As Bibliotecas Municipais da Moita: Serviço Público em Liberdade

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As Bibliotecas Municipais da Moita Serviço Público em Liberdade Câmara Municipal da Moita



FICHA TÉCNICA TÍTULO: As Bibliotecas Municipais da Moita: Serviço Público em Liberdade

ORGANIZAÇÃO: Câmara Municipal da Moita / Departamento de Assuntos Sociais e Cultura / Divisão de Cultura e Desporto

INVESTIGAÇÃO E ELABORAÇÃO DE TEXTOS: Vitor Mendes, Aida Gomes, Almorinda Valente, Anabela Regula, Anália Romão Soares, Angélica Marcos, Carlos Ventura, Célia Lourador, Élia Madeira, Elisa Almeida, Florbela Gonçalves, Helena Mendes, Isaura Carreira, Jacinto Mil-Homens, Joana Soares, Licínia Paulino, Lúcia Lebre, Lurdes Cavaquinho, Lurdes Silva, Maria Alexandra Ribeiro, Maria Fernanda Sales, Maria João Silva, Maria José Almeida, Maria Júlia Madeira, Noélia Valente, Rosa Lia, Rosa Ribeiro, Susana Afilhado, Zélia Pacheco PROJETO GRÁFICO: Carlos Jorge

SELEÇÃO DE FOTOGRAFIAS: Maria da Boa Viagem FOTOGRAFIAS DA CÂMARA MUNICIPAL DA MOITA: Arquivo Fotográfico do Gabinete de Informação e Relações Públicas e José Presumido CRÉDITOS FOTOGRÁFICOS: Arquivos Gulbenkian, Biblioteca Nacional de Portugal, Câmara Municipal de Vila Viçosa e Junta de Freguesia de Alhos Vedros GRÁFICOS: João Hortelão Silva EDIÇÃO: Câmara Municipal da Moita / Departamento de Assuntos Sociais e Cultura / Divisão de Cultura e Desporto. 1ª Edição DATA DA EDIÇÃO: Junho de 2015

TIRAGEM: 500 exemplares

IMPRESSÃO: Imagem Fresca, Publicidade Unipessoal Lda. ISBN: 978-989-98166-6-4

Depósito Legal n.º: 393792/15




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SERVIÇO PÚBLICO EM LIBERDADE

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ÍNDICE NOTA DE APRESENTAÇÃO CAPÍTULO I 1. UMA LUTA PARA LER 1.1 AS BIBLIOTECAS DO MOVIMENTO ASSOCIATIVO 1.2 AS BIBLIOTECAS DA GULBENKIAN 1.3 AS BIBLIOTECAS NOS PRIMEIROS ANOS DA DEMOCRACIA CAPÍTULO II 2. A REDE DE BIBLIOTECAS MUNICIPAIS DE LEITURA PÚBLICA 1990 – 2015 2.1 BIBLIOTECA MUNICIPAL DO VALE DA AMOREIRA – 1990 2.2 BIBLIOTECA MUNICIPAL DE ALHOS VEDROS – 1993 2.3 BIBLIOTECA MUNICIPAL BENTO DE JESUS CARAÇA – 1997 2.4 BIBLIOTECA MUNICIPAL DA BAIXA DA BANHEIRA – FÓRUM CULTURAL JOSÉ MANUEL FIGUEIREDO – 2005 CAPÍTULO III 3. 25 ANOS DE SERVIÇO PÚBLICO DAS BIBLIOTECAS MUNICIPAIS 3.1 BIBLIOTECAS DO FUTURO 3.2 ANIMAÇÃO DA LEITURA, OS LEITORES E OS AUTORES 3.3 A POESIA 3.4 EXPOSIÇÕES 3.5 TEATRO E DANÇA 3.6 CONFERÊNCIAS E COLÓQUIOS 3.7 MÚSICA 3.8 CINEMA E AUDIOVISUAL 3.9 NOVAS TECNOLOGIAS 3.10 ANIMAÇÃO INFANTIL CAPÍTULO IV 4. PROJETOS DA REDE DE BIBLIOTECAS MUNICIPAIS DE LEITURA PÚBLICA CAPÍTULO V 5. A REDE DE BIBLIOTECAS MUNICIPAIS DE LEITURA PÚBLICA EM NÚMEROS CAPÍTULO VI 6. ROSTOS DA BIBLIOTECA BIBLIOGRAFIA

p.09 p.13 p.15 p.16 p.19 p.21 p.25 p.27 p.28 p.33 p.36 p.46 p.49 p.51 p.52 p.55 p.57 p.59 p.61 p.63 p.68 p.70 p.71 p.73 p.77 p.79 p.91 p.93 p.97 p.99 p.113

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A CONQUISTA DA LIBERDADE

“ A aquisição de cultura significa uma elevação constante, servida por um florescimento do que há de melhor no homem e por um desenvolvimento sempre crescente de todas as suas qualidades potenciais (…) significa, numa palavra, a conquista da liberdade.” Estas palavras, escritas há mais de 80 anos por Bento de Jesus Caraça, mantém-se tão urgentes quanto então, mesmo quarenta anos depois de termos conquistado a liberdade, com a Revolução de Abril. A questão é que nem sequer as liberdades cívicas e políticas alguma vez se podem considerar definitivamente conquistadas como tampouco elas são a liberdade a que se refere Jesus Caraça. Essa Liberdade é a que se alcança através do pleno desenvolvimento de cada indivíduo enquanto participante pleno da sua sociedade. Esta é a Liberdade que se forja na formação integral do indivíduo, que encontra na emancipação da sociedade a condição da sua própria emancipação como homem culto, que é aquele, como escreveu também Bento de Jesus Caraça, que “tem consciência da sua posição no cosmos e, em particular, na sociedade a que pertence; tem consciência da sua personalidade e da dignidade que é inerente à existência como ser humano”. Com a Revolução de Abril criaram-se as condições em Portugal para construir um país livre, onde a cultura é factor indispensável do progresso social. O Poder Local Democrático constituiu-se desde o primeiro momento como o principal agente na formação, difusão e criação de Cultura no Portugal democrático, papel que detém até hoje e no qual as mais das vezes se tem encontrado só ou pouco acompanhado, no que a poderes públicos diz respeito.

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No Concelho da Moita também assim foi e é. Assinalamos este ano 25 anos passados sobre a abertura da primeira biblioteca municipal, mas o verdadeiro destaque vai para a realidade actual, em que a rede de leitura pública abrange a totalidade do concelho, com 4 bibliotecas municipais, 17 bibliotecas escolares, milhares de títulos à disposição das dezenas de milhares de utentes da Rede. «Porque eu sou do tamanho do que vejo / E não do tamanho da minha altura», disse Alberto Caeiro, então as nossas Bibliotecas são uma imensa janela para o mundo, para o conhecimento, da ciência à literatura, mas também para a criatividade, a música, a arte, o admirável mundo novo da tecnologia. Tudo isso são as Bibliotecas, tudo isso é o contributo do Poder Local Democrático no Município da Moita para que, olhando o mundo e a vida por essa grande janela, os nossos jovens, sobretudo, mas todos os demais também, possam crescer e crescer e ser um dia do tamanho de gente capaz de mudar o mundo, para melhor, claro. Rui Garcia Presidente da Câmara Municipal da Moita

Nota: O autor deste texto não escreve segundo o novo acordo ortográfico.

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CAPITULO

I


Anúncio no Jornal Oriente, do CRI de Alhos Vedros, estimulando os sócios à leitura dos livros da biblioteca (1922). Imagem: Câmara Municipal da Moita


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1. UMA LUTA PARA LER A s raízes da leitura pública no Concelho da Moita radicam no movimento associativo local, verdadeiro promotor, durante largos anos, de uma ampla diversidade de atividades culturais, desportivas, recreativas, sociais, entre as quais a constituição de bibliotecas, de cursos liceais, de realização de palestras, promovendo a instrução, a formação e a emancipação da massa associativa, vincadamente operária. Na mudança de regime, em 1910, a taxa de analfabetismo em Portugal rondava os 75,1%, e na Moita, ainda marcadamente rural, a taxa agravava-se, atingindo os 81,6%1. A Moita só conhecerá a sua primeira escola oficial, construída para o efeito, em 1870, pela herança do benemérito Conde de Ferreira. É o ano em que o Governo, preocupado com a difusão da leitura pública institui, em 2 de agosto de 1870, as bibliotecas populares, com o “intuito de desenvolver os conhecimentos das classes populares por meio da leitura moral e instructiva”2, proporcionando a leitura no estabelecimento e nos domicílios, cabendo essa responsabilidade, também obrigação financeira, às câmaras municipais, que deveriam consignar verba própria para a sua manutenção: “As camaras municipaes mantêem, a expensas suas, bibliotecas populares, devendo haver uma, pelo menos, na capital de cada concelho”3. Ao governo competia o fornecimento de livros. A adesão das câmaras municipais foi mínima e na região só Setúbal instituiria a sua biblioteca popular.

Jornal Oriente, do CRI de Alhos Vedros, edição de 19 de março de 1922. Imagem: Câmara Municipal da Moita

Diário do Governo de 16 de agosto de 1870, que instituiu as bibliotecas populares. Imagem: Biblioteca Nacional de Portugal

SANTOS, Maria; MENDES, Vitor (2010) – A Revolução Republicana na Moita. Moita: Câmara Municipal da Moita, p. 38. 2 DIÁRIO do Governo, número 181, de 16 de agosto de 1870, p. 1117. 3 Ibidem. 1


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A visão progressista e democrática da jovem República de 1910, que quer colocar "a população portuguesa a par da intelligencia mundial", e que promulgou que no interesse da Pátria e da República “urge que as Bibliotecas e Archivos portugueses operem a cultura mental, funccionando como universidades livres, facultando ao povo, na lição do livro, o segredo da vida social moderna; destruindo a ignorancia, que foi o mais forte sustentáculo do antigo regime”4, propondo a constituição de mais bibliotecas, também não encontra eco na Câmara da Moita, republicana desde 1908, por via eleitoral. A Câmara não possui recursos financeiros, o analfabetismo é generalizado, e o operariado vive no limiar da sobrevivência. Os trabalhadores rurais labutam o dia inteiro e os operários na indústria corticeira complementam o horário laboral com ainda mais trabalho em casa. A leitura e a instrução não são a primeira prioridade, e na administração municipal de modo algum se perspetivam outros desígnios. Até ao desenvolvimento do projeto da Fundação Calouste Gulbenkian de um Serviço de Bibliotecas Itinerantes, em 1958, e à instalação da primeira Biblioteca Fixa da Fundação Calouste Gulbenkian, em 1964, a promoção da leitura pública na Moita desenvolver-se-á pela força do movimento associativo local.

1.1 AS BIBLIOTECAS DO MOVIMENTO ASSOCIATIVO G eradas pela vocação solidária, pela cooperação entre iguais,

suportadas no voluntariado, as coletividades de cariz popular foram desenvolvendo, desde a sua génese, um trabalho notável na formação dos seus associados, levando instrução, democratizando

DIÁRIO do Governo, número 65, de 26 de março de 1911.

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Sala da biblioteca da União Desportiva e Cultural Banheirense, inaugurada em 2001. Imagem: Câmara Municipal da Moita


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o acesso à cultura, formando consciências e cidadãos, afrontando, nos tempos da ditadura, o regime opressivo e as instituições censórias, que vigiavam as leituras. A criação de bibliotecas nas inúmeras associações e coletividades de cultura e recreio inscreve-se precisamente num amplo movimento social de firmação de uma identidade de luta, bem como de celebração do convívio e recreio entre os associados, mas também com vista à sua dinamização e formação cultural, principalmente dos menos instruídos, desfavorecidos, a classe operária. A remuneração do operariado mal dava para sobreviver pelo que o contexto económico-familiar não permitia o investimento na escolarização para além da 4.ª classe, e os livros eram considerados bens inacessíveis. São, assim, criadas bibliotecas que proporcionam o acesso livre à instrução e à leitura de livros, alguns deles de muito interesse para o operariado, mas de leitura proibida pelo Estado Novo. A criação de bibliotecas encontrava-se, em alguns casos, desde logo, inscrita nos estatutos respetivos, de que são exemplo o Clube Recreio e Instrução, fundado em 1915, com os seguintes fins “propagar a instrução literária e musical por meio de saraus musicais e dramáticos, conferências literárias e científicas e de um gabinete de leitura e respectiva biblioteca”5, ou a Academia Musical e Recreativa 8 de Janeiro, fundada em 1936, que consigna nos seus estatutos (art.º 3.º) “Possuir uma biblioteca e gabinete de leitura”6, ambas de Alhos Vedros. A Academia Musical e Recreativa 8 de Janeiro organizaria mesmo, em 1972, a Feira do Livro de Alhos, afrontando o regime que cairia passados dois anos, em

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Feira do Livro de Alhos Vedros, organizada pela Academia Musical e Recreativa "8 de Janeiro". Imagem: Câmara Municipal da Moita

MENDES, Vitor (1999) – Monografia do Movimento Associativo do Município da Moita II Alhos Vedros. Moita: Câmara Municipal da Moita, p. 61. 6 Idem, ibidem, p. 10. 5


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Idem, ibidem, p. 18. Idem, ibidem, p. 131. 9 FIGUEIREDO, José Rosa (2001) – Monografia do Movimento Associativo do Município da Moita I Baixa da Banheira Vale da Amoreira. Moita: Câmara Municipal da Moita, pp. 74-75. 10 Idem, ibidem, pp. 60-61. 11 MENDES, Vitor (2000) – Monografia do Movimento Associativo do Município da Moita III Gaio-Rosário, Moita e Sarilhos Pequenos. Moita: Câmara Municipal da Moita, p. 104. 12 Idem, ibidem, p. 152. 13 FIGUEIREDO, José Rosa, op. cit. p. 104. 14 DIÁRIO do Governo, I série, número 114, de 3 de junho de 1927, pp. 918-921. 7 8

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Abril de 74. A Feira constituiu um tremendo desafio para a organização, uma vez que a censura vigente era particularmente sensível a qualquer forma de dinamização literária das populações, para além do permitido. A ditadura considerava certos livros subversivos e alguns autores consagrados possuíam obras na lista de edições excluídas da literatura oficial, proibidas. Contudo, os tempos de censura não intimidaram e a “Feira realizou-se num amplo movimento de debate e formação ideológica antifascista”7. A mais antiga coletividade do concelho, a Sociedade Filarmónica Recreio e União Alhosvedrense, também possuiu a sua biblioteca, pagando os sócios uma quota suplementar no valor de 1$00 para a leitura8. Funcionaram também bibliotecas na Baixa da Banheira, no Ginásio Atlético Clube, em 19399, no Clube União Banheirense “O Chinquilho”, nos anos 50 do século XX, reativada mais tarde, em 1995, com cerca de 2000 volumes10. Ainda na Baixa da Banheira e já entrado o século XXI, a União Desportiva e Cultural Banheirense inauguraria, em 2001, pelo 25 de Abril, a sua biblioteca, disponibilizando aos sócios mais de 5000 volumes, angariados pelo esforço coletivo através da campanha "Um livro para o Banheirense". Na Moita, A Sociedade Filarmónica Capricho Moitense inaugurou a sua biblioteca em 1934, que funcionou até 198011, e em Sarilhos Pequenos o 1.º Maio Futebol Clube Sarilhense, fundado em 1918, consignava nos seus estatutos a organização e desenvolvimento de uma biblioteca “quando as circunstâncias pecuniárias o permitirem”12. A leitura nas coletividades não se fez, no entanto, sem contratempos, sem que a PIDE/DGS fizesse as suas surtidas e retirasse os livros que entendia por “perigosos”13. Face a políticas de privação e de medo, de empobrecimento económico, o operariado respondia, nas coletividades, com empenhamento e militância cultural, abrindo bibliotecas, levando o livro e a liberdade de pensamento, combatendo o analfabetismo, contornando a censura, pela formação integral do indivíduo. O Estado Novo criara leis especiais para regular o exercício da liberdade de expressão, a censura, que se estenderia às bibliotecas: “É absolutamente vedado fornecer ao público das bibliotecas populares e móveis quaisquer livros, revistas e panfletos que contenham doutrinas imorais e contrárias à segurança do Estado…”14. A fiscalização do serviço competia ao inspetor das bibliotecas populares e móveis, ao diretor da Biblioteca Popular de Lisboa, mas também “a todos os cidadãos no uso pleno dos seus direitos políticos”. É neste clima de controlo editorial que a Fundação Calouste Gulbenkian fomentará, em 1958, o seu próprio projeto bibliotecário.


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Biblioteca Itinerante. Imagem: Arquivos Gulbenkian

1.2 AS BIBLIOTECAS DA GULBENKIAN A Gulbenkian inicia, em 1958, a criação de um Serviço de Biblioteca Itinerantes (SBI), e em 1960 desenvolve o projeto de Bibliotecas Fixas, elegendo as autarquias locais como parceiras. É assim que a Moita assiste, num quadro de responsabilidade partilhada, à abertura da Biblioteca Fixa da Gulbenkian N.º 61, em 1964. Na altura o concelho da Moita era servido pela Biblioteca Itinerante N.º 14, sediada no Montijo, centro de irradiação de onde partia o biblio-carro que, nas suas visitas regulares para atendimento dos leitores, estacionava junto ao edifício dos Paços do Concelho. Em 1963, a Biblioteca Itinerante N.º 14 registava, na Moita, a inscrição de 597 leitores e em cada visita mensal atendia 70 leitores15. É o ano em que o presidente da Câmara Municipal escreve à Gulbenkian, solicitando a instalação de uma biblioteca fixa, nos seguintes termos, deixando mesmo transparecer um expressivo quadro de atraso económico e cultural: “A vila da Moita, que é a cabeça de um concelho extremamente rural e que no dizer acertado de alguém que se debruçou sobre o estudo das suas gentes, é o dormitório dos importantes centros fabris seus vizinhos, tem estado quási que abandonado no aspecto cultural. Ora sendo desejo e especialmente obrigação do seu município

Ofício da Câmara Municipal da Moita, de 13 de agosto de 1963, solicitando à Gulbenkian a instalação de uma Biblioteca Fixa na Moita. Imagem: Arquivos Gulbenkian

15 ARQUIVO da Gulbenkian, maço de documentação referente à Biblioteca Fixa n.º 61.


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Edifício na Rua Machado Santos, Moita, onde foi instalada, em 1964, a Biblioteca Fixa da Gulbenkian N.º 61. Imagem: Câmara Municipal da Moita

Notícia do jornal O Século, de 1 de fevereiro de 1964, informando sobre a inauguração da Biblioteca Fixa da Gulbenkian N.º 61, Moita. Imagem: Biblioteca Nacional de Portugal

16 ARQUIVO da Gulbenkian, maço de documentação referente à Biblioteca Fixa n.º 61, Secretaria da Presidência, n.º 2641, de 26 de agosto de 1963, Proc. B/5. 17 DIÁRIO da Manhã, de 1 de fevereiro de 1964, p. 4. 18 ARQUIVO da Gulbenkian, maço de documentação referente à Biblioteca Fixa n.º 61, Comunicação do Serviço de Bibliotecas, Moita, de 31 de dezembro de 1964. 19 GRUPO de Trabalho das Bibliotecas Públicas da AMDS (1997) – Roteiro das Bibliotecas Públicas do Distrito de Setúbal. Associação dos Municípios do Distrito de Setúbal: Setúbal, p. 50. 20 ARQUIVO da Gulbenkian, maço de documentação referente à Biblioteca Fixa n.º 61, documento de 24 de março de 1972.

