Capítulo Linguagem, livro: Gramática aplicada ao Texto

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LINGUAGEM, TEXTO e DISCURSO Prof. DOUGLAS RODARTE

A comunicação: linguagem, texto e discurso Observe bem o texto abaixo: TEXTO Terezinha O primeiro me chegou Como quem vem do florista Trouxe um bicho de pelúcia Trouxe um broche de ametista Me contou suas viagens E as vantagens que ele tinha Me mostrou o seu relógio Me chamava de rainha Me encontrou tão desarmada Que tocou meu coração Mas não me negava nada E assustada eu disse não. O segundo me chegou Como quem chega do bar Trouxe um litro de aguardente Tão amarga de tragar Indagou o meu passado E cheirou minha comida Vasculhou minha gaveta Me chamava de perdida Me encontrou tão desarmada Que arranhou meu coração Mas não me entregava nada E assustada eu disse não. O terceiro me chegou Como quem chega do nada Ele não me trouxe nada Também nada perguntou Mal sei como ele se chama Mas entendo o que ele quer Se deitou na minha cama E me chama de mulher Foi chegando sorrateiro E antes que eu dissesse não Se instalou feito posseiro Dentro do meu coração. (Letra e música. São Paulo: Companhia das Letras, 1997.) Pertence ao livro GRAMÁTICA APLICADA AO TEXTO ± é proibida qualquer tipo de reprodução, | PROF. DOUGLAS RODARTE


(UFMT MT/2008/Janeiro) Da leitura do poema, pode-­‐se afirmar: a) É uma narrativa envolvendo três personagens: os pretendentes de Terezinha. b) O poema enfatiza a simultaneidade dos relacionamentos de Terezinha com seus pretendentes num tempo passado. c) Cada pretendente tratava Terezinha de modo diferente, mas nenhum a via simplesmente como mulher. d) A ação dos pretendentes, por revelar seu perfil psicológico, torna desnecessária a descrição física. e) A narradora revela-­‐se uma mulher ingênua e recatada, à espera do amor que a complete. Caro aluno (a), é importante notar que em qualquer forma de texto (na prosa, no verso, ou em qualquer expressão: música, charges, fotografias etc) que a Língua sempre será trabalhada a partir de um contexto específico. No ato comunicativo, há muitos elemen-­‐ tos que constituem a linguagem como um todo. Entre eles: a mensagem, a comunicação, a linguagem. CONCEITOS x Mensagem: é tudo o que a outra pessoa transmite na forma de linguagem. x A comunicação: ela ocorre quando nos fazemos entender, compreender por uma outra pessoa. x Linguagem: é a linguagem representada por diversos meios e sinais de forma que a interação ocorra entre as duas pessoas do discurso. x Pessoas do discurso: na verdade são os sujeitos do processo enunciativo como um todo: a) emissor; b) receptor da mensagem. x O Código: socialmente é o que se convencina como conjunto de sinais para a transmissão de mensagens. x A língua: é o tipo de código formado palavras e leis combinatórias por meio do qual as pessoas se comunicam e interagem entre si. x Trilogia: é um conceito didático que adotaremos durante este trabalho por melhor definir a noção de uso conjunto dos Níveis de linguagem, das Funções e das Figuras de linguagem. Outras coisas que são importantes quando pensamos na comunicação de forma geral é: x x x

Texto ou linguagem verbal: serve de base para todas as outras formas de linguagem (normalmente representada de forma que tenha palavras no corpo de seu texto) Texto ou linguagem não-­‐ verbal: essa procura apresentar-­‐se por gestos, a imagem, de forma que no seu mecanismo a palavra escrita não seja a sua unidade prioritária. Texto de linguagem mista: exemplifica-­‐se muito bem por histórias em quadrinhos, as charges, o cinema, o teatro, a tevê que uti-­‐ lizam a imagem e a palavra.

VARIAÇÃO LINGUÍSTICA A norma culta e as variedades lingüísticas, de forma geral, ainda é muito cobrada em vestibulares e concursos. Na verdade, é de suma importância entendermos que tudo isso nasce da noção de sociedade, Língua e contexto. Aqui, neste terreno temático, muito há o que se discutir. O universo é amplo. Existe muitas ciências da linguagem: a Linguística, a Sociolinguística, a Geolinguística, Psicolinguística e tantas outras que se debruçam sobre o fenômeno linguístico, mas que por ora não é o nosso ponto a ser abordado. Apenas por uma ques-­‐ tão de propósito e finalidade didática, mas que ao longo de nosso trabalho, tomaremos emprestado certos dizeres para fundamentar teoricamente ou mesmo ilustrar melhor o que se pretende. Procura-­‐se desmembrar esse tópico para melhor compreender: x Norma culta ʹ é a forma mais padrão de se escrever. Na verdade é aquela que não admite influências da oralidade. Focada no prestígio social. Exemplos clássicos: monografia, tese, ensaio etc. EĂ ĂďŽƌĚĂŐĞŵ ĚĞ Ƶŵ ƚĞdžƚŽ͕ ͞Ġ ƐĞŵƉƌĞ ĨĂƚĂů ĞŵďĂƌĐĂƌ ŶĂ ĞdžƉůŝĐĂĕĆŽ ĚŽ ƵƐŽ ĚĞ ƵŵĂ Ɖalavra sem considerar seriamente mais do que uma reduzida ĨƌĂĕĆŽ ĚŽƐ ĐŽŶƚĞdžƚŽƐ Ğŵ ƋƵĞ ĞůĂ ĨŽŝ ĞĨĞƚŝǀĂŵĞŶƚĞ ƵƐĂĚĂ͟ ; ƵƐƚŝŶ͕ϭϵϵϯ͗ϭϭϯͿ͘ hŵĂ ĂĨŝƌŵĂĕĆŽ como essa de Austin justifica que a lógica da chamada cena enunciativa (Maingueneau, 1997) seja ampliada na valora-­‐ ção da análise do discurso. A análise do discurso entende o sujeito no ato do processo da enunciação, partindo do pressuposto de que exisƚĞ Ƶŵ ͚ƌŝƚƵĂů ƐŽĐŝĂů ĚĞ ůŝŶŐƵĂŐĞŵ͛ ŝŵƉůşĐŝƚŽ͕ ƉĂƌƚŝůŚĂĚŽ ƉĞůŽƐ ŝŶƚĞƌůŽĐƵƚŽƌĞƐ ĚŽ Ğ ŶŽ ĚŝƐĐƵƌƐŽ͘ dĂů ƌŝƚƵĂů ĞƐƚĄ ƉƌĞƐĞŶƚĞ ŶŽ ͚ĞƚŚŽƐ ƌĞƚſƌŝĐŽ͛ ĚŽ ĞŶƵŶĐŝĂĚŽƌ ;DĂŝŶŐƵĞŶĞĂƵ͕ 1997: 45), que é o seu lugar enunci-­‐ ĂƚŝǀŽ͘ KƐ ĞĨĞŝƚŽƐ ƋƵĞ Ž ĚŝƐĐƵƌƐŽ ƉƌŽĚƵnj ƐĆŽ ͚ĨƵŶĕĆŽ ĚŽƐ ĞĨĞiƚŽƐ͛ Ğ ƐĆŽ ŝŵƉŽƐƚŽƐ ƉĞůĂ ĨŽƌŵĂĕĆŽ ĚŝƐĐƵƌƐŝǀĂ ĚŽ ĞŶƵŶĐŝĂĚŽƌ͘ x Norma popular ʹ é aquela que é construída a partir da oralidade (aspectos da fala popular, da forma que falamos em casa, na ru-­‐ a, nos locais públicos etc. exemplos: textos de jornais não especializados, MPB, textos da propaganda etc. Texto 2 GRUNHIDO ELETRÔNICO L. F. Veríssimo Ouvi dizer que é cada vez maior o número de pessoas que se conhecem pela Internet e acabam casando ou


x

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Regionalismos ʹ ƋƵŝ͕ ƚĂŵďĠŵ ĐŚĂŵĂĚĂ ĚĞ ഼ǀĂƌŝĞĚĂĚĞ ĐĂŝƉŝƌĂ഼͘ Explorada por guetos linguísticos a partir da região como sudes-­‐ te, sul etc. -­‐͞sŽƐŵĞĐġ ŵĞ ĨĂĕĂ Ă ďŽĂ ŽďƌĂ ĚĞ ƋƵĞƌĞƌ ŵĞ ĞŶƐŝŶĂƌ Ž ƋƵĞ Ġ ŵĞƐŵŽ ƋƵĞ Ġ͗ ĨĂƐŵŝƐŐĞƌĂĚŽ͙ ĨĂnj-­‐ŵĞ ŐĞƌĂĚŽ͙ ĨĂl-­‐ ŵŝƐŐĞƌĂůĚŽ͙ ĨĂŵŝůŚĂƐ-­‐ŐĞƌĂĚŽ͙͍ ŝƐƐĞ͕ ĚĞ ŐŽůƉĞ͕ ƚƌĂnjŝĂ ĞŶƚƌĞ ĚĞŶƚĞƐ ĂƋƵĞůĂ ĨƌĂƐĞ͘ ^ŽĂƌĂ ĐŽŵ ƌŝƐŽ ƐĞĐŽ͘ DĂƐ͕ Ž gesto, que se seguiu, imperava-­‐se de toda a rudez primitiva, de sua presença dilatada. Detinha minha resposta, não queria que eu a desse de imediato. E já aí outro susto vertiginoso suspendia-­‐me: alguém podia ter feito intri-­‐ ga, invencionice de atribuir-­‐me a palavra de ofensa àquele homem; que muito, pois, que aqui ele se fanabasse, vindo para exigir-­‐me, rosto a rosto, o fatal, a vexatória satisfação? -­‐͞^ĂŝďĂ ǀŽƐŵĞĐġ ƋƵĞ ƐĂş ŝŶĚ͛ŚŽũĞ ĚĂ ^ĞƌƌĂ͕ ƋƵĞ ǀŝŵ͕ ƐĞŵ ƉĂƌĂƌ͕ ĞƐƐĂƐ ƐĞŝƐ ůĠŐƵĂƐ͕ ĞdžƉƌĞƐƐŽ ĚŝƌĞƚŽ ƉƌĂ ŵŽƌ ĚĞ ůŚĞ perguntar a preŐƵŶƚĂ͕ ƉĞůŽ ĐůĂƌŽ͙͟ ;͘​͘​͘Ϳ (ROSA, Guimarães. O Famigerado. In: __, Primeiras Estérias.) Estrangeirismos ʹ é a influência de vocábulos de outros idiomas na língua materna. Seja qual for o vocábulo. Outras maneiras de encontrar isto segundo a professora Leda Maria Alves em Neologismo ʹ criação lexical -­‐ é que o Estrangeirismo é facilmeente encontrado em vocábulos técnicos ʹ esportes, economia, informática... ʹ como também em outros tipos de linguagens especiais: publicidade e colunismo social (jornais etc). -­‐ Exemplos simples disto: pole-­‐position͘ YƵĂŶĚŽ ĚŝnjĞŵŽƐ ഼ LJƌƚŽŶ ^ĞŶŶĂ ĨŽŝ Ž poli-­‐position pela 13ª vez em uma tempo-­‐ ƌĂĚĂ഼͘ -­‐ é importante salientar que não precisa ser apenas palavras advindas do inglês. Essa tendência de se achar que tudo vem do Inglês tem suas explicações históricas. Mas também recebe muita influência do francês. Imaginem esta chamada publici-­‐ tária: ංDioressence. Le parfum ´barbare´ de Christian Dior. Parfum ʹ Eau de toilette ʹ eau moussaint...഼͘ É um tipo de chamada es-­‐ trangeira, pois veicula-­‐se como elemento estrangeiro. -­‐ neste sentido, podemos hoje perceber que dicionários mais modernos como Houaiss e o Aurélio já trazem vocábulos adicionados no seu escopo, tais como: Know-­‐how, joint-­‐ventures, leasing, merchandising, over e overnight, e ainda, palavras co-­‐ mo Becape, que é o aportuguesamento do aporte inglês backup. Texto 1:

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Observe as expressões ഼,ĂůůŽǁĞĞŶ഼ Ğ ഼DĂĚĞ ŝŶ ƌĂƐŝů഼ ĂůŝĂĚŽƐ ĂŽ ĚŝƐĐƵƌƐŽ ĐŽŶǀĞŶĐŝŽŶĂů Ğŵ WŽƌƚƵŐƵġƐ͘ x Gíria ʹ é criada, é uma forma de convenção de linguagem adotada por um grupo linguístico, uma sociedade linguística, Na verda-­‐ de, quando ligada à profissões é chamada de jargão como o adotado por jogadores, jornalistas, religiosos de um determinado se-­‐ guimento etc. Texto 1: Gírias diversas: Azaração -­‐ paquera Brigadeiro -­‐ namorado Cão -­‐ mentira Dar mole -­‐ insinuar-­‐se Fubá -­‐ coisa muito pobre, mixuruca Maneiro -­‐ legal, bonito Mó -­‐ maior Mocréia -­‐ feia Puxar o bonde -­‐ ir embora Vacilão -­‐ bobo Viajar na maionese -­‐ não prestar a atenção, falar besteira Animal -­‐ Muito legal, radical Barraco -­‐ confusão Da hora -­‐ muito legal Dar uns catas -­‐ dar uns agarros Deixar quieto -­‐ deixar para lá Fui -­‐ indo embora Mala -­‐ pessoa chata Meu -­‐ ao invés do nome da pessoa Pagar sapo -­‐ algo esperado que não aconteceu Bater um rango -­‐ comer Trampar -­‐ trabalhar Vamos nessa -­‐ vamos embora Texto 2:

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Texto 3:

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Chula ʹ Ġ ǀŝƐƚĂ ĐŽŵŽ ůŝŶŐƵĂŐĞŵ ĚĞ ഼ďĂŝdžŽ ĐĂůĆŽ഼, agressiva. Aparece em músicas, textos, xingamentos e mensagens quaisquer que tem tônica ofensiva, não levando em consideração nenhum tipo de polimento quanto ao efeito do discurso.

Repare nesta próxima tira a proximidade entre Linguagem chula e a convenção de linguagem chamada Gíria:

Texto para reflexão e discussão em grupo

A DISTÂNCIA ENTRE LÍNGUA E DIALETO Uma das distinções mais nebulosas da lingüística continua criando polêmica entre os curiosos O Brasil, freqüentemente se diz, é um país de sorte porque, apesar das dimensões continentais, aqui não há dialetos ʹ todos fa-­‐ lamos a mesma língua. Também é comum ouvir que as línguas européias têm muitos dialetos ou que na África as línguas oficiais (dos colonizadores) convivem com dialetos nativos. O que é, então, língua e dialeto? 05 Para Ž ůŝŶŐƺŝƐƚĂ DĂdž tĞŝŶƌĞŝĐŚ͕ ͞ůşŶŐƵĂ Ġ Ƶŵ ĚŝĂůĞƚŽ ĐŽŵ Ƶŵ ĞdžĠƌĐŝƚŽ Ğ ƵŵĂ ŵĂƌŝŶŚĂ͘͟ EĆŽ ĞƐƚĄ ůŽŶŐĞ ĚĂ ǀĞƌĚĂĚĞ͘ ĨŝŶĂů͕ Ă tradicional distinção entre língua e dialeto está fundada em critérios mais políticos do que lingüísticos. Pertence ao livro GRAMÁTICA APLICADA AO TEXTO ± é proibida qualquer tipo de reprodução, | PROF. DOUGLAS RODARTE


Língua é um sistema de comunicação formado por sons vocais (fonemas), que se agrupam para formar unidades dotadas de signi-­‐ ficado (morfemas), que se agrupam para 10formar palavras, que se agrupam (ih, ficou monótono!) para formar frases, que se agrupam para formar textos. Do ponto de vista estritamente lingüístico não há nada que distinga língua de dialeto. Ambos os sistemas têm léxico (um inventá-­‐ rio de palavras) e gramática (conjunto de regras de como as palavras se combinam para formar frases, parágrafos e textos). 15 Quem fala um idioma nacional e um dialeto regional é tão bilíngüe quanto quem fala dois idiomas. Então por que alguns siste-­‐ mas são chamados de idiomas e outros, não? Dialeto vem do grego dialektos͕ ĐŽŵƉŽƐƚŽ ĚĞ ĚŝĂ͕ ͞ĂƚƌĂǀĠƐ͕͟ Ğ ůĠŬƚŽƐ͕ ͞ĨĂůĂ͘͟ ^ĞƌŝĂ͕ ƐĞŐƵŶĚŽ ĂůŐƵŶƐ͕ ƵŵĂ ĞƐƉĠĐŝĞ ĚĞ ĨĂůĂ ͞ĂƚƌĂǀĞs-­‐ ƐĂĚĂ͕͟ Ƶŵ ůŝŶŐƵĂũĂƌ ĚĞĨĞŝƚƵŽƐŽ͕ ŶĆŽ ĐŽŶĨŽƌŵĞ ăƐ ŶŽƌŵĂƐ ĚŽ ĨĂůĂƌ ĞƐƚĂďĞůĞĐŝĚĂƐ ƉĞůŽƐ ŐƌĂŵĄƚŝĐŽƐ͘ ƉƌŝŵĞŝƌĂ ĚĞĨŝŶŝĕĆŽ ĚĞ ĚŝĂůĞto (que 20 por sinal, teria inspirado as posteriores) baseava-­‐se numa visão preconceituosa que a elite ateniense do período clássico tinha em relação à fala tanto das camadas populares quanto dos estrangeiros (não-­‐atenienses, inclusive gregos de cidades vizinhas). Hoje, costuma-­‐se chamar de dialeto qualquer expressão lingüística que não seja reconhecida como língua oficial de um país. As-­‐ sim, um dialeto pode ser tanto uma 25variedade lingüística regional do idioma oficial quanto uma língua sem qualquer parentesco com ele. BIZOCCHI, Aldo. A distância entre língua e dialeto. Revista Língua,ano 2, nº 14, dezembro de 2006. pp 54-­‐57.

