Você Pede Poder, Deus Concede Pressão

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Impresso nos EUA Printed in USA 2011



Você Pede Poder; Deus Concede Pressão Categoria: Religião / Bíblia / Cristianismo Copyright © 2011 Marcelo Almeida Todos os direitos reservados 1ª edição junho de 2011 Edição e revisão Thais Teixeira Monteiro Projeto gráfico e diagramação Michele Araújo Fogaça Capa Michele Araújo Fogaça Os textos das referências bíblicas foram extraídos da versão Almeida Revista e Atualizada (Sociedade Bíblica do Brasil), salvo indicação específica.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

Almeida, Marcelo, 2011 Você Pede Poder; Deus Concede Pressão / Marcelo Almeida. – USA: Editora Vinha Internacional, 2011 ISBN: 978-1-937442-02-6 1: Religião 2: Bíblia 3: Cristianismo 4: Título CDD : 220/230 Índice para catálogo sistemático: 1: Religião 2: Bíblia 3: Cristianismo

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Editado e publicado nos EUA pela Vinha Internacional


Sumário Introdução

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Capítulo 1 — Os Cinco Tipos de Pressão

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Capítulo 2 — O Exemplo de Jesus diante das Pressões 49 Capítulo 3 — A Pressão e o Poder 55 Capítulo 4 — Ló, Justo e Fracassado 59 Capítulo 5 — Formando Pedras e Pilares 83 Capítulo 6 — Sete Dias Determinantes 95 Capítulo 7 — A Tentação de Suavizar a Dor da Pressão

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Capítulo 8 — Quatro Atitudes no Altar 127 Capítulo 9 — O Encargo de Deus 131 Capítulo 10 — A Manifestação da Glória de Deus 139



Introdução A nossa ótica humana muitas vezes é achar que a pressão é algo desnecessário, inútil, desagradável, e o que nós fazemos é fugir dela. Entretanto, pressão é poder. Pressão é a mesma coisa que poder. Você não pode deixar de compreender que quanto maior a pressão maior poder potencial você tem para conquistar, para avançar. E o nível de pressão que você passa diante de Deus é igual ao nível de poder que você vai manifestar na sua vida espiritual. Muitas pessoas não entendem isso e acham que poder de Deus é aquela coisa que elas ganham a troco de nada quando alguém põe a mão sobre sua cabeça e dá aquele arrepio, aquela tremedeira... Uma coisa meio mágica, sem a sua participação, sem o seu envolvimento, sem compromisso, sem atitude, sem um posicionamento ativo.


Se você acha que o poder de Deus que vai transformar, o poder que vai afetar as circunstâncias ao seu redor, que vai fazer diferença, que vai levar você a romper em áreas específicas na sua vida que você nunca rompeu, se você acha que esse poder de Deus virá de maneira mágica, você está enganado! Deus requer a sua coparticipação, Deus requer a sua cooperação, vida cristã é um convite à parceria. A unção recebida por imposição de mãos é de uma natureza e tem pouco alcance; a unção liberada pela transformação de pressão em poder é de outra natureza e é poderosíssima. Então, Deus convida você a viver uma parceria com Ele, e as pressões: do pecado, das necessidades, das circunstâncias, da obra de Deus, do inimigo; todas essas pressões são permitidas por Ele para que você possa transformar pressão em poder. Ao lidar com elas aprendemos que o endereço para você transformar tais pressões em poder é o altar da graça, é o trono da graça! Fora do altar, ou a pressão arrebenta você, ou você vai esvaziá-la inutilmente, fugindo, se acovardando, protelando, ignorando, resolvendo as coisas à sua maneira. Como aparentemente fez Ló, um homem justo que não aprendeu a lidar com pressão. Não adianta ser justo se você não aprende a lidar com pressão. Ló era tal homem justo e a Bíblia diz que sua alma se afligia diante do pecado de Sodoma, mas isso não o impediu de terminar sua vida da maneira mais miserável possível, sem a graça de Deus, sem fruto, sem unção, sem nada. Ló perdeu tudo que tinha, perdeu influência, perdeu liderança, perdeu a mulher, perdeu os bens, perdeu a promessa, perdeu o propósito profético de Deus para a vida dele. Por quê? Porque jamais aprendeu a lidar com pressão. Pressão é poder! Pressão é algo bom! Trataremos aqui dos sete momentos cruciais e determinantes para seu futuro, nos Vo c ê Pe d e Po d e r; D e u s C o n c e d e P r e s s ã o

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quais precisamos aprender a lidar com a pressão. Para isso, usaremos a vida de Pedro como referencial. Entretanto, isso não foi privilégio só dele, acontecerá com você também. Sua vida não é toda de momentos determinantes, mas existem momentos que são cruciais. E essas decisões cruciais sob pressão são extremamente importantes. Infelizmente grande parte dos cristãos vive numa pré-adolescência espiritual. Na hora em que chega a pressão, eles se desesperam, a fé desaparece, a consagração some, eles se acomodam: “É assim mesmo, isso aqui não vai ser diferente”. Desperdiçam a fantástica oportunidade que Deus lhes dá para coisas extraordinárias através das pressões que poderiam ter liberado o Seu poder maravilhoso. Em vez de cumprirem o curso, de irem até o final e se tornarem homens e mulheres que rompem, eles se acomodam, se acostumam, aceitam a situação passivamente e vivem uma vida sem graça, sem gosto, sem alegria, sem vitória, sem conquista, sem experiência com o poder e com a reposta de Deus. Sofrem duplamente: aguentam uma imensa pressão, mas nunca a transformam em poder, e sofrem por nunca alcançar fruto, vitória ou transformação em suas vidas.

A Medida da Pressão é a Medida do Poder O conteúdo deste livro foi uma poderosa luz que abençoou a muitos e grande impacto causou ao ser liberada. Originalmente, vimos um artigo do irmão Watchman Nee acerca do assunto. Mas como sempre acontece com a revelação do Espírito em nossos corações, aquelas verdades se tornaram ricas e detalhadas em meu coração e se transformaram numa série de seis ministrações que liberamos em São Paulo. Eu gostaria de compartilhá-la porque sei que trará mudança de vida para muita gente que tem enfrentado pressão numa ou noutra área Introdução

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sem entender muito o porquê das pressões. Eu gostaria que você lesse este livro com oração para que Deus possa ministrar vida e revelação a você deste poderoso princípio. Porque não queremos, irmãos, que ignoreis a tribulação que nos sobreveio na Ásia, pois que fomos sobremaneira agravados mais do que podíamos suportar, de modo tal que até da vida desesperamos. Mas já em nós mesmos tínhamos a sentença de morte, para que não confiássemos em nós, mas em Deus, que ressuscita os mortos; O qual nos livrou de tão grande morte, e livra; em quem esperamos que também nos livrará ainda... (2Co 1.8-10) Paulo aqui está falando de sofrimento, de pressão, de angústia que chegou num ponto tão escruciante de levá-lo a desesperar-se, e que Deus permitiu que isso acontecesse além das suas forças. Mas a Bíblia também fala que Deus não permite que as tentações sejam acima das nossas forças, então como Paulo está falando que Deus permitiu que acontecessem aflições além da sua capacidade? A medida do poder que nós temos é igual à medida de pressão que vem sobre nós. Nem mais, nem menos! Não existe poder na sua vida, caro irmão, poder de Deus, poder genuíno, poder espiritual sem pressão. Eu nasci no evangelho, numa igreja pentecostal. Tudo quanto foi experiência com dons espirituais que você puder imaginar, eu tive: do tipo normal, corriqueiro, que acontece em todo lugar até experiências de êxtase, de cair no poder, de palavra profética, de ficar trêmulo com o poder de Deus. Vo c ê Pe d e Po d e r; D e u s C o n c e d e P r e s s ã o

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Mas eu tenho aprendido uma coisa: um é o poder de Deus para essas manifestações, outro é o poder de Deus para nos levar a sermos pessoas que rompem, conquistam, vencem. Se o poder que você tem experimentado é somente o poder de expressões místicas do tipo tremer, cair, experimentar dos dons espirituais, essas coisas que são boas, são de Deus e devem acontecer mesmo, quero dizer que Ele deseja lhe ensinar agora coisas para crentes experientes. A intenção, o propósito do poder de Deus não é anestesiar, inebriar você com misticismo. Falamos aqui de algo descomunalmente maior, grande, assustador. O poder de Deus tem o propósito de levar você a ser um crente que chega ao ponto que rompe na vida, que frutifica, experimenta milagres, sinais, prodígios em cada área da vida: nas finanças, nas questões difíceis que o prendem, no romper com o pecado, em fazer avançar grandemente o reino de Deus onde você chegar. Eu tenho percebido que os crentes que rompem, infelizmente, são a minoria. É triste constatar isso, mas o que nós mais temos é “vaca que foi para o brejo”, fracasso, impotência e perdas injustificáveis. É a situação que atolou e daí não sai mais, e quanto mais mexe mais afunda no brejo da tristeza, melancolia, frustração com as coisas de Deus e desespero. Não rompem, não cruzam fronteiras, não deixam o maldito passado para trás, não concluem, não passam para outra etapa, nunca degustam a vitória em nada! Triste sina de tantos cristãos! O interessante é que a pressão vem para levar você a ter poder. A pressão de Deus se manifesta em nossa vida em muitas áreas para nos levar a ter poder que vence, poder que rompe. Você quer ser um cristão que rompe, um cristão que vence? Então entenda a pressão de Deus porque muitas vezes falhamos em muitas áreas por ignorar ou por negligenciar Introdução

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princípios fundamentais das ações divinas em nossa vida, em nosso ministério, em nossa igreja. Lidar com as inúmeras pressões da vida é um desses casos. A medida do poder é igual à medida da pressão. Sem pressão não há poder, isso é uma lei básica. A pressão na vida dos apóstolos era imensa. Se olharmos o testemunho das Escrituras, vemos a pressão de viverem ameaçados de morte o tempo todo, de não poderem dormir duas noites tranquilamente no mesmo lugar porque havia gente procurando matá-los. E não era nem um nem dois, eram muitos e muitos incógnitos, que eles não conheciam, mas que estavam empenhados em matá-los. Havia uma pressão enorme por conta da rejeição dos judeus, pressão das autoridades eclesiásticas, das pessoas comuns, da família, pressão da necessidade não suprida o tempo todo. Eles só podiam depender exclusivamente de Deus, já que não possuíam nenhuma alternativa de fonte de recurso. Eles não pescavam mais, por isso não havia peixe para vender. Eles tinham abandonado sua antiga profissão. Laços familiares não eram mais de sua rotina dado o tipo de vida que escolheram levar. Assim, só poderiam depender do Senhor que os chamara para aquela vida tão dura e sem luxos. Então, havia pressão financeira, espiritual, emocional, pressão do que fazer com aquele povo que eles tinham que conduzir, mas infelizmente Jesus não deixara o “manual das células” para eles entenderem como iriam organizar a igreja para ganhar o perdido e formar líderes. Jesus não lhes deixara o “manual do anjo da guarda” para integrarem os novos crentes à vida da Igreja. Jesus não lhes deixara a confissão de fé escrita. Jesus não deixara a Bíblia com as preciosas orientações dos apóstolos todas reunidas no mesmo livro, pois ainda não havia Vo c ê Pe d e Po d e r; D e u s C o n c e d e P r e s s ã o

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sido inventada a prensa para imprimir. Ou seja, havia uma pressão imensa, mas sabe de uma coisa? A medida da pressão será a medida da manifestação do poder de Deus na vida de qualquer pessoa. Glória a Deus! Essa é uma verdade assustadora! Isso é uma lei espiritual básica. Deus usou isso na vida dos apóstolos para dar poder a eles e usará em nossas vidas. A dor, a perda, o fracasso, a desgraça, a falta de tudo são apenas poderosas oportunidades para você usar a carga de pressão dessas coisas para reverter todo o quadro de maneira inacreditável. Olhe para a Bíblia, olhe para a história, olhe ao seu redor: vencedores são aquelas pessoas sofridas que resolveram fazer algo útil com seu sofrimento em vez de ficarem paralisadas lambendo as feridas em si mesmas. Vencedores são os fracassados que decidiram recomeçar uma vez mais. Vencedores são aqueles que, rodeados de desgraça, se levantaram e ousaram transformar as circunstâncias. Sua derrota, dor e perda são apenas oportunidades maravilhosas. Fez história quem viu isso! Fracassou quem se acomodou com o relatório natural e negativo da dor. Para que você tenha alguma coisa na vida espiritual, é preciso que você e eu aprendamos a lidar com a pressão. Um discípulo nosso vivia dizendo, “a pessoa desesperou tanto que colocou a saia na cabeça e saiu gritando!” Segundo esse irmão, até homem desesperado põe a saia na cabeça... O quadro é patético, mas expressa bem o crente que possui a fonte dos infidáveis recursos, mas que quando a resposta vem, se desespera, nada entende, foge. Não entende que aquele momento de revés é na verdade a resposta de Deus para que mais poder se acumule na caldeira. Movidos por uma decisão ainda mais determinante de avançar, tais crentes poderiam conquistar Introdução

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alturas dantes jamais imaginadas. Você sabe lidar com pressão, ou você é ignorante ou inconsequente acerca das pressões? Pressão é algo solene, algo bom, algo de Deus, que usa essa pressão na vida de homens e mulheres que pertencem a Ele. Somente aqueles que cruzaram a fronteira lidando com a pressão aprenderam realmente a lidar com o sobrenatural. Foram ensinados definitivamente, não é somente empolgação de momento quando recebem a palavra. Mas aprenderam, entenderam, puseram em prática, erraram, puseram em prática de novo, erraram de novo e foram aprendendo até saber lidar com a pressão. Se olharmos a história da vida de homens e mulheres de Deus na Bíblia e ao longo da história da igreja, esses são os homens e mulheres vencedores. Eu quero estar numa igreja que rompe, eu quero um ministério que rompe, uma vida que rompe, mas por que alguns rompem em certas áreas e em outras não? Por que, para alguns, a vida financeira é sempre um problemão? Por que outros afundam em questões básicas em relação a relacionamento familiar, nos aspectos de domínio próprio, de temperamento? Por que algumas pessoas não suportam o desprazer da pressão de incrédulos na família, de críticas, de rejeição? Por que a gente se confunde, se embaralha tanto em algumas situações? Portanto, reveja já o seu conceito acerca das pressões: em vez de vê-las como algo negativo, desagradável, difícil e fugir delas, esteja pronto para ir a Deus. Ore fervorosamente para que o Espírito Santo, o seu santo mentor treine você até ganhar essas verdades como experiência na sua vida cristã. Aprenda a lidar com a pressão porque ela não vai sair de sobre a sua vida até você cantar no céu “glória, glória, aleluia!” com os anjos.

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Capítulo 1

Os Cinco Tipos de Pressão Há cinco tipos de pressão que eu gostaria de estudar com você, caro leitor. Eu costumo usar a ilustração acerca do vapor da caldeira: quanto mais você libera vapor numa caldeira, mais a pressão se intensifica até chegar ao ponto que aquele obstáculo ou move ou explode. Entretanto, uma caldeira aberta vai evaporar a água inteira e não vai produzir nada. Na Inglaterra do século XIX, foi descoberta a máquina a vapor. Ainda não havia eletricidade e muito menos o motor elétrico. A descoberta de que fechando água fervendo numa grande caldeira produziria vapor para mover qualquer coisa foi revolucionária naqueles dias. Olhe bem o princípio aqui: mover qualquer coisa!!! Assim, quanto mais fervura, mais vapor e mais pressão. Descobriram um princípio ilimitado da física. Quanto maior a estrutura que se quisesse mover, era só Os Cinco Tipos de Pressão

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“prender” numa caldeira uma quantidade maior de pressão. Isso levou à invenção do motor a vapor e causou a Revolução Industrial. Tudo que antes era feito à mão, artesanalmente, a partir de então passou a ser produzido em indústrias com máquinas a vapor. Houve um salto de produção e a Inglaterra inundou o planeta com seus produtos. Imensas locomotivas eram agora movidas pelo vapor; enormes navios transatlânticos agora cruzavam os mares movidos por uma máquina que transformava pressão em poder girando hélices gigantescas. Onde estão os seus olhos? Nas hélices de centenas de toneladas estáticas onde o senso comum diz que é impossível mover, ou no poder da pressão que facilmente as poderá fazer girar? Você é esse transatlântico, caro leitor! Entretanto, eu pergunto: “Você é uma caldeira aberta?” Vou mostrar como é que você desperdiça a pressão, foge da pressão, empurra a pressão com a barriga, se acomoda diante das situações. E colhe fracasso. Vamos ver também como isso pode ser diferente.

1. A Pressão do Pecado A primeira pressão acerca da qual vamos tratar é a pressão do pecado. Talvez você nunca tenha imaginado isto antes na sua vida, que o pecado pode ser uma fonte de pressão. O pecado é uma pressão constante na sua vida, na minha vida, na vida de qualquer crente, mas a maneira escolhida para lidar com o pecado vai fazer toda a diferença. Como você faz com o pecado, com o que você sabe que desagrada a Deus, sejam coisas pecaminosas na mente, hábitos errados, certas áreas do seu caráter que precisam ser tratadas, desvios de comportamentos que desagradam a Deus, queda na área moral, masturbação, prostituição, adultério, práticas homossexuais, roubo, mentira, perda do domínio próprio, explosão de cólera, ira, Vo c ê Pe d e Po d e r; D e u s C o n c e d e P r e s s ã o

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seja lá o que for? Não interessa qual área, qual quadrante. O que você faz com essa pressão? Pode apenas tentar obter vitória na força bruta se esforçando centenas de vezes e colhendo repetidos fracassos. Pode finalmente desistir e se acomodar. Ou pode ir “até o sangue” como diz a Escritura... Fazer disso uma questão de honra até que a vitória se manifeste. A pressão aumenta e se acumula quando nos indignamos com o pecado, quando nós admitimos a derrota e falamos: “Senhor, eu já fracassei não foram duas vezes não, foram duzentas vezes. Tentando não pecar, fracassei: tentando não mentir, tentando não explodir, tentando não fazer isso, não fazer aquilo”. Mas sabe de uma coisa? A pressão do pecado não acumula quando você se acomoda com ele e o empurra com a barriga, quando você acha que pecar é normal. É um modo covarde de obter alívio, dizendo algo do tipo: “Ah, Deus sabe que estou aqui disponível pra mudar, já tentei de um jeito e de outro; agora, se Ele quiser que faça alguma coisa. Até lá não vou sofrer mais com isso”. Ao fazer isso, você aceita a derrota como sua aliada e acaba com o desconforto da pressão. Há mais uma coisa: você acaba de se transferir da lista dos vencedores para a categoria dos fracassados. Por outro lado, a pressão aumenta e se acumula quando você decide dar um basta. Caí duzentas vezes, mas não vai haver a ducentésima primeira. Isso é tampar a pressão. Compre o desafio, viva-o, corra para Golias ao invés de fugir de Golias, o seu gigante! Quando você decide “não quero mais isso na minha vida!”, ao se indignar sacudindo o jugo, você assume a sua incapacidade diante de Deus: “Eu não consigo, Senhor, já tentei no meu esforço próprio”. Quando você decide não mais viver escravo do pecado, você vai ter a pressão acumulada porque o que está diante de você – um passado de derrota – foi bloqueado Os Cinco Tipos de Pressão

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pela decisão que “travou a caldeira”. Antes da vitória, importa então que essa “caldeira” acumulando pressão fique fechada o tempo necessário, isto é, haja a perseverança necessária até que isso desemboque num poderoso livramento. Quem vive em prédios muito altos, cuja caixa d’água fica lá no topo, sabe que a pressão da água é violenta. Se você fechar de uma vez um cano que está liberando uma vazão de água muito grande, você arrebenta tudo, de tão violenta a pressão de toneladas de água sob pressão da gravidade nas paredes daqueles canos. Da mesma forma, quando você fecha o vapor, acumula pressão e diz “isso não vai mais fazer parte da minha vida”, o que vai acontecer? A pressão vai aumentar. O desconforto vai acumular até às lágrimas, até uma santa explosão de poder no altar de Deus. Sabe quando é que a liberdade completa do poder do pecado vem? Quando você finalmente enfrenta, não interessando quantas vezes você já tenha tentado. Você jamais vencerá isso sem o poder de Deus, sem uma entrega ao Seu extraordinário poder em pura e simples confiança e fé. Então, quando você fecha o vapor, a pressão aumenta e aumenta, você já tentou duzentas vezes e caiu sempre naquele pecado, seja ele qual for, mas agora em vez de fazer de conta que não pecou e ignorar a pressão do Espírito Santo dentro de você para santificá-lo, em vez de você fazer de conta que não aconteceu nada, em vez de fugir da situação, você vem diante de Deus, toma uma decisão indignado com aquilo, decidido a romper com a escravidão do pecado, então você diz: “Senhor, eu não consigo. Leva-me à revelação da morte do meu velho homem e permita que um novo nível de fé poderosa se manifeste em mim!” Mas muita gente infelizmente retrocede. Essa atitude vai começar a esvaziar a pressão, é este o ponto crucial de você parar aqui: “Senhor, eu não consigo”. Vo c ê Pe d e Po d e r; D e u s C o n c e d e P r e s s ã o

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Mas o que você vai fazer com esse “não consigo”? Há duas possibilidades: a) não consigo mesmo, é isso que eu sou, e se Deus quiser é deste jeito que Ele vai me aceitar, sujo, porco, desbocado, imundo, antiético, mentiroso, explosivo, mal intencionado, impuro, tolo, rebelde, estranho, sensual, carnal; b) não consigo mesmo, mas a minha atitude agora é depender do poder de Deus e esse poder vai operar em mim. Então, “Senhor, desisto! Eu me entrego a Ti, estou na dependência total de Ti para levantar de Ti, para me mover em Ti. Assim, quando a pressão vier, a tentação vier, quando o desejo vier, quando a dificuldade de domínio próprio vier, Senhor, a minha escolha é depender de Ti de um modo férreo, feroz, brutal, até ver Seu poder se manifestando na minha fraqueza. Atingir essa postura é chegar ao nível que Jesus chegou no Getsêmani. O propósito de Deus é levar você até à experiência do poder de ressurreição. Há muitos tipos de poder na Bíblia, e o mais alto é exatamente o poder de ressurreição. A Bíblia diz que o Espírito Santo exerceu esse poder em Cristo Jesus, ressuscitando-o dentre os mortos. Deus quer levar você a esse tipo de poder, mas sabe como Deus libera esse poder de ressurreição? Levando você para a morte. Não estou falando de morte natural, e sim de Deus levá-lo a um ponto em que você morreu definitivamente para qualquer alternativa que esvazie a pressão: “Deus, eu não consigo, não dou conta nem de tentar uma vez mais, eu chego diante de Ti morto mesmo”. Sabe qual o problema de muitos crentes? Não receberam a ressurreição porque não receberam a revelação da necessidade de morrer. Morrer significa desistir, ausência completa de atividade, significa fim, parada total. Diferente de passividade e comodismo, esse morrer é uma decisão ativa e firme no altar. O problema de muita gente é que depois de ser derrotada Os Cinco Tipos de Pressão

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um milhão e quinhentas mil vezes, continua tentando, mas sabe o que vai acontecer? Você vai continuar sendo derrotado porque quando você resolveu por si só tratar com o problema da pressão, você fugiu do princípio da morte. Portanto, fugiu da pressão, da possibilidade de experimentar ressurreição e vida divina na sua vida terrena. Então, fé e poder serão a recompensa de uma entrega e confiança perfeitos. Agora, isso precisa se tornar um princípio praticado. Precisa ir da água fria à fervura completa e isso não é fácil e nem agradável. Quem procura apenas coisas agradáveis deve morrer logo e ir para o céu tocar harpa. Mas se você deseja ser realista neste planeta, enfrente as questões e cresça com elas. São oportunidades. Até o pecado, o fracasso do pecado são oportunidades de fazer tudo diferente da próxima vez. Acho maravilhoso Deus ter escolhido Salomão, filho de Davi com Bate-Seba para ser herdeiro do trono e alguém na linha direta do próprio Cristo. Por que Deus permitiu que o filho da mulher do adultério e do escândalo fosse o escolhido? Porque aquele acontecimento, antes de ser o fracasso final de Davi e de Bate-Seba foi só o ponto da virada, pois eles pegaram a pressão da culpa, da acusação, da condenação, da crítica e da opressão do inferno e fizeram daquilo o trampolim do poder de Deus que acabou por mudar toda aquela história. Que fantástico! A pressão do pecado foi usada por Deus para gerar alguém na ascendência do Messias santo! Oh, maravilhosa graça! Não sei onde você está nem como chegou a isso, mas valerá a pena comprar a briga com o pecado sob a estratégia de Deus, fechando a válvula da pressão, até as coisas ficarem ao ponto de explodir! Vá finalmente a Deus e mova esse gigante na força do Seu extraordinário poder! Vo c ê Pe d e Po d e r; D e u s C o n c e d e P r e s s ã o

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Quais são os inimigos da pressão do pecado? a. Acostumar-se com um padrão de vida cristã sem nenhuma santidade. É muito fácil identificar um cristão que desistiu de lutar: é um debochado com tudo e acha que ser cristão é coisa para gente muito esquisita, fora da normalidade. Infelizmente há igrejas onde essa atmosfera predomina. Muitos pensam: eu sou carnal mesmo, alguém de segunda categoria, um crente fajuto, cheio de piadas nojentas na boca, cheio de palavrão, de motivações erradas, cheio de mágoa, ressentimento. Vivo um casamento horroroso, com brigas estourando dentro de casa como se fosse normal. Os filhos participam de tudo, o desrespeito é praticado de todos para todos e eu estou aceitando essa miséria toda! É desse jeito que eu sou, eu nasci para viver isso! Minha vida é impura mesmo, minto descaradamente e vivo, na prática, como qualquer ímpio. Desisti de ser ético, íntegro. Essa coisa de vida justa é para gente de “outro mundo”. Eu sou “normal”. Este é o primeiro inimigo da pressão: acostumar-se com o pecado. Você aceita o padrão mais fajuto mesmo por pura indisposição de abraçar o desconforto de encarar o pecado: “eu não dou conta de largar o pecado da masturbação, não consigo largar o cigarro mesmo e nem a maconha. Então eu sou crente, maconheiro, fornicador, corrupto, meu coração é de Jesus e o pulmão da Souza Cruz. Ao se acostumar com o padrão de vida cristã fraco, você desperdiça a possibilidade de a pressão se tornar poder para levar você a alguma coisa maior, desperdiça a oportunidade de a pressão levar você a crescer, a cruzar a fronteira desse lodaçal, desse pântano pecaminoso que o controla. Você desperdiça a oportunidade de liberar o poder da pressão para libertar você. E como o pecado da carne é a comida da Os Cinco Tipos de Pressão

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serpente, você escolheu armar a sua tenda sendo amigo dos demônios que controlam aquele nipe de pecado. Vocês se tornaram amigos, pois o diabo sabe que se não pode possuir você, ele vai tentar controlar você; se ele não pode controlar você, ele tentará influenciar você. b. Outro inimigo é protelar a decisão de se voltar contra a escravidão do pecado. “Não, amanhã eu resolvo esse problema; amanhã eu resolvo esse pecado; amanhã eu vou fazer uma campanha de oração na célula com meu líder; amanhã começo a orar ativamente no prédio da igreja antes de ir trabalhar; amanhã eu resolvo esse problema”. Amanhã, amanhã, amanhã... Assim, Jesus vai voltar e você vai ficar aqui. Já ouviu falar da grande tribulação? É um grande cano e o crente que não levou a sério essa questão da pressão vai entrar por ele: é a “grande tubulação”. Vai entrar pelo cano pois só crente vencedor será arrebatado e receberá galardão. Desculpe parecer manipulador usando verdades escatológicas para parecer mais rigoroso. Infelizmente, nesse caso, é a verdade crua e viva! Qual é a sua atitude em relação à pressão do pecado? Você se acostuma com a pressão, aprende a lidar e manejar com ela, minimizando o desconforto que ela traz? Você protela, enrola, convive com aquela coisa pecaminosa, ou você resolve romper com isso? Sabe quando nós resolvemos romper com o pecado? Indo diante de Deus, reconhecendo o fracasso das tentativas, mas nos colocando nas mãos dEle com confiança. Assim, sabe o que você está sendo ali no altar de Deus? Alguém morto. E isso vai dar ocasião para Deus manifestar o maior poder que existe em toda a Bíblia, o mais assombroso e extraordinário poder, que é o poder para ressurreição! Vo c ê Pe d e Po d e r; D e u s C o n c e d e P r e s s ã o

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Interessante, se você observar esse simples encadeamento que eu tracei, percebe como a pressão leva você a algum lugar, como Deus permite a pressão para que ela o leve a crescer, a romper, a avançar? Deus permite a pressão para você experimentar de maneira viva e prática a Sua ressurreição. Deus permite a pressão do pecado para que, finalmente, quando você estiver completamente entregue com fé e confiança, experimente o poder de ressurreição que operou em Cristo Jesus. Todo cristão passará por essa experiência de ser confrontado pelo pecado e pela pressão de vencê-lo. Ninguém será isento disso, mais cedo ou mais tarde você será “conduzido pelo Espírito ao deserto para ser tentado pelo diabo”. Isso faz parte das etapas na vida de cada cristão e é uma das vigas de alicerce que devem ser construídas. Ou se tem isso sólido, consistente, ou não se é confiável para os altos desígnios de Deus. Veja que José, no Egito, em casa de Potifar, teve que lidar com os desejos pecaminosos da carne e vencer. Alguns não vencem, mas a notícia boa é que Deus não desiste dos que fracassam. Como na experiência de Davi, aquele homem que amava a glória de Deus tão profundamente, Deus conduzirá você à vitória se você não retroceder. E finalmente, essa fibra de vitória sobre o pecado deverá ser construída na sua vida. Isso é um fundamento na construção de um ministério frutífero em Deus. Houve um tempo na minha juventude, em que lutei muito contra o pecado da masturbação. Sofria com o desejo de ser totalmente livre daquele pecado e muitas vezes vim a Deus envergonhado apenas para me arrepender mais uma vez. Isso foi gerando uma pressão tão grande e jejuns com lágrimas que se repetiram muitas e muitas vezes. Finalmente houve um banho de luz, revelação e fé no livro de Romanos, dos Os Cinco Tipos de Pressão

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capítulos 6 ao 8, acerca da vitória que já fora estabelecida por Cristo no Calvário. Deus mostrara a mim de modo nítido que tudo o que era necessário ser feito, para eu viver uma vida de vitória sobre o pecado, já havia sido realizado na cruz. A vitória, portanto, não era mais uma questão de luta, mas de descanso em fé. Oh, como aquilo foi libertador!!! Entrei num novo nível de experiência com Deus depois daquilo. Para você, caro leitor, essa foi a minha experiência. Vode deve ter a sua. A sua pressão é a sua pressão e de mais ninguém. Você lida com a sua e eu lido com a minha. Ninguém pode, portanto, ajudá-lo a derrubar o seu gigante: ele é o seu gigante. Seu pastor, seu cônjuge, seu líder, ninguém pode ajudá-lo nessa matéria. A luta é sua! E mais, você será medido pelo tamanho dos gigantes que derruba: se você só derruba anão, você é um anão espiritual. Evidentemente, aqui só estou utilizando figuras espirituais. Conheço pessoas de baixa estatura que são poderosos gigantes em Deus: derrubaram seus gigantes! Transforme, portanto, a pressão do pecado numa extraordinária vitória!