Planta da instalação dos serviços da Biblioteca Fixa da Gulbenkian N.º 61, Moita. Imagem: Arquivos Gulbenkian

pugnar pela elevação do nível cultural dos povos das sua jurisdição é-nos particularmente muito grato trazer ao conhecimento de V. Ex.ªs e pedir o vosso generoso auxílio, de se conseguir a fundação nesta vila de uma Biblioteca, que muito viria a contribuir para a elevação cultural deste povo”16. O assunto fica pendente de haver sala própria, que a Câmara resolve com a adaptação do edifício de uma antiga escola, na Rua Machado Santos, onde se encontra atualmente a funcionar o Posto de Turismo Municipal, satisfazendo também os encargos com o encarregado da biblioteca. A inauguração, no dia 31 de janeiro de 1964, contou com a presença do “governador civil do distrito de Setúbal, presidente e vice-presidente do Município, vereadores, representantes das Juntas de Freguesia do concelho, presidente da Comissão Concelhia da União Nacional, presidente da Comissão Municipal de Assistência e outras entidades. O Dr. António Ferro, representante da Fundação Gulbenkian proferiu no salão nobre, nos Paços do Concelho uma conferência sobre «Literatura em Portugal»”17. No final de 1964 havia na Biblioteca 3132 livros, encontrando-se em posse dos leitores 2120 livros18. Em 1967, é aberta uma Biblioteca Fixa em Alhos Vedros, N.º 143, deslocando-se, no mesmo período um biblio-carro à Baixa da Banheira19. E em 1972 é instalado na CIDLA, Rosário, um posto de leitura com 100 livros20. Os serviços literários da Biblioteca da Gulbenkian na Moita não acolhem, no entanto, o consenso generalizado de toda a população. E é assim que em Abril de 1970 a Comissão Cultural Moitense, indignada contra a realidade de explosão demográfica e de dormitório da Moita, escreve ao Serviço de Bibliotecas da Gulbenkian informando a realização de um evento incidindo sobre a “Condição Humana”. Um dos temas abordados é a reorganização da biblioteca, porque “a Biblioteca da


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Biblioteca Fixa da Gulbenkian N.º 143, instalada no edifício da Junta de Freguesia de Alhos Vedros. Imagem: Arquivos Gulbenkian

Gulbenkian na Moita, não cumpre a sua função adequadamente”, pelo horário (17h-19h), impossibilitando a frequência, e “concluindo: esta Biblioteca é um corpo morto”21. Propõe a Comissão Cultural Moitense o alargamento do funcionamento para horários noturnos, que a Gulbenkian envie os catálogos de obras e critérios de classificação, e a criação de uma secção de crianças pedagogicamente orientada22. O projeto estruturante da Gulbenkian de constituição de bibliotecas fixas legaria em doação o fundo documental da Biblioteca Fixa N.º61, no momento da sua cessação, à Biblioteca Municipal Bento de Jesus Caraça, inaugurada em 1997.

1.3 AS BIBLIOTECAS NOS PRIMEIROS ANOS DA DEMOCRACIA

Sala da Biblioteca Fixa da Gulbenkian N.º 143, em 1993, durante uma atividade de fim de ano da escola de música. Imagem: Junta de Freguesia de Alhos Vedros

E m 25 de Abril de 1975 funciona na Biblioteca da Moita uma

secção de voto para as eleições da Assembleia Constituinte. Em novembro do mesmo ano a Comissão Administrativa informa a Gulbenkian que “por falta de instalações próprias, bem como de disponibilidades financeiras e orçamentadas a Biblioteca se encontra provisoriamente instalada numa sala de uma das escolas primárias da Moita cedida para o efeito”23. Contudo, passados poucos meses, atendendo às necessidades do ensino local, a Biblioteca é encerrada, para o espaço voltar a funcionar como sala de aula do ensino primário24. Em setembro de 1976 a Biblioteca da Moita já levava alguns meses sem funcionar, facto que suscitou a preocupação da Comissão Administrativa.

21 ARQUIVO da Gulbenkian, maço de documentação referente à Biblioteca Fixa n.º 61, abril de 1970. 22 Ibidem. 23 ARQUIVO da Gulbenkian, maço de documentação referente à Biblioteca Fixa n.º 61, documento sem referência de receção, ofício emitido pela Câmara Municipal da Moita, em 18 novembro de 1975, n.º 04297. 24 ARQUIVO da Gulbenkian, maço de documentação referente à Biblioteca Fixa n.º 61, Comunicação do Serviço de Bibliotecas, Moita, de 26 janeiro de 1976.


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Edifício da antiga Central Elétrica, na Av. Dr. Teófilo Braga, onde funcionou provisoriamente a Biblioteca Fixa da Gulbenkian N.º 61 Imagem: Câmara Municipal da Moita

Edifício da Escola Primária N.º 1, Moita, onde funcionou provisoriamente a Biblioteca Fixa da Gulbenkian N.º 61. Imagem: Câmara Municipal da Moita

25 CÂMARA Municipal da Moita, ata da reunião de Câmara de 23 de setembro de 1976, p. 9. 26 CÂMARA Municipal da Moita, ata da reunião de Câmara de 14 de outubro de 1976, p. 8. Os Arquivos da Gulbenkian possuem cópia dos desenhos da Biblioteca, projetada com dois pisos. 27 ARQUIVO da Gulbenkian, maço de documentação referente à Biblioteca Fixa n.º 61, ofício da Câmara Municipal da Moita de 3 de outubro de 1977. 28 CÂMARA Municipal da Moita, Boletim Municipal n.º2, jan-fev, 1978, p. 4.

Faltavam instalações, situação que os eleitos consideraram demasiado lesiva para o desenvolvimento cultural da população25. Havia também o receio que a Gulbenkian, entidade que patrocinava o recheio da biblioteca pudesse transferir o mesmo, inviabilizando reativar o serviço de leitura pública. Tratava-se, também, de evitar o encerramento de um equipamento cultural numa terra à data carente de estruturas de apoio à cultura popular, também deficitária em recursos financeiros, incapacitada de resolver o problema através de uma obra então orçada em 480 contos. Em reunião de Câmara de 14 de outubro de 1976 o executivo aprovou o envio de cópia do projeto da futura biblioteca à Gulbenkian26. Ao mesmo tempo, expectando demora no arranque das obras, e para que a biblioteca não permanecesse encerrada, a Câmara decide instalar a biblioteca na antiga central elétrica da Moita, na Av. Dr. Teófilo Braga. Parte do edifício foi ocupado pela biblioteca e parte pela recém-criada Associação de Reformados, Pensionistas e Idosos da Freguesia da Moita (fundada em 15-10-1976), que ainda hoje ali funciona. Em 3 de outubro de 197727, a Câmara Municipal informa a Gulbenkian sobre a abertura da Biblioteca. O Plano de Atividades da Câmara Municipal da Moita, de 1978, refletia já o compromisso de “diligenciar para a construção de bibliotecas municipais nas 3 freguesias”28, então as freguesias de Alhos Vedros, Baixa da Banheira e Moita, únicas à data. Na altura a Biblioteca Municipal funcionava provisoriamente na sede dos Bombeiros Voluntários da Moita, com atendimento aos leitores de manhã, à tarde e à noite.


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Em 1981, a Caixa Geral de Depósitos inaugura uma agência na Moita na área do Parque Municipal da Moita, em instalações provisórias, que se propõe vender, passados anos, à Câmara Municipal em 14 de dezembro de 1984, pelo montante de 2.600 contos, tendo “por base o interesse manifestado pela Câmara na aquisição para efeitos de instalação de uma biblioteca municipal”29. Após remodelação o pavilhão pré-fabricado abre ao público como Biblioteca no dia 25 de Abril de 1985. Salvaguardando as necessidades das classes trabalhadoras a Biblioteca prevê horário noturno: “Caso não possa frequentar a Biblioteca de dia faça-o entre as 21H00 e as 22H00”30. As Comissões de Moradores vieram também a desenvolver um importante papel no processo democrático, designadamente na valorização e consolidação do Poder Local, participando ativamente na dinamização das populações, congregando esforços para resolução dos problemas locais, conjuntamente com o jovem Poder Local Democrático. Das suas realizações constam as inaugurações das bibliotecas infantis de Alhos Vedros e Baixa da Banheira, no dia 25 de Abril de 1978. A primeira no parque infantil e a segunda instalada num elétrico desativado, no Parque Estrela Vermelha, com fundos para compra de livros e mobiliário angariados pelas comissões de moradores31. No elétrico figurava uma placa comemorativa, com a seguinte inscrição: “PRIMEIRA BIBLIOTECA PÚBLICA DA BAIXA DA BANHEIRA, iniciativa da Comissão de Moradores, com o apoio do Bairro Administrativo, Autarquias e a participação da população”. Nestes primeiros anos de Abril a Câmara Municipal dará também apoio aos projetos bibliotecários das coletividades. Em 1980, o 1º de Maio Futebol Clube Sarilhense solicita à Câmara Municipal equipamento para constituição de uma biblioteca no clube32.

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Biblioteca da Moita, inaugurada em 25 de Abril de 1985. Imagem: Câmara Municipal da Moita

29 CÂMARA Municipal da Moita, ata da reunião de Câmara de 4 de janeiro de 1984, p. 2. 30 CÂMARA Municipal da Moita, Boletim Informativo n.º 24, novembro de 1985, p. 2. 31 CÂMARA Municipal da Moita, Boletim Municipal n.º3, mar-abr, 1978, p. 2. 32 CÂMARA Municipal da Moita, ata da reunião de Câmara de 23 de janeiro de 1980, p. 7.


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O elétrico, no Parque Estrela Vermelha, onde foi instalada a "PRIMEIRA BIBLIOTECA PÚBLICA DA BAIXA DA BANHEIRA". Imagem: Câmara Municipal da Moita

Jovens consultando livros na Biblioteca Infantil do Parque Estrela Vermelha, Baixa da Banheira. Imagem: Câmara Municipal da Moita

33 CÂMARA Municipal da Moita, ata da reunião de Câmara de 23 de abril de 1980, p. 3. 34 CÂMARA Municipal da Moita, ata da reunião de Câmara de 4 de novembro de 1981.

A Câmara deliberou a atribuição de um subsídio no valor de 53.500$00, obrigando-se o clube a facultar ao público a utilização da biblioteca33. No princípio dos anos 80, através de uma deliberação da Câmara relativa à aquisição do livro Greves e Sindicalismo em Setúbal 1910/13, para distribuição pelas bibliotecas locais, sabemos que treze coletividades do Concelho possuíam biblioteca em atividade34. A História da Leitura Pública, entendida aqui num sentido abrangente, é indissociável da luta pela elevação intelectual das populações, pela melhoria da sua qualidade de vida, pela democratização da cultura, e pelo enraizamento e generalização dos hábitos de leitura, encargo que o operariado interpretou coletivamente através da criação de bibliotecas nas coletividades. Abril e a instituição do Poder Local Democrático dariam voz a essa vontade popular através da edificação de quatro Bibliotecas Municipais, em 1990 (Vale da Amoreira), 1993 (Alhos Vedros), 1997 (Moita) e 2005 (Baixa da Banheira).

Biblioteca Infantil instalada (ao fundo) no Parque Infantil de Alhos Vedros. Imagem: Câmara Municipal da Moita


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Festa das crianças na reabertura da Biblioteca do Vale da Amoreira, após as obras de ampliação. Imagem: Câmara Municipal da Moita


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2. A REDE DE BIBLIOTECAS MUNICIPAIS DE LEITURA PÚBLICA 1990 – 2015 A bril e a instituição do Poder Local Democrático devolveram o

trabalho autárquico às populações, conferindo-lhe a dignidade que emana da livre expressão da vontade popular, operando, através dos princípios de um Serviço Público em Liberdade, a transformação real e decisiva do Município da Moita. Convicta que a qualidade de vida das populações é indissociável de uma plena e sã vivência democrática, determinada pelo desenvolvimento social e cultural dos cidadãos, só possível pela democratização da cultura, pela valorização do saber e pela formação integral do ser humano, a Câmara Municipal equacionou, projetou e implementou a criação de uma Rede de Bibliotecas Municipais de Leitura Pública, contemplando os núcleos urbanos de Vale da Amoreira (1990), Alhos Vedros (1993), Moita (1997) e Baixa da Banheira (2005), com equipamentos de qualidade que observam os princípios do Manifesto da UNESCO sobre a Biblioteca Pública. Com a missão específica de “Reunir, organizar, tratar e preservar, independentemente do suporte, documentos e informação, nas suas variadas dimensões local, nacional e global facultando o acesso público à comunidade em geral e a públicos especializados, de serviços e recursos informacionais de modo a contribuir localmente para a construção e fruição da sociedade do conhecimento e para alcançar uma superior qualidade da vida através da promoção da cidadania, da literacia, da educação, da cultura e de hábitos de leitura, bem como dos princípios expressos no Manifesto da IFLA|UNESCO sobre Biblioteca Públicas”, as Bibliotecas Municipais têm-se constituído, ao longo destes últimos 25 anos, como elementos estruturantes das políticas municipais para a cultura, sempre vinculadas ao exercício dos direitos culturais, à formação de uma consciência social progressista, e à criação de condições para o Desenvolvimento Integral do Ser Humano.

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Planta da Biblioteca Municipal do Vale da Amoreira. Imagem: Câmara Municipal da Moita

2.1 BIBLIOTECA MUNICIPAL DO VALE DA AMOREIRA – 1990

1 CÂMARA Municipal da Moita, Plano Diretor Municipal, balanço de uma década, p. 6. 2 CÂMARA Municipal da Moita, ata da reunião de Câmara de 14 de fevereiro de 1989, p. 4.

N o final da década de 80 do século XX a Moita tem já projetada a sua biblioteca, através do contrato-programa celebrado com o Instituto Português da Leitura (IPLL) para a construção da Biblioteca Municipal da Moita, pensada para satisfazer as necessidades de lazer, recreio, cultura e educação da população. Alhos Vedros ainda possui a sua Biblioteca Fixa da Gulbenkian N.º 143 a funcionar, embora num espaço muito limitado, nas instalações da Junta de Freguesia. A situação é particularmente problemática para os estudantes e demais população da Baixa da Banheira e Vale da Amoreira, que não possuem outras opções que a deslocação à biblioteca do Barreiro, mas não podendo fazer empréstimos domiciliários, reservados só aos residentes, a ida à Biblioteca Fixa da Gulbenkian de Alhos Vedros, que não se encontra devidamente apetrechada, ou a Biblioteca da Moita, percorrendo um trajeto considerável. A zona é, também, uma das mais carenciadas do Concelho, derivado do crescimento demográfico acelerado do Vale da Amoreira, que “corresponde à maior transformação do uso do solo do concelho da Moita, tendo-se construído na área, desde os finais dos anos 70 até hoje (1989) mais de 3500 fogos (...) De uma população de 274 habitantes em 1970, o Vale da Amoreira passa para 11618 em 1989"1. É assim que um edifício localizado na então freguesia da Baixa da Banheira (a freguesia do Vale da Amoreira só foi criada em 1988), inicialmente projetado para ATL (Área de Tempos Livres), veio depois, ainda durante a sua construção, a ser pensado como Biblioteca Pública2, dando origem à Biblioteca Municipal do Vale da Amoreira, obra com responsabilidade de execução pelo loteador, mas com projeto municipal.


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Com os trabalhos a aproximarem-se do fim, a Câmara aprova o funcionamento da Biblioteca do Vale da Amoreira, com as seguintes áreas funcionais: Átrio/Zona de Exposições, Sala de Leitura Infantil/Juvenil, Sala de Leitura para Adultos, Sala de Jogo (pequena ludoteca), Sala de Audio-Vídeo, Bar e Espaço Envolvente, Sala de Serviço Interno, Animação ao Ar Livre, que deverá ser enquadrado na dependência ou como um anexo da Biblioteca da Moita3. Delibera a compra de estantes e secretárias para a biblioteca4 e a aquisição de fundos bibliográficos no valor de 6.000 contos5. Em Maio de 1990 é aprovado o Regulamento de Funcionamento da Biblioteca Municipal N.º 2 – Vale da Amoreira6. A Biblioteca Municipal – Pólo do Vale da Amoreira, primeiro núcleo da Rede de Bibliotecas Municipais de Leitura Pública, foi inaugurada em 10 de junho de 1990, numa sessão que o jornal Voz da Vila, da Baixa da Banheira, registou, assim: “Não houve foguetes nem morteiros, não houve charangas nem garotos agitando bandeirinhas à passagem das entidades oficiais como nas inaugurações de «fachada»! Houve sim palmas espontâneas e vibrantes quando o Presidente da Câmara Municipal da Moita, senhor José Luís Lopes Pereira, descerrou a Placa alusiva à inauguração da Biblioteca 2 sita na Av. José Almada Negreiros no Vale da Amoreira. Depois foi a visita guiada pela Sr.ª Dr.ª Ana Cristina que ía explicando aos visitantes a função de cada sala. Assistimos então ao momento mais elevado desta cerimónia, quando a escritora Dr.ª Glória Bastos juntou à sua volta um enorme número de crianças (sem as tais bandeirinhas) e dialogou com elas. Foi um momento verdadeiramente emocional!... E as crianças do Vale da Amoreira esperam que ele se repita. Cabe aos professores esta tarefa que decerto conseguirão. Está de parabéns o Vale da Amoreira

CÂMARA Municipal da Moita, ata da reunião de Câmara de 14 de fevereiro de 1989, p. 4. 4 CÂMARA Municipal da Moita, ata da reunião de Câmara de 4 de abril de 1989, p. 10. 5 CÂMARA Municipal da Moita, ata da reunião de Câmara de 26 de setembro de 1989, p. 7. 6 CÂMARA Municipal da Moita, ata da reunião de Câmara de 15 maio de 1990 p. 6. 3

Biblioteca Municipal do Vale da Amoreira. Imagem: Câmara Municipal da Moita


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JORNAL Voz da Vila, Diretor José Rosa Figueiredo, ano V, n.º 48, julho, p. 4. 8 CÂMARA Municipal da Moita, Boletim Municipal Informativo maio/junho, 1990, p. 5. 7

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por possuir, no termo da sua freguesia um veículo de cultura de tamanha importância! Ninguém pense ir encontrar ali a tradicional Biblioteca escura e bafienta, onde os livros se acumulam à espera que mãos caridosas os retirem do local pelo menos para lhes limpar o pó. Como nas Bibliotecas Modernas as salas são amplas e arejadas e até existe um serviço de «cafetaria» onde se poderá tomar a «velha bica» e conversar um pouco com os amigos. Os nossos parabéns. A Biblioteca é de todos nós e, por isso, ela espera por nós”7. Decorreu durante toda a semana a exposição “O Distrito de Setúbal e a Leitura”. Ao contrário da imagem tradicional da biblioteca como local de arrumação de livros, o novo espaço pretende ter um papel ativo e construtivo na formação intelectual da população, independente da sua ocupação ou grau de instrução, colocando ao dispor dos utentes serviços de consulta de jornais, revistas, enciclopédias, dicionários e documentos audiovisuais, empréstimo domiciliário de livros, apoio e orientação bibliográfica (listas bibliográficas, catálogos e atendimento de leitores), fundo local (informação sobre a vida económica, social e cultural da comunidade), ludoteca (brinquedos, jogos para crianças e adultos), exposições e ateliers de expressão, considerando também a possibilidade de colaboração com diferentes entidades tais como escolas, bibliotecas e associações várias8. A estrutura da Biblioteca

A inscrição dos primeiros leitores da Biblioteca do Vale da Amoreira. Imagem: Câmara Municipal da Moita


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À descoberta dos livros. Imagem: Câmara Municipal da Moita

do Vale da Amoreira seguiu, de uma forma geral, “os princípios apontados no Manifesto da UNESCO sobre o que deve constituir a Biblioteca Pública: suportes de informação variados (livros, periódicos, audiovisuais, material iconográfico), livre acesso às estantes, áreas funcionais distintas, com especial atenção para crianças e jovens, realização de actividades de animação”9. A Biblioteca Municipal do Vale da Amoreira revelou-se logo um caso de sucesso, nos primeiros meses de existência, com as crianças e os jovens, em idade escolar – a pouca distância funcionam três escolas primárias, uma preparatória e outra secundária – a fazerem a descoberta da sua biblioteca. Depois, foram os adultos: “Num mês inscreveram-se 1.300 leitores, dos 4 aos 72 anos; emprestaram-se 3.250 livros, utilizaram a ludoteca e a sala de audiovisuais cerca de 1450 pessoas, numa média de 65 por dia. Das escolas primárias do Vale da Amoreira e da Baixa da Banheira, vieram em visita cerca de 300 crianças”10. Entre as iniciativas desenvolvidas destacam-se, nestes primeiros meses, “O Natal na Biblioteca", que mobilizou crianças e pais do Vale da Amoreira desde o dia 3 de dezembro e até 4 de janeiro, tendo os pequenos leitores decorado a sala de leitura infantil-juvenil com motivos alusivos à quadra, e realizado trabalhos com materiais que a Biblioteca colocou à sua disposição, e com que se fez uma exposição; na ludoteca decorreu um campeonato de Trivial Pursuit, jogo que possibilita a ligação da leitura com os aspetos lúdico e informativo11. Em 1991, em fevereiro, decorreu um curso de xadrez para jovens frequentadores da Biblioteca, dos 8 aos 18, e em abril a abertura da exposição Cultura Tradicional Cabo-verdiana, com colóquio,

Brincando na Biblioteca. Imagem: Câmara Municipal da Moita

CÂMARA Municipal da Moita, Boletim Municipal Informativo, n.º 64, 1991, janeiro/fevereiro, p. 11. 10 CÂMARA Municipal da Moita, Boletim Municipal Informativo, n.º 63, 1990, agosto/setembro, edição especial, p. 12. 11 CÂMARA Municipal da Moita, Boletim Municipal Informativo, n.º 64, 1991, janeiro/fevereiro, p. 11. 9


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Colóquio sobre cultura tradicional Cabo-Verdiana. Imagem: Câmara Municipal da Moita

12 CÂMARA Municipal da Moita, Boletim Municipal Informativo, n.º 65, 1991, março/abril, p. 12. 13 Ibidem. 13 Ibidem. 15 CÂMARA Municipal da Moita, Boletim Municipal, n.º 69, 1992, setembro, p. 12. 16 CÂMARA Municipal da Moita, ata da reunião de Câmara de 17 de novembro de 1992, p. 6.

