Dossier pessoa

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Escola Secundária de Albufeira Ano letivo 2013/2014

Trabalho Realizado por: • Bruna Terlica • Catarina Coelho • Dulce Neves

Professora: Fernanda Lamy Disciplina: Português

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Índice

Introdução……………………………….…....4 Biografia……………………………………….5

Fotobiografia…………………………………..6 Antologia………………………………………8 Obras e estudos sobre Fernando Pessoa……..12 Pessoa visto pelos outros…………………......13 A época de Fernando Pessoa………………….17 Poema criado…..……………………….……..18 Citação do poema……………………………...19

Motivo da escolha……………………………..20 Bibliografia…………………………...............21

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Introdução No âmbito da disciplina de Português do 12º ano foi-nos proposto pela professora Fernanda Lamy a elaboração de um dossiê temático sobre Fernando Pessoa o mais universal poeta de todos os tempos. Pessoa possuía sem duvida o dom da palavra e principalmente de a exprimir na poesia, um outro dom de Pessoa é o da desmultiplicação conseguindo assim criar poetas inteiros com escrita e pontos de vista diferentes da sua, e nós pretendemos com este trabalho ficar a conhecer poemas não estudados em aula dos seus principais heterónimos, Ricardo Reis, Alberto Caeiro e Álvaro de Campos bem como poemas ortónimo. O trabalho vai contribuir para perceber-mos os factos biográfico e histórico que poderão ter influenciado a escrita de Pessoa através da biografia dele e de imagens históricos relativas à época em que nasceu. Recolhemos também fotografias dele, o homem que não gostava de tirar fotografias. Como já foi referido Pessoa é o mais universal poeta português sendo estudado em várias partes do mundo e servindo de inspiração para outros artistas, por isso recolhemos títulos de obras e estudos feitos sobre ele e documentos que remetem para Pessoa visto pelos outros. Foi-nos de certo modo difícil recolher e seleccionar informações e fotografias originais da época e, sem dúvida alguma, encarnar o personagem de modo a pensar como o poeta.

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Biografia de Pessoa Fernando António Nogueira Pessoa, filho de Joaquim Pessoa e Magdalena Pessoa foi um filósofo, poeta e escritor que nasceu no dia 13 de Junho de 1888 em Lisboa. O seu pai morreu quando ele tinha cinco anos. Mais tarde viaja com a mãe e a família para Durban, onde recebe uma educação britânica.

Em 1905 regressa definitivamente a Portugal onde trabalhou como correspondente comercial. Assumiu a direcção da revista ‘’Orpheu’’, que não teve aceitação. Enquanto poeta criou cerca de 100 heterónimos sendo os mais conhecidos Ricardo Reis, Alberto Caeiro, Álvaro de Campos. Morreu a 30 de Novembro de 1935.

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Fotobiografia

1894- Pessoa com seis anos. Fernando Pessoa com a sua m達e

1901- Pessoa com treze anos. 1908- Pessoa aos vinte anos.

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1916- Com vinte e oito anos.

1835- Pessoa com quarenta e sete anos ( a sua Ăşltima foto) Pessoa na baixa de Lisboa.

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Antologia Poemas ortónimo Chove?... Nenhuma chuva cai... Ah, na minha alma sempre chove. Chove?... Nenhuma chuva cai...

Há sempre escuro dentro em mim.

Então onde é que eu sinto um dia

Se escuto, alguém dentro em mim ouve

Em que o ruído da chuva atrai

A chuva, como a voz de um fim ...

A minha inútil agonia? Quando é que eu serei da tua cor, Onde é que chove, que eu o ouço?

Do teu plácido e azul encanto,

Onde é que é triste, ó claro céu?

Ó claro dia exterior,

Eu quero sorrir-te, e não posso,

Ó céu mais útil que o meu pranto?

Ó céu azul, chamar-te meu...

E o escuro ruído da chuva É constante em meu pensamento. Meu ser é a invisível curva Traçada pelo som do vento...

E eis que ante o sol e o azul do dia, Como se a hora me estorvasse, Eu sofro... E a luz e a sua alegria Cai aos meus pés como um disfarce.

