Edição de Março 2014

Page 1

REVISTA

Odum! Orixás www.odum.com.br

Nação l Umbanda l Quimbanda l Camdomblé

Festa da Pombo Gira Sete Saias

Edição Março 2014

JUAREZ DE BARÁ

R$4,00

JULIANO DE OXALA

Homenagem ao Exú Sr. Tranca Ruas

O Bará do Mercado

Buscamos maiores informações sobre esta lenda urbana que confere ao Mercado Público de Porto ALegre status de santidade pagã.

Pai Paulo de Xangô Aganju 35 Anos de Vasilha & Entrega de Axés Pai Rudi de Yemanjá Toque em Homenagem aos Orixás

Foto: Mirian Fitchtner

Porto Alegre nos ombros de EXU


STORY

EXPEDIENTE Edição Especial - Março 2014 Diretor Executivo Jefferson F. Valcam

ÍNDICE DA REVISTA 03-04 T ia Caetana e o Agandju que voava. Babalorixá Gilson de Obá www.tiacaetanadaoba.blogspot.com.br/ 05 C omportamento Pacto contra o Racismo Constitucional Ana Magagnin

Jornalista Responsável Ana Paula Oldomi - Registro 5458

06-07 L uta por direitos religiosos I Conferencia Estadual do Povo de Terreiro RS Realizado no dia 28 de Março.

Editor Chefe

07-08 C ARNAVAL 2014 Imperadores é a campeã Artigo sobre o carnaval.

Diego Farias Gerente Comercial / Fotografia Leandro A. Lopes Colaboração e Agradecimentos Juliana Dal Piva, Michel Alecrim, Emanuel Neves, Cristiano Devicari, Paulinho de Xangô, Jornal das Missões, Rodrigo de Xapanã, Babalorixá Denis de Bará, Eduardo Cezimbra, Yalorixa Cristine de Ogum, Amanda de Iemanjá, Pai Juarez de Bará Lanã, Ogan Alagbe Roger Olanyan T' Aganjú, Carlos A. K. Hoffmann, Mãe Nilza de Yemanja, Pai Paulo de Xangô Aganjú, Pai Luciano de Xangô. Contatos e Informações www.Facebook.com/RevistaOdum Telefone: (51) 3237-5830 E-mail: contato@odumorixas.com.br Os artigos assinados são de inteira responsábilidade de seus autores e não representam necessáriamente a opnião da revista. Todos os direitos reservados © 2007 - 2014

09-10 M atéria Especial / Capa O Bará do Mercado Publico Emanuel Neves 11-12 P ai Juarez de Bará / Milene da Rainha e Márcio do Zé Pilintra Confira as fotos dos eventos realizados em março. Dia 07 e 08 de Março. 13-14 M atéria Especial Batuque - A Religião do RS Eduardo cezimbra 15-16 P ai Paulo de Xangô Agandjú 35 Anos de Vasilha & Entrega de Axés dos filhos Realizado dia 08 de Fevereiro 17-18 M atéria Especial Os mistérios da Umbanda Rpdrogp de Xapanã 21-22 Juliano de Oxalá Homenagem ao Exú Sr. Tranca Ruas Realizado dia 15 de Fevereiro 23 C onvocação 1ª Convocação do Povo de Terreiro Texto por Babalorixá Diba de Yemanjá (site) 24 P ai Rudi de Yemanjá Homenagem a Bará lodê, Ogum Avagã e Oyá Dirã Realizado dia 22 de Fevereiro. 26 O rixás e suas Lendas Março, o mês de Ossanha - Orixá das Folhas e Ervas Juliana Dal Piva 27 C olunista Especial Palavras de um Alagbe Ogan Alagbe Roger Olanyan T' Aganjú

* Livros * Revistas * Catálogos * Jornais * Web Sites * Placas / Banners Página 01

28 M ãe Nilza de Yemanjá Homenagem ao Exú Maré Evento Realizado dia 13 de Fevereiro 29 Homenagem Especial Inauguração do Monumento Mãe Yemanjá Canoas Prefeitura de Canoas, Vereador Paulinho de Odé e Fauers.


Uma nova proposta de Visibilidade da Cultura Brasileira com Matriz africana... O Mercado de Revistas Culturais acaba de ganhar um reforço de peso: Uma das Poucas revistas a tratar especificamente de assuntos sobre o povo Afro-Umbandista no Rio grande do sul, a Revista Odum Orixás - Destino, em Yorubá - Já está em 11 Municipios do Rio grande do sul e chegou para dar maior visibilidade a cultura Brasileira com Matriz na Africa praticada aqui no estado do Rio grande do Sul. A Revista tem como proposta registrar as manifestações afro culturais do Rio grande do sul, estado onde se concentra hoje o maior enclave afro-religioso do Brasil: 5,6% da população segundo o IBGE. Nosso objetivo é tornar-se um polo aglutinador do povo Afroumbandista no Rio grande do sul, promovendo ensinamentos e práticas de forma ecumênica, sem gradação ou julgamento de valores com relação às demais religiões, agregando e gerando conteúdos. Também temos como objetivo dar visibilidade aos produtores de conteúdo, ilês, templos, Tendas, Terreiros e Centros Religiosos. As associações devidamente legalizadas que encabeçam trabalhos reconhecidamente corretos também são o nosso alvo. Queremos assim estabelecer parcerias duradouras e segmentadas com empresas e pessoas que possam agregar valor à prática e divulgação de nossa religião. A Revista Odum Orixás terá uma edição por mês e já pode ser adquirida nos principais ilês, terreiros, lojas de artigos religiosos (floras), aviários, comercio em geral, lojas de vestuário religiosos (axós), bancas de jornais, revistas, livrarias e muito mais.

Alem de noticias dos principais acontecimentos envolvendo a nossa cultura, a revista terá agenda cultural, dica gastronômica, teatro, cinema, música, entrevista, notas de acontecimentos importantes, convites para eventos religiosos, perguntas dos leitores que serão solucionadas por babalorixás e personalidades que também serão convidadas a escreverem sobre diversos temas na nossa Revista. Na Odum Orixás, além de você poder anunciar os seus serviços, você também poderá publicar as fotos de eventos que acontecem em sua casa de religião. Para isso contamos com uma equipe de fotógrafos e designers disponível a qualquer dia da semana. Entre em contato com o nossa Redação e agende uma visita. Vamos até você para dar explicações mais detalhadas de nossos serviços e também sobre a Revista: Telefone: (51) 3237-5830 ou "contato@odumorixas.com.br". Atenciosamente, Jefferson F. Valcam Diretor & Fundador da Revista

WWW.ODUM.COM.BR Já conhece o Portal Online da Revista Odum Orixás? Acesse o site www.odum.com.br e veja as fotos e noticias do mundo afro-umbandista do Rio grande do sul, do Brasil e do mundo. Também estamos no FACEBOOk, curta a nossa página: www.facebook.com.br/RevistaOdum Página 02


A G A O E A TIA CAETAN

Tia Caetana tinha um amor especial com o Orixá Agandju. Ela sempre dizia: “...mão (meu apelido quando gurizote ) Agandju é um só, o resto é Xangô de Agandju”.

E

em especial tinha um que visitava a tia Caetana que me chamava muito a atenção, ele vinha numa reza que eu achava ser de Agodô e dançava fazendo o movimento de atirar o Amalá por cima da cabeça, tipico da passagem mítica em que Xangô vai ver sua mãe Yemanja. Este com certeza foi o Agandju mais lindo que eu já vi dançar sobre a terra na hora do alujá ele era lindo eu tinha quase certeza na minha tenra idade que ele não tocava o chão enquanto dançava e quando redobrava o alujá aí sim era uma coisa linda de se ver parece que saiam raios de suas mãos, a chegada deste orixá era muito saudada, desde tenra idade ele vinha ao mundo. Me contou uma vez a tia Caetana que este moço branco que fedia a carneiro, era filho de um lendário Baba de Nagô Jeje Ijexá, gente muito antiga, gente que ainda plantava seu milho e criava seus bichos da obrigação. Falou-me que viu este Agandju nascer na casa dele anos depois de uma obrigação que ele fez para a "cabeça" na casa do finado Alcimar do Xangô do Oyo. Era uma criança ainda bem nova quando o finado Alcimar chamou a família botou o guri o colo e falou: "… teu pai preto tá partindo aos poucos e não vai mais poder cuidar de ti como teu pai merece, eu já pedi pro santinho te levar para uma casa que possam ter amor e carinho por teu santinho assim como o pai preto." Conta a tia que viu aqueles olhos de criança se encherem de lágrimas, e aquela criança que não era para ter se criado, e foi graças ao Alcimar estava ali bem gorda, se abraçar e chorar de fazer uma cachoeira e dizer, "o pai preto não me quer mais". Disto isto, o próprio orixá respondeu com a criança ainda no colo: “...chegou a hora do meu filho vir viver comigo e aprender mais ainda, para um dia quem sabe, voltar ou não, tu não deve ficar triste pois eu Xango, estou aqui, e sempre estarei e tua raiz de Oyo nunca vai te abandonar!” Passou o tempo e este guri foi para na mão de um Baba do Orixá Xapanã seu Orlandino e na feitura deste Orixá a tia Caetana estava presente, coisa rara, pois ela saía para ir na venda ou no armazém do Juca, na casa dos outros, xiiii, era difícil, mas neste caso, e vai saber o que realmente queria o Orixá para esta presença acontecer, lá estava ela, como sempre, com aquela carinha de anjo esperando o ritual começar.

