TFG - Eureka! - Museu de Ciências do Ceará

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Duana Rodrigues Teixeira Guilherme



UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA

DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA URBANISMO E DESIGN CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO

EUREKA! - MUSEU DE CIÊNCIAS DO CEARÁ

Trabalho Final de Graduação apresentado como requisito para obtenção do título de Arquiteta Urbanista pela Universidade Federal do Ceará

Duana Rodrigues Teixeira Guilherme Orientador: Prof. Dr. Renan Cid Varela Leite

Fortaleza 2017


Texto, edição e projeto Duana Rodrigues Teixeira Guilherme Orientação Renan Cid Varela Leite Logo Diego Cadorin Diagramação Rayana Vasconcelos Renders Abner Augusto R. M. A. de Souza

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação Universidade Federal do Ceará Biblioteca Universitária Gerada automaticamente pelo módulo Catalog, mediante os dados fornecidos pelo(a) autor(a)

G974e

Guilherme, Duana Rodrigues Teixeira. Eureka! : Museu de Ciências do Ceará / Duana Rodrigues Teixeira Guilherme. – 2017. 74 f. : il. color. Trabalho de Conclusão de Curso (graduação) – Universidade Federal do Ceará, Centro de Tecnologia, Curso de Arquitetura e Urbanismo, Fortaleza, 2017. Orientação: Profa. Dra. Renan Cid Varela Leite. 1. Museu de Ciências. 2. Science Center. 3. Parangaba. 4. Divulgação Científica. I. Título. CDD 720


EUREKA! -MUSEU DE CIÊNCIAS DO CEARÁ | Duana Rodrigues Teixeira Guilherme

Aprovado em: __/__/__

BANCA EXAMINADORA

Prof. Dr. Renan Cid Varela Leite Orientador

Profª. Drª. Solange Maria de Oliveira Schramm Professora DAU-UFC

Ms. Gerson Amaral Lima Arquiteto Convidado

FORTALEZA-CE 2017



“Cada pessoa deve trabalhar para o seu aperfeiçoamento e, ao mesmo tempo, participar da responsabilidade coletiva por toda a humanidade.” Marie Curie



AGRADECIMENTOS No livro ‘Contato’, escrito por Carl Sagan, existe uma passagem que diz: “Durante toda a sua vida, estudara o universo, mas desprezara sua mais clara mensagem: para criaturas pequenas como nós, a vastidão só é suportável através do amor.” Amor este que venho demonstrar nesses agradecimentos. Sou muito grata por todos que me ajudaram de várias formas e amizades feitas durante essa verdadeira jornada que foi o curso de Arquitetura e Urbanismo da UFC. Em especial agradeço: À minha família, principalmente, à minha mãe e à minha irmã, Reijane e Flávia, que sempre me deram todo o apoio e afeto necessário nessa jornada de crescimento pessoal e profissional. Ao meu pai, Chico Neto pelo apoio financeiro, intelectual e conselhos sobre a vida. Obrigada por acreditarem no meu sonho. Sem vocês eu não estaria aqui. À Matilha: Aragão, Renatinha, Clarice, Michele, Carla, Jivago, Natália, Bárbara, Ana Rebeca, Welves, Ryan... Vocês são a família que eu escolhi, me apoiaram em tudo que fiz e sempre me ajudaram nos momentos difíceis. Somos mais do que mil, somos um! À Liana e Carolyne que me acompanharam de perto e foram meus portos seguros durante o feitio do TFG. Obrigada por todos os conselhos, por aturarem meus desabafos e que nossa parceria não pare por aqui. Aos meus amigos da ABEBA: Felipe, Abner, Rayana, Yuri, Lauro, Natália Barreira, Fafinha, Vitor Xavier e Chico Sheldon. Vocês me acolheram desde o primeiro dia em que pisei na faculdade, me ensinaram muito sobre arquitetura nas mesas de bar da vida e que foram preciosos para o que sou hoje como profissional.


À família Teixeira Pinheiro. Tio Arnaldo, tia Inês, Saulo, Levi e Davi que sempre amorosos me ajudaram com ensinamentos, livros, carinho e caronas, antes mesmo de ingressar na universidade. Ao meu orientador, Renan Cid, que desde a primeira aula sempre foi muito solicito, embarcou nas minhas ideias, acrescentou um conhecimento valiosíssimo e que hoje, além de professor é um amigo. Não esqueço também de todos os professores do DAU pelo com conhecimento e experiências compartilhados nesses anos de curso. Aos arquitetos Gerson Amaral, Jacqueline Martínez e Fabiano Rodrigues que foram verdadeiros professores dentro da Architectus nos dois anos em que trabalhei. Esse trabalho eu ofereço também à todos que acreditam que a arquitetura e a ciência são formas de revolução.




LISTA DE FIGURAS FIGURA 01: FIGURA 02 : FIGURA 03: FIGURA 04: FIGURA 05: FIGURA 06: FIGURA 07: FIGURA 08: FIGURA 09: FIGURA 10: FIGURA 11: FIGURA 12: FIGURA 13: FIGURA 14: FIGURA 15: FIGURA 16: FIGURA 17: FIGURA 18: FIGURA 19: FIGURA 20: FIGURA 21: FIGURA 22: FIGURA 23: FIGURA 24: FIGURA 25: FIGURA 26: FIGURA 27: FIGURA 28: FIGURA 29: FIGURA 30: FIGURA 31: FIGURA 32: FIGURA 33: FIGURA 34: FIGURA 35: FIGURA 36:

Vela no escuro.................................................................................................. 30 A mais famosa publicação de Isaac Newton de 1687............................31 Palácio de cristal – The Crystal Palace, 1851............................................42 Exposição do Museu Cité des Sciences et de l’Industrie em Paris, França..43 Fachada do Museu Nacional. Rio de Janeiro-RJ........................................44 Estação Cabo Branco em João Pessoa-PB.................................................45 Museu de Astronomia e Ciências Afins no Rio de Janeiro-RJ................45 Museu Guggenhein de Bilbao – Bilbao, Espanha.....................................48 Imagem aérea do Centro Georges Pompidou – Paris, França................50 Imagem aérea do Parque La Villette – Paris, França.................................50 Museu da memória – Praça da memória....................................................56 Museu da memória – Corte........................................................................... 56 Vista interna da fachada................................................................................. 57 Pespectiva explodida....................................................................................... 57 Área expositiva................................................................................................. 59 Fachada Noroeste............................................................................................ 60 Vista interna da biblioteca.............................................................................. 60 Fachada noroeste............................................................................................. 60 Planta Baixa Térreo.......................................................................................... 62 Planta baixa superior....................................................................................... 62 Corte transversal.............................................................................................. 62 Fachada.............................................................................................................. 63 Vista área externa de convivência................................................................64 Planta baixa térreo........................................................................................... 64 Vista área interna de exposição....................................................................65 Rampa de acesso.............................................................................................. 65 Fachada frontal................................................................................................. 66 Vista interna do terraço astronômico..........................................................68 Vista interna do foyer...................................................................................... 69 Planta baixa térreo........................................................................................... 69 Planta baixa dos pavimentos de exposição................................................70 Corte transversal.............................................................................................. 70 Terreno 1 – Parangaba (Av. Augusto dos Anjos)........................................76 Terreno 2 - Joquei Clube (Av. Américo Barreira)......................................76 Terreno 3 - Parreão (Av. Luciano Carneiro)...............................................76 Terreno 4 - Parangaba (Av. Osório de Paiva)............................................76


FIGURA 37: FIGURA 38: FIGURA 39: FIGURA 40: FIGURA 41: FIGURA 42:

Terreno 5 - Maraponga (Av. Godofredo Marciel).....................................76 Terreno 6 - Parangaba (Av. Silas Munguba)...............................................76 Antiga estação de Arronches......................................................................... 80 Estação de metrô Parangaba......................................................................... 82 Shopping Parangaba........................................................................................ 83 Ginásio da Parangaba...................................................................................... 85 FIGURAS 43 e 44: Estado de abandono da praça dos Caboclinhos'.......................................85 FIGURA 45: Lixo e entulho se acumulam ao longo da beira da lagoa.........................85 FIGURA 46: Vista da Avenida Osório de Paiva.................................................................85 FIGURA 47: Maquete projeto de escola profissionalizante...........................................86 FIGURA 48: Fachada da Igreja do Bom Jesus dos Aflitos...............................................90 FIGURA 49: Estação de trem da Parangaba atualmente................................................91 FIGURA 50: Pesca na lagoa da parangaba......................................................................... 91 FIGURA 51: Corte esquemático do traffic calming...................................................... 100 FIGURA 52: Estação de bicicleta compartilhada........................................................... 103 FIGURA 53: Bicicletários do subsolo............................................................................... 103 FIGURA 54: Homem pedalando às margens da Lagoa da parangaba...................... 105 FIGURA 55: Estudo de Implantação................................................................................ 105 FIGURA 56: Fluxograma do programa arquitetônico................................................... 106 FIGURA 57: Renderização.................................................................................................. 110 FIGURA 58: Renderização.................................................................................................. 110 FIGURA 59: Renderização.................................................................................................. 112 FIGURA 60: Renderização.................................................................................................. 112 FIGURA 61: Renderização.................................................................................................. 114 FIGURA 62: Renderização.................................................................................................. 116 FIGURA 63: Renderização.................................................................................................. 118 FIGURA 64: Renderização.................................................................................................. 118 FIGURA 65: Renderização.................................................................................................. 120 FIGURA 66: Renderização.................................................................................................. 120 FIGURA 67: Renderização.................................................................................................. 122 FIGURA 68: Renderização.................................................................................................. 122 FIGURA 69: Renderização.................................................................................................. 124 FIGURA 70: Renderização.................................................................................................. 124 FIGURA 71: Renderização.................................................................................................. 126 FIGURA 72: Renderização........................................................................................................ 126 FIGURA 73: Renderização........................................................................................................ 128 FIGURA 74: Renderização.................................................................................................. 128 FIGURA 75: Renderização.................................................................................................. 130


FIGURA 76: FIGURA 77: FIGURA 78: FIGURA 79: FIGURA 80: FIGURA 81: FIGURA 82: FIGURA 83: FIGURA 84: FIGURA 85: FIGURA 86: FIGURA 87: FIGURA 88: FIGURA 89:

Renderização.................................................................................................. 130 Renderização.................................................................................................. 131 Renderização.................................................................................................. 132 Renderização.................................................................................................. 132 Carta solar e direção dos ventos aplicada ao terreno........................... 136 Renderização.................................................................................................. 136 Máscara solar padrão................................................................................... 137 Simulação de sombras ao longo do dia de solstício de verão............. 137 Simulação de sombras ao longo do dia de solstício de inverno.......... 137 Simulação de iluminância ao longo do verão.......................................... 137 Simulação de iluminância ao longo do inverno....................................... 137 Detalhe - Laje do Observatório................................................................. 139 Detalhe - Corte Estrutura........................................................................... 139 Estrutura 'explodida'...................................................................................... 140


LISTA DE MAPAS MAPA 01: MAPA 02: MAPA 03: MAPA 04: MAPA 05: MAPA 06: MAPA 07: MAPA 08: MAPA 09: MAPA 10: MAPA 11:

Localização de Equipamentos Culturais e Científicos em Fortaleza.....34 Terrenos da matriz............................................................................................ 75 Centralidades de Fortaleza............................................................................. 79 Localização na cidade...................................................................................... 81 Mapa de captura de fotos.............................................................................. 85 Proposta relocação escola.............................................................................. 87 Divisão de zonas a partir do plano diretor participativo de 2009.........89 Mapa de usos do entorno.............................................................................. 92 Mapa de hierarquia de sistema viário..........................................................93 Alterações viárias.......................................................................................... 100 Esquema cicloviário...................................................................................... 102

LISTA DE TABELAS TABELA 01: TABELA 02: TABELA 03:

Critérios de escolha do terreno....................................................................77 Matriz de pontuação dos terrenos escolhidos...........................................77 Distribuição dos ambientes por pavimento............................................. 107

LISTA DE QUADROS QUADRO 1: QUADRO 2:

PDP-FOR 2009............................................................................................... 88 PDP-FOR 2009............................................................................................... 89

LISTA DE GRÁFICOS GRÁFICO 01................................................................................................................................... 36 GRÁFICO 02................................................................................................................................... 36 GRÁFICO 03................................................................................................................................... 36




• ÍNDICE • 1. Introdução • P. 19 O tema Justificativa Objetivos

2. A Ciência • P. 25

A ciência como uma vela no escuro A divulgação científica como foco A divulgação científica no Brasil Acesso à equipamentos de cultura e ciência

3. O Museu de Ciências • P. 37

Um breve histórico Os museus de ciência no Brasil O papel do museu na divulgação cientifica O espaço público e o museu

4. Referenciais arquitetônicos • P. 51 Museu da Memória | CHI Biblioteca Pública de Billings | EUA Escola Parque Arte e Ciência | BRA Espaço do Conhecimento | BRA

5. O lugar • P. 71

A escolha do terreno A metrópole alencarina e sua policentralidade De Poranga à Parangaba O terreno Sobre a escola

6. O Projeto • P. 95

Alterações viárias A paisagem como ponto de partida Programa de necessidades e projeto O projeto paisagistico Condicionamento ambiental Sistema estrutural

