INTRODUÇÃO
2 PEDRO Autoria O autor apresenta-se, com clareza e humildade, como Simão Pedro escravo (servo) e apóstolo g o pronome na primeira pessoa do singular, g enfatizando (missionário) de Jesus Cristo (1.1). Emprega o caráter intimista e pessoal da sua mensagem g (1.12-15). Afirma ter presenciado o milagre g da transfiguração g ç de Cristo e a visão da Glória do Senhor (1.16-18; Mt 17.1-5), experiência das mais marcantes em sua vida e que havia influenciado seu ministério apostólico até aquele momento, quando, jjá idoso e prestes a concluir sua peregrinação g ç na terra, sob o martírio romano que se avizinhava, escreveu amorosa e esperançosamente aos seus filhos na fé. Curiosamente, 2 Pedro foi menos conhecida e reconhecida pelos pais da igreja do que 1 Pedro, apesar da leve menção ç que Primeiro Clemente faz acerca dela em algumas g de suas obras publicadas por volta do ano 95 d.C., Orígenes g (185-253 d.C.) e Eusébio (265-340 d.C.) levantaram algumas g dúvidas sobre a autoria e canonicidade da obra, especialmente p ppor causa da linguagem g g simples, extremamente humilde e do uso de uma gramática grega muito inferior à empregada em 1 Pedro. Para muitos pesquisadores e biblistas atuais, Pedro contou com a erudição ç de Silvano, seu discípulo e amanuense, na redação ç da primeira carta, fato que não ocorreu nessa última carta do apóstolo na qual percebemos um homem de Deus ainda mais amadurecido espiritualmente, cheio de fé e esperança, ç desejoso j de falar franca e pessoalmente, do fundo do seu coração ç – pleno do Espírito Santo – à sua amada Igreja, g j usando suas palavras e expressões prediletas, dispensando (ou não podendo contar com) a interveniência de um especialista em ortografia. Propósitos j diante das aflições ç e sofrimentos dessa vida, Se, por um lado, 1 Pedro é uma carta de encorajamento 2 Pedro é a epístola da verdade. Em sua primeira mensagem g aos cristãos, Pedro alimenta as ovelhas do Senhor oferecendo orientações ç ppastorais e ppráticas sobre como lidar com as crises e pperseguições g ç (1Pe 4.12; Jo 21.15-17). Em sua última carta canônica, entretanto, o apóstolo de Cristo ensina à Igreja g j a enfrentar e vencer os falsos mestres e doutrinas heréticas que vivem tentando e atacando os cristãos desde o início da Igreja g j (2.1; 3.3,4). Pedro exorta seus filhos na fé a viverem com sabedoria cristã, numa combinação sadia de teologia bíblica e praxe cristã. O apóstolo estimula a Igreja a perseverar no crescimento espiritual em Cristo (cap.1), a combater os precursores do ggnosticismo e outras formas de falsos ensinos e heresias (cap.2), e a desenvolver um estilo de vida cristã, de vigilância g pessoal e bom testemunho ao mundo, certos de que o glorioso retorno de Jesus Cristo é iminente (cap.3). Data da pprimeira ppublicação ç A última carta do apóstolo Pedro à Igreja g j foi escrita próximo do final de sua peregrinação g ç na terra (1.12-15), e não muito tempo depois de haver publicado sua primeira epístola (3.1). Como a história nos informa, Pedro foi martirizado sob as ordens expressas de Nero, e sua morte deve ter acontecido antes do ano 68 d.C. Sendo assim, a maioria dos eruditos da atualidade acredita que o apóstolo tenha escrito 2 Pedro entre os anos 65 e 68 d.C. Esboço geral de 2 Pedro 1. Saudação apostólica de Pedro aos agraciados com a fé (1.1,2) 2. Desenvolvimento na Palavra e na fé em Cristo (1.3-21) A. Participando da natureza do Senhor (1.3-11) B. O testemunho ocular e a base da fé (1.12-21) 3. Cuidado com os falsos mestres e suas heresias (2.1-22) A. Houve profetas falsos, haverá falsos pastores! (2.1-3) B. Deus não poupa o ímpio, mas salvará o cristão (2.4-10) C. As trevas sem fim estão reservadas aos ímpios (2.11-22) 4. O glorioso e iminente retorno de Jesus, o Messias (3.1-18) A. Nos últimos dias, muitos duvidarão da sua volta (3.1-4) B. Deus criou pela água e destruirá pelo fogo (3.5-10) C. Tudo se extinguirá! Venha logo Senhor! (3.11-18)