Me contou ela que foi um axé muito lindo uma obrigação leve e de muita emoção. Disse ela que ao começar a obrigação deste menino ali com 6 anos de idade tudo era feito com muito amor e devoção e que lembrava como se fosse hoje o que o Finado seu Orlandino falou: "...hoje eu apronto este guri para que ele seja um dia um grande zelador de santo e que dele saiam frutos bons e que ele dê a continuidade ao axé que a mim foi confiado"

“...era uma criança...” falou a tia Caetana, “...era uma sentença muito pesada para um menino”. Lembra ainda que seu Orlandino falou: "...ele é um muleque fraco de saúde pequeno e frágil mas seu pai Agadju Emiremi não, e que todos tenham ciência que fazia ela com Oxum Ijemu pois era o desejo do Orixá." E foi assim. Traz bicho, todo mundo paparicando a criança, e traz bodinho e traz cabrita e traz o carneiro. Diz a tia Caetana que ficou apavorada com o tamanho do bicho e ainda comentou com o tio Pardal: "...tchê guri vão afogar esta criança num bicho destes, é muito peso." Mas como dizia a tia Caetana, na casa de João manda João, ela ficou bem quietinha no canto dela, mas foi começar o passeio na mesa e a cantar para o Agandju, que o Burukum do tio Pardal deu um grito e foi lá carregar o bicho. Nisto ja deu correria. Foi um tal de despenca santo e nasce santo e ajuda santo e faz chegada, e o Orlandino lá com uma cara de quem comeu e não gostou, porque tava esperando. Mas passado a correria, se iniciou a obrigação se cortou o carneiro, se cortou os galos, e fez os pombos, e não é que quando o aladorí foi colocado na cabeça da criança, me nasce o agandju.

Página 03


! ! A V A O V ANDJU QUE "... SE TÚ É AGANDJU, TOQUE UM ALUJA!" Bom ai tu imagina meu filho outra correria que foi, é uma cena que nunca mais vou esquecer, tu pensa que o Orlandino se abalou? Nada fez a chegada do santo mandou parar o tambor, pegou um tambor e deu na mão do santo, dizendo:

Este mesmo Agandju me confiou segredos de feitura e de tradição de sua família trouxe a minha presença Orixás ancestrais dele, muito se colocou a disposição nas demandas da vida.

“...se tu é Agandju toca um aluja para estes santos dançarem.”

O filho dele virou meu amigo, conselheiro compadre me deu a honra de segurar na cabeça do meu primeiro filho de santo a obrigação mais importante do Oyo, o burido, me ensinou muito, me orientou muito, me mostrou caminhos, me mostrou erros, me puxou as orelhas com carinho de irmão mais velho, abriu seu coração sentiu o peso da idade, do trabalho duro, das demandas.

E foi o que foi feito. O santo tinha vindo a terra pela primeira vez e já estava embaixo do mal tempo, aquela criança segurando aquele tambor foi sentada com o tambor entre as pernas e tocou um aluja de arrepiar os cabelinhos do dedo do pé. Resultado: o seu Xapanã veio dançar com Agandju. Passou o tempo e o rapaz foi ficando forte, muito carneiro comeu aquele pai muito o filho foi enrolado nos pelegos pra a saúde. Aos 15 anos o filho era pronto. Jogava buzio fazia troca, dava banho, e tocava par e passo a casa com o Orlandino. Ele foi crescendo, foi ficando taludo, com 19 anos levou seus santos para casa, e construiu uma família, teve filhos, e foi feliz ! Muito vi aquele pai dançar aquele alujá no salão de tia Caetana e tive a honra de ele ser o primeiro Orixá no mundo a pisar no meu salão o dia que eu trouxe meus santos para casa, entrou ele Agandju com o alá que cobria meus santos e o depositou aos pés do assentamento de minha mãe e mãe Yemanja, bateu cabeça me abraçou e falou:

"...assim quis Oba assim foi feito agora é o senhor e sua mãe que ela seja uma mãe zelosa e o senhor um filho que tenha respeito por tudo que ela e a ancestralidade dela representam e se um dia precisar de mim eu sou Agandju Emiremi e sempre vou estar do seu lado e de sua mãe."

E Foi assim a vida do meu eterno amigo companheiro de conversa, de ensinamento, Pai Paulinho do Agandju ! Me despeço com dor no coração, este mesmo que te traiu no ultimo sábado dia 4 janeiro e fez com que eu tivesse que me lembrar de tudo que tu me pediu e ser sutil ao recomendar algo na tua despedida ! Segue meu amigo vai passear com a moça da tenda, vai caminhar na chacrinha com o porteira vai correr cruzeiro com Ogum Taugenan e por fim vai encontrar teu pai Agadnju e tua Mãe Oxum desfrutar da convivencia de tua ancestralidade ! Do amigo que um dia pode ser que te encontre ou não, Gilson da Oba ! http://tiacaetanadaoba.blogspot.com.br/ Gilson de Obá

Foi o Orixá que respondeu na hora que recebi meus buzios e facas me lembro exatamente cada palavra que ele me falou em todos os momentos de nossa existência juntos com o filho dele presente ou não muito me responde no buzio nos momentos de tristeza euforia dor e luto.

Página 04


COMPORTAMENTO

Governador assina pacto contra o Racismo constituicional no RS O governador Tarso Genro assinou, nesta sexta-feira (21), no Palácio Piratini, juntamente com o presidente do Tribunal de Justiça, desembargador José Aquino Flôres de Camargo, acordo em que as esferas governamentais comprometem-se a combater o preconceito racial nas instituições públicas.

O pacto foi assinado no Dia Internacional contra a Discriminação Racial, instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU). “O governo não tem apenas que garantir os direitos humanos, mas tem que promover estes direitos e, nesse sentido, todo o aparato do Estado deve estar a serviço dessa política”, ressaltou a secretária de Justiça e Direitos Humanos, Juçara Dutra Vieira. O pacto consiste em compromissos firmados pelas três esferas de governo (Executivo, Legislativo e Judiciário), além do Ministério Público e Defensoria Pública, para combater o racismo institucional, que são: - Aderir ao selo Igualdade Racial é Pra Valer; - Identificar normas, políticas e práticas que apresentem conteúdo discriminatório e adotar medidas para saneá-las e prevenir novas discriminações; - Desenvolver uma competência cultural entre o quadro de servidores públicos para o enfrentamento ao racismo; - Medidas de promoção de negros nos quadros de servidores, através de cotas raciais, por exemplo. “Este ato de hoje vai representar muito para a comunidade negra e para o movimento negro brasileiro porque é uma iniciativa muito importante, creio que seja pioneira no Brasil inclusive; e o Rio Grande do Sul sempre foi inovador nesta questão, com ações como a criação da primeira assessoria para políticas de igualdade racial, além do Fórum Social Mundial e Orçamento Participativo”, destacou o representante da União dos Negros pela Igualdade (Unegro), Dilmair Santos. Também participaram da cerimônia a nova secretária da Justiça e dos Direitos Humanos, Juçara Vieira Dutra, e os secretários da Educação, José Clóvis Azevedo, e da Segurança Pública, Aírton Michels. Texto: Anna Magagnin Edição: Redação Secom (51) 3210.4305

Página 05


UMA CONQUISTA:

I Conferência Estadual Do Povo de Terreiro do Rio grande do sul

O

governador Tarso Genro participou nesta sexta-feira (28), na Capital, da I Conferência Estadual do Povo de Terreiro do Rio Grande do Sul. O principal objetivo do encontro – que se encerra no domingo (30) – é propor um programa de implementação de políticas públicas para as populações de ascendência africana e criar um conselho estadual do povo de terreiro. Ao defender políticas públicas voltadas às religiões originárias da matriz cultural africana, o governador afirmou que, no passado, os povos de terreiros sofriam com a clandestinidade. Recebido por 350 delegados, Tarso ressaltou a importância dos povos de terreiros e disse que o Estado vai aprofundar o diálogo com o grupo. “Essas religiões sempre foram segregadas, sempre foram identificadas como religião dos oprimidos, dos explorados, dos excluídos dentro da história do nosso Brasil”. O governador ainda defendeu o respeito à diversidade religiosa: “Em épocas não muito distantes da história brasileira, os terreiros eram invadidos e as religiões de matriz africana não podiam se expor publicamente, eram religiões clandestinas”. Coordenadora estadual do comitê do povo de terreiro, Sandrali de Campos Bueno destacou que apesar de ser uma instância provisória, o comitê tem como principais atribuições sugerir e propor políticas públicas para o povo de terreiro. No Estado, são 65 mil casas de terreiro. “Somos sociedade civil, mas somos uma parcela que muitas vezes fica alijada do processo das políticas públicas. Isso (o congresso) é uma conquista, é uma vitória para o Rio Grande do Sul, para o país. Somos pioneiros em fazer uma conferência de povo de terreiro e os primeiros a construir um comitê”, afirmou Sandrali. O secretário-geral de Governo, Vinicius Wu, explicou que o encontro tem um valor simbólico importante e vai servir para dar continuidade ao trabalho do governo em busca de afirmação da igualdade. Wu lembrou que a conferência é resultado de dois anos de diálogo com as representações das religiões de matriz africana no Estado. “Esse é um momento de afirmação de um compromisso do Governo do Estado com a igualdade, com o respeito à diversidade religiosa do país e também o reconhecimento das religiões de matriz africana como parte constitutiva da cultura do RS”. Conforme o coordenador da Rede Nacional de Religião Afro Brasileira e Saúde (Renafro), Baba Diba de Yemonjá, o congresso é uma iniciativa inédita. “É um momento histórico não só para o povo de terreiro do Rio Grande do Sul, mas do Brasil, porque é um povo que sai da ‘invisibilidade’ e passa, a partir de agora, a fazer parte da agenda do Governo do Estado, apontando diretrizes de forma qualificada, diretrizes políticas para a dignificação do nosso povo”.

