Jornal da Arquidiocese de Florianópolis Dezembro de 2013

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Florianópolis, Dezembro de 2013 Nº 196 - Ano XVII

Peregrinações encerram Ano da Fé Irmã Neves

As paróquias mobilizaram os fiéis para participar das solenidades alusivas ao encerramento do Ano da Fé em quatro santuários da Arquidiocese Um público além da expectativa foi como avaliaram os representantes dos quatro santuários da Arquidiocese que receberam os peregrinos no encerramento do Ano da Fé.

Santuário Nossa Senhora de Azambuja, em Brusque, Santa Paulina, em Nova Trento, N.Sra. do Desterro, em Florianópolis, e N.Sra. da Imaculada Conceição, em Angelina, todos já acostuma-

dos a receber os peregrinos, realizaram programação especial e ficaram satisfeitos com a resposta recebida das paróquias. PÁGINAS 09

Uma bela vida marcada pela dedicação total ao Evangelho junto aos pobres. Falecida no dia 02 de novembro, aos 89 anos de idade, foi fundadora da Associação João Paulo II, que atende mais de 2,6 mil pessoas da Comunidade da Praia, em Palhoça. PÁGINA 15

Wellington é o segundo padre ordenado em 2013 PÁGINA 03

Projeto “Jesus no Litoral” se concentrará em Itapema PÁGINA 07

Justiça Restaurativa atende necessidades da vítima PÁGINA 12

Catequese abre inscrições para o norte da Arquidiocese PÁGINA 13

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No encerramento do Ano da Fé, os fiéis da Arquidiocese peregrinaram para quatro dos nossos santuários, um deles, o da Imaculada Conceição, em Angelina, que aqui vemos repleto

Natal em Família No seu Natal, Jesus santificou sua família e todas as nossas famílias. Vindo da família divina para uma família humana, nos ensinou o que é ser família. Somente quem experimentava a beleza da eterna família divina podia dar-nos o significado da família humana. Retomando o Documento de Puebla (de 1979), assim se expressa o Documento de Aparecida (de 2007): “Cremos que ‘a família é imagem de Deus que, em seu mistério mais íntimo não é solidão, mas família’ (DP 582). Na comunhão de amor das três Pessoas divinas, nossas famílias têm sua origem, seu modelo perfeito, sua motivação mais bela e seu último destino (DAp 434). Como a Igreja vem da Trindade, vive na Trindade e vai para a Trindade, também a família, pequena Igreja, Igreja doméstica, tem sua origem, seu sentido e seu destino em DeusTrindade, na comunhão trinitária da família divina. PÁGINA 04

Comissão oferece atendimento às famílias Realizado na Catedral desde setembro, serviço busca ajudar nos vários problemas que dificultem o equilíbrio familiar. O serviço é realizado por 20 casais que atendem de segunda a quinta-feira, das 9h às 20h, sem intervalo para o almoço. Além da experiência pessoal e pastoral, os casais passaram por um curso de formação de quatro meses, preparando-se para o trabalho.

“Mais que ouvir um conselho, muitas vezes eles querem falar dos seus problemas e estamos aqui para ser esse ombro amigo e acolhedor”, disse Ademir da Rosa, que, com sua esposa Adélia, realiza o serviço voluntariamente. PÁGINA 16

Casal alia experiência de vida e formação para realizar os atendimentos

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Opinião

Dezembro 2013

Palavra do Bispo

Dom Wilson Tadeu Jönck

Jornal da Arquidiocese

Arcebispo de Florianópolis

Sínodo dos bispos sobre a Família “Os desafios pastorais sobre a família no contexto da evangelização”: este é o tema do Sínodo dos bispos, convocado pelo Papa Francisco. A novidade é que o Sínodo se dará em dois tempos. A primeira parte será em outubro de 2014, e a segunda em outubro de 2015. O Papa Francisco deseja que as comunidades do mundo todo participem, enviando suas reflexões. O Papa tem a mesma sensação que é colhida em toda parte: a família não pode continuar como está. É preciso uma análise profunda da realidade e buscar caminhos para que a família, em nosso tempo, possa desempenhar o seu papel fundamental na formação das pessoas e da sociedade. O documento preparatório reúne vários problemas que afetam a estrutura familiar. As dificuldades vão desde a compreensão do que seja o sacramento do matrimônio, até as propostas de leis que relativizam a

indissolubilidade e a fidelidade do casamento. Para muitos, a união entre homem e mulher dispensa qualquer formalidade legal. Porém, em muitos ambientes se sustentam ideologias que contrariam aquilo que a Igreja sempre ensinou. As diferenças também aparecem no tema: geração e educação dos filhos. Outro ponto de divergência são as uniões de pessoas do mesmo sexo que são equiparadas ao casamento. Outro complicador são as adoções de crianças por estes pares. Há uma evidente crise social e espiritual que atinge o casamento e a família. Os valores apresentados pela cultura atual, muitas vezes se opõem aos ensinamentos da Igreja. Entre outras consequências, têm afetado a capacidade de relacionar-se, de decidir e de orientar-se. A crise pode gerar desânimo ou confusão, ou pode acender a chama que levará a buscar respostas novas para os desafios do homem e da mulher do

Palavra do Papa

Francisco

nosso tempo. Não se fará um bom trabalho pastoral em prol da família sem levar em conta todas as realidades que influenciam a compreensão e a vivência da vida em família. Uma das tendências da pessoa, quando é confrontada com situações problemáticas, é querer logo apontar o que é certo ou errado. Esse tipo de resposta não contribuirá muito com a reflexão do tema. O Papa Francisco tem falado muitas vezes em misericórdia e verdade. Isto quer dizer que reconhecemos que há problemas na família, mas a Igreja quer acolher a todas as pessoas envolvidas e juntos buscar a verdade que liberta. O Papa lança 38 perguntas, distribuídas em oito diferentes áreas, a saber: a) O conhecimento que se tem do ensinamento da Sagrada Escritura e da Igreja sobre a família; b) O matrimônio segundo a lei natural; c) A pastoral da família desenvolvida na Igreja; d) Como enfrentar pastoralmente algumas situa-

Opinião

Advento: novo caminho do Povo de Deus Iniciamos hoje, Primeiro Domingo do Advento, um novo ano litúrgico, isto é, um novo caminho do Povo de Deus com Jesus Cristo, o nosso Pastor, que nos guia em nossa vida. Por isso, este dia tem um encanto especial, fazendo-nos experimentar o sentido da história. Redescobrimos a beleza de estarmos todos em caminho: a Igreja, com a sua vocação e missão, e toda a humanidade, os povos, as culturas, todos em caminho pelas estradas do tempo. Mas em caminho para onde? Há uma meta comum? Qual? O Senhor nos responde através do profeta Isaías, e diz assim: “No fim dos tempos acontecerá/ que o monte da casa do Senhor/ estará colocado à frente das montanhas/ e dominará as colinas./ Para ele afluirão todas os povos...” (cf Is 2, 2-3). Isto é o que nos diz o profeta sobre a meta para onde vamos. É uma peregrinação universal para uma meta comum, que no Antigo Testamento é Jerusalém, onde surge o templo do Senhor, porque dali, de Jerusalém, veio a revelação da face de Deus e da sua lei. A revelação encontrou em Jesus Cristo o seu cumprimento, e o “templo do Senhor” tornou-se Ele mesmo, o Verbo feito carne. E à sua luz todos os povos poderão caminhar rumo

ao Reino da justiça, rumo ao Reino da paz. Diz ainda o profeta: “De suas espadas forjarão relhas de arados,/ e de suas lanças, foices de colheita./ Uma nação não levantará a espada contra a outra,/ e não se adestrarão mais para a guerra” (2, 4). Quando acontecerá? Que belo dia será, quando as armas forem desmontadas, para se transformarem em instrumentos de trabalho! Que belo dia será! Que belo dia! E isto é possível! Este caminho não está nunca concluído. Como na vida de cada um de nós, há sempre necessidade de começar de novo, de levantar-se, de reencontrar o sentido da meta da própria existência. Assim, para a grande família humana, é necessário renovar sempre o horizonte comum rumo ao qual somos encaminhados. O horizonte da esperança! Este é o horizonte para fazer um bom caminho. O tempo do Advento, que hoje começamos de novo, nos restitui o horizonte da esperança, uma esperança que não desilude porque é fundada na Palavra de Deus. Uma esperança que não desilude, simplesmente porque o Senhor não desilude nunca! Ele é fiel! Ele não desilude! Pensemos e sintamos esta beleza.

A união, principalmente dos filhos que estão distantes. É uma

Adriana Silveira Ruiz Diaz, Par. Sagrados Corações, São José

maneira de reunir a família e fortalecer as relações. A espiritualidade entre as famílias cresce nos encontros dos Grupos Bíblicos em Família. Assim, a Palavra de Deus trazida para os lares faz acreditar que Deus nasce em nós a todo momento, não só no Natal, mas todos os dias. Buscamos alertar para não sermos escravos do consumismo. Natal é tempo de união, não apenas troca de presentes.

Todos os dias, o Natal favorece a união familiar, desde a preparação e a realização do pinheiro e do presépio, até as orações e presentes, que também fazem parte da festa. Natal é tempo de rever valores que também nos ajudam a relembrar os nossos natais com os nossos antepassados. Para nós católicos, o Natal é tão importante porque marca o nascimento do Senhor. Para que o Natal nos ajude ainda mais como família é necessário que o nascimento do Menino Jesus aconteça em nossos corações. José Moacir Cesari, Par. São Luiz Gonzaga, Brusque

Iraci Carvalho Rogéri, São Bom Jesus, Monte Alegre, Camboriú

Caso queira compartilhar conosco algo que deseje ser refletido nesse espaço, envie sua sugestão para jornal@arquifln.org.br. As sugestões serão analisadas pela equipe.

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É preciso buscar caminhos para que a família, em nosso tempo, possa desempenhar o seu papel fundamental na formação das pessoas e da sociedade”.

Em que o Natal ajuda na convivência familiar?

No Natal, as famílias buscam se unir com espírito solidário, para celebrar o nascimento do Menino Jesus. Esse acontecimento tão importante para os cristãos, que favorece o encontro, comunhão e confraternização, faz com que as famílias reflitam sobre os valores e a proposta de Jesus Cristo na construção da civilização do amor, renascendo em muitos a esperança e a fraternidade em prol de uma mesma causa.

Roma, 01 de dezembro

ções matrimoniais difíceis; e) Sobre as uniões das pessoas do mesmo sexo; f) A educação dos filhos no contexto das situações de matrimônios irregulares; g) A geração da vida e o controle da natalidade; h) A relação entre a família e a pessoa. É um questionário bem abrangente. Cada cristão individualmente, todos os organismos pastorais, todas as comunidades e movimentos, são convidados a refletir sobre a família. Aproveito a oportunidade para convidar a todos, para que se empenhem em responder ao questionário proposto. Pode ser uma ação individual, mas principalmente os organismos, comunidades e movimentos, encontrem momentos para aprofundarem juntos a reflexão sobre a família. É um assunto que diz respeito a todos. Podemos colaborar para que a família seja sempre mais o fundamento da sociedade.

Diretor: Pe. Ney Brasil Pereira - Conselho Editorial: Dom Wilson Tadeu Jönck, Pe. Leandro Rech, Pe. Revelino Seidler, Pe. José Artulino Besen, Pe. Vitor Galdino Feller, Ir. Marlene Bertoldi, Leda Cassol Vendrúscolo, Maria Antônia Carsten, Maria Glória da Silva Luz, Carlos Martendal, Felipe Candin Jornalista Responsável: Zulmar Faustino - SC 01224 JP - (48) 8405-6578 - Coor. de Publicidade: Pe. Pedro José Koehler - Revisão: Pe. Ney Brasil - Editoração e Fotos: Zulmar Faustino Distribuição: Juarez João Pereira - Impressão: Diário Catarinense


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Wellington é o segundo presbítero deste ano Ordenação foi a primeira da Paróquia de Governador Celso Ramos, nos seus 30 anos de existência Foto JA

A comunidade da Paróquia Nossa Senhora dos Navegantes, em Governador Celso Ramos, estava em festa no dia 09 de novembro de 2013. Pela primeira vez, nos 50 anos do município e 30 da paróquia, um filho da comunidade era ordenado presbítero. Pela imposição das mãos de nosso arcebispo Dom Wilson Tadeu Jönck, foi ordenado presbítero Wellington Cristiano da Silva. A Igreja Matriz, construída no alto do morro, com bela vista para o mar, foi pequena para acolher todos que queriam acompanhar a cerimônia. Tanto que um telão foi colocado sob uma lona em frente da igreja, para acomodar cerca de 200 fiéis. Além das centenas de fiéis da comunidade, a celebração foi acompanhada por padres, diáconos, familiares, amigos e pessoas das comunidades em que Wellington atuou durante sua preparação para receber o ministério presbiteral. Para a sua ordenação, ele adotou o lema “Basta-te a minha graça” (2Cor 12,9). No início da celebração, Pe. José Osni Kuhnen, pároco anfitrião, fez a saudação inicial. No início do rito de ordenação, o diácono Natalício Manoel Pereira, da paróquia local, chamou Wellington.

