TFG I - 2020.2 - CENTRO DE (RE)INSERÇÃO SOCIAL E MEMÓRIA LGBTQIA+

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UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU ARQUITETURA E URBANISMO

DIEGO PINHEIRO VIEIRA Orientadora: Andrea de Oliveira Tourinho

CENTRO DE (RE)INSERÇÃO E MEMÓRIA LGBTQIA+ APROPRIAR - SE, EXTERIORIZAR E REXISTIR!

SÃO PAULO 2020


Dedicatória Aos meus pais, Nara e José, que a todo momento acreditaram em mim e me aconselharam, incentivaram e me instruíram que o melhor caminho para qualquer objetivo é por meio do estudo, da insistência e da perseverança e sempre enfatizaram que nenhuma conquista vem de pouco esforço e o meu irmão, Gabriel, que me motiva a todo momento a ser alguém melhor e que com isso possa servir de base e exemplo, para a jornada dele, minha avó Dona “Lora” que mesmo distante, todos esses anos repetia incansavelmente “não deixe de estudar não meu filho!” e minha tia Niedja que se tornou, por meio de conversas e trocas, espelho e também refúgio para diálogos. Dedico esse trabalho enfatizando que ele me permitiu um processo intenso de auto conhecimento e de intensivas reflexões.


AGRADECIMENTOS Aos meus amigos da vida: Luana, Marcus, Gustavo e Suellen, que me proporcionaram momentos de segurança, conforto, estabilidade, reflexão e desconstruções e aos amigos que fiz nessa caminhada e que me auxiliaram em momentos de descontração, sabedoria, trocas e discussões que além de amigos se fizeram família onde sempre me ofereceram o ombro como apoio, sou totalmente grato a vocês Amanda, Bruno, Daiana e Rubens. Agradeço também a minha amiga Andreza, que foi uma das maiores surpresas que a faculdade me trouxe, obrigado por me fazer acreditar no meu potencial e compartilhar noites de sonos, sempre incentivadas em surpreender a nós mesmos. Minha gestora, Samara que sempre paciente, me incentiva a todo momento olhar por todos os ângulos e analisar as diversas possibilidades. A Vinicius Noberto, que me abraçou no momento de necessidade e compartilhou comigo o seu melhor lado sempre paciente, compreensivo e me ajudou a fazer mudanças significativas na minha vida, a Juliana Maria Tartarini, que com sua dedicação como docente deixou uma marca enorme na minha vida acadêmica sempre empenhada na empatia, compreensão e amor por cada aluno e me fez perceber, desde cedo que para mudarmos o mundo e a relação que temos com ele, começamos nos pequenos atos diários. Com todo a minha admiração e carinho agradeço também à minha orientadora: Andrea de Oliveira Tourinho, que transmiti o brilho e a paixão em seu olhar e instiga cada aluno a querer também se constituir como um grande profissional, obrigado por me ensinar a admirar o papel da memória que o patrimônio tem e por aceitar e abraçar esse tema e ter um papel fundamental no meu autoconhecimento. E por fim, mas não mesmo importante, a todos aqueles que de alguma forma teve papel fundamental na minha construção pessoal e agregaram na minha vida durante o período acadêmico.


APROPRIAR - SE, EXTERIORIZAR E REXISTIR! Que a Arquitetura seja igualitária, democrática e se abstenha de julgamentos, e que a mesma seja para todos e possibilite a união de todos. E que as diferenças ocupem cada espaço social possível, para que um dia não seja mais diferente.


resumo O presente trabalho fundamenta-se na problemática da falta de espaços de apoio à comunidade LGBTQIA+ mais vulnerável na cidade de São Paulo. O objeto de estudo parte da análise das características e situações de vulnerabilidade do Grupo LGBTQIA+, que tem como movimento de expressão a apropriação de espaços principalmente na zona central da capital. O presente projeto visa a possibilidade de integração e intercâmbio de culturas e proporcionar ao grupo, por meio de respaldo em instrumento urbanístico, recorrendo à Parceria Público Privado (PPP), que torne viável a proposta no âmbito de moradia e cultura, gerando, portanto, um fluxo de vivências e trocas nas zona sudeste da capital, possibilitando a afirmação e integração ao meio social de forma digna. O projeto pretende, ainda, trabalhar com preexistência arquitetônica, no bairro da Mooca, que abrigará a parte cultural da proposta.

abstract This research is based on the problematic of the lack of supporting spaces to the most vulnerable LGBTQIA+ community in Sao Paulo city. The study object begins on the analysis of the vulnerable characteristics and situations of the LGBTQIA+ group, that have as expression movement the appropriation of spaces, mainly at the capital central zone. This project aims the possibility of cultural integration and exchange and propriciate to the group, by the support in urban planning instrument, appealing to the Public Private Partnership (PPP), that turns the propose viable at the scope of housing and culture, creating, by the way, a flow of experiences and exchanges in the southeastern part of the capital, turning possible the affirmation and integration to the social environment in a worth way. The project intends, besides, to work with architectural preexistence, at the Mooca district, that will house the cultural part of the proposal.


lista de f iguras

FIGURA 08 - Estrutura espacial da concentração de endereços frequentados por homossexuais masculinos em São Paulo em 2016.

FIGURA 01 - Pessoas se reuniram para a primeira marcha do orgulho

DISPONIVEL EM: https://journals.openedition.org/confins/13394?lan-

LGBT em Nova York.

g=pt#tocto1n3

DISPONIVEL EM: https://www.clarin.com/sociedad/fotogalerias-50-anos-

ACESSO EM: 30/10/2020

-marchas-lgbtq-lesbianas-gays-bisexuales-transgenero_5_dhI311MdR.html?fromRef=facebook

FIGURA 09 - Uma população dizimada: como foi o auge da AIDS nos

ACESSO EM: 05/10/2020

anos 1980. DISPONIVEL EM: http://ladobi.com.br/2015/03/aids-1980/ ACESSO

FIGURA 02

EM: 31/10/2020

DISPONIVEL EM: https://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/ brasil/2019/02/10/interna-brasil,736526/stf-deve-decidir-esta-sema-

FIGURA 10 - Mapa de contexto histórico LGBTQIA+.

na-se-homofobia-sera-crime-no-brasil.shtml ACESSO EM: 05/10/2020

ELABORADO PELO AUTOR EM: 05/10/2020 FIGURA 11 - Maiores notificações de Homicídios e Suicídios LGBT+: Em

FIGURA 03 - Mortes violentas de LGBT+ no Brasil, 2000 – 2019.

2017, em termos absolutos.

FONTE: ARQUIVO ESTADUAL DE SÃO PAULO

ELABORADO PELO AUTOR EM: 05/10/2020 DISPONIVEL EM: https://www.politize.com.br/lgbtfobia-brasil-fatos-

FIGURA 04 - Mapa das mortes violentas de LGBT por Estado, Brasil –

-numerospolemicas/

2019. FONTE: GRUPO GAY DA BAHIA (2019)

FIGURA 12 - Razões para o movimento LGBT incomodar a normatividade - COISA DE VIADO.

FIGURA 05

DISPONIVEL EM: https://br.pinterest.com/pin/30715963708804

FOTO: Antônio Cruz/ Agência Brasil DISPONIVEL EM: https://www.gele-

4270/

des.org.br/guia-internacional-elege-o-brasil-como-o-menos-recomen-

ACESSO EM: 15/10/2020

dado-ao-turismo-lgbt/ ACESSO EM: 05/10/2020

FIGURA 13 - Comparativo de casos de discriminação e violência entre moradores em situação de rua em SP.

FIGURA 06 - Capa de uma edição da revista lampião da esquina.

DADOS: 2015

DISPONIVEL EM: https://medium.com/todxs/5-edi%C3%A7%C3%B5es-marcan-

FONTE: FIPE -Fundação de Pesquisas Econômicas (2019).

tes-do-primeiro-jornal-lgbti-do-brasil-769334b9bb2

ELABORADO PELO AUTOR EM: 05/10/2020

ACESSO EM: 30/10/2020 FIGURA 14 - Pessoas LGBT em momento de descontração em ocupação FIGURA 07 - Estrutura espacial da concentração de endereços frequen-

do MST (Movimento dos Sem Teto) em bairro da região central de São

tados por homossexuais masculinos em São Paulo em 1995.

Paulo.

DISPONIVEL EM: https://journals.openedition.org/confins/13394?lan-

DISPONIVEL EM: https://www.huffpostbrasil.com/entry/lgbt-coronavi-

g=pt#tocto1n3

rus-saude_br_5e8e67f1c5b6458ae2a3b995

ACESSO EM: 30/10/2020

ACESSO EM: 20/09/2020


FIGURA 15 - Seja bem vinde a junho, mês do orgulho LGBT. DISPONIVEL

FIGURA 23 - Memória - Revolução de 1924 Fundação Instituto de Ener-

EM: https://midianinja.org/news/seja-bem-vin

gia e Saneamento.

de-a-junho-mes-do-orgulho-lgbt/

DISPONIVEL EM: https://vejasp.abril.com.br/cidades/ha-noventa-a-

ACESSO EM: 01/11/2020

nos-a-revolucao-de-1924-deixava-mais-de-500-mortos-na-capital/ ACESSO EM: 30/10/2020

FIGURA 16 - Violência contra a população LGBT no Brasil. DISPONIVEL EM: https://www.brasildefato.com.br/2017/10/03/orca-

FIGURA 24 - Cotonifício Rodolfo Crespi (1897)

mento-para-combate-a-homofobia-e-zero-em-2017-brasil-lidera-as-

FOTO: BRUNO CARDOSO, 2020

sassinato-de-lgbts/ ACESSO EM: 01/11/2020

FIGURA 25 - Ensaio de propostas para Operação Urbana Bairros do Tamanduateí.

FIGURA 17 - Grupo lésbicas participantes do chanacomchanca, protes-

DISPONIVEL EM: http://estrategiasurbanas.com.br/pt/portfolio-urban-

tando contra a violência policial.

-interventions-projects/tamanduatei.html

DISPONIVEL EM: https://www.eugutodias.com/movimento-lgbt/

ACESSO EM: 01/11/2020

ACESSO EM: 01/11/2020 FIGURA 26 - MAPAS DE BENS TOMBADOS DA REGIÃO DA MOOCA, EDIFIGURA 18 - Contraste Arquitetônico da Mooca.

TADO PELO AUTOR

FOTO: BRUNO CARDOSO, 2020

FONTE: EARTH GOOGLE ACESSO EM: 01/11/2020

FIGURA 19 - Mapeamento 1913. FONTE: ARQUIVO ESTADUAL SP

FIGURA 27 - VISTA ÁEREA DA REGIÃO DA MOOCA (RECORTE PELO AU-

ACESSO EM: 01/11/2020

TOR). FONTE: GOOGLE EARTH (2020)

FIGURA 20 - Mapeamento 1930 – SARA BRASIL. DISPONIVEL EM: http://geosampa.prefeitura.sp.gov.br/PaginasPubli-

FIGURA 28 - Revisão Participativa da Lei de Parcelamento, Uso e Ocupa-

cas/_SBC.aspx

ção do Solo (Zoneamento)

ACESSO EM: 01/11/2020

DISPONIVEL EM: https://www.archdaily.com.br/br/625515/seminario-de-lancamento-da-revisao-participativa-da-lei-de-parcelamento-uso-

FIGURA 21 - Vista aérea da Mooca em uma imagem do Acervo do Me-

-e-ocupacao-do-solo-de-sao-paulo

morial do Imigrante.

ACESSO EM: 01/11/2020

DISPONIVEL EM: http://www.saopauloinfoco.com.br/bairro-da-mooca/ ACESSO EM: 31/09/2020

FIGURA 29 - Esquema básico de funcionamento da especulação imobiliária.

FIGURA 22 - Expansão da Industria no Estado de São Paulo.

ELABORAÇÃO: Renato Saboya.