Página 06


CARNAVAL - RS

Imperadores é a Campeã de Porto Alegre! Foi uma onda na qual o vermelho-e-branco cobriu o Complexo Porto Seco, em Porto Alegre. Com grande energia e vibração da torcida, a Imperadores do Samba agradou também aos jurados e sagrou-se a campeã do Carnaval 2014. O tema da escola foram os personagens de Luis Fernando Verissimo, que venceu sua lendária timidez e participou do desfile. Com um escore final de 239,5, a Imperadores superou a rival IAPI por apenas um décimo. A terceira colocada foi Restinga, com 239,1. Os jurados consideraram que a Imperadores fez o melhor trabalho. Durante o desfile, a empolgação da torcida ficou evidente quando a bateria fazia as tradicionais paradinhas e o público segurou o samba cantado na ponta da língua.

08

Página 07


Carnaval

Carlos A. K. Hoffmann “O Carnaval se situa nas fronteiras entre a arte e a vida. [...] é a própria vida apresentada com os elementos característicos da representação”. (Bakhtin, 1999: 06)

Magia e Emoção! A

emoção de um povo é expressa através de sua magia singular, de seus momentos de festa e de sua espontaneidade cultural. A magia de um país está no seu cotidiano, nas suas vozes, vestes e representações de toda ordem. Para o povo brasileiro, sobretudo, o Carnaval é uma de suas maiores expressões de representação, de emoção e de magia. É através dele que toda a singularidade de uma nação é demonstrada ao mundo e a nós mesmos. A capacidade de transformar realidades, criar soluções e usar a criatividade é elevada à máxima potência ao longo do trabalho para esta festa popular. Diversão e Trabalho Trabalho. Muito trabalho, suor e lágrimas. O esforço envidado para a realização de até apenas 70 minutos de passagem pela passarela do samba é enorme. Comunidades inteiras se esforçam para ver através das alegorias e fantasias da festa, a mudança de suas próprias realidades. A vitória da escola é também sua própria vitória pessoal. O sorriso no rosto ao desfilar é a sua própria felicidade ao viver. O suor devido à dança incessante é o mesmo que emoldura seu corpo na labuta diária ao longo do ano. Entretanto, tudo isso vale a pena, sobretudo quando as lágrimas da derrota não são alimentadas. A frustração dói na alma e fere os sentimentos de orgulho e devoção. Mas, faz parte dessa outra realidade construída em paralelo. É a face da realidade da vida que ninguém gosta de trazer para a realidade do Carnaval. Sensações, Sentimentos e Percepções O sentir é o alimento da alma. A vida somente ocorre enquanto há sentimento. E durante o Carnaval há uma matriz de sensações e sentimentos, muitas vezes contraditórios e desconexos, mas que fazem parte desse contexto vivido. A alegria de um ano de trabalho pode ser sublimada pela revolta de um desempenho inesperado na avenida. O fervor e a adrenalina do desfile pessoal podem contrastar com a tristeza gerada pelo desempenho da Escola em seu conjunto. É o viver condensado em apenas uma hora. É o sentir de forma intensa e inesperada. É a emoção do momento de uma realidade que só existe ali, na hora, na passarela. Porque depois tudo o mais não é real para o sambista, é a própria vida. Realidades Uma das características intrínsecas desta festa popular é a criação de uma nova realidade, uma nova ordem e uma nova lógica reinante neste contexto social. A realidade da vida se subverte frente a realidade do Carnaval. Reis e rainhas são coroados e personalidades são insufladas nesse novo mundo. É uma dicotomia intensa e permanente que faz com que Rosângelas virem “Pipocas” ou Fábios virem “reis momos” quando estão na avenida. Também ocasionam a exaltação ao brilho, ao teatro e a beleza, mesmo que fugazes, pois depois tudo volta ao normal. É a realidade da felicidade, da intensidade, do sucesso e da fama em contraste a realidade do trabalho anônimo, dos problemas do dia-a-dia e da falta de reconhecimento pelos mais variados fins. A declaração de Evani Dolores, integrante da Ala Povo Meu da Escola Imperadores do Samba, ressalta bem tudo isso: “É um dia tão bom, tão gostoso. A gente vem para se divertir. Isso tem história, é a família inteira. É tão bom! Adoro tudo isso. É muita emoção. Isto aqui é outra realidade”. Toda esta ficção momentânea também advém do estresse do desfile, da simetria das alegorias e do compasso e descompasso dos passistas e das alas de integrantes. O Carnaval é a diversão da inconseqüência e a inconseqüência da diversão. É a vida como ela deveria ser. Livre, instintiva, sem preconceitos e julgamentos, com brilho, com sentimentos e com emoção. É a vida malandra de um coração arrependido. Carnaval é a luz da humanidade sem a restrição da razão. Entretanto, tudo isso tem um desfecho. O fim é o início de uma nova realidade, da vida natural e de suas questões inadiáveis. Portanto, segundo sempre brada o interprete Sandro Ferraz, “tutufu, agora é sério!”. Até o ano que vem!

Especialista lato sensu em História e Cultura Afro-brasileira pela Universidade Cândido Mendes, em Política e Sociedade pelo Centro Universitário Barão de Mauá e em Gestão Pública Municipal pela Universidade Federal de Santa Maria. Também Professor, Administrador e Analista de Sistemas. Amante do Carnaval e da Cultura e Religião Afrocentrada Carlos A. K. Hoffmann cultura@carloshoffmann.com.br

Página 08


Porto Alegre nos ombros de EXU: O Bará do Mercado H

á uma lenda urbana porto-alegrense que confere ao Mercado Público o status de santidade pagã. É uma beatificação torta que estende sua mística sobre toda a cidade e seus habitantes. Na Praça Paraíso, local onde foi erguido o centro comercial, já se vão quase 150 anos, não havia nada de misterioso: nenhum milagre foi registrado, cemitério indígena algum restou violado. Ao contrário: o lote à beira do Guaíba sacralizouse pelo erguimento do prédio, a partir da sua existência. Reza o mito que o Mercado Público foi entregue à guarda de Exu.

O

assentamento é o procedimento utilizado para aglutinar a energia do orixá em determinado lugar. Uma vez consagrado, esse ponto ganha um dono, um ente vedor, um regente. As oferendas depositadas ali mantêm viva a influência da entidade e a ligação dela com seus fieis. No fundo do mais antigo centro comercial da cidade, alguém teria plantado um Bará. As versões sobre a origem do ritual variam. Uma concede a autoria aos escravos, artífices na construção do empreendimento, como forma de proteção ao assédio dos senhores brancos e augúrio de fartura. Numa modulação improvável da mesma história, um dos escravos teria morrido durante a obra; sem disporem de meios ou local para enterrá-lo, os demais cativos o sepultaram em pé, bem no centro das fundações. A Principal voz corrente sobre a lenda indica que o Bará do Mercado foi ali colocado por Custódio Joaquim de Almeida, um príncipe africano egresso do Reino de Daomé, atual Benim, domiciliado em Porto Alegre no início do século XX. .

Página 09

PRINCIPE NEGRO EM PORTO ALEGRE Tudo é impreciso, obscuro e excêntrico quando se trata da vida de Custódio Joaquim de Almeida, nascido Osuanlele Okizi Erupê, filho do Rei de Daomé. No final do século XIX, quando a Inglaterra apossou-se da Costa do Ouro, Osuanlele fugiu para o porto de São Batista de Ajudá, um entreposto erigido pela colonização portuguesa. Lá, ele adotou o nome Custódio e rumou ao Brasil após entabular um acordo com os britânicos. As condições desse acerto não são claras. A princípio, o Príncipe Custódio receberia uma subvenção vitalícia dos ingleses e jamais poderia retornar à sua terra natal. Ninguém conhece o motivo pelo qual Custódio Joaquim de Almeida, fluente em inglês e francês, escolheu o país como exílio. Talvez tenha sido pela intensa migração de patrícios para as terras sul-americanas, ou quem sabe por indicação do Ifá, o jogo de búzios, oráculo no qual o príncipe era perito. O fato é que, depois de passar por Salvador e Rio de Janeiro, ele aportou na cidade de Rio Grande, em 1899, deslocando-se em seguida para Pelotas e Bagé. Em Pelotas, Príncipe Custódio conheceu Júlio de Castilhos, o responsável por trazê-lo a Porto Alegre, em 1901, provavelmente. À essa época, Júlio de Castilhos debatia-se com um câncer na garganta – mazela empedernida à medicina atual, quanto mais à de cem anos atrás. Positivista, cientificista, homem de luzes e racionalidades, Castilhos entregou-se às mezinhas, aos benzimentos, à panaceia herbária, aos conjuros e tambores do negro curandeiro. O câncer foi inclemente, e o político faleceu dois anos depois de contribuir para a instalação da corte de Príncipe Custódio no casarão da Rua Lopo Gonçalves, número 498, na Cidade Baixa, próximo ao antigo Areal da Baronesa – zona ocupada eminentemente por negros, muitos ex-escravos libertos e descendentes de cativos, quase todos filiados às religiões africanas.


