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BÍBLIA VIDA PRESBITERAL

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LITURGIA

LITURGIA

Afé é sempre um diálogo com Deus No caso dos patriarcas, a vida cotidiana está entrelaçada com a ação de Deus na história humana. Exemplo disso é o casamento de Isaac (Gn 24) em relação ao qual todos os

fatos são atribuídos a Deus. Na história de Isaac temos um relato breve e semelhanças com a história de Abraão (exemplo: Gn 26, 1 – 11 e 12, 10 – 20) com Isaac a Aliança que Deus fizera com Abraão é renovada (Gn 26, 23 – 25). As tradições sobre Isaac se ligam a um antigo santuário que havia em Bersabeia, onde Abraão também teria estado. Notamos também a rejeição a casamento com estrangeiras, conforme o costume de um estilo de vida nômade tribal. Neste sentido, Esaú é um mau exemplo: casou-se com uma heteia (Gn 26, 34 – 35). Nas entrelinhas do texto percebemos a preferência de Deus em relação a Jacó (Gn 27): apesar de ser fruto da armação de Rebeca, a bênção que Jacó recebe de seu pai Isaac é desígnio de Deus (Gn 25, 21 – 26). É notável também a malandragem de Jacó (Gn 25, 29 – 34) para ser abençoado por seu pai (Gn 27, 1 – 29). O desfecho deste episódio iria marcar o destino de Esaú (Edom), determinando as características de seus descendentes: um povo ora “irmão” ora inimigo de Israel, um povo guerreiro que viveria da rapinagem. Mais uma vez a exigência de não se casar com estrangeira prevalece por ocasião da fuga de Jacó em relação a seu irmão Esaú: Jacó foge pra casa de Labão, seu tio (Gn 27, 46 – 28, 5). No caminho para a casa de Labão, Jacó tem um sonho: a escada de anjos que confirma a renovação das promessas de Deus feitas a Abraão e Isaac (Gn 28, 10 – 22). Chegado à casa de Labão, alguns fatos marcantes podemos ler no texto: - o encontro com Raquel (Gn 29, 1 – 12): desde então Jacó se apaixona por ela; - o acolhimento (Gn 29- 13 – 14), conforme o costume da época; - o casamento com as duas filhas de Labão, Lia e Raquel (Gn 29, 15 – 30); embora fosse um costume da época que hoje nos choca, no entanto, mais tarde, a Lei de Deus iria proibir casamento com duas irmãs (Lv 18, 18); - os filhos de Jacó (Gn 29, 31 – 30, 24; 35, 16 – 20) que mais tarde iriam compor as doze tribos de Israel ; um outro costume da época que poderia nos chocar: alguns dos filhos de Jacó são filhos com as escravas Bala e Zelfa, a fim de garantir descendência a Jacó. Quanto ao enriquecimento de Jacó, percebemos novamente a astúcia do mesmo, que, por sua vez, havia sido enganado por seu tio Labão (Gn 30, 25 – 43), sua fuga (Gn 31, 1 – 21) e a perseguição sofrida (Gn 31, 22 – 42). Todavia, acontecem duas reconciliações: - com Labão, com um tratado (Gn 31, 43 – 32, 3); - com Esaú: primeiro o encontro (Gn 32, 4 – 33, 1) e, logo após, a separação (Gn 33, 12 – 17). São também notáveis dois fatos dramáticos na história de Jacó: - a luta com o Anjo de Deus (Gn 32, 23 – 33): na qual Jacó (Israel) conseguiu “derrotar” o anjo, fato que marcaria para sempre a relação entre Deus e Israel, por quem Deus sempre zelaria; - a violência por vingança dos filhos de Jacó em relação aos habitantes de Siquém (Gn 34, 1 – 31), fato que recebeu a reprovação de Jacó. Por fim, mais uma vez, a Aliança é renovada em Betel (Gn 35, 1 – 14) Alguns fatos da história de Jacó podem nos chocar, mas é preciso perceber que Deus, na sua infinita misericórdia, vai tentando “escrever certo nas linhas tortas da experiência humana”. É importante notarmos a intervenção e presença de Deus na vida dos patriarcas, apesar de seus costumes nada ortodoxos para nós hoje. Porém, o texto bíblico nos fala de um Deus que sempre quis estar presente na vida do homem e com ele fazer amizade (Aliança), apesar das limitações do próprio homem.

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Pe. Éder Aparecido Monteiro

Comissão de Liturgia

O Presbítero Sábio VIDA PRESBITERAL

Avida presbiteral é um contínuo encontro com Deus que diz: “Pede o que quiseres e eu te darei” (1Rs 3,5). Pedir o precioso dom da Sabedoria que vem em nosso auxílio, a exemplo de Salomão, permitindo-nos acolher a vontade de Deus, discernir pelas coisas do alto e conferir a autoridade para conduzir e ensinar como verdadeiros educadores na fé. O tríplice múnus de governar, santificar e ensinar é assumido de maneira efetiva quando o presbítero é capaz de se reconhecer chamado por Deus para o exercício de tão necessário ministério na vida da Igreja. Em Jesus Cristo encontramos a Sabedoria encarnada que nos atrai para si e nos quer configurados à sua vida de maneira tal que tenhamos a admiração por parte do povo ao nos vê ensinando com a vida que se torna evangelho para tantos. O presbítero sábio é aquele que não age por si e não atrai para si, mas reconhece que a missão à qual foi chamado é para uma vida de doação sincera ao povo de Deus que deve ser instruído na vida cristã com o que prega a santa Igreja. Não é fácil educar na fé se não estivermos unidos a Deus, sendo dóceis aos apelos do Senhor. O presbítero sábio é aquele que, como o Apóstolo Paulo, transmite o que recebeu, sem trair a fé, a Palavra e o ensinamento dos apóstolos. Ao mesmo tempo, é aquele que reconhece a sua pequenez diante da grandeza de Deus e da missão. Por isso, o presbítero sábio é o que busca por primeiro o Reino de Deus e ensina o povo a também buscar o essencial na vida. Diante dos tantos desafios, das muitas exigências, das escolhas cotidianas, da necessidade da escuta, dos pedidos de respostas, da desumanidade, cabe-nos a oração: “Dai-nos um coração sábio, Senhor!”. Disse o Papa Francisco numa de suas catequeses: “devemos pedir ao Senhor que nos dê o Espírito Santo e nos dê o dom da sabedoria, daquela sabedoria de Deus que nos ensina a olhar com os olhos de Deus, a ouvir com o coração de Deus, a falar com as palavras de Deus”. O presbítero sábio é aquele que não alimenta o ódio, o orgulho, o ciúme ministerial, a competitividade, mas tem a humildade de suplicar um coração sábio e caridoso, capaz de preocupar-se com a vida e condução do rebanho, sem esquecer-se de olhar com empatia e misericórdia também para com os irmãos no presbitério. Preocupar-se com o outro e cuidar de si é um profundo gesto de quem tem um coração sábio. Pe. Thiago R. dos Santos

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