especial d'Orfeu - Clip - Setembro 2009

Page 1

EDIÇÃO ESPECIAL

278 Quinta-Feira | 24 de Setembro 2009 | Ano V | Telefone 234000031 | este suplemento semanal de cultura é parte integrante do Diário de Aveiro www.diarioaveiro.pt

som luz imagem

www.focosonoro.pt focosonoro@sapo.pt fax|tel. 234911241 rua luís camões, 58 3800 - 543 CACIA


02

24 de Setembro 2009

Edição Especial d’Orfeu Associação Cultural

Sextas Culturais, co-produção Águeda 2009 | Couple Coffee, FEV09

festim - festival intermunicipal de músicas do mundo | Manecas Costa, JUL09

Tardada Orelhuda, OUT08

Volta ao Mundo em 1873 Compassos, espectáculo EMtrad’, MAI09

Bebés com Música, EMtrad’, MAR09

festim - festival intermunicipal de músicas do mundo | Amsterdam Klezmer Band , JUL09

Sérgio Godinho no bard’O, JAN09

festim - festival intermunicipal de músicas do mundo | Kepa Junkera, JUL09

Hexa - 6º Ciclo Experimental, MAR09

Povo Que Lavas no Rio Águeda, produção interassociativa, JUL09

Volta ao Mundo em 1873 Compassos, espectáculo EMtrad’, MAI09

festim - festival intermunicipal de músicas do mundo | Hermeto Pascoal, JUN09


03 24 de Setembro 2009

Edição Especial d’Orfeu Associação Cultural

A arte saudável da Cultura A d’Orfeu Associação Cultural, sedeada em Águeda, tem desenvolvido um trabalho cujo mérito tem sido bastante realçado ao longo do tempo. Pelos seus pares na região e no país, entidades no estrangeiro, media e, acima de tudo, por um público que ano após ano reforça os seus laços com as actividades organizadas pela instituição. Esta edição do CLIP, apesar de ser dedicada principalmente ao futuro a médio prazo da d’Orfeu, com destaque para a programação do último trimestre, revela a solidez deste projecto que assenta em três vertentes: formação, criação e produção – para todas as idades. Algo confirmado na entrevista do jornalista Jorge Pires a Odete Ferreira (ver pág. 4), presidente da direcção. Mais: nesta conversa ficamos com a certeza de que toda a experiência adquirida – com momentos bons e menos bons - tem sido aproveitada para um crescimento equilibrado e com saldo bastante positivo, digno de ser copiado por outras paragens em Portugal... A caminho dos 15 anos, já em 2010, deixo mais 5 razões para seguir de perto estes “Trabalhadores da Cultura” na d’Orfeu (na foto, a entrada do seu espaço). DINÂMICA. Constante e durante os doze meses. Basta estar atento ao cartaz da d’Orfeu, para constatarmos que há sempre algo imperdível na sua agenda. E, por conseguinte, nos planos de qualquer indivíduo ávido em satisfazer os seus conhecimentos nas mais diversas disciplinas artísticas. Consulte os vários “links” disponíveis (pág. 5). PROFISSIONALISMO. Num país em que muitos se queixam dos projectos subsídio-dependentes, a d’Orfeu tem demonstrado que todos os apoios recebidos (seja do Estado, Autarquias ou de Mecenas), têm razão de ser. Há uma estrutura pensada e organizada e, definitivamente, com os pés assentes na terra. Até parece que não estamos a falar de algo feito no nosso país... VALORIZAÇÃO DAS GENTES DE ÁGUEDA. Dos vários eventos onde é envolvida a colaboração de outras instituições aguedenses, sem esquecer os muitos anónimos/as da localidade, realce para o «Povo Que Lavas no Rio Águeda», ou seja, a arte de juntar a comunidade numa actividade saudável. Como diria o outro, “Act local, think global”. TESOURINHOS FASCINANTES. São muitas as descobertas que temos oportunidade de ver por iniciativa da d’Orfeu. No meu caso, destaco, por exemplo, as passagens de Kepa Junkera e Leo Bassi (música e teatro/comédia, respectivamente). Das várias dicas apresentadas nesta edição especial para as próximas semanas, não perca «O Gesto Orelhudo» (pág. 8), o «OuTonalidades» (pág.6) e a estreia do «Festival i» (pág. 10). CONVÍVIO. A palavra Festa rima com d’Orfeu. Carlos Araújo (Editor CLIP/Suplemento semanal de Cultura do DIÁRIO DE AVEIRO)


04 Edição Especial d’Orfeu Associação Cultural

blicos nacionais e internacionais. Estavam por se realizar os intercâmbios internacionais que levaram e trouxeram centenas de jovens artistas de Águeda para o estrangeiro e vice-versa. Estavam por se desenvolver os Seminários e os Ciclos Experimentais, momentos-chave de renovação das propostas d’Orfeu. Estavam por se co-produzir, com o município de Águeda, as Sextas Culturais e as grandes produções inter-associativas Rio Povo (2007 e 2008) e Povo Que Lavas no Rio Águeda (2009). Estava por nascer o Festival i, especialmente dedicado aos meninos de todas as idades. Tudo estava por acontecer. E tudo isto levou catorze anos. Outros catorze virão, feitos da mesma ânsia. É que tudo continua por acontecer.

