Notícias Hospitalares | Pró-Saúde

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G ES TÃ O

DA

SAÚDE

EM

DEBATE

EDIÇÃO ESPECIAL | ANO 12 | 2º SEMESTRE 2013

Dr. Paulo Niemeyer, diretor médico do IECPN

PIONEIRISMO E INOVAÇÃO

Instituto Estadual do Cérebro Paulo Niemeyer é primeiro centro dedicado à neurocirurgia do SUS

POR DENTRO DO IECPN

Com tecnologia de ponta e grandes nomes da medicina, hospital tem meta de realizar seis cirurgias por dia

Sonho em construção Diretor médico do IECPN, que homenageia seu pai, Paulo Niemeyer Filho fala da importância do hospital para a neurocirurgia no Brasil


A Pró-Saúde é uma das maiores entidades de gestão de serviços de saúde e administração hospitalar do País. Tem sob sua responsabilidade mais de 3.500 leitos e o trabalho de cerca de 20 mil profissionais. Está presente em todas as regiões do Brasil, contribuindo para a humanização do atendimento hospitalar, em especial do SUS. Com excelência técnica e credibilidade nacional, oferece uma gama de serviços em benefício da vida.

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DA A D

SA AÚ ÚD DE E S

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Revista Notícias Hospitalares

DE EB BA AT TE E D

EDIÇÃO E D I ÇÃO ESPECIAL ES P EC I A L| ANO | A N12 O 1|22º|SEMESTRE N OV / D E Z 2013 2013

Dr. Paulo Niemeyer, diretor médico do IECPN

Capa

PIONEIRISMO E INOVAÇÃO

Instituto Estadual do Cérebro Paulo Niemeyer é primeiro centro dedicado à neurocirurgia do SUS

POR DENTRO DO IEC IECPN

Com tecnologia de ponta e grandes nomes da medicina, hospital tem meta de realizar seis cirurgias por dia

74º edição 2º Semestre / 2013

Sonho em construção Diretor médico do IECPN, que homenageia seu pai, Paulo Niemeyer Filho fala da importância do hospital para a neurocirurgia no Brasil

Dr. Paulo Niemeyer Filho Foto - Cecilia Acioli

Expediente

Transformação da saúde pública

Pró-Saúde – Associação Beneficente de Assistência Social e Hospitalar

Assumir a gestão do Instituto Estadual do Cérebro Paulo Niemeyer é uma honra e, ao mesmo tempo, uma grande responsabilidade para nós da Pró-Saúde – Associação Beneficente de Assistência Social e Hospitalar. É um privilégio, em primeiro lugar, pela confiança demonstrada em nossa competência administrativa. Em segundo, por nos permitir proporcionar atendimento de qualidade aos usuários do SUS (Sistema Único de Saúde). Finalmente, parabenizamos o Governo do Rio de Janeiro pelo empreendimento. Sentimonos honrados pela oportunidade de operacionalização do IECPN, através de contrato de gestão, e de ajudar a dar continuidade ao trabalho de um dos maiores neurocirurgiões brasileiros, o Dr. Paulo Niemeyer, mantendo vivo seu espírito empreendedor. Quanto às responsabilidades, sabemos que não são poucas. Entretanto, nossos quase 50 anos de experiência na gestão hospitalar nos levam à certeza de que iremos alcançar o nível mais alto de excelência para os serviços dos centros de neurocirurgia e de epilepsia, que formam o complexo hospitalar composto por 44 leitos. A Pró-Saúde é uma das maiores entidades de gestão de serviços de saúde e administração hospitalar do país, tendo sob sua responsabilidade mais de 3.500 leitos e cerca de 20 mil profissionais. A humanização do atendimento hospitalar, em especial o do SUS, é o que norteia nosso trabalho. E no IECPN não vai ser diferente: estamos a serviço da sociedade e nos comprometemos a atuar com solidariedade, humanização e profissionalismo na prestação de serviços, promovendo resultados positivos na vida das pessoas. Temos certeza de que será um prazer fazer parte desta jornada e compartilhamos aqui este desafio.

DIRETORIA ESTATUTÁRIA PRESIDENTE Dom Eurico dos Santos Veloso Padre Guanair da Silva Santos Marcio Gonçalves Moreira Dailton Rodrigues Vieira DIRETORIA EXECUTIVA DIRETOR-GERAL Ronaldo Pasquarelli DIRETOR ADMINISTRATIVO E FINANCEIRO Carlos Alberto Filippelli Giraldes DIRETOR DE FILANTROPIA Carlos José Massarenti DIRETOR DE OPERAÇÕES Danilo Oliveira da Silva NOTÍCIAS HOSPITALARES Diretor Responsável Carlos Alberto Filippelli Giraldes Gerente de Comunicação Helton Zuccon Produção editorial Doxa Conteúdo & Design Jornalista responsável Cleide Floresta (MTB 46219) Direção de arte Adriano Frachetta Colaboraram nesta edição Mariana Botta e Priscilla Murphy Fotografia Cecilia Acioli Impressão Hawaii Gráfica e Editora Tiragem 15.000

Boa leitura! Dom Eurico dos Santos Veloso, presidente Ronaldo Pasquarelli, diretor-geral

E D I TO R I A L

GE ES ST TÃ ÃO O G


ÍNDICE

10 ENTREVISTA Paulo Niemeyer Filho fala sobre o desafio que tem à frente do Instituto Estadual do Cérebro Paulo Niemeyer, que homenageia seu pai

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SALA DE ESPERA

HISTÓRIA E CONTRIBUIÇÕES

Eventos e pesquisas trazem novas reflexões sobre questões relacionadas ao cérebro humano

Conheça a trajetória de Paulo Niemeyer Soares, pioneiro da neurocirurgia no Brasil e reconhecido mundialmente como um dos grandes nomes da área

18 IECPN O Instituto Estadual do Cérebro Paulo Niemeyer é o primeiro centro do país voltado exclusivamente ao tratamento de doenças neurocirúrgicas no SUS


26 PESQUISA O IECPN contará com um centro de pesquisa e inovação voltado à produção de conhecimento em sete áreas da neurociência. Conheça todas elas

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ESPECIALIDADES

PRÓ-SAÚDE

Saiba como funciona cada uma das áreas do IECPN, que conta com grandes especialistas da neurociência no Brasil

Conheça a história da gestora do IECPN, a Pró-Saúde, uma das maiores entidades de gestão de serviços de saúde e administração hospitalar do país


SA L A D E ES P E R A

Pesquisas e eventos discutem o cérebro humano Pela primeira vez, a América Latina recebe evento internacional de neuropatologia; congresso acontece no Rio em setembro de 2014

Feira Fórum

Hospitalar

1 Revista Notícias Hospitalares

Feira traz tendências da área hospitalar - A Pró-Saúde estará na

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21ª Hospitalar 2014, que reunirá 1.250 expositores de 37 países em São Paulo, entre 20 e 23 de maio. Maior evento de saúde das Américas, a feira multissetorial é voltada à apresentação de produtos e ao desenvolvimento de negócios. Simultaneamente, são realizados congressos, jornadas e reuniões setoriais. A entrada é gratuita, com convite ou credenciamento antecipado. Informações: www.hospitalar.com

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Rio de Janeiro sedia congresso de neuropatologia - De 14 a 18 de setembro

de 2014 será realizado pela primeira vez na América Latina o XVIII International Congress of Neuropathology (ICN 2014), no Sheraton Rio Hotel & Resort, no Rio de Janeiro. Participam do congresso especialistas de renome internacional nas áreas de neurologia, neurocirurgia, oncologia, neurorradiologia, genética e neuropatologia veterinária, entre outras. O evento vai promover o intercâmbio de conhecimento da neuropatologia com outros campos da neurociência. Informações: www.icn2014.com.