7. Considerações Finais • P. 141 Conclusão Lista de imagens e tabelas Bibliografia



01 INTRODUÇÃO

1 INTRODUÇÃO

“Nada na vida deve ser temido, somente compreendido.” Marie Curie


22 |CAPÍTULO 01


1.INTRODUÇÃO| 23 1.1 Tema A escolha do tema veio a partir do interesse pessoal sobre as ciências, de leituras de autores como Richard Dawkins, Neil deGrasse Tyson, Stephen Hawking, dos brasileiros Marcelo Glaiser e Miguel Nicolelis e, principalmente, após a leitura do livro “O mundo assombrado pelos demônios” de Carl Sagan. O livro aborda a importância da ciência e de sua divulgação para a sociedade moderna. A partir da leitura desses autores veio a preocupação com a carência de divulgação científica e consequentemente a falta de museus de ciência no contexto nacional e cearense. A disciplina de Projeto Arquitetônico 4, ministrada pelo professor Marcondes também teve fundamental importância na escolha do tema. Nela, foi trabalhada a ideia de um museu de ciências para crianças, onde também se fez um breve diagnóstico sobre a importância dos museus no aprendizado além sala de aula. Nesse diagnóstico também teve como resultado a falta de equipamento ligados à ciência na cidade de Fortaleza. Esse trabalho parte da ideia de que a ciência deve ser compreendida e aprendida desde cedo e que a educação não formal em museus também é importante para a formação de cidadãos críticos e conscientes do mundo que os cercam. 1.2 Justificativa Fortaleza, cidade de importância regional e quinta maior capital do país, cresceu carente de opções de lazer voltados à cultura. Hoje temos boas opções de lazer cultural como o Centro Cultural Dragão do Mar e a Caixa Cultural, mas elas são insuficientes diante do porte da capital cearense e se concentram em pontos muito específicos da cidade. O programa cultural tem a pretensão de ser variado e descentralizado além de ter grande potencial na capital alencarina, inclusive abrindo possibilidade de requalificação de espaços urbanos. Equipamentos com temática científica tem uma clara intenção de serem educacionais EUREKA! -MUSEU DE CIÊNCIAS DO CEARÁ


24 |CAPÍTULO 01 e naturalmente, podem complementar o ensino formal, além de inspirar crianças e jovens a seguir a carreira científica. As potencialidades turísticas também são característica desse tipo de edifício. Esses assuntos serão abordados ao longo deste trabalho. 1.3 Objetivos Objetivo Principal O principal objetivo é elaborar um projeto arquitetônico de um Museu de Ciências (Science center) no bairro da Parangaba, criando uma referência arquitetônica para fortaleza além de equipamento cultural inovador para estudantes, moradores e turistas para o Estado do Ceará, afim de promover a divulgação científica à essas populações. Objetivos Específicos - A requalificação dos espaços públicos e livres do entorno do projeto - Criar um edifício que seja simbólico para a Parangaba e consequentemente, para Fortaleza. - Reaproximar a população da Lagoa que é símbolo do bairro. - Explorar os potenciais ambientais do local, produzindo espaços confortáveis e com menor consumo energético.


1.INTRODUÇÃO| 25

EUREKA! -MUSEU DE CIÊNCIAS DO CEARÁ



2. A CIÊNCIA

2 A CIÊNCIA

“Existe poesia de verdade no mundo real; a ciência é a poesia da realidade.” Richard Dawkins


28 |CAPÍTULO 02


2. A CIÊNCIA| 29 2.1 A CIÊNCIA VISTA COMO UMA VELA NO ESCURO1 Muitas vezes nos passa despercebido que a ciência nos exerce uma grande influência no nosso cotidiano. Os avanços tecnológicos e científicos são rápidos e nos surpreendem a cada dia. Estamos cercados e consequentemente, dependentes da ciência e tecnologia. Os países considerados potências mundiais são, em suma, os maiores investidores em ciência e tecnologia. De acordo com as palavras do neurocientista Miguel Nicolelis (2016, p. 35): “[...]no mundo de hoje, investir em ciência, desenvolvimento tecnológico, educação científica e formação do capital humano para a indústria do conhecimento é uma questão de soberania nacional. ”

No caso do Brasil, por exemplo, possui uma grande dependência quando o assunto é tecnologia e isso é reflexo, também, de uma educação de má qualidade que não incentiva o estudo das ciências. E, quando há investimentos, eles são mal direcionados. De acordo com o Pisa (Programa internacional de avaliação de estudantes), uma prova feita com alunos do ensino fundamental por essa instituição, o Brasil fica nos últimos lugares no ranking que inclui 70 países desde que o estudo começou no ano 2000. Muitas vezes a ciência é tratada como assunto tabu, de pouco alcance e difícil entendimento. Ao tratarmos dessa maneira, damos margem a ignorância e, consequentemente, damos ouvidos à indivíduos com ideias pseudocientíficas ou ideias perigosas para o meio ambiente, sendo assim danosos ao nosso crescimento como sociedade. Nas palavras de Carl Sagan (2006, p. 59): “A ciência é um meio de desmascarar aqueles que apenas fingem conhecer.”

Há, inclusive, uma visão muito difundida no Brasil segundo Nicolelis (2016), de que: 1- Referencia direta ao subtítulo do livro “O mundo assombrado pelos demônios” de autoria de Carl Sagan. EUREKA! -MUSEU DE CIÊNCIAS DO CEARÁ


30 |CAPÍTULO 02

“a ciência é um tema abstrato, domínio de poucos eleitos da comunidade acadêmica e gestores públicos, que definitivamente não pertence ao topo do debate nacional, particularmente num pais que carece de uma cobertura total de rede de esgoto, hospitais, escolas e outros tantos serviços públicos prioritários. ”

Mostrar à população geral que a ciência não deixa de ser importante diante dos males que afligem o país é papel da divulgação científica em todas as suas escalas e meios. Compreender o mundo em que se vive é chave para um desenvolvimento mais igualitário e sustentável.

2.2 A DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA COMO FOCO Divulgar: v.t.d e p. tornar(-se) público ou notório; propagar(-se), propalar (-se). (FERREIRA, 2014) O objetivo da divulgação cientifica pode ser tanto como motivador ou incentivo pedagógico, mas nenhum deles servirá de substituto da educação formal (BARROS, 1992). A divulgação vem, na maioria das vezes como suporte à educação formal. Não há um consenso quanto à diferenciação entre o ‘divulgar’ e o ‘ensinar’. Ainda há também a diferenciação entre os termos ‘divulgação’ e ‘difusão’. De maneira geral, caracteriza a divulgação científica como a transformação de um conteúdo específico em uma linguagem mais facilmente entendida e deixando o conteúdo mais acessível a todos.

FIGURA 01: Vela no escuro. Fonte: opsqubrou.blogspot.com


2. A CIÊNCIA| 31

Há outra questão dentro da divulgação científica em museus: normalmente colocam o visitante como leigo e a consequência é um aprendizado unidirecional (do museu para o visitante), priorizando o conteúdo. Essa postura está em mudança para uma ação bidirecional, valorizando as experiencias previas do visitante que dá prioridade a compreensão desse conteúdo. As origens da divulgação científica são ligadas às do pensamento moderno Europeu no século XVI e a invenção da imprensa. Durante o século XVI, em plena inquisição os cientistas se encontravam às escondidas, surgiram as primeiras academias. Muitas delas rapidamente foram extintas, mas outras sobreviveram e abriram durante o século XVII. Apenas as elites intelectuais tinham acesso aos novos saberes e às academias. O iluminismo do século XVII veio com o conceito de que o conhecimento é uma arma para livrar a sociedade da superstição e da ignorância (MALET, 2002). Com a ascensão da classe média europeia no século XVIII, a ciência acaba caindo no gosto dela estimulada pelas publicações de Newton (Figura 02). Ainda no século XVIII ocorreram as primeiras conferências científicas. Elas não tinham um caráter não acadêmico e sim lúdico, para captar a atenção do público. O século XIX foi marcado pelas grandes transformações políticas, econômicas e uma maior alfabetização da população, dando maior abertura para a divulgação da ciência em todos os setores

FIGURA 02 : A mais famosa publicação de Isaac Newton de 1687. Fonte: mathground.net EUREKA! -MUSEU DE CIÊNCIAS DO CEARÁ


32 |CAPÍTULO 02 da sociedade. As grandes exposições tiveram papel fundamental nessa popularização e há o surgimento as primeiras associações e revistas voltadas à ciência. No século XX com as invenções do rádio e da televisão, as formas de divulgar a ciência se diversificaram. Inclui-se também o surgimento dos primeiros museus e centros de ciência mais semelhantes aos atuais com características interativas. A internet foi a invenção que mais causou impacto na divulgação desde a invenção da imprensa, dando acesso a museus, livros, revistas e a comunicação de maneira quase instantânea. 2.3 A DIVULGAÇÃO CIENTIFICA NO BRASIL Até o século XIX, o brasil era apenas uma colônia de exploração de Portugal As primeiras ações mais concretas no assunto começam com a vinda da corte portuguesa ao Brasil em 1808. A comitiva que veio foi composta pelos mais diversos profissionais. Foram criadas as primeiras instituições de ensino superior, Academia Real Militar (1810) e o Museu Nacional (1818). Nesse período houveram tentativas de criarem pequenos grupos de pesquisa, todos sem muito sucesso. Alguns poucos brasileiros foram ao exterior estudar as mais diversas áreas da ciência e voltaram ávidos para colocar em prática e divulgar o que aprenderam. Por conta da baixa escolaridade da população, as ações ligadas à ciência eram raras, mas aos poucos foram aumentando. Textos voltados a educação cientifica eram impressos e distribuídos, jornais publicavam artigos. (MASSARANI, L. et al., 2002) Na segunda metade do século XIX, essas atividades de divulgação se intensificaram no mundo todo por conta da onda de otimismo e progresso científico. Essa onda, que incluem as Exposições Mundiais que iniciaram em 1851, fez o Brasil iniciar sua participação de forma modesta em 1862. Apesar do incentivo por parte de D. Pedro II que tinha muito interesse pela área e do aumento do número de periódicos, as atividades


2. A CIÊNCIA| 33 continuavam restritas a uma pequena parcela da sociedade e em poucas áreas do conhecimento como astronomia, ciências naturais e doenças tropicais. (AZEVEDO, 1995). Revistas da época circulavam com artigos e reportagens falando sobre as pesquisas brasileiras e as novidades vindas da Europa, tornando mais facilitadas a partir de 1874 com a ligação telegráfica do país com o continente Europeu. Infelizmente, o quadro geral da época incluía um índice de analfabetismo de quase 80% da população. (MASSARANI, L. et al., 2002) O Brasil no começo do século XX não tinha uma tradição cientifica, porém em 1916 criou-se a Sociedade Brasileira de Ciências que em 1922 se tornaria a Academia Brasileira de Ciências (ABC), academia essa que fundou a primeira rádio brasileira em 1923. O intuito da academia e, consequentemente da rádio era difundir informações, temas educacionais, culturais e científicos. A rádio trazia programas variados que incluíam cursos de línguas e palestras de divulgação cientifica. A mesma empolgação com o alcance que a internet teria com o seu surgimento, o rádio foi para o início do século XX. Além das revistas e periódicos, os jornais abriram espaço para esse tipo de conteúdo. Ao longo do século instituições, sociedades e faculdades foram criadas e foi organizada a primeira agencia ligada à pesquisa científica: o Conselho Nacional de Pesquisas (CNPq) em 1951. (MASSARANI, L. et al., 2002) A partir da década de 60 houve um início de renovação influenciado pelo o que acontecia nos EUA. Embora o período que viria tenha sido rico em experiencias, o pais continuava longe de ter atividades com qualidade e amplidão. A partir dos anos 80 novas mídias foram incorporadas como a TV e o público infantil sendo contemplado. Por todo país foram criados centros e museus de ciência, sendo a maioria de pequeno e médio porte e concentrados na região sudeste do país. (MASSARANI, L. et al., 2002) Apesar dos grandes avanços, o público em geral permanece sem grande entendimento das EUREKA! -MUSEU DE CIÊNCIAS DO CEARÁ


34 |CAPÍTULO 02 consequências das novas tecnologias e a mercê de possíveis enganadores com falsas notícias. A grande mídia normalmente trata a ciência como assunto supérfluo e que não impacta a vida cotidiana. Um bom exemplo que prova o contrário é a descoberta das micro-ondas que foram usadas na segunda guerra mundial em radares militares e que anos após descobriram sua funcionalidade para aquecer alimentos. 2.4 ACESSO À EQUIPAMENTOS DE CULTURA E CIÊNCIA Ao longo da história, o acesso à cultura e, principalmente, às ciências foi restrito às classes mais altas como foi descrito nos tópicos anteriores. Nesse tópico, consideram-se os equipamentos culturais (teatros, salas de espetáculos, bibliotecas, etc.) e científicos (museus e centros de ciência) análogos no quesito acesso. De acordo com a UNESCO, o acesso à cultura é fundamental para uma sociedade mais igualitária. No caso do Brasil infelizmente esse acesso não é democrático. O acesso está intimamente ligado aos índices socioeconômicos dos estados e municípios. A última pesquisa realizada a nível nacional em 2010 pelo Ministério da Cultura2 relacionado ao acesso a equipamentos culturais. Nela, são apresentados os números de equipamentos separadamente por tipologia, região e estado. Proporcionalmente a região sudeste e consequentemente o estado de São Paulo (o mais rico do pais) concentra o maior número de equipamentos culturais dos mais diversos, incluindo também os museus de ciência. Sete anos após a publicação da pesquisa o cenário não mudou muito. O Plano Nacional de Cultura3 foi criado justamente para aumentar essa rede de equipamentos e ações culturais. As metas desse plano são das mais variadas, como por exemplo todos os municípios brasileiros terem uma 2- Cultura em números: anuário de estatísticas culturais – 2ª edição, Brasília, MinC, 2010. 3- As metas do Plano Nacional de Cultura. Ministério da Cultura (2012) Brasília.

MAPA 01: Localização de Equipamentos Culturais e Científicos em Fortaleza. Fonte: Adaptado de anuariodefortaleza. com.br.