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com o objetivo de divulgação da cultura de alguns países africanos de língua portuguesa, dos quais grande parte da população da Freguesia do Vale da Amoreira é originária12. Mas o projeto mais emblemático, e também mais duradouro, é o Biblioteca Viva, que deu os primeiros passos em abril de 1991, na altura um “projecto de animação específico para a Biblioteca do Vale da Amoreira, destinado a alunos do ensino básico”13. O projeto tinha como objetivo a “sensibilização das crianças e dos jovens para a leitura, a prática de jogos didáticos, a música e os filmes, de forma a transformar a biblioteca num prolongamento da Escola, enquanto espaço de aprendizagem vivo e dinâmico, que dá gosto frequentar”14, e incluía, mediante inscrição prévia das escolas, a hora do conto, realização do livro dos leitores da Biblioteca – «o nosso livro», encontros com escritores, ilustradores, atores, cantores, entre outros. No segundo ano de funcionamento o ciclo de animação da leitura Biblioteca Viva já movimentou “2360 crianças, 211 professores e 22 das 28 escolas pré-primárias e do primeiro ciclo do ensino básico do município, para além dos dois técnicos da Câmara responsáveis pelo projecto e dos quatro funcionários da Biblioteca 2”15. Em 1992, foi alterado o Regulamento da Biblioteca Municipal N.º2 do Vale da Amoreira16. Em 1994, a receção aos novos alunos, destinada aos alunos do primeiro ano do ensino básico e jardins de infância oficiais de todo o concelho, num total de 900 crianças, teve lugar na sala infantil da Biblioteca do Vale da Amoreira. No ano de 2002 a Câmara Municipal decide beneficiar a Biblioteca do Vale da Amoreira com outras valências, lançando um concurso público para a Ampliação da Biblioteca do Vale da Amoreira. Dos trabalhos constavam a construção de um espaço público com cerca de 84m2, um palco com 24m2, sala de apoio e sanitários, tendo sido adjudicada a obra em dezembro de 2002, à Constr. M. Marques, pelo valor de 118.758,03€ e prazo de execução de 5 meses. A Biblioteca Municipal do Vale da Amoreira coloca ao dispor dos seus utilizadores serviços de consulta de jornais, revistas, enciclopédias e documentos audiovisuais, empréstimo domiciliário de livros, apoio e orientação bibliográfica, fundo local, ludoteca e exposições, e dispõe de um auditório.


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O primeiro Biblioteca Viva. Imagem: Câmara Municipal da Moita

2.2 BIBLIOTECA MUNICIPAL DE ALHOS VEDROS – 1993 O plano de atividades da Câmara Municipal da Moita de 1987

previa a construção de um edifício destinado a Centro Cultural de Alhos Vedros, decidindo-se a abertura de concurso para a obra em 20 de outubro de 1987. Ao equipamento, Núcleo Cultural de Alhos Vedros, destinado a realizações culturais e recreativas, dispondo de duas salas polivalentes e de anfiteatro ao ar livre, será atribuído o nome do cantor e poeta José Afonso17. A obra, orçada em 13.000 contos, foi inaugurada em 1989, durante as Comemorações de Abril. Com a inauguração da Biblioteca do Vale da Amoreira, em 1990, as obras da Biblioteca da Moita em andamento e com Planta da instalação dos serviços da Biblioteca Municipal de Alhos Vedros. Imagem: Câmara Municipal da Moita

Biblioteca Municipal de Alhos Vedros. Imagem: Câmara Municipal da Moita

17 CÂMARA Municipal da Moita, ata da reunião de Câmara de 22 de março de 1988, p. 1.


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Bibliotecários escandinavos do 2.º Seminário das Bibliotecas Públicas dos Países Escandinavos e da Europa do Sul visitam a Biblioteca de Alhos Vedros. Imagem: Câmara Municipal da Moita

18 CÂMARA Municipal da Moita, Boletim Municipal, n.º 72, 1993, setembro, p. 22.

conclusão prevista para 1993, a Câmara equaciona, em 1992, a abertura de uma biblioteca em Alhos Vedros. A Gulbenkian, face ao projeto de Promoção da Leitura Pública do Estado, que incluía o apoio à construção de bibliotecas municipais (1987), retirara de Alhos Vedros a Biblioteca Fixa N.º 143, perdendo os leitores desse importante núcleo urbano o serviço de leitura. Face à necessidade de prover Alhos Vedros de uma biblioteca pública considerou-se, no âmbito da implantação da Rede de Bibliotecas Municipais de Leitura Pública, como opção mais célere e viável “o aproveitamento de um equipamento recente e já adaptado à realização de actividades culturais, como é o caso do Núcleo Cultural José Afonso”. Em 1993, o Núcleo Cultural de Alhos Vedros é adaptado a biblioteca para funcionar como extensão da Biblioteca Municipal, constituindo o segundo núcleo de leitura pública do concelho da Moita. As áreas incluídas no espaço, com uma área de 160m2, foram: leitura de periódicos, secção infantil-juvenil, “hora do conto”, leitura de adultos e depósitos18. Em junho de 1993, a Câmara delibera a consulta pública para aquisição de equipamento para


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a Biblioteca de Alhos Vedros, no valor de 4.000 contos19, e em 24 de novembro aprova as normas de funcionamento e horário da Biblioteca20. A Biblioteca de Alhos Vedros abriu ao público em 28 de novembro de 1993. Para ambientação ao novo espaço a Câmara Municipal promoveu visitas guiadas ao equipamento, dirigidas essencialmente aos alunos das escolas de Alhos Vedros, visitas com o objetivo de apoiar e orientar os alunos na pesquisa da informação que necessitam e contribuir para a sua autonomia no acesso, de acordo com os novos programas curriculares. A iniciativa destinava-se também a divulgar o novo espaço cultural e os recursos informativos, colocados ao dispor de alunos, professores e população em geral21. Em 1994, a Biblioteca de Alhos Vedros foi objeto de visita de um grupo de bibliotecários escandinavos, integrada no programa do 2.º Seminário das Bibliotecas Públicas dos Países Escandinavos e da Europa do Sul. A Biblioteca Municipal de Alhos Vedros é dotada de um espaço destinado à leitura de periódicos, uma secção infanto-juvenil, uma sala de conto e um espaço de leitura para adultos.

Animação em dia de aniversário da Biblioteca de Alhos Vedros. Imagem: Câmara Municipal da Moita

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19 CÂMARA Municipal da Moita, ata da reunião de Câmara de 16 de junho de 1993, p. 6. 20 CÂMARA Municipal da Moita, ata da reunião de Câmara de 24 de novembro de 1993, p. 3. 21 CÂMARA Municipal da Moita, Boletim Municipal, n.º 73, 1994, maio, p. 17.


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2.3 BIBLIOTECA MUNICIPAL BENTO DE JESUS CARAÇA – 1997

Biblioteca da Moita, em 1987. Imagem: Câmara Municipal da Moita

22 CÂMARA Municipal da Moita, Boletim Municipal Informativo, fevereiro/março, 1988, n.º 44, p.7. 23 MINISTÉRIO da Cultura e Coordenação Científica, Secretaria de Estado da Cultura, Instituto Português do Livro e da Leitura, ofício n.º 0986 de 10 março de 1987. 24 Ibidem. 25 CÂMARA Municipal da Moita, ata da reunião de Câmara de 29 de Abril de 1987, p. 1-2.

I naugurada em Abril de 1985, a antiga Biblioteca Municipal da Moita, instalada num pavilhão pré-fabricado, revelava já algumas precariedades22, manifestando-se insuficiente para atender a uma população em crescimento e à evolução do serviço de bibliotecas. Em 1987, a Secretaria de Estado da Cultura (SEC), com o objetivo de fomentar o interesse do público pela leitura promove, através do Instituto Português do Livro e da Leitura (IPLL), o lançamento, a nível nacional, de uma rede de bibliotecas municipais, estabelecendo o âmbito de cooperação entre o Estado e os Municípios, nos termos do Decreto-Lei n.º 111/87 de 11 de março. A parceria é formalizada com a celebração de contratos-programa, competindo aos “Municípios a iniciativa do projecto e a responsabilidade pelo seu posterior funcionamento e ao poder central o apoio técnico-financeiro que permita a sua viabilização. Prevê-se que a comparticipação do Estado possa atingir 50% dos custos orçamentados para cada programa”23. A iniciativa da SEC tem como objetivo a criação de uma rede de bibliotecas municipais segundo as “modernas concepções de uma biblioteca de leitura pública”24. Apreciando os incentivos do Estado a Câmara Municipal decide, em abril de 1987, constituir um grupo de trabalho para estudar e projetar a implementação de uma Biblioteca Municipal de Leitura Pública, assim como coordenar o relacionamento com as outras entidades públicas25. Em maio de 1987, a Câmara aprova o estudo prévio de criação de uma Rede

Planta dos serviços da Biblioteca da Moita. Imagem: Câmara Municipal da Moita


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de Bibliotecas Municipais de Leitura Pública26, indicando o estudo a construção de um edifício “com espaços diferenciados: átrio, cafetaria, secção de adultos, secção infantil, áudio-visuais e animação”27. Em 1988, é aprovada a localização da futura biblioteca e o custo máximo, fixado em 65.640 contos, a suportar em 50% pelo IPLL, para o desenvolvimento de uma biblioteca da categoria BM2 (concelhos com uma população entre 20.000 e 50.000 habitantes). Por impossibilidade de desenvolver o projeto internamente – como previsto – por transferência do coordenador, de modo a assegurar a execução do projeto em tempo útil, para efetuar o contrato-programa, a Câmara Municipal decide-se por um concurso limitado a quatro gabinetes de arquitetura: Hestnes Ferreira, CAU, AO e Risco, de acordo com as normas estabelecidas pelo IPLL28. Mas também esta opção se revela inexequível, derivado dos prazos fixos pelo IPLL, curtos. Em Agosto de 1988, a Câmara decide por unanimidade consultar o arquiteto Hestnes Ferreira com vista à adjudicação, por ajuste direto, do projeto da Biblioteca da Moita29. Hestnes Ferreira será também o arquiteto do futuro Tribunal da Moita, pelo que a Câmara procura assim o “estudo conjunto dos dois projectos arquitectónicos”30 – a Biblioteca Municipal tinha inicialmente localização prevista no mesmo quarteirão do Tribunal. A adjudicação ao arquiteto é deliberada em setembro de 198831, estimando-se a obra em 115 mil contos. Trata-se de um dos mais destacados e prestigiados arquitetos portugueses, autor de uma obra ímpar e singular. Hestnes Ferreira nasceu em Lisboa, em 1931, estudou no Porto, Helsínquia e Lisboa, nas universidades de Yale e de Pensilvânia, tendo o seu trabalho sido reconhecido com várias distinções: “Prémio Nacional de Arquitectura e Urbanismo da Secção Portuguesa da AICA (1982), Prémio Cadernos Municipais pela Recuperação de uma Arcada do Século XVI em Beja (1982), 1.º Prémio do Concurso de Remodelação do Café Martinho da Arcada em Lisboa (1988), Prémio Nacional de Arquitectura da AAP – Construção Técnica e Detalhe (1993), e 1.º Prémio do Concurso de Remodelação do Museu de Évora (1994)”32. Em novembro de 1988, a Câmara aprova a minuta do contrato-programa que celebrará com o IPLL, com quatro anos de vigência. Em maio de 1990, a Câmara delibera a nova implantação da Biblioteca Municipal da Moita33, na área do Parque Municipal, uma localização mais central e acessível, que será objeto de estudo de arranjos exteriores para enquadramento da Biblioteca34. Em 27 de novembro de 1990, a Câmara Municipal da Moita aprova por unanimidade o projeto da Biblioteca Municipal da Moita, o caderno de encargos e programa de concurso, bem como a abertura de concurso público internacional, com base de

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26 CÂMARA Municipal da Moita, ata da reunião de Câmara de 20 de maio de 1987, p. 12. 27 CÂMARA Municipal da Moita, Boletim Municipal Informativo, fevereiro/março, 1988, n.º 44, p.7. 28 CÂMARA Municipal da Moita, ata da reunião de Câmara de 7 de junho de 1988, p. 1. 29 CÂMARA Municipal da Moita, ata da reunião de Câmara de 9 de agosto de 1988, p. 2. 30 CÂMARA Municipal da Moita, Boletim Municipal Informativo, outubro, 1988, n.º 50, p. 11. 31 CÂMARA Municipal da Moita, ata da reunião de Câmara de 6 de setembro de 1988, p. 7-8. 32 NEVES, José (2002) – Raúl Hestnes Ferreira – 1959-2002. Porto: ASA Editores. 33 CÂMARA Municipal da Moita, ata da reunião de Câmara de 15 maio de 1990, p. 7. 34 CÂMARA Municipal da Moita, ata de reunião de Câmara de 23 de outubro de 1990, p. 11.


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Biblioteca Municipal da Moita Bento de Jesus Caraça. Imagem: Câmara Municipal da Moita

A Biblioteca da Moita em construção. Imagem: Câmara Municipal da Moita

35 CÂMARA Municipal da Moita, ata de reunião de Câmara de 27 de novembro de 1990, p. 7. 36 CÂMARA Municipal da Moita, ata de reunião de Câmara de 20 de junho de 1990, p. 8. 37 CÂMARA Municipal da Moita, Boletim Municipal Informativo, janeiro/fevereiro, 1991, n.º 64, pp. 10-11.

licitação de 212.500.000$0035. A obra é entregue em junho de 1991 à firma CISUL – Construtora Imobiliária do Sul, Lda., pelo valor de 188.155.000$0036, e logo em setembro o IPLL dá parecer favorável à adjudicação. Os serviços que compõem a Biblioteca da Moita irão ocupar uma vasta área de 2.100m2, com cada espaço a ser “projectado de modo a corresponder a diferentes necessidades de informação, tendo sempre em conta a criação de um ambiente agradável e acolhedor, favorável à leitura e a outras formas de expressão. Em termos gerais, a Biblioteca contempla uma recepção – zona de exposições, sala polivalente, salas de leitura infantil e de adultos, sector de áudio-visuais e animação, serviços internos e depósitos. Para a sala polivalente estão programados diversos tipos de utilizações: projecção de filmes, espectáculos de teatro, exposições, encontros e colóquios. A sala de áudio-video tem dois pisos, prevendo-se já o crescimento deste espaço e a possibilidade de diversas formas de audição e visualização de materiais. As salas de leitura infantil e de adultos têm a forma de duas grandes estrelas, cujos centros são pequenos jardins, propícios à leitura ao ar livre. A secção infantil, para além do espaço para a leitura, inclui também um pequeno anfiteatro, para a hora do conto e um atelier de expressão para actividades manuais. A sala de adultos tem uma zona de leitura informal, outra destinada aos trabalhos de grupo e outra ainda para leitura individual”37. Em meados de 1991, a Biblioteca da Moita (pré-fabricado) muda de instalações, da Rua Alexandre Sequeira para a Rua Professor Bento de Jesus Caraça, por motivo das obras da nova biblioteca no Parque da Moita. A adjudicação da obra da Biblioteca da Moita


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foi objeto de ato público, em 19 de outubro de 199138. Com o aumento do custo da Biblioteca celebram as partes, Câmara Municipal e IPLL, em 10 de outubro de 1991, uma adenda ao Contrato-Programa, acordando dotar o projeto em curso com a quantia de 69.600.000$00, a repartir pelos outorgantes. Em Agosto de 1992, a Câmara delibera sobre a aquisição de fundos bibliográficos para a nova biblioteca, incluindo obras raras, edições esgotadas e autografadas, com o objetivo de constituir um fundo de referência39, e em setembro a aquisição de mais fundos bibliográficos com o objetivo de constituir um fundo documental inicial para a biblioteca40. Em janeiro de 1993, a Câmara volta a deliberar sobre a aquisição de fundos bibliográficos no valor de 30.000 contos. A Câmara apressa a aquisição de equipamento e de fundos bibliográficos para a Biblioteca da Moita, com data de conclusão prevista para 20 de junho de 1993 mas, nos primeiros meses do ano, a situação económica ou financeira da construtora levará à paragem da obra durante vários meses, recomeçando-se os trabalhos só em outubro de 1994, na sequência de novo concurso público, deliberado em outubro de 199341. Em dezembro de 1993, atendendo que “uma biblioteca que se queira assumir enquanto equipamento moderno, adaptado às exigências actuais dos munícipes, em termos de recursos informativos, tem necessariamente que incluir a informatização dos serviços, nas suas prioridades", é aprovada a informatização da Biblioteca Municipal da Moita42. Em 11 de maio de 1994, a Câmara decide entregar a conclusão da obra à ETERMAR – Empresa de Obras Terrestres e Marítimas, SA43. Em agosto de 1995, a Câmara aprova o projeto e abertura de concurso público para remodelação e expansão do parque municipal44 com vista a enquadrar a nova biblioteca na mancha verde já consolidada do Parque da Moita.

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Guia do Utilizador da Biblioteca Municipal Bento de Jesus Caraça. Imagem: Câmara Municipal da Moita

38 CÂMARA Municipal da Moita, Boletim Municipal Informativo, novembro/dezembro, 1991, n.º 67, p. 11. 39 CÂMARA Municipal da Moita, ata da reunião de Câmara de 12 de agosto de 1992, p. 5. 40 CÂMARA Municipal da Moita, ata da reunião de Câmara de 23 de setembro de 1992, p. 4. 41 CÂMARA Municipal da Moita, ata da reunião de Câmara de 6 de outubro de 1993, p. 5. 42 CÂMARA Municipal da Moita, ata da reunião de Câmara de 22 de dezembro de 1993, p. 5. 43 CÂMARA Municipal da Moita, ata da reunião de Câmara de11 de maio de 1994, p. 14. 44 CÂMARA Municipal da Moita, ata da reunião de Câmara de 16 de agosto de 1995, p. 7.