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Pesquisa mede atividade cerebral em ações cotidianas - Uma nova técnica desenvolvida por

pesquisadores da Universidade Stanford, nos EUA, mostra ser possível detectar pensamentos que envolvem valores numéricos. No estudo, três pacientes com epilepsia tiveram eletrodos implantados no cérebro, e os cientistas conseguiram identificar uma região do cérebro que, quando ativa, corresponde ao pensamento em números. A descoberta pode levar a diversas aplicações no futuro. Fonte: Nature Communications (http://bit.ly/1bSrFVV)

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Alimentação x Alzheimer

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Proteínas no diagnóstico de Parkinson

2º Semestre / 2013

Baixos níveis de determinadas proteínas no fluido cerebrospinal podem acusar a presença da doença de Parkinson mesmo antes dos primeiros sintomas. É o que mostra uma pesquisa realizada na Universidade da Pensilvânia, nos EUA. Segundo os autores, a descoberta pode levar a um teste para detectar a condição do cérebro de forma mais precoce do que é feito atualmente. Fonte: Jama Neurology (http://bit.ly/19Af0L0)

Um estudo da universidade australiana Edith Cowan, apresentado na reunião anual Neuroscience 2013, em San Diego (EUA), mostra que há uma relação direta entre os hábitos alimentares ocidentais e a incidência da doença de Alzheimer. De acordo com a pesquisa, aplicada em 527 voluntários, o consumo de carnes vermelhas e de alimentos industrializados em um período de apenas três anos pode ser relacionado a um maior declínio cognitivo entre pessoas idosas. Fonte: http://bit.ly/1bSrLjx

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E N T R E V I STA

De pai para filho

Revista Notícias Hospitalares

Assim como o pai, Paulo Niemeyer Filho vem expandindo as fronteiras da neurocirurgia. Na direção médica do IECPN, comanda um projeto inovador que introduz a excelência no serviço público de saúde do Rio

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O

2º Semestre / 2013

álbum de fotos na mesa do neurocirurgião Paulo Niemeyer Filho retrata a construção de um sonho. “Foram tiradas com o celular,” diz o Dr. Paulo, ao folhear as páginas que remontam as diversas etapas da construção do Instituto Estadual do Cérebro Paulo Niemeyer (IECPN), do qual é diretor médico. Foram dois anos de obras sobre a estrutura do antigo prédio do Instituto de Traumato-Ortopedia, no centro do Rio de Janeiro, até a inauguração em junho de 2013. “O pessoal trabalhava dia e noite”, diz, apontando uma foto noturna da obra com luzes acesas. “Às vezes eu vinha com o então secretário de Saúde Sérgio Côrtes conferir a obra à meia-noite”, conta. Tamanha dedicação se justifica. O hospital que leva o nome de seu pai, o neurocirurgião Paulo Niemeyer Soares, morto em 2004, é um projeto desafiador: dar ao sistema público de saúde do Rio de Janeiro um centro de neurocirurgia com tecnologia de ponta. É o que ele está conseguindo fazer graças ao modelo de gestão da PróSaúde, que qualificada como uma OSS (Organização Social de Saúde) mantém um contrato de gestão com o Governo do Estado do Rio. “Foi muito bonito quando o governador Sérgio Cabral visitou a obra para dar autorização para a inauguração. Ele reuniu todos os operários e teve uma conversa com eles. Disse que este hospital que eles estavam fazendo com tanto capricho, no qual havia tanto investimento emocional e físico de todos, não era para quem tinha plano de saúde. Era para todos os cariocas. E para eles, inclusive.” Nesta entrevista, o Dr. Paulo Niemeyer Filho conta como vem conseguindo, a exemplo do pai, estender as fronteiras da neurocirurgia no Brasil.

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E N T R E V I STA Revista Notícias Hospitalares

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Qual foi a importância do seu pai na sua carreira? Meu pai foi o pioneiro na neurocirurgia. Na época dele existiam três ou quatro neurocirurgiões no Brasil. Ele foi o primeiro de todos. Foi o homem que modernizou a neurocirurgia brasileira ao introduzir a microcirurgia em uma época na qual só havia a neurocirurgia tradicional, a olho nu. Além disso, em 1954 ele desenvolveu uma técnica de cirurgia para epilepsia que é a mais usada no mundo até hoje. Quando eu era garoto, não tinha essa dimensão, mas tinha uma admiração enorme por ele, porque as pessoas ligavam no meio da noite e ele tinha de sair de casa para atender. Era um mito, um ídolo dentro de casa. Por isso nunca tive dúvidas sobre querer fazer neurocirurgia. Adorava aquilo. Em que você ampliou o legado dele? Acho que no ensino, do qual ele gostava muito. Sou professor da Escola Médica de Pós-Graduação da PUC-RJ, no curso de especialização em neurocirurgia. Formamos muitos neurocirurgiões, gente do Brasil inteiro. Em uma realidade muito diferente. Meu pai trabalhava em uma época em que não existia centro de

Às vezes, você tem um sonho e, quando menos espera, não é mais sonho: por meio da ciência, é possível encontrar o tratamento e a cura terapia intensiva. Então, quando vejo um hospital como o IECPN, fico imaginando que ele adoraria ver isso aqui funcionando. Ele trabalhava em condições precárias e não poderia imaginar que um dia existiria um espaço assim. O que está ocorrendo hoje em neurociências no Brasil? A neurociência vem tendo um desenvolvimento muito grande no Brasil. Em 2015, o Congresso Mundial de Neurociências vai ser no Rio. Na verdade, está forte no mundo todo. O presidente norte-americano Barack Obama há pouco tempo fez uma doação de US$ 100 milhões para a iniciativa BRAIN, para o mapeamento das funções cerebrais. É uma das áreas que mais recebe investimento para pesquisa atualmente. Como um hospital de neurocirurgia, podemos fazer a pesquisa aplicada. Já há muita coisa sendo feita com célulastronco injetadas na fase aguda

dos acidentes vasculares cerebrais na tentativa de regenerar o tecido cerebral, de diminuir a sequela neurológica. São pesquisas em andamento que pretendemos retomar aqui. Neste cenário, qual é a importância de uma iniciativa como o IECPN para a saúde pública? É muito importante esse tipo de iniciativa, porque na neurocirurgia, e na neurologia de uma maneira geral, os casos podem ter sequelas incapacitantes. O paciente pode ficar sem falar, sem enxergar, sem andar. Essas doenças de alta complexidade cirúrgica devem ser concentradas em um centro especializado. É importante que se tenha um centro de referência gratuito que possa oferecer à população uma tecnologia de ponta, e profissionais treinados para esses casos mais complexos. Por exemplo, teremos aqui um Gamma Knife. É um aparelho caríssimo, que é impossível ter na clínica privada. Só uma instituição pública pode ter um aparelho desses, e ele é fundamental para os casos mais graves de lesões cerebrais profundas nas quais é necessário


fazer uma radiocirurgia. Tenho certeza de que isso vai ser replicado em outros Estados. Se temos institutos de cardiologia e de ortopedia, devemos ter um do cérebro, que é uma especialidade tão importante quanto as outras.

2º Semestre / 2013

Na sua opinião, qual o grande desafio em neurociência atualmente? Acho que o mais importante é o que a gente chama de neurocirurgia reparadora, que usa a célula-tronco. Tivemos a neurocirurgia convencional, a que retira os tumores, os aneurismas. Depois tivemos um desenvolvimento muito grande, a neurocirurgia funcional, que interfere nas funções. Operase um doente para que ele pare de tremer, por exemplo. A próxima etapa será dominar as células-tronco. Atualmente pode-se injetar a célula-tronco, mas não se pode garantir que ela vai chegar ao cérebro e ter a função desejada. Este é o grande desafio, é poder reparar as sequelas neurológicas de acidentados, de um paciente que está hemiplégico [tipo de paralisia que atinge um dos lados do corpo] por causa de um acidente vascular cerebral, ou que não está enxergando. Esse é o desafio dos anos que vêm pela frente, que talvez não sejam tantos. Às vezes, você tem um sonho e, quando menos espera, não é mais sonho: por meio da ciência, é possível encontrar o tratamento e a cura.