2. A CIÊNCIA| 35 biblioteca pública em funcionamento e a construção de espaços culturais integrados de esporte e lazer em todo país, diminuindo assim essa desigualdade entre regiões. Indo para Fortaleza, o cenário não muda muito. A última pesquisa de maneira detalhada sobre o assunto feita com jovens de 15 a 29 anos em 2006 mostra que boa parte nunca foi a uma biblioteca pública, teatro ou museu (gráfico 1). Conflitando com isso, vem a intenção desses jovens em frequentar esses locais e a falta de dinheiro é o principal fator (gráficos 2 e 3). Além disso os principais equipamentos culturais da cidade estão concentrados na área conhecida como “centro expandido” (ver mapa 01), dificultando muitas vezes o acesso. A proposta aqui apresentada tenta se distanciar dessa concentração e propor um equipamento que não só traga cultura, também leve conhecimento de maneira lúdica. N

BARRA DO CEARÁ CRISTO REDENTOR PIRAMBÚ

MONTE CASTELO

RE CA

BRASI

PRAIA DE IRACEMA

L

ALDEOTA

GENTILANDIA

DOM LUSTOSA

DIONÍSIO TORRES

COUTO DE MÓ FERNANDES RO CRIT CH O A

HENRIQUE JORGE

CONJUNTO CEARÁ I

BOM FUTURO

PARREÃO

ITAOCA

SERRINHA

EDSON QUEIROZ

DIAS MACÊDO

ITAPERI

BOM JARDIM

PARQUE MANIBURA

CIDADE DOS FUNCIONÁRIOS

MARAPONGA PARQUE SÃO JOSÉ

SAPIRANGA /COITÉ

BOA VISTA / CASTELÃO

DENDÊ JARDIM CEARENSE

SABIAGUABA MATA GALINHA

MANOEL SÁTIRO

HO IN EZ ND NI CA

LUCIANO CAVALCANTE

PRAIA DO FUTURO II

JARDIM DAS OLIVEIRAS

VILA PERY

SIQUEIRA

GUARARAPES

SALINAS

AEROPORTO

BONSUCESSO

GRANJA LISBOA

MANUEL DIAS BRANCO

ALTO DA BALANÇA

VILA UNIÃO

PARANGABA GRANJA PORTUGAL

CIDADE 2.000 SÃO JOÃO DO TAUAPE

MONTESE

JÓQUEI CLUBE

JOÃO XXIII

CONJUNTO CEARÁ II

DAMAS

PAN AMERICANO

GENIBAÚ

PRAIA DO FUTURO I

COCÓ

FÁTIMA

JARDIM AMÉRICA

AE RO LÂ ND IA

AUTRAN NUNES

PAPICU

S

JOAQUIM TÁVORA

DE UR LO

JOSÉ BONIFÁCIO

PICI BELA VISTA

VINCENTE PINZON

DE

BENFICA RODOLFO TEÓFILO

AMADEO FURTADO

MUCURIPE

MEIRELES

FARIAS BRITO

PARQUE ARAXÁ

LÂNDIA

PARQUE

ANTÔNIO BEZERRA

OURA

JO TA

PADRE ANDRADE

IAL M

CENTRO

SÃO GERARDO

PRESIDENTE KENNEDY

CAIS DO PORTO

ARRA

JA CA

VILA ELLERY

FLORESTA

JARDIM GUANABARA QUINTINO CUNHA

CARLITO PAMPLONA

VA R

ÁLVARO WEYNE

JARDIM IRACEMA

NG A

VILA VELHA

CAJAZEIRAS

PARQUE IRACEMA

CAMBEBA JOSÉ DE ALENCAR

CONJUNTO ESPERANÇA PARQUE SANTA ROSA

PARQUE DOIS IRMÃOS

PASSARÉ

MONDUBIM BARROSO

Ó RI CU

PARQUE PRESIDENTE VARGAS

MESSEJANA

LAGOA REDONDA

Ú ER AJ GU

PLANALTO AYRTON SENNA PREFEITO J OSÉ VALTER CONJUNTO PALMEIRAS

COAÇU JANGURUSSU PAUPINA

ANCURI

SÃO BENTO

LEGENDA

EUREKA! -MUSEU DE CIÊNCIAS DO CEARÁ PEDRAS

BAIRRO COM EQUIP. CULTURAL BAIRRO COM EQUIP. CIENTÍFICO


36 |CAPÍTULO 02

GRÁFICO 01 Fonte: Retratos da Fortaleza Jovem, Relatório Síntese de Gráficos. Prefeitura Municipal de Fortaleza, 2007. GRÁFICO 02 Fonte: Retratos da Fortaleza Jovem, Relatório Síntese de Gráficos. Prefeitura Municipal de Fortaleza, 2007. GRÁFICO 03 Fonte: Retratos da Fortaleza Jovem, Relatório Síntese de Gráficos. Prefeitura Municipal de Fortaleza, 2007.


2. A CIÊNCIA| 37

EUREKA! -MUSEU DE CIÊNCIAS DO CEARÁ



3. O MUSEU DE CIÊNCIAS|

3 O MUSEU DE CIÊNCIAS

Se o que se pode ver, ouvir, pegar, medir, pesar Do avião a jato ao jaboti Desperta o que ainda não, não se pôde pensar Do sono do eterno ao eterno devir (...) A ciência não avança A ciência alcança A ciência em si A ciência - Gilberto Gil


40 |CAPÍTULO 03


3. O MUSEU DE CIÊNCIAS| 41 Segundo Montaner (2003), “a ideia de museu foi chave na definição dos conceitos de cultura e arte na sociedade ocidental. De meros ‘depósitos de relíquias’ no século XVII às grandes salas interativas do século XXI, o museu foi ganhando novos ares e características ao longo dos séculos. Nesse capítulo pretende-se abordar brevemente como os museus se tornaram grandes atrações turísticas e a importância dos museus de ciência para o mundo e para o Brasil. 3.1 UM BREVE HISTÓRICO Os primeiros museus de ciência eram conhecidos como ‘Gabinetes de curiosidades’ nos séculos XVII e XVIII, com enfoque passivo, sem manipulação dos objetos. Os museus de história natural, que iniciaram como quase depósitos de fosseis, amostras de animais e plantas e até instrumentos científicos. Deve-se à Revolução industrial e ao progresso científico a origem dos museus de ciência e tecnologia. O impacto que a teoria de Darwin causou, influiu na proliferação de museus de história natural (GASPAR, 1993).4 As exposições mundiais que ocorreram no século XIX são um bom exemplo de impacto na estruturação dos museus científicos. A partir da necessidade de mostrar seus novos inventos num caráter muitas vezes demonstrativo, “A Grande Exibição de obras da indústria de todas as Nações” (tradução do autor) em 1851 em Londres, marcou o início de uma cultura de museus técnicos, grandes demonstrações de objetos de ciência e artes aplicadas. Seu acervo foi distribuído em vários museus e exposições mundo afora. 4- “[...]Revolução Industrial e o progresso científico deram origem aos museus de ciência e tecnologia, enquanto o impacto da teoria de Darwin influiu fortemente na proliferação de museus de história natural por todo o mundo.” 31 GASPAR, 1993, Capítulo II – Museus de ciências. Breve relato histórico. EUREKA! -MUSEU DE CIÊNCIAS DO CEARÁ


42 |CAPÍTULO 03 Se olharmos para o aspecto arquitetônico, vemos que essa mesma exposição foi marco para a utilização de ferro e vidro que vinha se consolidando por toda Europa, além de sua forma pavilhonar. O chamado Palácio de Cristal (figura 05) foi considerado na sua época uma façanha de engenharia por sua construção rápida, de baixo custo e fácil reutilização, tendo seu valor arquitetônico deixado de lado (MASSABKI, 2011).5

FIGURA 03: Palácio de cristal – The Crystal Palace, 1851. Fonte: archdaily.com.br

No século XIX os museus passam a atender às necessidades das industrias fazendo exposições com um caráter mais de demonstração do maquinário produzido. Essas exposições foram origem das primeiras opções de interações do tipo “aperte o botão”. Nessa época os museus eram responsáveis pela educação formal de boa parte do público. Já no século XX vemos uma nova tendência surgindo: são os museus interativos. Não necessariamente são peças de alto valor histórico, mas sim sua ideia, seus fenômenos gerados a partir desses objetos que são a chave da exposição. Esse tipo de museu pressupõe a participação ativa dos seus visitantes. Essa ideia vem de Piaget que diz que “a aprendizagem é fruto da interação ativa entre o aprendiz e os objetos” (GASPAR, 1993). 5- Inserir imagem do palácio de cristal fazer referencia a dissertação (página 94)


3. O MUSEU DE CIÊNCIAS| 43

FIGURA 04: Exposição do Museu Cité des Sciences et de l’Industrie em Paris, França. Fonte: huettinger.de

Ao contrário do que acontecia no século XIX, os museus vinham com a função de complemento a educação formal e lúdico. A corrida espacial teve papel fundamental nessa expansão dos museus nos EUA, pois colocou à tona o baixo conhecimento cientifico do cidadão americano além da sua desmotivação em se engajar numa carreira científica ou tecnológica (MASSABKI, 2011). 3.2 OS MUSEUS DE CIENCIA NO BRASIL Em terras brasileiras, a ideia de museu veio junto com a corte portuguesa em 1808. O Museu Nacional é inaugurado por D. João VI em 6 de junho de 1818, sendo esse um dos mais antigos do mundo. O museu é aberto inicialmente para cumprir um papel quase que decorativo: as exposições não tinham classificação ou delimitação científica, deixando para o ano de 1876 em sua primeira reforma para se equiparar aos grandes museus existentes fora do país. Como foi dito no capítulo anterior, as ações ligadas às ciências eram restritas e pontuais. A partir da participação brasileira na exposição mundial em 1862 o interesse de uma classe ilustre em ciência e do interesse particular de D. João VI pelo assunto, surgiram as primeira universidades e instituições dedicadas a pesquisa científica. No fim do século XIX o Brasil possuía ao todo 5 museus (no Rio de EUREKA! -MUSEU DE CIÊNCIAS DO CEARÁ


44 |CAPÍTULO 03

Janeiro, São Paulo e Pará) sendo apenas um deles dedicado a história natural. Entre as décadas de 20 e 80 do século XX, o Brasil viveu uma fase de decadência na criação e manutenção dos museus de ciência, mas vale destacar aqui a criação do museu do Instituto Butantã em 1957. Mesmo com o impacto da corrida espacial que ocorria nas décadas de 50 e 60 foram poucos os museus inaugurados. Em compensação várias instituições ligadas à ciência e educação desenvolveram trabalhos nas escolas. (GASPAR 1993) Os primeiros museus seguindo uma tendência internacional chegaram nos anos 1980, sendo eles, em sua maioria, ligadas às universidades. Damos destaque aqui ao Estação Ciência em São Paulo, Espaço Ciência Viva no Rio de Janeiro, Museu de Astronomia e Ciências Afins também no Rio de Janeiro e o Estação Cabo Branco de João Pessoa, sendo esse último não dedicado exclusivamente à ciência, porém de grande importância arquitetônica e museológica.

FIGURA 05: Fachada do Museu Nacional. Rio de Janeiro-RJ Fonte: papodesamba.com.br


3. O MUSEU DE CIÊNCIAS| 45 FIGURA 06: Estação Cabo Branco em João Pessoa-PB. Fonte: joaopessoa.pb.gov.br FIGURA 07: Museu de Astronomia e Ciências Afins no Rio de Janeiro-RJ Fonte: wikipédia.com.br

3.3 O PAPEL DOS MUSEUS NA DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA “A divulgação tem outro objetivo. Pode servir tanto como instrumento motivador como instrumento pedagógico, mas, em nenhum dos casos, esperase que vá substituir o aprendizado sistemático.” (BARROS,1992, p.65, apud MARANDINO, et al, 2004, p.5.)

Como foi citado no capítulo anterior, os museus de ciência (ou Science centers) fazem parte do escopo de ações de divulgação e educação científica. Os Science Centers vêm com um gama de papeis a serem desempenhados. Para os adultos, ajuda a pensar sobre questões contemporâneas ligadas à ciência, fomentando e ampliando o debate EUREKA! -MUSEU DE CIÊNCIAS DO CEARÁ


46 |CAPÍTULO 03 entre a comunidade e quem produz ciência. Para as crianças, além de complementar o que é ensinado em escola, estimula a busca pelo conhecimento científico e consequentemente a formação de novos cientistas. A participação do público é fundamental para as exposições contemporâneas, pois a maioria delas se debruçam na troca de conhecimentos e experiencias entre público e material exposto. O conceito atual de museu de ciência (ou Science center) vem dessa troca entre público e museu, sendo um local de ações como debates, seminários, reuniões, cursos etc., complementando o programa expositivo e envolvendo outras instituições, criando uma grande rede em prol da ciência. No aspecto social os museus acabaram ganhando uma importância impar no combate à exclusão social e, no caso dos Science centers, o combate ao analfabetismo científico. “Um público mais culto cientificamente estará em melhor posição para discutir, acompanhar e reivindicar políticas públicas referentes a questões atuais e controversas da ciência” (VALENTE; CAZELLI; ALVES, 2005, p. 194).

3.4 O ESPAÇO PÚBLICO E O MUSEU “A cidade é um lar de encontro e seus espaços públicos são os lugares que possibilitam esses encontros.” (GEHL & GEMZOE, 2000, p. 07)

Temos o entendimento de que a arquitetura não fica isolada da cidade e que o contexto na qual se insere é importante para sua manutenção e relevância. Os museus como equipamentos públicos, particularmente os Science centers, causam impacto na cidade e consequentemente nos espaços públicos que o circundam. O conceito de espaço público já foi amplamente discutido e abordado em várias publicações, ora tratando-o como resultado da


3. O MUSEU DE CIÊNCIAS| 47 construção da cidade, ora tratado como objeto transformador da paisagem urbana. Para o presente trabalho levaremos em conta a definição de GOMES (2002): “[...] o espaço público é, antes de tudo, o lugar, praça, rua, shopping, praia, qualquer tipo de espaço onde não haja obstáculos à possibilidade de acesso e participação de qualquer tipo de pessoa”.

A realidade de Fortaleza quanto a seus espaços públicos é ruim. Em sua grande maioria eles não são adequados a escala humana por conta do processo de urbanização que muitas vezes priorizou o automóvel e uma legislação, que apesar dos avanços, tem dificuldades de se aplicar por diversos motivos. Temos a cada dia uma cidade voltada para interesses individuais (uma arena para o consumo) que acaba minando a vitalidade dos espaços públicos (ROGERS; GUMUCHDJIAN; TICKELL, 2001). Sun Alex no livro “Projeto da Praça6” aborda aspectos teóricos e práticos dos desenhos das praças, mas também pode se interpretar para outros tipos de espaço público e enfatiza que “[...] o convívio social no espaço público está intimamente relacionado às oportunidades de acesso e uso, o que depende de um desenho “interno” coerente e de um desenho “externo” – as ruas, o tráfego da área – adequado. A articulação com o tecido urbano, isto é, a conexão entre espaços urbanos variados, da praça e do entorno, é uma de suas funções originais e essenciais.”

