[e-Book] Arte e cultura 2011

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Caro estudante,

Desde a criação da Unifacs, acreditamos que formação é muito mais do que preparação técnico-científica e que nossa missão como Universidade é proporcionar ao estudante uma educação para toda a vida, embasada no domínio do conhecimento, na fixação de valores e no desenvolvimento de habilidades e atitudes. É proporcionar o desenvolvimento integral do indivíduo.

Mais do que profissionais, queremos formar pessoas com visão abrangente do mundo e das transformações da dinâmica social, com competência para avaliar de forma crítica e criativa as questões que nos cercam. Pessoas capazes de enfrentar os desafios que se coloquem ao longo de sua vida e de sua trajetória profissional, e de aprender permanentemente e de forma autônoma.

Buscamos atingir este objetivo - fundamentados na nossa missão e no nosso Projeto Pedagógico Institucional - por intermédio das diversas atividades acadêmicas, dentro e fora da sala de aula, que compõem o Currículo Unifacs e que desenvolvem e fortalecem habilidades essenciais para a formação do perfil do egresso Unifacs; como um “DNA” reconhecido pela sociedade e pelo mercado de trabalho. Este Currículo compõe-se dos elementos descritos a seguir:

Disciplinas de Formação Humanística: oferecidas em todos os cursos de graduação da Unifacs; Disciplinas de Formação Básica: conferem conhecimentos e competências comuns aos cursos de uma mesma área do conhecimento, para o futuro exercício profissional; Disciplinas de Formação Específica: proporcionam a formação técnica e o desenvolvimento de habilidades e atitudes necessárias ao perfil profissional do curso; Atividades integradoras: permitem vivenciar na prática os conteúdos teóricos trabalhados em sala de aula, através do desenvolvimento de projetos específicos; Atividades Complementares: oferecem oportunidades de ampliação do conhecimento fora da sala de aula, a exemplo da Iniciação Científica, ações comunitárias, programas de intercâmbio, cursos de extensão e participação em Empresas Juniores, entre outras; Estágio Supervisionado; Trabalho de Conclusão de Curso e demais atividades acadêmicas.


As disciplinas de Formação Humanística, em especial, cumprem um papel fundamental na consecução desse perfil. Preparam uma sólida base de conhecimentos gerais que permitirão uma compreensão mais ampla da formação técnica de cada curso, estimulando o pensamento crítico e sensibilizando o estudante para as questões sociais, políticas, culturais e éticas que envolvem sua atuação como cidadão e profissional; motivando à busca do saber perene.

Em complementação, portanto, à formação técnico-profissional proporcionada pelas disciplinas de Formação Básica e Específica, as disciplinas de Formação Humanística possibilitarão ao estudante adquirir quatro importantes saberes: aprender a aprender, aprender a fazer, aprender a conviver e aprender a ser.

Esta é a concretização do nosso compromisso de formar pessoas melhores, cidadãos atuantes e profissionais comprometidos para a construção de um mundo melhor.

Cordialmente,

Prof. Manoel J. F. Barros Sobrinho Chanceler


Formação Humanística Unifacs Conforme explicitado no Projeto Pedagógico Institucional da Unifacs, as disciplinas de Formação Humanística têm como objetivo:

Possibilitar aos discentes a visão abrangente do mundo e da sociedade, propiciando aquisição de competências relativas ao processo de comunicação e raciocínio lógico, necessárias para a formação profissional; bem como conhecimentos inerentes aos direitos humanos, à ética, às questões sócio-ambientais que envolvam aspectos ecológicos, psicológicos, legais, políticos, sociais, econômicos, científicos e culturais, delineando a formação cidadã.

As disciplinas de Formação Humanística e seus objetivos são:

1. Comunicação Desenvolver a capacidade de ler criticamente e produzir textos de forma autônoma, adequando-se às diversas situações comunicativas presentes no dia-adia, e reconhecer a importância do desenvolvimento destas habilidades para sua vida pessoal e profissional.