2. A Pressão da Necessidade Outro tipo de pressão que você vê nas páginas das Escrituras e na experiência de homens e mulheres de Deus é a pressão da necessidade. Se a necessidade não move você, ela não vai mover Deus. Nós achamos que Deus responde à oração por causa das promessas da Bíblia. É certo isso? É. Deus responde oração por causa de fé. É certo isso? É. Mas há algo atrás disso e muito mais importante: Deus responde necessidades. Se essa necessidade na sua vida é identificada, mas não é importante, não é uma prioridade, não moverá Deus. Você nem mesmo chegará a se aplicar em oração em favor disso Vo c ê Pe d e Po d e r; D e u s C o n c e d e P r e s s ã o

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ou daquilo. Resultado: aquilo não acumulará pressão alguma e não produzirá nada. É por isso que muitas oraçõezinhas “mequetrefes” nunca se tornam respostas contundentes. Por quê? Porque a necessidade não era contundente. A nação de Israel permaneceu no Egito por quatrocentos e trinta anos e ninguém se importava com isso. Entretanto, quando as coisas chegaram ao ponto de se tornarem insustentáveis por causa da dor, da opressão e da crueldade, eles finalmente oraram e Deus imediatamente os ouviu. O que demorou então? Deus demorou a ouvir Seu povo, ou o povo demorou demais a orar com encargo e lágrimas? Foi o povo que demorou aqueles séculos todos para ter a pressão necessária que os movesse a recorrer ao seu Deus. Qual é o grau da sua necessidade? Se for uma necessidade com a qual você consegue viver sem se incomodar muito, se você pode empurrá-la com a barriga, pode protelar, essa necessidade não move você. Também não moverá Deus. Não tente forçar a realidade tentando dar importância àquilo com o que você não se importa mesmo. Busque de Deus o genuíno encargo espiritual para ir a Ele. Deus abrirá seus olhos e o que não importava antes se tornará crucial. Muita santa pressão advirá disso. Eu já experimentei cura na minha vida e muitas vezes vi Deus curando pessoas em nossas reuniões, nas células ou me usando diretamente para isso. Eu já orei e Deus curou pessoas muitas vezes. Tive muitas experiências assim, mas uma em particular foi frustrante porque estava relacionada a mim mesmo. Eu conheci um pastor de Curitiba, que usava uns óculos “fundo de garrafa” enormes. Eu tinha uma colega da Escola Bíblica que também usava óculos “fundo de garrafa”, aqueles com lentes grossas. Ambos foram curados por Deus Os Cinco Tipos de Pressão

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de maneira fantástica. Eu fui uma das testemunhas daquele milagre maravilhoso. Note bem, não foi cirurgia não. Foi cura! Eu vi. Eu participei. Assim, eu falei comigo mesmo, “eu não aceito isso, eu também quero ser curado”. Na época eu usava óculos com 4,75 graus de miopia em cada olho. Diante do milagre presenciado, tomei uma decisão “corajosa”. Mais corajosa do que propriamente correta. Eu tirei meus óculos: “Vou ficar sem óculos até Deus me curar”. Mas aquilo era uma necessidade que realmente me movia? Não! Eu orava por aquilo? Orei umas duas ou três vezes. Eu me esqueci dessa oração mas continuei sem os óculos. Era horrível e desconfortável mas aquilo nunca foi mesmo importante pra mim. Pergunte-me se Deus me curou... Deus não me curou! Depois de um ano de desconforto sem os óculos, eu acabei retornando a eles. E por que Deus não me curou? Porque aquilo não era de fato uma necessidade, não tinha importância alguma pra mim. Não me incomodava mesmo. Depois de usar óculos vinte e cinco anos, fiz uma cirurgia a laser que resolveu meu problema. Outra experiência vivemos com o drama de um dos nossos rapazes da Casa de Recuperação para adictos em heroína que tivemos em Portugal. Eu nunca orei com tanto encargo por algo, com tanto empenho e com tanto coração como orei por aquele rapaz. Ele fora internado no hospital num quadro gravíssimo e foi desenganado pelos médicos. Eles disseram que ele tinha uma hepatite fulminante, o fígado dele virou uma crosta dura, não funcionava mais. Aquilo começou a evoluir para falência múltipla de órgãos em poucos dias e ele entrou em coma. A mãe desse moço era uma senhora muito rica, casada com um sujeito que tinha procedência da antiga família real portuguesa. Num domingo, quando o quadro do Vo c ê Pe d e Po d e r; D e u s C o n c e d e P r e s s ã o

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seu filho já era terminal, ela entrou pelas portas do prédio da igreja de joelhos e aos gritos. Aquela mãe desesperada se agarrou nas pernas da Walneide, minha esposa, clamando por misericórdia, clamando para que Deus fizesse alguma coisa. O quadro foi tão vívido que ainda hoje me leva às lágrimas. Deus me moveu!!! Eu lembro como aquilo pesou em meu coração. Como a necessidade da restauração daquele moço, a preservação da vida dele se tornou algo extremamente importante para mim. Eu nunca orei com tanta fé, com tanta ousadia e com tanta autoridade pela preservação da vida de alguém, embora não houvesse possibilidade alguma de cura, embora não houvesse possibilidade de restauração, embora o moço já estivesse desenganado. Ele ia morrer. Era questão de horas. Os médicos desistiram, ele entrou num coma profundo, os órgãos todos começaram a parar. É o que os médicos chamam de falência múltipla de órgãos. Acabou! E eu me lembro de orar com o máximo empenho, até que algo surpreendente aconteceu. A equipe médica se reuniu informada que, exclusivamente para ele, com o tipo sanguíneo dele, surgiu do norte do país um fígado que veio de helicóptero. Eu sei que esse rapaz se recuperou e está vivo até hoje. Deus fez o inesperado, o Senhor agiu naquele quadro de modo surpreendente. Poderia tê-lo curado como fez com os meus amigos curados nos olhos? Sim. Mas naquele momento Deus escolhera esse caminho inusitado. Você compreende quando não há nenhuma saída, e de repente da rocha Deus tira água? Eu vi Deus operando naquela situação e não vi Deus operando em outras. Sabe, uma oração só é respondida se houver poder, se houver pressão. Quais são as suas necessidades, e em que nível elas têm impelido você a Deus? Os Cinco Tipos de Pressão

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O interessante é que orar dessa forma não vai ser fardo, vai ser alívio do fardo, vai ser descarregar o fardo. Mas, há um problema, nós não sabemos lidar com a pressão. Quando a necessidade vem, caímos na direção dos inimigos da pressão, daquilo que a desperdiça. Sofremos todo o desconforto dela, mas corremos para o lugar errado do alívio. Se você buscar alívio em vez de fechar a válvula, estará desperdiçando a chance de ver o extraordinário poder de Deus. a. O primeiro inimigo da pressão da necessidade é aceitarmos a necessidade como uma condição permanente. Nós nos acomodamos! Aí a necessidade se torna crônica. Necessidade crônica de emprego, necessidade crônica financeira, crise crônica em muitas áreas da vida. Aceitou, se acomodou! Querido cristão, se você descamba para esse lado, a pressão é desperdiçada, não vai se tornar nada. Gente nesse estado é gente que não tem mais fé, frequentemente se expressa com incredulidade pois tem a tendência de aplicar em tudo o seu fracasso com o poder de Deus do tipo: “Eu é que sei das coisas. Sei que a fé não funciona, não funciona para mim e não funcionará para você, para ninguém!” São pessoas que têm aquela cara desmotivada e demolidora de ânimo e alegria na vida dos outros. São depressivos, incapazes de expressar ânimo, determinação. Se tornaram, infelizmente soldados tetraplégicos que voltaram da guerra sem ver resultado algum. Desperdiçaram a pressão. Ainda que você retorne machucado das batalhas, levante-se! Se for preciso correr com pernas metálicas e voar com asas de titânio, enxergar com olho sintético, seja o primeiro a ganhar uma olimpíada!!! b. Outro inimigo da pressão da necessidade é buscar resolver o problema fora da presença de Deus. Você pensa: vou dar meus pulos, vou dar um jeitinho, vou criar um Vo c ê Pe d e Po d e r; D e u s C o n c e d e P r e s s ã o

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artifício, eu vou resolver isso à minha maneira. Pode pensar também: eu tenho que cuidar de mim, pois se eu não o fizer, quem o fará? Isso desonra profundamente o caráter santo de Deus, pois é a prova cabal que sua fé não está depositada nEle de forma alguma. Essa é a prática dos religiosos. Frequentam uma igreja, mas isso é um misto de ritual com herança cultural vazia. É inoperante na hora da necessidade. Há muita gente a praticar um cristianismo inócuo dessa forma. Depois ainda vem contando testemunhos bizarros em que a ética foi quebrada, leis violadas e a mentira estabelecida. Há tanta gente agindo errado, subornando, falsificando, inventando o seu próprio meio para resolver seus problemas, e que depois ainda tem cara de lata para um suposto testemunho. Vem tampando o sol com peneira, dando glória a Deus. Um dia a maracutaia toda será revelada. Deus não tem glória nisso não. Você fugiu da pressão e não verá a perfeita vontade de Deus se estabelecer na sua vida. Infelizmente você está dizendo a Deus em outras palavras: “Eu é que sei o que é melhor para mim, não o Senhor. Por isso eu é que cuido de mim, à minha maneira”. Seja coerente, desista de ver alguma mão de Deus nesse angú que virou a sua vida. Ou, senão, se arrependa e desista de forçar Deus a ser sócio dos seus rolos e confusões. Arrependa-se e venha a Ele disposto a consertar tudo, mesmo que com prejuízo, e mudando paradigmas velhos que desonram o Senhor. c. Outra maneira ou outro inimigo da pressão é fugir da presença de Deus. Simplesmente deixar pra lá. Quer saber de uma coisa? Deixa isso com Deus, eu vou cair fora, vou escapar. Algo do tipo: “’Tá’ estressado? Vá pescar!” Isso é fugir, negar, se acovardar, fantasiar que as coisas vão bem, Os Cinco Tipos de Pressão

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são todas formas de se evitar o acúmulo da pressão. Se você agir dessa forma, Deus não moverá. Alguns anos atrás, conheci um pastor cujo ministério no louvor era maravilhoso. Este era um querido homem de Deus. Era um adorador diante da presença de Deus. Foi um dos compositores que teve canções sendo entoadas no país inteiro. Ao ministrar louvor, tinha a graça de liberar a doce presença do Espírito diante do povo. Era também um homem santo, cheio de unção. E eu lembro da época em que ele ainda trabalhava secularmente. Ele mantinha a família trabalhando e, numa certa estação, as necessidades começaram a surgir num turbilhão e ele já não era capaz de satisfazer todas as necessidades. Um filho já chegara à família, as necessidades aumentaram, as contas se acumularam. A pressão chegou em um ponto tal que certo dia ele não tinha dinheiro para comprar comida. Era hora do almoço e não havia nada em casa. Ele orara, mas o dinheiro não viera. Trabalhou duro, pegou pesado, continuou orando e o dinheiro não viera até aquele momento. Com o pouquinho que tinha, conseguiu comprar apenas um marmitex para ser dividida por três: para ele, a esposa e o filhinho. Aí ele sentou à mesa, não havia mais nada, nada. Ele abriu o marmitex e deram graças. Quando ele foi separar a comida, não aguentou mais. As lágrimas eram abundantes, pediu que a esposa comesse e correu para o quarto. Fugiu para o lugar certo. Ele não fugiu da pressão, não se rebelou: “Esse Deus é um Deus que não vale a pena a servir”, ou, ”Olha aí esse negócio de ministério. Eu estou aqui insistindo, permanecendo, fazendo o meu papel e nada...” Ao contrário, ele pegou seu violão e foi adorar a Deus... Não sei se a canção foi esta a seguir... vamos supor que foi – ele é o autor dela – “Ao único que é digno de receber, a honra e a glória, a força e o poder. Ao Deus eterno, imortal, invisível, mas real, a Vo c ê Pe d e Po d e r; D e u s C o n c e d e P r e s s ã o

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Ele ministramos o louvor! Coroamos, a ti, ó Rei Jesus, adoramos o Seu Nome, nos prostramos aos seus pés. Consagramos todo nosso ser a Ti...” Ele conta que aquele foi o momento da virada e do milagre! O poder de Deus se manifestou extraordinariamente e nunca mais ele viveu qualquer situação parecida com isso. A experiência e a fibra entretanto passaram a compor seu arsenal de um valente espiritual. Eu vi Deus reescrevendo a história desse irmão. As composições explodiram, começou a receber direitos autorais, mudou o padrão de vida. Mudou! Ele podia ter se rebelado contra a pressão, rompido com Deus, e até hoje estaria ganhando salário mínimo e comendo marmitex. Por isso eu pergunto, “o que você faz com a pressão da necessidade?” De fato ele prosperou muitíssimo; mas, e você, para onde você corre na pressão da necessidade? É interessante observar que há pessoas que têm uma capacidade enorme de tolerar a pressão, mas só chegam sempre a um certo ponto. Quando chegam a esse ponto, parece que já fizeram demais, então começam a culpar Deus. Ou talvez se alinhem certos gatilhos emocionais que os fazem “surtar”. Há pessoas que funcionam exatamente dessa maneira. Por exemplo, a mulher tem um marido terrível. Então decide amar o marido, perdoar o marido, lidar com o marido durante dois, três, quatro semanas. Finalmente, na quinta semana perde completamente a paciência e desabafa aos gritos: “por que eu ainda ‘tô’ tentando te perdoar? Eu aqui fazendo tudo certo e você não me ajuda! Você não está vendo que ‘tô’ aqui dando tudo de mim para que as coisas mudem?!” Este é apenas um possível exemplo, mas há infindáveis situações nas quais você sempre chega na fronteira da mudança e retrocede. Já conhece de cor o caminho do limiar da mudança. Essa foi a diferença entre Rute, a moabita, e a cunhada Os Cinco Tipos de Pressão

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dela, Orfa. Ambas foram até a fronteira. As circunstâncias não podiam ser mais deprimentes: pobreza, abandono, falta absoluta de qualquer perspectiva. Orfa chorou na fronteira e desistiu, voltando aos seus deuses; Rute seguiu a sogra a fim de praticar mendicância em Israel. Uma fugiu da pressão, a outra foi em direção a ela. Isso fala de dois tipos de crentes. Orfa desaparece na poeira da mediocridade; Rute entra para a linhagem de Jesus Cristo, o Filho de Deus e Salvador da humanidade. E você? Vai voltar para as suas caçarolas vazias ou mergulhará nos desígnios eternos de Deus? Espere e vá até o final! Não vale a pena ir só até a metade do processo, desperdiçar ou abortar o processo. Talvez você estivesse indo tão bem mas abortou. Perdeu a oportunidade e agora vai ter que começar do zero novamente. Aprenda a não abortar com incredulidade aquilo que concebeu com fé. Aprenda a suportar a pressão da gestação do milagre. As Escrituras estão cheias de exemplos maravilhosos. Permita-me falar de outro deles. Ana, no livro do Juízes, é outro exemplo útil para essa questão da pressão na vida e no cotidiano. A Bíblia pinta o quadro de Ana orando diante do Senhor, mostra que a pressão que estava sobre ela tinha duas origens: a primeira tinha a ver com a necessidade; e a segunda, com as críticas. Havia o anelo profundo por ter um filho e também a dor das comparações e do desprezo pela sua condição estéril. Ela podia dizer para si mesma: “Eu quero um filho porque não aguento mais viver debaixo da crítica da outra esposa do meu marido e dos familiares”. Mas, engraçado, ela conseguiu tolerar aquilo por vários anos. Vemos as viagens ano a ano. Os passeios até o lugar do culto e do holocausto eram um tormento para essa mulher. Podemos imaginar pelas circunstâncias, pela tristeza de ser estéril, pela Vo c ê Pe d e Po d e r; D e u s C o n c e d e P r e s s ã o

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grande necessidade e demora em ter um filho e pelas críticas que recebia, que esses sentimentos acumulados poderiam levá-la a fugir da pressão. Poderiam tê-la levado a procurar alternativas e se desviado do propósito de Deus, culpado-o, e Ana ter se tornado uma pessoa fechada, amarga e tola. Essa é a resposta que muitos dão diante da pressão. Tornam-se gente problemática, chata, difícil, tumultuada interiormente. Há gente que escolhe o caminho fácil de pôr a culpa em Deus ou de convenientemente arranjar culpados. Nunca assumem diante de si mesmos a responsabilidade para dar solução aos problemas. Ana deu outra resposta. O coração dela orava em tal grau de expressão da pressão que as palavras mal saíam, tanto que o sacerdote pensou que ela estivesse embriagada. Aquilo era um vulcão adormecido que acumulou tanta pressão que agora entra em erupção e que se dane quem estiver perto! Não há mais constrangimentos tolos, reputação, etiqueta ou maquiagem a manter! “Essa mulher está bêbada, o que ela está fazendo aqui, murmurando assim no templo?” Ela gemia e não dizia palavra. Por quê? Porque já havia orado a mesma coisa muitíssimas vezes. Deus já conhecia todas as razões e os argumentos. Nada mais havia a ser dito. Assim, aquela oração não possuía palavra. O coração dela estava aflito num nível tal que só se ouviam gemidos-murmúrios-grunhidos numa poça de lágrimas. Mas, por incrível que pareça, era também uma oração-alívio. Depois de descarregar a pressão do modo certo e na presença de Deus, ela se alegrou. Esse é um sinal do Espírito. Ana conduziu sua pressão para o lugar correto e teve como resposta o filho desejado há tanto tempo. O que você faz com a pressão preciosa que pode levá-lo a possuir a porta dos seus adversários, que pode levá-lo a mudar de vida, ser uma nova pessoa, ter um casamento diferente, Os Cinco Tipos de Pressão

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produzir frutos, ter poder na sua vida e ter graça e revelação? O que você faz com a pressão que pode levá-lo a atingir um outro nível em Deus, um novo nível de fé, um novo nível de glória?

3. Pressão das Circunstâncias As circunstâncias são outra frequente fonte de pressão. Ninguém escapa disso. Ninguém vivo respirando neste planeta pode evitar passar por muitos e variados tipos de pressão. Diariamente a vida requererá de você respostas em diferentes frentes, diferentes áreas, que suscitam diferentes emoções. Algumas o enervam e irritam muito, algumas podem levá-lo à cólera e indignação. Outras podem causar medo, insegurança, terror. Umas causam sentimento de abandono, rejeição, inadequação, incopetência. Em muitos momentos você será surpreendido por elas. Quem pode dizer que não vive a pressão das circunstâncias? Este tipo de pressão refere-se à pressão de parentes, rejeitando você porque se tornou cristão e entregou sua vida a Jesus. Pessoas próximas usando de manipulação, cobranças, expectativas ou chantagem emocional. Talvez a pressão de resolver problemas dificílimos ou insolúveis. É a pressão de amigos e colegas, pressão para você agir violando sua ética e valores. Pressão da perda de entes queridos, circunstâncias inexplicáveis, surpresas terríveis. Todos já sofremos esse tipo pressão. Há dois tipos de pessoas lidando com esse tipo de pressão. Primeiramente o ímpio. A pressão das circunstâncias massacra um ímpio. É totalmente diferente você ir ao funeral de uma pessoa cuja família tem o Senhor e ir ao funeral de alguém que não tem o Senhor. Vo c ê Pe d e Po d e r; D e u s C o n c e d e P r e s s ã o

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Quando eu era adolescente, morreu um vizinho nosso, e eu fui lá estar com a família dele. Fiquei deprimido e fortemente afetado pelo tal funeral. O povo gritava com o defunto, pedindo pra ele não ir embora. Um caía e desmaiava pra cá, aí outro caía pra lá. A mulher do rapaz gritava dizendo que ia fazer um cafezinho para ele não ir embora... Foi uma experiência de exaustão emocional que jamais presenciei depois vivendo muitos funerais de crentes. E eu fui me envolvendo naquele clima, de modo que quando saí de lá eu chorava copiosamente. Alguém veio me consolar, “calma, calma, não é ninguém importante na sua família”. E eu demorei a me recuperar. O ímpio é massacrado pela circunstância da perda. O que as circunstâncias provocam na sua vida? Elas podem provocar mudança, transformação, milagres e a manifestação do grande poder de Deus.

O que pode impedir você de responder diante das pressões das circunstâncias Você está onde está por causa de um ordenamento divino e Deus espera que você responda de maneira correta. O crescimento de um cristão dependerá de como ele lida com o ambiente ao redor. A profundidade da vida de um cristão é dada pela sua habilidade de lidar com a pressão, de lidar com circunstâncias adversas. A pressão é para levar você a amadurecer, a crescer, a avançar e a produzir muito fruto.

Alguns inimigos da pressão nas circunstâncias: a. Primeiro, pedir a Deus para remover o que foi dado por Ele para gerar maturidade, profundidade e poder. Mas aquilo incomoda, então a pessoa começa a orar para Deus Os Cinco Tipos de Pressão

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remover: “Deus, tira esse marido da minha vida, remove essa mulher, remove essa igreja, remove o pastor. Que o Senhor me deixe sozinho que eu me entendo comigo mesmo”. Deus não vai remover. Você não entende que Ele comissionou você para estar onde você está, com quem você está, por conta do propósito divino? b. Segundo inimigo, usar seus próprios meios. Por exemplo, fazer mais dívidas para resolver o problema das circunstâncias adversas na área financeira, ao invés de cortar gastos, cancelar o cartão de crédito e rasgar os cheques especiais. c. Terceiro, revoltar-se contra as pessoas. Isso é tão comum. Frequentemente precisamos encontrar culpados para nos sentirmos melhores conosco mesmos. Em vez de observar que aquilo foi algo dado por Deus, você se revolta contra a pessoa. “É ele que é o problema, ele não me entende. Esse meu chefe é um incompetente, um truculento”. Sempre alguém é o problema. Em vez de você compreender a circunstância e responder a Deus, tudo se torna pessoal. Pessoas assim terminam mal tudo que começam. Como é que você termina os seus negócios? Como é que você termina as suas conversas? Como é que você termina os seus empregos? Como termina seus relacionamentos? Você pode voltar ao seu último emprego e olhar as pessoas nos olhos? Tem gente que só termina mal tudo e sempre. São incapazes de terminar algo em paz, em harmonia. Fazem tudo na briga, na confusão porque não aprenderam a lidar com a pressão das circunstâncias. d. O último inimigo é acomodar-se às circunstâncias. Quais são as circunstâncias que envolvem você? Nós precisamos nos tornar geradores espirituais. Houve um governo de anos recentes no Brasil que convocou um racionamento nacional de energia em função da falta de chuvas no Brasil, Vo c ê Pe d e Po d e r; D e u s C o n c e d e P r e s s ã o

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que fizeram os nossos reservatórios ficarem muito baixos. A energia tornou-se um problema. E eu lembro que muitos lugares começaram a comprar geradores. Um gerador transforma a energia do óleo diesel, explodindo dentro do motor, em eletricidade do outro lado. Sabe o que é um crente gerador? É um crente que aprendeu a transformar um tipo de energia em outro. Um crente que sabe lidar com a pressão se tornou um gerador que transforma a pressão do vapor dentro de uma caldeira, aquecido pelo sol ou pela lenha, em eletricidade do outro lado. O que você faz com a bendita pressão que Deus permitiu ou trouxe para sua vida? Será que você sempre foge, sempre corre da pressão, sempre enrola, sempre desiste, sempre põe a culpa em alguém? Ou você faz a pressão se transformar em algo prático, bom para sua vida? Volto a dizer que o maior poder é o poder da ressurreição. Então, morra para as circunstâncias; morra para o querer forçar as pessoas a serem do jeito que você quer; morra para o perfeccionismo! Mas morra completamente e a um nível tal que possa ser totalmente dependente de Deus. Aprenda a transformar a pressão em poder dependendo de Deus e indo pro altar, encontrando o seu alívio, esvaziando o seu fardo no altar e saindo dali em fé e confiança. A fé vai brotar em sua vida quando o fardo for deixado no altar, quando a confiança for uma realidade, uma decisão de fé diante de Deus: “Senhor, eu não consigo lidar com isso. É pressão demais na minha vida, no meu casamento. Eu não consigo mudar, não consigo ser diferente. Não consigo não explodir”. Mas você deve fazer isso antes de arrebentar, de bater em retirada, antes de comprometer a estabilidade de outros por quem você é responsável. “Senhor, eu não consigo Os Cinco Tipos de Pressão

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responder, isso é demais. É humilhação demais”. Vá transformar pressão em poder lá no altar do Senhor! Isso vai levar você a novos rumos, nova dimensão, nova posição, nova realidade. Quando somos quebrados por Deus e nos achegamos a Ele, declarando a nossa completa incapacidade, inabilidade para lidar com as circunstâncias e a nossa decisão de confiar nEle, Ele transformará isso em fé e poder. Digo por experiência própria, muitas vezes eu já cheguei diante do altar de Deus explodindo de angústia, de pressão, e saí dali com coração em fé, livre e com um novo ânimo para lidar com aquelas coisas que meia hora, uma hora, duas horas, um dia antes estavam me arrebentando. O que mudou? Eu mudei. Quem produziu mudança? O altar de Deus o fez. Lá você vira libação e é consumido pela glória de Deus. Isso é força e poder para você e aroma agradável a Deus. Ali no altar a pressão foi transformada em poder. Você também pode abrir a válvula de outro modo a desperdiçar a pressão. Faz isso quando subtitui Deus por uma pessoa. Muitos procuram um pai espiritual a vida toda numa perspectiva de dependência, algo meloso, inútil. Muitos saem à procura de alguém com quem se abrir, mas nunca o fazem com Deus. Procuram alguém que os ouça, mas nunca o fizeram para Deus. Procuram a experiência e maturidade em alguém, mas nunca foram em Deus para serem supridos. Sabe o que você está fazendo ao colocar expectativas no homem? Você está abrindo a tampa da pressão. Está certo você abrir isso com algum confidente? Está. Mas essa pessoa não vai resolver seu problema. Só Deus pode fazer isso. Muitos fazem isso como estilo de vida e a pressão se desperdiça. É impressionante o tanto de gente por aí procurando pai a vida inteira. Cuidado também com o critério para abrir Vo c ê Pe d e Po d e r; D e u s C o n c e d e P r e s s ã o

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seus problemas. Há pessoas que abrem tanto seus problemas para os outros, que a imagem que elas constroem de si mesmas nos outros é terrível. Certas pessoas não podem ver um crente parado que já começam a abrir suas questões, necessidades e problemas. Daqui a pouco, a igreja inteira sabe, e suas questões estão no ventilador pois nem todo mundo tem maturidade para lidar com isso. Você desperdiçou a pressão com a expectativa de que as pessoas, ouvindo você, vão resolver alguma coisa, mas não vão! É no altar da entrega completa e da total dependência de Deus que a pressão se transforma em poder. A pressão tem se tornado poder de ressurreição na sua vida?

