Apostila de Umbanda - Vol. 1

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Iniciação à Umbanda – Tenda de Caridade Vovó Luíza

AGRADECIMENTO ¨Meus sinceros agradecimentos a todos os GUIAS ESPIRITUAIS da TENDA DE CARIDADE VOVÓ LUÍZA, em especial aos meus padrinhos espirituais PAI JOAQUIM DA BAHIA e VÓ MARIA DO CONGO que muito já fizeram e ainda fazem por mim”.

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ÍNDICE 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18. 19. 20. 21. 22. 23. 24.

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A UMBANDA PRECEITOS BÁSICOS DA UMBANDA OS 7 MANDAMENTOS DA UMBANDA DECÁLOGO DO UMBANDISTA HINO DE UMBANDA MEDIUNIDADE A MEDIUNIDADE NA UMBANDA NA UMBANDA OS MÉDIUNS SÃO DE INCORPORAÇÃO SERÁ QUE O MÉDIUM SABE QUE PODE SE PREPARAR MELHOR PARA O DIA DOS TRABALHOS ESPIRITUAIS? QUEDAS E FRACASSOS DO MÉDIUM AS SETE LÁGRIMAS DO PAI-PRETO APARELHOS UMBANDISTAS... ALERTA! ORIXÁS - AS SETE LINHAS OU VIBRAÇÕES CARACTERÍSTICAS DOS FILHOS DOS ORIXÁS FORMA E APRESENTAÇÃO DOS ESPÍRITOS NA UMBANDA A DEFUMAÇÃO: SEUS EFEITOS ASTRAIS E FÍSICO BANHOS A PEMBA AS VELAS PONTOS EXÚ, O AGENTE MÁGICO UNIVERSAL AS POMBAS-GIRAS PRECE DE EXÚ DÚVIDAS DO DIA-A-DIA BIBLIOGRAFIA

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1 – A UMBANDA Umbanda é Religião, Magia e Ciência. A palavra Umbanda significa uma banda, um lado, o lado de DEUS. Nota: a Umbanda é Monoteista . Esta prece exemplifica claramente no que está fundamentada a crença da Umbanda. CREDO ESPÍRITA Creio em Deus, Pae Todo Poderoso, Inteligência Suprema do Universo e Causa Primária de todas as cousas. Imutável, Único, Justo e Bom e, em Jesus Cristo, que por Ele nos foi enviado para dar-nos o exemplo de Humildade, Justiça, Amor, Caridade; que desceu a este planeta de expiação onde foi crucificado, para que pudesse espargir sobre a humanidade Sua Luz Bendita, farol que iluminará pela consumação dos Séculos. Creio no Progresso Espiritual, na alta Filosofia Espírita, na Comunicação dos Espíritos, no Regaste de Nossas Faltas, na Imortalidade da Alma e na Lei da Reencarnação. A Umbanda tem por finalidade a caridade pura. Não é atimitido na umbanda se cobrar nenhum centavo qualquer por qualquer tipo de trabalho. 2 – PRECEITOS BÁSICOS DA UMBANDA Apesar de alguns ritos diferenciados, a Doutrina da Umbanda, contudo, é uma só. Pode-se resumir-la em dez credos: 1. Na existência de um Deus, Único, Onipotente, Onisciente, Criador de todas as coisas, irrepresentável sob qualquer forma e adorado sob o nome de Zambi 2. Em Entidades Espirituais, em plano superior de evolução, que não necessitam de novas reencarnações, responsáveis pela organização dos mundos e dos seres que neles habitam. São os Orixás e os Santos, chefes de Linhas e Falanges, executores diretos da Vontade Divina. Entre eles, Oxalá, o Cristo Planetário da Terra e, como tal, o primeiro na hierarquia deste planeta. 3. Em Guias Espirituais e Protetores, sábios, poderosos e bondosos, porém necessitados ainda de reencarnações para seu aperfeiçoamento. São os mensageiros dos Orixás e Santos. 4. Em Seres da Natureza e nas energias cósmicas que, manipulados com sabedoria e bondade, sob a força de magia, auxiliam a peregrinação do homem. 5. Na imortalidade do Espírito, sobrevivendo à morte física, a caminho da evolução. 6. Na reencarnação, possibilitando o aprendizado e aprimoramento do Espírito. 7. Na Lei do Carma, instituindo que cada ação gera uma reação oposta e da mesma intensidade. 8. Na necessidade do ritual como elemento mágico e disciplinador. 9. Na prática da mediunidade, sob as mais variadas modalidades, com o objetivo de caridade material e espiritual. 10. No respeito às demais religiões, porque todas constituem caminhos de progresso espiritual que conduzem a Deus.

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3 – OS 7 MANDAMENTOS DA UMBANDA 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7.

Não fazermos aos nossos semelhantes aquilo que não desejamos que nos seja feito; Não cobiçarmos o que pertence a outrem; Socorrer sempre os pobres necessitados; Não falar mal de quem quer que seja, não criticar as ações alheias; Cumprir honestamente o dever, embora com sacrifício; Evitar a companhia de pessoas de má conduta, dos desonestos e evitar o mal; Respeitar todas as religiões.

4 – DECÁLOGO DO UMBANDISTA Responder: 1. Ao Mal com o BEM; 2. À Intolerância com a FRATERNIDADE; 3. À Calúnia com o PERDÃO; 4. À Incredulidade com a FÉ; 5. À Indiferença com a CARIDADE; 6. À Arrogância com a HUMILDADE; 7. À Intriga com a COMPREENSÃO; 8. À Descrença com a ESPERANÇA; 9. À Perseguição com a TOLERÂNCIA; 10. Ao Ódio com o AMOR. 5 – HINO DE UMBANDA Refletiu a luz divina Em todo seu esplendor Vem do reino de Oxalá, Onde há paz e amor Luz que refletiu na terra, Luz que refletiu no mar Luz que veio de Aruanda Para tudo iluminar A É É E

Umbanda é paz e amor um mundo cheio de luz força que nos dá vida à grandeza nos conduz

Avante, filhos de fé, Como a nossa lei não há Levando ao mundo inteiro A bandeira de Oxalá 6 – MEDIUNIDADE Qualquer que seja a espécie de mediunidade, poderá ela se apresentar de uma das quatro maneiras à baixo, ou em outras palavras poderá estar em quatro estados: latente, progressivo, ostensivo e desenvolvido ou adestrado. NO ESTADO LATENTE: a mediunidade ainda não se manifestou, isso é, ainda não foi constatada visivelmente. Somente poderá ser verificada por um exame meticuloso ou aceitar por suposição.

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NO ESTADO PROGRESSIVO: a mediunidade começa a se manifestar ou já apresenta-se mais ou menos verificável. NO ESTADO OSTENSIVO: a mediunidade se apresenta em toda a sua pujança e, assim facilmente constatada. Problemas. NO ESTADO DESENVOLVIDO: finalmente, a que se denominaria adestrado ou educado, a mediunidade se apresenta em seu máximo grau de intensidade e com sua mais acentuada produtividade. É nesse estado que as Entidades após dar seu ponto riscado, passam à atender os consulentes. 7 – A MEDIUNIDADE NA UMBANDA "O dom mediunico é o despertar dos dons naturais latentes no próprio ser e inerentes à compromissos feitos na espiritualidade antes do encarne que na sua complexidade vai de causas até os efeitos." À medida que o ser evolui e moraliza-se,ele adquire maiores faculdades psíquicas e consequentemente aumenta sua percepção espiritual.Há muitos irmãos ainda que atrasados e moralmente incapazes de discenir a faculdade inerente do ser,a Espiritualidade concede a faculdade mediunica para que através dela,o ser encarnado possa se lapidar dos erros pretéritos e ao mesmo tempo fazer com que haja um elo de ligação entre o Plano Espiritual e o Plano Físico.Esta simbiose faz com que haja homogeinidade entre os dois planos,observando o fator primordial que é o grau vibracional(mental, astral e físico) do médium. A mediunidade não é um fenômeno de nossos dias.Sempre existiu desde quando existe o homem,pois, através dela que o Astral Superior pode interferir na evolução do mundo,orientando,guiando,protegendo e dando inspirações e ensinamentos necessários.Não podemos deixar de mencionar o fato que os Guias da Astralidade servem de elementos decisivos para que estas metas sejam realizadas. É bem verdade que antigamente a mediunidade na era conhecida e generalizada nos seus aspectos práticos, nem por isso deixou de ser admitida,estudada e usada para o bem coletivo.Desde as tribos primitivas onde a mediunidade era somente exercida pelos pajés iniciados,passou pela Grécia,Egito,Índia,Pérsia e Roma onde nas escolas e templos iniciáticos,começaram todo um trabalho de preparação e conscientização dos fatores intrísecos do ser,proporcionando na era atual,uma conscientização maior da humanidade gerando assim,várias correntes que direta ou indiretamente contribuem para o despertar do movimento conscencional da humanidade. A mediunidade se apresenta em aspectos muito complexos no qual não nos ateremos.Somente tentaremos descrever os aspectos mais comuns,começando por estes dois tipos: Mediunidade Natural; Mediunidade Probatória; Na Mediunidade Natural o espírito já adquiriu suas faculdades maiores.É senhor de uma sensibilidade apurada porque já está num estado de evolução maior,que lhe permite atuar em planos superiores. Na Mediunidade Probatória,foi dado ao médium uma condição psico-etérico-astral que lhe permite servir de instrumento para o Astral Superior e suas manifestações.Este tipo de mediunidade existe devido às dívidas cármicas adquiridas no passado e, trabalhando na Seara Mediunica faz com que o ser possa quitar seus débitos. Ainda • • •

podemos subdividir estas divisões em: Mediunidade Consciente; Mediunidade Semi Consciente; Mediunidade Inconsciente;

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Mediunidade Consciente - A entidade que quer se comunicar,aproxima-se do médium e telepaticamente transmite o conteúdo que quer anunciar.Não tendo contato perispiritual,o médium recebe telepaticamente e com sua palavras e o próprio modo de ser, transmite as idéias com maior ou menor clareza e fidelidade,dependendo do estado psíquico do médium,que após tê-la retransmitido,não poderá mais influir na retransmissão,pois o espírito não poderá agir senão sobre o pensamento do médium. Este fenômeno não deve ser confundido com o processo intuitivo pois se manifesta como inspiração momentânea.Este tipo de mediunidade é muito usada por poetas,escritores,pregadores,músicos,etc... A mediunidade consciente muita das vezes é confundida como mistificação,porque usa uma comunicação de que o médium emprega palavras próprias ou termos que constantemente usa de forma sistemática,o que é natural e não se pode estranhar,pois,cada um possui um modo particular de se expressar(determinadas palavras,determinados gestos e sinais) assim como as entidades que têm um modo próprio de iniciar e finalizar seus trabalhos,o que é interessante frisar pois servem para identificá-los. Uma outra situação comum é a dos observadores,estudiosos e até mesmo dos frequentadores dos "terreiros" que fazem confusão entre a falta de cultura e linguajar do médium com a entidade que está se comunicando.Vemos comumente nos centros uma grande maioria de médiuns incultos(sem instrução escolar) e como falar corretamente se quem fala é o médium e não a entidade?À entidade só compete as idéias e não as palavras(neste caso de mediunidade). Outro caso é quando um médium recebe um pensamento elevado,transcendente e com seu vocabulário acanhado não consegue transmitir por não compreendê-lo bem.Desta forma,há um fracasso interior por não conseguir entender e nem expressar a mensagem. A mediunidade consciente é a que permite uma maior interferência do psiquismo do médium denominado por alguns de "animismo"(interferência do inconsciente) e a que tem sido instrumento de crítica injusta como mistificação. "A repressão do animismo dificultará grandemente as tarefas mediunicas,e por isso não deve ser feita.O mediunismo não dispensa a colaboração do médium,o qual não deve ser um simples automato,um robot" Ramatís Mediunidade Semi-Inconsciente (Incorporação Parcial) - Neste tipo de mediunidade,há entre o médium e a entidade que quer se comunicar um indispensável tom vibratório(afinidade fluídica) e o contato se dá entre a entidade e o corpo astral do médium,que por intermédio deste age sobre o corpo físico,ficando alguns órgãos sobre o controle da entidade.Isso acontece sem que haja o afastamento do espírito do médium,ou sem que ele perca a consciência do que se passa em torno.O médium se encontra numa espécie de semitranse,sujeito porém à influência da entidade e com dificuldade de interferir sobre ela,salvo se o médium com seu livre-arbítrio quiser intervir.Neste estado a entidade comunicante,ainda que não tendo domínio completo sobre o médium,pode transmitir mais livre e sem qualquer embaraço os seus pensamentos que ficam,é lógico,dependendo da maior ou menor capacidade de transmissão do médium(educação mediunica) e de sua própria intelectualidade. Neste tipo de manifestação,ainda são possíveis se bem que em pequena proporção,as interferências psíquicas no que diz respeito à repetição de palavras e gestos,mas quanto o tipo de apresentação já passa ser,de um determinado modo,da entidade comunicante que já vem mesmo servir de indentidade. Há sessoões em que se repetem inúmeras vezes os mesmos gestos,as mesmas palavras,as mesmas frases em todas as comunicações e no entanto nada há tanto na parte do médium como na parte da entidade,algo que possa ser taxado de mistificação. Mediunidade Inconsciente (Incorporação Total) - Vejamos este último aspecto que se caracteriza no fato do espírito do médium afastar-se do corpo físico temporáriamente,ficando ao lado ajudando,ou muitas vezes nesses momentos cumprindo tarefas no plano astral,enquanto que no mesmo instante a entidade encontra o corpo físico inteiramente ao seu

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dispor e controle.Esta forma é que dá maiores garantias de segurança e autenticidade na comunicação pois a entidade é livre para transmitir suas idéias e pensamentos,sem a necessidade de usar a parte intelectual do médium,que normalmente a faria alterada ou deturpada quando recebida telepáticamente. Neste aspecto da mediunidade inconsciente,o médium se acha muito mais à vontade para se for preciso enfrentar o poder das críticas ou dos estudiosos e também dos consulentes porque em nada interferindo e de nada sabendo no momento da incorporação,a manifestação é total do espírito comunicante,podendo mesmo fazer a extensão da faculdade com maior ou menor perfeição,como por exemplo:a entidade fazer a mesma tonalidade de voz,revelar fatos de suas encarnações passadas,assim como mudar os aspectos físicos do médium (efeito raro).O afastamento do espírito do médium é feito pela entidade comunicante com métodos e processos magnéticos feitos na astralidade.Para isso também concorrem a homogeinidade dos fluídos tornando-os mais suaves ou abruptos,dependendo de quanto mais equilibrado for a vibração de ambos.Em grande parte dos afastamentos do corpo físicos,geralmente o médium quando exteriorizado,continua consciente de que se passa nesse plano,porém quando a entidade comunicante o deixa(desencorpora) de nada se lembra no regresso do corpo físico. Às vezes acontece que os fluídos do médium estão muito abaixo do que os apurados fluídos da entidade,fazendo com que a entidade baixe o seu tom vibracional no momento da incorporação. Para condensá-los com os do médium,e em casos de fluídos pesados e inferiores,haverá quase que sempre sobressaltos de maior ou menor intensidade ou até mesmo sobressaltos violentos no momento da incorporação que repercutirá após o transe mediunico nos órgãos físicos bem como no psiquismo do médium. Neste caso de incorporação total,quando o médium tem o seu cabedal um bom e educado conhecimento mediunico(ético e moral) e suas faculdades são bem desenvolvidas,o médium durante a incorporação,tanto pode permanecer ao lado (como falamos acima) como pode se quiser empregar este tempo(incorporado) em algum trabalho útil.Porém há casos em que a educação mediunica do médium é viciosa,não há tranquilidade nem segurança e havendo isso,o médium não terá a liberdade descrita acima,não acontecerá o afastamento do espírito do médium que quase sempre intervem nas comunicações,criando muita das vezes embaraços para a entidade,que para acalmá-lo,é necessário utilizar de seu magnetismo para adormecê-lo com passes e suavemente afastá-lo para outro local,afim de que a tarefa preposta pela entidade seja levada até o final.Achamos que seja preciso dizer que a ansiedade e o estado inquieto em que permanece o médium durante a incorporação,às vezes não lhe trará um despertar tranquilo,harmonioso e suave.Para tanto é preciso que tudo esteje em ordem no médium,assim como no ambiente.Este deverá estar cheio de amor,harmonia e deverá inspirar confiança porque assim o médium sentirá despreocupado para a incorporação,podendo auxiliar mantendo uma atitude mental de ficar ao lado(sem atrapalhar) auxiliando a entidade à desempenhar sua missão entregando-lhe o corpo físico com boa vontade e espírito de colaboração. Incluem-se nesta modalidade de incorporação as intervenções mediunicas para operações em que o Astral Superior permite que as entidades curadoras baixem e usem as mãos do médium para curar a parte física como espiritual. Para encerrar não poderíamos deixar de escrever,embora que rapidamente,sobre: • • • •

Transe Sonambúlico; Transe Sonambúlico Hipnótico; Transe Letárgico; Transe Sonambúlico - é quando o espírito fala e tem facilidade de mover-se podendo apanhar objetos,sentar e ir para qualquer lugar.

