Banas Qualidade

Page 1

BANAS QUALIDADE • ISSN - 1676-7845 ANO XVIII • MARÇO DE 2010 • R$ 16,00 • 214

ANO XVIII • MARÇO DE 2010 • R$ 16,00 • Nº 214


Muito doce ou pouco doce. Se na vida não se pode errar na medida, na indústria muito menos.

Rede de Laboratórios de Metrologia SENAI. Nosso padrão de qualidade é tão exigente quanto o seu. Todo mundo se preocupa com medidas. Na indústria não é diferente. Para um produto ter qualidade, deve estar dentro dos padrões. E, para isso, a indústria brasileira pode contar com a Rede de Laboratórios de Metrologia SENAI. Uma estrutura moderna, com serviços técnicos especializados, profissionais capacitados e equipamentos de última geração. Rede de Laboratórios de Metrologia SENAI. Tecnologia e qualidade na medida certa.

www.senai.br unitec@dn.senai.br

AD MEDIDAS GAROTA 21x28.indd 1

1/14/10 7:23:15 PM


EDITORIAL

Gestão de qualidade em laboratórios Um laboratório, seja de que categoria for, necessita ter um programa de gestão para garantir ser tecnicamente competente e capaz de gerar resultados tecnicamente válidos. Quando a gestão é baseada na norma ISO 9001 e obtém a certificação pode não estar apto para demonstrar sua competência técnica ou que é capaz de produzir resultados de ensaios e/ou calibrações com a devida qualidade técnica. Assim, o credenciamento na norma ISO/IEC 17025 não é a mesma coisa que possuir o certificado ISO 9001, já que a aceitação de resultados de calibração e de ensaio entre países será mais fácil se os laboratórios operarem de acordo com esta norma internacional. Além disso, isso ficará mais relevante se conseguirem credenciamento de organismos de seus países de origem que fizeram acordos de reconhecimento mútuo com organismos equivalentes em outros países que usam esta norma internacional. Em resumo, a adequação das atividades gerenciais e técnicas do laboratório de acordo com os critérios da ISO/IEC 17025 deve ser vista não como um custo, mas como um investimento de médio e longo prazos e cujo retorno comercial e financeiro certamente será garantido pela comprovação da competência técnica do laboratório perante o mercado. O próprio Inmetro explica que a acreditação de laboratórios não é concedida para atividades de natureza subjetiva ou interpretativa, tais como expressão de opinião, investigação de falhas ou consultoria, mesmo que essas atividades sejam baseadas em resultados de calibrações ou ensaios objetivos. A acreditação é de natureza voluntária, sendo concedida para qualquer laboratório que realize serviços de calibração e/ou ensaio, em atendimento à própria demanda interna ou de terceiros, independente ou vinculado a outra organização, de entidade governamental ou privada, nacional ou estrangeiro, independente do seu porte ou área de atuação. Enfim, a implantação de um sistema de gestão da qualidade leva a benefícios externos, já que é uma das principais estratégias competitivas em diversas empresas. Para o laboratório, pode garantir a confiabilidade, a rastreabilidade, as condições técnicas e ambientais adequadas à realização dos ensaios, garantia da qualidade e relatórios de ensaios com as informações necessárias. Isso propicia a captação de novos clientes e a ampliação do mercado de atuação da organização, proporcionando a satisfação e a fidelidade do cliente. Também, melhora a imagem da empresa, o relacionamento com os fornecedores e a aceitação mútua dos serviços no mercado globalizado. Internamente, a organização ganha com a melhoria de resultados, ensaios mais confiáveis, com rastreabilidade e aumento de lucros, devido à redução de perdas e do desperdício. Definitivamente, a ISO 17025 beneficia entidades que atuam na área de ensaios e/ou calibrações através da padronização e harmonização dos ensaios e calibrações em nível internacional, aumentando a confiabilidade dos resultados emitidos, o aumento da capacitação técnica dos colaboradores envolvidos, o atendimento às necessidades do cliente que contrata os serviços do laboratório e o fomento à qualidade de vida, ao assegurar que os produtos e serviços consumidos e usados são avaliados por entidades competentes, e, portanto, cumprem efetivamente os requisitos de segurança e qualidade aplicados.

Hayrton Rodrigues do Prado Filho hayrton.prado@epse.com.br

www.banasqualidade.com.br • Março • 2010 • 3


sumário FUNDADOR: Geraldo Banas (1913-1999) CONSELHO EDITORIAL Anderson Martim Jacintho (ABS) Antonio Carlos da Silva (TÜV RHEINLAND) Antonio Carlos Machado (BRTÜV) Arnaldo Pereira Ribeiro (INMETRO) Carlos Henrique Rocha Figueiredo (SAS) Carlos Santos Amorim Júnior (ABNT) Cid Vieira (AENOR – SERV. DE CERTIFICAÇÃO) Dezée Mineiro (DQS DO BRASIL) Fabio Alves (DNV) Fábio Aurélio Bianco (MSC) Falcão Bauer (IN MEMORIAN) Faustino Vicente (AACQ) Francisco Sedeño (RINA) José Joaquim A. Ferreira (FCAV) José Ricardo da Silveira (SIEG) Juarez Távora Veado (IN MEMORIAN) Julio Fonseca (BSI) Luiz Cláudio Binato (Bureau Veritas Certification) Luís Carlos M.B da Silva (LLOYDS REGISTER) Luís Otávio Wey (WEY EXCEL) Márcio Abraham (SETEC) Marco Antonio Grecco D’Ellia (IPT) Marco Antonio Silveira (CenPRA) Nelson Marçal Blanco (PETROBRAS) Oceano Zacharias (QUALITY® CONSULTORIA) Péricles Arilho (UL DO BRASIL) Profº Jean Bodinaud (IEE/USP) Profº Luiz Carlos de Campos (NPT/PUC) Rafael Stannieder Pereira (BUREAU ACTA) Reginaldo Maia (GERMANISCHER LLOYD) Roberto José Falcão Bauer (L.A. FALCÃO BAUER) Rosemary Vianna (SGS-ICS) Walter Henriques (CERTA DO BRASIL)

36

DIRETOR GERAL Fernando Banas – fernando.banas@epse.com.br DIRETOR DE REDAÇÃO Hayrton R. do Prado Filho – hayrton.prado@epse.com.br REDAÇÃO Nathalie Gutierres – nathalie.gutierres@epse.com.br EXECUTIVOS DE NEGÓCIO André Castilho – andre.castilho@epse.com.br Humberto Siervo – humberto.s@epse.com.br Marisa Bernal (Projetos Especiais) – marisa.bernal@epse.com.br Regina Cabelo – regina.cabelo@epse.com.br GERENTE DE MARKETING E EVENTOS Christine Banas – christine.banas@epse.com.br SAC Tel.: (11) 5188-1515 – sac@epse.com.br DIRETOR OPERACIONAL/ASSINATURAS Susumu Furukawa – furukawa@epse.com.br EDITORAÇÃO ELETRÔNICA Adilson A. Barbosa – adilson.barbosa@epse.com.br CAPA DA EDIÇÃO Adilson A. Barbosa

Certificação ISO 9001:2000

EPSE – Editora de Produtos e Serviços Ltda. Rua Verbo Divino, 603 – 04719-001 – São Paulo – SP TEL.: (11) 5188-1515 – FAX: (11) 5188-1510

www.banasqualidade.com.br www.qualistore.com.br www.certificadas.com

BANAS QUALIDADE – MARÇO 2010 – Nº 214 PERIODICIDADE MENSAL IMPRESSÃO: Gráfica RR DONNELLEY

Número avulso: Assinatura anual: Assinatura anual no exterior:

R$ 16,00 R$ 168,00 US$ 185,00

Filiado à

4 • www.banasqualidade.com.br • Março • 2010

18

26


80 •

SUMÁRIO

Destaques Destaques 18 • OPINIÃO A propriedade intelectual em apoio aos sistemas de gestão da qualidade Sergio Garcia Negrão

26 • SISTEMAS DE GESTÃO Auditoria: sinônimo de tortura ou uma grande oportunidade de melhoria? Por que o processo de auditoria que deveria ser tranquilo e agregador, normalmente é visto como motivo

do pânico e terror nos momentos da verificação do que esta definido pela organização? Júlio César Fochesato e Evandro Dalpissol

36 • CAPA A consultoria com foco na gestão de pessoas Diante de um cenário da importância dos colaboradores na rotina das empresas, está a relevância das consultorias para a gestão de pessoas.

artigos/Seções artigos/sE 6 • CARTAS

50 • DIRETÓRIO DE CONSULTORIAS

8 • PELO MUNDO

56 • LIDERANÇA

As notícias da qualidade e da produtividade Jeannette Galbinski

10 • QUALITY PROGRESS

Uma distinção em seu QAP O Quality Assurance Program (QAP) ou Programa de Garantia da Qualidade é essencial para o processo de melhoria. Craig A. Niemann

14 • GARANTIA DA QUALIDADE

Um sinônimo de efetiva inter-relação dos seres humanos Alípio Silva Pereira

64 • MEIO AMBIENTE

A educação ambiental dentro das empresas Como as companhias têm se posicionado para promover as práticas dentro de seu cotidiano.

70 • COLUNA GESTÃO

A importância dos ensaios dos produtos da construção civil

72 • DESTAQUE/MERCADO

41 • MAPA DAS CONSULTORIAS

98 • PASSATEMPO

46 • CADEIA AUTOMOTIVA

MMOG/LE V3: uma ferramenta de excelência em logística Carlos Alberto Silva

76 • INDÚSTRIA PETROQUÍMICA

Seleção e aplicação de válvulas de controle Alguns subsídios para a seleção e correspondente aplicação dos tipos de válvulas de controle mais empregados na indústria petroquímica. André Rodriguez Gilio

82 • SBMÍDIA 84 • ISO 9001 x ISO 17025

O que há de comum entre essas normas para os laboratórios de ensaio e de calibração? Ao ser certificado pela ISO 9001, um laboratório atestará que executa suas tarefas/ensaios/ calibrações de acordo com um procedimento documentado e que atende aos requisitos da norma, enquanto que ao ser acreditado conforme a norma ISO 17025 vai além da execução de uma tarefa de acordo com um procedimento escrito.

88 • PRÊMIO BANAS EXCELÊNCIA EM METROLOGIA

Conheça as quatro empresas que conquistaram o prêmio no ciclo 2009 No início de fevereiro, foram anunciadas as organizações que, após passarem por um rígido processo de avaliação, conquistaram o Prêmio Banas Excelência em Metrologia.

92 • INSTRUMENTAÇÃO ANALÍTICA

Considerações gerais para a garantia da qualidade laboratorial Um resultado analítico torna-se confiável quando diversos fatores, como recurso humano, condições ambientais, metodologia de ensaio, instrumentação analítica e outros estiverem sob controle. Margarete Midori Okazaki, Neliane F. Arruda Silveira e Margaret Yuriko Saiki

95 • PRODUTOS & SERVIÇOS www.banasqualidade.com.br • Março • 2010 • 5


CARTAS Os melhores resultados com a tecnologia de GIS Muitas consultorias apontam tendências de bons investimentos em Tecnologia da Informação e Soluções baseadas em geoprocessamento. Empresas que não alinharem suas estratégias a esta tecnologia de rápida evolução e de ampla popularidade serão ultrapassadas pelos seus concorrentes. Com uma visão otimista para 2010, os especialistas confirmam que o ano começa com uma movimentação visível de recuperação, prevendo um aumento substancial nos gastos com TI. Uma das principais tendências é o GIS, que utilizada em mais de 50 países pode fornecer soluções completas, dinâmicas, precisas e com boa relação custo/benefício trazendo uma gama de oportunidades para uma infinidade de aplicações, vejamos algumas delas: A solução atualmente vem apresentando resultados aparentes no mercado corporativo, os benefícios são muitos, mas o mais importante é que garante menores riscos de investimento e melhor eficiência do planejamento estratégico, inteligência competitiva e tomada de decisões nas empresas. Dizem os especialistas em marketing e de outras áreas competentes que a ferramenta consegue medir os mercados regionais de forma precisa e analisar áreas de influência, desempenho comercial de cada setor, volumes de vendas por segmento, estados e municípios, definir objetivos de vendas e maximizar oportunidades de crescimento em função do grau de atratividade de cada zona/segmento, otimizar o investimento em infraestrutura como ponto de vendas e pontos logísticos, através do estudo da localização ideal desses pontos em função da distribuição geográfica dos clientes e da concorrência, otimizar rotas de visitas a clientes, definindo território de venda e assistência técnica além de permitir análises complexas e melhor visualização das informações entre outros. Grandes empresas nacionais de diversas áreas, multinacionais, governamentais, municipais e de diversos outros segmentos, vêm se utilizando da ferramenta como estratégia de vendas e marketing ou para aumento

Colaborações

de produtividade na área agropecuária, proporcionando uma melhor visualização de sua operação sem a perda de dados de toda infraestrutura. Galinha dos ovos de ouro, desculpe a expressão, mas hoje esta é a solução. Em outras palavras, marketing geográfico é uma das melhores estratégias de vendas tecnologicamente falando, proporcionando o maior sucesso já implantado nas empresas, isso pode contribuir em qualquer empreendimento comercial. Carlos Eduardo R. Fernandes kadu@wunderwerke.com.br

Você sabe o que custa R$ 13.575,00 o litro? Sinceramente, não sei se o cálculo desse exemplo abaixo está correto, mas outro dia, entrei num supermercado para comprar orégano e adquiri uma embalagem (saquinho) do produto, contendo 3 g, ao preço de R$ 1,99. Normalmente esse tipo de produto é vendido nos supermercados em embalagens que variam de 3 g a 10 g. Cheguei em casa e resolvi fazer os cálculos e constatei que estava pagando, proporcionalmente, R$ 663,33 pelo kg do produto. Será que uma especiaria vale tudo isso? Agora, com mais estes exemplos (abaixo) de produtos vendidos em pequenas porções, fico com a sensação que as indústrias utilizam-se “espertamente” desse procedimento para desorientar o consumidor, que perde totalmente a percepção real do valor que está pagando pelos produtos. Todos os fabricantes e comerciantes deveriam ser obrigados por lei (mas uma?!) a estamparem em locais visíveis, os valores em kg, em metro, em litro etc. de todas e quaisquer mercadorias com embalagens inferiores aos seus padrões de referências. Entendo que o consumidor tem o sagrado direito de ter a percepção correta e transparente do valor cobrado pelos fabricantes e comerciantes em seus produtos. Vejam o absurdo: você sabe o que custa quase R$ 13.575,00 o litro? Resposta: tinta de impressora! Já nos acostumamos aos roubos e furtos, e ninguém reclama mais. Há pouco tempo, as impressoras eram caras e barulhentas. Com as impressoras a jatos de tinta, as impressoras

Para se comunicar com a revista

Quaisquer artigos ou colaboração devem ser enviadas ao Diretor-Editorial: hayrton.prado@epse. com.br ou redacao@banasqualidade.com.br Banas Qualidade não se responsabiliza pelos conceitos emitidos nos artigos assinados. É permitida a divulgação das informações desde que citada a fonte.

6 • www.banasqualidade.com.br • Março • 2010

Tel.: (11) 5188-1515 • Fax (11) 5188-1510

ASSINATURAS assinaturas@epse.com.br PRODUÇÃO producao@epse.com.br PUBLICIDADE publicidade@epse.com.br REDAÇÃO redacao@epse.com.br

matriciais domésticas foram descartadas, pois todos foram seduzidos pela qualidade, velocidade e facilidade das novas impressoras. Aí, veio a grande sacada dos fabricantes: oferecer impressoras cada vez mais e mais baratas, e cartuchos cada vez mais e mais caros. Nos casos dos modelos mais baratos, o conjunto de cartuchos pode custar mais do que a própria impressora. Olhe só o cúmulo: pode acontecer de compensar mais trocar a impressora do que fazer a reposição de cartuchos. Veja este exemplo: um modelo de impressora de uma marca considerada top de linha é vendida, nas principais lojas, por aproximadamente R$170,00. A reposição dos dois cartuchos (10 ml o preto e 8 ml o colorido) fica em torno de R$ 130,00. Daí, você vende a sua impressora seminova, sem os cartuchos, por uns R$ 90,00 (para vender rápido). Junta mais R$ 80,00, e compra uma nova impressora e com cartuchos originais de fábrica. Os fabricantes fingem que nem é com eles; dizem que é caro por ser tecnologia de ponta. Para piorar, de uns tempos para cá, passaram a diminuir a quantidade de tinta (mantendo o preço). Um cartucho, com míseros 10 ml de tinta, custa R$ 55,99. Isso dá R$ 5,59 por mililitro. Só para comparação, a champagne Veuve Clicquot City Travelle custa, por mililitro, R$ 1,29. Só acrescentando: as impressoras da marca considerada top de linha, em no mínimo dois modelos, estão vindo somente com 5 ml de tinta! A outra marca, segunda no ranking, vende um cartucho para uma linha de impressoras, o cartucho com 5,5 ml de tinta colorida, por R$ 75,00. Fazendo as contas: 1.000 ml / 5.5 ml = 181 cartuchos R$ 75,00 = R$ 13.575,00. Veja só: R$ 13.575,00 por um litro de tinta colorida. Com este valor, podemos comprar, aproximadamente: 300 gramas de ouro; três TVs de Plasma de 42’; um automóvel popular 2003; 45 impressoras que utilizam este cartucho; quatro notebooks; oitos microcomputadores com 256 Mb. Ou seja, um assalto! Está indignado? Então, reveja seus conceitos, pois os fabricantes alegam que o consumidor não reclama de nada, e que perdeu a capacidade de se indignar! Alípio Silva Pereira qualipio@hotmail.com

Correspondência para esta seção O que deve conter: Nome completo, cargo ocupado na empresa, endereço para resposta, cidade e estado. Como deve ser enviada: Fax: (11) 5188-1510 – E-mail: redacao@banasqualidade.com. br – Correio: Rua Verbo Divino, 603 – 04719-001 – São Paulo – SP Por motivo de espaço, as cartas poderão ser publicadas resumidamente.



PELO MUNDO

Editado por Patrícia Sanchez

Frase do mês: “Reduzir o custo da qualidade é, de fato, uma oportunidade para aumentar os lucros sem aumentar as vendas, sem comprar novos equipamentos e sem contratar mais pessoas”. Philip Crosby, empresário e escritor norte-americano que contribuiu para a teoria da gestão.

Problemas na Toyota A montadora japonesa anunciou dois recalls significativos nos últimos meses, deixou de pagar bônus para muitos de seus diretores e empregados e operou no vermelho por três semestres consecutivos. Será que estamos presenciando uma rachadura na armadura da Toyota? Em novembro de 2009, a empresa comunicou a troca do pedal do acelerador em mais de 4 milhões de veículos só nos EUA. Foi o maior recall da história norteamericana. Não se sabe o custo dessa operação para a Toyota, mas o porta voz disse que a quantia está dentro do previsto pela montadora para casos similares. Depois, ainda no ano passado, a Toyota anunciou o recall de mais de 100 mil pick-ups Tundra anos 2002/03, alegando que o excesso de ferrugem pode fazer algumas peças se soltarem nas ruas, trazendo perigo aos motoristas e pedestres. A montadora não fala sobre os efeitos negativos dos recalls na sua imagem e lucratividade. Além disso, as vendas nos EUA caíram cerca de 25% só no último ano e a mesma tendência se repete no resto do mundo. Tudo isso acaba afetando a imagem de empresa, que teoricamente até então era “a melhor montadora”. A Toyota reafirmou que a segurança é ainda a sua maior preocupação e que continuará com os esforços de investigação e correção de possíveis problemas que forem identificados.

Para cortar custos, executivos favorecem o Benchmarking De acordo com uma pesquisa recente elaborada pela Bain &Co., consultoria norte-americana, o Benchmarking se tornou a ferramenta mais popular para executivos explorarem maneiras de cortar custos e mudar o rumo de suas empresas frente a recessão econômica atual. Mais de 1.400 executivos internacionais foram questionados sobre as ferramentas que utilizam para gerir suas empresas. Muitas dessas decisões são estabelecidas por metas de curto prazo e baixo custo.

8 • www.banasqualidade.com.br • Março • 2010

Sendo assim, sete em cada dez entrevistados se disseram preocupados com a maneira com que as metas de 2009 foram (ou não) atingidas e seis em dez estão se preparando para a recessão que imaginam durar até os primeiros meses de 2010. Essas preocupações são refletidas na popularidade crescente do Benchmarking como uma maneira de alcançar as metas de redução de custos. Além do Benchmarking, muitos executivos focaram em planejamento estratégico, missão e visão de suas empresas, relacionamento com o cliente e outsourcing para gerir suas organizações. Para mais detalhes sobre a pesquisa, visite: www.bain.com/bainweb/publications/publications_detail. asp?id=27075&menu_url=publications_results.asp

Prêmio Baldrige 2009 Cinco organizações receberão o Prêmio Nacional da Qualidade Malcolm Baldrige 2009, dos EUA. São elas: AtlanticCare, e Egg Harbour Township, vencedoras na categoria Cuidados com a Saúde; Honeywell Federal Manufacturing &Technologies, na categoria Produção; MidwayUSA, (pequenas empresas) e a VA Cooperative Studies Program Clinical Research Pharmacy Coordination Center, na categoria Empresas sem Fins Lucrativos. O Programa Baldridge é gerido pelo Instituto Nacional de Normas e Technologias (NIST), uma agência do departamento de Comércio dos EUA, e conta com o patrocínio e apoio administrativo da ASQ. Mais informações em: www.baldrige.nist.gov

Pesquisas rápidas No site da Quality Progress (www.qualityprogress.com), os leitores podem responder a uma pequena pesquisa todo mês. Confira os resultados da última enquete: Qual é a maneira mais eficaz de se conseguir um aumento de salário? • Tornar-se mais flexível no trabalho: 35.5% • Assumir mais projetos: 25.7%


PELO MUNDO

• •

Ir atrás de mais cursos e treinamentos: 23.5% Buscar mais certificações: 17.3%

Datas Históricas da Qualidade Em 1° de janeiro de 1924, nascia Genichi Taguchi, conhecido por desenvolver métodos estatísticos para melhorar a Qualidade e reduzir custos, geralmente chamados “Métodos Taguchi”. Taguchi nasceu em Takamachi, no Japão. Começou estudando Engenharia Têxtil e depois se interessou em Estatística. Após a Segunda Guerra Mundial, Taguchi trabalhou no Instituto de Estatística Matemática no período de 1948 até 1950 e lá contribuiu em experimentos relacionados à produção de Penicilina. Trabalhou no Electrical Communication Laboratory. Escreveu diversos livros, entre eles Experimental Design and Life Test Analysis e Design of Experiments for Engineers. Foi também professor da Aoyama Galkuin University, no Japão.

Como as normas ISO beneficiam e protegem o consumidor Normas internacionais exercem uma influência positiva em uma vasta e crescente gama de bens de consumo e serviços. Isso de acordo com a nova publicação, ISO and the consumer. O panfleto de quatro páginas fornece um panorama conciso das interações lucrativas que garantem que os interesses do consumidor estão sendo levados em consideração no desenvolvimento de normas que abrangem desde bicicletas e carrinhos de bebês, até segurança de produtos, recalls etc. Está disponível na ISO Store, no www.iso.org

ISO desenvolverá norma para a gestão sustentável de eventos Ninguém pode negar que conferências, shows, competições esportivas e festivais trazem benefícios sociais, econômicos e ambientais. Ao mesmo tempo, a realização desses eventos pode gerar desperdícios consideráveis e outros impactos negativos. Para equilibrar os esforços globais da indústria de eventos para lidar com esses desafios, a ISO desenvolverá uma norma internacional que promove a gestão sustentável de eventos. A norma será desenvolvida por um novo comitê de projeto da ISO e será a ISO/PC 250, Sustainability in event management (futura ISO 20121). Cerca de 30 países já estão envolvidos no projeto como participantes ou

observadores. Ela fornecerá uma estrutura que poderá ser utilizada por organizadores de eventos, locais de exibição e outros membros da cadeia de fornecimento. O objetivo é manter e melhorar a sustentabilidade dentro de suas ações. A ISO 20121 está com lançamento previsto para 2012, coincidindo com os Jogos Olímpicos de Londres.

Sustentabilidade nas licitações O ministério do Meio Ambiente participou da elaboração da Instrução Normativa do Ministério do Planejamento, publicada no final de janeiro, no Diário Oficial da União, que define as regras das compras governamentais sustentáveis que envolvem os processos de extração ou fabricação, utilização e o descarte de produtos e matérias-primas. Portanto, de agora em diante, a aquisição de bens e a contratação de obras e serviços pelos órgãos do governo federal terão que seguir critérios de sustentabilidade. As obras públicas serão elaboradas visando a economia da manutenção e operacionalização da edificação, redução do consumo de energia e água, bem como a utilização de tecnologias e materiais que reduzam o impacto ambiental, além de outras ações.

Destaque do Eldorado Gestão Em janeiro, o Eldorado Gestão recebeu no estúdio José Zeno Fontana, diretor de Operações da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), empresa ligada ao Ministério da Ciência e Tecnologia. Ele falou sobre o investimento em projetos inovadores de pequenas e grandes empresas e como esse tipo de financiamento funciona. No programa, falamos também sobre alguns dados interessantes, como o montante em empréstimos concedidos pelo BNDES em 2009 para empresas e projetos, que ultrapassou a casa dos R$ 130 bilhões. Não deixe de conferir o Eldorado Gestão, do qual participo junto com Márcio Abraham, comentando os principais destaques do mundo dos negócios. O programa vai ao ar todas as terças, às 14h30, e tem reprise aos sábados, às 13h, na Rádio Eldorado AM 700. Ouça todas as edições no www.territorioeldorado.com.br Jeannette Galbinski é bacharel em estatística pela Universidade de São Paulo, com especialização em administração industrial pela Fundação Vanzolini. Master of Science em qualidade assegurada e confiabilidade pela Technion, doutora pela Escola Politécnica da USP em engenharia de produção, diretora do Setec Consulting Group e comentarista do programa Eldorado Gestão, que vai ao ar semanalmente na Rádio Eldorado AM 700 – jgalbinski@setecnet.com.br

www.banasqualidade.com.br • Março • 2010 • 9


QUALITY PROGRESS

Uma distinção em seu QAP O Quality Assurance Program (QAP) ou Programa de Garantia da Qualidade é essencial para o processo de melhoria

[Craig A. Niemann]

U

ma das mais importantes funções em um laboratório de calibração é o QAP, que é crucial em criar uma cultura em que técnicos trabalham através do uso de um processo de melhoria para produzir um produto de qualidade que mantenha a conformidade com normas nacionais. A filosofia do QAP deve ser um sistema baseado em melhoria no lugar de um sistema baseado em conformidade. Melhor do que somente apontar o que não está conforme com diretrizes, o sistema deveria realizar a análise da causa raiz (da sigla em inglês RCA - root cause analysis) para melhorar o processo e prevenir a repetição de não-conformidades. Para mudar a cultura do local de trabalho e ajustar a consciência da mão-de-obra, todo o time de liderança deve estar dedicado à causa. Pode ser difícil transformar um QAP, especialmente se o ambiente atual tem um bloqueio mental – onde o QAP é visto como a polícia – mas os benefícios recompensam o esforço extra.

10 • www.banasqualidade.com.br • Março • 2010

O primeiro passo em estabelecer um sistema baseado em melhoria é abraçar uma filosofia focada em melhoria e os princípios que guiam o programa em uma base do dia-a-dia. Depois, a gestão será necessária para estabelecer um processo para provar o equipamento baseado na experiência e competência da força de trabalho. Então, a liderança deve escolher as pessoas certas para gerir o QAP e desempenhar as inspeções. Depois disso, concentrar em conduzir análise efetiva de não-conformidades para alcançar a causa raiz verdadeira e solicitar a ação corretiva efetiva. Finalmente, analisar os dados coletados para identificar tendências e fazer melhorias para processos no laboratório de calibração. Para realizar melhorias sistemáticas baseadas na análise de dados, entretanto, a gestão deve confiar na filosofia do programa. Enquanto a conformidade com especificações é um dos caminhos para identificar áreas para a melhoria, esse é apenas o primeiro passo em um sistema baseado em melhoria. Um sistema orientado de conformidade irá descobrir as


QUALITY PROGRESS condições de não-conformidade e ter o alinhamento técnico para colocá-lo dentro da tolerância. Um sistema baseado em melhoria não para quando lê um item fora de tolerância durante a calibração; no lugar, pergunta-se por quê. Um QAP baseado em melhoria é também um processo de abordagem centrado em vez de uma abordagem técnica centrada. Os técnicos individuais desempenham uma ampla – mas não somente – parte no processo de calibração. Por fim, o pessoal do QAP avalia todos os processos para a habilidade para produzir um item que é previsto às normas nacionais. Alguns técnicos desprendem um duro tempo ajustando para a abordagem baseada no processo, especialmente se o QAP anterior desgastou o bloqueio mental. Uma ênfase no processo de melhoria em todos os aspectos do QAP irá ajudar a facilitar a transição.

Nada além da verdade

linha. Em um sistema aberto, o técnico pode identificar os itens selecionados para revisão. Em contraste, um sistema fechado mascara esse dado do técnico. O sistema aberto previne as condições que retardam o processo no QAP porque permite a segregação de itens selecionados para inspeção. De outra forma, deixa aberta a possibilidade de técnicos reexaminarem os itens selecionados para inspeção. Uma força de trabalho mais experiente e confiável pode operar muito bem em um sistema aberto, ao passo que um sistema fechado geralmente funciona melhor para uma nova força de trabalho. A gestão também será necessária para decidir os critérios de amostragem para equipamento. Isso inclui a taxa de amostragem do equipamento e como ele é ajustado. Existem dois caminhos para determinar a taxa de amostragem – tanto por avaliação do laboratório

Adicionalmente ao foco do processo, a gestão deve estabelecer um ambiente consistente e honesto para ajudar técnicos a adaptar e a trabalhar um programa baseado em melhoria. Ao longo dessas linhas, o QAP deve fazer toda a tentativa para lidar com não-conformidades similares de uma forma simples. A falha ao fazer isso acrescenta outra barreira porque os técnicos irão se sentir apontados pela identificação de uma não-conformidade em uma instância, mas não em outra. É aceitável para o QAP afastar o modo como uma situação foi tomada no passado, mas tem que fazer com que todo o pessoal tome conhecimento da nova norma ou prática. Isso é onde a honestidade se torna crucial. Não deve ser nunca uma situação onde o QAP tem um segredo porque a interpretação será a de que o QAP está contribuindo para o fracasso dos indivíduos. O processo consistente, honesto, focado na abordagem deve permanecer completamente constante; entretanto, existem algumas orientações administrativas do QAP que podem variar com base na força de trabalho.

Aberto ou fechado? As operações do dia-a-dia deveriam mudar baseadas na força de trabalho. Uma questão é um sistema aberto contra um fechado para uma amostragem de fim de

www.banasqualidade.com.br • Março • 2010 • 11


QUALITY PROGRESS por completo ou por cada membro individual. A abordagem individual facilita à gestão quantificar o pobre desempenho individual, mas tende a desvirtuar do processo focado em QAP. Com um programa efetivo e flexível, é possível fazer um híbrido das taxas de amostragem. A abordagem do laboratório pode ter uma taxa global assim como outras taxas ajustáveis em tendências de não-conformidade. Isso permite a gestão focar em uma área de calibração total ou mesmo em um número de parte específico. O objetivo de atingir áreas individuais, técnicas ou parte delas deve somente ser para coletar dados adicionais para verificar uma teoria ou monitorar a eficácia de uma ação corretiva recente. De outro modo, os técnicos devem se sentir desnecessariamente atingidos e isso poderá dificultar esforços para que as pessoas venham a trabalhar com o programa. Uma abordagem coerente, honesta e baseada em processo irá percorrer um longo caminho para prevenir os indivíduos de se sentirem atingidos.

Não se preocupe por pequenas coisas Outro fator que irá mudar ao longo do tempo é quanto o foco está nos grandes problemas versus nos pequenos. Um dos subprodutos de um sistema baseado em melhoria é que como a quantidade de maior não-conformidades é reduzida, o QAP naturalmente tenta corrigir as não-conformidades menos significantes. Abordando isso cuidadosamente, por causa do foco nos aumentos das nãoconformidades menores, técnicos podem perder o verdadeiro foco no laboratório de calibração. Por exemplo, o laboratório encontra diversos problemas com a verificação do tamanho adequado do fusível no equipamento de calibração. Para corrigir os problemas, a gestão foca em informar e treinar técnicos sobre os dados a utilizar para verificar o fusível. Se isso é enfatizado muito fortemente, o técnico pode ficar muito preocupado sobre o ponto menor de usar os dados corretos para procurar um tamanho de fusível e perder o fato de que uma das normas usadas durante a calibração passou da data de vencimento. Isso não é para dizer que a gestão deveria ignorar as questões pequenas. Entretanto, o foco principal do QAP deve estar nas grandes – a conformidade e a precisão do equipamento.

