Quadrinhos Negros

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Em março do ano passado uma cópia da edição nº 1 da revista All-Negro Comics, publicada originalmente em 1947, foi a leilão. Hoje, muito rara e de grande valor, mas na época vendida por 15 centavos. Uma criação do jornalista negro Orrin C. Evans, da Filadélfia. Na verdade, ele vivia um momento histórico delicado, apesar de os quadrinhos já serem populares desde os anos 1930. Como qualquer outra arte, os gibis sempre foram espelho dos anseios e preconceitos de uma época. E como personagens ou superheróis, a cultura negra contribuiu – e muito – para o desenvolvimento das histórias em quadrinhos

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Em março do ano passado uma cópia da edição nº 1 da revista All-Negro Comics, publicada originalmente em 1947, foi a leilão. Hoje, muito rara e de grande valor, mas na época vendida por 15 centavos. Uma criação do jornalista negro Orrin C. Evans, da Filadélfia. Na verdade, ele vivia um momento histórico delicado, apesar de os quadrinhos já serem populares desde os anos 1930. Como qualquer outra arte, os gibis sempre foram espelho dos anseios e preconceitos de uma época. E como personagens ou superheróis, a cultura negra contribuiu – e muito – para o desenvolvimento das histórias em quadrinhos por ALEXANDRE DE MAIO

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Os primeiros personagens negros refletiam estereótipos e discriminação. Nas publicações estavam sempre restritos a coadjuvantes ou a personagens cômicos, como na história Donald na África (Voodoo Hoodoo, publicada pela primeira vez em 1949), onde o zumbi Corongo perseguia o Tio Patinhas, e os nativos africanos eram caracterizados com inteligência limitada ou como pessoas que queriam tirar proveitos dos turistas. Seu conteúdo “discriminatório” fez com que várias cenas fossem alteradas ou apagadas quando a história rodou o mundo. Outros gibis traziam os mesmos preconceitos nos anos 1930,

como Fantasma, Jim das Selvas, Kazer e Tarzan, fatos que incomodavam os militantes negros que ganhavam força. Um deles era o jornalista Orrin C. Evans, membro da histórica Associação Nacional pelo Progresso das Pessoas de Cor (NAACP). Como muitos, ele acreditava no potencial educativo dos gibis em que heróis negros poderiam servir como referência positiva para as crianças afro-americanas. Assim, Orrin convocou várias artistas e, em 1947, lançou o All Negro Comics. O trabalho, porém, não passou da edição 1, devido a muitos problemas e pressões.

Raridades: edições All-Negro Comics, a primeira revista em quadrinhos com personagens negros

O COMEÇO DA OUSADIA O primeiro personagem fixo negro dos quadrinhos foi Whitewash. Lançado como grande destaque da Marvel, era caracterizado como um “mano” do Harlem, sempre salvo pelos poderosos parceiros. Uma garantia de gargalhadas com seu jeito atrapalhado. Will Eisner, com sua série Spirit também trouxe o Ébano Branco, que se destacava pelo jeito errado de falar, fazendo com que o grande mestre dos quadrinhos, anos mais tarde, admitisse que tinha errado a mão. Coisa semelhante aconteceu com Lothar, criado por Lee Falk para a série Mandrake, o Mágico. Os anos se passaram e esse nicho de mercado foi ocupado por outras editoras como a Fawcett, que publicou uma revista chamada Negro Romance, em 1955. Alguns atletas negros como Joe Lewis e Jack Robinson chegaram a ter suas biografias quadrinizadas. Em 1953, a editora EC Comics publicou In Gratitude, onde um veterano de guerra questionava seus conterrâneos por se recusarem a enterrar um amigo negro. Em outra história intitulada Judgement Day, um astronauta vai a um planeta e desafia a segregação da sociedade de robôs dividida em azuis e laranjas. Só no último quadro ele se revela um homem negro. Perseguida pelos puritanos da época, a editora foi à falência. Tempos difíceis...

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John Stewart é um personagem negro de quadrinhos publicados pela DC Comics. Ele apareceu pela primeira vez em Green Lantern vol. 2 # 87 (Dezembro 1971), e foi criado por Dennis O’Neil e Neal Adams.