2 PEDRO Prefácio e saudação Simão Pedro, escravo e apóstolo de Jesus Cristo, aos irmãos que, mediante a justiça de nosso Deus e Salvador Jesus Cristo, receberam conosco uma fé igualmente valiosa:1 2 Graça e paz vos sejam multiplicadas, no pleno conhecimento de Deus e de Jesus, nosso Senhor.2
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Crescer na graça da eleição 3 Seu divino poder nos concedeu tudo de que necessitamos para a vida e para a piedade, por intermédio do pleno conhecimento daquele que nos convocou para a sua própria glória e virtude,3 4 pelas quais nos têm outorgado as suas preciosas e grandiosas promessas, para que por elas vos torneis co-participantes da natureza divina, livrando-vos da corrupção das paixões que há no mundo.4 5 Por isso mesmo, aplicando todo o vosso esforço, acrescentai a virtude à vossa fé e o conhecimento à virtude, 6 e o domínio próprio ao conhecimento, e a perseverança ao domínio próprio, e a piedade à perseverança, 7 e a fraternidade à piedade, e o amor à fraternidade.
8 Porquanto, se essas virtudes existirem e crescerem em vós, elas não vos deixarão ociosos nem tampouco infrutíferos no perfeito conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo. 9 Pois aquele em quem essas virtudes não habitam age como quem não pode ver ou enxerga somente o que está perto, tendo-se esquecido da purificação dos seus antigos pecados. 10 Portanto, irmãos, esforçai-vos com dedicação cada vez maior, confirmando o chamado e a eleição com que fostes contemplados, pois se agirdes desse modo, jamais abandonareis a fé. 11 Pois desta maneira é que vos será ricamente suprida a entrada no Reino eterno de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.5
O pastor ministra a Palavra 12 Por esse motivo, sempre cuidarei de vos lembrar destes princípios, se bem que estais bem inteirados deles, assim como estais solidamente firmados na Verdade que recebestes. 13 Contudo, considero fundamental, enquanto estiver no tabernáculo deste corpo, despertar a vossa memória,
1 Pedro usa originalmente o termo grego dou'lo" “escravo” ou “serviçal” para demonstrar sua devoção a Jesus Cristo como Deus e Salvador (Rm 9.5). Pedro foi o primeiro dos discípulos a proclamar a grande confissão de fé acerca da plena deidade de Jesus (Mt 16.16). 2 O melhor antídoto contra as filosofias e doutrinas heréticas é uma teologia bíblica, fundamentada na Verdade, isto é, em Cristo (Jn 4.2; Jo 14.27; 20.19; Gl 1.3; Ef 1.2). Particularmente, nesta carta, vemos Pedro combater os pensamentos anticristãos que estavam sendo fomentados em sua época. 3 Pedro responde aos gnósticos, aqueles que acreditam que o conhecimento (saber) é o divino caminho e a raiz da felicidade universal, que o próprio Deus colocou à disposição do ser humano, mediante a pessoa e a obra de Jesus Cristo, tudo o que necessitamos para a Salvação e o desenvolvimento da vida espiritual como cidadãos do Reino (vv. 1.3,5,8; 3.18). O conhecimento teológico cristão deve produzir santidade (Cl 1.9-12). 4 O Senhor nos convida a co-participar de sua natureza e nos libertar da corrupção. O crente deve subir a escada da santificação: depositando totalmente sua fé pessoal em Cristo, o Salvador (Ef 2.8,9); demonstrando as virtudes próprias dos salvos, motivadas pelo Espírito Santo (Gl 5.22); conhecendo dia-a-dia o Senhor e sua Palavra (tema desta carta: 1.3-8; 2.20; 3.18); deixando seu caráter e personalidade serem moldados pelo Espírito (Gl 5.23); seguindo a Cristo sob qualquer circunstância (Mt 24.13; 2Pe 2.21); alimentando um coração piedoso (1Tm 6.3-11); testemunhando amor fraterno (1Pe 1.22; 1Co 13.13). 5 A demonstração pública de um caráter correto e a realização de boas obras é uma das evidências mais claras da verdadeira conversão e submissão de uma pessoa ao senhorio de Cristo. A autenticidade da nossa fé é confirmada à medida em que manifestamos as virtudes cristãs (vv.5-7; Mt 7.20; Gl 5.6; Tg 2.18; 1Pe 1.2; Ef 1.3-6). Os crentes que assim procedem nunca deixarão de perseverar. A expressão original grega “entrada”, neste versículo, comunica a idéia de “ingressar em grande triunfo”.