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Bento de Jesus Caraça. Imagem: Câmara Municipal da Moita

Bento de Jesus Caraça. Imagem: Câmara Municipal de Vila Viçosa

45 CÂMARA Municipal da Moita, proposta 374/96 da reunião de Câmara de 17/07/96.

ATRIBUIÇÃO DO NOME DE BENTO DE JESUS CARAÇA À BIBLIOTECA A decisão de atribuição de nome à Biblioteca Municipal da Moita foi tomada em 17 de julho de 1996, de acordo com a seguinte proposta45: “Encontra-se em fase de construção a Biblioteca Municipal da Moita, novo equipamento cultural que se pretende venha a contribuir para a promoção da qualidade de vida e o bem-estar da população, assim como para a sua formação sócio-cultural, ajudando a construir uma sociedade mais consciente e participativa. Com a atribuição de um nome à Biblioteca da Moita pretende-se associar-lhe uma imagem identificativa de um conjunto de valores sociais e culturais, personificados numa figura de vulto da cultura portuguesa. Assim e considerando: – tratar-se de uma figura marcante da história da cultura portuguesa, deixando uma vasta obra publicada em livros e em publicações periódicas; – a eminente acção cultural, pedagógica e democrática de que se destacam o seu papel impulsionador na Universidade Popular e a criação da Biblioteca Cosmos, importante obra de divulgação de termos científicos, pedagógicos e culturais; Propõe-se a atribuição do nome de Professor Bento de Jesus Caraça à nova Biblioteca e a designação desta como «Biblioteca Municipal Bento de Jesus Caraça»". Sustentaram a proposta duas biografias elucidativas da relevância de Bento de Jesus Caraça. A aprovação foi por maioria. O Boletim Municipal da Moita, de março/abril de 1997, relevou, assim, "O Cientista Solidário": “Bento de Jesus Caraça nasceu em Vila Viçosa, em 1901, e morreu em Lisboa, em 1948. Era filho de João António Caraça e de Domingas da Conceição Espadinha, trabalhadores rurais. Em 1918 ingressou no Instituto Superior do Comércio, hoje Instituto Superior de Economia e Gestão e em 1939


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já era professor catedrático. Em simultâneo com a sua carreira académica, desenvolveu o seu percurso de homem solidário. Humanista esclarecido, apaixonado da ciência, da arte e da liberdade, tornou-se um combatente pertinaz e multímodo pelo desenvolvimento integral do indivíduo e, portanto, da sociedade. Militante comunista, acabou por conhecer todo o tipo de perseguições, incluindo a cadeia. Impulsionou a Liga Portuguesa Contra a Guerra, militou no Socorro Vermelho Internacional e foi uma peça central do Movimento de Unidade Nacional Antifascista. Acabada a II Guerra Mundial participou na criação do Movimento de Unidade Democrática, tendo sido seu vice-presidente. A solidariedade com os humildes, o desenvolvimento integral do indivíduo pelo conhecimento e pela arte, a libertação da sociedade pela luta política e a emancipação dos trabalhadores pela acção revolucionária foram as coordenadas da sua acção, enquanto homem da ciência, enquanto pedagogo e enquanto cidadão empenhado até ao último instante da sua vida. O seu grande projecto cultural foi a criação da «Biblioteca Cosmos», que publicou dezenas de títulos e foi uma iniciativa nunca igualada na divulgação do pensamento científico e cultural"46. Homem do pensamento e da difusão do pensamento, da luta pela leitura, da cultura, da cidadania comprometida e da luta pela democracia, as ideias que enunciou em "A Cultura Integral do Indivíduo", 1939, estão em "completa sintonia com o Manifesto da UNESCO sobre a Biblioteca Pública"47, Manifesto adotado pela Rede de Bibliotecas Municipais de Leitura Pública. Ao grande auditório da Biblioteca da Moita foi atribuído o nome de outro vulto destacado da cultura portuguesa, o Maestro Lopes Graça. Em março de 1997, a Câmara aprova o regulamento da Biblioteca Municipal48. Seguiu-se a inauguração.

46 CÂMARA Municipal da Moita, Boletim Municipal, II série, n.º6, março/abril, 1997, p. 5. 47 MONTEIRO, Ana (1997) – Biblioteca Municipal Bento de Jesus Caraça: Guia do Utilizador. Moita: Câmara Municipal da Moita, p. 5. 48 CÂMARA Municipal da Moita, ata da reunião de Câmara de 5 de março de 1997, p. 6.


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Inauguração da Biblioteca Municipal Bento de Jesus Caraça. Imagem: Câmara Municipal da Moita

Maestro Lopes Graça. Imagem: Câmara Municipal da Moita

49 CÂMARA Municipal da Moita, Boletim Municipal, II série, n.º 7, maio/junho, 1997, p. 8.

INAUGURAÇÃO DA BIBLIOTECA MUNICIPAL BENTO DE JESUS CARAÇA Foi em ambiente de festa que decorreu a inauguração da Biblioteca Municipal Bento de Jesus Caraça, em 11 de maio de 1997, pelas 16 horas, por sua Ex.ª o Sr. Presidente da República, Dr. Jorge Sampaio, após uma receção nos Paços do Concelho, onde recebera a Chave do Município e assinara o Livro de Honra. O caminho dos Paços do Concelho à Biblioteca foi percorrido a pé, sempre com imenso público a acompanhar. Na Biblioteca, o Presidente da República descerrou a placa inaugural e visitou as salas. Seguiu-se uma sessão solene, no Auditório Maestro Lopes Graça, durante a qual o Presidente recebeu o cartão de leitor n.º1 da Biblioteca Municipal. Além de Jorge Sampaio, fizeram parte da mesa de honra o secretário de Estado da Cultura, Rui Vieira Nery, o presidente da Assembleia Municipal, João José de Almeida, o presidente da Câmara, José Luís Lopes Pereira, a vice-presidente do Instituto da Biblioteca Nacional e do Livro, Teresa Gil, o diretor do Serviço de Bibliotecas da Gulbenkian, Vasco Graça Moura, e João Caraça, académico e filho de Bento de Jesus Caraça49. José Luis Pereira, presidente da Câmara Municipal da Moita, proferiu o seguinte discurso: “A Biblioteca Municipal foi construída ao abrigo do contrato programa com o antigo IPL, depois IPLL, e agora Instituto Português do Livro e das Bibliotecas, contrato esse que abrangeu a construção do edifício, a aquisição do mobiliário e equipamento, bem como o fundo documental, constituído por livros e audiovisuais. Além do apoio contratual dessa instituição, releva-se também o apoio muito importante da Fundação Gulbenkian, com a doação do fundo documental pertencente à Biblioteca Fixa que


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A Biblioteca da Moita foi inaugurada pelo Presidente da República, Dr. Jorge Sampaio. Imagem: Câmara Municipal da Moita

funcionou na Moita durante mais de trinta anos, sob a responsabilidade conjunta da Câmara e da Gulbenkian. Sendo o equipamento central da rede de leitura pública do Concelho da Moita, a Biblioteca Bento de Jesus Caraça, é constituída por um conjunto de espaços funcionais que ocupam uma vasta área de cerca de 2100m2. A estrutura da Biblioteca segue, de uma forma geral os princípios apontados no Manifesto da UNESCO. No passado, o Poder Local não tinha a mesma interpretação que tem hoje. Aos poucos conseguiu afirmar-se de uma forma imperecível, com um percurso com alguns contratempos mas muitos, e muitos, muitíssimos êxitos reconhecidos pelas populações. Estamos agora numa nova fase da consolidação e desenvolvimento do Poder Local e a nossa experiência de autarcas de 23 anos, permite-nos ousar, perante os resultados alcançados, afirmar, com convicção, que a Democracia e as populações tudo ficarão a ganhar com o aprofundamento do Poder Local, que passa inevitavelmente pela criação das regiões administrativas e pelo reforço dos poderes dos municípios. Esta inauguração é, assim, um marco na história do nosso Município, culminando um percurso de transformações que se iniciou no tempo da Comissão Administrativa com o trabalho popular e hoje se dirige sobretudo para a elevação do nível da qualidade de vida da população, já que as necessidades básicas estão em grande parte ultrapassadas. É esta a história, feita de empenhamento, criatividade e dedicação, que nos dá legitimidade para continuarmos a reclamar do Poder Central mais e melhores meios, para respondermos às carências da população, de forma a melhorar continuadamente o seu bem-estar. Agradecemos mais uma vez (dirigindo-se ao Sr. Presidente da República) a honra que

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Sala de adultos da Biblioteca da Moita. Imagem: Câmara Municipal da Moita

nos deu ao oficiar esta inauguração de um equipamento coletivo de grande importância, e mesmo de grande relevância para o Município da Moita, e particularmente para os jovens, os nossos cidadãos do futuro”. Passados dois meses da inauguração a Câmara Municipal da Moita procedeu a uma primeira avaliação do funcionamento do novo equipamento, concluindo que “A afluência superou todas as expectativas. Em mês e meio (maio/junho) fizeram-se 2165 inscrições e 7299 empréstimos. O número de consultas na Biblioteca rondou os 9000 para livros, 3500 para jornais e revistas e os 600 para CD-ROM’S. As realizações culturais que decorreram na Sala Maestro Lopes Graça tiveram uma média de 75 espectadores por iniciativa”50. A realidade da nova dinâmica que a Biblioteca da Moita introduziu na cultura local foi também captada na revisão do PDM: “A Biblioteca Bento de Jesus Caraça, instalada num edifício construído

Receção aos Novos Alunos, 1997. Imagem: Câmara Municipal da Moita


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para o efeito, constitui uma estrutura com que a população se identifica. O facto de associar às funções «clássicas» de uma biblioteca outras actividades (projectos de animação, exposições, espectáculos,…) dirigidas a um leque relativamente alargado da população (designadamente em termos de níveis etários), faz com que a Biblioteca tenha uma procura relativamente elevada, e que tem registado um progressivo aumento, funcionando de certo modo como um centro cultural do concelho”51. Entre as mais significativas iniciativas que se realizaram nos primeiros tempos da Biblioteca destacam-se o Seminário Internacional «As Bibliotecas Públicas e a Sociedade da Informação», no âmbito do V Encontro de Leitura Pública do Distrito de Setúbal, de 21 a 23 de outubro, a receção aos novos alunos que incluiu o espetáculo de marionetes “O Menino de Todas as Cores”. Em 2000, a Biblioteca Municipal Bento de Jesus Caraça foi a escolhida de entre os mais modernos equipamentos de leitura pública do país para fazer parte de um filme genérico sobre Portugal destinado a exibição em Hannover (Alemanha), durante a Expo 2000. A Biblioteca Municipal Bento de Jesus Caraça, na Moita, faz parte da rede nacional de bibliotecas de leitura pública e, a nível do concelho, é o equipamento central da rede de bibliotecas municipais que integra a Biblioteca Municipal de Alhos Vedros, a Biblioteca Municipal da Baixa da Banheira, no Fórum Cultural José Manuel Figueiredo, e a Biblioteca Municipal do Vale da Amoreira. A Biblioteca da Moita possui zona de exposições, auditório/sala polivalente, leitura de periódicos, leitura de adultos, leitura e animação infanto/ juvenil, audiovisuais e multimédia, reservados, serviços técnico/ administrativos e reprografia.

Público infantil na Biblioteca da Moita. Imagem: Câmara Municipal da Moita

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50 CÂMARA Municipal da Moita, Primeira Avaliação da Biblioteca Municipal Bento de Jesus Caraça, 25 junho 1997. 51 CÂMARA Municipal da Moita, Revisão do PDM, Moita, p.36.


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Planta do Fórum Cultural José Manuel Figueiredo, Baixa da Banheira, onde se encontra a Biblioteca Municipal da Baixa da Banheira. Imagem: Câmara Municipal da Moita

Fórum Cultural José Manuel Figueiredo. Imagem: Câmara Municipal da Moita

52 GOMES, Francisco (coord.) (2005) – Fórum Cultural José Manuel Figueiredo da Aquisição à Inauguração. Moita: Câmara Municipal da Moita, p. 33.

2.4 BIBLIOTECA MUNICIPAL DA BAIXA DA BANHEIRA – FÓRUM CULTURAL JOSÉ MANUEL FIGUEIREDO – 2005 E m 28 de abril de 1960 é inaugurado na Baixa da Banheira o Cine Parque, sala de cinema cuja exploração funcionará até princípios dos anos 90 do século XX. Em 17 de janeiro de 1996, considerando “a sua importância no contexto do desenvolvimento cultural e recreativo e a necessidade imperativa de dotar a Baixa da Banheira de um núcleo da Biblioteca Municipal”, e estar “enquadrado num espaço lúdico (Parque Zeca Afonso) de inegável valor e importância, muito atractivo e visitado”52, a Câmara delibera por unanimidade a proposta do vereador José Manuel Figueiredo, para aquisição do edifício, pelo valor de 60.000 contos. Em março de 1999, foi aberto concurso público para o fornecimento do Projeto de Recuperação e Remodelação do Cine Parque da Baixa da Banheira, com o trabalho a ser entregue a Isabel Aires e José Cid Arquitetos, Lda., sendo aprovado o projeto em novembro de 2001. É aberto concurso público para a obra em outubro de 2002, comparticipada pelo Ministério das Cidades, Ordenamento do Território e Ambiente, através da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional de Lisboa e Vale do Tejo (CCRLVT), e a adjudicação dos trabalhos é feita à Vamaro Construção Civil, Lda., pelo valor de um milhão, trezentos e cinquenta e quatro mil oitocentos e sessenta e sete euros e cinquenta e dois cêntimos. O Fórum Cultural José Manuel Figueiredo foi apetrechado com as seguintes valências: Auditório/Sala de Espetáculos, Rede de


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.47 Visita de José Saramago à Biblioteca da Baixa da Banheira. Imagem: Câmara Municipal da Moita

Bibliotecas Municipais Pólo da Baixa da Banheira, Galeria de Exposições Municipal e Café/Concerto (exterior e interior). A Biblioteca Municipal ficou equipada com uma Sala de Leitura Geral, uma Sala Infantil com um pequeno espaço polivalente, um Espaço de Audiovisuais e um Espaço de Novas Tecnologias. A inauguração do Fórum Cultural José Manuel Figueiredo, o mais moderno equipamento cultural do Município da Moita, decorreu no dia 25 de Abril de 2005, em tarde de festa que contou com a presença de milhares de pessoas. Destacaram-se nos primeiros meses de vida da Biblioteca da Baixa da Banheira um encontro com o Nobel da Literatura José Saramago, uma exposição sobre o escritor Hans Christian Andersen, a atividade Quem Conta um Conto, com diversos contadores de histórias do concelho, e ateliers de expressão dramática para crianças.

Biblioteca Fora D'Horas na Biblioteca da Baixa da Banheira. Imagem: Câmara Municipal da Moita



CAPITULO

III


Animação na Biblioteca do Vale da Amoreira. Imagem: Câmara Municipal da Moita


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3. 25 ANOS DE SERVIÇO PÚBLICO DAS BIBLIOTECAS MUNICIPAIS

A s Bibliotecas são lugares de liberdade onde à mão se encontra

livre o livro, casas de múltiplas portas de acesso ao conhecimento, abertas a correntes de ar de desassossego e curiosidade que, vindas de tantas culturas e tomadas de muitas e diversas ideias, transportam a imaginação e alteiam consciências, construindo mundos de novas realidades que têm como certeza e alcance a formação integral do ser humano. Num mundo global é, também, amplo, revolucionário e quase sem fronteiras, o campo de ação das modernas bibliotecas. São, atualmente, sede de recursos múltiplos, informativos e formativos, centros de arte, pintura, fotografia e cinema, lugares de encontro de pessoas e de reflexão entre escritores e leitores, espaços de lazer e diversão. A Rede de Bibliotecas Municipais de Leitura Pública tem firmado o seu trabalho de 25 anos considerando as diretrizes da IFLA (International Federation of Library Associations and Institutions), centrando a sua missão na oferta de serviços relacionados com a informação, a literacia, a educação e a cultura, extensíveis a todas as faixas etárias. Foram muitos os projetos desenvolvidos e incontáveis as realizações. O livro, encontros com escritores, animação da leitura, edição de livros, sessões de cinema, espetáculos musicais para todos os gostos, dança, ateliers e workshops vários, teatro, artes circenses, expressão dramática, exposições temáticas, comemorativas, de pintura, leitura recreativa, colóquios, conferências, o apoio e a orientação bibliográfica, o empréstimo domiciliário, são algumas das atividades que foram enformando a realidade concreta e material das Bibliotecas Municipais, convertidas em centros de referência de palpitante vida cultural.

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3.1 BIBLIOTECAS DO FUTURO1

Adaptação de conteúdos da coleção de boletins municipais da Câmara Municipal da Moita.

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A Rede de Bibliotecas Municipais de Leitura Pública foi instituída como projeto proactivo, vincando um perfil de pesquisa, reflexão e experimentação, acompanhando a evolução do conceito de bibliotecas, suscitando também a descoberta e a transformação, sempre com o objetivo de adaptar-se ao conceito de Biblioteca em mudança e proporcionar o melhor serviço público aos utentes, numa sociedade também ela em permanente mutação. A participação em organismos como o Grupo de Trabalho das Bibliotecas Públicas da AMDS, o acolhimento de ações de formação com a participação de bibliotecários da Área Metropolitana de Lisboa, a realização de seminários internacionais, refletem esse desígnio de procura do debate profundo, alargado e contínuo sobre o futuro das bibliotecas. Foi um percurso que se iniciou nas vésperas da inauguração da Biblioteca do Vale da Amoreira, quando a antiga Biblioteca Municipal da Moita assinalou o Dia das Bibliotecas de Leitura Pública, em 1989, com a divulgação de um Manifesto da Associação dos Municípios do Distrito de Setúbal sobre o trabalho realizado pelas Bibliotecas, seus novos projetos e espaços tendentes a aperfeiçoar o seu papel social e pedagógico na contribuição para a melhoria acentuada do nível cultural dos seus concelhos. Neste percurso de 25 anos de trabalho destacam-se, entre outros: a visita, em 1994, de um grupo de bibliotecários de países escandinavos à Biblioteca Municipal de Alhos Vedros. A visita integrava-se no programa do 2.º Seminário das Bibliotecas Públicas dos Países Escandinavos e da Europa do Sul que decorreu no Convento da Arrábida, e teve como objetivo dar a conhecer a existência das redes concelhias de bibliotecas e os pequenos núcleos fora das sedes de concelho. O Seminário, que foi precedido de um outro, no mesmo local, sobre as bibliotecas públicas na Península Ibérica, foi organizado pelo Instituto da Biblioteca Nacional e do Livro e teve a participação da Câmara Municipal da Moita e de outras câmaras da região a sul do Tejo. Em foco, nos dois encontros, estiveram temas como as novas tecnologias de informação, a cooperação, a legislação, as diretivas internacionais, os programas comunitários e a qualidade dos serviços que as bibliotecas públicas devem prestar, tendo em conta como a troca de experiências a nível internacional pode contribuir para o sucesso do projeto nacional de implementação da rede de leitura pública. Em 1997, realizou-se na Biblioteca da Moita o Seminário


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Concurso Prémio Nacional de Ilustração, 1997. Imagem: Câmara Municipal da Moita

Internacional “As Bibliotecas Públicas e a Sociedade de Informação”, no âmbito do V Encontro de Leitura Pública do Distrito de Setúbal, que reuniu peritos nacionais e estrangeiros. Em 1998, para comemorar o Dia Internacional do Livro Infantil a Biblioteca Municipal Bento de Jesus Caraça teve a iniciativa de realizar uma exposição de originais dos melhores trabalhos apresentados ao concurso Prémio Nacional de Ilustração/97, que recebeu o apoio do Instituto Português do Livro e das Bibliotecas (IPLB) e da Secção Portuguesa do IBBY (Internacional Boardon Books for Young People). A cerimónia da entrega do Prémio Nacional decorreu na Biblioteca da Moita, no Dia Mundial do Livro, com a presença da Secretária de Estado da Cultura, representantes do IPLB e do IBBY, da Câmara e Assembleia Municipal. Em 1999, decorreu na Biblioteca da Moita uma ação de formação subordinada ao tema “A Arte da Sedução – A Difusão Activa como Estratégia de Promoção da Leitura” na qual participaram bibliotecários e técnicos de bibliotecas municipais da Área Metropolitana de Lisboa. Iniciativa do Instituto Português do Livro e das Bibliotecas, no âmbito do Programa Nacional de Promoção da Leitura, que contou com o apoio da Liberpólis e da Câmara Municipal da Moita, esta

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ação visou apresentar um projeto alternativo de organização e animação de bibliotecas. Em 2002, realizou-se o colóquio “Bibliotecas Públicas: Um Espaço Diferente”, com a presença da Dr.ª Maria José Moura (Instituto Português do Livro e das Bibliotecas), do Arq. Hestnes Ferreira (Arquiteto que projetou a Biblioteca da Moita) e da Dr.ª Ana Runkel (Câmara Municipal de Oeiras). Em 2002, decorreu a ação de formação sobre contos tradicionais portugueses promovida pelo IPLB – Instituto Português do Livro e das Bibliotecas e pela Câmara Municipal da Moita, designada “Conta-me um conto… - Os Contos Tradicionais Portugueses Recontados às Crianças”, destinado a educadores de infância, professores de 1.º ciclo e bibliotecários. Em 2014, no âmbito do Maré de Palavras, decorreu a conferência "As Bibliotecas Públicas e a Crise: a Difícil Transição para o Século XXI".