Jorge Pires entrevista

Presidente da Direcção da d’Orfeu Associação Cultural

Como tem sido a "aventura" cultural de estar à frente da d´Orfeu? Integrar a Direcção da d’Orfeu é, a nível pessoal, uma aventura dentro da fabulosa aventura cultural que é a d’Orfeu. É uma viagem em que somos constantemente confrontados com novos desafios, incompatíveis com o conformismo, com tormentas, por vezes vaticinadas por velhos do Restelo ou sopradas por adamastores gigantes. E aí vamos nós em casquinhas de nozes, barra fora, soprados pela brisa do rio Águeda, com música e palavra, assentar arraiais em praias vizinhas, em sítios nortenhos, beirões ou em busca do sal do sul, ousando o resto da Europa, almejando rotas intercontinentais e ficando sempre aquém do sonho. As metáforas traduzem bem a realidade d’Orfeu, onde nunca faltam a ousadia, a coragem, o risco, o sonho, o trabalho árduo, o desencantamento e novamente o encantamento. É sempre assim, quando se ousa a diferença. Já sabíamos, quando nos atrevemos. Ao fim de 14 anos e muitas tormentas, a associação é hoje reconhecida. Foi um caminho difícil de trilhar? O reconhecimento de hoje é uma recompensa pelo trabalho que a equipa d’Orfeu tem desenvolvido ao longo de todos estes anos. O cepticismo relativamente ao valor da Associação, a falta de apoios, a falta de reconhecimento por parte de organismos oficiais e instituições culturais, numa fase inicial, marcaram-nos, angustiaram-nos, mas tiveram o efeito de uma alavanca. Levantámo-nos, fomos obrigados a ir à luta, numa teima constante pelo nosso lugar ao sol, que, ultimamente, tem vindo a aquecer-nos. Hoje, graças sobretudo ao empreendimento da equipa profissional que põe em movimento a máquina d’Orfeu, somos reconhecidos pelos nossos públicos e pelos nossos parceiros, a nível local, nacional e internacional. Mas ali, na rua da Venda Nova, na cidade de Águeda, ninguém descansa à sombra da laranjeira. Não se cruzam braços. Conhecemos o efémero do sucesso, a intranquilidade da cultura, até o abandono de uns fiéis, e, também por isso, estamos sempre na frente da batalha. Como se sustenta uma estrutura que, sendo profissional, acarreta já encargos significativos. Tem sido difícil? Tem havido momentos muito difíceis, em

que a Associação se tem desdobrado em procurar fora o apoio que nos faltava cá dentro, em colmatar a inexistência ou pequenez dos apoios institucionais, calcorreando o país, extravasando fronteiras, mas nunca cruzando os braços, procurando sustentar, deste modo, a actividade e os respectivos encargos da d’Orfeu, que vão desde os vencimentos da equipa profissional até ao aluguer e conservação de instalações, à contínua aquisição de equipamentos, enfim todas as despesas inerentes ao funcionamento de uma estrutura cultural. Isto, na retaguarda dos fortes investimentos em actividades correntes e na qualidade das programações. Em fases de incerteza, foi necessário, por exemplo, prescindir da realização de festivais, daqueles que integram hoje o mapa cultural do país. Quando não se consegue sobreviver no nosso berço, emigrase. Hoje fala-se mais de mobilidade do que de emigração. Talvez seja mesmo mais adequado dizer que a d’Orfeu andava em mobilidade constante, apresentando as suas criações de norte a sul do país. Hoje, continuamos a crescer no país e internacionalmente, mas, graças sobretudo ao actual Acordo Tripartido entre a d’Orfeu, o Ministério da Cultura e as Câmaras Municipais de Águeda, Sever do Vouga, Estarreja e Ovar, e não descurando o apoio dos nossos Mecenas, dirigimos maioritariamente as nossas energias para um público local e regional.