12 • www.banasqualidade.com.br • Março • 2010

Realizando todos esses passos, serão definidas as bases para a transição de um sistema baseado em melhoria. O próximo passo é selecionar as pessoas certas para administrarem o programa e realizar revisões. Isso significa selecionar pessoal que tenha credibilidade técnica. Os técnicos devem acreditar que as pessoas que revisam seus trabalhos são competentes para desempenhar a tarefa. Uma das formas mais fáceis para garantir que as pessoas são da maior competência é selecionar os melhores técnicos para trabalhar como parte do QAP. Essa é uma decisão difícil para mover do banco algumas das pessoas mais produtivas e competentes tecnicamente, mas esse é o primeiro bloco da construção de um sólido QAP. Embora eles estejam sendo movidos para diferentes seções, eles ainda são parte da empresa e estão disponíveis para treinar outras pessoas nas tarefas difíceis. Ainda tem o benefício adicional de permitir outros a completar o vazio e aumentar o nível próprio de conhecimento deles enquanto mantém uma rede de segurança local. A gestão deve ainda considerar o temperamento do pessoal que executa as revisões. A melhoria do processo se torna muito mais difícil em um ambiente contraditório. A maioria dos técnicos tem grande orgulho de seu trabalho, e informar a eles uma nãoconformidade pode ser difícil. É por isso que os técnicos selecionados para o QAP devem ser equilibrados. O momento que os técnicos percebem que o revisor está feliz em descobrir a nãoconformidade, a grande credibilidade e cooperação necessária durante o RCA pode estar perdida. Após esses passos, haverá um laboratório no caminho de um sistema baseado em melhoria. Dois outros componentes de um bem sucedido QAP – RCA e análise de tendências – estarão colocados em um próximo texto. Fonte: Revista Quality Progress – março de 2008, páginas 52 e 53. www.asq.org © Tradução autorizada Tradução: Nathalie Gutierres

Craig A. Niemann é sargento da força aérea norte-americana locado em Heath, Ohio, tem atuado como avaliador de um processo de qualidade e é gerente de programa de qualidade. Ele recebeu sua graduação de associado do Community College of the Air Force em 1997. É membro sênior da ASQ e técnico certificado em calibração.


00

100

5

95

5

75

5

25

5

0

00

100

5

95

5

75

5

25

5

0


GARANTIA DA QUALIDADE

A importância dos ensaios dos produtos da construção civil O setor de construção civil tem uma importância significativa para o Produto Interno Bruto (PIB) e para o emprego. As atividades do setor dependem de fatores sazonais para determinar seu aquecimento, tais como condições climáticas, juros e incentivos dos governos

S

egundo o Banco Central (BC), houve um crescimento do crédito para o setor imobiliário e nem mesmo os efeitos da crise de 2009 conseguiram segurar os investimentos no setor, esses efeitos foram, em parte, compensados por medidas como redução do IPI dos materiais de construção e para a aquisição de novos imóveis. Conforme projeções realizadas por especialistas, em 2010 acontecerá um aumento de 50% na carteira de empréstimos. Porém, este aumento dependerá do aumento do PIB, do crédito imobiliário e do aumento da renda pessoal. Hoje o cenário é favorável para que estas previsões se realizem. Com a aproximação dos eventos da Copa do Mundo de Futebol 2014 e das Olimpíadas 2016, que

14 • www.banasqualidade.com.br • Março • 2010

parecem numa em primeira análise distantes, mas como são grandes eventos envolverão obras que necessitarão de uma mega infra-estrutura para sua realização. Aliado a isso, temos os programas lançados pelo governo, como o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o Minha Casa Minha Vida e o PBQP-H, que estão impactando e impactarão diretamente o setor de construção civil nos próximos anos, trazendo um forte aquecimento. Dentro da cadeia produtiva da construção civil, o setor de fabricação de produtos cerâmicos tem uma participação expressiva e, com isso, também será aquecido. Prevemos que o fortalecimento da economia vai garantir durante um grande período, o aumento da demanda de derivados de cerâmica.


GARANTIA DA QUALIDADE Vinculado a este aquecimento do setor cerâmico, está à preocupação das construtoras em adquirirem produtos de qualidade e que atendam às especificações normativas e aos projetos estruturais. Baseados nestes requisitos exigidos pelo setor de construção, as empresas cerâmicas começaram uma nova etapa em suas instalações, a de atualização do processo de produção e adequação dos produtos às exigências normativas. A qualidade destes produtos, já é tema de discussão em vários encontros realizados por entidades setoriais e organismos governamentais ligados ao setor. Varias ações são realizadas para tentar combater as tentativas de não conformidades intencionais praticadas por empresas que não tem como meta a fabricação de produtos com qualidade e que lesam o consumidor. Normas e portarias foram revisadas para que se possa reduzir ao máximo esta intencionalidade, já que infelizmente, a extinção total deste tipo de produto no mercado é muito difícil. A melhor forma de combater estas irregularidades seria a denúncia feita pelo próprio consumidor aos órgãos de fiscalização como o

Inmetro/Ipem. Uma importante iniciativa no combate a nãoconformidade vem sendo realizada pela Associação Nacional das indústrias Cerâmicas (Anicer) que vem coletando amostras em pontos de revendas e enviando para análise na Rede Senai de Laboratórios de Metrologia, que conta atualmente, com mais de 22 laboratórios voltados para a realização de ensaios cerâmicos em todo o Brasil. O desenvolvimento de materiais impressos, com o objetivo de sensibilizar os consumidores e as empresas também é outra ação que vêm apresentando resultados. O consumidor, tanto no varejo como nas construtoras, devem ter em suas mãos, informações sobre o que estão adquirindo, portanto, são ações deste porte que ajudam no combate a fabricação de produtos fora de normas. A diferença entre adquirir um produto normatizado e um produto fora de norma, pode ser verificada no quadro 1. A qualidade dos produtos pode ser observada em pequenos detalhes, um milímetro é muito pouco quando falamos em metro, porém, quando temos medidas limites de no máximo três milímetros, com

www.banasqualidade.com.br • Março • 2010 • 15


GARANTIA DA QUALIDADE

certeza um milímetro faz diferença. O consumidor precisa atentar-se para a qualidade na hora da compra, pois, a qualidade, de um modo geral, não interfere no preço do produto. Um diagnóstico recente demonstra que o consumidor está pagando por um produto fora de norma o mesmo valor que paga por um produto normalizado, embora o consumidor não se atente para este fato, a qualidade torna-se um item essencial. Podemos observar mais claramente no exemplo ilustrado no quadro 2, onde comparamos o bloco, a argamassa e o Homem/Hora para utilização destes componentes.

Em uma destas áreas de atuação está a de Cerâmica Vermelha, com mais de 22 laboratórios, acreditados ao Inmetro ou em fase de acreditação e qualificados pelo Programa PSQ.

Tabela resumida para blocos cerâmicos de vedação Paredes externas (mm)

Septos (mm)

Largura (cm)

Altura (cm)

19 9

29 39

Para cada milheiro de tijolos você economiza 140 Fora do Padrão padrão ECONOMIA (9x19x19) (7x17x17) BLOCO CERÂMICO

1.000 Tijolos

860 Tijolos

140 tijolos

ARGAMASSA

100 kg

86 kg

14 kg

Homem/ hora

10h

8,6h

1,4h

Fonte: Anicer – Programa Setorial da Qualidade

A normalização da cadeia produtiva de produtos cerâmicos se tornou uma ferramenta indispensável para a sociedade. A utilização de normas técnicas ajuda as empresas a racionalizar seus métodos de fabricação e de prestação de serviços, aumenta a qualidade, a segurança dos produtos e a preservação do meio ambiente. A Rede Senai de Laboratórios de Metrologia atua em mais de 15 áreas tecnológicas e conta com mais de 180 laboratórios presentes em todas as regiões do país.

16 • www.banasqualidade.com.br • Março • 2010

Comprimento (mm)

19 7,0

6,0

11,5

19

29 39 19

14

29 39

Fonte: NBR 15270-1

Dentro do cenário da construção civil, podemos dizer que os Laboratórios de Cerâmica Vermelha são de fundamental importância para que o desenvolvimento tecnológico do setor e a qualidade dos produtos caminhem juntos. Esses laboratórios estão preparados tanto no que diz respeito à execução de consultoria para as cerâmicas onde podemos atuar desde um simples diagnóstico preliminar de argilas até complexas consultorias para determinação de layout e melhoria do processo de fabricação, bem como nos ensaios.


GARANTIA DA QUALIDADE Em um mercado cada vez mais exigente por qualidade e novas tecnologias, os laboratórios aparecem como a principal opção no auxílio da busca da qualidade dos produtos oferecidos pelas empresas cerâmicas e também, na outra ponta, como o principal fornecedor de serviços laboratoriais para ensaios nos produtos adquiridos pelos consumidores e, principalmente, pelas construtoras que, para terem acesso aos programas disponibilizados pelo governo, precisam comprovar a origem e qualidade de seus produtos. A melhoria destes fatores permite para as empresas da cadeia produtiva da construção civil o aumento da competitividade, e a eliminação de barreiras técnicas. A utilização das normas como parâmetro para a produção de produtos ajuda na economia, previne acidentes, coíbe a não-conformidade intencional, fato que gera um círculo virtuoso que favorece o crescimento do país como um todo. Uma das medidas é saber a origem do produto adquirido e verificar se a empresa está qualificada no Programa Setorial de Qualidade (PSQ) através do site www2.cidades.gov.br/pbqp-h/projetos_simac_psqs2.

php. Mas isto não significa que uma empresa que não esteja qualificada no PSQ, não forneça produtos normalizados. Para tanto, basta observar as tabelas para blocos cerâmicos, onde se demonstram os principais critérios de sua normalização.

Tabela resumida para blocos cerâmicos estrutural Paredes externas (mm)

Septos (mm)

Largura (cm)

Altura (cm)

Comprimento (mm) 19

11,5

29 39 19

8

7

14

19

29 39 19

19

29 39

Fonte: NBR 15270-2

www.banasqualidade.com.br • Março • 2010 • 17


OPINIÃO

A propriedade intelectual em apoio aos sistemas de gestão da qualidade A propriedade intelectual pode ser definida como um conjunto de direitos atribuídos à atividade criativa. Aplica-se a obras científicas, artísticas e literárias, invenções, marcas, desenhos industriais, programas de computador, entre outros produtos da mente humana [Sergio Garcia Negrão]

P

ropriedade Intelectual é temática debatida internacionalmente envolvendo disputas políticas devido a questões ainda não resolvidas, como: definição dos objetos e limites de proteção; conciliação dos interesses de empresas inovadoras e detentores dos direitos de Propriedade Intelectual com os interesses da sociedade; e equilíbrio entre países desenvolvidos que dominam o conhecimento e fazem uso de mecanismos de proteção e aqueles que necessitam promover o desenvolvimento para reduzir a pobreza e melhorar a qualidade de vida da população1. O modelo atual de proteção da propriedade intelectual tem sua origem no século XV, quando os industriais reivindicaram o controle sobre a produção de bens manufaturados. Posteriormente, e com objetivo de maximizar seus lucros, esses mesmos atores reivindicaram também o controle sobre a distribuição e a comercialização de seus produtos, até então exercido pelos comerciantes, mediante a criação de um sistema de marcas. Com patentes para proteger a produção e marcas para defender a comercialização, o século XIX testemunhou o nascimento da propriedade industrial. No final do século XX, mais uma vez por reivindicação de setores industriais sediados em países desenvolvidos, o sistema internacional de propriedade intelectual sofre importantes mudanças a partir da assinatura do Acordo TRIPS. Uma delas é o fim da autonomia nacional no que se refere ao nível de proteção da

18 • www.banasqualidade.com.br • Março • 2010


OPINIÃO propriedade intelectual. A Organização Mundial de Propriedade Intelectual (OMPI), sediada em Genebra, Suíça2 é uma agência da Organização das Nações Unidas (ONU) responsável pela administração de diversos acordos internacionais relacionados à propriedade intelectual. Inicialmente ela tinha como objetivos promover, em nível mundial, a proteção da propriedade intelectual e dar apoio administrativo às uniões intergovernamentais estabelecidas por acordos internacionais3. Embora tenha perdido espaço, após a criação de OMC, a OMPI lida com os aspectos práticos da expansão do sistema internacional de propriedade intelectual4 e vem atuando de forma a contribuir para o fortalecimento do modelo inicialmente desencadeado pelo Acordo TRIPS (TRIP’s Agremente on Trade-Related Aspects of Intellectual Property Rights) da OMC5. O Acordo sobre os Aspectos dos Direitos de Propriedade Intelectual Relacionados ao Comércio (Acordo TRIPS), em abril de 1994 apresenta duas características importantes: primeiro, estabelece regras sobre os direitos de propriedade intelectual, que são mais rígidas do que aquelas vigentes na

ocasião nos países desenvolvidos; segundo, não reconhece a liberdade de cada país membro de adotar um arcabouço legislativo que favoreça o seu desenvolvimento tecnológico. Além disso, a OMC passa a dispor de mecanismos para penalizar seus membros que não cumprirem as regras estabelecidas nos acordos. Com a entrada em vigor do Acordo TRIPS, ocorreu uma uniformização das legislações nacionais de propriedade intelectual, de um modo que não considerou os diferentes níveis de desenvolvimento tecnológico dos países membros da OMC. Dessa forma, todos os países membros da OMC devem adotar padrões mínimos de proteção para todos os campos tecnológicos. A propriedade intelectual pode ser definida como um conjunto de direitos atribuídos à atividade criativa. Aplica-se a obras científicas, artísticas e literárias, invenções, marcas, desenhos industriais, programas de computador, entre outros produtos da mente humana. Em termos gerais, divide-se em duas categorias: direitos de autor e propriedade industrial, nas quais estão incluídas as patentes. A

www.banasqualidade.com.br • Março • 2010 • 19


OPINIÃO patente consiste num privilégio concedido pelo Estado como forma de premiar o esforço inventivo, desde que a inovação apresente novidade em relação ao estado da arte, resulte de atividade inventiva e tenha aplicação industrial6,7. O titular da patente, ao divulgar socialmente o seu conhecimento, passa a ter direitos exclusivos sobre a produção, uso, venda e importação de seu objeto, por um período limitado, findo o qual o produto ou processo adentra o domínio público. O regime internacional da propriedade intelectual tem sua origem a partir de duas convenções: a Convenção da União de Paris para a Proteção da Propriedade Industrial (CUP), de 1883, e a Convenção de Berna para a Proteção de Obras Literárias e Artísticas (CUB), de 18867. No que tange às patentes de invenção, a CUP8 assume papel fundamental na formação do regime ao estabelecer três princípios chaves: tratamento nacional, prioridade unionista e independência de privilégios. O tratamento nacional garante a cidadãos ou residentes de qualquer país membro os mesmos direitos concedidos aos cidadãos do país onde se busca a proteção (art. 2º). No caso da prioridade unionista, o primeiro a depositar um pedido de patente num país membro da CUP recebe um período de graça de doze meses para decidir sobre o depósito de seu pedido em qualquer outro país membro, tendo prioridade sobre direitos reclamados por terceiros que, durante esse período, publiquem, explorem ou depositem um pedido referente à mesma invenção (art. 4º). Por fim, o princípio da independência de privilégios salvaguarda a decisão soberana de cada país sobre a concessão da patente (art. 4bis). Ao longo do tempo, a CUP passou por seis revisões e uma emenda 9, tendo sido incorporada, em 1970, ao conjunto de tratados administrados pela recém-criada Organização Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI)7. O reexame periódico da CUP visava à incrementação do regime da propriedade industrial, não sendo sua adesão obrigatória a todos os países membros6,9. Assim, a CUP permitia a coexistência de diferentes regras aplicáveis a diferentes países, de modo a respeitar as necessidades advindas dos mais diversos níveis de desenvolvimento tecnológico e industrial. Segundo interesses nacionais, cada país pôde definir, internamente, os critérios de patenteabilidade como também os setores passíveis de proteção9. A partir dos anos 1970, teve lugar uma série de mudanças no cenário internacional que contribuiu para deslanchar um processo de reestruturação do regime da propriedade intelectual. O crescimento da

20 • www.banasqualidade.com.br • Março • 2010

economia mundial e o desenvolvimento de bens e serviços intensivos em informação possibilitaram a abertura de mercados competitivos com a presença de novos atores10. Beneficiando-se de legislações mais brandas em matéria de propriedade intelectual, países de industrialização recente, por meio de investimentos massivos em engenharia reversa para copiar e adaptar tecnologias, alcançaram posições de destaque no mercado mundial11,12. Empresas originárias de países desenvolvidos, em especial dos Estados Unidos, alarmadas com a queda em suas vendas, associaram sua perda relativa de competitividade à frágil observância dos direitos de propriedade intelectual13,14,15,16. Consequentemente, os governos desses países passaram a considerar a defesa dos direitos de propriedade intelectual como estratégica nas relações de comércio em vista da necessidade de proteger pesados investimentos em pesquisa e desenvolvimento (P&D), conter a expansão da indústria da pirataria e assegurar o prestígio de suas empresas. Nos anos 1980, iniciou-se um movimento pela mudança de fórum do regime da propriedade intelectual. Diante de impasses obtidos no seio da OMPI durante discussões visando ao encrudecimento do regime, assim como da ausência de um mecanismo capaz de efetivamente obrigar o respeito aos direitos de propriedade intelectual, os Estados Unidos, seguidos dos países europeus e do Japão, passaram a imputar sanções bilaterais no comércio com países considerados infratores11. Atendendo ao forte lobby das indústrias química, farmacêutica e de informática, esses países mobilizaram-se em prol da inclusão do tema de propriedade intelectual na agenda da Rodada Uruguai (1986-1994) de discussão do Acordo Geral sobre Comércio e Tarifas (GATT)6,14,15,16. Utilizando como moeda de troca concessões tarifárias nos setores têxtil e agrícola, de particular interesse dos países em desenvolvimento, o grupo de países desenvolvidos colocou em marcha a negociação de um novo tratado multilateral em matéria de propriedade intelectual, logrando impor regras mais rígidas consoante ao padrão que já vigorava em suas leis internas17. O TRIPS constituiu assim um dos acordos que integra a Ata Final da Rodada Uruguai, assinada em 1994, que criou a OMC. O Acordo TRIPS institui padrões mínimos de proteção aos direitos de propriedade intelectual que devem ser obrigatoriamente internalizados pelos países membros da OMC. Ademais, o TRIPS, ao consagrar o vínculo entre propriedade intelectual e


OPINIÃO comércio, permite fazer uso do mecanismo de solução de controvérsias da OMC (art. 64), como meio de assegurar a observância às suas normas sob ameaça de sanções contra infratores em qualquer área de comércio18. Estabelece-se, portanto, a base para um regime rígido, amplo e uniforme. As patentes, mais especificamente, estenderam-se a todos os setores tecnológicos, sem possibilidade de discriminação quanto ao fato de os produtos serem importados ou produzidos localmente (art. 27.1), por um período mínimo de vinte anos a contar da data de depósito (art. 33). Dessa forma, os países ficaram impossibilitados de exigir a fabricação local dos produtos patenteados e deixaram de contar com a possibilidade de adequar o grau e o tempo de proteção conferidos segundo suas necessidades de desenvolvimento, como era anteriormente facultado pela CUP.

Períodos de transição A única concessão feita com respeito aos diferentes níveis de desenvolvimento sócio-econômico dos países membros diz respeito ao estabelecimento de

períodos de transição diferenciados (art. 65 e 66). O Acordo TRIPS entrou em vigor em janeiro de 1995, tornando-se obrigatório para os países desenvolvidos um ano depois. Países em desenvolvimento e países de economia centralizada tiveram até o início de 2000 para adaptar suas leis nacionais. Adicionalmente, para países em desenvolvimento que, antes da assinatura do TRIPS, vedavam direitos de propriedade a setores tecnológicos específicos, foi permitido o prazo de até 2005 para estenderem a proteção a esses setores. Países menos desenvolvidos tiveram até 2006 para internalizar o Acordo TRIPS. Já, para os produtos farmacêuticos, o prazo foi estendido até 201619. Os países desenvolvidos seguiram pressionando pela adesão imediata dos demais países à integralidade do Acordo TRIPS14,17. No caso do Brasil, antes mesmo da assinatura do Acordo TRIPS, o país vinha sofrendo duras sanções comerciais dos Estados Unidos20,21,22 em virtude da não patenteabilidade de produtos e processos farmacêuticos expressa no Código da Propriedade Industrial de 1971 (art. 9º)23. Em 1996, antes de findo o período de transição, o Brasil acabou por ceder à investida norte-americana

www.banasqualidade.com.br • Março • 2010 • 21


OPINIÃO e aprovou uma nova Lei da Propriedade Industrial (LPI)24, que antecipou, para 15 de maio de 1997, a concessão de patentes no setor farmacêutico (art. 243). Além disso, a LPI estabeleceu interinamente um sistema denominado pipeline, permitindo o depósito de pedidos de patentes cujo objeto não tivesse sido colocado em nenhum mercado ou que terceiros não tivessem realizado esforços para sua exploração no Brasil (art. 230 e 231), com privilégios válidos pelo período remanescente da patente concedida no país de origem, não excedendo vinte anos. Assim, não apenas o Brasil abriu mão do período de transição previsto no Acordo TRIPS, como o sistema pipeline possibilitou a proteção de conhecimentos que já se encontravam no domínio público6. Ainda que os países não estejam obrigados a conceder um nível de proteção além do preconizado pelo Acordo TRIPS, discussões visando ao incremento dos direitos de propriedade intelectual têm avançado nos planos global, regional e bilateral, por meio da inclusão da matéria em acordos de comércio. Esse movimento vem favorecendo a expansão desses direitos a novos campos, bem como a extensão do período de proteção25,26. As denominadas cláusulas TRIPS plus, presentes em acordos regionais e bilaterais de comércio, restringem, ainda mais, o espaço de manobra para os países em desenvolvimento responderem às demandas políticas internas. A própria geração dos ativos intangíveis é condicionada de forma crescente pelo ambiente institucional e fatores extra-empresas. Entre estes cabe destacar o estoque de conhecimento científico e tecnológico do país, a existência de universidades, institutos públicos de pesquisa, laboratórios privados de pesquisa, agências governamentais de pesquisa, revistas científicas e de negócios, relatórios e dados de pesquisas de mercado, além de outras fontes. Por sua vez, a criação de ativos, ainda que sob a égide das empresas, é um processo eminentemente social que inclui as instituições de educação públicas e privadas, programas de aprendizado, institutos públicos e privados de pesquisa, propriedades e gestão públicas (p. ex. portos, hospitais). Nesse sentido, é necessário implementar políticas de desenvolvimento científico e tecnológico que potencializem a geração e aproveitamento de ativos intangíveis de propriedade intelectual. Igualmente relevante, impõe-se a modernização dos sistemas de gestão da propriedade intelectual. Exigem investimento contínuo ao longo do tempo, para aumentar sua qualidade e redirecionar os esforços de

22 • www.banasqualidade.com.br • Março • 2010

maneira que não sejam depreciados. Em termos específicos, torna-se imperiosa a formulação e implementação de políticas de desenvolvimento científico e tecnológico que criem e potencializem a possibilidade de geração e aproveitamento de ativos intangíveis de propriedade intelectual para a promoção do desenvolvimento e a necessidade de modernizar os sistemas de gestão da propriedade intelectual. Esta necessidade foi enfatizada por Santos (2000) ao expor a experiência cubana de utilizar o sistema de patentes como instrumento de prospecção tecnológica em benefício das empresas quanto de institutos de pesquisa. A propriedade intelectual é dividida em duas diferentes áreas, cada qual regulada por princípios e legislação específica. O direito autoral visa à proteção de obras artísticas, literárias e científicas, desde que possam ser consideradas criações com originalidade e trazidas à exteriorização (como pinturas, esculturas, livros e músicas) e a propriedade industrial visa à proteção de criações intelectuais com aplicação industrial e/ou comercial (como patentes, desenhos industriais, marcas, nomes comerciais e segredos industriais). O direito autoral é um direito personalíssimo, estritamente ligado ao seu autor. Sua proteção deriva da própria criação da obra, independendo de registro, o qual, se obtido, tem efeito meramente declaratório. A proteção da propriedade industrial, no entanto, depende de registro regularmente obtido no órgão competente para que seja constituído o título de propriedade, que é ligado ao objeto da criação, não ao seu autor. A propriedade intelectual é governada pela Constituição da República, bem como por diversas leis ordinárias, dentre as quais a Lei de Direito Autoral (Lei 9.610 de 19/02/1998) e a Lei da Propriedade Industrial (“LPI” - Lei 9.279 de 14/05/1996). O Brasil é também signatário de diversos tratados internacionais sobre a matéria, dentre os quais destacamos a Convenção de Paris de 20/03/1883, que protege os direitos de propriedade industrial, a Convenção de Berna de 09/09/1886, que protege os Direitos Autorais e o TRIPs, Trade Related Intellectual Property Rights, que versa sobre assuntos de propriedade intelectual relacionados ao comércio, assinado pelo Brasil no âmbito da Rodada Uruguai do GATT (General Agreement on Tariffs and Trade) em 1994. A propriedade industrial é o feixe de direitos derivados da inteligência humana, que têm aplicação prática na indústria e/ou no comércio. É o conjunto


OPINIÃO de bens imateriais desenvolvidos pelo fabricante e/ou comerciante, os quais são utilizados para distingui-lo dos demais no mercado. A propriedade industrial é amplamente protegida no sistema jurídico pátrio, tanto por leis ordinárias, como a LPI, a Convenção de Paris e o TRIPs, como por disposições constitucionais. Nesse sentido, o artigo 5º, inciso XXIX, da Constituição Federal de 1988, dispõe que “a lei assegurará aos autores de inventos industriais privilégio temporário para sua utilização, bem como para proteção às criações industriais, à propriedade das marcas, aos nomes de empresas e a outros signos (sinais) distintivos, tendo em vista o interesse social e o desenvolvimento tecnológico e econômico do país”. A proteção assegurada em nosso ordenamento, entretanto, somente respalda as criações industriais registradas perante o órgão nacional competente, o Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), que expedirá uma certidão constitutiva do título de propriedade do direito industrial. O INPI é uma autarquia federal com sede no Rio de Janeiro, criada em 1970, vinculada ao Ministério da Indústria, do

Comércio e do Turismo. Tem por finalidade executar, no âmbito nacional, as normas que regulam a propriedade industrial, tendo em vista sua função social, econômica, jurídica e técnica, bem como pronunciar-se quanto à conveniência da assinatura, ratificação e denúncia de convenções, tratados e acordos internacionais sobre a propriedade industrial. Referindo-se a Norma ABNT NBR ISO 9001:2008, os Sistemas de Gestão da Qualidade, como: documentação, manual da qualidade, controle de documentos, controle de registros, infra-estrutura, (equipamentos de processo, tanto materiais e equipamentos, quanto programas de computador), etc., realização do produto que abrange processos, projeto e desenvolvimento, que são protegidos por Lei. Entretanto, no desenvolvimento de novos produtos, novos processos ou modificações de processos, novos procedimentos, setores informatizados, adquirem valor agregado, podendo gerar patentes e direitos autorais, patentes de utilidades, novas marcas, e novos produtos em pesquisas e desenvolvimento da empresa, da sociedade, produzindo royalties para a nação, ao invés de remetê-los para o exterior para empresas globais.

www.banasqualidade.com.br • Março • 2010 • 23


OPINIÃO Na prática representaria ganhos não apenas para quem produz a tecnologia, produto, pesquisa cientifica, empresas, usuários, distribuidores, revendedores, clientes e para o povo, além de ganhos consideráveis com a arrecadação de impostos que poderão ser revertidos em benefícios à população e à sociedade. Como política de desenvolvimento social e do Brasil, os governantes deveriam desburocratizar o INPI, com taxas acessíveis, facilitando os processo de registro, subsidiar as patentes, que renderão frutos e lucros no futuro. A evolução político-social desse direito: de convenção, destinada a proteger os economicamente mais fracos, como os autores pessoas físicas e os artistas, transformou-se em bons negócios para as empresas gravadoras e de comunicação em geral, chegando hoje a significar importante fonte geradora de receitas, a ponto de abalar o PIB (Produto Interno Bruto) tanto de países remetentes, como de receptores, dos chamados “royalties”. Sendo necessário e vital para o país, atuar em todas as áreas do conhecimento, tanto tecnológico, científico e social. Referências 1. Buainain AM, Carvalho SMP, Paulino SR,Yamamura S. Propriedade intelectual e inovação tecnológica: algumas questões para o debate atual. http://www.desenvolvimento.gov.br/arquivo/ secex/sti/indbrasopodesafios/coletanea/ofuti ndcadprodutiva/ AntonioMarcio.pdf (acessado em 10/Jul/2007). 2. World Intellectual Property Organization. The beginning. Geneva: World Intellectual Property Organization; 2003. 3. Bermudez JAZ, Epsztejn R, Oliveira MA, Hasen- clever L. O Acordo TRIPS da OMC e a proteção patentária no Brasil: mudanças recentes e implicações para a produção local e o acesso da população aos medicamentos. Rio de Janeiro: Escola Nacional de Saúde Pública, Fundação Oswaldo Cruz; 2000. 4. Gontijo C. Propriedade industrial no século XXI: direitos desiguais. Brasília: Instituto de Estudos Socioeconômicos/ Rede Brasileira pela Integração dos Povos/Comércio com Justiça/Oxfam International; 2003. 5. Correa CM, Musungu SF. The WIPO patent agenda: the risks for developing countries. Geneva: South Centre; 2002. 6. Barbosa ALF. Sobre a propriedade do trabalho intelectual: uma perspectiva crítica. Rio de Janeiro: Universidade Federal do Rio de Janeiro; 1999. 7. World Intellectual Property Organization. WIPO intellectual property handbook. 2nd Ed. Geneva: World Intellectual Property Organization; 2004. 8. Paris Convention for the Protection of Industrial Property. http://www.wipo.int/treaties/en/ip/paris/trtdocs_ wo020.html.

24 • www.banasqualidade.com.br • Março • 2010

9. Bodenhausen GHC. Guide to the application of the Paris Convention for the Protection of Industrial Property as revised at Stockholm in 1967. Geneva: World Intellectual Property Organization; 1991. 10. Fink C, Primo-Braga CA. How stronger protection of intellectual property rights affects international trade flows. Washington DC: International Bank for Reconstruction and Development; 1999. (Working Paper, 2051). 11. Kim L, Nelson RR, organizadores. Tecnologia, aprendizado e inovação: as experiências das economias de industrialização recente. Campinas: Editora da Unicamp; 2005. 12. Chaves GC, Oliveira MA, Hasenclever L, Melo LM. A evolução do sistema internacional de propriedade intelectual: proteção patentária para o setor 13. Coriat B, Orsi F. Establishing a new intellectual property rights regime in the United States: origins, content and problems. Research Policy 2002; 31:1491-507. 14. Correa CM. Intellectual property rights, the WTO and developing countries: the TRIPS agreement and policy options. Penang: Third World Network; 2000. 15. Rêgo ECL. Acordo sobre propriedade intelectual na OMC: implicações para a saúde pública nos países em desenvolvimento. Revista do BNDES 2001; 8:43-78. 16. Roffe P. La propiedad intelectual y el comercio internacional: las negociaciones multilaterales en el GATT. Integración Latinoamericana 1989; 14:24-31. 17. Scherer FM. The pharmaceutical industry and world intellectual property standards. Vanderbilt Law Rev 2000; 53:2245-54. 18. World Trade Organization. Agreement on trade-related aspects of intellectual property rights. http://www.wto.org/ english/docs_e/legal_e/27-trips.pdf. 19. World Trade Organization. Declaration on the trips agreement and public health. http://www.wto.org/english/ thewto_e/minist_e/min01_e/mindecl_trips_e.pdf. 20. Albuquerque EM. Sistemas nacionais de inovação e direitos de propriedade industrial: notas introdutórias sobre um debate necessário. Estudos Econômicos 1996; 26:141-304. 21. Barbieri JC. Sistemas nacionais de inovação e direitos de propriedade industrial: notas introdutórias sobre um debate necessário. Rev Adm Pública 2001; 35:107-29. 22. Varella MD. L’Organisation Mondiale du Commerce, les brevets, les médicaments et le rapport Nord-Sud: un point du vue du Sud. Revue Internationale de Droit Economique 2004; 18:79-117. 23. Brasil. Lei nº. 5.772. Institui o Código da Propriedade Industrial e dá outras providências. Diário Oficial da União 1971; 21 dez. 24. Brasil. Lei nº. 9.279. Regula direitos e obrigações relativos à propriedade industrial. Diário Oficial da União 1996; 14 mai.