De acordo com Jan Gehl (2013), uma cidade viva depende da sua versatilidade de usos e complexidade das atividades, incluindo a permanência em seus espaços. Um bom planejamento gera espaços atrativos e consequentemente seguros, pois está ligado diretamente a quantidade de pessoas circulando e o sentimento de pertencimento desses locais. A partir da análise dos conceitos colocados pelos autores acima e os aplicando a realidade

6- ALEX, SUN. Projeto da praça. São Paulo: Ed. Senac São Paulo, 2011. EUREKA! -MUSEU DE CIÊNCIAS DO CEARÁ


48 |CAPÍTULO 03 fortalezense, chegamos à conclusão de que precisamos de mais espaços públicos abertos, amplos, com áreas verdes, numa escala humana e integrando com a arquitetura presente. Ao longo dos séculos o museu como objeto arquitetônico manteve diferente relações com a cidade, ora apresentando como polo transformador dos espaços, ora como mera peça de marketing (FABIANO JUNIRO, 2007). A sua importância foi também se modificando quanto agente transformador urbano. Sendo espaços que pregam a troca de experiências, sua tipologia e forma mudaram com o tempo. Na renascença o museu tinha o caráter tipológico de galeria, dando uma continuidade e integração. No século XVIII ganha ares de palácio barroco (GIL RIBEIRO, 2009), onde há um ordenamento urbano, gerando uma uniformidade e o predomínio da perspectiva. Coma volta do classicismo no século XIX, a forma do museu ganha traço de templo e ganha destaque como edifício no contexto urbano. O fim do século dá início aos debates que vão culminar no modernismo do século XX, incluindo a implantação dos museus como agentes de transformação urbana. O modernismo trouxe a necessidade de reformulação das cidades e seus edifícios. Na cidade funcionalista moderna, o museu se apresenta como mais um serviço em uma determinada zona como importância institucional, mas não foi sua única maneira de se apresentar, pois o próprio modernismo não determinava qual o papel do museu na cidade. Apesar de não ter uma função determinada, os museus modernos abriam portas para a popularização desses espaços que antes eram elitistas e tradicionalistas para lugares de exposição das massas (LUPO, 2016) e consequentemente um produto do capitalismo. Na cidade contemporânea a implantação de museus normalmente vem acompanhada de processos de requalificação urbana, derivados da degradação dos centros das cidades. As arquiteturas

FIGURA 08: Museu Guggenhein de Bilbao – Bilbao, Espanha Fonte: guggenheim.org


3. O MUSEU DE CIÊNCIAS| 49 de museus deveriam transmitir uma ideia de capacidade e inovação (GIL RIBEIRO, 2009). O Centro Georges Pompidou (figura 10) foi um dos pioneiros. Construído em 1977, pretendia mudar a imagem de Paris, desempenhando um papel polarizador e de restruturação urbana junto com outros edifícios como o Parque La Villete (1986) (figura 11), utilizando de uma arquitetura bastante integrada com o espaço público circundante. Anos mais tarde em Bilbao, Frank Gehry trouxe um projeto ícone do Museu Guggenheim (figura 12). Seu caráter colossal com materiais de alta tecnologia e vanguardista (GIL RIBEIRO, 2009) buscava a partir da forma arquitetônica a requalificação do seu entorno e, de uma forma geral, da cidade.

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50 |CAPÍTULO 03

FIGURA 09: Imagem aérea do Centro Georges Pompidou – Paris, França Fonte: Pinterest.com FIGURA 10: Imagem aérea do Parque La Villette – Paris, França Fonte: LAVILLETTE.COM


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4.REFERENCIAIS ARQUITETÔNICOS|

4 REFERENCIAIS ARQUITETÔNICOS

“ Toda grande arquitetura é o projeto do espaço que contém, exalta, abraça ou estimula as pessoas naquele espaço.” Philip Johnson


54 |CAPÍTULO 04


4.REFERENCIAIS ARQUITETÔNICOS| 55 4.1 MUSEU DA MEMÓRIA E DOS DIREITOS HUMANOS Arquitetos: Estudio América Localização: Santiago, Chile. “No Museu estão depositadas as reminiscências da história chilena: a memória evidenciada, emergente, que flutua, suavemente elevada. ” Estúdio América

Localizado em um setor já consolidado culturalmente da cidade de Santiago, o Museu veio para resgatar a memória e o material dos anos de chumbo da ditadura Pinochet (1973-1990). Assim como a memória, o museu se desenvolve de maneira fragmentada, dando liberdade de percursos ao visitante. Outros dois conceitos também são presentes: a barra e a base. A barra é onde acontecem as exposições, sendo uma ‘caixa’ de vidro de 15 por 80 metros com três pavimentos. O vidro foi escolhido por conta da transparência e luminosidade, fazendo contraponto ao que está exposto. A base acolhe ambientes complementares ao programa usual de um museu, além de espaços que podem conter salas de cinema. Entre a barra e a base tem-se a ‘praça da memória’, espaço público para eventos com anfiteatro que surgiu por conta do de uma escavação de 6 metros que o terreno possuía. O projeto de um modo geral é flexível e está apto para receber todo tipo de mostra, característica fundamental dos museus contemporâneos. Para garantir essa flexibilidade, sua estrutura composta basicamente de vidro, aço e concreto permitiu grandes vãos (51 metros) com vigas vierendeel. Trata-se, portanto, de uma obra de referencial importante para este trabalho tanto pelo seu programa arquitetônico como a sua forma e arrojo estrutural. O prédio ganha relevância no trabalho pela sua implantação que contribui para continuidade EUREKA! -MUSEU DE CIÊNCIAS DO CEARÁ


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FIGURA 11: Museu da memória – Praça da memória. Fonte: archdaily.com.br (2017).

do espaço público, trazendo-o para dentro do edifício, além da sua linguagem arquitetônica do uso de materiais convencionais (aço e concreto) de maneira não convencional e elegante a partir dos conceitos de base e barra.

FIGURA 12: Museu da memória – Corte. Fonte: archdaily.com.br (2017).


4.REFERENCIAIS ARQUITETÔNICOS| 57

FIGURA 13: Vista interna da fachada. Fonte: archdaily.com.br (2017). FIGURA 14: Pespectiva explodida. Fonte: archdaily.com.br (2017).

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FIGURA 15: Área expositiva. Fonte: archdaily.com.br (2017)

4.2 Biblioteca Pública de Billings Arquitetos: Will Bruder + Partners Localização: Billings, Estados Unidos Destacando-se na paisagem pelos seus brises e sua semi-transparência, a Biblioteca Pública de Billings foi buscar nas formações geológicas de Rimrock a sua inspiração para o edifício, inclusive marcando a entrada da biblioteca com essas mesmas rochas e onde tinha a antiga biblioteca de Billmill Parmly de 1891. Construída para consolidar a área a noroeste do centro da cidade que já possui uma rede vasta de complexos hospitalares e universidade, além de trazer um programa arquitetônico mais atualizado de uma biblioteca que inclui salas de informática e mais ambientes de convivência. Independente do meio que você a acessa, a biblioteca se destaca na paisagem urbana pelos seus materiais e cores utilizadas e sua forma que lembram os galpões e as estações de trem que cortavam as pradarias da região durante o século XIX. O edifício se apresenta como um pavilhão tranquilo e semitransparente (proporcionado pelo uso de brises e vidro), dando visão para a movimentada avenida que passa ao lado do prédio. A sua forma permite uma maior flexibilidade nos ambientes propostos quanto nas instalações, além de respeitar a escala do seu entorno. Apesar dos materiais utilizados, os ambientes internos são tranquilos, amplos e também existe um jardim na sala de leitura mimetizando as pradarias que circundam a cidade. Para o presente trabalho, esse edifício mostra que é possível fazer uma arquitetura contemporânea respeitando o seu entorno mais antigo, usando materiais permeáveis visualmente e sendo confortável para o clima local.

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60 |CAPĂ?TULO 04

FIGURA 16: Fachada Noroeste. Fonte: archdaily.com.br (2017) te: archdaily.com.br (2017). FIGURA 17: Vista interna da biblioteca. Fonte: archdaily.com.br (2017).

FIGURA 18: Fachada noroeste. Fonte: archdaily.com.br (2017).


4.REFERENCIAIS ARQUITETÔNICOS| 61

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FIGURA 19: Planta Baixa Térreo. Fonte: archdaily.com.br (2017). FIGURA 20: Planta baixa superior. Fonte: archdaily.com.br (2017).

FIGURA 21: Corte transversal. Fonte: archdaily.com.br (2017).


4.REFERENCIAIS ARQUITETÔNICOS| 63 4.3 ESCOLA PARQUE ARTE E CIÊNCIA (Sabina) Arquitetos: Paulo Mendes da Rocha + MMBB Localização: Santo André, São Paulo - Brasil. Emergindo no meio de um parque público, o museu de ciências para crianças surgiu da iniciativa da prefeitura de Santo André de complementar o ensino de ciências já oferecido na rede pública. Durante a sua concepção, o que seria apenas um museu, passou para o status de museu-escola não só abrangendo assuntos científicos, mas também artísticos. Por estar inserido dentro de um parque, foi escolhido um setor que livrasse o mesmo do intenso tráfego de ônibus que o equipamento geraria. Seu programa abriga locais para oficinas, salas de aula, espaços expositivos, laboratório e áreas de convivência e eventos. O pavilhão aflora como uma grande rocha no terreno, semienterrado de 180 metros de extensão por 30 de largura em concreto armado e vigas metálicas, garantindo grandes vãos livres. Além do pavilhão dois outros volumes aparecem: o auditório e um espaço destinado a exposições especiais, ambos sendo interligados ao pavilhão principal por passagens cobertas.

FIGURA 22: Fachada. Fonte: mmbb.com.br (2017).

Sendo um exemplo de arquitetura contemporânea que bebe das referências modernistas de um dos seus autores, mostra a possibilidade de termos um edifício com grande qualidade espacial dentro da temática científica, flexível e com relação com o meio externo.

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FIGURA 23: Vista área externa de convivência. Fonte: mmbb.com.br (2017). FIGURA 24: Planta baixa térreo. Fonte: mmbb.com.br (2017).


4.REFERENCIAIS ARQUITETÔNICOS| 65

FIGURA 25: Vista área interna de exposição. Fonte: mmbb.com.br (2017). FIGURA 26: Rampa de acesso. Fonte: mmbb.com.br (2017).

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66 |CAPÍTULO 04 4.4 ESPAÇO DO CONHECIMENTO Arquiteto: Jô Vasconcellos Localização: Belo Horizonte, Minas Gerais – Brasil. Por conta da mudança da sede administrativa do Governo do Estado para o prédio projetado por Oscar Niemeyer em 2010, foi proposto um circuito cultural usando os vários prédios que foram desocupados. Em sua grande maioria os prédios são do século XIX e tombados pelo patrimônio histórico. Até então, a cidade não possui nenhum espaço com planetário e voltado para as ciências. O prédio escolhido, da década de 60, antiga sede da reitoria da UEMG¹, tinha grandes potencialidades para receber a o projeto e espaço para um anexo, além de sua localização privilegiada: a Praça da Liberdade, polo de interesse cultural na escala da cidade. Trata-se de uma intervenção com linguagem contemporânea e dinâmica, ampliando assim o espaço que já existente do prédio da antiga reitoria. Foram analisados vários critérios para que o programa fosse adequadamente incorporado numa volumetria interessante e que aproximasse a ciência do cotidiano das pessoas. Outro objetivo do projeto foi mostrar a interação entre o prédio da reitoria e a nova construção. Distribuído em 5 andares, as exposições se dividem ao longo de linhas temporais, sendo uma em cada andar e no topo abriga um observatório de teto retrátil e um planetário de última geração. O antigo prédio passou por adaptações para atender as demandas de combate a incêndio, acessibilidade etc. criando um núcleo rígido, dando maior flexibilidade para o ambiente. O prédio se destaca pelo seu envoltório em vídeo especial não reflexivo, garantindo a baixa absorção de calor e nenhum reflexo, além do uso de uma película jateada que permite a projeção de imagens no mesmo, dando uma maior interatividade entre o prédio e a população.

FIGURA 27: Fachada frontal Fonte: archdaily.com.br (2017)


4.REFERENCIAIS ARQUITETÔNICOS| 67

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68 |CAPÍTULO 04 Esse projeto é relevante para esse trabalho por tratar-se de uma intervenção arquitetônica contemporânea, de expressão simples e mesmo assim se destaca na paisagem. Sua localização também é chave para o sucesso projetual e que não deixa o meio externo alheio ao que acontece dentro do prédio. 1 – Universidade Estadual de Minas Gerais

FIGURA 28: Vista interna do terraço astronômico. Fonte: archdaily.com.br (2017)


4.REFERENCIAIS ARQUITETÔNICOS| 69

FIGURA 29: Vista interna do foyer. Fonte: archdaily.com.br (2017) FIGURA 30: Planta baixa térreo. Fonte: archdaily.com.br (2017)

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70 |CAPÍTULO 04

FIGURA 31: Planta baixa dos pavimentos de exposição. Fonte: archdaily.com.br (2017) FIGURA 32: Corte transversal. Fonte: archdaily.com.br (2017)


4.REFERENCIAIS ARQUITETÔNICOS| 71

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5. O LUGAR

5 O LUGAR

“A presença da arquitetura cria inevitavelmente uma nova paisagem. Isso implica a necessidade de descobrir a arquitetura o próprio sítio está pedindo.” Tadao Ando


74 |CAPÍTULO 05


5. O LUGAR| 75 5.1 A ESCOLHA DO TERRENO

MAPA 02: Terrenos da matriz Fonte: Elaborado pelo autor

Como já foi analisado anteriormente (mapa 01, pág. 39), a grande parte dos centros culturais e científicos da cidade encontram-se na porção norte e leste de Fortaleza. A partir dessa análise, vimos que a porção oeste e sudoeste da cidade é menos atendida, portanto, seria a área da cidade a ser contemplada com o projeto. Com a definição do programa arquitetônico que implicou em grande área a ser construída, foram elencados, inicialmente, terrenos com no mínimo de 5.000m² para uma análise mais detalhada dos mesmos e assim foram elencados os seguintes fatores: Acesso; Vias; Centralidade; Proximidade de Escolas; Dimensões; Proximidade de áreas livres; Uso. Esses critérios serão explicados na tabela abaixo: N

T3

2 1

T2

T1

Lagoa da Parangaba

T4 Lagoa do Opaia

4

T6

5

T5 3

Lagoa da Maraponga

LEGENDA

500m

1 North Shopping Jóquei

4 Shopping Parangaba

2 Hospital da Mulher

5 Aeroporto Pinto Martins

3 Campus da UECE

Terreno

Vias Arteriais EUREKA! -MUSEU DE CIÊNCIAS DO CEARÁ Linha Sul Metrofor VLT Parangaba-Mucuripe

1km


76 |CAPÍTULO 05

FIGURA 33: Terreno 1 – Parangaba (Av. Augusto dos Anjos). Fonte: Google Earth.