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H I STÓ R I A

Desbravador dos mistérios do cérebro Pioneiro da neurocirurgia no Brasil e reconhecido mundialmente, Paulo Niemeyer Soares é um dos grandes nomes da neurocirurgia

Revista Notícias Hospitalares

“U

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m mal que trago comigo e que destruiu em mim o encanto da vida.” Esta foi a definição dada pelo escritor Mário de Alencar para a enfermidade da qual era portador, em uma carta enviada ao colega Machado de Assis, em 1907. Os dois escritores, que fizeram parte do grupo de fundadores da Academia Brasileira de Letras, compartilhavam discretamente em suas correspondências o medo, o sofrimento e o constrangimento de viverem com uma doença carregada de estigmas e preconceitos na sociedade do final do século XIX e início do XX: a epilepsia.* Cinquenta anos os separaram da criação de uma técnica cirúrgica revolucionária, que poderia ter mudado suas vidas. Em 1957, Paulo Niemeyer Soares realizou sua primeira amígdalohipocampectomia, procedimento cirúrgico que visa tratar as crises temporais dos pacientes diagnosticados com epilepsia do lobo temporal, uma das formas mais frequentes da doença e que responde pouco ao tratamento medicamentoso. Por conta desse método, o neurocirurgião brasileiro que dá nome ao Instituto Estadual do Cérebro do Rio de Janeiro ganhou reconhecimento internacional. “A técnica de ressecção do hipocampo, criada por Paulo Niemeyer Soares, é conhecida mundialmente e é usada até hoje. Graças a ele, a produção científica brasileira nesta área tem destaque internacional”, diz a Dra Magda Lahorgue Nunes, professora-titular de neurologia da Faculdade de Medicina da Pon-

tifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), que foi presidente da Liga Brasileira de Epilepsia (LBE) entre 2002 e 2004, instituição da qual Paulo Niemeyer foi um dos fundadores. “Quando se fala da cirurgia de epilepsia, sempre se fala dele, porque a técnica que ele criou na década de 1950 ainda é uma das melhores do mundo”, explica o Dr. Jaderson Costa da Costa, professor-titular de neurologia da Faculdade de Medicina da PUCRS e diretor do Instituto do Cérebro da PUCRS. “Tudo começou com o Dr. Paulo Niemeyer, e todo mérito é de pioneiros como ele, que fizeram um grande esforço inovador em uma época de poucos recursos, em que não havia a infraestrutura necessária para descobertas tão significativas”, completa o neurocirurgião, que presidiu a LBE entre 1992 e 1993. (Leia mais sobre a LBE na pág. 17).

Feitos históricos Pessoa com características excepcionais, Paulo Niemeyer Soares era precoce, ousado e autodidata. Com apenas 16 anos foi aprovado no


Arquivo Pessoal

Dr. Paulo

cateterismo de artérias cerebrais. Sem medo de inovar, acabou se aprimorando como neurocirurgião de maneira autodidata. Em 1942, foi convidado a criar um Departamento de Neurocirurgia na Santa Casa da Misericórdia e, em 1945, inaugurou o primeiro serviço de Neurocirurgia da América Latina destinado à traumatologia neurológica, no Hospital de Pronto Socorro do Rio de Janeiro. Workaholic assumido, Paulo Niemeyer realizou mais de 1.500 cirurgias ao longo de quase 70 anos de profissão. Ele sempre afirmava que seus hobbies eram estudar e trabalhar, especialmente na sala de cirurgia. Foi nesse ambiente que orientou centenas de residentes e contribuiu para a formação de várias gerações de neurocirurgiões brasileiros –seu maior orgulho. No dia 10 de março de 2004, estava em seu consultório, fazendo o que mais gostava, quando foi surpreendido por um rompimento em sua válvula mitral. Não resistiu e morreu, 30 dias antes de completar 90 anos. Deixou uma contribuição indelével para o estudo da neurociência brasileira que até hoje auxilia muitas pessoas.

Niemeyer Filho, com o pai, Dr. Paulo Niemeyer Soares, na Santa Casa do Rio

* Fonte: SOUZA, Samantha Valério Parente. “A experiência da epilepsia na correspondência de Machado de Assis, Mário de Alencar e Carlos Magalhães de Azeredo”. Resumo de relatório de pesquisa de Iniciação Científica. PUC- Rio/FAPERJ, 2007. Disponível em: http://bit. ly/1fpO0y6

2º Semestre / 2013

vestibular da Faculdade Nacional de Medicina, no Rio de Janeiro (hoje pertencente à UFRJ). Aos 24 anos, o então médico já realizava a primeira transfusão de sangue conservado no país, em uma época em que a prática corrente era a transfusão direta. Incansável, o interesse pela cirurgia do sistema nervoso foi apurado enquanto fazia residência em cirurgia-geral em prontos-socorros do Rio de Janeiro e de Niterói e, ao mesmo tempo, atuava como monitor e assistente das cadeiras de técnica operatória e cirurgia experimental, da Faculdade Nacional de Medicina e da Escola de Medicina e Cirurgia do Instituto Hahnemanniano (que faz parte da UFRJ). Durante essa experiência, desenvolveu diversos trabalhos de pesquisa, entre eles um sobre a cirurgia do sistema nervoso simpático e seu efeito sobre a circulação colateral. A partir desse estudo, o médico descreveu a técnica de angiografia da aorta por cateterismo, que era feita com uma sonda vesical (material disponível na época), usada para injetar contraste na aorta. Foi por pouco que ele não realizou o primeiro

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É o primeiro colocado no concurso público para cirurgião-geral do Hospital de Pronto Socorro do Estado do Rio de Janeiro, que teve 270 candidatos

Cria o Serviço de Neurocirurgia da Casa de Saúde Dr. Eiras, no Rio de Janeiro, que se torna centro de referência nacional de neurocirurgia

Desenvolve uma nova técnica cirúrgica, chamada de amígdalo-hipocampectomia, que visa tratar as crises temporais nos casos de epilepsia

1981

Realiza, pela 1º vez na América do Sul, uma cirurgia estereotáxica para o tratamento de Parkinson, o que lhe rendeu citações internacionais

1945

Cria o primeiro serviço de neurocirurgia da América Latina, no Rio de Janeiro, e começa a se dedicar à neurocirurgia funcional

1950

• É um dos fundadores da LBE

1957

• Recebe o prêmio Antonio Austregésilo, da Academia Nacional de Medicina, pela publicação do trabalho “Angiografia Cerebral Percutânea”.