Natal para os pobres

Wellington tem as mãos ungidas com o óleo santo, por Dom Wilson Em seguida, Pe. Vânio da Silva, reitor do Seminário Teológico Convívio Emaús, pediu a Dom Wilson a ordenação do candidato, pedido aceito pelo Arcebispo. Em sua homilia, Dom Wilson falou da importância do padre para a Igreja, da missão que assume como discípulo de Jesus e do processo de formação continuada que ele deve realizar no exercício do ministério presbiteral. “Peço que Deus ilumine teus passos e fortaleça tua fé todos os dias”, disse o Arcebispo. Em seguida foi cantada a ladainha de todos os santos. Depois,

pela imposição das mãos de Dom Wilson, Wellington foi ordenado presbítero. O ato foi seguido por todos os numerosos padres presentes. Ao final da celebração, já ordenado presbítero, Pe. Wellington agradeceu a todos os presentes e àqueles que de alguma forma contribuíram para a sua formação. No dia seguinte, às 10h, ele presidiu sua primeira Celebração Eucarística na igreja São Lucas, na comunidade de Jordão. Mais fotos no site da Arquidiocese (www.arquifln.org.br), clicar em “Álbum de fotos”.

Belmiro é ordenado diácono permanente Arquivo/JA

A Paróquia São Francisco de Assis, no Aririú, em Palhoça, esteve em festa na manhã do dia 16 de novembro. Nesse dia, às 9h, foi realizada a Celebração Eucarística de ordenação diaconal de Belmiro José Krammer. A celebração foi presidida pelo nosso arcebispo Dom Wilson Tadeu Jönck. Casado com Anelita Margarida Krammer há 40 anos e com cinco filhos, Belmiro deveria ter sido ordenado com os seus 18 colegas da Arquidiocese que concluíram a

Vai acontecer...

14ª turma de formação da Escola Diaconal São Francisco de Assis. Por problemas familiares, a ordenação foi adiada por um ano. O novo diácono é ministro da Palavra e da Eucaristia há 38 anos, na comunidade Sagrada Família, em Formiga, e tinha o sonho de ser diácono. O convite veio com o Pe. Iseldo Scherer, então pároco. Além dele, a paróquia conta com os serviços dos diáconos Luiz Paulo de Campos, Nery Alfredo de Freitas e Pedro Jorge Pinho.

A Associação Diácono Ademir Pereira de Abreu – ADAPA, com apoio da Paróquia Cristo Rei e da Ação Social Paroquial de Ingleses, promove pelo 9ª ano o “Natal Providente”. O evento, no dia 21 de dezembro, a partir das 9h, no Sítio Tia Eliete, na comunidade do Rio Vermelho, em Florianópolis, pretende atender mais de 600 crianças, que receberão presentes e guloseimas. Numa parceria da ADAPA com a Polícia Militar, as crianças terão apresentação da banda de música, do canil, e poderão andar a cavalo. Ainda haverá palestras com o Proerd, escolinha de trânsito e noções de primeiros socorros com o Corpo de Bombeiro Militar. Além das crianças, o evento também beneficiará os adultos. Durante todo o dia, até às 15h, haverá um ônibus com consultório odontológico e médico. Advogados darão assessoria gratuita. Haverá oficina de beleza, com corte de cabelo. Bebi-

da e comida à vontade, com cachorro quente, refrigerantes, picolé. 350 famílias cadastradas também receberão cestas básicas e panetone. A chegada do Papai Noel será um momento forte, pois ele virá nas asas do “arcanjo” (helicóptero do Bombeiro), e fará a entrega de presentes a todas as crianças. Segundo o Diácono Ricardo José de Souza, o evento é realizado graças a uma gama de pessoas e empresários que abraçam a ideia de celebrar o Natal com a caridade fraterna. Ricardo também nos informa que estará sendo realizado, do dia 01 a 14 de dezembro, o “Pedágio Solidário” na SC 401, podendo ser doados alimentos, roupas e brinquedos. Também a empresa Canasvieiras estará recolhendo donativos nos terminais de Santo Antonio de Lisboa e Canasvieiras. Mais informações pelo fone (48) 8432-9797, com o Diácono Ricardo, responsável pelo projeto, ou 3365-1678 com Rosana.

Louvor de Verão A Renovação Carismática Católica da Arquidiocese promove no dia 19 de janeiro o tradicional Louvor de Verão. Em sua 23ª edição, o evento mais uma vez será realizado no Ginásio de Esportes de Camboriú. Com o tema “Por esta causa dobro os joelhos em presença do Pai” (cf. Efésios 3,14), o evento contará com a pregação de Marcelo Maragon, coordenador do ministério de Oração Por Cura e Libertação RCC Brasil e animação

do Ministério de Música Sorriso de Deus, de Itajaí.


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Tema do Mês

Nascido em uma Família Humana No seu Natal, Jesus santificou sua família e todas as nossas famílias. Vindo da família divina para uma família humana, ensinou-nos o que é ser família. Somente quem experimentava a beleza da eterna família divina podia dar-nos o significado da família humana. Re-

Natal em Família Toda família humana reflete a beleza da família divina Divulgação/JA

A festa do Natal celebra a vinda do Filho de Deus na história humana. “O Verbo se fez carne e veio morar entre nós” (Jo 1,14). A Palavra eterna do Pai assume a carne humana no ventre de Maria e se faz igual a nós em tudo, exceto no desumano do pecado (Hb 4,15). Sem deixar a família divina, o Filho de Deus nasce em uma família humana. Pertence à família divina, porque é o Filho eterno do Pai, e nasceu em uma família humana, porque é o filho de Maria, adotado por José. Professamos essa dupla pertença do Salvador no Credo niceno-constantinopolitano (de 381): “Creio em um só Senhor, Jesus Cristo, Filho Unigênito de Deus, nascido do Pai antes de todos os séculos: Deus de Deus, luz da luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro; gerado, não criado, consubstancial ao Pai. Por Ele todas as coisas foram feitas. E por nós homens e para nossa salvação desceu dos céus. E se encarnou pelo Espírito Santo, no seio da Virgem Maria, e se fez homem”. Nascido do Pai desde toda a eternidade, nasceu também da Virgem Maria. Duas gerações: a eterna e divina, a partir do Pai; a terrena e humana, a partir de Maria. Com uma linguagem mais exata, o Credo de Calcedônia (de 451) afirma que ele é “gerado pelo Pai antes dos séculos segundo a divindade, e gerado nos últimos dias para nós e para a nossa salvação de Maria Virgem, Mãe de Deus, segundo a humanidade”. Jesus Cristo é igual ao Pai, de quem recebe a natureza divina. E igual a nós, porque no Natal recebeu de Maria a natureza humana. Sem deixar de ser Deus, tornou-se também humano. “Ele, existindo em forma divina, não considerou como presa a agarrar o ser igual a Deus, mas despojou-se, assumindo a forma de servo e tornando-se igual ao ser humano” (Fil 2,6-7). De Deus Pai recebe a divindade, da Virgem Maria recebe a humanidade.

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tomando o Documento de Puebla (de 1979), assim se expressa o Documento de Aparecida (de 2007): “Cremos que ‘a família é imagem de Deus que, em seu mistério mais íntimo não é solidão, mas família’ (DP 582). Na comunhão de amor das três Pessoas divinas, nossas famílias têm sua origem, seu modelo perfeito, sua motivação mais bela e seu último destino (DAp 434). Como a Igreja vem da Trindade, vive na Trindade e vai para a Trindade, também a família, pequena Igreja, Igreja doméstica, tem sua origem, seu sentido e seu destino em Deus-Trindade, na comunhão trinitária da família divina. Esse é o grande ensinamento do Natal: toda família humana reflete a beleza da família divina. Talvez não consiga refletir de modo claro e resplandecente. Pode ser que seja um reflexo quase opaco e sombrio. Isso depende de nossa abertura ao mistério divino. Não só em seu Natal, mas também em sua vida oculta na casa de Nazaré, Jesus nos mostra a beleza da família. É o que nos diz o

No seu Natal, Jesus santificou sua família e todas as nossas famílias. Vindo da família divina para uma família humana, ensinou-nos o que é ser família.”

Compêndio do Catecismo da Igreja Católica (n. 104): “Durante a vida oculta em Nazaré, Jesus permanece no silêncio duma vida normal. Permite-nos assim estar em comunhão com ele, na santidade de uma vida cotidiana feita de oração, de simplicidade, de trabalho, de amor familiar. A sua submissão a Maria e a José, seu pai adotivo, é uma imagem da sua obediência filial ao Pai. Maria e José, com a sua fé, acolhem o mistério de Jesus, ainda que nem sempre o compreendam”.

A Vida em uma Família Humana Jesus de Nazaré passou a maior parte de sua vida junto de sua família, com sua mãe Maria e seu pai José. Desde bebê até o início da vida pública viveu a vida oculta de uma pequena família. Muitas pessoas gostariam de saber como Jesus viveu esses anos. Há até quem invente coisas a respeito da infância de Jesus. Quando esteve em Nazaré, em 1964, o papa Paulo VI ensinou que a família de Nazaré é lugar do silêncio e do trabalho, da simplicidade das coisas cotidianas: “Nazaré é a escola em que se começa a compreender a vida de Jesus, é a escola em que se inicia o conhecimento do Evangelho. Em primeiro lugar, uma lição de silêncio. Oh! se renascesse em nós o amor do silêncio, esse admirável e indispensável hábito do espírito! Uma lição de vida familiar. Que Nazaré nos ensine o que é a família, a sua comunhão de amor, a sua austera e simples beleza, o seu caráter sagrado e inviolável. Uma lição de trabalho, Nazaré, a casa do Filho do carpinteiro! Aqui

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desejaríamos compreender e celebrar a lei, severa mas redentora, do trabalho humano”. Jesus aprendeu a fazer a vontade de Deus Pai na rotina familiar do dia a dia. Na obediência aos pais, no trabalho pesado da carpintaria, na oração em família, na leitura de textos da Escritura, na frequência à sinagoga, na abertura de coração para o diálogo com os pais e os vizinhos, na ajuda mútua diante das necessidades comuns. A repetição dos gestos e palavras não foi algo chato para Jesus. Ao contrário, exatamente aí ele foi crescendo em santidade. Essa dimensão da simplicidade rotineira é algo tão significativo que por duas vezes o Evangelho de Lucas faz referência ao crescimento de Jesus. “O menino foi crescendo, ficando forte e cheio de sabedoria. E a graça de Deus estava com ele” (Lc 2,40). “E Jesus ia crescendo em sabedoria, tamanho e graça diante de Deus e dos homens” (Lc 2,52). Assim também pudessem crescer nossas crianças! Muitos pais só pensam em dar o cuidado da saúde física, a posse de coisas materiais e o acesso à educação em vista de uma futura profissão. Esquecem-se das realidades espirituais que as crianças precisam receber em casa: as orações, o testemunho da fé, a escuta da Palavra, a frequência à igreja, a recepção dos sacramentos. O crescimento do menino Jesus continua a ser modelo para a educação de nossas crianças hoje.

O Evangelho da Família Reconhecendo a importância da família para a vida saudável de todas as pessoas, o Documento de Aparecida pede uma atenção especial para esse grande tesouro de nossa gente: “Visto que a família é o valor mais querido por nossos povos, cremos que se deve assumir a preocupação por ela como um dos eixos transversais de toda ação evangelizadora da Igreja. Em toda diocese se requer uma pastoral familiar intensa e vigorosa que proclame o evangelho da família, promova a cultura da vida e trabalhe para que os direitos das famílias sejam reconhecidos e respeitados” (DAp 435). O tempo do Natal é uma ocasião propícia para repensarmos a importância da família em nossas vidas. Pe. Vitor Galdino Feller Vigário Geral da Arq., Prof. de Teologia e Diretor da FACASC/ITESC Email: vigariogeral@arquifln.org.br


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Seminário reflete sobre a CF-2014 Realizado em Tijucas, o evento arquidiocesano reuniu mais de 70 lideranças paroquias

Exploração e tráfico humano O seminário contou com a presença do nosso arcebispo Dom Wil-

Foto JA

A Coordenação Arquidiocesana de Pastoral promoveu no dia 30 de novembro, o Seminário Arquidiocesano da Campanha da Fraternidade de 2014. Realizado na Paróquia São Sebastião, em Tijucas, o evento reuniu mais de 70 participantes representando as oito comarcas da Arquidiocese. A CF-2014 tem como tema “Fraternidade e Tráfigo Humano”, e lema “É para a Liberdade que Cristo nos libertou” (Gl 5,1). Durante o Seminário, os participantes refletiram sobre o objetivo principal da campanha que é “identificar as práticas de tráfico humano em suas várias formas e denunciá-lo como violação da dignidade e da liberdade humana, mobilizando cristãos e a sociedade brasileira para erradicar esse mal, com vista ao resgate da vida dos filhos e filhas de Deus”. O evento foi assessorado por uma equipe arquidiocesana, que participou do Seminário Regional da CF, realizado de 04 a 06 de outubro, em Lages. Eles dividiram a formação em três momentos: ver, julgar e agir. No momento do agir, os participantes foram divididos em grupos e refletiram sobre algumas propostas de ação para a Campanha. Eles selecionaram as propostas mais emergências no enfrentamento do problema.