OPINIÃO 25. Krikorian G. L’accès aus génériques. Enjeux actuels e propriété intellectuelle. Paris: AIDES; 2005. 26. Velasquez G. Bilateral trade agreements and access to essential drugs. In: Bermudez JAZ, Oliveira MA, editors. Intellectual property in the context of the WTO TRIPS agreement: challenges for public health. Rio de Janeiro: Escola Nacional de Saúde Pública, Fundação Oswaldo Cruz; 2004. p. 63-70. 27. Gabriela Costa Chaves; Maria Auxiliadora Oliveira, Lia Hasenclever; Luiz Martins de Melo, A evolução do sistema internacional de propriedade intelectual: proteção patentária para o setor farmacêutico e acesso a medicamentos, Rio de Janeiro, Escola Nacional de Saúde Pública, Fundação Oswaldo Cruz, 2009 28. Basso, M. O Direito Internacional da Propriedade Intelectual. Porto Alegre, Livraria do Advogado, 2000 29. Carvalho de Mendonça. Tratado de Direito Comercial Brasileiro. Rio de Janeiro, 1953 30. Fran Martins. Curso de Direito Comercial. Forense, Rio de Janeiro, 1998. Gama Cerqueira. Tratado da Propriedade Industrial. Revista dos Tribunais, São Paulo, 1982 31. Requião, R. Curso de Direito Comercial. Saraiva, São Paulo, 1995. Site do INPI na Internet

32. Site Interbrand na Internet Tavares Paes, P. R. Nova Lei da Propriedade Industrial, Lei 9.279 - 14/05/1996. Revista dos Tribunais, São Paulo, 1996 33. Carolina Hungria de San Juan Paschoal, Propriedade Intelectual, Marcas Retirado de: http://www.veirano.com. br/html/conteudo_artigos.cgi?ARTIGO=3 ®BuscaLegis. ccj.ufsc.br 34. SANTOS R., A. (2000) Value-Added Patent Information Services in Encouraging Technological and Industrial Development in Developing Countries in WIPO INTERNATIONAL CONFERENCE ON INTELLECTUAL PROPERTY, TRADE, TECHNOLOGICAL INNOVATION AND COMPETITIVENESS, Rio de Janeiro, Brazil, June 19 to 21, 2000. 35. Constance Marie Milward de Azevedo Meiners, Patentes farmacêuticas e saúde pública: desafios à política brasileira de acesso ao tratamento anti-retroviral, Rio de Janeiro, RJ, Escola Nacional de Saúde Pública, Fundação Oswaldo Cruz, 2009

Sergio Garcia Negrão é engenheiro - sganegrao@gmail.com

www.banasqualidade.com.br • Março • 2010 • 25


SISTEMAS DE GESTÃO

Auditoria: sinônimo de tortura ou uma grande oportunidade de melhoria? Por que o processo de auditoria que deveria ser tranquilo e agregador, normalmente é visto como o motivo do pânico e terror nos momentos da verificação do que está definido pela organização. Por que as pessoas escondem ou pelo menos tentam omitir aquilo que realmente é feito no dia-a-dia?

[Júlio César Fochesato e Evandro Dalpissol]

A

uditar, conforme a ISO 9001 (2000), requer dos auditores obterem um bom entendimento dos sistemas da empresa e da natureza do negócio. Por isso, é necessário que os auditores façam uma visita prévia à organização, familiarizando-se com os sistemas de gestão da organização. Esse trabalho facilitará o planejamento da auditoria e permitirá que o auditor tenha um bom conhecimento da organização. O valor que pode ser agregado a uma organização, como resultado de uma auditoria, pode ser aumentado ou diminuído pela avaliação que um auditor faz da resposta da organização a uma não conformidade, bem como pelo processo utilizado para o fechamento

26 • www.banasqualidade.com.br • Março • 2010

da mesma. Um auditor poderá agregar valor a uma organização, assegurando-se que a organização conduziu satisfatoriamente a ação corretiva e a análise da sua causa. O processo de auditoria é extremamente importante para garantir a conformidade do sistema e auxiliar a empresa a melhorar seus processos de negócio e garantir uma continuidade para o sistema. Um dos principais fatores de desempenho das organizações é a qualidade de seus produtos e serviços. Existe uma tendência mundial no sentido do aumento das expectativas do consumidor em relação à qualidade. A profundidade e a rapidez das mudanças tecnológicas, econômicas, sociais, políticas e culturais vem despertando a consciência de que é imprescindível romper com as práticas gerenciais obsoletas e que melhorias contínuas são necessárias para atingir e assegurar o bom desempenho organizacional. A grande maioria das organizações oferece produtos ou serviços destinados a atender às necessidades ou requisitos dos usuários, que frequentemente, são especificados. No entanto, as especificações técnicas por si só não garantem que os requisitos de um consumidor sejam sempre atendidos. Esse é o fato que tem levado as organizações a implantarem os sistemas de qualidade, tanto internamente como também nos próprios fornecedores e terceiros. A questão é: por que então que esse processo que deveria ser tranquilo e agregador, normalmente é visto como o motivo do pânico e terror nos momentos da verificação do que está definido pela organização. Por que as pessoas escondem ou pelo menos tentam omitir aquilo que realmente é feito no dia-a-dia? Através de experiências vividas, vou relatar o processo de auditoria, um processo que deveria servir apenas para verificar normas e procedimentos, mas costuma ser motivo de pânico e terror. Pessoas que deveriam mostrar como funciona o trabalho, de que


SISTEMAS DE GESTÃO forma é monitorado, o que garante que funciona corretamente não fazem isso. Em muitos casos acabam escondendo o que realmente é feito e mostram apenas aquilo que esta funcionando ou o que foi melhorado. Planilhas com indicadores interessantes, normas que atendem eficazmente as necessidades e procedimentos que resultam em atividades de grande retorno. Será que é isso que o auditor quer encontrar quando realiza uma auditoria? O principal objetivo desse artigo é demonstrar que de nada adianta uma organização definir metas ou indicadores e posteriormente mascarar o real resultado. Apresentar ainda que possuir certificação apenas para cumprir determinação de clientes e estampar na fachada não trará retorno algum. Após leituras em manuais de treinamento podemos definir que auditoria é um exame sistemático e independente, para determinar se as atividades da qualidade e seus resultados estão de acordo com as disposições planejadas, se estas foram efetivamente implementadas e principalmente se são adequadas à consecução dos objetivos da organização. Definimos ainda que o principal objetivo de uma auditoria é o de avaliar a necessidade de melhoria ou de ação corretiva. Não devemos confundir a auditoria com uma atividade de supervisão ou de inspeção. Encontramos em Hanlon (2005) uma compreensão preliminar do termo auditoria: “Uma auditoria é um exame formal de contas por meio de referências às testemunhas e aos comprovantes”. Essa descrição é muito útil porque enfatiza três aspectos: a necessidade de o processo de auditoria ser formal e, assim, ter credibilidade junto à alta direção; a necessidade de falar com as pessoas; e a importância de examinar evidências objetivas. Com a intenção de aprofundar ainda mais essa definição, fomos em busca de fundamentos na NBR 19011:2002. Aqui encontramos que a auditoria é um processo contínuo, documentado e independente para obter registros e apresentação de fatos e avaliá-los objetivamente para determinar a extensão na qual o conjunto de políticas, procedimentos ou requisitos são atendidos. Resumindo essa definição podemos dizer que não posso auditar o meu local de trabalho, anotar o que foi verificado e com isso verificar se os procedimentos da organização são atendidos. Voltando para Hanlon (2005) encontramos que a auditoria é dividida em três tipos: • Interna ou de Primeira Parte: onde os membros da organização auditam outros setores

da própria empresa. Serve para a análise crítica da alta direção e pode formar base para uma autodeclaração de conformidade; • De Segunda Parte: onde um cliente audita um fornecedor em algum ponto da cadeia, ou seja, o seu cliente auditando você ou você auditando o seu fornecedor; • De Terceira parte: essa auditoria e feita com a finalidade de certificações ou recertificações por representantes de organizações externas de auditoria independentes, tais como organizações que provêem certificados ou registros de conformidade com os requisitos da NBR ISO 9001 ou NBR ISO 14001. Tendo experimentado o processo de auditoria de ambos os lados, muitos auditores e auditados se questionam por que entram nessa tortura. Há razões para esse masoquismo: • As auditorias são valiosas para determinar se um fornecedor potencial tem capacidade de atender às necessidades de uma organização; • As auditorias podem ser usadas para determinar se uma empresa esta atendendo aos próprios requisitos do sistema ou de um cliente; • As auditorias podem ser usadas para assegurar a contínua adequação e eficácia de um sistema durante sua vida e todos sabem que as organizações podem parecer boas por um dia, mas elas poderão sustentar isso em longo prazo?; • E finalmente, as auditorias são fundamentais para o conhecimento do ambiente em que o profissional está trabalhando. As principais atividades do ciclo de auditoria são a auditoria de adequação, que determina se o sistema documentado atende aos requisitos dos critérios de referência, e a auditoria de conformidade, na qual a equipe de auditoria verifica a implementação e a eficácia do sistema de qualidade. A auditoria de conformidade consiste em quatro etapas principais: reunião de abertura; o processo de auditoria; reunião de fechamento; e relatório. Encontramos em Hanlon (2005) uma figura que representa muito bem esse roteiro que deve ser seguido (figura 1).

Reunião de abertura A maioria das reuniões de abertura ocorre sem quaisquer complicações. Isso é especialmente verdadeiro quando a preparação inicial e o planejamento detalhado foram executados profissionalmente. A reunião de abertura é um meio para esclarecer e verificar aspectos que, na verdade, já

www.banasqualidade.com.br • Março • 2010 • 27


SISTEMAS DE GESTÃO devem estar entendidos por ambas as partes. Os auditores necessitam se lembrar de que essa é uma reunião e, consequentemente, os protocolos normais são aplicáveis. É aconselhável ainda que o auditor elabore uma lista de verificação para se preparar para a reunião (lista de presença, programa da auditoria, norma, materiais para apresentação...). O auditor líder deve confirmar o escopo e os objetivos da auditoria e reafirmar a garantia de confidencialidade das observações de auditoria. É aconselhável que seja feito um esclarecimento quanto à norma ou quanto à documentação contratual. Ainda que muita preparação tenha sido realizada, o auditado pode pedir para fazer algumas mudanças no programa de auditoria durante a reunião de abertura. Desde que atender a isso não comprometa o escopo e os objetivos da auditoria, a equipe auditora deve

28 • www.banasqualidade.com.br • Março • 2010

procurar ser tão flexível quanto possível. Não deve aceitar mudanças sem entender a razão da solicitação. Na reunião de abertura devem ser feitas perguntas sobre o processo de auditoria, mas não sobre interpretação da norma. Geralmente, a alta direção da organização auditada quer saber o que tem de fazer durante a auditoria. Nesse momento, o auditor líder deve lembrar que a gerência deve fornecer evidências de participação no projeto, dar acesso aos registros que se relacionam a análise crítica pela direção, estar acessível durante a auditoria para participar de entrevistas, assim como estar presente nas reuniões de abertura e fechamento.

O processo de auditoria Iniciamos lembrando que não se pode esquecer do elemento mais importante de uma auditoria: “Mostre-


SISTEMAS DE GESTÃO me”. Estamos executando uma auditoria para obter evidências objetivas e então determinar se os objetivos estão sendo atendidos. Uma espécie de complexo de Deus toma conta da personalidade de muitos auditores. Como o auditor raramente é desafiado e é visto como perito, isso é compreensível, por mais falho que possa ser. Mas o complexo de Deus contribui para a arrogância na postura do auditor, fria e intimidadora, pouco facilitando o processo de auditoria.(Tim O’ Hanlon, 2005, p. 94). Os auditores hábeis têm a capacidade de colocar as pessoas à vontade. Permitem que exista um bate papo informal para permitir que o auditado se posicione e, então, evoluem para as perguntas necessárias, em um ritmo que seja proporcional ao conforto do auditado e à administração do tempo necessário para o programa em geral. É de boa prática, assim como de boa educação, ser polido, amável e ajudar o auditado. Um auditor não deve sentir prazer com a ansiedade ou o nervosismo dos auditados. Os olhos e o rosto do auditor são os piores inimigos, porque frequentemente demonstram o sentido verdadeiro da reação do auditor à resposta

que o auditado acabou de dar. Não aparentar desconfiança é muito importante. Segundo Hanlon (2005), fazer anotações é a parte mais importante do processo de auditoria. Registrar datas, nomes, produtos, locais e outros detalhes são vitais se um relatório completo deve ser apresentado à administração do auditado. Imagine a seguinte situação: Na reunião de encerramento o auditor indicou um plano de projeto que não apresentou nenhuma evidência de estar sendo atualizado. A administração irá perguntar qual plano? Seria interessante se tivéssemos o número registrado para podermos localizar... Faça anotações sobre tudo o que acontece. Esteja preparado para parar a entrevista e explicar que você está tomando notas. Não faça anotações somente das coisas que estão erradas. Nunca deixe as anotações em local acessível. Quando as não-conformidades são detectadas o auditor deve levantá-las imediatamente. Se há evidência objetiva para sustentar uma nãoconformidade, então ela existe e, obter o acordo do auditado é menos difícil.“Isso é uma não-

www.banasqualidade.com.br • Março • 2010 • 29


SISTEMAS DE GESTÃO conformidade, você concorda?” Existem auditores que ficam um pouco satisfeitos quando começam a falar essas palavras, em decorrência de algum sentimento perverso de prazer quanto a identificar não-conformidades.

Reunião de fechamento As reuniões de abertura geralmente são calmas, mas o mesmo não pode ser dito da reunião de fechamento. Se a certificação for essencial para um grande pedido ou um contrato estiver em jogo, a administração do auditado será impetuosa em sua defesa quando todas as descobertas que possam colocar o negócio em risco. Os auditores não devem forçar o passo ou dar impressão que estão com pressa. Tal atitude causa aflição nos auditados e pode dar impressão de que a equipe tem dúvidas ou restrições sobre as conclusões da auditoria. O auditor líder geralmente apresenta uma visão global do processo de auditoria. Reafirma o escopo e os objetivos da auditoria, fazendo um rápido resumo do processo até o momento. Os pontos fortes são mencionados, seguidos das oportunidades de melhorias. Cada auditor apresenta suas próprias observações. Faz mais o sentido a pessoa que encontrou algo fazer sua apresentação. A apresentação de conclusões aos gerentes requer um grau de lógica. Haverá pouco entusiasmo em relação a um auditor que não consiga apresentar um relatório significativo que apresente à organização algo que ela ainda não saiba. De acordo com Hanlon (2005), as observações necessitam ser expressas em termos dos objetivos da auditoria: existe uma não-conformidade e estas são as consequências reais ou potenciais; existe uma oportunidade para melhoria e estes são os benefícios potenciais; existe evidência de falta de eficácia, como ilustrado pelo nível de reclamações de clientes, que estão maiores do que a meta. Enquanto a não-conformidade é apresentada, o auditado é solicitado a aceitar e assinar a nãoconformidade. Não é necessário que a administração do auditado especifique a ação corretiva nessa hora, afinal, os gerentes necessitam de tempo para pensar.

Relatório Terminada as atividades no auditado, cabe ao auditor-líder providenciar que seja redigido o Relatório da Auditoria, preciso, claro e conciso. Esse relatório deve conter informações tais como o objetivo e escopo da auditoria, identificação do cliente da auditoria,

30 • www.banasqualidade.com.br • Março • 2010

a relação da equipe de auditoria e das pessoas, do auditado, contatadas nas diversas etapas e locais visitados pelos auditores. A parte principal do relatório são as constatações da auditoria, que devem indicar, claramente, os critérios da auditoria que eles não atendem e as evidências de auditoria que suportam tais constatações. Como consequência dessas constatações e com referências a elas, pode ser feita uma relação das não-conformidades encontradas e, se for o caso, exigências de prazo para as ações corretivas e preventivas, tendo-se em vista, sempre, o acordado na reunião de encerramento. Durante a etapa de planejamento, é importante entender quem deve receber cópias de relatório. Alguns auditores podem produzir o relatório para a organização antes de deixar o local. O mais recomendado é que cópias de relatórios de nãoconformidade sejam deixadas com a administração do auditado, após a reunião de encerramento e o relatório ser entregue nas próximas duas semanas (Tim O’ Hanlon 2005). Segundo a NBR ISO 19011:2002, o relatório da auditoria deve ser emitido dentro do período de tempo acordado. Se isto não for possível, convém que as razões para a demora sejam comunicadas ao cliente da auditoria e convém que uma nova data seja acordada. A norma afirma ainda que o relatório da auditoria é de propriedade do cliente da auditoria. Convém que os membros da equipe da auditoria e todos os receptores do relatório respeitem e mantenham a confidencialidade do relatório. Com a emissão do relatório, encerra-se a auditoria. Contudo, algumas vezes, dependendo da natureza das ações corretivas ou preventivas a serem executadas, pode ser necessária uma auditoria de seguimento. Em alguns casos, essas ações de seguimento podem vir a ser incluídas em planos de auditorias, constantes do programa de auditorias, ainda a serem conduzidas. Para um relatório apresentar uma adequação com qualidade, é necessário: Clareza: deve ser escrito com palavras simples que expressem exatamente o pensamento. A estrutura da frase deve ser clara, as ideias obedecendo a uma ordem lógica e cada parágrafo contendo somente uma ideia central. Concisão: deve conter apenas o essencial e encerrar somente palavras e frases indispensáveis. Correção: a informação deve ser precisa, com uma redação livre de incorreções gramaticais, de grafia e de pontuação.


SISTEMAS DE GESTÃO Completeza: deve conter todas as informações relevantes verificadas durante a auditoria.

Características do auditor As pessoas são contrárias a qualquer tipo de investigação ou avaliação que possa identificar suas falhas. Por exemplo, em uma auditoria para avaliação de um fabricante, o responsável pela qualidade vê o auditor como alguém que está ali para criticar um esquema de trabalho por ele estabelecido. O pessoal do nível hierárquico inferior imagina que está diante de uma ação policial que objetiva puni-los por erros. A própria organização como um todo está ciente das consequências de um resultado insatisfatório nas relações comerciais vendedor-comprador. Em resumo, o clima psicológico não é dos melhores. A comunicação é um processo complexo de enviar e receber mensagens. Um comunicador efetivo utiliza todos os fatores da comunicação para se expressar. Lembre-se, uma vez que uma mensagem é comunicada e recebida é impossível reverter a situação. O auditor da qualidade tem a responsabilidade de tornar claras as mensagens que emite e também de estar atento para receber e dissipar as mensagens emitidas. Nós ouvimos com os olhos tão bem como com os ouvidos. Expressões faciais, e movimentos do corpo, mesmo que discretos, são transmitidos e são tão poderosos que a mensagem mais interior é transmitida. Agora, adiciona-se isso a entonação de voz, padrões de fala podem ser recebidos muito mais

do que uma simples pergunta. Esses fatores ocultos da comunicação podem transmitir mensagens que orientam a conversação. A qualquer momento, entrevistando pessoas durante uma auditoria, é muito fácil entender mal o que está sendo comunicado. Falhas na escuta podem deixar o auditor preocupado com a próxima pergunta. Esta distração cria a oportunidade para perder algo importante para a auditoria. Tornar-se um auditor observador exige alguma atenção para os detalhes combinados com o pensamento analítico para chegar a conclusões lógicas. Estas conclusões podem não ser relatadas até que elas sejam substanciadas por evidências objetivas. Isto inclui todos os aspectos de recebimento de mensagem e interpretação da comunicação – ter uma visão externa inquisitiva e observar visualmente o óbvio tanto quanto o obscuro. Existem momentos durante a auditoria onde as relações humanas podem perturbar a integridade da execução da auditoria. Demonstração de simpatia é sempre prejudicial para a auditoria. Demonstrar simpatia e compaixão para um indivíduo e então relatar uma evidência não é uma boa prática. Por outro lado, algumas pessoas podem tentar aplicar a simpatia ou compaixão do auditor para vencer sua própria causa através da força do relatório da auditoria. O auditor deve estar atento para essa tática também. A mais antiga armadilha usada pelas organizações não éticas é o suborno. Seu uso

www.banasqualidade.com.br • Março • 2010 • 31


SISTEMAS DE GESTÃO ainda ocorre e vem de várias formas. A maioria dos subornos é apresentada tão inocentemente e alguns auditores podem ter alguma dificuldade em identificá-los quando estes ocorrem. Algumas vezes, o suborno se apresenta na abordagem de bons amigos, como, por exemplo, o convite para uma partida de golfe ou o auditado ter por coincidência um ingresso sobrando para uma partida de futebol. O mais descarado suborno pode vir ainda como dinheiro, lembranças ou mesmo sexo. Nestas ocasiões, quando uma oferta for apresentada, o auditor deve imediatamente terminar a auditoria e documentar o evento no relatório para sua autoridade. É necessário que o auditor tenha um perfil profissional. É importante representar a empresa trajado para apresentar uma favorável impressão. A vestimenta adequada vai ajudá-lo a demonstrar a formalidade da auditoria e aumentar a própria confiança do auditor. O auditor deve também estar preparado para permitir eventuais erros humanos. Não deve se deter em motivos triviais. Esmiuçar desnecessariamente não irá auxiliar no apoio do auditado, nem tornará a auditoria mais concisa e prática. No final, uma auditoria pode ser uma experiência muito desagradável e estressante. O procedimento do auditor pode levar para resultados produtivos ou explosivos. Não incite nem participe de alterações verbais com o auditado. Isto pode facilmente criar descrédito e anular a auditoria. Esteja preparado para comportamento defensivo. A melhor maneira de evitar esta situação é deixar o auditado calmo logo cedo. Um sorriso e uma breve conversa não relacionada com a auditoria auxiliarão a aliviar as ansiedades. A cada auditoria, o auditor tem que enfrentar um conjunto de novas regras, fazer perguntas e obter cooperação para conseguir realizar o seu trabalho. Ele nunca conseguirá realizar um bom trabalho se não conseguir a cooperação das pessoas. Alguns auditores têm a noção clara de como as pessoas são importantes para a realização do seu trabalho enquanto outros podem sair dando pontapés e assustá-las. Mesmo conseguindo superar essa postura, alguns auditores não sabem como lidar com pessoas. Existem auditores internos muito bem intencionados, mas poucos são os que conhecem a arte de conquistar pessoas que possam ajudá-los em seu trabalho. A forma mais correta é a do auditor se colocar na posição do auditado. Se o auditor não atuar dessa maneira cometerá dois erros fatais:

32 • www.banasqualidade.com.br • Março • 2010

primeiro, ele fará com que as pessoas questionem seus posicionamentos com o argumento de que ele nunca passou por isso para compreender porque as pessoas erraram. Segundo, ele não conseguirá que os erros detectados sejam corrigidos. O auditor nesse momento representa uma ameaça. Eles o vêem como alguém que descobrirá seus erros, podendo até expô-los ao ridículo, relatando aos seus superiores. A melhor forma de se ter sucesso numa auditoria e passar para as pessoas envolvidas que você está analisando todo o sistema e não apenas erros individuais. Os erros só são importantes se eles estiverem inseridos no contexto total do sistema. O que você precisa é que o auditado lhe explique como funciona o sistema, ou o que atrapalha o seu trabalho. Esteja certo de que com essa abordagem as pessoas vão ajudá-lo no desenvolvimento de seus trabalhos. Para que se conquiste a confiança das pessoas, temos que informar o que será discutido com elas. Que ela terá oportunidade de regularizar qualquer falha antes da emissão do relatório final. Ou que as falhas que não possam ser regularizadas no transcurso dos trabalhos serão informadas à administração superior como em fase de regularização. Com isto, você estará criando uma parceria e não um jogo de polícia e ladrão. Não fale apenas das coisas erradas que você encontrou, fale também das coisas boas, pois é impossível que não existam virtudes nos ambientes que você está auditando. Também existe a postura de controle, autoritária, que tenta influenciar alguém ou pedir-lhe abertamente que ele faça aquilo que você esta mandando. Pelo lado encorajador você constrói a solução junto com a pessoa, ambos são responsáveis. Significa que as perguntas e respostas estão sendo construídas em conjunto, formando uma parceria para resolver problemas. Você também não deve se sentir em inferioridade quando as pessoas apresentam alternativas de solução diferentes das suas. Entenda que você pode não ter analisado todas as possíveis soluções. Você não é infalível, reconheça seus erros e, também, reconheça as ideias melhores que as suas. Na segunda semana do mês de julho, tive a oportunidade de conversar com Altair Antonio Toledo, diretor da KPMG Tax Advisors Ltda. A empresa oferece serviços de auditoria para apoiar organizações nacionais e internacionais a gerenciar seus riscos e obter sucesso. Toledo relatou que a principal dificuldade que o auditor encontra é a sonegação de informações, o que leva a perda de tempo e obriga o auditor a adotar alternativas para“driblar”esse obstáculo.


SISTEMAS DE GESTÃO Como já vimos em bibliografias, essa é uma prática comum, pois embora a própria empresa tenha contratado os serviços de auditoria, ela mesma julga necessário disfarçar ou até mesmo esconder algumas informações. Nesse caso, Toledo busca algumas alternativas para atingir o objetivo. Primeiro, o auditor começa a trabalhar com a cultura do auditado. Desde informações básicas já conhecidas, explicando novamente o processo, para que serve, enfim, tenta mostrar claramente para o auditado aquilo que ele já sabe ou pelo menos deveria estar sabendo. Caso o auditor não tenha sucesso na forma adotada para obter informações, a alternativa seguinte é a de conversar com o nível acima na estrutura hierárquica. Obviamente todo o processo vai consumir um tempo além do que foi programado para a realização da auditoria. A empresa auditora providenciará um documento solicitando mais prazo e justificando o motivo. Normalmente nesse tipo de situação os valores que foram previamente acertados sofrerão alterações. O diretor acredita que as empresas devem, antes

de solicitar uma auditoria, rever qual o objetivo, o que a empresa pretende fazer com o resultado de uma auditoria. Sabemos que muitas organizações contratam empresas certificadoras para obter apenas a certificação ou o diploma, ter “um rótulo” estampado na vitrine para que todos possam ver. Toledo chegou a fazer uma metáfora: “É exatamente igual ao acadêmico que visa apenas à obtenção do certificado. É só colar durante as avaliações que forem feitas durante o curso ou fazer os trabalhos com colegas que desenvolvem melhor o conteúdo que ele terá o objetivo atingido: O Certificado!”

Medo da auditoria Como vimos anteriormente, é a forma correta da coleta de informações que garante bons resultados no processo de auditoria. Quando estamos fazendo uma auditoria interna, devemos deixar bem claro que o processo é sério e que todos os fatos encontrados serão registrados e relatados. Sabemos que, em muitos casos, uma equipe de auditores internos não é vista como auditores de fato e sim continua sendo vista como colegas de trabalho.

www.banasqualidade.com.br • Março • 2010 • 33


SISTEMAS DE GESTÃO Em grandes organizações, esse problema pode ser amenizado no planejamento da auditoria. Como são diversas áreas a serem auditadas, podemos ter mais de uma equipe de auditores. Uma forma de tentar evitar o problema é direcionar os auditores para áreas diferentes daquelas em que estão inseridos no dia-a-dia. Mas então por que quando se fala em auditoria, normalmente as pessoas associam com um fantasma? Um exemplo claro de inibição começa nos indicadores determinados pela empresa para avaliação. Alguns desses indicadores, além de não medirem nada, ainda criam pânico pós-auditoria. Outro motivo é que geralmente o auditado se preocupa com a seguinte questão, que poderá ser feita ao terminar o processo de auditoria: Quem é o responsável por esse erro? Ou ainda: de quem é a culpa? Imagine a seguinte situação: se você tem um indicador que se refere ao número de nãoconformidades em auditoria. Sabe que quanto mais indicações, pior será o resultado. Então, a tendência do comportamento de um colaborador ao receber a auditoria em sua área é a de esconder ao máximo qualquer problema ou situação que ache não conforme. Essa atitude faz com que o auditor assuma o papel de “cão perdigueiro” que busca problemas, onde, na verdade, deveria estar avaliando a conformidade do sistema e garantir o seu resultado. Ah! E ainda o auditado pode comemorar após o processo com seus colegas de trabalho, pois o auditor encontrou apenas uma ou duas das diversas nãoconformidades que o seu setor tinha. Mas essa apreensão ou medo deve ser encarado de outra maneira. O papel do auditor é apenas verificar se as regras estabelecidas nos processos e atividades estão sendo cumpridas. O auditor aponta os pontos falhos, ou seja, o que se escreveu mas não foi cumprido, e não só isso, aponta oportunidades de melhoria, que irão abrir portas para até futuras inovações. Outro ponto muito importante no processo de auditoria é a postura que esses auditores internos devem ter. Nem sempre se tem a experiência de uma equipe de auditores de empresa certificadora e muitas vezes podem acabar desagregando valor ao processo de auditoria. As empresas costumam determinar fatores como habilidade e conhecimento para determinar quem são os auditores internos e se esquecem do comportamento. Em primeiro lugar, o auditor deve saber que não é o senhor da razão, mas sim entender o processo do auditado, registrando todos os acontecimentos para que depois possa tratá-los. Outro problema é a postura do auditor frente

34 • www.banasqualidade.com.br • Março • 2010

aos achados de auditoria. Alguns auditores quando encontram ou ouvem sobre alguma coisa que está sendo executada de modo errado, o fazem de forma a tornar público e expor os envolvidos ao ridículo. É preciso que eles entendam que estão tratando com pessoas e, desde que elas não façam as coisas de má fé, é importante orientá-las e não ridicularizá-las por suas falhas. Ou ainda quando são encontrados pequenos erros nos procedimentos. Deve-se levar em consideração quanto relevante é aquele erro, se cabe apenas uma observação ou se deve ser ignorado, pois erros de grafia, digitação ou mesmo de interpretação acontecem. Ressaltamos também que a postura e o que o auditor tem em mente são fundamentais. Sabemos que existem auditores que levam a sério a famosa oração de “Santo Murphy”, aquela que diz assim: Santo Murphy, padroeiro dos auditores, faça com que, se alguma coisa errada tiver sido feita eu a encontre. Mas, por favor, conceda-me a graça de não sorrir. Caso o auditor tenha em mente apenas encontrar problemas a qualquer custo, certamente o resultado da auditoria será prejudicado. Enfim, as auditorias são ótimas ferramentas para que possamos conhecer melhor a norma e os processos que estamos trabalhando, assim como um contexto geral de toda organização. Se ela for trabalhada corretamente, certamente é uma importante fonte de informações da empresa em relação ao desempenho dos processos e um grande direcionador de o que deve ser trabalhado para melhorar. Em geral, existe muita expectativa dos auditados quanto aos resultados da auditoria. Desta forma, o ambiente da auditoria pode ser amigável, tenso ou até hostil. A equipe dos auditores deve estar preparada para lidar com as diferentes situações de maneira bastante profissional. Aos auditados é importante reforçar que devem cooperar ao máximo durante o processo da auditoria. Tentar mascarar resultados ou omitir informações solicitadas apenas dificultará o trabalho. É interessante que a corporação oriente seus colaboradores para isso, afinal recursos estão sendo investidos e retorno do mesmo deverá existir. Um custo comum que uma empresa que não possui serviços de auditoria pode ter são multas por estar infringindo normas ou até mesmo a legislação. Em contrapartida, uma organização que publica relatórios transparentes sobre a eficiência da empresa atrai investidores menos duvidosos.


SISTEMAS DE GESTÃO De fato, há necessidade de uma boa formação por parte do auditor, pois cabe a ele agir da forma mais profissional possível. Essa forma profissional é encarar o seu auditado como um cliente no processo a ser gerenciado, o qual deve ter o máximo de profissionalismo empresarial. Ele deve, portanto, ter uma boa bagagem cultural na gestão de pessoas, assim como um bom controle emocional sobre as coisas. Assim, a capacidade de trabalhar com situações inesperadas e coletar informações precisas são algumas das características que compõem o perfil desejável de um auditor. É importante relembrar que uma auditoria bem estruturada é um valioso recurso gerencial na otimização de atividades e na verificação da qualidade, considerando-se os aspectos relacionados a riscos, custos e benefícios. Referências bibliográficas Arter, Dennis. Auditorias – Superando seu Cumprimento. Banas Qualidade, São Paulo, 2001. Baez, Victor Eduardo. ISO Série 9000 Auto-Avaliação. 3ª ed. Rio de Janeiro,1993. Crosby, Philip B. Qualidade é investimento. 7ª ed. Rio de Janeiro, 1999. DIRECTORY, M Serviços de Auditoria Disponível em <http://www.artigosinformativos.com.br/Servicos_de_ Auditoria-a954235.html>. Acesso em 15 ago. 2009. Frankenberg, Cláudio Luis Crescente. Gerenciamento de Resíduos & Certificação Ambiental. 1ª ed. Porto Alegre, 2000. Hanlon, Tim O’. Auditoria da Qualidade. 1ª ed. São Paulo:

Saraiva, 2005. Lucem Sistemas integrados de Gestão. Auditorias de Sistemas de Gestão da Qualidade e/ou Ambiental. Caxias do Sul, 2007. Lucem Sistemas integrados de Gestão. Auditor Interno. Caxias do Sul, 2007. MARTINS, Brian Lipczynski. O bicho papão se chama auditor? Disponível em <http://www.qualidadebrasil.com.br/ler.php?pag=ler_ artigo&id=223>. Acesso em 25 mai. 2009. Norma NBR ISO 19011:2002. Diretrizes pra auditorias de sistema de gestão da qualidade e/ou ambiental. ABNT Rio de Janeiro, 2002. Norma NBR ISO 9001:2000. Sistemas de Gestão da Qualidade. ABNT Rio de Janeiro, 2002. RAMOS, Cássio H. F. Auditoria interna da qualidademenos trauma mais resultado. Disponível em <http://qualytool.com/downloads/artigos/ AUDT367IO72FY.pdf>. Acesso em 12 jun. 2009. Rebelo, Antonio R. Coutinho. Auditorias da Qualidade. 1ª ed. Rio de Janeiro, 1994. Vicente, Faustino. Comunicação nas Auditorias. Banas Qualidade, São Paulo, 2001.

