REFLEXOS DE SANTA MARIA
não só as boates s e r ã o f is c a l iz a da s Corpo de Bombeiros de Após o incêndio na Boate Kiss, que vitimou mais de 230 pessoas, erciais e prédios residenciais Encantado quer ampliar fiscalização para estabelecimentos com PÁGINAS 9, 10, 11, 12 e 13
Rejane Bicca
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Rocassalense escapa com vida da boate
Páginas 14, 15 e 16
Enfermeiro de Encantado trabalha como voluntário Donos de boates da região garantem segurança Ex-funcionária do Fórum de Encantado entre as vítimas
Divulgação
André Sangalli no gol do Juventude Página 22
Acervo pessoal
Mais uma aventura de Silvio Zonatto na Patagônia. Página 21
Marcos Efler/Ag.AL
Westphalen assume a Assembleia Página 17
COLUNA
JORNAL OPINIÃO n 1º de fevereiro de 2013
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milton@rdencantado.com.br
As mais de 200 mortes e suas histórias Eu poderia estar aqui: 1. Falando dos seguranças que impediram, num primeiro momento, as pessoas de saírem da Boate Kiss em Santa Maria, sem apresentar o pagamento da comanda, minuto, minutos ou segundos que podem ter sido fatal para alguns; 2. Falar da ganância dos proprietários, que teriam realizado uma festa para, mais ou menos, 1.500 frequentadores e o espaço comportava, se muito, 700 pessoas; 3. Dizer que os músicos da Banda Gurizada Fandangueira foram totalmente irresponsáveis e fizeram um show pirotécnico que utilizava fogos de artifício, que podem ser os causadores do incêndio que vitimou mais de duas dezenas de pessoas; 4. Que os órgãos competentes foram relapsos com a fiscalização do estabelecimento; 5. Que os proprietários foram irresponsáveis ao isolar acusticamente o local com um material altamente inflamável; 6. E muitos outros fatos que podem ter contribuído para interromper o sonho de muitos jovens; Mas isto é uma situação que acredito, e acredito mesmo nas autoridades constituídas, como Mistério Público, Delegados e Servidores Estaduais, e tenho a certeza que tudo será esclarecido, investigado dentro da lei, para que a Justiça possa dar uma sentença justa a quem realmente tiver contribuído para essa tragédia. Mas quero aproveitar e falar de algumas histórias que fazem a gente refletir sobre a tragédia da Boate Kiss em Santa Maria: 1. De inúmeros voluntá-
Wilson Dias/ABr
rios que, ao saberem da tragédia, imediatamente correram para Santa Maria para ajudar a quem precisava, e isto não tem preço, e estes têm muito para contar aos outros sobre a experiência que viveu. É o caso de um enfermeiro de Encantado (Rodrigo Maccari), que viu uma mãe que perdeu dois filhos, a nora e um sobrinho, e não tinha nem força para desmaiar olhava para o nada, e esse era o seu futuro imediato, o nada; 2. Do irmão que na escuridão da fumaça entrou na boate e resgatou aquele que viveu ao seu lado a vida inteira, se isto não tiver uma mão superior, é de algo que a nós mortais é difícil de entender; 3. De como a vida pode ser cruel com um pai que compra um apartamento para um filho e, na quinta-feira, faz a sua mudança para Santa Maria, e no sábado o pai o leva até a porta da Boate Kiss, onde iria comemorar com os amigos. O que era para ser um
futuro de alegria tornou-se uma grande decepção, já que o filho único que iria cursar uma universidade federal e iniciar a vida em busca de sua futura profissão, sobra o vazio, a tristeza e a pergunta, como tocar a vida agora? 4. O que dizer do soldado bombeiro, que se atreveu a olhar um celular que não parava de tocar, com 104 ligações perdidas, e todas no visor do aparelho tinha a mesma procedência, ou seja, o telefone de alguém que atendia pelo nome de mãe. O que a progenitora queria ouvir era o seguinte, ‘alô mãe, estou viva’, frase que nunca mais vai ouvir, e até a confirmação, ela tinha esta esperança. 5. A história do soldado bombeiro que estava no quartel e recebeu da corporação a ligação de um incêndio, local Boate Kiss em Santa Maria, e desde o início do deslocamento até o local do sinistro, um único pensamento, meu filho está
neste local, e lá um bem maior (uma enormidade de vidas a serem salvas), se existe algo superior a um filho, e realizar a sua missão, salvar vidas, salvar vidas, salvar vidas, e o filho, olhar os corpos no chão, querendo ter a certeza de que o seu sucessor ali não estivesse, e o final neste caso foi feliz; 6. A moça que sofria de bronquite asmática encontra o seu anjo ao gritar por socorro, alguém que tem a sensibilidade de levantar o seu vestido, colocá-lo na altura do nariz, para evitar a inalação da fumaça altamente tóxica, segurá-la e ir levando-a em direção à porta, e a cada vez que não suportava dizia, ´calma, estamos chegando’. Alcançando o lado de fora, pediu o seu nome, e se virou para entrar novamente na busca de salvar mais vidas, ouviu o apelo da jovem salva para não entrar mais, e respondeu que precisava buscar mais pessoas, não mais voltou, morreu, um verdadei-
ro herói, que teria ajudado no mínimo mais dez pessoas. Para o pai, que ao conceder entrevista disse que o seu filho era assim mesmo, de ajudar e se preocupar com os outros, fica a dúvida, quero ter um filho herói no cemitério, ou um covarde dentro de casa? Quem irá responder esta dúvida? Por tudo isso, nestas breves histórias, e muitas outras poderiam fazer parte desta nossa coluna, resta às autoridades, uma punição severa a quem realmente é culpado, de roubar histórias de vida, não só o corpo, mas principalmente a alma, uma dor que deve ser inesgotável, imensurável e principalmente infindável, que fica até o final da vida. Como a da mãe que era lavadora de copos da boate e não pode ir trabalhar. No seu lugar, a filha pediu para ir, não voltou mais, não sei se teria suporte para aguentar esta última dor, e ela faz apenas parte de um contexto. JUSTIÇA JÁ.
