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Falar de tecnologia da informação é o mesmo que falar de trabalho de homem. A realidade é global e não é diferente no polo pernambucano. Questão que perpassa a educação, o formato trabalhista e sobretudo a construção social dos gêneros. A seguir um passeio junto às mulheres que tentam transformar esse árido preconceito Por Dulce Reis dulcereis.pe@dabr.com.br
O setor de tecnologia da informação (TI) é praticamente dominado pelos homens. O fenômeno é global e se repete no polo tecnológico de Pernambuco. Para se ter uma ideia, no Porto Digital, uma das principais instituições do setor no estado, dos 1.187 profissionais integrantes, apenas 399 são mulheres. Já no Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife (Cesar), o quadro masculino de funcionários chega a 70%. E a questão não fica apenas no mercado profissional. As mais importantes entidades de ensino pernambucanas também são um reflexo da minoria feminina. No Centro de Informática (CIn) da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), dos 1.034 estudantes matriculados nos cursos de ciência e engenharia da computação e sistemas de informação no primeiro semestre de 2013, apenas 144 são mulheres. E essa minoria feminina se repete nos cursos de TI das Universidade Católica de Pernambuco (Unicap), Universidade de Pernambuco (UPE) e Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE). No Brasil, apenas 20% dos trabalhadores da área são mulheres, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
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Comprovando a minoria feminina em TI globalmente, segundo a entidade americana The Ada Initiative, apenas 2% do quadro de profissionais em código aberto no mundo são mulheres. Ainda de acordo com a entidade de apoio às mulheres neste setor da tecnologia, 90% dos editores da Wikipedia são homens.
Uma questão de gênero Os motivos do baixo ingresso feminino neste promissor e crescente mercado de trabalho são muitos. As razões vão desde a construção social dos gêneros ainda na infância, passando pela dificuldade de desafiar os estereótipos da profissão, até as jornadas extensas, que acabam diminuindo o convívio com a família. Por isso, a assistente social e pesquisadora Veronica Ferreira, integrante do SOS Corpo – Instituto Feminista para a Democracia, chama a atenção para o setor de TI. Para a pesquisadora, a área onde tudo parece ser tão a frente do tempo, tem um outro lado desconhecido.
“Na verdade, quando olhamos mais perto, do ponto de vista da situação das mulheres, vemos uma situação muito arcaica, de um machismo ancestral, e que continua se reproduzindo. Então não é tão moderno assim”, diz.
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Veronica Ferreira, assistente social, pesquisadora e integrante do SOS Corpo Foto: Blenda Souto Maior/DP/D.A Press
Para entender o domínio masculino na quantidade de funcionários nas empresas do setor é necessário perceber que o contato com a tecnologia acontece cada vez mais cedo e as diferenças entre homens e mulheres acabam influenciando suas vidas. Segundo pesquisa da operadora Telefônica, em parceria com o jornal britânico Financial Times, a geração do milênio brasileira, formada por pessoas com idades entre 18 e 30 anos atualmente, valoriza a internet e acredita que a tecnologia capacita e iguala. No entanto, o estudo apresentado em junho passado mostra a diferença entre a visão feminina e a masculina sobre o tema. Os dados apontam que 42% dos homens entrevistados consideram que “a tecnologia teve mais influência na formação de minha visão de vida”. Já entre as mulheres submetidas ao questionário, apenas 21% se colocam na mesma posição. open in browser PRO version Are you a developer? Try out the HTML to PDF API
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submetidas ao questionário, apenas 21% se colocam na mesma posição. E justamente por conta da presença da tecnologia na vida das pessoas, a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), entidade da Organização das Nações Unidas, discutirá o assunto em sua reunião especializada sobre a mulher. O encontro acontecerá de 15 a 18 de outubro em Santo Domingo, República Dominicana. O tema será 'As mulheres na economia digital. Superando a desigualdade limiar'.