2. Introdução ao Trabalho Científico Despertar o interesse pela ciência, apontando seu papel na construção do conhecimento e mostrar como o método científico pode ser utilizado para a solução de questões cotidianas.

3. Sociedade, Direito e Cidadania. Promover uma reflexão sobre o exercício da cidadania e os mecanismos que garantem sua efetividade, bem como a participação nos processos sociais, de forma a interferir positivamente na sociedade.

4. Conjuntura Econômica Habilitar à compreensão da dinâmica da economia e do impacto das suas diversas variáveis e características no dia-a-dia de países, empresas e cidadãos.


5. Arte e Cultura Proporcionar o conhecimento e a valorização das manifestações artísticas e culturais e ampliar a percepção estética como habilidade relevante para profissionais de qualquer área do conhecimento.

6. Meio Ambiente e Sustentabilidade Transmitir conceitos fundamentais sobre ambiente, sustentabilidade e suas relações com o desenvolvimento e despertar atitude político-ambiental nos estudantes, a partir do entendimento de seu papel como profissionais e cidadãos.

7. Psicologia e Comportamento Estudar as interações dos indivíduos no cotidiano, nos grupos dos quais fazem parte, e avaliar papeis e funções nas relações pessoais e profissionais.

8. Filosofia Discutir as grandes questões da vida humana pela compreensão das diversas correntes de pensamento filosófico e de suas contribuições.

9. Empreendedorismo Desenvolver a atitude empreendedora como elemento indispensável para o sucesso pessoal e profissional, seja trabalhando em organizações ou como empresário.

10. Saúde e Qualidade de Vida Enfatizar a importância dos cuidados preventivos com a saúde para obter uma melhor qualidade de vida dando a base para o pleno desenvolvimento dos projetos pessoais e profissionais.


ARTE E CULTURA Autoras: Cida Lopes, Neila Maciel, Simone Trindade e Angela Cambeses



Sumário Formação Humanística Unifacs..............................................................................................................................................3

ARTE E CULTURA.................................................................................................................................5 APRESENTAÇÃO.......................................................................................................................................................................................9 AULA 01 - PELOS CAMINHOS DA ARTE ...................................................................................................................................... 11 AULA 02 - EM BUSCA DE NOVOS CAMINHOS ARTÍSTICOS ................................................................................................ 31 AULA 03 - ARTE MODERNA ............................................................................................................................................................. 47 AULA 04 - LINGUAGENS CONTEMPORÂNEAS.......................................................................................................................... 59 AULA 05 – FOTOGRAFIA, CINEMA, MODA E DESIGN............................................................................................................. 75 AULA 06 - A LINGUAGEM LITERÁRIA........................................................................................................................................... 93 AULA 07 - Música brasileira popular urbana: uns mo(vi)mentos ...............................................................121 AULA 08 - Dança e Teatro, artes cênicas........................................................................................................................143



APRESENTAÇÃO É com muita alegria que lhes apresentamos a disciplina Arte e Cultura, que faz parte no eixo de Formação Humanística, e os convidamos a passear por diversas e fascinantes linguagens. Alegria que também pode/deve se manifestar no fazer artístico e na construção, apreciação e assimilação do produto cultural. Nessa caminhada há vários caminhos e jeitos de caminhar, tal como a Arte e a Cultura fizeram. Pois é, a arte como expressão do ser humano e como expressão social no decorrer da História, em diversas tendências e movimentos, é um meio de representação das aspirações da sociedade, que transforma e constrói uma cultura viva e dinâmica presente na realidade dos cidadãos através da criação, diálogos, trocas e fusões. É sabido que conhecer e valorizar as manifestações artístico-culturais figura como uma habilidade fundamental para a formação de profissionais críticos e comprometidos com as questões sociais. Este é um dos objetivos da nossa disciplina. A história da arte e a diversidade de linguagens artísticas será tratada ao longo das 8 aulas pela singularidade que apresentam, o que não significa que estas não fazem a interface entre si. A pintura, a escultura, a fotografia, o grafite, o desenho e a gravura, as intervenções urbanas, o cinema, a literatura, a música, a dança e o teatro estarão nessa nossa trilha, e, com certeza, farão da nossa caminhada um prazer.