Transe Sonambúlico Hipnótico - Se difere do processo acima porque nem sempre o espírito do médium pode abandonar o corpo físico,que fica inteiramente à vontade do Magnetizador (Hipnotizador)ao passo que no transe de incorporação,sempre há exteriorização mediunica justamente para que a entidade comunicante ocupe o corpo do médium.Neste processo o

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espírito do próprio médium é quem fala ao passo que no processo de incorporação,quem fala é o espírito comunicante. Transe Letárgico - quando o espírito fala mas o corpo do médium fica imóvel e em total rigidez. Bem,consideradas e definitivamente vistas estas 3 formas de mediunidade faremos um pequeno resumo: Mediunidade Consciente - não há incorporação,só aproximação mental. Mediunidade Semi-Inconsciente - incorporação parcial. Mediunidade Inconsciente - incorporação total. A falta de compreensão e de conhecimento detalhado do assunto,tem resultado muita crítica sem fundamento e até descrédito injusto para os médiuns e a Doutrina Umbandística na sua prática. 8 – NA UMBANDA OS MÉDIUNS SÃO DE INCORPORAÇÃO Eles podem ser consciente, semi-consciente e inconsciente. Para ser um bom médium ele precisa ser: Simples, Puro e Humilde e seguir os preceitos ditados pela UMBANDA, no que diz respeito ao comportamento do médium no dia de trabalho. A pureza, simplicidade e humildade são as características encontradas respectivamente nas bandas das Crianças, Caboclos e Pretos Velhos. Para que uma pessoa se torne médium de Umbanda é preciso fazer sua gira. A gira é feita por qualquer uma das entidades das três bandas da Umbanda: Criança, Caboclo e Preto Velho. Durante a gira o médium deve confiar plenamente nas entidades que o cercam e nos médiuns que também ajudam; para demonstrar essa confiança o médium se entrega Mental, Astral e Fisicamente. Enquanto for um médium de gira todos os seus erros relacionados com a gira serão justificados, pois ele está num campo desconhecido e a sua coroa esta aberta captando energia e vibrações dos espíritos que nos cercam. Com algum tempo de gira ele aprende a identificar as energias e vibrações, um belo dia a entidade se manifesta e dá a sua identificação através do Ponto Riscado. Esta entidade passará a ser o seu Chefe ou Pai de Cabeça por tudo que houver daí pra frente relacionado com o seu desenvolvimento espiritual. Para que um médium não seja um médium dependente sua gira deverá ser feita por todas as entidades que militam na casa. Para que não seja um médium fabricado, ele não deve deixar se sugestionar pelas fantasias e falsas descrições feitas por maus videntes. Receba a entidade com fé e amor no coração e deixe que ela própria se identifique e de a sua descrição, o ponto cantado, riscado e peça a Guia de acordo com as forças e energia que ela precisa para trabalha e para sua proteção. 9 – SERÁ QUE O MÉDIUM SABE QUE PODE SE PREPARAR MELHOR PARA O DIA DOS TRABALHOS ESPIRITUAIS? Os médiuns, para bem atenderem em seus trabalhos, devem observar as seguintes recomendações : - Fazer exercícios respiratórios, se possível, de manhã e perto de campos e matas (parques), a fim de fortalecer-se com a captação de fluídos e de melhor oxigenação do cérebro, muito bom para a saúde.

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- Orar sempre, a fim de ficar em contato com Deus, pedindo-lhe o fortalecimento de seus guias espirituais, o perdão de seus erros, a proteção para os trabalhos e prática da caridade. - Ler, nas horas de folga, um livro instrutivo e positivo sobre Umbanda, Espiritismo, Evangelização, Novo Testamento, ou qualquer livro que traga noções morais e espirituais, reeducando, assim, o próprio espírito. - Fazer tudo para ter um dia calmo, sem aborrecimentos, sem problemas que lhe afetem o humor e os nervos, sem discussões com outras pessoas. Evite discussões e aborrecimentos fúteis, procure trazer a paz para que ela te acompanhe, preparando-se durante o dia para realizar bons trabalhos mais tarde no terreiro, para dispor então de boa concentração. - Se as sessões forem à noite, deve-se comer moderadamente no jantar, dando preferencia as saladas e outros alimentos leves, para facilitar a incorporação dos guias e protetores. - Nos dias de sessão, abster-se de carne se possível, além de ser um alimento pesado esta diminui o magnetismo orgânico, enfraquece o teor vibratório e desgasta energias vitais, dificultando as incorporações; se preferir substitua a carne por peixe. - Não use, nem abuse, de bebidas alcoólicas (certos terreiros proibem terminantemente que os médiuns ingiram bebidas alcoólicas e venham para os trabalhos) a pretexto de aperitivo ou qualquer outra desculpa, a fim de não atrair entidades viciadas para perto de si. Deve-se também, fumar o menos possível. - Sempre que puder, visite e auxilie os necessitados ou pessoas com problemas, levando-lhe uma palavra de conforto e carinho. Às vezes, a presença do médium, junto a um enfermo, pode ajudar na cura e ao médium pode reforçar sua força e sua fé. - O médium que estiver doente, é de bom senso que não trabalhe nas sessões. Se sentir-se deprimido, fraco, debilitado ou com esgotamento nervoso deve comparecer aos trabalhos e tomar passes para reativar a vitalização mas nunca dê passes nesse dia. - A força de seus trabalhos em benefício dos irmãos, depende do seu amor a eles. O lema a ser adotado é "Amar e perdoar; aprender e servir". 10 – QUEDAS E FRACASSOS DO MÉDIUM "É com grande triteza, que vimos, dentro de uma serena e acurada observação, quase que direta sobre pessoas e casos, testemunhando,constatando, como é grande o número de médiums fracassados ou decaídos e que é pior, sem termos visto ou sentido neles o menor desejo de reabilitação sincera, pautada na escoimação real de suas mazelas, de suas vaidades, de suas intransigências,etc... O que temos observado cuidadosamente na maioria desses médiums fracassados são tormentos de remorso, que,como chagas de fogo, queima-lhes a consciência, sem que eles tenham forças para se reeguer moralmente, pois se enterraram tanto no pântano do astralinferior, se endividaram tanto com os "marginais do astral"que, dentro dessa situação, é difícil mesmo se libertar de suas garras... Isso porque o casamento de fluídos entre esse médiums fracassados e esses "marginais do astral " - os quiumbas - já se deu a tanto tempo, que o divórcio,a libertação se lhes apresenta dentro de tais condições de sofrimento, de tais impactos, ainda acresidos na renúncia indispensável a uma série de injunções, que o infeliz médium decaído prefere continuar com seus remorsos...

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Mas, situemos desde já, dentre os diversos meios pelos quais os médiums têm fracassado, os três aspectos principais ou os três pontos-vitais que os precipitam nos abismos de uma queda mediúnica etc. Ei-los: A VAIDADE EXCESSIVA, que causa o empolgamento e lança o médium nos maiores desatinos, abrindo os seus canais medianímicos a toda sorte de influências negativas. A AMBIÇÃO PELO DINHEIRO FÁCIL, exaltada pelo interesse que ele identifica nos "filhosde-fé" em o agradar, em o presentear, para pedir favores, trabalhos, pontos, afirmações, que envolvem elementos materiais. A PREDISPOSIÇÃO SENSUAL INCONTIDA, que lhe obscurece a razão, dada a facilidade que encontra no meio do elemento feminino que gira em torno de si por interesses vários e que comumente se deixa facinar pelo "cartaz"de médium-chefe, babá, "chefe-de-terreiro", etc Como a coisa começa a balançar a moral-mediúnica desses aparelhos? O primeiro caso - o de vaidade excessiva: - uma criatura, homem ou mulher, tem o dom mediúnico. Naturalmente que o trouxe de berço, isto é, desde que se preparava para encarnar. Em certa altura de sua vida, manifesta-se a sua mediunidade. Eis que surge o protetor caboblo ou preto-velho. Como no médium de fato da Corrente Astral de Umbanda a entidade também é de fato, é claro que ela faz coisas extraordinárias. Cura. Ajuda. Aconselha. Tem conhecimentos irrefutavéis... São tantos os casos positivos do protetor através da mediunidade do médium, que logo se forma em torno dele uma corrente de admiração, e de fanatismo também. A maioria dos elementos que o cercam, diante das coisas que vêem, são levados a agradar,a bajular e com essas coisas, inconscientemente, vão-lhe incentivando a vaidade latente. Isso de forma contínua. Devido a fortes predisposições à vaidade, começa por não dar muita atenção aos conselhos de suas entidades, não escuta as advertências que seu protetor vem fazendo...chega a ponto de se julgar o tal, quase um "pequeno-deus". Ele pensa que a força é dele...que o protetor é dele. O médium vai crescendo em gestos, em palavras, pois que todos se acostumam a acatá-lo em respeitoso silêncio, quando não,pelo medo ou por interesse próprio...Vai crescendo sua vaidade e logo começa a fazer exibições mediúnicas... Passa "trabalhar" sem estar corretamente mediunizado. Sua entidade protetora pode usar certos meios para manifestar seu desagrado, mas respeita também seu livre-arbítrio. Então, começam os desatinos, as bobagens e as confusões e respectiva falta de penetração nos casos e coisas. Começa a criar casos, a ter preferências e outras coisas mais. O ambiente de terreiro sai da tônica vibracional dos velhos tempos. O pobre médium que fracassou pela excessiva vaidade no íntimo é um sofredor, muitos se desesperam com o viver da arte de representar os caboclos, os pretos-velhos,etc... Enfim, ser um "artista do mediunismo", tembém canda, porque a descrença é o "golpe de misericórdia" em suas almas. No segundo caso - da ambição pelo dinheiro fácil. Aqui é preciso que se note a diferença entre o médium de fato que cai pela ambição desenfreada do vil metal e o "caso"que se incluem centenas de espertalhões, desse vândalos que usam o nome da Umbanda e de suas entidades a fim de explorarem a ingenuidade da massa, de todas as maneiras.

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Esses são bem reconhecidos...Seus "terreiros"são enfeitados, não há muita bebida, os "comes e bebes"são constantes, há muita roupagem vistosa, enfim esses terreiros se caracterizam pelos cocares de penas multicolores, pelos tais capacetes de Ogum, pelas espadas, pelas capas de cores, pelos festejos que fazem sob qualquer pretexto, onde os médiums exibem tudo isso e mais o pescoço sobrecarregado de colares de louça e vidro como se fossem"condecorações".Por ali se paga tudo. Mas voltemos ao caso do médium de fato, que fracassou pelo dinheiro...É sabido que a Corrente Astral de Umbanda manipula constantemente a Magia positiva (chamada magiabranca), sempre para o bem de seus filhos-de-fé ou para qualquer um necessitado, venha de onde vier... A magia, dentro de certas necessidades ou casos, requer determinados elementos materiais.São velas, flores, ervas, raízes, panos,etc...O fato é o seguinte: - quando a mesmo necessidade disso, a entidade pede e a pessoa TRAZ, ou providência, satisfazendo a Lei de Salva.( O que uma entidade pede, independente, de seu médium dentro da Lei de Salva, numa operação mágica é uma coisa. E o uso da Lei de Salva por um médium-magista é outra coisa. Ver obra Umbanda e o Poder da Mediunidade de W.W. da Matta e Silva). De sorte que quase todo mundo que "gira" pelos terreiros, pelas Tendas, sabe disso. Daí é que entra na observação do médium, a facilidade, a presteza com que as pessoas se dispõem a fazer um "trabalhinho" para o seu bem, para abrir ou melhorar seus caminhos etc... De princípio ele obedece tão-somente às ordens do seu protetor, quanto a esse aspectos. Depois, através de presentes, de agrados diversos dos beneficiados, ele começa a pensar seriamente na facilidade do dinheiro... Então lança mão de uma chave: a questão da salva...em dinheiro para o anjo-de-guarda, para o cambono,etc... Aí, já começou a imperar nele ambição pelo ganho fácil, por via desses trabalhos...Ora,o médium-magista então, ambiciosamente,começa a abusar disso. Começa por se exceder na Lei de Salva, pedindo mais dinheiro. Começa a cobrar grosso em tudo e por tudo.Inventa trabalhos de toda espécie, assim como"desmanchos" e afirmações para isso e aquilo... Porém nesta altura já estão muito envolvidos com o "astral inferior" e seus protetores, já não se fazem mais presentes.Pois no mesmo caso, respeitam seu livre-arbítrio. Muitos médiums, depois de perceber o ocorrido, fazem preceitos e mais preceitos e nada acontece... Todavia, apesar da fartura do dinheiro fácil, reconhecem depois de certo tempo que é um dinheiro maldito...passam a viver com a consciência pesada, irritados e sempre angustiados. O fim de todos eles tem sido muito triste...ou surgem doenças insidiosas, ou os vícios para martirizá-los por toda a vida, ou acabam seus dias na miséria material, pois a moral já é uma cruz que carregam desde o princípio de seu fracasso mediúnico.... Terceiro caso - a queda pelo fator sexo. Este é um dos aspectos mais escabrosos, um dos lados mais escusos e um dos mais difíceis de ser perdoado pela entidade protetora... É um caso que esta intimamente ligado ao primeiro, ou seja, o da vaidade excessiva. Um se completa, quese sempre, com o outro, e as vezes os três juntos. É que esse é um dos fracassos mais duros de ser suportado, não resta a menor dúvida, porque, mais do que nos outros, a MORAL do médium fica na LAMA em que ele se SUJOU.É uma mancha que nem mesmo que ele tenha se regenerado completamente,mesmo assim, não se apaga... Já dissemos como é que o médium de fato é logo envolvido pelas criaturas, com admiração, bajulações e fanatismo.Ele sente um constante endeusamento em torno de si e quase que sem sentir vai caindo na faixa da vaidade.Particularmente se sente muito visado pelo elemento

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feminino, que tem a propensão para se deixar facinar pela mediunidade, mormemente quando vê um homem bem apessoado. O médium que trabalha na faixa da luz,no combate contra as mazelas, especialmente contra o "astral inferior" - convém sempre lembrar "orai e vigiai" constantemente.Por quê? Porque o baixo-astral que ele contraria, por força de sua mediunidade positiva, fica na sombra aguardando uma oportunidade para atacá-lo.Logo, se ele tem um ponto fraca qualquer, nesse caso, uma forte predisposição sensual, é certo que este mesmo baixo-astral lançará mão de todos os recursos para instigá-lo nesta parte... Então, como não podem atacar diretamente, costumam fazê-lo indiretamente,lançano sobre ele a tentação do sexo, através de algum elemento feminino que o cerca e que por sua própria natureza é fraco.Isso no caso do homem médium. No caso da mulher mediúm é a mesma coisa. Essa caí mais depressa.Lançam o elemento masculino sobre elas e pronto...quase não tem muito trabalho, pois a mulher tem uma ponte de contato maior, muito maior que o homem para o baixo-astral - é sua natural vaidade que é logo decuplicada...e pronto...é difícil escapar( há excessões, é claro). Infelizmente é duro a nós dizer: - todos os fracassos, todas as quedas de médiums, quer sejam homem ou mulher, têm-se dado,invariavelmente,com elementos ou criaturas que estão dentro do terreiro ou que fazem parte do corpo mediúnico,isto é, criaturas que estão sobre a responsabilidade moral e espiritual do chefe... 11 – AS SETE LÁGRIMAS DO PAI-PRETO Foi uma noite estranha aquela noite queda: estranhas vibrações afins penetravam meu Ser Mental e me faziam ansiado por algo, que pouco a pouco se fazia definir... Era um quê desconhecido, mas sentia-o, como se estivesse em comunhão com minha alma e externava a sensação de um silencioso pranto... Quem do mundo Astral emocionava assim um pobre "eu"? Não o soube, até adormecer ... e "sonhar". Assim, vi meu "duplo" transportar-se, atraído por cânticos que falavam de Aruanda, EstrelaGuia e Zambi; eram as vozes da SENHORA DA LUZ-VELADA, dessa UMBANDA DE TODOS NÓS que chamavam seus filhos de fé... E fui visitando Cabanas e tendas, onde multidões desfilavam, mas, surpreso ficava, com aquela "visão" que em cada um que "via"; invariavelmente, num canto, pitando, um triste Paipreto chorava. De seus "olhos" molhados, esquisitas lágrimas desciam-lhe pelas faces e não sei porque, contei-as...foram sete. Na incontida vontade de saber, aproximei-me e interroguei-o: fala Paipreto, diz a teu filho, por que externas assim uma tão visível dor? E Ele, suave, respondeu: estás vendo essa multidão que entra e sai? As lágrimas contadas distribuídas estão a cada uma delas. A primeira eu dei a esses indiferentes que aqui vêm em busca de distração, na curiosidade de ver, bisbilhotar, para saírem ironizando daquilo que suas mentes ofuscadas não podem conceber... Outra, a esses eternos duvidosos que acreditam, desacreditando, na expectativa de um "milagre" que os façam "alcançar" aquilo que seus próprios merecimentos negam. E mais outra foi para esses que crêem, porém, numa crença cega, escrava de seus interesses estreitos. São os que vivem eternamente tratando de "casos" nascentes uns após os outros... E outra mais que distribuí aos maus, àqueles que somente procuram a Umbanda em busca de vingança, desejam sempre prejudicar a um seu semelhante – eles pensam que nós, os Guias, somos veículos de suas mazelas, paixões, e temos obrigação de fazer o que pedem...pobres almas, que das brumas ainda não saíram Assim, vai lembrando bem, a quinta lágrima foi diretamente aos frios e calculistas-não crêem, nem descrêem: sabem que existe uma força e procuram se beneficiar dela de qualquer forma. Cuida-se deles, não conhecem a palavra gratidão, negarão amanhã até que conheceram uma casa de Umbanda...