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porquanto, estou consciente de que em breve deixarei este tabernáculo, como o nosso Senhor Jesus Cristo já me revelou. 15 Todavia, tenho me empenhado para que, mesmo depois da minha partida, vos lembreis com clareza desses ensinos em toda e qualquer situação.6
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porquanto, jamais a profecia teve origem na vontade humana, mas homens santos falaram da parte de Deus, orientados pelo Espírito Santo.8
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A supremacia da Palavra de Deus 16 Porque não seguimos a fábulas engenhosamente inventadas, quando vos fizemos conhecer o poder e a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, pois fomos testemunhas oculares da sua majestade.7 17 Ele recebeu honra e glória da parte de Deus, quando da suprema glória lhe foi dirigida a voz que declarou: “Este é o meu Filho amado, em quem me regozijo”. 18 Ora, nós mesmos ouvimos essa voz vinda dos céus, quando estávamos com Ele no monte santo. 19 Sendo assim, temos ainda mais concreta a Palavra dos profetas, e fazeis muito bem em prestar atenção a ela, como a uma candeia que brilha nas trevas, até que todo o dia se ilumine e a estrela da alva nasça em vossos corações. 20 Antes de tudo, sabei que nenhuma profecia da Escritura provém de interpretação pessoal,
A destruição dos falsos mestres Assim como, no passado, surgiram falsos profetas entre o povo, da mesma forma, haverá entre vós falsos mestres, os quais introduzirão, dissimuladamente, heresias destruidoras, até ao cúmulo de negarem o Soberano que os resgatou, atraindo sobre si mesmos repentina des-truição.1 2 Muitos seguirão seus falsos ensinos e práticas libertinas, e por causa dessas pessoas, haverá difamação contra o Caminho da Verdade.2 3 Movidos por sórdida ganância, tais mestres os explorarão com suas lendas e artimanhas. Todavia, sua condenação desde há muito tempo paira sobre eles, e a sua destruição já está em processo. 4 Ora, se Deus não poupou os anjos que pecaram, mas os lançou no inferno, aprisionando-os em cadeias abismais tenebrosas, com o propósito de serem reservados para o Juízo,3 5 de igual modo, Ele não poupou o mundo antigo quando abateu o Dilúvio sobre
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6 Segundo alguns pais da Igreja, como Irineu, o evangelho escrito por Marcos preserva as reminiscências de Pedro. 7 Pedro afirma que sua mensagem baseia-se em dois fundamentos: ele acompanhou pessoalmente a Jesus em seu dia-a-dia
na terra e presenciou (juntamente com João e Tiago) o milagre da transfiguração como prenúncio efetivo do Reino (vv.17,18; Mt 16.28 – 17.8). E o testemunho fidedigno e inerrante da Palavra de Deus (vv.19-21; Mt 9.28-35; Lc 9.2-8). 8 Pedro faz uma clara afirmação sobre a inspiração das Escrituras. Deus foi origem e conteúdo da Bíblia, de modo que suas páginas transmitem o que o Senhor revelou aos seus autores. Uma vez que a profecia vem exclusivamente do Espírito de Deus, a interpretação correta depende do Autor e da Sua intenção comunicada consistentemente ao longo de toda a Bíblia (2Tm 3.16). Capítulo 2 1 Sempre existiram falsos mestres e profetas no meio do povo de Deus, insuflados por Satanás, com a intenção de desviar os crentes do Caminho do Senhor (Êx 32.8; 2Rs 18.19; Is 9.13-17; Jr 5.31; 14.14; 23.30-32). O NT está repleto de advertências quanto aos falsos pregadores que já estavam infiltrados na Igreja primitiva, pervertendo a teologia bíblica dos apóstolos e das Escrituras. O número e as artimanhas dos falsos mestres crescem uma vez que nos aproximamos do final dos tempos (Mt 24.4,5,11; At 20.29,30; Gl 1.6-9; Fp 3.2; Cl 2.4-23; 2Ts 2.1-3; 1Tm 1.3-7; 4.1-3; 2Tm 3.1-8; 1Jo 2.18-23; 2Jo 7-11; Jd 3,4). Embora a morte e a ressurreição de Cristo tenham pago a condenação de seus próprios pecados, não significa que todos os falsos mestres fossem cristãos, pois muitos não aceitavam o sacrifício vicário do Senhor nem a Cristo como Salvador pessoal. 