Recebe, na Holanda, a medalha de honra da World Federation of Neurosurgical Societies

2004

Passa a utilizar o microscópio cirúrgico na amígdalo-hipocampectomia e realiza a 1ª cirurgia transesfenoidal da hipófise

1997

1974

Aos 16 anos, é aprovado no vestibular para a Faculdade Nacional de Medicina, no Rio de Janeiro, onde forma-se aos 22 anos

Começa a trabalhar como cirurgiãogeral residente em prontos-socorros do Rio e de Niterói

Opera casos de neurinomas do acústico, preservando os nervos faciais e acústicos com o uso do microscópio cirúrgico

1949

1943 1955 Revista Notícias Hospitalares

1930

14 de abril Nasceu no Rio de Janeiro

1939

1914

H I STÓ R I A

T R A J E T Ó R I A de Paulo Niemeyer Soares

É eleito membro honorário da Academia Nacional de Medicina

10 de março – sente-se mal em seu consultório e morre no hospital, 30 dias antes de completar 90 anos

16 Fontes: Epilepsia, Vol. 45, No. 9, 2004, e Arquivos brasileiros de neurocirurgia, Vol. 23, No. 1, 2004. Disponível em: http://bit.ly/1cD5YKs


Realiza a primeira transfusão de sangue conservado no país –até então, só se fazia transfusão direta

É convidado a criar o Departamento de Neurocirurgia da Santa Casa da Misericórdia do Rio de Janeiro

Realiza as primeiras eletrocorticografias, trabalho de grande repercussão internacional na época

Recebe medalha de honra pela contribuição à neurocirurgia na América Latina, no Congresso LatinoAmericano de Neurocirurgia, em Miami

Hospital construído pela Secretaria de Saúde do Estado do Rio de Janeiro recebe o nome de Instituto Estadual do Cérebro Paulo Niemeyer e passa a ser gerido pela Organização Social de Saúde, Pró-Saúde

Conhecida desde a Antiguidade, a epilepsia foi, durante muito tempo, associada a forças sobrenaturais e à possessão espiritual ou demoníaca. Até as primeiras décadas do século XX, muitos médicos ainda associavam essa enfermidade à loucura, e os pacientes eram submetidos a tratamentos com anticonvulsivos e sedativos, ou eram internados em hospitais psiquiátricos para evitar o constrangimento da família diante das constantes crises e da discriminação. Por tudo isso, sempre foi um diagnóstico de difícil aceitação. Para tentar desmistificar a doença, em 15 de maio de 1949, foi criada a Liga Brasileira de Epilepsia (LBE), que teve como primeiro presidente o neurocirurgião Paulo Niemeyer Soares. Associação civil sem fins lucrativos, reúne médicos e outros profissionais dedicados à saúde das pessoas com epilepsia. Sua missão é promover recursos para o ensino e a pesquisa, destinados a prevenção, diagnóstico e tratamento. De acordo com o Dr. Jaderson Costa da Costa, da PUCRS, as finalidades da instituição são dar assistência aos profissionais e melhorar as condições de vida dos pacientes com epilepsia, difundindo entre os leigos mais conhecimento sobre a doença, contribuindo, assim, para diminuir o preconceito. Entre as atividades da LBE está a promoção de reuniões anuais e, a cada dois anos, a instituição oferece prêmios para os melhores trabalhos de médicos, pesquisadores e estudantes participantes dos encontros. Um dos prêmios, entregue desde 2004, leva o nome de Paulo Niemeyer e reconhece o mérito em neurocirurgia. A próxima edição será em abril de 2014.

2º Semestre / 2013

2013

Publica os primeiros casos de aneurismas e más formações arteriovenosas cerebrais operados no Brasil, diagnosticados pelo método angiográfico

Depois de fazer um estágio na Suíça, realiza a primeira anastomose extra-intracraniana temporal superficial-cerebral média do Brasil, introduzindo no país a microneurocirurgia

1991

1971

1953

1946

1942

1938

LBE busca desmistificar doença

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Revista NotĂ­cias Hospitalares

I EC P N


IECPN: referência em

neurocirurgia no país

2º Semestre / 2013

Conheça o primeiro centro do Brasil voltado exclusivamente para o tratamento de doenças neurocirúrgicas que atende apenas pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS), com técnicas inéditas na rede pública

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I EC P N Revista Notícias Hospitalares

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I

magine um neurocirurgião poder ter a certeza, por meio de um exame de alta precisão, de que retirou todo o tecido afetado por um tumor cerebral de um paciente enquanto este ainda está na mesa de cirurgia. Procedimento que vai diminuir não apenas a necessidade de sessões posteriores de radio e/ou quimioterapia como a possibilidade de novas intervenções. Tudo isso sem custo para o paciente, em um hospital que atende exclusivamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Isso será realidade na sala híbrida do Instituto Estadual do Cérebro Paulo Niemeyer, equipada com uma máquina de ressonância magnética intraoperatória de 1,5 Tesla -a primeira do Estado do Rio de Janeiro. E este é apenas um dos exemplos que confirmam a excelência da nova unidade de saúde do Estado, aberta ao público em 24 de junho de 2013 e que homenageia um neurocirurgião brasileiro reconhecido mundialmente: o Dr. Paulo Niemeyer Soares. Multiespecializado, o IECPN atende apenas doenças cerebrais com possibilidade cirúrgica. Em quatro meses de funcionamento, até 31 de outubro de 2013, já havia realizado 1.487 atendimentos ambulatoriais e 189 cirurgias, com uma média de seis por dia. O hospital do Governo do Estado do Rio tem gestão da Pró-Saúde - Associação Beneficente de Assistência Social e Hospitalar, que é qualificada como uma Organização Social de Saúde (OSS). Neste contrato de gestão, como explica o diretor médico do hospital, Paulo Niemeyer Filho, é preciso atingir metas, e a do hospital hoje é realizar seis cirurgias/dia. “No ano que vem, a OSS pode simplesmente trocar o corpo médico, assim como o governo pode trocar a OSS se ela não estiver cumprindo as metas com as quais se comprometeu. Isso só é possível na gestão por organizações sociais.” E completa: “É uma gestão ágil, eficaz, motivadora. Se um aparelho quebra, em menos de 24 horas ele já está funcionando novamente. Não há aquele espírito que a gente associa a um hospital público, de lentidão, de ficar se queixando do governo. A gente aqui vem com muita motivação e temos metas a


do Estado em obras e equipamentos de última geração foi de R$ 80 milhões, e o Ministério da Saúde irá investir anualmente R$ 45,3 milhões, valor equivalente a 50% dos gastos com a manutenção de leitos, realização de procedimentos e compra de medicamentos do chamado Complexo Hospitalar –do qual fazem parte o IECPN e o Hospital Estadual Anchieta.

Uma das salas cirúrgicas do IECPN; no detalhe, equipamento de tomografia computadorizada

2º Semestre / 2013

cumprir, o que também não existe na administração direta. A ideia é que não se formem filas e que haja um número mínimo de exames que justifiquem todo o investimento que o governo fez”, afirma o diretor médico, que visitou hospitais em Baltimore e Nova York, nos Estados Unidos, para conhecer o que havia de mais moderno no setor. O investimento do Governo

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I EC P N

Salas cirúrgicas inteligentes

Tecnologia como aliada O IECPN conta com um parque tecnológico de última geração para garantir maior precisão no diagnóstico e eficácia no tratamento de doenças neurológicas. Conheça alguns destaques:

• Contam com a tecnologia computacional de neuronavegadores para a realização de estereotaxia, uma técnica moderna da neurocirurgia que permite a localização e o acesso preciso a lesões cerebrais. Os aparelhos projetam em 3D, nos exames de ressonância magnética expostos nos monitores da sala de cirurgia, o local exato onde se encontra a lesão; • As salas também são equipadas com equipamentos de videoconferência, possibilitando o intercâmbio de conhecimento com hospitais do Brasil e de outros países; • Os médicos contam, ainda, com três câmeras: uma acoplada a um microscópio, outra que reproduz uma imagem geral da sala, e a terceira fica no foco cirúrgico para evitar sombras no local que está sendo operado.

Sala híbrida A quarta sala cirúrgica do IECPN será equipada com aparelho de ressonância magnética intraoperatória de 1,5 Tesla, que possibilita a realização de exames durante a cirurgia, com o paciente ainda no ato operatório. Com ele, o neurocirurgião pode confirmar se conseguiu retirar completamente a lesão cerebral antes de finalizar o procedimento. São duas salas contíguas: o equipamento fica em uma sala ao lado, separado por uma porta de correr e, quando necessário, entra na ressonância magnética por meio de um trilho.