Júlio César Fochesato é bacharel em administração de empresas com Habilitação em Recursos Humanos pela Faculdade da Serra Gaúcha, aluno do Curso de Pós Graduação em Gestão da Qualidade e Certificações da FSG - julio.fochesato@marcopolo. com.br; e Evandro Dalpissol é professor orientador da Faculdade da Serra Gaúcha e graduado em tecnologia em processamento de dados pela Universidade de Caxias do Sul.

www.banasqualidade.com.br • Março • 2010 • 35


CAPA

A consultoria com foco na gestão de pessoas Diante de um cenário da importância dos colaboradores na rotina das empresas, está a relevância das consultorias para a gestão de pessoas [Nathalie Gutierres]

P

ara estar presente no mundo dos negócios e ainda conseguir uma posição de destaque diante de seus concorrentes, as empresas têm a necessidade de apresentar uma equipe muito bem estruturada para a execução de todos os processos nelas existentes. O grupo deve ser formado por

36 • www.banasqualidade.com.br • Março • 2010

colaboradores talentosos, preparados e motivados para seguirem em busca do sucesso em seu ramo de atividade. Antes de mais nada, deve-se ressaltar o quanto fundamental são as pessoas para as companhias. Mesmo com a tecnologia em constante avanço, de nada serviriam monstruosas máquinas se não tivessem profissionais capacitados para operá-las. Por mais que se desenvolvam robôs com ações similares às dos humanos, a ausência de


CAPA

um profissional para coordená-los anularia todos os processos. Não se pode excluir o papel que os colaboradores exercem nas empresas para que elas tenham excelência em suas atividades. Diante deste cenário da importância dos colaboradores na rotina das empresas, está a relevância das consultorias para a gestão de pessoas. Com o foco em capacitar os profissionais das companhias por meio de diversas ações, tais como cursos e treinamentos, as consultorias demonstram que somente é possível fazer com que uma empresa seja destacada entre as demais de seu segmento a partir do momento em que entendam o quanto dependem das pessoas e de que forma devem capacitá-las. “Na maioria dos casos, por mais que os processos estejam bem definidos, ainda assim as empresas são cada vez mais dependentes de pessoas. Podemos construir duas empresas exatamente iguais e podemos inaugurar as duas no mesmo dia e na mesma hora. Uma pode estar dando início a uma trajetória de sucesso e a outra estar rumo ao fracasso. Quem determina os processos são pessoas, quem executa são pessoas, quem controla são pessoas, quem estabelece a gestão são pessoas, quem administra são pessoas, etc. Se uma das empresas tiver pessoas mais qualificadas, mais compromissadas, mais motivadas do que a outra, é óbvio que terá melhores processos, melhores controles, melhores vendas, melhores compras e, consequentemente, melhores resultados. Quando as empresas se conscientizam desta

www.banasqualidade.com.br • Março • 2010 • 37


CAPA verdade, é chegada a hora de contratar a consultoria. O momento ideal já passou, mas ainda há tempo de reagir, principalmente se seu concorrente não começou a agir antes”, exemplifica João José Lannes, diretor geral da Lannes & Hoffman Assessoria e Treinamento. Para Claudia Mello, diretora executiva da QMN Gestão e Treinamentos, o fato de a consultoria não fazer parte da empresa ajuda na imparcialidade da análise do desempenho da equipe.“O papel das consultorias é muito importante porque, como sendo agente externo, consegue sinalizar para as empresas os pontos que necessitam ser melhorados e modificados em busca de resultados eficazes e eficientes, que tendem a melhorar tanto o desempenho individual quanto o desempenho das equipes”, explica. O momento certo para identificar a real necessidade da contratação de uma consultoria para gestão de pessoas, muitas vezes, é desconhecido pelo gestor da empresa, acontecendo então uma tardia procura pelos serviços.“Muitas vezes as empresas solicitam o serviço de consultoria para uma ação corretiva para atacar algum problema detectado. Por exemplo, um cliente faz uma auditoria e levanta a necessidade de capacitação de pessoas em uma dada área técnica. Aí é que a empresa procura a capacitação do pessoal. Em vez disso, o serviço consultivo deveria ter o enfoque preventivo. Antes de termos problemas reais no relacionamento empresafuncionário, as organizações deveriam se atentar para a importância do tema. O consultor não pode ser um ‘médico de UTI’, ele precisa ser o ‘médico da família’ e acompanhar a empresa, principalmente nos momentos em que tudo parece bem”, exemplifica Venilton Walter Manochio, diretor da Quality Supply Assessoria Empresarial, mostrando a necessidade que as companhias têm de realizar um trabalho preventivo ao invés de corretivo junto às consultorias. A mesma opinião é compartilhada por Claudio Rogério Bonani, diretor da Villa Bonani Consultoria e Negócios.“Os gestores das organizações buscam os serviços de consultoria quando não mais conseguem gerenciar divergências ou planos de carreiras. É comum encontrarmos gestores que nem conhecem do tema e que condenam qualquer ação ou atividade. Essas pessoas estão em um mundo ainda retraído, com baixo crescimento mercadológico”, argumenta. O mais preocupante é que há companhias que deixam chegar a um estado crítico para solicitar apoio especializado.“As empresas só procuram ajuda quando já perderam os melhores profissionais da área e os que ficaram estão completamente desnorteados, estressados,

38 • www.banasqualidade.com.br • Março • 2010

sem estímulo e com baixo rendimento”, opina Soraia Farah Colombini, psicóloga da Prado Gestão Empresarial. Para ela, a melhor maneira para identificar o momento certo para os trabalhos de uma consultoria parte do princípio que o gestor deve conhecer verdadeiramente seu quadro de colaboradores.“Deve-se conhecer seu colaborador, periodicamente fazer levantamento de necessidades e pesquisa de clima organizacional para detectar possíveis problemas e tomar ações corretivas. Geralmente, nas empresas quando começa a aparecer algo estranho é que se pensa em treinamento. Às vezes, o momento não é para treinamento e sim para outra ação, mas como não foi ainda detectada, acaba-se gerando um treinamento que não vai resultar em nada”.

Os treinamentos e as empresas Prática bastante utilizada para a capacitação dos profissionais das empresas, os treinamentos têm sofrido queda na visão de alguns especialistas. A recessão econômica mundial é tida como uma das principais barreiras que impediram este tipo de investimento por parte das organizações.“Esse

A gestão de pessoas nas empresas Sem desenvolvimento de pessoas, o insucesso é uma certeza. Outra coisa é treinar por treinar, o que também não leva ao sucesso. Portanto, não há outra saída: as melhores empresas são aquelas que colocam a capacitação de seu pessoal em primeiro lugar. Haverá um dia em que a contabilidade empresarial tratará o treinamento e a capacitação do pessoal não como despesas, mas como investimento. E um dia haverá, em alguma linha do balanço de uma organização, a descrição do quanto a empresa possui em capital humano. Porém, por enquanto, o capital humano é visto como despesa. O parque de máquinas de uma empresa e suas instalações não são a chave do sucesso. O sucesso está nas pessoas e no que elas podem produzir de melhoria para a organização. Sem ser ufanista, vejamos o caso de tantas empresas de capital nacional que enfrentam problemas em se manterem no mercado e acabam sendo vendidas para grupos transnacionais. O que elas têm em comum: uma direção que não evoluiu com os novos conceitos e metodologias. O caminho não é a venda em massa de produtos. O caminho é a adequação do produto às necessidades dos clientes. A venda não é nada sem a apropriação do produto ao cliente. Venilton Walter Manochio, diretor da Quality Supply Assessoria Empresarial


CAPA budget tem ficado espremido em detrimento de outras obrigações e compromissos que as empresas assumem. As organizações devem ter claro que resultados de efetividade e eficácia demandam tempo e investimento que, na verdade, dependendo da situação, os resultados tendem a ser de médio a longo prazo. Por isso, se faz importante que os grandes líderes das empresas percebam que os valores estão nas pessoas e que elas necessitam de conhecimento constante. Uma empresa ganha destaque a partir do momento que percebe o valor do seu ‘capital humano’ e nele investe”, acrescenta Mello. Um grande problema que assombra o setor de treinamentos são as opções ineficazes existentes no mercado.“A procura por treinamentos tem diminuído. Creio que houve uma inundação no mercado de treinamentos que pouco agregam valor e as empresas perceberam isto e diminuíram seus investimentos em treinamento. Ainda dentro desta linha de raciocínio, estes treinamentos de baixa qualidade oferecidos a preços muito abaixo dos normais afugentou a oferta de bons treinamentos. Em momentos de crise, uma das primeiras coisas a serem cortadas nas empresas é

o treinamento, ao lado de serviços de publicidade e de consultoria”, aponta Lannes. Outros profissionais do setor de consultoria identificam um crescimento pela procura de treinamentos.“Tem crescido como um todo. Certamente poderia ser em uma velocidade maior, mas têm ocorrido avanços neste sentido. Cada vez mais as empresas têm que estar conscientes de que o sucesso advém das pessoas. Máquinas, automação e formas de trabalhos metodológicos não são nada sem pessoas envolvidas com tudo isto. O sucesso empresarial está na qualidade do seu pessoal”, discorre Manochio. Esta opinião é dividida por Bonani, que diz que “a procura por treinamentos está ligada diretamente aos conceitos de cada empresário ou organização. Aqueles com espíritos empreendedores são os que mais procuram esse tipo de serviço, já os conservadores inibem-se quanto à procura e quanto ao conhecimento. Eu particularmente acredito no crescimento da procura, principalmente nos últimos dois anos”. Um problema que também faz parte da realidade do setor de treinamentos são aqueles não adaptados para cada empresa.“Existem muitos treinamentos

www.banasqualidade.com.br • Março • 2010 • 39


CAPA ‘pacotes fechados’ sem adaptações à realidade de cada companhia. Esses treinamentos, muito genéricos, acabam dando pouco retorno à empresa. Outro problema é a falta de sistemática para medir a eficácia dos treinamentos, fazendo com que as empresas continuem contratando os mesmos maus serviços. Além disso, a ausência de mecanismos para identificar a necessidade real de treinamentos faz com que sejam contratados aqueles que não são essenciais, esgotando as verbas com esse foco e dando às empresas a sensação de que investiram dinheiro em vão. E investiram mesmo”, alerta Lannes. A companhia deve se preocupar e ter cuidado para verificar os verdadeiros impactos que o treinamento que deseja realizar irá trazer ao cotidiano dos colaboradores relacionados. E outro detalhe importante é saber identificar quais são os momentos mais adequados para isso.“Não adianta nada convocar um determinado grupo para um treinamento quando, por exemplo, atuam em uma área em que estão em fechamento do mês – esse não é o melhor período para administrar um treinamento. Acredito que as principais necessidades do treinamento são a busca do aperfeiçoamento do profissional e a elevação da sua produtividade”, pontua Mello. Um dos questionamentos que os gestores fazem é: quais profissionais devem receber treinamento? Amplamente analisando, todos que compõem o quadro de colaboradores da organização devem receber treinamento. “Genericamente falando, todos os colaboradores, de acordo com as funções que exercem, merecem treinamento, sem exceção. Não se pode privilegiar apenas um grupo determinado de colaboradores porque, se eu digo que todos são importantes para mim, logo todos merecem, por conseguinte, receber tratamento igual. Diria que, de acordo com a necessidade, todos deveriam receber incentivos para participar de treinamentos”, descreve Mello. Para outros especialistas, entretanto, deve-se realizar uma análise com parcimônia sobre quais profissionais devem participar de treinamentos, como explica Lannes. “Não deve ser dado treinamento simplesmente para demonstrar estatisticamente que se está dando treinamentos. Não deve ser treinado quem não precisa de treinamento. Para serem eficazes, eles precisam atingir diretamente todos os participantes. Assim, nem todos módulos para gestores são aplicáveis a todos os demais membros das equipes e vice-versa”.

40 • www.banasqualidade.com.br • Março • 2010

A estratégia para que os treinamentos surtam efeito deve partir dos líderes da empresa.“Quando se fala em qualidade e produtividade e em mudança organizacional, o exemplo tem que vir de cima para baixo. A direção de uma empresa tem que ser a primeira a dar o exemplo e tem que liderar a mudança. De nada vale capacitar o pessoal executante de uma atividade para a mudança se a direção não estiver comprometida com ela. É frustrante para qualquer pessoa saber o que deve ser feito e como fazê-lo sem o suporte ombro a ombro da direção. É melhor nem capacitar o pessoal se a direção não estiver encabeçando a mudança. Pelo menos será menos frustrante”, completa Manochio. Vale enfatizar que os treinamentos destinados às pequenas e médias empresas devem ser feitos também conforme a necessidade, como acrescenta Manochio: “Devem ser ajustados à necessidade particular da organização. Principalmente em pequenas e médias empresas existe esta necessidade. É aí que entra o trabalho de um bom instrutor, que fará com que a apropriação do evento seja otimizada. Exemplos devem ser trocados entre os participantes de treinamento”. Assim, as organizações devem focar no aperfeiçoamento contínuo da capacidade de seus profissionais, procurando estimular aspectos relacionados à criatividade, motivação e engajamento pelas atividades relacionadas às companhias. “Faz-se necessário que as empresas estimulem seus funcionários a participar mais do dia-a-dia da corporação, inclusive este posicionamento facilita que o funcionário venha a ter uma visão geral sobre as atividades realizadas na empresa e melhor trabalhar em equipe para o bem comum”, analisa Mello. Com a dedicação nas ações focadas para a gestão de pessoas, as empresas só têm a ganhar. “Quando a direção está realmente preocupada com seus colaboradores, os treinamentos apresentam resultados satisfatórios em todos os sentidos, pois os mesmos são mais estimulados e motivados. Quando a empresa não tem esse foco, parece um grupo de ‘robôs’ atrás somente de indicadores”, descreve Colombini, mostrando as vantagens ao priorizar a gestão de pessoas nas empresas. O consultor Lannes vai além: “Não há empresa de excelência com funcionários medíocres. Para uma empresa ser de excelência, é mandatório que seu quadro de colaboradores seja excelente. Para se ter um quadro de colaboradores excelente, é necessário treiná-los, capacitá-los, motivá-los, etc.”


A utilização das consultorias é um importante recurso existente no mundo atual frente à sobrecarga de trabalho dos executivos nacionais. Assim, são diversas as vantagens que a contratação de um consultor somatiza. Sua visão externa é mais ampla, pois tem como base atividades exercidas em uma diversidade de clientes e serviços. Outro diferencial é a neutralidade, haja vista que o consultor não faz parte da estrutura da incorporação. Esse profissional em questão também pode ter como atrativo a função de catalisador, em que oferece um impulso extra para que as mudanças aconteçam. De outra forma, a contratação de consultorias vem de encontro aos serviços e projetos limitados, o que é mais interessante do que negociar com especialistas para serem dispensados em um breve espaço de tempo.


SA 8000 / NBR 16000 - Responsabilidade Social

x

AS 9100 / NBR 15100 - Aeroespacial Auditoria de 1ª e 2ª parte

x x

X

X

x

x

X

X

x

X

X

x

x

x

x

x

x

x

X

Critérios de Excelência do PNQ

x

X

x

x

X

X

x

X

X

x

X

X

x

x

x

X

x

x

X

x

x

X

HACCP / APPCC e Normas Alimentares

x

ISO 14001 - Meio Ambiente

x

x

X

X

X

x

x

x

X

ISO 9001 - Qualidade

x

x

X

X

X

x

x

x

X

ISO IEC 17025 - Laboratórios

x

x

X

X

x

x

x

X

ISO TS 16949 - Automobilística

x

x

X

x

x

JIT/Kanban

x x

Lean Manufacturing

x

x

X

X

x

x

X

X

x

x

X

X

x

x

x

X

X

x

X

X

X

X

X

x

X

x

X

X

x x

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

x

X

x

X

x

X

x

X

Qualihab - Construção Civil

x

X

x

x

X

SASSMAQ / transqualit - transporte

x

X

x

x

X

X

X

x

Treinamento Técnico

x

x

x

X

X

x

x x

x

x

X

X X

X

(*) Veja a relação completa (incluindo o ítem “Outras”) no site www.banasqualidade.com.br

X X X

x

x

x

X X

x

X

X x

X x

x

X

X

X X

X X X X

X

X

X

X

x

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

x x

X

x

X

X

X

X

X

x

x

X

x

X

X

X

x x

X

X

x

x

X

X

X

x

X

X

X

x

x

X

x

x

x

X

x

Treinamento Comportamental

X

X

x

x

X

x

Produtividade

X

X

X

x

X

X

x

X

x

X

X

x

x

X

X

x

X

X

X

X

PPAP - Processo de Aprovação de Peças de Produção

X

X

x

x

x

X

X

x

x

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

x

X

X

x

x

X

x

X

X

Planejamento Estratégico

x

X

x

X

x

X

X

X

x

x

x

X

X

x

x

X

X

X

X

TPM - Manutenção Produtiva Total

X

X

x

X

x

X

X

X

x

TL 9000 - Telecomunicações

X

X

x

X

x

x

X

X

X

Pesquisa de Satisfação do Cliente

x

x

X

X

X

x

X

X

x

x

SSO - Identificação e Avaliação de Perigos e Riscos

X

X

X

x

x

x

X

x

X

x

x

X

x

X

Sig - Sistema Integrado da Gestão

x

X

X

x

Seis Sigma

X

MASTER QUALIDADE

X

MAC CRUZ

X X

X

X

x

QFD - Desdobramento da Função Qualidade

X

X

OHSAS 18001 - Saúde e Segurança no trabalho

x

x

LANNES & HOFFMANN X

X

x

x

Kemper & Ramalho

X

X

X

FMEA - Análise do Modo e Efeitos das Falhas

Outros*

X

X

x

Consultoria de Certificação de Produto

Kaizen

x

x

Balanced Scorecard CEP - Controle Estatístico do Processo

x

x

JP VERITHAS

x

x

IRON

X

X

X

Ifanger Assessoria

X

x

Humana Quality

x

x

HGB Consultoria e Gestão

x

X

Grupo Samfer

X

x

FOOD DESIGN

X

x

Engages

x

Elementar Consultoria

x

De Luca Consultoria

APQP - Planejamento Avançado da Qualidade do Produto

X

Construsec consultoria

X

CALS Consultoria

x

Brisot Consultoria

x

Basso's & Associados

x

ASR Consultoria

0

Allquality

5S - Housekeeping

1

Advanced

0

ADT Consultoria Empresarial

2

3C Assessoria Empresarial

DAS

MAPA CONSULTORIAS

X

X

X

x X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X X

X X

X

X


X

X x

X

X

X

X

x

X

X

X

X

X

X X

x

X

X

x

x

x

X

x

x

x

x

x

x

x

x

x

X

x

X

x

x

x

x

X

X

X

X

X

X

X

x

X

x

x

x

X

X

X

X

X

x

X

x

x

x

X

X

X

x

x

X

X

X

x

x

X

X

X

X

X

X

X

X

X

x

X

X

x

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

x

X X

X

X

X

x X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

x

X

x

x

X

x

x

X

x

x

X

x

X

X

x

X

x

X

X x

x

x

X

x

X

X

X

X

X

x

x x

x

x

X

x

X

x

X

x

x

X

X

x

X

x

x

X

X

x

X

x

x

X

X

x

x

X

x

X

x

X

X

x X

X

X

x

x X

X

X

X

X

X

X

X

x

X

X

X

x

x

x

x

x

X

X

x

x

x

x

x

X

X

X

X

VL Corrêa

WP CONSULTORIA

x

X

x

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

x

x

X

X

x

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

x

x

X

X

x

X

X

X

X

X

X

X

X

X

x

x

X

x

X

X

X

X

X

X

X

X

x

x

X

X

X

X

x

X

X

X

X

x

x

X

X

x

x

X X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X X

X X

X

X

X

X

X

X

x

x

X

X

X

X

X

X

X

x

x

X

X

X

X

X

X

X

x

x

X

x

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

x

X

X

X

X

x

X

X

X

X

x

x

X

X

X

X

x

x

X

X

X

X

x

x

X

X

X

X

x

x

x

x

X

X

X X X

X

X

X

X

x

X

X

X

X

X

X

X X X

X

X

X

x

X

x

X

X

X

X

X

X

X

x

x

X

X

X

X

X

X

X

x

x

x

x

X

X

X

x

x

x

x

X

x

X

X

X

X

x

x

X

X

X

X

X

X

X

x

x

x

X

x

x

X

X

X

X

X

X

x

x

X

X

X

x

X

X

X

X

X

X

X

X

x

x

X

x

X

X

x

x

X

VILLA BONANI

X

Valle & Veiga Associados

x

TWA

TRADE PLAN CP

x

X

X

x

X

X

X

X

x

X

X

X

X

x

x

X

x

x

x

X

x

x

x

X

X

X

x X

X

X

x

x

X

X X

x

x

X X

X

x

x

x x

X

X

X

X

x

x

X

X

X

x

X

X

X

X

X

X

x

x

x

X

X

x

x

X

X

X

x

X x

X

x

x

X

x

X

X

X

x

x

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

x

X X

x

X

Stance

x

X

SQS Consultores Associados

X

X

SM CONSULTORIA

x

X

SIGMA CONSULTORES

x

X

X

SETEC CONSULTING GROUP

x

X

RD CONSULTORIA

X

X

Qualy-System

x

X

QUALTEC

x

X

QUALSYSTEM

x

x

QualityPro

x

QUALITYMASTER

X

QUALITY SUPPLY

x

QUALITY CONSULTORIA

x

Quality Consult

x

Qualiso - Consultoria

X

x

QUALÍNTER Assessoria

X

X

Qualinove Inovação

X

QPB CONSULTORIA

X

QMN - Gestão e Treinamentos

X

Prado Gestão

X

POINTER CONSULTORIA

X

Pádua & Associados

X

NV CONSULTORIA

NEXT ASSESSORIA

X

NET QUALIDADE

X

MTU Consultoria

METAGRUPO Consultoria

MASTER QUALIDADE

MAC CRUZ

X

X

X

X

X

x

x

X

X

X

X

x

x

X

x

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

x X X X

X

X

X

X

x X

X

X


CONTATO DIRETO COM AS CONSULTORIAS Tel.: (51) 9252-4391 tresc@tresc.com.br www.3c.com.br

Tel.: (51) 9965-1001 Fax.: (51) 3249-1292 adt@adtnet.com.br www.adtnet.com.br

Tel.: (11) 2091-0280 advanced@advanced-eng.com.br www.advanced-eng.com.br

Tel./Fax: (16) 3911-2046 allquality@allquality.com.br www.allquality.com.br

Tel.: (11) 3831-4071 / 7267-5050 engages@engages.com.br www.engages.com.br

Tels. (11) 3120-6965/3218-1919 Fax: (11) 3218-1617 fooddesign@fooddesign.com.br www.fooddesign.com.br

Tel.: (21) 3879-5519 valterlarrate@gruposamfer.com.br www.gruposamfer.com.br

Tel./Fax: (21) 2613-5330 consultoria@hgb.com.br www.hgb.com.br

Tels.: (11) 5087-8856 / 2629-0610 Tel.: (11) 5641-7375 / 3481-0910 contatos@asrconsultoria.com.br atendimento@humanaquality.com.br www.asrconsultoria.com.br www.humanaquality.com.br Tel.: (11) 5584-7576 Fax: (11) 5584-7946 bassos@bassos.com.br www.bassos.com.br

Tel./Fax: (14) 3203-0400 brisot@brisot.com.br www.brisot.com.br

Tel.: (21) 2450-3404 luiz.sa@calsconsultoria.com.br www.calsconsultoria.com.br

Tel.: (11) 2076-8240 construsec@construsec.com.br www.construsec.com.br

Tel./Fax: (19) 3289-4450 dl@delucaconsultass.com.br www.delucaconsultass.com.br

Tel.: (11) 2255-6189 / 8712-6728 elementarqualidade@ elementarqualidade.com.br www.elementarqualidade.com.br

Tel.: (19) 3846-1119 ilson@ifangerconsultoria.com.br www.ifangerconsultoria.com.br

Tel.: (19) 3826 5327 iron@ironconsultoria.com.br www.ironconsultoria.com.br

Tel.: SP (11) 3711-4010 / RJ (21) 3717-1030 jpverithas@jpverithas.com.br www.jpverithas.com.br

Tel./Fax: (19) 3441-5811 masterqualidade@masterqualidade.com.br

www.masterqualidade.com.br

Tel.: (11) 2855-9143 atendimento@metagrupo.com.br www.metagrupo.com.br

Tel.: (11) 3395-8081/9827-4176 adm@mtuconsultoria.com.br www.mtuconsultoria.com.br

Tel.: (11) 5548-2854 netqualidade@netqualidade.com.br www.netqualidade.com.br

Tel.: (11) 8588-3865/3869/3872 contato@nextassessoria.com.br www.nextassessoria.com.br

Tel.: (11) 4991-6049 nvconsultoria@nvconsultoria.com.br www.nvconsultoria.com.br

Tel.: (11) 3159-2802 a.padua@uol.com.br www.paduaconsulting.com.br

Tel.: (11) 9956-1206 projetos@pointer-consultoria.com.br www.pointer-consultoria.com.br

Tel.: (11) 2677-4528 prado@pradogestao.com.br. www.pradogestao.com.br Tel.: (11) 2991-6663 consultores@kemper-ramalho.com.br www.kemper-ramalho.com.br Tels.: (21) 2262-7749 / 8790-7749 qmn@qmn.com.br www.qmn.com.br

Tel.: (11) 4193-2812 qualinter@qualinter.com.br www.qualinter.com.br

Tel.: (11) 5071-0915 comercial@qualiso.com.br www.qualiso.com.br

Tel.: (19) 9217-1731 comercial@qualinove.com.br

Tel.: (11) 5584-5519 Fax: (11) 5584-7363 info@sigmaconsultores.com.br www.sigmaconsultores.com.br

Tel./Fax: (11)3081-2444 qualityconsult@qualityconsult.com.br www.qualityconsult.com.br Tels.: (11) 8368-6383/8507-2755 sm.consultoria@hotmail.com www.smconsulting.com.br Tel.: (11) 5083-0001 Fax: (11) 5083-6363 quality@quality.eng.br www.quality.eng.br

Tel.: (11) 4196-3690 Fax:(11) 4196-3606 qsupply@qsupply.com.br www.qsupply.com.br

Tel.: (21) 2525-6844 Telefax: (21) 2287-1808 qualitymaster@qualitymaster.com.br www.qualitymaster.com.br

Tels.: (11) 3772-7313 / (21) 21951313 / (81) 3465-0931 sqs@sqsqualidade.com.br www.sqsqualidade.com.br

Tel.: (11) 3167-5566/3073-1105 Fax: (11) 3167-5566 falecom@stancebrasil.com.br www.stancebrasil.com.br

Tel./Fax: (51) 3019-3232 tradeplan@tradeplan.com.br www.tradeplan.com.br

Tel.: (11) 4721-4000 Tel./Fax: (11) 4721-2041 consultoria@qualitypro.com.br www.qualitypro.com.br

Tel.: (11) 4226-2664 consultoria@twabrasil.com.br www.twabrasil.com.br

Tel./Fax: (16) 3610-0373 qualtec@qualtec.com.br www.qualtec.com.br

Tels.: (11) 3675-1720 / 3868-1931 valleveiga@valleveiga.com.br www.valleveiga.com.br

Tel.: (11) 3872-3690 qualsystem@qualsystem.com.br www.qualsystem.com.br

Tel.: (11) 4347-7882 www.villabonani.com.br

Tel.: (11) 4195-3001 Tel.: (11) 4330-3150 Fax: (11) 4195-5089 contato@ qualysystemconsultoria.com.br Tel./Fax: (11) 5549-4120/5572-4029 falecom@lannes–hoffmann.com.br www.qualysystemconsultoria.com.br qpb@qpb.com.br www.lannes-hoffmann.com.br www.qpb.com.br Tel./Fax: (11) 2991-6622 comercial@maccruzcom.br www.maccruz.com.br

Tel.: (11) 5051-3933 setec@setecnet.com.br www.setecnet.com.br

Tel.: (11) 3901-6734 rd@rdconsultoria.com.br www.rdconsultoria.com.br

Tels.: (19) 3455-0188 / 3454-5144 correa@vlcorrea.com.br www.vlcorrea.com.br

Tel.: (11) 2335-3208 contato@wpconsultoria.com.br www.wpconsultoria.com.br


DQS_205

1

6/16/09, 5:48 PM


CADEIA AUTOMOTIVA

MMOG/LE V3: uma ferramenta de excelência em logística Entenda como se desdobrou a nova versão e quais as principais mudanças da mais poderosa ferramenta usada como principal interface logística entre OEMs e fornecedores na cadeia automotiva: o MMOG/LE V3 [Carlos Alberto Silva]

O

utro dia, em um dos meus treinamentos de MMOG, fui questionado sobre os principais benefícios da implementação desta ferramenta nas organizações. Apesar de estar preparado para responder este tipo de questionamento, acabei remetendo a discussão para um entendimento mais amplo e mais profundo sobre

46 • www.banasqualidade.com.br • Março • 2010

o tema. No final da discussão acabamos contribuindo com o MMOG V3 (Versão 3). Isso mesmo, a base das modificações ocorridas da versão anterior (versão 2) para a nova versão que acaba de ser lançada é exatamente melhorar todos os aspectos relacionados ao entendimento dos usuários da ferramenta, ou seja, nossa discussão foi comentada dentro das FAQ (comentários, perguntas e respostas) do grupo de estudo da AIAG e Odette, onde existe uma comunidade voltada para ouvir


CADEIA AUTOMOTIVA

estes relatos, discutir e melhorar periodicamente (a cada três anos) as publicações do MMOG/LE. A partir dos relatos, podemos entender que a melhoria contínua de algumas normas, requisitos e sistemas está diretamente associada ao grau de exigências dos clientes, fornecedores e os usuários desses processos ao longo do tempo. Basicamente o MMOG V3 traz essas necessidades em sua mais nova versão. Lançado oficialmente pela AIAG Americana e Odette Europa no início de novembro de 2009, em Detroit, o MMOG/LE V3 (versão 3, assim como está sendo chamado pela comunidade) está incorporando mais de 130 solicitações de mudança de OEMs e fornecedores dos EUA, Europa, Ásia e América do Sul, e integra explicações detalhadas, novos recursos e funcionalidades melhoradas. As principais alterações incluem:

1 – Introdução e Instruções Atualizações foram feitas para abordar as questões apresentadas e introduzir novas funcionalidades. Algumas das atualizações abordadas incluem a compatibilidade com a norma ISO / TS 16949, os esforços de responsabilidade corporativa com a área de materiais

e a aplicação da filosofia Lean Manufacturing.

2 – Avaliação Revista e atualizada para a clareza e entendimento do uso global e interpretação. Cada“Por quê?”das questões foi reforçado por outra explicação sobre os benefícios (por exemplo, custos e redução de resíduos) para a organização quando compatíveis com os critérios. A seção de comentários também foi adicionada para cada critério. Ela não existia na versão anterior (MMOG V2).

3 – Gap Analysis (Análise das Oportunidades de Melhorias) Foi reforçado para melhor apoiar o desenvolvimento e gestão de planos de ação. Funções de navegação foram adicionadas às planilhas, incluindo opções de filtragem, validação de dados e codificação de cores para destacar as áreas que requerem atenção. As observações correspondentes a partir da avaliação são apresentadas no “Gap Analysis” para cada critério. Organizações terão agora a capacidade de executar um gráfico de progressão após a conclusão da análise das lacunas.

www.banasqualidade.com.br • Março • 2010 • 47


CADEIA AUTOMOTIVA

4 – Gráficos de Radar

6 – FAQ (Questões Frequentes)

Esta novidade exibe agora sumários dos totais obtidos através de gráficos para cada capítulo, juntamente com a pontuação total e resultantes de classificação (ver figuras acima).

Ajuda o usuário a buscar esclarecimentos sobre um determinado tópico ou critério. A seção de perguntas frequentes fornece instruções sobre como enviar perguntas a especialistas no assunto.

5 – Gráfico de Progressão

7 – Mais Informações

Fornece uma representação gráfica da evolução de pontuação para o nível de alcançar (classificações A, B ou C), baseado no plano de ação datas e objetivos inscritas no Gap Analysis (Veja figura ao lado).

Fornece informações sobre como as organizações podem obter formação e versões traduzidas do MMOG / LE. Essa seção também inclui informações sobre as publicações e sites associados.

48 • www.banasqualidade.com.br • Março • 2010


CADEIA AUTOMOTIVA

8 – Complemento técnico dos requisitos Melhorias adicionais foram feitas para o documento a ser termos de mais fácil assimilação e apoiar uma navegação mais fácil, como hiperlinks, as teclas de alternância e opções de filtragem. O MMOG V3 foi lançado em evento realizado em Detroit – Michigan (EUA) no início de novembro de 2009 e contou com a presença de profissionais da área de Logística do mundo

todo, e membros da comunidade da área de materiais da AIAG e Odette. Recomendo a você que conhece e aplica a versão 2 a se atualizar com as diretrizes apresentadas nesta nova versão, uma vez que o mercado já está exigindo esta adequação para o ano de 2010.