Tendo em Castilhos um avalista de seus sortilégios, Custódio Joaquim de Almeida criou laços com outros ícones da história gaúcha, como Borges de Medeiros, Pinheiro Machado e Getúlio Vargas: de colarinho branco, todos ‘batiam cabeça’ em seu terreiro, suplicando auxílio para lograrem sucesso nos intentos políticos, requestando a abertura das melhores rotas no espinhoso mapa do poder. Figuras de escol da sociedade porto-alegrense também eram habitués do castelo da Lopo Gonçalves, principalmente nas festas homéricas patrocinadas pelo príncipe – eventos pomposos, de sol e lua, calçados no erário que lhe era depositado com pontualidade britânica. No centenário de Custódio, em 1931, as festividades duraram três dias ininterruptos, ao som dos atabaques e das cantigas ancestrais. Na Belle Epóque porto-alegrense, época de transformações, do reinício de lutas infindáveis do negro por seu espaço na sociedade, Príncipe Custódio ululava em trajes de gala pelos cafés e salões da Capital; criava e treinava cavalos para o seu divertimento no seleto hipódromo Moinhos de Vento; passeava pelas ruas numa carruagem tracionada por tordilhos e empreendia temporadas de veraneio em Cidreira – viajava alojado em carros arrastados por bois, com sua comitiva fixa de quase 50 pessoas, sem contar os convidados: o trajeto nunca levava menos de sete dias, pois Custódio fracionava o percurso para aderir às recepções que lhe eram oferecidas nas casas de religião. A atuação de Príncipe Custódio para o batuque gaúcho é considerada fundamental por muitos motivos. A corte do nobre africano não era aberta apenas à elite: Custódio franqueava curas, aconselhamentos e auxílios diversos à população carente que o demandava. Havia até um médico para atender os doentes gratuitamente. Além disso, num período marcado por perseguições, sua influência política garantia a manutenção de certo respeito e segurança à fé dos batuqueiros – termo tornado pejorativo com o tempo. É provável que essa ascendência aos governantes tenha ligação com a pretensa existência não só do Bará do Mercado, mas de outros seis assentamentos espalhados por Porto Alegre.

A CAPITAL DOS 7 EXUS A CAPITAL DOS 7 EXUS A encruzilhada é a intersecção de dois caminhos, vertendo-se desse simbolismo as infinitas orientações. Ao centro de um cruzeiro, num mesmo tempo, em fluxo e refluxo, confluem e emanam todas as possibilidades. É ali que Exu trabalha, abrindo e fechando as veredas da vida e das vidas. No centro do Mercado Público, matriz e convergência das direções, caminho comum a todos nós, por onde passamos alguma ou inúmeras vezes, existe uma demarcação representando o assentamento dessa entidade, o seu trono. Não importando a voz que o evocou, Bará regeria e guarneceria o Mercado Público. Daí viria a razão pela qual o prédio se mantém em pé, resistente a todo tipo de intempérie e turbulência: um incêndio praticamente o devastou em 1913; a enchente de 1941 o alagou quase ao teto; o fogo tornou a castigálo em 1976 e 1979, voltando à carga agora em 2013. Nos anos 70, a prefeitura resolveu desativá-lo e demoli-lo para ceder espaço à pavimentação de uma nova avenida e de um viaduto, mas a medida não foi levada a cabo devido à contrariedade da população – e o Mercado Público, hoje tombado pelo patrimônio histórico, manteve-se aberto à circulação de sua gente. Por essa gente, o guardião também olharia: a energia conjurada e afixada sob o barro secular, imiscuída nas galerias basais do cruzeiro pelo qual vagam 150 mil pessoas por dia, não só zelaria pelo centro comercial, mas vibraria sobre toda a metrópole: o Bará do Mercado Público é o Exu de Porto Alegre, segundo a ancestralidade do africanismo gaúcho. Na névoa com cheiro de alecrim e charuto que paira no rastro deixado pela existência de Príncipe Custódio – falecido aos 104 anos –, esconderiam-se outros seis Barás pulverizados pela Capital. Os orixás teriam sido alocados em sítios estratégicos e desconhecidos, com o intuito de fortalecer a cidade. Haveria dois Barás encravados nas proximidades da Igreja Nossa Senhora das Dores; um outro apararia o Palácio Piratini, sede do Governo Estadual. Quanto aos demais, poucos saberiam dar conta. Esse é um eró, um segredo, um fundamento da religião repassado à confiança de alguns escolhidos, como medida de segurança para evitar que os inimigos, os detratores das seitas, descobrissem e desfizessem a mandinga, diluindo a sua força. Dos 7 Exus que gargalham e oferecem seus ombros para sustentar Porto Alegre, quais Atlas negros e boêmios, o mais representativo é mesmo o do Mercado Público. Página 10


PAI JUAREZ DE BARÁ

Pomba Gira 7 Saias A homenagem a pomba gira 7 saias realizada no dia 07 de Março de 2014 pelo Pai Juarez de Bará foi mais uma prova da sua preocupação em agradar o Povo de Rua, cercando os convidados de muita beleza e sofisticação. Pai Juarez agradece a todos que compareceram no evento e que compartilharam este momento de fé, união e magia. Rua Emílio Keidann, 90 - Bairro Morro Santana - Porto Alegre Fone: 3386.9265 - 3386.3366

12

Página 11


Milene da Rainha E Márcio do Zé Pilintra

A homenagem a pomba gira rainha do cruzeiro e do exú Zé Pilintra foi celebrada na noite do dia 08 de março. Os anfitriões da festa receberam os amigos com muita amabilidade, fartura e comodidade. Os convidados estavam radiantes com todo encanto e magia que a festa exalava. Feliz pelo sucesso da cerimonia, Mãe Milene e Pai Márcio agradeceram a todos que compartilharam com eles este momento de alegria e comemoração. Rua Dr. João Pitta Pinheiro Filho, N 701 - Jardim Camaquã / Fones: 3517-3559 / 9674-2929

Página 12


Batuque: A religião do Rio grande do sul. A religião Afro-Brasileira (e porque não afro-gaucha), estabelecida no Estado do Rio Grande do Sul, no tocante à história de suas origens, não guardou uma fonte segura de informações, e o pouco que se tem guardado vem de opiniões do boca a boca de geração para geração, e as incertezas nas colocações de como eram os rituais antigos ainda estão contidos nos descendentes, que hoje pouco revelam os segredos e as histórias, acontecimentos religiosos que se posto à público só enriqueceriam o nosso aprendizado, exatamente por este motivo muitos sacerdotes tem maneiras diferentes de cultuar seus Orixás

FAMÍLIA DE SANTO Dentro de uma Casa de Religião (Batuque) encontramos uma verdadeira família, como as de padrão convencional. Em primeiro lugar encontramos o Pai ou Mãe-de-Santo, posição máxima, esta pessoa que através das ordens do seu Orixá de cabeça, organiza e aconselha a vida religiosa e muitas vezes material de seus filhos-de-santo, que são irmãos entre si, os irmãos-de-santo do Pai ou da Mãe, são os tios e assim por diante, como em nossa família.

Página 13


N

a antiga casa de religião do saudoso Paulino de Oxalá a feitura de um filho de santo começava com uma lavação de cabeça com o omieró, em seguida um aribibó, e após este fazia-se um Bori e sentava-se o Bará para aquele filho; este Bará recebia obrigações de quatro pés durante sete anos e só depois é que ele aprontava o filho com o assentamento do restante das obrigações. Pai Paulino de Oxalá (Ijexá), nasceu na cidade de Pelotas, no Estado do Rio Grande do Sul, e foi pronto na religião por uma escrava que veio de navio para o porto de Rio Grande e ali se estabeleceu, sua origem era da Nigéria (África), provavelmente este grupo de escravos tenha passado por outros estados no Brasil, mas se estabeleceram, graças a Deus, aqui no Rio Grande do Sul..

CANDOMBLÉ?

Há muitos que pensam que o nosso batuque é filho direto do Candomblé praticado na Bahia, porém, em visita a uma casa de origem Ketu, de um respeitado Babalorixá chamado Albino de Paula, descendente direto de raízes africanas, e de pai Ademir de Iansã, Tata de Inkinsi pronto há muitos anos na nação Angola constata-se que nosso ritual é muito distante do Candomblé, o que mais nos aproxima é a linguagem yoruba, que também é usado no candomblé de Ketu, mas, mesmo com as adaptações que foram feitas pelos afros-descendentes que se estabeleceram em cada estado brasileiro, para poderem continuar cultuando seus Orixás, a diferença nos rituais são imensas, fazendo com que nosso ritual seja quase que único, de uma especialidade inigualável. Temos que dar mais valor a nossa cultura, procurar saber mais de nossa história religiosa e divulgar o nosso culto, fazer respeitar as raízes afro do nosso Rio Grande do Sul, e manter esta árvore viva. Tenho sido enfático no tocante a preservação dos nossos rituais Africanos por que se nota que o batuque puro, fiel às raízes, vem perdendo espaço para chamada linha cruzada, o fato é que se facilitar surgirá uma mistura que não se saberá o que se está cultuando, há de ter uma separação para preservação da "ciência" na prática dos rituais, Umbanda é Umbanda, Quimbanda é Quimbanda e Nação Africana é outro ritual, seria melhor cultuar um de cada vez. As casas de religião tem autonomia para decidir sobre seus afazeres no culto de seus rituais, sem que haja interferências, o Pai ou Mãe de Santo exerce sua autoridade, mas com jeitinho as coisas acabam mudando; muitas vezes se aproxima da casa, novos filhos que já cultuam a umbanda e ou os exus, e os sacerdotes, procuram aprender as práticas rituais da umbanda e dos exus; o que não se pode é deixar um ritual tomar conta de outro, como já se vê em certos lugares, o melhor é cultuar um de cada vez, e todos os rituais serão preservados.

