de forma a ser um centro do desenvolvimento. O curso técnico em agropecuária oferecido pela escola ainda oferece a formação técnica necessária para o jovem rural desenvolver atividades ligadas ao setor primário. A Escola, que possui uma localização geográfica privilegiada, está as margens da BR-285, no km 211,tem 248 hectares a disposição de alunos, pequenos empreendedores e empresários rurais. Preocupada em desenvolver uma educação voltadas as exigências do mercado, a EEPROCAR atende alunos de diversos municípios do Rio Grande do Sul, até mesmo de outros estados brasileiros. De acordo com a direção da Escola, a EEPROCAR “apoia e promove as atividades de educação comunitária, colaborando para o crescimento da agropecuária local e regional, promovendo a formação integral do educando como cidadão, desenvolvendo habilidades, valores e atitudes, para que seus egressos sejam agentes de transformação da família e da comunidade, desenvolvendo uma agricultura socialmente justa e ecologicamente desejável”. Além disso, o curso tem a intenção de preparar os alunos para as novas tendências do agronegócio, com uma formação integral, agroecológica, social, política e econômica, para “valorizar o trabalho no campo, principalmente das pequenas propriedades rurais, levando ao homem do campo a melhoria na qualidade de vida e como empreendedor no seu meio”. Os alunos participam de atividades práticas, cursos de aperfeiçoamento, palestras, congressos, cursos e outras atividades pedagógicas que complementam seu currículo acadêmico. Atualmente, a escola possui 10 turmas: cinco são de ensino médio integrado ao técnico em agropecuária e cinco turmas do Curso Técnico em Agropecuária modalidade Subsequente. Ao total, 264 alunos são atendidos pela EEPROCAR. Segundo a direção da Escola, 160 alunos estão em regime de internato. Os alunos participam de atividades práticas, cursos de aperfeiçoamento, palestras, congressos, cursos e outras atividades pedagógicas que complementam seu currículo acadêmico. INSTITUIÇÃO PIONEIRA A EEPROCAR é a única instituição de ensino da área de abrangência da 39ª Coordenadoria Regional de Educação que contém curso que envolve o setor primário da economia a nível técnico. A Escola dispõe, ainda, de infraestrutura, recursos físicos e humanos para ministrar cursos. “Prima por uma atuação em parceria com a comunidade, através de convênios com os setores público e privado, oportunizando o acesso a novas tecnologias, a profissionalização e constituindose em polo de educação voltado a qualificação do setor primário, a organização coletiva, a inserção no mundo do trabalho e a intervenção social do individuo no seu contexto mais amplo”, conforme argumenta a diretoria.

Foto: Divulgação EEPROCAR

43 anos de foco na aprendizagem rural

Localização privilegiada da EEPROCAR é um dos diferenciais da escola

UNIDADES EDUCATIVAS DE PRODUÇÃO Na escola, os alunos são constantemente desafiados a utilizar as tecnologias alternativas, para propiciar uma visão integrada dos fatores de produção de uma propriedade rural. Para isso, a escola possui aulas teóricas e práticas nas Unidades Educativas de Produção (UEPS), onde acontecem os projetos de experimentação científica. As unidades são: Agroindústria, Apicultura, Aves de Corte e Postura, Cunicultura, Bovinos de Corte e Leite, Fruticultura, Olericultura, Ovinocultura, Silvicultura, Suinocultura, Piscicultura, Vermicompostagem, Máquinas e Lavoura. Nessas unidades, os alunos vivenciam o dia a dia do trabalho no campo e podem colocar ‘a mão na massa’. Do trabalho realizado nas unidades, parte é utilizada pela própria cozinha do educandário, para a elaboração das refeições servidas, que totalizam cinco ao dia. Na última fase do curso, os alunos devem criar projetos especiais na Unidade de Produção Olericultura. Os alunos assumem de forma total o controle da produção, desde programação de plantio até no uso de controladores de pragas e doenças. Toda a produção realizada no setor de Olericultura é feito com técnicas e manejos sustentáveis.