Radiocirurgia Gamma Knife O hospital contará com o aparelho que possui a mais avançada e confiável tecnologia disponível hoje no mundo para a realização de radiocirurgia estereotáxica, indicada nos casos de lesões cerebrais profundas. Por meio de exames de imagem, são localizadas as lesões do paciente e é feito um cálculo baseado nas coordenadas de todos os pontos da cabeça. Essas coordenadas serão usadas pela máquina para direcionar corretamente os feixes de radiação gama na região a ser tratada.


Microdiálise cerebral

Aparelho de hemodinâmica Artis Zee Para o tratamento de doenças vasculares, como aneurismas sem a necessidade de cirurgias, o IECPN usa o equipamento Artis Zee. Trata-se de um angiógrafo com qualidade de imagem superior, que permite diagnósticos mais precisos, além da possibilidade de gerar imagens dos vasos sanguíneos em três dimensões.

Doppler transcraniano O IECPN possui dois aparelhos que permitem uma avaliação cerebrovascular rápida, segura e não invasiva. São usados para avaliar possíveis modificações no fluxo sanguíneo cerebral.

O equipamento de microdiálise cerebral realiza monitorização cerebral e possibilita colher e avaliar –na beira do leito– substâncias (neurotransmissores) produzidas pelas células cerebrais de pacientes com aneurismas, por exemplo, em estado grave, internados em centros de terapia intensiva. Utilizando um cateter específico, o médico retira uma amostra, que é analisada imediatamente no equipamento acoplado ao leito. A análise das dosagens e as alterações desses líquidos podem nortear as intervenções terapêuticas de forma mais racional e dirigida.

Tomografia computadorizada Para diagnósticos mais precisos, o Instituto também conta com o aparelho Somatom Emotion 16 canais, que realiza tomografia computadorizada em espiral para o corpo inteiro, com um sistema concebido para gerar ótima qualidade de imagem com a menor exposição possível à radiação.


I EC P N Revista Notícias Hospitalares

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Instalações e pioneirismo O hospital possui quatro salas cirúrgicas, com capacidade para realizar cirurgias neuronavegacionais, intervenção menos invasiva e guiada por um computador que localiza lesões profundas no cérebro. Há, também, estrutura de videoconferência, possibilitando o intercâmbio de conhecimento com hospitais do Brasil e de outros países. Dos 200 leitos previstos, os 44 em funcionamento estão nas Unidades de Terapia Intensiva (UTI). Nove salas de ambulatório –cinco de adultos e quatro infantis– já estão em funcionamento, e a previsão é atender de 100 a 200 pessoas por dia, com a realização de seis cirurgias diárias. Completando as instalações, já existe o projeto para a construção de prédio anexo que será usado para a ampliação da internação, com área para pesquisas científicas e para o treinamento de microcirurgia. O novo edifício também vai abrigar uma unidade de reabilitação, com fisioterapia e treinamento de familiares e pacientes com sequelas provisórias e permanentes. Além da infraestrutura e tecnologia de ponta, o Instituto Estadual do Cérebro Paulo Niemeyer conta com um time que é um dos seus grandes ativos: mais de 470 funcionários e de 100 médicos, sendo em torno de 30 neurocirurgiões, mais 40 médicos

O IECPN em números * na UTI, que atuam na parte de pós-operatório, e 30 no setor de epilepsia. O IECPN abriga o primeiro Centro de Epilepsia do Estado e tem uma UTI do protocolo do Acidente Vascular Cerebral (AVC) do tipo isquêmico, considerado um grave problema de saúde pública, pois representa cerca de um terço das mortes por doenças vasculares no Brasil, principalmente entre as camadas sociais mais pobres da população e entre os mais idosos. O problema atinge cerca de 16 milhões de pessoas por ano no mundo, com 6 milhões de vítimas fatais. Para ser atendido no IECPN, o paciente deve procurar uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) ou Centro de Saúde e, se tiver diagnóstico com indicação neurocirúrgica, será encaminhado para a Secretaria de Estado de Saúde que, por meio da Central Estadual de Regulação, agendará a consulta. Por se tratar de uma unidade especializada de referência, não há atendimento de emergência. “O que se encontra aqui não está reunido em nenhuma outra unidade de saúde. É o estado da arte na neurocirurgia. Vamos ter uma modernidade que no serviço público praticamente não existe”, finaliza Dr. Paulo Niemeyer Filho.

44 189 1487 472 2º andar: 10 leitos de UPO 3º andar: 4 leitos UTI Pediatria 3º andar: 13 leitos UTI Adulto 4º andar: 17 leitos UTI Adulto

Leitos

Cirurgias **

Consultas ambulatoriais

Funcionários

* Dados até 31 de outubro de 2013 ** De 1º de agosto a 31 de outubro de 2013


TRANSFORMANDO O JEITO DE FAZER CONTEÚDO, RELACIONAMENTO E NEGÓCIOS, 365 DIAS AO ANO.


C E N T R O D E P ES Q U I SA

Conhecimento científico a favor do paciente Centro de Estudos e Pesquisas, que começa a funcionar no primeiro semestre de 2014, vai contemplar sete áreas da neurociência

Revista Notícias Hospitalares

U

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ma das principais novidades do Instituto Estadual do Cérebro Paulo Niemeyer para 2014 é a inauguração de uma área reservada a pesquisa e inovação científica. Criado com o objetivo de gerar produção científica nacional em neurociências, contará com sete linhas de pesquisa, todas relacionadas à neurocirurgia, e pretende realizar parcerias com instituições nacionais e internacionais. A primeira delas foi firmada com a PUC-RJ para fazer parte da formação dos neurocirurgiões. “Um instituto como este, que quer realizar seis cirurgias por dia -um movimento enorme-, não pode se restringir apenas à assistência. Temos a obrigação de formar, transmitir conhecimento e, se possível, desenvolver novas técnicas” afirma o Dr. Paulo Niemeyer Filho, diretor médico do Instituto Estadual do Cérebro Paulo Niemeyer. O objetivo é realizar estudos que possibilitem ampliar o conhecimento científico em neuro-

ciências e oferecer condições para que as descobertas possam ser aplicadas no diagnóstico e no tratamento dos pacientes. Para a Dra. Mônica Gadelha, coordenadora do setor de neuroendocrinologia, como o IECPN conta com uma equipe altamente especializada e com experiência em pesquisas, há um enorme potencial para o desenvolvimento de novas tecnologias que poderão melhorar o tratamento dos pacientes com patologias cerebrais. A expectativa do grupo de pesquisadores que se reuniu para planejar o Centro de Estudos e Pesquisas é de contribuir não apenas no avanço de seus respectivos campos de atuação, mas também ampliar os conhecimentos sobre o cérebro humano e encontrar novas formas de intervir nas doenças que podem afetá-lo. “As pesquisas clínicas são de fundamental importância para o desen-


As sete linhas de pesquisa

IECPN vai dar importante contribuição neste grande projeto, no sentido de tornálo uma referência também na produção de conhecimento científico.

Conheça a missão do Centro de Pesquisa Realizar pesquisas clínicas e translacionais em neurociências, de modo a contribuir com a produção do conhecimento científico nas diferentes áreas, assim como promover o contínuo aperfeiçoamento da qualidade assistencial para a sociedade, por meio da formação e da capacitação dos profissionais da saúde.