O

Batuque é um culto afro-brasileiro (por que não dizer afro-gaúcho), com influência sudanesa, onde são cultuados 12 Orixás. Os Orixás são espíritos naturais, a própria encarnação da natureza, que se utilizam do Cavalo-de-Santo para se manifestar na terra, trazendo suas características sob influência da Mãe Natureza. Estes Orixás são: Bará, Ogum, Iansã, Xangô, Odé, Otim, Ossanha, Obá, Xapanã, Oxum, Iemanjá e Oxalá. Podemos dividir estes Orixás em dois grandes grupos: os Azedos, de Bará até Xapanã e os Doces de Oxum a Oxalá, características estas que são representadas em suas oferendas e manifestações na terra, os azedos ao se manifestarem são mais bruscos e levam em suas frentes ou oferendas o Epô (azeite de dendê), já os doces quando chegam no mundo são suaves e na sua grande maioria mais velhos e o mel é o que melhor os representa, neste enfoque.

SEGUNDO NOME

Ainda encontramos outros subgrupos identificados em alguns Orixás com o primeiro nome, seguido de um segundo, como por exemplo: Bará: Bará Legba, Bará Lodê, Bará Lanã, Bará Adaqui e Bará Agelú. Ogum: Ogum Avagã, Ogum Onira, Ogum Olobedé e Ogum Adiolá Iansã: Iansã, Oiá Timboá e Oiá Dirã Xangô: Xangô Agandjú de Ibedji, Xangô Agandjú e Xangô Agogô Xapanã: Xapanã Jubeteí, Xapanã Belujá, Xapanã Sapatá Oxum: Oxum Pandá de Ibedji, Oxum Pandá, Oxum Demun, Oxum Olobá e Oxum Docô Iemanjá: Iemanjá Bocí, Iemanjá Bomí e Nanã Borocum Oxalá: Oxalá Obocum, Oxalá Olocum, Oxalá Dacum, Oxalá Jobocum e Oxalá de Orumiláia. Estes segundos nomes dos Orixás poderemos explicar como se em nossa vida terrena, fosse uma classificação por idade ou até mesmo sua área de atuação. Existem ainda um terceiro nome que cada Orixá identifica no jogo de Búzios, este nome passa a ser a identificação secreta, que cabe apenas ao Pai-de-Santo, ao filho e ao Orixá obviamente, ficando o Orixá com três nomes: como por exemplo Bará Lodê Beí, este terceiro é o segredo. Os Orixás que não possuem a subdivisão, o segredo passa a ser o segundo nome, exemplo: Ossanha Ossí Assim como nomes, cada Orixá tem seu tipo de ave, seu tipo de animal de quatro patas e seu tipo de oferenda.

Foto: Mirian Fitchtner

Página 14


Pai Paulo de Aganju

08/02/2014

trega de Axés 35 Anos de Vasilha e en As Raizes de Pai Paulo: Babalorixá Paulo de Xangô Aganjú é filho da Saldosa Mãe Dalva D'Ogum Oniria (Nos deixou em 1994), neto de santo da Mãe Gloria de Ogum Cassadjó e bisneto da Mãe Quininha de Oxum Panda, ambas também já não se encontram junto de nós. Após passar 07 Anos, Paulo de Aganjú se governou no axé do Orixá de Mãe Dalva - Que não cultuava o povo de Exu. Devido a isso, Pai Paulo de Aganjú procurou orientação com o saudoso Pai Geovane da Padilha (Filho de Pai Ydi D' Oxum), onde foi realizada a vasilha da Pombo Gira Maria Mulambo de Pai Paulo. Essa é um pouco da história do grandioso Pai Paulo de Xangô Agandjú, que no dia 08 de Fevereiro comemorou os 35 anos do seu Orixá e recebeu a Equipe da Revista de braços abertos. Pai Paulo, agradece a presença de todos os amigos, clientes e convidados.

Página 15


Entrega de Axés: Além da comemoração dos 35 anos de vasilha, neste prestigioso evento também foi realizada a entrega de axés dos filhos Cheila de Yemanjá Boci, Adriana de Oxum Docô, Wilson de Exú Agelú, Erico de Oxalá Bocum, Jaqueson de Ossanha Dé e Luciano de Xangô Agodô.

Rua Rio Grande, 1092 - Esteio - RS Fone: (51) 3473.0999 - 8475.9849 Página 16


A HISTÓRIA DO BATUQUE NAÇÃO A estruturação do Batuque no estado do Rio Grande do Sul deu-se no início do século XIX, entre os anos de 1833 e 1859 (Correa, 1988 a:69). Tudo indica que os primeiros terreiros foram fundados na região de Rio Grande e Pelotas.

T

em-se notícias, em jornais desta região, matérias sobre cultos de origem africana datadas de abril de 1878, (Jornal do Comércio, Pelotas). Já em Porto Alegre, as noticias relativas ao Batuque, datam da segunda metade do século XIX, quando ocorreu a migração de escravos e ex-escravos da região de Pelotas e Rio Grande para Capital. Lembrando sempre que a língua usada é a Yoruba Os rituais do Batuque seguem fundamentos, principalmente das raízes da nação Ijexá, proveniente da Nigéria, e dá lastro as outras nações como o Jêje do Daomé, hoje Benim, Cabinda (enclave Angolano) e Oyó, também, da região da Nigéria. O Batuque surgiu como diversas religiões afro-brasileiras praticadas no Brasil, tem as suas raízes na África, tendo sido criado e adaptado pelos negros no tempo da escravidão. Um dos principais representantes do Batuque foi o Príncipe Custódio de Xapanã. O nome batuque era dado pelos brancos, sendo que os negros o chamavam de Pará. É da Junção de todas estas nações que se originou esta cultura conhecida como Batuque, e os nomes mais expressivos da antiguidade, que de uma maneira ou de outra contribuíram para a continuidade dos rituais foram: Cantando para os Orixás Ijexá — Paulino de Oxalá Efan, Maria Antonia de Assis (Mãe Antonia de Bará), Manoel Matias (Pai Manoelzinho de Xapanã), Jovita

de Xangô; Miguela do Bará, Pai Idalino de Ogum, Estela de Yemanjá, Ondina de Xapanã, Ormira de Xangô, Pedro de Yemanjá,Pai Tuia de Bará,Pai Tita de Xangô; Menicio Lemos da Yemanjá Zeca Pinheiro de Xapanã, Mãe Rita de Xangô Aganju,entre outros. Oyó — Mãe Emília de Oyá Lajá, princesa Africana , Pai Donga da Yemanjá, Mãe Gratulina de xapanã, Mãe "Pequena" de Obá, Mãe Andrezza Ferreira da Silva, Pai Antoninho da Oxum, Nicola de Xangô, Mãe Moça de Oxum, Miguela de Xangô, Acimar de Xangô, Toninho de Xangô e Tim de Ogum, entre outros. Jêje — Mãe Chininha de Xangô, Príncipe Custódio de Xapanã, João Correa de Lima (Joãozinho do Exú By) responsável pela expansão do Batuque no Uruguai e Argentina, Zé da Saia do Sobô, Loreno do Ogum, Nica do Bará, Alzira de Xangô, Pai Pirica de Xangô;Mãe Dada de Xangô; Leda de Xangô; Pai Tião de Bará; Pai Nelson de Xangô, Pai Vinícius de Oxalá entre outros. Cabinda — Waldemar Antônio dos Santos de Xangô Kamuká; Maria Madalena Aurélio da Silva de Oxum, Palmira Torres de Oxum, Pai Henrique de Oxum, Pai Romário de Oxalá, Pai Gabriel da Oxum,Mãe Marlene de Oxum, Pai Cleon de Oxalá, entre outros. As entidades cultuadas são as mesmas em quase todos terreiros, os assentamentos tem rituais e rezas muito parecidos, as diferenças entre as nações é basicamente em respeito as tradições próprias de cada raiz ancestral, como no preparo de alimentos e oferendas sagradas. O Ijexá é atualmente a nação predominante, encontra-se associado aos rituais de todas nações.

