Em homenagem a Manoel Ribeiro Pereira, querido avô Manoel Mestrão (✳ 1934 - †2007).
Cidade de Condeúba, Bahia, Brasil. Junho de 2008. Comemorações de São João.
Catedral de CondeĂşba
Prefeitura de CondeĂşba
Frente Ă Catedral
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Escola Dr. Tranquilino Leovigildo Torre
A antiga escola, palco de aventuras dos filhos de Manoel Ribeiro e Dona Branca. Minha mãe sempre me contou sobre as confusþes em que se metia ao filar aulas, dos problemas que sempre tinha com alguns professores e das amizades que deixou na escola e na cidade, mas que se mantiveram e nunca foram esquecidas. Hoje, todos devem preservar boas lembraças dessa saudosa casa.
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Primeiro posto de gasolina da cidade
Feira e Mercado Municipal
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Gruta de Nosssa Senhora Aparecida
Um passeio pela feira, frente ao Mercado Municipal, me fez relembrar de um clima a muito esquecido, um clima de mais de 17 anos atrás. Quando criança andava por esses becos, ruas abertas com seus paralelepipedos empoeiradas, com um cheiro de couro tirado que sempre me foi tão familiar, e sempre me sentia do mesmo jeito, como se algo perdido fosse achado ali. Um velho Corcel, carro tão comum na cidade, pareceu-me representar perfeitamente tudo aquilo. A Gruta sempre me despertou grande curiosidade, como se fosse habitada por algum animal que existia só na minha imaginação.
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Arrumação e preparação da casa de número 41 para o São João
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Todos acordam cedo para começar a trabalhar na arrumação da casa de número 41, a casa de Neli Aguiar Lauton, minha avó Branca. É nessa casa, de grande tradição nas festas de São João da cidade, que ocorrem as festas “de porta de casa” da família. Sol, suor e marteladas ditam o ritmo para quem ajuda a preparar a festa. As bandeirolas coloridas não faltam, sempre penduradas ao sabor do vento local.
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Casa número 41, em um dia que fica nublado. Mais tarde, festa de São João na porta.
No almoço, sempre grande parte da família se reune para aprovar a comida caseira servida pela dona da casa. Com o crescimento da família, com tantos filhos e netos, além dos amigos, a mesa da cozinha já não poderia mais acolher todo mundo. Comida, porém, nunca falta. A dispensa, com seu cheiro tão particular de comida e madeira queimada, sempre me despertou atenção. É como se retrocedesse no tempo e encontrasse uma brexa para registrar esse local tão peculiar da casa.
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Velho fogĂŁo Ă brasa na dispensa da casa
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NZV Launtons em partida tradicional contra o time da AABB.
Jogo realizado na AABB de CondeĂşba
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Hoje não me lembro mais do placar. Na verdade, o placar é o que menos importa nessa partida tão tradicional, nesse perído do ano, na cidade. O que importa é a reunião dos amigos, da família, das crianças que crescem e passam de torcedores a bons jogadores, da discussão com o juiz, sempre injustiçado e daqueles que, apesar da idade, não querem abandonar o time. O que importa é o prazer em compartilhar o momento.
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O caminho para a roça de Dona Branca reflete todo o clima da cidade, do sertão que tem uma chance de se mostrar bonito em sua simplicidade, do vento seco que, caprichoso, sopra contra nossos cabelos, das cercas que parecem, na verdade, não demarcar nada, que parecem apanas ajudar a compor o cenário para uma fotografia.
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No caminho da roรงa
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Casa da ro莽a de minha av贸, Dona Branca
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T铆pico forr贸 nordestino, festa e alegria
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Mãe e filhos que, ao serem tão diferentes, parecem tão parecidos. O sorriso revela-se o mesmo. Na alegria ou apenas no jeito sereno de se comportar diante de uma câmera, os rostos familiares tornam-se cada vez mais familiares e a música, orquestrada pela safona e pela zabumba, constrói o fechamento de um clima que sempre se repetiu durante todos esses anos, onde a alegria é mãe bondosa para todos.
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Cerveja e música típica
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Churrasco na festa e presença de toda famĂlia
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Velho curral e carne na brasa
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Cai a noite. A festa começa. Ao ver o simples cartaz que fiz à mão, pela manhã, agora tão bem adornado, pregado na frente da casa, lembrei que aquele “Tributo” era muito mais que isso; era uma festa de comemoração a uma pessoa que sempre esteve presente naquela mesma casa, nessa época do ano. Que a comemoração foi, mais que uma comemoração entre familiares e amigos, uma celebração à imagem de Manoel Mestrão, à imagem da alegria.
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A comemoração começa com a chegada da noite
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Fazendo o papel, outrora tão bem executo por seu pai, ele acende a fogueira na frente de casa. Ação essa que demarca o começo oficial da festa e coroa uma noite de alegria com o calor da chama e do afeto entre aqueles que ali se reuniam.
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Voz, a velha sanfona, zabumba e gente. Ingredientes da festa do forr贸 de porta de casa
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Filhos e famĂlia reunida em Tributo ao MestrĂŁo
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Dança dentro de casa e o tradicional “Quebra-Pote”
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Festa oficial de comemoração do São João em Condeúba
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Depois da festa na porta de casa, a comemoração continua no Arraiá. No meio de tanta cor, música e dança, sempre me lembro dos dias em que o Arraiá acontecia praticamente na frete da casa da minha avó Branca. Agora a festa cresceu, assim como a cidade, e nos últimos anos começou a ser montada na praça do Forródromo. A cidade, aparentemente tão pequena, sempre me surpreende com a quantidade de pessoas que frequentam a festa.
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Uma pausa se faz em meio ao festejo. Toda a famĂlia, juntamente com o prefeito da cidade, reunese no palco para homenagear MestrĂŁo. O discursso emocionado de seu filho, reflete o sentimento de toda a cidade que sempre admirou o forrozeiro, o compadre e o amigo, que deixou muitas saudades.
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Manhã na cidade após comemorações na noite passada
Mais um dia nasce. Condeúba, na sua singela e tão familiar beleza, contida em cada detalhe de cada esquina, parece abraçar a luz do sol e se renovar diante desse novo amanhecer, adornado pelo azul do céu aberto. Renova-se também o fôlego daqueles que tanto comemoraram na noite passada. A família agora prepara-se para fazer a tradicional “visita” às casas dos amigos e familiares residentes na cidade. É uma nova festa, regada a música e bebida, em todas as casas visitadas.
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Mais uma vez Mestrão é homenageado, quando os amigos e músicos, tocando com sua a antiga safona, começam a desenvolver no forró, o seu repertório de músicas preferidas.
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“Benção e Reza” em agradecimento às famílias que patrocinam as festas em suas casas
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Sorriso ĂŠ padrĂŁo em todas as festas
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Netos, filhos e netos de amigos, complementam a beleza da festa
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A fogo extinto da fogueira, lembra que as festas terminaram, mas também, no fundo, faz lembrar que próximo ano essa mesma chama se acenderá, renovando a fé e a alegria em mais dias de festas, acolhendo a saudade, que quando bem aceita, tansforma-se em felicidade.❧
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Fotografias, projeto grรกfico e texto por Diego Lauton de Olveira diegolauton@gmail.com www.diegolauton.com