Caderno Vida & Saúde, Março de 2014

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Entrevistas: * Cardiologista Adriana Balbinot CUIDADOS COM O CORAÇÃO. Pág 2

* Ginecologista Clarice Prado Lopes SEXO DEPOIS DOS 40. Pág 3

Caderno Especial março DE 2014

Saúde da Mulher


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28 de março de 2014

O coração da mulher A cardiologista Adriana Werner Balbinot fala sobre os cuidados que as mulheres devem ter com a saúde cardiovascular. Confira algumas dicas

Diferenças entre homens e mulheres

A mulher tem as artérias mais finas que os homens. E isso favorece a obstrução das placas. Os sintomas do infarto, da doença coronariana, do derrame também vêm mais tarde do que no homem, vão ocorrer cerca de sete a 10 anos depois, principalmente após a menopausa. Pelo fato de as artérias serem mais finas, também dificulta a avaliação, o tratamento. O agravamento da doença vai acontecer e vai ter repercussão sobre a mortalidade.

Maior risco de morte

Existe uma preocupação muito importante com o câncer de mama e o câncer de colo de útero. E às vezes um desconhecimento que a principal causa de mortalidade nas mulheres é a doença cardiovascular. Uma em cada cinco brasileiras corre o risco de desenvolver doenças do coração. O problema é responsável por 56% dos óbitos nas mulheres na Europa, e no Brasil cerca de 53% dos óbitos. Principalmente nas pacientes com mais de 50 anos. Existe uma falta de conscientização

desta gravidade, da importância dos cuidados preventivos na mulher. Existem pesquisas da Sociedade Americana do Coração com mulheres entre 25 e 34 anos que evidenciaram que 72% delas acham que a maior causa de risco para a sua saúde seria o câncer, quando é a doença cardiovascular que mais mata. Devemos ter os cuidados com a prevenção do câncer, mas não podemos deixar de nos preocupar com a doença cardiovascular. O que se orienta é que ela procure o ginecologista dos 13 aos 15 anos, mas que também procure o cardiologista para medidas de prevenção a partir dos 20 anos.

Pílula e cigarro não combinam

Mulheres jovens, com menos de 35 anos, que fumam e que tomam pílula, agregam um risco importante. A partir dos 35 anos tem que reavaliar, procurar ajuda para parar de fumar. Se não conseguir interromper o tabagismo, tem que procurar um aconselhamento de um ginecologista para reavaliar o método anticoncepcional e escolher um método não hormonal. Essa combinação (cigarro e pílula) é grave, acentua o risco de infartos,

embolias, tromboses, derrames. Hoje as pílulas evoluíram, existem as de carga hormonal mais baixa, mas na paciente que fuma, que já é obesa, que já tem doenças hereditárias, essas têm mais risco ao usarem a pílula.

Divulgação/Unimed

Pós-menopausa

O risco se acentua na pós-menopausa. A pessoa que entra no climatério tem que se preocupar com o seu corpo, seu estilo de vida. A gente perde a proteção hormonal mas deve-se instituir medidas para mudar o estilo de vida. Alimentação saudável, com frutas, vegetais, fibras, menor teor de gordura saturada, pelo menos 30 minutos de exercícios por dia. Os médicos estimulam essa prática.

"A doença cardiovascular é responsável por 56% dos óbitos nas mulheres na Europa, e no Brasil cerca de 53% dos óbitos."

Cardiologista Adriana Werner Balbinot


28 de março de 2014

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Vida sexual

A ginecologista Clarice Prado Lopes aborda alguns temas envolvendo a saúde sexual das mulheres

Sexo depois dos 40 anos

Arquivo pessoal

O contraceptivo

Tem que ser visto caso a caso. O contraceptivo hormonal/oral, a pílula, é o mais usado. Mas cada paciente tem um dado diferente, uma necessidade diferente. A contracepção tem que ser vista particularizada. Não pode fazer de forma abrangente.Quando se prescreve um contraceptivo para uma paciente avaliamos idade, peso, tipo de ciclo menstrual, quantos dias ela sangra, quando começou a menstruar, se usa algum tipo de medicamento, se tem filho ou não, se está amamentando, se tem diabetes, colesterol alto, hipertensão. Tudo isso avaliamos para ver qual método é melhor para aquela mulher. Sou favorável ao uso da pílula, mas existem pessoas que não podem usar. Então, para essas, vou ter que pensar outras coisas.

Restrições ao uso da pílula

Pacientes que tem alteração que chamamos de troboembólica, que já tiveram trombose venosa profunda, varizes de volume aumentado, que ainda não fizeram cirurgia. Quem têm alteração cardíaca, quem tem válvula metálica. Essas não vão usar contraceptivo hormonal. Vão ter que usar DIU, camisinha, vai ter que particularizar para aquela paciente. De modo geral, a pílula é a mais usada. Mas tem vários tipos de pílulas, não são todas iguais. Tem mulheres que se queixam que não tem mais desejo sexual, que pode acontecer com o comprimido. Aí se dá um com progestágeno que vai causar menos diminuição do líbido.