4. A Pressão da Obra de Deus Há também a pressão imensa da obra de Deus, das necessidades das pessoas e do que elas esperam de nós. Somos envolvidos tão intimamente nas necessidades e situações das pessoas e diante do tamanho de alguns problemas, que isso nos exaure. A obra de Deus traz pressões espirituais, emocionais e nos confronta o tempo todo diante da nossa impotência. Nos sentimos incapazes, muitas vezes limitados, sem fruto, incompetentes, sem meios de fazer justiça. Qualquer líder de células ou discipulador sabe do que estou falando. Há necessidade de frutificar, há necessidade de ver o mover de Deus avançando, mas enquanto você não morre, essa obra é sua, não é dEle. A pressão começa a se acumular enquanto a obra é sua, enquanto a necessidade da resposta na situação for sua. É você quem tem de fazer, você tem de acontecer, você tem que estar, você tem que ir. E chega a um ponto em que a pressão torna-se sobre-humana. Paulo disse, no texto que lemos, “a pressão era sobre-humana”, isto é, muito além de sua capacidade de suportar. Os Cinco Tipos de Pressão

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Mas é interessante que somente sob pressão identificamos se estamos mesmo a serviço de Deus. É a pressão que vai mostrar se você é uma palha a se esgotar ou se é uma sarça ardente que alimenta o fogo mas não é consumida. Se na obra de Deus a pressão está acabando com você, nesse particular isso significa que você está a realizar a obra de Deus na sua própria força. Você talvez sinta que é de você que as pessoas vêm beber, que é por meio de você que as pessoas terão a solução das suas necessidades e seus problemas. Também é você que, com seu aconselhamento, com sua pregação, sua ministração, sua oração, com sua imposição de mãos, vai fazer a diferença. Você não faz diferença alguma na vida de ninguém. Pelo menos não aquilo que tem de si mesmo. Nada de nós mesmos é próprio para edificar casa espiritual. Se você usar de sua eloquência natural, seu carisma, sua inteligência, sua capacidade administrativa para fazer a obra de Deus, a pressão vai massacrá-lo. Em algum momento você se esgotará completamente. Quando você chega ao fim de si mesmo, especialmente quando nada acontece, quando reconhece que não conseguiu, que falhou, que fracassou, que o crescimento em salvação de almas não ocorreu, as células não se multiplicaram, quem se converteu não se firmou, isso vai revelar de quem é a obra realmente, se é sua ou se é de Deus mesmo. O fracasso na obra de Deus acrescenta uma pressão maravilhosa que produzirá muito fruto se você escolher ir para Deus e encarar sua incapacidade para produzir qualquer bem sem o Espírito Santo. Não há como ter êxito sem passar por experiências assim, porque são experiências nesse nível de pressão que vão levar você a depender realmente de Deus. É esse processo que terminará em genuína experiência. “Senhor, eu não consigo, não Vo c ê Pe d e Po d e r; D e u s C o n c e d e P r e s s ã o

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sou eu quem fará isso”. É mais do que uma entrega superficial. Assim, muitas vezes a pressão vai ser a falta de unção, a falta de vida, a falta de revelação, a falta de quebrantamento, a falta de conversões genuínas, a falta de mudança na vida das pessoas. Pior será se sentir no limite de si mesmo em liderança, tendo um povo todo olhando para você à espera de direção. Sentir-se superficial, raso e sem conteúdo também não é nem um pouco agradável. Ao chegar ao ponto de dizer: “Senhor, não sou eu”, isso vai produzir de fato uma obra que é de Deus. É necessário ter foco, alvo, mas nossa dependência deve ser numa profunda entrega ao Espírito Santo. Hoje vemos dois extremos: crentes introspectivos que acreditam que a genuína dependência de Deus consiste em não fazer nada e ficam o tempo todo se autoanalisando numa horrível introspecção que os paralisa totalmente; e, no outro extremo, há aqueles que transformam a obra de Deus numa experiência empresarial na qual tudo é profissionalizado. Se Deus agisse, atrapalharia! Em certa ocasião, em nossa igreja em São Paulo, estávamos numa campanha evangelística. O tema era: “Ele por Você, Você por Alguém”. Cada membro fez um compromisso de enviar pelo menos uma pessoa ao evento evangelístico. Era um desafio alto, envolvendo quase mil pessoas, para uma congregação ainda pequena. Cada um foi desafiado a perseguir esse alvo. Mas em que nível encaramos isso? É como uma pastelaria? Queremos ganhar almas do mesmo modo que se faz pastel? Algo mecânico, humano, na força do homem? Ou temos um encargo de Deus, uma profunda paixão gerada pelo Senhor em nossos corações? Aquela campanha foi tão poderosa que nos marcou e mudou a nossa maneira de ganhar almas e integrá-las à vida da igreja. Os Cinco Tipos de Pressão

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Quais são os inimigos desta posição de completa experiência em transformar pressão em poder na obra de Deus? a. Primeiro, tornar-se um profissional. É achar que sabe fazer as coisas porque tem a receitinha na mente carnal. Ou por já ter feito tantas vezes que nem precisa de Deus mais. É achar que sabe fazer uma célula por já ter lido o manual. Assim, chega à célula na hora certa, faz o “quebro o gelo”, dá uma palavrinha bem legal, o povo dá uma risadinha, daí você compartilha a palavra que foi dada no domingo e está pronto. Quem precisa de Deus pra isso? É fácil! Dali a pouco você distribui as tarefas para cada um, organiza o lanche da semana seguinte... os canapés e o suco, finalmente você ora pelas necessidades, e todos vão embora felizes! Quem precisa de Deus? Só há um detalhe: a morte generalizada logo começará a se mostrar expondo a completa falta de vida, de graça divina, de unção. Há algumas denominações que possuem um livrinho com orientações para pastores acerca de casamentos, funerais, consagração de crianças e até ordenação de pastor. Se isso for para dar um parâmetro, ótimo. Mas se virar livrinho de reza que na hora da cerimônia você usa repetindo as baboseiras religiosas como um papagaio, esqueça! Você é um defunto espiritual a espalhar morte e religião com cheiro de formol para cadáveres. Abre o livrinho da reza no funeral, o livrinho da reza da consagração dos filhos, o livrinho da reza para a santa ceia. Esse profissionalismo é terrível. As pessoas percebem que não há vida, nem coração, nada! Está ali tudo certinho e você não pode alterar nem uma vírgula. A minha tia foi uma religiosa dedicada a vida toda e quando morreu, mandaram um sacerdote profissional que veio, Vo c ê Pe d e Po d e r; D e u s C o n c e d e P r e s s ã o

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rodeou a defunta, repetiu uns palavrórios, fez sinal da cruz e foi embora. Não deve ter gasto nem dez minutos. O pobre profissional da religião não conseguiu se conectar com ninguém dos presentes, não conseguiu consolar ninguém, não trouxe mensagem alguma. Fiquei pensando como aquilo tudo foi irrelevante, sem significado algum e sem sentido. Um dos inimigos de você depender de Deus é se tornar um profissional. Aprendeu a fazer, aprendeu a orar e faz tudo mecanicamente. A coisa mais fácil é falar “blá, blá, blá...”, especialmente quando só se tem que repetir baboseiras e palavrórios. Isso é fácil, medíocre, mas quero ver você dar uma palavra de Deus, se conectar com os presentes, liberar a doce presença do Espírito Santo, consolar, edificar, liberar palavras de sabedoria... Aí sim, pressão, muita pressão será requerida de você. Numa ocasião, quando eu era ainda estudante na Escola Bíblica, perguntamos a um pastor que todos admirávamos muito por sua consagração, unção e poderoso ministério da palavra: “Pastor, qual é seu segredo para ministrar com tanta revelação e vida? Como podemos ter isso também?” Ao que ele respondeu: “Quando aprenderem a gastar tempo com o Senhor, molhando as páginas das Escrituras com lágrimas, vocês verão revelação fluir poderosamente”. Aquilo que aquele irmão tinha era resultado de uma história sob a pressão de Deus. Profissionalismo religioso é um terrível desvio, sabe por quê? Porque a pressão da obra, em vez de levar você para Deus e se tornar um trabalho de parto para algo genuíno, em vez de se tornar uma experiência, o levará a se acomodar com ladainhas e rituais vazios. Tornará você um profissional sem vida, estéril e sem fruto. Os Cinco Tipos de Pressão

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O que a pressão da obra tem produzido em sua vida? b. O segundo desvio, o segundo inimigo da pressão é usar meios humanos e falsificar o mover de Deus. Aí o problema ganha outro nível de gravidade. É muito fácil insuflar frisson emocional em uma igreja. É só começar a berrar, gritar, sapatear, fazer um teatro, umas tiradas místicas. Boa parte das pessoas em certas igrejas não tem nenhuma maturidade espiritual pra discernir se aquele culto foi um momento sob a poderosa presença de Deus ou se foi só um frenesi coletivo vazio. Manipular as emoções das pessoas é facílimo. Eu tenho imenso temor diante de Deus em relação a isso e é por isso que não temos nenhuma tolerância com esse tipo de coisa entre nós. Se percebemos alguém com essa tendência, logo, logo damos um jeito de retirá-lo de diante da congregação. Sabe por quê? Porque usar desse artifício de simular, imitar e falsificar a ação do Espírito é um grande e terrível pecado. Quem faz isso jamais terá poder algum, Deus mesmo resistirá a ele. Facilmente você pode cair no emocionalismo barato numa reunião de célula, num culto, numa celebração. Às vezes é o próprio povo pressionando para mais “emoção”. Deus não estava fluindo ali, na verdade ninguém estava preocupado com isso ou com encargo que o Senhor se movesse em Sua presença. Uma reunião dessas e um show de hard rock quase não tem diferença. O resultado final é o mesmo também: muita gente rouca, com sede e muito lixo a ser limpo no dia seguinte. Qual é a diferença entre se usar esse expediente pecaminoso e buscar responder na pressão da ausência de vida, poder de Deus e manifestação de Sua presença? De um lado, multidão vazia e deprimida; de outro, Deus se movendo com realidade e as pessoas sendo impactadas e transformadas. Aqueles, apenas manipuladores, animadores de auditório; estes, gente santa que “comprou” a pressão por algo genuíno. O melhor Vo c ê Pe d e Po d e r; D e u s C o n c e d e P r e s s ã o

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diagnóstico é checar a qualidade da vida com Deus que cada grupo, que está sob a influência de um e de outro ambiente, manifesta. Gente superficial de um lado, gente cheia de vida divina do outro. c. O terceiro inimigo a impedir que pressão se torne poder é fugir, largar tudo. Eu preciso confessar que já disse algumas vezes pra minha esposa, nessas décadas de ministério, que eu gostaria de comprar uma fazenda e plantar soja em vez de ser pastor. Disse isso sob enorme pressão de todos os lados, me sentindo esgotado em vez de depositar meus fardos e minha pressão sobre o altar de Deus. Queria plantar soja porque soja não dá “galho”, soja não briga uma com a outra, soja não reclama, não xinga, não apronta, soja não dá problemas e não se rebela. É mais fácil! Soja não tem essa complicação toda de igreja. Já houve situações em que eu deixei de ser pastor e virei “bombeiro”. “Chama o pastor que o marido aprontou de novo!” “Chama o pastor porque a esposa do diácono quebrou o pau do rodo nas costas do filho deles e agora está espancando a empregada. Vai lá pastor!” “Pastor, o pai da Trifosa está bêbado e correndo com um facão atrás das pessoas. Alguém tem que ir lá tirar o facão das mãos dele antes que ocorra uma tragédia!” Todas essas cenas foram fatos que ocorreram com minhas ovelhas!!! Algumas vezes cheguei ao Senhor para reclamar da pressão da obra de Deus: “Deus, será que eu tenho que viver deste jeito? Eu não preciso disso, não tenho que suportar esse desconforto de tanta pressão na minha vida. Não preciso disso!” Ao fazer isso, ao agir dessa maneira reclamando diante de Deus, eu só estava me esgotando ainda mais e escapando de levar as pressões a Ele da maneira certa. Na minha vida e na sua vida, querido leitor, o princípio vai ser o mesmo: fugir significa abrir a tampa, Os Cinco Tipos de Pressão

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desperdiçar pressão e impedir que a pressão se torne poder de Deus em nossa vida.

5. A Pressão do Inimigo E, finalmente, nós temos a pressão do inimigo, a pressão do diabo, do oculto, pressão dos espíritos malignos. É crucial aprender a lidar com essa pressão porque ela não vai deixar você até a sua partida para a glória. Pensamentos, sugestões e ideias que não nasceram em sua mente, que não foi você quem as produziu, de repente apareceram, pensamentos relâmpagos. Quem lançou isso? A Bíblia fala dos “dardos inflamados do maligno”. O diabo que as jogou, são ideias malditas. Além disso, pensamentos que retornam sempre ao mesmo lugar de tentação, incredulidade, sugestões, dúvidas malditas, acusações constantes sobre você acerca do seu desempenho, seu jeito de ser, sua personalidade, ou atacando a sua autoestima, todos nasceram do diabo. Há aqui um princípio: somente o que você originou na sua mente é seu, o restante são dardos inflamados do maligno. Procure saber a origem dos pensamentos. Quanto sofrimento, dúvida, insegurança, medo, desespero tem origem no diabo. Isso é uma das manifestações da pressão espiritual. Essa pressão procede de demônios, isso vem de espíritos malignos. Essa pressão não é resultado de alguma coisa errada, não quer dizer absolutamente que você tenha falhado em alguma coisa. Esse é a apenas o modus operandi de o maligno trazer pressão. O que você faz, entretanto, com as pressões espirituais? Você permite que Deus transforme essa pressão em poder, em um nível novo de vitória sobre o diabo? Ou você sempre Vo c ê Pe d e Po d e r; D e u s C o n c e d e P r e s s ã o

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cai nas sugestões, na insegurança, na condenação dele? Esses pensamentos vêm para corromper e destruir o que você constrói ao seu redor. Vem para desencorajar você no processo de investimento que você faz na sua vida, na sua família e na sua célula. Esses pensamentos vêm para jogar você pra baixo mesmo, para desqualificá-lo permanentemente. Você deve vir sistematicamente diante de Deus e dizer: “Senhor, não consigo sozinho vencer o diabo, mas na Tua força e graça, Senhor, posso negar e confrontar esses pensamentos com a Tua Palavra! Preciso de Ti, Espírito Santo”. Morra completamente, morra naquela dependência ativa diante de Deus. “Senhor, estou aqui pra depender de Ti”. Esvazie-se do fardo, esvazie-se da pressão no altar e saia dali em fé, saia dali descansado em Deus, num ato de fé pura. O Senhor permitiu que você fosse pressionado pelo inimigo, porque Ele deseja quer você experimente o poder de ressurreição.

Os Cinco Tipos de Pressão

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Capítulo 2

O Exemplo de Jesus diante das Pressões Segundo as Escrituras, Jesus é nosso representante, conforme lemos no evangelho de Lucas, capítulo 22. Ele representa você lá naquela cruz. Então tudo que aconteceu com Jesus naquela cruz é considerado por Deus como a condenação de seus pecados na cruz, caro leitor. Ao tratar dos seus pecados na cruz, ao permitir que crucificassem Jesus, que o ferissem, Deus estava considerando que eram os seus pecados sendo massacrados ali. Muitos que viram o filme Paixão de Cristo, em especial as cenas fortes mostrando Jesus sendo massacrado, não gostaram e classificaram aquilo de exagero. A Bíblia fala, em Isaías, que Ele foi desfigurado, que agradou ao Senhor moê-lo. Moer é


pior do que aquilo que você vê no filme, é ser desfigurado ainda mais. Então, note bem, Jesus é o seu representante, mas também é seu substituto. Além disso, Ele é exemplo da aplicação destes princípios. Sabe qual foi o maior momento de pressão para Jesus? Não foi no ato da crucificação em si mesmo, mas no Getsêmani. Ali Jesus podia ter fugido, desistido de tudo. Poderia ter dito: “Não, eu não estou aqui pra isso, não tenho mesmo que morrer humilhado deste jeito! Eu não quero isso pra mim”. Jesus podia ter dado um jeito, poderia ter protelado, ter se dado mais três dias, um ano... Podia realmente fazer o que quisesse. Então, o momento decisivo da pressão sobre Jesus foi o Getsêmani. Foi ali que Ele decidiu irredutivelmente sua ida à cruz. Pendurado no madeiro, o Salvador já estava resolvido. Difícil foi ter chegado até lá. Vamos ler o que o Senhor viveu nesses momentos: E, saindo, foi, como de costume, para o monte das Oliveiras; e os discípulos o acompanharam. Chegando ao lugar escolhido, Jesus lhes disse: Orai, para que não entreis em tentação. Ele, por sua vez, se afastou, cerca de um tiro de pedra, e, de joelhos, orava, dizendo: Pai, se queres, passa de mim este cálice; contudo, não se faça a minha vontade, e sim a tua. (Lc 22.39-42) Você pode ver isso também em Mateus 26.36-46 e Marcos 14.32-42. “E saindo, foi, como de costume, para o monte das oliveiras.” Ah! Onde é que Jesus aprendeu a transformar pressão em Vo c ê Pe d e Po d e r; D e u s C o n c e d e P r e s s ã o

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poder? Chegando diante de Deus, conhecendo o amor do Pai e a comunhão do Espírito Santo. A oração não era um fardo, a oração era um alívio. A oração era para descarregar o pesado fardo da pressão e transformá-lo em poder, onde? No altar. “Como de costume”, Jesus foi para o monte das Oliveiras e os discípulos o acompanharam. Chegando ao lugar escolhido, Jesus lhes disse: “orai para que não entreis em tentação”. Então espera aí, a pressão pode se tornar poder ou tentação. Se você não responde corretamente, ela se transforma em uma tentação. A pressão vai se tornar poder quando você vier diante de Deus. A pressão vai se desperdiçar, se transformando em tentação, quando você fugir da presença do Senhor, ou não responder diante dEle. Por isso Jesus disse aos discípulos para orarem a fim de que eles não caíssem nisso. Depois Ele disse para Deus, “Pai, se queres, passa de mim este cálice”. O que era esse cálice? A pressão. Jesus estava debaixo da pressão do diabo ali. Jesus estava debaixo de pressão da necessidade ali. Jesus estava debaixo da pressão das circunstâncias. Jesus estava debaixo de todo tipo de pressão, e Ele pediu: “Pai, passa de mim este cálice”. Deus passou o cálice? Qual foi o propósito de Deus para Jesus? Morrer naquela cruz. E Jesus descobriu isso orando “contudo, não se faça a minha vontade, e sim a tua”. É esse tipo de “morte” que libera o inacreditável poder de Deus. Morrer diante da necessidade, morrer diante da pressão das dificuldades, morrer diante das circunstâncias. “Senhor, eu não consigo morrer diante do pecado, não está em mim vencer o pecado, por mais bem-intencionado que eu seja, por mais que eu me esforce. O pecado é mais forte do que eu”. Morrer significa desistir, parar, mas correr para o altar, O Exemplo de Jesus diante das Pressões

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na dependência completa de Deus, parar em uma confiança decidida de que o poder de Deus vai operar. Que coisa interessante, “se faça a tua vontade, não a minha”. Enquanto isso, ...lhe apareceu um anjo do céu que o confortava. E, estando em agonia, orava mais intensamente. E aconteceu que o seu suor se tornou como gotas de sangue caindo sobre a terra. Levantando-se da oração, foi ter com os discípulos, e os achou dormindo de tristeza... (vv. 42-45) Olha aqui o desvio, em vez de morrerem direito, de chegarem diante de Deus e esvaziarem a caldeira a ponto de explodir de pressão, esvaziarem a represa, tornarem pressão em poder, confiarem e descansarem em Deus, e, por fim levantarem dali animados, em vez disso, os discípulos foram dormir. Então Jesus lhes disse “Por que estais dormindo, levantai-vos e orai, para que não entreis em tentação” (v. 46). No mesmo texto paralelo, em Mateus 26.36 em diante, há mais detalhes e vemos que Jesus termina esse diálogo de outra forma. “Então, voltou para os discípulos e lhes disse: Ainda dormis e repousais! Eis que é chegada a hora, e o Filho do Homem está sendo entregue nas mãos de pecadores” (v.45). Que diferença entre o Jesus que entrou no Getsêmani e o Jesus que saiu! O Jesus que entrou estava aflito, angustiado até a morte e suava sangue. Ao sair, Ele estava disposto e firme: “Levantai-vos, vamos! Eis que o traidor se aproxima” (v.46). O Vo c ê Pe d e Po d e r; D e u s C o n c e d e P r e s s ã o

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que Jesus está dizendo aqui? “Se é para ir pra cruz mesmo, então eu vou”. Jesus foi para a cruz resolvido. O que Deus quer ensinar a você com essa passagem? A transformar pressão em poder. E isso passa por você morrer completamente para suas atitudes, para suas iniciativas no sentido de você resolver ao seu modo. A menos que você chegue diante de Deus para descansar e confiar, você jamais vai aprender a transformar pressão em poder. Esta palavra é totalmente prática para sua vida, em qualquer quadrante. Quais são as pressões com as quais você tem lidado? Você é um crente que rompe? O Senhor está nos ensinando na Sua palavra o princípio tremendo de transformar pressão em poder. Deixe que o Espírito Santo complete o que Ele começou a fazer. Pode ser que você esteja sob uma pressão absurda, sofrendo demasiadamente, ou talvez você venha passando por ciclos de pressão e sofrimento, e você sinta um alívio momentâneo por fugir da presença de Deus. Talvez este seja o momento de aprender o endereço certo onde você pode transformar pressão em poder. Qual é o tipo de pressão que especificamente tem parado você, ou com que você tem tido dificuldade em lidar e vencer? A pressão do pecado só é permitida por Deus para que você culmine, entrando em uma vida totalmente livre do poder do pecado. Se você já fracassou tentando sinceramente, Deus sabe que você é sincero. Deus não duvida das suas intenções. Se você tem tentado demais e não consegue, chegou a hora de morrer. Mas é preciso aumentar a pressão decidindo agora: “Eu não quero mais uma vida no pecado, eu não quero mais ceder a essa pressão”. Enfim, chegar diante do altar. Se a obra tem sido uma pressão na sua vida, aprenda a transformar a O Exemplo de Jesus diante das Pressões

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pressão em poder agora no altar. Entregue, diga “Senhor, a obra realmente é tua, eu não consigo”. Se é uma necessidade, se são as circunstâncias, se a pressão do inimigo tem sido grande sobre a sua vida, morra, entregue-se e descanse em Deus agora. Finalmente, às vezes aumentar a pressão é fugir correndo da tentação como fez José no Egito diante da possibilidade de adultério com a mulher de Potifar. Nesse caso, resistir, aumentar a pressão por um livramento interior e do desejo da carne não era de modo algum ficar por ali, “dando sopa”, era sair correndo. Não se enrolar com conversas íntimas, não confiar na própria força para se segurar diante da atração física e da explosão de desejos se ela o tocasse. Sair correndo não foi covardia, foi heroísmo, lealdade a tudo o que era decente. Lealdade a Deus, à sua condição pura como servo de Deus, ao patrão que confiara a ele tudo o que tinha, lealdade ao chamado de Deus. Aqui, novamente a pressão trazida ao altar produziu algo maravilhoso: alívio imediato, aprovação dos céus, preservação da integridade, fibra e caráter de um vencedor.

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Capítulo 3

A Pressão e o Poder A medida de poder é exatamente igual à medida de pressão. Não é possível haver poder sem haver pressão. Vamos definir melhor “poder”: poder não é só aquilo que você experimenta na experiência mística do derramamento do Espírito Santo, de tremer, de sentir seu corpo abalado, ou de perder o domínio das suas pernas e cair, e tantas outras preciosas, interessantes e maravilhosas manifestações de Deus. Mas, objetivamente, o poder de Deus precisa se transformar em vitória, em uma experiência que rompe em sua vida em todos os quadrantes. Precisa percorrer o ciclo completo e ser finalizada no altar. Se você não é um crente que rompe em áreas específicas, para que então esse poder? Para que essas experiências místicas? Para que ficar vendo anjos? Se você não rompe, se a sua vida não muda, se você não conquista nada, se você não


ganha níveis mais altos, há algo errado que você chama de “poder”. Se o seu casamento não muda, há algo errado aí. Poder é para gerar resultados, é para levá-lo a romper. A pressão é diretamente proporcional à medida de poder. Se não há pressão na sua vida, não vai haver poder. Deus vai usar a pressão do pecado para levar você a vencer o pecado. Deus vai usar a pressão das necessidades para levar você a ser suprido nas necessidades. Deus quer usar a pressão das circunstâncias para levar você a vencer as circunstâncias e a crescer, amadurecer, com elas. Ele quer usar a pressão da obra de Deus para levar você a frutificar, a crescer, a avançar, a ter galardão por conta da sua vitória na obra de Deus. O Senhor quer usar a pressão do inimigo para levar você a ter experiência de vencer o inimigo. Então, esse é o objetivo da pressão. Sem pressão não há vitórias. Sem pressão não há poder, é impossível, não tem jeito de ir à quitanda do poder e comprá-lo de mão beijada. Há processos e, nesses processos, você sempre vai ter a opção de sair pela esquerda, de desviar do foco, da reta, da meta, do propósito, do objetivo de Deus. Sendo assim, concluímos que mesmo uma pessoa justa pode ser derrotada por conta de não lidar da maneira correta com a pressão. A pressão precisa mover você a chegar diante de Deus, desistindo de si mesmo. Ela precisa chegar num nível tal, ser tão intensa, tão desesperadora, que você chegue diante de Deus e se alivie nEle. Você escolhe não ter alívio em nada mais, só nEle. Descarta qualquer outra saída, qualquer alternativa. Contudo, não é aquela desistência de “chutar o pau da barraca” entregando os pontos interiormente, é aquela desistência que desemboca diante do Senhor em fé, desemboca diante Vo c ê Pe d e Po d e r; D e u s C o n c e d e P r e s s ã o

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do Senhor no descanso perfeito. Isso é aprender a virar um gerador, a transformar pressão em poder. Se a pressão não levar você a essa posição de vitória diante de Deus, vitória no sentido de tomar posse do poder dEle, da autoridade dEle, da grandeza dEle, da unção dEle, da capacidade dEle, você vai sempre ser uma pessoa que desperdiça a pressão ou sempre um sujeito em crise. O que é a crise? Crise é a pressão que não desembocou em resultado. Crise é a pressão que não resultou em conclusão. Crise é aquela coisa de empurrar com a barriga de novo e outra vez e novamente e de novo... Nunca resolve, nunca conclui, nunca vence, nunca frutifica, nunca triunfa, nunca cruza fronteira alguma. É interessante descobrir que Deus quer que nós, como líderes, aprendamos a lidar com a pressão, a transformá-la em poder. A pressão só vira poder, poder de Deus, porque você não tem poder nenhum nem eu, quando você chega diante dEle completamente desesperado, “Deus, eu não consigo, mas Tu podes, não está em mim a capacidade de vencer isso, mas Tu tens essa capacidade”. Não é só a desistência, mas a dependência e a decisão de confiar, decisão de entregar, de descansar. Então não é uma coisa passiva de “eu não dou conta, desisto”, mas é aquela coisa de chegar diante Deus com atitude, com decisão de confiar e de descansar nEle. É isso que vai fazer toda a diferença para o pecado ser vencido. É isso que vai fazer a diferença para a necessidade ser suprida, que fará diferença para a circunstância se transformar em experiência. Experiências em ter manifestação da cura divina, experiências com orações respondidas por Deus, experiências em reger e decretar mudança em situações aparentemente já definidas de fracasso. É isso que vai trazer resultado na obra de Deus, no lugar onde Deus plantou você A P r e s s ã o e o Po d e r

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para ser líder, para afetar a vida das outras pessoas, para ser referencial, para falar na vida das pessoas. E, finalmente, mesmo diante do diabo. Deus nos chamou para ser uma igreja de vencedores. Igreja de vencedores é uma igreja que rompe, que transforma pressão em experiência, pressão em poder.