rente e o novo, temos de contar também com a estranheza do público. A aceitação vem posteriormente, quando o público já reconhece e antevê a mais-valia das propostas. Todos sabemos que, a curto prazo, salvo raras excepções, a cultura não se paga a si própria. A cultura deve ser vista como um investimento, quer a nível pessoal, quer a nível colectivo. A uma estrutura como a d’Orfeu compete formar-se e formar públicos de diferentes níveis etários, desde o infantil e escolar ao adulto, apresentando-lhes a contemporaneidade cultural no âmbito de artes performativas. O conhecimento, sempre actualizado, dos valores emergentes e dos produtos de excelência no domínio das músicas do mundo ou das novas artes transdisciplinares, com fusão de teatro, música, poesia, novo circo, vídeo, novas tecnologias, bem como a garantia de um trabalho diferenciador na formação e na criação, necessitam de uma dedicação e actualização contínuas. Compete-lhe ainda a procura de novos mercados para os seus produtos culturais, requerendo-se uma prospecção cultural constante, para evitar a estagnação. Esta actualização permanente dos profissionais representa um investimento, que deve ser apoiado, com benefícios económicos e culturais diferenciados para os públicos e para as comunidades beneficiadas.

É possível transformar os agentes dinamizadores culturais em estruturas auto-sustentáveis ou é inevitável que existam apoios estatais para ser possível manter uma dinâmica forte e empreendedora?

Os caminhos da d’Orfeu continuam a assentar em três grandes vertentes: formação, criação e produção. Dentro destas três vias cabem itinerários múltiplos, que se vão criando, numa perspectiva dinâmica de desenvolvimento sustentado, sim, mas com a pesquisa de novos horizontes, ultrapassando velhas barreiras. Para entendermos melhor as perspectivas futuras da d’Orfeu, pensemos na actividade cultural da d’Orfeu, no seu início. Reflexiva. Pesquisadora. Angariadora de espólio e conhecimento. Como a procurar o seu norte. Criativa, sim, mas, obrigatoriamente, algo ingénua, com a insegurança dos primeiros passos. Estavam por nascer os grandes festivais como O Gesto Orelhudo, o OuTonalidades, os Festivais Temáticos de Músicas do Mundo e, agora, o festim. Estava a formação em músicas tradicionais por, primeiro, se implantar de tal forma que hoje não se concebe a d’Orfeu sem ser escola e por, depois, garantir a abrangente oferta formativa que hoje se conhece na EMtrad’. Estavam por circular as criações próprias, que tanto assumem muita da cooperação com instituições locais como conquistam pú-

Entendo que são necessárias ambas as vertentes. Uma estrutura cultural deve rentabilizar todos os seus recursos criativos, pedagógicos, patrimoniais, no sentido de se tornar cada vez menos subsídio-dependente, mas isso não deve impedir que a cultura, como motor de desenvolvimento individual e social, seja apoiada pelo poder central, tal como sucede com outras actividades produtivas ou de cariz marcadamente social. Recordemos a importância que a cultura tem no PIB dos países mais desenvolvidos. Ainda recentemente o Ministro da Cultura afirmava, em entrevista televisiva, a relevância crescente da cultura na formação e na economia do nosso país. Por outro lado, e referindo a instituição que represento, a d’Orfeu não é intérprete de uma cultural dita ‘comercial’, essa facilmente rentabilizável. Quando se dá a conhecer o dife-

24 de Setembro 2009

Para onde caminha a d´Orfeu?

Perante este desenvolvimento quem se atreverá a desenhar, com precisão, o roteiro cultural da d’Orfeu nos próximos tempos? O novo e a raiz são os grandes esteios da d’Orfeu.


05 24 de Setembro 2009

Edição Especial d’Orfeu Associação Cultural

Vox Populi

01 O que significa para si a d’Orfeu? 02 Qual o seu “momento” d’Orfeu?

d’Orfeu na web www.dorfeu.pt dorfeu.blogspot.com twitter.com/dorfeu dorfeu.hi5.com picasaweb.google.com/fotosdorfeu youtube.com/user/dOrfeuAC

Formação emtrad.blogspot.com coroinfantilemtrad.blogspot.com

Criações myspace.com/toquesdocaramulo myspace.com/monologoaduasvozes myspace.com/tiobitle