Fonte: IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. (2000)

DISPONIVEL EM: file:///C:/Users/pc/Downloads/3456-12836-1-PB.pdf

DISPONIVEL EM: https://online.unisc.br/acadnet/anais/index.php/sidr/

ACESSO EM: 25/10/2020

article/viewFile/19297/1192612435 ACESSO EM: 01/11/2020


FIGURA 30 - Estudo de adensamento e verticalização.

FIGURA 38 - PLANTA HOSTEL DA JUVENTUDE DE BERN

DISPONIVEL EM: http://estrategiasurbanas.com.br/pt/portfolio-urban-

FONTE: ARCHDAILY, 2019

-interventions-projects/tamanduatei.html

DISPONIVEL EM: https://www.archdaily.com.br/br/915250/hostel-da-

ACESSO EM: 01/11/2020

-juventude-de-bern-aebi-and-vincent-architects ACESSO EM: 30/10/2020

FIGURA 31 - GRANDES MOINHOS MINETTI GAMBA. FOTO: BRUNO CARDOSO, 2020.

FIGURA 39 - VISTA AÉREA LGBT CENTER FONTE: ARCHDAILY, 2019

FIGURA 32 - FACHADA CASA VANORDEN

DISPONIVEL EM: https://www.archdaily.com/917774/los-angeles-l-

FOTO: BRUNO CARDOSO, 2020

gbt-center-anita-may-rosenstein-campus-leong-leong-plus-killefer-flammang-architects

FIGURA 33 - FACHADA DA AMPLIAÇÃO DO HOSTEL DA JUVENTUDE DE

ACESSO EM: 30/10/2020

BERN FONTE: ARCHDAILY, 2019

FIGURA 40 - DIAGRAMA DE SETORIZAÇÃO E COMPOSIÇÃO VOLUMÉ-

DISPONIVEL EM: https://www.archdaily.com.br/br/915250/hostel-da-

TRICA LGBT CENTER

-juventude-de-bern-aebi-and-vincent-architects

FONTE: ARCHDAILY, 2019

ACESSO EM: 30/10/2020

DISPONIVEL EM: https://www.archdaily.com/917774/los-angeles-lgbt-center-anita-may-rosenstein-campus-leong-leong-plus-killefer-flammang-

FIGURA 34 - DORMITÓRIOS HOSTEL DE BERN

-architects

FONTE: ARCHDAILY, 2019

ACESSO EM: 30/10/2020

DISPONIVEL EM: https://www.archdaily.com.br/br/915250/hostel-da-juventude-de-bern-aebi-and-vincent-architects

FIGURA 41 - VISTA SUPERIOR LGBT CENTER

ACESSO EM: 30/10/2020

FONTE: ARCHDAILY, 2019 DISPONIVEL EM: https://www.archdaily.com/917774/los-angeles-l-

FIGURA 35 - VISTA AMPLIAÇÃO HOSTEL DA JUVENTUDE DE BERN

gbt-center-anita-may-rosenstein-campus-leong-leong-plus-killefer-

FONTE: ARCHDAILY, 2019

-flammang-architects

DISPONIVEL EM: https://www.archdaily.com.br/br/915250/hostel-da-

ACESSO EM: 30/10/2020

-juventude-de-bern-aebi-and-vincent-architects ACESSO EM: 30/10/2020

FIGURA 42 - DIAGRAMA DE SETORIZAÇÃO, ACESSOS E FLUXOS LGBT CENTER

FIGURA 36 - REFEITÓRIO DO HOSTEL DA JUVENTUDE DE BERN

FONTE: ARCHDAILY, 2019

FONTE: ARCHDAILY, 2019

DISPONIVEL EM: https://www.archdaily.com/917774/los-angeles-l-

DISPONIVEL EM: https://www.archdaily.com.br/br/915250/hostel-da-

gbt-center-anita-may-rosenstein-campus-leong-leong-plus-killefer-

-juventude-de-bern-aebi-and-vincent-architects

-flammang-architects

ACESSO EM: 30/10/2020

ACESSO EM: 30/10/2020

FIGURA 37 - HOSTEL DA JUVENTUDE DE BERN

FIGURA 43 - DETALHE DA FACHADA DO SOBRADO CASA VANORDEN

FONTE: ARCHDAILY, 2019

FOTO: BRUNO CARDOSO, 2020

DISPONIVEL EM: https://www.archdaily.com.br/br/915250/hostel-da-juventude-de-bern-aebi-and-vincent-architects

FIGURA 44 - MARQUISE DA ESTAÇÃO FERROVIÁRIA DE BURGOS

ACESSO EM: 30/10/2020

FONTE: ARCHDAILY, 2017 DISPONIVEL EM: https://www.archdaily.com.br/br/875902/reforma-es-


tacao-de-trem-de-burgos-contell-martinez-arquitectos?ad_medium=gal-

FONTE: São Paulo Antiga, 2015.

lery

DISPONIVEL EM: http://saopauloantiga.com.br/casa-vanor-

ACESSO EM: 12/10/2020

den-1922-2015/ ACESSO EM: 05/11/2020

FIGURA 45 - VISTA AÉREA DA ESTAÇÃO FERROVIÁRIA DE BURGOS FONTE: ARCHDAILY, 2017

FIGURA 52 - ALTERAÇÃO DA CASA VANORDEN, EM 1911.

DISPONIVEL EM: https://www.archdaily.com.br/br/875902/reforma-es-

FONTE: Escola da Cidade - Estudio Verical

tacao-de-trem-de-burgos-contell-martinez-arquitectos?ad_medium=gal-

DISPONIVEL EM: https://ev.escoladacidade.org/portfolio/g19-reco-

lery

nhecer-sao-paulo/

ACESSO EM: 12/10/2020

ACESSO EM: 05/11/2020

FIGURA 46 - PLANTA TERREO - ESTAÇÃO FERROVIÁRIA DE BURGOS

FIGURA 53 - PLANTA, ELEVAÇÃO E DETALHAMENTO DA CASA VANOR-

FONTE: ARCHDAILY, 2017

DEN 1909

DISPONIVEL EM: https://www.archdaily.com.br/br/875902/reforma-es-

DISPONÍVEL: ARQUIVO HISTÓRICO MUNICIPAL - 2020

tacao-de-trem-de-burgos-contell-martinez-arquitectos?ad_medium=gallery

FIGURA 54 - PLANTA E ELEVAÇÃO DA CASA DO GUARDA,

ACESSO EM: 12/10/2020

OFICINA CASA VANORDEN DISPONÍVEL: ARQUIVO HISTÓRICO MUNICIPAL - 2020

FIGURA 47 - CORTE DA ESTAÇÃO FERROVIÁRIA DE BURGOS FONTE: ARCHDAILY, 2017 DISPONIVEL EM: https://www.archdaily.com.br/br/875902/reforma-estacao-de-trem-de-burgos-contell-martinez-arquitectos?ad_medium=gallery ACESSO EM: 12/10/2020 FIGURA 48 - VISTA AÉREA DO TERRENO DE INTERVENÇÃO, EDITADO PELO AUTOR. FONTE: EARTH, GOOGLE 2019 ACESSO EM: 15/10/2020 FIGURA 49 - FOTO CASA VANORDEN FONTE: https://ev.escoladacidade.org/portfolio/g19-reconhecer-sao-paulo/ ACESSO EM: 05/11/2020 FIGURA 50 - CARTÃO DE VISITA DAS ATIVIDADES DA CASA VANORDEN FONTE: https://ev.escoladacidade.org/portfolio/g19-reconhecer-sao-paulo/ ACESSO EM: 05/11/2020 FIGURA 51 - VITRINE COM PRODUTOS DA CASA VANORDEN EM 1919.

FIGURA 55 - PLANTA E ESTUDO DA FACHADA, SEGMENTO DA CASA VANORDEN DISPONÍVEL: ARQUIVO HISTÓRICO MUNICIPAL - 2020 FIGURA 56 - PATOLOGIAS DA EDIFICAÇÃO TOMBADA FONTE: Escola da Cidade - Estudio Verical DISPONIVEL EM: https://ev.escoladacidade.org/portfolio/g19-reconhecer-sao-paulo/ ACESSO EM: 05/11/2020 FIGURA 57 - VISTA INTERNA DO BEM CULTURAL, CASA VANORDEN FONTE: Escola da Cidade - Estudio Verical DISPONIVEL EM: https://ev.escoladacidade.org/portfolio/g19-reconhecer-sao-paulo/ ACESSO EM: 05/11/2020 FIGURA 58 - VISTA AÉREA PROPOSTA DE COM INTERVENÇÃO EDITADO PELO AUTOR FONTE: EARTH, GOOGLE 2019 ACESSO EM: 15/10/2020


sumário 1 2

INTRODUÇÃO PROBLEMÁTICA 2.1 2.2 2.3 2.4

3

18 20 24 27

bairro da mooca 3.1 3.2 3.3 3.4 3.5

4

ENGRENAGENS DA HOMOFOBIA ESTRUTURAL LOCAIS DE EXPRESSÃO, MOVIMENTO E CULTURA O ARMÁRIO COMO LUGAR DO PERTENCER DESLOCAR-SE PARA SE AFIRMAR

HISTÓRICO E TRANSFORMAÇÕES 32 MOVIMENTOS CULTURAIS E DE EXPRESSÕES 34 PATRIMÔNIO CULTURAL 35 PROPOSTAS PARA ÁREA 36 ATUAL CENÁRIO 38

O BEM CULTURAL SEU TERRENO E ENTORNO 4.1 ANÁLISE DO entorno 42 CHEIOS 4.1.1 DE VAZIOS 42 4.1.2 EQUIPAMENTOS E RECURSOS NATURAIS 43 HIERARQUIA 4.1.3 VIÁRIA 44 MOBILIDADE 45 4.1.4 PATRIMÔNIO 46 4.1.5 DENSIDADE 4.1.6 DEMOGRÁFICA 47 GABARITOS 48 4.1.7 USO 4.1.8 PREDOMINANTE 49


5

REFERÊNCIAS PROJETUAIS

6

INTERVENÇÃO ARQUITETÔNICA EM BEM PATRIMONIAL

5.1 HOSTEL DA JUVENTUDE - BERN, SUIÇA 5.2 lgbt center - los angeles, usa

5.1 5.2 5.3 5.4

52 54

INTERVENÇÃO EM PATRIMÔNIO - estação ferroviaria de burgos 58 ANÁLISE DO TERRENO 60 VALORIZAÇÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL 62 PARTIDO 66 PROGRAMA 68 5.5.1 FLUXOGRAMA 70 5.5.2 5.6 PROPOSTA DE INTERVENÇÃO 72 5.6.1 processo de elaboração volumétrica e espacial 72 5.6.2 ETAPAS DA CONCEPÇÃO VOLUMÉTRICA 73 5.6.3 diagrama de setorização 74 5.6.4 IMPLANTAÇÃO E ACESSOS 75

7

REFERÊNCIAS



INTRODUÇÃO Este projeto se inicia a partir de uma reflexão acerca da palavra “igualdade”, e busca, a todo momento, expor as dinâmicas sociais, intrafamiliares e individuais de um grupo que é tradicionalmente relegado à inferioridade. Busca, também, tratar dos movimentos de resistência e da importância de espaços de apoio, acolhimento e profissionalização de membros da comunidade LGBTQI+, que, mesmo após tantas lutas, ainda é marginalizada e vítima de uma subjetividade social, presente desde o âmbito familiar, passando pelo religioso até o campo profissional. Outro objetivo é também explorar o meio urbano, os deslocamentos daquele grupo, e apontar um local que possa proporcionam refúgio e pertencimento para esse grupo social. Por ter como foco um grupo considerado “minoria”, o presente projeto também busca explorar tópicos que possam agregar ao tema em assuntos como: cidadania, justiça, cultura e saúde e que sejam passíveis de discussão, e, com isso, estruturar propostas que fortaleçam essa comunidade, assim como lhe ofereça uma vida mais digna. Tendo em vista a urgência do debate e de ações que descentralizam dispositivos culturais, além de atender direitos universais, este trabalho visa, também, promover a ocupação de espaço subutilizado.