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A miséria do meu ser,

Bem sei que estou endoidecendo.

A miséria do meu ser,

Bem sei que estou endoidecendo.

Do ser que tenho a viver,

Bem sei que falha em mim quem sou.

Tornou-se uma coisa vista.

Sim, mas, enquanto me não rendo,

Sou nesta vida um qualquer

Quero saber por onde vou.

Que roda fora da pista. Inda que vá para render-me Ninguém conhece quem sou

Ao que o Destino me faz ser,

Nem eu mesmo me conheço

Quero, um momento, aqui deter-me

E, se me conheço, esqueço,

E descansar a conhecer.

Porque não vivo onde estou. Rodo, e o meu rodar apresso.

Há grandes lapsos de memória Grandes paralelas perdidas,

É uma carreira invisível,

E muita lenda e muita história

Salvo onde caio e sou visto,

E muitas vidas, muitas vidas.

Porque cair é sensível Pelo ruído imprevisto...

Tudo isso; agora me perco

Sou assim. Mas isto é crível?

De mim e vou a transviar, Quero chamar a mim, e cerco Meu ser de tudo relembrar.

Porque, se vou ser louco, quero Ser louco com moral e siso. Vou tanger lira como Nero. Mas o incêndio não é preciso.

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Poemas Heterónimo PECADO ORIGINAL Ah, quem escreverá a história do que poderia ter sido? Será essa, se alguém a escrever, A verdadeira história da humanidade. O que há é só o mundo verdadeiro, não é nós, só o mundo; O que não há somos nós, e a verdade está aí.

Na alma, e com alguma verdade; Na imaginação, e com alguma justiça; Na inteligência, e com alguma razão — Meu Deus! Meu Deus! Meu Deus! Quantos Césares fui! Quantos Césares fui! Quantos Césares fui!

Sou quem falhei ser. Somos todos quem nos supusemos. A nossa realidade é o que não conseguimos nunca. Que é daquela nossa verdade — o sonho à janela da infância? Que é daquela nossa certeza — o propósito à mesa de depois?

Álvaro de Campos

Medito, a cabeça curvada contra as mãos sobrepostas Sobre o parapeito alto da janela de sacada, Sentado de lado numa cadeira, depois de jantar. Que é da minha realidade, que só tenho a vida? Que é de mim, que sou só quem existo? Quantos Césares fui!

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Talvez quem vê bem não sirva para sentir

E a minha voz fala dela como se ela é que falasse.

Talvez quem vê bem não sirva para sentir

Tem o cabelo de um louro amarelo de trigo ao

E não agrada por estar muito antes das maneiras. sol claro, É preciso ter modos para todas as coisas, E cada coisa tem o seu modo, e o amor também. Quem tem o modo de ver os campos pelas ervas

E a boca quando fala diz coisas que não só as palavras. Sorri, e os dentes são limpos como pedras do rio.

Não deve ter a cegueira que faz fazer sentir.

Alberto Caeiro

Amei, e não fui amado, o que só vi no fim, Porque não se é amado como se nasce mas como acontece.

Estás só. Ninguém o sabe. Cala e finge.

Ela continua tão bonita de cabelo e boca como dantes, E eu continuo como era dantes, sozinho no

Estás só. Ninguém o sabe. Cala e finge. Mas finge sem fingimento.

campo.

Nada esperes que em ti já não exista,

Como se tivesse estado de cabeça baixa,

Cada um consigo é triste.

Penso isto, e fico de cabeça alta

Tens sol se há sol, ramos se ramos buscas,

E o dourado sol seca a vontade de lágrimas que Sorte se a sorte é dada. não posso deixar de ter. Como o campo é vasto e o amor interior...!

Ricardo Reis

Olho, e esqueço, como seca onde foi água e nas árvores desfolha.