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Chegam suaves; têm o riso e o elogio à flor da s lábios, são fáceis, muito fáceis; mas se olhares bem seus semblantes, verás escrito em letras claras: creio na tua Umbanda, nos teus Caboclos e no teu Zambi, mas somente se vencerem o "meu caso", ou me curarem "disso ou daquilo"... A sexta lágrima eu dei aos fúteis que andam de Tenda em Tenda, não acreditam em nada, buscam apenas aconchegos e conchavos; seus olhos revelam um interesse diferente, sei bem o que eles buscam. E a sétima, filho, notaste como foi grande e como deslizou pesada. Foi a ÚLTIMA LÁGRIMA, aquela que "vive" nos "olhos" de todos os ‘pretos-velhos"; fiz doação dessa, aos vaidosos, cheios de empáfia, para que lavem suas máscaras e todos possam vê-los como realmente são... "Cegos, guia de cegos" andam se exibindo com a Banda, tal e qual mariposas em torno da luz; essa mesma LUZ que eles não conseguem VER, porque só visam a exteriorização de seus próprios "egos"... "Olhai-os" bem, vede como suas fisionomias são turvas e desconfiadas; observai-os quando falam "doutrinando"; suas vozes são ocas, dizem tudo de "cor e salteado", numa linguagem sem calor, cantando loas aos nossos Guias e Protetores, em conselhos e conceitos de caridade, essa mesma caridade que não fazem, aferrados ao conforto da matéria e gula do vil metal. Eles não tem convicção. Assim, filho meu, foi para esses todos que viste cair, uma a uma AS SETE LÁGRIMAS DO PAIPRETO! Então, com minha alma em pranto, tornei a perguntar: não tens nada a dizer, PaiPreto? E daquela "forma velha", vi um véu caindo e num clarão intenso que ofuscava tanto, ouvi mais uma vez... "Mando a luz da minha transfiguração, para aqueles que esquecidos pensam que estão...ELES FORMAM A MAIOR DESSAS MULTIDÕES"... São os humildes, os simples; estão na Umbanda pela Umbanda, na confiança pela razão...SÃO OS SEUS FILHOS DE FÉ. São também os "aparelhos", trabalhadores, silenciosos, cujas ferramentas chamam-se DOM e FÉ, e cujos "salários" de cada noite...são pagos com uma só moeda, que traduz o seu valor numa única palavra – a INGRATIDÃO. Pai Guiné W.W. da Matta e Silva 12 – APARELHOS UMBANDISTAS... ALERTA! Aparelhos umbandistas que o forem de fato e em verdade desta UMBANDA DE TODOS NÓS! Companheiros nesta silenciosa batalha de todas as noites, imperativo de uma Missão, legado de nossos próprios Karmas. FILHOS DE ORIXÁS, de fé, alma e coração – ALERTA! ALERTA contra esta onda pululante de "mentores" que, jamais ouvindo as vozes dos verdadeiros Guias e Protetores vivem amoldando, diariamente, dentro de suas conveniências pessoais, uma "umbanda à revelia", convictos que podem arvorar-se em dirigentes do Meio, não obstante serem sabedores da existência, em seu seio, de veículos reais, que sabem traduzir em Verdade, as expressões desta mesma Lei! ALERTA contra esta proliferação de "babás" e "babalaôs" que, por transformaram a nossa Umbanda em cigana corriqueira, enfeitada de vidro,e, ao som de tambores e instrumentos bárbaros, vão predispondo excitações, geradoras de certas sensações, que o fetichismo embala das salões da nossa metrópole.

esquinas e vielas, colares e louças de mentes instintivas e selvas africanas aos

ALERTA contra essas ridículas histórias da carochinha, assimiladas e "digeridas" em inúmeros "terreiros" que se dizem de Umbanda, as quais podemos "enfeixar" num simples exemplo na

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crença comum (entre eles), de que Xangô, não se dá com Ogum, porque este em priscas eras, traiu aquele, raptando sua mulher, e, por conseqüência, vê-se os que se dizem "cavalos" de Xangô, não recebê-lo, quando "Ogum esta no reino" e vice-versa...Até nos setores que se consideram mais elevados, esta vã superstição ainda tem guarida... ALERTA contra este surto de idolatria-fetichista, incentivada pelas incontáveis estátuas de bruxos e bruxas e, particularmente de umas, que asseveram seres dos Exus tais e tais, de chifres e espetos em forma de tridente que pretendem assemelhar a mitológica figura do DIABO, mas todas, fruto do tino comercial dos "sabidos", IDEALIZADAS NAS FÁBRICAS DO GÊNERO. ALERTA contra esta infindável barafunda oriunda da apelidada "linha de santé", quando identificam, a esmo, Santos e Santas dentro da Umbanda, ao ponto de cada Tenda criar uma "similitude" própria... E não é só isso; quem se dispuser a dar um "giro na Umbanda" que certos terreiros apresentam, terá a oportunidade de ver indivíduos fantasiados com cocares de penas de espanador, tacapes, arcos e flechas, externarem maneiras esquisitas, em nome do Guia A ou B, consultando, dando passes... Verificara ainda o animismo e a auto-sugetão suprirem uma mediunidade inexistente, quando certos gritinhos identificarem elementos do sexo feminino, que, em "transe", dizem personificar "Oguns, Xangos e Oxossis..." Continuando, verá amuletos, colares e a mesma cantilena milonga ou milonga

outros caracterizados de "Kimbanda Kia Kusaka", tal a profusão de patúas que ostentam. Todos eles, se interrogados sobre Umbanda, largam dos outros, arrematando sempre com a já famosa frase: "umbanda tem de umbanda quem diz é congá"

Aparelhos-Chefes! Presidentes de Tendas! Por que ficarmos indiferentes diante deste "estado de coisas"? Por que silenciarmos, se esta atitude pode dar margem a que qualifiquem todos os umbadistas como de uma só panelinha? Por que estarmos passando, em nós mesmos, um suposto atestado de incapacidade, quando deixamos de defender os legítimos Princípios da Lei de Umbanda, pela separação do joio do trigo, dentro de um mal interpretado espírito de intolerância? Sim, somos e devemos ser TOLERANTES com TODAS as formas de expressão religiosa: RESPEITAMOS as concepções de cada um, em seus respectivos planos, mas daí a colocarmos dentro DELES, levados por uma tolerância prejudicial, o bom nome da Umbanda que praticamos, é simplesmente tornarmos real este "atestado de incapacidade", se não houver coragem e idealismo para separarmos "os alhos dos bugalhos". Sim, mormente na atualidade, quando se vê num crescente assustador, charlatães arvoraremse em "pais-de-santo" e invariavelmente, usarem o nome da Umbanda como fachada ou isca. Por que sabedores como o somos, destas coisas, não externamos em CONJUNTO uma RESSALVA para que fique patente nossa repulsa? Somos ou não, VEÍCULOS dos Orixás, Guias e Protetores de uma só LEI com UMA SÓ coordenação de sistemas e regras, Princípios e Fundamentos? Se o somos, por que temermos situar os esclarecimentos que virão tirar dúvidas dos que anseiam por eles?

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Que nos impede afirmarmos A UMA SÓ VOZ, as verdades que estes mesmos Orixás Guias e Protetores, fazem questão de esclarecer? Será por excessiva modéstia, humildade? Talvez seja. Todavia, desconfiamos de uma outra causa, uma causa Mater, que faz todo o movimento tendente a este fim morrer no nascedouro, pelo "pavor" que incute. Existe uma entidade, tremendamente forte, que impera na Umbanda, maior que todos os Exus juntos, que gera a vacilação dos umbandistas, aparelhos ou não, mola real que tolhe a consciência nas horas necessárias. Esta "entidade" chama-se "CABOCLO SUBCONCIENTE"... É ele quem causa o maior embaraço a qualquer união de pontos-de-vista, quando se quer situar diretrizes de "cima para baixo", porque faz-se acompanhar do irmão gêmeo, que também não lhe fica atrás , conhecido com "CABOCLO VAIDADE"... Mas ,é imperioso que, nos tempos atuais, haja uma unificação dos PONTOS-DE-VISTA e se coordene uma defesa comum aos ideais e aos princípios da Religião de Umbanda, que não deve continuar sendo chafurdada, sob pena de considerar-se como tibieza e "comodismo" de inúmeros de seus filhos diletos, perfeitamente capacitados a externarem a orientação das Entidades superiores militantes da Lei. Urge que se faça uma "Declaração de Princípios" a todo Meio Umbandista, firmada pelos expoentes das Tendas e Cabanas interessadas, onde se exponham, com clareza e precisão, certas regras e sistemas que venham a servir como "pontos de identificação" a uma verdadeira Casa de Lei de Umbanda. É necessário que se processem estes esclarecimentos aos de boa-fé, simpatizantes, adeptos, enfim a todos, para que se fique sabendo que todas essas coisas podem continuar "acontecendo ou não", nada temos pessoalmente com elas, desde que o façam em seus nomes próprios, inerentes aos subplanos em que estão atuantes, porém, JAMAIS DEVEM SER CONFUNDIDAS COM AS REAIS EXPRESSÕES DA LEI DE UMBANDA. 13 – ORIXÁS – AS SETE LINHAS OU VIBRAÇÕES São vibrações que atuam mais fortemente em certos ambientes da natureza. Orixá nunca encarnou e nunca foi santo da Igreja católica. Orixá é vibração e é energia. Os Orixás na Umbanda, foram organizados em 7 linhas principais, sendo elas Oxalá, Yemanja, Ogum, Xangô, Oxossi, Yori e Yorimá. Sendo eles espíritos extremamente evoluídos, acreditase na Umbanda, que não é possível o contato direto com Eles. Por isso cada linha de Orixá envia para trabalhar na Terra os Guias, que são entidades trabalhadoras, que vem de Aruanda ajudar seus filhos, nos livrando de demandas e transmitindo bons fluidos. As entidades que se apresentam na Umbanda sob o nome dos orixás (Xangô, Oxum, etc.) são espíritos de alta evolução que se encaixam nessas vibrações e são chamados de falangeiros de Orixás. Essas entidades dificilmente falam, limitando-se a dar passes magnéticos através de gestos que também as identificam. Demoram pouco tempo incorporadas pois sua alta vibração cansa demasiadamente o médium, que desgasta grande quantidade de energia nessas incorporações. São eles os Guias, nossos conhecidos Pretos Velhos, Caboclos, Crianças, Baianos, Marinheiros, Boiaderos, Povo da Água, Povo do Oriente, etc. Cada entidade trabalha dentro de uma linha especifica, por exemplo, O Sr. Caboclo Cobra Coral, trabalha na vibração de Oxossi, o Sr. Caboclo Pedra Preta na vibração de Xangô, as Crianças na vibração de Ibeji (Yori), e assim por diante. Cada entidade trabalha na linha que sua vibração fé afeniza. Por isso é errado o termo "Linha do Oriente" ou "Linha dos Baianos", o correto é "Povo da Oriente" e "Povo da Bahia". Os Pretos Velhos trabalham tanto na Linha de Xangô, como na Linha de Obaluae, isso dependendo de sua vibração. Quanto ao Povo da Bahia, podem vibrar em qualquer linha, há

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registros dessas entidades trabalhando na Linha de Oxalá, por exemplo. Todos Eles são entidades de grande valor. As entidades não comandam Exus, a não ser que participarem de uma das 7 vibrações de um Orixá, por exemplo, a Linha de Ogum vibra em 7 Orixás Menores, e cada um deles comanda um Exu especifico. Porem um Caboclo da linha de Ogum está diretamente subordinado a um Orixá Menor. Para entender um pouco mais a Umbanda devemos conheçer as linhas ou vibrações. Uma linha ou vibração, equivale a um grande exército de espíritos que rendem obediência a um "Chefe". Este "Chefe" representa para nós um Orixá e cabe a ele uma grande missão no espaço. Cada linha compõe-se de sete legiões, tendo cada legião o seu chefe. Cada legião divide-se em sete grandes falanges, que por sua vez também tem um chefe (Orixá menor) e cada falange divide-se em sete falanges menores e assim por diante, obedecendo a um critério lógico. Agora apresentaremos as linhas e seus Orixás com os seus respectivos chefes de legiões. 1- LINHA DE OXALÁ ou ORIXALÁ 2 - LINHA DE YEMANJÁ 3 - LINHA DE XANGÔ 4 - LINHA DE OGUM 5 - LINHA DE OXOSSI 6 - LINHA DE YORI 7 - LINHA DE YORIMÁ 1- LINHA DE OXALÁ ou ORIXALÁ Essa linha tem a supervisão de Jesus, o Cristo, e representa o princípio, o incriado, o reflexo de Deus, o verbo solar. É a luz refletida que coordena as demais vibrações. As entidades dessa linha falam calmo, compassado e se expressam sempre com elevação. Seus pontos cantados são verdadeiras invocações de grande misticismo, dificilmente escutados hoje em dia, pois é raro assumirem uma "Chefia de Cabeça". O astro correspondente é o Sol, a cor é a branca e amarele-ouro e o dia é o Domingo. Os sete chefes principais de legiões são: 1 - Caboclo Urubatão da Guia 2 - Caboclo Ubirajara 3 - Caboclo Ubiratan 4 - Caboclo Aymoré 5 - Caboclo Guaracy 6 - Caboclo Guarany 7 - Caboclo Tupy 2 - LINHA DE YEMANJÁ A essa linha são atribuídos inúmeros qualificativos: Linha de Nossa Senhora da Conceição, do Povo d'Água, do Povo do Mar, etc. Yemanjá significa a energia geradora, a divina mãe do universo, o eterno feminino, a divina mãe na Umbanda. As entidades dessa linha gostam de trabalhar com água salgada ou do mar, fixando vibrações, de maneira serena, sem encenações. Suas preces cantadas têm um rítmo muito bonito, falando sempre no mar e em Orixás da dita linha. O astro correspondente é a Lua, a cor é o branco e amarelo-prateado, dentro do nosso Centro é usado o azul e o dia é a Segunda-feira. Os sete chefes principais de legiões são: 1 - Cabocla Yara ou Mãe d'Água 2 - Cabocla Indayá 3 - Cabocla Nana-Burucum 4 - Cabocla Estrela do Mar 5 - Cabocla Oxun 6 - Cabocla Inhançã

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7 - Cabocla Sereia do Mar 3 - LINHA DE XANGÔ Essa linha, na concepção popular dos terreiros diz-se como "Linha do povo das Cachoeiras". No sincretismo é representado por São Jerônimo. Xangô é o Orixá que coordena toda lei Carmânica , é o dirigente das almas, o Senhor da balança universal, que afere nosso estado espiritual. Resumindo, Xangô é o Orixá da Justiça. Seus pontos cantados são sérias invocações de imagens fortes e nos levam sempre aos seus sítios vibracionais como as montanhas, pedreiras e cachoeiras. O planeta é Júpter, cor usada em nossa casa é o amarelo, tendo como variação em outras casas o Verde, o dia é a Quarta-feira. Os sete chefes de legiões são: 1 - Xangô-Kao 2 - Xangô Sete Montanhas 3 - Xangô Sete Pedreiras 4 - Xangô da Pedra Preta 5 - Xangô da Pedra Branca 6 - Xangô Sete Cachoeiras 7 - Xangô-Agodô 4 - LINHA DE OGUM Essa linha também é conhecida como linha de São Jorge. A vibração de Ogum é o fogo da salvação ou da glória, o mediador de choques conseqüentes do carma. É a linha das demandas da fé, das aflições, das lutas e batalhas da vida. É a divindade que, no sentido místico, protege os guerreiros. Os Caboclos de Ogum gostam de andar de um lado para outro e falam de maneira forte, vibrante e em suas atitudes demonstram vivacidade. Suas preces cantadas traduzem invocações para a luta da fé, demandas, batalhas, etc.. O planeta correspondente é Marte, a cor na nossa casa é o vermelho, tendo como variação em outras casas o alaranjado, o dia é a Terça-feira. Os sete chefes de legiões são: 1 - Ogum de Lei 2 - Ogum Yara 3 - Ogum Megê 4 - Ogum Rompe-Mato 5 - Ogum de Malê 6 - Ogum Beira-Mar 7 - Ogum Matinata 5 - LINHA DE OXOSSI O qualificativo mais conhecido para essa vibracão é como linha de São Sebastião. A vibração de Oxossi significa ação envolvente ou circular dos viventes da Terra, ou seja, o caçador de almas, que atende na doutrina e na catequese. É ainda a vibração que interfere nos males físicos e psíquicos, ou seja, é o Orixá da cura. Suas entidades falam de maneira serena e seus passes são calmos, assim como seus conselhos e trabalhos. Seus pontos cantados traduzem beleza nas imagens e na música e geralmente são invocações às forças da espiritualidade e da natureza, principalmente as matas. O planeta é Vênus, a cor usada em nosso Centro é o verde, tendo como variação em outros centros o azul, o dia é a sexta-feira. Os sete chefes principais de legiões são: 1 2 3 4 5 6 7

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Caboclo Caboclo Caboclo Caboclo Caboclo Caboclo Caboclo