Feliz passeio!

Cida Lopes, Neila Maciel, Simone Trindade e Angela Cambeses



AULA 01 - PELOS CAMINHOS DA ARTE Autora: Simone Trindade V. da Silva “O Homem cria, não apenas porque quer, ou porque gosta, e sim

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porque precisa; ele só pode crescer, enquanto ser humano, coerentemente, ordenando, dando forma, criando” Fayga Ostrower (1978, p.10).

Esta aula tem como objetivo apresentar alguns conceitos básicos introdutórios que nortearão a nossa jornada pela História da Arte. Para tanto, iniciaremos nossa viagem panorâmica através dos séculos percorrendo as manifestações artísticas da PréHistória até a Idade Média, caracterizando-as e ilustrando-as.

O que nos faz humanos?

Mão pintada em negativo no período pré-histórico na Gruta de Pech Merle (Lot, França). Fonte: http://upload.wikimedia.org/ wikipedia/commons/e/e6/Pech_Merle_main.jpg

No início, como todos os demais animais, a preocupação do homem era com a sua sobrevivência. O homem não era o maior, não era o mais forte, não era o mais rápido. Mas ele tinha algo especial: a criatividade. Essa característica fez com que a espécie humana se tornasse dominante no planeta. O homem se configurou como agente modificador do ambiente, consciente de si e de suas possibilidades. (SILVA, 2007, p.10)

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A cultura é a maneira pela qual o homem tenta entender, ordenar e controlar o seu mundo. Ela é uma criação transmitida de geração a geração. E a arte é uma de suas expressões. Mas, o que é arte? Todos nós já vimos obras de arte. Reconhecemos a Mona Lisa de Leonardo da Vinci e Guernica de Pablo Picasso. Não existe uma definição absoluta. Várias definições são possíveis. Elas podem explorar diferentes aspectos da arte como a forma, a técnica, a estética, a vida do artista, o período histórico, o programa iconográfico estilístico1, etc. Quando olhamos uma obra de arte não devemos nos limitar às questões de valoração: gosto, beleza, empatia. Devemos ir além, buscar uma apreciação mais ampla, baseada no conhecimento. É isso o que pretendemos nesse estudo sobre história da arte, despertar um novo olhar. Afinal, a nossa relação com uma obra artística é uma experiência sensorial, sentimental e intelectual, ou seja, algo que mexe com nossos níveis de consciência e inconsciência. Em arte, vamos nos despir de preconceitos. Conhecer é o primeiro passo para vermos realmente algo. A arte possui uma linguagem própria, que precisa ser entendida. Nas artes visuais deve-se observar que

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A forma é a matéria das obras de arte, sua carne e seu sangue. Os elementos da forma são: cor, linha, textura, planos, volumes, espaço, luminosidade e ritmo. Cada obra possui a sua composição, que vai criar um tipo de representação, que pode ser naturalista (que se aproxima das formas da natureza, figuração do real) e/ou abstrata (transformação do real por deformação, simplificação, geometrização ou desconstrução). (SILVA, 2007, p.9)

As obras de arte são expressões do estilo. Existem estilos que caracterizam a arte nos períodos históricos, uma área geográfica específica, um grupo ou escola e estilos individuais que caracterizam o modo como o artista se expressa. Desta forma, três dimensões básicas compõem o estilo: a temporal; a nacional e a individual. Vamos lembrar sempre que arte não é realidade, arte é representação, é uma construção cultural humana. E por isso há muitas possibilidades, como vamos ver nesta nossa jornada panorâmica através dos séculos.

VIAJANDO PELO TEMPO Tudo começou na Pré-História, no Paleolítico Superior. Pelo menos, até agora, os mais antigos exemplares artísticos encontrados datam deste período, ou seja, cerca de 40.000 a.C. Eles podem ser vistos em várias partes do mundo, evidenciando a evolução humana, o desenvolvimento de sua habilidade manual e tecnológica. O homem vivia em grupos nômades. Mas ele já estava construindo ferramentas, procurando melhorar seu desempenho. Também estava esculpindo estatuetas e pintando 1 Conjunto de imagens representadas adotadas por um estilo.