Carla Ladeira, Terapeuta da Fala Ílhavo

Rui Neves, professor universitário Águeda

Nataliya Umanska, estudante Águeda

1. Eu vejo a d’Orfeu como um factor determinante no

1. A d'Orfeu é um mix de instituição cultural, cruzada

1. A associação cultural d’Orfeu é a união de centenas de

Eventos

desenvolvimento de oportunidades, acontecimentos,

com incubadora de projectos e centro de cidadania ac-

pessoas de várias idades, a revelação de novos talentos,

eventos, aprendizagens que, até então, estavam mais

tiva com vanguarda da "boa marginalidade cultural e

a oportunidade para jovens aprenderem a cultura tanto

www.festim.pt picasaweb.google.com/festim09

circunscritas aos grandes centros urbanos. A d’Orfeu

musical". Mais do que a empresa cultural que descobre e

portuguesa como de outros países. Sou sócia da d’Orfeu

remexeu a terra e as gentes de cá, despertando os espíri-

promove bons e inovadores espectáculos musicais, im-

há praticamente 3 anos e ao longo deste tempo vi deze-

tos criativos, a vontade de partilhar e conhecer mundo

porta salientar o seu estatuto de desassossego cultural

nas de espectáculos organizados pela d’Orfeu, alguns

através do outro, da sua arte e cultura. A d’Orfeu ajudou

que se deve manter para lá das políticas locais, regionais

em colaboração com a CM de Águeda e com outras as-

a aproximar mundos, mostrando que afinal é nosso o

e nacionais de apoio. A d'Orfeu é hoje uma marca cul-

sociações registadas em Águeda. Espectáculos como o

que temos e o que temos somos nós, pessoas cheias de

tural de qualidade, que mantém um elevado nível nas

festival “O Gesto Orelhudo” junta cidadãos de Águeda

potencial, capazes de mudar o mundo, criando opor-

suas iniciativas culturais, não podendo compadecer-se

num ambiente totalmente tranquilo, cheio de diversão

tunidades para tal. A cultura, legado identitário das

com circunstancialismos políticos de natureza bacoca e

e novos conhecimentos. A d’Orfeu é mesmo uma das

civilizações, é central e não periférica na importância da

paroquial.

poucas associações culturais que permite a diversão de

vida em sociedade.

em várias áreas. 2. É difícil falar em "momento d'Orfeu", porque o meu

mais frenético e que retive especialmente na minha

entendimento pessoal da natureza deste projecto cul-

2. A melhor experiência que tive com a d’Orfeu foi,

memória chama-se “Instintos Ocultos”, do italiano

tural no contexto local e regional, não se esgota em mo-

sem dúvida, ter participado no 4º Ciclo Experimental

Leo Bassi, inserido na programação do festival “O gesto

mentos. A d'Orfeu vale e significa, não pelos somatórios

da d’Orfeu. Foi uma experiência inesquecível, pois tive

Orelhudo” há dois anos.

de momentos, mas antes pelas relações dos momentos.

oportunidade de descobrir a arte do teatro, interpretan-

E aqui talvez, salientasse um vector de "descoberta,

do uma personagem da peça “O Lixo”. Durante o Ciclo

identificação e promoção" de vozes, músicas e espec-

conheci muitos talentos de cidades vizinhas de Águeda

táculos inovadores. São momentos de privilégio, para

e consegui fazer amizades. Foi o início da minha vida

quem frequenta "a tenda da d'Orfeu" com regularidade

junto à d’Orfeu.

como eu. Apesar de tudo (se obrigado a isso) destacaria o "momento Fanfare Ciocarlia".

João Paulo Granada, cozinheiro, colaborador de programas de autor/rádio Aveiro João Nuno Silva, estudante Albergaria-a-Velha

1. Pessoalmente, tem sido importante no meu contacto com vários artistas de diversas áreas, seja em Portugal

1. Para mim a d’Orfeu é o meu refúgio onde eu posso es-

e do estrangeiro. No fundo, ao longos destes anos, tem Associação Cultural.

myspace.com/outonalidades myspace.com/outonalidades08

pessoas no seu pequeno espaço e dá formação a jovens

2. Dos vários espectáculos a que assisti, aquele que foi

provado o que significa realmente estas duas palavras:

povoquelavasnorioagueda.blogspot.com picasaweb.google.com/rioagueda riopovo.blogspot.com riopovo2008.blogspot.com

José Gamelas, Investigador auxiliar (UA) Aveiro

quecer tudo a minha volta. Faz parte do meu ser desde há quatro anos. Na d’Orfeu fiz amizades e espero continuar a fazê-las, contudo foi esta associação cultural

2. Não posso mencionar um em especial, pois a oferta

1. Para mim, a d’Orfeu tem-se caracterizado por uma

que me ensinou tudo o que sei da concertina. É engra-

cultural da d’Orfeu além da quantidade tem igualmente

variedade de eventos/fenómenos ligados a actividades

çado quando digo que eu não queria ir para a d’Orfeu.

um grande peso em qualidade. No entanto, realço

do espectáculo e da cultura, onde a organização no geral

Ao princípio fui um mês à experiência para ver como era

numa das edições do “Gesto Orelhudo”, no seu encer-

tem sido pontuada com elevado profissionalismo. Tem

e foi o tempo necessário para "ficar viciado". Esta asso-

ramento, um momento especial com o concerto que

contribuído também bastante no aspecto da formação.

ciação é tanto para mim que eu nem sei o que faria sem ela. Um muito obrigado pelo que me ensinaram até hoje.