FUNÇÕES DA LINGUAGEM O estudo das funções de linguagem é de fundamental importância. Na Linguística e Poética de Roman Jackobson, em 1969 que teve ampla e proveitosa discussão apresentou esses seis fatores do processo de comunicação. Os seis fatores giram em torno das pessoas do discurso, do contexto, do código, do canal e da mensagem:

Atenção ao gráfico:

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Ocorre quando o locutor (ou emissor) é posto em destaque. Veja um exemplo: Texto 1: O auto-­‐retrato No retrato que me faço ʹ traço a traço ʹ Às vezes me pinto nuvem, Às vezes me pinto árvore... Às vezes me pinto coisas De que nem tenho mais lembrança... Ou coisas que não existem Mas que um dia existirão... E, desta lida, em que me busco ʹ pouco a pouco ʹ Minha eterna semelhança. No final, que restará? Um desenho de criança... Corrigido por um louco! (Mário Quintana. In. Zizi Trevisan. Poesia e ensino ʹ Antologia comentada. São Paulo: Arte e Cultura/UNIP, 1995. p. 87.)

Observe que esse poema está centrado na expressão dos sentimentos, emoções e opiniões do locutor. É um texto subjetivo, pes-­‐ soal. O destaque dado ao locutor é reforçado pela presença de verbos e pronomes na primeira pessoa: "Às vezes me pinto nuvem". É co-­‐ mum também nesse tipo de função a presença de interjeições e, na pontuação, reticências e pontos de exclamação. Os textos líricos que expressam o estado de alma do locutor exemplificam a função emotiva da linguagem.

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Texto 2:

Observe que o texto (texto não ʹverbal, lembra?) neste sentido, a imagem diz por si só: a dura realidade da fome expressa a má distribuição de renda e que se alastrada pela fome manisfestada. Não tem como não se comover. Esse efeito quem causa é a função emo-­‐ tiva.

Ocorre quando o interlocutor (ou receptor) é posto em destaque e é estimulado pela mensagem. Repare na tirinha abaixo as marcas de interlocução causada pelo tipo de pontuação escolhida: o ponto de exclamação (!):

É comum, nos textos com função predominantemente conativa, o emprego de verbos no modo imperativo ("compre batom", "use", "Dê") e de verbos e pronomes na 2ª ou na 3ª pessoas; nesse caso, em concordância com o pronome de tratamento você: "Quebre" (você), "você e sua família", "você descobre". Texto 1:

Note a intenção dada ao discurso ƉĞůŽ ǀŽĐĄďƵůŽ ഼ĐůŝƋƵĞ഼͘ A indução sempre é alcançada pelo tipo de linguagem que se escolhe. A decisão de compra por ser acelerada pelo tipo de verbo que se utiliza. Texto 2: 8


Estrofes do Solitário

Basta de covardia! A hora soa ... Voz ignota e fatídica revoa, Que vem ... Donde? De Deus. A nova geração rompe da terra, E, qual Minerva armada para a guerra, Pega a espada ... olha os céus. Sim, de longe, das raias do futuro, Parte um grito p'ra -­‐ os homens surdo, obscuro, Mas para -­‐ os moços, não! É que, em meio das lutas da cidade, Não ouvis o clarim da Eternidade, Que troa n'amplidão! ....................................................................................

E o povo é como -­‐ a barca em plenas vagas, A tirania -­‐ é o tremendal das plagas, O porvir -­‐ a amplidão. Homens! Esta lufada que rebenta É o furor da mais lôbrega tormenta ... -­‐ Ruge a revolução. .................................................................................... (Castro Alves -­‐ "Poesias completas") Texto 3:

Ocorre quando o referente (ou contexto) é posto em destaque. Sempre é explorado em textos que tem a intenção de descrever, noticiar, informar, relatar, narrar, expor. Preste atenção aos textos abaixo: Texto 1: Pertence ao livro GRAMÁTICA APLICADA AO TEXTO ± é proibida qualquer tipo de reprodução, | PROF. DOUGLAS RODARTE


Repare a forma que a notícia é dada. Para quem aumentou o teto salarial? Notemos que apenas para um grupo: o grupo que não tem problemas com a falta de teto. É importantíssimo perceber a ligação entre desenho, disposição gráfica e intenção do discurso im-­‐ presso nesta charge. Texto 2: O cheiro do café expresso caminhava lentamente no interior da livraria. Num sonoro e silencioso passar de folhas, entre muitos livros e revistas, logo na entrada, à esquerda guloseimas, cigarros, ca-­‐ chimbos, revistas de foto-­‐novelas e uma serena mulher, baixa, olhos claros de mel, sentada de trás do balcão servindo-­‐se de caixa registradora. (...) Extraído de Aqui, agora, quase, quando ʹ DOUGLAS RO-­‐ DARTE, no prelo. Aqui, é importante notar as formas adjetivas em ഼sonoro e silencioso഼, ഼serena mulher, baixa, olhos claros de mel, sentada de trás do balcão servindo-­‐se de caixa registradora ഼͕ ƚŽĚĂƐ ƐĆŽ ĨŽƌŵĂƐ ĚĞ ĐĂƌĂĐƚĞƌŝnjĂƌ Ă ƉĞƌƐŽŶĂŐĞŵ ĚŽ ĐŽŶƚŽ ĂĨĠ͘ EĞƐƚĂ ĨƵŶĕĆŽ͕ ƚĞŶƚĂ-­‐se caracterizar, descrever, denotar o mais possível. Texto 3: Crônica Arnaldo Jabor Os homens desejam as mulheres que não existem Está na moda -­‐ muitas mulheres ficam em acrobáticas posições ginecológicas para raspar os pêlos pubianos nos salões de beleza. Ficam penduradas em paus-­‐de-­‐arara e, depois, saem felizes com apenas um canteirinho de cabelos, como um jardinzinho estreito, a vereda indicativa de um desejo inofensivo e não mais as agressivas florestas que podem nos assustar. Parecem uns bigodinhos verticais que (oh, céus!...) me fazem pensar em... Hitler. Silicone, pêlos dourados, bumbuns malhados, tudo para agradar aos consumidores do mercado sexual. Olho as revistas povoadas de mulheres lindas... e sinto uma leve depressão, me sinto mais só, diante de tanta oferta impossí-­‐ vel. Vejo que no Brasil o feminismo se vulgarizou numa liberdade de "objetos", produziu mulheres livres como coisas, livres como produtos perfeitos para o prazer. A concorrência é grande para um mercado com poucos consumidores, pois há muito mais mulher que homens na praça (e-­‐mails indignados virão...) Talvez este artigo seja moralista, talvez as uvas da inveja este-­‐ jam verdes, mas eu olho as revistas de mulher nua e só vejo paisagens; não vejo pessoas com defeitos, medos. Só vejo meninas oferecendo a doçura total, todas competindo no mercado, em contorções eróticas desesperadas porque não têm mais o que mostrar. Nunca as mulheres foram tão nuas no Brasil; já expuseram o corpo todo, mucosas, vagina, ânus. (...) O que falta? Órgãos internos? Que querem essas mulheres? Querem acabar com nossos lares? Querem nos humilhar com sua beleza inconquistável? Muitas têm boquinhas tímidas, algumas sugerem um susto de virgens, outras fazem cara de zangadas, ferozes gatas, mas todas nos olham dentro dos olhos como se dissessem: "Venham... eu estou sempre pron-­‐ ta, sempre alegre, sempre excitada, eu independo de carícias, de romanĐĞ͊͘​͘​͘͞ ;͘​͘​͘Ϳ Na brilhante Crônica de Jabor, temos outro processo descritivo e informativo fantástico provocado por uma figura de linguagem que logo será explorarada: a Gradação ; ഼Silicone, pêlos dourados, bumbuns malhados഼͕ ഼Muitas têm boquinhas tímidas, algumas sugerem um susto de virgens, outras fazem cara de zangadas, ferozes gatas഼͘

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Adaptado pela Editora W

Ocorre quando o código é posto em destaque. Notemos que tenta-­‐se valorizar o código. Leia este verbete de dicionário: Texto 1: Quadrinhos [Pl. de quadrinhos.] Substantivo masculio plural 1. Bras. História em quadrinhos (Dicionário Aurélio, 2009) Quadrinhos: s.m.pl. Narração de uma história por meio de desenhos e legendas dispostos numa série de quadros; história em quadrinhos. Observe que a intenção fundamental desse texto é esclarecer ao falante da língua portuguesa qual o sentido de uma palavra dessa língua: quadrinhos. Nesse caso, o código da língua é utilizado para explicar a si mesmo. Texto 2: Veja agora esta tira de Luis Fernando Veríssimo:

A metalinguagem no cinema Há vários cineastas que fizeram filmes sobre o próprio cinema. É o caso do filme Cinema Paradiso, de Giuseppe Tornatore, que narra o retorno de Salvatore di Vitto, um cineasta consagrado em Roma, à sua cidade natal, vinte anos depois de a ter deixado. Ele volta ao ficar sabendo da morte de Alfredo, o funcionário que cuidava da projeção dos filmes na cidade e que despertara nele o gosto pelo cinema. O filme, que mistura as memórias do protagonista à própria história do cinema no início do século XX, constitui um dos mais belos exemplos de metalinguagem cinematográfica.

O humor, nessa tira, é criado a partir da exposição do próprio código utilizado na linguagem dos quadrinhos. Ao se dirigir ao leitor, estimulando-­‐o a usar o último quadrinho como marcador de livro, a personagem introduz uma reflexão sobre os próprios quadri-­‐ nhos: para que eles sevem, qual sua função social? Assim, trata-­‐se de quadrinhos discutindo a função deles próprios, ou seja, de um exercí-­‐ cio claro de metalinguagem. Dizemos também que há metalinguagem ou função metalingüística da linguagem em, por exemplo, um poema que reflete sobre a criação poética; um filme que temátiza o próprio cinema; um programa de televisão que debate o papel social da televisão. Os exemplos mais comuns de linguagem com predominância da função metalingüística são as aulas, os livros de gramática e os dicionários. Pertence ao livro GRAMÁTICA APLICADA AO TEXTO ± é proibida qualquer tipo de reprodução, | PROF. DOUGLAS RODARTE


Ocorre quando o canal é posto em destaque. Leia esta tira de Laerte: Texto 1: Importante notar o jogo de palavras, de perguntas interativas estabelecedoras do discurso entre os interlocutores: quadro negro? Faltou! Isso é o que dá, provoca a interlocução do texto. A situação enunciativa da charge é abastecida pelo diálogo e por manter o canal de comunicação em atenção. As perguntas constroem a alma da Função Fática. A Função Fática é uma função dialogal. Texto 2:

Ocorre quando a própria mensagem é posta em destaque. Repare este belíssimo e intrigante texto de Clarice Lispector: Texto 1: Uma galinha ͞ ƌĂ ƵŵĂ ŐĂůŝŶŚĂ ĚĞ ĚŽŵŝŶŐŽ͘ ƐƚĂǀĂ ǀŝǀĂ ĂŝŶĚĂ ƉŽƌƋƵĞ ŶĆŽ ƉĂƐƐĂǀĂ ĚĞ ŶŽǀĞ ŚŽƌĂƐ ĚĂ ŵĂŶŚĆ͘ dŝŶŚĂ Ă ĂƉarência de estar calma, pois desde o sábado se encolhera num canto da cozinha. Foi uma surpresa quando os elementos da casa viram a galinha abrir as asas de curto vôo e alcançar a murada do terraço e fugir vacilante para a liberdade. A cozinheira deu um grito e o dono da casa levado pela necessidade de fazer esporadicamente algum esporte e de almoçar começa a captura da galinha. 12


O animal estava sozinho no mundo, fugindo sem saber pra onde. Até que finalmente foi alcançado: entretanto logo que foi levado de volta para a cozinha põe um ovo. Uma pequena menina nota o fato e começa a gritar: ʹ Mamãe, mamãe, não mate mais a galinha, ela pôs um ovo! Ela quer nosso bem! Diante do fato novo, todos rodearam-­‐na com uma atenção especial, a menina prometia nunca mais comer galinha, caso aquela fosse morta, depois do acontecido. A mãe é vencida pela filha e a galinha foi deixada viver. Entretanto, passadas algumas semanas, já esquecidos do fato, a família, indiferente, mata e come a galiŶŚĂ͘͟ Esse texto de Clarice mostra a personagem disposta numa determinada situação cotidiana que se prepara para um evento pressentido até ocorrer o desfecho, no qual se considera a situação da vida da personagem, após o evento. É importante notar que o teor petiço não, necessariamente, precisa estar ligado ao texto poético. Na verdade é um equívoco. Notemos a forma expressiva que a galinha ganha. ^ĞŵƉƌĞ ĞƌĂ ƐĂůǀĂ ŶĂ ďŽƚĂĕĆŽ ĚĞ Ƶŵ ŽǀŽ͘ DĂƐ ŶĂ ǀĞƌĚĂĚĞ͕ ഼ĞƌĂ animal estava sozinho no mundo, fugindo sem saber pra onde. ഼͘ subjetividade impressa neste tipo de texto é que configura a sua poeticidade. Texto 2: Catar feijão Catar feijão se limita com escrever: jogam-­‐se os grãos na água do alguidar e as palavras na da folha de papel; e depois, joga-­‐se fora o que boiar. Certo, toda palavra boiará no papel, água congelada, por chumbo seu verbo: pois para catar esse feijão, soprar nele, e jogar fora o leve e oco, palha e eco. 2 Ora, nesse catar feijão entra um risco: o de que entre os grãos pesados entre um grão qualquer, pedra ou indigesto, um grão imastigável, de quebrar dente. Certo não, quando ao catar palavras: a pedra dá à frase seu grão mais vivo: obstrui a leitura fluviante, flutual, açula a atenção, isca-­‐a com o risco. (MELO NETO, João Cabral de. "Os melhores poemas de João Cabral de Melo Neto". São Paulo: Global, 1985. p.190.)

Neste ponto do nosso estudo há duas coisas importantes que merecem destaque quanto à função poética de linguagem: 1. Retoma a palavra "pedra", frequentemente utilizada na obra poética do autor, associando-­‐a com a palavra "risco", explorada pri-­‐ meiro como um perigo, um problema e depois como algo fascinante; 2. Em "Catar feijão", o poema ressalta o fazer poético como fru-­‐ to de um trabalho, indo de encontro à idéia de inspiração ao compará-­‐lo com uma tarefa cotidiana. Em "Poética", o poeta revela uma vontade de ruptura com um tipo de fazer poético tradicional.E, é nisto que está a beleza poética de João Cabral. A função poética, en-­‐ tão, é exatamente esse tempero que faz o texto pairar sobre a linguagem convencional. Cabral vai criando e recriando sentidos a par-­‐ tir do seu ´catar feijão´. Isso é Função poética. Lembrando: nem sempre estará ligada ao texto poemático, no sentido de gênero poéti-­‐ co. Mas também conquanto linguagem.

Revisão sobre a Trilogia

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É preciso lembrar sempre que os textos devem ser entendidos, além de tantas formas, como unidade de sentido, de sentido gra-­‐ matical, de gênero e sua noção estilística.