2 Quanto mais a sociedade se afasta da reverência a Deus e à sua Palavra, mais se entrega à imoralidade, rebeldia e à confusão mental e espiritual. A única forma de evitar o caminho da destruição pessoal e absoluta é agarrar-se à graça salvadora de Cristo que, no momento, está à disposição de todos nós (Sl 119.30). 3 Dos anjos caídos, Lúcifer se tornou Satanás, o líder maior dos inimigos de Deus, os demais (demônios) se tornaram seus escravos. Pedro usa a expressão grega tartaroõ, um termo clássico usado para indicar o lugar de castigo eterno, mas que aqui tem um sentido muito mais amplo, significando uma área intermediária onde os mais terríveis anjos caídos foram aprisionados e aguardam a sentença final. A Bíblia não explica o motivo pelo qual alguns anjos diabólicos estão aprisionados e outros continuam livres e servindo a Satanás. O Juízo a que Pedro se refere está associado ao juízo do grande trono branco (Ap 20.11-15).
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aquele povo ímpio, entretanto preservou a Noé, proclamador da justiça, e mais sete pessoas.4 6 Também condenou as cidades de Sodoma e Gomorra, reduzindo-as a cinzas, tornando-as exemplo do que sucederá aos que vivem praticando o mal. 7 Se Deus livrou o justo Ló, que vivia oprimido com o procedimento corrupto e libertino daqueles incrédulos. 8 Porque este justo, pelo que via e ouvia diariamente, quando habitava entre eles, sentia sua alma atormentada por causa das muitas obras iníquas dessas pessoas. 9 Constatamos, portanto, que o Senhor sabe livrar os piedosos da provação e manter em castigo os ímpios para o Dia do Juízo, 10 principalmente os que seguem as vontades imorais da carne e desprezam toda autoridade constituída. Atrevidos e arrogantes! Tais pessoas não têm receio nem mesmo de insultar os gloriosos seres celestiais;5 11 todavia, os anjos, embora sendo maiores em força e poder, não pronunciam contra aqueles seres quaisquer acusações difamatórias diante do Senhor.6 12 Mas essas pessoas que, à semelhança de animais irracionais, vivem apenas por instinto natural, nascidas para serem
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caçadas e destruídas, serão corrompidas pela sua própria corrupção,7 13 recebendo a justa retribuição de sua injustiça. Tais pessoas consideram prazer entregar-se aos mais repugnantes atos de indecência em plena luz do dia. São como nódoas e manchas, regalando-se em manifestar a torpeza de suas paixões mesmo durante as vossas festas de fraternidade.8 14 Tendo os olhos cheios de adultério, nunca param de pecar, iludem os incautos e têm o coração habituado à ganância. Malditos! 15 Eles se desviaram, abandonando o Caminho correto e seguindo o rastro de Balaão, filho de Beor, que se apaixonou pelo salário da injustiça,9 16 mas em sua transgressão foi repreendido por uma jumenta, um animal mudo que falou com voz humana e refreou a insensatez do profeta. 17 Esses homens são como fontes sem água, névoas levadas por tempestade, para os quais está reservada a absoluta escuridão das trevas. 18 Pois, proclamando palavras arrogantes e levianas, tomados pelas paixões sensuais da carne, conseguem seduzir aqueles que estavam quase conseguindo escapar do envolvimento daqueles que jazem no erro.10 19 Prometem-lhes total liberdade, porém
4 Foram salvos Noé e mais sete pessoas: sua esposa, três filhos e três noras (1Pe 3.20). 5 Os hereges da época de Pedro serão punidos por duas razões principais: estavam entregues ao mesmo tipo de aberração