Docinhos para sua Festa! Consulte! (51) 3207-7882 / (51) 8571.4763 Página 17


O ORIXÁ XANGÔ É CONSIDERADO O REI DESSA NAÇÃO, E É O DONO DOS EGUNS, JUNTAMENTE COM OYÁ E XAPANÃ. CRENÇAS:

O batuque é uma religião onde se cultuam vários Orixás, oriundos de várias partes da África, e suas forças estão em parte dentro dos terreiros, onde permanecem seus assentamentos e na maior parte na natureza: rios, lagos, matas, mar, pedreiras, cachoeiras etc., onde também invocamos as vibrações de nossos Orixás. Todo ser humano nasce sob a influencia de um Orixá, e em sua vida terá as vibrações e a proteção deste Orixá que está naturalmente vinculado e rege seu destino, com características individuais, em que o Orixá exige sua dedicação, onde este poderá ser um simples colaborador nos cultos, ou até mesmo se tornar um Babalorixá ou Iyalorixá. Há uma questão de ordem etmológica no Termo Pará, onde afirma-se ser este o outro nome pelo qual é conhecido o Batuque, ora sabe-se que todo frequentador de Terreiros chama na verdade o Peji ou quarto-de-santo de Pará e não o ritual sagrado dos Orixás, este sim o Batuque. Esta questão já está dimensionada desde os anos 50, nas pesquisas etnográficas de Roger Bastide sobre a Religião Africana no Rio Grande do Sul. São consideradas Religiões afro-brasileiras, todas as religiões que tiveram origem nas Religiões tradicionais africanas, que foram trazidas para o Brasil pelos escravos. As Religiões afro-brasileiras são relacionadas com a Religião Yorubá e outras Religiões africanas, e diferentes das Religiões Afro-Caribenhas como a Santeria e o Vodu.

OS ORIXÁS

O culto, no Batuque, é feito exclusivamente aos Orixás, sendo o Bará o primeiro a ser homenageado antes de qualquer outro, e encontra-se seu assentamento em todos os terreiros, no Candomblé o chamam de Exú. Entre os Orixás não há hierarquia, um não é mais importante do que o outro, eles simplesmente se completam cada um com determinadas funções dentro do culto. Os principais Orixás cultuados são: Bará, Ogum, OiáIansã, Xangô, Ibeji (que tem seu ritual ligado ao culto de Xangô e Oxum), Odé, Otim, Oba, Ossaim, Xapanã, Oxum, Iemanjá, Oxalá e Orunmilá (ligado ao culto de Oxalá). E há também divindades que nem todas nações cultuam como: Exú Elegbara, Gama (ligada ao culto de Xapanã), Zína, Zambirá e Xanguín (qualidade rara de Bará) que só os mais antigos tem conhecimentos suficientes para fazer seus rituais. No Rio Grande do Sul a área de conservação das religiões africanas vai de Viamão à fronteira do Uruguai, com os dois grandes centros de Pelotas e de Porto Alegre.

TEMPLOS

No batuque, os templos terreiros são quase que em sua totalidade vinculados as casas de moradia. É destinado um cômodo, geralmente na parte da frente da construção onde são colocados os assentamentos dos Orixás. Neste local são feitos todos os fundamentos de matanças e trabalhos determinados, oferendas para os Orixás, e o local é considerado sagrado, pessoas vestidas de preto, mulheres em dias de menstruação não entram. Junto a esta parte da casa, chamada de quarto de Santo ou Peji, há o salão onde são realizadas as festas para os Orixás. O estado do Rio Grande do Sul foi o maior responsável pela exportação dos rituais africanos para outros países da América do Sul, entre eles Uruguai e Argentina, que também procuram seguir a maneira de cultuar os Orixás, e a construção dos templos seguem exemplos dos seus sacerdotes. Todos os Orixás são montados com ferramentas, Okutás (pedras) etc. e permanecem dentro da mesma casa, com exceção do Bará Lodê e do Ogum Avagãn, que tem seus assentamentos numa casa separada, ficando à frente do templo onde recebem suas oferendas e sacrifícios. A casa dos Eguns também tem lugar definido, é uma construção separada da casa principal, na parte dos fundos do terreiro, onde são feitos diversos rituais. Em caso de falecimento do Babalorixá ou Iyalorixá, dono do terreiro, fica a critério da família o destino do templo, geralmente não tendo um familiar que possa suceder o morto o templo é fechado. Na maioria dos casos na morte de um sacerdote, todas as obrigações são despachadas num ritual especifico chamado de Erissum (Axexê), por este motivo é muito difícil encontrar ilês (casas) com mais de 60 anos, são muito poucos os sacerdotes que destinam seus axés a um sucessor, para dar prosseguimento à raiz. O babalorixá ou Iyalorixá tem a responsabilidade de formar novos sacerdotes, que darão continuidade aos rituais. Para isto é preciso preparar novos filhos de santo, que durante um certo período de tempo aprenderão todos os rituais para preservação dos cultos. O sacerdote chefe deve passar aos futuros Pais ou Mães de Santo, todos os segredos referente aos rituais tais como: uso das folhas (folhas sagradas), execução de trabalhos e oferendas, interpretação do jogo de búzios, e até mesmo como preparar um novo sacerdote. Geralmente o futuro sacerdote já nasce no meio religioso, onde conviverá acompanhando todos os diversos rituais que darão suporte a seus afazeres dentro do culto, e terá pleno conhecimento de todos os tipos de situações que enfrentará em seu futuro templo. O tempo de aprendizado é longo, não se forma um verdadeiro sacerdote de Orixás com menos de sete anos de feitura, e os ensinamentos são passados de acordo com a evolução da capacidade de aprendizado que o noviço tem, já que os ensinamentos são feitos oralmente, não há livros para ensinar os rituais, a melhor maneira de aprender tudo é conviver desde cedo dentro dos terreiros.

Página 18


Os mistérios da Umbanda: O Povo das Ruas!

Foto: Mirian Fitchtner

Exú, é o símbolo da fecundação e do desenvolvimento. Carinhosamente tratados como compadres, amigo intimo, sempre presente para defender seu protegido. Texto Origem Umbanda Foto Miriam Screath

EXU: UM GUARDIÃO, UM PROTETOR...

Os Exús são orientados por guias (os caboclos). Formam numerosas falanges, todas lideradas por grandes chefes agindo no nosso mundo. São criaturas como nós que já encarnaram e desencarnaram na terra muitas vezes, muitos ate exerceram aqui no mundo os mais altos postos e posições, por seu saber e inteligência, onde cometeram grandes males, provocaram guerras e descusões, e hoje no espaço, esses sofredores orientados, buscam se regenerar, trabalhando para o bem, em busca de um crescimento espiritual... Por suas condições, os Exús são usados para levar justiça onde for preciso, limpezas mais graves e serias, abrir caminhos (tanto por negócios como pro amor), entre outros, fazem parte de suas tarefas... Não se pode de forma alguma confundir Exú com o Diabo ou Demonios.

IMAGENS SEMELHANTES A DEMONIOS

Por ocasião da colonização, e da vinda dos africanos para o Brasil, como escravos. Os Jesuítas, tentando converter os escravos ao catolicismo. Incutiram na cabeça dos escravos, que a Entidade Exú, era o Diabo, por seu geito faceiro, alegre, extrovertido. E descreveram o Diabo, como um ser de chifres, com rabo e patas de boi. Assim se transformou em uma lenda a imagem de Exú, como uma entidade demoníaca. Anos depois, quando a religiao pode ser cultuada com mais liberdade, não foi mudada a imagem do Exú, em respeito as historias e lendas contadas. E então até hoje é cultuada dessa maneira em centros de Umbanda e para os cristãos católicos e evangélicos.

POLICIAIS DA RELIGIÃO

Podemos comparar os Exus e Pomba-giras, com a policia da religião, que guarda e toma conta das ruas obedecendo sempre a uma hierarquia, que é o Exu chefe do terreiro, acima dele os guias chefes da casa, e acima desses os Orixás... Podemos comparar os Exus com lixeiros alegres, que passam pelas ruas recolhendo toda a “sujeira”. Ele vem brincando e fazendo algazarras, mais fazem um trabalho enorme em beneficio da sociedade, e que podemos dizer que é um trabalho que nem sempre é reconhecido como deveria. Esse “lixo” seria todos os nossos pensamentos e emoções negativos, ações ruins, nosso orgulho e possíveis cargas... Por isso devemos respeitar sempre ao Maximo o trabalho dos Exus, levando-os a serio, e não os desrespeitando e nem os desmoralizando. A sessão de Exu ou a Gira de Exu, tem a finalidade de descarregar os médiuns e a assistência. Página 19


Pombo Gira / Pomba Gira Quem são as Guardiãs Pombas Giras? Vamos falar bem reduzidamente o que seriam as Guardiãs Pombas Giras: Se os Guardiões Exus são marginalizados, mais ainda são as senhoras Guardiãs Pombas Giras. GUARDIÃS

Há muitas pessoas que as associam com prostitutas, ou simplesmente, mulheres que gostam de se expor aos homens e sedentas por sexo. As distorções e preconceitos são características dos seres humanos quando eles não entendem corretamente algo, querendo trazer ou materializar conceitos abstratos, distorcendo-os. Essas nossas irmãs em Deus nada mais são que espíritos desencarnados, que como os Exus, viveram na Terra e hoje, por afinidade fluídica, militam como mais uma corrente de trabalho portentosa dentro da Umbanda. Não temos culpa se certos “Médiuns” dão passividade para quiumbas ou mesmo fingem uma incorporação de uma Guardiã Pomba Gira, para serem aceitos e terem suas opiniões e mesmo trejeitos aceitos pela comunidade religiosa. Com certeza, exteriorizam somente aquilo que suas mentes doentias acham serem certos.