REPORTAGEM ESPECIAL
JORNAL OPINIÃO n 1º de fevereiro de 2012
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alerta Na região
O incêndio na Boate Kiss, em Santa Maria, que vitimou mais de 230 pessoas, a maioria jovens, acendeu o sinal amarelo no país sobre as condições das casas noturnas. Tão logo começaram a ser levantadas as possíveis causas da tragédia, a preocupação também recaiu para a realidade de nossa região. O Jornal Opinião conversou com os proprietários das principais boates de Encantado e cidades vizinhas. Os empresários lamentam a situação ocorrida em Santa Maria e garantem que os estabelecimentos locais atendem às exigências da legislação quanto à segurança. Reportagem: DIOGO DAROIT FEDRIZZI
usina´s O empresário Arthur Cipriani, do Usinas, de Muçum, contratou a assessoria de uma empresa especializada na prevenção de incêndios, que, além de orientar, analisa mensalmente os equipamentos de segurança, como extintores, lâmpadas e travas antipânico das portas de emergência. “A fiscalização do Corpo de Bombeiros de Encantado é muito boa, recebo a visita deles direto, a cada dois três meses”, afirma. Recentemente, Arthur e mais dois funcionários participaram de um treinamento que ensina os participantes a agirem quando acontecem sinistros. “Já fizemos uma simulação de evacuação no Usina´s. Em cinco minutos, retiramos todas as pessoas, sendo que o tempo máximo é oito minutos”, comenta. Os seguranças contratados também precisam ter ‘carteirinha’ com capacitação para atuarem numa situação de incêndio, por exemplo. Arthur, que está há seis anos no ramo de festas, salienta que é importante o proprietário da casa ter conhecimento daquilo que está promovendo. “Eu sei tudo o que vai se passar no palco, a hora que vai acender a luz, a hora que vai terminar. E tenho uma norma: a festa não pode passa das 5h”, conta. “Já tivemos dois casos de bandas que queriam acender sinalizador, e eu provei para eles que não teria condições”.
Arthur contratou uma empresa especializada Ele garante que a estrutura da casa atende às normas exigidas. O forro do teto do Usina´s é feito com isopor, separado por barras de metal. Lâmpadas de emergência foram instaladas em vários pontos, no banheiro e nos corredores. Uma das portas de saída que liga a pista principal ao ambiente ao ar livre tem 2m50cm. “A porta principal possui barra antipânico e fica aberta o tempo todo. Outra saída de emergência dá direto na rua. E temos possibilidade de construir mais uma”. Os disjuntores elétricos são individualizados e estão instalados em diversos locais, como palco, camarote e copa. As janelas superiores sempre estão abertas, que facilitam a passagem de ar. No Usina´s, não existe comanda. Os clientes pagam antes de consumir. “Prefiro
assim, evita fila na saída e as pessoas podem deixar a casa a hora que quiserem”. O proprietário acredita que a partir da tragédia de Santa Maria, os clientes vão começar a prestar atenção na segurança dos locais. “A casa que mostrar segurança, o público vai continuar frequentando. Todo mundo quer se divertir, mas com segurança”, diz. Uma das providências que Arthur pretende adotar nos próximos eventos é orientar os clientes pelo sistema de som sobre como proceder em caso de acidentes. “Será uma orientação breve, no começo do evento. Mas importante para todos. A tragédia de Santa Maria foi um desastre, mas serviu de exemplo para que outros fatos parecidos não aconteçam”, entende.
BUZOLI E ARENA
Alex Buzoli, 37 anos, trabalha com organização de festas há 20 anos. Proprietário das casas Buzoli, de Doutor Ricardo, e Arena, de Anta Gorda, garante que as duas danceterias seguem as normas do Corpo de Bombeiros. No Buzoli, por exemplo, são quatro saídas de emergência. Em breve, uma quinta será instalada. Na Arena, também são quatro. Os dois locais não possuem forro com espuma inflamável e o uso de sinalizadores é proibido. Nesta semana, os bombeiros fizeram nova vistoria nas duas danceterias e foram sugeridas algumas adequações. “Vamos deixar tudo em ordem para a próxima festa, dia 23 de fevereiro, com animação do Tchê Chaleira”, comenta Alex.
LOST pub O músico e empresário Roni Dalpizzol, um dos sócios-proprietários da Lost Pub, de Encantado, revela que o Corpo de Bombeiros fez nova vistoria na terça-feira (29). “A Lost está dentro dos padrões exigidos. Faltam algumas adequações, como placas indicativas das duas saídas, a principal e a de emergência, e na escada”, comenta. Recentemente, os extintores de incêndio foram renovados. Segundo ele, a estrutura da casa é de concreto, mas revestido de madeira. Roni destaca a disponibilidade de uma área exclusiva para fumantes. “Temos climatização nos dois ambientes, por isso precisamos criar um local só para os fumantes”. Ele conta que quando adquiriram a Lost, há quase dois anos, uma ampla reforma foi feita no prédio, sobretudo, na parte elétrica. “Investimos bastante para melhorar”, salienta. “Estamos sempre procurando fazer melhorias para que nossos clientes se sintam bem e seguros”. Com a experiência de 15 anos como músico, Roni diz que conhece bem a realidade das casas noturnas do Rio Grande do Sul. “Já vi bares top e outros quem nem dá para chamar de boate. Aprendi muita coisa importante e tento trazer para a Lost”. No ano passado, ele fez o curso de prevenção contra incêndios por orientação dos bombeiros. “Eles são nossos parceiros. Nos avisam antes do vencimento do alvará e tudo o que precisamos fazer”. Outro fator importante é a contratação de seguranças
capacitados para agir em caso de incêndios. “Não são apenas disciplinadores, a equipe de segurança precisa ter algo a mais, é quase como um braço da casa”. Roni reconhece que muitas pessoas, principalmente, os pais, agora, ficam com medo de verem os filhos freqüentando boates. “Mas também não podemos generalizar. Temos muito cuidado com a segurança. Nosso alvará está em ordem”. A Lost não trabalha com comanda, mas com fichas pré-pagas, modelo que Roni viu em um estabelecimento na cidade de Guaporé. “O cliente compra a ficha, que varia de R$ 20,00 a R$ 50,00, antes de consumir. Conforme ele vai gastando, vai marcando na ficha. Não tem formação de fila na saída. Se não consumir todo o valor, devolvemos o restante do dinheiro na saída”, explica.