EXERCÍCIOS PROPOSTOS

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E.P.1. Leia este anúncio e responda ao que se pede:

CUR SO II CON O. M E SEL ARTE A A LH ESCO E E AR T OB RA D VIR AR I A V QU E C OM JUNTO SELO OS D S A A S OBR AS AR TIST S E D N GR A . O D N D O MU

Vá ate a sala especial dos Cor na Bienal, v reios eja as obr as insc ritas e participe do II Concurso Arte Selo O trab em alho vencedor c om o tema ³50 ano s da Declaração Direitos Hum dos anos´ vai virar um selo qu e ser a em i t i d o p e l Co rreios, co os mo já foi feito algu ns d com os tr aba lho s mai s importantes e m exposição na Bienal de XXIV São Paulo. Para vota, descole o adesiv o d este vo lante e cole ao lado do trabalho expos to de sua preferência. II concurso Arte Selo. São osCorr em eio s lev ando arte e cultura para todo mundo.

a) A quem se dirige o texto? b) Observe algumas das formas verbais empregadas no texto: escolha, vá, veja, descole, cole. Em que modo e stão? c) O texto, além de dar informações a respeito do concurso, também tem por intenção motivar o interlocutor a participar. Logo, que fun-­‐ ções de linguagem predominam nesse anúncio? E.P.2. Imagine o seguinte contexto: A mãe está subindo a escada que dá acesso à casa, cheia de pacotes de compras. No topo da escada, ela passa pelo filho, um adolescente, e lhe diz: "Marcos, eu não consegui fechar a porta da rua, pois estava carregada de compras". A fala da mãe aparentemente tem o objetivo de transmitir uma informação. Contudo, considerando o contexto, é possível depreender outra intenção. a) Qual é a verdadeira intencionalidade presente na fala da mãe? b) Conseqüentemente, qual é a função de linguagem predominante nesse enunciado? E.P.3. Identifique a função ou as funções de linguagem predominantes nos textos que seguem: a) Novos Planos Spielberg troca gueixa por Tom Cruise Steven Spielberg decidiu adiar seus planos de filmar Memórias de uma Gueixa. O diretor alegou oficialmente que, iniciando a produção do filme agora, como estava fazendo, concluí-­‐lo-­‐ia no fim do ano, ou seja, em meio ao tumulto da passagem simbólica do século. Mas a verdade é que duas outras prioridades apareceram: uma é o planejamento e execução do seu sonhado estúdio-­‐campus no bairro de Playa del Rey, em Los Angeles; a outra é trabalhar com Tom Cruise, um plano antigo ʹ os dois já estão envolvidos no projeto The Minority Report, adaptação de um conto de ficção científica de Philip K. Dick. -­‐ Ana Maria Bahiana 14


b) Teus olhos querem me levar Eu só quero que você me leve Eu ouço as estrelas conspirando contra mim Eu sei que as plantas me vigiam no jardim As luzes querem me ofuscar Eu só quero que essa luz me cegue (Nem 5 minutos. Sérgio Brito e Marcelo Fromer ʹTitãs) c) PIRATAS DO TIETÊ ʹ Laerte

(Folha de S. Paulo. 20/9/98.) d) Alô! Alô!, marciano Aqui quem fala é da Terra...

(Rita Lee) e) Bizarro: 1. Gentil, nobre, generoso. 2. Bem-­‐apessoado, bem-­‐parecido, garboso. 3. Vestido com elegância; bem vestido. 4. Fanfarrão, jactancioso. 5. Extravagante, esquisito. (Aurélio Buarque de Holanda) f) FRANK E ERNEST

Adaptado pela Editora W

E.P.4. Leia este anúncio e responda às questões propostas:

ular] edoria pop e. [Da sab mulher. Que é ar rw e pp M ulher Tu em orgulho de ser tem po râne a. t n S.f. A que e au daci osa. Co e vida e luta por ou sad a . que tem objetivos d po. que rejeita Vencedora zada com o seu tem o prático. De ni e eles. Sinto Que aprecia o belo . imit ações. as. De todas as cores todas as raç

(veja. 5/3/97.) 1 -­‐ Ao lado da imagem do anúncio, há um enunciado verbal organizado em torno da expressão "Mulher Tupperware". a ) A que tipo de texto se assemelha esse enunciado? b) Conseqüentemente, que tipo de função de linguagem parece predominar nesse texto? 2 ʹ A intenção principal do anunciante é promover os produtos de sua marca ʹ recipientes de plástico, com tampa, que servem para guar-­‐ dar alimentos em geladeiras e freezers ou para descongelar alimentos em microondas. Qual é o público-­‐alvo desse anúncio? 3 ʹ Ao associar a palavra mulher à marca dos produtos oferecidos, o anunciante sugere que seu produto se destine a um tipo específico de mulher. a) Que perfil de mulher é esse? Comprove sua resposta com elementos o texto. b) Que "argumentos" o anunciante implicitamente utiliza para convencer as mulheres a consumir seu produto? 4 ʹ Apesar de o texto verbal se voltar à conceituação do que seja uma "mulher tupperware", é possível perceber nele algumas pistas de que sua verdadeira intencionalidade é promover os produtos Tupperware. Identifique essas pistas. 5 ʹ Na sua opinião, as mulheres que leram o anúncio podem ter se sentido motivadas a comprar os produtos dessa marca? 6 ʹ Considerando a verdadeira intencionalidade do anúncio como um todo, que outra função de linguagem predomina nele?

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SEMÂNTICA E INTERAÇÃO Leia este anúncio: ser Um ó pera pode ou romântica. ica côm fa, séria, bu inada. troc Desde que seja pa

Am ar el o

de ver

Adaptado pela Editora W

O enunciado da parte superior do anúncio é formado por duas frases. Ao lermos a 1ª frase, temos a impressão de que o texto possui certa intencionalidade; ao lermos a 2ª frase, entretanto, notamos que a intencionalidade do texto é outra. a) Pela 1ª frase, qual parece ser a função de linguagem predominante do enunciado? b) Considerando a 2ª frase, qual é a verdadeira intencionalidade do texto e qual a função de linguagem predominante? c) Observe as figuras verde e amarela que acompanham o texto. Que relação essas imagens estabelecem com o texto verbal? Gabarito 1. a) A todos os leitores que queiram participar do concurso. b) No modo imperativo. c) Conativa (ou apelativa) e referencial. 2. a) Pedir ao filho que fecha a porta. b) Função conativa (ou apelativa). 3. a) referencial b) emotiva c) conativa d) fática e) metalingüística f) apelativa e metalingüística As funções da linguagem na construção do texto. 1. a) a um verbete de dicionário. b) função metalingüística 2. As mulheres. 3. a) Uma mulher moderna, que trabalha, que é ŝŶĚĞƉĞŶĚĞŶƚĞ͕ ĐŽŵŽ ĐŽŵƉƌŽǀĂŵ ƉĂůĂǀƌĂƐ Ğ ĞdžƉƌĞƐƐƁĞƐ ĐŽŵŽ ͞ŽƵƐĂĚĂ͟ Ğ ͞ĂƵĚĂĐŝŽƐĂ͕͟ ͞ǀĞn-­‐ ĐĞĚŽƌĂ͕͟ ͞ƐŝŶƚŽŶŝnjĂĚĂ ĐŽŵ Ž ƐĞƵ ƚĞŵƉŽ͘͟ b) O anúncio utiliza como argumento a idéia de que, se a leitora comprar os produtos dessa marca, também será uma mulher moderna e vencedora. ϰ͘ ͞YƵĞ ƌĞũĞŝƚĂ ŝŵŝƚĂĕƁĞƐ͘ YƵĞ ĂƉƌĞĐŝĂ Ž ďĞůŽ Ğ Ž ƉƌĄƚŝĐŽ͘͟ EĞƐƐĞ ƚƌĞĐŚŽ͕ ŽƐ ĂƚƌŝďƵƚŽƐ ƐĆŽ ĚŽƐ ƉƌŽĚƵƚŽƐ͕ Ğ ŶĆŽ ĚĂ ŵulher. 5. Resposta pessoal. 6. Função conativa. Semântica e Interação a) Função referencial b) Função conativa (ou apelativa) c) As cores surgem a necessidade de valorizar o teatro de ópera brasileiro. 16


FIGURAS DE LINGUAGEM O estudo sobre as Figuras de linguagem torna a Língua mais bela e atraente. Vamos começar a partir da noção de conceito para depois desmembrarmos tópicos mais profundos. Conceito de Figuras ʹ são ícones da Literatura para embelezamento textual. Também chamada de ´desvios´ advinda do gr. tró-­‐ pos, ͚ĚĞƐǀŝŽ͕͛ ƉĞůŽ ůĂƚ͘ tropu.] ´, ´figuras de discurso.

Trabalham com a parte Estética da Língua. Também vistas no estudo da relação entre Estética, Sintaxe e a Semântica da Língua Uma boa opção para aprendermos melhor sobre as figuras é visualizá-­‐las por blocos como mostra o gráfico abaixo:

Três figuras são importantes destacar: 1. Assonância A figura de linguagem Assonância -­‐ do lat. assonantia -­‐ consiste dentro de uma mesma sequência lingüística repetir VO-­‐ GAIS provocando sons que são semelhantes ou mesmo aproximação fonética entre as vogais tônicas de palavras diferen-­‐ tes.Esta é uma figura muito explorada na literatura, sobretudo no simbolismo. Vejamos:

Texto 1 Ah! que são necessários longos anos A formar o caráter das nações: Desçam, do povo herdeiros, os tiranos, Subam livres eleitos: ascensões Dos novos mundos. Pertence ao livro GRAMÁTICA APLICADA AO TEXTO ± é proibida qualquer tipo de reprodução, | PROF. DOUGLAS RODARTE


Crianças, mostram (por que não lutaram) Que lutar querem, sabem. E olharam À pátria ideal todas outras nações. Toda a grande cidade à bela hora Qual os mares espumam na aurora, Ditosa elevada nova alma aclarou: O horizonte vestindo de flores, Cor nenhuma turbara a terrores Os hinos brilhantes que a terra entoou. Depondo armas no mesmo áureo dia, ʹ Dos guerreiros letal nostalgia -­‐ Na paz da vitória ninguém chorou mais ʹ Que dos júbilos nunca dormitem Que altas frontes idéias imitem Dos fortes a calma. Povo, como estais! (Sousândrade -­‐ "O Guesa, o Zac", in O Guesa (fragmento)). Texto 2

Barcos de Papel Quando a chuva cessava e um vento fino franzia a tarde tímida e lavada, eu saía a brincar pela calçada, nos meus tempos felizes de menino. Fazia de papel toda uma armada e, estendendo meu braço pequenino, eu soltava os barquinhos, sem destino, ao longo das sarjetas, na enxurrada... Fiquei moço. E hoje sei, pensando neles, que não são barcos de ouro os meus ideais: são feitos de papel, tal como aqueles, perfeitamente, exatamente iguais... -­‐ que os meus barquinhos, lá se foram eles! foram-­‐se embora e não voltaram mais! Guilherme de Almeida

Texto 3

ACROBATA DA DOR Gargalha, ri, num riso de tormenta, Como um palhaço, que desengonçado, Nervoso, ri, num riso absurdo, inflado, De uma ironia e de uma dor violenta.

Da gargalhada atroz, sanguinolenta, Agita os guizos, e convulsionado Salta gavroche, salta clown, varado Pelo estertor dessa agonia lenta... Pedem-­‐se bis e um bis não se despreza! Vamos! retesa os músculos, retesa Nessas macabras piruetas d'aço...

E embora caias sobre o chão, fremente, Afogado em teu sangue estuoso e quente Ri! Coração, tristíssimo palhaço. Cruz e Sousa

____________ 18


gavroche: garoto: clown: palhaço É interessante notar como Cruz e Sousa mistura neste belíssimo texto em tom veemente imagens contraditórias de riso e dor, utili-­‐ zando em diferentes metáforas a imagem do palhaço. E assim, ele vai trabalhando os sons semelhantes através das vogais.

2. Aliteração

2

A figura de linguagem Assonância -­‐ [De *aliterar (< a-­‐ + lat. littera ͚ůĞƚƌĂ͛Ϳ н -­‐ção; fr. allitération.] consiste dentro de uma mesma sequência linguística repetir CONSOANTES provocando sons que são semelhantes ou mesmo Repetição de fone-­‐ ma(s) no início, meio ou fim de vocábulos próximos, ou mesmo distantes (desde que simetricamente dispostos) em uma ou mais frases, em um ou mais versos; aliteramento, paragramatismo.. Esta é uma figura muito explorada na literatura, na mú-­‐ sica, em provérbios populares etc. Vejamos:

Texto 1

(...) Vozes veladas, veludosas vozes, Volúpias dos violões, vozes veladas, Vagam nos velhos vórtices velozes Dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas. (...)

Este quarteto retirado do poema Violões que choram..., de Cruz e Sousa, permite que se identifiquem algumas características da estética literária a que pertencem. Neste sentido é importante perceber que o Simbolismo Brasileiro foi marcado por um intenso tra-­‐ balho com a musicalidade expressa especialmente pela assonância e pela aliteração.

Texto 2 Solar Encantado Só, dominando no alto a alpestre serrania, Entre alcantis, e ao pé de um rio majestoso, Dorme quedo na névoa o solar majestoso Encerrado no horror de uma lenda sombria. Ouve-­‐se à noite, em torno, um clamor lamentoso, Piam aves de agouro, estruge a ventania, E brilhando no chão por sobre a seiva fria, Correm chamas sutis de um fulgor nebuloso. Dentro um luxo funéreo. O silêncio por tudo... Apenas, alta noite, uma sombra de leve Agita-­‐se a tremer nas trevas de veludo... Ouve-­‐se, acaso, então, vaguíssimo suspiro, E na sala, espalhando um clarão cor de neve, Resvala como um sopro o vulto de um vampiro. SILVA, Vítor. ln: RAMOS, P.E. da Silva. "Poesia parnasiana -­‐ antologia. São Paulo: Melhoramentos, 1967, p. 245. Neste soneto "Solar Encantado", do poema parnasiano Vítor Silva (1865-­‐1922), também podemos perceber a forte tônica quanto à musicalidade provocada pela reprodução de fonemas, por exemplo em: majestoso, majestoso, lamentoso, nebuloso.

Texto 3: ͞ ůşƉĞĚĞ͕ ĞƐďĞůƚĂ Ğ ĐŚĞŝĂ ĚĞ ĞůĂŶĐĞ͕ ƉĞƌĨƵŵĞ ƋƵĞ ƉĞƌƉĂƐƐĂ͕ ĂǀĞ ůĞǀĞ͕ ƌĄƉŝĚĂ͕ ůĠƉŝĚĂ ĐŽŵŽ Ƶŵ ƌĞůĂŶĐĞ͘͟ ;WĞĚƌŽ EĂǀĂ͕ Beira-­‐Mar, p. 273).

3. Onomatopéia A figura de linguagem Onomatopéia [Do gr. onomatopoi0a, pelo lat. tard. onomatopoeia.] consiste dentro de uma mesma sequência lingüística tentar reproduzir SONS RUÍDOS do mundo natural. Esta é uma figura muito explorada na literatura, na música popular brasileira, em charges etc. Vejamos:

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Texto 1

A Banda Estava à toa na vida O meu amor me chamou Pra ver a banda passar Cantando coisas de amor A minha gente sofrida Despediu-­‐se da dor Pra ver a banda passar Cantando coisas de amor O homem sério que contava dinheiro parou O faroleiro que contava vantagem parou A namorada que contava as estrelas parou Pra ver, ouvir e dar passagem A moça triste que vivia calada sorriu A rosa triste que vivia fechada se abriu E a meninada toda se assanhou Pra ver a banda passar Cantando coisas de amor Chico Buarque de Holanda Texto 2 PRONOMINAIS Dê-­‐me um cigarro Diz a gramática Do professor e do aluno E do mulato sabido Mas o bom negro e o bom branco Da Nação Brasileira Dizem todos os dias Deixa disso camarada Me dá um cigarro ANDRADE, Oswald. Pau-­‐Brasil. São Paulo: Globo, 2003.

Texto 3

Obsevação: 1.

2.

20

Além de nosso conceito restrito de Onomatopéia que fora dado: Figura de linguagem Onomatopéia consiste dentro de uma mesma sequência lingüística tentar reproduzir SONS RUÍDOS do mundo natural, precisamos entender que existe níveis de onomatopéias. Claro, não cobrada em vestibulares, somente no universo acadêmico. No comporta-­‐ mento sintático simples temos a) sons imitativos produzidos pelo homem, como se vê na originalidade de Guima-­‐ rães Rosa. Também em muitos outros como: ഼͘​͘​͘o venvo vuvo: víiv...,vií...഼ ;DĂŶƵĞůnjĆŽ͘​͘​͕͘ Ɖ͘ϭϴ͘ Ğ ĂŝŶĚĂ ഼ ƌĂ ƵŵĂ Đo-­‐ ruja pequena...quíccc´kikkikik.͘​͘DzĞ ĞŶƚƌĂǀĂ ŶŽ ďƵƌĂĐŽ഼͖ ďͿ ĂƐ ŽŶŽŵĂƚŽƉĠŝĂƐ ƉƌŽƉƌŝĂŵĞŶƚĞ ĚŝƚĂƐ͗ njĄƐ͕ pumba, pimba, dlim, dlão, tlim, tlim, tic, TAC, etc. Harmonia imitativa é outro nível muito explorado no texto acadêmico. Resulta de aglomerado de recursos expressi-­‐ vos: peculiaridades dos fonemas, , repetições de fonemas, de sintagmas, de frases, do ritmo do verso ou da frase. Não se pode deixar de revelar traços marcantes disto em poetas como Manuel Bandeira, no poema ഼Ks sapos഼, on-­‐


de ele cria uma orquestração onomatopéica. Euclides da cunha em várias passagens de ഼Os sertões഼, sobretudo na página 102ss. Encontramos isso também nos poetas do Modernismo como Ronald Carvalho em ഼´Brasil഼; ഼O trem de ferro഼, ഼Os sapos഼, ഼Berimbau഼, de Manuel Bandeira; ഼Rumba഼, de Guilherme Almeida; ഼A festa no palácio verde഼, de Ofélia e Narbal Fontes. E ainda, podemos encontrar não poucos exemplares na elaboração estética nos poetas sim-­‐ bolistas. Cito como exemplo apenas um: ഼Trem de Alagoas഼, de Ascenso Ferreira. Note o recurso onomatopaico, entre vários ou-­‐ tros, o próprio ritmo dos versos:

3.