PREPARO E CONHECIMENTO

Dentro da hierarquia das Guardiãs Pombas Giras, estão divididas em níveis, diversas outras Pombas Gira, da mesma forma que as demais legiões. É claro que em alguns casos podem ocorrer que uma delas em alguma encarnação tivesse passado pela experiência dolorosa de ser uma prostituta, mas, isso não significa que as Guardiãs Pombas Giras tenham sido todas prostitutas e que assim agem. As que foram, hoje estão integradas na Umbanda, a fim de realizarem a grande reforma íntima através da caridade e do Mediunismo redentor. Não se torna uma Guardiã Pomba Gira pelo simples fato de se ter errado perante as Leis Divinas. Afinal, quem nunca errou na vida? Ser uma Guardiã Pomba Gira exige preparo, conhecimento, magia, discernimento e muito amor. É mais uma corrente de trabalho espiritual na Umbanda, onde espíritos seletos atuam na faixa vibratória que mais se afinizam.

GRANDES CONSELHEIRAS

As Guardiãs Pombas Giras de Trabalho são tão maravilhosas quanto os Guardiões Exus. Elas realizam curas até mesmo de enfermidades dadas como incuráveis, desmancham trabalhos de magia negra, resolvem problemas, nos dão conselhos preciosos de como bem dirigir nossas vidas, enfim, fazem tudo pelas pessoas bem intencionadas que as procuram para a prática da caridade. È uma pena que ainda existam pessoas que as procuram somente para desmanchar relacionamentos amorosos ou conquistar alguém. Como nossos irmãos Guias Espirituais, os Guardiões Exus, as Guardiãs Pombas Giras, quando terminarem o círculo de trabalhos espirituais e permanência nas correntes de trabalho na Umbanda irão para uma faixa de espiritualidade superior, e serão conduzidas pelas Leis do Eterno Amor para o seu verdadeiro destino, a sua perfectibilidade e a verdadeira e eterna felicidade nas moradas do Senhor. Por isso, considerando que as Guardiãs Pombas Giras são criaturas como nós, filhos de Deus; considerando que são bem orientadas por Orixás; e que as Guardiãs Pombas Giras de Lei trabalhem somente para o bem, devemos tratá-las com todo carinho e respeito.

Aviário São Benedito - Galos e Galinhas (Todas as Cores) por R$25 e R$20,00. - Pombos (Todas as Cores) por R$50,00 cada. - Galinha da Angola por apenas R$100,00 o Casal. - Cabrito e Cabrita Médios por apenas R$250,00 - Mocha R$300,00 / Carneiro médio por R$350,00

(51) 3338-0644 / (51) 9711-8858 Página 20


Pai Juliano de Oxalá

Homenagem ao Exú Sr. Tranca Ruas Salve Exú Tranca Ruas!

(51) 3446.1028 - (51) 8578.3753 - (51) 9266.0692

Na noite do dia 15/02 num reino já muito conhecido por todos pela tua história de amizade, alegria e festa, as portas foram abertas e por eles uma verdadeira corte entrou, fazendo como rei o Sr. Tranca rua das 7 Encruzilhadas! Que como esperado, recebeu á todos os seus convidados e amigos com a sua alegria.

Falar deste exú, ao mesmo tempo que é fácil, se torna muito difícil... Porque falar nele seria o mesmo que tentar explicar o que ele significa em nossas vidas, no nosso dia-a-dia e na nossa história. Aí começa a dificuldade, pois como se explica a alegria de viver? A paixão pelos familiares? Como se explica o carinho dos amigos? Enfim, um amontoado de sentimentos e sensações que em poucas linhas não são suficientes para explicar. Há 16 anos que este exú está sempre aqui para nos socorrer, chorar, rir, brincar, festar com todos nós! E sempre nos dando a certeza que a magia, a fé, o axé está dentro dos nossos corações. Peçamos todos juntos ás forças do universo, que ele nos permita ter mais 16 anos ou mais deste instrumento em nossas vidas, porque se não o que será de todos nós sem este alicerce, este caminho, esta luz na escuridão que nos ensina a levar a vida como o lendário passaro fenix, que carrega em seu corpo todos os problemas e questionamentos até o momento em que seu corpo incendeia-se por inteiro e como que num milagre ele resurge das cinzas, pronto para recomeçar. Obrigado exú tranca ruas! Por existir em nossas vidas!!! Mensagem escrita pelos filhos de santo do Pai Juliano de Oxalá, em homenagem ao Exú Sr. Tranca Ruas.

E NÃO BEBE DIZEM QUE NOS OLHOS DELE TEM MAGIA... DIZEM QUE EL

Página 21


ILHADAS! UZ CR EN 7 S DA I RE O É E EL E QU M ZE DI . S.. DA ZA RI DA E SÓ E

EXÚ TRANCA RUAS

Página 22


AGRADECIMENTO

Povo de Terreiro e a I Conferencia Estadual O

Rio Grande do Sul de Matriz Africana, viveu um momento histórico. O Povo de Terreiro conquista junto ao governo do estado O Comitê Estadual de Povo de Terreiro, que não é apenas uma conquista singular, mas uma conquista que dialoga com um complexo ações que mudarão a história do Povo Negro no RS. O que parecia utopia, torna-se realidade. Esta é uma demonstração que como o povo quando quer e reaviva a memória do seu caráter coletivo, faz e modifica. O comitê entre tantos atributos, deve entregar um diagnóstico da questão racial no RS e apontar a criação imediata, inconteste da Secretária Estadual de Promoção da Igualdade Racial. O povo negro gaúcho espera isto do governador Tarso Genro. Muitas Cidades e Regiões do estado do RS mobilizaram seus terreiros para as etapas Municipais e/ou regionais da conferencia que foi realizado no dia 28 de março de 2014 em Porto Alegre e reuniu 500 pessoas. A Conferencia Municipal de Porto Alegre aconteceu dia 26 de fevereiro no Auditório dos Correios e Telégrafos e reuniu 250 pais e Mães de Santo além de convidados e observadores. Esta é uma conquista história para o Povo de Terreiro do Brasil, uma ação pioneira conquistada através de um diálogo qualificado com o governo do estado e cada vivenciador da tradição de matriz africana do Povo de Terreiro deve honrar esta conquista participando massivamente de todos os processos. O desafio esta posto!

O pirão esta na mesa! O bode está na sala, como diriam nossos mais velhos. Mãos a obra, vamos dizer ao estado pela primeira vez, qual o modelo de política que queremos para o nosso povo. Pelo respeito à tradição de matriz africana! Pelo respeito ao povo de terreiro! Pelo respeito ao estado laico! Pelo respeito a história e memória de um povo que construiu e constrói este pais! Pelo respeito à ancestralidade negro-africana! Este movimento não foi é um movimento de turbantes e de vaidades, mas sim um movimento de cidadania. Não vamos permitir que os lados e correntes nos dividam. Somos um só, Africa é nosso lado e nossa corrente. Vamos lutar juntos pelo que nos iguala, Entre direita e esquerda somos negros e Povo de Terreiro!. Texto adaptado por: Revista Odum Orixás. Texto original em: http://www.babadybadeyemonja.com/ * Baba Diba de Iyemonja

4,5 Metros de Tecido Apenas R$200,00 (51) 3338-0644 ou (51) 9711-8858 Página 23 Página 17


Pai Rudi de Yemanjá Bará Lodê, Ogum Avagã e Oyá Dirã

Um toque memorável. Essa foi a conclusão de amigos e clientes que estiveram presentes na Festa em homenagem aos orixás Bará lodê, Ogum Avagã e Oyá Dirã do Pai Rudi de Yemanjá no dia 22 de Fevereiro de 2014. Pai Rudi agradece a presença e o carinho de todos que estiveram presentes. Em especial aos seus Filhos, netos de santo e também ao seu Babalorixá Pai Juarez de Bará Lana. Ylê Yemanjá Boci (51) 9389-1402 - Pai Rudi de Yemanjá

Desejamos aos mesmos, muita paz, alegria e vitórias.

PAI JUAREZ DE BARÁ LANÃ PAI RUDI DE YEMANJÁ Página 24 18


Cobertura Fotográfica Completa Não deixe de registrar e guardar para sempre os melhores momentos do seu ilê, terreiro, casa de santo. Faça um orçamento conosco e não deixe suas memórias serem perdidas no tempo! Temos serviço de qualidade, a um preço justo. Trabalhamos com profissionalismo, pontualidade e respeito.

CONFIRA A NOSSA PROMOÇÃO NA COBERTURA FOTOGRÁFICA 1 Página na Revista + CD + Fotos no Site LIGUE E CONFIRA OS NOSSOS PREÇOS

Fotos Profissionais em HD A Partir de R$250,00 Confira! (51) 3237-5830 / (51) 9213-5214

Página 25


Março: O Mês de Ossanha Dia 19 de Março foi o dia do Orixá das Folhas...

A

Este Orixá pertence todas as folhas medicinais e ervas utilizadas nos rituais de Nação, por este motivo, temos um Orixá muito respeitado e cultuado em todos as Casas de Religião, podemos dizer que Ossanha possui a solução para todos os problemas relacionados a cura de enfermos, tanto material quanto espiritual.

C Os filhos de ossanhã são pessoas de caráter equilibrado, que controlam seus sentimentos e emoções e não são influenciáveis.

onta uma lenda muito difundida em Cuba, que certo dia Xangô se queixa a Iansã uma de suas mulheres, que somente Ossanha possuía o segredo medicinal das ervas, e portanto todos os Orixás estavam dependendo dele na terra. Para agradar o Marido, Iansã lança seus ventos fortes aos quatro cantos do mundo, estes ventos derrubaram a cabaça de Ossanha que estava pendurada em uma árvore, quando o Orixá viu aquilo acontecer saiu gritando: "Ewé O! Ewé O!" ('Oh! As folhas! Oh! As folhas!'), só que já era tarde demais, os Orixás pegaram o que foi possível e as repartiram entre sí. Este Orixá não possui uma das pernas, caminha com auxílio de muletas, quando se manifesta em algum filho, este dança normalmente em apenas em uma de suas pernas.