Carlos Alberto Silva é consultor do Setec Consulting Group e especialista em logística automotiva - psanchez@setecnet.com.br

www.banasqualidade.com.br • Março • 2010 • 49


DIRETÓRIO DE CONSULTORIAS 2010

50 • www.banasqualidade.com.br • Março • 2010


DIRETÓRIO DE CONSULTORIAS 2010

www.banasqualidade.com.br • Março • 2010 • 51


DIRETÓRIO DE CONSULTORIAS 2010

52 • www.banasqualidade.com.br • Março • 2010


DIRETÓRIO DE CONSULTORIAS 2010

www.banasqualidade.com.br • Março • 2010 • 53


DIRETÓRIO DE CONSULTORIAS 2010

54 • www.banasqualidade.com.br • Março • 2010



LIDERANÇA

Um sinônimo de efetiva inter-relação dos seres humanos O resultado final da liderança é a maximização e a completa utilização do tempo útil das pessoas para que estas realizem o que de fato é necessário para o alcance do sucesso

[Alípio Silva Pereira]

A

liderança é sinônimo de efetiva interrelação com seres humanos e significa conquistar, manter e aumentar a confiança, a aceitação e o respeito das

56 • www.banasqualidade.com.br • Março • 2010

pessoas, individualmente e em grupo, para avaliálas, dirigi-las, educá-las, apoiá-las, outorgar-lhes responsabilidades e dar-lhes autonomia. Se traduz como competência para reunir especialidades e generalidades, integrá-los e criar condições de motivação em torno de objetivos comuns para conseguir deles muito mais do que a soma de máxima contribuição possível que cada um poderia isoladamente dar de si. O resultado final da liderança é a maximização e a completa utilização do tempo útil das pessoas para que estas realizem o que de fato é necessário para o alcance do sucesso que traduz em maior riqueza, satisfação e saúde de todas as partes interessadas. Nesse contexto, a otimização do tempo e de sua utilização implica: • Eliminação de burocracias, como tudo aquilo que agrega custo sem obtenção do respectivo valor, não contribuindo para a sustentação de ganhos. • Capacitação de pessoas e grupos para gostarem de lidar com, problemas, resolvê-los, relacionarem-se com o trabalho e tornarem-se retro alimentadores de sua própria criatividade e motivação. • Autorização de pessoas e grupos para lidarem com desafios, comensuráveis com a sua competência, e para que em conjunto perfaçam as metas e objetivos da organização na consecução da missão que materializará a visão compartilhada. • Acompanhamento das realizações de pessoas e grupos. • Recompensa pelos êxitos de pessoas e grupos. O início de um empreendimento, seja de que tamanho for, exige estudos, observações e estratégias. Antes mesmo de pensar no plano de negócios,


LIDERANÇA você precisa entender o seu comportamento e suas consequências. Elas são regidas por princípios que decorrem do fogo interior, ou seja, daquela força que existe dentro de nós e que nos motiva a atingir nossas realizações. Isso é válido para empresários que não estão encontrando satisfação financeira e pessoal no seu negócio atual. Segundo Covey, mestre em administração, por Harvard, e autor do livro “Os 7 hábitos das pessoas muito eficazes”, o processo de maturidade das pessoas se constrói através da alteração do estado de dependência para independência e desta para interdependência. A trajetória dependênciaindependência inicia-se na infância. A criança precisa ser alimentada e cuidada, aprende a andar, falar, alimentar-se e segue rumo à crescente independência. Mas a maturidade física nem sempre é acompanhada da maturidade emocional e muitas pessoas mantémse dependentes mesmo na fase adulta, o que as impede de vivenciar a interdependência. A conduta imatura concentra-se em alguns focos de dependência: a família, o cônjuge, o dinheiro, o trabalho, o prazer, os bens, a igreja. Na medida em que a pessoa vive intensamente os múltiplos papéis, vai alcançando a maturidade, uma vez que só a pessoa independente pode atuar de forma interdependente.

Conquistando a qualidade através do líder Para que haja o melhor aproveitamento destas técnicas e dicas, será necessária a presença de um líder de competência. Afinal, toda empresa precisa dele. A

sua imagem inspira os menos experientes e os menos motivados. Também se refletirá na empresa e, desta forma muitas de suas características serão implantadas. Isto quer dizer que um líder de atitude gera uma empresa dinâmica, assim como um líder fraco gera uma empresa de baixa competitividade. No entanto, um líder sozinho não é suficiente para gerar resultados. É fundamental que a equipe caminhe junta. Atitudes são importantes. Para obtermos resultados, precisamos agir, precisamos fazer acontecer. Caso contrário nada se realizará apenas por vontade nossa. Desta maneira espera-se que o líder seja: uma pessoa realizadora; tenha espírito empreendedor, ético, tenha responsabilidade social e ambiental, respeito às pessoas e adaptabilidade a mudanças.

Como aumentar o poder para melhor contribuir aos propósitos de sua empresa? • Identificar onde você tem maior potencial em curto prazo. Para dar partida ao processo, concentrese naquilo que poderá trazer resultados no futuro próximo e onde há grande potencial. Por exemplo, se na sua empresa a habilidade de se fazer apresentações é algo visto como importante, e se este não é seu forte, inscreva-se logo num curso de técnicas de apresentação e procure desenvolver esta capacidade. • Desenvolver um plano e metas com cronologia. Para obter resultados expressivos a médio e longo prazo, é preciso partir de um plano de metas que deverá incluir atividades e eventos bem definidos, bem como a cronologia que define a data limite para

Quadro das características dos estilos básicos de liderança Estilo

Ação do Líder

Ação do Liderado

Diretivo Analítico

Decidir; Determinar; Orientar, ensinar (o que, como, quando e onde); Acompanhamento próximo.

Ouvir; Aprender; Executar.

Diretivo Apoiador

Orientar, ensinar (o que, como, quando e onde); Dialogar (pedir;ouvir sugestões); Decidir sozinho); Acompanhamento próximo.

Ouvir; Aprender; Dialogar (sugerir); Executar.

Apoiador Catalisador

Dialogar (pedir, ouvir sugestões); Compartilhar a decisão; Decidir em conjunto; Acompanhamento distante.

Dialogar (sugerir); Compartilhar a decisão (decidir em conjunto); Executar.

Pouco diretivo/ controlador

Dar autoridade ao liderado p/ decidir; Fornecer recursos; Pôr-se à disposição para possíveis orientações; Agendar prestação de contas; Acompanhamento distante.

Receber autoridade para decidir; Tomar decisão; Executar; Prestar contas.

www.banasqualidade.com.br • Março • 2010 • 57


LIDERANÇA cada atividade. O plano deverá ser detalhado e fixar atividades que ajudarão você atingir suas metas. • Seguir o plano, fazer avaliações e ajustes conforme a necessidade. A persistência é primordial na busca do poder. Para alcançar o poder e mantê-lo, é preciso muita determinação. Reveja seu plano de metas trimestralmente, fazendo os ajustes necessários para cumprir o programa. Um dos temas mais abordados atualmente, levando-se em conta a contingência mundial de mercado extremamente competitivo, é o chamado trabalho em equipe. Aparentemente, esta ferramenta é uma das capazes de alavancar o desempenho de uma empresa e de alçá-la a um nível superior de produtividade, qualidade e inovação. Todavia, o enfoque geral dado ao assunto pode conduzir os desavisados à noção de que trabalho em equipe “sempre dá certo”, o que não é verdade. O título deste artigo é alusivo, ao livro de Harney Robbins e Michael Finley, lançado pela editora Campus. Por que as equipes não funcionam? (título do livro), trata justamente de algumas razões pelas quais, eventualmente, pessoas fazendo algo juntas - uma equipe, nem sempre transformam as coisas para melhor. Vamos a algumas delas, bem como a sugestões de como eliminá-las. Existem, no grupo de pessoas que compõem a equipe, indivíduos que trabalham em benefício próprio ou em prol de propósitos contraditórios. Solução: é imperativo que os objetivos individuais sejam relevados, para isso sendo necessário perguntar-se às pessoas o que desejam, e o que esperam obter da equipe. O objetivo da equipe não está claramente definido, ou as metas traçadas são incoerentes entre si. Solução: se isto acontecer, é necessário esclarecer as metas traçadas ou rever sua congruência/ harmonia. Em meio à correria de observar prazos cada vez mais curtos, às vezes algumas metas, definidas em meio a arroubos/encantos de pressa, podem não apontar para a mesma direção. Os integrantes da equipe não entendem claramente sua função, qual tarefa devem desempenhar. Solução: cada pessoa deve estar ciente do que se espera de seu desempenho, e qual sua função dentro do grupo. Isto parece óbvio, mas as aparências enganam. Existem várias ferramentas decisórias diferentes, sendo cada uma mais apropriada para situações específicas. Pode ocorrer de as ferramentas estarem sendo usadas em situações inadequadas. Solução:

58 • www.banasqualidade.com.br • Março • 2010

identificar a abordagem decisória correta para cada situação e utilizá-la. Por exemplo, quando se deseja priorizar entre diversas idéias propostas por um grupo para a solução de problema, e não existe um referencial objetivo, mensurável, pode-se utilizar a técnicas de análise por comparação par a par, onde uma ideia é avaliada tendo outras como referencial. Já em situações nas quais existam critérios mensuráveis, pode-se lançar mão da técnica de matriz de avaliação. Pessoas são dotadas de uma série de atributos que lhes conferem sua distinta personalidade e, às vezes, isto pode causar sérios conflitos quando o trabalho em equipe é necessário. Solução: identificar e valorizar diferenças, tornando-as transparentes para os membros da equipe. Há várias maneiras de a liderança influenciar negativamente o comportamento de uma equipe, sendo, por exemplo, incoerente, inexpressiva, inconstante, etc. Solução: o líder precisa entender que seu propósito é servir aos objetivos da equipe, e caso isso seja possível, ótimo. Senão, o papel de liderança deve ser passado à outra pessoa. Nem todas as empresas estão prontas para lidar com as decorrências do trabalho em equipe, principalmente de equipes autogerenciáveis, pois isto implica em níveis diferenciados de liberdade aos integrantes, em especial. Isto faz com que a cultura da empresa trabalhe contra as equipes, de forma sutil ou declarada. Solução: neste tipo de empresa, deve-se avaliar as verdadeiras razões para se criar uma equipe. Se não forem absolutamente relevantes, melhor nem criar equipe. Uma das coisas mais importantes para monitorar o trabalho da equipe é avaliar seu desempenho, além disso, para que o desempenho possa ser o esperado, a equipe necessita de recursos os mais diversos, em especial informações. Isto pode não estar ocorrendo. Solução: é necessário criar um sistema que permita o livre fluxo de informações úteis para todos os membros da equipe, para depois poder acompanhar seu desempenho apoiado em premissas realistas. O reconhecimento pelo trabalho é fundamental para alimentar o nível de motivação dos membros de uma equipe, e nem sempre isto é feito da forma correta, pois as possibilidades de recompensa são muitas e bastante distintas entre si. Solução: é imprescindível recompensar a equipe como um todo e também os esforços individuais. Quando se sabe o que deve ser feito, mas não se tem vontade de fazê-lo, nenhum esforço há de lograr êxito. Solução: a tarefa aqui é desvelar os


LIDERANÇA impedimentos à mudança e lidar com os mesmos, destruindo-lhes, quando necessário. A metáfora mais comum é a de uma equipe que é enviada para uma batalha com uma atiradeira. Isto não funciona. Solução: prover aos membros da equipe todas as ferramentas necessárias para, pelo menos, engajar-se apropriadamente na batalha, ou então, dar mais espaço ao uso da criatividade e improvisação. Evidentemente, o trabalho em equipe continuará sendo poderosíssimo catalisador da melhoria e inovação dentro das empresas, mas os fatores apontados anteriormente servirão de base para que você possa manter uma perspectiva realista sobre as dificuldades associadas ao mesmo.

Mudanças sempre presentes As empresas estão sendo confrontadas com significativos desafios, tornando a competitividade mais importante do que nunca. Em primeiro lugar, os acionistas estão ficando cada vez mais impacientes. Por outro lado, ocorrem pressões de custo para que os processos produtivos tenham cada vez mais eficiência. Há uma escassez de habilidades enorme. Atualmente,

no mundo inteiro, ao contrário do que se pensa, não existe falta de emprego, existem habilidades erradas para os empregos que estão sendo oferecidos. Existe um desencontro entre oferta e as habilidades das pessoas. Devido a facilidade de comunicação, as empresas se vêem, de repente, competindo com uma empresa que se situa do outro lado mundo. Antes, ela competia apenas com seu vizinho. Com a crescente velocidade na introdução de novas tecnologias, os ciclos de produtos ficam mais comprimidos. E cada vez mais, é necessário desenhar um bom produto, inovar, lançá-lo no mercado, vender, monitorar as evoluções do mercado e, em seguida, mudar rapidamente para continuar vivo. Está havendo, em decorrência dessa velocidade, todo um excesso mundial de suprimentos de todos os tipos. Inclusive suprimentos em diversos estágios de avanço tecnológico. Existe, por outro lado, diante desse cenário, uma perplexidade que está ocasionando uma inércia organizacional muito grande. Ocorre uma entrega sistemática de qualidade inadequada ao cliente, esquecendo-se, por vezes, aqueles requisitos de satisfação indispensáveis.

www.banasqualidade.com.br • Março • 2010 • 59


LIDERANÇA Está bem claro para a maioria dos analistas econômicos, tecnológicos e empresariais, que as empresas que não entendem claramente esses desafios e não os enfrentam de maneira adequada, começam a passar por sérias dificuldades. Elas podem se iniciar, em primeiro lugar, com clientes insatisfeitos. Em seguida, em perda de competitividade, num patamar mais acima, em perda de mercado e mais adiante, em eliminação de ativos. A demanda por novas estratégias está ocorrendo em um ambiente de negócios inteiramente novo, num cenário com diferentes concorrentes, muito focados, pequenos e rápidos. Além disso, o mercado passa por um momento nervoso com a globalização dos mercados, com aumento de expectativas dos clientes e com o aparecimento de inúmeras oportunidades de novos negócios. Neste cenário, a mão-de-obra requer uma melhoria de competência profunda devido à velocidade com que as tecnologias avançam. Cada vez mais, as organizações se apóiam em trabalho em equipe, trabalho apoiado no conhecimento de trabalhador intelectual, e as estruturas ficam mais achatadas para acelerar a comunicação. Nesta situação, as mudanças são uma constante, o motor que acelera essas mudanças é o progresso tecnológico, tecnologias caem de custo vertiginosamente e o ciclo de vida dos produtos estão se comprimindo cada vez mais. Mudam também, como decorrência, a complexidade e a velocidade do negócio, o tamanho e o posicionamento no mercado, as visões de custo, os concorrentes, a velocidade de inovação, as expectativas do cliente e o conceito de qualidade e confiabilidade do produto. Enfim, aumentam os riscos. Logo, é muito importante rever os critérios de desempenho das empresas. Um dos principais critérios de avaliação do potencial de desempenho de uma empresa é a sua habilidade de gerenciar mudanças: satisfação do cliente, qualidade, agilidade e competitividade. E claro, toda mudança gera resistência em relação a quebra de suas expectativas e a sensação de perda de controle. Quanto mais aberta for, melhor. Mais facilmente pode ser administrada pela empresa. No nível individual, manifesta-se pela perda do equilíbrio psicológico, pelo stress e pelo comportamento disfuncional. No nível organizacional, tende a se disfarçar em discussões técnicas, dificuldades operacionais, argumentos econômico-financeiros, etc., todo gerente que promove uma mudança deve esperar um impacto: ocorre sempre queda previsível no desempenho,

60 • www.banasqualidade.com.br • Março • 2010

como consequência de implantação de novos processos, sistemas de tecnologia. Existem alguns estágios pelos quais a pessoa passa ao enfrentar a necessidade de mudança. O primeiro é o estado de choque, o segundo, a negação do fato. Em seguida, a raiva, depois depressão, a tentativa de barganha e finalmente a aceitação e o esvaziamento de energia. O gerente ou agente de mudança deve estar capacitado a identificar os estágios da resposta negativa, para poder neutralizá-la e conduzir o colaborador para padrões de saúde e à resposta positiva às mudanças. A resposta positiva à mudança vai fazer, na verdade que a pessoa caminhe do pessimismo ao otimismo. Este é um trajeto que também não é desprovido de dor, de sofrimento. Apesar de a mudança estar sempre presente na vida, sempre é um processo dolorido. Mas há uma recompensa no final. Então, o sujeito começa num otimismo desinformado diante do anúncio de que vai haver mudança e, depois, passa a um pessimismo informado. Ou seja: troca informações e descobre que há algo errado. Começa, então, a ter um certo pessimismo baseado em informações reais. Logo ocorre um pico de crescimento da energia do pessimismo baseado em informações reais. Logo ocorre um pico de crescimento da energia do pessimismo. Nesse caso, existem duas saídas: na primeira, as pessoas elaboram uma saída privada, isto é, se trancam, se defendem completamente. E internamente dizem “estou fora desse processo”. Seguem, então fingindo e atuando como se estivessem na mudança. Esse é um processo patológico terrível, essa pessoa vai atrapalhar e aumentar o atrito na mudança. Existe também uma saída pública, que normalmente gera conflito aberto, discussões abertas. Aquela pessoa que tenta sair desse estágio de mudança, publicamente, é justamente aquela que a organização deve insistir para que permaneça na empresa, por ter uma postura saudável. É essa pessoa que deve ser capturada para o estágio seguinte. Se a empresa tem saúde bastante para capturar essas pessoas e aproveitar esse ímpeto de crítica e reação, elas cairão, então, no que se chama realismo esperançoso. Elas observam que a mudança é inevitável, que existem coisas do passado que não podem continuar existindo. Começam a ter esperanças de que a mudança é possível, numa direção boa. Com o passar do tempo, evoluem para o otimismo informado.


LIDERANÇA Mecanismo sabotador da qualidade Rejeição: “Não há nada de errado conosco. Aqui tudo funciona às mil maravilhas”. Deixar para amanhã:“Vamos fazer o seguinte: amanhã nós vamos nos organizar e planejar como fazer as coisas. Afinal de contas, Roma não se fez num dia”. Indecisão: “Bem, por enquanto vamos deixar essa ideia na gaveta e ver no que vai dar”. Paralisia analítica ou falta de acompanhamento estratégico: “Vamos deixar que a raia miúda cuide disso. Isto não é coisa para gerentes e diretores”. Sabotagem: ”Olha, vamos fingir que está andando. O que os olhos do chefe não vêem, o seu coração não sente”. Regressão: “Bem, vamos parar com “frescuragens” e voltar ao trabalho de verdade”.

Os sete fatores chave da transformação • Longa maturação de experiências tecnológicas sem contragolpes decisivos; • Crescimento contínuo (demográfico, de mercado, etc.) a partir de um mínimo crítico;

• Situação favorável do meio econômico; • Plasticidade social (tolerância à mudança), que permita maleabilidade; • Repetibilidade à engenharia de sistemas e da tecnologia da informação; • Força que agregue na perseguição do objetivo transformador (uma situação tecnopolítica receptiva à engenharia de sistemas e da tecnologia da informação); • Existência de oportunidade de dar um passo simples, de custo relativamente baixo, de impacto, capaz de sinalizar a direção da mudança; • Um grupo base catalisador dos passos iniciais. As ferramentas básicas para melhorias em qualidade são: Formulário de dados: os dados devem traduzir os fatos e devem ser a base da discussão e das ações de projetos de melhoria. Isto mostra a importância de se planejar muito bem o tipo de formulário que deverá ser usado para coletar os dados, o qual deve ser adaptado a cada situação. Existem, porém, alguns tipos básicos de formulários, que podem ser úteis em muitos casos, checklist, por exemplo.

www.banasqualidade.com.br • Março • 2010 • 61


LIDERANÇA Diagrama de Pareto: é uma figura simples que visa dar uma representação gráfica à estratificação. O modelo econômico de Pareto foi traduzido para a área da qualidade sob a forma de que alguns elementos são vitais, muitos, apenas triviais, por Juran. Este princípio também conhecido como “Lei 20/80”, pode ser detalhado nas mais variadas formas. Dentre elas, podem ser citadas: 20% do tempo gasto em planejamento economiza até 80% do tempo de execução, 205 dos clientes representam 80% do faturamento global, 20% dos correntistas são responsáveis por 80% dos depósitos, 20% das empresas detêm 80% das vendas. Fluxograma: é um diagrama que representa o fluxo (ou sequência) das diversas etapas de um processo qualquer. Ao iniciar um projeto de melhoria, sua grande utilidade é fazer com que todos os participantes adquiram uma visão completa do processo, ao mesmo tempo em que permite que cada pessoa tenha melhor percepção de qual o seu papel no processo e de como seu trabalho influi no resultado final. Diagrama de Ishikawa: técnica criada por Ishikawa, em 1943, também conhecida por outro a vários nomes: diagrama de causa efeito, diagrama espinha de peixe, etc., sendo uma ferramenta de valor indispensável, pois permite conhecer os problemas cada vez mais a fundo. Pode ser facilmente aprendida e imediatamente posta em prática por pessoas de qualquer nível dentro da empresa. Histograma: inventado em 1833, baseia-se na ideia de que cada fenômeno tem seu jeito próprio de variar. Então, pode-se visualizar esta variação, obtendo muita informação útil sobre o fenômeno. O histograma é exatamente isto: uma representação gráfica que nos permite visualizar a distribuição característica de um fenômeno ou processo.

Homem e trabalho – relações e pontos de conflitos Trabalhadores de diferentes categorias profissionais comumente manifestam distintos graus de insatisfação diante do trabalho que realizam. Tais insatisfações denotam desajustes e até conflitos entre o homem e o resultado decorrente do trabalho. Esta relação vem normalmente marcada por conflitos não resolvidos pelos sujeitos envolvidos, assinalando aspectos nevrálgicos às relações de poder e autoridade, isto é, falta de participação quanto à tomada de decisão inerente ao processo de trabalho. O trabalho como fonte de satisfação pouco tem atendido às expectativas e aos anseios de diferentes classes sociais, uma vez que se caracteriza como

62 • www.banasqualidade.com.br • Março • 2010

uma relação utilitarista, mecanicista, unidirecional, com limitadas perspectivas de relacionamento satisfatórias entre envolvidos, que salientam o conflito entre o capital e o trabalho. Os estudos sobre motivação têm assinalado a importância dos aspectos ambientais, ergonômicos e de expectativas diante do trabalho, como representante da qualidade de vida experimentada pelo trabalhador no contexto. A expressão qualidade de vida no trabalho pode ter várias interpretações, que representam uma variável que não afirma nem nega as condições em que vivem os empregados de uma empresa. Referindo-se à satisfação das necessidades do indivíduo, afetando atitudes pessoais e comportamentais, a criatividade, a vontade de inovar ou aceitar mudanças, a capacidade de adaptar-se às mudanças no ambiente de trabalho e o grau de motivação interna para o trabalho, são evidentemente fatores importantes para o alcance da produtividade. A qualidade de vida está diretamente relacionada ao desenvolvimento organizacional, isto é, voltada para aspectos de satisfação no cargo e valorização do trabalho. Podem-se considerar algumas condições indicativas da qualidade de vida no trabalho: • Compensação adequada e clara: salário justo; • Ambiente seguro e saudável: com o intuito de preservar a saúde e o bem estar do colaborador; • Crescimento e segurança: valorização do indivíduo, considerando as oportunidades e a expansão de suas potencialidades, planos de carreira e de sucessão; • Autenticidade: o indivíduo autodirigir-se plenamente, a partir de disseminação da proposta que assinale o autocontrole.; • Relevância social: empenho por parte da alta administração e da gerência no sentido de valorizar o trabalho realizado por diferentes categorias e níveis profissionais, como a profissão escolhida pelos indivíduos pertencentes à organização.; • Respeitar espaço de vida do indivíduo: vida extra-organização, tempo de lazer, recreação e dedicação à família; • Meta para auto-realização: o indivíduo caminha para o encontro consigo próprio, com o ajuste de suas potencialidades. Também um ambiente seguro do ponto de vista de higiene e segurança no trabalho atesta, entre outros pontos, a perspectiva do indivíduo ver assegurada sua saúde física, mental e emocional, que lhe possibilita um ajuste mais sadio ao ambiente de trabalho. A qualidade de vida não é obtida por características pessoais (necessidades, impulsos, expectativas, pensamentos, desejos, valores, etc.), ou situacionais


LIDERANÇA (tecnologia, fluxos de trabalho, sistema de recompensa, condições do sistema econômico, político, etc.), mas sim pela interação dos dois conjuntos. As organizações exercem influência acentuada sobre os estados mentais e emocionais dos indivíduos que as compõem. As instituições (sistemas organizacionais, grupos de trabalho com cultura própria), podem atuar como ambiente integrador e enriquecedor para as pessoas que nelas trabalham ou, contrariamente, podem desagradar-se e manipular as pessoas, que tendem a ser absorvidas pelas mesmas. As implicações decorrentes de práticas coercitivas/limitativas ocasionam danos profundos na personalidade dos indivíduos – em sua forma de pensar e agir – e no clima organizacional, gerando manifestações comportamentais inadequadas e inaptas, quer do ponto de vista individual, quer do ponto de vista grupal.

Um bom líder... Age de modo que os colaboradores sob seu comando gostem de fazer o que ele pretende; Consegue que todos os colaboradores o queiram sempre o ajudar e se sintam realizados com isso;

Não tem subordinados, mas seguidores. Não dá ordens, mas garante que todos façam o que ele deseja; Consegue que as pessoas acreditem que falar no interesse delas, ou no dele, é a mesma coisa; Transmite autoconfiança e segurança, inspira lealdade e é um confidente por excelência. As pessoas sentem-se à vontade para lhe dizer a verdade; Transmite um sentido ético elevado, toma decisões justas e não protege ninguém. As suas decisões, mesmo as impopulares, são transparentes; Dá exemplo. A sua atuação é um símbolo para os colaboradores; Não tem a pretensão de ser infalível, mas raramente comete erros graves; Faz com que as pessoas sigam o mesmo ruma da empresa, garantindo que este é transparente, justo e claro; Como tem a consciência de que não consegue fazer tudo sozinho, nunca comanda pelo medo. As pessoas seguem-no porque acreditam na sua visão. Alípio Silva Pereira é consultor organizacional, avaliador Prêmio Gestão Banas, gestor da qualidade pela Universidade Santo Amaro e autor das obras: O Meio Ambiente e a Empresa e Gestão da Qualidade - qualipio@hotmail.com

www.banasqualidade.com.br • Março • 2010 • 63


MEIO AMBIENTE

A educação ambiental dentro das empresas Como as companhias têm se posicionado para promover as práticas em seu cotidiano

[Nathalie Gutierres]

O

meio ambiente ganha cada vez mais o foco nas empresas que vêm investindo progressivamente nesta área. As companhias têm buscado melhorar os efeitos negativos de suas ações ao meio ambiente bem como procurado práticas para que suas rotinas sejam mais ecologicamente corretas. E muitas organizações começam a se voltar para a forma pela qual seus colaboradores se comportam diante desse cenário. Desse modo, cresce o interesse pela educação ambiental nas empresas. Tratar sobre educação ambiental para as companhias não é um simples treinamento que a organização deve fazer para que sua equipe entenda o que é certo ou errado no tema.“Entendemos que educação ambiental para empresas é um processo de aprendizagem permanente, baseado no respeito a todas as formas de vida, que visa firmar valores e ações que contribuam para a transformação humana, social e preservação ecológica”, explica João Batista Galvão Filho, diretor da ECP Sistemas Ambientais.

64 • www.banasqualidade.com.br • Março • 2010

Ele mostra que o retorno dessa ação ambiental é para todos: “Esta prática estimula a formação de sociedades justas e ecologicamente equilibradas ou sustentáveis, conservando entre si relações de interdependência e diversidade. Isto requer responsabilidade individual e coletiva para que seja possível partilhar os benefícios gerados – competitividade e qualidade de vida”. O consultor deixa nítida a relação entre a educação ambiental e o projeto de sustentabilidade nas organizações porque, segundo ele,“não é suficiente determinar uma regra, mas sim que todos verdadeiramente compreendam a necessidade de adotar as práticas sustentáveis e todos os seus benefícios, financeiros, sociais ou ambientais”. A partir das atividades desenvolvidas no cotidiano das organizações, os membros da equipe passarão a reconhecer o verdadeiro valor das ações de responsabilidade socioambiental.“Os cidadãos conscientizados irão valorizar tanto a adoção destas ações como a própria imagem de marca, tornando-se, portanto, um argumento de venda ou, no mínimo, de endomarketing”, aponta. O processo de educação ambiental não pode se limitar dentro das empresas, ou seja, a educação ambiental, como um agente catalisador do processo de interação dentro de uma organização não pode ficar restrita ao treinamento, visando à sensibilização e motivação dos funcionários.“Esse processo começa com a compreensão das questões ambientais. Todo o funcionário deve estar consciente dos temas ambientais da empresa, do seu desempenho ambiental e do seu próprio desempenho operacional”, discorre Galvão. Ele explica quais aspectos este processo deve abranger.“Um programa de educação ambiental envolve um conjunto de atividades sistematizadas e, com a participação dos diversos setores da empresa/ escola e que auxiliam na elaboração dos indicadores ambientais. Tais atividades demonstram não só os benefícios de um programa de educação ambiental, mas também como se torna uma ferramenta fundamental do sistema de gestão ambiental. É um programa de causa nobre e não pode estar distanciado da realidade operacional e ambiental da empresa”.


MEIO AMBIENTE No artigo 1, da Lei n° 9.795, de 27 de abril de 1999, de Política Nacional Educação Ambiental, a educação ambiental está apresentada como o “processo em que busca despertar a preocupação individual e coletiva para a questão ambiental, garantindo o acesso à informação em linguagem adequada, contribuindo para o desenvolvimento de uma consciência crítica e estimulando o enfrentamento das questões ambientais e sociais”. A partir desse ponto, Galvão comenta: “O objetivo da educação ambiental é desenvolver a reflexão nas pessoas sobre as atitudes do ser humano sobre a questão ambiental: repensando conceitos, revendo comportamentos, revisando a responsabilidade que cada um tem frente aos problemas que a natureza vem enfrentando de modo que cada pessoa trabalhe a conservação do meio ambiente através de suas ações”. Porém, na hora de implementar um sistema de educação ambiental dentro de seu cotidiano, muitas empresas visam somente promover a ideia de que apenas “cumpriram uma etapa”.“Em alguns poucos casos são realmente parte de uma estratégia integrada de mudança de perspectivas com objetivo final à competitividade”, revela Galvão. Entretanto, o que geralmente acontece é que as companhias adotam práticas isoladas, isto é, não integradas com outras medidas de sustentabilidade. Portanto,“essas práticas não são tão eficazes da forma como poderiam ser e acabam reforçando a crendice que sustentabilidade é cosmética (para inglês ver)”, acrescenta o especialista. Normalmente, existem dois momentos principais em que as organizações se conscientizam da necessidade de se ter um projeto de educação ambiental: “quando a empresa passa por alguma dificuldade, seja perante órgão ambiental ou mercado e precisa promover ações para o saneamento deste problema de meio ambiente e percebe que seu corpo funcional não oferece o respaldo necessário, ou ainda quando a mesma deseja implantar políticas de sustentabilidade motivada por consciência ambiental ou valorização de imagem da marca. Existem ainda casos onde há tantos problemas de ordem ambiental com fortes pressões das agências ambientais que somente uma profunda mudança de cultura e paradigma permitiria alcançar a conformidade e confiabilidade que viabilizariam a manutenção das operações”, detalha Galvão. Cresce gradativamente o interesse pela educação ambiental por parte das empresas, tendo um rápido avanço na última década.“Este interesse é motivado diretamente pelo mercado consumidor, que está valorizando esta imagem, ao ponto que, atualmente, as empresas investem na prevenção de impactos ao meio ambiente e, necessariamente, esta minimização de riscos passa pela operação adequada da fábrica/

empresa. Para tal, é fundamental que os funcionários não apenas sejam treinados, mas educados à prática da prevenção”, completa Galvão, que ressalta a sustentabilidade da cadeia produtiva, onde as grandes empresas exigem de seus fornecedores que adotem políticas de sustentabilidade mínimas como condição. Para Marilena Lino de Almeida Lavorato, diretora executiva da Mais Projetos, as empresas precisam da conscientização de seus colaboradores para a implantação da norma ISO 14001 e, pouco a pouco, descobrem que quanto maior e mais abrangente o raio de atuação, melhores resultados conseguem. “A conscientização permite maior envolvimento e melhores relacionamentos com os públicos de interesse, transformando-se em competitividade. Fornecedores mais especializados, comunidades menos hostis, colaboradores mais comprometidos, e consumidores mais satisfeitos e orgulhosos. Ou seja, além de melhores indicadores (socioeconômico e ambiental), melhorias de processos, também há valor de imagem e fidelização de clientes. É o famoso círculo virtuoso – ‘bom para todos’. Tudo começou com os colaboradores, mas as empresas viram rapidamente a oportunidade de estender a outros públicos de interesse. Prova disto é que, no banco de práticas do Programa Benchmarking, a temática gerencial Educação Ambiental é a maior. São 49 práticas de um total de 171, divididas em 10 temáticas gerenciais distintas. Aproximadamente 30% das práticas selecionadas pertencem à Educação Ambiental, de longe a maior delas. Grandes empresas estão adotando a educação ambiental como estratégia de marketing também”. O principal ganho ao implementar um programa de educação ambiental, segundo Galvão, é o financeiro.“Corretamente aplicada, a educação ambiental motivará o colaborador a buscar minimização de desperdícios e consequente menor utilização de matéria-prima e recursos naturais (água, energia, etc.), ou seja, menor custo”. Outro quesito que é beneficiado pelo programa é a imagem da marca. A chance de acidentes ambientais diminui e, assim, preserva a marca do produto ou empresa e ainda evita gastos monumentais com remediação do impacto ou multas pela agência ambiental. Atualmente, uma organização que não apresenta uma política ambiental perde seu grau de competitividade.“As empresas que saíram na frente, hoje já praticam a chamada ‘sustentabilidade 2.0 ou 4.0, ou seja, trabalham com conteúdos avançados, pois a variável ambiental já faz parte da sua estratégia de negócio. Estas companhias estão liderando transformações e aproveitando oportunidades, muitas delas com departamentos e cargos específicos, ligados diretamente à alta administração. Neste caso, a educação ambiental é bastante avançada e contempla

www.banasqualidade.com.br • Março • 2010 • 65


MEIO AMBIENTE programas customizados aos seus projetos. A educação ambiental para as empresas iniciantes nesta temática é ainda muito básica. Em uma analogia simplificada,

é como se estivessem no ‘ensino fundamental’. Vai demorar um pouco para chegar ao MBA ou especialização, esclarece Lavorato.