O sino bate O condutor apita o apito Solta o trem um grito Põe-­‐se logo a caminhar... ... Mangabas maduras, Mamões maduros Mamões amarelos, Que amostram molengos As mamas macias Pra a gente mamar... (Cana caiana, p. 65)

1. Assíndeto

A figura de linguagem Assíndeto [Do gr. asWndeton, ͚ĚŝƐũƵŶĕĆŽ͕͛ ƉĞůŽ ůĂƚ͘ asyndeton.] consiste dentro de uma mesma se-­‐ quência lingüística não coordenar, não apresentar CONECTIVOS ou CONJUNÇÕES dentro de sua estrutura oracional ou Au-­‐ sência de conjunções coordenativas entre frases ou entre partes da mesma frase. Muito utilizada como forma de manter uma coesão sucinta, rápida. Na verdade, provoca uma escrita mais enxuta e direta. Claro, tem o seu lugar valioso dentro de certos períodos sintáticos. Vejamos alguns exemplos: Texto 1:

Leia o trecho de uma canção de Cartola:

(...) Ouça-­‐me bem, amor, Preste atenção, o mundo é um moinho, Vai triturar teus sonhos tão mesquinhos, Vai reduzir as ilusões a pó. Preste atenção, querida, De cada amor tu herdarás só o cinismo Quando notares, estás à beira do abismo Abismo que cavaste com teus pés. ĂƌƚŽůĂ͕ ͞O mundo é um moinho͘͟ Note a ausência de conectivos, de ligadores, de conjunções. Pertence ao livro GRAMÁTICA APLICADA AO TEXTO ± é proibida qualquer tipo de reprodução, | PROF. DOUGLAS RODARTE


Texto 2: ഼KƐ ƚƌĂŶƐƚŽƌŶŽƐ ƉĂƐƐĂŵ͕ ŽƐ ďĞŶĞĨşĐŝŽƐ ĨŝĐĂŵ഼͘

2. Polissíndeto A figura de linguagem Assídeto [Do gr. tard. polysWndeton.] consiste dentro de uma mesma sequência lingüística coor-­‐ denar, apresentar CONECTIVOS ou CONJUNÇÕES dentro de sua estrutura oracional. É uma espécie de pleonasmo que con-­‐ siste em repetir uma conjunção maior número de vezes do que o exige a ordem gramatical. Muito utilizada como forma de manter uma coesão sucinta, rápida. Na verdade, provocar uma escrita mais enxuta e direta. Claro, tem o seu lugar valioso dentro de certos períodos sintáticos. Vejamos alguns exemplos:

Texto 1: ͞ njƵŵďŝĂ͕ e voava, e voava, e njƵŵďŝĂ͘͟ ;DĂĐŚĂĚŽ ĚĞ ƐƐŝƐ͕ Poesias Completas, p. 314); Texto 2: ͞ ŽŶƚƌĂ Ă ĚĞƐƚƌƵŝĕĆŽ se aferra à vida, e luta, / E treme, e cresce, e brilha, e afia o ouvido, e escuta / A voz, que na soidão só ele escuta, Ͷ Ɛſ͟ ;KůĂǀŽ ŝůĂĐ͕ Poesias, p. 269); Texto 3: ͞dƵĂ ŝƌŵĆ Ġ ĐĂƌŝŶŚŽƐĂ͕ e doce, e meiga, e casta, e ĐŽŶƐŽůĂĚŽƌĂ͘͟ ; ĕĂ ĚĞ YƵĞŝƌſƐ͕ Prosas Bárbaras, p. 5); Texto 4: ͞K ĂŵŽƌ ƋƵĞ Ă ĞdžĂůƚĂ Ğ Ă ƉĞĚĞ Ğ Ă ĐŚĂŵĂ Ğ Ă ŝŵƉůŽƌĂ͘͟ ;DĂŶƵĞů ĂŶĚĞŝƌĂ͕ Estrela da Vida Inteira, p. 13); Texto 5: ͞DĆŽ ŐĞŶƚŝů͕ ŵĂƐ ĐƌƵĞů͕ ŵĂƐ ƚƌĂŝĕŽĞŝƌĂ͕ ͬ sŝďƌŽƵ-­‐ƐĞ Ž ŐŽůƉĞ͘͟ ; ůďĞƌƚŽ ĚĞ KůŝǀĞŝƌĂ͕ Poesias, 1a série, p. 302); Texto 6: ͞EĆŽ Ġ ĞƐƚĞ ĞĚŝĨşĐŝŽ ŽďƌĂ ĚĞ ƌĞŝƐ͕ ͘​͘​͘​͘ ŵĂƐ ŶĂĐŝŽŶĂů͕ ŵĂƐ ĚĂ ŐĞŶƚĞ ƉŽƌƚƵŐƵĞƐĂ͟ ; ůĞdžĂŶĚƌĞ ,ĞƌĐƵůĂŶŽ͕ Lendas e Narrativas, I, p. 243).

3. Inversão ou Hipérbato A figura de linguagem Inversão [Do gr. hyperbatón, pelo lat. hyperbaton.] consiste dentro de uma mesma sequência lingüística inverter termos da oração (ordem natural das palavras ou das orações.). dentro de sua estrutura oracional. Mui-­‐ to utilizada como forma de hipérbato (inversão sintática) para provocar um sentido sonoro. Ótimo recurso a ser utilizado nas produções de texto de diversos gêneros. Vejamos alguns exemplos: Texto 1: ͞ Ž ƋƵĞ Ă ƚĞƌƌĂ ŵĂŝƐ ŐĂƌƌŝĚĂ ͬ dĞƵƐ ƌŝƐŽŶŚŽƐ͕ ůŝŶĚŽƐ ĐĂŵƉŽƐ ƚġŵ ŵĂŝƐ ĨůŽƌĞƐ͟ ;KƐſƌŝŽ ƵƋƵĞ-­‐Estrada, em Hino Nacional Brasilei-­‐ ro); Texto 2: ͞EĆŽ Ġ ƋƵĞ Ž ŵĞƵ Ž ƚĞƵ ƐĂŶŐƵĞ ͬ ^ĂŶŐƵĞ ĚĞ ŵĂŝŽƌ ƉƌŝŵŽƌ͘͟ ; ůĞdžĂŶĚƌĞ ,ĞƌĐƵůĂŶŽ͕ Poesias, p. 209 Texto 3: ͞O teu sangue não é de maior primor que o meu͞ ͘΁ ΀ Ĩ͘ anástrofe e sínquise.] Outro tipo semelhante é: 22


Anástrofe A figura de linguagem Anástrofe [Do gr. anastrophé͕ ͚ŝŶǀĞƌƐĆŽ͕͛ ƉĞůŽ ůĂƚ͘ anastrophe.] consiste dentro de uma mesma sequência linguística provocar uma forma de inversão, mais ou menos forte, da ordem natural das palavras ou das orações.

Exemplos: ͞^Ğ ŵŽƌƌĞ͕ ĚĞƐĐĂŶƐĂ ͬ ŽƐ ƐĞƵƐ ŶĂ ůĞŵďƌĂŶĕĂ͟ ;'Žnçalves Dias, Obras Poéticas, II, p. 43), i. e.͕ ͚ŶĂ ůĞŵďƌĂŶĕĂ ĚŽƐ ƐĞƵƐ͖͛ ͞KƵǀŝƌĂŵ ĚŽ /ƉŝƌĂŶŐĂ ĂƐ ŵĂƌŐĞŶƐ ƉůĄĐŝĚĂƐ ͬ Ğ Ƶŵ ƉŽǀŽ ŚĞƌſŝĐŽ Ž ďƌĂĚŽ ƌĞƚƵŵďĂŶƚĞ͟ ;KƐſƌŝŽ ƵƋƵĞ-­‐Estrada, em Hino Nacional Brasileiro) ͚ Ɛ ŵĂƌŐĞŶƐ ƉůĄĐŝĚĂƐ ĚŽ /ƉŝƌĂŶŐĂ ŽƵǀŝƌĂŵ Ž ďƌĂĚŽ ƌĞƚƵŵďĂŶƚĞ ĚĞ Ƶŵ ƉŽǀŽ ŚĞƌſŝĐŽ͛͘Ϳ͘

4. Repetição

A figura de linguagem Repetição [Do gr. anaphorá, pelo lat. anaphora.] consiste dentro de uma mesma sequência lingüística repetir termos da oração dentro de sua estrutura oracional. Claro, que nem toda Repetição é uma Anáfora. O fato é que muitos gramáticos discordam quanto ao ponto conceitual. Na verdade, na maioria deles, há uma aproximação conceitual. Destaco apenas uma leve diferença, no sentido que há a Repetição simples de termos dentro de uma estrutura e há também a repetição de vocábulos, no sentido de retomada do termo anteriormente ligado. Precisamos lembrar que na Anáfora o e-­‐ lemento lingüístico cuja referência não é independente, mas ligada à de um termo antecedente. [Em João barbeou-­‐se, p. ex., o reflexivo se só pode ser interpretado com referência a João. Está aí a diferença entre a Figura Repetição e a figura Anáfo-­‐ ra. Vejamos alguns exemplos:

Texto 1: ͞EůĂ ŶĆŽ ƐĞŶƚĞ͕ ĞůĂ ŶĆŽ ŽƵǀĞ͕ ĂǀĂŶĕĂ͊ ĂǀĂŶĕĂ͊͟ ;&ŝĂůŚŽ Ě͛ ůŵĞŝĚĂ͕ O País das Uvas, p. 94); Texto 2: ͞ ƌĂ Ž ĐŽŶĐƵƌƐŽ͘ ƌĂ Ă ǀŝĂŐĞŵ͘ ƌĂŵ ŽƐ ƋƵŝŶŚĞŶƚŽƐ͘͟ ;:ŽƐĠ ĂƌůŽƐ ĂǀĂůĐĂŶƚŝ ŽƌŐĞƐ͕ O Assassino, p. 35); Texto 3: ͞ ĞƉŽŝƐ Ž ĂƌĞĂů ĞdžƚĞŶƐŽ͘​͘​͘ ͬ ĞƉŽŝƐ Ž ŽĐĞĂŶŽ ĚĞ Ɖſ͘​͘​͘ ͬ ĞƉŽŝƐ ŶŽ ŚŽƌŝnjŽŶƚĞ ŝŵĞŶƐŽ ͬ ĞƐĞƌƚŽƐ͘​͘​͘ ĚĞƐĞƌƚŽƐ Ɛſ͘​͘​͘͟ ; ĂƐƚƌŽ Alves, O-­‐ bra Completa, p. 282); Texto 4: ͞YƵĂƐĞ ƚƵ ŵĂƚĂƐƚĞ͕ ͬ YƵĂƐĞ ƚĞ ŵĂƚĂƐƚĞ͕ ͬ YƵĂƐĞ ƚĞ ŵĂƚaƌĂŵ͊͟ ;DĂŶƵĞů ĂŶĚĞŝƌĂ͕ Estrela da Vida Inteira, p. 244).

5. Anacoluto

A figura de linguagem Anacoluto [do gr. anakólouthos, pelo lat. anacoluthon.] consiste dentro de uma mesma sequên-­‐ cia lingüística mudança brusca dentro da contrução oracional. Também é visto como uma Figura de sintaxe que consiste no emprego de um relativo sem antecedente, ou na mudança abrupta de construção; frase quebrada; anacolutia. Importante notar que muitas vezes o Anacoluto pode se tornar um grande recurso lingüístico para a produção de texto e para o recurso que queira dar dentro da situação enunciativa. Noutras vezes, pode se tornar um vício de linguagem e sendo mal interpreta-­‐ do, fazer o candidato perder nota em uma prova ou avaliação. Vejamos alguns exemplos de anacoluto:

Texto 1: Pertence ao livro GRAMÁTICA APLICADA AO TEXTO ± é proibida qualquer tipo de reprodução, | PROF. DOUGLAS RODARTE


͞YƵĞŵ Ž ĨĞŝŽ ĂŵĂ͕ ďŽŶŝƚŽ ůŚĞ ƉĂƌĞĐĞ͟ ;ƉƌŽǀ͘Ϳ͖ Texto 2: ͞K ĨŽƌƚĞ͕ Ž ĐŽďĂƌĚĞ ͬ ^ĞƵƐ ĨĞŝƚŽƐ ŝŶǀĞũĂ͟ ΀i. e.͕ ͚K ĐŽďĂƌĚĞ ŝŶǀĞũĂ ŽƐ ĨĞŝƚŽƐ ĚŽ ĨŽƌƚĞ͛΁ ;Gonçalves Dias, Obras Poéticas, II, p. 43); texto 3: ͞ƚŝŶŚĂ ŶĆŽ ƐĞŝ ƋƵĞ ďĂůĂŶĕŽ ŶŽ ĂŶĚĂƌ͕ ĐŽŵŽ ƋƵĞŵ ůŚĞ ĐƵƐƚĂ ůĞǀĂƌ Ž ĐŽƌƉŽ͟ ;DĂĐŚĂĚŽ ĚĞ ƐƐŝƐ͕ Páginas Recolhidas, p. 82).

6. Gradação A figura de linguagem Gradação [do lat. gradatione.] consiste dentro de uma mesma sequência lingüística encadear elementos provocando um efeito acumulativo. É um excelente recurso linguístico nas produções de texto de forma geral.

Texto 1:

͞ ĐĂďĂǀĂ Ž ĐƌĞƉƷƐĐƵůŽ Ğ Ž ĐĠƵ ĞƐĐƵƌĞĐŝĂ ĚĞǀĂŐĂƌŝŶŚŽ͕ ƉĂƐƐĂŶĚŽ ĚŽ ƌŽƐĂ ƉĄůŝĚŽ Ğ do amarelo transparente, ao lilás, ao cinza, ao roxo, ao azul-­‐escuro, numa gradação ƐƵĂǀĞ͟ ;DĂůƵ ĚĞ KƵƌŽ WƌĞƚŽ͕ Siri na Noite sem Lua, p. 43).

Texto 2:

͞K ƉŽĞƚĂ ĂŶŝĞů ĂŵĂǀĂ Ğŵ &ƌĂŶĐŝƐĐĂ ƚƵĚŽ͗ Ž coração, a beleza, a mocidade, a inocência e até o nome͘͟ (Machado de Assis, Contos Recolhi-­‐ dos, p. 13).

Texto 3: ഼ džƉĞƌŝŵĞŶƚĂƌĞŵŽƐ ĂŵŽƌ͕ ƉĂnj͕ ĂůĞŐƌŝĂ഼ Texto 4: INSTRUÇÃO: repare neste fragmento do livro Vidas Secas, escrito por Graciliano Ramos (1892-­‐1953), a evolução da narrativa, o enca-­‐ deamento dos elementos construtores do enredo e as formas verbais e como a narrativa vai crescendo para chegar ao Clímax. A cachorra Baleia estava para morrer. Tinha emagrecido, o pêlo caíra-­‐lhe em vários pontos, as costelas avultavam num fundo ró-­‐ seo, onde manchas escuras supuravam e sangravam, cobertas de moscas. As chagas da boca e a inchação dos beiços dificultavamʹlhe a comida e a bebida. Por isso Fabiano imaginara que ela estivesse com um princípio de hidrofobia e amarrara-­‐lhe no pescoço um rosário de sabugos de milho queimados. Mas Baleia, sempre de mal a pior, roçava-­‐se nas estacas do curral ou metia-­‐se no mato, impaciente, enxotava os mosquitos sacudindo as orelhas murchas, agitando a cauda pelada e curta, grossa na base, cheia de moscas, semelhante a uma cauda de cascavel. Então Fabiano resolveu matá-­‐la. Foi buscar a espingarda de pederneira, lixou-­‐a, limpou-­‐a com o saca-­‐trapo e fez tenção de carre-­‐ gá-­‐la bem para a cachorra não sofrer muito. Sinha Vitória fechou-­‐se na camarinha, rebocando os meninos assustados, que adivinhavam desgraça e não se cansavam de repe-­‐ tir a mesma pergunta: -­‐ Vão bulir com a Baleia? Tinham visto o chumbeiro e o polvarinho, os modos de Fabiano afligiam-­‐nos, davam-­‐lhes a suspeita de que Baleia corria perigo. Ela era como uma pessoa da família: brincavam juntos os três, para bem dizer não se diferenciavam, rebolavam na areia do rio e ŶŽ ĞƐƚƌƵŵĞ ĨŽĨŽ ƋƵĞ ŝĂ ƐƵďŝŶĚŽ͕ ĂŵĞĂĕĂǀĂ ĐŽďƌŝƌ Ž ĐŚŝƋƵĞŝƌŽ ĚĂƐ ĐĂďƌĂƐ͘ ;͙Ϳ Fabiano percorreu o alpendre, olhando a baraúna e as porteiras, açulando um cão invisível contra animais invisíveis: ʹ Eco! Eco! Em seguida entrou na sala, atravessou o corredor e chegou à janela baixa da cozinha. Examinou o terreiro, viu Baleia coçando-­‐se a esfregar as peladuras no pé de turco, levou a espingarda ao rosto. A cachorra espiou o dono desconfiada, enroscou-­‐se no tronco e foi-­‐se desviando, até ficar no outro lado da árvore, agachada e arisca, mostrando apenas as pupilas negras. Aborrecido com esta ma-­‐ nobra, Fabiano saltou a janela, esgueirou-­‐se ao longo da cerca do curral, deteve-­‐se no mourão do canto e levou de novo a arma ao rosto. Como o animal estivesse de frente e não apresentasse bom alvo, adiantou-­‐se mais alguns passos. Ao chegar às catingueiras, modificou a pontaria e puxou o gatilho. A carga alcançou os quartos traseiros e inutilizou uma perna de Baleia, que se pôs a latir de-­‐ sesperadamente.