Arranca Toco Jurema Araribóia Guiné Arruda Pena-Branca Cobra-Coral

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6 - LINHA DE YORI É grande o número de designações populares para essa linha: São Cosme e Damião, Ibeji ou Ibejê, Linha das Crianças, dos Curumins, do Oriente, etc.. Essas entidades, altamente evoluídas, externam pelos seus cavalos, maneiras e vozes infantis de modo sereno, às vezes um pouco vivas. Dão consultas profundas e gostam, quando no plano de protetores, de sentar no chão e comer coisas doces, mas sem desmandos. Seus pontos cantados são melodias alegres e algumas vezes tristes, falando muito em Papai e Mamãe de céu e em mantos sagrados. A cor, na maioria das vezes, é o rosa, como na nossa casa, mas em outros centros pode ainda ser usado o vermelho, o planeta é Mercúrio, o dia é a Quarta-feira. Os sete chefes principais de legiões são: 1 - Tupanzinho 2 - Ori 3 - Yariri 4 - Doum 5 - Yary 6 - Damião 7 - Cosme 7 - LINHA DE YORIMÁ É uma linha em que se dá vários nomes: Linha dos Pretos-Velhos, dos Africanos, dos Pai Preto, de São Cipriano e até das Almas. Essa linha é composta dos primeiros espíritos que foram ordenados a combater o mal em todas as suas manifestações. São os Orixás Velhos, verdadeiros magos que velando suas formas cármicas, revestem-se das roupagens de PretosVelhos ensinando e praticando as verdadeiras "milongas", sem deturpações. Eles são a doutrina, a filosofia, o mestrado da magia, em fundamentos e ensinamentos. Geralmente gostam de trabalhar e consultar sentados, fumando cachimbo, sempre numa ação de fixação e eliminação através de sua fumaça. Seus fluídos são fortes, porque fazem questão de "pegar bem" o aparelho e o cansam muito, principalmente pela parte dos membros inferiores, conservando-o sempre curvo. Falam compassado e pensam bem no que dizem. Raríssimos os que assumem a Chefia de Cabeça, mas são os auxiliares dos outros "Guias"- o seu braço direito. Os pontos cantados nos revelam uma melodia tristonha e um rítmo mais compassado, dolente, melancólico, traduzindo verdadeiras preces de humildade. O planeta correspondente é Saturno, a cor é o marrom, mas em outros centros utiliza-se o violeta, o dia da semana é o Sábado. Os sete chefes principais de legiões são: 1 - Pai Guiné 2 - Pai Tomé 3 - Pai Arruda 4 - Pai Congo de Arruda 5 - Maria Conga 6 - Pai Benedito 7 - Pai Joaquim 14 – CARACTERÍSTICAS DOS FILHOS DOS ORIXÁS CARACTERÍSTICAS DOS FILHOS DE OXALÁ As características tão bem sintetizadas por Monique Augras ao descrever a dança de Oxalá (no ritual de nação) definem bem o arquétipo psicológico a ele associado. São caracteres encontrados nos arquétipos ocidentais também em relação à figura paterna. Oxalá é o pai dos Orixás e, por extensão, de toda a humanidade. Estabelece, pois, entre si e os outros, uma aura não de temeridade (já que não é nada inseguro), mas sim de respeito e carinho. Os filhos de Oxalá, portanto, são pessoas tranqüilas, com tendência à calma, até nos momentos mais difíceis; conseguem o respeito mesmo sem que se esforcem objetivamente

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para obtê-lo. São amáveis e pensativos, mas nunca de maneira subserviente. Às vezes chegam a ser autoritários, mas isso acontece com os que têm Orixás guerreiros ou autoritários como adjutores (ajuntós). Sabem argumentar bem, tendo uma queda para trabalhos que impliquem em organização. Gostam de centralizar tudo em torno de si mesmos. São reservados, mas raramente orgulhosos. Seu defeito mais comum é a teimosia, principalmente quando têm certeza de suas convicções; será difícil convencê-los de que estão errados ou que existem outros caminhos para a resolução de um problema. No Oxalá mais velho (OXALUFÃ) a tendência se traduz em ranzinzice e intolerância, enquanto no Oxalá novo (OXAGUIÃ) tem um certo furor pelo debate e pela argumentação. Para Oxalá, a idéia e o verbo são sempre mais importantes que a ação, não sendo raro encontrá-los em carreiras onde a linguagem (escrita ou falada) seja o ponto fundamental. Fisicamente, os filhos de Oxalá tendem a apresentar um porte majestoso ou no mínimo digno, principalmente na maneira de andar e não na constituição física; não é alto e magro como o filho de Ogum nem tão compacto e forte como os filhos de Xangô. Às vezes, porém, essa maneira de caminhar e se postar dá lugar a alguém com tendência a ficar curvado, como se o peso de toda uma longa vida caísse sobre seus ombros, mesmo em se tratando de alguém muito jovem. CARACTERÍSTICAS DOS FILHOS DE IEMANJÁ No arquétipo psicológico, expandem-se as características insinuadas pela descrição dos mitos e lendas de Iemanjá. Também fica fácil entender os conceitos principais se mantivermos a comparação com o Orixá Oxum. Como os filhos da mãe da água doce, os de Iemanjá, também gostam de luxo, das jóias caras e dos tecidos vistosos. Gostam de viver num ambiente confortável e, mesmo quando pobres, pode-se notar uma certa sofisticação em suas casas, se comparadas com as demais da comunidade de que fazem parte. Enquanto os filhos de Oxum são diplomatas e sinuosos, os de Iemanjá se mostram mais diretos. São capazes de fazer chantagens emocionais, mas nunca diabólicas. A força e a determinação fazem parte de seus caracteres básicos, assim como o sentido da amizade e do companheirismo. Como são pessoas presas ao arquétipo da mãe, a família e os filhos têm grande importância na vida dos filhos de Iemanjá. A relação com eles pode ser carinhosa, mas nunca esquecendo conceitos tradicionais como respeito e principalmente hierarquia. São pessoas que não gostam de viver sozinhas, sentem falta da tribo, inconsciente ancestral, e costumam, por isso casar ou associar-se cedo. Não apreciam as viagens, detestam os hotéis, preferindo casas onde rapidamente possam repetir os mecanismos e os quase ritos que fazem do cotidiano. Apesar do gosto pelo luxo, não são pessoas obcecadas pela própria carreira, sem grandes planos para atividades a longo prazo, a não ser quando se trata do futuro de filhos e entes próximos. Todos esses dados nos apresentam uma figura um pouco rígida, refratária a mudanças, apreciadora do cotidiano. Ao mesmo tempo, indicam alguém doce, carinhoso, sentimentalmente envolvente e com grande capacidade de empatia com os problemas e sentimentos dos outros. Mas nem tudo são qualidades em Iemanjá, como em nenhum Orixá. Seu caráter pode levar o filho desse Orixá a ter uma tendência a tentar concertar a vida dos

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que o cercam - o destino de todos estariam sob sua responsabilidade. Os filhos de Iemanjá demoram muito para confiar em alguém, bons conhecedores que são da natureza humana. Quando finalmente passam a aceitar uma pessoa no seu verdadeiro e íntimo círculo de amigos, porém, deixam de ter restrições, aceitando-a completamente e defendendo-a, seja nos erros como nos acertos, tendo grande capacidade de perdoar as pequenas falhas humanas. Um filho de Iemanjá pode tornar-se rancoroso, remoendo questões antigas por anos e anos sem esquecê-las jamais. CARACTERÍSTICAS DOS FILHOS DE OGUM Não é difícil reconhecer um filho de Ogum. Tem um comportamento extremamente coerente, arrebatado e passional, aonde as explosões, a obstinação e a teimosia logo avultam, assim como o prazer com os amigos e com o sexo oposto. Os homens e mulheres que têm Ogum como seu Orixá de cabeça, vão ter comportamentos diferentes, de acordo com os segundos e terceiros Orixás que os influencia ajuntós (adjutores). De qualquer forma , terão alguns traços comuns: são conquistadores, incapazes de fixar-se num mesmo lugar, gostando de temas e assuntos novos, conseqüentemente apaixonados por viagens, mudanças de endereço e de cidade. Um trabalho que exija rotina, tornará um filho de Ogum um desajustado e amargo. São apreciadores das novidades tecnológicas, são pessoas curiosas e resistentes, com grande capacidade de concentração no objetivo em pauta; a coragem é muito grande, a franqueza absoluta, chegando mesmo à falta de tato. CARACTERÍSTICAS DOS FILHOS DE OXÓSSI O filho de Oxóssi apresenta arquetipicamente as características atribuídas do Orixá. Representa o homem impondo sua marca sobre o mundo selvagem, nele intervindo para sobreviver, mas sem alterá-lo. Oxóssi desconhece a agricultura, não muda o solo para ele plantar, apenas recolhe o que pode ser imediatamente consumido, a caça. No tipo psicológico a ele identificado, o resultado dessa atividade é o conceito de forte independência e de extrema capacidade de ruptura, o afastar-se de casa e da aldeia para embrenhar-se na mata, afim de caçar. Seus filhos, portanto são aqueles em que a vida apresenta forte necessidade de independência e de rompimento de laços. Nada pior do que um ruído para afastar a caça, alertar os animais da proximidade do caçador. Assim os filhos de Oxóssi trazem em seu inconsciente o gosto pelo ficar calado, a necessidade do silêncio e desenvolver a observação tão importantes para seu Orixá. Geralmente Oxóssi é associado às pessoas joviais, rápidas e espertas, tanto mental como fisicamente. Tem portanto, grande capacidade de concentração e de atenção, aliada à firme determinação de alcançar seus objetivos e paciência para aguardar o momento correto para agir. Sua luta é baseada na necessidade de sobrevivência e não no desejo de expansão e conquista. Busca a alimentação, o que pode ser entendido como sua luta do dia-a-dia. Esse Orixá é o guia dos que não sonham muito, mas sua violência é canalizada e represada para o movimento certo no momento exato. É basicamente reservado, guardando quase que exclusivamente para si seus comentários e sensações, sendo muito discreto quanto ao seu próprio humor e disposição. Os filhos de Oxóssi, portanto, não gostam de fazer julgamentos sobre os outros, respeitando como sagrado o espaço individual de cada um. Buscam preferencialmente trabalhos e funções que possam ser desempenhados de maneira independente, sem ajuda nem participação de muita gente, não gostando do trabalho em equipe. Ao mesmo tempo , é marcado por um forte sentido de dever e uma grande noção de responsabilidade. Afinal, é sobre ele que recai o peso do sustento da tribo.

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Os filhos de Oxóssi tendem a assumir responsabilidades e a organizar facilmente o sustento do seu grupo ou família. Podem ser paternais, mas sua ajuda se realizará preferencialmente distante do lar, trazendo as provisões ou trabalhando para que elas possam ser compradas, e não no contato íntimo com cada membro da família. Não é estranho que, quem tem Oxóssi como Orixá de cabeça, relute em manter casamentos ou mesmo relacionamentos emocionais muito estáveis. Quando isso acontece, dão preferência a pessoas igualmente independentes, já que o conceito de casal para ele é o da soma temporária de duas individualidades que nunca se misturam. Os filhos de Oxóssi, compartilham o gosto pela camaradagem, pela conversa que não termina mais, pelas reuniões ruidosas e tipicamente alegres, fator que pode ser modificado radicalmente pelo segundo Orixá (ajuntó). São pessoas tipicamente extrovertidas, gostando de viver sozinhas, preferindo receber grupos limitados de amigos. É portanto, o tipo coerente com as pessoas que lidam bem com a realidade material, sonham pouco, têm os pés ligados à terra. CARACTERÍSTICAS DOS FILHOS DE XANGÔ Para a descrição dos arquétipos psicológico e físico das pessoas que correspondem a Xangô, deve-se ter em mente uma palavra básica: Pedra. É da rocha que eles mais se aproximam no mundo natural e todas as suas características são balizadas pela habilidade em verem os dois lados de uma questão, com isenção e firmeza granítica que apresentam em todos os sentidos. Atribui-se ao tipo Xangô um físico forte, mas com certa quantidade de gordura e uma discreta tendência para a obesidade, que se ode manifestar menos ou mais claramente de acordo com os Ajuntós (segundo e terceiro Orixá de uma pessoa). Por outro lado, essa tendência é acompanhada quase que certamente por uma estrutura óssea bem-desenvolvida e firme como uma rocha. Tenderá a ser um tipo atarracado, com tronco forte e largo, ombros bem desenvolvidos e claramente marcados em oposição à pequena estatura; Por essas qualidades, é relativamente fácil para os iniciados descobrirem que tal pessoa é de Xangô, pela aparência e modo de andar, o que é mais difícil para tipos pouco mais sutis e mistos como Oxum, Ossâim e Omolu. A mulher que é filha de Xangô, pode ter forte tendência à falta de elegância. Não que não saiba reconhecer roupas bonitas - tem, graças à vaidade intrínseca do tipo, especial fascínio por indumentárias requintadas e caras, sabendo muito bem distinguir o que é melhor em cada caso. Mas sua melhor qualidade consiste em saber escolher as roupas numa vitrina e não em usá-las. Não se deve estranhar seu jeito meio masculino de andar e de se portar e tal fato não deve nunca ser entendido como indicador de preferências sexuais, mas, numa filha de Xangô é um processo de comportamento a ser cuidadosamente estabelecido, já que seu corpo podeaproximar-se mais dos arquétipos culturais masculinos do que femininos; ombros largos, ossatura desenvolvida, porte decidido e passos pesados, sempre lembrando sua consistência de pedra. Em termos sexuais, Xangô é um tipo completamente mulherengo. Seus filhos, portanto, costumam trazer essa marca, sejam homens, sejam mulheres (que estão entre as mais ardentes do mundo). Os filhos de Xangô, não costumam ser conhecidos socialmente como um tipo dado a aventuras. Não são os mitos sexuais de sua sociedade e é para muito poucos amigos que confessam suas conquistas, pois não faz parte de suas necessidades se autoafirmar através desse expediente. São honestos e sinceros em seus relacionamentos mais duradouros, porque para eles sexo é algo vital, insubstituível, mas o objeto sexual em si não é merecedor de tanta atenção depois de satisfeito desejo. Psicologicamente, os filhos de Xangô apresentam uma alta dose de energia e uma enorme auto-estima, uma clara consciência de que são importantes, dignos de respeito e atenção,

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principalmente, que sua opinião será decisiva sobre quase todos os tópicos - consciência essa um pouco egocêntrica e nada relacionada com seu real papel social. Os filhos de Xangô são sempre ouvidos; em certas ocasiões por gente mais importante que eles e até mesmo quando não são considerados especialistas num assunto ou de fato capacitados para emitir opinião. A postura pouco nobre dos filhos de Xangô e seu cultivo de hábitos considerados aristocráticos ou pouco burgueses, é resultado dessa configuração psicológica. Porém, o senhor de engenhoque habita dentro deles faz com que não aceitem o questionamento de suas atitudes pelos outros, especialmente se já tiverem considerado o assunto em discussão encerrado por uma determinação sua. Gostam portanto, de dar a última palavra em tudo, se bem que saibam ouvir. Quando contrariados porém, se tornam rapidamente violentos e incontroláveis. Nesse momento, resolvem tudo de maneira demolidora e rápida mas, feita a lei, retornam a seu comportamento mais usual. Em síntese, o arquétipo associado a Xangô está próximo do déspota esclarecido, aquele que tem o poder, exerce-o inflexivelmente, não admite dúvidas em relação a seu direito de detê-lo, mas julga a todos segundo um conceito estrito e sólido de valores claros e pouco discutíveis. É variável no humor, mas incapaz de conscientemente cometer uma injustiça, fazer escolha movido por paixões, interesses ou amizades. Xangô é o Orixá julgador, destruidor, inteligente, impulsivo, violento. Representa o poder transformador do fogo, é o padroeiro dos intelectuais e artistas. Seu número simbólico é o doze, assim como doze são os ministros, Obas, de Xangô. Apesar de discordarmos da visão privilegiada do fogo como elemento de Xangô, insistimos que a pedra é seu símbolo básico, mais redutor e mais abrangente ao mesmo tempo. CARACTERÍSTICAS DOS FILHOS DE OXUM O arquétipo psicológico associado a Oxum se aproxima da imagem que se tem de um rio, das águas que são seu elemento; aparência da calma que pode esconder correntes, buracos no fundo, grutas - tudo que não é nem reto nem direto, mas pouco claro em termos de forma, cheio de meandros. Os filhos de Oxum preferem contornar habilmente um obstáculo a enfrentá-lo diretamente, por isso mesmo, são muito persistentes no que buscam, tendo objetivos fortemente delineados, chegando mesmo a ser incrivelmente teimosos e obstinados. A imagem doce, que esconde uma determinação forte e uma ambição bastante marcante, colabora a tendência que os filhos de Oxum têm para engordar; gostam da vida social, das festas e dos prazeres em geral. O sexo é importante para os filhos de Oxum. Eles tendem a ter uma vida sexual intensa e significativa, mas diferente dos filhos de Iansã ou Ogum. Os filhos de Oxum são mais discretos, pois, assim com apreciam o destaque social, temem os escândalos ou qualquer coisa que possa denegrir a imagem de inofensivos, bondosos, que constroem cautelosamente. Na verdade os filhos de Oxum são narcisistas demais para gostarem muito de alguém que não eles próprios – mas sua facilidade para a doçura, sensualidade e carinho pode fazer com que pareçam os seres mais apaixonados e dedicados do mundo. Faz parte do tipo, uma certa preguiça coquete, uma ironia persistente porém discreta e, na aparência, apenas inconseqüente. Verger define: O arquétipo de Oxum é o das mulheres graciosas e elegantes, com paixão pelas jóias, perfumes e vestimentas caras. Até um dos defeitos mais comuns associados à superficialidade de Oxum é compreensível como manifestação mais profunda: seus filhos tendem a ser fofoqueiros, mas não pelo mero

