Mensagem subliminar

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MENSAGEM SUBLIMINAR

Camila de Oliveira Lewis Mariana da Silva Nunes Matheus Werb Dietrich Scheila Schein dos Santos

Resumo

O presente trabalho traz como tema de pesquisa a mensagem subliminar. Considera-se subliminar qualquer estímulo que não é percebido de maneira consciente. Nesse contexto, o termo subliminar é aquele que não pode ser captado diretamente pelo processamento dos sentidos humanos. Pretende-se examinar neste trabalho o funcionamento desta técnica e as aplicações dela na publicidade. Este trabalho consiste em um estudo teórico acerca do tema, bem como o uso de mensagens subliminares na comunicação social e seus efeitos. O estudo tem o suporte metodológico da pesquisa bibliográfica.

Palavras – Chave: Subliminar, Percepção; Inconsciente; Propaganda; Comunicação.

Introdução

A percepção subliminar é um tema que já despertava polêmica na psicologia desde a aparição do primeiro trabalho experimental em 1863 e continua sendo muito discutível no campo da comunicação, sobretudo em se tratando de publicidade, já que esta, por sua natureza, visa à divulgação de produtos e serviços objetivando interesse comercial. O estudo da questão das comunicações indiscerníveis, que presentes na vida cotidiana do homem, onde quer que esteja, pode levar o indivíduo a uma interpretação bem diferente da realidade,


faz-se necessário para clarear pontos um tanto obscuros que ainda permeiam essa discussão. Mensagens subliminares correspondem a informações introduzidas de modo imperceptível ao olho humano e captada pelo inconsciente. Segundo Calazans (1999, pg. 4), [...] subliminares são as mensagens que nos são enviadas dissimuladamente, ocultas, abaixo dos limites da nossa percepção consciente (medidos pela Ergonomia) e que vão influenciar nossas escolhas, atitudes, motivar a tomada de decisões posteriores. Algo indistinto, indiscernível, indetectável, em nível de consciência, para os sentidos humanos, parece irrelevante se ignorada à crença disseminada ao longo das últimas cinco décadas sobre mensagens enviadas dissimuladamente, de forma subreptícia, abaixo dos limites da percepção consciente - subliminares -, e seu alto poder de manipular a mente das pessoas. Essa idéia, na mesma medida em que ganhou popularidade, no decorrer do século XX, espalhou medo, incertezas, equívocos, o que tem sido motivo de muita controvérsia. Este trabalho consiste em um estudo sobre o uso de mensagens subliminares na comunicação social, em suas diversas manifestações. O artigo descreve conceitos relevantes para o melhor entendimento quanto ao funcionamento das mensagens subliminares e relata cases e aplicabilidades das inserções subliminares na publicidade.

Metodologia

Quanto aos meios, a pesquisa será bibliográfica e descritiva. Bibliográfica, porque recorrerá, como fundamento, a materiais acessíveis ao público em geral, como livros, jornais, redes eletrônicas, artigos e publicações. A pesquisa realizada usa como base principal a leitura de livros acerca do tema Mensagem Subliminar, detendo-se especialmente em três autores: Flávio Calazans (1993), Joan Férres (1998) e Wilson Bryan Key (1993). Quanto aos fins, a pesquisa será descritiva e explicativa. Descritiva, pois objetiva descrever o conceito de Mensagem Subliminar embasada em teóricos e pesquisadores do tema.


Explicativa, pois visa os esclarecimentos dos fatores relacionados à aplicação das técnicas subliminares na publicidade. Comunicação e Técnica Subliminar O discurso persuasivo é ferramenta de trabalho da comunicação e propaga as intenções nele embutidas do objetivo central da mensagem transmitida. O comunicador tem a função de seduzir seu público em suas mensagens e o faz através de meios variados e que lidam com estímulos dirigidos aos sentidos humanos. Conforme Sant’anna (1998), a comunicação deve ser usada para conduzir a informação, antes de tudo. E é o processo de transmitir ideias entre indivíduos, o que não é só fundamental, mas vital para o ser humano. A livre circulação de ideias é o principal quesito para a comunicação que age de maneira persuasiva, pois a pluralidade de pensamentos e mensagens torna-se essencial para a troca de informações e a prática da conquista. O ser humano tem por necessidade conquistar e ser conquistado, conforme esclarece Citelli (1997). Ainda que, partindo da realidade que persuadir tem como um de seus sinônimos a palavra submeter, já que ao persuadir leva-se o outro a aceitação de uma ideia, deve-se lembrar que, etimologicamente, a palavra persuadir vem de aconselhar. Aconselha-se outra pessoa da procedência do que se está enunciando, segundo Citelli (1997). Para a comunicação social a prática constante da persuasão deve ser feita considerando os efeitos desta em seus receptores, seu público, relevando-se que o uso dela varia entre positivo e negativo, conforme se explica: De início é bom lembrar que persuadir não é sinônimo imediato de coerção ou mentira. Pode ser apenas a representação do desejo de se prescrever a adoção de alguns comportamentos, cujos resultados finais apresentam saldos socialmente positivos. (...) Há autores que costumam, inclusive, falar em persuasão negativa e positiva. (...) Para existir persuasão é necessário que certas condições se façam presentes: a mais óbvia é a livre circulação de ideias. Em uma ditadura, em um regime que censura, fica um pouco estranho falar em persuasão, visto que inexistem ideias em choque. Não há pluralidade de mensagens e, portanto, é possível que o discurso nem chegue à fase persuasiva permanecendo nos mais baixos extratos civilatórios. (CITELLI, 1997, p. 67). A comunicação social tem intensa participação na vida da sociedade, é a integração, a troca, o conhecimento, a conquista, enfim, um dos principais fatores que movimenta as informações, o cotidiano social. A propaganda é uma das formas de aplicação dela e busca