24


7. Apóstrofe A figura de linguagem Apóstrofe [Do gr. apostrophé, pelo lat. apostrophe consiste em dirigir-­‐se o orador ou o escritor, em geral (e não sempre) fazendo uma interrupção, a uma pessoa ou coisa real ou fictícia.

Vale a consideração do gramático Aurélio onde ele mostra que neste ĞdžĞŵƉůŽ͕ ƚŽŵĂĚŽ ăƐ ͞sŽnjĞƐ Ě͛ ĨƌŝĐĂ͕͟ Ğ ĐŽŶƐƚŝƚƵşĚŽ ƉĞůŽ primeiro verso do famoso poema, é prova (e outras poderiam ser dadas) de que a apóstrofe nem sempre é uma interrupção, co-­‐ mo em nossos dicionários se lê.] Texto 1: ͞ ĞƵƐ͊ ſ ĞƵƐ͊ ŽŶĚĞ ĞƐƚĄƐ ƋƵĞ ŶĆŽ ƌĞƐƉŽŶĚĞƐ͍͟ ; ĂƐƚƌŽ ůǀĞƐ͕ Obra Completa, p. 290).

8. Elipse A figura de linguagem Elipse [Do gr. élleipsis͕ ͚ŽŵŝƐƐĆŽ͕͛ ƉĞůŽ ůĂƚ͘ ellipse.] consiste dentro de uma mesma sequência lingüística de-­‐ liberada de palavra(s) que se subentende(m), com o intuito de assegurar a economia da expressão.

Texto 1:

͞KŶĚĞ ƉŽĚĞ͕ ƉƁĞ Ă ŵĆŽ͘ KŶĚĞ ŶĆŽ͕ ƉƁĞ ŽƐ ƐĞƵƐ ŽůŚŽƐ͟ ; ƵĚĄůŝŽ ůǀĞƐ͕ Antologia Poética, p. 85); Texto 2: ͞ ŚeŐƵĞŝ͘ ŚĞŐĂƐƚĞ͘͟ ;KůĂǀŽ ŝůĂĐ͕ Poesias, p. 127).

9. Epístrofe certa

A figura de linguagem Epístrofe [Do gr. epistrophé, pelo lat. epistrophe.] consiste dentro de uma mesma sequência lingüística, de forma, provocar, deliberadamente uma repetição de palavra no fim de frases seguidas.

Texto 1:

͞EƵŶĐĂ ŵŽƌƌĞƌ ĂƐƐŝŵ͊ EƵŶĐĂ ŵŽƌƌĞƌ ŶƵŵ ĚŝĂ ͬ Ͷ ƐƐŝŵ͊ ĚĞ Ƶŵ ƐŽů ĂƐƐŝŵ͊͟ ;KůĂǀŽ ŝůĂĐ͕ Poesias, p. 170).

Muitas são as figuras que valorizam e são vistas sob o aspecto sintático da Língua. Por ora, achamos estas as mais importantee, que de alguma forma, as que ainda são vistas e cobradas em vestibulares e concursos de forma geral.

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1. Metáfora [Do gr. metaphorá, pelo lat. metaphora.] é uma figura de estilo (ou tropo lingüístico), que consiste em uma compa-­‐ ração entre dois elementos por meio de seus significados imagísticos, causando o efeito de atribuição "inesperada" ou imprová-­‐ vel de significados de um termo a outro, ou ainda, aquela que se fundamenta numa relação de semelhança subentendida entre o sentido próprio e o figurado.

Exemplo 1:

Exemplo 2: ´Meu coração é um balde despejado´ Fernando Pessoa

Exemplo 3: Metáfora Gilberto Gil Composição: Gilberto Gil -­‐ 1982 Uma lata existe para conter algo Mas quando o poeta diz: "Lata" Pode estar querendo dizer o incontível Uma meta existe para ser um alvo Mas quando o poeta diz: "Meta" Pode estar querendo dizer o inatingível Por isso, não se meta a exigir do poeta Que determine o conteúdo em sua lata Na lata do poeta tudonada cabe Pois ao poeta cabe fazer Com que na lata venha caber O incabível Deixe a meta do poeta, não discuta Deixe a sua meta fora da disputa 26


Meta dentro e fora, lata absoluta Deixe-­‐a simplesmente metáfora Note que nesta canção que tanto é metáfora como ao tentar escrever sobre a Metáfora, acaba fazendo uma forma de metalingua-­‐ gem. Então, podemos deduzir que a música que é uma forma de expressão textual não convencional (abordaremos isso no Capítulo Inter-­‐ pretação de Texto), pode revelar, conceitualmente, muitas formas de metalinguagem.

2. Metonímia [Do gr. metonymía, pelo lat. metonymia.] é uma figura de linguagem que substitui um elemento pela citação de outro que lhe está relacionado.

Varios tipos de Metonímia: x x x x x x x x x

Efeito pela causa: Sócrates tomou a morte. (O efeito é a morte, a causa é o veneno.) Causa pelo efeito: Por favor, não fume dentro de casa: sou alérgica a cigarro. ( O cigarro é a causa: a fumaça, o efeito. Podemos ser alérgicos a fumaça, mas não ao cigarro) Marca pelo produto: O meu irmãozinho adora danone.(Danone é a marca de um iogurte; o menino gosta de iogurte) Autor pela obra: Lemos Machado de Assis por interesse. (Ninguém, na verdade, lê o autor, mas as obras dele em geral.) Continente pelo conteúdo: Bebeu o cálice da salvação. (Ninguém engole um cálice, mas sim a bebida que está nele.) Parte pelo todo: A choupana não suportou quatro invernos. Singular pelo plural: O homem, que é mortal, imortaliza-­‐se por meio de suas conquistas. Possuidor pelo possuído: Ir ao barbeiro. (O barbeiro trabalha na barbearia, onde se vai -­‐ de facto, ninguém vai a uma pessoa, mas ao local onde ela es-­‐ tá) Matéria pelo objeto: Quem por ferro mata... (ferro substitui, aqui, espada) x O lugar pela coisa: Uma garrafa de Porto. (Porto é o nome da cidade conotada com a bebida -­‐ mas não é a cidade que fica na garrafa, mas sim a bebida.) x O instrumento pela causa ativa: Sou um bom garfo (em substituição de "alguém que come bastante"). x A coisa pela sua representação: És a minha âncora (em substituição de "segurança").

Repare a noção de Metonímia nesta tirinha sobre o Acordo ortográfico:

O jogo de palavras entre vôo, palavra que está em pranto, alçou vôo, mas sem o mesmo encanto. Na verdade, em toda Metoní-­‐ mia há um processo comparativo implícito. Por isso, também é uma forma metafórica. 3.

Antítese [Do gr. antíthesis͕ ͚ŽƉŽƐŝĕĆŽ͕͛ ƉĞůŽ ůĂƚ͘ ƚĂƌĚ͘ antihese.] é uma figura que trabalha a posição entre duas ou mais idéias. Uma forma Enantiose (contradição)

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Texto 1:

͞ ƌĂ Ž ƉŽƌǀŝƌ Ͷ em frente do passado, / A Liberdade Ͷ Ğŵ ĨĂĐĞ ă ƐĐƌĂǀŝĚĆŽ͟ ; Ăstro Alves, Obra Completa, p. 154); Texto 2: ͞ ĞŝdžĂ ƋƵĞ ŚŽũĞ ŵĞ ĐŚĂŵĞ ĞƚĞƌŶŝĚĂĚĞ͊͟ ; ĂŵƉŽƐ ĚĞ &ŝŐƵĞŝƌĞĚŽ͕ Imagem da Noite, p. 15).

Texto I Amor é fogo que arde sem se ver; É ferida que dói e não se sente; É um contentamento descontente; É dor que desatina sem doer. É um não querer mais que bem querer; É solitário andar por entre a gente; É nunca contentar-­‐se de contente; É cuidar que se ganha em se perder; (Camões) 4.

Paradoxo [Do gr. parádoxon, pelo lat. paradoxon.] é uma figura que trabalha a posição do que é ou parece contrário ao co-­‐ mum; contra-­‐senso, absurdo, disparate.

͞ ƌĂ Ƶŵ ĐŽŶǀĞƌƐĂĚŽƌ ĂĚŵŝƌĄǀĞů͕ ĂĚŽƌĄǀĞů ŶŽƐ ƐĞƵƐ ĞƌƌŽƐ͕ ͘​͘​͘​͘ ŶĂƐ ƐƵĂƐ ŽƉŝŶŝƁĞƐ ƌĞǀŽůƚĂŶƚĞƐ Ğ ďĞůşƐƐŝŵĂƐ͕ ŶŽƐ ƐĞƵƐ ƉĂƌĂĚŽdžŽƐ͕ nas suas blagues͘͟ ;DĄƌŝŽ ĚĞ ^Ą-­‐Carneiro, A Confissão de Lúcio, p. 21.) Nos parece que há uma linha tênue entre A Antítese e o Paradoxo. Precisamos explicar um pouco mais. Uma vez que a Antítese é um recurso estilístico literário que consiste na exposição de idéias opostas, ocorre quando há uma a-­‐ proximação de palavras ou expressões de sentidos opostos. Esse recurso foi especialmente utilizado pelos autores do período Barro-­‐ co. O contraste que se estabelece serve, essencialmente, para dar uma ênfase aos conceitos envolvidos que não se conseguiria com a exposição isolada dos mesmos. É uma figura relacionada e muitas vezes confundida com o paradoxo. Várias antíteses podem ser feitas através de Amor e Ódio, Sol e Chuva, Paraíso e Inferno, Deus e Diabo. Exemplo: Onde queres prazer sou o que dói, E onde queres tortura, mansidão Onde queres um lar, revolução E onde queres bandido sou herói. (Caetano Veloso) Ele a amava, ela o odiava. Hoje fez sol, ontem, pois, choveu muito. Relacionado com a antítese, o paradoxo é uma figura de estilo que consiste na exposição contraditória de idéias. As expressões assim formuladas tornam-­‐se proposições falsas, à luz do senso comum, mas que podem encerrar verdades do ponto de vista psicológi-­‐ co/poético.(Simplificando, é uma afirmação ou opinião que à primeira vista parece ser contraditória, mas na realidade expressa uma ver-­‐ dade possível). A diferença existencial entre antítese e paradoxo, é que antítese toma nota de comparação por contraste ou justaposição de con-­‐ trários, já o paradoxo reconhece-­‐se como relação interna de contrários: Para finalizar com os exemplos: Antítese: "Eu sou velho, você é moço." Paradoxo: "Eu sou um velho moço." E "Morte é vida, vida é morte" 28


5.

Oxímoro [Var. de oximóron < gr. oxýmoron (com o primeiro o = ômega), pelo lat. oxymoru (com o longo).] muito próxima da antítese e por ser uma forma de Paradoxo, esta por sua vez Figura que consiste em reunir palavras contraditórias. Texto 1: ͞silêncio eloqüente͞ Texto 2: ͞ĐŽǀĂƌĚĞ ǀĂůĞŶƚŝĂ͟ ; ůŵĞŝĚĂ 'ĂƌƌĞƚƚ͕ Frei Luís de Sousa, p. 47); Texto 3: ͞ǀĂůĞŶƚŝĂ ĐŽǀĂƌĚĞ͟ ; ŶƚƀŶŝŽ &ĞůŝĐŝĂŶŽ ĚĞ ĂƐƚŝůŚŽ͕ Amor e Melancolia, p. 315); Texto 4: ͞ŝŶŽĐĞŶƚĞ ĐƵůƉĂ͟ ; ĞĐşůŝĂ DĞŝƌĞůĞƐ͕ Obra Poética, p. 487).

6.

Ironia [Do gr. eironeía͕ ͚ŝŶƚĞƌƌŽŐĂĕĆŽ͕͛ ͚ĚŝƐƐŝŵƵůĂĕĆŽ͕͛ ƉĞůŽ ůĂƚ͘ ironia.] é a figura de linguagem que consiste em exprimir-­‐se que consiste em dizer o contrário daquilo que se está pensando ou sentindo, ou por pudor em relação a si próprio ou com intenção depreciativa e sarcástica em relação a outrem. E ainda, ocorre ironia quando, pelo contexto, pela entonação, pela contradição de termos, sugere-­‐se o contrário do que as palavras ou orações parecem exprimir. A intenção é, geralmente, depreciativa ou sarcás-­‐ tica, embora o sarcasmo tenha um tom mais agressivo. Existe frequentemente na linguagem corrente, como quando dizemos "Vens num belo estado!" (para indicar que reprovamos a aparência de alguém). Texto 1: As moças entrebeijam-­‐se porque não podem morder-­‐se umas às outras. (Monteiro Lobato) Texto 2: Moça linda, bem tratada, três séculos de família, burra como uma porta (Mário de Andrade) Texto 3:

Repare a intencionalidade do discurso sendo trabalhado nesta tirinha. Fantástico! 7.

Eufemismo [Do gr. euphemismós (< gr. eúphemos͕ ͚ĂƵƐƉŝĐŝŽƐŽ͕͛ н Őƌ͘ -­‐ismós [= -­‐ismo]), pelo fr. euphémisme.] é a figura de linguagem que consiste na tentativa de provocar uma suavização da expressão, da fala, com efeito de atenuamento, abranda-­‐ mento. É uma linguagem que tem a forma mais ഼polida഼, ഼eduacada഼. Exemplário:

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Você faltou com a verdade a um homem. (Em lugar de mentiu) Ele entregou a alma a Deus. (Em lugar de: Ele morreu) Nos fizeram varrer calçadas, limpar o que faz todo o cão... (Em lugar de fezes) Ela é minha ajudante (Em lugar de empregada doméstica) "...Trata-­‐se de um usurpador do bem alheio..." (Em lugar de ladrão) Filho da mesgramado! (Ao invés de Desgraçado) "Era uma estrela divina que ao firmamento voou!" (Em lugar de morreu) (Álvares de Azevedo) "Quando a indesejada das gentes chegar" (Em lugar de a morte) (Manuel Bandeira) Ele subtraiu os bens de tal pessoa. (Em vez de furtou) Texto 1:

Note que a Ironia é sempre mais clara, pois a sua intenção é mostrar e revelar logo a gozação, o escárnio, denegrir. Em contra-­‐ partida o Eufemismo suaviza a linguagem, onde , n a verdade, a ironia está presente, mas é subjetiva, leve, escondida. Neste sentido, o Eufemismo é sempre irônico, metafórico, por causa de sua subjetividade, muitas vezes comparativa. Nesta tirinha ao invés de chamá-­‐lo de irresponsável, preferiu-­‐ƐĞ ĚŝnjĞƌ ഼ŵĞĚŽ ĚĞ ƐĞƵƐ ĐŽŵƉƌŽŵŝƐƐŽƐ഼͘ hŵĂ ĨŽƌŵĂ ĞƵĨĞŵşƐƚŝĐĂ ĚĞ dizer outra realidade. 8. Personificação [Do gr. prosopopoi0a, ͚ƉĞƌƐŽŶŝĨŝĐĂĕĆŽ͕͛ ƉĞůŽ ůĂƚ͘ prosopopoeia.] é a figura de linguagem que consiste na tentativa na qual se dá vida e, pois, ação, movimento e voz, a coisas inanimadas, e se empresta voz a pessoas au-­‐ sentes ou mortas e a animais. Também é chamada por muitos teóricos de Prosopopéia. Normalmente é fácil ser percebida. Quando falamos "está um dia triste" implica a atribuição de um sentimento a uma entidade que, de fato, nunca poderá estar triste mas cujas características (céu nublado, frio, etc) poderão conotar tris-­‐ teza para o ser humano. Nas fábulas, a personificação toma um sentido simbólico, onde a atribuição de determinadas características humanas a seres irracionais segue determinadas regras determinadas pelo contexto sócio-­‐cultural do autor: os leões passam a ser corajosos (ou fanfarrões, como na fábula do leão e do rato, de La Fontaine); as raposas tornam-­‐se astutas (ou desde-­‐ nhosas); as características dos materiais passam a conotar o caráter humano ou o seu estatuto em termos de poder (forte ou frágil, como na fábula da panela de ferro e da panela de barro). Vejamos alguns exemplos: Texto 1: A reunião geral dos ratos Uma vez os ratos, que viviam com medo de um gato, resolveram fazer uma reunião para encontrar um jeito de acabar com aquele transtorno. Muitos planos foram discutidos e abandonados. No fim, um rato jovem levantou-­‐se e deu a i-­‐ déia de pendurar uma sineta no pescoço do gato; assim, sempre que o gato chegasse perto eles ouviriam a sineta e po-­‐ deriam fugir correndo. Todo mundo bateu palmas: o problema estava resolvido. Vendo aquilo, um rato velho que tinha ficado o tempo todo calado levantou-­‐se de seu canto. O rato falou que o plano era muito inteligente, que com toda cer-­‐ teza as preocupações deles tinham chegado ao fim. Só faltava uma coisa: quem iria pendurar a sineta no pescoço do ga-­‐ to? Texto 2: O lobo e o cordeiro 30