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Monique Nunes · Senac Sorocaba Amei a matéria, isso ajudou muito na minha escolha. Responder · C urtir · 23 de maio às 11:04 Nathália Ferreira · Quem mais comentou · Universidade Federal Rural de Pernambuco (Ufrpe Oficial) · 127 seguidores Pra você (como Yuri Severo) que quer insistir que não precisa de mais incentivo para mulheres na área de exatas/tecnologia, 3 bjins: Responder · C urtir ·
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2 · Editado · 27 de fevereiro às 21:43
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Ana Flavia Ferraz · Gerente de TI na empresa ABA Associação Brasil América Muito boa a matéria! Realmente sempre vejo nos encontros de gestores e cursos que participo que somos minoria e, às vezes, a única mulher na sala! Vamos mudar isto através das nossas crianças pois o estímulo a tecnologia aos meninos é realmente mais forte através de carros de controle remoto, consoles. Mesmo já vendo mais meninas com brincando com consoles de jogo. Responder · C urtir ·
5 · 2 de outubro de 2013 às 07:10
Sylvia Celene Ferraz Nunes voce está entre essas.Bj Responder · C urtir · 2 de outubro de 2013 às 08:51 Jader Monte · Recife Interessante é que como gestor de projetos já tive problemas para contratação de duas mulheres para atuar na área de desenvolvimento de software. Hoje responsável por um portal de oportunidades de vagas pra profissionais da área de tecnologia da informação para todo o Nordeste (www.tivape.com.br), começamos a identificar um número crescente de cadastros do gênero feminino, porém, muito pequeno e que poderia ser bem maior. Responder · C urtir ·
3 · 2 de outubro de 2013 às 10:12
Márcia Larangeira · Universidade Federal Fluminense Ótima reportagem. E muito pertinentes as considerações aportafas por Verônica. Valeu mesmo! Responder · C urtir ·
1 · 2 de outubro de 2013 às 04:43
Camila Lucena Lima · FACAPE Verdade mesmo, sou estudante do curso de computação e mesmo não tendo um número muito grande de mulheres quero me esforçar para ser um dos melhores exemplos. As meninas também precisam ser mais estimuladas á brincarem com eletrônicos e afins. Responder · C urtir · 7 de outubro de 2013 às 06:45
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Débora Leão ·
Quem mais comentou · Recife
Especial excelente! Pena que o caderno impresso de Informática só tem uma página e não reproduziu o conteúdo na íntegra. Responder · C urtir · 2 de outubro de 2013 às 05:20 Olivia Regina · São Paulo Excelente matéria, recomendo a leitura. Responder · C urtir · 2 de outubro de 2013 às 12:55 Eduardo Costa · Analista Web na empresa Diario de Pernambuco Ótima matéria. Parabéns!. Responder · C urtir · 2 de outubro de 2013 às 07:00 Jonysberg Peixoto Quintino · Recife Que bela matéria , parabéns aos que a fizeram !!!! Responder · C urtir · 2 de outubro de 2013 às 04:35 Ver mais 3 Plug-in social do Facebook
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Entre o azul e o rosa A estudante Caroline Fileno, 19 anos, se enquadra nesta minoria apontada pela pesquisa. Pode-se dizer que seu interesse pela área de TI foi despertado ao ser apresentada a um videogame, ainda aos 4 anos. Já aos 6, a menina ganhou seu primeiro computador. “Quando fui prestar vestibular, os cursos de jogos digitais e de ciência da computação foram minhas principais escolhas. Por eu me interessar por programação e desenvolvimento, optei pelo primeiro por conta da curiosidade em saber como aquilo, que fazia parte diária da minha vida, funcionava”, conta a jovem, que hoje cursa o segundo período na Universidade Católica de Pernambuco.
Caroline Fileno, estudante de jogos digitais. Foto: Alcione Ferreira/DP/D.A Press
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No entanto, Caroline pode ser considerada uma exceção ao ser incentivada ainda criança. Um dos pontos do pouco interesse das mulheres em ingressar na carreira de TI pode ser justificado por questões de formação.
“Na sociologia, dizemos que há uma construção social dos gêneros. Homens e mulheres são ensinados desde cedo a se adequar aos padrões do que é considerado como uma conduta e uma corporalidade masculina e feminina. Há diversos estímulos para isso, como o rosa e o azul, os brinquedos de Barbie e os carrinhos”,explica a doutora em ciências sociais Bárbara Castro, 28. As observações da socióloga são baseadas nos estudos realizados para a realização de sua tese de doutorado sobre o trabalho no setor de TI, na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). A recém-formada cientista da computação, na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Adriana Libório, 23, que já estagiou no Facebook e apenas aguarda questões burocráticas para ser efetivada como funcionária da rede social, percebe um certo pensamento que pode comprometer o envolvimento feminino no setor. “Eu vejo muitos comentários que dizem que as mulheres não estão na área por não terem facilidade com matemática e pensamento lógico. O que eu acho uma desculpa e acaba desencorajando as meninas”, conta.
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Adriana Libório, cientista da computação. Foto: Arthur de Souza/Esp.DP/D.A Press
Adriana, que também se encantou com o videogame na infância, acabou realmente sendo fisgada pela profissão a partir da ideia de fazer parte da construção de um software. “Mesmo que até então eu não soubesse nada sobre como era, me encantava. Eu pensava 'caramba, eu vou criar algo' e, desde o primeiro período, eu me divertia muito com esse processo”, diz a cientista da computação. Antes mesmo de ingressar em um curso da área, a interessada encontra uma certa resistência na própria família. “Muitos pais não vão enxergar um curso de computação como coisa de menina. Acredito que a área de exatas como um todo é bastante promissora para as mulheres”, avalia a estudante de sistemas de informação da UFPE, Karla Silva, 21, que é técnica em manutenção e suporte, formada pelo Centro de Inovação da Microsoft na Escola Técnica Estadual Professor Agamemnon Magalhães
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(MIC Etepam). No entanto, este não foi o seu caso. “Eu sempre gostei de matemática, lógica e física desde o colegial e tinha certeza que cursaria alguma coisa na área de exatas”, explica a jovem, que hoje está estudando no Canadá, por ter conquistado uma bolsa no Programa Ciência Sem Fronteira.