alcançar seu público com as ideologias e conceitos transmitidos em suas peças, através dos distintos e diversos meios de comunicação, com criatividade e constância. A influência da propaganda, em maior ou menor grau é fato, porém, as técnicas e abordagens da sua aplicabilidade devem ser praticadas conforme a conceituação ética e legal, dentro da missão do profissional da área. Os órgãos que detém competência de assegurar o exercício dentro das normas e padrões exigidos, adequam-se e acompanham a evolução e mudanças nas técnicas e maneiras de emprego das funções publicitárias. É fato incontestável que todos os integrantes das sociedades modernas de consumo são influenciados pela propaganda. Não há como escapar de sua influência. Nem querendo. A propaganda seduz nossos sentidos, mexe com nossos desejos, revolve nossas aspirações, fala com nosso inconsciente, nos propõe novas experiências, novas atitudes, novas ações. Por mais defesas que possamos construir, por mais barreiras que levantemos, sempre há o anúncio que fura o cerco, o comercial que ultrapassa muros, a ideia que interfere em nossa vontade. Apesar de buscarmos a racionalidade do ceticismo, de incentivarmos a defesa da indiferença, sempre há uma mensagem publicitária que nos atraia, interessa e convence. (SAMPAIO, 1999, p. 21). O comunicador social seja ele um jornalista, um cineasta, um profissional de relações públicas ou um publicitário, tem o objetivo de conquistar o seu público, fazendo com que ele compre a ideia, o produto, a estória, o filme. Para exercer sua função, o profissional se adapta aos avanços da sociedade crítica e sua busca por conhecimento. Esta adequação visa as maneiras e técnicas de colocar em prática seu trabalho de persuasão, contando com efetivação e conquista do objetivo. Para a realização de um bom e efetivo trabalho, é necessário chamar a atenção do público, despertar seu interesse, estimular o desejo, criar a convicção da importância do que se pretende vender ou transmitir e induzir a ação deste público para o resultado esperado, seja a compra do produto, ideia, enfim, assim como explicam Vestergaard e Schroder (2000). A publicidade da década de 50 era muito mais informativa, baseava-se no produto, trabalhava de maneira racional. Com o tempo a diferença real na qualidade dos produtos se tornou bem menos relevante e dificultando o estabelecimento da proposta de venda, o que forçou os publicitários a mudarem suas estratégias. Atualmente, a publicidade não se restringe apenas a informar seus consumidores, mas sim seduzi-los. Conforme relatou Ferres (1998). O conhecimento em psicologia tem grande importância no trabalho publicitário, tendo