FIGURA 36: Terreno 4 - Parangaba (Av. Osório de Paiva). Fonte: Google Earth.

FIGURA 34: Terreno 2 - Joquei Clube (Av. Américo Barreira). Fonte: Google Earth.

FIGURA 37: Terreno 5 - Maraponga (Av. Godofredo Marciel). Fonte: Google Earth.

FIGURA 35: Terreno 3 - Parreão (Av. Luciano Carneiro). Fonte: Google Earth.

FIGURA 38: Terreno 6 - Parangaba (Av. Munguba). Fonte: Google Earth.

Silas


5. O LUGAR| 77 Para determinar a escolha do terreno foi criada uma matriz, pontuando cada um dos critérios TABELA 01 - CRITÉRIOS DA MATRIZ DE TERRENOS apresentados na tabela 1. Os critérios de acesso, vias, proximidade de CRITÉRIO: OBJETIVOS: escolas são pontuadas de 0 a 3 pontos, centralidade Os mais diferentes modais devem contemplados ACESSO e proximidade deser áreas livres depara 0 a garantir 2 pontos e uso uma diversidade de acessos e públicos. Foram vistos os numeros de e dimensão de 0 a 1 ponto. Após análise de cada linhas de ônibus que passam num raido de 400m, estações do um de dos aspectos e a de somatória Bicicletar, paradas ônibus e estações metrô/VLT.dos pontos de cada terreno, que acessos, o terreno T4 (figura 36) Uma boa estrutura viária determinou-se garante os mais diversos incluindo VIAS como o mais adequado para o projeto. também caminhões para o transporte de material do museu. Foram consideradas a classificação das vias e a presença de ciclovias/ciclofaixais no entorno.

CENTRALIDADE

Por ser um equipameno a nível municipal, a sua localização perante

TABELA 01 - CRITÉRIOS DA MATRIZ DE TERRENOS a cidade é de fundamental importância. É essencial que o terreo se CRITÉRIO:

PROXIMIDADE DE ESCOLAS ACESSO PROXIMIDADE DE ÁREAS LIVRES

USO VIAS

localize numa área com boas estruturas urbanas.

OBJETIVOS: O museu possui um caráter educativo complementar e a proximi-

dade escolas de nível modais fundamental e médio garante o acessopara do garantir Osde mais diferentes devem ser contemplados público. Foram consideradas escolas num raio de 1km.

uma diversidade de acessos e públicos. Foram vistos os numeros de linhas de ônibus num raido de 400m, estações do A proximidade de áreasque livrepassam é um fator de grande importancia por Bicicletar, paradas de ônibus e estações de metrô/VLT. complementar o programa museológico.

Terrenos vazios ou subutilizados facilitam a construção e geramincluindo Uma boa estrutura viária garante os mais diversos acessos, menos resíduos de demolição. também caminhões para o transporte de material do museu. Foram

consideradas a classificação das vias e a presença de ciclovias/ciclofaixais no entorno.

CENTRALIDADE

Por ser um equipameno a nível municipal, a sua localização perante a cidade é de fundamental importância. É essencial que o terreo se localize numa área com boas estruturas urbanas.

PROXIMIDADE DE ESCOLAS

O museu possui um caráter educativo complementar e a proximidade de escolas de nível fundamental e médio garante o acesso do público. Foram consideradas escolas num raio de 1km.

PROXIMIDADE DE ÁREAS LIVRES

A proximidade de áreas livre é um fator de grande importancia por complementar o programa museológico.

USO

Terrenos vazios ou subutilizados facilitam a construção e geram menos resíduos de demolição.

TABELA 02 - MATRIZ TERRENOS ACESSO (0-3) VIAS (0-3) CENTRALIDADE (0-2) ESCOLAS (0-3) DIMENSÃO (0-1) ÁREAS LIVRES (0-2) USO (0-1) TOTAL

T1

T2

T3

T4

T5

T6

3 2 2 2 1 1 1 12

2 3 3 2 1 2 0 13

3 3 3 2 0 0 1 12

3 3 3 3 1 2 0 15

2 3 2 0 0 2 1 10

3 3 3 2 1 0 1 12

TABELA 01: Critérios de escolha do terreno. Fonte: elaborado pelo autora. TABELA 02: Matriz de pontuação dos terrenos escolhidos. Fonte: elaborado pelo autora.

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78 |CAPÍTULO 05 5.2 A EXPANSÃO DA METRÓPOLE ALENCARINA E SUA POLICENTRALIDADE7 Temos como centralidade, de acordo com Carlos (2001), lugares que agem como pontos de acumulação de serviços e atração de fluxos, centro social que se define pela reunião e pelo encontro. O fenômeno da policentralidade foi marcado pela década de 1960 quando, nas regiões metropolitanas brasileiras, quando a classe média sai dos consolidados centros e vão para sub-regiões onde o comercio e serviços são voltados para camadas mais altas de renda. Na década de 1970 com a chegadas dos primeiros shoppings, eles deram preferência para a instalação nessas sub-regiões e as classes medias definitivamente abandonam os centros principais. Além do comércio, o Estado também influenciou esse esvaziamento com a transferência de centros administrativos e outros equipamentos públicos (VILLAÇA,1998). Na década de 1970, a cidade de Fortaleza se consolida como metrópole regional com a criação da região metropolitana, tem-se um crescimento demográfico acentuado e expande sua malha urbana. As classes média e alta se afastam do Centro, criando novos fluxos e núcleos de comércio e serviços. Outro fenômeno foi a saída das repartições públicas do Centro para outros bairros como a Aldeota (mais tarde se fortalecendo como bairro nobre), com a sede do Governo estadual, entidades administrativas como a Receita Federal, dentre outros. Além da Aldeota, o Montese também se confirma como centralidade comercial e outras concentrações pequenas ao longo da Avenida Francisco Sá, da praça da Parangaba e Messejana começam a crescer e se consolidar (LOPES, 2006).

7. Policentralidade, tendência que se orienta seja para a

constituição de centros diferentes (ainda que análogos, eventualmente complementares), seja para a dispersão e para a segregação. (LEFEBVRE, 2004, p. 113).


N BARRA DO CEARÁ

5. O LUGAR| 79

ALAGADIÇO/ SÃO GERARDO

ANTÔNIO BEZERRA

CENTRO

ALDEOTA

MONTESE PARANGABA

EDSON QUEIROZ

MESSEJANA

LEGENDA CENTRALIDADE VIAS PERTECENTES A CENTRALIDADE

MAPA 03: Centralidades de Fortaleza. Fontes: Adaptação da autora do mapa produzido por Lopes (2006).

- CENTRALIDADES EM Diversos fatores, incluindo MAPA a XX iniciativa FORTALEZA 8 privada, o PLANDIRF (1971), que cria novos FONTE: ADAPTAÇÃO MAPA PRODUZIDO POR bairros a partir de conjuntos habitacionais e a Lei LOPES (2006) de Uso e Ocupação do Solo de 1979, incentivando o maior adensamento e verticalização, contribuíram para bairros vizinhos a Aldeota (e mais futuramente outros bairros da zona leste de Fortaleza) como bairros adensados, com bastante infraestrutura e supervalorizados.

Nos anos 1980 outras centralidades surgiram como a da Avenida Bezerra de Menezes que como eixo ligando centro à BR-222 com bastante serviços 8- PLANDIRF - Plano de Desenvolvimento Integrado da Região Metropolitana de Fortaleza (1969/1971) - tratava da questão urbana nos seus aspectos físico-territoriais, socioeconômicos, político-instucionais e administrativos, numa abordagem de abrangência metropolitana, antes mesmo da criação da Região Metropolitana. EUREKA! -MUSEU DE CIÊNCIAS DO CEARÁ


80 |CAPÍTULO 05 e a Barra do Ceará, próximo a já consolidada Avenida Francisco Sá (por conta das indústrias lá instaladas), sendo ocupada agora pelos operários das fábricas. A partir dos anos 1990, a cidade de Fortaleza se concretiza como policentral, deixando o seu centro deteriorado por conta da falta de investimentos da iniciativa pública. Hoje temos Fortaleza como uma cidade complexa, com diversas centralidades além das citadas anteriormente e, dentre elas, a Parangaba. 5.3 DE PORANGABA À PARANGABA Situada às margens da lagoa que mais tarde receberia o mesmo nome do bairro da capital alencarina, nascida com o nome de Porangaba, era um aldeamento jesuíta fundado no séc. XVI onde deram início ao trabalho de evangelização de indígenas. Com a vinda de Marquês de Pombal e a extinção da Companhia de Jesus, a aldeia é elevada à categoria de vila, recebendo o nome de ‘Vila Nova de Arronches’. No século XVIII a vila se destacava por ser ponto intermediário do transporte de gado. Seria esse o início da importância do bairro como centralidade. Com a construção da Estrada de Ferro de Baturité uma estação (figura PG-01) é instalada no bairro e temos a definição da ligação da vila com a Capital.

FIGURA 39: Antiga estação de Arronches. Fonte: fortalezanobre.com.br


5. O LUGAR| 81 No século XIX a vila consolida-se com uma feira de gado (possível origem da famosa “feira dos pássaros”), sendo talvez a mais importante do estado. Incorporado a Fortaleza apenas em 1921 com o nome de Parangaba, do tupi-guarani, “beleza, formosura”. Em 1941 a malha ferroviária foi expandida ligando a estação de Arronches até o Mucuripe. Hoje essa linha faz parte do projeto do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT). Hoje o bairro da Parangaba fica na porção sudoeste da cidade (mapa 04), pertencente à regional IV do município de Fortaleza, sendo o bairro com maior população dessa regional, tendo aproximadamente 30 mil habitantes, sendo comparável a população de muitos municípios do interior cearense. O bairro faz fronteira com os bairros: Bonsucesso, Demócrito Rocha, Itaoca, Itaperi, Joquei Clube, Maraponga, Serrinha e Vila Pery.

MAPA 04: Localização na cidade Fonte: Adaptação do autor mapa oficial de divisão de bairros da PMF.

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SER I

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DEMOCRITO ROCHA MONTESE

JÓQUEI CLUBE

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PARANGABA ITAPERI

VILA PERY

SERRINHA

MARAPONGA

SER V

SER VI

LEGENDA

LIMITE BAIRRO PARANGABA

EUREKA! -MUSEU DE CIÊNCIAS DO CEARÁ MAPA XX - Localização do bairro na cidade FONTE: Adaptação mapa oficial divisão bairros PMF


82 |CAPÍTULO 05 No século XX, Fortaleza começa a se industrializar um polo de concentração de pessoas que trabalhavam nas fábricas próximas e por conta de sua já conhecida vocação para o comércio. Nos anos de 1970, o PLANDIRF veio com uma proposta de descentralização comercial de bairros como a Parangaba e Messejana ao longo das avenidas que cortam os bairros e confirmando os mesmo como centralidades. Dos anos 1980 até hoje, a Parangaba se manteve com a sua vocação para o comércio dos mais variados tamanhos e com a sua tradicional feira aos domingos. Hoje, mais ainda, a Parangaba funciona como ponto de intermediário, por conta da sua grande concentração de equipamentos de transporte público como as estações de metrô (figura 40) e VLT, terminal urbano de ônibus. A sua centralidade não se deve a sua história de industrias e sim à presença de comércios e serviços diversos, equipamentos institucionais e a grande acessibilidade. A Parangaba foi escolhida para a intervenção por sua grande relevância no contexto da capital. O local cresceu por ser ponto nodal da malha ferroviária, como Lopes (2006) afirma em sua dissertação: “O bairro funciona como importante ponto de conexão dentro da cidade, ligando os bairros do leste com o do oeste, bem como os do norte com os do sul. Além disso, funciona como ponto intermediário entre o centro da cidade e os municípios da Região Metropolitana, Maracanaú e Maranguape. Dentre os fatores que

FIGURA 40: Estação de metrô Parangaba. Fonte: fortalezaemfotos.com.br (2017)


5. O LUGAR| 83 reforçam a centralidade do bairro destacam-se a acessibilidade, os serviços de saúde e educacional e o institucional.”

O atual cenário do bairro foi transformado por diversas iniciativas privadas para a construção de grandes empreendimentos como shoppings, edifícios comerciais e residenciais de maior porte. Segundo Rufino (2012), o programa Minha Casa Minha Vida foi fundamental numa nova expansão imobiliária de fortaleza, que englobou bairros considerados periféricos até então. A construção de torres de apartamentos mudou não somente a paisagem do bairro, valorizou a terra e atraiu outros investimentos comerciais privados, causando uma ruptura no tecido urbano envolta. O shopping (figura 41) teve particularmente um impacto diferenciado pois foi visto como sinal de modernização. De acordo com a Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce) apontou em 2013* que os imóveis ao redor desses empreendimentos se valorizavam em 46%, mostrando assim a força do capital imobiliário. Para além da economia, o shopping causou uma mudança de hábitos na população, deixando de lado antigas tradições como encontrar-se na praça. O crescente desinteresse pelos espaços públicos levou ao abandono dos mesmos.