Karla Silva, estudante de sistemas de informação. Foto: Arquivo pessoal
Sem piadinhas, por favor Para complicar ainda mais a questão feminina, ao ingressarem nos estudos ou no mercado de trabalho, as mulheres encontram dificuldades que vão além da sua produção. As trabalhadoras e estudantes acabam precisando desafiar os estereótipos de um ambiente masculinizado. “Elas sofrerem com a postura machista de alguns pares, seja por casos de desconfiança em sua capacidade técnica por serem mulheres; seja
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porque são tomadas como lésbicas, o que não deveria ser considerado um problema em si, mas que incomoda aquelas que não querem ter sua sexualidade colocada na dimensão profissional”, enumera Bárbara. Na tentativa de combater estes preconceitos, o presidente do Instituto Campus Party, Bruno Souza, defende em suas palestras, onde a maioria do público é formado por homens, o abandono da postura machista dos profissionais. “As mulheres estão deixando a área por nossa culpa. Tem muita piadinha de mau gosto, muito desrespeito e tem o corporativismo masculino. E isso tem que acabar”, conta o especialista em cloud computing. Estas dificuldades fazem parte do cotidiano de uma cientista da computação que prefere não ter seu nome revelado. “Mulher tem fama de ser emocional demais, de não entender de coisas técnicas. Sou a única mulher do setor da empresa em que trabalho e ainda hoje não tenho visibilidade da diretoria, e isso me garante o menor salário da equipe”, conta. Para fazer com que fosse 'aceita' por seus colegas, a profissional disse até ter utilizado sua orientação sexual. “Usei minha condição de lésbica e até nos papos sobre mulher eu entrei”, revela. Os diversos problemas encontrados por esta cientista da computação e várias outras profissionais da área também foram observados no estudo realizado pela socióloga Bárbara. E estas dificuldades influenciam os cargos assumidos pelas mulheres. “Há uma concentração feminina em funções associadas às habilidades comunicativas e de gestão de pessoas, como análise de sistemas (que exige comunicação com os clientes). Já os homens, se concentram nas funções mais técnicas do setor, como a programação, que envolve cálculo e uso de lógica”, explica. Segundo o estudo da socióloga, há uma clara separação entre as funções que homens e mulheres ocupam na TI. “Aquelas que se associam a habilidades que se convencionaram chamar de femininas (comunicação, cuidado com o outro) são ocupadas majoritariamente por
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mulheres. Já aquelas atividades que se associam às habilidades que se convencionaram chamar de masculinas (lógica, cálculo) são ocupadas em sua maioria por homens”, conta.
Jornada e família, a difícil conciliação Outra questão apontada pela socióloga que leva as mulheres a retroceder ou até mesmo a interromper suas carreiras são as jornadas de trabalho extensas. “Elas acabam enfrentando problemas profissionais quando se tornam mães. A maioria (dos profissionais) afirma que a carreira não foi feita para mulheres”, afirma Bárbara. A mestre em ciência da computação Virgínia Chalegre, que atua como engenheira de teste, entende bem a situação. “Não consideraria a situação como constrangedora, mas percebi a expressão de surpresa de alguns homens, quando me viram entrar numa reunião de negócios, com oito meses de gravidez. Como se não fosse possível uma mulher grávida tratar de assuntos técnicos da área de tecnologia da informação”, revela.
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Virgínia Chalegre, mestre em ciência da computação. Foto: Arthur de Souza/Esp.DP/D.A Press
Outro ponto que pode comprometer os estudos e o trabalho das mulheres são os horários de suas atividades. A área de TI é conhecida pela realização de maratonas de programação, por exemplo. Nestas atividades, os participantes chegam a virar noites estudando problemas e desenvolvendo soluções. E isto não se restringe aos tempos na universidade. “A condição feminina não é empecilho ou barreira. Se tem que virar a noite ou viajar, a gente vira e viaja. Não tem essa de que a mãe não deixa ou o namorado não gosta”, explica a cientista da computação Laís Xavier, que hoje é diretora de negócios da Mídias Educativas, empresa graduada há cinco anos no processo de incubação do Porto Digital.
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Laís Xavier, diretora de negócios da Mídias Educativas. Foto: Annaclarice Almeida/DP/D.A Press
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Monique Nunes · Senac Sorocaba Amei a matéria, isso ajudou muito na minha escolha. Responder · C urtir · 23 de maio às 11:04 Nathália Ferreira · Quem mais comentou · Universidade Federal Rural de Pernambuco (Ufrpe Oficial) · 127 seguidores Pra você (como Yuri Severo) que quer insistir que não precisa de mais incentivo para mulheres na área de exatas/tecnologia, 3 bjins: Responder · C urtir ·
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2 · Editado · 27 de fevereiro às 21:43
Ana Flavia Ferraz · Gerente de TI na empresa ABA Are you a developer? Try out the HTML to PDF API
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Ana Flavia Ferraz · Gerente de TI na empresa ABA Associação Brasil América Muito boa a matéria! Realmente sempre vejo nos encontros de gestores e cursos que participo que somos minoria e, às vezes, a única mulher na sala! Vamos mudar isto através das nossas crianças pois o estímulo a tecnologia aos meninos é realmente mais forte através de carros de controle remoto, consoles. Mesmo já vendo mais meninas com brincando com consoles de jogo. Responder · C urtir ·
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Sylvia Celene Ferraz Nunes voce está entre essas.Bj Responder · C urtir · 2 de outubro de 2013 às 08:51 Jader Monte · Recife Interessante é que como gestor de projetos já tive problemas para contratação de duas mulheres para atuar na área de desenvolvimento de software. Hoje responsável por um portal de oportunidades de vagas pra profissionais da área de tecnologia da informação para todo o Nordeste (www.tivape.com.br), começamos a identificar um número crescente de cadastros do gênero feminino, porém, muito pequeno e que poderia ser bem maior. Responder · C urtir ·
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Márcia Larangeira · Universidade Federal Fluminense Ótima reportagem. E muito pertinentes as considerações aportafas por Verônica. Valeu mesmo! Responder · C urtir ·
1 · 2 de outubro de 2013 às 04:43