Livro resgata os 300 anos da paróquia da Catedral

Durante o Seminário, Dom Wilson disse que devemos criar condições de apoio para as pessoas que são, sobretudo, exploradas e mercantilizadas son Tadeu Jönck. Ele lembrou que nossa região, por ser litorânea e com grande fluxo de turistas, oferece muitas possibilidades de exploração, sobretudo sexual. “Devemos buscar formas de tirar essas pessoas dessa vida e criar condições de apoio para as pessoas que são exploradas, um espaço de acolhida”, alertou. Elenilda Alves da Silva foi uma das participantes do Seminário. Ela deu o seu testemunho como vítima. Há 33 anos, quando morava em Foz do Iguaçu, Paraná, teve o seu filho, então com quatro anos, raptado. Desde então, ela participa de grupos familiares que tem pessoas desaparecidas. Hoje residindo em Florianópolis, Elenilda participa do Grupo de Famílias de Pessoas Desapareci-

das, que se reúne todas as terçasfeiras, a partir das 9h, na Catedral. No mesmo dia, a partir das 11h, o grupo se concentra no Largo da Alfândega, em Florianópolis, para participar do quadro “Desaparecidos”, do Jornal do Almoço, RBS TV. Ela acredita que adotar o tema para a Campanha da Fraternidade deve ajudar com novas conquistas para a causa. “A Igreja tem um grande alcance e vai contribuir para que as pessoas tenham conhecimento da nossa causa”, disse. Segundo ela, mas das conquistas que pretendem alcançar é a interligação entre os sistemas da polícia e a aprovação do projeto de iniciativa popular que busca a adoção de políticas públicas voltadas à causa dos desaparecidos.

CNBB e Cáritas lançam Campanha de Solidariedade às Filipinas Após a passagem devastadora do tufão Hayian, que atingiu mais de 10 milhões de pessoas, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e a Cáritas Brasileira realizam Campanha de Solidariedade às Filipinas. Em nota, a presidência da CNBB e a Cáritas fazem um apelo às comunidades para que participem. “As ajudas provenientes das entidades católicas de várias partes do mundo, e também do Brasil, estão sob responsabilidade da Cáritas Internacional, que conta com uma equipe de especialistas nos diversos lo-

Vai acontecer...

cais atingidos, para ajudar nos trabalhos de socorro e recuperação das comunidades, em cada uma das 95 dioceses das Filipinas”, afirmam os responsáveis. O relatório da Cáritas aponta as necessidades básicas e urgentes das famílias atingidas pelo tufão, como água potável, produtos de higiene e limpeza, alimentos e remédios. A CNBB e a Cáritas Brasileira agradecem a generosidade das paróquias, pastorais, entidades católicas, colégios e de todas as pessoas que se mobilizam nesta ação de solidariedade.

A campanha atende a um apelo do Papa Francisco, que no dia 24 de novembro, durante a Celebração de encerramento do Ano da Fé, solicitou o engajamento de todos nessa campanha, e ofereceu as coletas para ajudar as Filipinas. Os depósitos para a ajuda financeira poderão ser efetuados nas contas da Cáritas: Banco do Brasil - Ag: 3475-4 - CC: 29368-7, Caixa Econômica Federal - Ag: 1041 - CC: 832-0 - Op. 003 e Bradesco - Ag: 0606 – CC: 66000-0.

“História de Nossa Senhora do Desterro - 1713-2013 - Ilha de Santa Catarina”. Esse é o título do novo livro de autoria do Pe. José Artulino Besen que relata os 300 anos da Paróquia que em 1908 foi elevada a Catedral de Florianópolis. Pe. José Besen é membro da ACL e do IHGSC. O lançamento do livro será realizado no dia 13 de dezembro, às 19h30, na Catedral. A obra abrange a história religiosa da Ilha de Santa Catarina e do Continente circundante desde 1500, focalizando a história religiosa nas quatro fundações bandeirantes: São Francisco do Sul, Nossa Senhora do Desterro, Laguna e Lages, que foram os pólos de comunicação e penetração populacional e econômica. O livro é escrito a partir da história do povo: índios, negros, migrantes, trabalhadores, padres, sem esquecer as classes dirigentes e economicamente melhor situadas, tentando, assim, apresentar a religiosidade popular e as instituições religiosas e caritativas criadas pela Igreja católica. Na segunda parte da obra são oferecidos verbetes dos padres que trabalharam em Santa Catarina de 1500 a 1890, quando aconteceu a proclama-

ção da República, com a separação entre Igreja e Estado. O autor espera ter conseguido encontrar os padres nascidos em território catarinense nesse período e, de modo particular, os padres que vieram dos Açores e da Madeira no século XVIII e todos os nascidos na Ilha. Igualmente oferece a lista, com dados biográficos, de todos os padres vigários e coadjutores da paróquia Nossa Senhora do Desterro até hoje. O livro integra a Coleção CATARINIANA, nº 15, do Instituto Histórico e Geográfico de Santa Catarina, do qual Pe. José é membro emérito. Pode ser adquirido na Catedral, pelo fone (48) 3224-3357, a R$ 20,00. A renda será revertida para os trabalhos sociais da Catedral.

Encontro Nacional de Formação A Renovação Carismática Católica promove dos dias 22 a 26 de janeiro, em Aparecida, SP, o Encontro Nacional de Formação para Coordenadores e Ministérios. O evento se propõe a ser um momento de profunda oração, formação geral e específica e escuta profética. Durante o evento, são realizados momentos de partilha dos projetos e serviços em andamento e das Moções Proféticas que direcionam os trabalhos do Mo-

vimento em todas as instâncias. O evento é também oportunidade para os membros de todos os Ministérios se reunirem para receber formação sobre questões específicas de cada serviço, além de participarem de momentos de partilha, vivência fraterna e oração, nos diversos workshops que ocorrem durante o encontro. Mais informações ou esclarecimentos, pelo e-mail: eventos@rccbrasil.org.br


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Bíblia

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Conhecendo o livro dos Salmos (66)

Salmo 90 (89): Mil anos, como ontem!

Antes que nascessem os montes 1. Senhor, tens sido o nosso refúgio, / de geração em geração. 2. Antes que nascessem os montes / e a terra e o mundo fossem gerados, / desde sempre e para sempre tu és Deus. O salmo começa de modo positivo, melhor dizendo, concessivo: “Apesar de tudo”, Deus tem sido “o nosso refúgio”. E isto sempre, “de geração em geração”. O salmista, usando a primeira pessoa do plural, “nós”, sente-se representante do seu povo, da própria humanidade, num momento historicamente não determinado. Da sucessão das gerações humanas, ele remonta ao surgimento das montanhas, falando de seu “nascimento” e “geração”. E afirma, numa bela profissão de fé, que Deus as precede no tempo, mesmo na eternidade, “desde sempre e para sempre”.

Voltai ao pó, filhos de Adão! 3. Fazes o ser humano voltar ao pó, / dizendo: “Voltai, filhos de Adão!” De repente, da eternidade de Deus, o salmista olha para si mesmo... E reconhece: Aquele que do barro modelou Adão, dando-lhe existência, fê-lo destrutível, perecível: “Tu és pó, e ao pó voltarás!” (Gn 3,19). Apesar de tudo, embora sem poder reverter a condição hu-

Divulgação/JA

O encontro com Deus na oração leva-nos a aprofundar, desta ou daquela maneira, o mistério da vida, que se concentra, inevitavelmente, em nós mesmos e no próprio Deus. Eu, quem sou eu? que é o mundo, onde me encontro? E Deus, como é Ele, em si mesmo e em relação a nós? O salmo 8 parte da admiração, do assombro diante do céu estrelado: Que é o ser humano, para dele te lembrares?... Pouco menor que um deus tu o fizeste, de glória e de honra o coroaste! (Sl 8,5-6). Este salmo, Sl 90, ao contrário, brota da constatação amarga da pequenez do ser humano, esmagado pela grandeza de Deus e pela consciência do pecado, que traz consigo a devastação da ira do Senhor. É essa constatação, de certo modo negativa, que domina as duas primeiras partes do salmo (vv. 1-6 e 7-11), até desembocar numa sucessão de pedidos, na terceira parte (vv.12-17). Os pedidos, que afinal brotam da fé, acalmam o orante, e o fazem recuperar a paz.

O salmo foi até agora uma descida: da tristeza de ter de morrer, à tragédia do pecado humano e da ira divina. Ao tocar o ponto mais baixo, porém, o orante busca sair do impasse, prorrompendo numa série de pedidos. O primeiro deles, com muita humildade, é a súplica para que Deus “nos ensine a contar os nossos dias”, isto é, a entender o sentido da vida, pois só assim teremos “um coração sensato”.

Volta-te para nós!

mana, Jó ousa reclamar: “Lembrate que me fizeste de barro, e agora me devolves ao pó...” (Jó 10,9)

Mil anos, como ontem 4. A teus olhos, mil anos são como o dia de ontem que passou, / como um turno de vigília na noite. As medidas humanas do tempo não servem para Deus. Recordou-o o autor da segunda carta de Pedro, ao argumentar contra os que se impacientavam com a demora da Parusia: “Para o Senhor, um dia é como mil anos, e mil anos são como um dia” (2Pd 3.8). Aqui, o desalento do salmista ainda reforça o caráter efêmero do ser humano.

salmo via o tempo humano à luz da duração divina, esta parte vê-o à luz da divina justiça. O ser “consumido” parece implicar a morte prematura, como se queixa o jovem rei Ezequias:”No meio da vida, tenho que encaminhar-me para as portas do Abismo, privamme do resto de meus anos” (Is 38,10). Quanto às culpas e pecados, quereríamos escondê-los ou enterrá-los... No entanto, Deus como que os desenterra e os expõe, e até os esquadrinha “com a luz do seu rosto”! Como, então, presumir inocência e escapar do castigo? Como, enfim, evitar que “nossos dias todos se dissipem?”

Setenta, oitenta, fadiga e aborrecimento

7. Somos consumidos por tua ira, / estamos apavorados com teu furor. 8. Diante de ti pões nossas culpas; / nossos pecados ocultos, à luz do teu rosto. 9. Nossos dias todos se dissipam pela tua ira, / acabam nossos anos como um sopro.

10. Nossos anos de vida são setenta, / oitenta para os mais robustos, / mas pela maior parte são fadiga e aborrecimento, / passam logo e nós voamos. 11. Quem compreende o ímpeto da tua ira, / quem avalia a violência do teu furor? “Setenta, oitenta anos”... Na época do salmista e durante muito tempo, não era comum chegar a setenta anos. Hoje, com os avanços da medicina, chega-se a passar de cem. O que significa esse “avanço”? Na sua experiência de sofrimento, o salmista não vê vantagem nesse acréscimo de anos, a seu ver marcados pela “fadiga e aborrecimento” e efêmeros, “passando logo”, como o voo de um pássaro. Nada, portanto, da perspectiva da sobrevivência no aconchego do Pai. Pelo contrário, a sombra que perpassa é o “ímpeto da ira”, a “violência do furor” de um Juiz implacável.

Elemento novo na meditação do salmista é, agora, o pecado, com toda a sua gravidade. Continua martelando o tema dos dias e dos anos. Se a primeira parte do

12. Ensina-nos a contar os nossos dias, / e assim teremos um coração sensato.

Como a erva, que brota e seca 5. Tu os mergulhas no sono; / são como a erva que brota de manhã: 6. de manhã brota, germina; / de tarde, murcha e seca. Continuando as imagens da brevidade da vida, após o “mergulho no sono”, o salmista radicaliza, ao descrever a fugaz trajetória da erva, da planta que nasce e morre no espaço de um dia...

Consumidos por tua ira

Ensina-nos...

13. Volta-te, Senhor, até quando? Tem compaixão dos teus servos! No v. 3, no início do salmo, ouvíamos o verbo “voltar” na boca do próprio Deus, de forma ameaçadora: “Voltai ao pó, filhos de Adão!” Agora, o verbo está na boca do salmista, pedindo que o próprio Senhor “se volte”. Para quem? Para nós, que nos declaramos seus “servos” e contamos com a sua compaixão.

Sacia-nos de manhã... 14. Sacia-nos de manhã com a tua misericórdia, / para exultarmos de gozo todos os dias. Já agora, superando a humilde submissão do v. 12, o salmista pede saciedade, de certo modo “fartura”, dos dons da misericórdia divina, que lhe garantam o contentamento vitalício, de ora em diante, “todos os dias”. Isto, a começar “de manhã”. A volta de Deus ilumina a nova manhã que iniciará uma série de dias dos quais não se menciona a tarde. Manhã única e dias numerosos: é a manhã de Deus.