Colóquio “Bibliotecas Públicas: Um Espaço Diferente” Imagem: Câmara Municipal da Moita


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.55 Apresentação do livro de Idoviz Vargas Rosendo, em 2000, na Biblioteca de Alhos Vedros. Imagem: Câmara Municipal da Moita

3.2 ANIMAÇÃO DA LEITURA, OS LEITORES E OS AUTORES A promoção do livro e a leitura é uma das principais funções da biblioteca pública, livre de censura, alargada à diversidade de experiências e ideias, proporcionando não só o acesso aos livros e o empréstimo domiciliário mas, também, o encontro com escritores, a apresentação de livros, a realização de edições locais, de ateliers de escrita, de animação da leitura para todas as idades, incentivando a aprendizagem ao longo da vida. A animação da leitura, o encontro com escritores e a apresentação de livros nas bibliotecas da Rede de Bibliotecas Municipais de Leitura Pública tem sido uma constante distinta e fundamental ao longo dos anos. Em 1988, realizou-se um encontro com a escritora Maria Rosa Colaço, destinado a professores e outros responsáveis pela educação; em 1989, a Biblioteca Municipal colocou à disposição de alunos e de professores uma série variada de livros didáticos e pedagógicos, úteis para as disciplinas de Português do 10.º e 11.º ano de escolaridade. Em 1995, para comemorar o Dia Internacional do Livro Infantil e Juvenil a Câmara promoveu, na Biblioteca de Alhos Vedros, um espetáculo de marionetes com Mestre Filipe, intitulado Os Grandes Livros Animados. Em teatro de marionetas de “mesa”, o trabalho era uma criação artística original, cujos cenários bidimensionais foram as páginas de dois livros: Maria dos Olhos Grandes e Zé Pimpão, de Canuto Jorge Glória, e O Soldado João, de Luísa Ducla Soares. O espetáculo, apoiado pela Fundação Gulbenkian, foi dedicado a alunos das escolas do ensino básico de Alhos Vedros que, além de participarem animadamente na representação das histórias, saíram da Biblioteca a saber como se faz um teatrinho de marionetas de arame, a partir, por exemplo, de uma caixa de sapatos.

Programa das Bibliotecas do Concelho da Moita, destacando Sónia Louro, autora do livro “O Cônsul Desobediente”. Imagem: Câmara Municipal da Moita


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Biblioteca Estival. Imagem: Câmara Municipal da Moita

Biblioteca Estival. Imagem: Câmara Municipal da Moita

Sucederam-se, depois, algumas apresentações de livros: o livro” Aeroporto de Macau – a Tríade de Lisboa”, do escritor Modesto Navarro, na Moita (1999); a Biblioteca da Moita instala na Praia Fluvial do Rosário um posto de leitura, com o objetivo de fomentar o gosto pelo livro e pela leitura, bem como atrair novos leitores para as bibliotecas (2000); apresentação na Biblioteca de Alhos Vedros do livro “A Razão de Caminhar” de Idoviz Vargas Rosendo (2000); com a colaboração da Editorial Caminho e a presença do autor, foi apresentado o livro de Germano Almeida, escritor cabo-verdiano, intitulado “As Memórias de Um Espírito” (2001); apresentação do livro “O Deputado”, da autoria de Modesto Navarro (2002). Em 2005, as bibliotecas da Moita e da Baixa da Banheira recebem a visita de José Saramago, Prémio Nobel da Literatura 1998. Vieram mais encontros com escritores: com Hélder Costa, encenador do Teatro A Barraca (2006); com a escritora Maria Alberta Meneres, no âmbito do Biblioteca Fora D’Horas (2006); com o escritor Soares Lopes, “Fábulas de África” (2006); com a escritora Luísa Ducla Soares, “O Menino de Todas as Cores” (2008); sessão de contos para adultos pelo grupo "Os Contrabandistas" (2008); “Leituras Partilhadas”, com António Vitorino D’Almeida (2009); conversa com o escritor guineense Meio Dia Sepa Maria Lé Có (2010); tertúlia de literatura com o tema "Liberdade"; conferência da escritora Luísa Ducla Soares dedicada ao tema “Saramago e a Literatura Infantil”, no âmbito da Oficina Saramago (2012). Em 2006, decorreu na Biblioteca da Moita a apresentação do livro “Viriato o Filho Rebelde”, de Sónia Louro, e no Vale da Amoreira um encontro com o escritor José Luís Peixoto (2007). Em 2013, foi apresentado o livro “Embarcação Tradicional O Boa Viagem: Memória de uma Recuperação”, no âmbito do Encontro de Culturas Ribeirinhas.


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3.3 A POESIA A Poesia tem sido um género literário com presença recorrente

no trabalho das bibliotecas, desde sempre. Trata-se de uma manifestação artística muito de encontro ao agrado do público local, também ele autor esteticamente profícuo, publicando em muitas das edições municipais, de que foram exemplo o livro "Poetas Nossos Munícipes", um trabalho de recolha que registou alguma da obra poética produzida no concelho da Moita, apresentado na Biblioteca de Alhos Vedros (1997), ou a apresentação do livro de poemas “Trovas e Farpas”, de Manuel Coelho, no Vale da Amoreira (1999). Em 2000, foi apresentado na Biblioteca da Moita o livro “Amor à Poesia” de Fernando Esteves Patinha, e apresentado o livro de poesia popular "Nosce Te Ipsum" (conhece-te a ti próprio), de António Júlio Ferreira de Matos. Em 1999, realizou-se um recital de poesia “Pessoalmente 4 Poetas”, por Maria do Céu Guerra. Em 2000, esteve patente ao público a exposição “António Aleixo em Madeira”, uma forma original de “mostrar” poesia. Em vez do papel o autor Mário Albano aproveitou resíduos industriais e desperdícios lenhosos como suporte para os versos do poeta popular. Em 2001, no 4.º aniversário da Biblioteca da Moita realizou-se um espetáculo de poesia As Vozes dos Outros – Textos de Liberdade.

Apresentação do livro Poetas Nossos Munícipes, na Biblioteca de Alhos Vedros. Imagem: Câmara Municipal da Moita

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Os poetas de tenra idade também lograram lavrar poesia nas bibliotecas, com a dinamização do Festival de Poesia Infantil “Os Pequenos Poetas”, dirigido a crianças entre os 6 e 12 anos, e um Atelier de Escrita Poética, em 2004, ano em que a Biblioteca da Moita realizou um recital de poesia intitulado “A Palavra dos Poetas”, pelo grupo de teatro A Comuna, de homenagem ao poeta Ary dos Santos, com a apresentação da fotobiografia “Ary dos Santos – O Homem, o poeta, o publicitário” e uma noite de fados sob o tema “Ary e o Fado”, interpretado por Maria Armanda. Em 2008, decorreu a animação “Poemas em Aventura”, pelos Contos da Avozinha, e em 2009 teve lugar a apresentação do livro “Poetas Nossos Municípes”, nova edição, que reuniu 66 poemas da autoria de 19 poetas do concelho da Moita. Em 2012, realizou-se “Chá com Palavras: Encontros Poéticos”, tertúlia de partilha de poesia. Livro “Os Pequenos Poetas”. Imagem: Câmara Municipal da Moita

Festival de Poesia Infantil “Os Pequenos Poetas”. Imagem: Câmara Municipal da Moita


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.59 Exposição fotobiográfica “Ary dos Santos – O Homem, o poeta, o publicitário”. Imagem: Câmara Municipal da Moita

3.4 EXPOSIÇÕES T êm sido múltiplas as exposições acolhidas ou realizadas pelas bibliotecas ao longo dos anos, de pintura, de fotografia, etnográficas, didáticas, comemorativas, de lavores, refletindo o âmbito abrangente das temáticas quer em termos de expressão artística quer formativa, uma política que tem sido uma constante no trabalho das bibliotecas municipais. Em 1985, integrada nas comemorações do Dia das Bibliotecas de Leitura Pública, organizadas pelos municípios do Distrito de Setúbal, a Biblioteca da Moita inaugurou uma exposição biblio-iconográfica sobre Aquilino Ribeiro, associando-se também às comemorações do 1.º centenário do nascimento do escritor; em 1988, integrado nas comemorações do 3.º aniversário da Biblioteca da Moita, esteve patente ao público uma exposição sobre a Imprensa Operária do Distrito de Setúbal. Ainda em 1988, decorreu a exposição bibliográfica sobre literatura infantil, cedida pelo Instituto Português do Livro e da Leitura. Mas é a partir da criação da Rede de Bibliotecas Municipais de Leitura Pública, com espaços próprios e adequados para a receção de exposições, que a dinâmica expositiva se acentua, com a manutenção de exposições patentes ao público em todas as épocas do ano. Em 1996, a Biblioteca do Vale da Amoreira recebe, no âmbito da 2ª edição da Semana Africana, uma exposição onde estiveram representados o artesanato, utensílios e alguns trajes africanos dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa: Angola, Cabo Verde, Guiné Bissau, Moçambique e S. Tomé e Príncipe. A Biblioteca recebeu ainda a visita do alto comissário para a Imigração e Minorias Étnicas. Em 1997, a Biblioteca da Moita recebeu as exposições "Palavras da Terra" e "Os Livros dos Famosos"; em 1999, a exposição de fotografia de Humberto Sousa, "Memórias da Revolução de Abril", e uma exposição de máscaras africanas. Esteve também


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Exposição "Os Romanos no Sado". Imagem: Câmara Municipal da Moita

Exposição “Os Dinossauros e a Evolução da Vida”. Imagem: Câmara Municipal da Moita

patente, em 1999, a exposição “Os Dinossauros e a Evolução da Vida”, mostra organizada pelo Centro Português de Geo-História e Pré-História, com o apoio da Câmara, em que contava-se a história da vida na terra, desde os primórdios até à atualidade, através de fotografia, materiais líticos e materiais arqueológicos originais. Em 2002, a Biblioteca da Moita recebeu a exposição "Cores e Sons do Alentejo – fotografia, pintura, cerâmica e violas campaniças", com um encontro com Urbano Tavares Rodrigues e António Homem Cardoso, Encontro de Grupos Corais, e as exposições "Re…Lembrar Timor", "Pintura a Óleo de Mário Marques", "Dia dos Direitos Humanos", e fotobiográficas de Rui Zink, Margarida Rebelo Pinto, e Eugénio de Andrade. Têm sido muitas as exposições: exposição “Mulheres” de Eduardo Gageiro (2001); exposição “Reynaldo Ferreira – Repórter X”, na Biblioteca do Vale da Amoreira (2001); exposição “José Régio e os Mundos em que Viveu” (2002); exposição coletiva de fotografia com os premiados na V Bienal de Fotografia (2002); exposição "Os Romanos no Sado" (2003); exposição documental e fotográfica “David Mourão-Ferreira: do Tempo ao Coração” (2003); exposição “Retrato de António Silveira – Professor e Investigador”, integrada nas comemorações do Ano Mundial da Física (2005); exposição sobre o Sahara Ocidental “Se uns Calam, Cantemos Nós”, da responsabilidade do Conselho Português para a Paz e a Cooperação, e debate com a participação de ativista da Defesa dos Direitos Humanos, representante da Frente Polisário para Portugal e o presidente da Câmara Municipal (2009); exposição sobre Agricultura Biológica e Compostagem organizada pelo Projeto Ideias Ambientais (2009); exposição “Biodiversidade” (2010); exposição “Danças com Poesia Dentro” (2013); exposição “Álvaro Cunhal: Desenhos de Prisão e Projetos” (2013); exposição "Eduardo Gageiro 40 Fotos nos 40 Anos do 25 de Abril (2015) e exposição "Construir a Paz com os Valores de Abril", produzida pelo Conselho Português para a Paz e Cooperação (2015).


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3.5 TEATRO E DANÇA U ma das missões específicas das Bibliotecas Públicas, de acordo

com as diretizes da IFLA, é promover a sensibilização para o gosto das artes, função que a Rede de Bibliotecas Municipais de Leitura Pública tem interpretado de modo exemplar e edificante, apresentando em palco peças de teatro para todos e para todas as idades. Dedicação ao teatro que tem passado pela dinamização de grupos de teatro ou a cedência de instalações para ensaio dos grupos locais. Assim: em 1999, é representada a peça “Tudo está bem quando acaba bem”, de William Shakespeare, pelo grupo Teatro do Mar, Sines; a Biblioteca da Moita recebe a peça “A Bela e o Monstro – uma história recontada”, pelo Teatro do Largo (2000); espetáculo de teatro sobre literatura portuguesa “As Vozes dos Outros” (2001). Neste mesmo ano nasce na Biblioteca do Vale da Amoreira, o Clube Aprender, constituído por crianças com idades compreendidas entre os 5 e os 14 anos, destinado à criação de ateliers de dramatização, costumes e cenografia. Com texto de Renata Gil, encenação das técnicas e meninos pertencentes ao clube, foi apresentada a peça A Fada Desastrada. Em 2001, é apresentada a peça O Coiote, pelo grupo de teatro Lendias d’Encantar de Beja, e em 2002, a peça de teatro “O Que Será…?", pelos alunos da Escola Secundária da Moita. Em 2004: as bibliotecas de Alhos Vedros, Moita e Vale da Amoreira assinalam o Dia do

Peça de teatro "Bão Preto", pelo Teatro da Comuna. Imagem: Câmara Municipal da Moita

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Peça de teatro por crianças do Jardim de Infância de Sarilhos Pequenos, alusiva às tradições sarilhenses. Imagem: Câmara Municipal da Moita

Teatro Amador e o Dia Mundial do Teatro com duas exposições temáticas, “A Poesia e o Teatro Português” e “A Poesia e o Teatro Português Infantil”; o Teatro do Elefante leva à cena a peça “Blim-Zim-Zim”, para bebés a partir dos três meses; o Teatro da Comuna – Teatro de Pesquisa leva ao palco da Biblioteca da Moita a peça “Bão Preto”, destinada a público infantil; crianças do Jardim de Infância de Sarilhos Pequenos levam à cena uma peça de teatro sobre a tradição ribeirinha sarilhense. Seguem-se outras peças de teatro: a Companhia de Teatro do Chiado apresenta a peça “As Obras Completas de Wiliam Shakespeare em 97 Minutos” (2005); o Teatro do Elefante apresentou a peça de teatro para bebés “Ipinêspês” (2006); espetáculo de marionetas tradicionais do Alentejo “Bonecos de Sto. Aleixo”, pelo Centro Dramático de Évora (2006); espetáculo de marionetas “Simão Conta um Conto” pelo Grupo S. A. Marionetas e “Histórias do Panda Pá”, pela Companhia do Panda Pá (2006); peça de teatro “As Velhas”, pelo Grupo de Arte Pública (2008); teatro de marionetas “O Canteiro dos Livros”, pelo Grupo Valdevinos (2010); espetáculo “Humanus Comicus”, com Niño Costrini, de Buenos Aires, Argentina, no âmbito do Festival Sementes – Artes para o Pequeno Público (2010); espetáculo “Petit Fables”, com marionetas, pela Companhia Marie et Tonio, de França (2010). A dança também tem acompanhado a programação das bibliotecas, destacando-se: espetáculo de dança africana com o Ballet Kilandukilu, grupo originário de Angola (1999); breakdance e danças africanas no âmbito da Semana da Juventude (2000), na Biblioteca da Moita; Fou-Naná, de António Tavares, Associação Vô-Artes (2001); “Ateliê Danças do Mundo”, por Marta Guerreiro (2008).


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3.6 CONFERÊNCIAS E COLÓQUIOS A s bibliotecas da Rede de Bibliotecas Municipais de Leitura

Pública são portas de acesso local ao conhecimento, empenhadas em proporcionar os melhores serviços de informação, de troca de ideias, de debate, procurando a prosperidade e o progresso social, sustentado na participação cívica alargada e de modo construtivo. Esta perspetiva edificante tem prevalecido nos inúmeros colóquios e conferências realizados ao longo dos anos pelas bibliotecas, mas também nas cedências a instituições de referência, empresas, escolas, associações, ou a projetos com relevante interesse local, que na Rede de Bibliotecas Municipais de Leitura Pública encontram espaços e serviços com resposta capaz às suas necessidades de organização. As bibliotecas têm sido centros de discussão, de reflexão, de planeamento, acolhendo realizações díspares, sobre história, mobilidade, agricultura, educação, energia, direitos humanos, arquitetura, entre muitos, de que são exemplo: o colóquio “A Mulher na Idade Média”, “A Mulher na Idade Moderna” e “A Mulher na Idade Contemporânea”, no âmbito das comemorações do Dia Internacional da Mulher (2000); "A Importância do EURO", com o apoio da Caixa Geral de Depósitos, integrado no projeto Educação para a Cidadania, através do programa Vivências, foi um dos colóquios na Biblioteca da Moita, com o objetivo de informar a população mais idosa sobre as alterações provocadas pela nova moeda (2001); as "I Jornadas de História e Património Local", promovido pela Câmara Municipal e pelo Núcleo de Amigos da História Local, com o objetivo de contribuir para divulgar, de forma atraente e pedagógica, diversos aspetos da história do concelho junto da população, como sejam a arqueologia, o património

Fórum Desporto. Imagem: Câmara Municipal da Moita

Conferência "Energia e Alterações Climáticas". Imagem: Câmara Municipal da Moita


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Seminário sobre Barreiras Arquitetónicas. Imagem: Câmara Municipal da Moita

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artístico, a formação do concelho ou aspetos sociais da história da indústria corticeira em Alhos Vedros (2001); o seminário sobre barreiras arquitetónicas, com o tema “Espaços (I)limitados”, dirigido a profissionais ligados ao espaço edificado, tendo sido debatidos os temas “Quando os Acessos são Barreiras”, “Acessibilidade Urbana – Estratégias para o Futuro”, “Emprego para a Pessoa com Deficiência” e “Direitos Humanos”, seminário que foi promovido pela Câmara da Moita e contou com a presença do presidente da Associação Portuguesa de Deficientes, do Diretor do Departamento de Turismo do INATEL, de representantes das câmaras municipais de Lisboa, Seixal e Moita, do Secretariado Nacional de Reabilitação e Integração das Pessoas com Deficiência e do Núcleo de Reabilitação do Instituto de Emprego e Formação Profissional (2001); o colóquio “As Tradições Carnavalescas”, com participação de Casas Regionais em Lisboa (2001); colóquios “Festa de Inverno com Máscaras do Nordeste Transmontano”, pelo diretor do Museu Abade de Baçal, “O Sobrenatural e os seus Mitos na Tradição Oral Transmontana”, por Alexandre Parafita, e “Lhengua Mirandesa, uma Língua Viva”, pela Associaçon de Lhéngua Mirandesa (2002); seminário A Presença Romana nos Estuários do Tejo e do Sado, abordando temas como a Romanização da Margem Esquerda do Estuário do Tejo e a Cultura Material e Romanização da Península de Setúbal (2003); conferência “O Estuário do Tejo como Centro de Lazer da Grande Área Metropolitana de Lisboa” (2006); conferência “Lopes Graça, Cidadão e Militante”, com a presença de José Casanova e Filipe Diniz (2006); ciclo de seminários sobre diferentes vertentes da agricultura biológica, “Por um Mundo Rural Vivo”, tendo sido abordados os temas: projeto municipal Bio-LocalBiodiversidade nas Hortas Escolares, Herdade do Freixo do Meio – Política Ambiental e Social como Factor de Competitividade na Exploração Agro-Pecuária, Projecto Extensity – A Optimização do Desempenho Económico, Social e Ambiental das Explorações Agrícolas, o Projecto PROVE – Promover e Vender na Moita e a iniciativa Terra Amiga – Escoamento de Produtos Agrícolas do Concelho da Moita (2009); palestra integrada nas Comemorações do Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra a Mulher (2009); palestra “Voz do Operário e 1ª República”, com Modesto Navarro (2009); apresentado publicamente o projeto Vivências UniSem – Universidade Sénior da Moita, promovido pela Câmara Municipal, no âmbito do Mês do Idoso, no II Encontro Sobre Temáticas da 3.ª Idade – “Vivências do SER: Um Olhar Sobre Outros Saberes”, durante o qual foi debatida a importância das universidades seniores para uma vida ativa e saudável (2009); mesa redonda “A Revolução Portuguesa: O Passado e o Futuro do