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nas cavernas. Por quê?

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Os mais representativos e conhecidos exemplares de pinturas rupestres estão nas cavernas de Altamira (Espanha) e de Lascaux (França). Eles registram o estilo de vida dos caçadores e coletores entre 35.000 e 8.000 a.C., oferecendo “um testemunho gráfico da sensibilidade dos primitivos seres humanos e da amplitude de seu desenvolvimento cultural” (DOWNES et ali, 1996, p.82). As cenas são compostas por incisões e pinturas de animais com rico colorido.

Pintura da caverna de Altamira, Espanha. Fonte: http://commons.

Pintura da caverna de Lascaux, França. Prof. Saxx. Fonte:

wikimedia.org/wiki/File:Altamira,_bison,_museum_02.JPG

http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Lascaux,_replica_04. JPG

FAÇA UMA VISITA VIRTUAL À CAVERNA DE LASCAUX: http://www.lascaux.culture.fr/#/fr/00.xml

Você deve estar intrigado, se perguntando sobre o sentido destas obras. Essas representações de animais são bem realistas, revelando grande habilidade dos seus criadores. A maioria dos estudiosos acredita que elas propiciatórias, ou seja, visavam magicamente favorecer a caça. Afinal, essas cenas não são decorativas, pois não se encontram em áreas de fácil acesso e muitas vezes as figuras são sobrepostas, desenhadas umas sobre as outras. E quanto à identidade desses artistas? Não sabemos. Entretanto, os artistas deveriam pertencer a um grupo especial, ligado às funções rituais.

No Brasil possuímos vários exemplares de pinturas rupestres. Visite: Fundação Museu do Homem Americano – Parque Nacional Serra da Capivara, Piauí - http:// www.fumdham.org.br/pinturas.asp

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PARA SABER MAIS:

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GASPAR, Madu. Arte rupestre no Brasil. Rio de Janeiro: Zahar, 2006.88 p. Interessante panorama da arte rupestre brasileira.

NA BIBLIOTECA UNIFACS:

VALENÇA, José Robim; FURRER, Bruno; Empresas Dow (Brasil). Herança: um projeto cultural de Empresas Dow, Brasil. São Paulo: Empresas Dow, 1984. 152 p. Número de Chamada: 981.01 H531h 1984

PESIS, Anne-Marie. Imagens da pré-história: parque nacional serra da capivara. São Paulo: Gráfica Takano, 2003. 307 p. Número de Chamada: 930.1 P472i 2003

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Mas não existiam somente animais nas pinturas rupestres. A representação humana também é encontrada, principalmente a partir do Mesolítico. Ao contrário do realismo das figuras animais, os humanos são bastante simplificados, esquemáticos, meros traços. Curiosas são as mãos humanas impressas nas paredes de algumas cavernas. Elas aparecem em positivo (quando se comprime sobre a parede a mão pintada com pigmentos) ou em negativo (quando se pinta o contorno da mão). Segundo Hauser (1994, p. 8),

[...] as silhuetas de mãos que foram encontradas em muitos lugares perto das pinturas rupestres, e que parecem ser resultantes da impressão deixada por mãos reais, fizeram provavelmente nascer no homem a idéia de criação – a poeiein – e deram-lhe a consciência da possibilidade de que algo inanimado e artificial poderia ser perfeitamente semelhante ao original vivo e autêntico.


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Pintura rupestre na Líbia, África.

Mão pintada em negativo no período pré-

Fonte: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/9/93/Li-

histórico na Gruta de Pech Merle (Lot, França).

bya_4924_Pictograms_Tadrart_Acacus_Luca_Galuzzi_2007.jpg

Fonte: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/ commons/e/e6/Pech_Merle_main.jpg

A figura humana também pode ser vista nas esculturas. As mais antigas são as estatuetas femininas conhecidas como Vênus esteatopigias2. Sua silhueta volumosa revela o padrão de beleza da época, que parece evocar a fertilidade, vital para a sobrevivência da humanidade. Muitos especialistas atribuem a essas pequenas esculturas uma finalidade ritual. Elas seriam uma espécie de talismã para a garantia da fertilidade feminina. Elas aparecem também em relevo como a Vênus de Laussel.