15



2

PROBLEMÁTICA

O presente trabalho parte da problemática da falta de espaços de apoio à comunidade LGBTQIA+ na cidade de São Paulo. Busca-se, assim, aproximar, mesmo que de forma sucinta, o âmbito acadêmico a questões sociais urbanas relevantes, como a dos LGBTQIA+, o que torna necessário explorar alguns momentos de sua história para compreender a situação de vulnerabilidade do grupo. Dentro do campo estudado, serão analisadas questões estruturais, físicas, sociais e arquitetônicas que refletem ou afetam o habitar do indivíduo de orientação sexual distinta do dito tradicional. A partir disso, traçar caminhos e direções pelos quais seja possível, por meio da arquitetura e do urbanismo, fortalecer, dar visibilidade e qualificar essa cultura, em detrimento da exclusão social crônica e do afastamento dos membros da referida comunidade para lugares de não pertencimento por toda a cidade.

FIGURA 01 - Pessoas se reuniram para a primeira marcha do orgulho LGBT em Nova York


TFG I - 2020 - CENTRO DE (RE)INSERÇÃO E MEMÓRIA LGBTQIA+

Entretanto, com as transformações sociais e urbanas, se dissipou e favoreceu que as minorias e Sustentado pelo conceito de teocentrismo, diversos grupos da sociedade pudessem questionar por muito tempo, o conservadorismo, se estabeleceu ideologias, privilégios e lugares de fala. Durante de forma normalizada, enfatizando um mundo o século XX, houveram, de forma pontual, grupos de crenças, à disposição dos gostos patriarcais minoritários (ver capítulo 2.3) que lutavam em preestabelecidos, submetendo outros grupos à prol da igualdade, com o objetivo de serem vistas, predominância do homem cis-heteropatriarcado. reconhecidas e inseridas como indivíduos. Surgem, a Com isso, foram ditados dogmas como meio de partir disso, movimentos de luta e resistência, que se consolidar sua predominância em relação às tornam políticos à medida que afrontam um sistema “minorias”, direcionando a sociedade a acreditar no estruturado em vertentes religiosas e conservadoras. E, analisando por esse lado, há um embate conceito de certo e errado, a partir de meios que não muito grande na segunda metade do século XX, até atingissem ou maculasse sua figura masculina. Predominante, essa crença por muitos agora da comunidade LGBTQIA+, de se estabelecer séculos prevaleceu no meio social de forma junto a outras minorias sociais, na luta pela igualdade misógina e sexista, e efetivou a criminalização da e direitos. Sempre posta em um lugar de ausência de visibilidade e de discussões, a comunidade homossexualidade, sustentada pela Igreja. se caracteriza em grande parte do tempo como desconhecida em seu contexto histórico. E, em grande parte, encontra-se em situações de vulnerabilidade:

2.1

ENGRENAGENS DA homofobia estrutural

Para Simões e Facchini (2005, p. 22), “a crítica à visão depreciativa das homossexualidades começou a ganhar espaço no país no final dos anos 1970, no embalo do grande movimento de oposição à ditadura militar, e prosseguiu durante o processo de redemocratização”. Foi nessa época que grupos de militância LGBTQIA+ surgiram erguendo bandeiras de igualdade e clamando pelo tratamento igualitário na forma de amar, impulsionados e também reprimidos pela grande epidemia da HIV-Aids, comumente associada à promiscuidade, um dos estereótipos mais recorrentes associado à causa.

FIGURA 02 - Homofobia será crime no Brasil

18


Mesmo que hoje sejam discutidas problemáticas que permeiam a temática homossexual, o campo de aprofundamento e espaços de sociabilidade que enfatizem a diversidade, se mantém raso e com isso deslegitima a história um dia escrita pelo movimento, o que pode enfraquecer a possibilidade de uma visão estruturada a compreender a comunidade.

FIGURA 04 – Mapa das mortes violentas de LGBT por Estado, Brasil – 2019

FIGURA 3 – Mortes violentas de LGBT+ no Brasil, 2000 2019

12

500

4

1

21

17

8

20 6

1

3

9

SÉRIE 1 50

450

32 11 19

1 50

400

15

350 300

6

250

10

200

01

150 100 50

2019

2017

2018

2015

2016

2013

2014

2011

2012

2010

2009

2007

2008

2005

2006

2003

2004

2001

2002

2000

0

ELABORADO PELO AUTOR FONTE: GGB, 2019.

Como consequência dessa estrutura, o grupo tem sido rechaçado, por conservadores, e sofrido agressões tanto verbais quanto físicas e que muitas vezes, tem como resultado o óbito. Segundo o relatório feito pelo Grupo Gay da Bahia e organizado por Oliveira (2019, p.31) entre os anos de 2015 e 2019, houve 1.856 casos de mortes violentas de LGBT+ no Brasil, desses 329 mortes foram só no ano de 2019, onde 15,2% ocorreram em São Paulo, disparando em comparação aos outros estados brasileiros.

FIGURA 05 - Foto: Antônio Cruz/ Agência Brasil

São Paulo se posiciona em “primeiro lugar, disparado,

em comparação aos outros estados brasileiro”

análise, sobre mortes violentas de LGBTI+ no País em 2019

19


TFG I - 2020 - CENTRO DE (RE)INSERÇÃO E MEMÓRIA LGBTQIA+

2.2

LOCAIS DE EXPRESSÕES, MOVIMENTOS E CULTURA

Partindo da riqueza de expressões que tem como teor político social reafirmar e enraizar suas origens, essa luta está presente em nosso país há algumas décadas. Sabendo que o movimento da resistência contemporânea se inicia próximo ao final da década de 1960 nos Estados Unidos, com o estopim da repressão à Rebelião de Stonewall, que tem forte influência nas ações de repulsa à homofobia mundo a fora, se inicia um processo de luta para a igualdade de gêneros. O presente capítulo apresentará um contexto nacional, tentando compreender como foi a dinâmica, cultura e expressão que permitiu e possibilitou que a comunidade ganhasse, progressiva e lentamente, alguns direitos. No Brasil, um dos pontos de maior relevância se inicia na década de 60 e 70, com a eclosão da revolução sexual que abriu possibilidades de expressões e contestações da repressão normativa, estruturadas pela ditadura instaurada no País. Com iniciativa do público feminino, mas também abraçada pelo grupo LGBTQI+ que em 1978, com o surgimento do primeiro jornal a abordar as questões da comunidade homossexual, fundado no Rio de Janeiro, o Lampião da Esquina fazia reflexões e questionamentos com matérias pejorativas, apropriando-se de vocabulários e trazendo identidade cultural ao meio gay, que muitas vezes afrontava a ditadura estabelecida no país na mesma época. Vieira (2020, s.p.) explica que: “O Lampião” foi a primeira publicação a debater questões políticas e lutar por direitos e visibilidade.”

FIGURA 06 - CAPA DE UMA EDIÇÃO DA REVISTA LAMPIÃO DA ESQUINA

O grupo então se apoderou do momento para romper com paradigmas até então estabelecidos, o que motiva a expressão do movimento na cidade em forma de troca de pensamentos e ideologias, ganhando espaços reservados. Silva (2005, s.p.) rememora que: A vida gay pública na cidade de São Paulo na década de 1950 era limitada a algumas ruas e avenidas. Ainda com uma elite concentrada no centro, era comum encontrar artistas, intelectuais e boêmios, entre outros, dentre os quais muitos homossexuais, reunidos nos mesmos espaços de socialização e lazer. Os principais pontos de encontro se localizavam nas Avenidas São João e Ipiranga, e arredores.

Até a Década de 1990, essa dinâmica ainda assim permaneceu forte estruturando a região central como núcleo de encontros e lazer do Grupo LGBTQI+.

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FIGURA 07 – Estrutura espacial da concentração de endereços frequentados por homossexuais masculinos em São Paulo em 1995

Há uma percepção de pequenas intensões de lugares paras as áreas da zona leste, o que se faz perceber a existência de expressões desse grupo na região e torna propicia a se expandir. FIGURA 08 – Estrutura espacial da concentração de endereços frequentados por homossexuais masculinos em São Paulo em 2016.

Expansão

Expansão Contração

Contração

É possível compreender que a concentração dessa comunidade se faz de forma isolada aos centros o que motiva a necessidade de deslocamento de regiões mais distantes da zona central paulista, No que diz respeito a apropriação da região e que funciona como uma forma de bolha social, central, havia uma visão classicista do próprio do estruturada por locais de encontro (bares, boates, grupo, onde determinava áreas que condizia com sua praças etc.), onde os extremos dessa área central condição financeira. Pascual (1995, p.23), analisa: (sinalizada no mapa em vermelho), tem um fator Os Jardins abrigavam alguns desses a contração (mancha azul) para expansão da endereços, mas era nas áreas mais centrais do município que eles se concentravam. Havia apropriação para outras áreas. Com uma diferença lá uma distinção socioeconômica e cultural: a Boca do Luxo, constituída por bairros de 21 anos o mapa expressa a mesma membrana frequentados por homossexuais de melhor situação econômica, como o Vila Buarque; social de isolamento em relação as demais áreas da e a Boca do Lixo, áreas mais estigmatizadas, como a Praça da República, frequentada por capital, e com ainda mais intensificação dos locais homossexuais pobres. de frequentação do grupo no contexto espacial do Mesmo com a estrutura urbana centro paulista. de falta de espaços para o grupo, manifestações

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com a iniciativa de não mais aceitar essa chave de restrição a distinção de pertencimento ao local urbano, os movimentos se intensificaram nos anos seguinte, sempre no mesmo objetivo que eram as lutas pela igualdade, a luta pelo espaço e a luta pela identificação da cidade como lugar de apropriação de forma livre. Dentre os movimentos que marcaram essa luta de reafirmação do grupo, no contexto social temos: Em 1980, o Primeiro Encontro Brasileiro de Homossexuais, em São Paulo, e também quando ocorre o primeiro protesto da causa — contra a “Operação Limpeza” promovida pelo delegado José Richetti no centro de São Paulo: “A polícia passava pelas áreas de frequência gay da República e prendia por vadiagem”, explica a antropóloga Regina Facchini, do Núcleo de Estudos de Gênero Pagu, da Unicamp, que pesquisou por muitos anos a história do movimento LGBTQI+. (VIEIRA, 2020, s.p.)

Em 1983, é a vez da sigla L, gritar por voz, e reivindicar seus direitos em um levante no Ferro’s Bar, frequentado pelo público LGBT, o local era usado como meio de expressão na época, quando o grupo de Ação Lésbicas Feministas começaram a produzir o panfleto “Chana com Chana”, sendo este severamente repudiado pelo dono do bar, que ao mesmo tempo ignorava a venda de drogas ilícitas no estabelecimento. Segundo Vieira (2020, p. xx),

FIGURA 09 - Uma população dizimada: como foi o auge da AIDS nos anos 1980

Continuando na década de 1980, um dos grandes marcos da história da homossexualidade foi a AIDS, que a todo momento está atribuída a identidade de gênero, como resultado do exercer da sexualidade como castigo divino, e surge com extrema força e choca o mundo com a forma rápida ao qual o sujeito portador era afetado pela doença, esse momento é simbolizado inicialmente como um passo atrás às manifestações exteriorizadas até então, nesse momento grupos ativistas se dissolveram e integrantes da comunidade voltam para o armário, enfraquecendo assim o movimento e dando forças e justificativas crescentes para o preconceito e a ignorância:

com a presença de outros grupos LGBT, feministas e figuras políticas como o então deputado Eduardo Suplicy, elas leram o manifesto contra a repressão e pelos direitos das mulheres lésbicas. O levante resultou em pedido de desculpas e liberação da venda dos panfletos. O levante de Ferro’s Bar foi um marco histórico da primeira manifestação lésbica brasileira, incentivando outros grupos LGBTQI+ e organizações feministas a reafirmar sua existência e dignidade.