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Capítulo 4

Ló, Justo e Fracassado Vamos agora usar o exemplo de Ló para que você aprenda esse princípio da pressão-poder e o aplique na sua vida. Ló era um homem bom e justo. Ele era piedoso, crente, íntegro, reto, possuía um santo testemunho, mas infelizmente foi fragorosamente derrotado em todos os quadrantes da vida. Por quê? Porque nunca aprendeu a trabalhar com a pressão, nunca aprendeu a lidar com a pressão, a transformar a pressão em poder. Não adianta somente ser íntegro. Não adianta ser “crentinho”, isso é parte, é a metade do caminho, mas não é o caminho todo. “...porque este justo, pelo que via e ouvia quando habitava entre eles, atormentava


a sua alma justa, cada dia, por causa das obras iníquas daqueles”. (2Pe 2.8.) Espera lá! Ló não foi sempre assim. Como ele chegou a essa situação? Isso aí era o meio da história. Ainda ia passar muita água debaixo da ponte, trazendo muita porcaria, e esse homem ia ser totalmente derrotado. Esse homem pode ser eu ou você. Por isso, Ló, na Bíblia, tipifica o crente natural que não age por fé, mas faz sempre escolhas baseadas em boas oportunidades. Oh, como há gente santa com esse perfil em nossas igrejas!!! Gente que não é conduzida por propósito, mas por oportunidade. É como um leilão: quem der mais leva você. Gente superficial, mas que cumpre toda a cartilha da moralidade protestante! O homem Abraão pode ser também eu ou você. As Escrituras os colocam juntos para fazermos um paralelo entre o homem que canaliza a pressão e o outro que toma a decisão natural que parece ser a mais lógica, lucrativa e fácil! Vamos ver um pouco, segundo a história bíblica, como é que começa a vida de Ló? Ló era sobrinho de Abraão, era filho do irmão de Abraão, e Ló foi afetado pelas visões de Deus que seu tio teve. Abraão teve uma visão de Deus, um chamado poderoso de Deus, que mudou tudo na vida dele. Ele se propôs a fazer uma viagem inédita, homérica, deixando tudo para sair em busca da promessa de Deus. Isso foi algo tão intenso e revolucionário na aldeiazinha onde viviam que inspirou a todos! E Ló tomou uma decisão de caminhar junto, de seguir Abraão. Percebemos, pelo contexto bíblico, que esse chamado não foi só uma experiência de Abraão, mas se tornou experiência de Ló também. Por isso Ló tinha uma alma justa, era um cara piedoso, íntegro, porque ele também escolheu servir Vo c ê Pe d e Po d e r; D e u s C o n c e d e P r e s s ã o

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ao Senhor, assim como seu tio, ele também escolheu alterar as suas prioridades, o seu estilo de vida e o seus valores. Ele também teve uma experiência com Deus. Mas é interessante que, no começo da história, Ló era um sujeito que não tinha nada, não tinha posses, não tinha herança. Ele era alguém seguindo uma autoridade espiritual, seguindo alguém que tinha um chamado de Deus. E ele entendeu que havia espaço dentro do chamado de Abraão pra ele também. Ló adotou o propósito, ele adotou o chamado, que se tornou chamado para ele também. Por isso Ló foi para Canaã, por isso ele passou por vários desafios, por isso ele decidiu andar por fé sem ter onde recostar, sem ter terra, sem ter nada, sem ter parentes próximos, sem ter alternativas de trabalho, de vida. Era uma época em que realmente Ló tinha que depender de Deus. Ele tinha que acordar cedo, orar, jejuar, não podia confiar na bonança, na conta bancária, ele não podia se dar o luxo de ter muito conforto, muito dinheiro, muitos favores. Ló tinha que ser um sujeito disciplinado, que devia buscar a Deus, tinha que clamar ao Senhor e se manter em fé. O que era experiência do tio forjou em Ló um sujeito reto, um sujeito íntegro. Mas onde começa a queda de Ló? Ele jamais aprendeu a lidar com a pressão. A diferença entre o vencedor e o derrotado é aprender a lidar com a pressão. A diferença entre o fracassado e o frutífero é aprender a lidar com a pressão. A diferença entre um casamento desgraçado e um casamento que flui é aprender a lidar com a pressão. A diferença entre um crente carnal e um crente espiritual é que um aprendeu a lidar com a pressão e o outro não. A diferença entre um Ló, Justo e Fracassado

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que cai sob o pecado e o outro que vence o pecado é que um aprendeu a lidar com a pressão e o outro não. Aprender a lidar com a pressão não é uma coisa secundária. É uma alavanca, uma chave, um princípio muito importante, crucial na sua vida. Como dissemos, a maior pressão de Jesus não foi a cruz, foi o Getsêmani, porque foi ali que Ele resolveu o drama, o conflito: eu posso escolher isso ou não, vou invocar as legiões e assumir a minha posição de Deus? O drama todo foi ali, onde Ele teve que lidar com a pressão, resolver as suas questões. Precisamos aprender isso não apenas como experiências esporádicas, mas viver isso como realidade cotidiana. Se Deus não pegar essas verdades e não impactar, não marcar você, não trouxer revelação, esta palavra não vai mudá-lo. Vai ser uma boa, interessante e curiosa palavra, bem fundamentada, bem construída, bem arquitetada, mas isso não vai trazer rigorosamente benefício nenhum a você. Porque é mente falando para mente, alma falando para alma. Ló jamais aprendeu a lidar com a pressão. Ele era íntegro, a alma dele se afligia diante do pecado, como acabou seus dias diz tudo a respeito dele. Note bem, não estamos falando aqui do crente carnal, satisfeito com sua condição morna. Não! Estamos tratando aqui de gente piedosa. Ló era piedoso, mas parou onde? Abortou tudo o que concebera por fé porque jamais aprendeu a lidar com a pressão. Todos têm pressão, todos. E nós temos aquela síndrome de que a nossa pressão é pior, é especial, mas isso não existe. O que pode fazer a diferença? Irmos até o fim nesse processo de modo que a pressão produza algo diante de Deus. Destampar a tampa é sair pela tangente, é resolver por meios próprios, Vo c ê Pe d e Po d e r; D e u s C o n c e d e P r e s s ã o

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é acostumar com a situação, ou buscar algum alívio, algum anestésico: “eu sou desse jeito mesmo, eu sou infeliz, minha vida não dá certo”. Ou seja, o que deveria ser um trampolim transforma-se em uma crise constante, em um estado permanente, crônico. Já viu crente em crise crônica? Gente que, por anos a fio, está na mesma condição, com as mesmas conversas de sempre? Por que tais pessoas não mudam? Porque não são capazes de entender que precisam morrer, no sentido de chegar diante de Deus e reconhecer: “Eu não consigo, eu já fracassei demais, e vou continuar fracassando se eu continuar tentando. Então eu vou crer em Ti. Ou o Senhor vem, ou eu morro!” Isso é transformar pressão em poder, isso é tampar a panela de pressão, fechar a caldeira. Fechar a tampa é ir pra presença de Deus e aprender que é lá que você vai descarregar a pressão e transformá-la em poder. É de lá que você vai se levantar transformado, renovado, fortalecido, descansado, em fé, na dependência de Deus, com a posse do que buscava em Deus. E tomou Terá a Abrão seu filho, e a Ló, filho de Harã, filho de seu filho, e a Sarai sua nora, mulher de seu filho Abrão, e saiu com eles de Ur dos caldeus, para ir à terra de Canaã; e vieram até Harã, e habitaram ali. (Gn 11.31) As Escrituras afirmam que a família de Abraão era idólatra, eles eram fabricantes de ídolos. Quem foi tirado desse meio? Abraão. Deus falou com Abraão e aquilo, como nós dissemos, afetou Ló. No começo só havia investimento, eles oraram, jejuaram, andaram por fé, não possuíam nada, não Ló, Justo e Fracassado

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tinham onde cair mortos, tinham que peregrinar não sabiam nem para onde, Deus mostraria... Sabe aquela coisa de depender de Deus por fé? De não ter como engordar debaixo de uma árvore, comprar três carros, dois apartamentos, passar férias na Suíça? Não é errado você ter conforto e prosperidade, mas é mais difícil você ser fiel a Deus na prosperidade do que ser fiel a Deus na necessidade e na falta de tudo, pois quando tiver necessidade, você vai orar, jejuar, buscar, crer, vai ter um estilo de vida simples. Mas quando todas as benesses estão ao seu redor, todos os confetes e serpentinas estão sobre você, tome cuidado que o negócio está ficando delicado. Enquanto Ló estava dependendo de Deus, as coisas eram relativamente simples porque a pressão ainda não tinha chegado no limite. Em Gênesis 13, vemos que problemas começam a acontecer. Subiu, pois, Abrão do Egito para a banda do Sul, ele, e sua mulher, e tudo o que tinha, e com ele Ló. E ia Abrão muito rico em gado, em prata e em ouro. E fez as suas jornadas do Sul até Betel, até ao lugar onde, ao princípio, estivera a sua tenda, entre Betel e Ai; até ao lugar do altar que, dantes, ali tinha feito; e Abrão invocou ali o nome do SENHOR. E também Ló, que ia com Abrão, tinha rebanhos, e vacas, e tendas. E não tinha capacidade a terra para poderem habitar juntos, porque a sua fazenda era muita; Vo c ê Pe d e Po d e r; D e u s C o n c e d e P r e s s ã o

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de maneira que não podiam habitar juntos. (vv.1-6 – RC) Qual era o argumento segundo o qual não podiam habitar um na companhia do outro? Suas posses, seus rebanhos eram muito numerosos! Aí veio o teste! O que é mais importante? As vacas comerem grama ou o chamado de Deus, o propósito profético de Deus, meu projeto existencial no reino de Deus? Aqui começa a queda de Ló! Conheci uma moça que estudava comigo no sul da Inglaterra e que possuía um apaixonado chamado para a Mongólia. Aquilo era um lugar com missionário para várias partes do mundo e aquela moça estava ali por causa de um chamado nobre até que... Até que um jovem suíço de olhos azuis a pediu em casamento. Daí por diante o chamado teve uma interessante mudança de rota: ela desistiu de servir a Deus na Mongólia para ser dona de casa em algum lugar romântico na Suíça com janelas floridas tendo ao fundo a paisagem dos Alpes cobertos de neve! Estou sendo duro? Isso me incomoda, tanta gente ser chamada para o primeiro mundo e ninguém desejar ir para o Zaire, Burquina Faso, Moçambique. Esse fluxo de missionários brasileiros segue o rastro deixado pelos imigrantes que, buscando uma vida confortável, seguiram para Estados Unidos, Canadá, Europa e Japão. Daí chegamos nós buscando o mesmo: vamos para onde os pastos parecem ser mais verdes... No leilão das oportunidades, quem oferecer mais conquista nosso coração! E houve contenda entre os pastores do gado de Abrão e os pastores do gado de Ló; e os cananeus e os ferezeus habitavam Ló, Justo e Fracassado

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então na terra. E disse Abrão a Ló: Ora, não haja contenda entre mim e ti, e entre os meus pastores e os teus pastores, porque irmãos somos. Não está toda a terra diante de ti? Eia, pois, aparta-te de mim; e se escolheres a esquerda, irei para a direita; e se a direita escolheres, eu irei para a esquerda. E levantou Ló os seus olhos, e viu toda a campina do Jordão, que era toda bem regada, antes de o SENHOR ter destruído Sodoma e Gomorra, e era como o jardim do SENHOR, como a terra do Egito, quando se entra em Zoar. Então Ló escolheu para si toda a campina do Jordão, e partiu Ló para o oriente, e apartaram-se um do outro. Habitou Abrão na terra de Canaã e Ló habitou nas cidades da campina, e armou as suas tendas até Sodoma. Ora, eram maus os homens de Sodoma, e grandes pecadores contra o SENHOR. (vv.7-13)

Perda da Consagração A primeira coisa que a pressão do pecado fez foi produzir em Ló um desejo pelas coisas que o mundo oferecia. Ele foi perdendo paulatinamente a consagração que tinha. Ninguém peca de uma vez, ninguém cai de uma vez, toda queda é progressiva, quando falo de queda não estou falando de coisas muito grosseiras, estou falando de você perder a pureza, a consagração, a paixão simples, a unção, a intensidade, perder Vo c ê Pe d e Po d e r; D e u s C o n c e d e P r e s s ã o

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o fervor, isso não vai acontecer em vinte e quatro horas, isso será um processo. Muitas vezes a pressão do pecado, em vez de se transformar em poder para vencê-lo, faz com que percamos, em primeiro lugar, a consagração. Isso ocorre quando fugimos do contexto do chamado, do propósito e das nossas ligações em autoridade. Quais são as suas ligações de autoridade? Ló não devia ter aceitado a proposta de Abraão de jeito nenhum!!! Deveria permanecer se submetendo às condições que sua autoridade espiritual estabelecesse. Agora, diferentemente dos primeiros anos, Ló possuia muitíssimos bens, muitas propriedades, inúmeros servos e pastores. Aparentemente ele não precisava mais de Abraão. Isso do ponto de vista de posses e do números de vacas! Mas e o chamado? E o propósito divino? Agora que estava rico, não importava mais! Olha o perigo de determinadas escolhas erradas! A questão aqui é o que vai determinar suas prioridades. Não é se terá mais de “Mamon”, mais grana, mais rebanhos, mais espaço para aumentar seus investimentos. Você precisa de mais lucro ou você precisa da glória de Deus? Necessita de mais servos e mais servas, mais dinheiro e mais ouro, ou você precisa de mais intimidade com Aquele que o chamou para um propósito? Então, estamos falando aqui de uma questão existencial, o propósito de Deus para a vida de Ló era que ele permanecesse ao lado de Abraão. Ele deveria chegar e dizer com todas as letras: “Que se lasquem as vacas! Se quiser, demita todos os pastores! Venda tudo, Abraão! Mas uma coisa nunca estará em questão: nunca, jamais farei escolha entre vacas e o chamado de Deus! Nunca vou atrapalhar você também comprometendo a sua fé. Trate-me como um de seus servos, Ló, Justo e Fracassado

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mas me deixe seguir na caravana”. Essa deveria (olha o verbo no futuro do pretérito: de-ve-ria) ser a escolha de Ló. Mas infelizmente ele não fez isso. Por tal escolha, hoje representa os crentes bonitinhos, cheirosos e penteadinhos, aquela gente santinha e medíocre, covarde, que nunca representará qualquer diferença no reino de Deus. Santidade sem fé é insuficiente, meu caro leitor! Muitas vezes nós começamos a perder a glória de Deus porque não percebemos que a pressão do pecado é paulatina, e em vez de fugirmos para Deus, nós vamos construindo as nossas tendas na direção de Sodoma. O que é isso? É ir perdendo a consagração na medida em que agora você tem muito dinheiro, as coisas são fáceis, não há mais aqueles primeiros embates que você teve, lá no início da carreira cristã, agora você chegou a uma posição de conforto e de segurança na qual você não precisa mais depender de Deus como dependia, orar como orava, crer como cria, não tem dificuldades como você tinha. Então, a pressão do pecado, com a qual Ló não soube lidar, não o levou a uma maior consagração diante de Deus, de chegar diante do Senhor: “Eu não tenho o nível de unção, de palavra, de glória e de revelação que Abraão tem, Senhor”. Isso é estar contente com o nível de unção que você tem, com o nível de glória, do chamado que você tem. É preciso reconhecer que entre nossa irmandade há alguns que têm uma medida de autoridade maior mesmo, maior peso de glória mesmo. Deus mesmo dará cinco talentos pra um e dois talentos pra outro, é normal. Há aqui um princípio de autoridade muito sutil: devemos ir muito além do aspecto de rebeldia e rebelião; devemos encontrar as autoridades espirituais às quais o Senhor nos ligou para um propósito eterno e nos Vo c ê Pe d e Po d e r; D e u s C o n c e d e P r e s s ã o

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encaixar, sendo felizes com essa posição em vez de vivermos quebrando a cara querendo construir ministério na base da independência e do individualismo! Sabe o que tem que acontecer? É você ficar contente com a sua medida. Ficar contente não é ficar acomodado. É ficar contente com o seu lugar, com o seu contexto. É achar seu lugar, frutificar muito e ser feliz! Eu jamais vou conquistar algumas coisas que certos líderes conquistaram, ou o que exatamente o apóstolo Paulo teve. Entretanto, há vitórias que são só minhas, gigantes que só eu derrubei, vitórias cujos louros e despojos são só meus! Na galeria dos valentes, haverá coisas que somente eu, ou somente você fizeram, não Davi! Não o líder principal, mas você! Ló não viu isso, mas foi dar capim pras vacas! Outro ponto delicado relacionado às pressões que nos movem é a insatisfação. Foi também isso que levou Ló à queda. Foi o que o levou a sair da posição à qual Deus o tinha chamado para estar. Foi o aspirar a coisas erradas, expectativas no lugar errado, nas prioridades equivocadas, que turvaram a sua capacidade de enxergar e manter a rota existencial. Já notou quanta gente ficou pelo meio do caminho, nessa santa maratona que corremos todos? Cuidado com o que Deus não tem para você, com o chamado que não é seu, cuidado com o desejo de ter a graça que não é sua. Cuidado com a cobiça de ter a notoriedade, a influência, a fama, as riquezas que não lhe pertencem. Cuidado para não fazer a obra olhando para o campo do vizinho, em vez de vencer seus próprios gigantes, construir sua própria história, ser chamado de valente por ter dependido obstinadamente de Deus. Cuidado para não cobiçar a unção que não pertence a você, só porque o outro ali chama mais atenção, Ló, Justo e Fracassado

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tem mais admiradores no Facebook! Isso pode pertencer a um grande líder que é referencial para você, mas não é seu; ao pastor lá da esquina, mas não pertence a você. Isso não quer dizer que Deus ame menos você, quer dizer que aquele não é o seu lugar, você não deve sair da sua própria posição. Por favor, tenha cuidado ao ler isso. Minha intenção não é estimular o comodismo em você ou desperdiçar a sua pressão pessoal para a construção de suas conquistas. Não é! Novamente o exemplo de Ló nos ajuda muito. Maior pressão haveria para ele se humilhar e reconhecer a liderança de Abraão, haveria maior pressão continuar por fé na mesma peregrinação, vivendo em tendas para o resto da vida do que ir morar numa mansão de alvenaria num bairro de classe média alta em Sodoma. Há muitos crentes em Sodoma hoje!!! Nesse sentido, a sua Sodoma é ter abdicado do chamado pelo conforto e conveniência! Ló, sem entender a pressão que devia levá-lo diante de Deus, “Senhor, o meu chamado é para estar em Canaã, não interessa que eu perca tudo, as ovelhas morram todas, ou eu tenha que entregar tudo pra Abraão, mas eu vou comer na mesa dele, eu vou ficar contente com a medida que o Senhor me deu, com a medida do chamado que o Senhor tem pra mim”. Ló não aprendeu a lidar com a pressão, e quando a pressão saiu pela tangente, o fez desejar o mundo. Sabe qual é o significado de Sodoma, Gomorra, e Egito? De modo geral, significa estar debaixo do governo de Satanás, estar sob sua esfera de influência, morando e se nutrindo em seu território. Babilônia significa o governo humano. Caldeia significa confusão. Sodoma e Gomorra significa prazeres da carne, prazeres do mundo, os deleites que o mundo dá para a carne. Vo c ê Pe d e Po d e r; D e u s C o n c e d e P r e s s ã o

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Ainda que seja figurado, isso é totalmente aplicável aqui. A Bíblia diz que Ló foi armando suas tendas na direção de Sodoma. Você vai perdendo sua consagração quando não aprende a lidar com a pressão paulatinamente, você não jejua como jejuava, não ora como orava, não medita na Palavra como meditava, não tem o padrão de santidade no que diz, no que pensa, no que conversa como tinha no passado. Não tem o mesmo padrão de santidade para se restringir diante do desfile do mundo diante dos seus olhos, de conversações totalmente inadequadas para os santos, de sugestões de ações antiéticas. Então é paulatino, vai perdendo a unção, a consagração, a santidade, porque não aprendeu a lidar com a pressão do pecado. Deus permite a pressão do pecado para levar você a se livrar do pecado, na dependência dEle, morrendo para as próprias iniciativas, descansando e confiando totalmente no Senhor. Ló não aprendeu a lidar com essa pressão do pecado, mas houve outra pressão com a qual ele soube lidar menos ainda, a pressão da necessidade. Primeiro, Ló tinha que tomar uma decisão, fazer uma escolha: Ele ficava com Abraão ou saía? Como ele poderia resolver o problema de briga dos pastores, dos líderes que estavam sob a autoridade dele? De que forma ele resolveria este problema? Qual resposta ele vai dar para a necessidade dos pastores, dos servos, das servas e dos rebanhos de ter mais espaço, mais pasto para multiplicar e crescer? O que há nessa situação? Necessidade! Todos nós temos necessidades. Hoje eu passei por algumas delas, hoje você passou, amanhã você passará de novo, semana que vem você vai passar também. Necessidade é uma experiência diária. A necessidade é uma pressão? É! Como vamos lidar com essa pressão para transformá-la em poder? O poder que me livra Ló, Justo e Fracassado

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de cobiçar o que Deus não me deu. Deus não quer dar a você esse segundo ou terceiro carro. O padrão de salário que Deus lhe deu não é para um apartamento deste tamanho e neste lugar. Não é para você se entulhar de dívida, pra que comprar outro carro? Você precisa, ou deseja? Você busca tanto o que busca por uma necessidade ou por cobiça? É conduzido pelo Espírito ou pelo trio: concupiscência da carne, concupiscência dos olhos e soberba da vida? O seu padrão de vida está ótimo, pra que desejar ter o que você não necessita? Ouvi de um irmão que tem algum contato com o multibilionário Bill Gates, dono da Microsoft, que esse sujeito só possui dois carros para a família e que um deles é um veículo modelo 1998. Com 12 anos de idade (ao tempo da publicação deste livro). Aí você compra um carro todo equipado, mas vai sofrer feito um cavalo puxando uma carroça para pagá-lo! Então, isso não é uma necessidade legítima, desculpa, é uma burrice! Há coisas que você cobiça que são falsas necessidades, não são legítimas. Isso não significa absolutamente que tenhamos que ficar acomodados. Por favor, não! Mas cuidado com a estratégia do inimigo de produzir necessidades ilegítimas: não tem que trocar de carro, mudar de casa, comprar mais roupa, você não precisa passar férias gastando esse absurdo, se o seu padrão de salário não permite isso. Então, havia uma necessidade falsa aqui, Ló não precisava mudar, mas a atitude, a decisão dele foi ser egoísta, em vez de honrar o tio, fonte espiritual, fonte do chamado e dos desígnios de Deus, fonte de revelação e entendimento. ”Não, tio, você ‘tá’ doido, quer dar pra mim a opção de escolher os melhores lugares? Não, escolha o senhor primeiro, o senhor tem a primazia, eu o honro demais para eu ser o primeiro Vo c ê Pe d e Po d e r; D e u s C o n c e d e P r e s s ã o

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aqui nesta terra”. Abraão: “Eu vou escolher ir para Canaã”. “Ah, pra Sodoma e Gomorra eu não vou, temos um impasse, vamos orar! Nem que seja para eu seguir você de longe, deixa-me ir com você!” É terrível quando dois cristãos não podem mais caminhar juntos porque a carne não deixa. O que originou a divisão entre Abraão e Ló? Foi uma palavra de Deus? Deus falou pra Ló “sai da tua terra, da tua parentela”? O erro de Abraão já tinha sido cometido aqui, ele já tinha levado Ló. Agora, Deus não falou para Ló deixar Abraão, e Deus não falou para Abraão despedir Ló. Nunca Deus disse isso, então, novamente, qual deveria ter sido a atitude de Ló nesse caso? “Eu me recuso a ir, tio, nós vamos crescer juntos. O senhor escolheu ficar em Canaã. Deus mandou a gente pra cá, Ele mudou, deu uma palavra diferente para o senhor? Pra mim também não, então nunca eu vou pra Sodoma e Gomorra!” Tem gente que quer maquiar suas verdadeiras intenções e fala: “Deus me deu uma palavra para ser luz e sal nas trevas”, ou, “vou pregar o evangelho para quem precisa”. Vai contar lorota pra outro lado! Você vai fazer algo pra Deus rompendo todos os princípios? Sem ouvir Deus? Dando resposta errada? Com motivação egoísta? A pressão da necessidade fez com que Ló se transformasse em um crente natural, em vez de gerar poder espiritual. A pressão desemboca em algo tremendo da parte de Deus quando ela leva você a depender dEle mesmo nas pequenas coisas, no emprego, para pagar aquela dívida, naquela necessidade. Muitas vezes Deus vai falar com você dando farol alto, você vai entender coisas lá na frente, é como se Ele descortinasse a eternidade, você é tocado por um “espírito profético”. Mas há algumas situações em que Deus não mostra o desdobramento, Ló, Justo e Fracassado

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Deus mostra só o agora, só as circunstâncias limitadas, a rotina próxima do dia-a-dia. Em determinado ano, meus filhos chegaram à idade escolar, e eu tinha que colocá-los numa escola. Como se chama isso? Necessidade. Ainda mais em país de primeiro mundo, onde a escola particular é um absurdo de cara. Estávamos morando em Portugal e a escola pública lá era muito ruim, além disso, o que eu recebia não dava pra pagar uma boa escola particular. Certa noite, eu fui até a cama dos meninos e nós oramos para que Deus fizesse alguma coisa. Tínhamos no coração uma escola americana que era para filhos de funcionários da OTAN em Portugal. Havia gente estrangeira de todas as nacionalidades, então o padrão da escola era muito bom, além de ser uma escola cristã. O problema estava no preço. Era muito além do que eu poderia pagar, impossível! Nós oramos, cremos, aconteceram muitas coisas, houve muitos desdobramentos. Aquela escola era realmente o centro da vontade de Deus, e o inglês era a língua básica, isso seria importante para o ministério no futuro – e foi excelente mesmo para eles – soube disso passados quase vinte anos. Quando chegamos lá para conversar com o diretor, ele fez pelo preço de 30% de uma mensalidade o valor total a ser pago pelos três garotos juntos! Esse fato me deu a oportunidade de experimentar a intervenção de Deus e foi testemunho da provisão divina para os meus filhos. Quando você foge da pressão, se desvia da dependência de Deus e não corre para o altar, para sair dali em fé, em descanso, em confiança, a pressão vai transformar você em uma pessoa natural, você sempre vai ter uma explicação: ”Foi fulano quem fez isso, foi o mercado, a crise...” Você não viu, mas se tornou uma pessoa natural. A Bíblia tem um outro termo para Vo c ê Pe d e Po d e r; D e u s C o n c e d e P r e s s ã o