Roni fez curso de prevenção de incêndios
secret Alceu Gerhardt, 25 anos, é um dos sócios da Secret, instalada no centro de Encantado. A casa tem capacidade para receber até 500 clientes. Ele explica que quando construiu a boate, há um ano, houve o máximo de cuidado com a segurança, desde o acesso para cadeirantes até possíveis situações de emergência. O isolamento acústico, por exemplo, veio de São Paulo. “É antichamas, para não ter risco”, revela. “Os bombeiros pediram dois extintores, eu coloquei três. Temos várias luzes de emergência, no banheiro, nos cômodos. Escada com corrimão. O investimento foi grande, fizemos tudo para mais, pensando na segurança”, garante. Alceu conta que existem duas saídas de emergência, a da porta principal e uma nos fundos do prédio, com fechadura antipânico. “Tu só bate e a porta abre inteira”, conta. A estrutura do telhado
também foi reforçada. 16 exaustores foram instalados para renovar o ar do ambiente. O empresário cuida até da passagem de som dos músicos para evitar surpresas na hora da apresentação. O uso de artefatos e fumaça em shows de bandas e DJs não é permitido. Alceu destaca ainda o sistema de comanda eletrônica, que facilita o controle de acesso e consumo. Na chegada, os clientes da Secret recebem um cartão eletrônico e são cadastrados com nome e CPF. “Se alguém sai sem pagar, eu sei quem foi, tudo fica registrado”, alerta Alceu, em referência à preocupação dos seguranças da boate de Santa Maria, que teriam barrado a saída das pessoas com medo de que não pagariam o que haviam consumido. “Não fico preocupado. Estamos com tudo em dia”, conta.
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“Mãe, tô vivo”, marcos rabaiolli, Rocassalense que escapou com vida Arquivo pessoal O rocassalenque estava tudo se Marcos Rabem. Aí comecei a baioli, 21 anos, assistir à televisão estudante do e me apavorei. À terceiro semestarde, ele me ligou tre de Engenhade novo dizendo que ria de Controle não estava se sene Automação da tindo bem. Pedi para Universidade ele ir para o Hospital Federal de Santa que nós iríamos Maria, estava para Santa Maria. Os na Boate Kiss e colegas levaram o conseguiu deixar Marcos para o Hoso local com vida. pital, o coordenador Ele chegou a do curso ficou com ficar internado ele no hospital. no hospital da Universidade JO – Ele inalou devido à inalação muita fumaça? da fumaça tóxica. Lenir – Sim, No domingo bastante tóxica. (27), Marcos deixou uma menJO – E o que ele sagem na rede falou pra vocês, ele social Facebook. conseguiu sair logo “Muito obrigada boate? do a todos que Lenir – O Marcos me mandaram e os amigos estamensagens de vam perto do palco. Marcos recupera-se bem apoio, nessas A colega dele me horas a gente vê contou, porque ele o quanto somos queridos. Estou bem não se lembra direito. A colega do fisicamente, emocionalmente não pos- Marcos estava com calor e pediu para so dizer o mesmo, vi coisas que serão ir mais em direção à saída. Eles foram. difíceis de esquecer. Só posso deixar Ele resolveu comprar uma bebida no meu apoio às vítimas dessa tragédia”, bar, que fica próximo à saída. E aí ele escreveu o jovem, que reside há um olhou para o palco e viu que começou ano e meio em Santa Maria. o incêndio. E como ele já está assustaDesde que receberam a ligação do do, porque no ano passado explodiu o filho, por volta das 5h de domingo, Posto em Roca Sales – ele viu tudo, a os pais Jalmir e Lenir custaram para gente mora próximo - saiu correndo. acreditar no que havia acontecido. Só que chegou perto da saída e os seAssim que Marcos baixou na Casa de guranças não deixaram sair por causa Saúde, eles se deslocaram até Sanda comanda. Por isso que ele inalou ta Maria. O jovem recupera-se bem fumaça, senão teria saído mais rápido. e deve retornar a Roca Sales nesta sexta-feira. Por telefone, o Jornal OpiJO – E essa de ele querer voltar nião conversou com a mãe de Marcos, para salvar o amigo... Lenir, que trabalha como secretária na Lenir – Isso, quando ele chegou na Escola Estadual Padre Fernando e que rua, viu que o amigo não tinha saído. acompanhou a recuperação do filho Tentou voltar, mas os bombeiros não em Santa Maria. deixaram ele voltar.
Jornal Opinião – Como vocês ficaram sabendo da tragédia? Lenir – O Marcos nos ligou às 5h30min lá em casa, e ele falava assim: “Mãe, eu tô vivo, eu tô vivo. Tem muita gente morta. Eu tava numa boate e pegou fogo, mãe, morreu muita gente, mas eu tô vivo. E perdi meu amigo”. Até ele saiu e queria voltar para buscar o amigo, mas os bombeiros não deixaram ele voltar. JO - Vocês nem entendiam direito o que estava acontecendo? Lenir – Não. Eu imaginei que ele estava apavorado, que não fosse tudo isso. Até pedi para ele se queria que a gente fosse para Santa Maria. Ele disse
REPORTAGEM ESPECIAL EX-FUNCIONÁRIA DO FÓRUM DE ENCANTADO ENTRE AS VÍTIMAS Uma das vítimas da tragédia de Santa levantei e parecia que eu já estava sabenMaria era conhecida dos encantadenses. do, levantei correndo, chorando. Eu não Rosane Fernandes Rehermann, 46 anos, tinha como ir, estava impotente aqui. Não trabalhou na Segunda Vara de Encantative como ajudar”. do e atualmente estava lotada em Santa Mesmo diante de tanta dor, a filha Maria. Ela estava na boate Kiss acompaainda precisou fazer o reconhecimento nhada do marido Luis Antonio Xisto, que da mãe. “Como ela estava sem documenera estudante do Curso de Veterinária. to, pois devia estar na bolsa, eu tive que Diversos amigos da cidade deixaram olhar corpo por corpo para reconhecê-la. mensagens na página de Rosane na rede Eu reconheci a minha mãe, porque ela social Facebook. Recentemente, ela viatinha uma tatuagem na perna com as jou com amigas de Encantado para Natal, nossas inicias. Então, não tinha como não no Rio Grande do Norte. ser ela. Era ela”, emocionou-se a jovem. Na quarta-feira (30), os filhos de Rosane, Marília e Pedro Rafael participaColegas lamentam ram do Mais Você, da Rede Globo. O site A escrivã do Fórum de Encantado, do programa, apresentado por Ana Maria Carine Zeni, trabalhou com Rosane e, Braga, fez referência à triste história. mesmo após a saída dela da cidade, O texto aponta que Rosane acompacontinuou mantendo contado sistemánhava o marido, aluno da faculdade, e tico. “Conversávamos pelo MSN interno. que era considerado pelos colegas de A Rosane sempre foi uma líder sindical, estudo como o ´tiozinho´ da turma. “Ela estava antenada às questões dos nossos gostava muito da juventude, como ela era direitos, organizava as mobilizações, nos servidora do judiciário, ela era conhecida representava nas Assembleias em Porto como a defensora dos estagiários. E vivia Alegre. Seguidamente, ela concedia ensaindo com eles”, descreveu Marília, com trevistas para a rádio”, relata. “Estamos lágrimas nos olhos. O irmão contou que todos abalados. Na segunda-feira (28), soube da tragédia pelo pai. “Me preopouco se conseguiu trabalhar. É uma cupei primeiro com a minha irmã, mas tragédia inaceitável”. nunca iria imaginar que Facebook minha mãe estaria lá”, admitiu o rapaz. Marília relembrou como recebeu a notícia da morte da mãe. “Eu só me atinei quando uma amiga dela me mandou uma mensagem: ‘Marília, tua mãe me disse que iria em uma festa da veterinária ontem. Acha ela pelo amor de Deus, porque estou ligando para ela a manhã inteira’. Eu comecei a ligar e ela não atendia”, explicou a menina. Emocionado, Rosane era considerada uma líder pelos colegas Pedro Rafael contou: “Eu Reprodução Site TV Globo
JO - E como o Marcos está? Lenir - Até terça-feira, ele estava meio ruim. Agora está estável. Até esta sexta-feira, deve sair do Hospital.