Educação Ambiental: a chave para a melhoria do desempenho ambiental [Ricardo Hojda – diretor da Stance Gestão e Treinamento]

Sustentabilidade, Meio Ambiente, Responsabilidade Socioambiental”. Estas expressões têm sido incluídas na mídia e publicidades com tanta frequência que vêm perdendo o seu sentido real. Geralmente, são utilizadas para retratar as boas intenções das pessoas e empresas com o nosso planeta e sociedade. Quando nos aprofundamos nas questões ambientais, observamos que a realidade é bem diferente. Verificamos o estabelecimento de políticas e ações governamentais que nem sempre atingem seus objetivos, esbarrando em interesses financeiros, políticos, etc. Nas grandes e médias empresas, observamos iniciativas voltadas para a preservação ambiental, mas que frequentemente esbarram na dificuldade em lidar e comprometer os seus colaboradores com os temas ligados ao meio ambiente. O desafio das empresas é: Como tornar os nossos colaboradores competentes para lidar com o meio ambiente? Quando pensamos na temática “formação e conscientização das pessoas”, a resposta que vem logo à nossa cabeça é: precisamos realizar treinamentos visando qualificar os colaboradores da empresa em meio ambiente. Talvez, esta resposta seja um pouco simplista, pois, quando analisamos o problema mais a fundo, verificamos diversas dificuldades nas corporações, como por exemplo: • O colaborador da empresa nem sempre conhece os impactos ambientais gerados por sua atividade. Muitas vezes, ele considera que sua atividade não gera impactos ambientais. Nas empresas que possuem um Sistema da Gestão Ambiental, há o levantamento dos aspectos e impactos ambientais, mas muitas vezes este documento é complexo e inacessível. • As empresas não deixam claro para os seus colaboradores quais são suas políticas e intenções em relação ao meio ambiente. Diversas empresas possuem quadros da “Política Ambiental” afixados nas áreas, mas o colaborador não consegue correlacionar o conteúdo da Política Ambiental com sua atividade. • Não são comunicados aos colaboradores os indicadores e informações sobre a gestão ambiental.

66 • www.banasqualidade.com.br • Março • 2010

Desta forma, os funcionários não se sentem parte integrante das rotinas de gerenciamento ambiental. • Os procedimentos e rotinas operacionais não estão disponíveis e não são adequadamente comunicados aos colaboradores. • Falta percepção por parte dos colaboradores das situações ambientalmente inadequadas. Sendo assim, há dificuldade de identificar e tratar os problemas ambientais. • Os treinamentos ambientais são pontuais e não possuem continuidade. Geralmente, são realizados visando um objetivo específico como uma auditoria ou uma visita de cliente. • A metodologia de aplicação dos treinamentos não é eficiente e não permite a fixação dos conhecimentos. • A liderança não valoriza e demonstra o seu compromisso com as questões ambientais. Em consequência, não exige dos seus subordinados diretos uma postura ambientalmente adequada. • Analisando as dificuldades acima descritas, verificamos que elas estão muito ligadas ao comportamento das pessoas, desde a alta direção, passando pelas lideranças e envolvendo os colaboradores em geral. A melhoria do desempenho ambiental das empresas depende do maior comprometimento, conscientização e melhoria da formação dos seus colaboradores. Para tanto, sugerimos a implementação de programa de educação ambiental. Seguem algumas dicas do programa. • Alta Direção: Envolva a diretoria da empresa no tema meio ambiente. Sem a participação das lideranças da empresa, não é possível comprometer os demais funcionários. • Política Ambiental: Desenvolva a política ambiental da sua empresa. Garanta que todos os colaboradores compreendam o conteúdo da Política Ambiental e como ela é aplicada a sua realidade. Tenha certeza que ela possui a “cara” da empresa. Comunique a Política Ambiental para todos os colaboradores através de placas, banners, meios eletrônicos, etc. • Objetivos Ambientais: Estabeleça objetivos ambientais por área ou processo. Estes devem ser cobrados pela alta direção. Os objetivos ambientais


MEIO AMBIENTE devem ser coerentes com os potenciais impactos ambientais do processo e deve haver a possibilidade de serem atingidos. Motive os colaboradores no sentido de atingirem os objetivos ambientais. • Programa de Treinamentos: Elabore um programa de treinamentos ambientais que envolva todos os colaboradores da empresa, desde a alta direção até o pessoal operacional, incluindo empresas contratadas. • Metodologia de treinamentos: Correlacione às atividades do dia-a-dia do colaborador com o tema a ser tratado no treinamento. Exemplos práticos ajudam muito o colaborador a fixar o conhecimento. Quando possível, desenvolva atividades que simulem as rotinas do dia-a-dia dos funcionários. • Controle sobre os Aspectos e Impactos Ambientais: Identifique as interações do processo com o meio ambiente e elabore as rotinas para seu controle. Garanta acesso dos colaboradores aos principais aspectos e impactos ambientais e as rotinas de trabalho. • Gestão a Vista: Elabore quadros de Gestão a Vista. Informe os objetivos ambientais aos colaboradores.

Forneça dados sobre a gestão ambiental da empresa. • Monitoramento do comportamento ambiental: Avalie se os colaboradores estão seguindo as rotinas estabelecidas. Crie uma sistemática de monitoramento e medição dos processos e do compromisso dos colaboradores com o meio ambiente. • Avaliação de desempenho da liderança: Acompanhe o desempenho das lideranças no tema “preservação do meio ambiente”. Lembre-se que a liderança serve como exemplo para os demais colaboradores da empresa. O programa de educação ambiental é a forma mais abrangente para comprometer e qualificar os colaboradores da empresa dentro do Sistema da Gestão Ambiental e para melhorar o desempenho ambiental da Organização. A gestão ambiental é realizada por pessoas, portanto, não se esqueça de torná-las parte deste processo.

Ricardo Gross Hojda é engenheiro, mestre em engenharia de produção pela Escola Politécnica da USP, autor da dissertação “ISO 14001- Sistemas de Gestão Ambiental” e diretor da Stance Gestão e Treinamento - rhojda@stancebrasil.com.br

Prêmio Benchmarking Confira a entrevista com Marilena Lino de Almeida Lavorato, diretora executiva da Mais Projetos e presidente do Comitê de Sustentabilidade do Instituto Mais, que explica a atuação do programa promovido pela ONG e o Prêmio que reconhece há oito anos os melhores cases de programas ambientais no país. Banas Qualidade: Há quanto tempo surgiu a Mais Projetos Corporativos? Marilena Lino de Almeida Lavorato: A Mais Projetos surgiu em 1999, uma empresa especializada em Gestão e Capacitação Socioambiental. O Instituto Mais, em 2008, uma ONG voltada à construção de uma nova cultura pró-sustentabilidade. A Mais Projetos, através da ferramenta Benchmarking, construiu e detém o maior banco de práticas de sustentabilidade de livre acesso no país, com 171 práticas selecionadas pelo programa Benchmarking Ambiental Brasileiro. Já o Instituto Mais é responsável pela difusão destas práticas junto às organizações e sociedade por meio de um calendário de atividades que inclui feira e congresso internacional, encontros técnicos, e publicações especializadas: livro, revista, guias e boletim, entre outros. Trabalhamos com conteúdos avançados para profissionais e especialistas atuantes em

sustentabilidade social, ambiental e econômico. Banas Qualidade: Discorra sobre o programa que a Mais Projetos desenvolve sobre as práticas socioambientais. Lavorato: O processo iniciou com uma ampla pesquisa junto às organizações para identificar o estágio e a maturidade da gestão socioambiental corporativa. Foi constatada, na época, uma quantidade significativa de empresas com departamentos estruturados, corpo técnico especializado, e pré-disposição ao compartilhamento do conhecimento aplicado nesta área, entre outras demandas específicas. Baseado nestes resultados, desenvolvemos um programa que estimulasse a participação das organizações e, ao mesmo tempo, assegurasse a qualidade das práticas selecionadas por meio de critérios técnicos, transparente e confiáveis. Assim, nasceu o programa Benchmarking Ambiental Brasileiro, que ficou conhecido como prêmio pelo fato da metodologia adotada definir um ranking com pontuação para os cases inscritos, que uma vez selecionados, ou seja, atingidos pontuações superiores ao índice técnico, passam a integrar o Banco de Boas Práticas de Sustentabilidade de livre acesso na internet, que é fonte de pesquisa e consulta para pesquisadores,

www.banasqualidade.com.br • Março • 2010 • 67


MEIO AMBIENTE Duratex Maior indústria de painéis de madeira reconstituída do Hemisfério Sul, a Duratex conquistou o primeiro lugar do Ranking Benchmarking Ambiental Brasileiro 2009, por meio de suas parcerias em pesquisas de biodiversidade. Bastante focada nas questões socioambientais, sua Política Ambiental foi revisada no ano de 2007 pelo Comitê Executivo de Sustentabilidade, com a finalidade de alinhar os compromissos com as diretrizes da ISO 14001 e com o FSC (Forest Stewardship Council), e também critérios considerados essenciais pela empresa, como metas para uso de recursos naturais e o compromisso de desenvolver ações alinhadas com os princípios da sustentabilidade. “Com a recente fusão com a Satipel (também fabricante de painéis de madeira), as políticas serão revisadas e adequadas ao novo desafio da empresa, sendo divulgada em breve ao público em geral”, revela João Carlos Redondo, gerente de sustentabilidade da Duratex S/A, citando a fusão ocorrida em 2009, entre a Duratex e a Satipel, que então resultou na maior indústria de painéis de madeira industrializada do Hemisfério Sul, segunda maior produtora de louças sanitárias do Brasil e líder na produção de metais sanitários no mercado brasileiro. Um importante trabalho da Duratex é a área de vivência ambiental denominada AVAP, (Área de Vivência Ambiental Piatan) que se constitui num espaço para o desenvolvimento de atividades em Educação Ambiental com atendimento médio de 6.500 visitantes/ano. Sua criação teve por objetivo atender ao crescente interesse da comunidade por conhecer as plantações florestais e as atividades nelas desenvolvidas. “Esse interesse é verificado em escolas do ensino básico e médio, universidades, profissionais, organizações não-governamentais e outras instituições públicas e privadas envolvidas com a temática ambiental. Esse interesse em conhecer o manejo florestal está relacionado com a preocupação crescente pela conservação do meio ambiente. A AVAP tornou-se referência corporativa na integração e reciclagem de seus colaboradores internos e externos, uma vez que reúne num único local vários recursos que permitem uma visão holística de todo o processo produtivo da empresa e das medidas que asseguram a conservação ambiental no manejo florestal”, explica Redondo. Outro projeto que também abrange a comunidade é a área de preservação ambiental que mantém e, em 2008, tornou-se a maior Reserva Particular do Patrimônio Natural do estado de São Paulo. “São 615 hectares preservados onde são realizados trabalhos de pesquisas da fauna e flora

especialistas, estudantes e profissionais atuantes na área. Também são divulgados nas publicações com mesmo objetivo, além de alimentar a grade técnica dos eventos técnicos realizados pelo Instituto Mais. Banas Qualidade: Descreva os critérios do prêmio. Lavorato: Foi desenvolvido um programa sobre medida para atrairmos volume suficiente de práticas para selecionarmos as mais bem sucedidas, ou seja, aquelas com excelência em seus resultados. Resumidamente, se processa da seguinte forma: as inscrições são gratuitas, mas existe um termo de compromisso concordando com o regulamento de participação. A comissão técnica que pontua os

68 • www.banasqualidade.com.br • Março • 2010

em parceria com universidades e centros de pesquisas. Estas pesquisas permitiram o registro de cerca de 300 espécies de aves, 40 mamíferos, 10 répteis, 25 anfíbios e 135 espécies de árvores. Reconhecida como sendo uma das mais ricas reservas de floresta nativa do interior do estado de São Paulo, abriga espécies como o mico-leão preto, urubu-rei, tangará, onça parda, jaguatirica, lobo guará, entre outras, que indicam o alto valor de biodiversidade e conservação da reserva”, complementa Redondo, esclarecendo que, a partir desta homologação, a Duratex oficializou, junto ao estado e a sociedade, o compromisso ambiental que possui há 38 anos para a conservação desta área e toda a biodiversidade que a compõe. Com mais de 20 anos de investimento em sua política voltada à produção alinhada com as melhores práticas de conservação do solo e recursos hídricos na divisão florestal e madeira, a Duratex foi a primeira empresa da América Latina a obter o reconhecimento de manejo sustentável das florestas em 1995 pela SCS (Scientific Certification Systems) e 1996 o certificado FSC (Forest Stewardship Council), que atesta de forma transparente e por entidade independente que o manejo florestal é realizado em conformidade com os princípios da sustentabilidade. O público interno da Duratex recebe treinamentos em sala, tanto no processo de integração de um novo funcionário, como programa de reciclagem, assim como a inserção do tema em diversas oportunidades, como datas comemorativas. Além disso, a empresa conta com um portal de Intranet com amplo conteúdo dedicado ao tema, onde são compartilhados estudos de casos, metas, indicadores, histórico dos indicadores, etc. Este site tem em média 20 mil acessos por mês e o colaborador tem também um canal de relacionamento onde pode fazer perguntas, sugerir melhorias, realizar crítica e mesmo solicitar informações e materiais para consulta e pesquisa. Com o objetivo de inserir o tema responsabilidade ambiental, a empresa adotou um programa corporativo de coleta seletiva. Assim, cada colaborador passa a avaliar seus hábitos e tem a oportunidade de contribuir voluntariamente para o programa. O projeto conta com a iniciativa de diversos colaboradores que são denominados multiplicadores e que auxiliam a incentivar os colegas a contribuir para o programa – é um processo de construção de uma nova cultura. O programa tem metas e um acompanhamento mensal, onde são destinados para reciclagem aproximadamente sete toneladas de resíduos por mês, o que corresponde a 51% da geração.

cases é multidisciplinar, composta por especialistas de vários países que, ao avaliar os cases, não têm acesso ao nome da organização. A inscrição é online no formato de quesitos para padronizar o formato e facilitar sua publicação no Banco de Práticas. O Programa não tem patrocinadores para conservar sua independência e credibilidade, e é mantido pelas próprias empresas participantes que adquirem ingressos para o Dia Benchmarking, Compartilhar para Crescer, onde são apresentados os cases e conhecida a classificação no Ranking. O regulamento permite que se selecione até 30 cases por edição, ou seja, as melhores pontuações acima


MEIO AMBIENTE do índice técnico (7.1). É adotada a escala Likert – 7.1 – 8.0 (Bom), 8.1-9.0 (ótimo) e 9.1-10 (excelente). Assim, temos uma panorâmica do estágio da gestão,

sendo que o ideal é atingirmos a marca dos 30 cases com pontuações entre 9.1 e 10, o que permitiria dizer, a excelência das práticas de sustentabilidade.

O procedimento para implantação de um programa ambiental Cada caso é único, e as empresas têm culturas muito particulares que requerem ações especiais às mesmas. Podemos, entretanto generalizar que o primeiro passo é um diagnóstico ambiental da empresa – elaborar um retrato da mesma, considerando sua cultura e características operacionais (existe dano ambiental nas operações? Qual o grau de cuidado despendido neste assunto?) de forma a verificar qual a abordagem da questão ambiental na empresa. A partir daí, desenvolvemos um plano estratégico, considerando passado, presente e principalmente futuro, a fim de definir como será implantado o programa de educação ambiental – através de palestras gerais ou por departamentos, qual será o papel de cada esfera (diretoria, gerencial e funcional) e qual a abordagem/grau de informação necessária às esferas – podendo ser folhetos, apostilas, palestras, workshops, seminários, entre muitas outras ferramentas disponíveis. É importante ressaltar que a completa transferência de conhecimento, assim como a sua operacionalização depende de: educação ambiental propriamente dita, treinamento ambiental e coaching. Na primeira fase, nós transmitimos a existência e a importância daquele conhecimento. Na segunda, praticamos o assunto através de exercício em tempo real, de forma que o estudante compreenda como se usa e como se faz aquele conhecimento dar frutos. Na terceira fase, o estudante é solto em tempo real no seu campo de trabalho de forma que devemos não só observá-lo, mas também reorientá-lo em tempo real para a obtenção do maior desempenho do assunto que foi transmitido, da educação e treinamento. Podemos dar o exemplo do lavador Venturi, um ECP (equipamento de controle da poluição) muito usado para

coleta de material particulado e, em alguns casos, até gases e vapores. Na primeira fase, mostramos a importância do lavador Venturi bem projetado que coletará partículas finas de uma micra a 10 micras e que é muito utilizado para processos de fundição na metalurgia, fábrica de papel e celulose (forno de cal), etc. Na segunda fase (treinamento), vamos mostrar quais são os mecanismos de coleta, como o da impactação inicial, que agem no choque entre partícula e gota, os cuidados da relação gás e líquido, sua coleta no separador centrifugo, etc. Na terceira fase, estaríamos na indústria mostrando sua operação e sua manutenção, demonstrando assim sua alta eficiência de coleta e como mantê-lo. Ainda na primeira e segunda fases, deveremos demonstrar que este equipamento atende ao Art. 41° do decreto 8.468 de 08/09/1976, que regulamentou a lei 997, que é a legislação básica e mais aplicada pela CETESB. Art. 41 - As fontes de poluição, para as quais não foram estabelecidos padrões de emissão, adotarão sistemas de controle de poluição do ar baseados na melhor tecnologia prática disponível para cada caso. Parágrafo único - A adoção da tecnologia preconizada neste artigo será feita pela análise e aprovação da CETESB de plano de controle apresentado por meio do responsável pela fonte de poluição, que especificará as medidas a serem adotadas e a redução almejada para a emissão. Em seguida, parte-se efetivamente à aplicação com “coaching” e avaliação dos resultados através de parâmetros definidos no planejamento estratégico. João Batista Galvão Filho, diretor da ECP Sistemas Ambientais

www.banasqualidade.com.br • Março • 2010 • 69


O sucesso de uma empresa dependerá muito da sua capacidade de gerenciar a cadeia de fornecimento

S

e a área de Vendas muito teve que progredir nas últimas décadas, idêntica evolução é esperada da área de Compras – o que poucas empresas fizeram. Ocorreu um fenômeno muito interessante na área de Compras nestas duas últimas décadas: a área de Compras passou de saco-de-pancadas a sargentão! Explico. Quando a oferta não supria a demanda, Compras era submetida às imposições do fornecedor; com a inversão ocorrida no final do século passado onde a oferta superou a demanda, os fornecedores é que tiveram que se submeter aos ditames dos compradores – e assim estes ganharam poder. Simultaneamente, esta condição de oferta maior que demanda faz os preços caírem e, portanto, a área de Compras passou a ser instrumentada para reduzir o do preço do produto adquirido. E então tudo mudou Forma-se assim o caldo que gera o comprador sargentão com poder não só de compra como também o de escolha, numa conjuntura onde o fornecedor tudo fará para atender as necessidades – algumas reais, outras psicológicas – do Comprador. Esta conjuntura estabelece que o desempenho de compras seja a redução do custo do material adquirido – geralmente, preço pago mais frete. Reduzir o custo com matéria-prima é condição necessária, mas não é suficiente. A qualidade da gestão de compras vai muito além de apenas reduzir o custo da matéria prima comprada. Na verdade, a qualidade da gestão de compras deve ser mensurada pela agregação de valor promovido por esta área no lucro da empresa, e não pela redução do

70 • www.banasqualidade.com.br • Março • 2010

custo da matéria-prima. E para impactar positivamente no lucro da empresa, a área de Compras deve atuar pelo menos em duas colunas simultaneamente: Política de Compras atrelada ao Planejamento e Qualificação de Fornecedores. A Política de Compras atrelada ao Planejamento da fábrica permite estabelecer critérios para a melhoria dos resultados, onde vários pontos são determinantes e devem ser mensurados desde o quanto custa a falta de material na produção, o ganho financeiro de poder comprar a prazos curtos de recebimento, o custo real do atraso de entrega, o custo financeiro de se adquirir e receber componentes caros com antecedência, etc. Observe que é a política de compras que deve estar atrelada ao planejamento, e não necessariamente os departamentos. A Qualificação de Fornecedores deve considerar, além do custo do material adquirido, o custo de inspeção, o custo administrativo do material reprovado (que engloba o custo da devolução e outros), o custo administrativo e financeiro do prazo de entrega, etc. Algumas empresas ainda compartilham da filosofia de que o fornecedor deve ser tratado na “porrada” e, portanto, não se beneficiam da enorme vantagem financeira que pode ser obtida quando o Fornecedor passa a ser Parceiro – o que faz toda a diferença. Chegar a Fornecedores realmente qualificados é, de fato, um longo caminho, onde o principal investimento não é financeiro, mas de planejamento e gestão desta estratégia. Desde que o Fornecedor também tenha interesse em se qualificar, então os ganhos serão consideráveis para ambas as partes. Avaliar o desempenho de Compras somente pela redução do custo de material adquirido fatalmente reduzirá o lucro operacional. Pode parecer um paradoxo, mas não é!

Oceano Zacharias é consultor em Gestão Empresarial – qualidade, planejamento, custos e produtividade. Diretor da Quality® – www.quality.eng.br



DESTAQUE/MERCADO

Reutilização de areia poupa meio ambiente A fábrica da Saint-Gobain Canalização, em Itaúna (MG) produz conexões, corpos de válvulas e tampões de rua. O processo produtivo é complexo e gera areias residuais que podem causar impactos ao meio ambiente. Por isso, a empresa faz o reuso de areia, um projeto de segregação e recuperação da areia de macharia (areia ligada com auxílio de resinas), para posterior reaproveitamento no processo industrial. Na Saint-Gobain Canalização, a areia de macharia é separada de duas formas, manualmente e mecanicamente, da areia de fundição (areia verde) no processo de desmoldação e depois é armazenada temporariamente em caçambas. “Diariamente esta areia é enviada para a empresa

72 • www.banasqualidade.com.br • Março • 2010

Eco-Sand, parceira da Saint-Gobain. Lá, o composto chega na forma de torrões (de machos), é destorrada, classificada e passa pelo recuperador, onde é feita a limpeza dos grãos por atrito e são extraídos os finos (pó). Os finos são retidos em um filtro para posterior descarte em um aterro licenciado em Betim (MG) e a areia recuperada volta para a reutilização na fábrica ”, descreve o engenheiro João Vicente Coelho. Das 16 mil toneladas de areia consumidas pela fábrica, no ano de 2008, 2,4 mil toneladas foram recicladas, ou seja, 15% do total utilizado. Os benefícios para a comunidade e o meio ambiente e para a própria empresa são notáveis: redução da compra de areia nova; redução de custo;

redução do descarte de resíduos no meio ambiente; redução do uso de recursos naturais (areia nova), além de geração de empregos e divisas para a comunidade, pois o trabalho envolve uma considerável cadeia de prestadores de serviços. “O descarte de areia é um problema para o setor de fundição, visto que os volumes são grandes e a classificação exige descarte adequado, como por exemplo, em aterros licenciados e co-processamento, o que normalmente não é barato e gera custos cada vez maiores pela distância dos locais apropriados. A recuperação de areia é uma alternativa mais econômica, além de ser ambientalmente correta”, comenta a gerente Alessandra Almeida.


DESTAQUE/MERCADO

Economia de água no chuveiro Quem tem chuveiro elétrico sabe o dilema que é o ajuste de temperatura. Quando está frio, ele não esquenta o suficiente e, no verão a água parece ferver. Para resolver problemas como esse e ainda economizar água e energia elétrica, a KL Telecom, empresa sediada no Vale da Eletrônica, em Minas Gerais, lançou o ECO Shower Slim, um produto pequeno e simples que além de gerar mais conforto, pode reduzir o custo do banho em até 40%. Desenvolvido pelo engenheiro Claudio Orlandi Lasso, o ECO Shower Slim tem como objetivo central ser ecologicamente correto e economicamente viável. “Vivemos num mundo onde não é mais possível ignorar os efeitos nocivos

à natureza. E são nos pequenos gestos que estão contidas as grandes atitudes”, acredita. O produto foi testado pela Universidade Federal de Itajubá, que comprovou economias de mais de 40% em água e energia elétrica. Outros aspectos positivos são a proteção contra choques no momento do ajuste da temperatura - graças a uma haste plástica isolada - e o aumento na durabilidade da resistência do chuveiro, já que permite a adequação correta de temperatura. O ECO Shower Slim organiza os fios elétricos do chuveiro e pode ser facilmente instalado em residências, hotéis, academias, hospitais, casas de repouso, clubes e escolas.“É um excelente investimento para locais

com alta rotatividade de pessoas e também para a economia doméstica”, garante o engenheiro. www. ecoshower.com.br

www.banasqualidade.com.br • Março • 2010 • 73


DESTAQUE/MERCADO

Busca pela qualidade cartorial O 1º Ofício de Registro de Imóveis de Belo Horizonte vem investindo na melhoria da sua estrutura e dos seus serviços. Com isso, conquistou o Prêmio de Qualidade Total Anoreg (PQTA) Modalidade Troféu Ouro. “Somos o único cartório de Registro de Imóveis do Processo de Avaliação a obter esse reconhecimento no maior grau em Minas Gerais e um dos primeiros do Brasil. Queremos compartilhar com todos essa conquista, clientes, fornecedores e colaboradores. Sem o envolvimento mútuo não seria possível obter este reconhecimento”, declara o oficial Fernando Pereira do Nascimento. O Prêmio é uma avaliação das melhorias do Sistema de Gestão dos cartórios participantes, com premiação anual. São observados critérios como liderança, estratégias e planos, clientes, sociedade, informações e conhecimento, pessoas, e processos e resultados. O resultado, assim, é a comprovação da responsabilidade e do compromisso do cartório com as comunidades em que atuam. Para atingir o objetivo de modernizar o Cartório, está sendo colocado em prática um amplo projeto de informatização do banco de dados, que vai desde a adoção de um

74 • www.banasqualidade.com.br • Março • 2010

novo sistema de informática até a digitalização do acervo de matrículas, livros e plantas arquivadas. Foram adquiridos equipamentos de informática compatíveis à nova estrutura, assim como móveis e utensílios de trabalho. Com as mudanças, todo o processo de registro e emissão de certidões foi informatizado. Os pedidos podem ser feitos de forma online, assim como o pagamento e o recebimento. O cliente ainda pode acompanhar todo o andamento dos protocolos, além de poder obter informações via e-mail. Outra inovação é que todos os documentos são digitalizados e arquivados em cópias de backup armazenadas fora da serventia.“Com isso, temos o objetivo de garantir maior segurança nas informações e maior agilidade na execução dos serviços”, enfatiza o oficial. O Cartório também já está emitindo a certidão com assinatura digital, nos termos da MP nº 2.200/01 e da Lei nº 11.977 de 2009. “O cliente, ao solicitar uma certidão, pode optar por seu formato eletrônico, que tem a mesma validade jurídica que a certidão em papel”, explica Fernando do Nascimento.


00

100

5

95

5

75

5

25

5

0

00

100

5

95

5

75

5

M

ASTER

QUALIDADE 25

5

0


INDÚSTRIA PETROQUÍMICA

Seleção e aplicação de válvulas de controle

Alguns subsídios para a seleção e correspondente aplicação dos tipos de válvulas de controle mais empregados na indústria petroquímica. São apresentados os tipos mais comuns de válvulas de movimento rotativo e linear, características construtivas, forma de operação, materiais, comparativamente o custo e a aplicação [André Rodriguez Gilio]

O

s principais avanços tecnológicos da última década, acerca dos elementos finais para controle de processos, condizem às áreas de software, atuadores e acessórios, isto pela necessidade inerente da avaliação de desempenho e precisão dos dados coletados por conta principalmente da evolução no campo da otimização e segurança da planta industrial. Na atual conjuntura, têm-se valorizado os fatores acessórios em detrimento aos elementos que considero entre os principais numa planta de processo, as válvulas de controle. O fator custo é um dos relevantes assuntos, que hoje, levam o engenheiro ou projetista, à despreocupação com a seleção apurada do tipo de válvula em sua aplicação, inclusive por inúmeras ofertas de software para cálculos, disponibilizadas pelos fabricantes. Muitos fatores tornam estas facilidades propostas pelos fabricantes de válvulas relevante no campo da engenharia, entre elas o desconhecimento dos tipos de válvulas, características físicas e mecânicas, ou ainda as aplicações e limitações de cada tipo. Podemos destacar para uma abordagem posterior, que também o desconhecimento das teorias e correlações que existem há mais de 35 anos a respeito das válvulas e inúmeras aplicações, tornam preocupantes esta tendência. Em situações práticas dos argumentos acima, há inúmeras aplicações onde se faz necessário rever o projeto logo após sua implantação, devido à inobservância da seleção e dimensionamento correto da válvula correspondendo à aplicação. Alguns dos problemas mais comuns inerentes deste fato são os fenômenos da cavitação, erosão, flashing e ruído elevado. Quanto à definição de válvula de controle, extraí três definições de literaturas clássicas e importantes para o engenheiro de controle, e que se completam. “Uma válvula de controle consiste de uma válvula,

76 • www.banasqualidade.com.br • Março • 2010

um atuador, e geralmente um ou mais acessórios.(1)” (Perry, 2007 p.8-74, tradução pessoal) “É um dispositivo acionado por força que modifica a taxa de fluxo de fluido em um sistema de controle de processo. Ele consiste de uma válvula conectada a um mecanismo de atuação (incluindo todos os acessórios relacionados) que é capaz de alterar a posição do obturador na válvula em resposta a um sinal do sistema de controle.(2)”(ANSI/ISA–75.05.01, 2000 p.17, tradução pessoal) “A válvula de controle manipula um fluxo de fluido, tal como o gás, vapor, água ou compostos químicos, para compensar a perda de carga e manter a variável regulada de processo mais perto possível do valor desejado.(3)”(Control Valve Handbook, 2005 p.1, tradução pessoal) A válvula de controle não é simplesmente uma válvula, como se pode entender. Ela consiste de uma montagem mecânica, elétrica e eletrônica em um único instrumento. Como característica mecânica, possui um corpo de material metálico ou não, com internos de material apropriado ao contato com o fluido e condições de operação. Ainda seu desenho e projeto com determinadas características físicas e hidrodinâmicas que as diferem umas das outras conforme a aplicação. Este primeiro conjunto mecânico é acoplado a outro, este com a função de transdutor, chamado atuador. O segundo tem a função de converter uma força provida por um motor ou um fluido, na força linear ou rotativa transmitida ao eixo da válvula, resultando na ação de abrir ou fechar. Ao atuador são instalados inúmeros acessórios e de diversas configurações, como válvulas direcionais, solenóides, chaves de fim de curso, posicionadores, sensores, entre outros dispositivos elétricos e eletrônicos, conectados a um sistema de controle. De forma geral, o material do corpo das válvulas de controle e internos deve seguir a orientação proposta


INDÚSTRIA PETROQUÍMICA pela engenharia de materiais, correspondendo à aplicação, pressão, temperatura e compatibilidade química com o fluido de processo. Quanto ao material e construção do atuador e acessórios, deve-se respeitar principalmente o local de instalação, classificação da área conforme NBR IEC 60079 e critérios da fábrica. A seguir, serão apresentados alguns tipos de válvulas mais comuns, descrevendo o conjunto mecânico principal constituído pelo corpo e internos, classificadas conforme o deslocamento da haste e pelo projeto construtivo, isto focando uma aplicação convencional sem fatores especiais ou severos, que serão tratados separadamente por aplicação.

Válvula Rotativa É uma válvula onde a haste gira em torno de seu eixo, que acoplado ao obturador no interior da válvula promove a regulagem, fechamento ou abertura do fluxo, manipulando assim a perda de carga. Vale ressaltar “[…]que válvulas de controle rotativas têm uma vantagem de custo nos tamanhos acima de 2 polegadas (50 mm), exceto para válvulas

em aplicações de grandes quedas pressão e especiais. (4)”(Baumann, 2008 p.11, tradução pessoal) São mais compactas e econômicas, inclusive no fator peso do conjunto, no entanto, elas apresentam poucas variações no desenho de seu interior, o que restringe as opções de característica de vazão. Possui desempenho aceitável em aplicações severas que exijam passagem plena ou com fluidos sujos e com sólidos em suspensão, principalmente apresentando melhores sistemas de vedação no eixo. Largamente empregada nas funções de corte, controle on-off, grandes vazões, grandes diâmetros e consequentemente grandes coeficientes de vazão.