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o crente natural, ela o chama de carnal! Para nós, entretanto, carnalidade são só as coisas mal cheirosas e escandalosas. Não são. Há muita carne de grife, pedigree e com perfume francês. Passa desapercebida para a maioria dos crentes. Ló não soube lidar com a pressão e se tornou um crente natural. Ético, íntegro, reto... e natural. Andar por fé é andar no espírito e andar no natural é andar na carne. Então não adianta ser um crente bonitinho, cheiroso e penteado, e ser natural. A pressão da necessidade, em vez de levar Ló a crer em Deus, a depender de Deus, a experimentar a ação de Deus – “olha, nem que eu leve as minhas ovelhas pra montanha, onde as pedrinhas são mais secas do que língua de papagaio, Deus vai sustentar minhas ovelhas, vou fazer qualquer coisa” – no lugar de ser trabalhada para se tornar descanso em Deus, a pressão fez Ló sair pela tangente escolhendo o natural. Ele pensou: ovelha gosta de pasto, logo, o vale é o lugar que tem mais água, ali é tudo mais verde. Consequentemente, as ovelhas vão triplicar e ficar felizes. O que Ló sacrificou? O propósito da sua vida. Fez uma viagem tão longa de Ur, largou tudo, passou por privações absurdas, plantou, investiu, sofreu, chegou em Arã, cruzou todo o resto da Mesopotâmia, trabalhou tantos anos, conseguiu ali fazer um pezinho de meia, agora ele chutou pra cima. Nadou, nadou e morreu antes de guardar a fé, cumprir a carreira. Sacrificou todo o propósito dele de estar ali por uma terra que tinha grama verde por causa de uma atividade profissional. Houve troca de prioridade, a pressão não se transformou em poder, a pressão transformou Ló em um crente natural, carnal. A pressão da necessidade tem produzido em você uma resposta como a de Ló? Ou a pressão da necessidade tem produzido em você um Abraão? Pode escolher o que quiser, mas Ló, Justo e Fracassado

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de Canaã eu não saio, daqui ninguém me tira, necessidade, circunstâncias, pressão, parente, daqui eu não saio! Essa é a sua resposta? Primeiro a necessidade, depois a circunstância. A circunstância fez Ló ficar à margem de Canaã e Sodoma. Como ele era uma crente muito piedoso, não foi direto para Sodoma. Ele abominava o estilo de vida, os valores daquele lugar. A sociedade de Sodoma era totalmente corrompida, e eram grandes pecadores contra o Senhor. O que Ló fez? Nem ficou em Canaã nem foi para Sodoma de vez. Onde ele ficou? Na borda. Ló nem foi daqueles da fé que vão transformar pressão em poder, nem enveredou pelo pecado, ficou no meio termo, isso significa indecisão, indefinição quanto a prioridades. Você é definido quanto a prioridades? Qual é a sua prioridade? Canaã é a igreja, é o reino de Deus, o chamado, o tempo profético. Você está em Canaã ou você está fazendo outra coisa qualquer, perdendo seu tempo? Queimando a vida? Suas prioridades envolvem Canaã? Em última análise, é a sua vida. Por que você foi salvo? Por que você deixou a Babilônia? Por que você já investiu tanto na vida cristã? Em certa altura da minha vida, eu estava completamente desencorajado por muitos problemas acontecendo ao meu redor. Eu estava numa estrutura denominacional complicadíssima e só via sonhos frustrados diante dos meus olhos. Desperdício de investimento, tempo, encargo, trabalho duro de anos e anos. Certo dia, cheguei à igreja e não deu vontade de ficar no culto. Eu precisava mesmo encontrar Deus, precisava orar, tocar em Deus. Mas eu fui impelido pelo Espírito a ficar, a entrar. Aquilo foi uma situação armada pelo Espírito Santo porque, assim que eu me sentei, Ele começou a falar comigo como jamais falara. Eu estava ali só de corpo presente, Vo c ê Pe d e Po d e r; D e u s C o n c e d e P r e s s ã o

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as coisas estavam acontecendo ao meu redor, palavra, louvor, solo, pastor pregando, eu sabia onde eu estava, não perdi a consciência, mas dentro de mim foi deflagrada uma poderosa torrente espiritual. Uma das coisas que o Senhor falou, e que me marcou pelo resto da minha vida, foi o seguinte: “Olha, você já avançou tanto, você já investiu tanto, você já pagou tanto o preço de caminhar comigo, que eu jamais vou deixá-lo”. Ele fez uma promessa tão linda! “Aonde você for, eu irei com você”. É uma promessa que está na Bíblia. Mas um é o logos, pra todo mundo, a outra coisa é o Senhor, de própria boca, dizê-lo a você. Eu estive no céu durante umas duas horas sendo poderosamente visitado por um liberar diferente de Deus em meu espírito. Pode parecer redundância Deus repetir algo que está na Bíblia, mas, com o Espírito falando, aquilo me virou às avessas, era o que eu precisava ouvir para caminhar pelos anos seguintes. A pressão das circunstâncias levou Ló a ficar à margem, a ser um sujeito indefinido. Ele não era nem fervoroso, nem impuro, antiético, pecador, desbocado. Ele não era nem uma coisa nem outra. Então, como ele, por não responder bem às pressões, você pode inverter todas as suas prioridades e elas serem todas prioridades erradas.

Estilo de Vida Limítrofe Segunda coisa, o seu estilo de vida pode ser limítrofe, não estar nem em Canaã nem em Sodoma, o padrão de santidade é baixo, o padrão de integridade é baixo, o padrão de pureza da mente, dos pensamentos, do coração, das motivações, das atitudes é baixo. Crentes que nunca se comprometem, Ló, Justo e Fracassado

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nos quais há total falta de fervor espiritual, faltam prioridades alinhadas da maneira certa, falta de valores de vida que sejam bíblicos, cristãos, no sentido mais intenso e apostólico da palavra. Por quê? Porque não há escolha alguma! Ficaram em cima do muro e gostaram. Sabem das implicações de um lado e do outro e empurram tudo com a barriga. Vivem em uma posição limítrofe, nem de um lado e nem do outro. O que você faz com a pressão das circunstâncias? Ela faz de você uma pessoa limítrofe, indefinida, morna? Como vimos em 2 Pedro 2.8, Ló era uma pessoa íntegra. Ló também esteve sob a pressão da obra. Que obra? Ló e Abraão viviam em Canaã, ambos estavam ali vivendo o chamado de Deus, mas de repente aconteceram muitos problemas. Abraão obedeceu a Deus, que começou a prosperá-lo, e agora há problemas? Sim! Fruto, prosperidade, conquistas também geram novos problemas e novas pressões. Então, o problema é um indicativo de que você está fora da vontade de Deus? Claro que não, pelo contrário! O que vemos aqui nessa situação de Abraão e Ló? Pastor brigando com pastor. Pressão da obra, rixa, carnalidade, mas eles estavam dentro da vontade de Deus? Sim, estavam. Estavam no lugar certo? Sim, estavam. E deu problema? Muitos! E o que se faz com problema? Resolve-se. Problema é pressão. Vá para a presença de Deus! Você consegue resolver? Resolva, seja prático e objetivo. Não consegue resolver? Transforme pressão em poder. Como? Vá para o altar. “Deus, eu não consigo, sou inadequado demais pra fazer isso, eu não consigo pregar, eu não consigo lidar com essas situações, nunca eu aconselhei casais, eu nunca lidei com jovens, Senhor, essa palavra está sem unção, a célula está dando muito problema... Ninguém se converte, a igreja não avança...” Vo c ê Pe d e Po d e r; D e u s C o n c e d e P r e s s ã o

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O que você tem feito com as pressões da sua vida, na sua célula, com as pressões que estão diante de você mesmo, como o sentimento de que você é inadequado para liderar, inadequado para ganhar almas, inadequado para discipular, inadequado para aconselhar? Eu já senti isso milhões de vezes, inadequado, inadequado e inadequado...

O que você faz com essa pressão? Você pode se desviar da rota e dizer: “Ah, eu sou assim, o povo vai ter que me aceitar desse jeito!” Você destampou a caldeira, saiu em busca do alívio fácil, desperdiçou a pressão. A outra opção é: “Não consigo, mas eu tenho que fazer. Alguém vai ter que falar, vai ter que mover, liderar, aconselhar, pregar... Senhor, eu quero fazer isso na Sua unção, na Sua graça”. Então, você pode se achegar diante de Deus e morrer, sem lamúrias, com convicção. E se levantar aliviado, porque o fardo foi embora. Desse modo, você não destampou a pressão, e sim canalizou-a para o altar de Deus e se tornou um gerador. O que vai acontecer? Quando você abrir a sua boca, quando você chegar, Deus vai operar através de você poderosamente. Eu tenho essa experiência. Totalmente inadequado em certas situações, vou lá e transformo a pressão em poder, então a glória de Deus desce, o aconselhamento vira um avivamento, a palavra vira um liberar de autoridade, de revelação transformadora que gera fé no coração das pessoas de modo vivo, poderoso. O que você quer fazer com as pressões das necessidades, das dificuldades, do relacionamento conjugal, com filhos, com pais, com liderança, com discipulador, com líder de célula, com auxiliar, com seu anfitrião, no o seu dia-dia, demandas Ló, Justo e Fracassado

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profissionais crescentes, no trânsito, com as coisas naturais da cidade que ampliam o potencial de estresse sobre você? O Nazareno foi crucificado e morreu uma morte horrível, padeceu um desconforto que não dá para comparar com a sua leve e momentânea tribulação, como diz a Bíblia (2Co 4.17). Você quer transformar pressão em poder, ou deseja ser um Ló? Na nossa experiência cristã, nos vemos rodeados de Lós em algumas situações. Talves certos amigos sejam crentes sinceros, genuinamente convertidos a Deus, gente do bem, que não gosta do pecado, mas o que essa gente boa faz com a pressão? Nada! Responde errado do começo ao fim. Somos influenciados pelas pessoas com as quais andamos. Essa foi a razão de Deus ter tirado Ló do caminho de Abraão. O padrão natural de Ló não poderia influenciar a vida de fé e de grandes conquistas que Deus intentava para Abraão. Ló era bom, mas era um peso morto. Pelo menos para as altas alturas para as quais Deus chamara o pai da fé. Em nossa caminhada, vi muitos irmãos que foram jovens e solteiros conosco, que oraram e foram encharcados no rio da presença de Deus conosco, mas não discerniram autoridade, chamado, pressão. Principalmente em relação ao irmão que Deus escolheu entre nós para ter mais protagonismo e reconhecimento, esses irmãos se comportaram de forma tola. Um dia um dos mais íntimos se foi com o argumento de que agora esse pastor já não era o amigo de antes... Trocou o pasto pelo propósito! Um outro casal, que cresceu e avançou conosco por décadas, chegou ao ponto de se contorcer de amargura por cobiçar posição, influência e o mesmo protagonismo. Foram embora sem motivo a não ser seu amargor e sua própria falta de resposta diante de mil oportunidades dadas... Outro casal, ainda, se julgava na liberdade de definir Vo c ê Pe d e Po d e r; D e u s C o n c e d e P r e s s ã o

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visão, rumos e dar opiniões fortes diante da plateia toda de líderes e se mover como herdeiros da coroa real no meio da obra só por termos todos sido jovens da mesma patota... O perfil comum de todos esses era a insatisfação constante, as expectativas irreais e ilegítimas frustradas e, depois de anos e anos orando juntos por um avivamento, perderam o bonde do mover de Deus quando ele finalmente chegou. Eram “Lós” que escolheram as campinas do Jordão. Deus me livre de fazer o mesmo! Eu quero ser Abraão, eu quero as alianças de Deus, o poder, as revelações, a vida e a intimidade de Deus, eu quero que Deus não faça nada sem antes Ele falar comigo, assim como Ele falou em relação a Abraão: – Como farei alguma coisa sem falar com Abraão, que vai ser pai de multidões? “Eu tenho uma aliança com ele”, disse o Senhor. Que Deus faça alguma coisa, mas venha falar comigo antes. Mas se não nasci para ser um Abraão, quero ser um valente que ajudou Davi a construir o avivamento geracional pelo qual anelamos tanto nos dias de nossa juventude! Isso é privilégio somente de quem é amigo de Deus, foi privilégio de Abraão, não de Ló. Não quero sair do propósito, do chamado de Deus para minha vida, eu sou pressionado o tempo todo a desistir, seria tão mais simples. Eu queria ser professor universitário, pesquisador, ser orientador de doutorado, já pensou que tranquilidade? Chego lá, dou minha aula, leio os meus livros, elaboro a minha tese, vou para casa, ponho os livros debaixo do braço, saio de férias. Publico meus livros e recebo os aplausos. A mídia e a comunidade acadêmica vão me adorar! Em vez disso, escolhemos a incerteza das tendas... Enfim, seria mais simples do que querer revolucionar uma sociedade inteira com base em um avivamento que vem quando ninguém sabe Ló, Justo e Fracassado

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ou garante. Há um preço para levar uma geração, há pressão enorme em carregar a arca nos ombros, especialmente quando tem um bocado de gente satisfeita com denominações caducas e lideranças medíocres. É muito mais simples criar galinhas em Goiás... As bichinhas ficam ali no seu cantinho sem perturbar ninguém e não reclamam de nada. Comem tranquilas, bebem e dormem. É tão mais simples criar galinhas do que lidar com pessoas... líderes, pastores... Não me tome por grosseiro, mas é fato! Mais simples mesmo. O que você tem feito com as pressões? É hora de mudanças! E todas as circunstâncias de choque que aconteceram na sua vida são alternativas que Deus está dando para você voltar para Canaã, voltar para o padrão da consagração, voltar para a intensidade, voltar para a fé, voltar a transformar pressão em poder. Isso foi uma revelação no meu coração que produziu tanta coisa boa na minha vida! Eu creio que aquilo que Deus tem falado muito fortemente comigo Ele quer falar também fortemente com você.

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Capítulo 5

Formando Pedras e Pilares Você sabe que Deus usará a pressão para a formação de pedras e, com elas, de pilares? Sabe que Deus formará pedra a partir de gente com identidade fragmentada, quebrada, frágil e inconsistente? Novamente, a pressão é o canal para o poder transformador de Deus na sua vida, caro leitor. Pedra para aquele que é inconsistente, aquele que não tem identidade, não tem solidez, não desperta confiança nas pessoas, é indigno de confiança, tem um histórico de fracassos e de desistências, de ser frágil, inseguro, incerto. Deus vai usar pressão para transformá-lo em pedra. Dois homens, talvez os dois com os quais eu mais me identifique na Bíblia, tiveram a mesma experiência de se encontrar com Jesus. O encontro com o Senhor e com as


pressões que viriam transformariam a inconsistência deles em rocha sólida e densa. Um desses foi Pedro, o outro foi Jacó. Ambos tinham perfil, temperamento, um histórico e uma personalidade parecidas. Tanto na vida de Pedro quanto na de Jacó, a pressão produziu um resultado maravilhoso. A pressão produziu um final fantástico. A pressão produziu uma transformação maravilhosa, não só para eles terem gozo de olhar pra trás e constatar: não sou como eu era, não vivo como vivia, não caio no que caía, meu perfil é diferente, minha fibra é outra. Só isso já vale a pena, você olhar pra trás e dizer: “Mudei, não estou mais apenas fazendo tentativas, minha vida não é mais um laboratório de tais tentativas. Oh, como mudei, cresci, amadureci, avancei! Mas a graça me preservou e foi pela graça, não foi a vida me fazendo amargo, não foi a vida me fazendo somente mais experiente”. Se for só experiência, o povo do mundo também pode falar isso, mas o gozo é também por olhar que agora você é instrumento para outros, isso é você ser um pilar. Em Apocalipse 3.12, em cada uma das cartas enviadas por Jesus às setes igrejas, lemos que essas igrejas tinham algum problema e eram alvo da repreensão do Senhor. Mas para a igreja de Filadélfia, que é o caso deste texto, nenhuma repreensão há. Aos olhos de Deus, é a igreja dos vencedores. Ao vencedor, fá-lo-ei coluna no santuário do meu Deus, e daí jamais sairá; gravarei também sobre ele o nome do meu Deus, o nome da cidade do meu Deus, a nova Vo c ê Pe d e Po d e r; D e u s C o n c e d e P r e s s ã o

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Jerusalém que desce do céu, vinda da parte do meu Deus, e o meu novo nome. A igreja seguinte à Filadélfia já entrou em decadência, que é Laodiceia. Mas a igreja de Filadélfia não, ela é totalmente aprovada, permaneceu aprovada; e, para a igreja totalmente aprovada, Jesus dá uma palavra: – Ao vencedor, eu o farei coluna no templo do meu pai e de lá não sairá jamais. Eu não entendia esse texto, até há pouco tempo. Ministrei o livro de Apocalipse repetidas vezes no seminário teológico, eu sei que a linguagem usada é no sentido figurado, mas vai entender a figura “templo do meu pai”. O que a Escritura quer dizer aqui, pelo amor de Deus? Parece que não faz sentido. Quer dizer que a promessa, o prêmio de ser fiel e ser vencedor é virar coluna? Eu quero mais é desfrutar do paraíso, ter alguma atividade... Ficar lá feito coluna, estática, parada, nunca fez sentido até eu entender essa figura. As outras igrejas todas foram repreendidas; tiveram elogios, mas foram repreendidas. Interessante o que está por trás das cartas todas: cada uma das igrejas do Apocalipse teve que lidar com um tipo de pressão específica que o diabo trouxe a cada uma delas. Deus usou isso e ofereceu uma oportunidade a cada uma para que transformasse a pressão em poder se tornando vencedora. A única, entretanto, a dar a resposta certa e ser aprovada foi a igreja de Filadélfia. Esta se tornou uma coluna, algo consistente, firme, inabalável. Não podemos culpar a Deus pois Ele dá os meios para nos tornarmos vencedores. Ele concedeu isso a todas as igrejas. Jesus elogia cada uma das sete igrejas, Ele dá advertências, faz promessas e dá um prêmio para o vencedor, mas também oferece o desafio a ser vencido, a pressão a ser canalizada! Quem F o r m a n d o Pe d r a s e P i l a r e s

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é o vencedor? É aquele que transformou a pressão em poder, é aquele que descobriu o endereço do altar, é aquele que descobriu o endereço de esvaziar a pressão não chutando tudo para o alto, mas crendo, confiando, descansando ativamente em Deus. Esse é o caminho para transformar pressão em poder. É a pressão que transforma uma rocha frágil, que esfarela facilmente, em algo consistente. Ela produz um poder indescritível, na verdade a pressão, uma vez concentrada, levará você a um foco crescente. Se você quer enfraquecer, amplie o foco. Ampliar o foco é desfocar, diminuir a pressão, o poder. Quando você desfoca, dá tiro para todo lado e diminue o “poder de fogo” do seu armamento. Mas quando você concentra o foco, você concentra poder. Então, o que é pressão sob esta abordagem? Pressão é você concentrar o foco, quanto maior é a pressão exercida sobre qualquer superficie, mais ela concentra as partículas. Qual a diferença entre a matéria gasosa e a matéria sólida? A pressão. Só ela. A pressão tem a capacidade de concentrar, aglutinar, fortalecer. E os materiais mais duros, e o termo técnico em física é esse mesmo, foram aqueles que mais pressão sofreram. Interessante, você tem alguns dos materiais mais duros na superfície da terra, que são o vidro e o diamante. O vidro é mais duro do que o aço! Qual é a diferença entre o vidro e o aço mais duro que há? É que o aço é flexível, o vidro é inflexível. Como o aço tem um bom grau de flexibilidade, ele não se rompe sob pressão, por isso ele é usado em milhares de aplicações. O vidro é duríssimo! É tão duro que nem o mais duro aço corta o vidro. É necessário o diamante, algo ainda mais duro do que o vidro, para se cortar o vidro. Mas, interessante, o que produz essa dureza, essa consistência tão violenta? Pressão! Vo c ê Pe d e Po d e r; D e u s C o n c e d e P r e s s ã o

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Você quer ser alguém consistente, você quer ser alguém que foi transformado em rocha? Para começo de conversa, não tem jeito de haver transformação em rocha sem pressão. E mais, não tem jeito de você se tornar coluna no templo do Pai sem pressão. Então, veja bem, nós temos dois tipos de cristãos: os cristãos que se tornaram rocha e os cristãos que nunca são rocha, são inconsistentes, são gelatinas. O crente gelatina é inconsistente, diante da mínima pressão ele se dissolve, se escandaliza, foge, ele sai pela tangente, escapa pelos dedos. Corre para aliviar a pressão de sobre si, mesmo que seja se acovardando e depois oferecendo desculpas espirituais para seu gesto de fraqueza. Por outro lado, além do cristão que é rocha e do cristão que é inconsistente porque não sabe lidar com a pressão, você tem o terceiro tipo de cristão: aquele que se tornou coluna. O que é alguém ser coluna no templo do Pai? Alguém que se tornou suporte para os demais. Depois que a gente entende é tão óbvio, não é mesmo? Mas é preciso ter revelação disso e aprender a responder na rotina da vida diária. É preciso cortar qualquer alternativa que nos faça ter um caminho que não seja o altar de Deus.

Ao vencedor A primeira expressão que lemos em Apocalipse 3.12 foi “ao vencedor...”. Quem é o vencedor? É o sujeito que não admitiu a possibilidade de não aprender a lidar com pressão e, em vez de deixar a válvula aberta, ele vai fechar a válvula para a pressão acumular. Ele aprendeu que pressão acumulada vai ser poder, a fonte do poder que rompe e gera qualquer realidade no mundo do espírito. F o r m a n d o Pe d r a s e P i l a r e s

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Então, vencedor é aquele que decidiu acumular pressão. No caso da pressão da necessidade, em vez de arrumar as minhas próprias saídas pela tangente, que é o quebra-galho, o meu modo de resolver os meus problemas, decido transformar a pressão da necessidade em poder, de modo que eu chego diante de Deus, aos soluços, até que Ele venha e responda a minha necessidade. Assim eu transformo a pressão em poder, em vez de fugir, eu decido ser um vencedor. O vencedor é aquele que transforma a pressão do pecado em poder para vencer o próprio pecado; a pressão da necessidade, em poder que supre a necessidade; a pressão das circunstâncias, em poder que transforma as circunstâncias em vitória; a pressão da obra de Deus, em experiência de poder para frutificação na obra de Deus; a pressão do inimigo, em poder que vence o inimigo. Jesus disse “ao vencedor”, quer dizer, àquele que passou pelo processo da pressão até se tornar alguém aprovado. Se formos estudar a palavra no original aqui, “vencedor” significa “Eu criarei, Eu farei de você”, ou seja, ainda que você não tenha condições de ser coluna porque tem um histórico de queda, de fracasso, de inconsistência, como Pedro, como Jacó, frágeis, inconsistentes, inconstantes, fragmentados, com a personalidade detonada, com um temperamento inadequado, falido, incontrolável, Eu tenho o poder de fazer o que você não pode. Eu farei de você o que antes você não era! Deus o colocará na posição de fazer, confiar, depender, crer, descansar, suportar outros.

Eu farei A segunda expressão do versículo é “Eu farei”. Por que Ele fará? E por que Ele não faz a todos? Porque os outros Vo c ê Pe d e Po d e r; D e u s C o n c e d e P r e s s ã o

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não são vencedores, eles não colocaram Deus na posição de poder fazer. Deus não está na posição de poder fazer na vida de muitos crentes salvos. Por isso são salvos, mas não vencem; têm o nome escrito no livro da vida, mas não triunfam. Não experimentam os poderes de um mundo vindouro, por quê? Na vida dos tais, Deus não está na posição de fazer, de controlar, de agir, de se manifestar. Pedro não tinha condição de ser rocha, mas “Eu farei”. Dali a pouco Jesus viria a ele quando André lhe trouxesse a notícia que encontrara o Messias. Num outro dia ele ouviria do próprio Jesus: – Você é Simão, mas eu te digo que te tornarás Pedro! Isso foi uma palavra de conhecimento, certamente Pedro, como muitos de nós, era um cara indignado com sua inconsistência, fragilidade, inconstância. Ele devia saber que era um molengão, que não passava nenhuma confiabilidade para quem andava com ele, gelatinoso, incapaz de oferecer firmeza a outros, volúvel. Neste momento, Jesus chega e vai ao ponto: – Eu vou fazer de você uma rocha! Por que Deus disse que faria? Porque Ele foi colocado na posição de poder fazer isso. O vencedor é alguém que confiou nEle para ser vencedor, ser transformado em rocha sólida. Você é vencedor? Você cansou de fracassar usando seus próprios meios? Cansou de tentar vencer o pecado, a necessidade, as circunstâncias, frutificar na obra de Deus e vencer o diabo na sua própria força? Então, se você é aquele que está aprendendo a transformar pressão em poder, Jesus tem uma boa palavra para você: – Eu farei de você não apenas rocha, mas coluna no santuário do meu Deus e daí você jamais sairá. F o r m a n d o Pe d r a s e P i l a r e s

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Jamais sairá O que é esse “jamais sairá”? Se antes seu problema era ser instável, como alguém poderia confiar em você? Como pode ser coluna alguém fraco, frágil, que cada dia está num estado emocional diferente? Alguém confia em uma estaca que está cada dia em um lugar? Então o sentido de “jamais sairá” é que, agora sim, as pessoas poderão confiar em você, contar com você. Agora sim você será referencial de estabilidade, constância, previsibilidade, condições fundamentais para qualquer líder. Condição também para qualquer homem que quer namorar, casar e construir família, estabilidade é o que sua namorada, sua esposa vai esperar de você a vida inteira, estabilidade é o que os seus filhos precisam. Sabe por que existe tanto problema de personalidade em crianças que vêm de lares detonados e destruídos? É o sobressalto do dia-a-dia: – Ai, meu Deus, meu pai está aqui hoje, amanhã ele poderá não estar, outro dia ele sumiu, no outro bateu em minha mãe... Um dia ele nos deixa, depois volta para, a seguir, desaparecer novamente... Crianças assim vão ter um forte senso de insegurança a vida toda. São filhos de pais que nunca deveriam ter tido filhos! Então estabilidade é a condição para você ser pai, para você ser marido, ser líder, ser pastor, ser chefe de função, alguém em cargo de confiança. Seja em que área for, essa é uma condição básica. Em algum grau você é coluna, em algum grau Deus tem estabelecido você dessa forma. Mas a coluna só se tornou esse elemento de construção lá no final do processo. O início do processo é quando Jesus chega e diz: – Você é Simão, mas eu vou fazer de você uma rocha. Ser rocha é apenas a primeira grande boa notícia da promessa de Deus para a sua vida. Vo c ê Pe d e Po d e r; D e u s C o n c e d e P r e s s ã o

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Entretanto, há algo maior que deve ser feito ainda: experimentar a pressão que o transformará finalmente numa coluna. Rocha pode não ter formato harmônico, pode servir de apenas de alicerce, mas nunca ser exposta como modelo, como referencial. Essa é a diferença entre a rocha e a coluna. A rocha é alicerce por ter respondido a Deus no nível de ganhar consistência, mas maior ainda será essa rocha poder dar sustentação ao que Deus deseja construir, ter tanta firmeza e densidade ao ponto de ser colocada em posição de evidência no templo de Deus. Isso é reservado apenas para colunas. Este é o propósito final de Deus para você, para fazer de você um vencedor: Deus deve transformá-lo em uma coluna.