2º Semestre / 2013

volvimento imediato do nosso trabalho à beira do leito”, afirma o Dr. Fabio Guimarães de Miranda, coordenador do setor de Medicina Intensiva, que já firmou parcerias com diversas instituições de pesquisa, tais como Fiocruz, ID’Or e Instituto Pasteur. Outras parcerias com universidades nacionais e internacionais também estão em análise e devem ser confirmadas em breve. A pesquisa contribui para o desenvolvimento do pensamento crítico, ajuda a desenvolver as competências necessárias para importantes tomadas de decisão, e isso se reflete positivamente no atendimento aos pacientes. O Centro de Pesquisa do

Neurocirurgia: tem como objetivo fornecer dados epidemiológicos nacionais consistentes acerca das patologias cerebrovasculares, neuro-oncológicas e dos distúrbios do movimento. Realizar estudos clínicos prospectivos randomizados especialmente com neoplasias de hipófise, meningiomas, gliomas, aneurismas cerebrais, más-formações cavernosas, schwannomas, epilepsia, doença de Parkinson e distonias. Neurorradiologia: desenvolver e demonstrar aplicações clínicas das técnicas convencionais e avançadas de neuroimagem em pacientes com lesões intracranianas. Medicina Intensiva: a linha de pesquisa em medicina intensiva adulta e pediátrica tem como objetivo ser um centro de excelência em pesquisa e ensino em neurointensivismo, contribuindo com o enriquecimento do conhecimento científico e com o desenvolvimento da especialidade e da assistência aos pacientes neurológicos e neurocirúrgicos agudos. Neuroendocrinologia: melhorar o manejo clínico dos pacientes com adenomas hipofisários e o conhecimento sobre os mecanismos de desenvolvimento desses tumores, através do estudo dos mecanismos de tumorigênese hipofisária, resposta ao tratamento medicamentoso e do correto manejo peroperatório desses pacientes. Neuropatologia: tem como objetivo fornecer indicativos da frequência das doenças, criando condições de análises epidemiológicas e desenvolvimento de métodos que permitam avançar no conhecimento das mesmas. Neurofisiologia: tem como missão promover e desenvolver pesquisa clínica e translacional de ponta e inovadora em todas as áreas do conhecimento relacionadas com o diagnóstico e o tratamento das epilepsias, gerando saúde e qualidade de vida às pessoas com epilepsia e seus familiares. Saúde Neurofuncional: desenvolve estudos relacionados à saúde das pessoas em condição de neurocirurgia, incluindo a abordagem da fisioterapia, nutrição, fonoaudiologia, psicologia e enfermagem, no sentido de facilitar e promover o bem-estar desses indivíduos.

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ES P EC I A L I DA D ES

Os mistérios do cérebro por sete áreas

Revista Notícias Hospitalares

Cada especialidade do Instituto Estadual do Cérebro Paulo Niemeyer responde por um serviço, o que possibilita que as pessoas atendidas pelo SUS tenham acesso ao que há de mais avançado nessas áreas. Nas páginas a seguir, entenda ao que cada uma delas se dedica a fazer

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Dr. Paulo Niemeyer Filho - diretor médico do IECPN e coordenador do setor de Neurocirurgia - Homenageado como o “Médico do Ano” pela Sociedade de Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro, em outubro de 2013, estudou neurologia na University of London, na Inglaterra, após formar-se em medicina na Universidade Federal do Rio de Janeiro. Fez doutorado na Escola Paulista de Medicina, em São Paulo.

PRECISÃO E SEGURANÇA NOS PROCEDIMENTOS CIRÚRGICOS Reunir no mesmo lugar tecnologia de ponta e profissionais experientes e especializados em cada uma das áreas da medicina relacionadas à saúde do cérebro é o grande diferencial do Instituto Estadual do Cérebro Paulo Niemeyer para diminuir os riscos das cirurgias e garantir a exatidão nos diagnósticos e no tratamento dos pacientes. Prova deste compromisso

é o setor de neurocirurgia, que conta com os serviços de especialistas em neurohemodinâmica, neuroendocrinologia, diagnóstico e tratamento da epilepsia, doença de Parkinson, distonias e tumores cerebrais. O centro cirúrgico é composto por quatro salas cirúrgicas – uma delas híbrida, com acesso a um aparelho de ressonância magnética. Todas são equipadas com sistema de neuronavegação, neuroendoscopia e neuromonitorização, microscópios cirúrgicos,

Além de diretor médico do Instituto Estadual do Cérebro Paulo Niemeyer, é chefe de neurocirurgia da Santa Casa de Misericórdia do Rio e professor do curso de pós-graduação em Neurocirurgia da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.

ultrassom percirúrgico, sistema digital com acesso aos exames de imagem e sistema Full HD para a gravação e a exibição das cirurgias na sala de reuniões. Tudo para propiciar precisão e segurança no procedimento cirúrgico. Dos 189 procedimentos realizados até outubro de 2013, os casos de maior impacto foram relacionados à doença de Parkinson. O primeiro paciente operado no IECPN, em agosto, sofria com o mal havia mais de três anos e saiu livre dos tremores decorrentes da doença. Ele foi submetido a uma talamotomia estereotáxica, procedimento inédito nas unidades públicas de saúde do país. “Queremos operar seis pacientes por dia, para que não se formem filas. Para isso, o governo montou um hospital de primeira qualidade”, afirma Paulo Niemeyer Filho,diretor médico e coordenador de Neurocirurgia.

Neurocirurgia 2º Semestre / 2013

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ES P EC I A L I DA D ES

TODOS OS ESFORÇOS CONTRA OS ANEURISMAS

Neurointervenção

Os aneurismas cerebrais são doenças muito graves, com taxa de mortalidade de 50% quando rompem. Além disso, 30% dos pacientes que sobrevivem a eles acabam com sequelas graves. Entretanto, se for diagnosticado e tratado antes de sangrar, o risco de morte fica entre 2% e 3%. Esta é apenas uma das doenças das quais se ocupa o setor de Neurointervenção do IECPN, coordenado pelo Dr. Elias Tanus. Subespecialidade que cuida das doenças circulatórias do sistema nervoso, seu objetivo é minimizar o trauma cirúrgico, evitando grandes incisões e cicatrizes. A equipe da hemodinâmica do Instituto Estadual do Cérebro Paulo Niemeyer é composta por 12 pessoas, sendo três neurocirurgiões. “Contamos com o que há de mais moderno e, por isso, temos a oportunidade de atender problemas raros. Desde que começamos os trabalhos, já tivemos dois casos de aneurismas gigantes, que são os mais graves e, geralmente, atingem os pacientes mais humildes. Fizemos, com sucesso, um tipo específico de cirurgia de embolização de aneurisma, que até então não era contemplada na rede pública de saúde”, conta Tanus, satisfeito por poder utilizar materiais e equipamentos de ponta no hospital, como o Artis Zee.

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Dr. Elias Tanus - coordenador do setor de Neurointervenção - Formou-se em medicina

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em 2000, pela Faculdade de Medicina de Campos (RJ) e, dois anos depois, já integrava a equipe do Dr. Paulo Niemeyer Filho na Santa Casa de Misericórdia, mesmo local em que fez sua especialização. Entre 2007 e 2008, fez um curso de aperfeiçoamento no Instituto Eneri, na Argentina, com o renomado cirurgião endovascular Pedro Lylyk. “A hemodinâmica

é uma área que, apesar de consolidada, está em franca expansão no Brasil, pois ainda enfrentamos uma certa dificuldade para importar os materiais mais modernos. Esperamos que os bons resultados do IECPN nos ajudem a vencer essa burocracia”, afirma.