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PRIMEIRO HERÓI DA RAÇA

O personagem Pantera Negra, de Stan Lee foi inspirado na facção de mesmo nome, que pregava o uso da violência

As alas mais radicais do movimento negro, como a Nação do Islã, de Malcom X, e o Partido dos Panteras Negras, tinham simpatizantes dentro do universo dos quadrinhos e isso influenciava diretamente a produção da Marvel. Em 1965, Stan Lee lançou um gibi de guerra, Sargento Fury e o Comando Selvagem, que tinha o personagem Gabe Jones – soldado e músico de jazz que se expressava em um inglês impecável e sua bravura no campo de batalha era sempre ressaltada. Mas o grande personagem da época veio no ano seguinte, inspirado pelo surgimento do Partido Panteras Negras, onde os artistas Stan Lee e Jack Kirby (mesmo sem nunca terem confessado) introduziram na edição 52 do Quarteto

Fantástico o primeiro super-herói negro da história dos comics: o Pantera Negra! Ele assumiu o trono de um fictício reino africano chamado Wakanda, depois da morte de seu pai. Viajou para a América, onde estudou e se transformou em um brilhante cientista. Ao retornar a Wakanda, ingeriu uma erva sagrada que expandiu sua força, agilidade e sentidos. Negociando o metal vibranium - só encontrado em Wakanda - transformou seu reino na nação mais evoluída tecnologicamente do Universo Marvel. O público gostou do que viu e o personagem fez mais algumas aparições no título. Em 1968, no gibi Avengers 52, o Pantera Negra tornou-se membro de Os Vingadores.

OS PRIMEIROS PERSONAGENS NEGROS REFLETIAM ESTEREÓTIPOS E DISCRIMINAÇÃO. NAS PUBLICAÇÕES ESTAVAM SEMPRE RESTRITOS A COADJUVANTES OU A PERSONAGENS CÔMICOS” 62 | RAÇA BRASIL


UM CASO DE RACISMO Na mesma época, a DC Comics (concorrente da Marvel), de personagens como Super-Homem e Batman, publicou timidamente gibis que discutia a negritude. Mas um terrível caso marcou a editora, em 1969. Os diretores invadiram a gráfica e mandaram suspender o gibi que trazia a história da Turma Titã #20 que, na opinião deles, pregava o racismo “ao contrário”. No roteiro frases como “eu vou dar um jeito nesses últimos 300 anos de racismo, seus brancos metidos!”. Uma história onde um herói negro chamado Jericó ajudava o seu irmão – manipulado por um vilão - querendo provar a ele que mais importante que o uso da violência era a luta pacífica pela igualdade entre as raças. Mas os editores não entenderam assim, ou, mais provavelmente, tinham medo de uma reação negativa dos conservadores. O desenhista Neal Adams ainda se prestou ao papel de refazer a história, transformando o negro Jericó em um adolescente branco com novos diálogos. Os negros foram pintados de azul. As mudanças enfureceram os roteiristas, que saíram da DC, acusando a editora de racismo por ter censurado uma história que tinha um super-herói negro. Ainda nesse ano o personagem Falcão ganhou tanto destaque nas histórias do Capitão América que a revista passou a se chamar Captain America and the Falcon.

Cyborg

Tudo era motivo para estarem juntos: festas juninas...