JO – Já caiu a ficha para vocês? Lenir – Tá dificil. Estamos bastante abalados, em choque. O que vimos aqui foi uma loucura. Muita gente, de tudo que é lugar. Dar apoio, ONGs ajudando. Muita gente. O Ministro da Saúde veio visitá-lo. JO – O amigo que ele perdeu era colega de aula? Lenir – Sim, era o melhor amigo dele. Estavam sempre juntos. É Juliano Farias, de Dom Pedrito.
Marília e Pedro Rafael durante entrevista para a Rede Globo
REPORTAGEM ESPECIAL
JORNAL OPINIÃO n 1º de fevereiro de 2013
Jovens pedem atenção quanto à segurança das boates Fotos: arquivo pessoal
Jéssica, Charlaine, Débora e Lucas Mesmo à distância, os jovens de Encantado e região reagiram com preocupação frente às causas da tragédia de Santa Maria. Jéssica Zortéa, 22 anos, de Muçum, afirma que vai cobrar dos donos de boates mais segurança, além de saídas de emergência desbloqueadas e bem sinalizadas. “É o que eu posso e tenho o direito de saber e cobrar das autoridades competentes também”, diz. Ela garante que não vai deixar de frequentar os locais. “Tudo bem foi uma tragédia, algo que ninguém esperava, pode acontecer em qualquer lugar e a qualquer hora. Ninguém está livre de uma fatalidade dessas. Quanto a ir ou não ir depende de cada um. No meu caso não vou deixar de ir às danceterias, até porque a vida não para. Bola para frente”. Charlaine Moura Vidal, 19 anos, de Encantado, conta que sempre se preocupa com a segurança dos lugares os quais frequenta. “Acredito que esse ocorrido sirva para os donos de algumas casas ficarem de olho aberto e cuidar mais da segurança do ambiente”, comenta. Ela
diz que prefere se divertir nas boates da cidade mesmo. “Conheço bem esses lugares e sei como funcionam”. Débora Scartezini, 17 anos, de Encantado, destaca que não só ela como os pais também demonstraram preocupação com a condição das casas noturnas de Encantado. “Certamente gostaríamos que fossem tomadas providências para que tudo estivesse dentro da lei, no caso, saídas de emergência, sinalização dessas saídas, que não fossem feitos shows desse tipo (com artefatos de fogo), ou qualquer outro que possa oferecer perigo”, argumenta. Débora diz que vai continuar frequentando as danceterias. “É uma forma de diversão que todo jovem gosta”. Lucas Moura, 17 anos, de Encantado, admite que o receio é maior após o episódio. “Vou procurar conhecer bem o ambiente e ficar mais perto das portas de saída. É uma situação que mexe com a gente, porque aconteceu em um lugar que se frequenta quase todo fim de semana. E as vítimas também são de nossa faixa de idade”, diz.
A Tragédia na Santa Maria e a Ausência de Fiscalização Estatal
SANTA MARIA Não sei se reparaste ou se acaso olhaste Pra um lado do meu rosto Já cansado dos anos e desgostos, Bem no cantinho dos meus olhos?!... Olha bem...por ventura não viste Que meus olhos estavam tristes E deles brotava uma gotinha Bem lá no fundo, prontinha prá correr... Ah !...viste, enfim, uma lágrima Naquela manhã de domingo, Um domingo lindo que raiava E que era para ser lindo e radioso.... E então veio a notícia triste Que fez brotar aquela lágrima, Que fez apagar aquela alegria Da minha querida Santa Mãe Maria... E o domingo seguia o dia Na minha Santa Cidade Medianeira da querida Mãe Maria Que naquela noite não acordou E somente chorou... chorou.... E não podia acordar, pois, enquanto dormia A lágrima corria...corria Dos meus olhos até o chão... Santa Maria.... antes alegria... Juventude.... esperança.... beleza, Agora tristeza, Santa Maria da Paixão.... Jorge Moreira, poeta Encantado, 29/01/2013
O drama existente em Santa Maria é (in)explicável. De igual forma, é comovente e tenciona nossos pensamentos. Em cadeia, ficamos em estado de choque. Posteriormente, preocupados e sensibilizados com os familiares. Logo após, em momentos de “racionalidade”, os peitos se estufam em revolta. Alguns já condenaram o músico que acendeu o sinalizador. Outros desaprovaram a conduta dos insensíveis seguranças que, acatando ordens superiores, impediram a imediata evacuação do ambiente. Têm-se, ainda, pessoas que responsabilizam o proprietário da Casa, pois agiu de forma irresponsável. Eis que a velha anedota “a corda sempre arrebenta do lado mais fraco” volta a imperar. As ordens de prisão já foram expedidas, e metralhadas de informações moralistas estão sendo vinculadas na mídia. Sem demagogias e hipocrisias, necessário sensatez para assumirmos que todos possuem uma parcela de culpa ou dolo, como queiram. Até mesmo nós, os frequentadores. Mas o que efetivamente causa espanto – talvez pelos desdobres políticos – são os escassos comentários da omissão estatal na fiscalização das casas noturnas. Ambientes inseguros são frequentados por adolescentes, jovens e adultos que buscam, em “boa-fé”, usufruir de momentos agradáveis na presença de amigos, comemorando a juventude tão viva que existe dentro de cada um. A omissão estatal – inclusive do município de Santa Maria, mas não só - é cristalina. Notícias que ambientes comerciais foram fechados por ausência dos requisitos mínimos ligados a (in)segurança extraordinariamente são visualizadas. Fiscalizar e controlar, obrigações básicas do Estado, são fundamentais para uma vida mais digna e segura. Que políticas públicas administrativas, com objetivos preventivos, sejam constantemente criadas e executas. Basta de paliativos punitivos. É urgente. Thiago Vian, advogado
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COMENTÁRIOS No lugar dos pais
Quando a Fotos: arquivo pessoal palavra tragédia surge no nosso cenário, ela já diz tudo sobre tristeza, saudades, luto, distâncias eternas e assim vai... Podemos fechar os olhos e carinhosamente nos teletransportar para o lugar desses pais que hoje estão de luto e reconhecer, considerar e respeitá-los, porque eles estão mergulhados em sua dor. Uma dor tão imensurável, tão indescritível que chega a se materializar. O corpo dói. Os olhos não veem. O coração dispara. É como voltar de marcha ré por todo o caminho já percorrido. É procurar respostas mesmo sabendo que não dá para encontrá-las. É preciso ter paciência com as emoções que virão morar no coração desses pais que nunca mais serão os mesmos. Eles necessitam se isolar para vivenciar esse momento. Eles precisam das lembranças do seu filho para amenizar suas saudades e cabe aos amigos oferecer o abraço verdadeiro.