43 ANOS DE HISTÓRIA Em quase meio século de vida, a EEPROCAR se orgulha de ter como princípio norteador que a ‘produtividade integrada realiza a potencialidade humana’. Nesse sentido, a escola proporciona aos alunos do curso técnico condições de contínuo aperfeiçoamento pessoal e profissional. “Trabalha respeitando os preceitos da Legislação Vigente da Educação Profissional e as orientações emanadas da Mantenedora e da Superintendência da Educação Profissional do Estado do Rio Grande do Sul”.


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Ranking da FAO indica que Brasil utiliza menos defensivos agrícolas que países da Europa Organização mostra que o país ocupa a 44ª posição na lista de países que utilizam os defensivos. No consumo em função da produção agrícola, Brasil cai mais de posição: 58ª

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uso dos defensivos agrícolas no Brasil é, há algum tempo, tema de discussões fora das lavouras. Há quem afirme que o uso é indiscriminado e descontrolado por parte dos produtores rurais. O dia 3 de dezembro é todos os anos dedicado ao ‘combate aos agrotóxicos’. A data faz alusão a um acidente ocorrido em Bhopal, na Índia, na década de 1980, quando mais de 20 toneladas de gases tóxicos utilizados na fabricação de um pesticida, conhecido como Sevin, vazaram da fábrica. Para discutir e acompanhar a situação do uso de agrotóxicos, o Ministério Público Federal (MPF), Ministério Público do Trabalho do Rio Grande do Sul (MPT-RS) e o Ministério Público do Estado (MP/RS) criaram o Fórum Gaúcho de Combate aos Impactos dos Agrotóxicos. O fórum reúne 60 entidades, entre públicas e privadas. Uma formas de acompanhar o uso é através da realização de audiências públicas. Entretanto, há dados e números que comprovam que a utilização de defensivos no Brasil não é tão grande quanto parece. De acordo com a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) órgão ligado a Organização das Nações Unidas (ONU), o Brasil aparece em 44º posição no ranking de

países que utilizam as substâncias químicas. Os dados da entidade ainda mostram que o consumo relativo no país foi de 4,31 quilos por hectare cultivado em 2016. Sob o critério de consumo de defensivos em função da atividade agrícola, os brasileiros estão na 58º posição, com o uso de 0,28 quilos de defensivo por tonelada de produtos agrícolas. No balanço, foram utilizados os valores de produção de grãos, fibras, frutas, pulses, raízes e nozes e o consumo total de defensivos disponíveis no portal de estatísticas da FAO. Entre os países europeus que utilizam mais defensivos que o Brasil, aparecem Países Baixos (9,38 kg/ha), Bélgica (6,89 kg/ha), Itália (6,66 kg/ha), Montenegro (6,43 kg/ha), Irlanda (5,78 kg/ha), Portugal (5,63 kg/ha), Suíça (5,07 kg/ha) e Eslovênia (4,86 kg/ha). Para a professora do curso de agronomia da Universidade de Passo Fundo (UPF), com doutorado em fitopatologia pela The Ohio State University, nos Estados Unidos, Jaqueline Huzar Novakowiski, existe desinformação a respeito do uso dos defensivos. “Muitas críticas são provenientes de pessoas do meio urbano que não tem qualquer conhecimento sobre o meio agrícola e acabam opinando e influenciando muitas outras pessoas. E isso acaba criando

Ranking da FAO sobre o uso de defensivos por hectare cultivado / kg/ha 10 8

9,38 6,89

6

6,66

6,43

5,78

5,63

5,07

Irlanda

Portugal

Suíça

4

4,86

4,31

Eslovênia

Brasil

2 0

Holanda Bélgica

Itália

Montenegro

Fonte: FAO 2016

pânico na sociedade e críticas aos defensivos agrícolas”, diz. Sobre a comparação com países europeus, Jaqueline explica que os sistemas de produção são diferentes. No Brasil, país tropical e com duas a três safras agrícolas por ano, a incidência de pragas, doenças e plantas daninhas é maior, o que pode reduzir a produtividade das culturas.

