Boi e Companhia - Scot Consultoria

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BOI & COMPANHIA

Informativo Pecuário Semanal número:

1319

Seu melhor parceiro para bons negócios

2 Mercado do boi gordo 5 Mídias Scot 6 Mercado de reposição 8 Mercado da carne bovina 10 Exportações de carne bovina 13 Proteínas alternativas 17 Couro e sebo 19 Mercado futuro 20 Conjuntura 23 Insumos 25 Agricultura

Vol. 26 31 de dezembro de 2018 a 6 de janeiro de 2019

Foto: Bela Magrela

ISSN 1808-1223

MERCADO DO BOI GORDO: Bons ventos para o boi gordo?

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MERCADO DE REPOSIÇÃO: Fechamento de 2018 e expectativas para 2019

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6

CONJUNTURA: Consumo mundial de proteína animal: perspectivas e atitudes

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AGRICULTURA: Expectativa de aumento da produção de milho e soja no Brasil em 2018/2019

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HYBERVILLE NETO

MERCADO

Médico veterinário, MSC em administração de organizações, com MBA em gestão financeira e consultor da Scot Consultoria. hn@scotconsultoria.com.br

BONS VENTOS PARA O BOI GORDO? Com a possibilidade de retenção de fêmeas, associado à demanda doméstica em recuperação e um cenário externo positivo, 2019 pode trazer um cenário positivo para a pecuária de corte.

Projeto gráfico por Bela Magrela www.belamagrela.com.br

FIGURA 1. Preços reais do boi gordo em São Paulo e participação de fêmeas nos abates até setembro. 190,00 180,00 170,00 160,00 150,00 140,00 130,00 120,00 110,00 100,00

50,0%

40,0% 35,0% 30,0%

Boi gordo Fonte: Scot Consultoria - www.scotconsultoria.com.br

% de fêmeas

2017

2018

2016

2015

2014

2013

2011

2012

2010

2008

2009

2007

2005

2006

2004

2002

2003

25,0%

% de fêmeas

45,0%

2001

R$// @

A projeção de que 2018 seria um ano de aumento nos abates de fêmeas, em decorrência de um cenário menos atrativo para a reposição no passado recente, se confirmou. Na média até meados de dezembro, a cotação do boi gordo, em valores deflacionados pelo IGP-DI caiu 2,0%. De janeiro a setembro foram abatidos 23,7 milhões de bovinos (IBGE), um aumento de 4,2% na comparação com o mesmo intervalo de 2017. Os abates de fêmeas aumentaram 7,3% na mesma comparação, enquanto os de machos subiram 1,9%. Com isto, a participação de vacas e novilhas nos abates passou de 41,9% nos primeiros nove meses de 2017 para 43,1% no mesmo intervalo em 2018, o que indica um desinvestimento na cria, com provável redução da disponibilidade de gado nos próximos anos. A figura 1 mostra a evolução das cotações médias do boi gordo e a participação de vacas e novilhas nos abates.

Foto: Bela Magrela no Confinamento Monte Alegre

“A EXPECTATIVA DE QUE 2018 FOSSE MAIS UM ANO DE AUMENTO NOS ABATES DE FÊMEAS, EM DECORRÊNCIA DE UM CENÁRIO MENOS ATRATIVO PARA REPOSIÇÃO NOS ÚLTIMOS ANOS, SE CONFIRMOU.” 31 de dezembro de 2018 a 6 de janeiro de 2019• no.1319 Scot Consultoria • www.scotconsultoria.com.br

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HYBERVILLE NETO

MERCADO

Médico veterinário, MSC em administração de organizações, com MBA em gestão financeira e consultor da Scot Consultoria. hn@scotconsultoria.com.br

O aumento do abate de fêmeas, associado a um consumo doméstico ainda convalescente, tiveram mais peso que os bons volumes exportados, principalmente no segundo semestre. Por falar no segundo semestre, este período foi de valorizações expressivas para o boi gordo. Entre julho e dezembro a cotação média, considerando São Paulo como referência, subiu 15,8%. No primeiro semestre, entre janeiro e junho, a cotação havia caído 13,0%, o que gerou um cenário de preços menores na média anual, frente a 2017. No entanto, a valorização no segundo semestre, associada à conjuntura de abates de fêmeas, gerando menor oferta nos anos vindouros, fez o ano terminar com um cenário mais animador para os preços. EXPECTATIVAS Como tipicamente os maiores volumes de fêmeas abatidas ocorrem em março e maio, a tendência é de uma safra

menos ofertada. A figura 2 ilustra a sazonalidade dos preços do boi gordo, tomando janeiro de cada ano como referência, entre 2000 e 2017, além do movimento observado em 2018. Foi feita uma média da oscilação em anos de descarte e anos de retenção de fêmeas. Perceba que a pressão de baixa devido à safra e ao final dela tende a ser maior em anos de descarte de vacas e novilhas, assim como foi observado em 2018, que acompanhou a média deste grupo. É possível que em 2019, com a confirmação de menos oferta, tenhamos um movimento semelhante ao outro grupo dos anos de retenção, com menos pressão de baixa na safra. Para o escoamento, por sua vez, a expectativa é de melhoria da situação econômica, o que afeta diretamente a demanda doméstica. Esta retomada da economia depende de ajustes, entre eles a Reforma da Previdência, e até o momento as sinalizações da equipe econômica têm sido na direção destas mudanças, o que é positivo, ainda que o nível de apoio no Congresso seja volátil.

FIGURA 2. Sazonalidade média dos preços do boi gordo, considerando as cotações em janeiro como base 100, período de 2000 a 2017. 120,00 115,00 110,00 105,00 100,00 95,00

Anos de descarte

Anos de retenção

2018

dez

nov

out

set

ago

jul

jun

mai

abr

mar

fev

jan

90,00

Foto: Bela Magrela no Confinamento Monte Alegre

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HYBERVILLE NETO

MERCADO No mercado externo, a volta da Rússia às compras, após quase um ano, ainda que com poucas plantas liberadas inicialmente, além das boas vendas para China e Hong Kong, trazem boas expectativas. Mais para o segundo semestre, com foco no confinamento, uma provável redução da oferta de categorias de reposição (pelos abates de fêmeas nos últimos anos) pode ser a pedra no sapato do confinador, que, por outro lado, deve ter um cenário melhor do lado dos alimentos.

Médico veterinário, MSC em administração de organizações, com MBA em gestão financeira e consultor da Scot Consultoria. hn@scotconsultoria.com.br

De toda forma, com a expectativa de demanda colaborando, devemos ter espaço para que os preços do boi gordo subam e “defendam” a relação de troca, mantendo o cenário viável. Um possível quadro de preços positivos para o boi gordo deve ser usado para a escolha das estratégias de garantias de preços e não para negligenciá-las. Se tivermos uma safra de preços firmes, isto tende a animar o mercado futuro, abrindo oportunidades para garantia de preços mínimos por meio de opções ou negócios a termo.

FIGURA 3. Esquema dos fatores que devem ditar o ritmo do boi gordo em 2019.

OFERTA

DEMANDA

REDUÇÃO DOS ABATES DE FÊMEAS

EXPORTAÇÃO DE CARNE BOVINA

• Influenciado pelo cenário mais firme para preços da reposição, após anos de abates de fêmeas.

• Destaques para a China e Rússia.