Angela Reale radialista e mãe
Novas leis
Infelizmente é preciso acontecer uma tragédia como a de Santa Maria para serem tomadas decisões. Casas noturnas precisam ser vistoriadas com mais frequência, precisam ter saídas de emergência. Eu estou na noite há 16 anos. Além de radialista, atuo como DJ de eventos e sou testemunha de que muitos lugares não oferecem segurança nesta situação. O artefato que causou a tragédia se chama “Sputnik”, é muito usado principalmente em festas de 15 anos, destacando a entrada da aniversariante. Esperamos por novas leis e melhores vistorias nas casas noturnas. Se não houver nova lei, que haja bom senso de proprietários, que se preocupem com a vida das pessoas e não somente com o dinheiro no fim da noite. Sinalização e saídas de emergência em primeiro lugar. Depois, a proibição de qualquer artefato que produza faíscas ou labaredas, serve especialmente para animadores e barmans que trabalham muito com isso em eventos, o seu trabalho não vai perder o brilho por isso e não vai colocar a vida de ninguém em risco.
Cristiano Costa, Radialista e DJ
Vale do Taquari
A estudante de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria, Fernanda Tischer, 21 anos, natural de Paverama, também está entre as vítimas do incêndio. Ela foi sepultada na tarde de segunda-feira (21) no Cemitério Evangélico de Santana, em Fazenda Vilanova. Joel Berwanger, 18 anos, de Arroio do Meio estudante de Agronomia, conseguiu sair da boate. Ele sofreu queimaduras nas costas e nos braços.
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REPORTAGEM ESPECIAL
JORNAL OPINIÃO n 1º de fevereiro de 2013
AUMENTA A PROCURA POR ORIENTAÇÃO SOBRE PREVENÇÃO DE INCÊNDIOS O bombeiro aposentado Gilmar Donida, 51 anos, tem quase 30 de experiência na área de segurança, sobretudo na prevenção de incêndios e na fiscalização de estabelecimentos. Especialista na área, quando na ativa, formou-se em diversos cursos. Hoje, ele é proprietário da Control Fire, de Encantado, empreDonida tem quase 30 anos de experiência no ramo sa que presta consultoria e instala equipamentos de nesta semana na empresa foi maior, pode proteção, prevenção e combate a incêndios. multiplicar por 10. Muita gente querendo Donida é conhecedor das diferentes leis se adequar à legislação”. que regulamentam os procedimentos para estar em dia com as normas. Ele cita a 420, Extintor de água a 37.380, a 38.273 e a 10.987. “Santa Ma“Às vezes, existem coisas erradas. As ria foi o município pioneiro em estabelecer pessoas têm a falsa sensação de segurança. uma legislação municipal contra incêndios. Já vi locais em que, próximo do palco, tem E agora, por coincidência, é cenário desta extintor de água. Se acontecer um curto cirtragédia”, constata. cuito, você está colocando os frequentadoDestaca ainda a criação do Sistema res em risco. Não basta enxergar o extintor Integrado de Gestão da Prevenção de e achar que ele está te dando segurança”. Incêndio (SIGPI), implantado pelo Corpo de Bombeiros de Caxias do Sul, em 2006. Casas noturnas Trata-se de um programa de computador “Em casas noturnas, um dos problemas online que reúne todas as informações é que, às vezes, os frequentadores, em meio para a prevenção de incêndios. De posse à euforia, rompem os lacres de extintores. de informações do prédio, o sistema indica A sinalização é coberta por enfeites, somem o número de extintores e escadas e a placas de saída. A manutenção do sistema necessidade de para-raios e equipamentos de iluminação não é feita, há baterias viciahidráulicos. “É uma receita que vai dizer o das. A comanda é um problema, as saídas que tem que ser feito. Por ter conhecimensão fechadas para que ninguém saia sem to da legislação, eu faço o cadastro real. Se pagar. Eu sempre sugiro o sistema pré-pago, você cadastrar errado, pode te prejudicar você paga um valor e vai descontando à no futuro”. medida que for consumindo. A obstrução Confira alguns trechos da entrevista: nas saídas é muito comum. Os bombeiros fiscalizam com elas abertas e, no dia de Quantidade de pessoas funcionamento, estão fechadas”. “Na área de danceteria da casa noturna, é calculado um metro quadrado para duas Seguranças qualificados pessoas. No estabelecimento comercial é “Os seguranças precisam ter treinamenuma pessoa para cada três metros quadrato para saber verificar os equipamentos, dos. Então, se você cadastrou o ambiente ver se as saídas de emergência estão depara comércio e depois usa como casa sobstruídas e sinalizadas, se a iluminação noturna, a capacidade de população será funciona. Porém, o segurança geralmente é diferente e o dimensionamento de saídas contratado para que, se alguém perturbar, muda. A saída é calculada pelo número de seja retirado do ambiente. Mas não é só pessoas. Por exemplo, se você está num para isso, tem que saber usar o extintor pavimento térreo, a cada 100 pessoas, é de incêndio, por exemplo. A formação dele necessário uma unidade de passagem”. tem que ser plena”. Situação de Encantado “Encantado é novo em prevenção, está iniciando. A gente constata nas visitas aos estabelecimentos que o amadurecimento está acontecendo de forma lenta. Os acontecimentos de Santa Maria aumentaram a preocupação. A procura por informações
Orientação “Uma das primeiras coisas que ensinei para meus filhos foi que quando entrarem em qualquer ambiente verifiquem onde está a saída, a altura das janelas, se tem grades. E para que fique próximos às portas de saída e emergência”.