CONTRIBUIÇÃO DOS DEFENSIVOS PARA ALTAS PRODUTIVIDADES

A professora destaca que os defensivos – comumente chamados de ‘agrotóxicos’ são uma ferramenta importante para a produção em larga, mas que o produtor não tem o poder de escolher se quer usar ou não, é necessário para manter a lavoura adequada. “Os defensivos agrícolas incluem produtos herbicidas, fungicidas e inseticidas, que auxiliam no controle de plantas daninhas, doenças e pragas, respectivamente. Nenhum produtor rural aplica herbicida, inseticida e fungicida porque quer, a aquisição dos produtos e a aplicação representam um custo elevado no processo produtivo”. “As cultivares disponíveis no mercado nem sempre apresentam níveis de resistência genética elevada e, assim, não são suficientes para garantir a obtenção de elevadas produtividades e proporcionar redução no custo dos alimentos”, completa.

MITOS E VERDADES

Ao longo dos anos, diz a professora, diversas pessoas têm afirmado que os alimentos orgânicos são melhores que os alimentos produzidos da forma convencional. Contudo, não há indicativos de que realmente sejam. “Vários estudos têm sido realizados e não se tem constatado que o produto orgânico, é nutricionalmente, superior ao produto convencional. O que se tem é um maior custo de produção do produto orgânico e maior valor agregado, o que acaba encarecendo esses produtos”, finaliza.

É POSSÍVEL UTILIZAR MENOS DEFENSIVOS?

Para responder a pergunta do subtítulo, Jaqueline salienta que é preciso o agricultor trabalhar em conjunto ao engenheiro agrônomo para definir as melhores estratégias de manejo. “Cada caso é um caso, não tem como generalizar, mas práticas como rotação de culturas e monitoramento durante a safra são recomendadas”.

CONTAMINAÇÃO

A intoxicação pelo uso de defensivos pode ocorrer com qualquer produto. A professora explica que a contaminação pode se dar de forma oral, pela ingestão; dérmica, pelo contato com a pele e via respiratória. “O glifosato é um herbicida e um dos produtos mais utilizados, mas não é o único. Se o produtor rural seguir as recomendações da bula e utilizar equipamento de proteção individual (EPI) pode-se minimizar o risco de intoxicação”, finaliza.

PERGUNTAS FREQUENTES AO MAPA

No site do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) existe uma página onde é possível ler as principais perguntas feitas sobre os defensivos agrícolas. Confira abaixo algumas perguntas e respostas. - Os alimentos produzidos no Brasil são seguros quanto aos resíduos de defensivos? Sim, nossos alimentos são testados e aprovados. Quando há resíduos, estão muito abaixo do que é permitido pelos códigos internacionais. Os alimentos produzidos no Brasil são exportados para 160 países, e testados tanto na saída do Brasil quanto na entrada em outros países. O Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos, realizado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), avalia constantemente a segurança dos alimentos em relação aos resíduos de defensivos agrícolas; - Com mais defensivos disponíveis, vai aumentar o uso nas lavouras? Não, ter mais marcas disponíveis no mercado não significa que se vai usar uma quantidade maior do produto. O que determina o consumo é a existência ou não de pragas, doenças e plantas daninhas. Os agricultores querem usar cada vez menos em suas plantações, pois os defensivos são caros e representam 30% do custo de produção; Como está o Brasil em relação a outros países? - Os critérios usados pelo Brasil são mais rígidos do que os de outros países. Se fôssemos usar a classificação internacional, o Sistema Globalmente Harmonizado de Classificação e Rotulagem de Produtos Químicos, conhecido como Sistema GHS, o índice de pesticidas classificados como extremamente tóxicos no Brasil passaria de 34% para cerca de 14%.


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