• Com as boas chuvas ao final de 2018, possivelmente será uma estação com boa taxa de prenhez, ajudando na redução do abate de vacas novilhas.

MERCADO DOMÉSTICO EM RECUPERAÇÃO • De olho na economia e reformas. Foto: Bela Magrela na Fazenda Cachoeira Itaberá-SP

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MÍDIAS @SCOTCONSULTORIA TWITTER

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INSTAGRAM Dia 23 de novembro

“Hoje, menos de 30% das áreas são irrigadas e o Brasil tem potencial para expandir até 10 vezes mais essa área. “ Luis Carlos Drumond | UFV – Econtro de Recriadores. (17/4)

“Fora da porteira existem oportunidades que devem ser aproveitadas, mas é dentro da porteira que a fazenda garante resultados ao longo dos anos.” Hyberville Neto | Scot Consultoria – Encontro dos Encontros. (4/10)

ENCONTRO DE ANALISTAS Por Equipe Scot Consultoria

Dia 19 de abril

ENCONTRO DE RECRIADORES E CONFINAMENTO Por Equipe Scot Consultoria

Nos dias 17 a 20 de abril, a Scot Consultoria promoveu o Encontro de Recriadores e Confinamento. O evento contou com 1,2 mil participantes, a fim de discutir sobre as inovações da pecuária.

“O bezerro deve valorizar no curto prazo, diminuindo o poder de compra do recriador.” Breno de Lima e Juliana Pila | Scot Consultoria – Encontro dos Encontros. (4/10)

A nova representante do agronegócio no Brasil: a deputada federal Tereza Cristina (DEM-MS) foi escolhida para ser a ministra da Agricultura Pecuária e Abastecimento do governo Jair Bolsonaro. (17/11)

O Encontro de Analistas da Scot Consultoria contou com diversos profissionais das áreas de economia e agronegócio que discutiram quais serão os principais desafios e as expectativas para 2019.

AGENDA SCOT

“Em 2002, tínhamos 100 vacas ocupando 250ha, produzindo 45 bezerros de 170kg. Hoje, ocupam 150ha, produzindo 65 bezerros de 200kg. Sérgio De Zen | Cepea/ Esalq – Encontro de Analistas. (23/11)

23/01 | Chapecó-SC PALESTRA DA SCOT CONSULTORIA 13/02 | Bela Vista do Toledo-SC PALESTRA DA SCOT CONSULTORIA

“Preocupam os sinais emitidos pelo futuro governo em relação ao mercado internacional. A sinalização da nossa relação com o mercado chinês não está clara.” Decio Zylbersztajn | Pensa – Encontro de Analistas. (23/11)

Projeto gráfico por Bela Magrela www.belamagrela.com.br

15/02 | Uberaba-MG PALESTRA DA SCOT CONSULTORIA

Foto: Scot Consultoria

20/02 | Campo Grande-MS PALESTRA DA SCOT CONSULTORIA

17 a 23 de dezembro de 2018 • No.1317 Scot Consultoria • www.scotconsultoria.com.br

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breno de lima

MERCADO DE REPOSIÇÃO

Zootecnista e analista de mercado da Scot Consultoria. bl@scotconsultoria.com.br

FECHAMENTO DE 2018 E EXPECTATIVAS PARA 2019 Cotações fecham 2018 em alta.

O cenário que se desenhava para 2018 era de pressão de baixa sobre as cotações dos bovinos para reposição do rebanho, porque em 2016 menos fêmeas foram destinadas para o abate na comparação ano a ano e, consequentemente, houve maior produção de bezerros. Considerando o intervalo entre gestação, desmama e comercialização, os bezerros produzidos pelas matrizes de 2016 chegaram em 2018 ao mercado, elevando a oferta em relação a 2017. Porém, a firmeza nas cotações da arroba do boi gordo no segundo semestre estimulou recriadores e invernistas a investirem na reposição, com isso, as cotações ganharam força. De julho a dezembro, na média de todas as categorias de machos e fêmeas anelorados e estados pesquisados pela Scot Consultoria, as cotações em semana nenhuma fecharam em queda, apontando para firmeza do mercado. Essa arrancada dos preços, puxada pela demanda a partir do segundo semestre, foi suficiente para que as cotações médias para o bezerro de desmama, considerando todas as praças pesquisadas, fechassem o ano em patamares superiores aos de 2017. Projeto gráfico por Bela Magrela www.belamagrela.com.br

Líder em suplementação de alta tecnologia

Foto: Bela Magrela na Fazenda Cachoeira Itaberá-SP

FIGURA 1. Cotações médias do bezerro de desmama em todas as praças pesquisadas pela Scot Consultoria, em valores deflacionados pelo IGP-DI. 1400,00

1365,51

1300,00

1256,07

1200,00 1091,80

1100,00 1000,00

1107,24

2017

2018

990,81 929,08

900,00 800,00

1106,94

2011

2012

893,70

2013

2014

2015

2016

Fonte: Scot Consultoria - www.scotconsultoria.com.br 31 de dezembro de 2018 a 6 de janeiro de 2019• no.1319 Scot Consultoria • www.scotconsultoria.com.br

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breno de lima

MERCADO DE REPOSIÇÃO Essa valorização real das cotações da desmama em 2018 faz com que o cenário para cria comece 2019 otimista. Deveremos ter um menor volume de bezerros, pois em 2017 e em 2018 a quantidade de fêmeas abatidas foi crescente, o que naturalmente diminuiu a produção de bezerros que chegará ao mercado em 2019. Se o comportamento histórico do ciclo de preços se confirmar, a consolidação desta alta pode ocorrer a partir de meados de 2019 ou 2020.

Zootecnista e analista de mercado da Scot Consultoria. bl@scotconsultoria.com.br

como base, São Paulo. A compra de bezerros para recriar ou engordar representa cerca de 60% dos custos totais, em função disso, ter um estoque de arrobas em valorização diminui a pressão sobre as margens e aumenta as chances de lucro. Com relação ao criador, a produção está atraente, pois os bezerros produzidos nesta estação de monta (2018/2019), provavelmente serão vendidos em um período de alta das cotações. Com isso o momento é favorável para elevar a produção e ter o maior estoque possível para comercialização futura.

EXPECTATIVAS E OPORTUNIDADES Do ponto de vista do recriador e do invernista, comprar a bezerrada no curto prazo pode ser interessante pois a tendência é de negociar o boi terminado em um período de alta das cotações. Ou seja, a arroba comprada agora tende a se valorizar no sistema. Mas, é bom ficar de olho na relação de troca, pois a quantidade de arrobas de boi gordo necessárias para a compra de um bezerro de desmama está aumentando e em novembro vimos o poder de compra do recriador e invernista no menor patamar do ano, tomando

“DESSA FORMA, COM MENOS BEZERROS NO MERCADO, AS COTAÇÕES DEVEM GANHAR FIRMEZA.”