Vênus de Willendorf em marfim de mamute. Museu de História Natural de Viena. Fonte: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/9/9d/Venus_of_Willendorf,_Anthropos.JPG

A representação humana vai se tornar cada vez mais presente. Por quê? Essa mudança de foco e expressão vai se consolidar no Neolítico. O estilo de vida do homem nesse período mudou. Ele passou a ser produtor, criando animais e cultivando plantas. Isso possibilitou que se fixasse numa área e tivesse estabilidade. As principais expressões artísticas desse período são a cerâmica e as construções megalíticas. As primeiras expressões da cerâmica eram muito simples. Com o tempo e a prática ela se tornou mais elaborada e passou a ser decorada através de pintura ou incisão. Os motivos geométricos eram os mais presentes. As cerâmicas mais antigas foram descobertas na Anatólia. Inicialmente a decoração era composta por motivos abstratos geométricos, sobretudo círculos e espirais. Posteriormente, esses vão se juntar aos elementos figurativos, como nas pinturas ornamentais das construções.

2 Estatueta pré-histórica representando figura feminina com seios e nádegas volumosos.

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Ver imagem no link abaixo: Vaso em cerâmica neolítica do leste europeu, c. 4.000

Grande Touro vermelho Rodeado de Caçadores, Catal Huyuk,

a.C. Fonte: http://www.ancienttouch.com/951.jpg

Anatólia Fonte: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/4/46/ Catal_Hüyük,_bull_painting.JPG

As construções megalíticas são expressões da arquitetura pré-histórica. Elas revelam a estrutura social e o conhecimento existentes. Existem dois tipos de megálitos: o menir e o dólmen. O bloco de pedra assentado verticalmente é o menir, uma espécie de marco. O alinhamento circular de menires é chamado de cromlech. Já o dólmen é constituído por uma pedra horizontal sobre dois ou mais blocos de pedras verticais. O historiador da arte Janson (1984) acredita que os dolmens eram entradas de túmulos.

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Menir dos Almendres. Évora,

Cromlech de Almendres, em Portugal.

Dólmen de Carnac, França.

Portugal. Fonte: http://com-

Fonte: http://commons.wikimedia.

Fonte: http://commons.wikimedia.org/wiki/

mons.wikimedia.org/wiki/

org/wiki/File:Cromeleque_dos_Almen-

File:Carnac_Kermario_Dolmen_2.jpg

File:Menir_dos_Almendres_2.

dres1340.JPG

jpg

Stonehenge é a mais famosa construção megalítica. Localizada na planície inglesa de Salisbury, próxima a Londres, esse conjunto é formado por menires e dolmens. Sua orientação para o nascente no solstício de Verão sugere sua função ritual. Stonehenge impressiona por sua majestade e propicia questões: por que utilizar essas grandes pedras? Como elas foram transportadas nesse período? Vamos lembrar que elas possuem até 7 metros de altura, pesam até 25 toneladas, e parecem integrar uma estrutura ainda maior.


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Stonehenge. Inglaterra, c.2.000a.c. Fonte: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/a/a6/Stonehenge_Wide_Angle.

jpg

QUE TAL VISITAR VIRTUALMENTE STONEHENGE? http://www.360soundview.com/stonehenge/circlesarsen.htm

Prepare-se, agora embarcaremos para visitar as grandes civilizações da antiguidade: Mesopotâmia, Egito, Grécia e Roma.