juntou no palco os Galandum Galundaina e os Toques do Caramulo, em que mais de cem músicos actuaram

2. The Dhoad Gypsies from Rajasthan (Índia), em Junho

em palco. Foi, sem dúvida, um momento difícil de es-

de 2008, no “Solstício de Orfeu”, não só pela música,

2. O meu momento d’Orfeu foi no espectáculo “Volta

quecer. Mas posso também mencionar momentos mais

mas especialmente pelo ambiente que se criou no Es-

ao Mundo em 1873 Compassos", o espectáculo que mais

intimistas como o brasileiro Renato Borguetti, na altura

paço d’Orfeu. Renato Borghetti e Kepa Junkera foram

me ensinou a ter auto-confiança em cima de um palco.

quase desconhecido em Portugal, ou Niño Y Pistola num

concertos que também me deixaram excelentes re-

Contudo, os meus momentos d’Orfeu foram muitos,

ambiente mais ‘pop’.

cordações.

sendo que estou na d’Orfeu há cerca de 4 anos.

CONTACTOS d’Orfeu Associação Cultural Rua Engº. Júlio Portela, 6 3750-158 Águeda PORTUGAL N40.57376º W8.44616º tel. +351 234 603 164 fax +351 234 604 842 dorfeu@dorfeu.pt


06

Edição Especial d’Orfeu Associação Cultural

24 de Setembro 2009

O Outono ao vivo e a cores O Outonalidades regressa para a 13ª edição sem superstições. O circuito volta a percorrer Portugal e Galiza, através de uma alargada rede de espaços que abrem portas à música que se faz, em cada caso, além do Minho. De 24 de Setembro a 19 de Dezembro, durante 13 finsde-semana, o programa apresenta 74 concertos de 33 grupos em 24 espaços, no maior programa de sempre do OuTonalidades.

experimental às músicas do mundo. A festa e a diversidade são marcas distintivas das programações do OuTonalidades, evento rotativo de música ao vivo que começou por ser, há treze anos, um pequeno circuito local de bares em Águeda, cidade que continua a ser o epicentro do circuito agora luso-galaico.

Em território português, o OuTonalidades alarga a sua rede que, nesta edição, se estende a 15 espaços de música ao vivo por todo o país. Literalmente de norte a sul do país, o evento passa por Chaves, Guarda, Amarante, Porto, Ovar, Estarreja, Aveiro, Águeda, Tondela, Fundão, Torres Novas, Évora e Tavira. A cooperação iniciada em 2008 entre o OuTonalidades e a Rede Galega de Música ao Vivo, circuitos congéneres dos dois lados da fronteira, proporciona agora a presença de 7 grupos portugueses na Galiza e 11 grupos galegos em Portugal, num total de 47 concertos em regime de intercâmbio. O cartaz deste ano, de um ecletismo crescente, apresenta 33 grupos, entre portugueses e galegos, de géneros que vão do jazz ao tradicional, do rock ao fado, do ska aos blues, do

Diversidade e diversão na formação A 1 de Setembro deu início a nova temporada da EMtrad’ - Escola de Música Tradicional, com a continuidade de uma série de propostas para o ensino da música tradicional em Águeda. Além do Curso Tocata (para todas as idades e níveis de aprendizagem), continuam as Aulas Grátis Semanais, o Coro Infantil, as Bolsas de Estudo e o apoio aos grupos folclóricos. Setembro marca o arranque do novo ano lectivo na Escola de Música Tradicional, área da d’Orfeu que centra em Águeda uma oferta formativa única no ensino de instrumentos tradicionais. A EMtrad’ acolhe alunos de todas as idades, garantindo o compromisso pedagógico de iniciação às crianças e jovens de Águeda, a par de uma procura por parte de músicos de todas as gerações e origens geográficas. O programa de apoio à formação, em parceria com a Câmara Municipal e que prevê condições especiais para os tocadores oriundos dos Grupos Folclóricos do concelho de Águeda, continua em vigor na nova temporada.

Além das aulas regulares, continuará a abrir-se a porta às quartas-feiras às 19h00, para o SOS musical. A Aula Grátis Semanal é um momento de música livre, jogos musicais, consultas para tirar dúvidas, experimentar instrumentos ou estudar técnicas. Um formador atende todos os alunos de ocasião, sem rastreio ou sala de espera. Sempre às quartas-feiras, sem inscrições, de participação totalmente livre e grátis. Aos sábados de manhã, prossegue o Coro Infantil EMtrad’ que aceita a participação de novos pequenos cantores entre os 6 e os 13 anos. As inscrições são livres e gratuitas. O Coro Infantil é um espaço onde se pode experimentar, partilhar e brincar com a voz, explorando as suas potencialidades através de canções tradicionais infantis, sejam locais, nacionais ou até do mundo. Para os jovens talentos com dificuldades económicas, a d’Orfeu promove pelo terceiro ano consecutivo um pacote de Bolsas de Estudo para alunos carenciados de indiscutível mérito ou potencial, permitindo-lhes deste modo frequentarem a sua formação em condições especiais, sendo também social a missão pedagógica da d’Orfeu. O ensino da música tradicional na d’Orfeu continua, através das suas propostas, a comprovar os méritos de uma acção pedagógica virada para a vivência prática da música e para os processos dinâmicos de reinvenção do património musical tradicional, através do reforço dos resultados da EMtrad’ - Escola de Música Tradicional.