FIGURA 2. Arrobas de boi gordo necessárias para a compra de um bezerro de desmama (6@), em São Paulo. 8,40

8,35

8,30 8,20

8,20 8,10 8,00

8,05

8,00

8,03

8,01 7,93

7,89

7,90

8,29

8,21

7,97

7,79

7,80 7,70

DEZ-18

NOV-18

OUT-18

SET-18

AGO-18

JUL-18

JUN-18

MAI-18

ABR-18

MAR-18

FEV-18

JAN-18

7,60 Foto: Bela Magrela na Fazenda Cachoeira Itaberá-SP

Fonte: Scot Consultoria - www.scotconsultoria.com.br

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marina zaia

MERCADO DE CARNE BOVINA

Médica veterinária e analista de mercado da Scot Consultoria. m.zaia@scotconsultoria.com.br

NÃO FOI GRANDE COISA, MAS MELHOROU O mercado da carne conseguiu tomar um fôlego mais longo em 2018, mas para continuar melhorando, fatores macroeconômicos precisam ajudar. meses do ano o aquecimento sazonal da demanda permitiu valorizações reais na cotação da carne. FIGURA 1. Preço da carne bovina no atacado e variação mensal, valores deflacionados pelos IGP-DI.

-4,00%

17,50

-6,00%

Preço real

dez/18

18,00

nov/18

-2,00%

out/18

18,50

set/18

0,00%

ago/18

19,00

jul/18

2,00%

jun/18

19,50

mai/18

4,00%

abr/18

20,00

mar/18

6,00%

fev/18

20,50

jan/18

Em 2018 o aumento do abate destinou um volume maior de carne bovina para o mercado, como apresentado na análise do mercado do boi gordo, nesta edição. Considerando valores nominais, sem retirar o efeito da inflação, os preços subiram, o que daria a impressão de melhora no mercado, mas em valores reais, o cenário foi outro. Em média os preços caíram 3,2% em relação a 2017, considerando todos os cortes desossados. Mesmo com a leve melhora da situação econômica, o incremento da produção não permitiu uma reação de preço, impondo pressão de baixa nos preços da carne no atacado na maior parte do ano, principalmente no primeiro trimestre. O que trouxe alívio para as indústrias foi o mercado externo, as exportações recordes ajudaram a sustentar os preços (veja mais na análise sobre exportação). Na figura 1 estão os preços reais, deflacionados pelo IGP-DI (sombra), e a variação mês a mês da cotação da carne vendida no mercado atacadista (colunas). Observe que no início do ano, os preços tiveram consecutivos ajustes negativos, em junho aumentaram acima da inflação em função dos efeitos da greve dos caminhoneiros e nos últimos

variação mensal

Fonte: Scot Consultoria - www.scotconsultoria.com.br

Foto: food.walla.co.il

Projeto gráfico por Bela Magrela www.belamagrela.com.br

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MERCADO DE CARNE BOVINA Inclusive vale chamar atenção para o comportamento dos preços em outubro. O mês, tipicamente de maior oferta de gado de cocho, teve uma alta real de preços da carne, o que indica que, apesar de um mercado mais travado no primeiro semestre, nos últimos meses a demanda de final de ano trouxe reflexos positivos. Mas, de qualquer forma, o preço da carne subindo mais do que a inflação ao longo do ano e o viés mais altista do mercado do boi gordo na comparação com 2017 fizeram com que a margem dos frigoríficos ficasse mais apertada na comparação anual, veja na figura 2. FIGURA 2. Margem de comercialização dos frigoríficos que desossam, frente ao valor pago pelo boi gordo, além das médias em 2017, em 2018 e média desde o início da série. 155,00

50,0%

150,00

Em 2017, a diferença entre a receita da venda da carne, miúdos, subprodutos e derivados frente ao preço pago pelo boi gordo foi de 28,1% (linha vermelha), em 2018 caiu para 21,9% (linha verde). Contudo, apesar da queda, a margem média de 2018 esteve acima da média histórica (linha laranja) mesmo com o aumento da produção de carne. O que faz supor que o mercado atacadista da carne trabalhou com firmeza frente ao cenário desafiador. Nos supermercados e açougues, a população sentiu pouco as variações nos preços da carne. O setor varejista trabalhou com estoques ajustados à demanda, comprando comedidamente e se ajustando à situação do mercado. No entanto, nos últimos meses do ano o jogo virou. Conforme ilustrado na figura 1, o atacado tem vendido carne mais “cara” para o varejo e este, por sua vez, não tem conseguido repassá-los para o consumidor. Este cenário tem alterado a margem deste último elo, puxando para baixo a média anual. Em 2017 a diferença entre os gastos comprando produtos dos frigoríficos e a receita com as vendas para a população foi de 64,7%, até meados de dezembro de 2018 a margem estava ao redor de 61,0%.

marina zaia Médica veterinária e analista de mercado da Scot Consultoria. m.zaia@scotconsultoria.com.br

Para o próximo ano, é improvável que o Brasil entre em uma nova onda de recessão. Mas para dar adeus definitivo para a crise e engatar uma recuperação consistente e duradoura, é preciso acerto das contas públicas, para isso o foco deverá estar nas reformas. O novo governo dá sinais que as reformas serão prioridade, o que traz otimismo quanto ao futuro econômico. Os dados de confiança do consumidor corroboram com estas expectativas. Portanto, levando em consideração a elasticidade renda da carne bovina, as expectativas de melhora na economia brasileira originam otimismo também para a cadeia da carne.

40,0% 145,00

“CONTUDO, APESAR DA QUEDA, A MARGEM MÉDIA DE 2018 ESTEVE ACIMA DA MÉDIA HISTÓRICA MESMO COM

140,00

30,0%

135,00

O AUMENTO DA PRODUÇÃO DE CARNE. O QUE FAZ SUPOR QUE O MERCADO ATACADISTA DA CARNE TRABALHOU COM FIRMEZA FRENTE AO CENÁRIO DESAFIADOR.”

20,0% 130,00

CONCLUSÃO 125,00 2/1/17 2/2/17 2/3/17 2/4/17 2/5/17 2/6/17 2/7/17 2/8/17 2/9/17 2/10/17 2/11/17 2/12/17 2/1/18 2/2/18 2/3/18 2/4/18 2/5/18 2/6/18 2/7/18 2/8/18 2/9/18 2/10/18 2/11/18 2/12/18

10,0%

Boi gordo

Desossa Média 2017 Média desossa histórica

Fonte: Scot Consultoria - www.scotconsultoria.com.br

Projeto gráfico por Bela Magrela www.belamagrela.com.br

Média 2018

Por ter sido um ano de Copa do Mundo e eleições presidenciais, a expectativa de aumento de dinheiro circulante gerou uma onda maior de otimismo quanto à recuperação econômica no início do ano, contudo, conforme a “poeira foi baixando” as incertezas e a insegurança ganharam corpo e a confiança quanto à retomada da economia foi diminuindo, o que afetou a demanda.

Foto: slagerijvanloo.nl

31 de dezembro de 2018 a 6 de janeiro de 2019• no.1319 Scot Consultoria • www.scotconsultoria.com.br

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EXPORTAÇÕES DE CARNE BOVINA

marina zaia Médica veterinária e analista de mercado da Scot Consultoria. m.zaia@scotconsultoria.com.br

O MELHOR ANO PARA A EXPORTAÇÃO DE CARNE BOVINA O mercado internacional nunca recebeu tanta carne bovina brasileira como em 2018 e, para o próximo ano, tudo indica que o cenário deverá ser bom.