Camila Lucena Lima · FACAPE Verdade mesmo, sou estudante do curso de computação e mesmo não tendo um número muito grande de mulheres quero me esforçar para ser um dos melhores exemplos. As meninas também precisam ser mais estimuladas á brincarem com eletrônicos e afins. Responder · C urtir · 7 de outubro de 2013 às 06:45
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Especial excelente! Pena que o caderno impresso de Informática só tem uma página e não reproduziu o conteúdo na íntegra. Responder · C urtir · 2 de outubro de 2013 às 05:20 Olivia Regina · São Paulo Excelente matéria, recomendo a leitura. Responder · C urtir · 2 de outubro de 2013 às 12:55 Eduardo Costa · Analista Web na empresa Diario de Pernambuco Ótima matéria. Parabéns!. Responder · C urtir · 2 de outubro de 2013 às 07:00 Jonysberg Peixoto Quintino · Recife Que bela matéria , parabéns aos que a fizeram !!!! Responder · C urtir · 2 de outubro de 2013 às 04:35 Ver mais 3 Plug-in social do Facebook
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Todas as dificuldades enfrentadas pelas profissionais na área de TI podem acabar desencorajando meninas, adolescentes e mulheres. Para melhorar a situação e aumentar a presença feminina no setor futuramente, pode-se adotar várias ações. As principais sugestões de especialistas, professores e gestores da área são relacionadas à educação. Desde as menores idades, até mesmo quando já se ingressou no ensino superior. Para a socióloga Bárbara Castro, a questão vai além do estímulo em si para as matérias escolares que possam despertar o interesse das crianças na área de TI. “Eu acredito que a mudança tem que começar já nos currículos escolares, com igual estímulo a meninas e meninos por todas as disciplinas, com exemplos e exercícios que sejam neutros para o gênero”, diz.
Bárbara Castro, doutora em ciências sociais. Foto: Laura Schichvarger/Divulgação
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Além disso, para Bárbara, não apenas a escola e a família têm papel fundamental na construção dos gêneros na infância. Para a socióloga, as indústrias de brinquedos e materiais escolares também desempenham a importante função de esclarecer às crianças que suas escolhas de vida não devem ser predeterminadas pelo sexo.
“Eu cresci de uma forma onde computadores e videogames eram coisa de meninos, enquanto bonecas e maquiagem eram pra meninas”, explica a estudante de jogos digitais Caroline Fileno. Quando as meninas chegam à adolescência, para a professora da UFPE Carina Alves, PhD em ciência da computação, é necessário apresentar as carreiras associadas à TI. “Informática é uma área multidisciplinar e possibilita a realização de diversas atividades, desde entrevistas com clientes, desenvolvimento de código, condução de testes de software. É importante mostrar os benefícios e oportunidades no mercado”, explica. Além disso, a docente e cientista da computação também acredita que é preciso que estas jovens possam se inspirar em mulheres bem sucedidas no setor.
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Carina Alves, PhD em ciência da computação. Foto: Arthur de Souza/Esp.DP/D.A Press
Para a cientista da computação recém-graduada Adriana Libório, o estímulo também deve ser feito para desmistificar a profissão. “No ensino médio, é onde eu acho que há a maior lacuna. Você não sabe as tantas áreas que existem em informática, acha apenas que tem homens programando e não se tem vida. Acho que devia ser mais divulgado o trabalho de criar coisas novas e aprender a ciência por trás de muita coisa que usamos corriqueiramente, como celular, computador, chip, planejamento de transito”, explica.
Por uma inovação mais humanizada O superintendente do Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife (Cesar), Sérgio Cavalcanti, também aposta numa estratégia
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esclarecedora para fazer com que as jovens ingressem nos cursos de TI e se interessem nas vagas de emprego na área. “Devemos mostrar um lado mais humano. Quando se ouve 'inovação' parece ser algo muito frio. É preciso apresentar às pessoas que os profissionais vão trabalhar na melhoria da qualidade de vida de muita gente”, conta. Outra questão abordada por vários profissionais de TI é que na indústria de desenvolvimento de softwares, área forte em Pernambuco, existe a necessidade de diversificar os grupos de trabalho. “Programadores trabalham em times. Se eles são heterogêneos, são mais inteligentes. Por isso é muito importante ter mulheres nestas equipes”, diz o presidente do Instituto Campus Party, Bruno Souza.
Bruno Souza, presidente do Instituto Campus Party. Foto: Paulo Paiva/DP/D.A Press
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Mesmo acreditando que a heterogeneidade dos times extrapola a questão do gênero, o diretor de inovação e competitividade empresarial do Porto Digital, Guilherme Calheiros, reforça a necessidade da mão de obra feminina. “Equipes formadas por homens e mulheres têm diferentes formas de enxergar um problema. Pensamentos conflitantes passam a agregar mais informações, experiências e conteúdos. E isso facilita o time a chegar nas soluções e a conseguir resultados mais ricos”, explica. Justamente por esta questão da diversidade dos times desenvolvedores, para Cavalcanti, é importante mostrar às jovens que o setor de TI absorve profissionais de diferentes graduações. “No Cesar, temos designers, músicos, artistas, antropólogos. Assim, conseguimos soluções mais ricas”, explica. Desta forma, um estudante não precisa concluir um curso específico da área de TI, como ciência da computação ou sistemas de informação, para atuar na área. Basta ter interesse em tecnologia e desenvolvê-lo. Agora, para Calheiros, um dos principais estímulos para as mulheres ingressarem na área de TI é que este profissional só fica desempregado se quiser. “Há vagas no Porto Digital, em várias empresas no Recife e no país inteiro. Se a mulher tem interesse nas áreas de matemática e lógica, é preparada, capacitada, tem tudo para se dar bem no mercado de trabalho”, diz. Mesmo encontrando tantos problemas enfrentados pelas mulheres na área de TI, a socióloga acredita que a situação vai melhorar. “Penso que essa nova geração, que está crescendo plugada ,já está desnaturalizando a associação histórica entre homens e tecnologia. Essa transformação de longo prazo também ajuda as mulheres a se interessarem pelo setor e a ingressarem nas carreiras com menor nível de preconceito”, conta Bárbara.