PROGRAMAÇÃO OUTONALIDADES NA REGIÃO

OUT Mistura Pura, Contagiarte, PORTO OUT Fases da Lua, Mercado Negro, AVEIRO OUT Paul da Silva, Bar do Cine-Teatro de ESTARREJA NOV Banda Potemkin, Bar do Cine-teatro de ESTARREJA NOV Chauffeur Navarrus, Bar-concerto do Centro de Arte de OVAR NOV Som do Galpóm, Bar do Cine-Teatro de ESTARREJA NOV Bukowski Blues Trio?, Mercado Negro, AVEIRO NOV Fadomorse, Bar do Novo Ciclo ACERT, TONDELA NOV Carmen Dor, Bar do Cine-Teatro de ESTARREJA NOV Alo Django, Contagiarte, PORTO NOV Alo Django, Bar do Cine-Teatro de ESTARREJA NOV Lamatumba, Bar do Cine-Teatro de ESTARREJA DEZ Portrait, Bar do Cine-Teatro de ESTARREJA DEZ Portrait, Bar-concerto do Centro de Arte de OVAR DEZ Modulok Trio, Bar do Cine-Teatro de ESTARREJA DEZ Alo Django, Mercado Negro, AVEIRO DEZ Son+d2, Bar do Novo Ciclo ACERT, TONDELA DEZ Noiserv, Bar do Cine-Teatro de ESTARREJA


07 24 de Setembro 2009

mĂşsica


08 24 de Setembro 2009

Edição Especial d’Orfeu Associação Cultural

O Gesto Orelhudo: ver música a rir O Gesto Orelhudo é, por excelência, um festival dedicado à fusão transdisciplinar. Dizse, por aí, da musicomédia, termo nascido da orelhuda ideia de casar a música e o humor. Não tão-só. A diversidade das propostas de programação está, uma vez mais, à vista: do intimista ao hilariante vai a distância de uma orelha à outra. E vice-versa. Sempre com uma louca capacidade de surpreender.

os tempos das incertezas), o Festival “O Gesto Orelhudo” começa a não caber em si mesmo, não só ao nível dos espaços – e da tenda ninguém o tira! - mas, especialmente, das propostas de programação. E dá à luz um filho: um festival para o público infantil e familiar, que vai agora gatinhar. Dêmos-lhe tudo o que precisa para crescer, começando pelo aconchego do público orelhudo.

A singularidade de cada um dos espectáculos desta edição tem tudo para merecer o intenso entusiasmo com que o público vive as maratonas orelhudas, uma semana a fio. Ao atingir a 8ª edição (5ª consecutiva, passados

Que se repita o brilhantismo, a admiração e a completa rendição do público que faz de Águeda o seu destino diário, durante uma semana, por causas exclusivamente culturais. Seja este, um Gesto Orelhudo de eleição!

SEXTA, 2 Outubro

SÁBADO, 3 Outubro

21h30, Cine-Teatro São Pedro Michel Lauzière (Canadá) Uma estrela mundial do Youtube na abertura!

21h45, Espaço d’Orfeu Poemas Visuales, Cía. Jordi Bertran (Espanha) Criativo espectáculo visual traduzido à letra!

O canadiano Michel Lauzière é uma rara combinação de inventor, músico e comediante. Os engenhosos e bizarros instrumentos musicais que concebeu ao longo de anos fazem de Lauzière uma autêntica celebridade na internet. Entre outros incríveis e surpreendentes números, a sua imagem de marca é o insólito fato de buzinas com que toca qualquer grande peça de música clássica. A abertura do 8º Festival “O Gesto Orelhudo” ficará marcada pelas excentricidades que esta estrela internacional revelará em Águeda. 23h45, Espaço d’Orfeu Clown in Libertá, Teatro Necesario (Itália) Musicomédia à solta na tenda!

Três clowns à solta ficam radiantes perante a diversão do público com as suas incríveis habilidades. E arriscam o número seguinte. Além disso, são músicos, como se quer n’O Gesto Orelhudo. Este concerto ao vivo não se interrompe ‘quase’ nunca, nem mesmo durante as acrobacias mais inimagináveis.