“ESSES CINCO MAIORES IMPORTADORES ABOCANHAM UMA FATIA DE 72,5% DO TOTAL EMBARCADO, SINAL DE ALERTA QUANTO À CONCENTRAÇÃO DE CLIENTES.” Projeto gráfico por Bela Magrela www.belamagrela.com.br

FIGURA 1. Exportação de carne bovina in natura, em milhões de toneladas. 1,40 1,20 1,00 0,80 0,60 0,40 0,20 0,00 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018*

A exportação de carne bovina bateu recordes seguidos em 2018. Os bons desempenhos em função principalmente do câmbio ao longo do segundo semestre fizeram com que as exportações de carne bovina in natura tivessem o melhor desempenho da história. Os dados da última quinzena de dezembro ainda não foram divulgados, mas se o ritmo dos embarques continuarem é possível que o Brasil termine 2018 com 1,35 milhão de toneladas de carne bovina in natura vendidas para o exterior (MDIC). Esta quantidade é 11,8% maior que volume embarcado em 2017 e 5,2% maior que o recorde anterior de 2007, quando foram comercializadas 1,28 milhão de toneladas. Veja na figura 1 a evolução da exportação da carne bovina brasileira.

Foto: alianca.com.br

2018* - dezembro - projeção Fonte: MDIC / Elaboração: Scot Consultoria – www.scotconsultoria.com.br 31 de dezembro de 2018 a 6 de janeiro de 2019• no.1319 Scot Consultoria • www.scotconsultoria.com.br

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EXPORTAÇÕES DE CARNE BOVINA Quanto ao faturamento, de janeiro a novembro de 2018, as vendas resultaram em uma receita de US$5,1 bilhões (MDIC), valores 10,6% superiores aos ganhos em 2017. A China se mantém como grande responsável pelo bom desempenho da carne bovina brasileira no mercado externo. Do total vendido no acumulado de 2018 (janeiro a novembro), os chineses absorveram 24,0% do volume, seguido de Hong Kong (20,8%), Egito (12,9%), Chile (8,4%) e Irã (6,4%). Esses cinco importadores abocanham uma fatia de 72,5% do total embarcado, sinal de alerta quanto à concentração de clientes. Aqui mostra-se a importância de sempre buscar ampliar a participação e o acesso a outros mercados para fugir do risco que envolve a dependência de poucas economias, principalmente em um cenário internacional onde as guerras comerciais estão debaixo dos holofotes (Estados Unidos versus China). Inclusive, após uma maratona de visitas diplomáticas e auditorias, o Brasil voltou a ter acesso ao mercado russo, que estava embargado desde o final de 2017. A importância desta notícia se deve ao fato de que de 2004 a 2017, ou seja, ao longo de catorze anos, a Rússia ficou dentre os cinco maiores importadores da carne bovina brasileira, figurando por onze vezes como o maior país importador da carne bovina brasileira, ou seja, o potencial deste “novo” destino é grande.

“A CHINA FOI RESPONSÁVEL PELO BOM DESEMPENHO DA CARNE BOVINA BRASILEIRA NO MERCADO EXTERNO. DO VENDIDO EM 2018 (JANEIRO A NOVEMBRO), OS CHINESES ABSORVERAM 24,0% DO VOLUME, SEGUIDO DE HONG KONG (20,8%), EGITO (12,9%), CHILE (8,4%) E IRÃ (6,4%).”

Projeto gráfico por Bela Magrela www.belamagrela.com.br

TABELA 1. Principais compradores da carne bovina in natura brasileira. CLASSIFICAÇÃO

2004

Rússia

Egito

Chile

Irã

Holanda

2005

Rússia

Egito

Chile

Reino Unido

Itália

Bulgária

Itália

2006

Rússia

Egito

Reino Unido

2007

Rússia

Egito

Irã

Argélia

Itália

2008

Rússia

Venezuela

Irã

Egito

Hong Kong

2009

Rússia

Hong Kong

Irã

Egito

Argélia

2010

Rússia

Irã

Egito

Hong Kong

Venezuela

2011

Rússia

Irã

Egito

Hong Kong

Venezuela

2012

Rússia

Egito

Hong Kong

Venezuela

Irã

2013

Rússia

Hong Kong

Venezuela

Egito

Chile

2014

Rússia

Hong Kong

Venezuela

Egito

Irã

2015

Egito

Rússia

Hong Kong

Irã

China

2016

Hong Kong

Egito

China

Rússia

Irã

2017

Hong Kong

China

Egito

Rússia

Irã

China

Hong Kong

Egito

Chile

Irã

2018* * até novembro

marina zaia Médica veterinária e analista de mercado da Scot Consultoria. m.zaia@scotconsultoria.com.br

Sendo assim, os desafios para 2019, além de conquistar novos mercados, envolvem também a consolidação dos existentes, sobretudo com a China e países de Oriente Médio. Quanto aos chineses, o MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) já sinalizou que no início de 2019 novas plantas frigoríficas serão habilitadas para atender esse mercado. Consolidada a demanda chinesa no próximo ano é possível que com a reabertura do mercado russo o Brasil alcance outro recorde na exportação. Em longo prazo, existe também a programada quanto o desenrolar da retirada da vacinação contra Febre Aftosa, já que esta medida pode ser o pontapé inicial para a abertura de mercados como o Japão e a Coreia do Sul. Além de possíveis efeitos nas vendas para os Estados Unidos, que embargaram a importação após alegar presença de abscessos decorrentes de aplicação de vacina contra a mesma enfermidade. Por fim, o câmbio, como sempre, será importante. Segundo o relatório Focus, o dólar deverá estar cotado em R$3,80 ao final de 2019, a depender do andamento da agenda reformista e dos níveis do Risco Brasil para os investidores. Ou seja, a expectativa é de que em 2019 o câmbio esteja jogando a favor das exportações, assim como na segunda metade de 2018.

Fonte: Scot Consultoria – www.scotconsultoria.com.br

Espera-se que o próximo governo continue com a estratégia de aumentar os acordos comerciais com outros países, contudo algumas preocupações envolvem as relações internacionais, como por exemplo, os planos de transferir a embaixada do Brasil em Israel, de Tel Aviv para Jerusalém. Os países árabes, em geral contra tal medida, são importante parceiros comerciais do Brasil, principalmente de produtos agrícolas (milho, bovinos vivos, carne bovina e carne de frango), portanto, prejudicar esse relacionamento não é interessante para o agronegócio.