em vista os mecanismos usados na persuasão. É posto em prática, principalmente, ao lidar com a emoção, utilizando-se de técnicas que atuam em motivações, muitas vezes, não conscientes do indivíduo, provocando reações inconscientes. O inconsciente é constituído por estímulos que ainda não atingiram, ou talvez não atingirão a consciência, ou seja, que estão reprimidos. Mensagem Subliminar Todo ato de comunicação visa plantar uma mensagem no receptor, sob a forma de publicidade, propaganda ideológica, política ou eleitoral. Todas as formas de comunicação são transportadas pelas mídias, que veiculam as mensagens dissimuladas dentro da programação ou conteúdo editorial, ou explicitamente, no espaço dos anunciantes ou patrocinadores. O subliminar pode se manifestar de várias formas, basicamente em duas categorias: estímulos visuais, através de combinações de cores, imagens “escondidas”, inserções quase imperceptíveis em filmes (frames), pinturas, ou estímulos auditivos, em músicas, propagandas ou anúncios. As mensagens subliminares por não serem percebidas pelo nosso consciente humano, não podem ser rejeitadas, tornando-se mais eficazes. Dessa forma, a propaganda que possui estímulos subliminares consegue induzir a escolha do consumidor, ou até mesmo fazer o consumidor mudar o produto X para o produto Y, sem saber exatamente porque adquiriu uma vontade de trocar a marca do produto que consumia. "Poucas vezes as crenças são o resultado do raciocínio. Tendemos a acreditar naquilo que desperta nossos desejos, nossos medos e nossas emoções" Oliver Wendell Holmes (citado por R. S. Ross, 1978, p. 137). Ao criar uma campanha publicitária, os publicitários não se preocupam somente com a qualidade do produto. Eles se preocupam também em analisar a realidade que seu público alvo vive, o que mais irá chamar sua atenção. Dessa forma, o receptor acaba atingido emocionalmente por aquele produto, sem perceber. Ferres (1998) cita que: “Se as emoções (amor, temor, raiva, dor, gozo...) influem nas decisões e nos comportamentos, qualquer imagem que gere emoções será socializadora, no sentido de que terá incidência sobre as crenças e os comportamentos. Isto pretendem conseguir - ou conseguem sem pretendê-lo explicitamente - as mensagens televisivas." Ou seja, quando quer persuadir, a mídia geralmente opta pela via emocional do que pela racional. E quando somos atingidos emocionalmente, nem sempre percebemos os estímulos. Ferres (1998)


ainda nos diz que: “Utilizar a via racional para a publicidade de um produto supõe oferecer argumentos que avançam sobre as vantagens objetivas deste produto quantos às marcas rivais. No uso da via racional, o receptor necessita ativar o pensamento lógico para medir o valor da argumentação utilizada. Em troca, a via emotiva supõe conectar o produto com valores emocionais que, desde um ponto de vista lógico, nada têm que ver com ele”. A comunicação, em geral, utiliza-se de diversas técnicas para chamar a atenção de seu público e persuadi-lo, buscando atingir seu objetivo. A propaganda é uma das áreas da comunicação e desempenha sua função procurando conquistar, manter e fidelizar o consumidor. “O papel da propaganda é vender. Vender um produto, uma imagem, uma idéia, uma filosofia ou um hábito novo”. (IMOBERDORF, 1989, p. 120). A propaganda, sempre presente no cotidiano, atua sobre o consumidor, transmite e ensina formas de pensar, sentir e agir que são favoráveis a um produto, uma idéia. A eficácia deste tipo de comunicação, e das comunicações humanas em geral, é formadora de atitudes e influencia o comportamento de compra em relação a produtos, idéias e pensamentos. Os indivíduos tendem a ajustar seu comportamento e as suas atitudes. Existe ainda, segundo Imoberdorf (1989), a corrente teórica que garante que a propaganda também pode agir diretamente sobre o comportamento, deixando inconsciente as motivações pelas quais ocorrem as alterações em sua forma de pensar ou sentir. Segundo esta concepção, a propaganda deixaria impressões e imagens não necessariamente conscientes, que se manifestam, oportunamente, no momento de compra e agiria diretamente sobre o comportamento, sem interferências diretas nas convicções e sentimentos do consumidor. Denominada “corrente de inspiração”, esta teoria tem a linha comportamentalista, elevando o poder da propaganda como condicionador de comportamento. Suas características supõem um consumidor obediente, quase sem vontades e convicções próprias, que responde aos estímulos e aos comandos da mensagem publicitária. Dentre as inúmeras formas e técnicas de persuasão, encontra-se a persuasão inconsciente, que tenta influenciar determinado público sem que haja percepção da mensagem transmitida, a recepção delas seria efetivada inconscientemente. Conhecer o funcionamento do inconsciente humano é de fundamental importância apara compreender a técnica da Mensagem Subliminar. A Mensagem Subliminar, por princípio, atua diretamente no inconsciente, sendo assim, sem que haja percepção de suas influências.