Quem disse que a simplicidade não pode ser espectacular? A prova disso é este espectáculo de marionetas (e um guitarrista) da Companhia Jordi Bertran, uma das mais criativas a nível internacional. O músico estabelece uma terna relação com pequenas letras de espuma que, uma a uma, manipuladas com varetas, ganham vida própria e criam um universo cheio de personagens e grande humor. O público vai ficar espantado com este universo sensível e poético de absoluta simplicidade.

QUARTA, 7 Outubro 21h45, Espaço d’Orfeu Africanízate (Galiza / Guiné-Bissau) Grandes criadores riem do choque de culturas!

Um europeu e um africano descobrem, com ironia, que têm muito mais em comum do que pensavam, partindo de uma visão altamente cómica da morte. Africanízate exercita a vida e o mundo com um ritmo mais humano, maisz... africano. Este espectáculo é um autêntico exercício de risoterapia ministrado pelo consagrado humorista galego Carlos Blanco e pelo extraordinário músico guineense Manecas Costa. Uma das grandes propostas desta edição.

QUINTA, 8 Outubro 23h45, Espaço d’Orfeu SMS, Microband (Itália) Dupla musicómica que nunca é demais rever!

Ei-los de volta. Os Microband apresentam agora o seu novo espectáculo “Strange Music Symphony”, criado com a receita de sempre: uma grande mímica, um perfeito sincronismo musical, musicomédia pura! Esta estranha sinfonia é uma partitura vertiginosa de surpreendentes interpretações, com a originalidade e estupenda criatividade dos Microband.

TERÇA, 6 Outubro 21h45, Espaço d’Orfeu Mamã?!, Peripécia Teatro Uma barrigada de comédia músico-teatral

A originalidade dos Moriarty dá um toque de diferença ao alinhamento desta 8ª edição do festival. O som é inebriante, uma mistura feliz de country, folk, blues e cabaret. Formada em Paris no virar do milénio, esta banda norte-americana tem um registo irreverente e genial, tornando os seus concertos ao vivo numa experiência única. O crescente fenómeno de culto pelos Moriarty terá importante teste junto do público orelhudo: teatral na medida certa, este é um concerto para desfrutar. Esquecer tudo e focar o palco. Íman puro, a imagem dos Moriarty. A começar por uma luminosa e intensa Rosemary ao microfone.

SEXTA, 9 Outubro 22h00, Espaço d’Orfeu Dá-lhe Falâncio, Homens da Luta As músicas da crise num espectáculo em alta!

23h00, Espaço d’Orfeu The Hot Potato Syncopators (UK) Anos loucos do swing por um trio very british!

No palco ou na rua, aparecem como verdadeiros gentleman, de smoking, mas perante os instrumentos que tocam, não podem ser totalmente levados a sério. Essa pseudo-formalidade dá espaço ao requinte musical dos velhos jazz e swing, mas não se esquiva a contínuas peripécias visuais de um intrigante humor. Porventura britânico. Mas irresistível.

21h45, Espaço d’Orfeu Moriarty (EUA) Teatral qb, um concerto alternativo no festival!

Este espectáculo, na linha do brilhante humor visual dos Peripécia, tem como mote principal o momento de pânico de uma bailarina de cabaret provocado por um teste positivo de gravidez. Mas ao contrário do drama previsível, a actriz vê-se enredada em cenas cómicas e delirantes, contracenando com um clarinetista que ora a persegue, ora dela escapa, guiando-a pela narrativa do seu próprio ‘embaraço’. Noelia Dominguez dá vida a um clown, personagem central deste espectáculo que pretende dar à luz um humor universal, belo, louco e absurdo.

Neto e Falâncio são os homens da luta, personagens centrais deste concerto, um a vociferar ao megafone sobre os direitos da classe operária e o outro a cantar o inconfundível “kirikirikirikiriki”, a sua imagem de marca. Entre temas originais e pérolas do tempo em que a canção era uma arma, este é um espectáculo de nostalgia humorística do pós 25 de Abril: da indumentária ao vocabulário, tudo remete para uma veia revolucionária datada no tempo, mas que a crise actual consegue invocar sem favor. E o povo, pá? O povo vai ver um dos mais divertidos concertos do ano.


09 24 de Setembro 2009

Edição Especial d’Orfeu Associação Cultural


10 Edição Especial d’Orfeu Associação Cultural

O festival i vem aí!

Nos próximos dias 4 e 5 de Outubro (domingo e segunda-feira feriado), apresenta-se a mais fresca novidade do calendário cultural d’Orfeu: o Festival i, um evento dedicado ao público infantil e familiar, após as bem sucedidas experiências pontuais de programação para este segmento nos últimos dois anos. Na sua 1ª edição, o Festival i quer provocar uma profunda relação artística com miúdos e graúdos, através de uma programação educativa e pedagógica, em que o entretenimento e a experimentação sejam estímulos à criatividade.