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5 · 2 de outubro de 2013 às 07:10
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Fazer com que as jovens desenvolvam seu interesse pela tecnologia da informação é o principal objetivo do programa Meninas Digitais, realizado pela Sociedade Brasileira de Computação (SBC). Já a organização sem fins lucrativos Mulheres na Tecnologia (MNT) tem como uma de suas propostas promover a inclusão feminina no mercado de trabalho. As iniciativas nacionais servem como modelo para solucionar os problemas enfrentados por estudantes e profissionais no setor de TI. O Meninas Digitais foi criado durante do Congresso da Sociedade Brasileira de Computação (CSBC), na edição de 2010, realizado em Belo Horizonte. O programa é resultante do fórum Women in Information Technology (WIT), que tem como proposta discutir os assuntos relacionados a questões de gênero e a tecnologia de informação (TI) no Brasil. Coordenado pelo professor da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) Cristiano Maciel, o programa Meninas Digitais vem realizando mesas redondas, reuniões e estabelecendo parcerias para aumentar a inserção de mulheres na área de TI.
“É necessário fazermos um trabalho antes das jovens decidirem pela carreira, pois percebemos que muitas têm intenção de ingressar na área de exatas, mas desconhecem cursos como, por exemplo, da computação. E as mulheres são fundamentais também nestas áreas”, explica. Desta forma, em três anos de atividades, o programa direcionado a alunas do ensino médio e tecnológico tem atuado para que as jovens conheçam melhor a área de TI de forma a motivá-las a seguir carreira. “Sabe-se que muito da escolha profissional vem da influência dos pais e da escola. Temos fatores culturais que são difíceis de serem trabalhados a médio prazo, como a supervalorização por algumas áreas e o
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esquecimento de outras”, diz Maciel. Para que o Meninas Digitais atinja mais jovens, a iniciativa conta com multiplicadores. Estas pessoas discutem projetos relacionados ao tema em suas instituições e estabelecem parcerias de forma a disseminar as ideias no território nacional. “São iniciativas que podem surtir efeito a médio e longo prazo, permitindo que mais meninas conheçam e optem pelas áreas de informática”, conta o professor.
Cristiano Maciel, professor da Universidade Federal de Mato Grosso e coordenador do programa Meninas Digitaiso. Foto: Arquivo pessoal
Já a organização sem fins lucrativos Mulheres na Tecnologia atua principalmente com as profissionais do setor. O grupo foi criado há quatro anos e meio pelas amigas Andressa Martins, Narrira Lemos e Luciana Silva, todas profissionais da área. A ideia surgiu durante um
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bate-papo onde o trio começou a questionar a pouca existência de mulheres nos eventos de TI. As amigas estabeleceram como objetivos do MNT promover a troca de experiências entre os membros que trabalham, querem trabalhar ou são formados na área; buscar a igualdade de tratamento pelo mercado de trabalho, entre homens e mulheres; capacitar e disseminar a tecnologia da informação entre as mulheres; promover a inclusão das mulheres na área; e colaborar no desenvolvimento da sociedade na atuação das mulheres na tecnologia. Para estes objetivos serem colocados em prática, o MNT cria e divulga oportunidades onde as mulheres possam conhecer mais sobre TI. “Em geral chamamos para integrar o grupo mulheres que esteja entrando na área ou que já estejam nela. Também convidamos familiares e pessoas que simpatizem com o setor de tecnologia da informação”, explica a programadora Andressa. Segundo a integrante do MNT, o grupo ainda oferece palestras, workshops online, bate-papos informais, divulgação de eventos e de artigos técnicos. “Márcia Santos Almeida, uma das conselheiras do grupo, é um exemplo. Ela era recém formada quando conheceu o MNT e não estava trabalhando na área. Com o engajamento nas atividades do grupo e o com networking, foi motivada a buscar melhorias e conseguiu uma boa oportunidade profissional”, exemplifica Andressa. Para a socióloga Bárbara Castro, iniciativas como o Mulheres na Tecnologia devem ser replicadas. “Estas ações são fundamentais para criar canais de diálogo e mostrar que as mulheres têm espaço no setor e podem, sim, disputar vagas com outros profissionais em condições de igualdade”, diz.