ARTE MESOPOTÂMICA Mesopotâmia significa em grego “entre rios”. Esse é o nome dado à região do Oriente Próximo, localizada entre os rios Tigre e Eufrates, onde atualmente estão o Iraque, a Turquia e a Síria. Inicialmente nômades, grupos humanos foram se estabelecendo nessa área. Eles cultivaram a terra, fizeram canais de irrigação e suas aldeias cresceram e formaram as primeiras cidades (Ur, Uruk, Lagash, Assurr, Nínive, Babilônia). Essa era uma região fértil, que atraía vários povos desde a pré-história: sumérios, acadianos, assírios, amoritas, cassitas, elamitas, caldeus, arameus, persas, etc. Cada um desses povos nos legou a sua expressão artística. Destacaremos aqui os sumérios, que formaram o substrato cultural da região, e os persas, que povoam nosso imaginário.

SUMÉRIOS Os sumérios são nossos velhos conhecidos das aulas de História. Eles foram os inventores da escrita, denominada cuneiforme, que é um marco na trajetória humana. Os sumérios parecem ser originários da Ásia Central. Eles se fixaram por volta de 4.000 a.C no sul da Mesopotâmia. Essa região, próxima à confluência dos rios Tigre e Eufrates, foi chamada por eles de Sumer ou Suméria. As comunidades agrícolas originaram as cidades-estados, que disputavam o poder na região. Cada uma delas tinha suas características próprias como deus protetor local e governante. Pouco restou de sua cultura material, pois suas construções utilizavam tijolos de barro e madeira. As mais características expressões artísticas dos sumérios são o zigurate e os orantes. No centro das cidades dominava o zigurate. Essa monumental construção re-

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ligiosa, de formato trapezoidal, era encimada pelo santuário do deus. Uma sala principal chamada cella, ricamente decorada, abrigava a imagem divina e o altar de sacrifícios. Os zigurates eram montanhas artificiais sagradas, moradas dos deuses, nas quais o público não podia entrar. Este era o território dos poderosos sacerdotes.

Reconstituição gráfica de um zigurate. Fonte: http://upload.wikimedia.org/

Orante em mármore do Templo de Abu,

wikipedia/commons/8/80/Ziggurat_of_ur.jpg

Tell Asmar, c. 2.700-2.500 a.c. Museu do iraque. Fonte: http://commons.wikimedia. org/wiki/File:Orant_Telloh_Louvre_ AO9060.jpg

VEJA O ZIGURATE DE UR: http://www.fotopedia.com/en/Ziggurat_of_Ur

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Nos templos foram encontradas esculturas de figuras humanas (masculinas e femininas) denominadas orantes ou adoradores. Sua estrutura é cônica, são representações de corpo inteiro, geralmente em pé, trazendo sempre grandes olhos, as mãos cruzadas sobre o peito e vestindo longas saias. Acredita-se que representavam os devotos em adoração aos deuses, sendo oferecidas como pedidos e agradecimentos. Entretanto, não são retratos de seus ofertantes, são representações esquemáticas e simplificadas. Assim que as observamos, seus grandes olhos se destacam, parecendo tentar nos comunicar alguma coisa. No Templo do deus Abu, deus da vegetação, foi descoberto um grupo de orantes em mármore, medindo até 75 cm, com vestígios de pintura.

PERSAS A arte do Império persa é marcada pelo luxo e grandiosidade, cuja principal expressão foram os palácios, encontrados nas diversas capitais. Ela revela a incorporação de diferentes tradições, originárias dos povos dominados e contatados.


persa foi Persépolis. Dario I iniciou a sua construção em 518 a.C. Esse exemplar expressa o poderio e a extensão do Império persa, reunindo várias técnicas e

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O mais esplendoroso palácio

estilos. Sua grandiosidade pode ser observada na sua sala de audiências (apadana), que possuía cerca de 125 m², 36 colunas e Palácio de Persépolis. Irã, séc. VI-V a.C. Fonte: http://fr.wikipedia. org/wiki/Fichier:Persepolis_king_P100C.jpg

12 m de altura. Em seu apogeu tinha um telhado e suas paredes eram decoradas com pinturas de leões, touros e flores. Os melhores materiais foram empregados para o seu embelezamento: ouro, pedras preciosas, cedro do Líbano e tijolos esmaltados.