moral dos antigos sodomitas, que em sua volúpia homossexual ousaram ofender e atacar os próprios anjos do Senhor (Gn 19.15). E não respeitaram a Palavra de Deus proferida pelos seus servos, chegando a ponto de blasfemar contra os mensageiros (anjos) do Senhor (Jd 8-10). 6 Até mesmo os anjos consagrados ao Senhor, que defendem a verdade e têm maior poder do que os anjos caídos, não usam do direito que possuem para levantar acusações contra os anjos maus e inferiores. 7 Pedro se refere às pessoas que alegam ter um conhecimento além do normal (como os esotéricos e gnósticos da época) porém, em suas atitudes cotidianas demonstravam flagrante ignorância e grosseria. 8 Até mesmo os pagãos mais sórdidos praticavam suas ações corruptas e imorais acobertados pelo manto das trevas (1Ts 5.7). Esses hereges, precursores do gnosticismo, entretanto, manifestavam de forma absolutamente desavergonhada suas malícias e comportamentos torpes nas reuniões dos crentes e até nas chamadas “festas do amor fraternal cristão” (em grego transliterado agape) que, na igreja primitiva, acompanhavam a Ceia do Senhor (1Co 11.20-34). 9 O profeta Balaão, por interesses financeiros, tomou a decisão de amaldiçoar o povo de Israel, apesar da proibição do Senhor (Nm 22.21-35). Os falsos mestres e pregadores da época de Pedro estavam extorquindo dinheiro dos crentes ingênuos. Pedro, então, relembra a história da jumenta que Deus usou para repreender Balaão, a fim de desmascarar os falsos profetas que estavam devastando a Igreja do Senhor. 10 Os olhos dos falsos mestres são cheios de adultério; não apenas lascivos, mas também intelectuais e principalmente espirituais, adulterando a verdade com mentiras e falsas inferências (Tt 1.14). Assim como os leões buscam atacar os filhotes e adultos machucados entre suas presas, os sedutores (falsos pregadores) procuram ganhar para si os recém-convertidos e os imaturos na fé em Cristo.
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eles próprios são escravos da corrupção; porquanto, toda pessoa se torna servo daquele por quem é vencido.11 20 Sendo assim, se depois de fugir das corrupções do mundo, mediante o conhecimento do Senhor e Salvador Jesus Cristo, são uma vez mais influenciados e vencidos por elas, o seu último estado tornou-se ainda pior do que o primeiro. 21 Porque lhes teria sido melhor não haver conhecido o Caminho da justiça do que, depois de conhecê-lo, darem as costas ao santo mandamento que lhes havia sido concedido.12 22 Dessa maneira, confirma-se neles o quanto é verdadeiro o provérbio que diz: “O cão volta ao seu vômito” e mais: “A porca lavada volta a revolver-se no lamaçal”.13 A Promessa do Senhor é segura Amados, esta é agora a segunda carta que vos escrevo; em ambas procuro despertar com estas recordações a vossa mente sincera. 2 para que vos lembreis das palavras que anteriormente foram ditas pelos santos profetas, bem como do mandamento do
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Senhor e Salvador, que os vossos apóstolos vos ensinaram.1 3 Antes de tudo, considerai atentamente que, nos últimos dias, surgirão escarnecedores anunciando suas zombarias e seguindo suas próprias paixões.2 4 Eles proclamarão: “O que aconteceu com a Promessa da sua vinda? Ora, desde que os antepassados morreram, tudo continua como desde o princípio da criação!”.3 5 No entanto, deliberadamente, eles não reconhecem que desde a Antigüidade, por intermédio da Palavra de Deus foram criados os céus e a terra, e esta foi formada da água e por meio da água.4 6 Foi pelas águas que o mundo daquela época foi submerso e destruído. 7 Ora, por intermédio da mesma Palavra, os céus e a terra que hoje existem estão também preparados para o fogo, reservados para o Dia do Juízo e para a total destruição dos ímpios.5 8 Contudo, amados, há um princípio que não deveis esquecer: que, para o Senhor, um dia é como mil anos, e mil anos, como um dia.6 9 O Senhor não se atrasa em cumprir a
11 Na verdade, os falsos mestres querem liberdade para agir com absoluta licenciosidade, sem prestar contas de seus atos escusos a ninguém; ainda que não reconheçam, são escravos do pecado e de suas próprias paixões descontroladas e necessitam urgentemente do verdadeiro arrependimento em Cristo (1Co 6.12,13; Gl 5.13). 