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Monique Nunes · Senac Sorocaba Amei a matéria, isso ajudou muito na minha escolha. Responder · C urtir · 23 de maio às 11:04 Nathália Ferreira · Quem mais comentou · Universidade Federal Rural de Pernambuco (Ufrpe Oficial) · 127 seguidores Pra você (como Yuri Severo) que quer insistir que não precisa de mais incentivo para mulheres na área de exatas/tecnologia, 3 bjins: Responder · C urtir ·
2 · Editado · 27 de fevereiro às 21:43
Ana Flavia Ferraz · Gerente de TI na empresa ABA Associação Brasil América Muito boa a matéria! Realmente sempre vejo nos encontros de gestores e cursos que participo que somos minoria e, às vezes, a única mulher na sala! Vamos mudar isto através das nossas crianças pois o estímulo a tecnologia aos meninos é realmente mais forte através de carros de controle remoto, consoles. Mesmo já vendo mais meninas com brincando com consoles de jogo.
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5 · 2 de outubro de 2013 às 07:10
Sylvia Celene Ferraz Nunes voce está entre essas.Bj Responder · C urtir · 2 de outubro de 2013 às 08:51 Jader Monte · Recife Interessante é que como gestor de projetos já tive problemas para contratação de duas mulheres para atuar na área de desenvolvimento de software. Hoje responsável por um portal de oportunidades de vagas pra profissionais da área de tecnologia da informação para todo o Nordeste (www.tivape.com.br), começamos a identificar um número crescente de cadastros do gênero feminino, porém, muito pequeno e que poderia ser bem maior. Responder · C urtir ·
3 · 2 de outubro de 2013 às 10:12
Márcia Larangeira · Universidade Federal Fluminense Ótima reportagem. E muito pertinentes as considerações aportafas por Verônica. Valeu mesmo! Responder · C urtir ·
1 · 2 de outubro de 2013 às 04:43
Camila Lucena Lima · FACAPE Verdade mesmo, sou estudante do curso de computação e mesmo não tendo um número muito grande de mulheres quero me esforçar para ser um dos melhores exemplos. As meninas também precisam ser mais estimuladas á brincarem com eletrônicos e afins. Responder · C urtir · 7 de outubro de 2013 às 06:45 Débora Leão ·
Quem mais comentou · Recife
Especial excelente! Pena que o caderno impresso de Informática só tem uma página e não reproduziu o conteúdo na íntegra. Responder · C urtir · 2 de outubro de 2013 às 05:20 Olivia Regina · São Paulo Excelente matéria, recomendo a leitura.
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Responder · C urtir · 2 de outubro de 2013 às 12:55 Eduardo Costa · Analista Web na empresa Diario de Pernambuco Ótima matéria. Parabéns!. Responder · C urtir · 2 de outubro de 2013 às 07:00 Jonysberg Peixoto Quintino · Recife Que bela matéria , parabéns aos que a fizeram !!!! Responder · C urtir · 2 de outubro de 2013 às 04:35 Ver mais 3 Plug-in social do Facebook
UNIVERSO (QUASE) MASCULINO
MINORIA POR QUÊ?
O DESAFIO DO CURRÍCULO ESCOLAR
QUESTÃO DE INCLUSÃO
ENTREVISTA
EXPEDIENTE Diretora de redação: Vera Ogando Edição: Lúcia Guimarães | Texto e produção: Dulce Reis C oordenação de fotografia: Heitor C unha Fotografias: Alcione Ferreira, Annaclarice Almeida, Arthur de Souza, Blenda Souto Maior, Paulo Paiva Editora de Multimídia: Jaíne C intra | Design e desenvolvimento: Taís Nascimento
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Muitos problemas enfrentados pelas mulheres no mercado de trabalho de tecnologia da informação (TI) também são comuns a outras profissionais empregadas em ambientes masculinizados. As dificuldades e desigualdades encontradas e enfrentadas pelas mulheres nestes locais são alvo de estudo da assistente social e pesquisadora Veronica Ferreira, integrante do SOS Corpo - Instituto Feminista para a Democracia. Ela é uma das autoras do livro Nosso trabalho sustenta o mundo.
Veronica Ferreira, assistente social, pesquisadora e integrante do SOS Corpo Foto: Blenda Souto Maior/DP/D.A Press
Nesta entrevista, a pesquisadora analisa algumas questões envolvendo o trabalho feminino. Entre os temas da conversa, Veronica explica de onde vem o preconceito e como ele pode ser enfrentado.
A pesquisa da socióloga Bárbara Castro revelou que entre os open in browser PRO version
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principais problemas enfrentados pelas mulheres no mercado de trabalho na área de TI está a construção social dos gêneros na infância. Como esta dificuldade influencia a entrada das mulheres no mercado de trabalho? Veronica Ferreira: Na nossa leitura, utilizamos um conceito da teoria feminista, que é o da divisão sexual do trabalho. Esse princípio estrutura as principais desigualdades entre homens e mulheres no mercado de trabalho. Essa divisão estabelece que há trabalho de homem e de mulher, e isso tem a ver com essa ideia da construção social. Ainda hoje prevalece uma segregação ocupacional baseada em que as profissões mais relacionadas à tecnologia, às engenharias, à área de exatas são postos de trabalhos mais adequados aos homens, porque, supostamente, eles teriam mais capacidade racional. Quer dizer, há toda uma construção social do que seria capacidade de homens e mulheres que vem de muitos séculos e que ainda persiste hoje, tanto no senso comum, como na própria estruturação do mercado de trabalho, como nas instituições de ensino. Então as mulheres que escolhem estes cursos (da área de exatas) enfrentam muitas barreiras. Muitas vezes elas são desencorajadas porque estão procurando tarefas 'menos coerentes com sua condição feminina'. Por outro lado, aquelas ocupações que seriam, portanto, segundo essa divisão sexual do trabalho, femininas são aquelas consideradas extensões do trabalho doméstico. Essa segregação vai se colocando como obstáculo mesmo quando a mulher passa pelo curso, ao ser direcionada para uma área que está mais ligada ao relacionamento com os clientes, do que para a área de desenvolvimento de software, por exemplo. Essa divisão é muito estruturante e vai definindo os caminhos das mulheres no mundo do trabalho. E essa segregação, por si só, já é desigual, porque cria barreiras. Então as mulheres que querem se dedicar a projetos nestas
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áreas têm que enfrentar duras penas.