Foto: 3scorporate.com

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juliana pila

PROTEÍNAS ALTERNATIVAS

Zootecnista e analista de mercado da Scot Consultoria. jp@scotconsultoria.com.br

SUÍNO Expectativa é de aquecimento nas vendas nesta reta final do ano. Foto: Shutterstock

O mercado de suínos passou apertado em 2018. Em média, os preços recebidos pelos suinocultores em São Paulo caíram 15,1%, em valores nominais, na comparação com o ano anterior. Se considerarmos a inflação, a queda foi ainda maior. Para piorar, os custos de produção aumentaram. Em média, o produtor comprou 5,7 quilos de milho com um quilo de suíno, frente aos 8,4 quilos adquiridos em 2017, ou seja, uma redução de 32,3%. No atacado, o movimento foi semelhante ao da granja, com o preço médio até meados de dezembro 14,2% menor que o registrado no ano anterior. No segundo semestre, porém, a cotação se recuperou. De julho a dezembro, o preço do cevado subiu 28,3%. Além do movimento sazonal de recuperação na segunda metade do ano, houve outros fatores, entre eles: a menor disponibilidade de animais e produtos, passada a crise com a greve dos caminhoneiros, e as exportações ganhando ritmo, com o dólar favorável. No âmbito externo, os embarques de carne in natura de janeiro a novembro foram 8,4% menores que no mesmo intervalo em Projeto gráfico por Bela Magrela www.belamagrela.com.br

2017. No entanto, no segundo semestre, de julho a novembro o país exportou 33,4% mais em volume que em toda a primeira metade do ano. Os principais importadores, em volume, foram China (28,9%), Hong Kong (20,0%) e Cingapura (7,9%). O destaque vai para a China que, devido à crise sanitária provocada pelo surto da peste suína africana, deve seguir aumentando suas compras. A Rússia, que foi a principal compradora do produto brasileiro em 2017, retomou as compras em novembro. Os russos haviam embargado as importações do produto brasileiro em novembro de 2017. Para 2019, se as reformas econômicas permitirem e os indicadores continuarem seu movimento de melhoria, a expectativa é que a demanda doméstica cresça. Junto a isso, há perspectiva de elevação na demanda internacional, especialmente para a China e para a Rússia. Do lado da oferta, a Scot Consultoria projeta aumento entre 1% e 3% na produção de carne suína, frente a 2018.

FIGURA 1. Preços médios mensais pagos pelo suíno terminado em São Paulo, em R$/@. 100,00 95,00 90,00 85,00 80,00 75,00 70,00 65,00 60,00 55,00

JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ 2017

2018

* dezembro de 2018, dados até 13/12. Fonte: Scot Consultoria – www.scotconsultoria.com.br 31 de dezembro de 2018 a 6 de janeiro de 2019• no.1319 Scot Consultoria • www.scotconsultoria.com.br

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juliana pila

PROTEÍNAS ALTERNATIVAS

Zootecnista e analista de mercado da Scot Consultoria. jp@scotconsultoria.com.br

FRANGO Os cisnes negros no mercado do frango. Foto: Shutterstock Foto: Shutterstock

A cotação do frango foi maior em 2018 em relação a 2017, mas não muito. Nas granjas paulistas, o aumento médio foi de 7,8%, em valores nominais. Em valores reais a valorização foi de 1,5%. Apesar disso, o aumento no custo de produção, principalmente no primeiro semestre, reduziu o poder de compra do avicultor. As cotações do milho e do farelo de soja ficaram 19,9% e 20,6% maiores que em 2017, respectivamente. Fatores externos ao mercado também pesaram contra. Assistimos à Operação Trapaça, desdobramento da Carne Fraca, que apurou suposto esquema de fraudes em análises para detecção de salmonela. Também assistimos à paralisação dos caminhoneiros, que causou a morte de milhões de aves e, posteriormente, o tabelamento do frete, que impactou nos custos. O embargo da União Europeia, em função da Operação Trapaça, gerou como consequência um excesso de oferta no mercado brasileiro. Além disso, a China impôs medidas antidumping à importação de carne de frango brasileira. Projeto gráfico por Bela Magrela www.belamagrela.com.br

Estes fatores contribuíram para o menor volume de abates registrado este ano. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o país abateu 3,0% menos aves até setembro, na comparação com igual período do ano passado. Com relação à exportação, o câmbio colaborou com os embarques, especialmente no segundo semestre. Até novembro o país vendeu 4,2% menos em volume que o registrado em igual período do ano anterior. De positivo foi a habilitação de 26 novas plantas para exportação da carne de frango para o México. Para 2019, a oferta deverá ser moderada, devido à conjuntura vivida em 2018 e, os custos devem exercer menor pressão na atividade, principalmente os relacionados à alimentação.

“FATORES EXTERNOS AO MERCADO TAMBÉM PESARAM CONTRA.”

FIGURA 2. Preços médios mensais pagos pelo frango vivo em São Paulo, em R$/kg. 3,40 3,20 3,00 2,80 2,60 2,40 2,20 2,00

JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ 2017

2018

* dezembro de 2018, dados até 13/12. Fonte: Scot Consultoria – www.scotconsultoria.com.br 31 de dezembro de 2018 a 6 de janeiro de 2019• no.1319 Scot Consultoria • www.scotconsultoria.com.br

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juliana pila

PROTEÍNAS ALTERNATIVAS

Zootecnista e analista de mercado da Scot Consultoria. jp@scotconsultoria.com.br

OVOS

Em todos os meses de 2018 os preços ficaram menores na comparação com igual período de 2017.

A receita do avicultor de postura foi menor em todos os meses de 2018, na comparação com 2017. Veja a figura 3. A média de preços pagos pela caixa com trinta dúzias na granja foi 19,1% menor frente a 2017. Apesar do cenário desfavorável, com as cotações em queda e custo com alimentação em alta, a produção aumentou. Segundo dados do IBGE, de janeiro a setembro, últimos disponíveis, foram produzidas 2,65 bilhões de dúzias, aumento de 8,1% frente a 2017. Recorde. Para 2019, a produção deverá continuar crescente. A projeção de custo com alimentação menor deve colaborar com essa expectativa do mercado.

Foto: Shutterstock Foto: Shutterstock

FIGURA 3. Preços médios mensais pago pela caixa com trinta dúzias, em São Paulo, em R$. 90,00 85,00 80,00 75,00 70,00 65,00 60,00 55,00 50,00

“PRODUÇÃO DE OVOS AUMENTOU 8,1% EM 2018 FRENTE A 2017.” Projeto gráfico por Bela Magrela www.belamagrela.com.br

45,00 JAN

FEV

MAR

ABR

MAI

JUN 2017

JUL

AGO

SET

OUT

NOV

DEZ

2018

* dezembro de 2018, dados até 13/12. Fonte: Scot Consultoria – www.scotconsultoria.com.br 31 de dezembro de 2018 a 6 de janeiro de 2019• no.1319 Scot Consultoria • www.scotconsultoria.com.br

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felippe reis

COURO E SEBO

Zootecnista e analista de mercado da Scot Consultoria. fr@scotconsultoria.com.br

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COM BAIXA DEMANDA, PREÇO DO COURO VERDE CAIU 47,4% NO BRASIL CENTRAL No Rio Grande do Sul, a desvalorização foi de 23,5% em 2018. Foto: oker-menpass.ml

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140 120 100 80 60 40

boi gordo

sebo

out/18

jul/18

abr/18

jan/18

out/17

jul/17

abr/17

jan/17

out/16

jul/16

abr/16

jan/16

out/15

jul/15

abr/15

jan/15

out/14

20 jul/14

“NO MERCADO DE SEBO, MESMO COM AUMENTO DE OFERTA, OS PREÇOS SUBIRAM ACIMA DA INFLAÇÃO.”