Pelos dias em que nos afligiste 15. Alegra-nos pelos dias em que nos afligiste, / pelos anos em que vimos a desgraça. É curioso que o orante não peça expressamente perdão dos pecados. Pelo contrário, demonstrando agora extrema confiança, ousa até pedir compensação pelos males sofridos, males que ele atribui ao próprio Deus... É interessante também o paralelismo entre “dias” e “anos”, os anos prolongando os dias.

A tua obra, a tua glória 16. Que teus servos vejam a tua obra / e teus filhos a tua glória. Neste penúltimo versículo, o salmo exalta a “obra” do Senhor, obra salvadora e libertadora, como a do Êxodo. Obra que nunca deixa

de ser realizada, como o lembra o Senhor Jesus, quando se associa à “obra” do Pai: “Meu Pai trabalha sempre, e eu também trabalho” (Jo 5,17). Possa esta “obra” ser vista por seus “servos”, servos que também são “filhos” e que anseiam por contemplar a sua “glória”. Esta, não apenas um esplendor numinoso, mas suas intervenções salvadoras, também como as do Êxodo: “Amanhã cedo vereis a glória do Senhor!” (Ex 16,7). Nós, cristãos, contemplamos, na fé, a “glória” da Palavra que se fez carne e habitou entre nós (Jo 1,14).

A obra de nossas mãos 17. Esteja sobre nós a bondade do Senhor, nosso Deus. / Confirma, para nós, a obra de nossas mãos! É impressionante como este salmo, que começa e prossegue tão dramático, termine tão confiante e até, de certo modo, com sensação de vitória. O orante, de fato, parecia esmagado pela consciência da fragilidade humana, atormentada por seus males e pecados... até o ponto em que, de repente, deixando de concentrar-se em si mesmo, e levantando os olhos para Deus, decide humildemente pedir. A rápida sequência dos pedidos não espera resposta. E já afirma a certeza de que “a bondade do Senhor” vai “estar sobre nós”, e vai “confirmar a obra de nossas mãos”, as nossas próprias obras. Estas, porém – e disso já temos experiência – não soberbamente “nossas”, mas “confirmadas” por Ele, por Ele fecundadas, por sua graça misericordiosa. Pe. Ney Brasil Pereira Professor de Exegese Bíblica na Faculdade de Teologia de SC - FACASC email: ney.brasil@itesc.org.br

Para refletir: 1) Qual a perspectiva do Salmo 8, perante Deus e o mundo, e qual a deste salmo? 2) Que realidade nos lembra o decreto divino: “Voltai ao pó, filhos de Adão!”? 3) Que significam os setenta, oitenta anos, de nossa vida? 4) Qual o primeiro pedido que o salmista faz (v.12), e qual a sua importância? 5) Qual a diferença entre “a obra” do Senhor e as nossas próprias “obras”?


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Juventude 7

Dezembro 2013

Encontro reúne vocacionados à vida religiosa Realizado em Brusque e Palhoça, encontro ajudou meninas e rapazes no discernimento vocacional Foto JA

A Pastoral Vocacional da Arquidiocese promoveu no mês de novembro dois encontros do Grupo de Orientação Vocacional João Paulo II (meninos) e Madre Teresa de Calcutá (meninas). Mais uma vez, os encontros foram realizados separadamente para eles e para elas. Os jovens foram acolhidos no Seminário de Azambuja, em Brusque, dos dias 15 a 17 de novembro. No total, 74 jovens, a partir dos 12 anos, representando 33 paróquias, participaram do encontro. Ele tiveram momentos de palestra sobre Vocação com o Pe. Pedro Schlichting, reitor do Seminário, além de testemunhos de seminaristas e Celebração Eucarística. Depois, foram divididos em quatro grupos e refletiram sobre as parábolas do evangelho, e prepararam apresentação teatral sobre as suas reflexões. Na sequência, rezaram o terço no Morro do Rosário, dirigidos pelo serviço de Animação Vocacional da Paróquia de Azambuja. No sábado e domingo, o evento foi restrito aos jovens a partir dos 14 anos, em condições de ingressar no Seminário em 2014. Ele tiveram dois momentos de estudo sobre Maria e sobre o celi-

Vai acontecer...

Itapema acolhe projeto “Jesus no Litoral” Em sua quarta edição, evento regional busca evangelizar os fiéis nos balneários

Jovens vocacionados participam de momento de descontração no encontro

Vocacionadas

bato sacerdotal. Também participaram de atividades comunitárias e recreativas, e missa na comunidade São Sebastião, no Cedrinho, em Brusque. No domingo, o encontro reuniu os pais dos jovens vocacionados para que, desde o início, eles estejam integrados no processo de formação. Segundo Pe. Vânio da Silva, coordenador da Pastoral Vocacional, o encontro foi muito positivo. “Tivemos o envolvimento dos formadores e seminaristas na organização, e os jovens tiveram um excelente encontro que certamente contribuiu para o seu discernimento vocacional”, disse. Divulgação/JA

Meninas puderam conhecer a diversidade de congregações presentes aqui

O Grupo de Orientação Vocacional Madre Teresa de Calcutá, voltado para as jovens vocacionadas, realizou o encontro no dia 23 de novembro, na Paróquia Senhor Bom Jesus de Nazaré, em Palhoça. O encontro reuniu 14 vocacionadas, de 10 a 16 anos. Durante o dia, as jovens refletiram sobre a Samaritana e a Vocação na Bíblia. O encontro foi dividido em vários momentos, cada um deles assumido por uma congregação religiosa. O encontro tem como objetivo apresentar a vida religiosa consagrada, independente de congregação. “Quanto mais congregações participarem, melhor. Assim, as jovens poderão ver a diversidade de espiritualidades, e dentro dessa diversidade elas poderão fazer a sua opção”, disse Irmã Maristela Cristiano, membro da coordenação da Pastoral Vocacional. Para o próximo ano serão realizados oito encontro vocacionais: quatro na região sul e quatro na região norte da Arquidiocese; metade misto e metade individual. Isso, para favorecer a participação dos vocacionados e das vocacionadas nos encontros.

O estado catarinense mergulha de vez no projeto Jesus no Litoral (JNL) 2013/2014, que será realizado entre os dias 26 de dezembro e 5 de janeiro em nossa Arquidiocese. Dessa vez, o centro do projeto, desenvolvido pelo Ministério Jovem da Renovação Carismática Católica de Santa Catarina, será o balneário de Itapema. Em sua quarta edição, o projeto tem por objetivo levar a palavra de Deus aos moradores e turistas do litoral catarinense. Ele é desenvolvido por jovens voluntários que caminham pela praia levando a Palavra de Deus às pessoas que estão veraneando pelo nosso litoral. A base de missão do projeto será a Paróquia Santo Antônio, em Itapema, onde se concentrarão as formações, refeições e alojamento dos voluntários. Na praça, será montada uma estrutura para o show nacional com a banda Missionário Shalom, de Fortaleza. Serão incluídos os municípios de Porto Belo e Balneário Camboriú. Segundo André de Oliveira, um dos organizadores do projeto JNL, a escolha de Itapema foi estratégica. “A cidade é uma das que mais recebem turistas em todo o Estado, o que contribui para que muitas pessoas sejam alcançadas nessa evangelização. Será, com certeza, uma grande oportunidade para

evangelizar”, explicou. São esperados jovens de todas as partes de Santa Catarina que se encontrarão, no auge do verão, para anunciar a boa nova de Jesus. O projeto exige muito da capacidade física dos missionários. São quilômetros andados sob sol forte, músicas cantadas a toda voz, muita alegria para motivar e contagiar as pessoas que receberão a palavra de Deus. Para participar, basta entrar em contato com o coordenador do Ministério Jovem da sua diocese, ou seu coordenador de grupo de oração jovem, e solicitar sua inscrição. Mais informações sobre inscrições e detalhes do “Jesus no Litoral”, JNLSC 2013 estão disponíveis na página do Ministério Jovem de Santa Catarina no Facebook: fb.com/sentinelasemsc.


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Geral

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Palestra marca Dia da Tolerância Religiosa Promovido pela Paróquia da Trindade, evento reuniu representantes de três religiões monoteístas Foto JA

A Comissão Ecumênica da Paróquia da Santíssima Trindade, em Florianópolis, em parceria com a Faculdade Católica de Santa Catarina, FACASC, promoveu, no dia 13 de novembro, uma noite de debates para marcar o Dia da Tolerância Religiosa. O evento reuniu representantes das três religiões monoteístas: islâmica, judaica e cristã. Após a explanação de cada representante, por 20 minutos, a plateia, com mais de 200 pessoas, fez os seus questionamentos ou pedidos de esclarecimento. Um dos destaques foi como cada uma delas vê Jesus. Pe. Vitor Galdino Feller, Vigário Geral da Arquidiocese e diretor da Facasc, representou os cristãos no evento e falou sobre a base da nossa fé. Segundo Ethel Scliar, membro da associação israelita catarinense, Jesus é um judeu e um sábio, mas não o messias. Os judeus aguardam ainda a vinda do enviado de Deus, enquanto os cristãos aguardam o seu retorno. De acordo com os islâmicos, representados pelo sheik Amin Alkaram, coordenador da mesquita e líder do Centro Islâmico de Florianópolis, Jesus é o porta-voz

Debate contou com representantes judeu, islâmico e cristão, que puderam explicar os fundamentos de suas crenças e esclarecer dúvidas de Deus, não o messias. No islamismo, Deus é único, individual e soberano. O evento foi realizado para conhecer as religiões que existem em Florianópolis e futuramente reunir as outras tradições religiosas. Também porque no dia 16 de novembro se comemora o Dia Internacional da Tolerância Religiosa. “Há um desejo de tirar as barreiras que nos impedem de conhecer o diferente, os caminhos diversos com que Deus se revelou”, disse Celso

Loraschi, coordenador da Comissão Paroquial do Ecumenismo. Segundo o Frei Justino Félix Stolf, OFMCap, pároco anfitrião, o encontro buscou aproximar as pessoas, superar preconceitos e a ignorância mútua, e criar um clima de proximidade e compreensão. “A intolerância nasce do não conhecimento. Este encontro buscou criar clima de proximidade entre as pessoas, sem estar forçando mudança de religião”, informou.

“Como estudar o Youcat” Este é o título do primeiro livro lançado pelo jovem Guilherme Pontes, da Arquidiocese. Publicado pela Editora Loyola, o livro será lançado no dia 13 de dezembro, em Brasília. Integrante do Movimento Emaús, e membro da Pastoral da Comunicação e do Setor Juventude Arquidiocesano, o jovem autor criou em 2011 um projeto pioneiro de Evangelização nas redes sociais (www. catecismojovem.com.br), para divulgação do YouCat e das experiências de sua utilização em todo o Brasil. O livro apresenta dicas do próprio Papa para estudar o Catecismo Jovem, experiências do YouCat pelo Brasil, nos mais diferentes espaços de evangelização, além de muitas sugestões e dicas práticas para o estudo deste subsídio da Igreja. Posteriores ao lançamento oficial em Brasília, estão previstos para 2014 diversos lançamentos, sendo o primeiro deles

em Florianópolis, além de outras cidades de Santa Catarina e outros Estados. “O objetivo é que mais jovens conheçam experiências de sucesso na evangelização com o uso do YouCat e possam se inspirar para criar seu grupo, melhorar seu trabalho e para seu estudo pessoal”, disse Guilherme. Para o nosso arcebispo Dom Wilson Tadeu Jönck, que assina o posfácio, como todo livro formativo, o YouCat também precisa ser entendido e estudado, para que a mensagem siga em frente. Foi assim que nasceu o livro ‘Como estudar o YouCat’. “Ele recolhe várias experiências de sucesso no estudo deste documento e também traz novas possibilidades e dicas de como enriquecer o estudo do Catecismo Jovem em nossos grupos e comunidades juvenis”, informou. O livro pode ser adquirido nas livrarias católicas ao custo de R$ 9,90. Foto JA

Campanha para Evangelização 2013 Já estão disponíveis para download no site da Conferência os materiais da Campanha para a Evangelização 2013. O evento iniciou na solenidade de Jesus Cristo Rei do Universo em 24 de novembro e se estende até o 3º domingo do Advento. A Coleta Nacional será realizada em 15 de dezembro nas paróquias e comunidades do Brasil. O resultado é todo direcionado para os trabalhos de evangelização, nos vários

níveis: diocesano (45% do total arrecadado), regional (20%) e nacional (35%). “A campanha existe para arrecadar recursos para os projetos de evangelização, sendo importante para a sustentabilidade dessas ações na Igreja. Também busca atender as estruturas eclesiais que estão a serviço da missão evangelizadora. Por isso, é necessário que todos participem para que alcancemos os objetivos esperados”,

motiva o secretário executivo da CE 2013, Pe. Luiz Carlos Dias. A Campanha para a Evangelização foi instituída pelos bispos em 1997 e realizada pela primeira vez em 1998, com o objetivo de despertar nos fieis o compromisso evangelizador e a responsabilidade pela sustentação das atividades pastorais da Igreja no Brasil. A CE tem o slogan “evangeli.já”, que faz referência a palavra evangelizar.