Coluna Primeiro, a coluna é bela. O contexto aqui é daquelas colunas todas entalhadas, trabalhadas, estilo dórico, estilo coríntio, você não pega uma coluna dessa e a coloca num local escondido. Ao contrário, você a estabelece na frente do edifício como parte da beleza arquitetônica que deseja expor a todos. Assim também, Deus tem gozo de mostrar você, dando testemunho público do resultado das operações do Espírito Santo na sua vida através das pressões. O segundo aspecto é que a coluna tem densidade e dureza tão formidáveis que milhares de toneladas de pressão podem permanecer ali sem o menor risco. Outros estarão na posição de depender de você, esse é o sentido de ser coluna. Deus vai edificar um templo vivo, pedras vivas, coluna é o final do processo. O que, entretanto, envolve esse longo processo? Pressão. Longa, diversificada e crescente pressão. F o r m a n d o Pe d r a s e P i l a r e s

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Há também outro aspecto que envolve o conceito de coluna. Estamos falando da beleza que em nós se manifesta e que Deus quer mostrar, isso tem a ver com glória. Esse é um assunto muito vasto, mas a gente tem a tendência de entender a glória de Deus como aquela chuva de algo fosforescente, que você não pega, não vê, não sente, aquela coisa assim etérea. Mas saiba que a glória de Deus se manifesta em nós e através de nós. Houve um tempo no qual todos nós buscávamos a glória de Deus como algo exterior a nós, um “banho de presença divina”.

A Coluna como Glória A beleza principal da arquitetura clássica são as colunas e os arcos, neles estão a dificuldade e as brilhantes e belas formas arquitetônicas que tornam essas construções modelos universais de beleza. Estão aí os principais elementos de beleza. Podemos dizer que a coluna é a “glória” do edifício. Num primeiro momento de experiência com Deus, desejamos experimentar de Sua glória. A seguir, Ele nos leva a ter revelação de Sua glória quando somos apresentados a Cristo, que é a própria Glória divina que ganhou face, que veio em carne e ganhou feição humana. No seu precioso processo conosco, o Senhor ainda nos conduz a um outro nível onde essa glória revelada a nós se torna a glória residente em nosso espírito. Assim, aquilo que começou como uma experiência totalmente exterior, torna-se uma profunda e íntima experiência interior. Finalmente, a glória de Deus no interior, agindo em nós pelo poder da pressão, nos levará a irradiar, mostrar e manifestar essa mesma glória. Verão a Cristo em toda a Sua beleza através de nós. Seremos portadores dessa glória que um dia fora meramente contemplada por nós. É aqui que Vo c ê Pe d e Po d e r; D e u s C o n c e d e P r e s s ã o

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nos tornamos coluna para também revelar em plenitude o Seu maravilhoso ser. Em 2 Coríntios 4.6, lemos: “Porque Deus, que disse: Das trevas resplandecerá a luz, ele mesmo resplandeceu em nosso coração, para iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face de Cristo”. Eu achava que glória é a manifestação da presença de Deus. Está errado? Não. Entretanto, aqui temos uma definição mais profunda para a glória de Deus. Conhecer Sua glória materializada entre os homens não é algo etéreo, não é fosforescente, é algo tangível, experiencial. Você pode usufruir da glória de Deus na face de Cristo. Se Deus teve essa intenção de manifestar a Sua glória na face de Cristo, essa intenção não mudou. Compreendi que uma coisa é essa presença ser manifesta, isso é, essa glória ser mostrada aos homens; a outra coisa é essa presença que habita em você começar a se manifestar. Essa glória que você começa a conhecer, que começa a experimentar, atingirá o ponto em que traspassará os limites da sua personalidade humana, do seu corpo físico e manifestará Jesus ressurreto através de você. Oh, como eu desejo isso! Oh, quero tanto isso pra mim! Eu tive muitas experiências ao longo da minha vida cristã nas quais a glória de Deus, em alguma medida, se manifestou através da minha vida. Uns têm mais, outros têm menos, uns têm um pouquinho, outros têm muito ao ponto de serem essa coluna posta à mostra no templo de Deus. A glória de Deus que é a Sua própria presença, não mais exterior, mas interior, vai se manifestar em nós, para o nosso desfrute, e através de nós, quando aprendermos a lidar com a pressão. Sem pressão e sem resposta, entretanto, não haverá glória coisa nenhuma. F o r m a n d o Pe d r a s e P i l a r e s

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Assim, é a pressão que vai transformar sua inconsistência em algo consistente e precioso, para sua própria alegria; e, finalmente, para que Deus o possa usar na vida de outros, transformar você em um pilar. Confiável, formoso, qualificado para ser suporte para outros, estável, com uma identidade forte, segura: “Eu sei quem eu sou, para o que eu fui chamado, de onde eu venho e para onde eu vou! Sei o propósito da minha existência, e caminho com segurança. Não estou mais tentando descobrir a razão ou a origem da minha identidade. Eu sei quem eu sou!” Por que Jesus chama a igreja de Filadélfia de vencedora? Porque foi alguém que passou por esse processo, aprendeu que é Ele quem faz, é Ele quem vai acrescentar o que você não tem, é Ele quem vai criar o que não existe em você. Colossenses 1.26,27 diz: “...o mistério que estivera oculto dos séculos e das gerações; agora, todavia, se manifestou aos seus santos; aos quais Deus quis dar a conhecer qual seja a riqueza da glória deste mistério entre os gentios, isto é, Cristo em vós, a esperança da glória...” “Ora, o Senhor é o Espírito; e, onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade. E todos nós, com o rosto desvendado, contemplando, como por espelho, a glória do Senhor, somos transformados, de glória em glória, na sua própria imagem, como pelo Senhor, o Espírito”. (2Co 3.17,18) “Ao vencedor, fá-lo-ei coluna no santuário do meu Deus, e daí jamais sairá...” (Ap 3.12). Vo c ê Pe d e Po d e r; D e u s C o n c e d e P r e s s ã o

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Capítulo 6

Sete Dias Determinantes A Escritura nos fala acerca do “dia mal” e trata também do tempo para cada momento na vida humana: tempo para rir e tempo para chorar; tempo para construir e tempo para derrubar. Quanto à pressão, do mesmo modo, haverá dias cruciais. Existem momentos pontuais na sua vida que determinarão para sempre seu rumo. São momentos com poder definidor de destino. Onde você estava há cinco anos? Hoje você está onde está, por quê? Porque houve um momento determinante de escolha, um ato determinante, crucial. Há muitos dias na sua vida que, entretanto, nenhum significado e nenhum efeito causaram. O que seriam momentos determinantes? Por exemplo, o dia em que me casei foi determinante, então, da mesma forma, diante das pressões e diante de Deus, houve momentos, que chamamos aqui de dias, em


que você toma decisões diante das pressões e vão produzir consequências definitivas. Vamos estudar sete dias desses na vida de Pedro, que o levaram a se tornar pedra e a se tornar pilar.

1º - Dia do Encontro O primeiro dia foi o dia do encontro, quando ele encontrou Jesus: Era André, o irmão de Simão Pedro, um dos dois que tinham ouvido o testemunho de João e seguido Jesus. Ele achou primeiro o seu próprio irmão, Simão, a quem disse: Achamos o Messias (que quer dizer Cristo), e o levou a Jesus. Olhando Jesus para ele, disse: Tu és Simão, o filho de João; tu serás chamado Cefas (que quer dizer Pedro). (Jo 1.40-42) Em 1 Pedro 2.5, o próprio Pedro fala que nós fomos designados para sermos pedras vivas. Qual a diferença entre pedra morta e pedra viva? Isso é só uma figura porque não existe pedra viva, mas qual a diferença? A pedra morta é totalmente passiva, pedra viva participa do processo, sente dor quando leva um golpe do formão que a esculpe. A pedra viva coopera com o processo, a pedra viva entende o processo, a pedra viva decide em favor do processo. Jesus tocou no ponto fraco de Pedro, pois este tinha um temperamento ainda muito carnal, sem domínio próprio e Vo c ê Pe d e Po d e r; D e u s C o n c e d e P r e s s ã o

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impulsivo na força da alma caída. O sanguíneo é voluntarioso, é inconsequente, precipitado, é ofensivo, muitas vezes sem querer, porque fala o que nem entende, libera palavras que não foram pensadas. O sanguíneo às vezes usa menos a inteligência, pois tem mais ímpeto, é menos ponderado, ou seja, leva menos em consideração as consequências do que semeia por meio das palavras. Muitas vezes ele não vê o todo. Por outro lado, é decidido, é inconstante, volúvel, instável. Alguns sanguíneos com uma pitada de coléricos se tornam verdadeiras nitroglicerinas de duas pernas. Não chacoalha muito que explode, “arma barraco” e aí vai sobrar palavrão, enfim, vai ser um “show”! Você não vê um colérico ou outros temperamentos se comportando da mesma forma. O melancólico vai chorar, vai entrar em depressão; o fleumático sai de cena; o colérico já vai para os tapas, pega logo o revólver; mas o perfil de Pedro é falante, voluntarioso, inconstante. Todos nós temos um pouco desse perfil estranho e inconsistente de Pedro. O que o atraiu a Jesus? Primeiro, Pedro viu uma palavra de esperança, de transformação, aquela palavra pela qual Jesus demonstrou interesse por ele. Quando alguém chega e dá uma palavra de Deus que descortina segredos muito íntimos e vai direto ao ponto crucial da sua vida, o que é que você sente? Cuidado de Deus, interesse de Deus, o amor de Deus, a compaixão de Deus, por isso você é atraído. Por isso Pedro foi tão atraído por Jesus. Todos nós um dia tivemos um encontro com Deus, senão nem crente nós seríamos. Um dia você teve um encontro no qual o Senhor falou ao seu coração. Jesus nem teve muita conversa com Pedro, não teve que fazer três horas de aconselhamento, não foi em uma campanha evangelística, não foi Sete Dias Determinantes

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a um impacto de três dias, foi logo rasgado, curto e direto: – Você é Simão, mas eu lhe digo que você será Pedro. Isso é esperança de mudança, esperança de transformação, foi o que nos atraiu para Deus. Contudo, muitos param aqui e não aprendem a lidar com as causas que os impedem de ser pedra, isso é pressão. Não sabem lidar, não sabem trazer isso para um nível de pressão tão insustentável a ponto de desembocar em Deus. Ao invés de fechar a válvula, abrem a válvula, chutam o pau da barraca: “É isso mesmo, eu não dou conta de ser diferente, é desse jeito, se quiser é assim!” Perdem a oportunidade que Deus está dando de usar aquela pressão como um poderoso poder transformador. Assim, o primeiro dia determinante é o dia do encontro. Desse dia em diante, você nunca mais será o mesmo. Com quem você escolhe andar determinará para sempre quem você será na vida, o que alcançará e como vai terminar. Havia outros muitos pescadores na aldeia onde Pedro, Tiago e João habitavam. O que você sabe sobre aqueles demais pescadores? Nada! Por quê? Porque eles não andaram com Jesus. Seguiram suas vidas na rotina normal e foram varridos como poeira pelas páginas da história. Ao se encontrarem com Jesus, os discípulos seriam marcados para sempre. Isso viria através de uma pressão tão grande que tambem moldaria aqueles três homens. O seu encontro com o Senhor, caro leitor, tambem alterará para sempre sua vida, sua história e seu destino. Determinará o que alcançará e como vai terminar. Seu encontro com Jesus também trará uma medida de pressão para mudança, pressão para conquista na sua vida, como fez com Pedro. Vo c ê Pe d e Po d e r; D e u s C o n c e d e P r e s s ã o

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2º - Dia do Compromisso O segundo dia crucial na vida de Pedro foi o dia do compromisso. Deus faz acepção de pessoas? Não! Assim, o que valeu para Pedro vale para mim, vale para você. Deus tem lá suas preferências? Não. Então qual é a diferença? Eu que determino essa diferença, crendo e confiando em Deus, decidindo aprender a transformar as pressões ou não. Você que determinará o que fazer com o que Deus trouxer e permitir sobre a sua vida. Gosto de duas ilustrações brilhantes e que cabem perfeitamente aqui: se a vida lhe dá limões, faça uma limonada! Você pode, por outro lado, se transformar em alguém azedo e amargo, se tornar ácido e insuportável, alguém a quem as pessoas evitam por causa de suas palavras ácidas, atitudes ríspidas, assuntos indigestos. A outra ilustração é linda, eu a li num poema de uma velha e alquebrada senhora cuja vida de dificuldades, maus tratos, perdas e falta de amor se tornou um referencial para muitos. Ela dizia: “A vida me lançou muitas pedras que me feriram e maltrataram. Eu, entretanto, as acumulei e fiz dessas implacáveis pedras uma alta escada por onde subi até as maiores alturas”. O que você faz com os limões? O que faz com as pedras? O que faz com a pressão? Aconteceu que, ao apertá-lo a multidão para ouvir a palavra de Deus, estava ele junto ao lago de Genesaré; e viu dois barcos junto à praia do lago; mas os pescadores, havendo desembarcado, lavavam as redes. Entrando em um dos barcos, que era o de Simão... (Lc 5.1-3) Sete Dias Determinantes

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Jesus sabia que esse barco era de Simão? É claro que sabia, Ele escolheu, pelo Espírito Santo, o barco de Simão, veja bem, Simão, não Pedro. ...pediu-lhe que o afastasse um pouco da praia; e, assentando-se, ensinava do barco as multidões. Quando acabou de falar, disse a Simão: Faze-te ao largo, e lançai as vossas redes para pescar. Respondeu-lhe Simão: Mestre, havendo trabalhado toda a noite, nada apanhamos, mas sob a tua palavra lançarei as redes. Isto fazendo, apanharam grande quantidade de peixes; e rompiam-se-lhes as redes. Então, fizeram sinais aos companheiros do outro barco, para que fossem ajudá-los. E foram e encheram ambos os barcos, a ponto de quase irem a pique. Vendo isto, Simão Pedro prostrou-se aos pés de Jesus, dizendo: Senhor, retira-te de mim, porque sou pecador. (vv.3-8) Será que Pedro estava querendo realmente em seu coração dizer para Jesus sair? “Senhor, sai!” Pedro estava rejeitando Jesus, era esse o intento dele? Não, ele estava dizendo, “Senhor, eu não sou digno de ter tido o meu barco escolhido. Eu não sou digno que o Senhor dê o seu tempo pra mim, eu não sou digno nem que o Senhor esteja perto”. Este foi o dia do compromisso. Por quê? Vamos seguir o texto: Vo c ê Pe d e Po d e r; D e u s C o n c e d e P r e s s ã o

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Pois, à vista da pesca que fizeram, a admiração se apoderou dele e de todos os seus companheiros, bem como de Tiago e João, filhos de Zebedeu, que eram seus sócios. Disse Jesus a Simão: Não temas; doravante serás pescador de homens. (vv.9,10) No começo do processo, Jesus chama Pedro para ser pescador, talvez por associação à profissão dele, mas depois da ressurreição, lá na praia, quando eles estão comendo peixe juntos, Jesus não chama mais Pedro de pescador, convida-o para ser pastor. Por quê? O pescador está pouco ligando se um peixe cai na água de novo e vai embora. O pastor é exatamente o contrário, ele vai se importar com aquela única ovelha que está faltando no meio das outras noventa e nove. No meio do rebanho, ele sente falta da única ausente. O compromisso de Pedro vem a seguir: E, arrastando eles os barcos sobre a praia, deixando tudo, o seguiram. (v.11) Este foi um dia crucial na sua vida: quando você fez um compromisso em que entendeu as implicações do chamado de Deus, entendeu as implicações de seguir a Cristo, as implicações de entrar no processo da promessa dEle de fazer você se tornar rocha e coluna. O que você fez? Deixou tudo, rompeu com a sua filosofia de vida, rompeu com suas preferências, rompeu com as suas prioridades, inverteu suas prioridades todas, rompeu com seu estilo de vida, com seu pecado, com seus hábitos, com tudo. Deixou tudo. Sete Dias Determinantes

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Eu pergunto: Por que você ainda está lendo este livro? Porque de alguma forma aceitou o convite para ser transformado em pedra. Você aceitou o convite para transformar pressão em poder, aceitou o compromisso: “Senhor, eu quero isso, muda minha vida, eu estou aqui para ser transformado, burilado, lapidado, moldado, ensinado, tratado, corrigido, instruído, discipulado”. Alguns ali quisessem talvez só o nível de compromisso de emprestar o barco. Poxa, mas que honra, Jesus subiu no meu barco, eu não vou nem usar esse barco mais, eu vou vendê-lo para um museu, revesti-lo de cromo para ele durar bastante. Da mesma forma, alguns acham que Jesus quer só as suas coisas, quer que você frequente a igreja, quer uma porcentagem da sua grana. Outros acham que Jesus quer só um compromisso parcial, usar um pouco as suas coisas, usar o seu tempo. Pedro entendeu que estava diante de uma oportunidade, e que à medida que ele respondesse a ela, algo extraordinário aconteceria. Essa era a condição, era a resposta que Jesus esperava para que aquela promessa de transformar Pedro se concretizasse um dia. O que Pedro fez? Largou tudo. O Senhor espera isso de nós, e isso fere o mundo. O mundo não aceita você dar tudo. O mundo é regido por um espírito de avareza. “Tudo” é muita coisa para um pensamento e um coração contaminado. Essa atitude assim de se lançar numa entrega total, completa, é ridicularizada pelo mundo. Assim, pelo padrão mundano, você tem que ser relativo, tem que ter bom senso, porque, de acordo com o mundo, tudo é radical, agressivo demais. Por isso desperdiçam a pressão, harmonizam-se, tornam se “mornos”, perdem o vapor da fervura e esfriam a pressão. Por Vo c ê Pe d e Po d e r; D e u s C o n c e d e P r e s s ã o

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isso os mornos e acomodados nunca fizeram história. Nada que seja total, completo, o mundo gosta ou aprova. Engraçado, as pessoas podem viver um padrão de vida sexual do jeito que quiserem, aprontar o que quiserem, que está tudo bem. É um comportamento amplamente encorajado hoje. Mas a virgindade agride e suscita as mais terríveis críticas. O mundo tem problema com o guardar-se em virgindade. As pessoas não se contentam em fazer o que quiserem com sua genitália, tentam estabelecer uma ditadura que impõe o mesmo comportamento àquilo que é dos outros. Tentam impor o padrão de uma vida sexualmente livre a todos os demais. Eles nos criticam porque nós não fazemos as mesmas coisas que eles fazem. Por que essa implicância? “Vê se larga do meu pé e me deixa ser santo, me deixa abandonar tudo e seguir o meu Senhor, largar meu barco, minha filosofia, estilo de vida, religião, a minha história, as minhas quedas, a minha riqueza, os meus padrões, deixa eu largar tudo, porque eu encontrei agora o Cristo, o Messias e vou segui-lo”!

3º - Dia da Submissão O terceiro dia crucial foi o dia da submissão, como podemos inferir de Lucas 6.12-14: Naqueles dias, retirou-se para o monte, a fim de orar, e passou a noite orando a Deus. E, quando amanheceu, chamou a si os seus discípulos e escolheu doze dentre eles, aos quais deu também o nome de apóstolos: Simão, a quem acrescentou o nome de Pedro, e André, seu irmão; Tiago e João; Filipe e Bartolomeu... Sete Dias Determinantes

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Por que submissão? Porque agora a coisa ficou mais séria ainda, Pedro está submetendo toda sua vida pessoal ao controle de outro. Seguir é relativamente confortável, porque quando eu não quero mais seguir, eu dou meia volta e paro de seguir. Mas aqui não, quando aceitou esse convite de ser discípulo de Jesus, Pedro estava dando a chave, o controle da sua vida pessoal, privada, para outra pessoa. Ele estava dando a prioridade do governo do seu coração a outrem, estava subjugando seu tempo ao senhorio de outra pessoa. Pedro estava renunciando a autodeterminação, a independência, e oferecendo a Jesus o controle total de sua vida. Isso é um outro grau de comprometimento, a submissão aqui é completa, total e sem restrição, não é só no sentido de seguir, não é só comprometer-se a seguir, aqui é comprometer-se a deixar Jesus determinar tudo! Isso é uma pressão imensa! Quem pode suportá-la? Quem voluntariamente busca essa pressão? É esse fator um dos que diferenciam os frutos de Pedro, os milagres que experimentou, daquilo que muitos de nós vamos viver em nossa gorda, pacata, mórbida, sedentária e entediante vida. O mundo gosta menos ainda desse nível de compromisso, ele se vê ainda mais agredido por isso. O que Pedro fez é fanatismo completo aos olhos do mundo. O quê?! Deixar outra pessoa determinar sua vida privada, o seu âmbito particular, o que é de foro íntimo, suas atividades, como você vai usar seu tempo? Deixar outro dizer como você vai fazer as coisas, pra onde você vai, quais devem ser suas prioridades? Este terceiro dia é quando você se encontra com o senhorio de Jesus Cristo. Isso era algo que eu não entendia. Eu entendia muito bem que o senhorio de Jesus significa ter o Senhor a governar minha vida sem reservas, mas para quê? É por mero domínio? Não. Por que o Senhor está tão interessado em ser Vo c ê Pe d e Po d e r; D e u s C o n c e d e P r e s s ã o

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seu senhor? Porque esse é o único meio de Ele compartilhar com você a Sua glória. O propósito do senhorio é a manifestação da Sua glória. Sem senhorio não haverá desfrute e nem manifestação de Sua poderosa glória. Você quer ser um homem de avivamento? Seja um homem sob o senhorio de Jesus. Você quer ser uma pessoa que manifesta uma medida maior de glória em sua vida, no seu falar, no seu chegar, no seu ensinar, no seu trabalhar, no ir e vir? Glória na sua vida será então o resultado do senhorio do Senhor. Eu entendia só o senhorio: Ele quer ser senhor, Ele quer me livrar de errar, Ele não quer que eu me machuque porque Ele é bom, porque essa é a vontade de Deus, porque é bíblico, blá, blá, blá... Ok, ok. Eu posso citar uma dúzia de versículos, mas eu compreendi que, no processo de me tornar pedra, o senhorio completo de Jesus na minha vida é a pré-condição. Nas cogitações secretas do meu coração, nas motivações mais silenciosas do meu íntimo, nas raízes da minha alma, dos meus projetos, dos meus intentos, Ele deve ser o Senhor. Essa é a condição para a glória. Você já passou por este terceiro dia, o dia da submissão? Vamos definir melhor submissão: Submeter-nos é aceitar a completa vontade de Deus para nós e nos moldarmos a ela. É nos sujeitar ao propósito existencial dEle para nós. Adotar a doce e minuciosa condução do Espírito Santo na nossa vida diária: se vamos, se viemos; se viajamos, não viajamos; se compramos, vendemos ou não vendemos; se casamos ou não casamos; se entramos ou não num relacionamento para casamento; damos, vendemos ou ofertamos; é nos submeter paulatina e completamente ao controle do Espírito Santo. Sete Dias Determinantes

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4º - Dia da Confirmação O quarto dia é o dia da confirmação de Deus. Em 2 Coríntios 10.12 lemos: Porque não ousamos classificar-nos ou comparar-nos com alguns que se louvam a si mesmos; mas eles, medindo-se consigo mesmos e comparando-se consigo mesmos, revelam insensatez. O que significa isso? Se Deus não der testemunho a seu respeito, seu testemunho é falso, é comprado, é forjado, vem como resultado de opinião humana, de chantagem, de exigência. Quem dá testemunho a seu respeito? Nós devemos buscar o testemunho de Deus a nosso respeito. Em Mateus 16.13-20, vemos um dos momentos mais lindos entre Jesus e Pedro: Indo Jesus para os lados de Cesareia de Filipe, perguntou a seus discípulos: Quem diz o povo ser o Filho do Homem? E eles responderam: Uns dizem: João Batista; outros: Elias; e outros: Jeremias ou algum dos profetas. Mas vós, continuou ele, quem dizeis que eu sou? (v.13-15) Jesus lançou essa pergunta a quem? Aos doze. Qualquer um podia responder? Podia. Todos responderam? Não. Quem respondeu? Simão. E naquele momento ele teve uma surpresa. A maior surpresa não foi de Jesus, mas de Pedro: “E Simão Vo c ê Pe d e Po d e r; D e u s C o n c e d e P r e s s ã o

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Pedro, respondendo, disse: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo. E Jesus, respondendo, disse-lhe: Bem-aventurado és tu, Simão Barjonas...” (v.16) Para mostrar que estava mudando o nome de Pedro, Jesus usou o sobrenome dele, “bar”, que quer dizer filho, “filho de” Jonas. Normalmente essa palavra se tornava sobrenome da pessoa. Jesus usou nome e sobrenome de Pedro para dizer: “... porque não foi carne e sangue que to revelaram, mas meu Pai, que está nos céus. Também eu te digo que tu és Pedro...” (v.17,18) Não foram os outros que deram testemunho de Pedro, nem o próprio, mas Jesus: – Simão Barjonas, és Rocha. Finalmente aconteceu! Chegou o momento em que o Senhor, como Deus encarnado, deu testemunho a respeito de Pedro. Quem dá testemunho de si mesmo quer glória para si mesmo, quer louvor dos homens. Mas foi Deus quem deu testemunho a respeito de Pedro naquele momento especial. Para você também chegará o momento em que Ele promete transformá-lo. Para Pedro, o Senhor afirma: – Simão, agora chegou o momento do reconhecimento do processo da pressão em sua vida: você foi transformado em Rocha. Qual é a base dessa mudança? A base do que eu sou está firmada na revelação de quem o Senhor é. A base para você ter consistência, transformando pressão em poder para você ganhar o perfil de rocha, de segurança, de estabilidade, de constância, de transformação na sua vida, a base dessa nova identidade, que é espiritual, que nasceu em Deus, nasceu de uma promessa de Deus, é a revelação de Jesus. O que é revelação de Jesus? É você enxergar Jesus. Agora, novamente aqui nós temos a questão da pressão. Se a pressão não levar você a Jesus, a derramar as suas angústias, Sete Dias Determinantes

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as suas fraquezas, as suas incapacidades, as suas faltas, o que você não consegue, aos pés dEle, você jamais vai ter revelação de Jesus. E se você não tem revelação de quem Jesus é, você jamais transformará essa pressão em poder para que você se torne pedra, para que deixe a inconsistência para trás. A pressão aqui é de Deus, que quer empurrar você pra Ele. A condição para ser pedra é vê-lo, a condição para ser pedra é ter revelação de quem Ele é. Jesus disse, “não foi carne nem sangue”. O que significa isso? A base para você ser pedra não é carne nem sangue, não é esforço, não é conhecimento, não é tentativa, não é força de vontade, não é experiência de igreja, “tempo de crente”, não é a quantidade de cursos dos quais participou na igreja, não é palha, feno, madeira, não é nada relacionado ao homem. “Não foi carne nem sangue, Pedro, mas o meu pai que está no céu te relevou isso”. Pedro agora aprendera a lidar com a pressão em alguma medida. Quer dizer que ele estava perfeito, quer dizer que ele não falharia mais? Quer dizer que o processo terminara? Não, de modo algum. Quer dizer que a palavra fora liberada, e Simão tinha, a partir de então, todos os meios para se tornar Pedro. Aos olhos de Deus estava feito. Dependia de algumas coisinhas no processo, mas esse quarto dia estava fechado. Ver Jesus, reconhecer Jesus, tê-lo em realidade é a base para sermos pedra. Então não foi carne nem sangue, nem desempenho, performance que determinou isso. Foi a pressão agindo pela graça de Deus. Se fosse alguma coisa fantástica, sobre-humana que Pedro tivesse feito, poderíamos descartar isso. Entretanto, Jesus disse que não foi carne nem sangue: foi obra de Deus operando pela pressão acumulada, agindo Vo c ê Pe d e Po d e r; D e u s C o n c e d e P r e s s ã o

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sobre um crente que não desiste da promessa de Deus de transformá-lo em pedra. Portanto, não é nada que você tem, é a sua entrega, a sua confiança, a sua disposição de não esvaziar a pressão de modo errado, de não abrir a válvula, de não desistir, de não dar uma de Jonas e fugir, ou resolver as coisas à sua própria maneira. Mas é ir para o altar, para os pés do Salvador. Pra quê? Para crer nEle, para depositar o seu fardo e cansaço diante dEle. Depositar suas tristezas e fracassos aos Seus pés, e confiar nEle sem nenhuma reserva. Transformar pressão em poder em vários quadrantes da vida envolve aprender a lidar com injustiças, traições e frustração com pessoas. Conheci um irmão que aprendeu a não guardar mágoa e ressentimento. Certa vez, há alguns anos, alguém agiu terrível e injustamente contra aquele irmão de modo que o prejudicou muito. Por causa do sentimento de justiça própria e da pressão acumulada daquela circunstância, ele sequer aguentava olhar para a cara da pessoa que cometera tal injustiça. Esse irmão, apesar de ser uma pessoa consagrada a Deus, olhava através do natural e não via nada digno de ser amado naquela pessoa faltosa. Aquilo se tornou uma pressão terrível, uma crise. Assim, ele se achegou ao Senhor e disse: “Senhor, não vou tentar amar, não vou me esforçar para amar porque eu não consigo, o meu amor é imperfeito e parcial. O meu amor é todo condicional, Senhor, não consigo amar essa pessoa. Mas a Tua Palavra diz que o Teu amor é derramado no meu coração pelo Espírito Santo que me foi dado. Teu amor perfeito e incondicional está em mim de acordo com a Escritura. Obrigado porque esse Teu amor flui em mim”. Aquele irmão depositou a questão diante de Deus e, sem perceber, à Sete Dias Determinantes

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medida que entrou no descanso, sem sentir, houve uma mudança genuína a se manifestar. Surpresa! Algumas semanas depois o testemunho foi que Deus fez brotar uma ternura genuína, uma aceitação incondicional, uma liberdade no relacionamento com essa pessoa. Finalmente a pressão dera à luz a uma experiência de genuíno amor de Deus, perfeito e incondicional, experimentado. Essa visão de transformar pressão em poder é aplicável em qualquer área. Em vez de conviver com o problema, transforme-o em pressão e vá para o altar.