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Mas 1985 marca um ponto de inflexão no que parecia uma derrocada para o jovem movimento gay. É quando foi fundado o Grupo de Apoio à Prevenção à Aids (GAPA), primeira ONG da América Latina na luta contra o HIV — e é quando é criado o programa federal de controle da AIDS. É em 1985 também que surge o grupo Triângulo Rosa, do Rio, que se junta aos outros, como o Grupo Gay da Bahia, de Luiz Mott, no apoio às vítimas e às campanhas de esclarecimento — mas também numa luta mais simbólica: pressionar o Conselho Federal de Medicina a retirar a homossexualidade da lista de doenças. (VIEIRA, 2020, s.p.)


A marginalização da homossexualidade no período da eclosão da AIDS refletiu-se na relação destes com outros grupos, visto que estes passaram a ser e excluídos socialmente, por medo da sociedade de se aproximar e por achar que a doença também era transmissível ao toque ou compartilhamento de objetos pessoais. A partir disso surgem ONGs derivadas dos movimentos anteriores, somando o combate ao estigma da “peste gay”, os grupos, segundo Vieira (2020), passaram a estar focados em direitos civis e libertação sexual, e agora, pela AIDS como bandeira que proporcionou mais uma vez a união, mesmo que enfraquecida, da comunidade para permanecer lutando por suas pautas. Mesmo com a conquista inédita dos gays brasileiros em 1985, após pressionar o Conselho Federal de Medicina a retirar a homossexualidade da lista de doenças, apenas cinco anos depois, em 1990.

[...] retirou a homossexualidade da lista de distúrbios psiquiátricos de sua Classificação Estatística Internacional de Doenças (CID), espécie de bíblia utilizada como referência por médicos mundo afora. (VIEIRA, 2020 s.p.).

Mesmo analisando o decorrer de um período relativamente significativo ao contexto homossexual, notamos que, a todo momento, a luta por ser e por direitos se mantém presente. Com isso, outros aspectos de extrema importância criam espaço no combate a homofobia, como em 1992, com o início do Movimento Internacional de travestis, ou em 1996, com o início da discussão a respeito do intersexo - o I em LGBTQI+ -, ou até mesmo a primeira Parada do Orgulho Gay, que se realizou em São Paulo em 1997. O enraizamento estrutural do preconceito, ao longo da história, dera, mesmo que involuntariamente, forças para que militâncias criassem conexões e meios para existir.

Primeira Parada do Orgulho LGBT

1978

em são paulo

AIDS

Lampião da Esquina

1980

1985

O “Stonewall brasileiro”

1990

1997

ser gay não é doença! FIGURA 10 - MAPA DE CONTEXTO HISTÓRICO LGBTQIA+

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2.3

o armário como lugar do pertencer

“O que a gente faz é por debaixo dos panos, para ninguém saber” Ney Matogrosso.

de que o sexo se faz como meio de procriar. Essa ruptura com a heteronormatividade religiosa causa a impressão de um grande impacto e combate da classe com naturalização patriarcal.

O conceito de religiosidade é presente a todo momento no âmbito familiar, principalmente Sempre conduzido ao lugar de silêncio, o de estruturas que se embasam durante gerações em LGBTI+, em grande maioria, cresce em um ambiente relações intrafamiliares, por isso há a presença de de retração à sua natureza, sendo a todo momento repugnância à comunidade considerada pecaminosa incentivado a policiar seus comportamentos. O no âmbito religioso, dado que: conservadorismo religioso age como inimigo à [...] as relações familiares, nota-se que é um desafio para o indivíduo que quer contar para a medida que: família, uma vez que há o temor de ser rejeitado pelos familiares e pela sociedade. Pensa-se na frustração que poderá causar à família por não corresponder às expectativas deles, tendo em vista que, de modo heteronormativo, a homossexualidade contraria a construção sociocultural a respeito de si mesmo e do homem e da mulher heterossexuais, na qual o esperado era a afirmação da continuação de uma sociedade patriarcal, racionalizadora, higienizada e preocupada de modo a não propagar qualquer tipo de ameaça de grupos minoritários que afetem a moral das famílias tradicionais (MAFFESOLI 2007, ; Miskolci, 2015 apud NASCIMENTO; COMIN (2018, p.03).

ao se afirmar a “heterossexualidade” como única e legítima forma de exercício do desejo, confere-se inteligibilidade, importância e materialidade ao “sexo” biológico, tomando diferenças de gênero e subordinações culturalmente constituídas como se fossem “naturais” (Butler, 2003:38-48). (NATIVIDADE; OLIVEIRA, 2009, s.p.)

Essa legitimação da heterossexualidade se dispõe de forma a exercer um papel hierárquico sobre a comunidade LGBTI+, e monopoliza a naturalização somente em relação entre sexos opostos. Em uma análise geral, somos uma cultura resultante de doutrinas que impulsionam a teoria de vivermos a todo instante sob julgamento de um ser “superior” e nossas relações estão fadadas a refletirem isso, a partir da criação divina, em que a mulher foi concebida para e em razão do homem, sendo este o único formato sexual possível e aceito. A partir disso, a discriminação torna-se dupla para o LGBTI+, seja pelo viés machista, em que o homossexual pende para o feminino, e assim abarca uma suposta inferioridade atribuída à mulher, seja pelo comportamento sexual diferenciado. Para este último, parte dessa crença advém de uma noção

Uma outra face das relações familiares, em que os filhos são, durante toda a infância e adolescência, instruídos a comportarem-se de acordo com seu gênero, um ambiente que contribui para o banimento da referida comunidade. Tal situação tem forte impacto no emocional e psicológico de jovens homossexuais, resultado disso é o fato de que:

24

[...] jovens rejeitados por sua família por serem LGBT têm 8,4 vezes mais chances de tentarem suicídio” e ainda que “lésbicas, gays e bissexuais adolescentes têm até cinco vezes mais chances de se matarem do que seus colegas heterossexuais. (BARBOSA; MEDEIROS, 2018, p.270


FIGURA 11 – Maiores notificações de Homicidios e Suicidios LGBT+: Em 2017, em termos absolutos

Ceará

59%

Bahia

43%

Minas Gerais

35%

São Paulo

30%

-18 41,2%

18 a 25

26 a 40

32,9% 5,7%

Voltando um pouco na análise do papel masculino, firmado no conceito de que o homem esteja sempre atrelado ao rústico, ao domínio da força, predominância e imposição de outras grupos, essa característica se firma, mesmo que de forma abstrata na educação familiar, se expandindo ao âmbito dos seus locais de vivências como bairro, escola e até mesmo a rua onde mora, além de residência de outros familiares que também sustentam a postura e costume como fundantes para ser homem (hetero) e sustentar esse título. O que sustenta um despreparo nessas famílias no momento em que o indivíduo se assume homossexual e resultando em confrontos de aceitação, desse modo de relação educativa familiar, gera serias preocupações, visto que segundo um levantamento do Grupo Gay da Bahia (2019), “a maior parte dos LGBT+ vítimas de morte violenta encontravam-se em suas residências (33,74%)”.

“ a maior parte dos LGBT+ vítimas de morte violenta encontravam-se em suas residências (33,74%)”

FIGURA 12 - Razões para o movimento LGBT incomodar a normatividade - COISA DE VIADO

De forma pacifica ou até mesmo agressiva, esses laços se rompem, resultando em alguns casos na exclusão do homossexual do conjunto familiar, quando não há convivência se torna insuportável, pois a todo momento o sujeito está sob julgamento dos seus entes, e por isso, preferem eles mesmo saírem dos lares, e por muitas vezes se encontram fragilizados no acesso a moradia e lugares de acolhimento, com estruturas viável para lidar com as necessidades dos LGBTI+, e que em muitas vezes sem condições financeiras não conseguem se manter, se sujeitando a vulnerabilidade e vivências na rua.

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Segundo Censo realizado pela Prefeitura de FIGURA 13 – Comparativo de casos de discriminação e violência entre moradores em situação de rua em São Paulo em 2019, sobre a população em Situação de SP. Rua estima-se que 24.344 pessoas vivam em vias ou 36% Barrado lugares públicos albergues públicos, cerca de 10,9% são pertencentes 30% 75% à sigla LGBTI+, entretanto esse número ainda pode Agressão verbal 62% ser maior. 25% E a realidade desse grupo pode ser ainda pior, segundo levantamento da Fipe, em 2015 para Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social, 61% do público considerado LGBT em situação de rua sofreu algum tipo de violência física sofrendo em São Paulo. Mesmo defasado - revela, ainda, o aumento de outras ocorrências contra essa população.

Agressão física

3% 28%

Tentativa de homicídio

19% 61%

Violência sexual

42% 77%

Roubo/Furto Remoção forçada

66% 46% 30%

FIGURA 14 - Pessoas LGBT em momento de descontração em ocupação do MST (Movimento dos Sem Teto) em bairro da região central de São Paulo

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em direção ao centro urbano, como refúgio do tão chamado armário, que, no lugar de raiz, se faz Diante da tentativa de apontar, mesmo que proteção, e no mais distante se faz inimigo do seu brevemente a condição do homossexual, e provocar próprio eu, partindo da possibilidade de que nesses reflexões diante de certos pontos que espelha o lugares são apenas pessoas comuns, que ninguém caminhar do movimento, é fato que a população conhece e estão aptos a explorar suas sexualidades. aqui tratada é socialmente descrita como parte das minorias. Está a todo momento na condição de procura, luta e identificação de seu ideário e do seu verdadeiro eu, movimentação que parte desde o âmbito familiar até níveis que afetam o seu papel cívico, no propósito de ressignificar lugares e de fazer deles também apropriação de forma democrática:

2.4

deslocar-se para se afirmar

[...] todavia, nem todos os indivíduos em um mesmo grupo e nem todos os grupos em uma mesma sociedade têm o mesmo poder de representação e produção de identidades e memórias. Esta observação permite compreender que as construções e desconstruções identitárias, assim como a produção de memórias e esquecimentos participam de disputas constantes (CHAGAS, et al, 2008, p. 10)

FIGURA 15: Seja bem vinde a junho, mês do orgulho LGBT

Esse deslocamento espacial ecoa na busca pela identidade e autoconhecimento, espaços para vivências e experimentações da sua sexualidade, nos mais diversos âmbitos. Mas que caminha com E essas atitudes reverberam até na o sentimento enraizado de promiscuidade e erro, o atualidade, em que a concentração da comunidade que justifica sua ação em apropriar-se de lugares que LGBTI+ volta-se quase que diretamente a todo constituem, muitas vezes, de ambientes fechados, momento para o centro urbano da capital paulista, com sensação de segurança, como por exemplo: deslegitimando e enfraquecendo a sua resistência saunas, baladas e cinemas privê, quando não e seu potencial de apropriação de espaços nas mais arriscam-se em lugares públicos, como: banheiros, diversas zonas, se ausentando do seu papel frente à parques e até ruas de poucas movimentações para comunidade de se prevalecer e fazer jus a realidade experimentar seus desejos sexuais reprimidos. em que se está inserida. Suas explorações, quase sempre, acontecem em No intuito de exercer sua sexualidade, o locais com baixa iluminação e movimentação, indivíduo se vê motivado, a refugiar-se na noite comprometendo assim sua integridade física, já que paulistana, o que motiva um deslocamento grande o levantamento feito pelo GGB (2019), de locais de dos LGBTI+ de lugares extremos da capital paulista maior homicídio contra LGBTI+ (2019), mostra que,

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FIGURA 16 - Violência contra a população LGBT no Brasil

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FIGURA 17 - GRUPO LÉSBICAS PARTICIPANTES DO CHANACOMCHANCA, PROTESTANDO CONTRA A VIOLÊNCIA POLICIAL .

logo após a residência, as vias públicas (21,58%), matagal (4,27%) e Rodovia/BR/Estrada (3,65%), são os lugares com maior índice de ocorridos. Os LGBTI+, também usufruem como forma de expressão, da cultura, que nesse sentido, é tida como espaço do contraditório, marcado por tensões e disputas constantes. Pois a identidade produzida no discurso não é fixa, mas está em constante processo (TREVISSAN, 2000), promovendo assim um refúgio aos homossexuais na cultura, que logo seria, também, hostilizada por abrigá-los em seu bojo. Reação explicada pelo fato de que:

Tal movimento alimenta a ideia de que os sentimentos e desejos por pares homossexuais devem ser mantidos em “segredo, conformando-o a expectativas historicamente criadas de que essas relações deveriam permanecer invisíveis no espaço público e restritas à vida privada dos envolvidos” (Miskolci, 2013, p. 303)

Com a notoriedade e o espaço ganho com o tempo, as relações de trocas LGBTI+ criam âmbitos e lugares próprios como apropriação e refúgios de lugares onde a vivência com outros grupos tem caráter opressor, levando a concluir que o armário se caracteriza como lugar de pertencer quando os LGBTI+ estão próximos a seus familiares.