Livro é resultado de dois anos do trabalho pioneiro de evangelização


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Geral 9

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Ano da Fé é encerrado nos Santuários Celebração nos três principais santuários e a Catedral teve grande presença dos fiéis

No total, 15 paróquias das comarcas da Ilha, Estreito e São José se programaram para viver o encerramento do Ano da Fé na Catedral de Florianópolis. Durante o dia, mais de quatro mil pessoas participaram dos eventos realiza-

Como você viveu o Ano da Fé? “O Ano da Fé veio em um momento muito especial, sobretudo para nós jovens. Ele coincidiu com a Jornada Mundial da Juventude e nos incentivou a sermos testemunhas do amor de Cristo e levar a Palavra aos outros jovens. Contribuiu para vivermos e testemunharmos Jesus”, Jéssica Habitzreuter, Paróquia Santo Antônio, Itapema

Fotos JA

Catedral de Florianópolis

Foto JA

Os quatro principais santuários da Arquidiocese realizaram uma programação especial no dia 24 de novembro, para marcar o encerramento do Ano da Fé. As paróquias organizaram caravanas para o Santuário Nossa Senhora de Azambuja, em Brusque, Santa Paulina, em Nova Trento, N.Sra. do Desterro, em Florianópolis, e N.Sra. da Imaculada Conceição, em Angelina. O ano da fé foi instituído pelo Papa Bento XVI e teve início no dia 11 de outubro de 2012. Os motivos que o inspiraram foram: a comemoração dos 50 anos do Concílio Ecumênico Vaticano II e os 20 anos de publicação do Catecismo da Igreja Católica. Durante o ano, os fiéis foram convidados a se aprofundar nos documentos da Igreja e testemunhar a sua fé. No encerramento, os santuários realizaram missas, oração do terço, adoração ao santíssimo, procissões e atendimento a confissões. Nosso arcebispo Dom Wilson Tadeu Jönck esteve nos quatro santuários que receberam os peregrinos. Para ele, foi uma experiência bonita e de fé. “Houve uma procura por fazer desse dia um dia de fé. Percebemos a grande presença dos fiéis, os muitos ônibus”, disse. Veja os destaques para cada um dos santuários da Arquidiocese:

Fiés sobem o Morro do Rosário, em Azambuja, após participar da missa dos para celebrar esse momento. Segundo Pe. David Antônio Coelho, o pároco, a visitação dos fiéis foi além das expectativas. “Preparamos uma equipe de voluntários e tínhamos a preocupação de dar suporte aos fiéis no espaço físico e no atendimento na gastronomia e outras necessidades. Creio que conseguimos realizar com êxito”, disse. Para ele, os momentos mais marcantes foram o atendimento às confissões, realizado na área externa da igreja e que contou com o auxílio de vários padres, a procissão com a imagem de Santa Catarina nas principais ruas do Centro e a Celebração Eucarística, às 16h, de ação de graças pelos 300 anos da Paróquia da Catedral, presidida pelo nosso bispo emérito Dom Vito Schlickmann.

Santuário de Angelina Embora esteja acostumado a receber peregrinos, o Santuário N.Sra. da Imaculada Conceição, em Angelina, também fez uma

programação especial para o encerramento do Ano da Fé. Durante o dia, 19 paróquias de diversas regiões da Arquidiocese realizaram visitas ao Santuário. Segundo Frei Gentil de Lima Branco, OFM, pároco, foram organizadas três equipes: acolhida; infraestrutura e liturgia. Ele acredita que mais de duas mil pessoas tenham visitado o Santuário nesse dia. “Durante o dia, realizamos quatro Celebrações Eucarísticas e houve atendimento a confissões com o auxílio de 15 padres”, lembrou.

“Seguindo a orientação da Igreja, minha família e eu procuramos aprofundar o catecismo e vivenciar a doutrina da Igreja e testemunhar a nossa fé. Participamos de formações sobre o Ano da Fé, com a intenção de evangelizar. Creio que passamos a ter mais consciência da nossa fé”, José Augusto Melo Correia, Sagrados Corações, Barreiros, São José.

Santuário Santa Paulina

Foto JA

O Santuário recebeu peregrinos de 18 paróquias da Arquidiocese. Para a Irmã Teresa Nascimento, coordenadora pastoral do Santuário, o evento superou as expectativas. “Tivemos quatro missas, adoração ao Santíssimo de hora em hora, oração do terço pela manhã e tarde, atendimento a confissões e a via sacra. Foram muitas opções e em todas elas percebemos a afluência dos peregrinos”, disse. Segundo ela, algumas paróquias até realizaram carreatas ao santuário.

“Vivi o Ano da Fé na paz, com a família, na caridade, renovando e fortalecendo a minha fé nos trabalhos que realizo na Igreja. Creio que continuei com o mesmo trabalho que realizava, mas buscando ser testemunha de fé para as outras pessoas”, Rosangela Silva Melo, Paróquia N.Sra. Imaculada Conceição, Bombinhas

Santuário de Azambuja

As quatro celebrações em Santa Paulina tiveram grande afluência de fiéis

O Santuário de Azambuja também se preparou especialmente para o evento. Durante o dia, 18 paróquias visitaram o santuário. Algumas delas com ônibus fretados ou fiéis com automóveis. Foram realizadas quatro missas no Santuário. Após cada uma delas, os fiéis subiram o Morro do Rosário, conduzidos pelos seminaristas da Arquidiocese. Também houve Adoração ao Santíssimo, às 14h, e atendimento a confissões.

“Quando o Papa iniciou o Ano da Fé, nosso grupo de cursilho de casais fez uma peregrinação a Angelina. No decorrer do ano também nos reunimos para rezar o terço e estudar o documento da Porta da Fé e o Catecismo da Igreja. Creio que isso revigorou a nossa fé. Temos o compromisso de levar o Evangelho com alegria”, Paulo Cesar Teske, Paróquia N.Sra. do Desterro, Catedral, Florianópolis.


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Ação Social

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Encontro reflete sobre a realidade da Fome e Pobreza na Arquidiocese Evento teve por base a campanha da Cáritas Brasileira com o mesmo tema, a ser lançada em 10/12 Divulgação/JA

A Ação Social Arquidiocesana – ASA realizou, no dia 23 de novembro, na Paróquia São Judas Tadeu, Barreiros – São José, o Encontro Anual com a Rede de Ações Sociais. Em comunhão com a Cáritas Brasileira, o encontro teve como tema a Fome e Pobreza no Brasil e no mundo, o mesmo da Campanha da Cáritas Internacional, que terá seu lançamento no dia 10 de dezembro pelo Papa Francisco. O Encontro contou com a assessoria da Nutricionista Luciana Nascimento, coordenadora do Programa Mesa Brasil do SESC, que apresentou dados da realidade de Santa Catarina e Arquidiocese, onde destacou que o Brasil é um dos maiores produtores de alimentos do mundo, mas vivemos a insegurança alimentar. A falta de acesso da população à alimentação é o limitador. Do que é produzido no Brasil, 64% é destinado ao lixo, sendo que as perdas acontecem 20% na colheita, 15% na indústria de processamento, 1% no varejo, 20% no processo culinário e hábitos alimentares. Para trazer a realidade das comunidades socialmente vulneráveis, o Encontro também con-

Realizado no auditório da UNIVALI, evento reuniu diversas instituições do município Desperdício de alimentos e populações socialmente vulneráveis foram destaques durante o encontro tou com a participação de Daniel Paz dos Santos, representante do Movimento da População de Rua de Florianópolis, do Movimento Nacional de Catadores de Materiais Recicláveis, Dourival R. dos Santos e, representando a Comissão Indigenista Missionária – CIMI, Clovis Brighenti, que apresentaram a sua organização, suas principais lutas e como a questão da alimentação é vivida por seus grupos. Pelas apresentações, percebeu-se que a luta pela efetivação das políticas públicas e contra o preconceito é comum aos grupos representa-

dos no encontro. Enquanto Rede de Ações Sociais, foi assumida a realização da Campanha na Arquidiocese de Florianópolis, sendo o seu lançamento no dia 10/12. Como ações concretas para dinamização da Campanha foram elencadas: atividades de sensibilização da sociedade sobre o tema; a realização de Oficinas Formativas; reconhecimento das ações existentes em nossa área de atuação; e a presença nos espaços de participação e controle social existentes em nossos municípios.

FORTEES realiza primeira etapa do Curso de Gestão na região da Grande Fpolis No dia 06 de novembro, o projeto “Fortalecendo Experiências de Economia Solidária (FORTEES)” realizou, na região de Florianópolis, o curso de Gestão e Viabilidade Econômica para Empreendimentos de Economia Solidária.

Seminário de Gestão de Risco e Desastre realizado em Biguaçu

Este curso conta com quatro etapas que serão realizadas ao longo dos dois anos de execução do projeto. A primeira etapa do curso buscou trabalhar o significado e origem da Economia Solidária e a identidade dos empreendimenDivulgação/JA

Curso abordou elementos que constituem os grupos de economia solidária

tos. Teve como assessora a professora da UNIVALI e coordenadora da Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares (ITCP), Leila Martins. A atividade foi realizada nos espaços da Paróquia São João Evangelista, em Biguaçu, e reuniu os seis empreendimentos que são acompanhados pelo FORTEES: Rosas do Amor Solidárias (Tijucas), Rosas do Amor Tecidas (Tijucas), AFAGO (Biguaçu), Mulheres em Ação Pela Superação (Nova Trento), e Buscando Oportunidades (Florianópolis). O curso de “Gestão e Viabilidade Econômica” é uma das estratégias do FORTEES que tem como objetivo a melhoria dos resultados econômicos dos empreendimentos de economia solidária, contribuindo assim para o aprimoramento da gestão e cooperação através da qualificação.

A Ação Social Arquidiocesana – ASA e a Defesa Civil Municipal de Biguaçu realizaram no dia 09 de novembro o Seminário Municipal em “Gestão de Risco e Desastre”. A atividade ocorreu no Auditório da UNIVALI, e contou com a presença de representantes de diversas instituições governamentais e não governamentais. Entre eles, estavam Técnicos da Prefeitura Municipal de Biguaçu, membros do Grupo de Escoteiros Biguaçu, Técnicos da Defesa Civil de Florianópolis, Núcleo Comunitário de Defesa Civil – NUDEC da comunidade da Mariquinha (Florianópolis), Secretaria de Assistência Social de Biguaçu, Secretaria de Planejamento e Gestão – SEPLAN, Secretaria Municipal de Agricultura e Fundação Municipal do Meio Ambiente - FAMABI. O evento é uma ação do Projeto “Gestão de Risco e Desastre – Construindo Comunidades Seguras”, executado pela Ação Social Arquidiocesana – ASA e financiado pelo Instituto HSBC de Solidariedade, que teve como finalidade disseminar a temática e potencializar o interesse da população e do poder público do Município de Biguaçu. O Seminário contou com a assessoria de

Evandro de Mello Amaral, Coordenador da Defesa Civil Municipal de Brusque, que apontou elementos de fácil acesso e manuseio para a Defesa Civil, mostrando o mapeamento das áreas de risco e dos abrigos instalados no Município de Brusque. O sistema é de fácil acesso à população e é considerado democrático, o que trouxe estimulo para a Defesa Civil Municipal de Biguaçu. O Evento também contou com a assessoria de Melissa F. Cabral, Técnica da Defesa Civil Municipal de Florianópolis e de Antônio Amaral, membro do Núcleo Comunitário de Defesa Civil – NUDEC da Comunidade da Mariquinha, que realizaram uma apresentação explanando o surgimento do NUDEC na comunidade e o processo de continuidade de suas ações. O Seminário foi avaliado por todos de maneira bastante positiva, trazendo encaminhamentos futuros para o município e apontamentos de um maior envolvimento comunitário e aprimoramento do setor público na temática “Gestão de Risco e Desastre”, principalmente no que se refere à prevenção aos desastres, como foi ressaltado pelo prefeito municipal durante o seminário. Divulgação/JA

Seminário apresentou experiências exitosas de prevenção às catástrofes ambientais