O enfermeiro Rodrigo Maccari (2º da esquerda para a direita) se deslocou no domingo para Santa Maria. Na foto, com os colegas voluntários
UM ENCANTADENSE ENTRE OS VOLUNTÁRIOS Tão logo tomou conhecimento das primeiras informações sobre a tragédia em Santa Maria, ainda na manhã de domingo, o encantadense Rodrigo Macari, 29 anos, não pensou duas vezes e se deslocou para lá. Enfermeiro formado e estudante de Medicina da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), ele chegou às 22h30min para atuar como voluntário. “Era um clima tão pesado, tinha tanta gente, parecia que tinha dado uma guerra. Uma imagem que me marcou foi ver o caminhão frigorífico do Exército parado. Os corpos estavam todos empilhados dentro do caminhão. Chegou um ponto que não tinha mais caixão na cidade, nem nas cidades vizinhas. Então tiveram que deixá-los dentro do caminhão até chegar novos caixões para fazer o reconhecimento”, conta. Outro momento impactante foi entrar no ginásio e ver 30 caixões perfilados. “Era muito desespero, muito choro, histeria. Uma cena de filme de terror. Fiquei muito choca-
do”. Maccari trabalhou no atendimento dos familiares até as 8h de segunda-feira (28). Ele prestou atendimento a umas 20 pessoas, entre elas, uma senhora que perdeu dois filhos, a nora e o sobrinho. “Ela estava num estado de choque tão marcante que ela olhava para o além como se não visse nada, totalmente desnorteada. Fazia menção de desmaiar e se entregar”. O estudante viu de perto o estado dos corpos. “Muitos morreram pisoteados, não tinham queimadura. Outros com a ponta dos dedos lesionada. Tentaram cavar a parede com os dedos para fugir. Foi muito chocante”. Ele revela que jamais imaginava passar por uma experiência como a de Santa Maria. “Não dá para definir o que é. É muito mais que tristeza, dor. Mas tentei me colocar no lugar das famílias, dos amigos, por isso fui até lá para ajudar”.
“Ela estava num estado de choque tão marcante que ela olhava para o além como se não visse nada, totalmente desnorteada. Fazia menção de desmaiar e se entregar”,
Rodrigo atendeu uma senhora que perdeu dois filhos, a nora e o sobrinho
Rodrigo Maccari
FIQUE ATENTO Algumas dicas daquilo que as pessoas devem prestar atenção numa boate, segundo Gilmar Donida - Sinalizações de saída, as rotas de saída; - Iluminação de emergência; - Extintor portátil dentro da validade, com pressão (ponteiro no verde); - Verificar se nas rotas de saídas não estão obstruídas; - Sempre que o número de pessoas
estiver ultrapassando o limite, abandone o local ou fique próximo à saída; - Qualquer princípio de incêndio deve ser informado ao segurança e se dirigir em direção à saída; - Se algum dia você se deparar com princípio de incêndio que inale uma grande quantidade de fumaça, fique próximo ao chão, onde tem ar mais puro; - Umedecer um pano com água e levar ao nariz, facilita e ajuda a filtrar o ar até chegar à saída;
Rodrigo fez a foto da boate Kiss após a tragédia
REPORTAGEM ESPECIAL/GERAL
VISTORIA GERAL EM TODOS ESTABELECIMENTOS, NÃO SÓ NAS BOATES Na terça-feira, o prefeito em exercício José Calvi, o secretário de Administração, Fredi Camargo, e o presidente da Câmara de Vereadores, Jonas Calvi, reuniram-se com os sargentos Claiton Ritt e Vanderlei Rodrigues, responsáveis pela fiscalização em Encantado. Segundo José Calvi, os bombeiros prometeram fazer um pente-fino em todos estabelecimentos. “Como gestor público, precisamos nos preocupar com a população. Queremos proporcionar lugares de lazer para nossa juventude para que não precisem se deslocar para outras cidades. Mas precisamos deixar esses ambientes seguros para todos”, comentou o prefeito. Uma reunião com o comandante regional dos bombeiros também será agendada. “Não estamos interessados na busca de pessoas ou entidades/órgãos culpados, mas sim, se temos a possibilidade de contribuir na prevenção, vamos fazer”, comentou Jonas.
Luciano Sandri assume presidência da OAB
Juremir Versetti
Luciano Sandri (centro) com integrantes da diretoria Diogo Daroit Fedrizzi
Primeira conversa aconteceu nesta semana
Vistoria geral
O Sargento Ritt comentou que, num primeiro momento, a vistoria está sendo feita nas casas noturnas. Porém, depois, a ideia é estender para todos estabelecimentos. “Precisamos ampliar o debate. Não só casas noturnas, mas salões comunitários, prédios comerciais, residenciais”, alertou.