FIGURA 41: Shopping Parangaba inserido ao lado do terminal de ônibus e a estação de metrô. Fonte: diariodonordeste.verdesmares. com.br EUREKA! -MUSEU DE CIÊNCIAS DO CEARÁ


84 |CAPÍTULO 05 O TERRENO Conhecida como Praça dos Caboclinhos, o terreno onde o projeto será implantado é localizado no chamado centro histórico da Parangaba e próximo a Igreja do Bom Jesus dos Aflitos. No tópico passado foi mostrado que a paisagem do bairro mudou bastante nos últimos anos graças a valorização imobiliária e o constante crescimento dos espaços de lazer privados. Essa privatização do lazer vai além das questões de consumo, mas também de um declínio de uma vivência do espaço público, causando desinteresse e a posteriori, abandono. O entorno da lagoa da Parangaba é um bom exemplo. Dos equipamentos existentes, muitos deles encontram-se em estado de abandono. Existe, nas proximidades, um restaurante que funciona somente à noite e o ginásio da Parangaba (figura 42), utilizado para eventos como festa junina e campeonatos de diversas modalidades esportivas, mas que passa boa parte do tempo trancado por conta do vandalismo. Enquanto isso na Praça dos Caboclinhos, encontra-se parcialmente degradada e é evitada pela população por diversos motivos, dentre eles a insegurança que o local proporciona (figuras 43, 44 e 45). Outra justificativa para o abandono seria a falta de integração com o resto dos equipamentos do entorno da lagoa. Além da praça, há nessa mesma quadra uma escola de educação profissional (será abordada adiante) e uma loja. O local possui bom potencial paisagístico, de conforto ambiental e acústico (as árvores do local amenizam o barulho que vem da avenida Osório de Paiva) (Figura 46).


5

5. O LUGAR| 85

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MAPA 05: Mapa de captura de fotos. Fonte: Elaborado pela autora.

FIGURA 42: Ginásio da Parangaba. Fonte: mapio.net. FIGURAS 43 e 44: Estado de abandono da praça dos Caboclinhos'. Fonte: Acervo pessoal da autora. FIGURA 45: Lixo e entulho se acumulam ao longo da beira da lagoa. Ao fundo temos o terreno de intervenção. Fonte: Acervo Vitor Viana em 14/09/2016 FIGURA 46: Vista da Avenida Osório de Paiva Fonte: Acervo Vitor Viana em 14/09/2016 EUREKA! -MUSEU DE CIÊNCIAS DO CEARÁ


86 |CAPÍTULO 05

A ESCOLA No terreno escolhido tem-se a E.E.E.P. – Escola Estadual de Educação Profissional – Joaquim Moreira de Sousa. Trata-se de um edifício de 1954 que passou por adaptações para receber a escola profissional com um total em área de 3.400m² aproximadamente e pensada para uma jornada integral de ensino. O local oferece cursos de capacitação profissional nas áreas administrativa, logística e contabilidade, atendendo a necessidade de pessoas de baixa renda de diversos bairros. A escola conta com 09 salas de aula, 01 Laboratório de ciências, 01 Laboratório de informática, 02 salas de vídeos, uma quadra para atividades esportivas e Pátio Descoberto. De acordo com MEC*, no memorial descritivo do projeto padrão, uma escola desse tipo deve ter 12 salas de aula, 6 laboratórios básicos, auditório para 200 lugares, biblioteca, teatro de arena, refeitório, área de vivencia, quadra poliesportiva, dois grandes laboratórios, destinados a preparação de jovens para o mercado, além de serviços e administrativo. Esse programa padrão totaliza em torno de 12.000m², deixando então o prédio existe bem abaixo do que seria o ideal tanto em área como em programa. Propõe-se então a retirada da escola para um local onde possa se construir um prédio mais adequado para sua função (não necessariamente seguindo o projeto do MEC). A opção escolhida foi

FIGURA 47: Maquete projeto de escola profissionalizante Fonte: portal.mec.gov.br


5. O LUGAR| 87

MAPA 06: Proposta relocação escola Fonte: elaborado pelo autor.

de acordo com um raio do caminhabilidade de 500 metros para pedestre, como mostrado no mapa 06, foi parte de um terreno localizado na avenida Germano Frank ao lado do Shopping Parangaba e a poucos metros do terminal de ônibus e o metrô. Esse terreno é utilizado como depósito de material de construção da obra do VLT (Veículo Leve sobre Trilhos).

N

500 m RAIO CAMINHABILIDADE

GINÁSIO DA PARANGABA

LEGENDA GINÁSIO DA PARANGABA

ESTAÇÃO DE METRÔ

TRAJETO METRÔ - LINHA SUL

TERMINAIS DE ÔNIBUS

SHOPPING PARANGABA

PROPOSTA RELOCAÇÃO E.E.E.P

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88 |CAPÍTULO 05 PARÂMETROS URBANÍSTICOS O terreno de intervenção está inserido de uma ZRU1 (Zona de Requalificação Urbana 1), que internamente contém outras zonas de maior restrição que incluem o Centro Histórico da Parangaba (ZEPH), a Lagoa (ZPA) e uma faixa de Equipamentos públicos e Espaços Livres (ZRA) (ver mapa 07). Mais especificamente, o terreno está inserido na interseção de uma ZRA (Zona de Recuperação Ambiental) e a ZEPH (Zona Especial de Patrimônio Histórico). Abaixo estão quadros com as especificações de cada uma dessas zonas e seus objetivos de acordo com o Plano Diretor Participativo de Fortaleza (PDPFOR 2009):

QUADRO 1: PDP-FOR 2009 Art. 91- A Zona de Requalificação Urbana 1 (ZRU 1) caracteriza-se pela insuficiência ou precariedade da infraestrutura e dos serviços urbanos, principalmente de saneamento ambiental, carência de equipamentos e espaços públicos, pela presença de imóveis não utilizados e subutilizados e incidência de núcleos habitacionais de interesse social precários; destinando-se à requalificação urbanística e ambiental, à adequação das condições de habitabilidade, acessibilidade e mobilidade e à intensificação e dinamização do uso e ocupação do solo dos imóveis não utilizados e subutilizados. Art. 153- As Zonas Especiais de Preservação do Patrimônio Paisagístico, Histórico, Cultural e Arqueológico (ZEPH) são áreas formadas por sítios, ruínas, conjuntos ou edifícios isolados de relevante expressão arquitetônica, artística, histórica, cultural, arqueológica ou paisagística, considerados representativos e significativos da memória arquitetônica, paisagística e urbanística do Município. Art. 67- A Zona de Recuperação Ambiental (ZRA) compõe-se por áreas parcialmente ocupadas e com atributos ambientais relevantes que sofreram processo de degradação, e tem como objetivo básico proteger a diversidade ecológica, disciplinar os processos de ocupação do solo, recuperar o ambiente natural degradado e assegurar a estabilidade do uso dos recursos naturais, buscando o equilíbrio socioambiental.


5. O LUGAR| 89 A poligonal da ZRA acaba tendo uma função de transição entre as a ZEPH e a ZPA, sendo uma zona linear entorno da lagoa da Parangaba, com parâmetros mais restritos que a ZRU em específico. Por se tratar de um terreno inserido numa interseção de zonas e uma delas não possuindo parâmetros específicos, a intervenção é norteada pelos parâmetros da ZRA (Zona de Recuperação Ambiental) descritos no quadro 2: QUADRO 2: PDP-FOR 2009 Art. 71. São parâmetros da ZRA: I - índice de aproveitamento básico: 0,6; II - índice de aproveitamento máximo: 0,6; III - índice de aproveitamento mínimo: 0,0; IV - taxa de permeabilidade: 50%; V - taxa de ocupação: 33%; VI - taxa de ocupação do subsolo: 33%; VII - altura máxima da edificação: 15m.

MAPA 07: Divisão de zonas a partir do plano diretor participativo de 2009 Fonte: Adaptação da PDPFOR/2009. Elaborado pela autora.

A nova Lei de Parcelamento, Uso e Ocupação do Solo, de agosto de 2017, não traz grandes alterações quanto aos parâmetros utilizados no edifício. A maior diferenciação é a consideração do terreno todo como uma Zona de Recuperação Ambiental, com objetivos e parâmetros semelhantes aos praticados no Plano Diretor de 2009.

N

ZPA - LAGOA DA PARANGABA

ZRA - EQUIP. E ESPAÇOS LIVRES

ZEPH - CENTRO HISTÓRICO

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90 |CAPÍTULO 05 USOS DO ENTORNO A Parangaba como um todo possui uma vocação para o comércio, mas no entorno da lagoa esse uso é predominante. Além do comércio variado, o bairro possui um pequeno centro histórico que inclui a Igreja Bom Jesus dos Aflitos (figura 48), o cemitério, a estação de trem (figura 49) e alguns casarões de relevância histórica. O bairro possui também um dos maiores espelhos d’água da cidade (figura 50). Tombada em 1987 a nível municipal, a lagoa da Parangaba faz parte de uma das 8 subbacias do rio Maranguapinho (PMF, 2003). “A lagoa da Parangaba se distingue por ser uma área de interesse para a recuperação ambiental, pois, apesar do tratamento urbanístico, paisagístico, fazse necessário um fortalecimento da arborização com espécies nativas.” (Prefeitura municipal de Fortaleza. Inventário ambiental de Fortaleza, 2003. Diagnóstico versão final. Pág. 91)

FIGURA 48: Fachada da Igreja do Bom Jesus dos Aflitos. Fonte: Foto de Vitor Viana em 14/09/2016.

A importância da lagoa vai além da questão ambiental, ela também concentra também em seu entorno equipamentos de lazer como o ginásio poliesportivo e a famosa feira da Parangaba que ocorre todos os domingos que movimenta a economia do bairro.


5. O LUGAR| 91

FIGURA 49: Estação de trem da Parangaba atualmente. Fonte: panoramio.com FIGURA 50: Pesca na lagoa da parangaba. Fonte: somosvos.com.br.

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92 |CAPÍTULO 05

N

LAGOA DA PARANGABA

1km

500m

EQUIPAMENTOS EDUCACIONAIS

ESTAÇÃO DE METRÔ

TRAJETO METRÔ - LINHA SUL

ÁREAS E EQUIPAMENTOS DE LAZER

EQUIPAMENTOS DE SAÚDE

PARADAS DE ÔNIBUS

TERMINAIS DE ÔNIBUS

GRANDES EQUIP. COMERCIAIS

MAPA 08: Mapa de usos do entorno. Fonte: elaborado pelo autor

100m


5. O LUGAR| 93 SISTEMA VIÁRIO Como vimos anteriormente, a Parangaba é um bairro central no quesito mobilidade e sistema viário. Além disso, concentra muitos polos geradores de tráfego próximos (shoppings, faculdades, hospitais) tornando o transito conturbado e caótico. A presença do túnel da Avenida Osório de Paiva tenta amenizar o tráfego na região da lagoa, mas não é o suficiente pois o lugar é um nó do sistema viário de Fortaleza, concentrando muitas avenidas arteriais de grande movimento (Mapa 09). A intenção do projeto é requalificar esse entorno quem inclui o terminal de ônibus e o metrô, deixando-o mais acessível para o pedestre e fazendo ele circular mais livremente entre as praças. De uma maneira geral foram observados os seguintes pontos para o projeto: • A existência de uma via local que mesmo com a passagem de linhas de ônibus possui com baixo tráfego Rua Joaquim Moreira no trecho entre a Avenida Carlos Amora e a Rua Caio Prado; • Travessias para pedestres arriscadas; • A baixa movimentação de pessoas na Praça dos Caboclinhos.

MAPA 09: Mapa de hierarquia de sistema viário. Fonte: Adaptação da LUOS (2017). Elaborada pela autora. EUREKA! -MUSEU DE CIÊNCIAS DO CEARÁ


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94 |CAPÍTULO 05

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LEGENDA Via Arterial 01 Via Arterial 02 Via Coletora

Estação METROFOR Terminal Ônibus

Linha Sul Metrofor VLT - Parangaba/Mucuripe

MAPA XX - CLASSIFICAÇÃO VIÁRIA FONTE: LUOS/2017


5. O LUGAR| 95

EUREKA! -MUSEU DE CIÊNCIAS DO CEARÁ



6. EUREKA MUSEU DE CIÊNCIAS DO CEARÁ

6 EUREKA

MUSEU DE CIÊNCIAS DO CEARÁ

"O projeto ideal não existe. A cada projeto existe a oportunidade de realizar uma aproximação." Paulo Mendes da Rocha


98 |CAPÍTULO 06


6. EUREKA MUSEU DE CIÊNCIAS DO CEARÁ| 99 Eureka: exclamação de origem grega atribuída ao matemático Arquimedes de Siracusa que significa “encontrei” ou “descobri”. A suposta história atribuída a essa expressão deu-se quando Arquimedes recebeu um dilema do rei Hierão. Ele queria saber se a coroa que foi encomendada era de ouro puro ou não, Arquimedes precisava saber qual era o material da mesma sem precisar derretê-la. Ao entrar numa banheira com água, ele percebeu que o nível da água subia. Depois ele testou com a coroa, calculando o volume de água deslocado comparando com outra coroa feita com material diferente. A partir daí o cientista desenvolveu o princípio que levara seu nome que diz: Todo corpo imerso em um fluido sofre ação de uma força (chamada empuxo) verticalmente para cima, cuja intensidade é igual ao peso do fluido deslocado pelo corpo. 6.1 ALTERAÇÕES VIÁRIAS O terreno onde se insere a proposta de intervenção é margeado por de duas avenidas (Osório de Paiva e Eduardo Perdigão) com grande movimento de carros e principalmente ônibus, um dos motivos da escolha do mesmo. Por outro lado, tal fator deixa o terreno isolado, pois a velocidade das avenidas não permite um transito seguro entre as quadras. Uma das intenções do projeto é proporcionar um transito de pedestre mais fluido entre as quadras adjacentes e facilitar o acesso de ônibus e veículos ao museu. Para possibilitar a passagem dos pedestres foram levantadas as seguintes soluções: • Uma passarela, mas nos conceitos atuais de urbanismo a passarela é malvista, pois privilegia o carro em detrimento do pedestre. • Um túnel para os pedestres, ligando o terreno da intervenção com a quadra que localiza o restaurante. Essa solução também foi descartada pela sensação de enclausuramento e insegurança que o mesmo traz ao pedestre, além de privilegiar o carro.