Dr. Leila Maria Cardao Chimelli - coordenadora do Laboratório de Neuropatologia

Neuropatologia PESQUISA E CONTRIBUIÇÃO PARA O DIAGNÓSTICO DAS DOENÇAS NEUROLÓGICAS

2º Semestre / 2013

A neuropatologia estuda as alterações morfológicas de células e tecidos relacionadas a doenças do sistema nervoso central e periférico e também de outros órgãos intracranianos, como a hipófise, a pineal e algumas enfermidades musculares. Trata-se de uma especialidade que colabora, principalmente, com outras quatro áreas: a neurologia, a neurocirurgia, a neuroendocrinologia e a neurorradiologia. Pois somente pela descrição das alterações morfológicas observadas nos tecidos provenientes das cirurgias ou de autópsias, é possível chegar a um diagnóstico preciso de algumas doenças, sendo possível atuar em sua prevenção e no tratamento. Dentre os casos já atendidos no IECPN, a coordenadora da área, Dra. Leila Chimelli, destaca o de uma criança que aparentava ter um meningioma. “O exame do espécime cirúrgico não confirmou essa hipótese, tratando-se de uma lesão pseudo-tumoral [não neoplásica] raríssima no cérebro, a primeira vez que vi, razão pela qual apresentei em uma sessão de casos raros de neuropatologia em um congresso latino-americano de patologia pediátrica”, conta.

Atualmente ela conta com a colaboração de outra patologista e de uma bióloga, responsável pelo preparo do material e serviços administrativos. No primeiro semestre de 2014, com a reforma de outra área do prédio do IECPN, o setor passará a contar com um laboratório de neuropatologia completo. “Teremos uma área maior, com um espaço dedicado à pesquisa e todos os equipamentos necessários para armazenamento e preparo dos tecidos [contêiner de nitrogênio líquido, freezer, microscópios de fluorescência] para o diagnóstico morfológico, imuno-histoquímico e molecular, já que o IECPN contará também com um laboratório de diagnóstico molecular com máquinas de PCR (Polymerase Chain Reaction), além de outros equipamentos”, afirma.

Livre-docente pela Universidade de São Paulo (USP), professora permanente do Programa de Pós-Graduação em Anatomia Patológica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e pesquisadora do INCA, é doutora em Neuropatologia pela University of London (1982 – 1985), na Inglaterra, com pós-doutorado na Université Paris-Est Créteil Val-de-Marne, na França (1989). “A neuropatologia é uma área que ainda tem poucos especialistas no Brasil, somos 14. Por isso, em um local como o IECPN, um dos nossos maiores objetivos é formar mais profissionais qualificados”, diz.

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ES P EC I A L I DA D ES

Dr. Fabio Guimarães de Miranda - coordenador de Terapia Intensiva

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Clínico e intensivista, formou-se pela Universidade Federal do Rio de Janeiro em 1980, fez MBA Executivo em Saúde na Fundação Getúlio Vargas e é membro da European Society of Intensive Care Medicine. Segundo Miranda, no IECPN existe o desafio de criar uma formação especializada. “No Brasil, ainda não existem cursos de pós-graduação nem de residência específicos na área. Um dos nossos desafios no hospital é justamente mudar isso.”

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Medicina Intensiva SUPORTE TECNOLÓGICO À VIDA O neurointensivismo é uma subespecialidade médica que envolve conhecimentos avançados e integrados nas áreas de terapia intensiva, neurologia e neurocirurgia. O responsável por este setor no IECPN é o Dr. Fabio Guimarães de Miranda. As instalações sob os cuidados de Miranda se espalham por três dos quatro andares do prédio: no segundo, encontra-se o CTI (Centro de Terapia Intensiva) pósoperatório, com 10 leitos; no terceiro, ficam o CTI adulto, com 11 leitos, e o pediátrico, com 6; e, no quarto, há mais 17 leitos de CTI adulto. “Todos esses ambientes são equipados com monitores, respiradores e aparelhos de última geração, como os ventiladores mecânicos Servo-i e os monitores multimodulares”, exemplifica.

Em apenas quatro meses de funcionamento, cerca de 250 pacientes já passaram pelo CTI do Instituto. “Apesar de toda a infraestrutura com a qual contamos, considero a qualificação dos nossos profissionais como o principal diferencial”, afirma. Integram o time de Medicina Intensiva médicos dedicados ao neurointensivismo e participantes das principais sociedades de terapia intensiva nacionais e internacionais. Todos com ampla experiência em pesquisa clínica, além de ter em seus membros revisores de diversos periódicos clínicos.


EQUIPE MULTIDISCIPLINAR PARA TRATAMENTO ADEQUADO

Centro de Epilepsia Eduardo de Sá Campello Faveret coordenador do Centro de Epilepsia

2º Semestre / 2013

Formado em medicina pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em 1988, realizou intercâmbio acadêmico na Alemanha, entre 1996 e 1999, no Centro de Epilepsia da Universidade de Bonn e no Bethel Epilepsie Zentrum, em Bielefeld. “A especialização em epilepsia é complexa, é necessário fazer uma longa formação em neurologia e

em neurofisiologia, além de adquirir experiência nos diversos métodos diagnósticos por imagem, em neuropsicologia e em neurocirurgia. Existe uma demanda muito grande de profissionais, pois há em torno de 30 mil pessoas por ano, apenas no Estado do Rio, que precisam de uma cirurgia”, fala o médico.

A maioria dos atendimentos realizados no Instituto Estadual do Cérebro Paulo Niemeyer é de pacientes com epilepsia, o distúrbio neurológico crônico mais comum e que afeta cerca de 8 milhões de pessoas só na América Latina. Deste total, estima-se que 3,5 milhões não recebem tratamento médico adequado, segundo dados da Associação Brasileira de Epilepsia. O Centro de Epilepsia é o primeiro do Estado do Rio de Janeiro e faz parte do Programa Nacional de Atenção à Saúde de Pessoas com Epilepsia, do Sistema Único de Saúde, regulado pelo Ministério da Saúde. Atualmente dispõe de quatro salas de ambulatório, uma unidade de videomonitorização, com duas suítes e mais um leito de isolamento em UTI para a investigação invasiva. “Temos uma equipe multidisciplinar envolvendo mais de 40 profissionais de saúde e atendemos todas as faixas etárias, exceto neonatos. Também contamos com uma estrutura neurocirúrgica de ponta, com neuronavegação, estereotaxia, ressonância magnética intraoperatória, monitorização neurofisiológica intraoperatória e, em breve, teremos mais uma ressonância e um setor de medicina nuclear”, diz Eduardo Faveret, coordenador do Centro de Epilepsia do IECPN.

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ES P EC I A L I DA D ES

Neuroendocrinologia CUIDADOS ESPECIAIS COM A HIPÓFISE

Gadelha, coordenadora de Neuroendocrinologia. Ela ressalta que o tratamento e a redução da morbimortalidade associada a esses tumores têm grande importância social, pois os pacientes com adenomas hipofisários estão, em sua maioria, na faixa etária economicamente ativa. Uma das principais formas de tratamento desses tipos de tumores é a cirurgia. “No IECPN contamos com tecnologia de ponta aliada à

vasta experiência da equipe cirúrgica, o que pode ser encontrado em poucos serviços, não só no Brasil, como no mundo”, afirma. Um dos procedimentos de maior destaque da área é o exame de cateterismo bilateral e simultâneo de seios petrosos inferiores. “Ele é um procedimento diagnóstico essencial em muitos casos de síndrome de Cushing, que apresenta disponibilidade bastante limitada no Brasil”, diz a médica.

Dra. Mônica Roberto Gadelha - coordenadora do setor de Neuroendocrinologia

diretoria do Departamento de Neuroendocrinologia da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia e da European Neuroendocrine Association. É professoraadjunta do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da UFRJ e pesquisadora 1D do CNPq, com extensa produção científica.