Ginecologista Clarice Prado Lopes

"O desempenho sexual de uma mulher de 40 anos é insuperavelmente maior e melhor do que uma jovem."

A mulher depois dos 40 é mais mulher do que foi qualquer outra vez na vida dela. Nessa idade, ela tem uma autoestima bastante trabalhada, sabe o que gosta e o que não gosta, ela tem muito mais facilidades de ter prazer sexual do que uma menina de 20 anos. O desempenho sexual de uma mulher de 40 anos é insuperavelmente maior e melhor do que uma jovem. É questão de vivência e autoconhecimento. A menopausa quando chega atrapalha um pouco esse percurso que estava vindo tão bem. Porque com a falta de hormônio, muitas vezes o desejo sexual diminui. A vagina já não se lubrifica como antes, muitas vezes pode-se te uma penetração dolorosa. Então, o sexo fica bastante prejudicado. Mesmo que ela tenha vindo nesse caminho ascendente, que tudo esteja bem. Passa a ser um desconforto. Mas não é uma regra. Na verdade, sexo está na cabeça da gente. É ali que tudo começa. O corpo só responde. Uma paciente que uma vida sexual boa, se entende bem com seu parceiro, ela vai ter dificuldade, mas vai buscar ajuda. "Ah, estou meio seca". Vamos usar um lubrificante. "Antes eu tinha dois, três orgasmos, agora só um. Bom, mas tudo bem, está bom". "Antes eu tinha mais vontade, agora é uma vez por mês. Mas essa uma vez por mês é aquela vez! Muito boa". E o parceiro acompanha isso e entende o período que ela tá passando. Não é porque ela tá no climatério pós-menopáusico que vai ter uma vida sexual ruim. Ela pode ter muitas vezes uma vida sexual melhor ainda. Porque não

precisa mais se preocupar com gravidez, ela é mais dona de si. Ela está muito mais aberta para descobrir coisas. Agora, se ela não vinha tendo uma vida sexual boa, aí tudo já é um embasamento para continuar ruim. Porque se já não queria ter relação antes, agora que está seco e doendo não vai querer mesmo! Tudo está dentro da cabeça das pessoas. Nesse período pós-menopáusico dá para ter uma vida sexual muito boa. Tenho pacientes de 70 anos que tem uma vida sexual extremamente satisfatória, são muito felizes. Mas aí eu vejo um casal que está bem, que se gosta, que se curte, gosta de estar junto, vai caminhar, vai viajar, toma chimarrão junto, recebe os filhos juntos, que estão juntos. E a vida sexual deles é muito boa. Não é mais como era antes, não. Até porque o marido também já não é mais como era antes. A ereção já não é mais aquela! Mas eles dão risada disso, brincam com isso, e estão juntos e sexualmente felizes. A idade mais avançada não é sinônimo de vida sexual ruim, só que é como tudo na vida. É um trabalho que tem que ser alimentado, cuidado. Um casal que não se olha, não se fala, um marido que não dá atenção para o prazer da mulher, é egoísta, como ele vai querer isso de volta? Nâo tem como. Aí quando a mulher chegar ao período que vai cessar mesmo, pra quê? Não tem porque se dar, no sentido de dar o carinho, atenção. Mas tem que ter uma trajetória junto. Há pacientes que chegam a ser emocionante as descrições que me fazem da sua vivência sexual. É bonito escutar isso delas e ficar feliz por elas. Elas estão muito bem com elas e com o parceiro. A pessoa tem que viver bem a vida que tem, e aceitar as transformações que a vida traz.


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28 de março de 2014

Cólica menstrual: como aliviar a dor São poucas as felizardas que passam pelo período menstrual ilesas, isto é, sem dor nenhuma. Para a grande maioria, a fase é um suplício. Entre 70 e 90% das mulheres sofrem de dismenorréia a popular cólica. "Para metade das que se queixam de dor, a sensação é tão forte que chega a ser incapacitante, impedindo que consigam trabalhar ou estudar direito", revela o ginecologista César Eduardo Fernandes, da Faculdade de Medicina do ABC, em Santo André, na Grande São Paulo. As principais vítimas, segundo Fernandes, são as adolescentes por volta dos 13 anos. Essa é a época em que os ovários amadurecem e estréiam em sua função de liberar um óvulo por mês. "A maior parte dos episódios de dor tem origem primária, ou seja, é decorrente do ciclo normal, e não de uma alteração orgânica extraordinária", explica o ginecologista Jorge Souen, do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. O tratamento convencional, com antiespasmódicos, antiinflamatórios ou até mesmo anticoncepcionais, costuma dar conta do recado. Só que, em geral, não tão rapidamente quanto desejariam as mulheres que mensalmente se contorcem em contrações pélvicas nada agradáveis. Recentemente, o laboratório Boehringer Ingelheim lançou um remédio em cápsula- gel à base de ibuprofeno, um antiinflamatório não-hormonal indicado para aliviar a situação. A vantagem? "Ele age com velocidade, como se fosse um medicamento líquido, mas tem a praticidade de uma cápsula", resume Ricardo Amorim, gerente de grupo de produtos da linha gastrointestinal da empresa. "O comprimido comum leva cerca de