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prazer de falar e contar os segredos dos outros, mas porque essa é a única maneira de terem informações em troca. CARACTERÍSTICAS DOS FILHOS DE IANSÃ Arquetipicamente, Iansã é a mulher guerreira que, em vez de ficar no lar, vai à guerra. São assim os filhos de Iansã, que preferem as batalhas grandes e dramáticas ao cotidiano repetitivo. Costumam ver guerra em tudo, sendo portanto competitivos, agressivos e dados a ataques de cólera. Ao contrário, porém, da busca de certa estratégia militar, que faz parte da maneira de ser dos filhos de Ogum, que enfrentam a guerra do dia-a-dia, os filhos de Iansã costumam ser mais individualistas, achando que com a coragem e a disposição para a batalha, vencerão todos os problemas, sendo menos sistemáticos, portanto, que os filhos de Ogum. São quase que invariavelmente de Iansã, os personagens que transformam a vida num buscar desenfreado tanto de prazer como dos riscos. São fortemente influenciados pelo arquétipo da deusa aquelas figuras que repentinamente mudam todo o rumo da sua vida por um amor ou por um ideal. Faz parte dos filhos de Iansã a maior arte dos militantes políticos não cerebrais por excelência. Ao mesmo tempo, quando rompem com uma ideologia e abraçam outra, vão mergulhar de cabeça no novo território, repudiando a experiência anterior de forma dramática e exagerada, mal reconhecendo em si mesmos, as pessoas que lutavam por idéias tão diferentes. Talvez uma súbita conversão religiosa, fazendo com que a pessoa mude completamente de código de valores morais e até de eixo base de sua vida, pode acontecer com os filhos de Iansã num dado momento de sua vida. Da mesma forma que o filho de Iansã revirou sua vida uma vez de pernas para o ar, poderá novamente chegar à conclusão de que estava enganado e, algum tempo depois, fazer mais uma alteração - tão ou mais radical ainda que a anterior. O temperamento dos que têm Oyá como Orixá de cabeça, costuma ser instável, exagerado, dramático em questões que, para outras pessoas não mereceriam tanta atenção e, principalmente, tão grande dispêndio de energia. São do tipo Iansã, aquelas pessoas que podem ter um desastroso ataque de cólera no meio de uma festa, num acontecimento social, na casa de um amigo - e, o que é mais desconcertante, momentos após extravasar uma irreprimível felicidade, fazer questão de mostrar, à todos, aspectos particulares de sua vida. Como esse arquétipo que gera muitos fatos, é comum que pessoas de Iansã surjam freqüentemente nos noticiários. Ao mesmo tempo, é um caráter cheio de variações, de atitudes súbitas e imprevisíveis que costumam fascinar (senão aterrorizar) os que os cercam e os grandes interessados no comportamento humano. Os Filhos de Iansã são atirados, extrovertidos e chocantemente diretos. Às vezes tentam ser maquiavélicos ou sutis, mas só detidamente. A longo prazo, um filho de Iansã sempre acaba mostrando cabalmente quais seus objetivos e pretensões. Eles têm uma tendência a desenvolver vida sexual muito irregular, pontilhada por súbitas paixões, que começam de repente e podem terminar mais inesperadamente ainda. São muito ciumentos, possessivo, muitas vezes se mostrando incapazes de perdoar qualquer traição - que não a que ele mesmo faz contra o ser amado. Ao mesmo tempo, costumam ser amigos fiéis para os poucos escolhidos ara seu círculo mais íntimo. Um problema, porém, pode atrapalhar tudo: a inconstância com que vê sua vida amorosa; outros detalhes podem também contaminar os aspectos profissionais.

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Todas essas características criam uma grande dificuldade de relacionamentos duradouros com os filhos de Iansã. Se por um lado são alegres e expansivos, por outro, podem ser muito violentos quando contrariados; se têm a tendência para a franqueza e para o estilo direto, também não podem ser considerados confiáveis, pois fatos menores provocam reações enormes e, quando possessos, não há ética que segure os filhos de Iansã, dispostos a destruir tudo com seu vento forte e arrasador. CARACTERÍSTICAS DOS FILHOS DE NANÃ Uma pessoa que tenha Nanã como Orixá de cabeça (mãe no Eledá), pode levar em conta principalmente a figura da avó: carinhosa às vezes até em excesso, levando o conceito de mãe ao exagero, mas também ranzinza, preocupada com detalhes, com forte tendência a sair censurando os outros. Não tem muito senso de humor, o que a faz valorizar demais pequenos incidentes e transformar pequenos problemas em grandes dramas. Ao mesmo tempo, tem uma grande capacidade de compreensão do ser humano, como se fosse muito mais velha do que sua própria existência. Por causa desse fator, o perdão aos que erram e o consolo para quem está sofrendo é uma habilidade natural. Nanã, através de seus filhos-de-santo, vive voltada para a comunidade, sempre tentando realizar as vontades e necessidades dos outros. Às vezes porém, exige atenção e respeito que julga devido mas não obtido dos que a cercam. Não consegue entender como as pessoas cometem certos enganos triviais, como optam por certas saídas que para um filho de Nanã são evidentemente inadequadas. É o tipo de pessoa que não consegue compreender direito as opiniões alheias, nem aceitar que nem todos pensem da mesma forma que ela. Suas reações bem equilibradas e a pertinência das decisões, mantém-nas sempre no caminho da sabedoria e da justiça. Todos esses dados indicam também serem os filhos de Nanã, um pouco mais conservadores que o restante da sociedade, desejarem a volta de situações do passado, modos de vida que já se foram. Querem um mundo previsível, estável ou até voltando para trás: são aqueles que reclamam das viagens espaciais, dos novos costumes, da nova moralidade, etc. Quanto à dados físicos, são pessoas que envelhecem rapidamente, aparentando mais idade do que realmente têm. CARACTERÍSTICAS DOS FILHOS DE OMOLU-OBALUAÊ Ao senhor da doença é relacionado um arquétipo psicológico derivado de sua postura na dança: se nela Omolu-Obaluaê esconde dos espectadores suas chagas, não deixa de mostrar, pelos sofrimentos implícitos em sua postura, a desgraça que o abate. No comportamento do dia-a-dia, tal tendência se revela através de um caráter tipicamente masoquista. Pierre Verger define os filhos de Omolu como pessoas que são incapazes de se sentirem satisfeitas quando a vida corre tranqüila para elas. Podem até atingir situações materiais e rejeitar, um belo dia, todas essas vantagens por causa de certos escrúpulos imaginários. São pessoas que, em certos casos, se sentem capazes de se consagrar ao bem-estar dos outros, fazendo completa abstração de seus próprios interesses e necessidades vitais. No Candomblé, como na Umbanda, tal interpretação pode ser demais restritiva. A marca mais forte de Omolu-Obaluaê não é a exibição de seu sofrimento, mas o convívio com ele. Ele se manifesta numa tendência autopunitiva muito forte, que tanto pode revelar-se como uma grande capacidade de somação de problemas psicológicos (isto é, a transformação de traumas emocionais em doenças físicas reais), como numa elaboração de rígidos conceitos morais que afastam seus filhos-de-santo do cotidiano, das outras pessoas em geral e principalmente os prazeres. Sua insatisfação básica, portanto, não se reservaria contra a vida, mas sim contra si próprio, uma vez que ele foi estigmatizado pela marca da doença, já em si uma punição.

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Em outra forma de extravasar seu arquétipo, um filho do Orixá , menos negativista, pode apegar-se ao mundo material de forma sôfrega, como se todos estivessem perigosamente contra ele, como se todas as riquezas lhe fossem negadas, gerando um comportamento obsessivo em torno da necessidade de enriquecer e ascender socialmente. Mesmo assim, um certo toque do recolhimento e da autopunição de Omolu-Obaluaê serão visíveis em seus casamentos: não raro se apaixonam por figuras extrovertidas e sensuais (como a indomável Iansã, a envolvente Oxum, o atirado Ogum) que ocupam naturalmente o centro do palco, reservando ao cônjuge de Omolu-Obaluaê um papel mais discreto. Gostam de ver seu amado brilhar, mas o invejam, e ficam vivendo com muita insegurança, pois julgam o outro, fonte de paixão e interesse de todos. Assim como Ossâim, as pessoas desse tipo são basicamente solitárias. Mesmo tendo um grande círculo de amizades, freqüentando o mundo social, seu comportamento seria superficialmente aberto e intimamente fechado, mantendo um relacionamento superficial com o mundo e guardando sua intimidade ara si própria. Não raro são pessoas que julgam. Ter características detestáveis, que vivem criticando, motivo de vergonha. O filho do Orixá oculta sua individualidade com uma máscara de austeridade, mantendo até uma aura de respeito e de imposição, de certo medo aos outros. Pela experiência inerente a um Orixá velho, são pessoas irônicas. Seus comentários porém não são prolixos e superficiais, mas secos e diretos, o que colabora para a imagem de terrível que forma de si próprio. Um último, mas importante detalhe; em diversas de suas lendas, o Orixá da varíola é apresentado como uma divindade que perdeu uma perna. Isso se refletiria em seus filhos como um defeito congênito em uma das pernas ou a tendência a sofrer, durante sua vida, por um problema de relativa gravidade em seus membros inferiores, a partir de quedas ou desastres que podem ou não ser curados e ultrapassados. 15 – FORMA E APRESENTAÇÃO DOS ESPÍRITOS NA UMBANDA Ao penetrarmos neste assunto, sabemos, de antemão, que vamos contrariar uma grande parte do "meio"aferrada a "esquisitas visões", porém, nosso objetivo é separar o joio do trigo, pela ridícula confusão que o fanatismo, irmão do fetichismo, faz das FORMAS ou ROUPAGENS FLUÍDICAS que os Orixás, Guias e Protetores usam em nossa UMBANDA. Não devemos, em absoluto, aceitar as descrições fantásticas que videntes, intoxicados ao animismo, fazem de supostas Entidades...Alguns vêem Oguns Japoneses, Mongóios, Tibetanos e até Romanos, de couraças, espadas ou cimitarras flamejantes, quando não é um "Xangô" chinês, na aparência de um velho mandarim...Outras vezes, afirmam que Oxossi é um jovem hindu ou italiano, de cabelos semicompridos, com uma faixa na cinta e três flechas enfiadas no corpo, tal e qual o modelo fabricado pelos santeiros. A Umbanda é a Lei regida por princípios e regras em harmonia que não podemos alterar pela simples vontade; todos os que, conscientemente, tentarem alterá-la, sofreram diferentes dissabores... Repetimos e afirmamos; a Umbanda é o movimento do Círculo Inicial do Triângulo e este, é o Ternário ou a Tríade, que exterioriza suas vibrações através das TRÊS FORMAS ordenadas pela Lei, que são místicas pois simbolizam: a) a PUREZA, que nega o vício, o egoísmo e a ambição; b) a SIMPLICIDADE, que é o oposto da vaidade, do luxo e da ostentação; c) a HUMILDADE, que encerra os Princípios do amor, do sacrificial, e da paciência, ou seja, a negação do poder temporal...

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As três formas que simbolizam estas Virtudes são as de CRIANÇAS,CABOCLOS e PRETOSVELHOS, que ainda traduzem: o Princípio ou Nascer,o Meio ou a Plenitude da Força e a Velhice ou o Descanso, isto é, a consciência em calma,o abandono das atrações materiais...o esquecimento do ilusório para o começo da realidade. Tentaremos então explicar, que o Espírito não tem Pátria,porém, conserva em si ou forma sua alma pelos caracteres psíquicos de vários renascimentos, em diferentes Pátrias. No entanto, o conjunto desses caracteres psíquicos experimentais contribui para formar a sua personalidade moral e mental, influindo decisivamente na "forma" de seu corpo "astral"e mesmo na física quando encarnado. Poderá, pelo resgate, elevar-se ou evoluir tanto, espiritualmente, que sua imediata condição, estando de tal forma purificada, anla completamente os caracteres pessoais de sua última encarnação, e o seu corpo astral pode tomar uma "forma etérica" que apaga, em aparência, aquela que caracterizou esta passagem pelo "mundo da forma humana". Assim devemos concluir que existe maior quantidade de formas astrais feias, baixas, de aspectos brutais, reveladoras do atraso mental de seus ocupantes espirituais, do que formas belas que expressam a Luz, a consciência evolutiva. Os ocupantes da forma que revelam um karma limpo,uma iluminação interior, é que são chamados a cumprir missão na Lei de Umbanda, e, por seus conhecimentos e afinidades, são ordenados em uma das Três Formas já citadas...velando assim suas próprias vestimentas karmânicas. 16 – A DEFUMAÇÃO: SEUS EFEITOS ASTRAIS E FÍSICO Deus, perfeito em sua criação, dotou o Homem de vários sentidos, para que seu espírito tivesse assim portas de comunicação com o mundo físico, ajudando-o a viver, integrar-se e evoluir nesta escola chamada Terra. Dentre estes sentidos está o olfato, que ao captar os aromas, nos despertam lembranças e associações, aflorando nossas emoções e fazendo-nos rir, ou chorar de saudades. Quem já não voltou ao passado, sentindo fragrâncias que fizessem lembrar a infância distante ? ou, para nós umbandistas, que ao sentirmos o aroma provindo do charuto ou cachimbo, não lembramos imediatamente de nossos queridos Pretos-Velhos e Caboclos ?!. Assim, através dos aromas podemos ficar relaxados, agitados, próximos ou afastados de pessoas, coisas ou lugares. Por este motivo, os templos do Egito antigo, dos Hindus, Persas, e hoje os templos umbandistas, católicos, esotéricos etc. Sensibilizam o olfato através dos odores da defumação, harmonizando e aumentando o teor das vibrações psíquicas, produzindo condições de recepção e inspiração nos planos físico e espiritual. Além de influenciar em nossas vibrações psíquicas, as ervas utilizadas na defumação são poderosos agentes de limpeza vibratória, que tornam o ambiente mais agradável e leve. Ao queimarmos as ervas, liberamos em alguns minutos de defumação todo o poder energético aglutinado em meses ou anos no solo da Terra, absorção de nutrientes dos raios de sol, da lua, do ar, além dos próprios elementos constitutivos das ervas. Deste modo, projeta-se uma força capaz de desagregar miasmas astrais que dominam a maioria dos ambientes humanos, produto da baixa qualidade de pensamentos e desejos, como raiva, vingança, inveja, orgulho, mágoa, sensualidade etc. Existem, para cada objetivo que se tem ao fazer-se uma defumação, diferentes tipos de ervas, que associadas, permitem energizar e harmonizar pessoas e ambientes, pois ao queimá-las, produzem reações agradáveis ou desagradáveis no mundo invisível. Há vegetais cujas auras são agressivas, repulsivas, picantes ou corrosivas, que põem em fuga alguns desencarnados de vibração inferior. Os antigos Magos, graças ao seu conhecimento e experiência incomuns,

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sabiam combinar certas ervas de emanações tão poderosas, que traçavam barreiras intransponíveis aos espíritos intrusos ou que tencionavam turbar-lhes o trabalho de magia. Apesar das ervas servirem de barreiras fluídico-magnéticas pra os espíritos inferiores, seu poder é temporário, pois os irmãos do plano astral de baixa vibração são atraídos novamente por nossos pensamentos e atos turvos, que nos deixam na mesma faixa vibratória inferior (Lei de Afinidades). Portanto, vigilância quanto ao nível dos pensamentos e atos. A defumação deve ser feita em turíbulos de barro (elemento natural neutro), que matém as qualidades e os efeitos dos elementos constitutivos das ervas. Efetuar defumação em recipientes de alumínio, ferro ou similares é um equívoco, pois que estes metais ao entrarem em contato com o carvão em brasa, liberam toxinas que irão neutralizar, total ou parcialmente, a eficácia das ervas. Convém lembrar que ao manipular o defumador, deve-se estar concentrado, a fim de se potencializar seus efeitos, impedindo assim que este ato liúrgico-magístico de limpeza psicoespiritual se transforme apenas em ato mecânico de agitação do turíbulo. 17 – BANHOS Duas coisas existem dentro do Ritual da Relação de Umbanda, de grande importância: são os banhos de ervas e os defumadores, em suas diversas formas, quer para médiums iniciantes, quer para os que se consideram iniciados ou desenvolvidos. Desde as mais remotas épocas, os "banhos", como veículos de purificação, foram considerados e ainda o são, parte integrante do sentimento religioso e ,haja, vista como as multidões, na lendária India, são levadas, por este sentimento a banharem-se nas águas do Ganges, cumprindo, religiosamente, parte de um ritual que consideram um ato sagrado. Vemos, também que o uso dos banhos fazia parte integral da iniciação entre os Essênios (esta palavra tem origem na Siríaca "ASSAYA" e significa Médicos – em grego terapeutas) , estes mesmos onde, segundo vários escritores categorizados, Jesus tinha praticado. Os Essênios possuíam o conhecimento das propriedades das plantas, quer para a parte das doenças do corpo físico, quer para as do corpo astral, sendo que nesta parte eram considerados como pontos básicos, em seu ritual ou liturgia. Os "banhos", portanto, usados criteriosamente na Umbanda, não são para "supersticiosos de uma religião bárbara", segundo o conceito de certos "espiritualistas" que não entendem ou simulam não entender do assunto. O uso destes banhos, de grande importância, em suas fases de Iniciação ou Liturgia, depende do conhecimento e uso das ervas ou raízes, nas suas diferentes qualidades e afinidades, que devem entrar na composição dos mesmos, não se podendo facilitar quanto a isto. É de capital importância a época, dia e hora em que os ingredientes devam ser colhidos, bem como prepará-los e executá-los, de acordo com os dias e hora determinados para uso, sendo preferível usar pessoas especializadas para a colheita das plantas. JAMAIS OS RESPONSÁVEIS PELA PARTE INTRÍSECA DE UM RITUAL, DEVEM PERMITIR QUE ESTES BANHOS SEJAM ADQUIRIDOS NO "BALCÕES", PELO ÚNICO MOTIVO DE NÃO OBEDECEREM À SELEÇÃO DE "QUANTIDADE, QUALIDADE E AFINIDADE PLANETÁRIAS E MEDIUNICAS" INERENTES À FINALIDADE DO USO. Outrossim, estas ervas que se rotulam como banhos de "descarga", para "abrir caminho", descarregar isto ou aquilo, etc., são secas, já estando com suas células vitalizantes em estado de não precipitar ou agir com a precisão desejada em relação com a urgência do caso. Mesmo porque as ervas secas são mais apropriadas aos defumadores e ainda porque, uma certa falta de critério, pode acarretar consequências a quem as adquirir, e mesmo porque não nos consta