A EXPLOSÃO NEGRA

FOTO ARQUIVO PESSOAL

Capitão América e Falcão Negro

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Nos anos 1970, as reivindicações dos negros se concretizavam e uma grande “invasão” aconteceu nos cinemas, na música e, é claro, nos quadrinhos. Foram dezenas de personagens, como Vykin, da revista Povo da Eternidade (1971) – o primeiro super-herói negro da DC, com poderes magnéticos e grande inteligência, feito por Jack Kirby. A editora não parava, talvez movida pelo fiasco da acusação de racismo envolvendo a Turma Titã 20. Um ano antes ela revelou que em Krypton (planeta natal do Super-Homem) havia negros e que a Mulher-Maravilha tinha uma irmã afro-descendente. A Marvel não ficava atrás e, a partir da edição 5 do gibi Jungle Action, finalmente começou a publicar as aventuras-solo do Pantera Negra. Na mesma época, surgiu o primeiro super-herói negro a estrear ... ou fim-de-semana no em seu próprio título, o glorioso Luke Cage. O gibi de campo, para “bebemorar” estreia, Luke Cage Hero for Hire (Luke Cage Herói de Aluguel), lançado em 1972, contava sua origem: injustamente condenado por um crime que não cometeu, ele foi enviado à prisão de Seagate, onde participou de um experimento científico sabotado por um guarda racista, porém, isso fez com que o herói ganhasse superforça e invulnerabilidade. Usando seus novos dons, ele fugiu da cadeia e se refugiou no bairro americano do Harlem. Em 1975, surgiu um dos personagens mais famosos da atualidade: a exuberante Tempestade, na revista Giant Size X-Men 01. Outro, que mais tarde fez sucesso no cinema e que nasceu nos anos 1970, foi Blade, o Caçador de Vampiros, estreando na edição 10 de Tomb of Dracula, em 1973. Em 1977, chegou às bancas Pantera Negra 1, que teve vida curta, assim como o gibi solo de Raio Negro. O mais bem-sucedido dessa época foi Cyborg, membro do grupo de heróis Novos Titãs, surgindo no gibi de estreia da equipe (New Teen Titans 1, de 1980). RAÇA BRASIL | 63


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Spawn

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NOVOS TEMPOS Em 1992, Todd McFarlane, embalado pelo estilo único e seu sucesso em Homem Aranha, se juntou aos artistas mais fortes da época e, rompendo o monopólio, fundaram sua própria editora, a Image Comics. Novamente a indústria passava a ser comandada pelos autores, pelos desenhistas. O grande símbolo dessa reviravolta foi o personagem Spawn. Sua tradução seria algo como a “Cria do Inferno”. Um mercenário negro americano se vê transformado em demônio desfigurado com grandes poderes depois de fazer um pacto para voltar à vida, impulsionado pelo seu amor à esposa. A mistura de herói clássico com capa e uniforme e a influência de literatura e mitologia pelos traços impecáveis e revolucionários de Todd McFarlane fizeram da publicação o maior sucesso nos quadrinhos e criaram uma nova fase na indústria dos brinquedos. É o personagem negro mais bem-sucedido do ponto de vista comercial nos quadrinhos. Outro fato da história recente é a Milestone Media, que se propõe à criação de personagens negros e latinos feito por artistas dessas etnias. No Brasil, a Milestone teve algumas aventuras publicadas na única edição impressa do gibi Black Force, da falida Editora Magnum. Em 1994, a Marvel voltou com Blade. O projeto teve poucas edições, mas isso se refletiu em 1999, quando na pele do astro Wesley

Blade

Snipes, o título ganhou as telas, se tornando um tremendo sucesso de bilheteria, sendo o estopim que a Marvel precisava para lançar X-Men, Hulk e Homem Aranha nos telonas. Em 1998, o personagem Triatlo gerou polêmica por entrar na equipe de Os Vingadores por um sistema de cotas, afinal o grupo de super-heróis atuava sobre licença governamental. Em 2002, a minissérie Truth – Red, White and Black, que recontou a origem do Capitão América, trazia um paralelo com fatos reais que aconteceram nos Estados Unidos onde, nos anos trinta e quarenta, o governo patrocinava pesquisa sobre a sífilis em comunidades negras pobres. Ao invés de tratar os doentes, os médicospesquisadores davam para eles placebo (remédio inócuo e sem efeito) apenas para poderem estudar os efeitos da sífilis no organismo humano. Nos quadrinhos é revelado que os experimentos que deram origem ao Capitão América vitimaram vários soldados negros, exceto um, que teve seu destino contado na série. O herói Falcão Noturno (Nighthawk) foi reformulado e na sua nova origem é um negro milionário e radical que, quando combate o crime, prefere salvar pessoas negras a brancas, devido ao fato de seus pais terem sido mortos por racistas.

E NO BRASIL... A influência da cultura negra nos quadrinhos pode ser notada em alguns personagens, como Azeitona, do trio humorístico Reco-Reco, Bolão e Azeitona, do cartunista Luis Sá, no início dos anos 1930. Nos anos 1970, Ziraldo, inspirado no folclore brasileiro, criou Pererê. O personagem Pedrão foi destaque nas aventuras de Zé Carioca. Mauricio de Sousa introduziu na Turma da Mônica o menino Jeremias e, no final dos anos setenta, lançou o gibi Pelezinho.

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