Eu não sei falar porque estou a sentir. Estou a escutar a minha voz como se fosse de outra pessoa,

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Obras e estudos sobre Fernando Pessoa Obras • FREITAS, Eduardo da Costa. Fernando Pessoa: notas a uma crítica romanceada. Lisboa: Guimarães, 1951. • QUADROS, António. Fernando Pessoa. A obra e o homem. Lisboa: Arcádia, 1981-1982. • LOPES, Maria Teresa Rita(Org.). Fernando Pessoa: coração de ninguém. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1985 • NOGUEIRA, Manuela. Fernando Pessoa: imagens de uma vida. Lisboa: Assírio & Alvim, 2005.

Estudos • CABRAL, Manuel Villaverde (Org.). I Centenário de Fernando Pessoa. Lisboa: Biblioteca Nacional, 1988. • GUYER, Leland Robert. Imaginistica do espaço fechado na poesia de Fernando Pessoa. Trad.Ana Hatherly. Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da Moeda e Centrode Estudos Pessoanos, 1982. • ORDÓÑEZ, Andrés. Fernando Pessoa, um místico sem fé. Uma aproximação ao pensamento heteronímico. Trad. Sonia Regina Cardoso. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1994. • PERRONE-MOISÉS, Leyla. Fernando Pessoa: aquém do eu, além do outro. São Paulo: Martins Fontes, 2001.

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Pessoa visto pelos outros O Salazar de Fernando Pessoa Henrique Raposo Quarta, 23 de Outubro de 2013 O seu manto poético é tão grande, que acabamos por esquecer um pormenor pessoano: Fernando

Pessoa foi um dos grandes cronistas das mudanças políticas da primeira metade do século XX. Aliás, devido ao seu cepticismo à conservador britânico, Pessoa é bem capaz de ser o oráculo mais afinado daquelas décadas turbulentas. Salazar, por exemplo, sai do nevoeiro quando é observado a partir dos relatos coevos de Fernando Pessoa. Ao contrário do que reza a lenda , o golpe de 1926 não foi o golpe de uma minoria, muito menos de uma minoria com Salazar já debaixo de olho (o líder natural pós-26 era Cunha Leal). A conjura de 1926 resultou, isso sim, da acção conjunta de muitas sensibilidades, de esquerda e de direita, de monárquicos e de republicanos. Sim, republicanos. Alguns partidos da República estiveram

entre as forças que mais festejaram o fim da "ditadura" do Partido Democrático de Afonso Costa, e inúmeras figuras criaram deste o início a corte republicana de Salazar. Ora, Fernando Pessoa explicou melhor do que ninguém este largo consenso de 1926: a I República mergulhara o país num caos institucional que impossibilitava qualquer gestão política legítima; Portugal vivia num "estado de guerra civil - de guerra civil pelo menos latente"; se "a monarquia não conseguira resolver o problema da ordem; a república instituiu a desordem múltipla". Ao sabor da corrente, Pessoa recebeu o golpe como uma boa notícia. Depois do caos provocado por Afonso Costa, era necessária uma "ditadura de interregno", um período sem constituição,

um estado de emergência para exterminar a constituição ilegíma da República e parar preparar um regime novo (Pessoa namorou a solução sidonista). O interregno pós-26 era a última chance para a reconstrução da grandeza perdida. Porém, com o passar dos anos, Pessoa foi perdendo a esperança. Em 1933, já não tinha dúvidas, o Estado Novo e Salazar não eram as soluções que desejara em 1926: Sim, é o Estado Novo, e o povo Ouviu, leu e assentiu (...) 13


Há portos, e o porto-maca Onde vem doente o cais. Sim, mas nunca ali atraca

O Paquete 'Portugal' Pois tem calado de mais. Para mal dos pecados do poeta, o interregno de sete anos gerara um novo filho bastardo da nação: Coitadinho Do tiraninho! Não bebe vinho Nem sequer sozinho...

Bebe a verdade E a liberdade E com tal agrado

Que começam A escassear no mercado. Tal como na poesia e na vidinha, Fernando Pessoa foi uma figura trágica na política. Crítico da I

República, defendeu um golpe que prometia duas coisas: estancar a violência republicana e preparar o terreno para uma nova dignidade constitucional. 1926 cumpriu a primeira promessa, mas rasgou a segunda. Tal como Cunha Leal, Pessoa sentiu-se traído por 1926 quando percebeu que o estado de emergência iria ser a casa de Salazar. Cunha Leal e Pessoa queriam fechar a "ditadura do interregno" com um novo regime. Salazar percebeu que o seu poder absoluto dependia da perpetuação do interregno. A partir do momento em que normalizasse o regime, Salazar perderia o estatuto de árbitro infalível do estado de emergência, da "ditadura do interregno".