12 Algumas pessoas, conhecem a Igreja e o Senhor e, por começarem a andar na boa influência dos crentes e aplicarem os princípios (santos mandamentos) da Palavra ao seu estilo de vida, passam a vivenciar os aspectos de uma nova vida. Entretanto, na verdade, não nasceram do Espírito Santo (Jo 3.5-18) no íntimo de seus corações e, por isso, com o passar do tempo, não resistem aos baques das provações e à sedução das tentações, e sucumbem às suas próprias concupiscências. O crente sincero, nascido de novo, recebe o Espírito Santo em seu coração e, ainda que lute a vida toda contra a carne e o Diabo, está selado com Cristo para sempre e jamais perderá sua Salvação (Jo 10.27-30; Rm 8.28-39). O cristianismo, na época dos apóstolos, era conhecido como “o Caminho” (At 9.2; 18.25; 19.9.23; 22.4; 24.14,22). 13 Pv 26.11 e Jd 3.23. Capítulo 3 1 A maioria dos cristãos carece mais de ser relembrada das verdades bíblicas fundamentais do que informada. 2 Os dias que marcaram a primeira vinda de Cristo e o início da Igreja são considerados “os últimos dias” em relação aos dias preliminares e preparatórios do AT. A era cristã é o período escatológico da história da humanidade e o auge do cumprimento das profecias bíblicas. 3 Os precursores do gnosticismo procuravam minar a fé dos cristãos, argumentando que já havia passado muito tempo desde a morte de Jesus e de alguns de seus grandes discípulos, como Estevão, Tiago (irmão de João) e outros (Hb 13.7), e tudo continuava como no tempo dos patriarcas do AT. Essa forma de pensar os levava a suporem e pregarem que Deus não interfere na terra nem na história humana. 4 Pedro desmascara o sofisma usado p pelos falsos mestres afirmando que q é impossível p que q alguém g desconsidere o dilúvio e tantos outros eventos portentosos (Êx 13.21; 14.21; Js 10.12,13), como intervenção de Deus. Os gnósticos estavam tentando, a todo custo, evitar que a fragilidade e a falsidade dos seus argumentos se comprovassem. A Palavra de Deus é criadora e poderosa, separando e discernindo os elementos e a própria alma humana (Gn 1.3-10; Hb 4.12). 5 Assim como nos dias de Noé, o Juízo do Senhor certamente virá sobre nossa atual civilização e consumirá todos aqueles que não acolheram a graça salvadora de Deus por meio da fé em Jesus Cristo (Gn 7.11). 6 Para Deus, os seus propósitos são mais importantes do que o tempo e o espaço. Deus não se limita aos parâmetros existen-
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sua promessa, como julgam alguns. Pelo contrário, Ele é extremamente paciente para convosco e não quer que ninguém pereça, mas que todos cheguem ao arrependimento. 10 Entretanto, o Dia do Senhor virá como ladrão, no qual os céus desaparecerão ao som de um terrível estrondo, e os elementos se desintegrarão pela ação do calor. A terra e toda obra nela existente serão expostas ao fogo.7 11 Ora, se tudo o que existe será assim aniquilado, que espécie de pessoas é necessário que sejais? Pessoas que vivem em santidade e piedade,8 12 aguardando o Dia do Senhor e apressando a sua vinda. Naquele Dia, os céus se dissolverão pelo fogo, e todos os ele-mentos, ardendo, se dissiparão com o calor. 13 Todavia, confiados em sua Promessa, esperamos novos céus e nova terra onde habita a justiça.9 O cristão e o Dia do Senhor 14 Por isso, amados, enquanto aguardais
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estes eventos, esforçai-vos para que sejais encontrados por Ele em plena paz, sem mácula e livres de culpas diante dele.10 15 Considerai que a longanimidade do nosso Senhor é uma oportunidade para que possais receber a Salvação, assim como o nosso amado irmão Paulo também vos escreveu, de acordo com a sabedoria que Deus lhe concedeu. 16 Ele escreve do mesmo modo em todas as suas epístolas, discorrendo nelas sobre esses assuntos, nos quais existem trechos difíceis de entender, os quais são distorcidos pelos ignorantes e insensatos, como fazem também com as demais Escrituras para a própria destruição deles.11 17 Sendo assim, amados, estando bem informados, guardai-vos para que não sejais conduzidos pelo erro e sedução dos que não têm princípios morais, vindo a perder a vossa segurança e cair. 18 Antes, crescei na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. A Ele seja a glória, agora e no Dia eterno! Amém.