COMO FOI A TRAGÉDIA em santa maria Um incêndio de grandes proporções deixou mais de 230 mortos na madrugada do domingo, em Santa Maria. O incidente, que começou por volta das 2h30, ocorreu na Boate Kiss, na rua dos Andradas, no centro da cidade. O Corpo de Bombeiros acredita que o fogo tenha iniciado com um artefato pirotécnico lançado por um integrante da banda que fazia show na festa universitária. Segundo um segurança que trabalhava no local, muitas pessoas foram pisoteadas. “Na hora que o fogo começou, foi um desespero para tentar sair pela única porta de entrada e saída da boate, e muita gente foi pisoteada. Todos quiseram sair ao mesmo tempo e muita gente morreu tentando sair”, contou. O local foi interditado e os corpos foram levados ao Centro Desportivo Municipal, onde centenas de pessoas se reuniam em busca de informações. A prefeitura da cidade decretou luto oficial de 30 dias e anunciou a contratação imediata de psicólogos e psiquiatras para acompanhar as famílias das vítimas. A presidente Dilma Rousseff interrompeu uma viagem oficial que fazia ao Chile e foi até a cidade, onde se reuniu com o governador Tarso Genro e parentes dos mortos. A tragédia gerou
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uma onda de solidariedade tanto no Brasil quanto no exterior. Os feridos graves foram divididos em hospitais de Santa Maria e da região metropolitana de Porto Alegre, para onde foram levados com apoio de helicópteros da FAB (Força Aérea Brasileira). O Ministério da Saúde, com apoio dos governos estadual e municipais, criou uma grande operação de atendimento às vítimas. Na segunda-feira (28), quatro pessoas foram presas temporariamente - dois sócios da boate, Elissandro Callegaro Sphor, conhecido como Kiko, e Mauro Hoffman, e
Deivid Dutra / Jornal A Razão
dois integrantes da banda Gurizada Fandangueira, Luciano Augusto Bonilha Leão e Marcelo de Jesus dos Santos. Enquanto a Polícia Civil investigava documentos e alvarás, a prefeitura e o Corpo de Bombeiros divergiam sobre a responsabilidade de fiscalização da casa noturna. A tragédia fez com que várias cidades do País realizassem varreduras em boates contra falhas de segurança, e vários estabelecimentos foram fechados. Mais de 20 municípios do Rio Grande do Sul cancelaram a programação de Carnaval devido ao incêndio
RECUPERAÇÃO Dos 87 pacientes feridos em Santa Maria que permanecem internados em UTIs em diversas cidades, 11 já respiram sem a necessidade de ventilação mecânica. A informação foi divulgada durante entrevista na manhã de ontem (30), pelo secretário estadual da Saúde, Ciro Simoni.
Encantado - O advogado Luciano Sandri tomou posse na segundafeira (28) na presidência da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), subseção de Encantado. A entidade conta com 134 advogados inscritos. Com 17 anos de profissão, Sandri pretende dar sequência aos trabalhos iniciados nas gestões de Celso Herold e Sebastião Silveira. Ele integrou as duas diretorias e salienta que elas sempre estiveram em sintonia com questões relativas aos interesses dos filiados e também da comunidade. “Nessa nova gestão verificamos a necessidade de incorporar uma programação um pouco mais intensa com os nossos colegas advogados, seja no aspecto de discussão sobre o futuro de nossas atividades, seja na oportunização de palestras e cursos de aperfeiçoamento em matérias de interesse da classe, onde todos terão a oportunidade de opinar e sugerir previamente sobre estes rumos”, projeta. Sandri entende que a OAB não deve se ater somente em atender os anseios dos filiados, mas ampliar a sua atuação. “A entidade tem sim um compromisso com a sociedade em se fazer presente em todas as questões que invoquem o interesse do cidadão de bem, garantindo-lhe a todos a manutenção do estado de direito democrático”, aponta. Segundo ele, algumas
ações de interação com o interesse coletivo já estão sendo praticadas. Uma delas é a luta pela implantação da 3ª Vara para a Comarca de Encantado. “Atualmente possuímos um número exorbitante de aproximadamente 25 mil processos, que são administrados por duas juízas. Se compararmos com o Foro da Comarca de Lajeado, que conta com cerca de 30 mil processos, são seis juízes atuando”, salienta. “Também buscamos que esta Comarca tenha qualificação de entrância intermediária (atualmente entrância inicial), fato que valorizará profissional e financeiramente todo o quadro funcional do judiciário local, fazendo com que estes servidores se fixem mais nesta cidade. Tenho que reconhecer e enaltecer publicamente que esta luta possui a parceria do Judiciário local e do Ministério Publico”. O presidente da OAB destaca ainda reuniões e visitas ao Chefe de Polícia do RS, delegado Ranolfo Vieira Júnior, e a conquista de dois policiais civis para a DP local. “Para que o delegado João Peixoto possa exercer um atendimento digno, necessitaria no mínimo uns 15 policiais e, atualmente, possui uns cinco servidores, sendo que destes, dois estarão se aposentando no decorrer do ano, ou seja, retornaremos ao número de três policiais”, comenta. “Vamos conversar novamente com o delegado Ranolfo a fim de pleitear a vinda de mais efetivo”.
DIRETORIA
Presidente: Luciano Sandri Vice-Presidente: Nei Antônio Di Domenico Secretário-Geral: Raquel Cadore Secretário-Geral Adjunto: João Fernando Vidal Tesoureiro: Darjela Calvi Conselheiros Titulares: Clarice Bos Conzatti, Alvoir Leandro Araújo, Rafaela Calvi Echer, Alex Sandro Herold, Sebastião Lopes Rosa da Silveira e Guntavo Hentges Redecker. Conselheiros Suplentes: Fabiane Giongo Conzatti, Vanessa Zanini, Everaldo Cardoso da Silva, Frank Andrea Lang, Reinaldo José Cornelli e Felipe Bergamaschi.
GERAL
União dos Vereadores do Brasil inaugura escritório em Porto Alegre Caroline Rodrigues Porto Alegre - Na quartafeira aconteceu o ato de inauguração do escritório regional da União dos Vereadores do Brasil (UVB), em Porto Alegre. A cerimônia reuniu autoridades municipais e estaduais, entre eles vereadores e deputados. Entre os presentes na solenidade, o presidente da Assembleia Legislativa, Alexandre Postal, parabenizou o presidente da UVB pelo ato. “Nada se constrói sem seu endereço”, disse. O presidente da entidade e vereador de Iraí, Gilson ConzatAutoridades prestigiaram a solenidade na capital gaúcha ti, lembrou que a União dos Vedes políticas e administrativas, de amplo conhecimento readores chega aos 48 anos de trabalho representando dos temas debatidos, para fortalecer o poder legislativo mais de 56 mil legisladores municipais do país. “O Rio e pensar o Brasil com uma visão municipalista. Grande do Sul por ter o presidente da UVB se credencia O primeiro encontro ocorrerá em Porto Alegre nos a sediar este espaço”, afirmou destacando que o papel da dias 13,14 e 15 de março, na rua dos Andradas, nº 1234, entidade é qualificar e capacitar o vereador. “O vereador no 8º andar. não serve só para aprovar ou rejeitar projetos, nós podemos mais”. Presenças O escritório regional na capital gaúcha fica na rua Participaram da cerimônia o presidente da Uvergs, Jerônimo Coelho, nº 22, perto da praça da Matriz e da Antônio Baccarin; os deputados Zilá Breitenbach (PSDB), Assembleia Legislativa. Pedro Westphalen (PP), Edson Brum (PMDB) e Giovani Feltes (PMDB); o presidente da Câmara de Vereadores Debates Pelo Brasil de Porto Alegre, Thiago Duarte; o presidente da UCMNeste ano, a UVB promoverá um ciclo de debates MAT (Mato Grosso), Unírio Schirmer; o presidente da pelo brasil. As discussões têm como objetivo reunir vere- AVEVI (SC), Walmor Pianezzer, o superintendente-geral adores, gestores, assessores e servidores das câmaras do da Assembleia Legislativa RS, Fabiano Geremia, o coorpaís, representantes dos poderes executivos, além de es- denador do Espaço do Vereador na ALRS, Noé Angelo de pecialistas em gestão pública, estudantes e personalida- Mello, entre outras autoridades.