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GBF 11

Dezembro 2013

Advento, é tempo de dizer: VEM SENHOR JESUS! Divulgação/JA

Encerramos o Ano da Fé com muitas graças e bênçãos. Agora continuaremos nossa missão, com a fé fortalecida naquele que vem ao nosso encontro, Jesus de Nazaré. São muitas as paróquias que estão fazendo um conhecimento sobre os temas que traz o livreto do Advento/Natal: São Luiz Gonzaga e Guabiruba (Brusque); Dom Bosco e São João (Itajaí) e tantas outras. Nesta edição, vamos destacar uma delas.O livreto proposto para os GBF e as CEBs traz algumas novidades. Dom Wilson, nosso pastor, em sua apresentação nos anima a trilhar o caminho de Deus seguindo a estrela de Belém. “Os três pensamentos expressos pelo Papa Bento XVI no livro “Infância de Jesus” possam ajudar-nos a compreender o significado do Natal. O mundo moderno até admite que Deus possa agir nos pensamentos e nas ideias, mas não sobre a matéria. No nascimento e ressurreição de Jesus, Deus age sobre a matéria. No Natal, o poder criador de Deus abraça todo ser. Com a concepção de Cristo, Deus inicia uma nova criação. Na época do nascimento de Jesus, o mundo vivia um tempo de paz. Todos os seres e os bens foram registrados (recenseamento). No império romano havia uma língua comum que permitia a compreensão do pensamento e

da ação. Nesse tempo, o Natal do Senhor fez entrar no mundo uma mensagem universal de salvação. A manjedoura – numa palavra mais simples, o cocho - era o lugar onde os animais encontravam alimento. No Natal está deitado na manjedoura Aquele que se apresenta como verdadeiro pão desci-

do dos céus. É o alimento de que o ser humano necessita para se tornar pessoa humana. Que neste tempo de Advento renovemos a disposição de seguir a estrela que nos leva à gruta de Belém.” Dom Wilson Tadeu Jönck Arcebispo de Florianópolis

Paróquia São João Bosco – Itajaí Os Grupos Bíblicos em Família da Paróquia de São João Bosco, em Itajaí, reuniram-se em novembro com o Pároco, Pe. Isidoro de Paula, para a apresentação do novo livreto e celebração de envio para o Tempo do Advento/Natal. Num ambiente acolhedor, pre-

parado com os símbolos da caminhada do Tempo do Advento/Natal, acendemos a primeira vela da Coroa do Advento simbolizando o inicio da nova jornada. Num clima esperançoso e de intensa participação folheamos o livreto, lemos as orações, os cantos, e prinDivulgação/JA

cipalmente as reflexões sobre a Profecia de Isaías, na qual queremos destacar o convite que o profeta faz a nós nos dias de hoje: “Vinde, vamos caminhar à luz do Senhor” (Is 2,5). Pe. Isidoro, em suas considerações finais, reforçou dizendo que os GBFs são luzes na comunidade, e que devem ajudar-nos a viver o Advento e o Natal não da maneira adotada pela sociedade consumista, mas com simplicidade e nos princípios cristãos. Com entusiasmo, esperança, paz e alegria, os GBFs partem em mais uma missão à luz do Senhor, proclamando: “Vinde, Senhor Jesus”! Angeli Schmitt Reinhardt Coord. paroquial dos GBF Paróquia S. João Bosco – Itajaí

Seminário Regional em Preparação ao 13º Intereclesial de CEBs/GRF Durante o ano, muitas atividades dos GBFs/CEBs foram voltadas para o 13º Intereclesial que será realizado nos 07 a 11 de Janeiro de 2014, em Juazeiro do Norte, na diocese de Crato - Ceará. O encontro contará com aproximadamente 4 mil pessoas, animadores e animadores dos 17 regionais do Brasil, regiões da América Latina, e convidados de outros países. A Igreja de Santa Catarina participará com a representação de 160 animadores das CEBs/GRF de 09 dioceses. A Arquidiocese será representada por 27 participantes: padres, diáconos, seminaristas, leigos e leigas. No mês de novembro, na Paróquia Imaculada Conceição em Fraiburgo, Diocese de Caçador, realizou-se o Seminário preparatório para todos os participantes catarinenses. Chegando sexta-feira ao local do encontro, conhecemos e nos confraternizamos com as pessoas vindas das outras dioceses. O objetivo do seminário foi conhecer e aprofundar a realidade de Juazeiro do Norte, sua história, lutas, conquistas e desafios, também refletir sobre a nossa realidade Catarinense a partir do Contestado. Padre Anastácio, da Diocese de Crato, foi o assessor e conduziu o encontro durante todo o sábado. Apresentou o contexto político-cultural e religioso da Diocese de Crato e de Juazeiro do Norte. A seca e a pobreza, as desigualdades sociais, foram temas abordados para apresentar a realidade de um povo humilde, entretanto, rico em espiri-

tualidade e religiosidade. As conquistas de um povo simples, a vivência em comunidade, são características do sertão cearense. No vídeo apresentado, apreciamos uma experiência de comunidade de base movida e fortalecida pela Palavra de Deus: “Todos que abraçavam a fé viviam unidos e possuíam tudo em comum” (At 2, 44). O carisma de líderes religiosos como Padre Ibiapina e Padre Cícero, com o lema “Trabalho e oração”, são referências para esse povo até os dias de hoje. Terminando o dia de formação, voltamos para comunidade em que nos hospedamos. Aí participamos da Eucaristia e, logo após, num momento de convivência com eles, conhecemos belos projetos sociais, frutos de uma autêntica experiência de fé e realidade. No domingo, Pe. Gilberto Tomazi, da Diocese de Caçador, apresentou a história do Contestado, também uma história de luta em nossa terra, uma realidade diferente, mas que nos irmana com o povo nordestino. História de resistência, de fé e de religiosidade. Agora, esperamos o 13º Intereclesial em Juazeiro, para vivenciarmos mais uma experiência de comunidades cristãs, comunidades que nos ensinam cada vez mais a olhar o próximo e perceber Jesus nos mais necessitados. Que padre Cícero Romão interceda junto ao Pai por todos os participantes, para que se tornem Igreja viva e eficaz no meio no mundo. Foto: Jessica Bittencout

Nossos representantes no encontro de formação para o 13º Intereclesial


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Curso de Fundamentos da Justiça Restaurativa Serviço busca atender as necessidades da vítima e o agressor participa para reparar o mal que causou Divulgação/JA

O Curso foi realizado nos dias 27, 28, 29, 30 e 1 de dezembro, na Casa de Retiros Vila Fátima no Morro das Pedras, em Florianópolis. Reuniu 35 pessoas representando a Pastoral Carcerária de Santa Catarina, representantes do Poder Judiciário e técnicos do Sistema Prisional do Paraná. O curso foi uma promoção da Pastoral Carcerária Nacional, Fundación para La Reconciliación, Centro de Direitos Humanos e Educação Popular (CDHEP). A Justiça Restaurativa consiste em uma proposta de aplicar a justiça buscando atender as necessidades da vítima, e o agressor é convocado a participar do processo de reparação do dano, visando um processo produtivo e de reintegração à sociedade, em lugar da simples pena punitiva. O curso foi ministrado por representantes da Escola de Perdão e Reconciliação (ESPERE), que objetiva transformar conflitos e prevenir a violência. Foi uma capacitação teórica e prática para contribuir ao crescimento humano. Parte de uma visão positiva do conflito a ser trabalhado com comunicação-não-violenta, medi-

Sínodo dos Bispos – o cuidado pastoral das famílias

Realizado na Casa de Retiros Vila Fátima, em Florianópolis, evento reuniu 35 líderes da Pastoral Carcerária do Estado ação e prática de justiça restaurativa. A metodologia participativa considera as quatro dimensões do ser humano: aspectos cognitivos, emocionais, comportamentais e espirituais. A formação em Perdão e Justiça Restaurativa atinge a dimensão da subjetividade combinada com a dimensão sócio-política. Com isso, as pessoas são capazes de desenvolver um novo olhar sobre o perdão e a justiça.

A metodologia da ESPERE é aplicada em 14 países. “O curso possibilitou uma maior reflexão e aprendizado sobre o tema, uma possibilidade de resolução de conflitos entre as partes via diálogo/conversa para resolvê-los, onde as pessoas assumem a responsabilidade e chegam a uma alternativa que repare o dano vivido e restaure as relações”, disse Taise Zanotto, assistente social da Pastoral Carcerária da Arquidiocese.

Coral Santa Cecília realiza apresentação de aniversário Evento também marcou o encerramento das comemorações dos 300 anos da paróquia da Catedral O Coral Santa Cecília da Catedral realizou na noite do dia 28 de novembro, o seu Concerto anual “de aniversário”. O evento mar-

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cou o encerramento das comemorações dos 300 anos da Paróquia Nossa Senhora do Desterro (Catedral), os 63 anos do próprio Foto JA

Apresentação contou com a participação especial da Camerata Florianópolis e de outros músicos convidados

Coral, e os 200 anos do nascimento de Verdi e de Wagner. A apresentação contou com a participação especial da “Camerata Florianópolis” e de Solistas convidados. Do programa, sob a regência do Pe. Ney Brasil Pereira, constou, entre outras peças, a “Ode para o Dia de santa Cecília”, de Haendel, o Coro dos Lombardos, da ópera “I Lombardi alla Prima Crociata”, de Verdi, e a “Marcha de festa” da ópera “Tannhäuser”, de Wagner. O evento foi acompanhado por grande número de apreciadores da boa música coral. Ao final, Pe. David Antônio Coelho, pároco da Catedral, falou da alegria de receber o evento. “Foi uma belíssima apresentação que abrilhantou o encerramento das comemorações dos 300 anos da paróquia da Catedral”, disse.

Não temos nenhuma dúvida da atual crise da família – que gera uma consequente crise da sociedade – bem como somos conscientes da existência de problemas e desafios que até pouco tempo não existiam no âmbito familiar. A busca cada vez menor pelo matrimônio sacramental, a perda da noção daquilo que significa o sacramento do matrimônio, o número crescente de casais em segunda união, as famílias monoparentais, as uniões civis de pessoas do mesmo sexo e a permissão de adoção de crianças em alguns países, são alguns, dentre outros milhares de problemas a serem afrontados. A questão aqui não está no julgamento entre o certo e o errado, nem muito menos uma tentativa de impor algum tipo de comportamento às pessoas. Mas ao mesmo tempo urge à Igreja tentar voltar a mostrar a alegria que podemos encontrar no seguimento fiel a Cristo. A Igreja tem consciência de que possui uma proposta de imensa alegria para as pessoas dentro do matrimônio e da vida familiar. Tal proposta de alegria faria feliz aos homens e mulheres do mundo. Mas ao mesmo tempo não conseguimos mais comunicar esta proposta ao mundo – não porque já não seja adequada, mas sim porque já não sabemos mais transmitir a mensagem. O Papa Francisco, na sua alegre simplicidade, tem conseguido – após anos de incapacidade nossa como Igreja – voltar a comunicar tais verdades e a alegria de seguir a Cristo. Neste contexto, há poucos dias, foi lançado o Documento de preparação para a “III Assembleia Geral Extraordinária do Sínodo dos Bispos”. Este documento nos indica que os próximos anos serão anos de profundos estudos e discussões sobre a família desde uma perspectiva pastoral. Em 2014 teremos, em Roma, a “Assembleia Geral Extraordinária do Sínodo dos Bispos”, que procurará encontrar a atual situação do cuidado às famílias, reunindo também

propostas para anunciar e viver de maneira fidedigna o Evangelho para a família. Já em 2015, teremos a “Assembleia Geral Ordinária”, em ordem a procurar linhas de ação concretas para a pastoral da pessoa humana e da família. Para algumas pessoas poderia vir à mente que seria o momento de mudar a doutrina sobre o matrimônio e reduzir as exigências evangélicas. Outras pessoas, pelo contrário, poderiam pensar que seria a hora de proclamar em alta voz os erros que se cometem. Ambos os pensamentos se equivocam: ao mesmo tempo que não podemos abandonar os ensinamentos e a exigência do próprio Cristo e da sua Igreja em relação ao matrimônio, também não podemos adotar uma atitude farisaica de simplesmente apontar os erros, esquecendo dos sofrimentos das pessoas que os vivem.

Não podemos adotar uma atitude farisaica de simplesmente apontar os erros, esquecendo dos sofrimentos das pessoas que os vivem”.

A terceira via – proposta pelo documento de preparação do Sínodo – é aquela de identificar os problemas e sofrimentos das pessoas concretas e ajuda-las – sem condena-las – a conhecer o que Cristo pede através da sua Igreja. Tal proposta de felicidade não pode ser imposta, mas assumida livremente, pois não haveria amor sem verdadeira liberdade. Pe. Hélio Tadeu L. Oliveira, Mestre em Moral e Bioética, e doutorando em Bioética


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Catequese abre inscrições para curso de formação Escola Catequética para Multiplicadores mais uma vez será realizada na região norte da Arquidiocese Divulgação/JA

A Coordenação Arquidiocesana de Catequese está com as inscrições abertas para os interessados em participar da Escola Catequética para Multiplicadores. Em sua 16ª edição, mais uma vez a Escola será realizada na Paróquia Santa Inês, em Balneário Cambo-riú, com sete etapas, de março a setembro. Este é o segundo ano em que a Escola é realizada em Balneário Camboriú. A mudança atendeu a uma reivindicação dos padres da região norte da Arquidiocese, que reclamavam da distância, já que nas edições anteriores a Escola foi realizada ou em Florianópolis ou na região próxima. Segundo Irmã Marlene Bertoldi, coordenadora Arquidiocesana de Catequese, em 2014 a formação vai priorizar os catequistas de batismo. “Para que tenham uma compreensão mais clara sobre este sacramento como o primeiro da Iniciação à Vida Cristã”, disse. Além da Escola, outros eventos terão o Batismo como foco principal. A intenção, segundo Ir. Marlene, é dedicar-se ao atendimento mais próximo das famílias dos catequizandos para uma maior consciência e compromisso

Catequistas da paróquia anfitriã foram alguns dos que concluíram o curso dos pais no processo da educação da fé, sendo estes testemunhas de seus próprios filhos. As inscrições já iniciaram e vão até o dia 13 de março de 2014. Para participar, os interessados devem entrar em contato com a coordenação de catequese de sua paróquia ou comunidade, e preencher o folder de inscrição.