100 |CAPÍTULO 06

Para solucionar a travessia, foi utilizada a solução de traffic calming (figura 51) a partir da curva da Avenida Gomes Brasil com a Avenida Carlos Amora indo até o cruzamento com a rua Pedro Segundo (mapa 10), obrigando os veículos que vem do terminal da Parangaba para a lagoa reduzirem a sua velocidade, garantindo assim a segurança dos pedestres. Além da intervenção para a travessia mais segura de pedestres, foi pensado a partir da análise de fluxos das vias do entorno, a extinção de parte da Rua Joaquim Moreira, entre a Avenida Carlos Amora e a Rua Caio Prado, integrando-a ao terreno da proposta arquitetônica. Foi observada também que a oferta de transporte é bastante vasta (75 linhas de ônibus num raio de 400m) por conta da proximidade com o terminal de ônibus e a estação de metrô, mas a oferta de bicicletários, malha cicloviária e estações de bicicleta compartilhada são restritas. Então foram propostas uma estação de bicicleta compartilhada (com 16 vagas) (figura 52), além dos bicicletários no subsolo do edifício (figura 53).

MAPA 10: Alterações viárias Fonte: elaborado pelo autor FIGURA 51: Corte esquemático do traffic calming. Fonte: elaborado pelo autor


6. EUREKA MUSEU DE CIÊNCIAS DO CEARÁ| 101

AV. OSÓRIO DE PAIVA

RUA CAIO PRADO RUA CAIO PRADO

AV. CARLOS AMORA

AV. CARLOS AMORA

TRO DE CAS RO NEGO E CAST D O AV. CÔ G E N Ô C . AV

RUA EDUARDO PERDIGÃO

RUA EDUARDO PERDIGÃO

AV. OSÓRIO DE PAIVA

LEGENDA LEGENDA Via extinta Via extinta

arterial ViaVia arterial 2 2

Trecho de Traffic Calming Trecho de Traffic Calming Via coletora Via coletora

local Via Via local

Semáforoa aimplantar implantar Semáforo Semáforoexistente existente Semáforo


102 |CAPÍTULO 06

N

Ciclovia a implantar

Bicicletário

Ciclovia

Ciclofaixa a implantar

Est. Bicicletar a implantar

Ciclofaixa

Estação bicicleta compartilhada

Bicicletário a implantar

LEGENDA

MAPA 11: Esquema cicloviário. Fonte: Elaborado pela autora. Render por Abner Augusto.


6. EUREKA MUSEU DE CIÊNCIAS DO CEARÁ|103

FIGURA 52: Estação de bicicleta compartilhada. Fonte: Elaborado pela autora. Render por Abner Augusto. FIGURA 53: Bicicletários do subsolo. Fonte: Elaborado pela autora. Render por Abner Augusto.


104 |CAPÍTULO 06 6.2 A PAISAGEM COMO PONTO DE PARTIDA Diante do grande potencial paisagístico que a lagoa da Parangaba nos proporciona (figura 52) e a importância que os espaços públicos têm para edificações como o museu, o ponto de partida foi a transparência*. A transparência que em um primeiro momento nos faz pensar nas grandes torres envidraçadas, mas aqui o significado é a ausência (ou quase) de barreiras para a passagem tanto de pessoas quanto de vento e luz. As possiblidades de vistas que o terreno proporciona diante da lagoa da Parangaba também foi um dos elementos norteadores do projeto. As descobertas não ficam apenas dentro do espaço museológico. O edifício não é peça central e sim parte de grande relação entre áreas livres e construídas, revelando visuais interessantes para o usuário. A partir da paisagem temos uma determinação de como será a implantação junto com a disposição topográfica do local. O terreno possui um desnível de 7 metros a partir do alto do túnel da Avenida Osório de Paiva, dando possibilidade de criação de um pavimento subsolo e a inclinação necessária para um auditório. Tendo isso, foi escolhida uma cota média (aproximadamente 4 metros a partir da beira da lagoa), onde implantada uma praça coberta que serve como hall de entrada: um vão de 30 metros e vista privilegiada da lagoa. Outra prioridade foi manter a vista de parte do centro histórico da Parangaba (também por questões de legislação abordadas anteriormente) a partir da lagoa. Para isso, a implantação foi deslocada lateralmente, deixando um percurso livre da igreja até o museu em linha reta. Esse deslocamento da implantação proporcionou um segundo espaço de convivência que, com o desnível do terreno, possibilita o desenho de uma pequena escadaria que pode ser usada como anfiteatro.


6. EUREKA MUSEU DE CIÊNCIAS DO CEARÁ|105

FIGURA 54: Homem pedalando às margens da Lagoa da parangaba Fonte: somosvos.com.br FIGURA 55: Estudo de Implantação Fonte: Elaborado pelo autor.

LAGOA

Igreja

LEGENDA Limite do centro histórico da Parangaba Implatação do edifício


106 |CAPÍTULO 06 6.3 PROGRAMA DE NECESSIDADES E PROJETO O programa de necessidades foi pensado a partir da concepção atual de museu que agregam programas além das exposições. No projeto foram incluídos o programa educacional e lazer. Para complementar, foi incluído um café e uma biblioteca, onde visa uma maior diversidade de usos e pessoas ao longo do dia. A distribuição desse programa no edifício deu-se pelo grau de amplitude de usos desses ambientes, deixando para o térreo, por exemplo, o café, auditório e a biblioteca. A biblioteca foi inserida no programa para complementar as salas de aula e fornecer livros e revistas científicas à população, além de uma sala para pequenas projeções, palestras e lançamentos de livros.

FLUXOGRAMA AMBIENTES

ACESSO

ESTACIONAMENTO SUBSOLO ADMINISTRAÇÃO

ACESSO PRAÇA

RECEPÇÃO

FOYER

EXPOSIÇÃO PERMANENTE BILHETERIA

CAFÉ LOJA AUDITÓRIO

setor educacional

setor complementar

GUARDA VOLUMES

BIBLIOTECA

OBSERVATÓRIO

SALAS DE AULA

LABORATÓRIOS

FIGURA 56: Fluxograma do programa arquitetônico. Fonte: Elaborado pelo autor.

EXPOSIÇÕES TEMPORÁRIAS SALAS MULTIUSO

setor museológico

FUNCIONÁRIOS

setor serviços

ÁREA TÉCNICA


6. EUREKA MUSEU DE CIÊNCIAS DO CEARÁ|107

TABELA 03 SUBSOLO

Estacionamento Bicicletário WC’s Oficina Técnica (Substação, gerador, etc.) Lixeira Depósito Funcionários (Vestiários, estar e refeitório) Bilheteria (apoio)

TÉRREO

Foyer Biblioteca Café Loja Exposição Permanente Guarda-Volumes Auditório Recepção/Bilheteria Apoio Recepção Banheiro Masculino Banheiro Feminino

1° ANDAR

Exposição Temporária Sala Multiuso Depósito Observatório Administração Banheiros

2° ANDAR

Exposição Temporária Sala Multiuso Salas de Aula Laboratórios Banheiros

Tabela x.x - Distribuição dos ambientes por andar (Fonte: Elaborado pelo autor)

TABELA 03: Distribuição dos ambientes por pavimento. Fonte: Elaborado pelo autor.


108 |CAPÍTULO 06 O edifício se desenvolve de maneira pavilhonar com dois anexos, um para o auditório e observatório e outro para a torre de circulação, dando margem para criação de espaços de convivência livres ao redor e distanciando a construção o máximo possível da margem da lagoa. Para quebrar agregar à forma, foram utilizados brises verticais para barrar a radiação direta, pois suas maiores fachadas estão voltadas para leste e oeste. Mais adiante será mostrado como os brises atuam na proteção solar. O foyer se dá como uma grande praça coberta onde se tem uma vista privilegiada da lagoa da Parangaba. A exposição permanente serve como boas-vindas aos visitantes e alunos. Do lado oposto encontra-se o café e a loja, onde venderiam livros, roupas e souvenires de viés científico. Primeiramente foi pensado em colocar as salas da administração no térreo, mas perderíamos um espaço que poderia ser utilizado pelo público e a possibilidade de termos uma biblioteca mais acessível aos usuários do museu. Portanto, a administração foi colocada no 1° pavimento. Para evidenciar a paisagem e preservar as peças expostas, os corredores do museu ficam mais externamente, deixando para o centro do bloco as salas de exposição e de aula. As salas de exposição não são totalmente opacas em seu revestimento para permitir a passagem de luz em boa parte do dia, diminuindo o consumo de energia. Pelas grandes dimensões do edifício e pelas normas de segurança dos bombeiros, foram dispostos em dois núcleos de circulação com escadas e elevadores. Para evitar uma grande circulação de pessoas, as salas de aula e laboratórios foram reservadas ao segundo pavimento. As salas de aula têm capacidade para 32 alunos e seu arranjo possibilita a ampliação das mesmas de forma duas a duas. O subsolo, além do estacionamento está todo o programa de apoio (subestação, depósito, etc.) do edifício.


Área do terreno - 15.598 m² Área total contruída - 12.121,15 m² Área total útil - 9.981,55 m² Índice de aproveitamento - 0,63 Taxa de ocupação - 25,22% Taxa de permeabilidade - 60,59% Vagas de carro - 61 Vagas de bicicleta - 44

6. EUREKA MUSEU DE CIÊNCIAS DO CEARÁ|109


110 |CAPÍTULO 06

FIGURA 57: Renderização. Fonte: Elaborado pela autora. Render por Abner Augusto.

FIGURA 58: Renderização. Fonte: Elaborado pela autora. Render por Abner Augusto.


6. EUREKA MUSEU DE CIÊNCIAS DO CEARÁ| 111

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112 |CAPÍTULO 06

FIGURA 59: Renderização Fonte: Elaborado pela autora. Render por Abner Augusto.

FIGURA 60: Renderização Fonte: Elaborado pela autora. Render por Abner Augusto.


6. EUREKA MUSEU DE CIÊNCIAS DO CEARÁ| 113

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saída estacionamento i=18%

2

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entrada estacionamento i=18%


114 |CAPÍTULO 06

FIGURA 61: Renderização Fonte: Elaborado pela autora. Render por Abner Augusto.


3

6. EUREKA MUSEU DE CIÊNCIAS DO CEARÁ| 115

2 4

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116 |CAPÍTULO 06

FIGURA 62: Renderização Fonte: Elaborado pela autora. Render por Abner Augusto.


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6. EUREKA MUSEU DE CIÊNCIAS DO CEARÁ| 117

2 4

1


118 |CAPÍTULO 06

FIGURA 63: Renderização Fonte: Elaborado pela autora. Render por Abner Augusto.

FIGURA 64: Renderização Fonte: Elaborado pela autora. Render por Abner Augusto.


6. EUREKA MUSEU DE CIÊNCIAS DO CEARÁ| 119

Painel Solar

i= 10% i= 10%


120 |CAPÍTULO 06

FIGURA 65: Renderização Fonte: Elaborado pela autora. Render por Abner Augusto.

FIGURA 66: Renderização Fonte: Elaborado pela autora. Render por Abner Augusto.


6. EUREKA MUSEU DE CIÊNCIAS DO CEARÁ| 121

Expo. Temporária

Laboratório

Copa

Reuniões

Sala Multiuso

Bicicletário

Sala de aula

Expo. Temporária

Exp. Permanente

Biblioteca

1

Sala Multiuso

Sala de aula

Sala de aula

Expo. Temporária

Loja

Foyer

Vest. Func.

Estacionamento

CORTE AA

Sala de aula

Sala de aula

Expo. Temporária Adm. Café

Cozinha Café

Café

Sala de aula

Sala Multiuso

Expo. Temporária

Foyer

Estacionamento

2

CORTE BB

Expo. Temporária

Laboratório

Sala Multiuso

Exp. Permanente Vest. Func.

Secretaria

Sl. Mídia

Biblioteca

Bicicletário

WC


122 |CAPÍTULO 06

FIGURA 67: Renderização Fonte: Elaborado pela autora. Render por Abner Augusto.

FIGURA 68: Renderização Fonte: Elaborado pela autora. Render por Abner Augusto.


6. EUREKA MUSEU DE CIÊNCIAS DO CEARÁ| 123

Sala de aula

Sala de aula

Expo. Temporária

Loja

Café

Estacionamento

1

Substação/Gerador

CORTE CC

Cx. D’água Barrilete

Expo. Temporária

Sala Multiuso

Auditório

Expo. Permanente

Estacionamento

2

CORTE DD


124 |CAPÍTULO 06

FIGURA 69: Renderização Fonte: Elaborado pela autora. Render por Abner Augusto.

FIGURA 70: Renderização Fonte: Elaborado pela autora. Render por Abner Augusto.


6. EUREKA MUSEU DE CIÊNCIAS DO CEARÁ| 125

1

FACHADA O1

2

FACHADA 02


126 |CAPÍTULO 06

FIGURA 71: Renderização Fonte: Elaborado pela autora. Render por Abner Augusto.

FIGURA 72: Renderização Fonte: Elaborado pela autora. Render por Abner Augusto.


6. EUREKA MUSEU DE CIÊNCIAS DO CEARÁ| 127

1

FACHADA 03

2

FACHADA 04


128 |CAPÍTULO 06

FIGURA 73: Renderização Fonte: Elaborado pela autora. Render por Abner Augusto.

FIGURA 74: Renderização Fonte: Elaborado pela autora. Render por Abner Augusto.


