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Aptare
mai | jun | jul 2021
COLÓQUIO
Vacinas contra a Covid-19: nossa bala de prata A geriatra Maisa Kairalla analisa a situação da vacinação no Brasil, as dificuldades encontradas para uma imunização mais ampla e o impacto até agora na população idosa
Imagem: divulgação
Por Lilian Liang
MAISA KAIRALLA Médica geriatra; coordenadora do Ambulatório de Transição de Cuidados da Disciplina de Geriatria e Gerontologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp); presidente da Comissão de Vacinação da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG); coordenadora da Comissão Especial Covid-19 da SBGG.
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um momento em que a pandemia de Covid-19 já causou mais de 420 mil mortes no Brasil, as vacinas se firmam cada vez mais como a única esperança para o fim da crise sanitária vivida no país. A disponibilização das vacinas para o público foi demorada e marcada por reveses políticos: embora disponíveis desde o ano passado, foi apenas em janeiro que o primeiro cidadão brasileiro – a enfermeira Monica Calazans, de 54 anos – foi imunizado. Esperava-se que, a partir dessa ocasião, a vacinação em massa da população contra a Covid-19 fosse acelerada. Não foi o que aconteceu. Cinco meses depois, pouco mais de 15% da população brasileira recebeu a primeira dose
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da vacina. Apenas 8% já receberam a segunda dose. Grande parte dos imunizados é composta por pessoas 60+, consideradas grupo prioritário. Esse esforço de vacinação já apresenta resultados: dados de uma pesquisa realizada pela Universidade Federal de Pelotas revelaram que a proporção de mortes de idosos com 80 anos ou mais caiu pela metade no Brasil após o início da vacinação contra a Covid-19. A geriatra paulista Maisa Kairalla vem acompanhando de perto esse cenário. Muito antes da pandemia, a especialista já se dedicava ao estudo das vacinas em idosos – ela é a presidente da Comissão de Vacinação da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG). Com a Covid-19, Mai-
sa viu a necessidade de criar um grupo especial dentro da entidade para abordar a temática – nascia assim a Comissão Especial Covid-19 da SBGG, da qual ela é uma das coordenadoras. Quinze meses depois do início da pandemia, Maisa advoga irrestritamente pela imunização. “A vacinação é nossa bala de prata nessa luta. As vacinas são seguras e devem ser tomadas”, diz. “Se não acreditarmos na ciência, o que faremos?” Confira a seguir a entrevista exclusiva para a revista Aptare. Aptare – A vacinação contra a Covid-19 começou no Brasil em janeiro. Como você avalia os primeiros resultados?
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