ciais próprios da humanidade. Por isso, sua longanimidade, bondade, misericórdia e justiça são incompreensíveis pela natureza ímpia e impaciente do ser humano (Sl 90.4). 7 Temos aqui mais um eco das palavras de Cristo (Mt 24.43; Lc12.39 Is 2.11,17,20; Am 5.18; 1Ts 5.2), agora numa linguagem apocalíptica, como nos textos de Apocalipse e Daniel. Os profetas escatológicos tiveram visões e revelações de eventos e tecnologias milhares de anos à frente do seu tempo e, portanto, se valeram de figuras de linguagem para comunicar os fenômenos que anteviam. As energias atômicas e os elementos presentes em todo universo, tais como os conhecemos hoje (hidrogênio, oxigênio, carbono, hélio etc), foram traduzidos simplesmente como terra, ar, fogo e água, por exemplo. 8 Pedro conclui a destruição dos argumentos gnósticos com uma pergunta retórica, cuja resposta é obvia. Se o mundo com todos os seus elementos e construções humanas vai se transformar em cinzas, o que será de nós, como indivíduos? Essa reflexão deve nos conduzir urgentemente aos pés de Cristo em arrependimento (santidade) por nossa arrogância e demais pecados, e abraçarmos com júbilo e dedicação (piedade) a graça salvadora que – ainda – está sendo oferecida por Deus ao mundo todo (Mt 25.13; 1Ts 5.6,8,11; 2Pe 1.13-16). 9 O Dia do Senhor é uma expressão sinônima de “O Dia de Deus”, pois ambas caracterizam o mesmo evento histórico (Ap 16.14). De fato, esse Dia pode ser apressado pela ação direta do povo de Deus ao se dedicar à “construção da arca”, isto é, “a evangelização dos povos” em todo mundo. O Senhor, em sua longanimidade, está esperando por todos aqueles que sinceramente, virão a receber seu perdão e a graça da vida eterna em Cristo (At 3.19,20). A oração e um viver dirigido pelo Espírito Santo também são elementos que cooperam para o raiar do Dia do Senhor Todo-Poderoso (Mt 6.10; Is 34.4). Portanto, os salvos não devem torcer por calamidades nacionais e mundiais, mas sim cooperar para a evangelização e santificação de todas as demais pessoas sobre a face da terra. Haverá novos céus e uma nova terra, ou um mundo renovado, onde a justiça viverá conosco (Ap 21.1; Is 65.17; 66.22; 11.4,5; 45.8; Dn 9.24). 10 Nada será mais maravilhoso e consolador do que receber um elogio do próprio Senhor Jesus por termos expressado nossa fé sincera mediante atos de justiça e bondade durante nossa difícil peregrinação pela terra. A paz do cristão é um presente de Deus, por conta de sua justificação em Cristo (Rm 5.1). Entretanto, é possível manchar, riscar e até quebrar essa paz se insistirmos em viver de forma contrária à vontade expressa de Deus (1Co 3.10-15; 2Co 5.10). 11 Pedro alimentava a mais elevada consideração pela vida e ministério do apóstolo Paulo e fez questão de atribuir aos escritos bíblicos de Paulo a mesma autoridade inspirada por Deus nos textos sagrados do AT (1.21; 2Tm 3.16).