Segundo o professor José Vicente Dias, em entrevista concedida a Jamierson Oliveira, quaisquer estímulos não captados pela consciência, por estarem abaixo dos limites sensoriais receptores, são considerados Mensagem Subliminar e podem ser considerados científicos. Pode-se dizer que um som em uma freqüência que o ouvido não possa escutar ou uma imagem tão rápida que o olho não possa captar são exemplos de estímulos subliminares. De acordo com Calazans, no artigo Mensagem Subliminar – Um mergulho no inconsciente (2002), a obra Subliminal Seduction relata que as primeiras referências de percepção subliminar vêm de Demócrito (400 a.C.), o filósofo grego que afirmava que muito do que é perceptível, não é claramente percebido. Diz que este conceito foi aprofundado por Platão, em Timeu, e por Aristóteles que o detalhou em sua teoria dos umbrais da consciência, na obra Perva Naturalia, há cerca dois mil anos. Segundo ele, um dos contemporâneos de Freud, o Doutor Poetzle, comprovou cientificamente a percepção subliminar demonstrando por estudos de caso e por experiências documentadas que as informações dos sonhos são obtidas subliminarmente. Tudo o que é excluído da percepção consciente é captado pelo inconsciente, compondo os sonhos. A equipe de Poetzle realizou pesquisas com o tema abordado, que teriam mostrado que olhos fazem cerca de 100 mil fixações por dia, porém grande parte delas não é fixada conscientemente, ficando armazenado no inconsciente. Assim, Poetzle teria provado que sugestões pós-hipnóticas têm o mesmo resultado prático dos estímulos subliminares para alterar comportamentos. Os estímulos subliminares, supostamente, exercem influência sobre o indivíduo de maneira inconsciente, podendo interferir em suas escolhas, seus desejos, comportamentos, ou seja, possivelmente criando novas motivações ou alterando aquelas que já existem. Esta possibilidade de persuasão inconsciente é sustentada por técnicas comunicacionais que, diante de alguns casos, são utilizadas para atingir-se determinados objetivos. A comunicação visual possui algumas técnicas de persuasão inconsciente, subliminares. Em um filme, por exemplo, é possível inserir mensagens imperceptíveis, usando a velocidade dos frames que formam um vídeo. Os frames são quadros de um filme fotográfico que, seqüenciados, dão a sensação de movimento, são também chamados de fotograma.

Aplicações e cases da Técnica Subliminar


Imagem sobreposta Uma técnica muito antiga é a utilização do taquicoscópio, que é um projetor de slides que projeta um único slide na velocidade de 1/3.000 de segundo. No cinema é colocado ao lado do projetor, cuja projeção é ao ritmo de 24 fotogramas por segundo e fica repetindo a imagem sobreposta ao filme a cada cinco segundos para dar a ilusão de movimento. Em 1956 Jim Vicary fez este experimento. Durante a exibição do filme “picnic”, o segundo projetor emitia um slide com a frase “drink coke” numa velocidade de 1/3.000 de segundo. O slide era sobreposto ao filme, rápido demais para ser percebido conscientemente. O experimento deu certo, fazendo com que as vendas da Coca-Cola aumentassem. Existe uma fórmula que define o subliminar: subliminar= maior quantidade de informação em menor quantidade de tempo.

Mensagens nas fotos e cenários Carl Gustav Jung compara a nossa consciência a um holofote que pode ser dirigido e focalizado a uma área de interesse, deixando na sombra subliminar todo o resto não focado. Porém, os pensamentos e ideias destas áreas não focadas não deixam de existir, encontram-se em um estado adormecido e escondido, além do limite de da atenção consciente ou da memória. O principal fator que faz isso acontecer é a visão periférica. Muitas vezes olhamos para uma imagem ou um filme e focamos para uma figura central, não percebemos que a nossa visão periférica está captando o fundo subliminar. Alguns filmes da Disney já geraram polemica por causa de mensagens subliminares nos cenários dos filmes. O melhor jeito de identificar estas mensagens é relaxando bastante para deixar o olho percorrer lentamente, sem focar em nenhuma área específica. Deve-se prestar atenção em cada detalhe, mesmo que pareça muito insignificante.


Merchandising subliminar O merchandising subliminar é um pouco diferente. Você consegue perceber os anúncios com mais facilidade, mas eles também estão ali com a intenção de influenciar o espectador a consumir a marca que está sendo mostrada. Um bom exemplo é o filme “Blade Runner”, que em inúmeras cenas aparece a marca da Coca Cola. Outro exemplo bem famoso é o do Marinheiro Popaye, que desde a época que era só um quadrinho, já ajudou a aumentar as vendas de espinafre.

Mensagem subliminar sonora O áudio subliminal processor é um eletrônico que ajusta o som para um volume subliminar abaixo de 20 ciclos por segundo. Este aparelho foi mixado à musica de fundo que toca em supermercados e lojas de departamento. A voz de fundo fica repetindo “sou honesto, não roubo”, isso já reduziu em 30% o índice de furtos em 81 supermercados de quatro estados dos Estados Unidos.