Multiplicadores. Ela foi realizada em oito etapas, na paróquia Santa Inês, em Balneário Camboriú. No total, 130 catequistas concluíram a formação, que teve como foco uma visão geral da Iniciação à Vida Cristã. “Queremos agradecer a todos os padres da região norte da Arquidiocese, que incentivaram seus catequistas a participarem da formação. Em especial ao Frei Ladí Antoniazzi, que ajudou muito, e incentivou para que a formação fosse assumida pelas paróquias do norte da Arquidiocese”, disse Ir. Marlene.

Formação de catequistas No dia 27 de outubro, celebrou-se a formatura da 15ª turma da Escola Catequética de

Morre Pe. Irmundo Rafael Stein, scj Divulgação/JA

Noticiamos com pesar o falecimento do Padre Irmundo Rafael Stein, scj, vigário na Paróquia N.Sra. do Perpétuo Socorro, em Guabiruba, na manhã de 27 de novembro. Padre Irmundo nasceu em 5 de dezembro de 1949, em Luiz Alves. Quando teve despertada a vocação para a vida religiosa, ingressou na congregação dos Padres do Sagrado Coração de Jesus (SCJ). Realizou seus estudos nos seminários de Corupá (SC) e Rio Negrinho (SC), filosofia em Brusque e teologia em Taubaté (SP), onde foi orde-

nado diácono. A ordenação sacerdotal deu-se em Barra Velha (SC) no dia 16 de dezembro de 1978. Sacerdote dedicado, traba-

lhou muito e evangelizou em muitas cidades no Brasil. Passou pelo Rio de Janeiro, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Na Arquidiocese de Florianópolis, Pe. Irmundo foi vigário e depois pároco da Paróquia N.Sra. de Guadalupe, em Florianópolis, e vigário na Paróquia N.Sra. do Perpétuo Socorro, em Guabiruba. Era muito conhecido por seus livros e CDs de autoajuda, entre os quais, o best-seller “Pequenos recados com grandes significados” (9 edições!). Deus seja louvado por todo o bem que Pe. Irmundo realizou.

FACASC conclui formação em teologia para leigos A Faculdade Católica de Santa Catarina – FACASC – realizou na noite do dia 02 de dezembro a formatura de mais uma turma de lideranças leigas dos seus cursos de extensão. No total, dos seis cursos oferecidos, 127 participaram da formação e receberam o certificado de conclusão. A formatura foi realizada na Paróquia N.Sra. de Lourdes e São Luiz Gonzaga, na Agronômica, em Florianópolis. O evento foi precedido por Celebração Eucarística presidida pelo Pe. Vitor Galdino Feller, diretor da FACASC, e contou com a presença dos professores, familiares e amigos dos formandos. Em seguida procedeu-se À entrega dos certificados para as pessoas que frequentaram ao menos 75% das disciplinas. Os cursos oferecidos foram: Teologia Fundamental; Bíblia, Primeiro Testamento; Teologia Bíblica Fundamental; Teologia Litúrgica Sacramental; Teologia Catequética; e Canto e Música litúrgica I. Para Silvia Togneri, coordenadora dos cursos de extensão da FACASC, os Cursos de Extensão ofe-

recem uma ampla formação aos seus alunos. “Além das aulas normais ministradas por professores qualificados, eles podem complementar seus estudos com as várias atividades realizadas no decorrer do ano pela FACASC”, acrescentou.

Novas inscrições A Faculdade Católica de Santa Catarina – FACASC – convida as lideranças das paróquias e comunidades, pastorais e movimentos, a aproveitarem esses cursos de extensão que acontecem em sua sede, no Bairro do Pantanal, em Florianópolis, às segundas-feiras, à noite. As aulas terão início no dia 25 de fevereiro e serão oferecidos os seguintes cursos: Teologia Sistemática; Bíblia, Segundo Testamento; Teologia Bíblica Pastoral; Teologia Litúrgica Fundamental; Teologia Catequética Pastoral; e Canto e Música litúrgica II. Mais informações, com a coordenadora dos Cursos de Extensão, Profa. Sílvia Togneri (extensao@ facasc.edu.br) ou pelo site da Faculdade: www.facasc.edu.br. Foto JA

Teologia Fundamental foi um dos seis cursos oferecidos pela Facasc


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A primeira vocação presbiteral nos 30 anos da paróquia de Governador Celso Ramos A Paróquia N.Sra. dos Navegantes, em Governador Celso Ramos, tem três bons motivos para celebrar o ano de 2013: os 50 anos do município; os 30 anos da paróquia; e a ordenação presbiteral de Wellington Cristiano da Silva, o primeiro padre do município. Natural da comunidade São Lucas, em Jordão, Governador Celso Ramos, Wellington enfrentou problemas familiares. Os pais não tiveram condições de criá-lo e a seus irmãos, e essa função foi assumida pelos avós. Mas isso em nada abalou a sua fé. Na verdade, talvez tenha sido decisivo para o seu engajamento maior na Igreja e o despertar vocacional. Foram os avós, católicos fervorosos, que o levaram a uma vivência na Igreja. O despertar vocacional surgiu na juventude, quando já trabalhava na vigilância sanitária do município. Entrou para o Seminário com 20 anos. Uma vocação amadurecida. Em entrevista, ele fala do despertar vocacional, das contribuições da comunidade na sua formação, do fato de ser o primeiro padre nos 30 anos da paróquia, da escolha do lema de ordenação e dá sugestões para os jovens que sentem o chamado vocacional. Jornal da Arquidiocese Como foi despertada a sua vocação para a vida presbiteral? Pe. Wellington - A vocação de cada pessoa está intimamente ligada com sua história de vida. Não há como separar a experiência de fé, da vida pessoal. Minha vocação não foi despertada na in-

fância, mas na minha juventude. Acredito que esse foi o momento favorável, o momento de Deus e o meu momento. Foi especificamente em 2004, numa reunião paroquial da Pastoral Vocacional, que senti o chamado de Deus para ser padre, através do convite realizado pelo Pe. Mário José Raimondi, meu pároco na época. Esse convite deixou-me, durante dias, um tanto inquieto. Nesse período, minha vida profissional já estava bem encaminhada. Eu trabalhava na Área de Vigilância Sanitária e Epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde de Governador Celso Ramos. Gostava do que fazia e, por isso, pretendia me especificar na área. Contudo, o convite de fazer uma experiência no Seminário foi mais forte. Com o apoio da família, dos amigos e da comunidade, decidi, livremente, ingressar no seminário.

Pe. Wellington ingressou no Seminário aos 19 anos, vocação amadurecida

O maior desafio para quem deseja seguir a vida consagrada é romper com aquilo que já construiu, com seus projetos e suas seguranças”.

JA - Você é natural da Paróquia N.Sra. dos Navegantes, em Governador Celso Ramos. De que forma ela contribuiu para a sua formação? Pe. Wellington - O povo de Governador Celso Ramos possui uma característica própria de viver e de manifestar a sua fé. A devoção a Nossa Senhora dos Navegantes e ao Divino Espírito Santo fazem parte da vida das pessoas simples daquele povo. As procissões, os cortejos e outras manifestações religiosas típicas da região são momentos propícios de renovação e revigoramento da fé. E isso sempre me acompanhou e me encantou. Esta experiência

marcante e intensa é a que mais contribuiu em minha formação religiosa e vocacional. Foi o povo de Governador Celso Ramos e minha família que me fizeram encantar por Jesus Cristo e pela Igreja. Por isso, pretendo conservar sempre em minha vida essa experiência de fé, uma experiência simples, mas profunda. Minha vocação e perseverança são frutos da graça de Deus e das orações do meu povo. Preservar as minhas raízes é ser fiel ao meu chamado.

Comparados a outros municípios e paróquias, tanto o município quanto a paróquia de Governador Celso Ramos são ainda muito jovens. Por graça divina e pelas orações fervorosas da comunidade, em tão pouco tempo, surgiu uma vocação presbiteral na Paróquia. A minha ordenação foi a primeira da Paróquia, mas não será a única. Toda ordenação e consagração é um momento vocacional bastante expressivo, que suscita e interpela novas vocações.

JA - Em 30 anos de paróquia, você é a primeira vocação presbiteral. A que se deve isso? Pe. Wellington - Fui ordenado num ano bastante significativo para o povo de Governador Celso Ramos, marcado por duas grandes comemorações: os 50 anos de emancipação política do município de Governador Celso Ramos e os 30 anos de criação da Paróquia Nossa Senhora dos Navegantes.

JA - Você entrou para o Seminário com 20 anos. Comparando com os tempos passados, é uma vocação amadurecida. Quais os benefícios de ter tido uma experiência anterior antes de entrar para o Seminário? Pe. Wellington - A questão da idade é algo bastante relativo. O processo de discernimento vocacional varia de pessoa para pessoa e está muito ligado com a

Retalhos do Cotidiano

Divulgação/JA

Presépio O presépio tem muito a ensinar. É preciso contemplar no silêncio, para ouvir e aprender!

história de vida de cada um. Na verdade, Deus respeita o nosso momento e não nos força a tomar decisões precipitadas. Ele faz o convite e fica aguardando, com amor e paciência, nossa resposta. O importante é discernir bem, não se acomodar e ter a coragem de decidir. As experiências que tive antes de ingressar no seminário foram bastante positivas, e não as excluo de minhas atividades pastorais. O trabalho que exerci na área da saúde, por exemplo, muito contribui para o serviço pastoral no campo da promoção humana. JA - O que tem a dizer aos jovens que sentem o desejo de seguir a vida ministerial, mas ainda não deram o passo decisivo? Pe. Wellington - O maior desafio para quem deseja seguir a vida consagrada é romper com aquilo que já construiu, com seus projetos e suas seguranças. Mas, na vida, temos que ter a ousadia de lançar-nos, de ir, de romper, de arriscar. Essas decisões nos amadurecem, nos fazem crescer. Não há como ser feliz sem fazermos as devidas escolhas e renúncias. É preciso ouvir a vontade de Deus para nossa vida. E qual é a vontade de Deus? É exatamente aquilo que nos diz o apóstolo Paulo na carta aos Romanos: a vontade de Deus é “aquilo que é bom, que lhe agrada e que é perfeito” (Rm 12,2). É preciso ter coragem e vencer os medos. Fazendo a experiência e um bom acompanhamento vocacional, é possível discernir o chamado de Deus. E toda vocação, quando bem vivida e discernida, leva à felicidade. Como dar testemunho da vocação? Com um sorriso, com alegria, com entusiasmo. É isso que chama, que encanta, que questiona.

Carlos Martendal

Nascimento Senhor, Tu te deixas encontrar por todo aquele que te procura. Deixa-me encontrar-te. Hoje. Agora. Ou devo esperar tuas demoras? Vem, Senhor, apressa-te! Leva de presente meus pecados, aceita minhas tristezas, meu orgulho. É só isso que tenho para te embrulhar na tua noite fria de Belém, na noite fria do meu coração. É só com esse‘jornal’ que posso te envolver. Mas Tu, Deus-Menino, o mais pobre, o mais simples, te contentas com os meus jornais. Neles, Tu, o Sábio, lês a história da minha vida. E me aceitas.E te pões no meu colo. E eu te embalo. É Natal, meu Menino!

Jornal da Arquidiocese

Amor O amor nasce num estábulo e dorme numa manjedoura. O doce perfume do Pai se mistura ao cheiro dos excrementos dos animais. Onde a luz entra não há

trevas; onde o odor de Cristo penetra, os cheiros ruins se evaporam; onde uma gruta revela o caminho, desaparecem os desvios. É Natal!

Alegria

Rei

Que em nossas famílias tenhamos a graça das crianças alegres. Vendo-as, poderemos experimentar a alegria do Menino Jesus!

Nosso Rei é um Rei que se dá para que nós possamos tê-lo! E, tendo-o, dele vivamos e com ele caminhemos, para amá-lo e servi-lo nos irmãos.

Beleza Natal A noite em que a Palavra se faz carne e o choro de um Deus criança é consolado pelo canto dos anjos. Finalmente, a terra encontrou o céu e hospedou seu mais ilustre Habitante. É Natal! Tenhamo-lo santo e alegre. E que a santidade e a alegria natalinas marquem os dias do ano que se anuncia!

A feiúra de uma estrebaria acolhe “o mais belo dos filhos dos homens” (Sl 45[44],3). Ele, por quem todas as coisas foram feitas, nasce da mãe que criara, a Mãe do Belo Amor! “Aquele que regia o universo

Orvalho

acha-se agora reclinado em um presépio. Não fala e é a Palavra! Aquele que os céus não podem conter, o seio de uma mulher guardou. Ela alimentava, com o seu leite, o nosso Pão” (S. Agostinho). É Natal!