Visão grande! Ódio à minúscula! Nem para prová-la tal Tem alguém que ficar triste: União Nacional existe Mas não união nacional.

http://expresso.sapo.pt/o-salazar-de-fernando-pessoa=f837000#ixzz2lmouyn5R

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Tabacaria é o poema de Fernando Pessoa mais citado nas diferentes redes sociais, revela um estudo do Projecto Sapo Labs com a Universidade de Lisboa, hoje divulgado. Fernando Pessoa, nascido há 125 anos, é, segundo o mesmo estudo, “o poeta português mais conhecido dentro e fora de Portugal, [e] é também provavelmente o mais citado”, lê-se no comunicado do portal Sapo. “Tabacaria é o poema mais citado, nomeadamente os versos ‘À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo’ e ‘Serei sempre o que esperou que lhe abrissem a porta ao pé de uma parede sem porta’”, lê-se na nota. Esta pesquisa foi feita através do sítio O Mundo em Pessoa, que faz “a recolha automática de citações de Fernando Pessoa, ortónimo e heterónimos, a partir das redes sociais”, explica o mesmo comunicado. Através deste sítio na Internet pretende-se “mostrar quais as frases e versos de Fernando Pessoa que mais inspiram os seus leitores de todo o mundo”, mas também “conduzir todos aqueles que usam as palavras de Pessoa até ao seu texto original, ampliando o número de leitores e o conhecimento da sua obra”, escreve o portal Sapo. Segundo a mesma fonte, “nos últimos sete dias foram recolhidas quase 500 citações”. “Sempre que é citado um texto de Fernando Pessoa no Twitter ou em páginas públicas do Facebook, O Mundo em Pessoa identifica e mostra essa mensagem num interface próprio. Para saber se um texto é uma citação da obra de Fernando Pessoa, recorre-se a arquivos da obra do poeta disponíveisonline, com os quais são comparados os textos do post”, explica a mesma nota. Também é possível “filtrar os resultados por heterónimo e aceder ao top de poemas mais citados nos últimos 30 dias”. Utilizando este critério, o poema Tabacaria, de Álvaro de Campos, heterónimo de Fernando Pessoa, foi o mais citado nas redes sociais no último mês. O segundo poema mais citado é da série O Guardador de Rebanhos, de Alberto Caeiro, outro heterónimo do autor de Mensagem.

O investigador e estudioso da obra de Fernando Pessoa Richard Zenith realçou recentemente à Lusa que grande parte do interesse em torno de Fernando Pessoa se deve ao facto de o poeta “ser muito mais nosso contemporâneo que a maioria dos escritores nascidos no século XIX”. O interesse pela obra de Pessoa tem a ver também com “a particularidade da sua visão do mundo, assim como a maneira de escrever que o aproxima do mosso tempo, e é significativo que grande parte da sua obra tenha sido conhecida na segunda metade do século XX e no actual”, acrescentou o investigador. Fernando Pessoa (1888-1935) publicou poucos textos em vida, tendo a maior parte da sua obra sido publicada na segunda metade do século XX e actualmente continuam a surgir inéditos. O autor, além de produzir poesia – que assinava com o seu nome –, criou vários heterónimos, nomeadamente Álvaro de Campos, Ricardo Reis, Alberto Caeiro, Bernardo Soares, entre outros, que produziram variada poesia e prosa.