29



3

BAIRRO DA MOOCA

Em contexto mais tradicional, a Mooca se torna um lugar apropriado para ressignificações de espaços, no intuito de aprimorar a diversidade do bairro, que já vem sofrendo transformações com as novas gerações de moradores. O Bairro se torna um lugar apropriado para se instaurar um equipamento que forneça uma cultura diversa e expressiva e provoque uma dinâmica cultural diversificada no local. Com a necessidade de se estabelecer um ambiente que sirva de auxílio para assegurar a integridade física e mental desse grupo, e que também se configure como um espaço que possa ser apropriado e consiga contribuir socialmente na conjuntura favorável para a expansão cultural da região, escolheu-se, para a implantação do projeto, a Casa Vanorden na Mooca, espaço industrial subutilizado. É necessário compreender a história do bairro, e também olhar as dinâmicas que foram se estabelecendo aos poucos na região, e entender a população com a qual a Comunidade LGBTQI+ irá conviver.

FIGURA 18 - CONTRASTE ARQUITETÔNICO DA MOOCA FOTO: BRUNO CARDOSO, 2020


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3.1

histórico e transformações

No início do desenvolvimento urbano de São Paulo, o Rio Tamanduateí teve papel importante na expansão da cidade, a partir de suas margens, facilitando a locomoção e transporte de alimentos e mercadorias

Na segunda metade do século XIX, com necessidade de escoamento da produção cafeeira do interior paulista (Jundiaí) para o porto de Santos, tornou essencial a instalação e ampliação da malha ferroviária disponível, administrada pela Companhia São Paulo Railway. Toledo (2009, p. 14) relata que: Com a construção da Estação da Luz no início do século XX, a cidade de São Paulo, que já começava a se desenvolver e a se modernizar, passou a atrair, também, imigrantes europeus que serviriam de mão de obra para fábricas estabelecidas, principalmente, nos bairros Mooca e Brás, sendo estes, juntamente de Bexiga e Bom Retiro, redutos desses imigrantes recém chegados

Entretanto, as grandes áreas de várzeas também eram obstáculos, até sua retificação, para a ocupação urbana da Zona Leste, sendo ligada ao centro por algumas pontes.

FIGURA 20 - Mapeamento 1930 SARA

FIGURA 20 - Mapeamento 1954 - VASP CRUZEIRO

32


Entretanto, a ferrovia aumentou ainda mais a barreira urbana, mantendo o isolamento da zona leste em relação ao centro paulista, sendo viável o deslocamento ainda assim por meio de intersecções na malha hidroviária e também ferroviária..

as áreas de uso comum se estabeleciam na área externa das residências, o que muitas vezes induzia ao surgimento de vielas, o que contribuiu para a caracterização do bairro.

Em 1946, com o fim da concessão A Mooca, antes ocupada por chácaras, devido administrada pela Companhia São Paulo Railway, o à sua proximidade com o Rio Tamanduateí e o baixo domínio da linha férrea passa a fazer parte da Rede custo de terras, no final do século XIX, começa a ser Ferroviária Federal S.A. e passa a ser chamada de explorada então por indústrias, que se estabelecem próximas à linha ferroviária. Uma das primeiras é a Cia. Antarctica Paulista, e posteriormente outras se estabeleceram como: Rodolpho Crespi, Armazéns Matarazzo, Grandes Moinhos Minetti Gamba, Casa Vanorden dentre outras, passando a configurar um crescimento urbano consolidado Com o estabelecimento dessas indústrias e a forte imigração, foram surgindo casas geminadas e moradias coletivas, nos sítios e chácaras do território, no intuito de atender aos operários, como da para se obervar no mapa 1930 e o de 1954 a FIGURA 22 - Expansão da Industria no Estado de São Paulo. consolida a região da Mooca, que se caracterizava por uma densidade alta de residências horizontais de Estrada de Ferro Santos – Jundiaí. no máximo dois pavimentos, atendendo o mínimo Com a expansão da rede ferroviária aos (sala, cozinha, banheiro e 2 dormitórios). Em geral, mais diversos lugares da capital e o surgimento de rodovias, patrocinadas pelo Governo Juscelino Kubitschek, nos anos 1950, as indústrias se vêm motivadas a migrarem para zonas mais distantes do centro urbano com o baixo valor da terra, incentivos fiscais e mão de obra barata, desativando assim os complexos já existentes. Até hoje, muitos encontramse em total abandono às margens da Ferrovia. FIGURA 21 - Vista aérea da Mooca em uma imagem do Acervo do Memorial do Imigrante

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3.2

ainda hoje acontece. Também a culinária, promovida por estabelecimentos como pizzarias e padarias.

movimentos culturais e de expressões

O bairro também teve seu papel de A essência do bairro surge com a forte protagonismo em alguns momentos históricos da atuação da cultura que os imigrantes trouxeram capital como as greves de 1917 e 1919, a revolução da Europa, que decorria de costumes e hábitos de de 1924, de lutas pela democracia. cada indivíduo que ali se estabelecia. Com isso, a população mooquense cultivou ao longo dos anos raízes que se firmaram a partir das vivências e trocas de experiências e que hoje vem sofrendo readaptações com a forte transição e modernização do bairro. Das heranças que se resguardam como lembranças para alguns moradores de mais idade, o que permeia na memória são hábitos simples e edificações, principalmente industriais, relevantes que hoje se firmam como bens culturais, e teve forte influência no desenvolvimento do bairro. E também instrumentos que se configuraram como lazer e auxílio para a população estabelecida, como por exemplo o Edifício da creche Marina Crespi (1936), o Estádio Atlético Juventus, inaugurado em 1941 pelo Cotonifício Rodolfo Crespi, resultado também da influência do time mooquense Juventus (1924) por membros da colônia italiana, o antigo Hipódromo da Mooca (1876), que finalizou suas atividades em 1941, e hoje no mesmo local se encontra o parque que abriga a Subprefeitura da Mooca. Também permanecem alguns vestígios da sua existência,

FIGURA 23 - Memória - Revolução de 1924 Fundação Instituto de Energia e Saneamento/

Com a população de caráter mais jovem, o bairro desperta interesse por suas características baseadas na facilidade de deslocamento, a diversidade de equipamentos como comércio, saúde, educação e lazer, além da sua proximidade à zona central expandida da capital, e que ainda assim preserva sua essência de bairro calmo e ao mesmo tempo vívido, enfatizando o processo de modernização da região, mesmo com sua tradicionalidade essencial.

Esse movimento expressa uma versatilidade cultural e de habitantes, e gera a possibilidade de intercâmbios de expressões e vivências, ampliando a como as antigas cocheiras do hipódromo, localizada oportunidade para que outras culturas e movimentos na Rua Itajaí. Como legado também permanecem se estabeleçam e se firmem de modo a concretizar práticas culturais pautadas pela religiosidade, como uma diversidade de grupos, mas que também a festa de San Gennaro e um pouco mais distante no dialogue com a cultura existente, no intuito de Brás a festa de São Vito e o Baile da Saudade, que promover relações e torná-las mais acessíveis.

34


3.3

complementa, introduzindo o pensamento de que:

patrimônio cultural

O patrimônio urbano de origem industrial existente no bairro – em grande parte ainda preservado em suas características compositivas originais – vem sofrendo constante ameaça de investidores imobiliários que encontram nesses amplos espaços a possibilidade para empreendimentos lucrativos como hipermercados e torres residenciais.

[...] o conceito de bem cultural no Brasil continua restrito aos bens móveis e imóveis, contendo ou não valor criativo próprio, impregnados de valor histórico (essencialmente voltados para o passado), ou aos bens de criação individual espontânea, obras que constituem o nosso acervo artístico (música, literatura, cinema artes plásticas, arquitetura, teatro), quase sempre de apreciação elitista (MAGALHÃES, 1985, p. 52).

Resultado da necessidade de conservar a memória e história de uma cultura ou sociedade, o patrimônio cultural tem é visto de forma mais ampla a partir dos anos 1960, sendo objeto de inúmeros debates, declarações e investigações. Há surgimento de uma nova visão e ampliação do discurso sobre patrimônio histórico e as cidades, expressos em posicionamentos como: a Carta de Veneza 1964, a Declaração de Amsterdã 1975, a Carta de Washington 1986, entre outros documentos.

E não é preciso se distanciar para notar a versatilidade ao qual o patrimônio foi condicionado, basta observar a atual situação do Cotonifício Rodolfo Crespi (1897), hoje tombado por suas características arquitetônicas externas e usado principalmente para atividade comercial administrada pelo Grupo Pão de Açúcar. O bairro carrega também a presença do valor imaterial como o sotaque da Mooca e a Festa de San Genaro, além de pequenos negócios e padarias.

O bairro da Mooca, antes palco dos mais diversos movimentos e papel na história de São Paulo, ainda acolhe algumas estruturas que permanecem com sua importância no protagonismo das memórias e na paisagem da região, que, por seu valor histórico, cumprem o papel de patrimônio e caracterizam a história do bairro Paulistano. Segundo Fortunato (2012, s.p.): A permanência dessas estruturas no tecido urbano atual permite o resgate dessas relações, bem como a compreensão de sua representatividade no contexto das transformações urbanas de toda a cidade.

FIGURA 24 - Cotonifício Rodolfo Crespi (1897)

A permanência desses elementos históricos está sob a responsabilidade de políticas municipais Com o abandono, exclusão e desusos em cumprir a função de zelar pela identidade dos bens culturais existentes, decorrentes da do bairro e estabelecer, através de legislações, a evasão industrial, abriram-se possibilidades para preservação e o aproveitamento desses bens, em sua novos olhares e oportunidade de vários setores maioria obsoletos, a um novo uso. do desenvolvimento. Fortunato (2012,s.p.) A Operação Urbana Bairros do Tamanduateí

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(OUC-BT) (2015), ainda não aprovada, pode resguardar e trazer usos através da requalificação proposta, aos bens industriais estabelecidos na orla da ferrovia. Isso é fundamental, considerando-se a Declaração de Amsterdã (1975, p.2) que defende: a conservação do patrimônio arquitetônico deve ser considerada não apenas como um problema marginal, mas como objetivo maior do planejamento das áreas urbanas e do planejamento físico territorial.