FIGURA 1. Variação de preços reais do boi gordo, do sebo e do couro verde de primeira linha, entre janeiro de 2014 e dezembro de 2018 (jan/14=base 100).

abr/14

No ritmo de 2017, 2018 trouxe apenas desvalorizações para o couro verde. A última valorização registrada foi em fevereiro de 2017, após isso, ou estabilidade ou queda (figura 1). Mesmo com a alta do dólar, o que favorece a exportação, a demanda deixou a desejar. De janeiro a novembro, o Brasil exportou 411 mil toneladas em couros, queda de 0,6% em relação ao mesmo intervalo de 2017. Do lado do faturamento, a receita foi 23,7% menor na mesma comparação. Mesmo a retirada do imposto (a partir de setembro) para a exportação do couro wet blue, o mercado não reagiu. Procura bamba e oferta maior, afundou a cotação do couro verde, tendo em vista o maior volume de bovinos abatidos. Até meados de dezembro, o couro verde de primeira linha estava cotado, em média, em

R$0,90/kg, considerando a região do Brasil Central. Apenas em dois meses (jun/09 e jul/09) tivemos valores reais menores que os atuais, considerando médias mensais desde 2007, início do monitoramento de preços. Em 2018, considerando o preço deflacionado, a cotação do couro verde de primeira linha caiu 47,4% (Brasil Central). Para 2019, não há uma expectativa de que o mercado mude de rumo, porém, a provável redução da oferta (uma vez que é esperada maior retenção de fêmeas), pode limitar as desvalorizações ou, até mesmo, contribuir para que haja um início de retomada de preços.

jan/14

COURO

couro verde

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COURO E SEBO SEBO Na direção oposta ao do couro verde, o mercado de sebo melhorou em 2018. Considerando o preço real, a alta de janeiro a dezembro do ano foi de 0,7% no Brasil Central e de 6,2% no Rio Grande do Sul. Os preços maiores da soja e, consequentemente de seus subprodutos (farelo e óleo), colaboraram com este cenário, uma vez que o sebo concorre

com o óleo de soja na produção de biodiesel. Contribuiu também a maior demanda pela gordura animal o aumento de biodiesel no óleo diesel. Com a medida, que entrou em vigor em março, a adição de biodiesel no óleo diesel saiu de 8% para 10%. Para o início de 2019 a expectativa é de que a demanda diminua, uma vez que a disponibilidade de soja deve aumentar (colheita), podendo repercutir nas cotações.

felippe reis Zootecnista e analista de mercado da Scot Consultoria. fr@scotconsultoria.com.br

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Foto: Bela Magrela no Confinamento Monte Alegre

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MERCADO FUTURO 2018: O ANO SEM SURPRESAS... 2018 vai ficar marcado como um ano em que nada de muito relevante afetou os prognósticos traçados. Se 2017 foi um dos anos mais tumultuados da história da pecuária, 2018 vai ser lembrado como um ano de calmaria, onde nada de muito relevante afetou os prognósticos traçados desde o começo do ano. Sem nenhum acontecimento de grande relevância, a dinâmica seguiu a expectativa ditada pelo clima e seus efeitos nas pastagens, demanda interna fraca, devido ao desemprego, e mercado externo mais aquecido na esteira da alta do dólar. O ano começou com preços ao redor de R$148,00/@, à vista, livre de Funrural, em São Paulo e a safra foi seguindo seu curso normalmente, com o aumento da oferta pesando negativamente nos preços até a tradicional “desova de fim de safra”, que em 2018 aconteceu em meados de junho e trouxe os preços para a mínima de R$137,50/@ à vista, livre de Funrural em São Paulo. O destaque da safra foi Mato

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Grosso do Sul, com sua exuberante produção de bois a pasto, onde as boas chuvas e o aumento da oferta de fêmeas tiveram forte impacto negativo nos preços, aumentando o diferencial de base para São Paulo para níveis recordes. Na direção contraria a essa, o destaque positivo na safra ficou com Mato Grosso, que vem se consolidando cada vez mais como um grande fornecedor de bois confinados no segundo semestre, ficando a safra inteira com o diferencial de base bastante fechado para São Paulo. Com relação ao mercado futuro, 2018 foi um ano com boas oportunidades de fixação de preço, já que a curva de preços em diversos momentos trabalhou acima dos que foram efetivamente negociados no mercado físico no período, porém, a volatilidade foi baixa com relação ao padrão histórico, de modo que não houve grandes distorções que puderam ser capturadas

Leandro Bovo Médico veterinário, pós-graduado pela ESPM, MBA em finanças pelo Insper-SP e sócio diretor da Radar Investimentos. lbovo@radarinvestimentos.com.br

ao longo do ano. Após mais de quatro anos com os preços no mercado físico de São Paulo praticamente balizados entre R$145,00/@ e R$155,00/@, com poucas exceções acima ou abaixo dessa banda, há uma grande expectativa sobre quando poderá ocorrer alguma mudança de patamar de preços, se em 2019, 2020 ou ainda mais adiante. Obviamente que antecipar movimentos dessa natureza é bastante difícil, mas essas viradas costumam ser acompanhadas de maior volatilidade, tanto no mercado físico como no mercado futuro, o que gera distorções e oportunidades de fixação de preços. Dentre os diversos fatores que determinarão quando e com que intensidade ocorrerá essa mudança de preços, destacam-se as variáveis a seguir: demanda interna, demanda externa e diminuição do abate de fêmeas. Dessas três, apenas a demanda externa mostra sinais concretos de que jogará a favor. A demanda interna provavelmente irá parar de piorar, mas é cedo para contar com aumento significativo no poder de compra da população. No caso do abate de fêmeas o percentual de 2018 foi em linha com os maiores da história e é adequado imaginar alguma diminuição, mesmo que pequena, o que corrobora com a expectativa altista do mercado futuro atual.

A safra de capim para 2019 teve um começo bastante promissor, com boas chuvas nas principais regiões produtoras e reposição com preços em alta. Se essa tendência de mercado mais firme ganhar força no início do ano, muito provavelmente toda a curva de preços futuros também responderá com altas e aí surgem boas oportunidades de fixação de preços, ou garantia de preço mínimo a custos interessantes. Outra fonte de boas expectativas é a safra de grãos de 2019 cujos prognósticos são bastante positivos em termos de área plantada e produtividade e, salvo algum problema climático de última hora, a safra será grande e esse item do custo de produção ficará mais comportado. Além da atenção ao mercado futuro para aproveitar eventuais oportunidades, é muito importante ter cabeça fria na negociação da reposição e tentar não ser contaminado pela eventual euforia, já que comprar bezerro, ou garrote contando com uma virada de preços do boi gordo, que ainda não aconteceu, pode trazer enorme dificuldade para rentabilizar a operação. Tendo esse cuidado em mente, o ano de 2019 se desenha como um possível início de recuperação de preços mais sustentados para a pecuária. Para quem atua apenas na fase de engorda, fica a torcida para a reposição não ficar com a maior parte dessa possível melhora.

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letícia vecchi

CONJUNTURA

Zootecnista e analista de mercado da Scot Consultoria. lv@scotconsultoria.com.br

CONSUMO MUNDIAL DE PROTEÍNA ANIMAL: PERSPECTIVAS E ATITUDES Os desafios na produção de proteínas irão aumentar nos próximos anos e novas atitudes deverão ser tomadas. Foto: healthline.com

A produção mundial de carnes aumentou nas últimas décadas, principalmente a originada de aves e suínos. Especialmente devido à expansão territorial da produção e ao aumento da produtividade. Projeto gráfico por Bela Magrela www.belamagrela.com.br

"SEGUNDO A FAO, O CONSUMO MUNDIAL AUMENTARÁ 1,4% AO ANO ATÉ 2024 E ISSO DEMANDARÁ UM INCREMENTO DE PRODUÇÃO DE 3,8% NO PERÍODO, PARA ATENDER A ESSA DEMANDA."