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http://www.youtube.com/watch?v=3b2Q_DJDMh Fernando Pessoa - Documentário (série Grandes Portugueses). www.youtube.com

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A ĂŠpoca de Fernando Pessoa

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Texto poético Com a frase ” Escrevem-se versos, passa-se por doido, e depois por génio, se calhar” parece que Pessoa estava a adivinhar o futuro. O poeta escreveu várias obras durante a sua vida, foi chamado louco, foi enxovalhado e tudo mais mas hoje em dia é considerado um génio da literatura portuguesa em todo o mundo. Mas isto não aconteceu apenas com Fernando

Pessoa, outro exemplo disso é Cesário Verde, foi renegado, ignorado e até desprezado pela imprensa e pela sociedade e é também, actualmente, um dos grandes nomes da nossa literatura. Estes nomes são de pessoas que nunca foram aceites mas pela sua mente visionária e capacidade de ver mais além são hoje génios, sem saberem. Assim, Fernando Pessoa passou de poeta a doido e é agora um génio, tal como ele próprio previu no seu poema “acaso”.

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Citação do poema ACASO

Mas isto era a respeito de uma rapariga,

No acaso da rua o acaso da rapariga loira.

De uma rapariga loira,

Mas não, não é aquela.

Mas qual delas? Havia uma que vi há muito tempo numa outra

A outra era noutra rua, noutra cidade, e eu era

cidade,

outro.

Numa outra espécie de rua; E houve esta que vi há muito tempo numa outra

Perco-me subitamente da visão imediata,

cidade,

Estou outra vez na outra cidade, na outra rua,

Numa outra espécie de rua;

E a outra rapariga passa.

Porque todas as recordações são a mesma recordação,

Que grande vantagem o recordar

Tudo que foi é a mesma morte,

intransigentemente!

Ontem, hoje, quem sabe se até amanhã?

Agora tenho pena de nunca mais ter visto a outra rapariga,

Um transeunte olha para mim com uma

E tenho pena de afinal nem sequer ter olhado

estranheza ocasional.

para esta.

Estaria eu a fazer versos em gestos e caretas? Pode ser... A rapariga loira?

Que grande vantagem trazer a alma virada do

É a mesma afinal...

avesso!

Tudo é o mesmo afinal...

Ao menos escrevem-se versos. Escrevem-se versos, passa-se por doido, e

Só eu, de qualquer modo, não sou o mesmo, e

depois por génio, se calhar.

isso é o mesmo também afinal.

Se calhar, ou até sem calhar, Maravilha das celebridades!

Álvaro de Campos

Ia eu dizendo que ao menos escrevem-se versos... 19


Motivo da escolha Escolhemos o poema ao acaso pela sua referência ao futuro e quase “adivinhação” do mesmo, pela sua vagueação pelo tempo, presente, futuro e passado, pelo romance (vs 1,2 e 3) ” No acaso da rua o acaso da rapariga loira./Mas não, não é aquela./A outra era noutra rua, noutra cidade, e eu era outro.” e pelo seu lado quase desvairado, do nosso ponto de vista, em versos como (v 10) “Que grande vantagem trazer a alma virada do avesso!”. É do tipo de poemas que dá que pensar, não tem um tema ou uma linha normal/ lógica parecendo assim um poema escrito ao “acaso”.

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Bibliografia Fotos: Bibliografia-http://www.cfh.ufsc.br/~magno/album.htm Época de Pessoahttps://www.google.pt/search?newwindow=1&biw=1422&bih=1024&tbm=isch&sa=1&q=o rpheu&oq=orph&gs_l=img.1.0.0l10.10390.12765.0.14562.4.4.0.0.0.0.78.297.4.4.0....0...1c. 1.32.img..0.4.297.x118n01Esg0#facrc=_&imgdii=_&imgrc=EkK2UufFUA4S2M%3A%3B mDVkC2dZhJMe9M%3Bhttp%253A%252F%252F4.bp.blogspot.com%252F0Wsn9LaK2pI%252FUQKTaBOtO9I%252FAAAAAAAAYwQ%252F_Rk5UlgEfF0%252 Fs1600%252Forpheu%252BENC%252B2.jpg%3Bhttp%253A%252F%252Ffrenesilivros.bl ogspot.com%252F2012%252F12%252Forpheu-1-junto-com-orpheu-2-juntocom_3.html%3B1600%3B738

Obras e estudos: http://books.google.pt/books?id=oQCywRxe7XkC&pg=PA268&redir_esc=y#v=onepage&q&f=f alse

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