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A Neuroendocrinologia é a área que se dedica ao estudo das interações entre os dois sistemas de integração do organismo, o sistema nervoso e o sistema endócrino. “A prevalência de tumores da região selar, em especial dos adenomas hipofisários, tem aumentado progressivamente. Eles podem ocasionar perda visual, cefaleia, amenorreia, infertilidade, diminuição de libido, alterações articulares, hipertensão arterial, diabetes mellitus, complicações que diminuem a qualidade de vida dos pacientes e levam a um aumento da mortalidade”, explica a Dra. Mônica

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Graduada em medicina pela UFRJ em 1989, fez residência médica nos serviços de endocrinologia e nutrologia na mesma instituição. É especialista em endocrinologia e metabologia pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (1992), fez mestrado (1995) e doutorado (1999) em endocrinologia pela Faculdade de Medicina da UFRJ e realizou estágio doutoral na University of Illinois at Chicago, nos EUA. É membro da


Dr. Emerson Leandro Gasparetto coordenador do setor de Radiologia Graduado em Medicina pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) em 2001, Emerson Gasparetto tem três especializações em neurorradiologia: pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP/2005), pela University of Pennsylvania, nos Estados Unidos (2006), e

NA BUSCA DO DIAGNÓSTICO A neuroimagem é o ramo da radiologia que engloba o conjunto de técnicas voltadas à obtenção de imagens que permitem a observação do sistema nervoso central dos pacientes, de maneira não invasiva, com o objetivo de diagnosticar enfermidades. Com uma equipe de 30 profissionais sob a coordenação do Dr. Emerson Leandro Gasparetto, que

também é professor-adjunto de radiologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), os profissionais do setor são responsáveis pela realização e interpretação de exames de raio-X, tomografia computadorizada e ressonâncias magnéticas. “O exame de raio-X foi descoberto em 1895, e a ressonância magnética é usada na medicina há menos de 35 anos. A neuroimagem é uma área da qual ainda sabemos pouco e que

pela Universidade Federal do Paraná (UFPR / 2006). Fez mestrado e doutorado em Medicina (Radiologia) na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ / 2004 - 2005) e pós-doutorado na Universidade Federal do Paraná (2006).

pode evoluir muito. Além disso, ela é fundamental, porque como o cérebro não se regenera, o tempo é ainda mais precioso para quem apresenta um problema neurológico”, afirma. Para ele, a criação do Instituto Estadual do Cérebro Paulo Niemeyer já tem como resultado a diminuição da fila de espera para algumas indicações de cirurgias neurológicas no Rio de Janeiro. “Aqui temos tudo, a melhor tecnologia, os melhores profissionais e não há falta de material, o que é raro na rede pública. Por isso, estou confiante de que vamos realizar seis cirurgias por dia”, finaliza o médico.

Neuroimagem 2º Semestre / 2013

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P R Ó - SAÚ D E

Pró-Saúde: gestão de excelência Com experiência de mais de 45 anos na gestão de hospitais, entidade prioriza humanização, qualidade no atendimento e responsabilidade ambiental

M

tadual do Cérebro Paulo Niemeyer (IECPN), no Rio de Janeiro, assim como os usuários de todos os hospitais administrados pela Pró-Saúde em 30 municípios de 12 Estados brasileiros. Além do IECPN, a instituição administra outros dois centros de excelência: o Hospital Metropolitano de Urgência e Emergência, em Ananindeua, Pará, que é especializado nos cuidados aos queimados, e o Hospital Regional do Baixo Amazonas, em Santarém, também no Pará, especializado em oncologia.

O reconhecimento à excelência dos serviços da Pró-Saúde vem em forma de prêmios e certificações nacionais e internacionais. Um deles é a conquista, em 2010, da Acreditação Nível 2 de excelência da Organização Nacional de Acreditação (ONA) para os hospitais Regional Público da Transamazônica (PA), Municipal de Araucária (PR) e Municipal de Barueri (SP). Em 2013, o Regional do Baixo Amazonas Dr. Waldemar Penna (PA) também recebeu o certificado. A ONA é uma organização que

2º Semestre / 2013

ais de 600 mil atendimentos por ano, 5 milhões de exames e quase 3 milhões de consultas. Os números expressivos revelam a magnitude de uma das maiores entidades de gestão de serviços de saúde e administração hospitalar do país, a PróSaúde – Associação Beneficente de Assistência Social e Hospitalar. Há quase 50 anos no mercado, a Pró-Saúde tem sob sua responsabilidade mais de 3.500 leitos e o trabalho de cerca de 20 mil profissionais, entre eles mais de 3.500 médicos. Uma gestão que se baseia em um atendimento humanizado e de qualidade, capaz de assegurar aos usuários do Sistema Único de Saúde qualidade, conforto e segurança no diagnóstico. É o que têm visto os usuários do Instituto Es-

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P R Ó - SAÚ D E

EXAMES: MAIS DE

CONSULTAS: MAIS DE

PACIENTES /DIA MAIS DE

MAIS DE

MAIS DE

PRESENÇA EM

MIL PROFISSIONAIS SENDO MAIS DE

MIL LEITOS

ESTADOS E

5 2,7 617 20 3,5 12 30 3500

MILHÕES

MILHÕES

MIL

*Dados de 2012

MÉDICOS

Os resultados alcançados pelas unidades administradas são significativos e impactam diretamente na comunidade

Revista Notícias Hospitalares

Danilo Oliveira, diretor de Operações

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tem por objetivo promover a implantação de um processo permanente de avaliação e de certificação da qualidade dos serviços de saúde. Foram classificados Nível 1 de Excelência pela ONA o hospital Dr. Luiz Camargo da Fonseca e Silva (SP). Além disso, o Hospital e Maternidade São José de Ribamar (MA), o Hospital Municipal Nossa Senhora da Luz dos Pinhais (PR) e o Hospital Dr. Luiz Camargo da Fonseca e Silva (SP) foram reconhecidos pela Unicef com o título de Hospital Amigo da Criança. A Pró-Saúde também atua com destaque no gerenciamento de Unidades Básicas de Saúde (UBS), do Serviço de Atendimento Movél de Urgência (SAMU) e em Unidades de Pronto Aten-

dimento (UPAs). O SAMU de Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo, administrado pela Pró-Saúde desde 2012, por exemplo, transformou-se em uma referência nacional e recebeu o Certificado de Qualidade em Excelência de Serviço, do Ministério da Saúde. Este compromisso com a qualidade da saúde gera resultados surpreendentes: os pacientes atendidos diariamente nos hospitais administrados pela Pró-Saúde passaram de 100 mil, em 2007, para mais de 600 mil em 2012. Para Danilo Oliveira, diretor de Operações da Pró-Saúde, esses números são consequência de uma atuação que abre espaço à criatividade e ao empenho dos colaboradores, para disseminar novos valores nas comunidades nas quais a instituição está inserida. Um exemplo de gestão comprometida é o sucesso obtido em ações de combate à malária. Em 2007, quando assumiu a gestão do Hospital

MUNICÍPIOS

de Porto Trombetas, no Pará, havia um quadro grave de infecção por esta doença. Por meio de um modelo de atuação, o índice de contaminações foi reduzido a dois casos por ano, o que rendeu à instituição o Prêmio BHP Billiton em Saúde, Segurança, Meio Ambiente e Comunidade. A Pró-Saúde tem ainda uma forte preocupação com as questões ambientais, como afirma Oliveira: “A pauta da sustentabilidade já está incorporada no dia a dia da instituição, e vai além da adoção de práticas de reciclagem, redução no consumo de energia e água e eliminação do uso de mercúrio nos hospitais. Os resultados alcançados pelas unidades administradas são significativos e impactam diretamente na comunidade”. Mais que o cumprimento de uma obrigação, a Pró-Saúde demonstra sua vocação para o engajamento em causas ambientais e pode contribuir para a mudança de paradigma no setor, capaz de inspirar instituições na permanente luta pela preservação da vida.



MAIS DE 45 ANOS

CUIDANDO DA SAÚDE DOS BRASILEIROS

WWW.PROSAUDE.ORG.BR


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