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Pedro Westphalen assume a Assembleia Legislativa
Tarso Genro, Westphalen e Postal A nova Mesa Diretora da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul tomou posse ontem (31), em sessão solene, no Plenário 20 de Setembro do Palácio Farroupilha. O deputado Pedro Westphalen (PP) assumiu a presidência para a gestão 2013-2014 (período entre 31/01/2013 e 31/01/2014). Minuto de silêncio O deputado Alexandre Postal (PMDB), presidente do Parlamento gaúcho na gestão 2012-2013, fez a abertura da sessão solene e, após a execução do hino nacional, anunciou a realização de um minuto de silêncio em memória das vítimas do incêndio ocorrido no final de semana em Santa Maria. Chapa única Em seguida, por aprovação unânime, com 43 votos favoráveis, foi eleita a
chapa única inscrita para a condução da Mesa Diretora no terceiro ano da 53ª Legislatura. Postal destacou que, apesar de curto o período de um ano para a gestão na área pública, 2012 foi um ano em que houve avanços e realização de obras. Mencionou que, no ano anterior, uma das marcas foi a transparência. Fez questão de destacar, ainda, que no período prevaleceu uma relação fraternal, pelo bem do Estado, entre os Poderes e instituições rio-grandenses. Westphalen assegurou que pretende manter uma relação positiva com os poderes Executivo e Judiciário e que não será um presidente partidário, de oposição ou situação. “Quero ser o elemento de ligação entre os poderes, respeitando as suas prerrogativas, para fazermos um trabalho profícuo para o Estado”, declarou.
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Henrique Pedersini
Encantado, 1º de fevereiro de 2013
Lixão no Navegantes pega fogo Durante a tarde de ontem (31), ocorreu incêndio no bairro Navegantes, no local onde funciona um lixão. O lugar é chamado por moradores das proximidades como “buracão”. O fogo iniciou por volta das 14h. O Sargento Jadir, do Corpo de Bombeiros de Encantado, comentou que a ocorrência é comum na região. “É um serviço que acontece com bastante frequência, às vezes temos dificuldade na chegada ao local para identificar o que ou quem provocou o fogo. Nosso trabalho é fazer a prevenção, fizemos valas para que o fogo não se alastre e atinja residências próximas”, explica. O local tem uma área considerável e continha muito lixo, fator que resultou na demora para ser apa-
gado, mesmo com o trabalho incessante dos bombeiros. Uma retroescavadeira da Prefeitura de Encantado colaborou no isolamento do fogo. O lixo estava misturado à vegetação. Com a seca, o risco de incêndio é bem maior. O que teria motivado o incêndio seriam crianças que estavam brincando no local e teriam colocado fogo. Rapidamente o sinistro se espalhou resultando em uma enorme nuvem de fumaça que só se dissipou horas depois. O Corpo de Bombeiros contou com a ajuda da Brigada Militar de Encantado. De acordo com informações, essa não é a primeira vez que o lixão é local de sinistro.
CÂMARA DE VEREADORES
Oposição estranha valores da Secretaria de Saúde Diogo Daroit Fedrizzi Encantado - Valores utilizados pela Secretaria da Saúde de Encantado pautaram o discurso do líder da oposição, Cláudio Roberto da Silva (PMDB), na sessão de segunda-feira (28). Cláudio divulgou números que, segundo ele, estão publicados no site do Tribunal de Contas do Estado (TCE-RS) e referem-se a 2012. O peemedebista afirmou que em maio foram repassados, em auxílios para a população, R$ 40 mil, em junho R$ 41 mil, em julho R$ 52 mil, em agosto R$ 58 mil, em setembro R$ 54 mil, em outubro R$ 39 mil, em novembro, R$ 400,00 e, em dezembro, nenhuma quantia. “Isso é uma afronta à inteligência. Em dezembro de 2010, por exemplo, foi R$ 10 mil, de-
zembro de 2011, R$ 32 mil, e em dezembro de 2012 nada. A população de Encantado que julgue. Essa administração não tem moral nenhuma para falar em transparência. Trata-se de uma descarada compra de votos com dinheiro público, depois que passou a eleição, ninguém mais ficou doente”, atacou. A situação contrapôs. Para Sander Bertozzi (PP), jamais houve desvio de dinheiro público. Segundo ele, a administração de Paulo Costi fez muito para o município e citou, entre as conquistas, a construção de novos postos de saúde e o calçamento de várias ruas. O líder do governo, Luciano Moresco (PT), disse ao colega Cláudio que no mesmo site do TCE há um registro de um presidente do Poder Legislativo de Encantado que teve as contas julgadas irregulares.
Fotos: Diogo Daroit Fedrizzi
Rápidas da Câmara - O presidente Jonas Calvi (PTB) disse que vai brigar para que a audiência pública da EGR para tratar dos pedágios seja realizada em Encantado, e não em Lajeado. - Gustavo Scatolla (PMDB) cobrou melhorias na rede de esgoto e citou o exemplo de descaso com o sistema localizado atrás da Rodoviária. - Valdecir Gonzatti (PMDB) mostrou fotos em que aparecem moradores da Barra do Guaporé fazendo um mutirão de limpeza e tapa buracos nas estradas da localidade. - Waldir Grooders (PTB) pediu que os redutores de velocidade na RS 129 sejam colocados numa distância maior em relação ao trevo de acesso do Bairro Santa Clara. - Adroaldo Conzatti (PSDB) disse que em dois mandatos fez 600 quadras de calçamento e construiu 600 casas populares. - Celso Cauduro (PMDB) pediu melhorias nas estradas de Linha Argola. - Marcelo Deves (PT) disse que o TCE é que vai julgar se existe déficit real nas contas da prefeitura relativas ao ano passado.
Cláudio Roberto da Silva
Marcelo Deves