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que os fabricantes destes "banhos" ou defumadores, sejam iniciados na Lei de Umbanda. Quem nos prova estejam capacitados a fazê-los? Sabemos que muitas pessoas se sentem bem, momentaneamente , com qualquer espécie de "banho de descarga", mas apenas por uma questão de fé, auto-sugestão, etc. Entretanto, no sincero propósito de orientarmos , tanto quanto possível, os que não tenham uma diretriz já definida sobre o assunto de banhos de ervas, passaremos a identificar no Ritual da Religião de Umbanda, BANHOS PARA QUATRO FINALIDADES, que embora se distinguindo , entrosam-se para um só objetivo: o espiritual. Temos portanto: • • • •

Banho Banho Banho Banho

de de de de

Essência Eliminação ou descarga Fixação ou Ritualístico Elevação ou Litúrgico

18 – A PEMBA A pemba é um instrumento ritualístico usado tanto para riscar os Pontos Cabalísticos trazidos pelas Entidades, como pelo Babalaô para riscar pontos e estabelecer contatos vibratórios com as energias cósmicas. Seu uso estabelece uma correlação e identidade entre o mundo da forma e o mundo espiritual estérico. A base mística de sua utilização está relacionada com a pedra, que segundo o conceito primitivo vinha do céu ou das profundezas da terra. Ao cair do céu, trazia o fogo através do ar, e da Terra trazia o contato com a água pura em processo de purificação nas suas entranhas. Por encerras or quatro elementos naturais em sua manifestação a pedra assume o aspecto neutro. Devido a essa naturalidade significa LEI e JUSTIÇA. Constata um comportamento importante do ponto de vista operacional: a pedra responde ao choque com o fogo, mas resiste ao fogo que o homem domina. Diante da terra ela é imutável, diante do ar também. Contudo, responde de modo sensível a água: muda de tom quando molhada. Deixa-se levar pela correnteza dos rios e deixa-se modelar pelas águas insistentes. O fato de a pedra responder a presença da água denuncia uma afetividade por esse elemento, principalmente água doce, que é capaz de polir suas arestas, de abrandar a dureza da pedra. Esse conceito é atribuído a pemba, perfeitamente caracterizada pela sua forma sólida. Entretanto pela própria constituição material, a Pemba não é tão dura como a pedra, nem tão mole como a água. Originalmente, ela era confeccionada de uma espécie de caulim importado da África, em estado natural. Posteriormente, pela dificuldade da importação, houve uma substituição do material original pôr outros encontrados no Brasil, tais como o calcário, a tabatinga, etc. A sua confecção é bem simples: basta misturar uma pequena quantidade do material triturado com um pouco de goma arábica bem fina ou leite; deixa-se secar um pouco e, antes que endureça, da-se-lhe a forma desejada, para só então deixar que seque totalmente. A sua constituição sugere um elemento intermediário entre a dureza da pedra e a maleabilidade da água, sem entretanto perder as características de neutralidade e limpeza. Além do mais, em sua confecção aparece o elemento ar como secador ou plasmador da forma final. Isso a caracteriza como um instrumento simbólicom, ígneo e de ligação entre a terra e o céu, através da justiça. Portanto, ela tem a força que representa . Dessa forma os pontos cabalísticos riscados com a pemba representam uma grafia de projeção bidimensional de símbolos tridimensionais, que revestem de todo o poder mágico que as forças cósmica lhes conferem. Através de seu estado ígneo, o fogo, a pemba manipula as energias psíquicas do ser humano; pela água ela lava e limpa os resíduos espirituais da aura; pelo ar,

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transporta esses resíduos para seus locais de origem, ao mesmo tempo purifica e dinamiza as energias manipuladas no ato mágico; e, finalmente, pela terra transforma as energias residuais em puras, através de seus filtros, para que elas retornem a seus campos prontas para exercer suas funções equilibrantes. Pôr isso, a pemba é considerada um instrumento altamente poderoso nos rituais de Umbanda. Seu poder é tão grande que é um dos poucos elementos ritualísticos que podem tocar a cabeça do médium ou das pessoas que procuram a Umbanda. Dessa forma, ela pode ser usada em banhos de descarrego, inclusive na lavagem de cabeça, no descarrego de firmas e outros objetos e também para a imantação de objetos ritualísticos. 19 – AS VELAS As velas sempre foram utilizadas pela maioria das religiões , e dentro da Umbanda , principalmente por ser uma religião espiritualista, onde a vela, tem uma relação direta com luz, alma, etc....seu uso faz-se obrigatório, em todos os rituais. Sempre que queremos entrar em contato com o "mundo astral"(superior ou inferior), a vela é a principal "chave de acesso" p/ isto (intimamente ligado a fé e mentalização) . Não temos uma noção exata, de quando se iniciou o uso das velas religiosamente, mas seja em uma vela feita em parafina, cera, ou uma lamparina, esta chama possui um calor e luz, e faz assim chamar a nossa atenção p/ irmos de encontro com o nosso íntimo, buscarmos respostas e entrando em sintonia com os seres que nos são afins... O ato de acender uma vela, deve ser um ato de fé, de mentalização e ,concentração p/ a finalidade que se quer. É o momento em que o médiun faz uma "ponte mental", entre o seu consciente e o pedido ou agradecimentos à entidade, Ser ou Orixá, em que estiver afinizando. Muitas médiuns acendem velas p/ seus guias , de forma automática e mecânica, sem nenhuma concentração. É preciso que tenha-se consciência do que esteja-se fazendo, da grandeza e importância (p/ o médiun e Entidade), pois a energia emitida pela mente do médiun, irá englobar a energia ígnea (do fogo) e , juntas viajarão no espaço p/ atender a razão da queima desta vela. Sabemos que a vida gera calor e que a morte traz o frio. Sendo uma chama de vela cheia de calor, ela tem amplo sentido de vida, despertando nas pessoas a esperança a fé e o amor. Quem usar suas forças mentais com ajuda da "magia"das velas, no sentido de ajudar alguém, irá receber em troca uma energia positiva; mas, se inverter o fluxo de energia, ou seja, se o seu pensamento estiver negativado (pensamentos de ódio, vingança, etc...) , e utilizar p/ prejudicar qualquer pessoa, o retorno será Infalível, e as energias de retorno serão sempre maiores, pois voltarão com as energias de quem as recebeu. A intenção de acendermos uma vela, gera uma energia mental no cérebro; e essa energia que a entidade irá captar em seu campo vibratório. Assim, mais uma vez podemos dizer que: Nem sempre a quantidade está relacionada diretamente à qualidade, a diferença estará na fé e mentalização do médiun. Desta forma, é inútil acreditar que, podemos "comprar favores"de uma entidade, negociando com um valor maior de quantidade de velas.... Os espíritos, captam em primeiro lugar, as vibrações de nossos sentimentos, quer acendamos velas ou não!

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Aconselhamos a todos que , ao menos semanalmente acendam uma vela branca (ou sete dias), p/ seu Anjo de Guarda. É uma forma de mantermos um "laço íntimo", de aproximação. Em paradoxo, aconselhamos que se desejarem acender velas p/ um ente querido , já desencarnado, o façam em um lugar mais apropriado ( cemitério, igreja) e não dentro de vossas casas; isto porque , ao mentalizarmos o desencarnado, estamos entrando em sintonia com ele, fazendo a ponte mental até ele, deixando este espírito literalmente, dentro de nossas casas. O que não seria o correto, pois estaríamos fazendo com que fique mais "preso" ao mundo carnal, atrasando assim a sua evolução espiritual. Agora ao fazermos isso em um local apropriado, estes locais já possuem "equipes de socorristas" e doutrinadores, na qual irão ajudá-lo na compreensão e aceitação de seu desencarne (morte). NOTA: No ocultismo, lembrem-se de acender sempre em número impar, pois os impares não se anulam, por serem indivisíveis. 20 – PONTOS Existem duas formas de pontos. São elas : 1) PONTOS CANTADOS Quando cantamos, a vibração do som ativa uma parte do nosso cérebro, provocando as mais variadas reações. Assim podemos rir ou chorar, dependendo do ritmo de música, de sua letra ou dos motivos de nosso cantar. A Umbanda, como expressão popular, por ser uma religião que nasceu sobretudo na alma do povo brasileiro, jamais poderia deixar de ter canto fazendo parte do seu ritual. A Umbanda é magia, e essa magia está presente nos pontos cantados. Assim, grande parte das letras das músicas nos terreiros tem forma de despertar suas forças mentais. Elas atuam como elementos fixadores das energias das entidades na mente dos médiuns. Com o passar do tempo, a repetição dos cânticos funcionam como uma forma eficaz forma de condicionamento. Todas às vezes que um médium houve um determinado ponto cantado, fica automaticamente predisposto ao trabalho mediúnico. Nós devemos observar bem as letras do ponto cantado e procurar-mos entender a mensagem. Por exemplo: Preto velho vem Preto velho vem Vem beirando o mar Quem engana a Deus Quem engana a Deus Enganado está Oi viva as Almas Oi viva as Almas Oi viva as Almas e o Rosário de Maria 2) PONTOS RISCADOS É uma concentração de forças. O valor mágico de um ponto riscado é muito grande na Umbanda. Para o leigo, o ponto riscado é apenas uma identificação de uma entidade. Já para o umbandista, o ponto riscado tem outro significado que não a identificação da entidade. Para ele, o ponto é um instrumento de trabalho para os trabalhos mágicos efetuados pelas entidades. Os pontos são de uso exclusivo das entidades astrais; Crianças, Caboclos e Pretos Velhos. Só eles que riscam e manipulam estes pontos, quando tem a felicidade de o fazer através de um médium. É através do ponto riscado, que as entidades mantém uma fonte de energia ligada ao plano astral, oferecendo a ela a firmeza necessária para o trabalho em terra. É importante que o médium aprenda o significado dos símbolos, para saber ler os pontos e saber para que finalidade ele se destina. Exitem dois tipos de ponto riscado:

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Identificação: este ponto é composto de três partes que são: flecha, Chave e Raiz. Flecha é o símbolo que indica a Banda. Chave mais a flecha para firmar com mais precisão sua identidade. Raiz a origem.

Fixação: este ponto será riscado colocando-se os símbolos de acordo com o trabalho que a entidade vai realizar.

21 – EXÚ, O AGENTE MÁGICO UNIVERSAL "— Não pense que consegui meu poder sendo um tolo. Sempre dormi com um olho aberto. Nunca deixei uma ofensa sem resposta, nem um inimigo mais fraco sem conhecer meu poder. Nunca deixei de respeitar um igual ou de temer um mais forte. Foi assim que consegui tanto poder. Também nunca saí da lei do carma. Não derrubo ninguém que não merece, nem elevo quem não fizer por merecer. Não traio ninguém, mas também não deixo de castigar um traidor. Leve o tempo que for necessário, eu o castigo. Não castigo um inocente, mas não perdôo um culpado. Não dou a um devedor, mas não tiro de um credor. Não salvo a quem quer perder-se, mas não ponho a perder quem quer salvar-se. Não ajudo a morrer quem quer viver, mas não deixo vivo quem quer matar-se. Não tomo de quem achar, mas não devolvo a quem perder. Não pego o poder do Senhor da Luz, mas não recuso poder do Senhor das Trevas. Não induzo ninguém a abandonar o caminho da Lei, mas não culpo quem dele se afastar. Não ajudo quem não quer ser ajudado, mas não nego ajuda a quem merecer. Sirvo à Luz, mas também sirvo às Trevas. No meu reino eu mando e sei comportar. Não peço o impossível, mas dou o possível. Nem tudo que me pedem eu dou, mas nem tudo que dou é porque me pediram. Só respeito a Lei do Grande da Luz e das Trevas, e nada mais. É isso que o Grande exige de mim; portanto, é isso que eu exijo dos que habitam meu reino. Não faço chorar o inocente, mas também não deixo sorrir o culpado. Não liberto o condenado, mas também não aprisiono o inocente. Não revelo o oculto, mas não oculto o que pode ser revelado. Não infrinjo a Lei e pela Lei não sou incomodado. Agora sabe de onde vem meu poder, Senhor da Meia-Noite. Sou um dos sete guardiães da Lei nas Trevas; os outros seis, procure-os e a Lei lhos mostrará." (Guardião dos Sete Portais das Trevas) Exú em Yorubá significa "ESFERA". O que não tem começo nem fim, aquilo que é infinito. Ao contrário do que se pensa, os Exús não são os diabos e espíritos malígnos ou imundos que algumas religiões pregam, tampouco são espíritos endurecidos ou obsessores que um grande número de espíritas crêem. Os “diabos” ou demônios são seres mitológicos já “desvendados” pela doutrina espírita, portanto, não existem. Espíritos trevosos ou obsessores são espíritos que se encontram desajustados perante à Lei. Provocam os mais variados distúrbios morais e mentais nas pessoas, desde pequenas confusões, até as mais duras e tristes obsessões. São espíritos que se comprazem na prática do mal, apenas por sentirem prazer ou por vinganças, calcadas no ódio doentio. Aguardam, enfim, que a Lei os “recupere” da melhor maneira possível (voluntária ou involuntariamente). São conhecidos, pelos umbandistas, quimbandistas, etc., como quiumbas. Vivem no baixo astral, onde as vibrações energéticas são densas. Este baixo astral é uma enorme “egrégora” formada pelos maus pensamentos e atitudes dos espíritos encarnados ou desencarnados. Sentimentos baixos, vãs paixões, ódios, rancores, raivas, vinganças, sensualidade desenfreada, vícios de todas as estirpes, alimentam esta faixa vibracional e os quiumbas se comprazem nisso, já que sentem-se mais fortalecidos.

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O baixo astral, mesmo num imenso caos, tem diversas organizações, fortemente esquematizadas e hierarquizadas. Planos bem elaborados, mentes prodigiosas, táticas de guerrilhas, precisões cirúrgicas, exércitos bem aparelhados e treinados, compõem o quadro destas organizações. Muitas delas agem na plena certeza de cumprirem os desígnios da Lei Divina, onde confundem a Lei da Ação e Reação com o “olho por olho, dente por dente”. Vingam-se pensando que fazem a coisa certa. Algumas agem no mal, mesmo sabendo que estão contra a Lei, mas enquanto a vingança não se consumar, não haverá trégua para os seus “inimigos”. Acham que não plantam o mal, nem que a Reação se voltará mais cedo ou mais tarde. Cada mal praticado por um espírito o leva a cada vez mais para “baixo”. As quedas são freqüentes e provocam mais e mais revoltas. Alguns espíritos caem tanto que perdem a consciência humana, transformando-se (ou plasmando) os seus corpos astrais (perispíritos) em verdadeiras feras, animais, bestas e assim são usados por outros espíritos como tais. Alguns transformam-se em lobos, cães, cobras, lagartos, aves, etc. Outros espíritos chegam ao cúmulo da queda que perdem as características humanas, transformando os seus perispíritos em ovóides. Esta queda, provoca além da perda de energias, a perda da consciência. Ficam também subjugados por outros espíritos. Apesar de todo este quadro, pouco esperançoso, das trevas. Mesmo sabendo que no nosso orbe o mal prevalece sobre o bem, há também o lado da Luz, da Lei, do Bem. E este lado é tão e mais organizado que as organizações das trevas. Existem, também, diversas organizações, com variados trabalhos e ações, mas com um único objetivo de resgatar das trevas e do mal, os espíritos “caídos”. Vemos colônias espirituais, hospitais no astral, postos avançados da Luz nos Umbrais, caravanas de tarefeiros, correntes de cura, socorristas, etc., afeitos e afinizados aos trabalhos dos centros espíritas. Vemos também, outros trabalhadores espirituais, ligados aos cultos afros, seja na Umbanda, Candomblé, Quimbanda, etc. Especificamente na Umbanda, vemos através das Sete Linhas, vários Orixás hierarquizados. Existem vários níveis na hierarquia dos Orixás. Começando pelos mais altos espíritos, que estão próximos do Criador, até os Orixás Menores ou Planetários (aqueles que são ligados e responsáveis por cada orbe, pela sua evolução). Temos como exemplo de Orixá Menor, o próprio Mestre Jesus, que está na linha de Oxalá e é considerado Oxalá, mas como Orixá Menor. Mesmo sendo Orixás Menores, este espíritos são da mais alta escol. Abaixo destes Orixás, estão os chefes de legiões e suas hierarquias. Estes espíritos “chefes” usam as três roupagens básicas : Caboclos, Pretos-Velhos e Crianças. Apenas na linha de Yorimá ou Obaluaê manifestam os Pretos-Velhos.