A magia da televisão A televisão reúne as duas maiores formas de estímulo que podemos absorver: imagem e som. Ela nos envolve, e sem perceber, já estamos dentro do seu “mundo mágico”. O uso de mensagens subliminares na televisão é tão comum pela facilidade que ela tem de entrar em nossas mentes e nos seduzir. Nos mostrar, quase que de forma também real, a nossa realidade ou como ela ficaria melhor se comprássemos o produto que está sendo anunciado. Ferres (1998) diz que: “...uma grande parte das mensagens televisivas baseiam seu potencial socializador na utilização de mecanismos de sedução. Não pretendem convencer, mas seduzir. Não utilizam a via racional, mas a emotiva. Não se baseiam na argumentação, mas no fascínio. Os mecanismos de sedução são a manifestação televisiva do domínio da emoção sobre a razão." Ferres (1998) ainda explica que, o “sedutor” procura focalizar nossa atenção em alguns aspectos isolados de sua personalidade (o atrativo físico - real e/ou maquiado -, a graça, o


espírito, a força, o poder, o status social...), camuflando outras dimensões que poderiam ser prejudicadas para seus interesses. Ou seja, a televisão só nos mostra o que ela quer que nós vejamos. E dessa forma, subliminarmente, recebemos estímulos sem perceber. A televisão faz com que os produtos oferecidos façam parte da nossa realidade, que nos identifiquemos com eles. Ferres (1998) diz que: “Procura-se conferir personalidade ao produto para que o consumidor adquira personalidade através do produto. Procura-se transformar o produto em um símbolo que permita identificar-se com um grupo social assumido como referência, ou sair de um grupo social para tomar como referência um grupo social de nível superior. Consomem-se símbolos mais do que produtos. Ou consomem-se produtos porque precisa-se dos valores que eles simbolizam. E este simbolismo é, além de artificial, inconsciente e, muitas vezes, irracional”. De forma subliminar, ou seja, sem perceber, somos influenciados. O publicitário Jerry Della Femina, de Nova York, resume a questão: “Anunciar é mexer em feridas abertas... Medo. Ambição. Angústia. Hostilidade. Você menciona os defeitos e nós atuamos sobre cada um deles. Nós jogamos com todas as emoções e com todos os problemas, desde aquele de continuar a ser o mais importante até o desejo de ser mais um na multidão. Cada pessoa tem um desejo especial. Se conseguirmos fazer com que um número suficiente de pessoas tenha o mesmo, conseguiremos fazer um anúncio e um produto de sucesso”.

Considerações Finais O presente trabalho fez um apanhado sobre a mensagem subliminar, desde seu conceito até sua aplicabilidade na comunicação social. Estímulos não captados diretamente pelo processamento dos sentidos humanos são uma realidade. A publicidade faz uso desta técnica com aplicações diversificadas desde imagens sobrepostas, mensagens periféricas, merchandising e até mesmo a sonoridade subliminar. Por não serem percebidas pelo nosso consciente humano, não podem ser rejeitadas, tornando-se realmente eficazes. Contudo, os limites legais e implicações jurídicas que circundam a prática de mensagens subliminares constitui-se, de fato, um ponto importante que pode ser considerado em novas pesquisas, uma vez que a exposição a estes estímulos não passa pelo poder decisório do consumidor. Igualmente, estudos que avaliem a real efetividade na


mudança de comportamento dos consumidores expostos a mensagens subliminares, enriqueceriam esta pesquisa.

Referências Bibliográficas Livros: CALAZANS, Flávio. Propaganda Subliminar Multimídia. 3ª ed., São Paulo: Summus, 1992. CITELLI, Adilson. Linguagem e Persuasão. 11ª ed., São Paulo: Ática, 1997. FAE. Disponível em http://www.fae.br/cur_publicidade/Literaturas/2007/Mensagem %20Subliminar.pdf. Acesso em 12/06/2013. FERRÉS, Joan. Televisão Subliminar – Socializando através de comunicação despercebida. Artmed, 1998. GIOVANNINI, Giovanni. Evolução na Comunicação – Do sílex ao silício. Porto Alegre: Nova Fronteira, 1987. KENNETH, J.; GALBRAITH. Anatomia do Poder. 3ª ed., São Paulo: Pioneira, 1986. KEY, Wilson Bryan. A Era da Manipulação. 1ª ed., São Paulo: Página Aberta, 1993. LONGO,Walter; DIAS, Sérgio Roberto. Tudo que você queria saber sobre propaganda e ninguém teve paciência para explicar. 3ª ed., São Paulo: Atlas, 1995.


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