Página 26


Palavras de um

Alagbe

Sem dúvida somos a alma do batuque, modéstia a parte, nós fazemos a festa, nos invocamos os orixás para que nossos adeptos possam conviver de sua força e magia. Temos que amar o que fazemos e amar nossos orixás, mas não basta fé e amor, tem que haver uma grande preparação e um enorme conhecimento para podermos nos dizer alagbes.

H

oje em dia há uma grande confusão entre tamboreiro e alagbe, pois para ser alagbe existe inúmeras feituras obrigatórias, que passam desde um simples axé de varas até um axé de Ayan ( a popular inhã). Para sermos alagbe temos que ser no mínimo oborido de quatro pés (feito ao nosso orixá), pois se para participar de um emisso kassun (balança), todos participantes tem obrigatoriamente que ter quatro pés porque nos alagbes também não temos que ter? Alem da feitura de cabeça existem feituras de alagbes, como axé de ilú, (tambor básico do batuque) e ayan (tambor tocado somente por alagbes prontos), e um axé de voz . Não vou me estender sobre fundamento de feitura de alagbes pois podem variar de casa para casa, visto que cada GOA mantem seu costume. Tamboreiro é para culto a umbanda e kimbanda. Hoje em dia com o uso da internet, e também livros e alfarrabos de babás e iyas e alguns mestres de alagbes, nós a nova geração conseguimos achar mais conteúdo a respeito, pois existem um maior numero de opções de aprendizado, existe como buscar mais conhecimento, sempre agregado a feitura de GOA claro. Todo alagbe deve saber o inicio (toque aos orixás) e o fim (arisun). Antigamente o alagbe tocava especificamente para sua GOA , e sabia apenas a sua nação, eram raros os que tocavam para varias casas de nações diferentes, hoje em dia o cargo alagbe praticamente virou profissão pois dificilmente o alagbe toque apenas para seu ilê, a maioria toca para fora como costumamos dizer, tendo clientes e amigos que não abrem mão de realizar suas obrigações e toques com determinado alagbe, mesmo ele não sendo da casa ou feitura do contratante. O axé (pagamento)também mudou muito de umas décadas para cá, antigamente nas rezas de oxalá o povo atirava moedas e notas para cima do alá o que era recolhido e seria o axé do alagbe, hoje em dia o valor varia de 200 reais até mil reais conforme obrigação, existe praticamente uma tabela de preços aonde poucos fogem da media cobrada. Ao contratarem um alagbe é bom procurar se informar sobre sua feitura como alagbe e na sua feitura de santo, saber para quem tocou , como foi o andamento da festa e etc.... Deixo um Axé a todos e aguardamos as dúvidas dos irmãos pelo email: melfervendo@gmail.com Ogan Alagbe Roger Olanyan T' Aganjú (51) 8441-7371 ou (51) 8440-2678

Página 27


Mãe Nilza de Yemanjá Homenagem ao Exú Maré

Na noite do dia 13 de Fevereiro a poderosa energia do povo de exus foi saudada com muita alegria na homenagem realizada por Mãe Nilza de Iemanjá ao seu Exu Maré. Dezenas de amigos prestigiaram a solenidade. Como sempre, foram recebidos com muito carinho e atenção. Mãe Nilza e seus Filhos agradecem a presença e Rua Santa Izabel, 340 - Bairro Bom Jesus - Porto Alegre Fone: 9376.1277

o carinho de todos. Laroiê Exú!!!

Página 28


HOMENAGEM

Escultura da Mãe Yemanjá Inaugurada em Canoas! Uma estátua em homenagem a Iemanjá, de autoria do escultor Tatti Moreno, foi inaugurada no dia 2 de fevereiro, data dedicada à "rainha das águas", na Prainha de Paquetá. O anúncio já havia sido feito pelo prefeito Jairo Jorge, durante o 9º Dia Municipal de Oxóssi e Zélio Fernandino de Moraes, celebrado na tarde deste domingo (26), no Parque Municipal Getúlio Vargas. O artista baiano visitou Canoas em setembro de 2011, quando divulgou seu trabalho e reuniu-se com líderes de religiões de matriz africana. O prefeito adiantou, ainda, que o Município firmou convênio com a Federação Afro Umbandista e Espiritualista do Estado do Rio Grande do Sul (Fauers) para a realização de estudos visando à implantação do "Parque da Fé". O santuário afro-umbandista está localizado às margens do Rio Gravataí, no Bairro Niterói - Canoas.

Parabéns a Fauers, A Prefeitura de Canoas e a todo o povo afro-umbandista do RS!

PRAIA DA PAQUETÁ eleza natural, ar puro e tranquilidade. Desconhecida B por muitos gaúchos, a Praia de Paquetá é um parque natural escondido na Região Metropolitana de Porto

HISTÓRIA A praia começou a ser estimulada como área de lazer a partir de 1885, quando o major Vicente Ferrer da Silva Freire vendeu os primeiros lotes de chácaras adquiridos por porto-alegrenses que a transformaram em aprazível lugar de veraneio. O local, antigamente chamado de Quilombo por servir de refúgio para escravos, começou a mudar a partir de 1890 com o aumento da população na cidade.

Página 29

Foto: Facebook / Mozart de Iemanja

Alegre. Localizada no município de Canoas, a área conhecida pelos nativos como ‘prainha’ fica a apenas 9km da capital. Ponto de veraneio dos primeiros moradores que chegaram ao município canoense, em 1874, a Praia de Paquetá é parte da Orla do Rio dos Sinos, divisor de águas entre Canoas e Nova Santa Rita, e é onde desemboca o Rio dos Sinos e Jacuí. aprazível lugar de veraneio.


4,5 Metros de Tecidos por apenas R$200,00!! Consulte-nos.

(51) 3338-0644 ou (51) 9711-8858 Pรกgina 30


Pa ra R e f l e t i r . . . Fofoca no Ylê e As três Peneiras Um antigo filho, procurou um sábio babalorixá e disse-lhe: - Preciso contar-lhe algo sobre meu irmão de santo. Você não imagina o que me contaram a respeito de... Nem chegou a terminar a frase, quando o sábio babalorixá ergueu os olhos do livro que lia e perguntou: - Espere um pouco. O que vai me contar já passou pelo crivo das três peneiras? Peneiras? Que peneiras? - Sim. A primeira é a da verdade. Você tem certeza de que o que vai me contar é absolutamente verdadeiro? - Não. Como posso saber? O que sei foi o que me contaram! - Então suas palavras já vazaram a primeira peneira. Vamos então para a segunda peneira: a bondade. O que vai me contar, gostaria que os outros também dissessem a seu respeito? - Não! Absolutamente, não! - Então suas palavras vazaram, também, a segunda peneira. Vamos agora para a terceira peneira: a necessidade. Você acha mesmo necessário contar-me esse fato, ou mesmo passá-lo adiante? Resolve alguma coisa? Ajuda alguém? Melhora alguma coisa? Não... Passando pelo crivo das três peneiras, compreendi que nada me resta do que iria contar. E o sábio sorrindo concluiu: - Se passar pelas três peneiras, conte! Tanto eu, quanto você e os outros iremos nos beneficiar. Caso contrário, esqueça e enterre tudo. Será uma fofoca a menos para envenenar o ambiente e fomentar a discórdia entre irmãos. Devemos ser sempre a estação terminal de qualquer comentário infeliz! Da próxima vez que ouvir algo, antes de ceder ao impulso de passá-lo adiante, submeta-o ao crivo das três peneiras porque: Pessoas sábias falam sobre idéias; Pessoas comuns falam sobre coisas; Pessoas medíocres falam sobre pessoas.

A g ra d e c i m e n t o E s p e c i a l Na capa desta edição e também nas páginas 13, 17, 19, 23 e contra-capa utilizamos algumas imagens do livro "cavalo de santo" idealizado pela premiada fotógrafa Mirian Fichtner. O projeto do livro Cavalo de Santo– Religiões afro-gaúchas, nasceu de uma análise do censo IBGE, que em 2005 colocava o Rio Grande do Sul como o estado brasileiro com maior número de adeptos declarados e de terreiros no Brasil. Surpresa com a notícia, a fotógrafa decidiu documentar os rituais. Depois de estudar cem terreiros e visitar mais de trinta casas, a fotógrafa selecionou treze para documentar em seu livro. Das 10.000 fotos produzidas entre 2006 e 2010, foram selecionadas 153 para compor o livro. Nestas imagens com forte apelo estético, encontramos pais e mães-desanto com mais de 50 anos de feitura, a preparação de oferendas em vários rituais, alguns em extinção, e a exibição de todas as linhas da religiosidade afro em Porto Alegre, região metropolitana, litoral e no sul do Estado, berço da ancestralidade afro no Rio Grande do Sul. Parte das imagens que compõe o livro estão "embelezando" esta edição da Revista Odum Orixás. Obrigado Mirian, muito sucesso, muito axé!

SITE OFICIAL DA REVISTA ODUM Veja em primeira mão as fotos dos principais eventos religiosos que acontecem no Rio grande do sul, além de também ficar sempre informado com noticias diariamente. Acesse o nosso site: www.odum.com.br e nos adicione no Facebook! www.facebook.com/RevistaOdum


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.