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Na linha de Yori ou Ibeji as Crianças. Nas demais linhas (Oxalá, Oxóssi, Ogum, Xangô e Yemanjá) manifestam-se os Caboclos. Outras entidades tais como : baianos, boiadeiros, marinheiros, ondinas, sereias, iaras, etc., são espíritos que compõem as sub-linhas afeitas e subordinadas às sete linhas e aos chefes de legiões. Alguns Caboclos, Crianças ou Pretos-Velhos, às vezes, usam algumas destas roupagens para determinados trabalhos ou missões. Como em nosso Universo (Astral) as manifestações se dividem em duas e manifestam-se como pares : positivo-negativo, ativo-passivo, masculino-feminino, etc. A Umbanda que é paralela ativa, tem como par passivo a Quimbanda (não confundir com a quiumbanda, que é a manifestação das trevas). A Quimbanda, que é a força paralela passiva da Umbanda, força equilibradora da Umbanda. A Quimbanda - são os Sete Planos Opostos da Lei, é o conjunto oposto da Lei. Quando falamos em “oposto” à Lei, não queremos dizer aquilo que está em desacordo à Lei, mas a maneira oposta de como a Lei é aplicada. Na Quimbanda que os Exús se manifestam, a Quimbanda, portanto é o “reino” dos Exús. Os Exús são os “mensageiros” dos Orixás aqui na Terra. Através deles, os Orixás podem se manifestar nas trevas. Então, para cada chefe de falange, sub-chefe, etc. na Umbanda, temos uma entidade correspondente (ou par) na Quimbanda. Os Exús, são considerados como “policiais”, que agem pela Lei, no sub-mundo do “crime” organizado. As “equipes” de Exús sempre estão nestas zonas infernais, mas, não vivem nela. Passam, a maior parte do tempo nela, mas não fazem parte dela. Devido a esta característica, os Exús, são confundidos com os quiumbas. Videntes os vêem nestes lugares e erroneamente dizem que eles são de lá. Os Exús, estão também, divididos em hierarquias. Onde temos Exús muito ligados aos Orixás Menores até aqueles Exús ligados aos trabalhos mais próximos às trevas. Os Exús dividem-se hierarquicamente, em três planos ou três ciclos e em sete graus. A divisão está formada “de cima para baixo” : TERCEIRO CICLO Contém o Sétimo, Sexto e Quinto graus Neste Ciclo, encontramos os Exús Coroados : são aqueles que tem grande evolução, já estão nas funções de mando. São os chefes das falanges. Recebem as ordens diretas dos chefes de legiões da Umbanda. Pouco são aqueles que se manifestam em algum médium. Apenas alguns médiuns, bem preparados, com enorme missão aqui na Terra, tem um Exú Coroado como o seu guardião pessoal. São os guardiões chefes de terreiro. Não mais reencarnam, já esgotaram há tempos os seus karmas. Sétimo Grau - Estão os Exús Chefe de Legião e para cada Linha da Umbanda, temos um Exú no Sétimo Grau, portanto, temos Sete Exús Chefes de Legião Sexto Grau - Estão os Exús Chefes de Falange. São Sete Exús Chefes de Falange subordinados a cada Exú Chefe de Legião, portanto, temos 49 Exús Chefes de Falange.

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Quinto Grau - Estão os Exús Chefes de Sub-Falange. São Sete Exús Chefes de Sub-Falange subordinados a cada Exú Chefe de Falange, portanto, são 343 Exús Chefes de Sub-Falange. SEGUNDO CICLO Contém o Quarto Grau Exús Cruzados ou Batizados : são subordinados dos Exús Coroados. Já tem a noção do bem e do mal. São os Exús mais comuns que se manifestam nos terreiros. Também, tem funções de sub-chefes. Fazem parte da segurança de um terreiro. O campo de atuação destes Exús está nas sombras (entre a Luz e as Trevas). Estão ainda nos ciclos de reencarnações. Quarto Grau - Estão os Exús Chefes de Agrupamento. São Sete Exús Chefes de Agrupamento e estão subordinados a cada Exú Chefe de Sub-Falange, portanto, são 2.401 Exús Chefes de Agrupamento. PRIMEIRO CICLO Contém o Terceiro, Segundo e Primeiro Graus Temos dois tipos de Exús neste ciclo: Exús Espadados - São subordinados do Exús Cruzados. O seu campo de atuação encontra-se entre as sombras e as trevas. Exús Pagãos - São subordinados aos Exús de nível acima. São aqueles que não tem distinção exata entre o bem e o mal. São conhecidos também como “rabos-de-encruza”. Aceitam qualquer tipo de trabalho, desde que se pague bem. Por isso não são confiáveis. São comandados de maneira intensiva pelos Exús de hierarquias superiores. Quando fazem algo errado, são castigados pelos seus chefes e querem vingar-se de quem os mandou fazer a coisa errada. São ex-quiumbas, capturados e depois adaptados aos trabalhos dos Exús. O campo de atuação dos Exús Pagãos são as trevas. Conseguem se infiltrar facilmente nas organizações das trevas. São muito usados pelos Exús dos níveis acima, devido esta facilidade de penetração nas trevas. Terceiro Grau - Estão os Exús Chefes de Coluna. São Sete Exús Chefes de Coluna e estão subordinados a cada Exú Chefe de Agrupamento, portanto, são 16.807 Exús Chefes de Coluna. Segundo Grau - Estão os Exús Chefes de Sub-Coluna. São Sete Exús Chefes de Sub-Coluna e estão subordinados a cada Exú Chefe de Coluna, portanto, são 117.649 Exús Chefes de SubColuna. Primeiro Grau - Estão os Exús Integrantes de Sub-Colunas e são milhares de espíritos nesta função. Os Exús, em geral, sob a nossa ótica, não são bons nem ruins, são apenas executores da Lei. Ogum, responsável pela execução da Lei, determina as execuções aos Exús. A maneira dos Exús atuarem às vezes nos chocam, pois achamos que eles devem ser caridosos, benevolentes, etc. Mas, como podemos tratar mentes transviadas no mal? Os Exús

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usam as ferramentas que sabem usar : a força, o medo, as magias, as capturas, etc. Os métodos podem parecer, para nós, um pouco sem “amor”, mas eles, sabem como agir quando necessitam que a Lei chegue nas trevas. Eles ajudam aqueles que querem retornar à Luz, mas não auxiliam aqueles que querem “cair” nas trevas. Quando a Lei deve ser executada, eles a executam da melhor maneira possível doa a quem doer. Há um ditado muito providencial que diz : “Cuidado com o que se pede a um Exú, pois poderá ser atendido.” Ou seja, se um Exú se manifestar e pedirmos que ele faça o mal, ele poderá fazê-lo, mas ou porque ele sabe que esse mal retornará a quem o pediu ou porque não tem noção do que está fazendo (um Exú pagão). Os Exús, como executores da Lei e do Karma, esgotam os vícios humanos, de maneira intensiva. Às vezes, um veneno é combatido com o próprio veneno, da mesma maneira que a picada de uma cobra venenosa. Assim, muitos vícios e desvios, são combatidos com eles mesmos. Um exemplo, para ilustrar : Uma pessoa quando está desequilibrada no campo da fé, precisa de um tratamento de choque. Normalmente ela, após muitas quedas, recorre a uma religião e torna-se fanática, ou seja, ela esgota o seu desequilíbrio, com outro desequilíbrio : a falta de fé com o fanatismo. Parece um paradoxo ? Sim, parece, mas é extremamente necessário. Outro exemplo é o vício às drogas, onde é preciso de algo maior para esgotar este vício : ou a prisão, a morte, uma doença, etc. A Lei é sempre justa, às vezes somente um tratamento de choque remove um espírito do mal caminho. E são os Exús que aplicam o antídoto para os diversos venenos. Os Exús estão ligados de maneira intensiva com os assuntos terra-a-terra (dinheiro, disputas, sexo, etc.). Quando a Lei permite, eles executam os diversos pedidos materiais dos encarnados. Os Exús tem sob o domínio todas as energias livres, contidas em sangue, cadáveres, esperma, etc. Por isso seus campos de atuação são : cemitérios, matadouros, prostíbulos, boates, necrotérios, etc. Eles lá estão porque frenam (bloqueiam) as investidas dos quiumbas e espíritos endurecidos que se comprazem nos vícios e na matéria. O quiumbas, seres astutos, conseguem se manifestar como um Exú, num terreiro muito preso às magias negras e assuntos que nada trazem elevação espiritual. Ao se manifestarem, pedem inúmeras oferendas, trabalhos, despachos, em troca destes favores fúteis. Normalmente eles pedem muito sangue, bebidas alcóolicas e fumo. Chegam a enganar tanto (ou fascinar) que fazem as mulheres que procuram estes “terreiros”, pagarem as suas “contas” fazendo sexo com o médium “deles”. Ou seja, eles vampirizam o casal quando o ato sexual se efetua. Mas, e os verdadeiros Exús deixam ? É uma pergunta que comumente fazemos quando estes disparates ocorrem.

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Os Exús, permitem isso, para darem lição nestes falsos chefes de terreiros ou médiuns. Como já foram mostrados os métodos dos Exús, para fazer com que a Lei se cumpra, são variados. Muitas vezes, também, a obsessão é tão grande e profunda que os Exús, não podem separar de uma só vez obsedado e obsessor, pois isso causaria a ambos um prejuízo enorme. Outras vezes, os Exús deixam que isso aconteça, para criar “armadilhas” contra os quiumbas, que uma vez instalados nos terreiros, são facilmente capturados e assim, após um interrogatório, podem revelar segredos de suas organizações que logo em seguida são desmanteladas. Alguns terreiros, depois disso, são também desmantelados pelas ações dos Exús, causando doenças que afastam os médiuns, as pessoas, etc. “Ai daquele que provoca um escândalo, mas o escândalo é necessário”. A roupagem fluídica dos Exús varia de acordo com o seu grau evolutivo, função, missão e localização. Normalmente, em campos de batalhas eles usam o uniforme adequado. Seu aspecto tem sempre a função de amedrontar e intimidar. Suas emanações vibratórias são pesadas, perturbadoras. Suas irradiações magnéticas causam sensações mórbidas e de pavor. É claro que em determinados lugares, eles se apresentarão de maneira diversa. Em centros espíritas, podem aparecer com “guardas”. Em caravanas espirituais, como lanceiros. Já foi verificado que alguns se apresentam de maneira fina : com ternos, chapéus, etc. Eles tem grande capacidade de mudar a aparência, podem surgir como seres horrendos, animais grotescos, etc. Grandes batalhas são travadas entre o bem e o mal. Muita energia é despendida nestas investidas e os Exús, por atuarem assim, acabam gastando enormemente as suas reservas energéticas. Depois de vários “dias” trabalhando, eles se recolhem em seus “quartéis” e repõem parte destas energias e aproveitam e estudam, discutem novas táticas, etc. Quando fazemos alguma oferenda para os Exús, eles “capturam” as energias dos elementos oferendados ou a parte etérica e “recarregam as suas baterias”. Mas, se o Exú é um espírito, porque ele precisa de oferendas materiais ? Como eles estão ligados ao terra-a-terra e ao sub-mundo astral que é muito denso, os Exús precisam retirar dos elementos materiais a energia que gastaram em seus trabalhos. Deve-se tomar muito cuidado com o que se oferenda, pois os elementos mais densos (sangue, carne, cadáveres, ossos) são atratores de espíritos endurecidos, que sentem necessidade de elementos materiais. Portanto, é melhor manipular elementos sutis nas oferendas (frutas, incensos, ervas, etc.) Pode-se então ofertar um animal sacrificado para um Exú? Sim, em teoria pode. Mas pense bem, um animal inocente tem que pagar com a vida para que possa reabilitar a nossa ligação com um Exú? Não deve-se destruir uma vida por isso. Para harmonizar algo deve-se desarmonizar outro? Não há muita lógica nisso. Mas, o sangue, por ter um alto teor energético, com certeza restauraria rapidamente as “baterias” de um Exú.

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Mas, além deste aspecto pouco prático que é o sacrifício de um pobre animal, deve-se considerar mais três coisas : - Os inimigos da Umbanda, sempre se apegam a este tipo de oferenda para dizer que é uma religião demoníaca. Quando uma pessoa passa em frente a um despacho numa encruzilhada, aquela cena causa-lhe desagradáveis sensações e os seus pensamentos negativos vão se juntar à egrégora negativa já criada com um despacho. - Oferendas com sangue ou carne atraem muitos quiumbas, às vezes, impedindo que o próprio Exú se aproxime, portanto, estará alimentando os vícios destes espíritos. - Quem sabe manipular energia para oferendar aos amigos Exús, nunca precisará trabalhar com sangue ou seus derivados. Resumindo, é melhor não utilizar e manipular este tipo de elemento em oferendas, ebós, sacudimentos, etc. pois os resultados podem ser negativos e prejudiciais. Além disso, a verdadeira oferenda tem a principal função de reenergizar ou sublimar o próprio médium. Então, o melhor é oferendar elementos não densos, tais como frutas, ervas, velas, incensos, etc. Além destes aspectos já abordados, vale à pena mencionar os diversos níveis vibracionais, onde os espíritos ligados à Terra habitam. Estes níveis são e foram criados de acordo com cada grau evolutivo. Os níveis estão mais relacionados com o mundo da consciência do que com o mundo físico, ou seja, são mais estados de consciência do que um lugar fisicamente localizado. Como são níveis gerados por espíritos ligados de alguma forma com a evolução da Terra, estes níveis estão vinculados ao próprio planeta. Portanto, quando vemos descrições de camadas umbralinas localizadas em abismo sob a crosta terrestre, devemos entender que embora elas estejam localizadas com estes espaços físicos, elas estão no lado espiritual deste plano físico. Temos então, Sete Camadas Concêntricas Superiores e Sete Camadas Concêntricas Inferiores. A divisão está sempre formada “de cima para baixo” : CAMADAS CONCÊNTRICAS SUPERIORES Sétima, Sexta e Quinta Camadas - Zonas Luminosas Seres iluminados, isentos das reencarnações. Cumprem missões no planeta. Estão se libertando deste planeta, muitos já estagiam em outros mundos superiores. Quarta Camada - Zona de Transição Espíritos elevados, que colaboram com a evolução dos irmãos menores. Terceira, Segunda e Primeira Camadas - Zonas Fracamente Iluminadas A maioria dos espíritos que desencarnam estão nestas camadas. Estão em reparações e aprendizados para novas reencarnações. SUPERFÍCIE - Espíritos encarnados CAMADAS CONCÊNTRICAS INFERIORES Sétima Camada - Zona Sub-Crostal Superior

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Sexta, Quinta e Quarta Camadas - Zona das Sombras Zona Purgatoriais ou de Regeneração Quarta Camada - Zona de Transição Entre as sombras e as trevas. Zona de seres revoltados e dementados. Terceira, Segunda e Primeira Camadas - Zona das Trevas - Zona Sub-Crostal Inferior Os seres estão em estágio de insubmissos, renitentes e ostensivos às Leis Divinas. Não reconhecem Deus como o Ser mais superior. A atuação dos Exús está praticamente em todas as camadas inferiores, com exceção das Terceira, Segunda e Primeira Camadas, que eventualmente eles “descem” para missões especiais ou mandam os rabos-de-encruza, pois estão mais “ambientados” com as baixas e perniciosas vibrações. Não que os Exús não possam “descer” até lá, mas porque é desnecessário criar uma guerra com os seres infernais, apenas porque se invadiu aquelas zonas. A maioria dos livros espíritas que tratam do assunto dos níveis vibracionais não chega sequer a mencionar algo além das camadas intermediárias ou médio e alto umbral. Descrevem na maioria das vezes as camadas que ficam as sombras e não as trevas, pois os espíritos que fazem tais incursões não podem ou não devem “baixar” mais, pois somente cabe aos Exús, espíritos especializados “descer” tanto. INVOCAÇÃO DE EXÚ Pelo galo que cantou... Pela Lua que clareou... Pelo poder do ar que assobiou... Pelo poder do ar que balançou... Pelos poderes da Encruzilhada... Pelo poder do Sr. Exú Que as forças possam girar E nesse giro Exú possa-me ajudar E também livre-me de todo e qualquer mal Seja no campo Material ou Astral Salve Exú Laroiê e Mojibá. 22 - AS POMBAS-GIRAS O termo Pomba-Gira é corruptela do termo “Bombogira” que significa em Nagô, Exú. A origem do termo Pomba-Gira, também é encontrado na história.