Como o orvalho da bondade rega a terra onde se semeia o amor...


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Irmã Neves - vida dedicada aos pobres Associação João Paulo II é o legado que a religiosa deixa para a comunidade da Praia, em Palhoça Divulgação/JA

Simplicidade, humildade, sinceridade, liderança, paciência, o olhar todo voltado para os pobres... Esses são algumas das qualidades que todos os que conviveram com Irmã Neves não cansam de mensionar para descrever a religiosa. Falecida no dia 02 de novembro, às 20h, aos 89 anos, completados 10 dias antes, ela foi a fundadora da Associação João Paulo II, que atende as mais de 2,6 mil pessoas da Comunidade da Praia, na Ponte do Maruim, em Palhoça. Em 1978, quando um grupo de irmãs, que até então faziam parte da Irmãs da Divina Providência, criaram a Fraternidade Esperança, Irmã Neves se engajou no grupo. Naquele mesmo ano, com outras duas irmãs, se mudam para a comunidade da Praia. Na época, um amontoado de palafitas, sem creche, escola, postos de saúde, saneamento básico ou calçamento. Para José da Silva Mattos, morador da comunidade há 30 anos e membro da diretoria da Associação João Paulo II há 18 anos, e presidente de honra, a comunidade cresceu muito e se desenvolveu graças ao trabalho da Irmã Neves. “Hoje temos sete associações comunitárias e todas nasceram sob o teto e o cuidado zeloso de Irmã Neves. Graças a ela, as pessoas se organizaram e conquistamos as melhorias que vemos hoje”, disse. Segundo Gervásio Manoel de Souza, morador da comunidade há 32 anos, presidente da Associação há dois anos e parceiro do projeto há 18, Irmã Neves cativava as pes-

Pascom Regional realiza encontro na Arquidiocese Florianópolis será a sede do II Mutirão Regional de Comunicação em novembro de 2014

Projeto criado há 33 anos por Irmã Neves (foto ao lado) ajudou no desenvolvimento da comunidade soas e as incentivava ao trabalho. “Eu era um simples açougueiro e fui convidado para presidir a associação. Achei que não tinha condições, mas ela insistiu. Hoje toda a minha família está engajada no projeto e somos mais felizes”, disse. O desenvolvimento da comunidade se deu também por conta do apoio pedagógico que as crianças receberam da entidade. Sandra Regina Cabral, 26 anos, é um exemplo disso. Ele ingressou na associação aos 3 anos de idade e permaneceu nele até os 16. Depois foi contratada para trabalhar na instituição. Hoje é pedagoga formada e funcionária, e dedica sua vida ao projeto. “Aqui temos uma visão diferente do mundo. Somos uma família, inspirados pela Irmã Neves”, disse emocionada. Assim como ela, muitos foram os que passaram pela Associação João Paulo II e ti-

veram uma nova perspectiva de vida por meio dos cursos técnicos ou mesmo do apoio pedagógico. Irmã Terezinha Hermínio Maria acompanhou boa parte do desenvolvimento da comunidade. Ela foi colega de Irmã Neves no Provincialado, mas ingressou no projeto alguns anos depois de iniciado, em 1985. Segundo ela, Irmã Neves era uma mulher toda voltada à ajuda aos mais pobres. Foi assim sua vida inteira. “Ao longo desse tempo, recebeu inúmeras condecorações em reconhecimento ao trabalho que realizou, mas nada a envaidecia. O importante era continuar trabalhando e prestando auxílio a quem precisava”, disse Irmã Terezinha. Ela assumiu a coordenação do projeto e tem certeza que o legado deixado por Irmã Neves vai continuar, pois preparou a todos para que ele tivesse continuidade.

TESTEMUNHOS “Irmã Neves sempre foi uma pessoa movida por um forte ideal. Conhecia assim, temos apenas dois anos de diferença na idade e convivemos muito tempo. Uma mulher simples e muito sensível à situação das pessoas. O que fazia, fazia com intensidade”, Irmã Clea Fuck, colega de convento

“Irmã Neves abriu as portas para muitas pessoas verem um novo horizonte. Graças ao incentivo dela, ingressei na faculdade e hoje sou pedagoga. Ela sabia ver as potencialidades e incentivar as pessoas a desenvolvê-las”, Sandra Regina Cabral, pedagoga da entidade

“Quando as Irmãs chegaram aqui, não havia nada. Irmã Neves organizou a comunidade e todos juntos buscamos os nossos direitos junto ao poder público. Ela foi a base, a líder de todo o processo de desenvolvimento que conquistamos ao longo desses anos”, José da Silva Matos, morador há 30 anos, presidente de honra

A equipe de coordenação da Pastoral da Comunicação da CNBB - Regional Sul IV (SC), esteve reunida na noite do dia 08 de novembro. Realizado numa das salas da Catedral de Florianópolis, o encontro teve como objetivo refletir sobre a caminhada da Pascom em 2013 e definir o cronograma de reuniões e eventos para o próximo ano. Estavam presentes representantes das dioceses de Tubarão, Joinville e Florianópolis. Os participantes também falaram sobre a participação do Regional no 8º Mutirão Brasileiro de Comunicação, de 27 de outubro a 01 de novembro p.p., em Natal, no Rio Grande do Norte. Cada representante de dio-

cese partilhou suas vitórias e suas lutas na implantação da PASCOM nas bases. Destacamos a partilha da Diocese de Tubarão, que reiniciou no começo do ano o trabalho com a Pascom e já realizaram vários encontros e outras atividades. Para o próximo ano foram agendadas as reuniões da equipe regional. O destaque é a realização do II Mutirão Regional de Comunicação, a ser realizado de 14 a 16 de novembro em Florianópolis. “Teremos muitas atividades na Arquidiocese e no Regional. Pretendemos dar um novo impulso na Pascom, para que ela de fato aconteça nas comunidades, paróquias e dioceses”, disse Olga Oliveira, coordenadora da Pascom da Arquidiocese.

Curso de Aperfeiçoamento em Comunicação Pastoral Padres, religiosos, e leigos, interessados na área de comunicação, a partir de janeiro de 2014, terão a oportunidade de compreender os processos comunicativos como ferramentas estratégicas para a evangelização e o desenvolvimento da comunidade, com o Curso de Aperfeiçoamento em Comunicação Pastoral. A oportunidade é uma iniciativa da Pastoral de Comunicação (Pascom), em parceria com a Universidade Católica de Salvador (Ucsal). Desenvolvido na modalidade Lato Sensu com 180h/ano, o Curso (CACP), será realizado em três módulos, durante uma semana, sempre nos meses de janeiro e julho de 2014 e em janeiro de 2015, com a assessoria de especialistas, mestres e doutores. É importante destacar que as disciplinas perpassam o campo da Comunicação Social e o da Teologia, o que torna a proposta

ampla. “Esse curso já aconteceu no caráter de extensão de 2003 a 2009, e formou cerca de 140 pessoas de Salvador e Região Metropolitana. Agora, demos um passo a mais em parceria com a Católica e em nível de pós-graduação”, disse Patrícia Luz, uma das coordenadoras do curso. Para se inscrever, o interessado deve fazer a pré-matrícula através do link http://www. ucsalpos.com.br/cursos/64/ ucsal-curso-de-aperfei coamento-em-comunicacaopastoral/. Em seguida, deve encaminhar os seguintes documentos: originais e cópias do RG, CPF, diploma e histórico do Curso Superior, 2 fotos 3X4 e o currículo resumido. O investimento é de 12 parcelas de R$ 245 (até o dia 15 de dezembro); ou 12 parcelas de R$ 269,50 (após o dia 15 de dezembro). Mais informações pelo telefone (71) 4009-6688.


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Geral

Dezembro 2013

Jornal da Arquidiocese

Serviço de Aconselhamento Familiar Promovido pela Comissão Vida e Família, busca auxiliar a família nas várias situações que a envolvem Foto JA

Foto JA

Prestar atendimento às famílias com dificuldade em todas as questões que impedem o equilíbrio familiar. Esse é o principal objetivo do Serviço de Aconselhamento Familiar. Realizado na Catedral desde o início de setembro, o serviço é prestado por 20 casais voluntários que atuam em pastorais e movimentos de casais ficam à disposição para ajudar os casais necessitados. Os voluntários passaram por uma formação de quatro meses para prestar o serviço. O casal Ademir e Adélia da Rosa, casados há 35 anos, com dois filhos e dois netos, são uns dos voluntários. Além da experiência de vida, eles ministram cursos de noivos. “Quando há casos mais complicados, colocamos a situação para o grupo e tomamos a melhor decisão. Se necessário, pedimos a intervenção de um profissional médico ou psicólogo”, disse Ademir. “Muitas vezes as pessoas precisam apenas de alguém que as ouça e procuramos ser esse ombro amigo que está aqui para ajudar. Mais que ouvir, elas querem

Os seis dias da Jornada Mundial da Juventude são retratados sob o olhar do cinegrafista

Casal atende uma pessoa no SAF. Atendimento é prestado por casais e iniciou após todos receberem quatro meses de formação falar”, informou Adélia. O aconselhamento é realizado sob total sigilo. As pessoas podem vir sozinhas, ou acompanhadas por um membro da família ou mesmo com todos os membros. O serviço iniciou no início de setembro e ainda está na fase de divulgação. A procura é pequena, mas começa a ganhar volume. “Percebemos que nas paróquias onde houve maior divulgação, a procura das pessoas tem sido maior. Pre-

tendemos estimular mais a divulgação nas paróquias”, disse Mário Prisco, que com sua esposa, Sarita, coordena o serviço. Os interessados podem procurar a Catedral. O atendimento é feito de segunda a quinta-feira, das 9h às 20h, sem pausa para o almoço. Mas o atendimento também pode ser agendado pelo fone (48) 3224-3357. Haverá uma pausa para as festas de fim de ano do dia 20 de dezembro a 20 de janeiro.

Paróquia cria Web Rádio Entrou em funcionamento no dia oito de novembro a primeira Web Rádio Paroquial de nossa Arquidiocese. A Web Rádio Desatadora (www.webradio desatadora.com) é uma iniciativa da Paróquia Sagrado Coração de Jesus dos Ingleses (www. pscj.org.br) e quer ser mais um canal de evangelização através da internet. Pe. Mário José Raimondi, pároco e criador da Web Rádio, coloca a obra nas mãos de Deus. “Pedimos ao Espírito Santo para nos guiar, nos conduzir e trans-

Documentário resgata momentos da JMJ

Logomarca da Web Rádio formar esta obra naquilo que está no coração de Deus. [...] Eis

nossa missão: viver e sentir o amor de Deus, pois aqui o AMOR e a FÉ se encontrarão”, disse durante a solenidade de lançamento da rádio. Músicas, notícias e informação sobre a Igreja na Paróquia, na Arquidiocese, no Brasil e no mundo estarão presentes na programação da Web Rádio Desatadora. Sintonize a rádio por meio do endereço www.webradiodesata dora.com e prestigie mais essa ferramenta de evangelização que utiliza os meios de comunicação para alcançar o público católico.

A Jornada Mundial da Juventude lançou documentário com vendas em todas as lojas do País. “Rio de Fé, um encontro com Papa Francisco”, dirigido por Cacá Diegues, mostra a JMJ, realizada no Rio de Janeiro entre os dias 23 e 28 de julho de 2013, reunindo cerca de 3,7 milhões de jovens de todo o mundo. Essa foi a primeira viagem do Papa Francisco ao Exterior desde que assumiu o pontificado, em março deste ano. Durante o filme, mostra-se o calor do encontro pregado pelo Papa Francisco, por meio de cinco olhares: da Igreja, do peregrino, da cidade, da favela e da tolerância religiosa. A JMJ foi um evento inesquecível para todos – católicos ou não – um encontro que constituiu um grande abraço místico e humano, peregrino e missionário, cristão e universal. Ao longo de quase uma hora e meia de filme, é possível conhecermos personagens distintos uns dos outros que participaram desse grande evento, movidos pela fé, com o objetivo de encontrar o próximo e dão o seu testemunho no documentário. Após um trabalho junto à Pastoral da Igreja, Cacá sentiu suas esperanças renovadas e, durante a

Jornada, conheceu o Papa. “Rio de Fé” também propicia um rico debate a respeito da tolerância religiosa, indo ao encontro do discurso do Papa Francisco. Durante os dias da Jornada, peregrinos puderam conhecer outras religiões e visitar um centro de Umbanda e Candomblé, mostrando que a crença é individual, mas que o encontro e o diálogo são necessários para o mundo viver em paz. Muçulmanos, católicos e judeus se encontraram em um único evento promovido por Dom Orani Tempesta, arcebispo do Rio de Janeiro, e juntos levantaram temas a respeito da fé do ser humano. O filme apresenta um amplo leque de pontos de vista, incluindo um membro da Opus Dei, um ateu, um teólogo, Leonardo Boff, entre outros.

Divulgação/JA


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