Portanto, na Mesopotâmia vemos a expressão artística de vários povos, tendo o sagrado manifesto nos zigurates sumérios e a ostentação profana dos persas.

PARA SABER MAIS:

EZQUERRA, Jaime Alvar. Saber ver a arte mesopotamica e persa. São Paulo: Martins Fontes, 1991. 79 p. NA BIBLIOTECA UNIFACS - Número de Chamada: 709.3 E99s 1991

ARTE EGÍPCIA

Diferentemente da Mesopotâmia, lar de diferentes povos, o antigo Egito possuía uma identidade cultural através dos séculos, que confere à sua arte uma unidade singular. A monarquia teocrática foi o tipo de governo do reino egípcio. E a arte egípcia foi sua expressão. O faraó, encarnação do deus Hórus, era a autoridade máxima em todos os campos, o senhor de tudo e de todos no Egito. A matéria-prima predileta foi a pedra. A arte egípcia busca a eternização. Os templos e os túmulos foram as maiores realizações artísticas egípcias. Quando pensamos no Egito antigo, a imagem das pirâmides nos vem à mente. Os mais conhecidos exemplares são as três grandes pirâmides dos faraós Queops (Khufu), Quefrem (Khafre) e Miquerinos (Menkure). Eles datam do Antigo Império (2.700-c.2200 a.C), da 4ª dinastia. Como nada surge do nada, as pirâmides são decorrentes das mastabas (túmulos trapezoidais). As pirâmides, túmulos grandiosos, são uma conquista tecnológica, construídas com enormes blocos de pedra. No interior das pirâmides, através de corredores chega-se à câmara funerária, onde era colocado

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o sarcófago com a múmia.

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Pirâmides de Quéops (c. 2.530 a.C), Quefrem (c. 2.500 a.C) e Miquerinos

O Inspetor dos escribas Raherka e sua esposa.

(c. 2.470 a.c). Gizé, Egito. Fonte: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/

Escultura, ca. 2350 a.C. Museu do Louvre-

commons/5/53/Pyramids_of_Egypt1.jpg

Fonte: http://commons.wikimedia.org/wiki/ File:Louvre_122007_02.jpg

As esculturas egípcias revelam a classe social dos representados. Quanto maior o status maior a idealização. Para equilibrar a composição das esculturas de corpo inteiro, que parecem presas à pedra, utilizava-se um artifício: as figuras de pé estão sempre com uma perna à frente, de modo a distribuir o peso. A escultura do Inspetor dos escribas e sua esposa ilustram essa situação. Os templos e os túmulos tinham suas paredes decoradas com histórias em re-

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levos coloridos e inscrições em hieróglifos, sem preocupação com perspectiva. Essas representações bidimensionais seguem a uma série de convenções vigentes:

O tamanho das figuras indica sua posição na sociedade. Assim, as figuras maiores são as das pessoas mais importantes. Lei da Frontalidade. As figuras antropomórficas, quando de corpo inteiro, são convencionalmente representadas com a cabeça em perfil, o torso em posição frontal e as pernas dispostas lateralmente. As figuras femininas egípcias geralmente são representadas em tons mais claros que as figuras masculinas. Os deuses, muitas vezes híbridos, possuem emblemas que possibilitam o seu reconhecimento. A proporção das figuras humanas é estabelecida por um sistema linear que dividia o espaço em unidades de igual tamanho como um papel quadriculado.

Essas regras são praticamente constantes através de toda a arte egípcia, só ocorrendo uma quebra nessa continuidade secular no período amarniano no Novo Império.


Pintura da tumba de Nakht, 18ª dinastia. Egito. FONTE:

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http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/5/53/ Tomb_of_Nakht_(8).jpg

A arte do Novo Império (1559-1.069 a.C), que tentou reviver a glória do Antigo Império, está bem documentada através de seus exemplares. Na arquitetura destacam-se os imponentes templos. Karnac, dedicado ao deus Amon, era o mais famoso templo do Novo Império. Sua construção foi iniciada por volta de 1.390 a.C. No decorrer dos séculos foi modificado pelos sucessivos faraós, que pretendiam marcar o seu lugar nesse espaço sagrado.