Um cordeiro estava bebendo água num riacho. O terreno era inclinado e por isso havia uma correnteza forte. Quando ele levantou a cabeça, avistou um lobo, também bebendo da água. -­‐ Como é que você tem a coragem de sujar a água que eu bebo -­‐ disse o lobo, que estava alguns dias sem co-­‐ mer e procurava algum animal apetitoso para matar a fome. -­‐ Senhor -­‐ respondeu o cordeiro -­‐ não precisa ficar com raiva porque eu não estou sujando nada. Bebo aqui, uns vinte passos mais abaixo, é impossível acontecer o que o senhor está falando. -­‐ Você agita a água -­‐ continuou o lobo ameaçador -­‐ e sei que você andou falando mal de mim no ano passado. -­‐ Não pode -­‐ respondeu o cordeiro -­‐ no ano passado eu ainda não tinha nascido. O lobo pensou um pouco e disse: -­‐ se não foi você foi seu irmão, o que dá no mesmo. -­‐ Eu não tenho irmão -­‐ disse o cordeiro -­‐ sou filho único. -­‐ Alguém que você conhece, algum outro cordeiro, um pastor ou um dos cães que cuidam do rebanho, e é preciso que eu me vingue. Então ali, dentro do riacho, no fundo da floresta, o lobo saltou sobre o cordeiro,a garrou-­‐o com os dentes e o levou para comer num lugar mais sossegado. La Fontaine Texto 3: Música Ivete Sangalo O seu amor é canibal.... Outro exemplo mencionável é advindo da Literatura bíblica. Vejamos o Salmo 19: Texto 4: 1 os céus proclamam a glória de Deus e o firmamento anuncia as obras de sua mãos. 2 Um dia discursa a outro dia E uma noite revela conhecimento a outra noite. 9. Pleonasmo Do gr. pleonasmós͕ ͚ƐƵƉĞƌĂďƵŶĚąŶĐŝĂ͕͛ ƉĞůŽ ůĂƚ͘ ƚĂƌĚ͘ pleonasmu.] é a figura de linguagem que consiste na tentativa Redundância de termos que em certos casos têm emprego legítimo, para conferir à expressão mais vigor, ou clareza. Nrmalmente é mal vista em textos dissertativos. Clar, precisamos sempre levar em consideração ao julgar uma de-­‐ terminada figura, qual a sua intenção dentro daquele gênero e a sua propositura final dado o contexto que está inserida. Exemplário: ͞Com estes olhos que a terra há de come͞ ͞sŝ ĐůĂƌĂŵĞŶƚĞ ǀŝƐƚŽ Ž ůƵŵĞ ǀŝǀŽ ͬ YƵĞ Ă ŵĂƌşƚŝŵĂ ŐĞŶƚĞ ƚĞŵ ƉŽƌ ƐĂŶƚŽ͟ ;>ƵşƐ ĚĞ ĂŵƁĞƐ͕ Os Lusíadas, V, 18); ͞ĞŶƚƌĂƌĂŵ ŶŽ ĐŽĐŚĞ͕ ĐĂƌƌƵĂŐĞŵ ƐƵĂ ĞƐƉĞĐŝĂů ĚĞůĞ͘͟ ; ĂŵŝůŽ ĂƐƚĞůŽ ƌĂŶĐŽ͕ O Judeu, I, p. 117); ͞ ǀŝĚĂ ĐŽŶƚŝŶƵĂ͘ ƐĞƵ ŽĨşĐŝŽ ĚĞůĂ͘͟ ; Ŷƚônio Carlos Vilaça, O Anel, p. 99). Pertence ao livro GRAMÁTICA APLICADA AO TEXTO ± é proibida qualquer tipo de reprodução, | PROF. DOUGLAS RODARTE


Vale destacar: x Pleonasmo literário Trata-­‐se do uso do pleonasmo como figura de linguagem para enfatizar algo em um texto. Grandes autores usam muito deste re-­‐ curso, nos seus textos os pleonasmos não são considerados vícios de linguagem, e sim Pleonasmos Literários. Pleonasmos literários "Iam vinte anos desde aquele dia Quando com os olhos eu quis ver de perto Quanto em visão com os da saudade via." (Alberto de Oliveira) "Morrerás morte vil na mão de um forte." (Gonlçalves Dias) "Ó mar salgado, quanto do teu sal São lágrimas de Portugal" (Fernando Pessoa) "O cadáver de um defunto morto que já faleceu" (Roberto Gómes Bolaños) "E rir meu riso" (Vinícius de Moraes) x Pleonasmo vicioso x Trata-­‐se da repetição inútil e desnescessária de algum termo na frase. Esse não é uma figura de linguagem, e sim um Vício de lin-­‐ guagem. Pleonasmos viciosos Subir para cima -­‐ Se está subindo, logo, é para cima. Descer para baixo -­‐ Se está descendo, logo, é para baixo. Entrar para dentro -­‐ Se está entrando, logo, é para dentro. A grande maioria deles -­‐ Se é maioria, logo é grande (Partindo do ponto em que a minoria representa a parte pequena, menor) Sair para fora -­‐ Se esta saindo, logo, é para fora. Hemorragia de sangue -­‐ A hemorragia já trata de derramamento de sangue para fora dos vasos.

EXERCÍCIOS PROPOSTOS 01 -­‐ (UFG GO/2007) Leia o texto. Plutão foi rebaixado porque não satisfaz a condição referente à limpeza da vizinhança planetária ʹ sua órbita cruza a de Netuno, que é muito maior. Isso significa que, nos primórdios do Sistema Solar, ele não teve força gravitacional para engolir os corpos nos seus arredores. FOLHA DE S. PAULO. São Paulo, 25 ago. 2006. Ciência, p. A20. [Adaptado]. No texto acima, o sentido dos termos limpeza e engolir é construído de modo a) categórico, pois dizem respeito a expressões relativas à astronomia. b) intertextual, pois relacionam descobertas científicas ao discurso da astrologia. c) metafórico, pois se atribuem a corpos celestes ações relativas a seres animados. ĚͿ ŝƌƀŶŝĐŽ͕ ƉŽŝƐ ĞŶĨĂƚŝnjĂŵ Ă ŝŶĂĚĞƋƵĂĚĂ ŝŶĐůƵƐĆŽ ĚĞ WůƵƚĆŽ ŶĂ ĐĂƚĞŐŽƌŝĂ ͞ƉůĂŶĞƚĂ͘͟ e) contraditório, pois as informações são incompatíveis com o conhecimento científico. 02 -­‐ (PUC SP/2007) Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros que a asa da graúna, e mais longos que seu talhe de palmeira. O favo da jati não era doce como seu sorriso; nem a baunilha recendia no bosque como seu hálito perfumado ( ... ) Cedendo à meiga pressão, a virgem reclinou se ao peito do guerreiro, e ficou ali trêmula e palpitante como a tímida perdiz ( ... ) A fronte reclinara, e a flor do sorriso expandia-­‐se como o nenúfar ao beijo do sol ( ... ). Em torno carpe a natureza o dia que expira. Soluça a onda trépida e lacrimosa; geme a brisa na folhagem; o mesmo silêncio anela de opresso. (...) A tarde é a tristeza do sol. Os dias de Iracema vão ser longas tardes sem manhã, até que venha para ela a grande noite. Os fragmentos acima constroem-­‐se estilisticamente com figuras de linguagem, caracterizadoras do estilo poético de Alencar. Apresentam eles, dominantemente, as seguintes figuras: a) comparações e antíteses. b) antíteses e inversões. c) pleonasmos e hipérboles. d) metonímias e prosopopéias. e) comparações e metáforas. TEXTO: 1 -­‐ Comum às questões: 3, 4 Em volta da moça Já então os dois gêmeos cursavam, um a Faculdade de Direito, em S. Paulo; outro a Escola de Medicina, no Rio. Não tardaria mui-­‐ 5 to que saíssem formados e prontos, um para defender o direito e o torto da gente, outro para ajudá-­‐la a viver e a morrer. Todos os con-­‐ trastes estão no homem. 32


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Não era tanta a política que os fizesse esquecer Flora, nem tanta Flora que os fizesse esquecer a política. Também não eram tais as duas que prejudicassem estudos e recreios. Estavam na idade em que tudo se combina sem quebra de essência de cada coisa. Lá 15 que viessem a amar a pequena com igual força é o que se podia admitir desde já, sem ser preciso que ela os atraísse de vontade. Ao contrário, Flora ria com ambos, sem rejeitar nem aceitar especialmente nenhum; pode ser até que nem percebesse nada. Paulo vivia mais tempo ausente. Quando 20tornava pelas férias, como que a achava mais cheia de graça. Era então que Pedro multiplicava as suas finezas para se não deixar vencer do irmão, que vinha pródigo delas. E Flora recebia-­‐as todas com o mesmo rosto amigo. 25 Note-­‐se ʹ e este ponto deve ser tirado à luz, ʹ note-­‐se que os dois gêmeos continuavam a ser parecidos e eram cada vez mais esbeltos. Talvez perdessem estando juntos, porque a semelhança diminuía em cada um deles a feição pessoal. 30Demais, Flora simulava às vezes confundi-­‐los, para rir com ambos. E dizia a Pedro: ʹ Dr. Paulo! E dizia a Paulo: ʹ Dr. Pedro! 35 Em vão eles mudavam da esquerda para a direita e da direita para a esquerda. Flora mudava os nomes também, e os três aca-­‐ bavam rindo. A familiaridade desculpava a ação e crescia com ela. Paulo gostava mais de conversa 40que de piano; Flora conversava. Pedro ia mais com o piano que com a conversa; Flora tocava. Ou então fazia ambas as coisas, e tocava falando, soltava a rédea aos dedos e à língua. 45 Tais artes, postas ao serviço de tais graças, eram realmente de acender os gêmeos, e foi o que sucedeu pouco a pouco. (ASSIS, Machado de. Esaú e Jacó. Rio de Janeiro: José Aguilar, 1962.) 03 -­‐ (UERJ RJ/2007) Em algumas passagens, o texto de Machado de Assis apresenta teses às quais se juntam oposições ʹ antíteses. Essa fusão, por sua vez, transforma-­‐se em síntese. Um exemplo de síntese está presente no seguinte fragmento: ĂͿ ͞ ƐƚĂǀĂŵ ŶĂ ŝĚĂĚĞ Ğŵ ƋƵĞ ƚƵĚŽ ƐĞ ĐŽŵďŝŶĂ ƐĞŵ ƋƵĞďƌĂ ĚĞ ĞƐƐġŶĐŝĂ ĚĞ ĐĂĚĂ ĐŽŝƐĂ͘͟ ;ů͘ ϭϭ -­‐ 13) ďͿ ͞>Ą ƋƵĞ ǀŝĞƐƐĞŵ Ă ĂŵĂƌ Ă ƉĞƋƵĞŶĂ ĐŽŵ ŝŐƵĂů ĨŽƌĕĂ Ġ Ž ƋƵĞ ƐĞ ƉŽĚŝĂ ĂĚŵŝƚŝƌ ĚĞƐĚĞ ũĄ͕͟ ;ů͘ ϭϯ -­‐ 15) ĐͿ ͞ ĞŵĂŝs, Flora simulava às vezes confundi-­‐ůŽƐ͕ ƉĂƌĂ ƌŝƌ ĐŽŵ ĂŵďŽƐ͘͟ ;ů͘ ϯϬ -­‐ 31) ĚͿ ͞ ŵ ǀĆŽ ĞůĞƐ ŵƵĚĂǀĂŵ ĚĂ ĞƐƋƵĞƌĚĂ ƉĂƌĂ Ă ĚŝƌĞŝƚĂ Ğ ĚĂ ĚŝƌĞŝƚĂ ƉĂƌĂ Ă ĞƐƋƵĞƌĚĂ͘͟ ;ů͘ ϯϱ -­‐ 36) 04 -­‐ (UERJ RJ/2007) Não tardaria muito que saíssem formados e prontos, um para defender o direito e o torto da gente, outro para ajudá-­‐ la a viver e a morrer. (l. 3 -­‐ 6) Na passagem destacada, foram explorados diferentes recursos retóricos. Dois desses recursos podem ser identificados como: a) metonímia e metáfora b) antítese e pleonasmo c) paradoxo e ironia d) anáfora e alusão TEXTO: 2 -­‐ Comum à questão: 5 Por não estarem distraídos Havia a levíssima embriaguez de andarem juntos, a alegria como quando se sente a garganta um pouco seca e se vê que por admira-­‐ 5 ção se estava de boca entreaberta: eles respiravam de antemão o ar que estava à frente, e ter esta sede era a própria água deles. Anda-­‐ vam por ruas e ruas falando e rindo, falavam e riam para dar matéria e peso à levíssima embriaguez que era a alegria da sede deles. Por causa de carros e pessoas, às 10vezes eles se tocavam, e ao toque ʹ a sede é a graça, mas as águas são uma beleza de escuras ʹ e ao toque brilhava o brilho da água deles, a boca ficando um pouco mais seca de admiração. Como eles admiravam estarem juntos! 15 Até que tudo se transformou em não. Tudo se transformou em não quando eles quiseram essa mesma alegria deles. Então a grande dança dos erros. O cerimonial das palavras desacertadas. Ele procurava e não via, ela não via que ele não 20vira, ela que estava ali, no en-­‐ tanto. No entanto ele que estava ali. Tudo errou, e havia a grande poeira das ruas, e quanto mais erravam, mais com aspereza queriam, 25 sem um sorriso. Tudo só porque tinham prestado atenção, só porque não estavam bastante distraídos. Só porque, de súbito exigentes e duros, quiseram ter o que já tinham. Tudo porque quiseram dar um nome; porque quiseram ser, eles que eram. Foram então aprender que, não se estando distraído, o telefone 30não toca, e é preciso sair de casa para que a carta chegue, e quando o telefone finalmente toca, o deserto da espera já cortou os fios. Tudo, tudo por não estarem mais distraídos. (LISPECTOR, Clarice. Para não esquecer. São Paulo: Siciliano, 1992.) 05 -­‐ (UERJ RJ/2007) A sinonímia ʹ recurso largamente conhecido no nível vocabular ʹ também pode se manifestar no nível textual, possibi-­‐ litando a coerência entre diferentes passagens de um texto. Os fragmentos que indicam entre si uma relação de sinonímia estão apresentados em: a) ͞ăƐ ǀĞnjĞƐ ĞůĞƐ ƐĞ ƚŽĐĂǀĂŵ͕͟ ;ů͘ ϵ -­‐ ϭϬͿ ͬ ͞ ŽŵŽ ĞůĞƐ ĂĚŵŝraǀĂŵ ĞƐƚĂƌĞŵ ũƵŶƚŽƐ͊͟;ů͘ ϭϯ -­‐ 14) b) ͞Ă ďŽĐĂ ĨŝĐĂŶĚŽ Ƶŵ ƉŽƵĐŽ ŵĂŝƐ ƐĞĐĂ ĚĞ ĂĚŵiƌĂĕĆŽ͘͟ ;ů͘ ϭϮ -­‐ ϭϯͿ ͬ ͞Ğ ŚĂǀŝĂ Ă ŐƌĂŶĚĞ ƉŽĞŝƌĂ ĚĂƐ ƌƵĂƐ͕͟ ;ů͘ Ϯϭ -­‐ 22) c) ͞dƵĚŽ ƐĞ ƚƌĂŶƐĨŽƌŵŽƵ Ğŵ ŶĆŽ͟ ;ů͘ ϭϱ -­‐ ϭϲͿ ͬ ͞dƵĚŽ ĞƌƌŽƵ͕͟ ;ů͘ ϮϭͿ d) ͞Ž ƚĞůĞĨŽŶĞ ŶĆŽ ƚŽĐĂ͕͟ ;ů͘ Ϯϵ -­‐ ϯϬͿ ͬ ͞Ž ĚĞƐĞƌƚŽ ĚĂ ĞƐƉĞƌĂ ũĄ ĐŽƌƚŽƵ ŽƐ ĨŝŽƐ͘͟ ;ů͘ ϯϮͿ Pertence ao livro GRAMÁTICA APLICADA AO TEXTO ± é proibida qualquer tipo de reprodução, | PROF. DOUGLAS RODARTE