A OUC-BT também prioriza diretrizes do Plano Diretor Estratégico do Município de São Paulo, Lei nº 16.050, de 31 de Julho de 2014, que incorpora instrumentos urbanísticos para a preservação de bens de interesse histórico, paisagístico, ambiental, social ou cultural da cidade. Dentre os patrimônios industriais e culturais, de relevancia que permanecem na região da Mooca, estão:

FIGURA 26 - MAPAS DE BENS TOMBADOS, EDITADO PELO AUTOR

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01

Antiga Fábrica da Cervejaria Antarctica Paulista

02 Antigas Officinas Casa Vanorden 03 Grandes Moinhos Minetti Gamba Conjunto Residencial da Mooca

Estádio Conde Rodolfo Crespi Creche Marina Crespi

Antigo Moinho Santo Antônio

04

05

06


3.4

proposta para área

A região da Mooca tem sido contemplada por projetos que qualifiquem o desenvolvimento socioeconômico e cultural do local, abrindo espaços para novas dinâmicas, em setores comerciais, culturais, moradia e emprego, no intuito de estreitar ainda mais os laços que constituem as características urbanas da região.

Através da qualificação da orla ferroviária, a OUC-BT, que está no eixo de estruturação metropolitana, visa fornecer estruturas que sirvam de apoio para o desenvolvimento da região por meio de atendimento habitacional, a melhoria das conexões interbairros e a qualificação do habitat urbano. Pretende ampliar a arborização urbana, A OUC-BT pretende proporcionar implantar novos parques e incrementar o sistema de melhorias estruturais no viário, no transporte, em drenagem como algumas das estratégias ambientais novos parques, com requalificação do patrimônio necessárias. Associado a todas estas melhorias há histórico, e o adensamento populacional da região ainda um programa de preservação dos territórios no intuito de viabilizar a transformação urbana produtivos das regiões existentes ao longo da e equilibrar a oferta de empregos e de moradias ferrovia e das indústrias, assim como a valorização do locais, promovendo o adensamento populacional patrimônio dos bairros ao longo do rio Tamanduateí e construtivo, além de uma maior diversidade dos FONTE: https://gestaourbana.prefeitura.sp.gov.br/ serviços e do comércio local. estruturacao-territorial/operacoes-urbanas/oucbt/

FIGURA 26 - ENSAIO DE PROPOSTAS PARA OPERAÇÃO URBANA BAIRROS DO TAMANDUATEÍ

37


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3.5

atual cenário

Atualmente a Mooca passa por um processo de reformulação para vivências mais contemporâneas, resultado de movimentações que vem acontecendo no bairro, por ter um caráter mais residencial e proximidade da área central da capital. No transporte, a viabilidade de deslocamento estruturado com o apoio de uma malha ferroviária que o contorna pelas estações (Bresser – Mooca, Vila Prudente e Estação Juventus – Mooca), além de vias principais estruturantes para a capital como: Av. Salim Farah Maluf, Av. Professor Luiz Ignácio Anhaia Mello, Av. Radial Leste e Av. do Estado, além dos zoneamentos previstos pela Lei de Parcelamento, Uso e Ocupação do Solo (LPUOS), nº 16.402, estabelecida em 22 de Março de 2016, que propõem a Av. Paes de Barros, que permeia como via coletora por todo o bairro, como Zona de Eixo de Estruturação Urbana, que tem como sua característica a finalidade de promover e aproximar a população do transporte público. Assim, se torna forte opção de escolha para quem procura um lugar acessível para morar.

FIGURA 27 - VISTA ÁEREA DA REGIÃO DA MOOCA (RECORTE PELO AUTOR).

FIGURA 28 - Revisão Participativa da Lei de Parcelamento, Uso e Ocupação do Solo (Zoneamento).

38


A descentralização das empresas e a obsolescência de indústrias, com grande valor histórico, revelam o preocupante interesse de aquisição imobiliária, que visa a substituição de imóveis degradados por conjuntos residenciais de alto padrão, influenciando de forma significativa a paisagem moqueense, estando sujeita a uma descaracterização da sua morfologia urbana, além de incentivar o crescimento comercial desordenado, no entorno desses condomínios.

FIGURA 29 - Esquema básico de funcionamento da especulação imobiliária. Elaboração: Renato Saboya.

Entretanto, a OUC-BT de 2015, ainda não aprovada, visa direcionar as políticas de adensamento populacional de forma estruturada e também resguardar e dar usos aos bens industriais estabelecidos na orla da ferrovia, promovendo as atividades criativas.

FIGURA 30 - Estudo de adensamento e verticalização

Já no setor habitacional, o que ainda permanece são residências caracterizadas por sobrados, na maioria das vezes geminados, em lotes pequenos, ainda remanescentes de vilas industriais, alguns com suas características iniciais, enquanto outros, descaracterizados por reformas promovidas por moradores. Ao longo da Avenida Paes de Barros é onde ocorre a maior parcela de verticalização, com elevações que se estendem acima de 2 pavimentos.

39



4

O BEM CULTURAL SEU TERRENO E ENTORNO

Analisar os elementos característicos do bairro, é essencial à medida que o projeto proposto visa dois âmbitos de intervenção, que são: moradia temporária e cultura, estabelecidos em escala regional, contemplando a possibilidade de migração de indivíduos de outras áreas da região metropolitana de São Paulo. Outro fator de importância é estabelecer uma nova dinâmica de fluxo próximo à região do terreno, que, por mais que tenha a presença da estação JuventusMooca, condomínios residenciais, universidades, comércios e indústrias apresentam movimentações em horários pontuais, na sua grande maioria no período diurno, diminuindo drasticamente a sensação de segurança à noite. Além disso, o presente projeto

analisa a

possibilidade de áreas de respiro, através de massa arbórea significativa, pensando que a região se localiza em um dos principais eixos de calor da cidade, e que sofre com a ausência de concentrações de massa arbórea, bem como espaços de lazer que promovam a cultura.

FIGURA 31 - FACHADA DA CASA VANORDEN (RUA BORGES DE FIGUEIREDO) FOTO: BRUNO CARDOSO, 2020


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4.1

análise do entorno análise macro - (esc 1:10.000)

4.1.1 CHEIOS E VAZIOS (ESC 1/ 10.000) ÁREA DE INTERVENÇÃO EDIFICAÇÕES QUADRAS

42


4.1.2 EQUIPAMENTOS E RECURSOS NATURAIS (ESC 1/ 10.000) ÁREA DE INTERVENÇÃO VEGETAÇÃO QUADRAS

SAÚDE

TEATRO, CINEMA, SHOW

ESPAÇOS CULTURAIS

EDUCAÇÃO PÚBLICO

ASSISTÊNCIA SOCIAL

43


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4.1.3 HIERARQUIA VIÁRIA (ESC 1/ 10.000) ÁREA DE INTERVENÇÃO QUADRAS ARTERIAL COLETORA LOCAL

44


4.1.4 MOBILIDADE (ESC 1/ 10.000) ÁREA DE INTERVENÇÃO

LINHA DE TREM

QUADRAS

CORREDOR DE ÔNIBUS

PONTO DE ÔNIBUS

FAIXA DE ÔNIBUS

ESTAÇÃO DE ÔNIBUS

ROTAS DE TRANSPORTE COLETIVO

45


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4.1.5 BENS TOMBADOS (ESC 1/ 10.000) ÁREA DE INTERVENÇÃO QUADRAS BENS TOMBADOS

46


4.1.6 DENSIDADE DEMOGRÁFICA (ESC 1/ 10.000) ÁREA DE INTERVENÇÃO 7 - 105 HAB/HA 105 - 202 HAB/HA 202 - 300 HAB/HA MAIS DE 300 HAB/HA

47


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4.1.7 GABARITO (ESC 1/ 10.000) ATÉ 02 PAVIMENTOS 03 A 05 PAVIMENTOS 06 A 10 PAVIMENTOS 11 A 20 PAV MAIS DE 21 PAV

ÁREA DE INTERVENÇÃO QUADRAS

48


4.1.8 USO PREDOMINANTE (ESC 1/ 10.000) ÁREA DE INTERVENÇÃO QUADRAS

RESIDENCIAL MISTOS COMÉRCIOS EQUIPAMENTOS ARMAZÉNS E INDÚSTRIAS

49



5

REFERÊNCIAS PROJETUAIS

FIGURA 32 - FACHADA CASA VANORDEN FOTO: BRUNO CARDOSO, 2020


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5.1 Hostel da

Juventude de Bern

• • • •

Arquitetos: Aebi & Vincent Architects Localização: Bern, Suiça Área: 2750 m² Ano: 2018

A escolha do Hostel de Bern se deu devido à intenção de se ter parâmetros relacionados ao setor de moradia, que tem como principal premissa neste trabalho a intenção de abrigar de forma temporária 60 pessoas. O Hostel tem como vertente principal a sua estrutura aparente que, como composição visual, possibilita uma arquitetura onde a circulação é totalmente aberta, o que intensifica a relação e integração do projeto com o entorno e associando essa característica ao terreno proposto na Mooca, possibilita uma maior integridade visual com as relações do bem tombado na área industrial em vários pontos da edificação a ser planejada. A proposta hierárquica do hostel intensifica o fluxograma estabelecido para o Centro LGBTQIA+, que estipula uma separação em setores, onde os usos assistenciais estão mais próximos do acesso ao público, enquanto que as moradias ficariam nos pavimentos superiores, caracterizando uma privacidade e restrição ao acesso.

FIGURA 33 - FACHADA DA AMPLIAÇÃO DO HOSTEL DA JUVENTUDE DE BERN FONTE: ARCHDAILY, 2019

52


FIGURA 35 - VISTA AMPLIAÇÃO HOSTEL DA JUVENTUDE DE BERN FONTE: ARCHDAILY, 2019

FIGURA 34 - FORMITÓRIOS HOSTEL DE BERN FONTE: ARCHDAILY, 2019

Pequenos dormitórios que possibilitem privacidade e segurança, com um apoio mínimo para necessidades como banheiro e depósito para guardar seus pertences.

DORMITÓRIOS

RELAÇÕES VISUAIS

CIRCULAÇÕES

Aberturas que possibilitam uma relação visual, e integração com o entorno existente, enfatizando a importância que os bens patrimoniais têm para a área da Mooca

FIGURA 36 - REFEITÓRIO HOSTEL DA JUVENTUDE DE BERN FONTE: ARCHDAILY, 2019

FIGURA 37 - HOSTEL DA JUVENTUDE DE BERN FONTE: ARCHDAILY, 2019

Nesse caso o programa do projeto se separa em duas edificações com setores estruturantes, onde a segunda edificação (imagem da planta ao lado), comporta, em seu térreo, amplos espaços de convivências e lazer. No projeto a ser desenvolvido, essa ideia poderia ser adaptada para um aperfeiçoamento que comportasse os setores assistenciais, administrativos e uma possível extensão das atividades culturais

ÁREAS SOCIAIS APOIO

FIGURA 38 - PLANTA HOSTEL DA JUVENTUDE DE BERN FONTE: ARCHDAILY, 2019

CIRCULAÇÕES

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5.2 Los Angeles

LGBT Center

• Arquitetos: Killefer Flammang Architects Leong Leong • Localização: Los Angeles, EUA • Área: 17.239 m² • Ano: 2019

O projeto tem como principal conceito incluir programas sociais e de habitação a preços acessíveis. Sua composição volumétrica permite vazios que se caracterizam como praças e pátios, integram no interior do edifício conexões entre os setores do programa na qual a linha de frente à rua abrange setores que têm como atividades serviços ao público externo como: cultura, assistência social e educacional e lazer enquanto que os blocos mais adentro do terreno suportam atividades como: moradia e serviços internos. Com uma vasta dimensão de setores, o projeto induz os acessos a serem feitos de forma direta em relação à rua, com total independência e facilitando a privacidade de cada setor. Com o entorno se comporta de forma neutra em sua verticalidade e ensaia acompanhar os gabaritos preexistentes do local estabelecido. Sua materialidade traz ao projeto leveza, enquanto conversa com a possibilidade de iluminação natural em diversos blocos

FIGURA 39 - VISTA AÉREA LGBT CENTER FONTE: ARCHDAILY, 2019

54


FIGURA 41 - VISTA SUPERIOT LGBT CENTER FONTE: ARCHDAILY, 2019

PÁTIOS DE CONVIVÊNCIA E ÁREAS VERDES FIGURA 40 - DIAGRAMA DE SETORIZAÇÃO E COMPOSIÇÃO VOLUMÉTIRA LGBT CENTER FONTE: ARCHDAILY, 2019

Váriação volumétrica nos edifícios, possibilitando maior integração visual e iluminação natural, em todos os ambientes do projeto.