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.65 3.º ENCORE – Encontro Sobre Conservação e Reabilitação de Edifícios (2003), na Biblioteca do Vale da Amoreira. Imagem: Câmara Municipal da Moita

Poder Local Democrático”, integrado nas Comemorações do Centenário do Nascimento de Álvaro Cunhal (2013); colóquio “O Aborto em Portugal: Causas e Soluções”, integrado nas Comemorações do Centenário do Nascimento de Álvaro Cunhal (2013); conferência “Álvaro Cunhal (1913-2005) – Vida e Obra”, no âmbito das Comemorações do Centenário do Nascimento de Álvaro Cunhal (2013); colóquio “Carpinteiros Navais”, com a projeção dos documentários “A Embarcação Tradicional O Boa Viagem: Memória de uma Recuperação” e “Arquitetura do Rabelo” (2013). A cedência dos espaços aos agentes sociais locais e outras instituições tem sido uma constante, desde sempre: o Município da Moita recebeu a visita do secretário de Estado da Emigração de Cabo Verde, que se deslocou à Biblioteca do Vale da Amoreira, onde teve oportunidade de contactar com a Associação de Solidariedade Cabo-Verdiana dos Amigos da Margem Sul do Tejo, com a qual abordou os problemas da integração, habitação social e formação profissional (1995); a Câmara reuniu, na Biblioteca da Moita, com os organismos populares de base do concelho com o objetivo da encontrar novas formas de intervenção e de resolução dos problemas da vida associativa (1997); a Câmara realizou uma reunião-plenária com as escolas, na qual estiveram presentes representantes da Associação de Pólos Ribeirinhos e das Juntas e Assembleias de Freguesia, a Delegada Escolar e o Delegado de Saúde, para apresentar os objetivos e estratégia da colaboração autarquia-escola aos representantes dos estabelecimentos dos diversos níveis de ensino do concelho, abordando a continuação do programa de expansão pré-escolar, a construção de arranjos exteriores em algumas escolas, remodelações nas escolas do tipo Plano Centenário, bem como investimentos previstos nos refeitórios escolares (1997); a Biblioteca da Moita

Comemorações do Centenário de Álvaro Cunhal. Imagem: Câmara Municipal da Moita


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I Encontro Inter-regional da MARE – Mobilidade e Acessibilidade Metropolitana nas Regiões do Sul da Europa Imagem: Câmara Municipal da Moita

recebeu a iniciativa Jornadas Parlamentares do PCP, que decorreu no auditório, com uma intervenção do Secretário-Geral do PCP, Carlos Carvalhas (1998); Jornal Digital Setúbal Na Rede comemora 5.º aniversário na Biblioteca da Moita (2003); receção na Biblioteca do Vale da Amoreira dos engenheiros, arquitetos e outros especialistas do meio técnico e científico nacional, no âmbito do 3.º ENCORE – Encontro Sobre Conservação e Reabilitação de Edifícios (2003); XII Jornadas Pedagógicas do Concelho da Moita realizam-se na Biblioteca da Moita (2004); Câmara divulga Programa de Desenvolvimento para Movimento Associativo, na Biblioteca da Moita (2006); Fórum do Desporto Península de Setúbal, debate alargado sobre os diferentes problemas com que se deparam na área desportiva as câmaras municipais de Alcochete, Almada, Barreiro, Moita, Montijo, Palmela, Seixal, Sesimbra e Setúbal (2007); I Encontro Inter-regional da MARE – Mobilidade e Acessibilidade Metropolitana nas Regiões do Sul da Europa, realiza-se na Biblioteca da Moita, com participação das regiões de Lisboa e Vale do Tejo, Valência (Espanha) e Ligúria (Itália) (2007); sessão pública promovida pela S.energia – Agência Local para a Gestão da Energia do Barreiro e Moita, subordinada ao tema “A Importância das Agências de Energia na Estratégia Europeia para as Alterações Climáticas” (2007); Fórum Regional sobre “Agricultura em Territórios Periurbanos: Oportunidades e Sucessos”, organizado pela Câmara Municipal e pela INDE – Intercooperação e Desenvolvimento (2008); Conferência sobre “Economia de Energia”, promovida pela S.energia – Agência Local para a Gestão de Energia do Barreiro e Moita, abordando os temas “A Sociedade e a Energia” e “A Importância da Energia na Cidade” (2008); formação para pequenos empresários, com vista a desenvolver as competências dos empresários de micro,


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pequenas e médias empresas no concelho (2010); apresentação do Centro de Documentação da Diversidade (2011); Assembleia Pública “Cidadania Global”, no âmbito da “Redes para o Desenvolvimento: Da Geminação a uma Cooperação mais Eficiente” (2011); III Encontro Local Sobre a Terceira Idade: “A Sexualidade – Sinto Logo Existo!” (2011); ação de divulgação do Projeto “Oficina de Pais”, pelo Movimento Pais em Rede, com o objetivo de promover a inclusão das pessoas portadoras de deficiência (2012); realização do I Encontro da Rede Social da Moita, iniciativa inserida no programa do Mês do Idoso e integrada nas comemorações do Ano Europeu do Envelhecimento Ativo e Solidariedade entre Gerações (2012); 1.º Fórum de Cidades e Instituições Geminadas com Tarrafal de Santiago, com o tema “Tarrafal de Santiago, um Destino e uma Alternativa”, envolvendo a participação de câmaras municipais de vários pontos do país, escolas profissionais e empresários (2012); worskshop sobre aplicação de novas regras de faturação eletrónica, dirigido a micro e pequenos empresários (2013); apresentação do Programa Municipal de Reabilitação Urbana – Moita 2025, tendo sido também assinado um protocolo de colaboração entre o Município da Moita e o Instituto Politécnico de Setúbal, com vista ao desenvolvimento de um conjunto alargado de projetos e ações nos domínios da reabilitação urbana, das tecnologias e da construção sustentável (2013).

Colóquio “Carpinteiros Navais”, no âmbito da Semana do Património. Imagem: Câmara Municipal da Moita

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Grupo Coral Alius Vetus. Imagem: Câmara Municipal da Moita

3.7 MÚSICA C entros de Cultura, Centros de Música, e música para todos e para todos os gostos. As bibliotecas da Rede de Bibliotecas Municipais de Leitura Pública afirmaram-se desde logo como espaços de qualidade que dão lugar à música e aos amantes das diferentes musicalidades, com a atuação de grupos vocais, de bandas jazz, música clássica, fado, mornas, e outros: em 1997, atuou na Biblioteca da Moita o grupo Moçoilas, grupo exclusivamente vocal, que interpretou diversos temas tradicionais da cultura algarvia, e a Camerata Vocal de Torres Vedras, com o espetáculo Ode ao Vinho (1997); atuaram na Biblioteca da Moita o coro da Academia de Música de Plaisir, a cidade francesa geminada com a Baixa da Banheira, atuando também o coro Alius Vetus de Alhos Vedros (1998); espetáculo com Samuel (1999); concerto comemorativo do Dia Mundial da Música com o grupo Sonorum Concertus (1999); concerto da comemoração dos 30 anos da carreira de Pedro Barroso, na Biblioteca da Moita (2000); Grupo de Metais Bubba Brass, Espirituais Negros e Jazz (2001); espetáculo


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de jazz com o grupo Politonia (2002); atuação do Grupo de Pauliteiros de Miranda (2002); evocação da vida e obra de Carlos Paredes com a iniciativa “A Guitarra e os Cravos”(2004); Biblioteca da Moita acolhe o espetáculo “Las Guitarras Locas”, sonoridade latina com influências de jazz, flamenco e blues, com os guitarristas João Cuña e Luís Fialho (2004); espetáculo musical com Cool Brazilian Jazz (2006); atuação de “Batuques de Angola”, na Biblioteca do Vale da Amoreira (2006); “Jazz às Quartas” e espetáculo musical com o grupo “O Menino é Lindo” (2006); animação pela Associação Juvenil Fan Da Vida (2006); Comemorações do Centenário de Fernando Lopes Graça, com concerto pelo Coro AliusVetus, conferência intitulada “Lopes Graça, Compositor e Musicólogo” (2006); espetáculo “Música, Poesia e Palavras”, com João Queiroz, iniciativa da Academia Musical e Recreativa 8 de Janeiro (2007); espetáculo musical “Piano & Voz” com Paulo de Carvalho e Victor Zamora (2007); demonstração de capoeira pelo projecto Educ'arte e música pelo grupo de batucadeiras “Estrelas de Santiago”, da Associação de Cabo Verde (2008); espetáculo “Fados & Mornas”, com Luís Morgado e Norberto Sanches (2010); palestra em comemoração do Dia Europeu da Música, com José Bacalhau (2011); colóquio "Cante Alentejano: Vivências e Cante na Margem Sul do Tejo (2012); 1.º Festival Nacional de Harmónica (2014).

Paulo de Carvalho e Victor Zamora. Imagem: Câmara Municipal da Moita

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3.8 CINEMA E AUDIOVISUAL2

Sala de audiovisuais da Biblioteca da Moita. Imagem: Câmara Municipal da Moita

Expositor de CD’s. Imagem: Câmara Municipal da Moita

Adaptação de conteúdos da coleção de boletins "Moita Cultural", da Câmara Municipal da Moita.

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O conceito de Biblioteca, enquanto espaço de cultura e aprendizagem foi evoluindo ao longo dos tempos relevando-se as salas de audiovisuais como a grande novidade das modernas, bem equipadas e funcionais bibliotecas da Rede de Bibliotecas Municipais de Leitura Pública. Os utentes passaram a ter ao seu dispor, documentos sonoros e videográficos, tendo as obras sido adquiridas numa perspetiva de criar fundos documentais que contemplassem os grandes clássicos da música e do cinema. A opção foi também pelo documentário, o vídeo educativo, pela música de qualidade. O cinema alternativo, de autor e europeu, as coletâneas de música clássica, tradicional e do mundo passaram a ser uma alternativa cultural ao dispor das populações. O novo conceito de biblioteca aponta também a promoção de iniciativas no âmbito do audiovisual, com a organização de ciclos de cinema, sessões de filmes infantis, ciclos de cinema português, sessões para idoso, filmes-debate e cinema ao livre. São iniciativas que têm em conta os seguintes objetivos: criar o hábito e o gosto pelo audiovisual de qualidade; possibilitar o acesso a obras pouco conhecidas do público em geral; contacto com novas linguagens cinematográficas e com realizadores, jornalistas, assistentes sociais e instituições várias, convidados a debaterem um filme, privilegiando a troca de ideias, decifrando imagens, analisando uma problemática, fazendo aprendizagens e criando posturas e opiniões críticas face a um tema refletido no filme. Assim, para além da documentação disponível, apetrechada com equipamento de projeção de filmes a Biblioteca Municipal da Moita contemplou logo na sua programação cultural a exibição de películas e a realização de ciclos de cinema, para todos os amantes da 7.ª arte, particularmente os mais novos. Em 1997, é projetado O Príncipe Quebra-Nozes e James e o Pêssego Gigante; em 2000, realizam-se o ciclo de cinema com destaque para o filme italiano e filmes de humor com o “Especial Jim Carrey” e “Especial Woody Allen”, e o “Ciclo de Cinema nas Noites de Verão”, no terraço da Biblioteca da Moita; em 2001, Mostra de Cinema Documental na Biblioteca do Vale da Amoreira; em 2008, Ciclo de Cinema “Diferenças que nos Unem” e Sessões de Cinema e Gastronomia para as Comunidades, no Ano Europeu para o Diálogo Intercultural, com filmes e mostra gastronómica.


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3.9 NOVAS TECNOLOGIAS A s novas tecnologias da informação levaram as bibliotecas para um outro estádio de desenvolvimento, competindo hoje, como missão da Biblioteca, o "facilitar a aquisição de competências na área da informação e da informática", conforme a IFLA. O Município deteve sempre uma atenção muito particular quer na disponibilização de serviços informáticos quer na própria informatização do serviço de bibliotecas. Ainda em 1985, a Câmara Municipal delibera no sentido da aquisição de equipamento informático para a antiga Biblioteca Municipal da Moita, designadamente, “1 aparelho de televisão, um mini-computador 48-K e um gravador”3, para a Biblioteca Fixa N.º 61. Em 2000, foi criado na Biblioteca da Moita o “Espaço Novas Tecnologias à Tua Maneira”, onde os jovens do concelho podem não só “viajar na internet” mas também realizar os seus trabalhos escolares ou outros. O espaço, de acesso gratuito, dispõe ainda de livros sobre temas relacionados com as novas tecnologias da informação. A biblioteca acolheu ainda uma

Consultando o Catálogo On-Line. Imagem: Câmara Municipal da Moita

CÂMARA Municipal da Moita, ata reunião de Câmara de 28 de agosto de 1985, p. 6.

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exposição bibliográfica intitulada “As Tecnologias da Informação” e um colóquio subordinado ao tema “A Internet no dia-à-dia dos utilizadores”. A partir do início de 2001 os serviços de navegação na internet expandiram-se aos utilizadores da Biblioteca Municipal do Vale da Amoreira e da Biblioteca Municipal de Alhos Vedros, gratuito e acessível a maiores de 12 anos. "Onde nos leva o progresso?", em 2001, foi uma exposição sobre a Internet, os avanços tecnológicos, os clones humanos, as cidades do futuro e a poluição, com o objetivo principal de divulgar e difundir a informação existente no serviço, bem como alertar e sensibilizar a população no sentido de se manter informada sobre o que se passa no mundo. O livro digital está a entrar nas bibliotecas e a conquistar público, tendo a Biblioteca acolhido um encontro com Rui Zink, autor do primeiro e-book interativo português, que conversou sobre Os Surfistas, dirigido aos navegadores da Internet (2001). Em 2009, no 12.º aniversário da Biblioteca da Moita é apresentado o Catálogo On-line das Bibliotecas Municipais da Moita, ferramenta disponível no Site do Município. Com esta nova valência, os leitores e utilizadores da rede de bibliotecas municipais podem consultar, comodamente, em casa ou em qualquer local com acesso à internet, os títulos disponíveis nas bibliotecas do concelho. O novo Catálogo On-line permite procurar títulos por autor, por temática ou através de palavras-chave, tornando, assim, o acesso à informação pretendida muito mais rápido, permitindo que o leitor saiba em que obra ou em que biblioteca pode encontrar a informação necessária. Em 2010, é dinamizada a "Internet Sem Mistérios", workshop de introdução à Internet, iniciativa no âmbito do Ano Europeu de Luta Contra a Pobreza e a Exclusão Social, e a palestra "MIÚDOSSEGUROSNA.NET", integrada nas comemorações do Dia Europeu da Internet Segura.


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.73 Animação "As Cozinheiras dos Livros". Imagem: Câmara Municipal da Moita

3.10 ANIMAÇÃO INFANTIL O trabalho com e dirigido às crianças, ao público juvenil, tem

merecido particular ênfase das Bibliotecas Municipais, elegendo-se ao longo destes últimos 25 anos diversos programas e projetos lúdico-pedagógicos em torno do livro e da leitura, bem como outros no âmbito das manifestações artísticas e culturais. Especificamente vocacionado para os mais jovens, e também o mais antigo foi o Biblioteca Viva, a que se juntaram muitos outros, e mais recentemente a Liga dos Livros, a plataforma Pé Direito, as Escolas a Ler, a Hora do Conto, Histórias de Colinho, Histórias Soltas e Loucas, Hora e Meia e Sábados a Ler em Família, entre outros. Em abril de 1991, começou o Biblioteca Viva, projeto de animação específico para a Biblioteca do Vale da Amoreira, destinado a alunos do ensino básico. No terceiro aniversário do Biblioteca Viva a continuidade e a reflexão sobre o trabalho realizado motivou a realização de uma exposição, acompanhada de uma edição, que contou com a participação de outros agentes culturais e educativos. Em 1995, cerca de 850 crianças do primeiro ano do ensino básico e pré-escolar, divididas por turmas, tiveram oportunidade de visitar a Biblioteca do Vale da Amoreira, onde técnicos de animação promoveram um programa de atividades em torno do tema Meninos de Todas as Cores. A iniciativa, visava contribuir para reforçar a ligação entre a escola e o meio às crianças que se iniciam na vida escolar, e incluiu ainda uma “viagem” pela exposição de fotografias, brinquedos e trajes tradicionais de crianças de vários pontos do globo, cedida

No aniversário da Biblioteca. Imagem: Câmara Municipal da Moita


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Workshop "Lugar à Dança". Imagem: Câmara Municipal da Moita

Animação na Biblioteca. Imagem: Câmara Municipal da Moita

pela OIKOS-UNICEF, a narração da história Meninos de Todas as Cores – a Viagem do Miguel, da autoria de Luísa Ducla Soares. Em 1997, depois da abertura da Biblioteca Municipal Bento de Jesus Caraça a receção aos novos alunos e aos novos professores que lecionam pela 1ª vez no Concelho da Moita já decorreu na Moita. Em 1996, Por Alguns Contos de Reis foi o nome da animação especial, dirigido a alunos do primeiro ciclo do ensino básico, que teve lugar na Biblioteca do Vale da Amoreira. Com marionetas de arame e fantoches de “luva”, o marionetista Delphim Miranda contou às crianças pequenas histórias baseadas em textos de António Torrado. Os alunos puderam, ainda, tocar e manipular as cerca de 60 marionetas que o artista trouxe consigo para mostrar no Vale da Amoreira. Em 1998, decorreu na Biblioteca da Moita, no âmbito da Comemoração do Dia do Ambiente, o workshop de construção de instrumentos musicais a partir de embalagens e materiais recicláveis, com o tema Um Conto na Floresta, que serviu de sensibilização para a necessidade de reduzirmos os


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resíduos domésticos, reciclando e utilizando de forma criativa objetos que já não têm utilidade aparente. Em 2001, realizaram-se jogos didáticos inseridos na iniciativa Reciclar é Ganhar que teve como lema : “Vamos Brincar para Proteger o Ambiente”, o atelier do conto “Os Mecanismos da Escrita” pela animadora Chantal Féron, e a ação de formação “A Escrita, uma Atividade Lúdica”. Em 2001, a Biblioteca da Moita abriu o espaço de lazer, brincadeira e aprendizagem, o Atelier de Fantasia, que acolheu centenas de crianças, que se divertiram dando asas à sua imaginação, pintando, moldando, ouvindo e escrevendo histórias. Os trabalhos das crianças, textos e ilustrações, foram reunidos no livro Era uma vez…, apresentado na Sala do Conto da Biblioteca. Muitas outras atividades se seguiram: encontro com a escritora Ana Maria Magalhães, uma das autoras dos livros “Uma Aventura…” e animação para alunos do 1.º Ciclo do Ensino Básico com “Uma Viagem ao Mundo dos Golfinhos” pelo Projecto Delfim (2002); a Biblioteca Municipal da Moita comemorou o aniversário com a iniciativa “Vem Dormir à Biblioteca: Uma Noite de Muitas Histórias”, com atelier de dança, espetáculo de marionetas e a peça musicada “A Selva da Amizade” (2005); Projeto “De Pequenino” com atelier de música e movimento, “O Sonho da Princesa Clarice”, pela Companhia de Dança de Almada (2007); o Projeto “De Pequenino”, com espetáculo

Animação com António Mota no "Maré de Palavras". Imagem: Câmara Municipal da Moita

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Pinturas na Biblioteca. Imagem: Câmara Municipal da Moita


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“Ninicos – Dança para Bebés II”, pela Companhia DançArte/Passos e Compassos, e “Era uma vez o Espaço… E depois o Movimento. De que precisas para Dançar”, workshop especial para crianças entre os 3 e os 5 anos (2007); “A Bela Adormecida”, pelo Grupo Magia e Fantasia (2008); a iniciativa “Contos com Sabores”, que reuniu os contadores de histórias Dalton Borralho (Angola), Mussá Ibraímo (Moçambique), Preciosa Fernandes (S. Tomé e Princípe) e Inês Moreno (Cabo Verde), animação do livro e da leitura intitulado “Biblioteca Extravagante”, pelo grupo “Salto no Escuro”, e atelier de música e movimento para bebés, protagonizado pela Companhia de Dança de Almada “Sons dos Animais”, todos em 2008. Em 2009, Contos d’Inverno, com a animação do livro “O Pequeno Livro dos Medos”. Em 2010, oficina criativa para os mais novos com o nome “As Mutações da Memória”, com o objetivo de incentivar o gosto pela leitura e pela escrita, Em 2012, a Festa da Liga dos Livros, entrega dos prémios aos participantes na Liga dos Livros. Em 2014, Maré de Palavras, Encontro de Animação e Promoção do Livro e da Leitura; em 2015, "Agora, Faz Tu!: Oficinas de Expressão Dramática nas Férias da Páscoa".