TEXTO: 3 -­‐ Comum à questão: 6

1

Entre as folhas do verde O (...) O príncipe acordou contente. Era dia de caçada. Os cachorros latiam no pátio do castelo. (...) 5 Lá embaixo parecia uma festa. (...) Brilhavam os dentes abertos em risadas, as armas, as trompas que deram o sinal de partida. Na floresta também ouviram a trompa e o alarido. (...) E cada um se escondeu como pôde. Só a moça não se escondeu. Acordou com o som da tropa, e estava debruçada no regato quando 10os caçadores chegaram. Foi assim que o príncipe a viu. Metade mulher, metade corça, bebendo no regato. A mulher tão linda. A corça tão ágil. A mulher 15 ele queria amar, a corça ele queria matar. Se chegasse perto será que ela fugia? Mexeu num galho, ela levantou a cabeça ouvindo. Então o príncipe botou a flecha no arco, retesou a corda, atirou bem na pata direita. E quando a corça-­‐mulher dobrou os joelhos tentando arran-­‐ 20 car a flecha, ele correu e a segurou, chamando homens e cães. Levaram a corça para o castelo. Veio o médico, trataram do ferimento. Puseram a corça num quarto de porta trancada. Todos os dias o príncipe ia visitá-­‐la. Só ele tinha 25a chave. E cada vez se apaixonava mais. Mas corça-­‐mulher só falava a língua da floresta e o príncipe só sabia ouvir a língua do palácio. Então ficavam horas se olhando calados, com tanta coisa para dizer. 30 Ele queria dizer que a amava tanto, que queria casar com ela e tê-­‐la para sempre no castelo, que a cobriria de roupas e jóias, que chamaria o melhor feiticeiro do reino para fazê-­‐la virar toda mulher. 35 Ela queria dizer que o amava tanto, que queria casar com ele e levá-­‐lo para a floresta, que lhe ensinaria a gostar dos pássaros e das flores e que pediria à Rainha das Corças para dar-­‐lhe quatro patas ágeis e um belo pêlo castanho. 40 Mas o príncipe tinha a chave da porta. E ela não tinha o segredo da palavra. (...) E no dia em que a primeira lágrima rolou dos olhos dela, o príncipe pensou ter entendido e mandou chamar o feiticeiro. 45 Quando a corça acordou, já não era mais corça. Duas pernas só e compridas, um corpo branco. Tentou levantar, não conseguiu. O príncipe lhe deu a mão. Vieram as costureiras e a cobriram de roupas. Vieram os joalheiros e a 50 cobriram de jóias. (...) Só não tinha a palavra. E o desejo de ser mulher. Sete dias ela levou para aprender sete passos. E na manhã do oitavo dia, quando acordou e viu a porta aberta, juntou sete passos e mais sete, 55atravessou o corredor, desceu a escada, cruzou o pátio e correu para a floresta à procura da sua Rainha. O sol ainda brilhava quando a corça saiu da floresta, só corça, não mais mulher. E se pôs a pastar sob as janelas do palácio. 1

(COLASANTI, Marina. Uma i déia toda azul. São Paulo: Global, 1999.) Título retirado de um v erso de uma canção popular da Idade Média.

06 -­‐ (UERJ RJ/2007) Mas corça-­‐mulher só falava a língua da floresta e o príncipe só sabia ouvir a língua do palácio. (l. 25 -­‐ 27) Mas o príncipe tinha a chave da porta. E ela não tinha o segredo da palavra. (l. 40 -­‐ 41) Dos fragmentos acima, foram destacados pares de idéias contrárias que são utilizados com valor simbólico. A alternativa em que os pares se correspondem metaforicamente é: a) corça-­‐mulher e príncipe ʹ natureza e cultura b) língua da floresta e língua do palácio ʹ bem e mal c) só falava e só sabia ouvir ʹ dominação e subserviência d) chave da porta e segredo da palavra ʹ força e fraqueza TEXTO: 4 -­‐ Comum à questão: 7 Olho as minhas mãos Olho as minhas mãos: elas só não são estranhas Porque são minhas. Mas é tão esquisito distendê-­‐las Assim, lentamente, como essas anêmonas do fundo do mar... Fechá-­‐las, de repente, 5 Os dedos como pétalas carnívoras! Só apanho, porém, com elas, esse alimento impalpável do tempo, Que me sustenta, e mata, e que vai secretando o pensamento Como tecem as teias as aranhas. A que mundo 10 Pertenço? 1 No mundo há pedras, baobás , panteras, Águas cantarolantes, o vento ventando E no alto as nuvens improvisando sem cessar. DĂƐ ŶĂĚĂ͕ ĚŝƐƐŽ ƚƵĚŽ͕ Ěŝnj͗ ͞ĞdžŝƐƚŽ͘͟ 15 Porque apenas existem... Enquanto isto, O tempo engendra a morte, e a morte gera os deuses E, cheios de esperança e medo, Oficiamos rituais, inventamos 20 Palavras mágicas, 34


Fazemos Poemas, pobres poemas Que o vento Mistura, confunde e dispersa no ar... 25 Nem na estrela do céu nem na estrela do mar Foi este o fim da Criação! Mas, então, Quem urde eternamente a trama de tão velhos sonhos? Quem faz ʹ em mim ʹ esta interrogação? (QUINTANA, Mário. Apontamentos de história sobrenatural. Porto Alegre: Globo, 1984.) 07 -­‐ (UERJ RJ/2007) As figuras de linguagem são recursos comumente utilizados no texto poético como meio de afastar-­‐se do significado literal das palavras. A caracterização da figura de linguagem sublinhada está adequadamente indicada em: ĂͿ ͞KƐ ĚĞĚŽƐ ĐŽŵŽ ƉĠƚĂůĂƐ ĐĂƌŶşǀŽƌĂƐ͊͟ ;ǀ͘ ϱͿ ʹ ironia ďͿ ͞ ŽŵŽ ƚĞĐĞŵ ĂƐ ƚĞŝĂƐ ĂƐ ĂƌĂŶŚĂƐ͘͟ ;ǀ͘ ϴͿ ʹ metáfora ĐͿ ͞EŽ ŵƵŶĚŽ ŚĄ ƉĞĚƌĂƐ͕ ďĂŽďĄƐ͕ ƉĂŶƚĞƌĂƐ͕͟ ;ǀ͘ ϭϭͿ ʹ metonímia ĚͿ ͞ ŐƵĂƐ ĐĂŶƚĂƌŽůĂŶƚĞƐ͕ Ž ǀĞŶƚŽ ǀĞŶƚĂŶĚŽ͟ ;ǀ͘ ϭϮͿ ʹ hipérbole TEXTO: 5 -­‐ Comum à questão: 8 Da euforia à depressão... Muitos são os estados de espírito que experimentamos, ao longo de nossas vidas, seja individualmente, seja na relação com o outro. Leia com atenção os textos desta prova, que, direta ou indiretamente, apresentam matizes diversos de humor. TEXTO I Mau humor crônico é doença e exige tratamento Mau humor pode ser doença ʹ e grave! Um transtorno mental que se manifesta por meio de uma rabugice que parece eterna. Lembra muito o estado de espírito do Hardy Har Har, a hiena de desenho aniŵĂĚŽ ĨĂŵŽƐĂ ƉŽƌ ǀŝǀĞƌ ƌĞƐŵƵŶŐĂŶĚŽ ͞KŚ ĚŝĂ͕ ŽŚ ĐĠƵ͕ ŽŚ ǀŝĚĂ͕ ŽŚ ĂnjĂƌ͘͟ Distimia é o nome dessa doença. Reconhecida pela medicina nos anos 80, é uma forma crônica de depressão, com sintomas mais le-­‐ ǀĞƐ͘ ͞ ŶƋƵĂŶƚŽ Ă ƉĞƐƐŽĂ ĐŽŵ ĚĞƉƌĞƐƐĆŽ ŐƌĂǀĞ ĨŝĐĂ ƉĂƌĂůŝƐĂĚĂ͕ ƋƵĞŵ ƚĞŵ ĚŝƐƚŝŵŝĂ ĐŽŶƚŝŶƵĂ ƚŽĐĂŶĚŽ Ă ǀŝĚĂ͕ ŵĂƐ ĞƐƚĄ ƐĞŵƉƌĞ ƌĞĐůĂŵĂŶĚŽ͕͟ diz o psiquiatra Márcio Bernik, coordenador do Ambulatório de Ansiedade do Hospital das Clínicas (HC). O distímico só enxerga o lado negativo do mundo e não sente prazer em nada. A diferença entre ele e o resto dos mal-­‐humorados é que os últimos reclamam de um problema, mas param diante da resolução. O distímico reclama até se ganha ŶĂ ůŽƚĞƌŝĂ͘ ͞EĆŽ ĨŝĐĂ ĨĞůŝnj͕ ƉŽƌƋƵĞ ĐŽŵĞĕĂ Ă ƉĞŶƐĂƌ Ğŵ ĐŽŝƐĂƐ ŶĞŐĂƚŝǀĂƐ͕ ĐŽŵŽ ƐĞƌ ĂůǀŽ ĚĞ ĂƐƐĂůƚŽ ŽƵ ĚĞ ƐĞƋƺĞƐƚƌŽ͕͟ Ěŝnj Ž ƉƐŝƋƵŝĂƚƌĂ ŶƚƀŶŝŽ ŐşĚŝŽ EĂƌĚŝ͕ professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro. (...) E, se o mau humor patológico tem remédio͕ Ž ŵĂƵ ŚƵŵŽƌ ͞ŶĂƚƵƌĂů͟ ƚĂŵďĠŵ͘ sĄƌŝŽƐ ĨĂƚŽƌĞƐ ŝŶƚĞƌĨĞƌĞŵ ŶŽ ŚƵŵŽƌ͘ K ĐŚĞŝƌŽ͕ ƉŽƌ e-­‐ xemplo, que é capaz de abrir o sorriso no rosto de um trombudo. E mais: ao contrário do que se pensa, o humor melhora com a i dade! (KLINGER, Karina. Folha on-­‐line ʹ www.folha.com.br, 15/07/2004.) TEXTO II Deus quer otimismo Procópio acordava cedinho, abria a janela, exclamava: ʹ Que dia maravilhoso! O dia mais belo da minha vida! Às vezes, realmente, a manhã estava lindíssima, porém outras vezes a natureza mostrava-­‐se carrancuda. Procópio nem reparava. Sua exclamação podia variar de forma, conservando a essência: ʹ Estupendo! Sol glorioso! Delícia de vida! Choveu o mês inteiro e Procópio saudou as trinta e uma cordas-­‐Ě͛ĄŐƵĂ ĐŽŵ Ă ũŽǀŝĂůŝĚĂĚĞ ĚĞ ƐĞŵƉƌĞ͘ WĂƌĂ ĞůĞ ŶĆŽ ŚĂǀŝĂ ŵĂu tempo. A família protestava contra a sua disposição fagueira e inalterável. A população erguia preces ao Senhor, rogando que parasse com o dilúvio. Um dia Procópio abriu a janela e foi levado pelas águas. Ia exclamando: ʹ Sublime! Agora é que sinto realmente a beleza do bom tempo integral! O azul é de Sèvres! Chove ouro líquido! Sou feliz! Os outros, que não acreditavam nisto, submergiram, mas Procópio foi depositado na crista de um pico mais alto que o da Neblina, on-­‐ de faz sol para sempre. Merecia. (ANDRADE, Carlos Drummond de. Prosa seleta. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2003.)

TEXTO III Bem no fundo no fundo, no fundo, Pertence ao livro GRAMÁTICA APLICADA AO TEXTO ± é proibida qualquer tipo de reprodução, | PROF. DOUGLAS RODARTE


bem lá no fundo, a gente gostaria de ver nossos problemas resolvidos por decreto a partir desta data, aquela mágoa sem remédio é considerada nula e sobre ela ʹ silêncio perpétuo extinto por lei todo o remorso, maldito seja quem olhar pra trás, lá pra trás não há nada, e nada mais mas problemas não se resolvem, problemas têm família grande, e aos domingos saem todos a passear o problema, sua senhora e outros pequenos probleminhas (LEMINSKI, Paulo. Distraídos venceremos. 3a ed. São Paulo: Brasiliense, 1990.)

TEXTO IV Amor humor (ANDRADE, Oswald de. Poesias reunidas (org. Haroldo de Campos). 5a edição. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1971.) TEXTO V A lagartixa A lagartixa ao sol ardente vive E fazendo verão o corpo espicha: O clarão de teus olhos me dá vida, Tu és o sol e eu sou a lagartixa. Amo-­‐te como o vinho e como o sono, Tu és meu copo e amoroso leito... Mas teu néctar de amor jamais se esgota, Travesseiro não há como teu peito. Posso agora viver: para coroas Não preciso no prado colher flores; Engrinaldo melhor a minha fronte Nas rosas mais gentis de teus amores. Vale todo um harém a minha bela, Em fazer-­‐me ditoso ela capricha... Vivo ao sol de seus olhos namorados, Como ao sol de verão a lagartixa. (AZEVEDO, Álvares de. Poesias completas (ed. crítica de Péricles Eugênio da Silva Ramos/ org. Iumna Maria Simon). Campinas/SP: UNI-­‐ CAMP; São Paulo: Imprensa Oficial do Estado, 2002.) 08 -­‐ (UFRJ RJ/2007) No terceiro momento, o texto III vale-­‐se do humor como estratégia para lidar com a impossibilidade de execução do ĚĞƐĞũĂĚŽ ͞ĚĞĐƌeƚŽ͘͟ Nomeie dois recursos lingüísticos que provocam o referido humor. TEXTO: 6 -­‐ Comum à questão: 9 TEXTO 2 1 ͞ ͚,Ą ŵĂŝƐ ĚĞ ŵĞŝŽ ƐĠĐƵůŽ͕͛ ĐŽŶƚŝŶƵŽƵ͘ ͚ Ƶ ĞƌĂ ŵŽůĞƋƵĞ͕ Ğ ĞůĞƐ ƵŶƐ ĐƵƌƵŵŝŶƐ ƋƵĞ ũĄ ĐĂƌƌĞŐĂǀĂŵ ƚƵĚŽ͕ ŝĂŵ ĚŽƐ ďĂƌĐŽƐ ƉĂƌĂ Ž Ăůƚo da praça, o dia todo assim. Eu vendia tudo, de porta em porta. Entrei em centenas de casas de Manaus, e quando não vendia nada, me ofere-­‐ 5 ciam guaraná, banana frita, tapioquinha com café. Em vinte e poucos, por aí, conheci o restaurante do Galib e vi a Zana... Depois, a morte do Galib, o nascimento dos gêŵĞŽƐ͘​͘​͛͘ ͟ HATOUM, Milton. Dois irmãos. São Paulo: Companhia das Letras, 2000, p. 1 33.