Apesar da dimensão ser reduzida, os pátios abertos à rua com uma movimentação que destoa da avenida principal, no projeto da Mooca, essa ideia se materializa como inserção no pátio central, no eixo da Rua Monsenhor João Felipo, em uma maior dimensão, possibilitando integração visual entre os bens tombados, do outro lado da via férrea.

FIGURA 42 - DIAGRAMA DE SETORIZAÇÃO, ACESSOS E FLUXO FONTE: ARCHDAILY, 2019

ASSISTÊNCIAL MORADIA SÊNIOR

HALL + EXPOSIÇÕES ADMINISTRAÇÃO

EXPOSIÇÕES + SERVIÇOS

PÁTIOS DE CONVIVÊNCIA

ACESSOS PÚBLICOS

PRAÇA

55



6

INTERVENÇÃO

ARQUITETÔNICA

EM BEM PATRIMONIAL

Com o objetivo de relacionar a arquitetura contemporânea com a preservação de bem cultural, o projeto visa analisar a possibilidade de reavivar um espaço hoje subutilizado (uso de estacionamento) , no intuito de integrar e consequentemente transformálo em um equipamento que se torne essencial para o uso coletivo, agregando aos moradores locais a função de estabelecer atividades de cultura e lazer e, ao mesmo tempo, servir como auxílio na moradia, para a integridade de um grupo rechaçado. Busca-se, assim, a possibilidade de alocar, de forma estruturada, os mais diversos membros deste grupo ao meio social, além de vivenciar fortemente a presença da diversidade no local.

FIGURA 43 - DETALHE DA FACHADA DO SOBRADO CASA VANORDEN FOTO: BRUNO CARDOSO, 2020


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6.1 estação ferroviária

de burgos

• • • •

Arquitetos: Contell-Martínez Arquitectos Localização: Burgos, Espanha Área: 2347 m² Ano: 2016

O projeto tem como principal conceito a recuperação da estação e tem como critério estabelecer uma relação do novo em contraste com o antigo, pra isso usa de estruturas metálicas que se entrelaça junto ao conjunto arquitetônico, ora se estabelece na parte interna onde percursos para a nova circulação do edificio e em outro momento se estende ao lado externo e propoem ao espaço áreas confortáveis a praça que o contorna, por meio de marquises. No Centro de Reinserção, este projeto teria forte relevância no contexto do bem cultural (Casa Vanorden), onde abriria de forma suave mas impactante um espaço que poderia propor serviços como café e possibilitaria a visão do pátio, dos bens tombados que o contorna e da linha ferrovíaria. E estabeleceria acesso indireto ao interior do projeto pela lateral da intervenção

FIGURA 44 - MARQUISE DA ESTAÇÃO FERROVIARIA DE BURGOS FONTE: ARCHDAILY, 2017

58


FIGURA 45 - VISTA AÉREA DA ESTAÇÃO FERROVIÁRIA DE BURGOS, EDITADO PELO AUTOR FONTE: ARCHDAILY, 2017

Estabelecer conexões por meio dos percursos que o paisagismo estabelece criando eixos de ligações do edificio com o entorno e a relação da praça de frente para o acesso do imovel que voltase para a rua de menos fluxo. No projeto aqui estudado, essas premissas se estabeleceriam como foco principal do patio central, que tem conexões com a linha ferroviária Mooca Juventus da CPTM, o pátio tbm teria uma relação paisagistica que se estabeleceria como percursos e estar sendo diferenciados apenas por area permeável e não permeável.

FIGURA 46- PLANTA TÉRREA DA ESTAÇÃO FERROVIÁRIA DE BURGOS, EDITADO PELO AUTOR FONTE: ARCHDAILY, 2017

Em seus usos o projeto tem uma distribuição setorizada onde, na ala leste se encontra a zona infantil, na ala oeste, o espaço de restauração, no centro o espaço de acesso que está junto a verticalização. Suas estruturas verticais e também seus espaços de áreas molhada como banheiro e cozinha, parte todo da proposta de intervenção, que cria relação de contraste com a arquiterura estabelecida.

Como influência no projeto, essas caracteristicas se estabeleceriam com dinâmica na nova arquitetura que abordar desde o cultural, ao assistencial e a moradia, e faria uma relação visual de grande importância com a área interna do projeto e criar relações com o viés acessibilidade, dando a pontos de acessos e estratégicos, referências acessiveis, o que seria de grande importância a pessoas de baixa visão.

Legenda circulação vertical acessos

áreas molhadas

áreas infantil serviço / lazer

circulação

59

FIGURA 47 - CORTE DA ESTAÇÃO FERROVIÁRIA DE BURGOS, EDITADO PELO AUTOR FONTE: ARCHDAILY, 2017


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6.2

análise do terreno A partir de levantamento, foi possível diagnosticar as condições favoráveis para a implantação do projeto, a reestruturação do bem cultural estabelecido se torna necessário à medida que a integridade da sua preservação se encontra em uma lenta deterioração, desde a descentralização de atividades industriais, os bens culturais se vêem comprometidos e entregues ao abandono e muitas vezes sujeitos a atividades que não tem como princípio assegurar sua integridade e totalmente destoante do seu potencial, por isso têm servido de auxílio para funcionamento de funções como estacionamentos ou até mesmo em desuso. Há evidências de algumas alterações que os bens culturais sofreram decorrentes da função que começaram a ter depois das suas atividades originais, que resultaram em sua degradação. Em uma análise mais expansiva, o terreno se encontra em um local de fácil acesso na região e boa qualificação estrutural de deslocamento auxiliado, por exemplo, pela Estação da CPTM Mooca – Juventus, além da intensificação de atividades que ali vêm acontecendo, como o novo Campus Moinho da FAM e novas moradias, que viabilizam a relação de avivamento e projeções futuras para o local, além de uma boa infraestrutura urbana que dentro de um raio de 2km conta com mercados, farmácias, restaurantes, entre outros serviços. Durante a noite, as duas vias que circulam o terreno encontram se com pouca movimentação. a A rua Borges de Figueiredo se estrutura como uma via coletora e alternativa para o fluxo do carro na inserção do bairro. Em uma análise mais técnica, as diretrizes estabelecidas para o terreno se integram com o potencial cultural contemplado na Operação Urbana Bairros do Tamanduateí para a área da Casa Vanorden.

DIRETRIZES URBANISTICAS Macroárea de Estruturação Metropolitana (OUC-BT) Zona de Uso: ZOE - Zona de Ocupação Especial Área total do terreno: 7.855 m² Área útil: 6.022 m² (S/ a Casa Vanorden)

60


FIGURA 48 - VISTA AÉREA DA AREA DO TERRENO. EDITADO PELO AUTOS FONTE: EARTH, GOOGLE

ÁREA DO TERRENO PROPOSTO

61


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6.3

valorização do patrimônio cultural

Financiado pela Sociedade Anônima Casa Vanorden, de Francisco Matarazzo em 1909, com projeto estabelecido pelo arquiteto engenheiro Jorge Krug, o bem tombado de mesmo nome, teve seu uso inicial com o propósito acolher de atividades de tipografia, ao ponto de atender as grandes repartições do estado, mas pouco tempo depois, pela falta de serventia dos serviços tipograficos, tem seu uso adaptado para uma gráfica, no sobrado de esquina.

administrativa, no primeiro pavimento de sobrado de esquina da Rua Borges de Figueiredo. O imóvel já passou por alguns contextos históricos de relevância como o bombardeio de 1924, onde foi atingido e teve q passar por pequenas modificações e também presenciou o desenvolvimento urbano ao seu redor, a sua área livre na orla da ferrovia, perdeu espaço para alguns galpões que por anos pertenceu ao dominio da empresa ferroviaria.

Resultado de uma expansão inicial na Hoje, com o processo de verticalização década 1911, onde o imóvel passou por 3 processo existente a Casa Vanorden se apresenta de forma de expansão, que se estendeu de 8 para 17 tímida em relação às demais edificações existentes galpões modulares no térreo e a expansão da área na Rua Borges de Figueiredo.

FIGURA 49 - FOTO CASA VANORDEN

62


FIGURA 50 - CARTÃO DE VISITA DAS ATIVIDADES DA CASA VANORDEN

FIGURA 51 - VITRINE COM PRODUTOS DA CASA VANORDEN EM 1919

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FIGURA 52 - ALTERAÇÃO DA CASA VANORDEN, EM 1911

FIGURA 53 - PLANTA, ELEVAÇÃO E DETALHAMENTO DA CASA VANORDEN 1909 ARQUIVO HISTÓRICO MUNICIPAL - 2020

FIGURA 54 - PLANTA E ESTUDO DA FACHADA, SEGMENTO DA CASA VANORDEN ARQUIVO HISTÓRICO MUNICIPAL - 2020

Os documentos dos primeiros projetos da Casa Vanorden, contribuir de forma pontual na percepção do seu processo ao longo do tempo e é possível observar algumas modificações que passou e que hoje se ausentam, como os sanitários anexos ao centro do galpão, além da casa do guarda qur foi substituida por uma dos galpões pertencentes a empresa ferroviaria no inicio.

FIGURA 55 - PLANTA E ELEVAÇÃO DA CASA DO GUARDA, OFICINA CASA VANORDEN ARQUIVO HISTÓRICO MUNICIPAL - 2020

64


FIGURA 56 - PATOLOGIAS DA EDIFICAÇÃO TOMBADA

Atualmente o bem cultural encontra-se subutilizado, com uso de estacionamento e oficina, junto aos galpões que antes pertenciam a ferrovia, e esta sob o dominio da empresa Dumar Park Estacionamentos S/C Ltda. Além disso, verificamse várias patologias no imóvel: pinturas na parede FIGURA 57 - VISTA INTERNA DO BEM CULTURAL, CASA VANORDEN externa, pichações e descaracterização da parede Levantamento Técnico do Bem Tombado voltada para o lado interno da quadra, com aberturas além das originais. • Área Total: 1773 m² Em 2007, a Casa Vanorden, junto com outros • Estado de Conservação: Bom •Grau de Alteração: Pouco alterado (Parede bens industriais da Mooca teve seu tombamento virado para o lado interno do lote, está muito efetivado pelo Conselho Municipal de Preservação, o descaracterizada) CONPRESP. A Resolução de tombamento contempla que seus materiais construtivos: alvenaria de tijolos Ordem de Tombamento aparentes, tesouras e pilares de madeiras ficam • RESOLUÇÃO Nº 14/2007 protegidos, através de preservação integral do bem • Orgão responsável: CONPRESP • Preservação Integral: remanescentes do sistema cultural. construtivo (estruturas, tesouras, coberturas, alvenaA falta de cuidados e manutenção pode rias, envasaduras e caxilhos resultar na total degradação do imóvel. Por isso é • Diretrizes: O gabarito máximo permitido para novas essencial um uso que proponha sua requalificação. construções, reformas ou ampliações dentro dos No presente projeto, a Casa Vanorden limites dos lotes tombados será definido caso a caso, desde que não exceda o limite máximo de até 25 terá uso cultual, tal como estabelecem as diretrizes (vinte e cinco) metros de altura, de maneira a manter da Operação Urbana Consorciada Bairros do as referências na paisagem tanto das chaminés Tamanduateí para esse trecho da Rua Borges de remanescentes, quanto das construções tombadas de maior porte Figueiredo.