Exposição da coleção de edições da Biblioteca Cosmos. Imagem: Câmara Municipal da Moita

CENTENÁRIO DE BENTO DE JESUS CARAÇA Programa das Comemorações do 100.º Aniversário do Nascimento de Bento de Jesus Caraça. Imagem: Câmara Municipal da Moita

E m 2001 a Biblioteca da Moita comemorou o 100. º Aniversário

do Nascimento de Bento de Jesus Caraça, patrono da Biblioteca, com a exposição de uma edição da Biblioteca Cosmos, passagem de vídeos documentais e a apresentação do livro de Alberto Vilaça Bento de Jesus Caraça: militante integral do ser humano.


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IV


"Histórias de Colinho", no Parque José Afonso, Baixa da Banheira. Imagem: Câmara Municipal da Moita


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4. PROJETOS DA REDE DE BIBLIOTECAS MUNICIPAIS DE LEITURA PÚBLICA

A Rede de Bibliotecas Municipais de Leitura Pública centra a

sua missão na oferta de serviços relacionados com a informação, a educação e a cultura, através de ações de animação da leitura, de projetos de desenvolvimento da literacia, do acesso generalizado a diversos conteúdos artísticos e culturais, sempre numa perspetiva de inclusão e de democratização cultural. As bibliotecas municipais são espaços do Conhecimento, da Cultura e de Cidadania, focalizados nos munícipes, nas suas necessidades e motivações. As bibliotecas municipais têm-se afirmado como agências de desenvolvimento, disponibilizando recursos e serviços, adaptando o seu perfil de atuação à evolução do próprio conceito de biblioteca, vincando uma disponibilidade para a mudança, para a inovação, para um Serviço Público de Qualidade, ao encontro de utentes e leitores, sempre numa ótica da formação integral do ser humano. A educação formal e informal, o apoio às bibliotecas escolares, a criação de hábitos de leitura nas crianças e nos jovens, a aprendizagem ao longo da vida, as atividades de tempos livres, a promoção da literacia, o combate à infoexclusão, a valorização do património, o incentivo à criação literária, a leitura recreativa, o lugar às artes, a partilha com outras bibliotecas e o trabalho de parceria com outras instituições, constituem hoje o verdadeiro paradigma das modernas bibliotecas, transformadas em campos de cultura de todas as culturas, sementes de hoje para o futuro de amanhã. As bibliotecas são lugares de liberdade, de abertura à diversidade cultural, de compreensão das dinâmicas locais, recetivas a novas ideias e práticas, potenciando a imaginação e a criatividade, lugares de animação e conhecimento. São lugares onde se estabelecem

Animação na sala infanto-juvenil. Imagem: Câmara Municipal da Moita


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elos de cumplicidade entre os leitores e os próprios recursos humanos da biblioteca, lugares onde se forja, indelével, a identificação entre o Leitor e a sua Biblioteca. É uma realidade que os diversos projetos implementados na Rede de Bibliotecas Municipais de Leitura Pública, gerados pelo ofício, pela arte, autonomia e entrega dos recursos humanos, refletem. Muitos dos projetos pedagógicos são transversais a todas as bibliotecas da Rede de Bibliotecas Municipais de Leitura Pública, garantindo-se, no entanto, num quadro de valorização das idiossincrasias locais, que as características próprias de cada freguesia influenciem o trabalho, adaptando-se e flexibilizando-se os projetos e a programação ao contexto sociocultural da população local.

Animação "Quem Conta um Conto", com Zé Bacalhau. Imagem: Câmara Municipal da Moita

Animação "Quem Conta um Conto", com Zé Bacalhau. Imagem: Câmara Municipal da Moita


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PROJETOS DE ANIMAÇÃO DO LIVRO E DA LEITURA • BIBLIOTECA VIVA • HISTÓRIAS DE COLINHO • HISTÓRIAS SOLTAS E LOUCAS • SÁBADOS A LER EM FAMÍLIA • HORA E MEIA • SEMEANDO HISTÓRIAS… COLHENDO VITÓRIAS! O projeto Biblioteca Viva é um projeto de animação do livro e da leitura que tem como principal objetivo fomentar o gosto pelo livro e pela leitura. Teve início em 1991, na então recém-inaugurada Biblioteca Municipal do Vale da Amoreira. Com a animação do livro, pretende-se dar vida ao conto/história que se lê, para que as crianças o sintam de uma maneira mais intensa. Deseja-se, com a dinâmica da animação, promover uma relação próxima com o livro, com o tema trabalhado e com a leitura autónoma ou acompanhada consoante a idade. Todos os anos é escolhido um tema para o projeto Biblioteca Viva, que poderá ser o tema do Ano Europeu ou do Ano Internacional, ou se nenhum dos dois for adequado será um outro escolhido pela equipa de trabalho. A ideia é, também, que o tema seja posteriormente trabalhado em sala de aula. O livro e o tema escolhido devem despertar interesse e curiosidade no público-alvo, apelando ao seu imaginário, à sua criatividade, ao saber, e ao não saber e questionar para aprender, à capacidade de “entrar” na história e através dela adquirir informação e conhecimento. O tema a trabalhar é definido durante as férias de Verão da escola e até meados de julho os dois livros estarão definidos para se iniciar a planificação da animação e das respetivas atividades. São selecionados dois livros, um para o ensino pré-escolar e 1º e 2º ano e outro para o 3º e 4º. O projeto é dinamizado durante o ano letivo todas as quartas e sextas-feiras, sendo que às quartas se destina ao 1º ciclo e às sextas ao ensino pré-escolar. Sendo a animação do livro e da leitura mais do que ler uma história ou um conto, a primeira etapa é a escolha do tema a trabalhar. Em seguida, pensa-se e executa-se o cenário e o jogo apropriado a cada faixa etária. Em julho, todos os Agrupamentos, Escolas de 1º Ciclo e Jardins de Infância são convidados a participarem no projeto e recebem a ficha de inscrição. Em setembro todos os documentos são reenviados via correio eletrónico de forma a agilizar o processo de planificação dos mapas de participação dos cerca de 4000 alunos intervenientes

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"Histórias Soltas e Loucas", na Biblioteca da Baixa da Banheira. Imagem: Câmara Municipal da Moita

neste projeto. O Município assegura a deslocação de todos os inscritos no projeto. São objetivos gerais do Biblioteca Viva: • Contribuir para o desenvolvimento de hábitos permanentes de leitura associados à descoberta do prazer de ler; • Divulgar as bibliotecas municipais e os seus recursos; • Despertar o interesse pelos temas abordados incentivando a novas leituras; • Aproximar os alunos das Bibliotecas Municipais.

Apresentação do novo projeto "Viva Biblioteca Viva". Imagem: Câmara Municipal da Moita

A Rede de Bibliotecas Municipais de Leitura Pública da Moita criou, em 2012, quatro projetos distintos de animação da leitura: as “HISTÓRIAS DE COLINHO” para o ensino pré-escolar, as “HISTÓRIAS SOLTAS E LOUCAS” para o 1º ciclo, o “HORA E MEIA” para o 2º Ciclo e os “SÁBADOS A LER EM FAMÍLIA” destinado às crianças e famílias. A animação do livro e da leitura é muito mais do que ler uma história ou um conto, sem nunca nos esquecermos que o objeto central é o livro. Na preparação das ações de dinamização destes projetos, a primeira etapa é a escolha do tema a trabalhar, em seguida seleciona-se o livro e por último pensa-se e executa-se o cenário e o jogo apropriado à faixa etária a quem se destina a animação. Os projetos são divulgados nos suportes de informação da Autarquia e as Escolas, Jardins de Infância e famílias inscrevem-se através de telefone ou presencialmente na Biblioteca Municipal da Moita.


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.83 "Hora e Meia", na Biblioteca da Baixa da Banheira. Imagem: Câmara Municipal da Moita

Cada projeto realiza-se uma vez por mês em cada Biblioteca da Rede de Bibliotecas Municipais: Alhos Vedros, Baixa da Banheira, Moita e Vale da Amoreira, cabendo a cada Biblioteca dinamizar as suas próprias sessões de Animação do Livro e da Leitura. Em 2015, no âmbito das comemorações dos 25 anos de leitura pública no Concelho da Moita, nasceu o projeto: “SEMEANDO HISTÓRIAS… COLHENDO VITÓRIAS”. Este projeto são horas do conto dinamizadas nas 6 Escolas Rurais de 1º Ciclo e nos 4 Jardins de Infância das freguesias e localidades do meio rural.

A LIGA DOS LIVROS A Liga dos Livros é um projeto em que podem participar todos os jovens a partir dos 8 anos, realizado na Sala Infanto-Juvenil, durante o ano letivo e parte das férias de Verão. Neste projeto, o único objetivo é que os jovens leiam, divirtam-se e joguem. Os jovens participam de livre vontade. São livres de sair quando lhes apetece, mas também não lhes é negado o acesso quando resolvem voltar. Tudo é feito num ambiente descontraído e onde não são obrigados a nada. Constituem objetivos principais da Liga dos Livros: • Desenvolver nos jovens o gosto e o hábito de ler, de forma que a leitura se converta numa atividade recreativa procurada livremente;


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"Semeando Histórias...Colhendo Vitórias". Imagem: Câmara Municipal da Moita

• Que a leitura seja para eles entretenimento e não trabalho aborrecido; • Que os jovens descubram a diversidade de livros existente; • Introduzir a leitura no quotidiano; • Contribuir para a formação de novos leitores. O projeto da Liga dos Livros deu os primeiros passos em 2006, como atividade na sala infantil, com 21 jovens participantes, entre os 8 e os 13 anos. Em junho de 2007, altura em que terminou a 1ª época da Liga dos Livros, foi feito um jogo de final de época. Jogo de pistas, abrangendo todos os sectores da Biblioteca da Moita, no final do qual foram entregues livros aos finalistas da primeira Liga 2006/2007. Em 2007/2008 já se realizou a Liga dos Livros na Biblioteca da Baixa da Banheira, culminando a grande final da atividade na Biblioteca Municipal da Moita, com uma peça de teatro interpretada por cinco dos participantes e escrita pelos próprios. Na quarta edição da Liga dos Livros o projeto estendeu-se à Biblioteca do Vale da Amoreira.


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SERVIÇO DE APOIO ÀS BIBLIOTECAS ESCOLARES (SABE)1 O Serviço de Apoio às Bibliotecas Escolares (SABE) é um serviço da Rede de Bibliotecas Municipais da Moita, cujos objetivos são: • Apoiar a criação, organização e desenvolvimento da Rede de Bibliotecas Escolares no Município da Moita; • Criar e dar continuidade à organização e gestão de projetos de intervenção e cooperação na área das Bibliotecas Escolares; • Desenvolver nas escolas, em colaboração com a Biblioteca Municipal e as entidades formadoras, atividades de formação e auto formação nos domínios das ciências documentais, animação, dinamização e promoção da leitura e das literacias; • Promover a troca de experiências e partilha de conhecimentos entre os seus membros, no âmbito da organização, gestão, animação, dinamização e promoção das literacias das bibliotecas escolares. O SABE integra um Grupo de Trabalho com a Rede de Bibliotecas Escolares do Concelho da Moita, criado em 2008, que reúne para definir políticas de intervenção junto dos potenciais leitores escolares da Moita, desenvolvendo atividades conjuntas. Integram a Rede de Bibliotecas Escolares do Concelho da Moita: ES Baixa da Banheira (1997) EB2,3 D. Pedro II (1998) EB1 Moita Nº2 (1999) ES Moita (2000) EB1 Moita Nº1 (2000) EB2,3 Mouzinho da Silveira (2000) EB2,3 José Afonso (2000) EB1/JI Vale da Amoreira Nº1 (2005)

Inauguração da Biblioteca Escolar da EB1-JI, Baixa da Banheira, n.º 4. Imagem: Câmara Municipal da Moita

Biblioteca Escolar da EB1-JI, Baixa da Banheira, n.º 4. Imagem: Câmara Municipal da Moita

CÂMARA Municipal da Moita, Relatório do SABE 2013-2014.

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EB2,3 Vale da Amoreira (2005) EB1/JI Vale da Amoreira Nº2 (2005) EB2,3 Fragata do Tejo (2006) EB1/JI Baixa da Banheira Nº3 (2006) EB2,3 D. João I (2008) EB1 Baixa da Banheira Nº6 (2009) EB1/JI de Alhos vedros Nº3 (2009) EB1/JI Baixa da Banheira Nº4 (2011)

BIBLIOTECAS SAZONAIS Durante os meses de junho a agosto o Município assegura a abertura de duas bibliotecas sazonais, uma na Praia Fluvial do Rosário e outra no Parque José Afonso na Baixa da Banheira, que operam como bibliotecas de proximidade. São postos de leitura, que funcionam com horário adaptado à temporada, e colocam ao dispor dos veraneantes a possibilidade de consultar livros, revistas e jornais na praia e no parque. Esta iniciativa tem como propósito fomentar o gosto pelo livro e pela leitura e, simultaneamente, atrair novos leitores para as bibliotecas municipais. As Bibliotecas Estivais também desenvolvem jogos didáticos, trabalhos manuais e pinturas para os mais novos.

"Biblioteca Estival". Imagem: Câmara Municipal da Moita


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DAR DE VOLTA O "Dar de Volta" é um projeto intermunicipal, promovido pela Associação de Municípios da Região de Setúbal (AMRS) ao qual o Município aderiu, em 2011. Promove a partilha e reutilização de manuais escolares, que são rececionados, organizados e redistribuídos nas bibliotecas. Trata-se de uma estrutura de partilha de manuais escolares que tem como destinatários estudantes do 1.º Ciclo ao Secundário, facilitando-lhes o acesso a recursos escolares, ao mesmo tempo que permite a rentabilização dos recursos familiares.

BIBLIOTECA FORA D'HORAS O “Biblioteca Fora D’Horas”, é um projeto especialmente dirigido às escolas do concelho e pretende proporcionar às crianças uma noite diferente numa das nossas bibliotecas. O objetivo é criar um ambiente agradável e descontraído, levar as crianças a viver a sua biblioteca fora de horas, e participar em atividades, ouvir histórias, assistir a espetáculos ou simplesmente partilhar experiências e emoções. Pijama, saco de cama, almofada e escova de dentes são essenciais, porque a dormida é na biblioteca.

"Vem Dormir à Biblioteca". Imagem: Câmara Municipal da Moita

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INTERNET SEM MISTÉRIOS O Internet sem Mistérios é um workshop de iniciação à utilização de internet. Estes workshops começaram no âmbito do Ano Europeu de Luta contra a Pobreza e a Exclusão Social (2010), são gratuitos e dirigidos a jovens e adultos, com o intuito de contribuir para alargar o acesso à internet, combater a infoexclusão e promover a coesão digital, e proporcionar aos participantes conhecimentos básicos para tornar os tempos livres mais agradáveis e sociáveis, compartilhando ideias e contactos com familiares e amigos, mesmo que à distância de um click. No Internet sem Mistérios aprendem-se conceitos básicos de manuseamento de um computador, executar comandos, trabalhar no processador de texto Word, criar e-mail, facebook. Os utilizadores têm à disposição manuais do Word e da Internet. O projeto é idêntico em todas as bibliotecas.

"Internet sem Mistérios". Imagem: Câmara Municipal da Moita


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.89 Aniversário da Biblioteca da Baixa da Banheira. Imagem: Câmara Municipal da Moita

Aniversário da Biblioteca Municipal Bento de Jesus Caraça, na Moita. Imagem: Câmara Municipal da Moita

ANIVERSÁRIOS As bibliotecas municipais comemoram anualmente a data do aniversário da sua inauguração, uma celebração em que são convidados todos os leitores que se encontram nas bibliotecas, para cantar os parabéns e partilhar o bolo de aniversário. São datas celebradas sempre com uma programação especial, com animação musical, encontros com escritores, exposições e tantas outras coisas que fazem as bibliotecas serem de cada um e de todos nós.



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UniSem – Universidade Sénior da Moita. Imagem: Câmara Municipal da Moita


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5. A REDE DE BIBLIOTECAS MUNICIPAIS DE LEITURA PÚBLICA EM NÚMEROS

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“Biblioteca Viva”. Imagem: Câmara Municipal da Moita


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6. ROSTOS DAS BIBLIOTECAS A primeira funcionária das bibliotecas municipais da Moita foi Dionísia Maria Correia Furtado, encarregada da Biblioteca Fixa n.º 61 da Fundação Calouste Gulbenkian, localizada na Rua Machado Santos, Moita, e inaugurada em 1964. Mais tarde, na véspera da abertura da Biblioteca Municipal da Moita, em 1985, atenta à necessidade de dar formação especializada à técnica auxiliar de BAD, Dionísia Furtado, e melhorar as qualificações e o desenvolvimento do serviço bibliotecário na nova biblioteca, a Câmara decide a sua inscrição num curso de bibliotecas e serviços de documentação. Em 1986, a Câmara Municipal delibera a abertura de um concurso para admissão de um técnico responsável pelos arquivos e bibliotecas municipais. Prevê-se que o técnico a contratar “seja responsável pelo funcionamento e organização da Biblioteca e Arquivos Municipais; de acções de sensibilização/animação, formação pela dinamização e apoio a dirigentes associativos, educadores que directa ou indirectamente sejam responsáveis pelas bibliotecas existentes nos diferentes agentes sócio-culturais do Município e por acções de outro carácter para o público em geral (cursos, exposições, colóquios, etc.) a decorrerem na Biblioteca”1. Ana Cristina Gomes Monteiro veio a ser a primeira classificada do concurso público para admissão de um técnico superior de 2.ª classe – bibliotecário, e responsável técnica pela abertura das bibliotecas de Vale da Amoreira, Alhos Vedros e Moita. Com carências de pessoal especializado na área das bibliotecas, com a proximidade da inauguração da Biblioteca do Vale da Amoreira e já com um projeto estruturante de implementação de uma rede de bibliotecas municipais de leitura pública, a Câmara Municipal realiza, em junho de 1990, a contratação de técnicos auxiliares e auxiliares técnicos de BAD, entrando ao serviço a técnica Aida Maria Rodrigues Gomes, que ainda hoje se mantêm como trabalhadora do Município, com as funções de coordenadora da Biblioteca Municipal da Baixa da Banheira. A qualidade dos recursos humanos é decisiva no funcionamento das bibliotecas, para que se preste o melhor serviço aos utentes. Trabalhadores que se torna necessário manter bem formados, desenvolvendo-lhes mais competências, de acordo com a evolução do conceito de Biblioteca. Ao longo destes 25 anos foram muitos os trabalhadores das bibliotecas. Uns partiram e outros ainda se encontram entre nós, a fazer o que melhor sabem, sempre com espírito de equipa, garantindo aos leitores um Serviço Público de Qualidade. As Bibliotecas têm rostos. Aqui deixamos a sua voz, na celebração dos 25 anos da Rede de Bibliotecas Municipais de Leitura Pública:

Dionísia Furtado, primeira funcionária das Bibliotecas Municipais. Imagem: Dionísia Furtado

Ata da reunião de Câmara de 27 de agosto de 1986, p. 6.