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09 -­‐ (UFSC SC/2007) Ainda considerando o TEXTO 2, assinale a(s) proposição(ões) CORRETA(S). Ϭϭ͘ ŵ ͞ Ƶ ĞƌĂ ŵŽůĞƋƵĞ͕ Ğ ĞůĞƐ ƵŶƐ ĐƵƌƵŵŝŶƐ ƋƵĞ ũĄ ĐĂƌƌĞŐĂǀĂŵ ƚƵĚŽ͟ ;ůŝŶŚĂƐ ϭ-­‐2) houve, na segunda oração, elipse de um verbo, cuja compreensão é possível a partir da leitura da oração anterior. ϬϮ͘ ͞ ŵ ǀŝŶƚĞ Ğ ƉŽƵĐŽƐ͕ ƉŽƌ Ăş͕ ΀͘​͘​͘΁͟ ;ůŝŶŚĂƐ ϰ-­‐5) corresponde semanticamente a Quando eu tinha vinte e poucos anos... Ϭϰ͘ EĂ ĨƌĂƐĞ ͞ ŶƚƌĞŝ Ğŵ ĐĞŶƚĞŶĂƐ ĚĞ ĐĂƐĂƐ ĚĞ DĂŶĂƵƐ͟ ;ůŝŶŚĂ ϯͿ͕ ƉŽĚĞ-­‐se substiƚƵŝƌ Ă ĨŽƌŵĂ ǀĞƌďĂů ƉŽƌ ͞ĞŶƚƌĂǀĂ͕͟ ƐĞŵ ƉƌĞũƵízo do sentido. 08. Na última sentença do excerto, o paralelismo sintático obtido através da omissão dos verbos em nada prejudicou a compreensão do texto. ϭϲ͘ EŽ ƚƌĞĐŚŽ ĂƉƌĞƐĞŶƚĂĚŽ͕ Ă ĞdžƉƌĞƐƐĆŽ ͞ƉŽƌ Ăş͟ ;ůŝŶŚĂ ϱͿ faz referência ao local onde o casal Galib e Zana se conheceu. TEXTO: 7 -­‐ Comum à questão: 10 TEXTO 3

1

͞YƵĂŶĚŽ Ă ŶŽŝƚĞ está escura, e cai o vento noroeste, vê-­‐se dois vultos brancos como a neve atravessarem o mar, vindos da Ilha do Mel à Ponta Grossa, e irem costeando até a Ponta da Pedreira. Dali se transformam em duas pombas brancas, e voam pelo mesmo caminho que 5 vieram; porém então são perseguidas por três corvos que procuram agarrá-­‐las com seus bicos hediondos, grasnando horrivelmente: che-­‐ gando bem no meio do mar, os corvos se transformam em Meninos queimados, e lançam gritos tão agudos que fazem acordar as crianças em seus berços, iluminando todo o mar com o clarão de suas caudas inflamaĚĂƐ͘͟ CASTRO, Ana Luísa de Azevedo. D. Narcisa de Villar. 4. ed. Florianópolis: Ed. Mulheres, 2000, p. 126 10 -­‐ (UFSC SC/2007) Considerando ainda o TEXTO 3, assinale a(s) proposição(ões) CORRETA(S). Ϭϭ͘ Ğ ĂĐŽƌĚŽ ĐŽŵ Ă ŶŽƌŵĂ ĐƵůƚĂ͕ ŶĂ ĨƌĂƐĞ ͞ǀġ-­‐ƐĞ ĚŽŝƐ ǀƵůƚŽƐ ďƌĂŶĐŽƐ ĐŽŵŽ Ă ŶĞǀĞ ĂƚƌĂǀĞƐƐĂƌĞŵ Ž ŵĂƌ ΀͘​͘​͘΁͟ ;ůŝŶŚĂƐ 1-­‐2) há problema de conĐŽƌĚąŶĐŝĂ ǀĞƌďĂů͕ ƵŵĂ ǀĞnj ƋƵĞ Ž ǀĞƌďŽ ͞ǀġ͟ ĚĞǀĞƌŝĂ ĞƐƚĂƌ ŶŽ ƉůƵƌĂů͕ ƉŽƌ ƚĞƌ ĐŽŵŽ ƐƵũĞŝƚŽ ͞ĚŽŝƐ ǀƵůƚŽƐ ďƌĂŶĐŽƐ ĐŽŵŽ Ă ŶĞǀĞ͘͟ ϬϮ͘ ŵ ͘͞​͘​͘ ƚƌġƐ ĐŽƌǀŽƐ ƋƵĞ ƉƌŽĐƵƌĂŵ ĂŐĂƌƌĄ-­‐ůĂƐ͘​͘​͘͟ ;ůŝŶŚĂƐ ϰ-­‐5), o pronome oblíquo faz referên-­‐cia à palavrĂ ͞ĐƌŝĂnĕĂƐ͟ ;ůŝŶŚĂ ϳͿ͘ Ϭϰ͘ ŵ ͞ Ăůŝ ƐĞ ƚƌĂŶƐĨŽƌŵĂŵ Ğŵ ĚƵĂƐ ƉŽŵďĂƐ ďƌĂŶĐĂƐ͟ ;ůŝŶŚĂ ϯͿ͕ ŚŽƵǀĞ ĞůŝƉƐĞ ĚŽ ƐƵũĞŝƚŽ ƋƵĞ ƉŽĚĞ ƐĞƌ ƌĞƐŐĂƚĂĚŽ ŶŽ ƉĞƌşŽĚŽ ĂŶƚĞrior. Ϭϴ͘ Ğ ĂĐŽƌĚŽ ĐŽŵ ĂƐ ŝŶĨŽƌŵĂĕƁĞƐ ĚŽ dĞdžƚŽ ϯ͕ Ġ ƉŽƐƐşǀĞů ĂǀŝƐƚĂƌ ŽƐ ͞ǀƵůƚŽƐ ďƌĂŶĐŽƐ ĐŽŵŽ Ă ŶĞǀĞ ĂƚƌĂǀĞƐƐĂƌĞŵ Ž ŵĂƌ͟ ;ůŝŶŚĂƐ ϭ-­‐2) sob duas condições: que a noite esteja escura e sem vento noroeste. ϭϲ͘ ŵ ͘͞​͘​͘ ůĂŶĕĂŵ ŐƌŝƚŽƐ ƚĆŽ ĂŐƵĚŽƐ ƋƵĞ ĨĂnjĞŵ ĂĐŽƌĚĂƌ ĂƐ ĐƌŝĂŶĕĂƐ Ğŵ ƐĞƵƐ ďĞƌĕŽƐ͟ ;ůŝŶŚĂƐ ϲ-­‐7) temos, na segunda oração, uma relação de conseqüência. 32. Os vocábulos está, vê-­‐(se), porém, três, agarrá-­‐(las), sublinhados no Texto 3, recebem acento gráfico pela mesma regra, ou seja, por serem todos oxítonos, condição suficiente para que os vocábulos sejam acentuados. TEXTO: 8 -­‐ Comum às questões: 11, 12, 13 Pastora de nuvens, fui posta a serviço por uma campina tão desamparada que não principia nem também termina, e onde nunca é noite e nunca madrugada. (Pastores da terra, vós tendes sossego, que olhais para o sol e encontrais direção. Sabeis quando é tarde, sabeis quando é cedo. Eu, não.) Cecília Meireles Esse trecho faz parte de um poema de Cecília Meireles, intitulado Destino, uma espécie de profissão de fé da autora. 11 -­‐ A(FGV /2007) No último verso da 2a estrofe Ͷ Eu, não. Ͷ está presente a figura chamada de a) ironia. b) metáfora. c) pleonasmo. d) sinestesia. e) zeugma. 12 -­‐ A(FGV /2007) Considerando-­‐se as figuras de linguagem utilizadas no texto, pode-­‐se dizer que a) as duas estrofes são uma metáfora de um pleno sentimento de paz. b) o texto revela a antítese entre dois universos de atuação, com diferentes implicações. c) há, nos versos, comparação entre atividades agrícolas e outras, voltadas à pecuária. ĚͿ Ž ǀĞƌƐŽ ͞^ĂďĞŝƐ ƋƵĂŶĚŽ Ġ ƚĂƌĚĞ͕ ƐĂďĞŝƐ ƋƵĂŶĚŽ Ġ ĐĞĚŽ͘͟ ĐŽŶƚĠŵ ƵŵĂ ŚŝƉĠƌďŽůĞ͘ e) as estrofes apresentam, em sentido figurado, a defesa da preservação das ocupações voltadas ao campo. 13 -­‐ A(FGV /2007) Em campina desamparada, ocorre uma figura de linguagem que pode ser denominada como a) anáfora. Pertence ao livro GRAMÁTICA APLICADA AO TEXTO ± é proibida qualquer tipo de reprodução, | PROF. DOUGLAS RODARTE


b) hipérbole. c) personificação. d) perífrase. e) eufemismo. TEXTO: 9 -­‐ Comum à questão: 14 Os meninos deitaram-­‐se e pegaram no sono. Sinhá Vitória pediu o binga ao companheiro e acendeu o cachimbo. Fabiano prepa-­‐ rou um cigarro. Por enquanto estavam sossegados. O bebedouro indeciso tornara-­‐se realidade. Voltaram a cochichar projetos, as fumaças do cigarro e do cachimbo misturaram-­‐se. Fabiano insistiu nos seus conhecimentos topográficos, falou no cavalo de fábrica. Ia morrer na certa, um animal tão bom. Se tivesse vindo com eles, transportaria a bagagem. Algum tempo comeria folhas secas, mas além dos montes encontraria alimento verde. Infelizmente pertencia ao fazendeiro -­‐ e definhava, sem ter quem lhe desse a ração. Ia morrer o amigo, laza-­‐ rento e com esparavões, num canto de cerca, vendo os urubus chegarem banzeiros, saltando, os bicos ameaçando-­‐lhe os olhos. A lem-­‐ brança das aves medonhas, que ameaçavam com os bicos pontudos os olhos de criaturas vivas, horrorizou Fabiano. Se elas tivessem paci-­‐ ência, comeriam tranqüilamente a carniça. Não tinham paciência, aquelas pestes vorazes que voavam lá em cima, fazendo curvas. -­‐ Pestes. 14 -­‐ A(FGV /2007) Encontra-­‐se aliteração no seguinte trecho do texto: a) Voltaram a cochichar projetos... b) ...as fumaças do cigarro e do cachimbo misturaram-­‐se. c) A lembrança das aves medonhas... d) Não tinham paciência... e) ...

15 -­‐ (FAMERP SP/2008) A carta abaixo reproduzida foi publicada em outubro de 2007, após declaração sobre a legalização do aborto feita por Sérgio Cabral, governador do Estado do Rio de Janeiro. ^ŽďƌĞ Ă ĚĞĐůĂƌĂĕĆŽ ĚŽ ŐŽǀĞƌŶĂĚŽƌ ĨůƵŵŝŶĞŶƐĞ͕ ^ĠƌŐŝŽ ĂďƌĂů͕ ĚĞ ƋƵĞ ͞ĂƐ ŵĆĞƐ ĨĂǀĞůĂĚĂƐ ƐĆŽ ƵŵĂ ĨĄďƌŝĐĂ ĚĞ ƉƌŽĚƵnjŝƌ ŵĂƌŐŝŶĂŝƐ͕͟ cabe indagar: essas mães produzem marginais apenas quando dão à luz ou também quando votam? (Juarez R. Venitez, Sacramento-­‐MG, seção Painel do Leitor, Folha de São Paulo, 29/10/2007.) a) Há uma forte ironia produzida no texto da carta. Destaque a parte do texto em que se expressa essa ironia. Justifique. b) Nessa ironia, marca-­‐se uma crítica à declaração do governador do Rio de Janeiro. Entretanto, em função da presença de uma construção sintática, a crítica não incorre em uma oposição. Indique a construção sintática que relativiza essa crítica. Justifique. 16 -­‐ (FUVEST SP/2007) Leia o trecho de uma canção de Cartola, tal como registrado em gravação do autor: (...) Ouça-­‐me bem, amor, Preste atenção, o mundo é um moinho, Vai triturar teus sonhos tão mesquinhos, Vai reduzir as ilusões a pó. Preste atenção, querida, De cada amor tu herdarás só o cinismo Quando notares, estás à beira do abismo Abismo que cavaste com teus pés. ĂƌƚŽůĂ͕ ͞O mundo é um moinho͘͟ a) Na primeira estrofe, há uma metáfora que se desdobra em outras duas. Explique o sentido dessas metáforas. b) Caso o autor viesse a optar pelo uso sistemático da segunda pessoa do singular, precisaria alterar algumas formas verbais. Indi-­‐ que essas formas e as respectivas alterações. 17. (UERJ RJ/2008) EŽ ĨƌĂŐŵĞŶƚŽ ͞Ğ ƐƵĂ ĐŽƌĂŐĞŵ ƌĞƐƉŽŶĚĞƵ͕ ǀŽƵ ŶĂĚĂ͕͟ ;ů͘ ϭϵ-­‐20), há simultaneamente um processo de personificação e um de antítese. Explique como se constrói cada uma dessas figuras de linguagem no fragmento dado. 38


GABARITO 1) C 2) E 3) A 4) C 5) C 6) A 7) C 8) Os dois recursos lingüísticos que provocam o humor são a personificação e o uso do diminutivo. 9) 13 10) 21 11) E 12) B 13) C 14) E 15) ŝƌŽŶŝĂ ĞƐƚĄ ĞdžƉƌĞƐƐĂ Ğŵ ͚ƚĂŵďĠŵ ƋƵĂŶĚŽ ǀŽƚĂŵ͛͘ K ƐĞŶƚŝĚŽ ĐŽŶƐƚƌƵşĚŽ ĐŽŵ ͚ƚĂŵďĠŵ ƋƵĂŶĚŽ ǀŽƚĂŵ͛ ĞǀŽĐĂ ĂƋƵĞůĞ Ă ƋƵĞ Ž ŐŽǀĞƌŶa-­‐ ĚŽƌ ƐĞ ƌĞĨĞƌŝĂ ĐŽŵ ͚;ĨĄďƌŝĐĂ ĚĞͿ ƉƌŽĚƵnjŝƌ ŵĂƌŐŝŶĂŝƐ͕͛ ĐĂƌĂĐƚĞƌŝnjĂŶĚŽ ŽƐ ĨŝůŚŽƐ ĚĞ ƉŽďƌĞƐ ĐŽŵŽ ŵĂƌginais. A ironia é construída, assim, ao se ĂĐƌĞƐĐĞŶƚĂƌ ͚ƚĂŵďĠŵ ƋƵĂŶĚŽ ǀŽƚĂŵ͛ ă ƌĞƚŽŵĂĚĂ ĚĂ ĨĂůĂ ĚŽ ŐŽǀĞƌŶĂĚŽƌ͘ ƐƐĞ ĂĐƌĠƐĐŝŵŽ ĐĂƌĂĐƚĞƌŝnjĂ ĐŽŵŽ ŵĂƌŐŝŶĂŝƐ ŽƐ ƉŽůşƚicos, não se excluindo o governador, eleitos pelas mesmas mães referidas por Sérgio Cabral. b) A construção sintática responsável pela relativiza-­‐ ĕĆŽ ĚĂ ĐƌşƚŝĐĂ Ġ ͞ĂƉĞŶĂƐ y͕ ŽƵ ƚĂŵďĠŵ z͘͟ /ƐƐŽ ƉŽƌƋƵĞ ĞƐƐĂ ĐŽŶƐƚƌƵĕĆŽ ŵĂŶƚĠŵ Ž ƉƌĞƐƐƵƉŽƐƚŽ ĞƐƚĂďĞůĞĐŝĚŽ ŶĂ ƉƌŝŵĞŝƌĂ ĚĂƐ ĚƵĂƐ orações ;͚ĂƉĞŶĂƐ ƋƵĂŶĚŽ ĚĆŽ ă ůƵnj͛Ϳ͘ KƵ ƐĞũĂ͕ ĞƐƐĂ ĐŽŶƐƚƌƵĕĆŽ ƐŝŶƚĄƚŝĐĂ ĞƐƚĂďĞůĞĐĞ ƵŵĂ ƌĞůĂĕĆŽ ĂĚŝƚŝǀĂ ;ĚŽ ƚŝƉŽ ͞ŶĆŽ Ɛſ͕ ĐŽŵŽ ƚĂŵďĠŵ͟Ϳ͕ ĂŽ ŝŶǀĠƐ de adversativa. Por isso, na crítica construída pela carta não há efetivamente uma negação da proposição de que os filhos de mães favela-­‐ das seriam marginais, mas sim, um acréscimo de outra poƐƐŝďŝůŝĚĂĚĞ ĚĞ ŝŶƚĞƌƉƌĞƚĂĕĆŽ ĚĂ ĞdžƉƌĞƐƐĆŽ ͚ĨĄďƌŝĐĂ ĚĞ ŵĂƌŐŝŶĂŝƐ͛͘ ĞƐƐĂ ĨŽƌŵĂ͕ mantém-­‐se como pressuposto a interpretação produzida pelo governador do Rio de Janeiro, apesar da crítica a ele dirigida. 16) a) WƌŝŵĞŝƌĂ ŵĞƚĄĨŽƌĂ͗ ͘͞​͘​͘ Ž ŵƵŶĚŽ Ġ Ƶŵ moinho͘͟ DeƐĚŽďƌĂŵĞŶƚŽƐ͗ ͞΀K ŵƵŶĚŽ΁ sĂŝ triturar ƚĞƵƐ ƐŽŶŚŽƐ͘​͘​͘͟ Ğ ͞sĂŝ reduzir as ilusões a pó͘͟ K ĂƵƚŽƌ ƵƚŝůŝnjĂ ƵŵĂ ŐƌĂĚĂĕĆŽ ;͞ƚƌŝƚƵƌĂƌ͟ ͬ ͞ƌĞĚƵnjŝƌ Ă Ɖſ͟Ϳ ƉĂƌĂ ĨĂůĂƌ ĚĂƐ ĚĞĐĞƉĕƁĞƐ͕ ĨƌƵƐƚƌĂĕƁĞƐ Ğ ĚŽ ĂŶŝƋƵŝůĂŵĞŶƚŽ ĚŽƐ ƐŽŶŚŽs e esperanças dos indivíduos. b) x ͞KƵĕĂ-­‐ŵĞ͗͟ ŽƵǀĞ-­‐me; x ͞WƌĞƐƚĞ ĂƚĞŶĕĆŽ͗͟ ƉƌĞƐƚĂ ĂƚĞŶĕĆŽ͘

17. ,Ą ƉĞƌƐŽŶŝĨŝĐĂĕĆŽ͕ ƉŽƌƋƵĞ Ž ƚĞƌŵŽ ͞ĐŽƌĂŐĞŵ͟ ƌĞƐƉŽŶĚĞ ĐŽŵŽ ƐĞ ĨŽƐƐĞ Ƶŵ ƐĞƌ ŚƵŵĂŶŽ͘ ,Ą ĂŶƚşƚĞƐĞ͕ ƉŽƌƋƵĞ͕ ƋƵĂŶĚŽ Ă ĐŽƌĂŐĞŵ ƌĞƐƉŽŶĚĞ ͞ǀŽƵ ŶĂĚĂ͕͟ ŵŽƐƚƌĂ ƋƵĞ ůŚĞ ĨĂůƚĂ ĞdžĂƚĂŵĞŶƚĞ Ă ĐŽƌĂŐĞŵ͘

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