Outro problema apontado na pesquisa é o de que as mulheres enfrentam dificuldades por conta das jornadas extensas enfrentadas pelos funcionários na área de TI. Como isso desencoraja as mulheres a seguir a carreira? Veronica Ferreira: Outra barreira importantíssima enfrentada pelas mulheres no mercado do trabalho é o fato de que ela é a principal responsável pelo cuidado não remunerado dentro de casa, na família. Essa questão das jornadas extensas, as viagens, o modo como o ritmo dessa área se faz está baseado numa experiência masculina. Eles são liberados das tarefas de cuidar dos filhos, da casa, de responsabilidades familiares. Então eles têm o tempo muito mais livre para se dedicar às suas profissões. As mulheres, em geral, são sobrecarregadas com outra jornada não remunerada invisibilizada que elas carregam consigo quando vão para o mundo do trabalho. Se as mulheres tiverem filhos ou engravidam, elas são muitas vezes discriminadas e, as vezes, impedidas de realizarem seus projetos. Isso porque a estrutura masculina, e ocupada majoritariamente por homens, não leva em consideração esta outra jornada de trabalho que a maioria das trabalhadoras têm. Desta forma, essa articulação entre vida profissional e familiar é algo faz com que a experiência feminina no mundo do trabalho seja completamente diferente da masculina. A forma como o mundo do trabalho está organizado é como se não existisse a reprodução da vida. Quem reproduz a vida? As mulheres. Em algum momento da vida delas isso tem que acontecer. Mas ainda há muito preconceito, muita discriminação. É como se uma mulher grávida não pudesse estar num ambiente de trabalho, profissional, realizar suas atividades. É algo muito conservador e muito, muito presente. Quando os filhos são pequenos, as mulheres passam por muitos open in browser PRO version Are you a developer? Try out the HTML to PDF API
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Quando os filhos são pequenos, as mulheres passam por muitos constrangimentos. A cada vez que o filho adoece é como se fosse um problema dela como profissional e não uma questão de demanda que existe da vida cotidiana. Alguém precisa cuidar das crianças. Os homens não cuidam e isso é uma injustiça. Sobra para as mulheres, e elas são penalizadas e discriminadas no mercado de trabalho quando precisam se afastar para cuidar das crianças. A gente tem uma sociedade que valoriza muito mais a produção do copo descartável do que a reprodução da vida. As mulheres sustentam a reprodução e a sustentabilidade da vida e são penalizadas por isso. É o modo como o mundo machista e patriarcal está organizado e que atua o tempo todo contra as mulheres. Além de dividir em trabalhos de homens e de mulher, a segregação tem outro princípio, que é o de desvalor ao estabelecer que os trabalhos masculinos valem mais do que os femininos. Por isso a gente vê as mulheres enfrentando outro problema, que é a desigualdade salarial. As ocupações que são majoritariamente femininas têm salários mais baixos do que as profissões que são majoritariamente masculinas. Mas mesmo, muitas vezes, quando as mulheres estão no desempenho de funções similares, elas também recebem menos. E isso tem a ver com outro princípio, o da cultura patriarcal que diz que as tarefas realizadas por mulheres são quase que dons e atributos naturais. Assim, elas não se qualificaram para isso. Portanto, por essa lógica, elas não precisam ser remuneradas.
O terceiro ponto levantado pelo estudo é o desafio de enfrentar os estereótipos da profissão da área de TI. Por que as mulheres sofrem preconceito ao ingressar em um mercado de trabalho masculinizado? Como mudar este quadro? Veronica Ferreira: Isso tem a ver com os espaços majoritariamente
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masculinos serem tomados pelos homens como deles. Quem chega ali não altera aquela estrutura. Ou se adequa ou se submete. E as discriminações enfrentadas pelas mulheres, muitas vezes mais violentas e explícitas como o assédio moral, são disfarçadas. Uma das formas recorrentemente denunciada pelas mulheres são as piadinhas de conteúdo sexual, que muitas vezes constrangem. Essas piadas são as permanentes tentativas de reduzir as mulheres a um corpo ou a um rosto bonito. Quando a mulher é ressaltada o tempo todo por sua beleza e isso, muitas vezes, é uma forma de não ressaltar ou de não considerar a sua capacidade e sua competência profissional. E isso é uma forma que, por meio do machismo, os homens mantêm aqueles espaços de trabalho como redutos seus. Eles fazem com que as mulheres se sintam constrangidas e desencorajadas. E isso acaba fazendo com que, muitas vezes, elas até queiram mudar de emprego. E isso é uma forma muito perversa e sutil de como o machismo se reproduz. É preciso que a entrada das mulheres transforme as estruturas. Não dá para pensar numa mudança sem pensar na mudança nas práticas machistas. O importante é transformar e dizer que 'você não pode contar esta piada porque eu estou constrangida', 'não posso trabalhar neste horário porque eu tenho filho pequeno'. É preciso também ter o apoio das empresas para incidir, porque são situações de violação de direitos, de discriminação e injustiça. Então as empresas precisam atuar para enfrentar estes problemas. Além disso, as políticas públicas precisam reconhecer e enfrentar essas questões. Há avanços nesse reconhecimento a ponto de termos o programa Pró-Equidade de Gênero e Raça, da Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República. É interessante que as empresas conheçam essa iniciativa para que possam aderir e se integrar.