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Isaura Carreira, Rosa Ribeiro, Noélia Valente, Licínia Paulino, Maria Alexandra Ribeiro. Imagem: Câmara Municipal da Moita

BIBLIOTECA MUNICIPAL DO VALE DA AMOREIRA ROSA RIBEIRO "Trabalhar na Biblioteca do Vale da Amoreira há 10 anos é ser mais do que um mediador do livro e da leitura. É ter olhos para observar os que procuram a biblioteca como porto de abrigo. É ter mãos para oferecer sonhos aos que se refugiam dos seus problemas reais. É ter ouvidos para escutar os que vêm para não falarem sozinhos. É ter colo para os meninos que buscam afeto. É ter boca com palavras para todos. É trabalhar com os cinco sentidos e com o coração. É vivenciar crianças que ainda se encantam com as histórias. É ler os livros escritos por aqueles que descobriram aqui as primeiras leituras. É conhecer outros mundos através dos leitores". ISAURA CARREIRA “Ao longo destes 16 anos a trabalhar na Biblioteca no Vale da Amoreira muito aprendi com as colegas e com os nossos utilizadores. Tem sido muito positivo para mim. Penso que a biblioteca tem tido um papel importante na formação e na inclusão dos membros da comunidade, contribuindo assim, para o seu desenvolvimento”. LICÍNIA PAULINO "Falar da Biblioteca do Vale da Amoreira é recuar ao tempo em que ainda menina brincava e assistia ao erguer das suas paredes,


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pois sempre aqui vivi. Nessa altura não passou de mais um edifício em construção. Mas só na adolescência a descobri. Foi então que comecei a passar na biblioteca muitas tardes, a fazer trabalhos de grupo com colegas da escola, e fui descobrindo o gosto pela leitura, não imaginando que anos mais tarde, esta, iria fazer parte também do meu percurso profissional. Estes catorze anos de trabalho nas Bibliotecas Municipais da Moita têm sido uma aprendizagem, não só a nível profissional, mas também a nível pessoal". MARIA ALEXANDRA RIBEIRO “A Biblioteca do Vale da Amoreira é muito mais do que o meu local de trabalho é um dos meus lugares especiais. Nestes (quase) 14 anos de trabalho e dedicação, cresci profissionalmente e como ser humano, entendendo cada vez melhor o significado da palavra «partilha». Aqui partilhamos recursos, sentimentos, experiências de vida, e em cada menino, agora adulto que «retorna a casa» sinto uma imensa alegria e que todo o esforço vale a pena”. NOÉLIA VALENTE “Ao longo destes anos, que trabalhei nas bibliotecas o tempo foi passando, as pessoas foram mudando e os momentos também, mas as lembranças, essas ficaram. Foram vivências que não esquecerei. Parabéns Bibliotecas”.

BIBLIOTECA MUNICIPAL DE ALHOS VEDROS ANABELA REGULA “É com muita satisfação que há quase duas décadas estou presente nestes 25 anos de Leitura Pública no concelho da Moita. Ao longo do meu percurso profissional tive possibilidade de exercer funções nas salas de leitura geral, no balcão de acolhimento e também no tratamento técnico de documentos. Mais tarde, o meu trabalho focou-se sobretudo na animação do livro e da leitura, mais especificamente através do projeto Biblioteca Viva, mas também com outros públicos, dos quais destaco a população sénior. Este conjunto de experiências constituíram para mim uma grande aprendizagem e enriquecimento não apenas no campo profissional mas também a nível pessoal. No final de 2014 aceitei

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Jacinto Mil-Homens, Anabela Regula, Élia Madeira. Imagem: Câmara Municipal da Moita

o desafio de coordenar a Biblioteca Municipal de Alhos Vedros e, juntamente com a minha equipa, temos vindo a desenvolver um conjunto de iniciativas dirigidas a diversos públicos, cujos objetivos passam naturalmente pelo incentivo à leitura desde a infância, mas também pelo envolvimento da comunidade local nos projetos que dinamizamos, através da partilha de saberes e experiências. Que venham mais 25 anos!”. ÉLIA MADEIRA “O meu percurso profissional nas bibliotecas tem sido para mim uma experiência muito enriquecedora. O diálogo e convívio que tenho com pessoas de todas as idades e nacionalidades, o contacto com os livros e a participação em diversas iniciativas, permitiram-me abrir os meus horizontes e adquirir muitos conhecimentos. Espero poder continuar a contribuir para a comunidade, através do serviço que prestamos a todos os munícipes que visitam as bibliotecas do concelho”. JACINTO MIL-HOMENS “O meu percurso nas bibliotecas teve início na Biblioteca Municipal do Vale da Amoreira onde permaneci durante 13 anos. Trata-se de uma Biblioteca com características diferentes das restantes bibliotecas do concelho, onde a palavra inclusão é uma realidade constante. O meu trabalho incidiu maioritariamente na sala infanto-juvenil, onde comecei também a participar em animações do livro e da leitura, não apenas na dinamização de horas do conto, mas também na preparação de adereços e cenários. Atualmente encontro-me na Biblioteca Municipal de Alhos Vedros e, para além de pôr em prática a minha experiência no âmbito da animação do livro, deparo-me ainda com novos desafios que me permitem adquirir novas experiências e aprendizagens”.


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.103 Aida Gomes, Almorinda Valente, Zélia Pacheco. Imagem: Câmara Municipal da Moita

BIBLIOTECA MUNICIPAL DA BAIXA DA BANHEIRA AIDA GOMES “É uma honra fazer parte dos 25 anos de leitura pública do município. Estive na abertura da Biblioteca do Vale da Amoreira, em 1990, e ao olhar para o caminho que foi trilhado e perceber como evoluímos até à abertura de quatro bibliotecas municipais no concelho, vejo que foram 25 anos de trabalho e de muita entrega, a trabalhar na promoção do livro e da leitura, sempre em prol da cultura, sempre também com uma ênfase muito importante no público infantil e na vertente social. Os projetos sucederam-se e o que vinha era sempre melhor que o anterior. Mudámos muito e sempre para melhor. Foi isso que me fez ficar! Fui bem acolhida, senti desde os primeiros momentos que o município privilegiava a cultura e fiquei, a fazer aquilo que mais gosto, a fazer parte de uma equipa multifacetada, e que já leva 25 anos de trabalho”. ALMORINDA VALENTE “É com um enorme orgulho que faço parte da equipa das bibliotecas municipais da Moita. Estou no balcão de atendimento da Biblioteca da Baixa da Banheira. Aqui ajudo, oriento, informo os utilizadores nas suas pesquisas, faço o empréstimo domiciliário de documentos, entre outras tarefas de carácter social. Procuro sempre responder a todas as perguntas e informações que me são solicitadas pelos utilizadores, trabalho que faço com grande satisfação, pois gosto muito do contacto direto com o público”.


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ZÉLIA PACHECO "Já passaram 16 anos desde que integrei a equipa das Bibliotecas da Moita. E foi a trabalhar junto do público infanto-juvenil que me senti mais realizada. Pegar num livro para contar uma história, e olhar para eles expectantes sobre o que vai acontecer a seguir. Ver crescer as crianças que frequentemente utilizam a biblioteca e saber que contribuí para que se tornassem leitores".

BIBLIOTECA MUNICIPAL BENTO DE JESUS CARAÇA – MOITA CÉLIA LOURADOR “Anima em latim significa dar alma. O trabalho de um animador consiste em animar, entusiasmar uma conversa, um grupo. E é o que faço, dar a alma e dar alma às histórias que conto às centenas de crianças que passam por esta biblioteca. É um trabalho inteiramente dedicado aos mais pequenos e muito gratificante. Levá-las a entrar na história, pô-las a rir, transportá-las para outros sonhos, mundos e fantasias é, também, dar-lhes FELICIDADE”. MARIA JOÃO SILVA “Era uma vez… o projeto Biblioteca Viva que comemora este ano 25 anos. Estou neste projeto apenas há 7 anos, mas são 7 anos com milhares de alunos e turmas, centenas de professores, dezenas de

Maria João Silva, Célia Lourador, Lurdes Cavaquinho. Imagem: Câmara Municipal da Moita


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livros, mas principalmente muita partilha, imensos sorrisos e bastante dedicação e empenho em cada hora de animação do livro e da leitura, para que cada conto seja o barco de piratas que nos leva aos mais belos e longínquos castelos onde moram Princesas e Reis e onde um dia alguém perdeu um sapatinho de cristal… Para que cada conto seja um mundo de bruxas aterrador mas em que todos se divertem e riem com as tropelias!... Para que cada conto seja também e ao mesmo tempo uma narrativa de brincadeiras, de afetos e de solidariedade, o princípio de todas as imaginações, de toda a criatividade e de todos os sonhos que as crianças merecem e têm direito. Vitória, vitória… acabou-se a história!”. LURDES CAVAQUINHO “Quando era pequena, o meu sonho era crescer e chegar à última prateleira da biblioteca itinerante para poder escolher todos os livros que sempre quis ler... Anos mais tarde, ao abrir pela primeira vez as portas da biblioteca municipal foi como se iniciasse um mundo novo e ao meu alcance, em que, ao abrir o livro nos chegasse a verdadeira felicidade! Hoje, ao fim de quase três décadas, muitas foram as portas das bibliotecas escolares que se abriram para receber e proporcionar felicidade, pois cada vez que abrimos uma nova biblioteca damos e recebemos sorrisos, tantos quantas as páginas que compõem cada livro arrumado na estante ou aberto entre as mãos de uma criança”.

Angélica Marcos, Maria José Almeida, Anália Romão Soares, Helena Mendes. Imagem: Câmara Municipal da Moita


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ANÁLIA ROMÃO SOARES "No balcão de atendimento/receção fazemos o primeiro contacto com o público, utentes ou leitores, que é muito importante, pois é também a primeira imagem que as pessoas têm do funcionamento da Biblioteca. Desempenhamos diversas funções, que vão desde informações gerais, inscrições, empréstimos e devoluções, pesquisas, e tentamos fomentar o hábito pela leitura e pela frequência da nossa Biblioteca, e os resultados são bastantes bons". HELENA MENDES “Lembro-me de andar a pôr fitas magnéticas nos livros, mesmo na véspera da abertura da Biblioteca da Moita. Desde então são 18 anos de trabalho ininterrupto, sempre a dar o melhor apoio no atendimento ao público, na montagem de exposições, no auditório, na UniSem, para tudo e também para as festas de aniversário da Nossa Biblioteca". ANGÉLICA MARCOS "Vejo estes 25 anos de Bibliotecas Públicas como 25 anos de suporte de aprendizagem para todos e sem idades. São 25 anos de verdadeiro desassossego cultural". MARIA JOSÉ ALMEIDA "As nossas crianças são utilizadores muito exigentes. Acompanhá-las desde a primeira visita, quase desde as primeiras páginas, por vezes receosas do que vão encontrar, e depois vê-las voltar, à vontade, já com a Biblioteca transformada na sua segunda casa, é maravilhoso. Neste mundo encantado que são os livros vemo-las sonhar, levadas pela fantasia. Vemo-las adquirir conhecimentos para a vida real, acompanhamos o seu crescimento. E depois, num instante, de um momento para outro, elas regressam, umas para estudar, outras já formadas, e outras ainda com os filhos pequenos. Mas regressam. Talvez o nosso trabalho seja fazer com que nunca partam".


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.107 Elisa Almeida, Carlos Ventura, Florbela Gonçalves, Maria Fernanda Sales, Lurdes Silva. Imagem: Câmara Municipal da Moita

FLORBELA GONÇALVES "Uma senhora de 83 anos, enfermeira reformada, comentou, referindo-se à aprendizagem que aqui tem feito sobre a utilização da informática e da internet: «Ajudei a trazer muita gente ao mundo, agora estou a entrar num mundo novo». Creio que é muito gratificante ver pessoas adultas a dar os primeiros cliques e dedadas nos computadores. Inicialmente pensavam que a informática era um «bicho complicado», mas depois de experimentarem ficam fascinados, e é vê-los a estabelecer contacto com familiares e amigos, uns ao pé de casa e outros no estrangeiro. Grande parte daqueles que aqui vêm chegam como utentes, e depois voltam e ficam como amigos. Tenho esse sentimento. Aprendo também com eles". LURDES SILVA "Nestes 25 anos, para além do muito e gratificante trabalho que desenvolvi com os leitores, penso também no muito que também me foi devolvido em termos de desenvolvimento pessoal e intelectual. No atendimento estabelece-se muitas das vezes um elo de cumplicidade com os leitores, gerado pelas conversas sobre os livros, sobre as novidades que chegaram à biblioteca, sobre os que estão ou não disponíveis. E às vezes, entre uma conversa e outra, desenvolve-se uma espécie de aconselhamento mútuo, pois também somos leitoras e os leitores também nos aconselham a ler este ou aquele livro que mais gostaram". MARIA FERNANDA SALES "Para celebrar os 25 anos das Bibliotecas de Leitura Pública na Moita, gostaria de citar um cartaz afixado na Biblioteca Pública de Whitefish,


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em Montana, nos EUA: «As bibliotecas ajudar-te-ão em épocas sem dinheiro melhor do que o dinheiro te ajudará em épocas sem bibliotecas», o que traça um paralelismo entre a época de crise económica que atravessamos agora e o tempo de obscurantismo que percorremos até 25 de Abril de 1974. É muito enriquecedor servir de mediadora entre as pessoas e a cultura numa biblioteca pública, como é o caso do trabalho de uma técnica de biblioteca. Congratulo-me por ser uma delas". ELISA ALMEIDA “Estou há 9 anos anos nas biblioteca. Estive em Alhos Vedros e agora na Moita. São terras com características muito próprias, mas os leitores, os pequenos e os grandes, não mudam, têm sempre o mesmo interesse pelas coisas da cultura e do livro. E nós estamos cá para fazer o nosso melhor e tratar todos por igual. Fico feliz por participar nos 25 anos das bibliotecas”. CARLOS VENTURA "Gosto muito de trabalhar na Biblioteca da Moita. É gratificante quando as pessoas agradecem o meu trabalho, sejam os colegas, sejam os utentes que frequentam a Biblioteca".

Susana Afilhado, Júlia Madeira e Lúcia Lebre. Imagem: Câmara Municipal da Moita


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MARIA JÚLIA MADEIRA “Livros e leitura sempre foram uma paixão. Nos últimos dezoito anos, não obstante algumas adversidades, as Bibliotecas Municipais da Moita tornaram-se parte integrante dessa paixão. Paixão que se tem mantido, contrariamente aos ideais e objetivos iniciais da Leitura Pública que proliferaram em Portugal a partir de meados dos anos 80 do século passado. Orgulho-me de ter tido a oportunidade e o prazer de ter participado, juntamente com um pequeno/grande grupo de pessoas que ajudou a tornar os Concelhos deste país, lugares mais aprazíveis, onde os livros e a leitura deviam chegar a todos, transformando Portugal num país mais bonito, mais alegre, mais crítico e, sobretudo, mais colorido porque os livros dão cor à vida…”. LÚCIA LEBRE “No ano em que se comemoram os 25 anos de leitura pública vêm-me à memoria muitos e bons momentos que aqui passei ao longo de 16 anos de trabalho: a implementação do serviços de audiovisuais na Biblioteca do Vale da Amoreira, a coordenação do pólo de Alhos Vedros a biblioteca estival, o tratamento documental, a informatização das bibliotecas de Alhos Vedros e Vale da Amoreira, o lançamento do catálogo on-line, e, penso que também muito importante, mesmo para quem está nos serviços internos, as amizades”. SUSANA AFILHADO “Estou nos bastidores da Biblioteca, no tratamento técnico dos livros e dos documentos audiovisuais, um trabalho quase invisível mas essencial numa biblioteca moderna e organizada como a nossa. É onde os livros chegam, são registados, classificados, indexados e catalogados, e depois partem para todas as outras bibliotecas do concelho, incluindo as escolares do 1.º ciclo. A biblioteca é um todo, é uma equipa, e é um privilégio trabalhar assim, com todos e para a comunidade". ROSA LIA “Tive o privilégio de me iniciar como bibliotecária nas bibliotecas da Moita, ainda nos anos 90. Nesse tempo o estado investia e considerava as bibliotecas «pontos-chave» na promoção da cidadania. Ainda antes do culminar da crise as bibliotecas perderam – aos olhos do poder, o seu «encanto». O país mudou, a austeridade levou ao desinvestimento do estado na cultura, os municípios ficaram com a responsabilidade de manterem como pudessem, tudo aquilo que havia sido realizado contando com o apoio de um poder central agora desvinculado.

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Mas as bibliotecas resistem, as equipas e os municípios continuam sem baixar os braços, fazendo muito com pouco. Trabalho que se constata numa rede municipal de leitura consistente e nos leitores, antigos e recentes, que nos acarinham e nos fazem pensar que vale a pena trabalhar aqui”. JOANA SOARES “16 anos de Biblioteca Pública, mais do que uma experiência profissional foi um marco no meu mundo do trabalho, daí o carinho especial por esta área. Passei pelas quatro bibliotecas do nosso concelho, e cada uma delas teve um gostinho diferente. Vi bibliotecas a evoluir e a nascer como aconteceu com a Biblioteca Municipal da Baixa da Banheira, onde fiz parte da equipa inicial. É com orgulho que assisto aos 25 anos de Leitura Pública, juntamente com os colegas e alguns amigos que fiz nesta «Casa» de Cultura”.


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REDE DE BIBLIOTECAS MUNICIPAIS DE LEITURA PÚBLICA BIBLIOTECA MUNICIPAL DO VALE DA AMOREIRA Av. José Almada Negreiros 2835-204 Vale da Amoreira Tel. 212020021 Fax. 212894928 Correio eletrónico: bmpva@mail.cm-moita.pt Horário de Funcionamento: Horário de Inverno (de setembro a junho) 2ª feira das 14:00h às 19:00h 3ª feira a 6ª feira das 09:30h às 13:00h e das 14:00h às 18:30h Sábado das 09:30h às 13:00h Horário de Verão (de julho e agosto) 2ª feira a 6ª feira das 10:00h às 13:00h e das 14:00h às 18:00h Encerra aos sábados Encerra na manhã da última 5ª feira de cada mês BIBLIOTECA MUNICIPAL DE ALHOS VEDROS Rua Pedro Anaia 2860-095 Alhos Vedros Tel.212021227 Fax. 212894928 Correio eletrónico: bmpalhosvedros@mail.cm-moita.pt Horário de Funcionamento: Encerra à 2ª feira 3ª feira a sábado das 10:00h às 12:30h e das 14:00h às 18:30h BIBLIOTECA MUNICIPAL BENTO DE JESUS CARAÇA – MOITA Rua Dr. Alexandre Sequeira 2860-483 Moita Tel. 210817040 – Receção Correio eletrónico: bmbjcaraca@cm-moita.pt Horário de Funcionamento: Encerramento à 2ª feira 3ª feira a sábado das 10:00h às 19:00h

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BIBLIOTECA MUNICIPAL DA BAIXA DA BANHEIRA Fórum Cultural José Manuel Figueiredo Rua José Vicente 2835-134 Baixa da Banheira Tel. 210888900 Correio eletrónico: bmpbaixabanheira@mail.cm-moita.pt Horário de Funcionamento: Horário de Inverno (de outubro a maio) Encerra à 2ª feira 3ª feira a 6ª feira das 10:00h às 18:30h Sábado das 14:00h às 19:00h Horário de Verão (de junho a setembro) Encerra à 2ª feira 3ª feira a 6ª feira das 10:00h às 13:00h e das 14:00h às 19:00h Sábado das 10:00h às 13:00h BIBLIOTECA ESTIVAL DA PRAIA Praia Fluvial do Rosário De 20 de junho a 30 de agosto BIBLIOTECA ESTIVAL DO PARQUE Parque Municipal José Afonso, Baixa da Banheira De 1 de julho a 4 setembro


BIBLIOGRAFIA


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FIGUEIREDO, José Rosa (2001) – Monografia do Movimento Associativo do Município da Moita I Baixa da Banheira e Vale da Amoreira. Moita: Câmara Municipal da Moita. GOMES, Francisco (Coord.) (2005) – Fórum Cultural José Manuel Figueiredo da Aquisição à Inauguração. Moita: Câmara Municipal da Moita. GRUPO de Trabalho das Bibliotecas Públicas da AMDS (1997) – Roteiro das Bibliotecas Públicas do Distrito de Setúbal. Setúbal: Associação de Municípios do Distrito de Setúbal. GRUPO de Trabalho das Bibliotecas Públicas da Associação de Municípios da Região de Setúbal (2010) – Roteiro das Bibliotecas Públicas da Região de Setúbal. Setúbal: Associação de Municípios da Região de Setúbal. MENDES, Vitor (1999) – Monografia do Movimento Associativo do Município da Moita II Alhos Vedros. Moita: Câmara Municipal da Moita. MONTEIRO, Ana (1997) – Biblioteca Municipal Bento de Jesus Caraça: Guia do Utilizador. Moita: Câmara Municipal da Moita. NEVES, José (2002) – Raúl Hestnes Ferreira – 1959-2002. Porto: ASA Editores. SANTOS, Maria; MENDES, Vitor (2010) – A Revolução Republicana na Moita. Moita: Câmara Municipal da Moita.


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