Válvula esfera “Uma válvula de esfera tem um obturador esférico e um corpo tubular para o obturador[...](5)”(US Patent 3.409.268, 1968 p. 6, tradução pessoal) Os obturadores esféricos podem ser uma esfera completa ou um segmento de esfera. Independente do tamanho ou do obturador pode simplesmente possuir a passagem plena pelo centro do corpo, um recorte caracterizado ou em “V”.

www.banasqualidade.com.br • Março • 2010 • 77


INDÚSTRIA PETROQUÍMICA Inúmeros projetos para redução de ruído, cavitação ou caracterização de curva estão no mercado, com custos elevados e aplicações diversas, no entanto as válvulas mais convencionais possuem grande aplicação na indústria por serem mais simples, compactas, de abertura rápida, fácil manutenção e atingem ótimo grau de vedação com custo mais acessível. Geralmente não são aplicadas para controles refinados e de exigente precisão, mas tem ótima aceitação em pequenos diâmetros, funções de corte. Devem ser aplicadas em regulagem quando não for possível o uso de válvulas tipo globo ou borboletas.

Válvula borboleta A válvula borboleta tem um obturador em forma de disco chato que gira em torno de um eixo. Geralmente especificada com sede resiliente que proporciona melhor vedação quando o obturador está em posição de válvula fechada. Não possui grandes variações de projetos, no entanto, alguns mais modernos onde o eixo de giro é excêntrico apresentam maior desempenho na função de regulagem em relação aos modelos convencionais. Somente onde não se requerer controles refinados e de exigente precisão, as válvulas borboleta podem substituir as válvulas globo e serem aplicadas onde se requeira coeficiente de vazão elevado. Possui construção extremamente simples, proporcionando baixo custo e fácil manutenção, porém é das válvulas rotativas a que requer maior torque para abrir ou fechar dependendo da tendência do fluxo, tornando assim o fator velocidade de abertura ou fechamento muito dependente do sistema de atuação. Proporciona baixa perda de carga e exige pouco espaço para instalação na configuração tipo wafer. Possuem um baixo grau de vedação nos projetos convencionais, mas existem no mercado configurações com materiais apropriados, proporcionando altos graus de vedação com custo mais elevado, no entanto, geralmente nestes casos há grandes limitações quanto a condições de pressão e temperatura. São válvulas com construções de grandes diâmetros de até 72 polegadas e muito bem empregadas na função de corte ou controle on-off.

Válvula macho A válvula macho possui o obturador cilíndrico vazado e o corpo que o envolve. São conhecidos também como válvula tipo plug caracterizado. Assim, como nas válvulas esfera, a válvula macho possui alguns projetos caracterizados para o elemento vazado

78 • www.banasqualidade.com.br • Março • 2010

do obturador no intuito da redução de ruído, cavitação ou caracterização de curva. Sua maior aplicação é representada pela construção em múltiplas vias, deste modo quando o obturador gira, promove o desvio do fluxo, abertura e fechamento conforme combinação das vias e elemento vazado. Além da função regulagem, podem ser empregadas em funções de corte, controle on-off e múltiplas vias, mas ainda assim de pouca aceitação devido principalmente ao custo e manutenção comparadas aos modelos de esfera semelhantes. Tem vantagens sobre a válvula esfera, sua concorrente direta, quando em aplicações de altas velocidades e altas vazões, onde o fluxo exige maior torque do conjunto atuador. Nesta situação, o projeto da válvula macho exige menor torque do que a semelhante válvula esfera e de mesmo modo oferece ótimo grau de vedação.

Válvula plug As válvulas tipo plug, quando com obturador semiesférico são também chamadas de esfera segmentada ou esférica de setor e quando com obturados cilíndrico são também chamadas de válvula macho. Plug também é a tradução técnica para obturador, o que, em nosso entendimento, descaracteriza este tipo de válvula. São muito poucos os projetos de válvulas tipo plug onde o obturador não seja uma semi-esfera ou um cilindro. Há válvulas conhecidas como plug excêntrico que oferecem vantagens acerca de fluxos erosivos, no entanto, cria muita turbulência na saída da válvula e praticamente caiu em desuso. Outra semelhante, também conhecida como válvula tipo plug, e também em desuso é semelhante a um setor circular, porém com na região frontal do arco plana.

Válvulas Lineares São válvulas onde o obturador desliza em movimento linear na área de vedação, regulando, abrindo ou fechando a passagem do fluido pela sede. De acordo com Lipták,“[…]há cerca de 35 anos, a esmagadora maioria das válvulas de controle de otimização eram do tipo globo, caracterizada por movimento linear do obturador e acionado por atuadores tipo diafragma com retorno por mola. Nesse momento, as válvulas rotativas eram consideradas para controle tipo on/off. Hoje, válvulas de globo são ainda bastante usadas, mas sua posição dominante


INDÚSTRIA PETROQUÍMICA está sendo desafiada pelas válvulas rotativas mais baratas[…](6)”. (2006 p. 1051, tradução pessoal) As válvulas lineares oferecem uma gama de projetos de obturadores e internos para as mais diversas aplicações, o que as tornam indispensáveis no controle de processos. A escolha por válvulas lineares para regulagem, controles apurados, rigorosos e onde seja imprescindível precisão, será preferencialmente a opção de escolha. Elas não serão opção para as aplicações supra quando constatada alguma incompatibilidade com o processo.

Globo Sede Simples “Válvula de assento simples é o padrão mais amplamente usado em todo o mundo. Há boas razões para isso. Eles estão disponíveis em uma ampla variedade de configurações, incluindo projetos para fins especiais. Elas têm bom sistema de selagem, estão menos sujeitas a vibrações devido à restrição no obturador e são geralmente de fácil manutenção.(7)” (LIPTÁK, 2006 p. 1309, tradução pessoal) As válvulas tipo globo são as que têm maior

variedade de aplicações, isto devido à sua construção que permite desenhos variados de obturadores e acessórios instalados internamente ao corpo. Ainda são fabricados de diversos materiais de corpo e internos, possibilitando uma gama de fluidos compatíveis. Quanto à sede simples, como mencionado por Lipták (2006 p. 1309), podem ser de três tipos: anel flutuante, aparafusado ou integral. As válvulas globo ainda possuem variações de obturadores, podendo ser convencional, do tipo gaiola, ou balanceados, e variações de guias podendo ser apenas superior ou superior e inferior, por haste ou porta. As válvulas convencionais de sede simples são mais aplicadas em usos gerais onde se necessita de estanqueidade na válvula ou altos graus de vedação. As válvulas com obturadores do tipo gaiola têm o uso mais difundido na aplicação de controle principalmente devido aos projetos que proporcionam as características de curva caracterizadas e ainda a possibilidade de projetos especiais anti-cavitação e anti-ruído.

www.banasqualidade.com.br • Março • 2010 • 79


INDÚSTRIA PETROQUÍMICA Os internos balanceados são aplicados estritamente quando há uma necessidade de altas quedas de pressão na válvula ou em aplicações com pressões mais elevadas. Preferencialmente as válvulas tipo globo devem ser especificadas com o fluxo tendendo a abrir, visto que isso proporciona melhor ação do atuador e menos necessidade de utilidades, exceto para válvula de classe VI de vedação ou quando for exigido o contrário no projeto. O material dos internos destas válvulas em aplicações petroquímicas deve ser no mínimo aço inoxidável 316 e as guias de obturadores de material de maior dureza, exceto quando exigido o contrário por questão de compatibilidade química.

Globo Sede Dupla As válvulas de sede duplas geralmente são construídas para diâmetros e vazão maiores. Proporcionam menores forças dinâmicas no obturador, reduzindo a ação do atuador, desgastes diversos, no entanto, são recomendados quando em aplicações de menores graus de vedação. Elas possuem as mesmas variações de sede, obturador e guia que nas válvulas de sede simples, no entanto, preferencialmente devem ser guiadas na parte superior e inferior, proporcionando a operação mais estável e evitando o desalinhamento. Quanto à especificação em geral, deve-se seguir as mesmas orientações supracitadas para válvulas globo sede simples acerca dos internos balanceados, tendência de fluxo e materiais. São bastante empregadas em refinarias quando em necessidade de altas quedas de pressão na válvula, “[...] em fluidos altamente viscosos ou onde existe uma preocupação quanto à sujeira, contaminantes, ou depósitos em processo sobre o obturador.(8)” (Control Valve Handbook, 2005 p.45, tradução pessoal)

Válvula Saunders ou Diafragma As vantagens das válvulas Saunders incluem seus custos relativamente baixos, altos graus de vedação e compatibilidade com fluidos corrosivos, sujos, viscosos, ou serviços com lama, de acordo com o citado por Lipták (2006 p.1348). Suas limitações incluem suas características de controle, em termos de temperatura (altas ou baixas), para altas pressões e não são adequados em aplicações com cavitação ou flashing inerentes. Consiste de um diafragma que obstrui linearmente, conforme força imposta por fluido (líquido ou gás) ou dispositivo mecânico, o orifício de passagem do fluido de processo. Este diafragma pode ser fabricado

80 • www.banasqualidade.com.br • Março • 2010

em plástico, elastômero ou metálico flexível. Nas aplicações de controle geralmente não são aplicadas as válvulas Saunders convencionais. Para estas aplicações, há um projeto mais moderno conhecido como dualrange. De um modo geral, as válvulas Saunders são aplicadas em controle on-off e em aplicações onde foram excluídas a possibilidade de aplicação de válvulas globo ou rotativas.

Válvula gaveta Possui um ou dois discos acoplados à haste que desliza na direção perpendicular à vazão do fluido. A válvula gaveta é o tipo mais frequentemente especificado na indústria petroquímica para com atuação manual, porém seu uso é restrito quando em atuações automáticas. Ideal para aplicações de bloqueio que não exijam frequência de operação. Possuem o maior custo benefício nas condições de uso geral, na maior variedade de fluidos, condições de pressão e temperatura. Aplicado em situações onde se necessita baixas perdas de carga, porém não é aplicável em regulagem, principalmente pela tendência de erodir rapidamente por efeito de cavitação.

Válvula mangote As válvulas mangote têm sua aplicação na indústria bastante restrita. São empregadas em fluido com muitos sólidos ou polpas, altamente erosivos e abrasivos. Constituem de um corpo geralmente metálico com um tubo interno flexível, de material plástico, elastômero ou tecidos reforçados. São acionados por fluido líquido ou gasoso, injetado entre o corpo e o tubo flexível. Deste modo, o tubo flexível interno irá deformar até fechar a passagem do fluido de processo. O que decorre de sua pouca aplicação são vários fatores. Inicialmente suas restrições quanto a aplicações de controle, onde geralmente são empregadas em corte ou on-off. Em seguida, o material do tubo flexível, que nas aplicações industriais, para atender a compatibilidade química com os fluidos de processo torna o custo extremamente elevado, sendo geralmente aplicado em soluções aquosas e menos agressivas aos plásticos, elastômeros ou tecidos. Por fim há restrições quanto a aplicações pressurizadas em geral e manutenção.

Aplicações especiais Casos especiais e serviços severos devem ser observados de forma mais rigorosa, portanto, não será abordado integralmente neste trabalho, no entanto,


INDÚSTRIA PETROQUÍMICA abaixo são citadas aplicações onde o projetista não deve apenas considerar os fatores expostos anteriormente, mas fazer uma análise apurada das condições físicoquímicas do fluido e das condições de escoamento. São eles: - Escoamentos Bifásicos ou Multifásicos; - Serviços com oxigênio; - Serviços para criogenia; - Serviços com cavitação ou flashing inerentes; - Aplicação para altas temperaturas; - Aplicação para altas perdas de carga; - Aplicação para corrosivos ou tóxicos; - Aplicação para líquidos abrasivos; - Aplicação para líquidos viscosos; - Aplicação para líquidos sujos; - Aplicação para líquidos com sólidos, lamas e fibras; - Aplicação para gases abrasivos ou erosivos; - Aplicação para gases sujos. É importante que o engenheiro de controle conheça as características de cada tipo de válvula e sua correspondente aplicação, de modo que possa selecionar e aplicar corretamente na indústria. Nas aplicações de regulagem em condições de uso geral, o engenheiro deve dar preferência pelo emprego das válvulas tipo globo com obturador em gaiola convencional ou balanceado, principalmente nas aplicações de controle fino e preciso. Para a mesma aplicação, onde o controle não seja tão exigido, podem-se selecionar válvulas globo tipo sede simples em sistemas estanques ou sede dupla em diâmetros maiores em não tão necessário um alto grau de vedação. Quando as válvulas globo não puderem ser empregadas na função regulagem, devem-se dar preferências às válvulas esfera em pequenos diâmetros ou borboleta para grandes diâmetros. Nas aplicações de corte ou on-off em condições de uso geral o engenheiro deve preferir o emprego das válvulas esfera em pequenos diâmetros ou borboleta para grandes diâmetros. Quando não for possível a aplicação de válvulas esfera, podem-se substituir por válvulas macho ou na sequência válvulas diafragma. As aplicações de válvulas gaveta são restritas a aplicações onde não se exija operações constantes e as válvulas mangote somente no caso de não ser possível o emprego de outro tipo de válvula como no caso de fluidos aquosos densos e altamente abrasivos. No caso de serviços especiais ou severos, o estudo deve ser rigoroso, analisando o máximo de informações possíveis provenientes da aplicação e condição de escoamento. Referências ANSI/ISA–75.05.01: Control Valve Terminology. ISA: EUA, 2000. 32 p. BAUMANN, H. D. Control Valve Primer: A User´s Guide. 4 ed. ISA: EUA, 2008 161 p. CONTROL VALVE HANDBOOK. 4 ed. Fisher: EUA, 2005. 283 p. LIPTÁK, B. G. Instrument Engineers’ Handbook: Process Control and Optimization v. 2. 4 ed. Taylor&Francis: EUA, 2006 2464 p. PERRY, R. H.; GREEN, D. W. Perry´s Chemical Engineers’ Handbook. 8 ed. McGraw-Hill: China, 2007. 2400 p. US PATENT. Jean Gachot. Ball Valve. EUA n. 3409268, 15 jul. 1965, 05 nov. 1968. 8 p. André Rodriguez Gilio é engenheiro, mestrando em engenharia química e consultor em instrumentação, controle e automação de processos - andre.gilio@progen.com.br

www.banasqualidade.com.br • Março • 2010 • 81


Fórum Internacional de Acreditação

A Coordenação-Geral de Acreditação do Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (CGCRE/Inmetro), em parceria com a Sociedade Brasileira de Metrologia (SBM), organizará as reuniões do Comitê Técnico do Fórum Internacional de Acreditação (IAF) no Rio de Janeiro, de 13 a 21 de março de 2010. No dia 18 de março, junto com as reuniões do IAF, acontecerá o se-

minário “As mais recentes novidades no mundo da certificação acreditada”, aberto ao público e com vagas limitadas. Será uma oportunidade rara de discutir com líderes mundiais em avaliação da conformidade as últimas tendências sobre certificação acreditada. Durante o seminário, os palestrantes vão abordar diversos tópicos, como o plano estratégico conjunto ISO/IAF para aumentar a credibilidade da certificação de sistemas de gestão, uma atualização sobre o desenvolvimento da ISO/IEC 17021 para auditorias de sistema de gestão; as últimas novidades na Europa sobre a Nova Estrutura Legislativa, introduzida recentemente, e a abordagem dos Estados Unidos para acreditação de programas de verificação e validação de gases de efeito estufa. Todos os palestrantes são líderes em seus campos de atividade e diretamente responsáveis pelo desenvolvimento de medidas de certificação acreditadas nas áreas de pessoas, produtos e sistemas de gestão. As palestras terão tradução simultânea para o português. O custo para inscrição (que inclui, além do certificado, dois lanches e um almoço) é de R$ 200 (até 31 de janeiro), R$ 250 (de 1º a 28 de fevereiro) e R$ 300 (a partir de 1º de março). Para se inscrever no seminário, visite o site www.metrologia.org.br/ iaf2010.

Reuniões com o Ministério do Turismo Dando início ao Projeto de Qualificação dos Serviços e Equipamentos Turísticos, que tem como objetivo qualificar os destinos turísticos e estabelecer uma política de estímulo à melhoria contínua da qualidade e da segurança dos serviços ligados a esse setor, a Sociedade Brasileira de Metrologia (SBM), o Ministério do Turismo (MTur) e o Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro) estão realizando uma série de reuniões para preparar as Oficinas de Matrizes. Essas oficinas objetivam estabelecer as matrizes para a nova classificação dos meios de hospedagem brasileiros. Ao todo serão oito encontros, nas cinco regiões do país, que vão estabelecer critérios para oito tipos de empreendimentos: resorts, pousadas, hotéis urbanos, flats, hotéis-fazenda, hotéis da selva, hotéis históricos e os chamados cama e café. Com a nova classificação o MTur espera ter um controle mais rígido em relação à qualidade dos serviços prestados, dando credibilidade à hotelaria no Brasil. A nova classificação é um dos três itens do acordo de cooperação

82 • METROLOGIA & INSTRUMENTAÇÃO • Março/2010

celebrado entre o MTur, o Inmetro e a SBM, que prevê, também, o estudo de viabilidade de um hotel conceito a ser construído no Parque Tecnológico do Inmetro, em Xerém, e a criação de um selo de qualidade que será atribuído aos prestadores de serviço.

www.banasmetrologia.com.br


Eleições SBM – Votação para cargos eletivos do biênio 2010-2012 No dia 19 de março serão apuradas as eleições dos novos dirigentes da SBM para o biênio 2010-2012. De acordo com o estatuto da Sociedade, a cada dois anos um processo eleitoral define o quadro de dirigentes para o biênio, que tem início em março do ano da eleição. Assim, atuando por designação da atual Diretoria Executiva, e cumprindo determinação de seu Conselho Deliberativo, foi constituída a Comissão Eleitoral 2010 e aberto o processo eleitoral. Os cargos disputados são para o Conselho Deliberativo, Diretoria Executiva e Conselho Fiscal. A composição do Conselho Deliberativo, conforme o Art. 21, do Estatuto, é de até 13 membros, sendo 3 membros natos (presidente da SBM no exercício do seu mandato, o último ex-presidente da SBM e o último ex-presidente do Conselho Deliberativo), e até 10 membros eleitos pelos associados, sendo, até 4 conselheiros representantes dos Associados Institucionais e até 6 conselheiros representantes dos Associados Titulares. A cada eleição renova-se a metade dos conselheiros eleitos. Nessa eleição serão eleitos cinco novos membros, dois representantes da categoria de Associados Institucionais e três representantes da categoria de Associados Titulares.

A Diretoria Executiva é formada com até 6 membros, sendo 1 Presidente, 1 Vice-Presidente de Gestão e Finanças e até 4 outros Vice-Presidentes, cujas atribuições devem ser definidas no Programa de Trabalho. Os candidatos à Diretoria Executiva compõem uma chapa que será votada em bloco. A Diretoria Executiva cumprirá um mandato de 2 anos (março/2010-março/2012). Para o Conselho Fiscal, são três cargos para membros titulares e três para suplentes, com mandato de dois anos. As comissão eleitoral receberá as cédulas eleitorais dos associados até o dia 19 de março às 9 horas, as 10 horas do mesmo dia iniciará a apuração. Todos os associados da SBM, em dia com suas obrigações associativas, estão aptos a votar. Para saber sobre sua situação basta entrar em contato com a secretaria da SBM pelo telefone (21) 2532-7373 ou por e-mail pelo endereço secretaria@ metrologia.org.br A comunidade brasileira de metrologia se fortalece nesse processo isento e aberto, beneficiando-se da ação efetiva de uma sociedade comprometida com a promoção da metrologia como instrumento de competitividade e qualidade de vida.

Candidatos CONSELHO DELIBERATIVO (CD) • Representantes do Associados Institucionais: Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do RJ - IFRJ (Prof. Francisco da Silva Esteves - Diretor de Administração do Campus Volta Redonda) Petrobras (Engº Alípio Ferreira Pinto Júnior - Petrobras/Cenpes) Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial - Senai (Prof. José Manuel de Aguiar Martins – Diretor Geral) •

Representantes dos Associados Titulares: Celso Romero Kloss Eduardo Rachid Sérgio Luiz Lenzi Reinaldo Dias Ferraz de Souza

CONSELHO FISCAL (CF) Gregory Amaral Kyriazis Ieda Maria Vieira Caminha Margareth Maria de Araújo Pedro Paulo Almeida Silva DIRETORIA EXECUTIVA (DE) • Chapa única candidata à Diretoria Executiva da SBM

Chapa Ética, Transparência, Austeridade e Trabalho. Composição: João Carlos Guimarães Lerch (Presidente), Romeu José Daroda (Vice-Presidente de Gestão e Finanças), Alexandre Mendes (Vice-Presidente), Eduardo Paoliello (Vice-Presidente), Gelson Martins da Rocha (Vice-Presidente) e Marco Antonio Lima Berberi (Vice-Presidente).

O currículo resumido dos candidatos ao CD e CF e o Plano de Trabalho proposto para a chapa da Diretoria Executiva estão disponíveis no site da SBM www.metrologia.org.br.

www.banasmetrologia.com.br

Março/2010 • METROLOGIA & INSTRUMENTAÇÃO • 83


ISO 9001 x ISO 17025

O que há de comum entre essas normas para os laboratórios de ensaio e de calibração? Ao ser certificado pela ISO 9001, um laboratório atestará que executa suas tarefas/ ensaios/calibrações de acordo com um procedimento documentado e que atende aos requisitos da norma, enquanto que, ao ser acreditado conforme a norma ISO 17025, vai além da execução de uma tarefa de acordo com um procedimento escrito, sendo necessária a comprovação da competência técnica do executante desta tarefa, além do fato de que o procedimento escrito deve, sempre que possível, ser baseado em normas nacionais e/ou internacionais

[Da Redação]

I

nternacionalmente, o processo de padronização das atividades dos laboratórios de ensaio e calibração teve início com a publicação da ISO/ IEC Guia 25 em 1978, revisado posteriormente em 1993. Na Europa, em razão da não aceitação da ISO Guia 25, vigorava a EN 45001 como norma para reconhecer a competência dos ensaios e calibrações realizadas pelos laboratórios. Tanto a ISO Guia 25 como a EN 45001 continham aspectos cujos níveis de detalhamento eram insuficientes para permitir uma aplicação/interpretação consistente e sem ambiguidades, como por exemplo, o conteúdo mínimo a ser apresentado na declaração da política da qualidade do laboratório, a rastreabilidade das medições, as operações relacionadas às

84 • www.banasqualidade.com.br • Março • 2010

amostragens e o uso de meios eletrônicos. Para suprir essas lacunas, a ISO iniciou em 1995 os trabalhos de revisão da ISO Guia 25 através do Working Group 10 (WG 10) da ISO/CASCO (Committee on Conformity Assessment). Dessa revisão, resultou a norma ISO/IEC 17025 Requisitos gerais para a competência de laboratórios de ensaio e calibração, oficialmente datada de 15 de dezembro de 1999 e publicada internacionalmente no início do ano 2000. No Brasil, foi publicada pela ABNT a NBR/ISO/IEC 17025 em janeiro de 2001. Depois disso, sofreu um processo de revisão e foi publicada em 2005 sua nova versão, estabelecendo os requisitos gerenciais e técnicos para a competência de laboratórios em fornecer resultados de ensaio e calibração tecnicamente válidos. Deve ser aplicada: • Em laboratórios que realizam ensaios e/ou calibrações considerados como de primeira, segunda ou terceira parte. • Primeira Parte - o fornecedor realiza ensaio em seu próprio produto. • Segunda Parte - o cliente realiza ensaio no produto do fornecedor. • Terceira Parte - o laboratório que realiza o ensaio não possui interesse no produto. • Esta norma é para o uso de laboratórios de calibração e ensaio no desenvolvimento de seu sistema de gestão da qualidade.


ISO 9001 x ISO 17025 • Clientes de laboratórios, autoridades regulamentadoras e organismos de acreditação também podem usar a norma para confirmar ou reconhecer a competência de laboratórios. • Não cobre requisitos de segurança e regulamentos sobre a operação de laboratórios. • O atendimento a esta norma significa que o laboratório opera um sistema de gestão da qualidade segundo os princípios da ISO 9001. • Esta norma cobre a competência técnica requerida que não é coberta pela ISO 9001.

Normas de referência • ABNT NBR ISO/IEC 17000 - Avaliação de Conformidade - Vocabulário e Princípios Gerais; • VIM - Vocabulário Internacional de Termos Fundamentais e Gerais de Metrologia; • NBR 9000: 2000 - Sistemas de Gestão da Qualidade - Fundamentos e Vocabulários. A norma está dividida em requisitos: Gerenciais (Seção 4) - requisitos que asseguram a continuidade da competência técnica; e Técnicos (Seção 5) - requisitos que asseguram a competência técnica. Requisitos Gerenciais 4.1 – Organização 4.2 – Sistema de gestão 4.3 – Controle de documentos 4.4 – Análise crítica de pedidos, propostas e contratos 4.5 – Subcontratação de ensaios e calibrações

4.6 – Aquisição de serviços e suprimentos 4.7 – Atendimento ao cliente 4.8 – Reclamações 4.9 – Controle de trabalhos de ensaio e/ou calibração não conforme 4.10 - Melhoria 4.11 – Ação corretiva 4.12 – Ação preventiva 4.13 – Controle de registros 4.14 – Auditoria interna 4.15 – Análise crítica pela direção Requisitos Técnicos 5.1 - Generalidades 5.2 – Pessoal 5.3 – Acomodações e condições ambientais 5.4 – Métodos de ensaio e calibração e validação de métodos 5.5 – Equipamentos 5.6 – Rastreabilidade da medição 5.7 – Amostragem 5.8 – Manuseio de itens de ensaio e calibração 5.9 – Garantia da qualidade de resultados de ensaio e calibração 5.10 – Apresentação de resultados Enfim, a norma ISO 17025 é o resultado de uma grande experiência colhida no decorrer dos tempos desde a primeira versão da ISO/IEC Guide 25 de 1978. Após esta primeira versão, a norma ganhou uma segunda versão em 1982, sua terceira versão em 1990 e a última de 2005. A nova norma contém os requisitos gerais a serem atingidos

www.banasqualidade.com.br • Março • 2010 • 85


ISO 9001 x ISO 17025 pelos laboratórios de ensaio e calibrações que quiserem demonstrar que mantêm um sistema de garantia da qualidade adequado às características específicas e volume dos trabalhos que realiza. Este sistema procura garantir que os laboratórios são tecnicamente competentes e capazes de gerar resultados tecnicamente válidos. Os organismos de credenciamento, organismos independentes que realizam atividades de comprovação de conformidade destes sistemas, reconhecendo a competência técnica dos laboratórios de ensaio e calibração usarão esta norma internacional como base para a realização de suas atividades. A parte 4 especifica as exigências que o laboratório deve cumprir para demonstrar que obedece os requisitos de sistema da qualidade exigidos para a gerência. A cláusula 5 especifica as exigências que o laboratório deve cumprir para demonstrar competência técnica para o tipo e volume de ensaios e/ ou calibração que ele realiza. O crescimento no uso de sistemas da qualidade aumentou a necessidade de assegurar que os laboratórios que fazem parte de grandes organizações, ou oferecem outros serviços para elas, podem operar sob um sistema de qualidade específico e em sintonia com os requisitos das normas ISO 9001. A norma procurou incorporar todos os requisitos do ISO 9OO1 que são relevantes para o objetivo dos serviços de ensaios e calibração, cobertos pelo sistema da qualidade do laboratório. É preciso observar, entretanto, que os laboratórios que só obtém este tipo de certificação não estão aptos para demonstrar competência técnica ou que são capazes de produzir resultados de ensaios e/ou calibrações com a devida qualidade técnica. Por outro lado, o credenciamento não é a mesma coisa que possuir certificado para o uso do ISO 9001. A aceitação de resultados de calibração e de ensaio entre países será mais fácil se os laboratórios operarem de acordo com esta norma internacional e se conseguirem credenciamento de organismos de seus países de origem que fizeram acordos de reconhecimento mútuo com organismos equivalentes em outros países que usam esta norma internacional. A utilização desta norma internacional vai facilitar a comercialização de produtos, auxiliando na troca de informações e de experiência, assim como na harmonização de normas e procedimentos. Em resumo, a adequação das atividades gerenciais e técnicas do laboratório

86 • www.banasqualidade.com.br • Março • 2010

de acordo com os critérios da ISO/IEC 17025 deve ser vista não como um custo, mas como um investimento de médio e longo prazos e cujo retorno comercial e financeiro certamente será garantido pela comprovação da competência técnica do laboratório perante o mercado. Importante dizer que o objetivo da ISO 9001 é prover confiança de que o fornecedor poderá fornecer, de forma consistente e repetitiva, bens e serviços de acordo com o que foram especificados. A norma não especifica requisitos para bens ou serviços os quais se está comprando. Isto cabe à empresa definir, tornando claras as suas próprias necessidades e expectativas para o produto. A especificação pode se dar através da referência a uma norma ou regulamento, ou mesmo a um catálogo, bem como a anexação de um projeto, folha de dados, etc. Assim, o que significa conformidade com a ISO 9001? Significa que o fornecedor estabeleceu uma abordagem sistêmica para a gestão da qualidade e que está gerenciando seu negócio de tal forma que assegura que as necessidades estejam compreendidas, aceitas e atendidas. A evidência de conformidade com a ISO 9001 não deve, entretanto, ser considerada como um substituto para o compromisso com a conformidade do produto, que é inerente ao fornecedor.

Acreditação de laboratórios Segundo o Inmetro, a acreditação de laboratórios pela Cgcre/Inmetro é realizada pela Divisão de Acreditação de Laboratórios (Dicla), que realiza as atividades relacionadas à concessão e manutenção da acreditação, de acordo com os requisitos da norma ABNT NBR ISO/IEC 17025, aplicável a laboratórios de calibração e de ensaio e acreditação de laboratórios de análises clínicas, que é concedida com base nos requisitos estabelecidos na norma ABNT NBRNM ISO 15189, sendo aplicável a laboratórios onde se realizam exames de materiais biológicos, microbiológicos, imunológicos, químicos, imuno-hematológicos, hematológicos, biofísicos, citológicos, patológicos ou de outros materiais provenientes do corpo humano, com a finalidade de fornecer informações para o diagnóstico, prevenção e tratamento de doenças, ou para a avaliação de saúde de seres humanos e que podem oferecer serviços de consultoria e acompanhamento que abrangem todos os aspectos das investigações em laboratório, incluindo a interpretação de


ISO 9001 x ISO 17025 resultados e conselhos sobre investigações adicionais apropriadas. A acreditação de laboratórios não é concedida para atividades de natureza subjetiva ou interpretativa, tais como expressão de opinião, investigação de falhas ou consultoria, mesmo que essas atividades sejam baseadas em resultados de calibrações ou ensaios objetivos. A acreditação é de natureza voluntária, sendo concedida para qualquer laboratório que realize serviços de calibração e/ou ensaio, em atendimento à própria demanda interna ou de terceiros, independente ou vinculado a outra organização, de entidade governamental ou privada, nacional ou estrangeiro, independente do seu porte ou área de atuação. A acreditação de laboratórios é concedida por endereço e por natureza dos serviços, se calibração, ensaio, ou exame. As informações dos laboratórios obtidas pela Cgcre, incluindo a equipe de avaliação, são tratadas com estrita confidencialidade. A Cgcre/Inmetro) está utilizando um sistema de gerenciamento das atividades de acreditação denominado ORQUESTRA, cujo endereço é http://

www.inmetro.gov.br/orquestra. O sistema é baseado na metodologia Business Process Management (BPM) que propiciará a automatização, melhor gerenciamento e otimização dos processos de acreditação, além de permitir, com facilidade, o acesso dos organismos e/ou laboratórios acreditados ou em fase de concessão da acreditação às informações do seu processo de concessão de acreditação ou de extensão de seu escopo. Considerando a implantação desta ferramenta, todas as solicitações de acreditação ou de extensão da acreditação devem ocorrer, a partir de agora, por meio do Sistema ORQUESTRA. Para o cadastro do laboratório, deve ser solicitado à Divisão de Acreditação Laboratório (Dicla), pelo e-mail dicla@inmetro.gov.br, um login e uma senha para acesso ao sistema ORQUESTRA. A senha deve ser alterada da seguinte forma: clicar no ícone “configurações pessoais”, preencher campo “senha” e clicar atualizar. Confira no link um manual de utilização do sistema ORQUESTRA (www.inmetro.gov.br/ credenciamento/manual_orquestra.asp).

www.banasqualidade.com.br • Março • 2010 • 87


PRÊMIO BANAS EXCELÊNCIA EM METROLOGIA

Conheça as quatro empresas que conquistaram o prêmio no ciclo 2009 No início de fevereiro, foram anunciadas as organizações que, após passarem por um rígido processo de avaliação, conquistaram o Prêmio Banas Excelência em Metrologia [Nathalie Gutierres]

N

o total, foram quatro empresas vitoriosas, sendo três delas na categoria“Calibração e Ensaios”e uma na categoria“Industrial”. Neste ano, não houve vencedores na categoria Análise Clínica. Estavam aptos a se candidatar para a categoria de“Calibração e Ensaios”laboratórios físicos, químicos, dimensionais, de produto, qualidade da água, eletro-eletrônico e metalográficos que prestem serviços para terceiros, fazendo uma fonte de receita desta atividade. Os laboratórios que fazem parte da Rede Brasileira de Calibração ou Ensaios (RBC ou RBLE) e da Rede Brasileira de Laboratórios Analíticos em Saúde também podiam concorrer ao prêmio. Para a categoria“Industrial”, poderiam concorrer laboratórios físicos, químicos, dimensionais, metalográficos, biológicos, microbiologia, que prestem serviços internos de calibração e/ou ensaios, não tendo fonte arrecadadora desta atividade. Na categoria Calibração e Ensaios, conquistaram o prêmio o Laboratório Metrológico Cam Brasil, o Grupo Falcão Bauer e a Sabesp MP. Já a Beverage Quality Laboratory – Coca-Cola levou o troféu na categoria Industrial.