O que pais, mães, familiares, educadores podem fazer para incentivar as meninas que demonstram aptidão para a área de tecnologia? Como não dar continuidade ao preconceito? open in browser PRO version
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Veronica Ferreira: Desde a infância, o desafio colocado para pais, mães, educadores é o de não reproduzir uma educação sexista. Eu acho que deve-se permitir que meninos e meninas brinquem de várias formas. Deve-se romper, já nas brincadeiras, com essa separação. É muito importante deixar os meninos brincar de cuidar das bonecas, porque é assim que as meninas são socializadas desde criança. E que as meninas brinquem em espaços públicos, possam correr e brincar com carrinhos. E isso também nas escolas, que ainda também têm uma educação profundamente sexista, que reproduz esses mesmos estereótipos. É importante que na educação infantil, nos ensinos fundamental e médio, sobretudo, seja reconhecida a existência dessa segregação. A educação precisa assumir o seu papel no enfrentamento dessa divisão e possa realmente encorajar mais. Isso quer dizer, garantir que as escolhas não sejam tolhidas pelo preconceito de gênero, pela divisão sexual do trabalho. Que realmente meninos e meninas possam fazer as escolhas profissionais que lhe despertarem e que forem seu desejo. Acho que há uma necessidade de políticas públicas. É preciso que o Ministério da Educação realize campanhas para promover uma maior inserção das mulheres nessas áreas (de exatas). Essa mudança nas políticas no campo da formação são fundamentais, porque, muitas vezes, temos no mercado de trabalho essa participação minoritária, pois o ingresso das mulheres foi menor já na formação universitária. Então é preciso ter uma incidência desde a educação fundamental, no ensino médio e nas universidades para que essa segregação ocupacional seja enfrentada.
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Monique Nunes · Senac Sorocaba
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Amei a matéria, isso ajudou muito na minha escolha. Responder · C urtir · 23 de maio às 11:04 Nathália Ferreira · Quem mais comentou · Universidade Federal Rural de Pernambuco (Ufrpe Oficial) · 127 seguidores Pra você (como Yuri Severo) que quer insistir que não precisa de mais incentivo para mulheres na área de exatas/tecnologia, 3 bjins: Responder · C urtir ·
2 · Editado · 27 de fevereiro às 21:43
Ana Flavia Ferraz · Gerente de TI na empresa ABA Associação Brasil América Muito boa a matéria! Realmente sempre vejo nos encontros de gestores e cursos que participo que somos minoria e, às vezes, a única mulher na sala! Vamos mudar isto através das nossas crianças pois o estímulo a tecnologia aos meninos é realmente mais forte através de carros de controle remoto, consoles. Mesmo já vendo mais meninas com brincando com consoles de jogo. Responder · C urtir ·
5 · 2 de outubro de 2013 às 07:10
Sylvia Celene Ferraz Nunes voce está entre essas.Bj Responder · C urtir · 2 de outubro de 2013 às 08:51 Jader Monte · Recife Interessante é que como gestor de projetos já tive problemas para contratação de duas mulheres para atuar na área de desenvolvimento de software. Hoje responsável por um portal de oportunidades de vagas pra profissionais da área de tecnologia da informação para todo o Nordeste (www.tivape.com.br), começamos a identificar um número crescente de cadastros do gênero feminino, porém, muito pequeno e que poderia ser bem maior. Responder · C urtir ·
3 · 2 de outubro de 2013 às 10:12
Márcia Larangeira · Universidade Federal Fluminense
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Ótima reportagem. E muito pertinentes as considerações aportafas por Verônica. Valeu mesmo! Responder · C urtir ·
1 · 2 de outubro de 2013 às 04:43
Camila Lucena Lima · FACAPE Verdade mesmo, sou estudante do curso de computação e mesmo não tendo um número muito grande de mulheres quero me esforçar para ser um dos melhores exemplos. As meninas também precisam ser mais estimuladas á brincarem com eletrônicos e afins. Responder · C urtir · 7 de outubro de 2013 às 06:45 Débora Leão ·
Quem mais comentou · Recife
Especial excelente! Pena que o caderno impresso de Informática só tem uma página e não reproduziu o conteúdo na íntegra. Responder · C urtir · 2 de outubro de 2013 às 05:20 Olivia Regina · São Paulo Excelente matéria, recomendo a leitura. Responder · C urtir · 2 de outubro de 2013 às 12:55 Eduardo Costa · Analista Web na empresa Diario de Pernambuco Ótima matéria. Parabéns!. Responder · C urtir · 2 de outubro de 2013 às 07:00 Jonysberg Peixoto Quintino · Recife Que bela matéria , parabéns aos que a fizeram !!!! Responder · C urtir · 2 de outubro de 2013 às 04:35 Ver mais 3 Plug-in social do Facebook
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