duas horas para atingir seu efeito pleno, enquanto a nova fórmula começa a ser absorvida em 20 minutos e leva no máximo uma hora para eliminar de vez o desconforto", garante. Comparada com suas congêneres, a droga tem menor concentração do princípio ativo e maior ação analgésica. É importante ressaltar, no entanto, que, se a dor persiste apesar do remédio ou aparece em idade mais avançada, é preciso investigar eventuais causas secundárias, como a endometriose - quando o revestimento do útero cresce para fora desse órgão , infecções ou mioma uterino, um tumor benigno. Ou seja, a cólica para quem já passou da adolescência é um bom motivo para não adiar a ida ao ginecologista. Em geral, para minimizar efeitos adversos, como irritação do estômago e do intestino, o melhor é ingerir a medicação após as refeições. Aliás, as vítimas de cólicas menstruais podem encontrar outros aliados à mesa. Uma dieta rica em vegetais, vitaminas B1, B6 e E, além de gordura proveniente dos peixes, reduz a severidade das dores, garante a ginecologista. Sérgio Ribeiro, ginecologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, em São Paulo, recomenda evitar estimulantes como o café, o chocolate e os refrigerantes à base de cola, já que contêm cafeína, substância que contrai os vasos do endométrio, aumentando o mal-estar. Por fim, se você fuma, largue o cigarro se pretende viver com menos dor. E, se está muito acima do peso ideal, trate de emagrecer. "Há uma relação entre esses fatores e a dor pélvica menstrual", informa o ginecologista Eduardo Schor. (Fonte: mdmulher Saúde)

Por que a infecção urinária é mais comum nas mulheres?

O ataque de bactérias ao sistema urinário é capaz de provocar uma vontade de fazer xixi a toda hora, um ardor e uma dorzinha que insistem em aparecer nas idas ao banheiro. "A infecção mais comum é chamada cistite e acomete a bexiga", revela o urologista Gustavo de Alarcon, do Hospital São Luiz, de São Paulo. Se não for tratada direito pode atingir os rins e, daí, passa a ser conhecida como pielonefrite. Febre, mal-estar e pontadas na lombar região acima do bumbum denunciam que os microorganismos alcançaram esses órgãos, o que afeta funções como a de filtrar as impurezas. Mulheres, as maiores vítimas A culpa é da uretra, canal por onde passa a urina, que é bem mais curta nas mulheres. Os homens são protegidos porque, como ela é até cinco vezes maior neles, os micróbios não chegam à bexiga com facilidade. A gestação torna a mulher ainda mais vulnerável por causa de alterações hormonais e baixa imunidade. O uso de sonda, o estresse e a mania de segurar o xixi também colaboram. Uma bactéria que vem do intestino Escherichia coli é a maior vilã entre os casos de cistite. Ela atua na digestão e costuma fixar moradia no intestino. Mas quando vai parar no lugar errado, ou seja, no aparelho urinário, lá vem encrenca. Por isso,

a limpeza com papel higiênico deve ser feita de frente para trás e não ao contrário. Não se esqueça! Remédio que livra do mal Para dar um fim às bactérias que causam todo esse prejuízo, a melhor saída é usar antibióticos. O medicamento deve ser escolhido pelo médico após um exame minucioso que aponta o tipo de microorganismo. E precisa ser tomado direitinho. Errar a dose, abandonar o tratamento ou exagerar contribui para a resistência bacteriana. Isso fortalece o exército dos micróbios e dificulta sua extinção. Laranja pode? Limão, abacaxi, kiwi e outras frutas ácidas são acusadas de piorar a infecção urinária. Mas, segundo Alarcon, não é preciso excluir esses alimentos do cardápio, até porque eles favorecem o sistema imunológico. Basta não exagerar. Agora, o que realmente prejudica pra valer é o tabagismo. Isso porque o cigarro dispara reações inflamatórias em todo o organismo. Você sabia? A infecção urinária ataca 25% da população feminina. Desde a menina que não se limpa direito até a senhora na menopausa, todas são candidatas. E quem trata é o urologista! (Fonte: mdmulher Saúde)


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