5º - Dia do Confronto Outro dia crucial, o quinto dia, é o do confronto. O dia em que você vê a sua sujidade. O dia em que você vê o seu fracasso, a sua queda. O dia em que você vê que, por mais revelação que tenha, você não recebeu atestado de independência, você não tem luz própria, Sol da Justiça é só Jesus. Você é só uma luazinha fajuta toda chumbada de cratera. Se não for a luz do sol, você apaga. Não se esqueça, você não é o sol. Lemos, em Lucas 22, o momento em que Pedro foi profundamente confrontado: Simão, Simão, eis que Satanás vos reclamou para vos peneirar como trigo! (v.31) Então, prendendo-o, o levaram e o introduziram na casa do sumo sacerdote. Pedro seguia de longe. E, quando acenderam fogo no meio do pátio e juntos se Vo c ê Pe d e Po d e r; D e u s C o n c e d e P r e s s ã o

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assentaram, Pedro tomou lugar entre eles. Entrementes, uma criada, vendo-o assentado perto do fogo, fitando-o, disse: Este também estava com ele. Mas Pedro negava, dizendo: Mulher, não o conheço. Pouco depois, vendo-o outro, disse: Também tu és dos tais. Pedro, porém, protestava: Homem, não sou. E, tendo passado cerca de uma hora, outro afirmava, dizendo: Também este, verdadeiramente, estava com ele, porque também é galileu. Mas Pedro insistia: Homem, não compreendo o que dizes. E logo, estando ele ainda a falar, cantou o galo. Então, voltando-se o Senhor, fixou os olhos em Pedro, e Pedro se lembrou da palavra do Senhor, como lhe dissera: Hoje, três vezes me negarás, antes de cantar o galo. Então, Pedro, saindo dali, chorou amargamente. (vv.54-62) Pedro se encontrou com o quê? Com o que ele era. Ele era totalmente decidido na intenção? Sim. Pedro tinha 100% de intenção de ser fiel a Jesus. Por isso ele falou que jamais abandonaria o Senhor. Pedro falava o que vinha no coração dele. Pedro era sincero, mas descobriu que era incapaz de realizar o que intentava. Muitas vezes você vai notar um descompasso entre a sua intenção sincera diante de Deus e a sua capacidade de realizar o que intentava. Você já encontrou com a sua fraqueza? Como líder, descobrindo que você é incompetente em alguma área, que não tem pulso para liderar algumas pessoas que são muito difíceis e a tendência é deixá-las ao léu? Você já sentiu que, por mais Sete Dias Determinantes

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que se esforce, você não frutifica? Já viu que em muitas situações você não tem unção, não tem vida, não tem graça, não tem revelação? Existem duas opções: você pode transformar a ausência de vida, a ausência de graça, ausência de unção, a ausência de poder em crise, em pressão; ou então esvaziar a pressão, deixando pra lá, procurando alívios convenientes. Mas sabe o que você devia fazer? Fechar a válvula: não aceito não ter unção!!! Aí a pressão acumula. Não aceito não ter vida!!! A pressão acumula. Não aceito não ter revelação, eu não aceito uma vida sem poder, aí a pressão vai acumular. Esta é a distinção entre um religioso que faz tudo que é preciso fazer, mas tem vida sem unção, sem graça, sem revelação e sem poder, e o outro que transforma a ausência dessas coisas sobrenaturais em pressão para adquirir poder. Você pode transformar a esterilidade em oportunidade para gerar filhos, muitos filhos e filhas. O que Pedro fez no momento de confronto? O que Judas fez? Judas traiu Jesus, Pedro também o traiu e poderia ter se enforcado também. Por que alguém chega a se enforcar? A atitude de Judas o levou a se suicidar, porque ele não podia conviver com o que tinha feito. Qual a diferença entre um e outro? Judas desperdiçou a pressão: a pressão virou desespero, que virou suicídio, que virou desperdício. Ele poderia ter sido um grande apóstolo. Talvez, em vez de ter sido Paulo, “Judas Iscariotes, apóstolo de Jesus Cristo, escolhido e separado para o evangelho, a vós, irmãos, que estais...” Por que não foi ele? Porque a pressão não virou poder; virou desespero, culpa, depressão, remorso e morte. O que Pedro fez? Transformou a pressão em poder, foi chorar amargamente. O que ele estava fazendo? Canalizando a pressão. Tendo visto Jesus açoitado, aquela pessoa que ele Vo c ê Pe d e Po d e r; D e u s C o n c e d e P r e s s ã o

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amava, doce, santo, perfeito, ele sabia que era o Messias enviado por Deus, e o traiu, depois de tudo que Jesus fez. E mais, não era só esse aspecto místico e espiritual, Pedro era amigo íntimo de Jesus, era, dos doze, um dos mais próximos, e ele sabia que Jesus o considerava amigo, Jesus falou isso olhando para ele: “Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor; mas tenho-vos chamado amigos, porque tudo quanto ouvi de meu Pai vos tenho dado a conhecer”. E ele traiu Jesus. Então, que choro foi esse? Um choro violento, convulsivo, um vômito de emoções torrenciais que brotavam em seu espírito e alma. Não dá nem para imaginar. Como é que seria se fosse com você? No confronto, precisamos aprender a nos arrepender. Isso é um estilo de vida para quem quer ser rocha. Arrependimento não é só para o momento da conversão. Arrependimento é um estilo de vida. A intimidade com o Senhor tem a pré-condição da limpeza, tem que estar puro, lavado, limpo. O arrependimento é diferente de andar em culpa e condenação. Primeiro: se você confunde condenação com culpa você demonstra ignorância na perfeita justificação do Senhor e na capacidade perfeita do sangue de Jesus lavar você. Segundo: se você confunde arrependimento com culpa e condenação, você não aprendeu a confessar e abandonar o pecado pela fé, recebendo a promessa da cura e o completo perdão. Se, porém, andarmos na luz, como ele está na luz, mantemos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus, seu Filho, nos purifica de todo pecado. Se dissermos que não temos pecado nenhum, a nós mesmos nos enganamos, e a verdade não está em Sete Dias Determinantes

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nós. Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça. Se dissermos que não temos cometido pecado, fazemo-lo mentiroso, e a sua palavra não está em nós. (1Jo 1.7-9) O que é arrependimento então? É estar aberto à correção sempre, é ser ensinável sempre, é ser moldável sempre. Ser ensinável é uma coisa mais interior, é tocar em todas as nossas estruturas internas. É mexer com coisas que tem a ver com suas próprias decisões e escolhas. O confronto é choque frontal da nossa condição caída com a vontade e perfeição de Deus. Qual é a diferença entre o religioso e o verdadeiro discípulo? A religião representa a cruz. O discípulo se identifica com a cruz, ele se mistura com a cruz. Eu lembro quando era criança e minha mãe me levava para a procissão. Eu cantava, e aquele negócio todo era um passeio, eu não estava nem aí para quem estava sendo carregado. Então, uma coisa é representação, outra coisa é identificação. Já faz alguns anos que é moda no Brasil representar a paixão de Cristo. Representar é fácil, se identificar com Cristo é outra coisa. No processo de Deus transformar você em rocha, é preciso haver identificação com a cruz. A cruz precisa deixar de ser de Jesus ou apenas um modelo para se tornar a sua cruz.

6º - Dia da Exaltação e da Expansão O sexto dia é o dia da exaltação e da expansão, não achei palavras melhores que essas. O dia da exaltação é o dia em que Pedro foi “dilatado” pela pressão. A pressão nos expande. Vo c ê Pe d e Po d e r; D e u s C o n c e d e P r e s s ã o

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Na metáfora do oleiro, nós somos como barro nas mãos dele, e o que o oleiro faz? Ele exerce pressão sobre o barro, pressão interna e pressão externa, e elas têm que ser equilibradas. A pressão externa, se for forte demais, implode o vaso. Implodir é explodir pra dentro. Se a pressão interna, exercida pela mão de dentro, for forte demais, o vaso explode, porque ele expande até explodir. Sabe o que significa sermos dilatados pela pressão? Que Deus quer aumentar a nossa capacidade, capacidade de graça, capacidade de revelação, de confiabilidade. Deus quer nos confiar tarefas, Deus quer nos confiar poder, entendimento, missões a serem realizadas em Seu nome, trabalhos. Ele deseja nos enviar. Deus quer confiar coisas a você, mas Ele só pode fazer isso se você for expandido, aumentado, dilatado, como? Pela pressão. Quem não sabe lidar com a pressão começa a culpar pessoas que são instrumento de Deus para dilatar: “Ei, mas você ‘tá’ pegando demais no meu pé!” Não está pegando no seu pé, é a mão do oleiro que está usando aquele irmão ou irmã na sua vida. Ao invés de xingar a “cruz”, amaldiçoar a cruz e odiá-la, beije-a, abrace a cruz. A cruz está se manifestando onde há desconforto em sua vida. Assim você pode amar a cruz ou odiá-la. Se o outro irmão não muda, mude você primeiro! Adote essa pessoa como irmão preferencial em oração e súplica diante de Deus. Leve a pressão a aumentar em tal nível, que você vença isso aos pés do Cordeiro, de modo que você exploda primeiro em lágrimas de amor diante do altar numa ternura genuína, cuidado genuíno por aquela pessoa. Sabe o que Deus vai fazer? Ele vai mudar primeiro você, depois a circunstância, por fim aquela pessoa envolvida. Quem vai mudar por último? O outro. Se mudar! Sete Dias Determinantes

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A pressão nos dilata, e o que você faz? Você deixa Deus aumentar sua capacidade ou você é o mesmo de mil novecentos e antigamente? A pressão tem dilatado você? Vamos ver o dia da expansão, usando o texto de João 21.1-19: Depois de terem comido, perguntou Jesus a Simão Pedro: Simão, filho de João, amas-me mais do que estes outros? Ele respondeu: Sim, Senhor, tu sabes que te amo. Ele lhe disse: Apascenta os meus cordeiros. Tornou a perguntar-lhe pela segunda vez: Simão, filho de João, tu me amas? Ele lhe respondeu: Sim, Senhor, tu sabes que te amo. Disse-lhe Jesus: Pastoreia as minhas ovelhas. Pela terceira vez Jesus lhe perguntou: Simão, filho de João, tu me amas? Pedro entristeceu-se por ele lhe ter dito, pela terceira vez: Tu me amas? E respondeu-lhe: Senhor, tu sabes todas as coisas, tu sabes que eu te amo. Jesus lhe disse: Apascenta as minhas ovelhas. Em verdade, em verdade te digo que, quando eras mais moço, tu te cingias a ti mesmo e andavas por onde querias; quando, porém, fores velho, estenderás as mãos, e outro te cingirá e te levará para onde não queres. Disse isto para significar com que gênero de morte Pedro havia de glorificar a Deus. Depois de assim falar, acrescentou-lhe: Segue-me. (vv.15-19) Vo c ê Pe d e Po d e r; D e u s C o n c e d e P r e s s ã o

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Quando Jesus perguntou a Pedro “tu me amas?”, Ele usou a palavra grega ágape para amor. Então seria: Tu me amas com amor ágape? Em outras palavras, a resposta de Pedro seria: “Eu amo sim, Senhor, mas eu amo phileo, eu amo como amigo”. E Jesus continuou: “Apascenta os meus cordeiros”. Jesus não mandou Pedro pescar, mandou-o apascentar! Tornou-lhe a perguntar: “Simão, filho de João, tu me amas? (Tu me ágape?)” Pedro respondeu: “Sim, Senhor, tu sabes que phileo”. Disse-lhe Jesus: “Pastoreia as minhas ovelhas”. Mas, pela terceira vez, Jesus insistiu: “Simão, filho de João, tu me ágape?” Pedro se entristeceu por Ele lhe ter dito pela terceira vez: Tu me amas. Veja só que constrangimento! Todo mundo sabia que ele tinha traído Jesus três vezes e, na frente de todo mundo, Jesus pergunta: Tu me ágape? E ele responde: Phileo. Tu me ágape? E ele, phileo. Tu me ágape? Phileo... Na terceira vez Pedro se entristeceu. Por quê? Porque aquilo era pressão! Pedro estava convencido de que ele simplesmente não tinha nele os elementos para amar naquele nível. A tentativa voluntariosa terminara num fracasso tão traumático que agora ele estava pronto a depender. Ele tentou amar ágape e foi um fiasco, um fracasso horrível! “Não consigo! Tu sabes que eu phileo, não está em mim ágape, está em mim apenas o superficial phileo”. Agora veja a resposta de Jesus: Em verdade, em verdade te digo que, quando eras mais moço, tu te cingias a ti mesmo e andavas por onde querias; quando, porém, fores velho, estenderás as mãos, e outro te cingirá e te levará para onde não queres. Em outras palavras: Quando você era mais moço, não sabia lidar com a pressão, fazia tudo em sua própria força. À medida que você amadurecer, eu o guiarei e o levarei para onde você não sabe, para o lugar onde eu tenho designado que você vá. Esse é o sentido desse texto, além de mostrar a maneira como Sete Dias Determinantes

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Pedro morreria dando sua vida como um mártir. A pressão transformaria, finalmente, Pedro numa pedra consistente e firme até a morte. Isso aqui é pressão, e nós temos que chegar nesse nível, de entender: “Senhor, os Teus altos padrões, eu não consigo cumprir, eu não consigo viver uma vida santa, eu não consigo sair do natural. Eu sou natural o tempo todo, as minhas cogitações são naturais, na minha casa, com minha esposa e meus filhos, eu sou natural, as minhas respostas são naturais. Na pressão e no dia-a-dia, eu sou natural, não consigo ser espiritual. Não consigo ser ágape! Eu não consigo atingir esse nível, não está em mim!” Contudo, diante do problema, do impasse, numa situação em que você não sabe como dar a resposta porque as circunstâncias pedem algo além do que você pode fazer... A resposta vem do trono da graça: Eu vou te cingir, Eu vou te guiar, Eu vou te capacitar.

7º - Dia da Manifestação do Destino Finalmente, o último dia: o dia da manifestação do destino. Atos 2.14-39, o dia de Pentecostes! Quem foi o primeiro a identificar o Pentecostes? Pedro. Primeiro, Pedro explicou o que estava acontecendo. Então, se levantou Pedro, com os onze; e, erguendo a voz, advertiu-os nestes termos: Varões judeus e todos os habitantes de Jerusalém, tomai conhecimento disto e atentai nas minhas palavras. (v.14) Vo c ê Pe d e Po d e r; D e u s C o n c e d e P r e s s ã o

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Segundo, Pedro foi o primeiro a proclamar Jesus ressuscitado: Varões israelitas, atendei a estas palavras: Jesus, o Nazareno, varão aprovado por Deus diante de vós com milagres, prodígios e sinais, os quais o próprio Deus realizou por intermédio dele entre vós, como vós mesmos sabeis; sendo este entregue pelo determinado desígnio e presciência de Deus, vós o matastes, crucificando-o por mãos de iníquos; ao qual, porém, Deus ressuscitou, rompendo os grilhões da morte; porquanto não era possível fosse ele retido por ela. (vv.22-24) Terceiro, ele foi o primeiro a ganhar uma multidão pra Jesus. Então, os que lhe aceitaram a palavra foram batizados, havendo um acréscimo naquele dia de quase três mil pessoas. (v.41) Que privilégio! Três mil almas depois de o Pedrão abrir a boca. Uma palavra tão simples! O que ele falou? Só o óbvio. Mas carregada de PODER! Que poder? Poder de muita pressão acumulada que se transformou em muito, muito poder liberado! Que diferença daquele pescador tosco, inseguro, tolo e despreparado de alguns poucos anos atrás! Que obra admirável a pressão realizou nele e através dele! Eu sou fascinado por avivamento, eu sou fascinado por biografias, tenho inúmeras. Eu fico fascinado com a experiência Sete Dias Determinantes

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de Finney, porque apenas por chegar a certos lugares as pessoas caíam das cadeiras, contristadas, compungidas, e iam se arrependendo de seus pecados sem ele ter aberto a boca. Aquilo não aconteceu do nada. Houve um processo de oração, perseverança, fé e de resistência sob poderosa pressão até que um romper fosse liberado por Deus. Vá responder diante da pressão como Pedro respondeu, assim você verá três mil almas se convertendo com uma palavra simples! Apesar da simplicidade e objetividade, a pregação de Pedro no Pentecostes desencadeou um processo em que três mil pessoas foram salvas! Sem microfone, sem consolidação, sem célula! Isso é que é avivamento! Pedro também foi o primeiro a operar milagres (At. 3.6) “Pedro, porém, lhe disse: Não possuo nem prata nem ouro, mas o que tenho, isso te dou: em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, anda”. Uau! Parece com aquele cara fraco, frágil, instável, volúvel, tolo, desbocado, inconstante, ignorante? Pedro também foi o primeiro a ser perseguido (At 5.40). “Chamando os apóstolos, açoitaram-nos e, ordenando-lhes que não falassem em o nome de Jesus, os soltara”. Olha só que diferença... Ele traiu, negou Jesus três vezes e agora é o primeiro a ser perseguido. O que aconteceu com o homem? A pressão virou poder! Que privilégio!!! Pedro foi o primeiro a discernir a ação do diabo na igreja (At 5.1-11). E foi o primeiro a ressuscitar alguém dentre os mortos (At 9.36-43) Vo c ê Pe d e Po d e r; D e u s C o n c e d e P r e s s ã o

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Mas Pedro, tendo feito sair a todos, pondo-se de joelhos, orou; e, voltando-se para o corpo, disse: Tabita, levanta-te! Ela abriu os olhos e, vendo a Pedro, sentou-se. Ele, dando-lhe a mão, levantou-a; e, chamando os santos, especialmente as viúvas, apresentou-a viva. Isto se tornou conhecido por toda Jope, e muitos creram no Senhor. (vv.40-42) Agora a situação extrapolou, Pedro tornou-se tão parecido com Jesus que estava fazendo as mesmas obras que Ele fizera! Isso é resultado de alguém que aprendeu a transformar pressão em poder. Você quer aprender a transformar pressão em poder? “Ah, pastor, não consigo orar!” É claro que não! Quem disse que você consegue na sua força? Não é carne nem sangue. “Ah, não consigo me dominar, não consigo ler a Bíblia...” Pare de querer conseguir, trave a válvula, não aceite esse padrão, deixe acumular a pressão! Descobri que o jejum é para piorar a pressão! Jejum é para levar você à fé. Mas o que é o jejum? É o seguinte: você assumiu que quer vencer mesmo, você travou a válvula de escape da pressão e agora vai pôr lenha na fogueira. “Ah, mas não estou vendo, não estou sentindo, não estou tateando a resposta divina à minha necessidade, não estou ouvindo”. Mas você não tem que ouvir, nem pegar, nem sentir, nem ver nada! Porque o que você conquista em secreto vai se manifestar em público! Sete Dias Determinantes

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Falo isso por experiência. Oro, oro, oro. Jejuo, jejuo, jejuo... E não sinto nada! Não acontece nada! Quando estou jejuando, dependendo do dia eu fico é irritado, nervoso, enfraquecido no físico e no intelecto. Depois de orar, depois de profetizar, cantar, declarar, crer, chorar, gemer, trazer minhas pressões a Deus... Saio dali bem, aliviado, mas sem nada aparente tendo sido conquistado. Então, de repente, as coisas começam a acontecer pois o que você conquista em secreto, transformando a pressão em poder, se manifestará em público. Vou fazer uma pergunta a você, caro leitor: – Você deseja mais poder, mais pressão? Deseja isso deliberadamente? Vá para a presença de Deus de um modo mais intenso. Por exemplo, escolha um fim de semana para trancar-se no quarto orando, jejuando e exercitando seu espírito em fé. Escolha o alvo desse tempo com Deus. Agora, isso tem que ser uma experiência adquirida, na qual o Espírito Santo use a sua realidade e marque você com estas verdades, de modo que estes princípios ensinados se tornem parte da sua vida e da sua experiência cristã. Aí você ganhou! Mas enquanto forem palavras minhas em seu ouvido, a palavra não se aproveitará para nada!

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Capítulo 7

A Tentação de Suavizar a Dor da Pressão Em Mateus 27.33,34, vemos um momento difícil da vida de Jesus: “E, chegando a um lugar chamado Gólgota, que significa Lugar da Caveira, deram-lhe a beber vinho com fel; mas ele, provando-o, não o quis beber”. Quando Deus quer gerar um mover, Ele permite que a pressão aumente e aumente e aumente. Você chega diante de Deus, aquilo alivia um pouquinho, você anda mais dois dias e pensa que vai estourar, mas as coisas aliviam novamente. Sabe qual é a principal questão aqui? É que muitas vezes, em vez de encararmos e enxergarmos a situação concreta com as tintas que Deus quer pintar, temos a tendência de


minimizar a questão, de tornar a questão mais palatável e mais fácil de engolir, essa é uma tendência do ser humano. Nós temos a tendência de tornar aquilo que era vermelho vivo, carmesim, em um cor-de-rosa tom pastel. Nós temos a tendência de evitar dar nome para situações de fracasso. Também temos a tendência de aceitar anestésicos, de fazer de conta que não é conosco. Quando a pressão está grande, tem gente que vai para o shopping fazer compra, ou tira dois dias de férias e vai para a praia. O que essa pessoa está fazendo? Fugindo, abrindo a válvula, procrastinando, protelando, empurrando com a barriga, fazendo de conta que vai resolver. Foi o que Jesus não aceitou fazer na cruz do Calvário. O texto que nós lemos diz que, chegando ao lugar da crucificação, lhe deram a beber vinho com fel, em outra passagem, mirra. O que eram essas substâncias? Eram anestésicos poderosos. A mirra com o fel ou com vinagre causava três efeitos: O primeiro era anestesiar, diminuir a dor da pressão. Mas quando você diminui a dor da pressão, você não está caminhando na direção de resolver o problema. Quando você anestesia a si próprio, fugindo da pressão, escapando da pressão, arranjando uma válvula, ao invés de ir na direção da vontade de Deus, você está indo na direção oposta. Por que Jesus não aceitou o anestésico? Porque era para Ele suportar aquela cruz no seu lugar, no meu lugar, como nosso representante, como nosso substituto, não podia ter anestésico. Da mesma forma, muitas vezes, em vez de você ver o problema e olhar de frente para ele, dar nome para o problema, assumir a responsabilidade do problema, da questão da necessidade, você foge, escapa, atribui responsabilidade a terceiros: “Não é minha responsabilidade, é do meu pai, da minha mãe, do pastor, da tia, da avó, do chefe do departamento, Vo c ê Pe d e Po d e r; D e u s C o n c e d e P r e s s ã o

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do governo, da condição econômica do país”. O casamento vai mal? Ah, é a esposa que não é boa! O casamento vai mal? O marido que é um bronco. O filho está com problema? É porque ele é duro. As situações me esmagam e sempre tem alguém que é culpado, e a responsabilidade nunca é minha. Agindo assim, você permanecerá em algum estágio passado de imaturidade emocional. A pressão para torná-lo em um adulto se desperdiçará com essa tendência sua de fugir das questões cruciais da sua vida. Quando está sob pressão, você joga a culpa no outro ou assume a responsabilidade? Se você é daqueles que sempre lança a culpa no outro, você estará se isentando da responsabilidade, fazendo exatamente o que Cristo não fez, ou seja, você estará tomando mirra com fel, se inebriando, se anestesiando. O segundo motivo pelo qual Jesus não aceitou a bebida (fel com mirra ou fel com vinho) foi porque o fel e o anestésico têm a propriedade de desviar a atenção, distrair. E a terceira razão é porque eles turvam o foco da dor. Quer dizer, você não vai ter clareza do porquê das coisas, pois a situação foi turvada pelo anestésico que você resolveu tomar. Que anestésico é esse, no nosso caso hoje? É o escapismo, a atitude de não entrar na questão e torná-la mais realista, de tampar o sol com a peneira. Você tem essa tendência? Outra expressão bem interessante: Deixa do jeito que está pra ver como é que fica. Você costuma fazer isso? Quem faz isso, quando vem pra ver como ficou, vai ver que está como estava. É como a mensagem: “’Tá’ estressado? Vá pescar”! Sim, vai mesmo, porém, quando retornar com os peixinhos que pescou no seu escapismo, encontrará as mesmas pressões e problemas esperando por você. Assim, o verdadeiro alívio é A Te n t a ç ã o d e S u a v i z a r a D o r d a P r e s s ã o

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trazer tudo aos pés do Senhor com fé, orando até descarregar todas as questões diante dEle. Nesse processo de Deus elevar a pressão para transformá-la em poder, o alvo de Deus é manifestar a glória dEle na sua vida. Ele deseja realizar tudo o que há para ser feito em você e através de você. O alvo de Deus não é lhe dar bênçãos menores, Seu propósito não é lhe oferecer migalhas, o desígnio de Deus não é conduzi-lo a experiências fajutas, mas conduzi-lo à abundância do tesouro de Seu próprio Ser divino e maravilhoso. Bendita pressão! As experiências precisam gerar em nós uma realidade mais profunda, uma conquista mais profunda, uma transformação mais real, uma posição nova, um lugar novo, um lugar de vitória, um lugar de fruto e de descanso. Se não fez isso e se não cumpriu esse propósito, que poder é esse? Que experiência é essa? Então, não tente suavizar a pressão com artifícios humanos, antes, vá para o altar onde esse poder pode ser liberado.

Vo c ê Pe d e Po d e r; D e u s C o n c e d e P r e s s ã o

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Capítulo 8

Quatro Atitudes no Altar Como já foi abordado, há quatro coisas que envolvem o transformar a pressão que está sobre você em poder de Deus: poder para vencer o pecado quando a pressão é do pecado; poder para vencer a necessidade quando a pressão é da necessidade; poder para vencer as circunstâncias quando elas trazem muita pressão; poder para vencer e frutificar na obra de Deus quando a pressão é gerada pela obra; poder para vencer o inimigo quando a pressão é proveniente de espíritos malignos.

Estas quatro atitudes precisam acontecer no altar de Deus para que você não abra a válvula e desperdice a pressão: a. A primeira é crer em Deus, no Seu poder, na Sua grandeza, na Sua fidelidade absoluta, na Sua autoridade.