FIGURA 1. Evolução da produção mundial de carne bovina, suína e de frango. 120

100 80 60 40 20 0 1980 1981 1982 1983 1984 1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018

PRODUÇÃO ATUAL

Segundo o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), os principais produtores mundiais de carne são os Estados Unidos, a União Europeia, a China e o Brasil. O Brasil, é o segundo produtor mundial de carne bovina e de frango e o quarto produtor de carne suína.

produ ção em mil toneladas

De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), em 2024 (em quatro anos) a população mundial ultrapassará a marca dos 8 bilhões de pessoas, serão 400 milhões de pessoas (o Brasil tem 209 milhões de pessoas) a mais para alimentar. Segundo a FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura), o desafio é grande, pois, uma em cada nove pessoas no mundo não possui acesso a comida para levar uma vida saudável.

Carne bovina

Carne suína

Carne de frango

Fonte: USDA / Elaboração: Scot Consultoria – www.scotconsultoria.com.br 31 de dezembro de 2018 a 6 de janeiro de 2019• no.1319 Scot Consultoria • www.scotconsultoria.com.br

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letícia vecchi

CONJUNTURA Segundo a FAO, o consumo mundial aumentará 1,4% ao ano até 2024 e isso demandará um incremento de produção de 3,8% no período, para atender a essa demanda. Esse aumento do consumo é projetado não somente devido ao aumento da população mundial, mas também devido ao aumento da renda da população, principalmente em países em desenvolvimento, o que faz com que as pessoas busquem alternativas melhores para a alimentação. Fato que pode ser observado nas projeções de consumo per capita, que variam de um aumento de 1,3% em países desenvolvidos, até 2,8% em países em desenvolvimento, de 2018 até 2024 (FAO). LIMITAÇÕES E DESAFIOS A terra é fundamental para a produção de alimentos e o maior limitante. Nas últimas décadas, o aumento da produção agrícola baseou-se na expansão territorial. Entretanto, essa expansão está limitada em função da preocupação com a manutenção de florestas nativas. A área que existe para expansão agrícola está concentrada em poucos países (FAO).

Zootecnista e analista de mercado da Scot Consultoria. lv@scotconsultoria.com.br

A Ásia já utilizou 80% das terras aráveis potenciais e os Estados Unidos só têm espaço para crescer através de reduzidos ganhos em produtividade ou a produção de determinada commodity em detrimento de outra. No Sul da Ásia, Ásia Ocidental e África do Norte não há reservas de terras agricultáveis. Nesse contexto, cerca de 90% das terras potenciais para expansão agropecuária estão na América Latina e na África Subsaariana, com metade dela concentrada em apenas sete países – Brasil, República Democrática do Congo, Angola, Sudão, Argentina, Colômbia e Bolívia. As nações terão que contar com o aumento de produtividade para atender a essa demanda, que, de acordo com a FAO, devido ao modelo tecnológico atual estar esgotado, na última década, as taxas de crescimento da produtividade caíram em relação às principais lavouras. Há também o aquecimento global interferindo na agricultura e, de acordo com Cordell et al. (2009), a agricultura moderna depende de fósforo de rocha, que é um recurso não renovável e as reservas legais podem se esgotar em 50 a 100 anos. BRASIL

"PARA AVES, É ESPERADO UM CRESCIMENTO DE 22% ATÉ 2024 E A PARTICIPAÇÃO DO BRASIL NESSE MERCADO AUMENTARÁ 31%. PARA SUÍNOS, O CRESCIMENTO PROJETADO PARA O PERÍODO SERÁ DE 24%, E PARA BOVINOS, 16% (FAO, 2015)."

É evidente que o papel do Brasil no aumento da produção mundial de alimentos é fundamental. Mas para isso acontecer será necessário um aumento de área e do rebanho nacional. Até 2024 a pecuária de corte demandará mais 8,2 milhões de

Foto: zhihu.com

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hectares, considerando as produtividades vigentes hoje (Saath e Fachinello, 2016). Novas técnicas e tecnologias precisarão ser implementadas para melhor aproveitamento das terras ocupadas pela atividade, como integração-lavoura-pecuária e melhores cuidados com as pastagens e solos para aumentar a taxa de lotação. Também será necessário a expansão da produção de grãos, principalmente milho e soja que são os principais ingredientes da dieta de bovinos, aves e suínos. Até 2024 é esperado um aumento da utilização de terras de 1,5% ao ano para produção de grãos em geral (FAO, 2015). A expectativa de produtividade também é de aumento, tendo um acréscimo de 2,5% ao ano para a soja, que continuará sendo o principal produto agrícola para o Brasil, enquanto que para o milho é projetado um crescimento de 1,4% ao ano até 2024 (FAO, 2015). Para aves, é esperado um crescimento de 22% até 2024 e a participação do Brasil nesse mercado aumentará para 31%. Para suínos, o crescimento projetado para o período será de 24%, e para bovinos, 16% (FAO, 2015). Por fim, é preciso intensificar a produção consciente. Assim como não podemos definir um país rico como necessariamente desenvolvido, quando possui a maior parte da sua população sem condições mínimas para viver, também não podemos chamar de intensificação o sistema produtivo não sustentável. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Banco de dados FAO. Banco de dados ONU. Banco de dados USDA. CORDELL, D., DRANGERT, J-O. e WHITE, S. The story of phosphorus: global food security and food for thought. Global Environmental Change, v. 19, n. 2, p. 292-305, 2009. SAATH, K., FANCHINELLO, A., Crescimento da Demanda Mundial de Alimentos e Restrições do Fator Terra no Brasil. RESR, Piracicaba-SP, Vol. 56, Nº 02, p. 195-212, Abr./Jun. 2018. 31 de dezembro de 2018 a 6 de janeiro de 2019• no.1319 Scot Consultoria • www.scotconsultoria.com.br

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RAFAEL RIBEIRO DE LIMA FILHO

INSUMOS

Zootecnista, mestre em administração pela UNESP de Jaboticabal e consultor da Scot Consultoria. rafael@scotconsultoria.com.br

INSUMOS PESARAM NO BOLSO DO PECUARISTA EM 2018 Para 2019, a expectativa é de preços menores para os alimentos concentrados e fertilizantes no mercado brasileiro e melhora no poder de compra do pecuarista, na comparação com 2018. Foto: Pixabay

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4,70 4,43

3,46

3,97

DEZ/18

3,40

4,21

3,72

OUT/18

ABR/18

MAR/18

3,00

FEV/18

3,50

3,63

SET/18

3,70

AGO/18

3,75

4,01

3,98

JUL/18

4,00

JUN/18

4,50

NOV/18

4,81

MAI/18

5,00

JAN/18

As altas de preços do milho e farelo de soja em 2018 prejudicaram o poder de compra do pecuarista, frente a estes insumos. Durante o período da seca, em alguns meses foram necessárias mais de dez arrobas de boi gordo para a compra de uma tonelada de farelo de soja em São Paulo. Para uma comparação, em 2017, essa relação ficou entre sete e oito arrobas de boi gordo por tonelada de farelo. Para o milho, a relação de troca em São Paulo, que em 2017, ficou próxima de cinco sacas adquiridas com o valor de uma arroba de boi gordo, chegou a 3,4 sacas por arroba em maio de 2018 (pior relação do ano). Veja a figura 1.