65


6.4

partido

O objeto de estudo para proposta de intervenção, visa analisar a possibilidade de integração e intercâmbio de culturas e proporcionar ao grupo LGBTQIA+, por meio de respaldos um instrumento urbanístico, recorrendo a Participação Público Privado (PPP), que torne viável a notoriedade e importância do projeto no âmbito de moradia e cultura e portanto auxilia sua seguridade.

integração com uma volumetria complementar para estruturar essas relações, criando um fluxograma de conexões baseadas nos 3 eixos bases: Moradia, Cultural e Assistencial. Como partido inicial o projeto propõe a demolição das volumetrias que não têm valor

histórico para o local, abrindo espaços respiráveis no terreno que atualmente tem uma densidade Através da setorização do projeto, o alta, com quase 90% de ocupação e preserva apenas programa se distribui no intuito de que seja orgânico, o bem cultural existente, que é a Casa Vanorden mas que caracterize cada espaço BY comAN umaAUTODESK função Para isso foramBY seguidas as normasPRODUCED e fundamentos PRODUCED PRODUCED STUDENT VERSION AN AUTODESK STUDENTBY VERSI AN determinada e viabilize a possibilidade de uma estabelecidas na resolução de tombamento do

ESTAÇÃO

ESTAÇÃO

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ESTAÇÃO

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03. Conexões visuais com os demais bens tombados

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02. Centralidade de espaço livre, a partir da possibilidade de um pátio central

P

01. Análise perimetral e possiveis conexões

P

P

DESK STUDENT VERSION

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CONPRESP (RESOLUÇÃO Nº14/2007), e então se propõe uma nova edificação que cumpra a função de moradia e assistência temporária para o grupo LGBTQI+. A presente situa a nova edificação paralela à Rua Monsenhor João Felipo. A nova volumetria

possibilitará a intenção de fluxos na praça e também áreas respiráveis e arborizada para a região que tem altas temperaturas térmicas. Há também a intenção de uma relação visual com os demais patrimônios, por meio de uma praça central, como a possibilidade de vista para a da antiga fábrica da Antártica.

visa abrigar as funções voltadas para atividade Na nova volumetria, a abordagem das cultural e coletiva estendendo-se para as áreas livres demais áreas moradia e assistência, se dará nos (externas à edificação), com vivências coletivas como pavimentos superiores cinema a céu aberto, saraus e até mesmo shows, além de servir como fruição para passagem de quem chega da estação Juventus - Mooca da CPTM. Isso

04. Perimetro com maior oportunidade de intervenção, a partir de demoliçaõ FIGURA 58 - VISTA AÉREA PROPOSTA DE COM INTERVENÇÃO EDITADO PELO AUTOR

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6.4.1

programa

SETOR cultural/privado un. 03 01 01 01 02 01 02

SALAS DE DEPÓSITO BILHETERIA RECEPÇÃO GUARDA VOLUME DEPÓSITO MONITORIA APOIO

SALAS PARA GUARDAR MATERIAIS PARA O USO CULTURAL BALCÃO DE INFORMAÇÃO LOCAL PARA RESERVAR OBRAS DE EXPOSIÇÕES TEMPORARIAS SALA DE SEGURANÇAS GUARDAR MATERIAIS DE LIMPEZAS

total

20 15 20 8 80 30 15

60 15 20 8 80 30 30

total

150 50 50 70 70 150 50 60 70 200 400 80 N/D

150 200 100 280 140 150 50 60 140 200 400 80 N/D

total

SETOR cultural/público un. 01 04 02 04 02 01 01 01 02 01 01 01

ESTACIONAMENTO OFICINA SALA DE AULA SANITÁRIOS SALA MULTIUSO ARENA DE DANÇA ESPAÇO MEMÓRIAS

PARA FUNCIONÁRIOS, ATÉ 15 VAGAS + BICICLERÁRIO

EXPOSIÇÃO BIBLIOTECA AUDITÓRIO CAFÉ ESPAÇOS PARA EVENTOS

4 CONJUNTOS (DE 4 A 6 SANITÁRIOS) SALÃO COM USOS ADAPTAVEIS (DESDE ATIVIDADES DE INTEGRAÇÃO, AUDITÓRIO) ESPAÇO PARA DISPUTAS E APRESENTAÇÕES (REFÊR. TEATRO OFICINA) INTEGRADO A PONTOS DE AREAS DE CIRCULAÇÃO PERMANENTE (IDENTIDADE DA DIVERSIDADE VISUAL) TEMPORARIA ÀREA DE ACERVO, ÁREA DE ESTUDO E PESQUISA 200 LUGARES; FOYER; CAMARINS; CABINE DE PROJEÇÃO E TRADUÇÃO;DEPOSITO DE APOIO PREVER ESPAÇOS PARA GRANDES EVENTOS A CÉU ABERTO, QUE POSSA INTEGRAR COM ESPAÇO PÚBLICO

SETOR de apoio un. 01 05 01 01 01 01 01 01

VESTIÁRIO DML MANUTENÇÃO APOIO LIMPEZA MONITORIA CASA DE MAQUINAS SALA DE TI RESERVATÓRIO

FUNCIONÁRIOS (CAPACIDADE PARA X FUNCIONÁRIOS)

SALA DE CÂMERAS GERADOR INFERIOR E SUPERIOR

68

15 50 135 80 40 42 15 30

450 100 135 80 80 42 30 30


un. 30 02 01 01 02 01 02 01

SETOR MORADIA DORMITÓRIOS (UN) ÁREA DE CONVIVIOS COMEDORIA COZINHA BANHEIRO LAVANDERIA DEPÓSITO LOBBY

CADA UNIDADE SUPORTARÁ 2 CAMAS, 1 CHUVEIROS E 1 SANITÁRIOS ESPAÇO COLETIVO DE CONVIVIO (1 SALA DE TV, 1 DE ESTUDO) REFEITÓRIO COLETIVO COZINHA COLETIVA PRODUÇÃO PRÓPRIA + DISPENSA 6 CONJUNTOS DE SANITARIO (UNISSEX) 5 CONTJUNTOS DE MAQUINAS PEQUENA RECEPÇÃO E CONTROLE DE ENTRADA (ESCADA, ELEVADORES)

total

30 50 135 80 40 42 15 30

900 100 135 80 80 42 30 30

total

20 15 15 20 40 24 50

40 30 15 20 40 24 50

total

25 30 15 15 40 40 40 20 15 120

50 30 15 15 40 40 40 20 30 240

SETOR assistencial un. 02 02 01 01 01 01 01

ATEND. SOCIAL ATEND. PSICOLOGICO ATEND. JURIDICO SALA DE DESCANSO ESPAÇO MULTIUSO ENFERMARIA SALA REUNIÃO

SALAS DE ATENDIMENTO E ACOMPANHAMENTO INDIVIDUAL SALAS DE ATENDIMENTO E ACOMPANHAMENTO INDIVIDUAL ESPAÇO PARA CONVERSAS E DUVIDAS SALA RESERVADA DE APOIO (PSICOLOGOS E ASSISTENTES SOCIAIS), PARA DESCANSO PARA EVENTOS EXPORADICOS (COMO MÊS DE PREVENÇÃO, CUIDADOS DA SAÚDE) RECEPÇÃO + SALA DE ENFERMARIA RODAS DE CONVERSAS

SETOR administrativo un. 02 01 01 01 01 01 01 01 02 02

SALA DE REUNIÃO SECRETARIA ARQUIVOS ALMOXARIFADO CURADORIA DIR. FINAN/ADMINI DIR. CULT./EXECUTIVA DEPÓSITO GERAL SERVIÇOS LIMPEZA SANITÁRIOS

SALAS DE TROCAS E PLANEJAMENTOS DOS CENTROS

ESPAÇO COM DIVISÓRIAS FLEXIVEIS ESPAÇO COM DIVISÓRIAS FLEXIVEIS DEPOSITOS DE MATERIAIS LIMPEZAS DE 4 A 6 SANITÁRIOS

69


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6.4.2

fluxograma

REFEITÓRIO ÁREA DE CONVÍVIO banheiros DORMITÓRIOS acesso funcionários

administração

lobby triagem recepção

salas de atendimento

salas, arenas de dança e oficinas

SALAS DE REUNIÃO enfermaria

banheiros

hall

bilheteria

depósito foyer auditório

apoio auditório

CULTURAL RESTRITO

CULTURAL PÚBLICO

MORADIA

ADMINISTRATIVO

70

ASSISTÊNCIAL

APOIO


REUNIÃO DIRETORIAS ARQUIVOS SECRETARIAS fruição

recepção

guarda volume biblioteca

exposição ACERVO café pátio central FRUIÇÃO

estação cptm juventus mooca FUNCIONÁRIOS uSUáRIOS

fruição / transição acessos privados acessos público

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TFG I - 2020 - CENTRO DE (RE)INSERÇÃO E MEMÓRIA LGBTQIA+

6.5

proposta de intervenção

6.5.1

processo de elaboração volumétrica e espacial.

Pensando no conceito de privacidade, o programa passou a abordar um carácter mais privativo da praça com isso foram estudadas volumetrias perimetrais à quadra e no alinhamento. Um dos estudos contempla a volumetria alinhada à Rua Monsenhor João Felipo, que dá acesso a estação Juventus Mooca da CPTM. Em seu térreo a nova volumetria se caracteriza pela divisão de dois eixos: cultural e assistencial, o que serve de apoio para usos públicos irrestritos e também possibilita a fruição por meio de aberturas que permitem o acesso ao interior da quadra, as demais integrações do programa se dividem de forma vertical. No Patrimonio Cultural (Casa Vanorden), foram pensadas atividades que cobrassem da edificação o menor impacto estrutural possível, mas que tivesse uma integração de grande importância para o programa do projeto. Por isso a concepcção dos programa estabelecidos se deu a dinamicas fluidas que possibilitasse vivências e trocas. O espaço contempla exposições em seu interior, o café que extende se para a area extena e a biblioteca no bloco com dois pavimentos do bem cultural. O terreo da bibilioteca abrigara um espaço de estudo enquanto o pavimento superior abrigara o acervo. Como fator importante, foi descartado qualquer volume paralelo a Casa Vanorden, para não obstruir sua visual desde a ferrovia.

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6.5.2 ETAPAS DA CONCEPÇÃO VOLUMÉTRICA Demolição das volumetrias com pouco valor histórico. E também a parede de dentro da Casa Vanorden, que está bem descaracterizada.

etapa 01

Um novo espaço central aberto e fluído, incentivando nova relação com o entorno, tanto a fruição da estação Juventus Mooca como a relação com os demais bens tombados.

etapa 02

Nova edificação paralela à Rua Monsenhor João Felipo, conservando o caracteristica, paralela, tradicional das contruções da Mooca.

etapa 03 Vazios com a intenção de estabelecer no edificio relações visuais que possibilitem integração com o pátio central que tambem se estabelece como fruição.

etapa 04 Vazios com a intenção de estabelecer no edificio, relações visuais que possibilitem integração com o pátio central.

etapa 05

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6.5.3 diagrama de setorização administrativo / apoio

moradia cultural público

restrito

assistêncial cultural/público

assistêncial cultural público

cultural público - serviços

restrito

0 administrativo / apoio

assistêncial

moradia

cultural público

74

25

50 m corte: aa ESC: 1/1000


rua borges de figueiredo

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P

RUA MONSENHOR JOÃO FELIPO

aa aa

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6.5.4 IMPLANTAÇÃO E ACESSOS ESC: 1/2000

MOÓCA ESTAÇÃO - MOOCA ESTAÇÃO JUVENTUS

ACESSOS Fruição e PERCURSOS fluxos INTERNOs

0

50

bens patrimoniais

75

100 m


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77



6

referĂŞncias teĂłricas


TFG I - 2020 - CENTRO DE (RE)INSERÇÃO E MEMÓRIA LGBTQIA+

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