Sabesp MP A Divisão é responsável pela área de hidrometria, com o foco em garantir a precisão dos hidrômetros que medem consumo de água nos imóveis

V

encedora do Prêmio na Categoria “Calibração e Ensaios”, a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), por meio da Superintendência de Planejamento e Desenvolvimento da Metropolitana (MP) e Divisão de Medidores (MPOM), atua fortemente para garantir uma justa medição do consumo de água para os seus clientes. Em seu Laboratório de Hidrometria, sobre o qual é responsável, realiza estudos e ensaios metrológicos em hidrômetros novos e usados, desenvolve novos medidores e novas tecnologias com foco em hidrometria e comunicação de dados à distância para leitura de medidores, além de emitir laudos técnicos. A área de Hidrometria tem o importante papel de garantir a precisão dos hidrômetros utilizados para medir

88 • www.banasqualidade.com.br • Março • 2010

o consumo de água em cada imóvel ligado a rede pública de distribuição. Para a realização das suas atividades, o Laboratório dispõe de equipamentos de alta tecnologia para movimentação, jateamento, ajuste de medidores e amplo ferramental destinado a diversas aplicações. Já o Sistema de Telemetria da Sabesp foi desenvolvido no Laboratório de Hidrometria e é uma solução integrada para a gestão do consumo de água que permite o controle e a tomada de ações remotas para evitar o desperdício e reduzir custos para o cliente. Pensando no meio ambiente, a equipe tem muito orgulho não só de atuar na preservação do recurso hídrico, mas também de pensar no descarte adequado. Exemplo disso é o contrato de permuta com os fornecedores para recolhimento e destinação adequada das carcaças dos hidrômetros retirados por manutenção preventiva e corretiva. Com isso, ocorre a reciclagem do material, evitando a extração de matéria-prima na natureza. Com um perfil de trabalho que requer precisão e controle absoluto das tarefas realizadas, o Laboratório tem seus processos certificados e padronizados pelas


PRÊMIO BANAS EXCELÊNCIA EM METROLOGIA normas de qualidade da ISO 9001:2000, desde 2003. Em 2008, mais uma conquista relativa à qualidade do processo, o Inmetro credenciou o Laboratório de Hidrometria para atuar como Posto de Ensaio Autorizado – PEA, certificação esta que segue os mesmos requisitos da ISO 17025 para o processo de recuperação de hidrômetros. Para a superintendência da Sabesp,

especialmente para os colaboradores do Laboratório de Hidrômetria, o Prêmio Banas Excelência em Metrologia é o reconhecimento para a equipe pelos excelentes resultados alcançados e serviços prestados a sociedade, com isso, o grupo aprende que vale apena encarar os desafios, pois, através desses movimentos é possível descobrir o melhor caminho a seguir na busca da melhoria contínua.

Grupo Falcão Bauer Com a missão de oferecer serviços com qualidade e diferenciais de mercado, Grupo conquista o Ouro na Categoria Calibração

C

om as atividades iniciadas em 1953, o Grupo Falcão Bauer tem o seu foco na prestação de serviços de calibração de equipamentos, controle de qualidade e ensaios para uma grande variedade de materiais e produtos da indústria em geral, da construção

civil, automotiva, de bens de consumo, brinquedos, dentre outros segmentos. Presta também serviços de consultorias nas áreas de engenharia civil, recuperação de estruturas, qualidade, meio ambiente e para a indústria petroquímica e de petróleo. O Grupo é formado pela L.A. Falcão Bauer, BNA Engenheiros Consultores, Laboratório Bauer ABBO, Instituto Falcão Bauer da Qualidade (IFBQ) e tem expressiva credibilidade conquistada ao longo de seus 57 anos de existência, conquistando em 2009 o Prêmio Excelência em Metrologia no nível Ouro com

www.banasqualidade.com.br • Março • 2010 • 89


PRÊMIO BANAS EXCELÊNCIA EM METROLOGIA o laboratório de Bens de Consumo. Este laboratório, atualmente, ensaia principalmente artigos infantis em geral, tais como brinquedos, chupetas, mamadeiras, artigos escolares, entre outros, além de cadeiras plásticas e escadas domesticas. “Ao tratar de crianças, é de extrema importância que apenas os produtos mais adequados sejam oferecidos a este público. Desta forma, podemos citar dois fatores: a determinação das faixas etárias dos produtos e segurança destes produtos e, neste caso, vale ressaltar o comprometimento e a responsabilidade social que o Grupo Falcão Bauer tem ao realizar a certificação e ensaios de laboratório, visando minimizar os perigos potenciais que certos produtos infantis possam trazer para as crianças”, explica Roberto Falcão Bauer, diretor técnico do Grupo. Os princípios que regem os Laboratórios de Ensaio e Calibração da L.A. Falcão Bauer combinam diversas

normalizações.“As atividades são realizadas de acordo com o Sistema de Gestão Integrado da empresa, de modo a satisfazer às necessidades dos clientes e atender aos requisitos das normas ABNT NBR ISO/IEC 17025:2005, ABNT NBR ISO 9001:2008, ABNT NBR ISO 14001:2004, OHSAS 18001:2007 e aos critérios de Acreditação da CGRE/Inmetro e de Habilitação da REBLAS/Anvisa” ressalta Bauer. Para o Grupo, a conquista do Prêmio Banas Excelência em Metrologia está relacionada a diversos fatores, como analisa Bauer.“Os principais pontos foram a diversificação e a flexibilidade para adaptação às necessidades de mercado, sempre norteados pela confiabilidade e credibilidade do laboratório. A utilização de ferramentas da qualidade arrojadas e grandes investimentos em infra-estrutura e treinamentos da equipe também foram um grande diferencial”.

Beverage Quality Laboratory – Coca-Cola explicam Rafael Chevrand, gerente da qualidade, Gabrielle Dias Nova, gerente técnica e Nélio Frias, diretor do laboratório do BQL. Comprometidos com a melhoria contínua da eficácia do sistema de gestão e de seus processos Beverage Quality Laboratory (BQL), operacionais e administrativos, o BQL garante a parte do grupo The Coca-Cola Company, confiabilidade dos resultados conquista o Prêmio analíticos, desenvolvimento de Banas Excelência seus associados e satisfação de em Metrologia pelo segundo seus clientes e consumidores. ano consecutivo e é Ouro na “Asseguramos competência categoria Industrial. Por meio nas análises e medições de análises físico-químicas, que fazemos, através do ensaios mecânicos, sensoriais, cumprimento das boas práticas microbiológicas, e visuais, o profissionais, seguindo os BQL trabalha com o foco em procedimentos do Sistema assegurar a qualidade de bebidas de Gestão do Laboratório, produzidas pelos engarrafadores garantindo a conformidade e o do Sistema Coca-Cola Brasil. cumprimento da norma NBR Primando pela excelência Equipe de colaboradores da BQL ISO/IEC 17025:2005 e atendendo aos requisitos e na qualidade de atendimento e prestação de serviços metas solicitadas por nossos clientes e consumidores, analíticos para todo o Sistema Coca-Cola Brasil, o BQL bem como aos requisitos legais e regulamentares”, se empenha na valorização de seus colaboradores, detalham os profissionais do BQL. Assim, a prestação denominados por eles como seu “bem mais precioso”. de serviços de ensaios laboratoriais está baseada no “O BQL acredita profundamente e investe em alto nível de desempenho da equipe envolvida, sendo liderança, colaboração, integridade, responsabilidade, esta plenamente familiarizada com a documentação da paixão, diversidade e qualidade, pois sabemos que os qualidade, com as políticas e com os procedimentos de nossos ótimos resultados são reflexo do nosso grande suas respectivas atividades. esforço no investimento de excelentes profissionais”,

A excelência em laboratório é destaque na categoria Industrial

O

90 • www.banasqualidade.com.br • Março • 2010


PRÊMIO BANAS EXCELÊNCIA EM METROLOGIA

Laboratório Metrológico Cam Brasil A aplicação da ISO 17025 e da ISO 9001 norteia excelência do processo de gestão

O

ferecendo soluções tecnológicas relacionadas à energia em quatro linhas de negócio (medição e certificação, obras elétricas, comercialização de equipamentos/materiais elétricos e logística de medidores e selos), a Cam Brasil conquista, pela terceira vez, o Prêmio Banas Excelência em Metrologia. Pertencente à holding espanhola Endesa, um dos maiores grupos de energia do mundo, a Cam Brasil se baseia em duas normalizações para organizar seu sistema de gestão.“Utilizamos como referência as normas ISO 17025 e a ISO 9001, atuando através de boas práticas profissionais, entregando pontualmente produtos e serviços, cumprindo com todos os requisitos legais, buscando assim a satisfação plena de seus clientes e a melhoria contínua de seus processos”,

explica Rodrigo Garão da Silva, coordenador da qualidade da Cam Brasil. Ocorrida em 19 de fevereiro de 2008, a certificação da ISO 17025 é aplicada integralmente a todos que compõem a equipe do laboratório.“Seu cumprimento é de suma importância para mantermos nossa acreditação e mantermos o alto padrão de qualidade exigido por nossos clientes”, aponta Silva. Conquistar o Prêmio Banas Excelência em Metrologia foi o resultado do empenho da empresa em se dedicar ao seu público-alvo.“Acredito que somos uma empresa que se preocupa muito com a satisfação de nossos clientes. Tudo o que fazemos e desenvolvemos é com o intuito de melhorar nossa imagem e a qualidade de nossos serviços”, analisa Silva.“Com a conquista do prêmio neste ano, nos tornamos tricampeões! É o reconhecimento de um trabalho desenvolvido com seriedade e muita determinação”, completa.

www.banasqualidade.com.br • Março • 2010 • 91


INSTRUMENTAÇÃO ANALÍTICA

Considerações gerais para a garantia da qualidade laboratorial Um resultado analítico torna-se confiável quando diversos fatores, como recurso humano, condições ambientais, metodologia de ensaio, instrumentação analítica e outros, estiverem sob controle [Margarete Midori Okazaki, Neliane F. Arruda Silveira e Margaret Yuriko Saiki]

N

um mercado altamente globalizado e competitivo, torna-se cada vez mais evidente o interesse por produtos/serviços com qualidade. Diante desse contexto, os laboratórios de ensaio têm buscado alternativas para a inovação da qualidade de seus resultados analíticos. Os resultados de uma medição, com suas respectivas margens de dúvida (incertezas de medição), são direta ou indiretamente afetados por uma série de fatores, tais como: recurso humano, condições ambientais, metodologia de ensaio, instrumentação analítica, padrões, rastreabilidade das medições e outros. Os instrumentos ou dispositivos de medição, fatores tão relevantes quanto os demais, são abordados em normas oficiais, principalmente as da série ISO. A norma NBR ISO 9001:2008, por exemplo, trata os dispositivos de medição no item 7.6, definindo o seu controle e monitoramento. A norma NBR ISO 10012:2004 especifica as principais características do sistema de comprovação a ser utilizado para os equipamentos de medição. Apesar de inúmeras normas, acredita-se que muitos usuários ou compradores de instrumentação analítica ainda encontram dificuldades com relação aos critérios técnicos para seleção (aquisição), utilização e manutenção dos instrumentos de medição. A crescente evolução da instrumentação e dos controles de processos analíticos tem sido caracterizada por um elevado número de medições e parâmetros, onde os instrumentos de medição tornam-se essenciais para a garantia da confiabilidade metrológica de processos e fornecimento de sustentabilidade para os sistemas de gestão da qualidade. A medição é um processo que objetiva a

92 • www.banasqualidade.com.br • Março • 2010

determinação do valor de uma grandeza particular, mensurando-o, seguindo uma série de operações bem definidas, as quais devem estar documentadas. No entanto, o resultado de uma medição estará completo somente se apresentar uma declaração de sua incerteza, com um nível de confiança ou probabilidade de abrangência determinada. De acordo com o VIM (Vocabulário Internacional de Metrologia), a incerteza de medição é um parâmetro associado ao resultado de uma medição (seja ela uma calibração ou um ensaio), que caracteriza a dispersão dos valores que podem ser fundamentalmente atribuídos a um mensurando. Na realização de qualquer medição, sempre ocorrem erros, cujas causas podem ser controláveis, incontroláveis ou inclusive, desconhecidas. Portanto, para a realização de medições confiáveis, são necessários o domínio (conhecimento), o controle e a disciplina do analista sobre alguns fatores, tais como: objeto de medição; procedimento de medição; ambiente de medição; método de cálculo do resultado analítico e os instrumentos de medição (FIDÉLIS, 2006). O uso adequado da instrumentação analítica contribui significativamente para a garantia da exatidão da medição de uma grandeza. Segundo o Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro), os laboratórios de ensaio e calibração devem demonstrar que seus instrumentos de medição não só produzem resultados corretos, mas também, estão controlados de forma apropriada, assegurando a exatidão requerida pelo cliente (FILHO, 2008). O uso de instrumentos calibrados adequadamente, para cada tipo de medição e serviço, também é essencial para a confiabilidade metrológica dos


INSTRUMENTAÇÃO ANALÍTICA resultados analíticos. A rastreabilidade dos instrumentos analíticos torna-se, portanto, fundamental para a qualidade das medições. A qualidade principal de um instrumento de medição é a de medir com o mínimo erro, isto é, um instrumento de medição de boa qualidade deve ser capaz de apresentar resultados com pequenos erros de medição. Portanto, uma análise crítica prévia à seleção de instrumentos analíticos torna-se fundamental em qualquer etapa do processo laboratorial. Além do custo de aquisição, prazo de entrega e garantias do fabricante, é recomendável que laboratórios de ensaio, quando possível, avaliem junto aos fornecedores os seguintes parâmetros, antes da compra do instrumento: 1.Tipo, modelo e marca existentes no mercado; 2. Faixas nominal, de medição, exatidão e resolução; 3. Mecanismo de funcionamento do instrumento; 4. Condições ambientais de utilização e armazenamento do instrumento; 5. Instrução de uso compreensível aos usuários; 6. Critérios de segurança e saúde para o operador; 7. Procedimento adequado de manutenção, imediatamente após o uso do instrumento; 8. Limpeza e/ou descontaminação do instrumento avaliado; 9. Condições apropriadas para transporte do instrumento (ex: manutenção externa); 10. Parâmetros técnicos essenciais para o serviço de calibração (quando aplicável); 11. Possibilidade de ajuste do instrumento de medição, no processo de calibração; 12. Possibilidade de regulagem do instrumento pelo usuário; 13.Método de verificação periódica da qualidade metrológica do instrumento (verificação intermediária entre calibrações consecutivas, conforme a Norma NBR ISO/IEC 17025:2005); 14. Acessórios ou peças de reposição (quando aplicável); 15. Checagem da performance da instrumentação analítica, imediatamente antes de seu uso; 16. Possíveis erros cometidos por usuários do instrumento em avaliação; 17. Contatos de clientes usuários do instrumento em avaliação. Com relação aos acessórios ou peças de reposição, a origem de sua fabricação ou fornecimento pode dificultar a sua aquisição (exemplo: importação). A análise crítica pode incluir, quando possível, a possibilidade de se avaliar o instrumento dentro do laboratório interessado por um período preestabelecido (demonstração antes da compra do instrumento). Outro ponto a considerar, antes da aquisição do instrumento de medição, refere-se ao valor da sua incerteza, parâmetro que deve ser fornecido pelo fabricante. Para instrumentos de medição sofisticados, torna-se interessante a realização de um treinamento teórico e prático no laboratório, através do representante técnico da empresa que realizou a venda. Finalmente, convém lembrar que a seleção de um instrumento de medição está diretamente relacionada com a tolerância do ensaio analítico. A aquisição ou utilização de instrumentos sem uma análise prévia da tolerância do ensaio, além de comprometer negativamente a qualidade dos resultados, pode resultar na subutilização ou sucateamento de instrumentos, gerando desperdício econômico para o laboratório de ensaio. Assim, a seleção adequada de um instrumento de medição é um dos fatores determinantes para a garantia da confiabilidade da medição de uma grandeza. Quando o instrumento não atender às necessidades técnicas do usuário, será impossível a obtenção de resultados analíticos com exatidão e repetibilidade satisfatórias.

www.banasqualidade.com.br • Março • 2010 • 93


INSTRUMENTAÇÃO ANALÍTICA Portanto, os laboratórios de ensaio e calibração necessitam adquirir, quando possível, instrumentos de medição fornecidos por fabricantes que tenham implantado sistemas de gestão da qualidade certificados. Devem exigir que esses produtos sejam acompanhados, além do manual técnico, de um certificado de série (onde figuram a média e o desvio padrão para a capacidade relativa a cada série de fabricação) ou mesmo de um certificado de calibração. No entanto, nenhum instrumento adquirido, ainda que recém calibrado, deve ser liberado para uso sem antes ter a sua documentação técnica (manual, certificado) criteriosamente analisada. Apesar do cuidado na seleção do instrumento analítico na fase de aquisição, os laboratórios, mesmo com sistema de gestão da qualidade implementado, nem sempre manifestam a devida importância à correta manipulação, utilização e manutenção do instrumento. Os parâmetros técnicos e de segurança apresentados anteriormente, quando avaliados criteriosamente junto aos fornecedores, antes da aquisição do instrumento, minimizarão a incerteza dos resultados analíticos.

94 • www.banasqualidade.com.br • Março • 2010

Referências ASSOCIAÇÃO BRASLEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR ISO 10012:2004. Sistemas de gestão de medição – Requisitos para os processos de medição e equipamentos de medição, 2004. ASSOCIAÇÃO BRASLEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR ISO/IEC 17025:2005. Requisitos gerais para competência de laboratórios de ensaio e calibração, 2005. FIDÉLIS, G. C. Fundamentos da metrologia. Revista Metrologia e Qualidade, n. 10, p. 26-28, set. 2006. FILHO, H. R. P. A importância da incerteza nos ensaios e na calibração. Metrologia & Instrumentação, n. 56, p. 3, out./nov. 2008. INSTITUTO NACIONAL DE METROLOGIA, NORMALIZAÇÃO E QUALIDADE INDUSTRIAL (INMETRO). Vocabulário internacional de termos fundamentais e gerais de metrologia, 5a ed., 2007.

Margarete Midori Okazaki e Neliane F. Arruda Silveira são do Instituto de Tecnologia de Alimentos (ITAL); e Margaret Yuriko Saiki é da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais - okazaki@ital.sp.gov.br


PRODUTOS & SERVIÇOS Elementos filtrantes para compressores Os elementos filtrantes para compressores são montados com os mais modernos e eficientes meios filtrantes disponíveis no mercado, permitindo uma perda de carga reduzida ao sistema. Trabalham dentro dos padrões originais de seu compressor nacional ou importado, alternativos (pistões) ou a parafuso (não-lubrificados). Disponível linha completa para captação de ar, filtros de ar, filtros de óleo, separadores de névoa ar/óleo e demisters. Micronline – (11) 3947-9500. www.micronline.com.br

Correia sincronizadora A correia sincronizadora com dentes semi-circulares apresentam melhor desempenho nas transmissões por meio de seus dentes conformados com precisão em passos exatos. Os cordonéis de tração enrolados em forma espiram conferem à correia elevada robustez, resistência aos esforços de flexão e resistência à dilatação. O revestimento de nylon de baixa fricção resiste ao desgaste e protege os dentes. Pode ser produzida nos passos 2MR, 3MR, 5MR, 8MGT / 8MR e 14 MGT / 14 MR e em comprimentos primitivos de 74mm até 4573mm. Gates do Brasil – (11) 3848-8136. www.gatesbrasil.com.br

Transmissor de posição O SMAT-8M é o primeiro transmissor de posição no formato de um sensor de proximidade. Sua faixa de detecção é de até 40mm, dependendo do atuador. O movimento do êmbolo é identificado por meio de um sinal analógico de tensão. Ideal para operações de prensagem e fixação, detecção de localização e posição, separação de peças boas e defeituosas, bem como substituição de peças de trabalho. Entre seus benefícios, estão a conexão direta com o controlador por meio de interface analógica normalizada e o formato compacto que permite a instalação em espaços reduzidos. Festo – (11) 5013-1600. www.festo.com.br

Termômetro de bolso O Salvterm 120 é um pequeno termômetro de bolso, ideal para mecânico de refrigeração ou uso geral, laboratório ou campo. Possui baixo custo aliado à alta qualidade e grande precisão. Sua faixa de medição vai de -20 a _120oC, com resolução a 0,1oC. Seu display de LCD tem 13mm de altura, com indicação de bateria. Sua alimentação é por bateria de 9V, com consumo de 25mV. É fornecido com estojo e sensor de temperatura. Salvi Casagrande Medição e Automatização – (11) 3327-0033. www.salvicasagrande.com.br

www.banasmetrologia.com.br • Março • 2010 • 95


PRODUTOS & SERVIÇOS Garras angulares As garras angulares são aplicadas em manipulação e fixação de peças para diversos segmentos de automação. Pode-se obter de 4 a 60kg de força a 6 bar de pressão, dependendo do seu tamanho. Fornecidas nos diâmetros internos de 16, 20, 25, 32, 40 e 50mm, normal fechada e normal aberta para simples ação ou dupla ação. Werk-Schott - (51) 3035-9075. www.werk-schott.com.br

Atuador pneumático Os atuadores pneumáticos da Bray são do tipo pinhão cremalheira, de pistões opostos e disponíveis em duas versões: dupla ação e retorno por mola. Os atuadores da série 92/93 são dotados de dois parafusos independentes para ajuste e limitação de curso para permitir um ajuste bidirecional precioso do movimento tanto de abertura quanto de fechamento para as válvulas de um quarto de volta. As guias do pistão e anéis de acetato exclusivos da Bray possuem baixíssimo coeficiente de atrito, além de absorver os esforços laterais dos pistões. Embras – (11) 4221-4136. www.embrasinst.com.br

Válvulas de esfera As válvulas de esfera Multivias Série Flangeada são válvulas de esfera com passagens de 3 e 4 vias laterais, oferecendo excelente versatilidade para aplicações em serviços de mistura ou separação de fluido. Suas configurações de fluxo trazem esferas em três vias tipo T e L para 90º, 180º e 270º. Apresentam ainda uma quarta sede para impedir que ocorram vazamentos, mantendo assim o correto alinhamento da esfera, vedação da haste por carga viva constante, alavancas com trava de segurança e flange de topo ISO 5211 para montagem direta do atuador. Flowtek – (19) 3844-6161. www.bray.com

Osciloscópios digitais Os osciloscópios da série Infiniium 8000 fazem uma análise profunda dos sinais para uma visão ampla, medindo uma enorme variedade de tipos e velocidades de sinais para enfrentar um amplo leque de desafios em projetos analógicos, digitais e seriais. Apresenta até 20 canais analógicos e digitais para uma maior flexibilidade na medição. Sua tela XGA touchscreen e o Windows XP oferecem fácil e intuitiva operação. Agilent – (11) 4197-3500. www.agilent.com

96 • www.banasmetrologia.com.br • Março • 2010


PRODUTOS & SERVIÇOS Purificador de água Indispensável em rotinas analíticas onde é requerida água reagente ultrapura, o Puritech é utilizado em preparo de reagentes, preparo de amostras para análise em absorção atômica, cromatografia (HPLC), fibra ótica, semicondutores, fertilização “in-vitro”, ensaios biológicos, entre outros. Possui condutivímetro de precisão e controlador temporizado da eletrobomba, mantendo assim a qualidade da água através de recirculação intermitente nos períodos de não-utilização. Permution (41) 2117-2300. www.permution.com.br

Fotomicrografia e vídeomicroscopia Fotomicrografia e vídeomicroscopia são sistemas de aquisição de imagem por meio de câmera fotográfica ou vídeo color CCD. Simples e versáteis, são especialmente designados para utilização em pesquisa, educação e indústria. Excelente performance para apresentação de vídeos, vídeo-microscopia, vídeo documentação e controle de qualidade. A vídeo câmera oferece alta qualidade de imagem com 420 ou mais linhas para vídeo composto e pode ser conectada diretamente a um monitor ou televisor tipo monitor ou em um PC previamente adaptado com sistema de captura de imagem. Bunker – (19) 2105-3100. www.bunker.ind.br

Monitor para microscópio O monitor para microscópio Max Vision é um produto de alta tecnologia, desenvolvido com o que há de mais moderno em tecnologia de imagem para maior conforto e precisão na observação de estruturas. Aumenta em até 2.3 vezes o valor da objetiva que está sendo utilizada. Pode ser acoplado em microscópios binoculares, monoculares, triculares e esterioscópios. Suas principais características são a alta confiabilidade, durabilidade e simplicidade de operação. Marte Balanças – (11) 3411-4500. www.martebal.com.br

Medidor de vazão eletromagnético Fabricado com tecnologia SMT, o medidor VMS de vazão eletromagnético em PVC traz incorporado no cabeçote display de cristal líquido para indicação da vazão instantânea/totalizada e quatro teclas de parametrização rápida e amigável (conversor PRO). De baixo custo, o VMS é uma solução adequada para aplicações onde o fator econômico é um dos requisitos, sem a perda das vantagens que um medidor de vazão eletromagnético oferece. Indicado para medição de vazão em indústrias químicas, alimentícias, farmacêuticas, de papel e celulose, usinas de açúcar e álcool e saneamento, entre outras. Incontrol – (11) 3488-8999. www.incontrol.ind.br

www.banasmetrologia.com.br • Março • 2010 • 97


PASSATEMPO

ÍNDICE DE ANUNCIANTES 3C Acessoria........................................53.............................................www.3c.com.br Acttive.............................................29/75...................................... www.acttive.com.br ADT......................................................53.......................................www.adtnet.com.br Advanced.............................................50..........................www.advanced-eng.com.br Alcantara Machado..............................71......................... www.ambientalexpo.com.br All Tasks..........................................50/97.....................................www.alltasks.com.br Allquality...............................................50...................................www.allquality.com.br ASR.................................................72/75.......................... www.asrconsultoria.com.br Balanças Brasil....................................95..............................www.balancasbrasil.com Basso’s.................................................75..................................... www.bassos.com.br Brisot...............................................17/53........................................www.brisot.com.br Bureau Acta..........................................63.........................................www.bacqs.org.br Cals Consultoria...................................53.........................www.calsconsultoria.com.br CEEC...................................................55............................ www.ceeceventos.com.br Certifiqually..........................................59...............................www.certifiqually.com.br Cib Balanças........................................96..............................www.cibbalancas.com.br Consórcio Caraguatatuba....................13........................................www.utgca.com.br Construsec...........................................50............................... www.construsec.com.br D&D......................................................81........................ www.ddinstrumentos.com.br De Luca...........................................73/75..................... www.delucaconsultass.com.br DQS.....................................................45...........................................www.dqs.com.br Elementar.............................................53................. www.elementarqualidade.com.br Elus......................................................91................. www.elusinstrumentacao.com.br Engages...............................................53...................................www.engages.com.br Food Design.........................................39............................... www.fooddesign.com.br ForLogic Software................................77........................................... www.forlogic.net Fundação Vanzolini................................7.................................... www.vanzolini.org.br Germanischer Lloyd.............................19........................................www.gl-group.com HGB................................................21/53...........................................www.hgb.com.br Humana Quality...................................53......................... www.humanaquality.com.br Ifanger..................................................53.................... www.ifangerconsultoria.com.br Iron.......................................................50......................... www.ironconsultoria.com.br IS Metrologia........................................96............................. www.ismetrologia.com.br JP Verithas...........................................25................................. www.jpverithas.com.br Lannes & Hoffmann..............................31......................www.lannes-hoffmann.com.br Mac Cruz.........................................69/75................................... www.maccruz.com.br Master Qualidade............................73/75...................... www.masterqualidade.com.br Max Del................................................11....................................... www.maxdel.ind.br Medição................................................93.............................. www.medicaonet.com.br Metagrupo............................................53............................... www.metagrupo.com.br Metrosul...............................................95...............................www.metrosul-rs.com.br Mettrocal..............................................91..................................www.mettrocal.com.br Micro Óptica.........................................94.............................. www.microoptica.com.br MS Tecnopon.......................................85..................................www.tecnopon.com.br

98 • www.banasqualidade.com.br • Março • 2010

MTU.....................................................50......................... www.mtuconsultoria.com.br Nazkom................................................94.................................... www.nazkom.com.br Net Qualidade......................................53.............................. www.netqualidae.com.br Next......................................................53.........................www.nextassessoria.com.br Novo Valor............................................54........................... www.nvconsultoria.com.br Pádua & Associados............................15...................... www.paduaconsulting.com.br Pointer..................................................61................... www.pointer-consultoria.com.br Prado Gestão.......................................74.............................www.pradogestao.com.br Projecontrol..........................................97..............................www.projecontrol.com.br PTG Brasil............................................54................................... www.ptgbrasil.com.br QMN.....................................................51..........................................www.qmn.com.br QPB......................................................51...........................................www.qpb.com.br Qualinove.............................................54.......................comercial@qualinove.com.br Qualínter..............................................54................................... www.qualinter.com.br Qualiso.................................................33..................................... www.qualiso.com.br Quality Consult.....................................74...........................www.qualityconsult.com.br Quality Supply.................................51/75.................................... www.qsupply.com.br Quality® Consultoria...................35/51/75....................................... www.quality.eng.br Qualitymaster..................................51/75........................... www.qualitymaster.com.br QualityPro®...........................................51................................. www.qualitypro.com.br Qualsystem..........................................61.............................. www.qualsystem.com.br Qualtec............................................52/75..................................... www.qualtec.com.br Qualy System.......................................54........... www.qualysystemconsultoria.com.br RD Consultoria.....................................54............................ www.rdconsultoria.com.br Samfer..................................................54.............................www.gruposamfer.com.br Senai...........................................2ª Capa................................................www.senai.br Senai CETIQT......................................87...................................... www.cetiqt.senai.br Setec Consulting Group..............4ª Capa................................... www.setecnet.com.br Sigma Consultores.................75/3ª Capa.....................www.sigmaconsultores.com.br Sisdam Technology..............................72..................................... www.sisdam.com.br SM Consultoria.....................................52............................www.smconsulting.com.br SQS......................................................54........................... www.sqsqualidade.com.br Stance..................................................23............................. www.stancebrasil.com.br Tradeplan CP.......................................63..................................www.tradeplan.com.br TWA......................................................52.................................. www.twabrasil.com.br V&B Officeware....................................49........................... www.vbinformatica.com.br Vaisala..................................................79.............................................. br.vaisala.com Valle & Veiga........................................54.................................www.valleveiga.com.br Villabonani............................................52................................www.villabonani.com.br Visomes................................................89................................... www.visomes.com.br VL Corrêa.............................................52....................................www.vlcorrea.com.br WP Consultoria...............................52/75...........................www.wpconsultoria.com.br Xtrategus Group...................................37..................................www.xtrategus.com.br


00

100

5

95

5

75

5

25

00

5

5

5

0

DO PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO AO DIA-A-DIA DA OPERAÇÃO DE SUA EMPRESA, PODEMOS AUXILIÁ-LO A TORNAR SEU NEGÓCIO AINDA MAIS COMPETITIVO!

Gestão Estratégica

Auditoria

Planejamento Estratégico Balanced Scorecard (BSC) Indicadores de Desempenho Gestão e Melhoria de Processos 6 Sigma/Lean 6 Sigma

Auditorias de Sistemas e Processos (padrões nacionais e internacionais) Auditorias Customizadas de Sistemas (padrões próprios de clientes) Avaliação de Fornecedores

Sistemas de Gestão

Educação Continuada

ISO 9000 ISO 14000 OHSAS 18000 SA 8000 – NBR 16000 ISO 22000 – GMP/HACCP ISO/TS 16949 – Core tools SASSMAQ – Transqualit – Prodir CQH – PALC – ONA ISO/IEC 17025

Workshops e seminários técnicos e comportamentais Cursos e treinamentos em técnicas e ferramentas da qualidade Cursos e treinamentos em ferramentas de gestão estratégica Formação de auditores internos

5

100

95

75

25

SIGMA Consultores www.sigmaconsultores.com.br +55 11 5584-5519 e 5584-7363

5

0



Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.