FIGURA 1. Relação de troca: sacas de milho por arroba de boi gordo em São Paulo.

DEZ/17

RELAÇÃO DE TROCA COM MILHO E FARELO DE SOJA

Fonte: Scot Consultoria – www.scotconsultoria.com.br 31 de dezembro de 2018 a 6 de janeiro de 2019• no.1319 Scot Consultoria • www.scotconsultoria.com.br

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RAFAEL RIBEIRO DE LIMA FILHO

INSUMOS

Zootecnista, mestre em administração pela UNESP de Jaboticabal e consultor da Scot Consultoria. rafael@scotconsultoria.com.br

Para 2019, a previsão é de preços menores para o milho e farelo de soja, e de cotações maiores para arroba do boi gordo. A relação de troca frente a estes insumos deverá melhorar. ADUBOS De janeiro a outubro foram entregues 29,92 milhões de toneladas de fertilizantes no país (ANDA). Aumento de 3,9% em relação ao mesmo período de 2017. Com exceção de janeiro e maio (greve dos caminhoneiros), em todos os outros meses o volume entregue foi maior, na comparação com 2017. Veja a figura 2. FIGURA 2.Volume de fertilizantes entregues no Brasil, em milhões de toneladas.

“PARA O MILHO, A RELAÇÃO DE TROCA EM SÃO PAULO, QUE EM 2017, FICOU PRÓXIMA DE CINCO SACAS DE MILHO ADQUIRIDAS COM O VALOR DE UMA ARROBA DE BOI GORDO, CHEGOU A 3,4 SACAS POR ARROBA EM MAIO DE 2018 (PIOR RELAÇÃO DO ANO).”

A expectativa da Scot Consultoria é de que as entregas totalizem entre 35,5 milhões e 36 milhões de toneladas em 2018, o que seria um recorde. O recorde até então foi em 2017, quando as entregas somaram 34,4 milhões de toneladas. Com relação aos preços, a menor movimentação neste final de ano, o câmbio oscilando menos e os estoques de passagem nas indústrias pressionaram para baixo as cotações. Entretanto, na média de 2018, as cotações subiram. Segundo levantamento da Scot Consultoria, os fertilizantes nitrogenados subiram, em média, 22,9% na comparação com 2017. Para os adubos potássicos e fosfatados, os reajustes médios foram de 33,0% e 13,9%, respectivamente. Para 2019, a expectativa é de que o câmbio exerça menos pressão sobre as cotações dos fertilizantes no mercado brasileiro. A expectativa é de preços menores frente a 2018.

5,0 4,5 4,0 3,5 3,0 2,5 2,0 1,5

2017

DEZEMBRO

NOVEMBRO

OUTUBRO

SETEMBRO

AGOSTO

JULHO

JUNHO

MAIO

ABRIL

MARÇO

FEVEREIRO

JANEIRO

1,0

Foto: agronovas.com.br

2018

Fonte: Scot Consultoria – www.scotconsultoria.com.br

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31 de dezembro de 2018 a 6 de janeiro de 2019• no.1319 Scot Consultoria • www.scotconsultoria.com.br

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RAFAEL RIBEIRO DE LIMA FILHO

AGRICULTURA

Zootecnista, mestre em administração pela UNESP de Jaboticabal e consultor da Scot Consultoria. rafael@scotconsultoria.com.br

EXPECTATIVA DE AUMENTO DA PRODUÇÃO DE MILHO E SOJA NO BRASIL EM 2018/2019 A maior oferta prevista é um fator de baixa para as cotações em 2019. Além disso, fatores como o câmbio e demanda deverão pesar menos no caso da soja grão.

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cotações ao longo do ano, em função da safra recorde (2018/2019) e da demanda afetada pelas desavenças com a China. Para a temporada 2018/2019, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estima que o Brasil colherá 120,06 milhões de toneladas de soja, ou seja, recorde.

FIGURA 1. Preços do milho em Campinas-SP e da soja em Paranaguá-PR, em R$ por saca de 60 quilos, sem o frete, em valores reais.

40,00

85,00 80,00

35,00

75,00 70,00

30,00

65,00

Soja - Paranaguá-PR

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Milho - Campinas-SP

dez/18

nov/18

set/18

out/18

ago/18

jul/18

jun/18

mai/18

abr/18

mar/18

fev/18

jan/18

dez/17

out/17

nov/17

set/17

ago/17

jul/17

mai/17

jun/17

abr/17

mar/17

fev/17

25,00 jan/17

60,00

Milho (R$/saca)

45,00

95,00 90,00 Soja (R$/sc)

A produção brasileira de soja foi recorde em 2017/2018, totalizando 119,28 milhões de toneladas. Apesar da maior disponibilidade interna, a alta do dólar, principalmente no primeiro semestre, e a demanda aquecida (exportações) deram sustentação aos preços em reais. Com a quebra na safra da Argentina e o desentendimento comercial entre os Estados Unidos e a China, o Brasil aumentou fortemente os embarques este ano, que devem totalizar 82,0 milhões de toneladas, frente ao recorde no ano anterior, de 68,2 milhões de toneladas (MDIC). Considerando a praça de Paranaguá-PR, o preço médio em 2018 (até a primeira quinzena de dezembro) foi de R$85,97 por saca de 60 quilos, alta de 10,7% em relação ao mesmo período de 2017, em valores reais. No mercado norte-americano, o cenário foi diferente, com pressão de baixa e quedas nas

A oferta será maior também nos principais produtores mundiais. A produção deverá crescer 4,3% nos Estados Unidos (safra colhida) e 46,8% na Argentina em 2018/2019, na comparação anual. Além do crescimento da produção, outros fatores que corroboram com o cenário de preços menores para a soja em 2019, em relação a 2018, são: o câmbio, que deverá influir menos sobre os preços das commodities comparativamente com o que vimos em 2018; e a demanda, sendo que uma possível retomada das compras chinesas da soja norteamericana poderia reduzir a procura pelo produto brasileiro. No caso do milho, a menor produção na temporada que se encerrou (2017/2018), na qual foram colhidas 17 milhões de toneladas a menos que no ciclo anterior, e o câmbio valorizado deram sustentação aos preços no mercado interno, especialmente no primeiro semestre.

Foto: Pixabay

Na região de Campinas-SP, considerando o preço médio de janeiro até a primeira quinzena de dezembro, de R$38,59 por saca de 60 quilos, houve alta de 19,8% frente ao mesmo período de 2017, em valores reais. Para 2019, a expectativa é crescimento da produção no país. Considerando a primeira e segunda safras, a Conab estima 91,1 milhões de toneladas de milho colhidas em 2018/2019. Este volume é 12,8% maior, em relação ao ciclo passado, o equivalente a 10,3 milhões de toneladas a mais. O aumento da produção é um fator de baixa para os preços do cereal em 2019, entretanto, é preciso levar em conta que a maior parte deste volume (70%) é referente ao milho de segunda safra, cuja colheita tem início em junho. Com isso, espera-se preços firmes no primeiro trimestre/quadrimestre, com um peso maior do lado da oferta sobre as cotações a partir de maio/junho, com a colheita da segunda safra. 31 de dezembro de 2018 a 6 de janeiro de 2019• no.1319 Scot Consultoria • www.scotconsultoria.com.br

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