24 de Setembro 2009 Uma experiência interactiva familiar, um concerto lúdico para bébés e respectivos papás e mamãs, no local habitual.

O programa, nonstop em ambos os dias, apresenta a consagrada Companhia do Chapitô, as marionetas das companhias SA Marionetas e do catalão Jordi Bertran, o projecto de percussão Crassh, as danças de Carlos Alves com coros infantis, as novas tecnologias da Miso Music, a excentricidade de Niño Costrini, os chapéus de Oswaldo Maggi, os contos infantis do Pinto Pançudo e ainda, pelas manhãs, duas dife-

rentes propostas artísticas para bebés. O festival decorrerá em vários espaços, todos num perímetro próximo, para uma plena vivência artística das famílias pelo centro da cidade. Um amplo esforço de adaptação dos equipamentos existentes às necessidades técnicas e artísticas dos espectáculos faz com que o festival i, além de 2 tendas no Espaço d’Orfeu, passe também pela natureza viva do Parque da Alta Vila, pela Biblioteca Municipal novinha em folha e também pela antiga no Adro, pelo aconchegado Teatro de Bolso da Casa do Adro, pelo Auditório do CEFAS e até pela escadaria do Tribunal. As crianças não são só os públicos do amanhã, são-no já hoje! Para elas, a d’Orfeu pensou um festival imaginativo, intenso, inteligente e inspirado, o Festival i. É neste esforço crescente de qualificação e alargamento de novos públicos, alcançado também com propostas específicas junto do público infanto-juvenil, que a d’Orfeu persiste na sua missão de promover a coesão social, com práticas e experiências culturais contínuas e abertas a toda a comunidade.

17h30, Espaço d'Orfeu - tenda principal História do Rock Gira Sol Azul

14h30, Auditório do CEFAS Tubic SA Marionetas & Sérgio Carolino

Marionetas ao som de uma tuba tocada ao vivo. Do silêncio às gargalhadas, Tubic substitui as palavras pelo diálogo musical. 15h30, escadaria do Tribunal Costrini Comedy Show Niño Costrini (Argentina)

Comédia, novo circo e malabarismo em plena rua, por um artista que espalha o riso em festivais por todo o mundo. 16h30, Espaço d'Orfeu - tenda 2 Baile das Crianças Carlos Alves & EMtrad’/ARCEL Uma grande roda e as canções infantis mais populares de todas as infâncias. Participação livre para tocar, cantar e dançar sem parar. em simultâneo: 16h30, ex-Biblioteca do Adro Histórias com Chapéus (ver programa da véspera)

DOM, dia 4 11h00, Casa do Parque da Alta Vila O Baú do Bebé Sebastião Antunes & Pinto Pançudo

15h30, nova Biblioteca Municipal Contos Contados com Som Miso Music

Uma forma criativa de conhecer a evolução deste género ao longo de décadas. Um concerto rock em interacção com miúdos e graúdos.

17h30, Espaço d'Orfeu - tenda principal Crassh playing like Stomp Crassh

18h30, Auditório do CEFAS Agora Eu Era Companhia do Chapitô

Combinação única de percussão, movimento e comédia visual, por um projecto emergente de criação músico-teatral. 18h30, Auditório do CEFAS Antologia Cía. Jordi Bertran (Barcelona)

Pequenas histórias contadas com o auxílio de novas tecnologias do som, amplificando o imaginário das palavras. Para ver com os ouvidos. Abre-se um baú. Dele se libertam sons, luz, música, canções e brincadeiras para os pequerruchos espectadores de colo. 14h30, Teatro de Bolso da Casa do Adro Romance da Raposa Sebastião Antunes & Pinto Pançudo Matreira recriação da conhecida história infantil, contada por Isabel Gonçalves, com canções ao vivo do músico Sebastião Antunes.

16h30, ex-Biblioteca do Adro Histórias com Chapéus Oswaldo Maggi O acto de colocar um chapéu na cabeça transforma a hierarquia em fantasia. Jogos de personagens. Um apelo à imaginação e criatividade.

em simultâneo: 16h30, Espaço d'Orfeu Baile das Crianças (ver programa do dia seguinte)

Um contrabaixo que se transforma em porta. E agora eu era qualquer coisa que quisesse. Teatro visual e musical com o carimbo Chapitô.

SEG, dia 5 11h00, Casa do Parque da Alta Vila Bebés com Música d'Orfeu

As surpreendentes marionetas da companhia catalã mostram o mundo através das suas personagens. Chave de ouro para fechar!


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.