Crer é uma atitude sua, uma opção, uma decisão, você decide crer. A vida inteira você estará diante da opção de crer e ser crente nEle, ou descrer e ser incrédulo. Ao crer em Deus, você vai se aliviar daquele fardo e canalizar a pressão; b. A segunda atitude é decidir depender de Deus para vencer. Eu não vou depender de mim para vencer o pecado, não vou depender do que eu entendo para resolver minhas necessidades, não vou dar um jeitinho, fazer uma gambiarra, resolver à moda do crente carnal, mas eu vou depender ativamente de Deus até o final; c. A terceira e quarta estão juntas: decidir confiar e descansar em Deus. Entretanto, tenho observado, que muitas vezes chegamos diante do Senhor para praticar todas essas coisas, mas a experiência do descanso não vem instantaneamente, não imediatamente. Qual é o problema, pastor? A “formulazinha” não funcionou? Esse é o problema, não é uma formulazinha. Você fez tudo o que a Escritura ensina, porém o descanso não veio. Sabe quando o descanso vem? Quando o propósito pelo qual Deus permitiu aquela pressão cumprir o seu objetivo até o fim. Se aquela pressão não levou você a uma viva revelação da sua posição em Cristo para você vencer o pecado, se ela não desembocou em uma manifestação do poder de Deus para resolver a questão da necessidade, o descanso simplesmente não virá. A pressão permanecerá sem alívio, até que... Se a pressão não desembocou em perfeita transformação da circunstância ao seu redor, a pressão não vai mudar e você não vai poder experimentar aquele nível de descanso. Se um romper espiritual não deu a você perfeita vitória sobre aqueles espíritos malignos que estavam causando a pressão, o descanso diante Vo c ê Pe d e Po d e r; D e u s C o n c e d e P r e s s ã o

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de Deus, no altar, não vai alcançar você, não vai ser liberado, não vai ser a sua experiência. Até que... Às vezes temos uma visão meio mágica da fé. Eu creio na prosperidade, eu prego isso, eu a experimento na minha vida em muitas áreas. Temos visto Deus agir na vida de centenas e talvez milhares de pessoas, experimento milagres que vieram como resultado de uma fé clara, direta e simples. Já experimentei, já fui instrumento de milagres, já vi milagres acontecendo na vida de pessoas...

Quatro Atitudes no Altar

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Capítulo 9

O Encargo de Deus A primeira coisa que Deus precisa fazer para levar você aonde Ele quer é mostrar-lhe a realidade. É necessário ter seus olhos abertos. Mas vemos tudo sob a ótica de uma superficialidade absurbamente pobre. Na verdade não vemos nada! Aqui está o nosso primeiro problema: você pensa que porque enxerga o que está ao seu redor você está vendo a realidade. Não está! A menos que o Espírito Santo o leve a ver a realidade, você não a enxerga coisa alguma. O casamento pode ir muito mal por causa de certos elementos que faltam em você, mas a menos que Deus revele, não enxergamos como realmente somos. Só na Sua poderosa luz vemos como realmente somos. Isso vale para todos os quadrantes de nossa vida. Então o que é não enxergar a realidade? É você não ver problema algum em não ter unção na sua vida, isso não o


incomoda porque você não vê, você não enxerga. A falta de unção na sua célula não o incomoda porque você não a vê, não a enxerga. A falta de vida não o incomoda porque você não enxerga que não tem vida de Deus, então as coisas não acontecem ao seu redor. Seu carater egoísta e infantil não é percebido e nem visto, a menos que Deus mova e revele, para isso é necessário pedir luz a Deus, clamar por revelação. Se nós não nos movemos, é porque não enxergamos ainda o nível de carência em que estamos. É preciso a graça de Deus para vermos isso. Precisamos de um avivamento, de um mover de Deus, mas esse mover primeiro é pessoal, vem na nossa vida, contudo, a nossa tendência é tomar o anestésico, é tomar a mirra com fel e achar que está tudo bem, mas não está! Eu quero perguntar: a sua mãe se converteu? Seu pai recebeu Jesus? Os seus irmãos foram salvos? Se não, não está bem! O problema é que nós abrimos a válvula e a pressão escapa. Ao invés de fechar a válvula, nós a abrimos e a pressão sai. “Não estou nem aí para o que está acontecendo”. Entes queridos morrendo, o diabo rindo e tocando flauta e as pessoas na igreja sem fome espiritual alguma. Achamos que isso não tem problema algum porque não vemos nada e, por isso, não há pressão alguma. Alguns líderes não têm fome alguma de Deus, não têm sede alguma de Deus, e as pessoas vêm ao culto como quem vem consumir algum produto, vêm como consumidores, como clientes, como fregueses. Isso pode até se manter indefinidamente. Estamos todos inebriados, anestesiados com mirra e fel em vez de dar nome para as coisas. Não há fome de Deus, sede de Deus, desespero por Deus, clamor por Deus. Não há desejo da presença, da glória, da Vo c ê Pe d e Po d e r; D e u s C o n c e d e P r e s s ã o

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graça, do fluir, da vida do Senhor. E aí conduzimos as células, o discipulado, a igreja, a liderança dessa maneira, sem pressão e sem poder. Sem frutos e sem relevância e, ao fazermos isso, oferecemos religião vazia e não a glória de Deus na face de Cristo. Um pouco de um cristianismo aguado somente vacina as pessoas contra a realidade do poderoso evangelho de Cristo. É hora de você aproveitar a falta de experiência com o poder de Deus para transformar isso em pressão na sua vida para levá-lo a experimentar essa realidade. É hora de transformar a falta de unção em pressão para que você tenha unção. É tempo de transformar a falta de graça para liderar. Muitas vezes você se sente totalmente inadequado para liderar em dadas circunstâncias, você não tem resposta para dar, vai além da sua sabedoria, da sua capacidade, do que você consegue. O seu temperamento e a sua personalidade não conseguem se adequar e dar resposta. Aí está uma excelente oportunidade de você transformar pressão em poder, mas em vez de enxergar isso e ir diante de Deus, minimizamos a importância das coisas. “Um dia meu pai se converte”, se você não fechar a válvula, ele não vai se converter nunca. “Um dia minha mãe vem para Jesus”, se você não fechar a válvula, ela não vai se converter nunca. “Um dia meu filho vem para o Senhor”, se você não fechar a válvula, isso não vai acontecer nunca. Existem quadrantes na nossa vida que precisamos enxergar, e eu vou dar algumas dicas: há situações pelas quais você deve chegar diante de Deus e dizer: “Deus, eu não sou o marido espiritual que minha esposa precisa ter, eu sou um homem totalmente natural dentro de casa, os meus papos dentro de casa são totalmente naturais, eu não sou espiritual e nem consigo ser se o Senhor não mover”. Agora, se você não fechar O Encargo de Deus

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a válvula e não transformar essa pressão em poder de Deus para levar você a ser um homem espiritual, sabe quando é que você vai ser um marido espiritual? Nunca! Muitos de nós têm filhos que não são crentes, alguns já eram adultos quando tivemos a experiência de conversão, mas se formos pais naturais, que só falam coisas naturais para os filhos, sabe quando é que esses filhos virão para Jesus? Nunca! O pior é que nós não enxergamos a gravidade disso. Para nós não é grave uma célula não fluir, não é grave a unção não vir quando abrimos a boca, não ter vida nenhuma, não é grave quando a glória de Deus não se manifesta, quando, das pessoas ao nosso redor, nenhuma tem fome de Deus, todo mundo é frio, todo mundo é apático, todo mundo responde parcialmente. Sabe o que tudo isso mostra? Primeiro uma realidade que às vezes não enxergamos: nós não ouvimos o Espírito. Qual foi a última vez que você ouviu o Espírito Santo? Então, nós não ouvimos, continuamos não ouvindo, e achamos que é normal nunca ouvir o Espírito Santo. É preciso que Deus abra os nossos olhos e nos mostre que isso é grave. Nós achamos que vemos a realidade porque enxergamos a realidade que queremos ver. A primeira coisa que Deus faz para transformar a nossa vida é nos levar a enxergar a realidade. Sem enxergar a realidade, ou sem enxergar a importância das questões que nos cercam, não vamos entrar no segundo ponto. O segundo ponto, depois que Deus nos leva a ter visão da realidade, Ele nos leva a ter fome de mudança. Eu tenho fome por mudança no meu casamento, eu tenho fome por Vo c ê Pe d e Po d e r; D e u s C o n c e d e P r e s s ã o

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mudança para ter uma vida mais espiritual, mais íntima. Eu tenho fome de ouvir o Espírito Santo. Contudo, se você não enxergou a necessidade, você não vai se mover do lugar. Depois que você tem fome, isso se transforma dentro de você em uma insatisfação explosiva, “Deus, eu quero mudança; Deus, eu preciso mudar; Deus, faz isso”. Agora, veja bem, não se trata daquela atitude carnal de antes. Outrora você surtava, “que se danem as necessidades, que se danem os outros, eu sou desse jeito mesmo e vou continuar sendo, resolvo os meus problemas à minha maneira e ponto”. Você já decidiu transformar pressão em poder, foi para o altar, só que chegou lá Deus mostrou muitas outras coisas que você não via. Após a insatisfação de Deus ser gerada, você chegou diante de Deus e a pressão só aumenta. Você fechou a válvula, a pressão continua aumentando, se você continuar diante de Deus, essa pressão vai se transformar em encargo. Encargo é um fardo gostoso, agora o Espírito de Deus produziu algo que é dEle, é legítimo, não é mais do homem insatisfeito, não é mais você enxergando a necessidade e não tendo resposta para dar, não é mais você enxergando que não tem unção, impotente diante de um filho rebelde e de um casamento falido. Não é só ficar inativo diante de situações adversas, agora você já enxergou a necessidade e tem a perspectiva de Deus, os fatos pelos “olhos de Deus”. O Espírito Santo gerará algo dEle dentro de você naquela área em que antes havia só insatisfação, aquele sentimento de impotência para mudar certas circunstâncias ao seu redor, sem ter o que fazer. Deus mudará esse sentimento de impotência para tirar alguém das drogas, para mudar um pai alcoólatra, O Encargo de Deus

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para salvar sua filha adolescente. Ele trará genuíno encargo para ter unção, para ter uma liderança que dá respostas em qualquer circunstância. Conduzirá você ao encargo para vencer o pecado e se transformar num crente vencedor. Quando você veio diante de Deus e isso se tornou um encargo, foi o Espírito Santo que tomou aquilo para Si e vai começar a impelir você. Agora é diferente, dá um nó na garganta e uma vontade de orar a respeito daquele assunto, você se sente como uma caixa d’água cheia que precisa se esvaziar; e, à medida que você vai esvaziando, é um prazer ter tal encargo aliviado por Deus. É um prazer vir ao altar e esvaziar o encargo conforme você ora pela igreja. Haverá uma alegria imensa e a percepção de que Deus está ouvindo, fazendo, afetando, movendo à medida que a pressão se transforma em poder de Deus. Quando você está movido por aquele encargo adquirido no altar, onde você transforma pressão em poder, e começa a orar pela célula, você pode orar duas, três horas, sem ver o tempo passar, porque não é carne, não é sangue, é o Espírito Santo que está produzindo encargo, é algo espiritual, é algo sobrenatural. Quando você fazia isso na base apenas da necessidade, era um fardo, a pressão era desperdiçada. Mas quando é encargo, você vai orar pela célula, lembra de alguém e vai às lagrimas por ele. É algo que Deus está gerando. Você lembra daquele casal, e os ama ali em oração, clamando a Deus lá do âmago do seu espírito, porque o Espírito Santo tomou a frente, Ele está movendo. Então não é forçação de barra, não é angustiante, não é um fardo pesado porque Jesus disse que nós devemos aprender dEle, e à medida que aprendemos dEle, nós descobrimos que o seu jugo é suave e o fardo é leve. Vo c ê Pe d e Po d e r; D e u s C o n c e d e P r e s s ã o

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Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma. (Mt 11.29) Muitos porém falham em chegar ao quarto ponto, de ter encargo: Primeiro porque não enxergamos a realidade; segundo porque, como não vemos a realidade, não temos fome de mudança; terceiro porque, quando a vemos, minimizamos o problema, tomamos o fel com mirra, nos anestesiamos, e aquilo não se transforma numa insatisfação permanente diante de Deus, até que Deus opere; e, por fim, jamais entendemos o que é ter o encargo. Você tem encargo pelas coisas importantes da sua vida? Depois que o encargo vem, o Espírito Santo produz graça para você liderar o que você não conseguia, para você tolerar o marido que você não tolerava, para você amar o filho alcoólatra, para você andar a segunda milha. Ele vai dá graça e capacitação. Depois Ele dá poder para você romper naquela área e, finalmente, a glória de Deus vai se manifestar na sua vida.

O Encargo de Deus

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Capítulo 10

A Manifestação da Glória de Deus A Bíblia mostra três situações em que Jesus entrou, e em todas a glória de Deus se manifestou. O propósito de Deus é levar você a experimentar a totalidade da presença, a totalidade da aprovação dEle na sua vida, é manifestar a totalidade da graça dEle para você, não é um pouquinho, não é em medida homeopática. O propósito de Deus é levar você a ouvir o Espírito Santo com regularidade e nitidez, é levar você a receber a presença de Deus, a viver debaixo da influência dessa presença maravilhosa. O propósito de Deus é levar você à plenitude desse viver com o Espírito Santo. Qualquer coisa menos que isso é fajutice, é uma vida cristã tacanha, pequena e não é a vontade de Deus. Contudo, Deus só vai levar você a experimentar essa medida de glória, de manifestação do Senhor, dessa percepção


e dessa experiência de viver debaixo da presença de Deus, da graça de Deus, do poder de Deus, de uma vida frutífera, de um fluir diário, constante, com o Espírito Santo, se você aprender a lidar com a pressão. Nestas três situações Jesus estava sob grande pressão e, ao responder corretamente, durante o processo todo foi que Jesus experimentou a glória e o poder de Deus. E Deus quer nos levar pelo mesmo caminho, mas como eu falei, nós vamos nos desviar da experiência de transformar pressão em poder se não compreendermos que muitas vezes, ao chegarmos diante do altar, não vai haver descanso imediato.

Quero compartilhar três situações na vida de Jesus envolvendo a glória de Deus: a. A primeira é o batismo de Jesus, em Mateus 3.16,17. Olha o que acontece ali quando Deus manifesta Sua glória e fala: Batizado Jesus, saiu logo da água, e eis que se lhe abriram os céus, e viu o Espírito de Deus descendo como pomba, vindo sobre ele. E eis uma voz dos céus, que dizia: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo. Que coisa incrível! A glória de Deus se manifestou, mas por que se manifestou? Porque Jesus não fugiu do ponto, não fugiu da pressão, não fugiu da crise, não fugiu da situação desagradável. Que situação desagradável era? Ele nasceu para se identificar com o pecador, e chegara a hora. O batismo de João era batismo para pecadores desqualificados, pra gente Vo c ê Pe d e Po d e r; D e u s C o n c e d e P r e s s ã o

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safada, pra gente imunda, pra adúltero, pra criminoso, pra ladrão, pra gente que reconhecia o seu pecado. E havia uma multidão vinda de Jerusalém e muitos religiosos ali para criticar e zombar daqueles que aceitavam o batismo de João. Quem aceitava o batismo de João, em outras palavras, estava dizendo: “Eu reconheço que sou pecador e preciso do perdão de Deus!” E chega o momento então de Jesus: totalmente puro, inocente, Filho de Deus, uma vida incontaminada, limpa, santa, perfeita, que deve se identificar com o pecador e vai até João Batista. Ali Ele se identifica com você! Assumindo o seu lugar! Representando você ali, Jesus desce às águas. Ele é o pecador aos olhos do populacho zombador. Muitos se assustam, “quem é?”. Outros comentam, “é um profeta de Nazaré...” E havia burburinho a respeito dEle: “Quem é?...” E o homem Jesus, se identificando com nosso pecado, chega diante de João Batista. João fica desconfortável e diz: “Eu que tenho que ser batizado por ti e tu vens a mim?” E ali Jesus foi batizado. Batizado Jesus, os céus se abriram, o Espírito Santo desceu sobre Ele, e o Pai deu testemunho acerca do Senhor. Enquanto você ignorar e não der nome às coisas, enquanto você ignorar que Deus quer que você “morra”, a glória de Deus não virá sobre você. Devemos assumir o que Deus deseja de nós independentemente dos custos ou da opinião das pessoas. Oh, quanta pressão! Em qual situação você precisa encarar a realidade dos fatos? Que o seu casamento é problemático há décadas, que vocês vivem em uma corda bamba há décadas, que você é um pai que pode ter sido muito responsável por trazer provisão para casa, mas jamais foi amigo e jamais influenciou a vida de seus A Manifestação da Glória de Deus

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filhos? Ou uma mãe muito boazinha, muito bonitinha, muito responsável, que cozinha muito bem, mas jamais liderou, jamais se posicionou, jamais se envolveu, jamais se importou com uma genuína relação com a filha? Decidamos enfrentar a cruz! A cruz é o caminho da vontade de Deus, que no caso de Jesus era ser batizado por João, era se identificar com o pecado, e no seu caso é você ir aonde Deus quer que você vá, encontrar quem Deus quer que você encontre, dizer o que Deus quer que você diga, fazer o que Deus espera que você faça. Posicione-se onde Deus quer que você se posicione, isso é cruz. Isso é uma descomunal pressão que gerará muito fruto bom se você for até o final. Sabe qual o problema do povo pentecostal hoje em dia? Amamos o Pentecostes, mas não queremos ir ao Calvário. Mas como, se o Calvário é a condição para o Pentecostes? Nós queremos a glória, mas não queremos pagar o preço da cruz. A glória é boa demais, mas a cruz é um preço muito alto, então nós vivemos um pseudo cristianismo que vai tapando o sol com a peneira: as pessoas não têm fome de Deus; as pessoas se convertem mas não mudam; o mentiroso continua mentindo; o sensual continua sensual; o inconstante continua inconstante, por quê? Porque, a menos que nós, de fato, encaremos o ponto, jamais vamos experimentar enxergar a realidade, ter fome e insatisfação, experimentar o encargo gerado por Deus, receber graça e poder e, finalmente, ver e experimentar a manifestação da presença e da glória do Senhor. b. A segunda situação em que a glória de Deus se manifesta está em Lucas 9.28-35: Cerca de oito dias depois de proferidas estas palavras, tomando consigo a Pedro, Vo c ê Pe d e Po d e r; D e u s C o n c e d e P r e s s ã o

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João e Tiago, subiu ao monte com o propósito de orar. E aconteceu que, enquanto ele orava, a aparência do seu rosto se transfigurou e suas vestes resplandeceram de brancura. Eis que dois varões falavam com ele: Moisés e Elias, os quais apareceram em glória e falavam da sua partida, que ele estava para cumprir em Jerusalém. Pedro e seus companheiros achavam-se premidos de sono; mas, conservando-se acordados, viram a sua glória e os dois varões que com ele estavam. Ao se retirarem estes de Jesus, disse-lhe Pedro: Mestre, bom é estarmos aqui; então, façamos três tendas: uma será tua, outra, de Moisés, e outra, de Elias, não sabendo, porém, o que dizia. Enquanto assim falava, veio uma nuvem e os envolveu; e encheram-se de medo ao entrarem na nuvem. E dela veio uma voz, dizendo: Este é o meu Filho, o meu eleito; a ele ouvi. Eu pergunto a você: “A glória de Deus se manifestou aqui a troco de nada? Jesus estava ou não sob pressão?” Isso foi pouco tempo antes da crucificação, essa foi uma parada em um caminho onde Jesus rumava para Jerusalém, onde Jesus seria massacrado, rejeitado e crucificado. Então, no caminho para cumprir o propósito de Deus, Jesus não ignorou esse propósito, pelo contrário, em outro texto a Bíblia diz que Ele demonstrou na sua face a firme resolução de ir rumo a Jerusalém. Para quê? Para morrer. A Manifestação da Glória de Deus

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Você tem se determinado a caminhar definitivamente rumo a dar respostas corretas a situações de pressão, a chamar pelo nome o que tem que ser chamado pelo nome? Quando nós fazemos isso, a glória de Deus certamente se manifestará. c. E, finalmente, a terceira situação da manifestação da glória de Deus que vamos estudar está em João 12: Respondeu-lhes Jesus: É chegada a hora de ser glorificado o Filho do homem. (v.23) Nessas três situações estamos falando de glória, mas o que é glória? Temos ouvido muito sobre esse assunto. Glória, para muita gente, é só aquela manifestação sobrenatural quando a presença de Deus vem, enche o recinto, e o ambiente fica denso daquela presença maravilhosa e acontecem aquelas experiências todas. Mas a Bíblia mostra claramente que a glória de Deus tem como objetivo Ele se revelar a nós e, depois, através de nós, essa é a glória que Deus quer manifestar. Como já vimos, o Senhor Jesus quer estabelecer o Seu senhorio em sua vida, não porque Ele é egoísta e quer manter você sob controle, sob rédeas curtas, mas porque, dessa forma e somente assim, Ele pode manifestar a Sua glória e Sua presença a você e através de você. Sem o senhorio de Jesus, você jamais vai experimentar a glória de Deus, que será apenas um conceito distante, etéreo, não prático na sua vida. Se o senhorio de Jesus não se manifestar em sua vida, a glória de Deus nunca vai ser compreendida, a experiência do mover de Deus nunca será sua, a glória vai se limitar àquelas histórias antigas de avivamentos cheirando a naftalina, em livros empoeirados na biblioteca de alguém bem idoso. O Vo c ê Pe d e Po d e r; D e u s C o n c e d e P r e s s ã o

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propósito de Deus é que a glória dEle se manifeste HOJE, e JÁ em nosso meio. Vejamos o que vem em seguida: Em verdade, em verdade vos digo: Se o grão de trigo caindo na terra não morrer, fica ele só; mas se morrer, dá muito fruto. Quem ama a sua vida, perdê-la-á; e quem neste mundo odeia a sua vida, guardá-la-á para a vida eterna. Se alguém me quiser servir, siga-me; e onde eu estiver, ali estará também o meu servo; se alguém me servir, o Pai o honrará. Agora a minha alma está perturbada; (vv.24-29) Não houve descanso, não aquele descanso completo de fim de obra, de propósito cumprido, pois a alma de Jesus estava perturbada. ...e que direi eu? Pai, salva-me desta hora? Mas para isto vim a esta hora. Pai, glorifica o teu nome. Veio, então, do céu esta voz: Já o tenho glorificado, e outra vez o glorificarei. A multidão, pois, que ali estava, e que a ouvira, dizia ter havido um trovão; outros diziam: Um anjo lhe falou. Respondeu Jesus: Não veio esta voz por minha causa, mas por causa de vós. (vv.27-30) Novamente eu quero perguntar: O que você tem feito com a bendita pressão que Deus permite estar sobre a sua vida? A Manifestação da Glória de Deus

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Essa pressão transforma você em um pai melhor, transforma você em um marido melhor, em um crente que tem unção, em um líder que começa a agir em áreas que vão além da capacidade natural de sua personalidade, de seu temperamento, de sua habilitação e de suas qualificações? Essa pressão capacita você a ter vida, a frutificar na célula, a ser instrumento da glória de Deus, ela tem levado você a ouvir o Espírito Santo, e, por fim, a pressão tem levado você a experimentar a glória de Deus e ser canal dessa glória? Se não, estamos todos fazendo “a festinha das baratinhas”. Fazemos de conta que está tudo bem, eu escrevo aquilo que você quer ler, algo bem “pra cima” e, assim, rigorosamente nada acontece. Você minimiza a pressão, se inebria com fel e mirra, se anestesiando para diminuir a dor, e com isso desvia a atenção, turva o foco da questão real. Quando Jesus negou o anestésico, Ele estava dizendo, em outras palavras, “eu vim pra isso, eu vou cumprir isso até o final”. Quando você nega o anestésico, em outras palavras, você diz, “Senhor, eu não vou abrir a válvula, só que eu não tenho encargo, eu não tenho capacidade de gerar, em mim mesmo, fome e sede de Ti, clamor por uma vida reta, íntegra, santa, eu dependo de Ti”. Quando você aprende o endereço do altar, onde se transforma pressão em poder, só o fato de você ir pra Deus e dizer repetidamente, “Senhor, eu não consigo mudar essa pessoa, essa situação está muito além da minha capacidade humana, eu não consigo transformar meu temperamento e minha personalidade, não é por mim que a célula vai se multiplicar... Eu preciso de Ti”, com esta atitude de crer, depender, confiar, Deus guiará você fielmente por essas etapas. Vo c ê Pe d e Po d e r; D e u s C o n c e d e P r e s s ã o

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Em um primeiro momento, talvez Deus mostre que a coisa é muito pior do que você estava imaginando: o filho só chega tarde, vai mal na escola, e agora, quando você vê, ele está envolvido em drogas. Há um princípio a ser descoberto: Deus não põe panos quentes. Assim, tudo o que é abalável Deus trata deixando abalar. O casamento abalou porque era abalável. A vida cristã foi abalada porque estava em base falha, era abalável. A sua fé era muito superficial, muito emocional, você punha expectativas nas pessoas e dependia demais delas. Ou seja, a sua fé é muito fraca, abalável? Vai ser abalada. Então primeiro Deus permite que tudo se abale. Contudo, quando ocorrem esses abalos, Deus mostra o porquê, assim finalmente Ele tem a oportunidade de curar, restaurar e consolidar o que deve ser estabelecido e firmado. Aprendi que quando alguém demonstra que tem fome de Deus e é algo genuíno, isso é muito solene. É sinal notório de que o Espírito Santo já está operando ativamente. Isso é maravilhoso. Essa pessoa está sob a ação direta do Espírito Santo produzindo um desejo que não é natural, não pode ser produzido por carne nem sangue, por argumento algum, mas tão somente pelo poder de Deus. Concluindo, diante das pressões que enfrentamos no dia-a-dia, temos duas atitudes: beber bastante mirra com fel e ficarmos anestesiados, ou fechar a válvula e ir para o altar, diante de Deus, transformando pressão em poder. Isso abrirá portas de um extraordinário poder espiritual, uma profunda maturidade e um liberar do poder de Deus para realizações antes inimagináveis! Até o início do século XIX, tudo o que se produzia no mundo era por meio artesanal. Naquele período, entretanto, com o avanço da física descobriram que se uma quantidade A Manifestação da Glória de Deus

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de água fosse fechada numa caldeira e o vapor se acumulasse, dependendo do tamanho da caldeira e da quantidade de pressão acumulada, qualquer coisa poderia ser movida! Qualquer coisa! Assim nasceu o motor a vapor que revolucionou a produção de todos os tipos de bens, e a Inglaterra encheu o mundo com suas bugigangas industrializadas. Algo mais aconteceu: pesadas locomotivas agora poderiam se movimentar por causa do princípio da pressão acumulada; gigantescos transatlânticos cruzariam agora os oceanos movidos por poderosas fornalhas que alimentavam caldeiras que moviam hélices imensas. A pressão moveu o mundo! Na nossa vida não é diferente. Se olharmos qualquer pessoa que fez história ou que reverteu quadros de dor, perda, humilhação e tragédia, todos têm algo em comum: diante da dor, da perda e do fracasso se levantaram e, se voltando para Deus, foram ao altar indo até o final do processo. Portanto, aquilo que você chama de final de linha, Deus chama de oportunidade. Grande oportunidade sim! Diante do seus próprios limites e do forte senso de incompetência e inadequação, você tem duas alternativas: chorar e se lamber, ou levantar-se em o Nome do Senhor dos Exércitos, que fez o céu e a terra, e transformar todas as suas pressões em poder. Você pede poder, Deus lhe dá pressão! Será assim sempre, portanto, é melhor aprender o endereço do altar e se dirigir para lá, evitando a tentação de buscar alívios momentâneos em qualquer outro lugar. Deus o conduzirá a novos territórios de conquista em cada frente da sua vida. Você finalmente aprenderá, na condução prática do Espírito Santo, a galgar novas altitudes, novos limiares de fruto e transformação pessoal que antes pareciam inimagináveis!

Vo c ê Pe d e Po d e r; D e u s C o n c e d e P r e s s ã o

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