6. EUREKA MUSEU DE CIÊNCIAS DO CEARÁ| 129

6.4 O PROJETO PAISAGISTICO A proposta paisagística parte do princípio de que o terreno se localiza em uma área de preservação ambiental, no caso, da lagoa da Parangaba. Como foi observado anteriormente, suas margens estão bem degradadas e com a mata ciliar quase extinta. A área de intervenção foi deixa para o entorno imediato do edifício, usando espécies endêmicas e adaptadas ao clima, deixando um espaço para o crescimento natural de espécies da mata ciliar. Além disso, o paisagismo visa tornar o entorno do prédio agradável para permanência e contemplação. O desenho objetiva dar evidência aos percursos que vem a partir da Igreja de bom jesus dos aflitos, passando pelo museu até chegar nas margens da lagoa da Parangaba. Os caminhos são demarcados por piso intertravado e canteiros sinuosos (orgânicos), criando visuais e momentos interessantes para o estar e contemplação. Por conta da legislação urbana e ambiental, as margens da lagoa foram preservadas e destinadas ao reflorestamento de espécies específicas de mata ciliar. Para alcançar as margens da lagoa e ao píer obedecendo a lei ambiental foi usada somente uma trilha em terra batida. Para preencher os canteiros foram usadas preferências a espécies locais ou bem adaptadas ao meio ambiente local descritas no quadro xx e ao longo dos canteiros foram distribuídos diversos tipos de mobiliário urbano (figura 68) para facilitar e fomentar a permanência das pessoas no entorno do edifício do museu.


130 |CAPÍTULO 06

FIGURA 75: Renderização Fonte: Elaborado pelo autor. Render por Abner Augusto.

FIGURA 76: Renderização Fonte: Elaborado pelo autor. Render por Abner Augusto.


6. EUREKA MUSEU DE CIÊNCIAS DO CEARÁ| 131

FIGURA 77: Renderização Fonte: Elaborado pelo autor. Render por Abner Augusto.


132 |CAPÍTULO 06

FIGURA 78: Renderização Fonte: Elaborado pela autora. Render por Abner Augusto. FIGURA 79: Renderização Fonte: Elaborado pelo autora. Render por Abner Augusto.


6. EUREKA MUSEU DE CIÊNCIAS DO CEARÁ| 133

Carnaúba

Pau-branco

Piteira-do-caribe

Flor-de-outubro

Macaúba-barriguda

Juazeiro

Bananeira-de-jardim

Abélia

Chuva-de-ouro

Manacá-de-cheiro

Abacaxi-roxo

Pluméria

Ipê-roxo

Ave-do-paraíso


ESPÉCIES PAISAGISMO

134 |CAPÍTULO 06

Palmeiras Nome Popular: Carnaúba Nome científico: Copernicia prunifera Porte: Grande Origem: Brasil (Nordeste)

Nome Popular: Macaúba-barrigura Nome científico: Acrocomia intumescens Porte: Grande Origem: Brasil (Nordeste)

Nome popular: Pau-branco Nome científico: Auxemma oncocalyx Porte: Médio Origem: Brasil (Nordeste)

Nome popular: Ipê-Roxo Nome científico: Tabebuia impetiginosa Porte: Médio Origem: América do Sul

Nome popular: Juazeiro Espécie: Ziziphus joazeiro Porte: Grande Origem: Brasil (Nordeste)

Nome popular: Chuva-de-ouro Nome científico: Cassia ferruginea Porte: Médio Origem: Ásia

Árvores

Nome popular: Pluméria Nome científico: Plumeria alba Porte: Pequeno Origem: América Central

Arbustos Nome popular: Manacá-de-cheiro Espécie: Brunfelsia uniflora Porte: Grande Origem: Brasil

Nome popular: Flor-de-outubro Nome científico: Hatiora rosea Porte: pequeno Origem: América do sul

Nome popular: Ave-do-paraíso Nome científico: Strelitzia reginae Porte: Médio Origem: África

Nome popular: Bananeira-de-jardim Nome científico: Musa ornata Porte: Grande Origem: Ásia

Nome popular: Abélia Nome científico: Abelia x grandiflora Porte: Grande Origem: Ásia

Cactáceas Nome popular: Abacaxi-roxo Nome científico: Tradescantia spathacea Porte: Pequeno Origem: América Central

Nome popular: Piteira-do-caribe Nome científico: Agave angustifolia Porte: Médio Origem: América Central

Nome popular: Vedélia Espécie: Sphagneticola trilobata Origem: América do Sul

Nome popular: Grama-amendoim Espécie: Arachis repens Origem: América do Sul

Nome popular: Xanana Espécie: Turnera subulata Origem: Brasil (Nordeste)

Nome popular: Capuchinha Nome científico: Tropaeolum majus Origem: América do Sul

Forrações


6. EUREKA MUSEU DE CIÊNCIAS DO CEARÁ| 135 6.5 CONDICIONAMENTO AMBIENTAL E BRISES Com a implantação em paralelo do seu limite com a Avenida Osório de Paiva, o edifício ficou com as fachadas leste e oeste em maior dimensão. Ao longo do ano a insolação mais intensa está a Oeste (figura 72), de forma que a proteção solar dessas fachadas é de fundamental importância, sem perder as visuais da lagoa. A proximidade da lagoa já alivia um pouco da sensação térmica alta, típica de Fortaleza. Associando o espelho d’água à implantação de diversas espécies arbóreas (abordadas anteriormente), é possível uma amenização dessa sensação de calor. Para o desenvolvimento dos brises, foi pensado em duas maneiras de arranjá-los: por rotação e por distância. Para possibilitar o acesso adequado ao observatório, foi escolhido o arranjo por distância. Essa distância foi calculada a partir do estudo da carta solar do terreno sendo agrupados em conjuntos de brises em números primos menores que 10 (figura 72). A escolha dos agrupamentos por números primos veio da importância dos mesmos para as ciências exatas. O estudo de números primos vem desde a Grécia antiga com Euclides e sua Teoria dos números. Como foi abordado anteriormente, as salas de exposição foram colocadas no centro do prédio e para o seu fechamento, o arranjo dos painéis que compõem esse fechamento deixa uma boa passagem de luz ao longo do dia (figuras 77 e 78). Além disso, os materiais escolhidos para o projeto, como o concreto, visam uma maior inércia térmica, diminuindo as transferências de calor para o interior do edifício.


N

136 |CAPÍTULO 06

Legenda direção dos ventos sol ao longo do ano

FIGURA 80: Carta solar e direção dos ventos aplicada ao terreno. Fonte: elaborado pelo autor. FIGURA 81: Renderização. Fonte: elaborado pelo autor.


6. EUREKA MUSEU DE CIÊNCIAS DO CEARÁ| 137

FIGURA 82: Máscara solar padrão. Fonte: Ecotect Analysis

FIGURA 83: Simulação de sombras ao longo do dia de solstício de verão. Fonte: ecotect Analysis

FIGURA 84: Simulação de sombras ao longo do dia de solstício de inverno. Fonte: Ecotect analysis.

FIGURA 85: Simulação iluminância ao longo do verão Fonte: Ecotect Analysis

de

FIGURA 86: Simulação iluminância ao longo do inverno Fonte: Ecotect Analysis

de


138 |CAPÍTULO 06 6.6 SISTEMA ESTRURURAL Para garantir esse aspecto de praça, foi necessário adotar grandes vãos. O partido estrutural usado vem a partir dessa demanda. O prédio se divide em três momentos: o núcleo central, a torre de circulação e o auditório. A estrutura também acaba fazendo parte da linguagem arquitetônica quando se coloca amostra. Para o núcleo central, no nível subsolo foi usada uma estrutura em concreto convencional de pilares e vigas associado a lajes nervuradas. Para os pavimentos que viriam acima, foi utilizada a combinação de uma treliça metálica externa de 11 metros, se estendendo por todo o edifício e lajes do tipo steel deck que garantem maiores vãos entre pilares e uma maior liberdade quanto à divisão dos espaços internos, aspecto chave para o museu. O sistema de treliças é descarregado em 8 pilares de concreto de dimensões 1m x 1m (figura 80). Para o auditório foi usada laje de concreto nervurada associada a pilares e vigas também em concreto. Apesar dos grandes vãos que o ambiente necessita, eles suportam tanto a laje quanto a estrutura do observatório acima, que inclui um espelho d’água com altura de 30 centímetros e uma segunda laje de espessura menor, pois suas cargas são pontuais e pequenas (figura 79). A torre de circulação por não ter grandes dimensões, possui lajes, pilares e vigas em concreto armado. As três estruturas trabalham de maneira independente.


HES ESTRUTURAIS

S ESTRUTURAIS

6. EUREKA MUSEU DE CIÊNCIAS DO CEARÁ| 139

DETALHES ESTRUTURAIS DETALHES ESTRUTURAIS

Figura 78 Detalhe - Laje do Observatório Escala: 1/20

Figura 78 Detalhe - Laje do Observatório Escala: Figura 78 1/20 FIGURA 87: Detalhe - Laje do Observatório. Fonte: Elaborado pela autora.

78 Observatório Detalhe -Figura Laje do Figura 78 Detalhe - Laje Detalhe do Observatório Escala: 1/20 - Laje do Observatório Escala: 1/20

Escala: 1/20

FIGURA 88: Detalhe - Corte Estrutura. Fonte: Elaborado pela autora.

Figura 79 Detalhe - Corte Estrutura Escala: 1/100

Figura 79 Detalhe - Corte Estrutura Escala: 1/100

Figura 79


140 |CAPĂ?TULO 06

FIGURA 89: Estrutura 'explodida'. Fonte: Elaborado pela autora.


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7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

“Quero desejar, antes do fim, pra mim e os meus amigos, muito amor e tudo mais; que fiquem sempre jovens e tenham as mãos limpas e aprendam o delírio com coisas reais.” Belchior


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145 O contato com temas ligados a ciência e sua divulgação foi um ponto de partida e um desejo em coloca-la junto a arquitetura nesse trabalho. O museu foi uma escolha de programa quase que automática, pois ele possibilita uma maior liberdade formal e aliar outros usos. Numa cidade que cresceu rapidamente e sem preocupação com os impactos gerados por esse crescimento, está Fortaleza e a Parangaba é reflexo disso. A falta de planejamento, junto com o descaso do poder público fizeram com que o entorno da lagoa da Parangaba fosse ocupado por empreendimentos irregulares e degradada ambientalmente. Os museus hoje são equipamentos fundamentais para metrópoles como Fortaleza, tanto como opção de lazer para os habitantes e visitantes como um agente de transformação de um espaço que é a lagoa da Parangaba, importante para o bairro e para a cidade como recurso hídrico também. Este Trabalho Final de Graduação trouxe grandes desafios: trabalhar em um terreno complexo em sua implantação, legislação e topografia; o uso de uma estrutura metálica complexa, com grandes vãos e a questão da forte insolação em suas maiores fachadas. O resultado uma solução formal que tenta adequar-se ao seu entorno e que acrescentasse valor urbanístico ao entorno da lagoa da Parangaba tentando conciliar de maneira harmônica as tentativas de soluções dos desafios citados.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS LIVROS MALET, A. Divulgación y popularización científica en el sigo XVIII: entre la apología cristiana e la propaganda ilustrada. Quark, Barcelona, n. 26, p. 13-23, oct. / dic. 2002. NICOLELIS, Miguel. Made in macaíba: A história da criação de uma utopia científico-social no eximpério dos Tapuias. 1 ed. São Paulo: Planeta, 2016. 302 p. SAGAN, Carl. O mundo assombrado pelos demônios: A ciência vista como uma vela no escuro. 8 ed. São Paulo: Companhia de bolso, 2006. 509 p. MONTANER, Josep M. Museus para o Século XXI, Barcelona, Gustavo Gili, 2003, 162p. GEHL, J. Cidade para pessoas. Tradução [São Paulo]: Perspectiva, 2013 GEHL, J. & GEMZOE, L. Novos espaços urbanos. Tradução [Barcelona]: Editorial Gustavo Gili, 2000 ROGERS, R.; GUMUCHDJIAN, P.; TICKELL, C. Cidades para um pequeno planeta. Tradução [Barcelona]: Gustavo Gili, 2001 GOMES P. A condição urbana: ensaios de geopolítica da cidade. Tradução. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2002. ALEX, S. Projeto da praça. Tradução. São Paulo: Ed. Senac São Paulo, 2011.

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148 DISSERTAÇÕES E TESES MASSABKI, PAULO H. B. Centros e museus de ciência e tecnologia. 2011. 274f. Dissertação (mestrado) – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo; Universidade de São Paulo, São Paulo, 2011. GASPAR, Alberto. Museus e Centros de Ciência: Conceituação e Proposta de um Referencial Teórico. 1993. 173f. Tese (Doutorado) – Faculdade de Educação, Universidade de São Paulo, São Paulo, 1993. GIL RIBEIRO, M. O museu como lugar urbano – Ruptura ou continuidade. Dissertação. Universidade Técnica de Lisboa, 2009. LOPES, Francisco Clábio Rodrigues. A centralidade da Parangaba como produto da fragmentação de Fortaleza (CE). Dissertação (mestrado) Universidade Federal do Ceará. Orientador: José Borzacciello da Silva. Fortaleza, 2006. RUFINO, Maria B. C. Incorporação da metrópole: centralização do capital no imobiliário e nova produção de espaço em Fortaleza. Tese (doutorado) – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo; Universidade de São Paulo, São Paulo, 2012. DIÓGENES, Beatriz Helena Nogueira. Dinâmicas urbanas recentes da área metropolitana de Fortaleza. Tese (Dutorado) – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo; Universidade de São Paulo, São Paulo, 2012.


149 PUBLICAÇÕES Retratos da Fortaleza Jovem, Relatório Sintese de Gráficos. Prefeitura Municipal de Fortaleza, 2007. MASSARANI Luisa, MOREIRA Ildeu de Castro, BRITO Fátima (org.). Ciência e público: caminhos da divulgação científica no Brasil. Rio de Janeiro, Casa da Ciência/UFRJ, 2002. FABIANO JUNIOR, A. Museu: um olhar sobre o espaço público, o espaço arte, o espaço arquitetura. Revista CPC, v. 0, n. 4, p. 7, 2007. LUPO, B. Museus como fenômeno de massas: arte, arquitetura e cidade. Artigo. XVI Seminário de História da cidade e do urbanismo. FAUUSP. 2016.

SITES http://www.fortalezanobre.com.br/2010/08/ parangaba-o-mais-antigo-povoado-do.html archidaily.com.br

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