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No passado ocorreu uma luta entre a ordem dórica e a ordem iônica. A primeira guardava a tradição e seus puros conhecimentos. Já a iônica tinha-os totalmente deturpados. O símbolo desta ordem era uma pomba-vermelha, a pomba de Yona. Como estes contribuiram para a deturpação da tradição e foi uma ordem formada pela maioria por mulheres tinham que saldar suas dívidas. Atualmente elas vem pela Lei de Umbanda como Pomba-Giras para ensinar e fazer seu resgate do passado. Se Exú já é mal interpretado, confundindo-o com o diabo, quem dirá a Pomba-Gira? Dizem que Pomba-Gira é uma mulher da rua, uma prostituta. Que Pomba-Gira é mulher de Sete Exús! As distorções e preconceitos são características dos seres humanos, quando eles não entendem corretamente algo, querendo trazer ou materializar conceitos abstratos, distorcendo-os. Pomba-Gira é um Exú Feminino, não são prostitutas. Na verdade, dos Sete Exús Chefes de Legião - do Sétimo Grau, apenas um Exú é feminino, ou seja, ocorreu uma inversão destes conceitos, dizendo que a Pomba-Gira é mulher de Sete Exús, o que na verdade seria: dos Sete Exús, um é mulher. Dentro da hierarquia do Exú Feminino (Pomba-Gira), estão divididas em níveis diversas outras Pomba-Giras, da mesma forma que as demais falanges. É claro que em alguns casos podem ocorrer que uma delas, em alguma encarnação, tivesse sido uma prostituta, mas isso não significa que as Pomba-Giras tenham sido todas prostitutas e que assim agem. A função das Pomba-Giras está relacionada à sensualidade. Elas frenam os desvios sexuais dos seres humanos, direcionam as energias sexuais para a construção e evitam as destruições. A sensualidade desenfreada é um dos “sete pecados capitais” que destroem o homem : a volúpia. Este vício é alimentado tanto pelos encarnados, quanto pelos desencarnados, criando um ciclo ininterrupto, caso as Pomba-Giras não atuassem neste campo emocional. As Pomba-Giras são grandes magas e conhecedoras das fraquezas humanas. São, como qualquer Exú, executoras da Lei e do Karma. Cabe à elas esgotar os vícios ligados ao sexo. Quando um espírito é extremamente viciado ao sexo, elas, às vezes, dão a ele “overdoses” de sexo, para esgotá-lo de uma vez por todas. Elas, ao se manifestarem, carregam em si grande energia sensual, não significando que sejam desequilibradas, mas sim que recorrem a este expediente para “descarregar” o ambiente deste tipo de energia negativa. São espíritos alegres e gostam de conversar sobre a vida. São astutas, pois conhecem a maioria das más intenções. Estendem os assuntos ou alguma situação, só para que chegue ao âmago do assunto. É preciso esclarecer que o Exú é uma entidade ou designação energética que está sempre dividido em duas partes, o que faz seu equilíbrio energético: a energia masculina e a energia feminina. Um Exú, quando arria num terreiro, traz sempre sua energia feminina e, vice-versa, quando uma Pomba-Gira arria, traz sempre sua energia masculina. Explicando melhor: um Exú sempre leva sua Pomba-Gira em qualquer que vá, pois a Pomba-Gira faz parte da consituição energética do Exú, e vice-versa. Não existe, portanto, um Exú somente com sua energia masculina. Um Exú nunca é uma energia única e separada. Isto não quer dizer que quando um Exú incorpora, obrigatoriamente sua Pomba-Gira deve incorporar, mas certamente ela estará muito próxima e atuando junto a ele nos trabalhos desenvolvidos. Em Resumo... Exú é o elo de ligação entre tudo que existe. É a ligação entre os seres divinos e os seres terrenos, e ligação entre os seres sub-crostais e a matéria.

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Exú é o guardião dos caminhos, soldado dos PRETOS-VELHOS e CABOCLOS, emissário entre os homens e os ORIXÁS, lutador contra o mau, sempre de frente, sem medo, sem mandar recado. O Orixá telúrico, executor da Justiça kármica, guardião da magia, intermediário entre os homens e os Orixás. Exú não é bom nem ruim; cumpre uma função de regulador; é o termômetro das condições astro-físicas do planeta. Todo o emocional, todos os instintos, todas as paixões são manipuladas pelo Exú: essas são as suas demandas. EXÚ NÃO É BOM NEM MAU, É JUSTO. Os Exús atuam como executores da Lei, acima dos conceitos do Bem e do Mau, por isso, são chamados Exús de Lei, por atuarem como agentes da Justiça kármica, e como tal, espíritos responsáveis, conscientes de suas funções e jurisdições. Não são os Exús quem fazem as Leis, eles apenas as cumprem executando-as em nível planetário. Exú gosta de rir, brincar com as pessoas, mas nem por isso seu trabalho não é sério. Gostar de beber e fumar, ao contrário do que muitos pensam, em nada influencia o trabalho do Exú. A bebida e o fumo são elementos de aproximação, fazendo com que as pessoas se identifiquem, ficando mais descontraídas como se estivessem em uma festa. Mas cigarros e bebidas são alguns de seus elementos de trabalho. Caso não tenha bebida ou cigarro, o Exú trabalha do mesmo jeito, pois sua finalidade é apenas ajudar àqueles que o procuram. Em seu trabalho o Exú corta demanda, cria condições de exito, desfaz trabalhos, feitiços e magia negra. Às vezes temido, às vezes amado, mas sempre alegre, honesto e combatente da maldade do mundo. São eles os Exús, nossos amigos, sendo considerados as entidades mais próximas do ser encarnado, eles nos ajudam em todas as horas e merecem nosso respeito. Mensageiros dos Orixás maiores, os Exus são a porta para conseguir tudo o que for preciso. Donos das portas e tronqueiras eles podem fechar ou abrir nossos caminhos, e o caminho das Quimbas (entidades do lado Negro, espíritos obsessores). Para Exú, tudo começa e termina numa encruzilhada. ESTE É O EXÚ!!! A questão mitológica dos Exús é de se apresentarem com essa roupagem de trabalho (capas, caveiras, aspectos diabólicos, etc), mas que na realidade estes espíritos não precisariam destas manifestações. Apresentam-se assim por fazer parte do aspecto dualístico “da personalidade do Exú”, já que trabalha dentro das polaridades do bem e do mal. Convém lembrar que bem e mal são atributos da mente humana e de seus conceitos fundamentados pela sociedade vigente, assim como o conceito do pecado. Na questão da aparência de “demônio” atribuída aos Exús, isto foi desenvolvido por sociedades brancas aterrorizadas por escravos negros rebelados contra o totalitarismo de seus amos e pelo despotismo dos governos e dirigentes que os submetiam e os exploravam. Parte da contradição de identificar Exú com o diabo dos cristãos deve-se ao fato de tentar-se impor um credo católico aos escravos, por causa da grande quantidade de deuses e divindades que possuíam, justo um povo que havia sido submetido a acreditar em outros credos pela força das armas. É assim que, segundo disse Pierre Verger, “o branco aceita tudo do negro, inclusive suas mulheres”... e o negro aceita dos brancos seus deuses que lhe servem para ocultar detrás de suas imagens a sua própria religião.

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Logo após esta adaptação faltava encontrar um demônio e a controvertida e travessa figura de Exú foi a eleita. Por que Exú e não outro Orixá??? Porque Exú tem uma grande afinidade com os humanos e é o mais próximo ao mundo material. Exú escreve reto em linhas tortas; escreve torto em linhas retas; escreve torto em linhas tortas, só não consegue escrever reto em linhas retas. (por Sr. Marabô de Sinhá) Exú é o anjo guerreiro que faz do território inimigo sua morada e seu campo de trabalho. 23 - PRECE DE EXÚ Sou EXÚ, Senhor. Pai, permite que assim te chame, pois, na realidade, Tu o és, como és meu criador. Formaste-me da poeira ástrica, mas como tudo que provém de Ti, sou real e eterno. Permite Senhor, que eu possa servir-Te nas mais humildes e desprezíveis tarefas criadas pelos teus humanos filhos. Os homens me tratam de anjo decaído, de povo traidor, de rei das trevas, de gênio do mal e de tudo o mais em que encontram palavras para exprimir o seu desprezo por mim; no entanto, nem suspeitam que nada mais sou do que o reflexo deles mesmos. Não reclamo, não me queixo porque esta é a Tua Vontade. Sou escorraçado, sou condenado a habitar as profundezas escuras da terra e trafegar pelas sendas tortuosas da provação. Sou invocado pela inconsciência dos homens a prejudicar o seu semelhante. Sou usado como instrumento para aniquilar aqueles que são odiados, movido pela covardia e maldade humanas sem contudo poder negar-me ou recorrer. Pelo pensamento dos inconscientes, sou arrastado à exercer a descrença, a confusão e a ignominia, pois esta é a condição que Tu me impuseste. Não reclamo, Senhor, mas fico triste por ver os Teus filhos que criaste à Tua imagem e semelhança, serem envolvidos pelo turbilhão de iniqüidades que eles mesmos criam e, eu, por Tua lei inflexível, delas tenho que participar. No entanto, Senhor, na minha infinita pequenez e miséria, como me sinto grande e feliz quando encontro nalgum coração, um oásis de amor e sou solicitado a ajudar na prestação de uma caridade. Aceito , sem queixumes, Senhor, a lei que, na Tua infinita sabedoria e justiça, me impuseste, a de executor das consciências, mas lamento e sofro mais porque os homens até hoje, não conseguiram compreender-me. Peço-Te, Oh, Pai infinito que lhes perdoe. Peço-Te, não por mim, pois sei que tenho que completar o ciclo da minha provação, mas por eles, os Teus humanos filhos.

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Perdoa-os, e torna-os bons, porque somente através da bondade do seu coração, poderei sentir a vibração do Teu amor e a graça do Teu perdão. Fleruty (Exú Tiriri) (Esta prece foi psicografada por A . J. Castro, da Cabana de Lázaro) 24 – DÚVIDAS DO DIA-A-DIA Finalizamos, esclarecendo dúvidas que ocorrem no dia-a-dia dos terreiros de Umbanda. As quetões abordadas abaixo são as mais freqüentes: 1) As entidades dos pretos-velhos e caboclos, que militam no Movimento Umbandista, realmente foram índios e escravos em sua útima encarnação? Na maioria das vezes não. As entidades (espíritos) que se manifestam atualmente na Umbanda, foram grandes condutores de raças em um passado muito distante. O que ocorre é que estas entidades travestem-se com estas formas astrais, ou seja, utilizam as formas de caboclos, preto-velhos e crianças , a fim de transmitir as messagens relacionadas a simplicidade, força, humildade, sabedoria, amor, pureza,etc... No entanto algumas destas entidades podem realmente terem sido índios ou escravos. Na verdade seus karmas inviduais e grupais estão esgotados, o que significa que não necessitam mais evoluir neste planeta Terra. Pórem ainda encontram-se neste plano, pois é tão grande o seu amor aos irmãos mais atrasados, que procuram auxiliá-los de todas as maneiras. Podemos perceber o alto grau de evolução ,e consequentemente humildade, destas entidades quando vamos a um templo de Umbanda e observamos um Preto-velho falar "errado", utilizando gírias, somente para que o consulente, na maioria das vezes pessoas simples, sinta-se mais próximo, mais a vontade de contar seus problemas a um espírito "simples". 2) Por que estas entidades utilizam os cachimbos e charutos? Como foi explicado na tópico acima, as entidades (caboclos, pretos-velhos e crianças) que militam no movimento Umbandista não precisam mais encarnar neste planeta. desta forma, devemos ter o entendimento, que superaram estes vícios , tão ligados a nossa vida material, a muito tempo. Assim comprendido, afirmamos que os cachimbos dos pretos velhos (YORIMÁ), e os charutos dos exús e caboclos (OGUM, OXÓSSI, XANGO) são manipulados em seu aspecto etérico, pois a principal finalidade é de fazer uma defumação "especial" para o consulente. Isso ocorre da seguinte forma: sabendo-se que todas as plantas absorvem energia solar (prana), a folha do fumo não podería deixar de ser diferente. Esta energia é de fundamental importância para o organismo humano, sendo de conhecimento da Ciência Oficial da Terra. No entanto a única forma de extrair esta energia das plantas, é através do calor. Assim , quando uma entidade esta "pitando"seu cachimbo/charuto , na verdade ela esta manipulando esta forma de energia. E quando ela lança esta fumaça , impregnada de prana, no corpo físico do consulente, isto tem um efeito revitalizador e desagregador de impurezas astrais. Quando as entidades defumam os seus aparelhos, elas querem na verdade limpar o corpo físico e astral dos médiuns, os quais receberam as cargas negativas das pessoas que alí deixaram os seus problemas, através das consultas. 3) Qual a diferença entre os defumadores de ferro (metal) e barro? Sabemos que para atingirmos os resultados esperados nas defumações devemos colher as ervas na lua correta e queimá-las no horário mais afim (para maiores explicações vide o tópico "defumações"no site Umbanda do Brasil II). O objetivo de queimá-las esta evidenciado no tópico acima, porém a forma que iremos fazê-lo é de extrema importância para êxito da defumação. TODAS AS DEFUMAÇÕES DEVEM SER REALZADAS EM DEFUAMDORES/ TURIBULOS DE BARRO, SENÃO ELAS NÃO POSSUEM EFEITO ALGUM, SOMENTE O EFEITO

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SUGESTIVO. Isto ocorre, pois se usarmos os defumadore de ferro/metal a energia (prana) liberda através da queima das ervas é impedida de se expandir, pois o ferro e metal são material isolantes. Já com a utilização de defumadores de barro não temos este problema. 4) Por que as entidades, quando incorporadas, estalam os dedos ? Esta é uma das coisas que vemos e às vezes causam dúvidas nos mais novos e nos consulentes. Nossa mãos possuem uma quantidade enorme de terminais nervosos, que se comunicam com cada um dos chacras de nosso corpo. O estalo dos dedos se dá sobre o Monte de Vênus e dentre as inúmeras funções conhecidas pelas entidades, está a retomada de rotação e freqüência do corpo astral, descarga de energias negativas, alem de certas condições psíquicas particulares, que ativam faculdades propiciatórias à magia e à mecânica de ordem astral. Devemos lembrar que através do som acionamos várias chaves na magia que desencadeiam as reações necessárias para que ocorra o efeito desejado pela entidade. Quando uma entidade da Umbanda estala os dedos está acionando chaves da magia que irão auxiliar o consulente e ao mesmo tempo preservar o seu médium. 5) Não seriam os ORIXAS deuses? Não, de forma nenhuma. A energia do CRIADOR é subdivididade e expargida de diversas formas... Tendo certos espíritos mais evoluidos, sob forma de "entidades" , criado agrupamentos de espiritos que transmutam e animam outros planos com esta energia... 6) O que são legiões? Dê um exemplo: São grandes congraçamentos de espíritos sob um mesmo determínio ou finalidade. Exemplo: Legião dos Espíritos do reino vegetal. 7) O que são falanges? Dê exemplo: São grupos de Espíritos, chamados sob um mesmo ideal ou propósito de trabalho. Exemplo: Falange das Janainas, forças das águas. 8) Por que razão se usa na Umbanda Pemba, Estrela, Marafo, Imagem, Água de Beber, Rosário ou Guias, Ervas, Banhos ? Pemba - Para traçar pontos que servem de firmeza e captação de forças para os trabalhos. Servem aos Exús para trancar a gira do mal. Marafo (aguardente)- Usado para descarrego e oferenda de gratidão aos trabalhos dos Exús. Imagem - Para simbolizar para o filho de Umbanda como é o Caboclo , o Preto Velho e demais Espíritos, principalmente para aquele que não possui vidência. É um meio de aproximar o espírito e não se ora nem adora a imagem e sim o que ela representa. Água de Beber - A água é sempre fluidificada com a força espiritual para beneficiar encarnado ou desencarnado, suprindo-lhe as necessidades do momento. Rosários ou Guias - Servem para proteção do médium. São feitos de acordo com as vibrações características dos guias dos médiuns. Ervas - São usadas para banhos e chás para saúde. Devem ser ministradas em ambos os casos, de acordo com a pessoas e com ciência.

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Banhos - São transmissões de forças magnéticas para fortalecer , descarregar e limpar a aura, o perispírito do consulente. 9) O que seria a figura do guia de luz o qual chamamos de Preto-Velho ou Caboclo? Os espíritos utilizam vibrações especificas conforme a necessidade do trabalho. Quando nos utilizamos da palavra "vibração" em relação a um "espirito", estamos nos referindo a roupagem perispiritual utilizada. Por exemplo: Um preto-velho, espírito muito vivido e que sofreu os horrores da escravidão, aquentando de forma paciente e perseverante no Bem, todas as provações impostas. Sabemos que os espíritos são luz e se apresentam de formas variadas , como nós escolhemos uma determinada "roupa" para irmos numa festa, porque achamos a mesma bonita... Desta mesma forma, o espírito utiliza-se de um perispirito de encarnações passadas para se apresentar... Ele se apresenta sobe a forma de um preto-velho, pois reconhece o quanto aprendeu nesta encarnação....E o mesmo conforme os dons mediúnicos do médium falando em português antigo , ou até mesmo falando em linguas como o Latim, espanhol...etc.. 25 - BIBLIOGRAFIA J. Edson Orphanake - Mediunidade e seus Problemas Rubens Saraceni - O Guardião da Meia Noite Vera B. de Souza Gomes - O Ritual da Umbanda (Fundamentos Esotéricos) W.W. da Matta e Silva - Umbanda de Todos Nós W.W. da Matta e Silva - Umbanda do Brasil

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