Templo de Karnak, em Luxor, Egito.

Vale dos Reis, 18ª Dinastia, séc.XV a.C.

Fonte: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/4/47/Parvis_Kar-

Egito.

nak.jpg

Fonte: http://uk.wikipedia.org/wiki/ Файл:Valley_of_the_Kings_March_2005. jpg

A arquitetura funerária foi modificada para impedir os saques e as depredações. Assim nasceu o Vale dos Reis, uma área para maior controle. Seus túmulos subterrâneos são chamados hipogeus. Eles tinham várias câmaras, decoradas com relevos e pinturas sobre a vida do morto e instruções mágicas para a sua trajetória para a vida eterna.

O PERÍODO AMARNIANO Esse foi o período de ruptura na história do Egito. O Politeísmo cedeu lugar ao Monoteísmo, o culto ao deus Aton. Isso ocorreu no século XIV a.C. sob o faraó Amenófis IV, que se rebatizou como Akenathon em honra do novo e único deus. Ele construiu uma nova capital, Tell al-Amarna. O que diferencia a arte desse período é o grau de informalidade e afetividade, Estela em pedra calcárea de Amarna com o faraó Akenaton, a rainha Nefertiti e suas filhas. Egito, c. 1.350 a.c. Museu de Berlim, Alemanha. Fonte: http://commons.wikimedia.org/wiki/ File:House_Altar_Akhenaten_Nefertiti_Berlin.jpg

como pode ser observada nessa estela retratando os soberanos em sua intimidade.

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EMBARQUE NUMA VIAGEM VIRTUAL AO ANTIGO EGITO: http://www.cellularwisdom.com/video/Virtual-Tour-Short.wmv

PARA SABER MAIS:

ESPANOL, Francesca. Saber ver a arte egípcia. São Paulo: Martins Fontes, 1992. 77 p. NA BIBLIOTECA UNIFACS - Número de Chamada: 709.32 E77s 1992

A arte egípcia perdurou por séculos, resistiu às diversas dominações estrangeiras, mas foi incapaz de lutar contra o Cristianismo, que exigia exclusividade. Combatendo a religião egípcia, a religião oficial do Império Romano emudeceu uma civilização, fechando seus templos, condenando sua escrita e deixando seu conhecimento ficar esquecido.

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ARTE GREGA O nosso ideal artístico ocidental nasceu na antiga Grécia. A arte grega pode ser estudada em três períodos: arcaico (800-500 a.C.), clássico (500-336 a.C.) e helenístico (336-146 a.C.). É o período clássico, a época áurea da arte grega. Para entendermos a arquitetura grega, é preciso conhecer as ordens arquitetônicas.

As ordens arquitetônicas gregas são determinadas a partir da coluna. Ela é um elemento vertical de sustentação de uma construção. Ela é composta por três partes: base, fuste e capitel. A base é o fundamento da coluna, entre o piso e o fuste. O fuste se ergue verticalmente, determinando a altura da edificação. Por fim, o capitel encima a coluna com sua decoração distintiva. As ordens gregas mais características são: As ordens gregas. Fonte: http://upload.wikimedia.org/ wikipedia/commons/6/6a/Classical_orders_from_the_

dórica, jônica e coríntia.

Encyclopedie.png

O templo marca a arquitetônica grega. Ele apresenta um formato retangular, rodeado por colunas, tendo na fachada frontão triangular.


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Parthenon (447-432 a.C). Mármore. Dimensões: 31,0 x 70,0 m. Atenas, Grécia. Fonte: http://tr.wikipedia.org/wiki/Dosya:Parthenon_from_west.jpg

Discóbolo em mármore. Cópia romana de um original grego de bronze, c. 450 a.C., de autoria de Míron. Altura: 1,55 m. Museu Nacional de Roma. Fonte: http://upload. wikimedia.org/wikipedia/commons/9/93/ Discobolus_icon.png

A escultura buscava a perfeição das formas, o ideal de beleza. Fídias e Miron foram os maiores escultores gregos. Segundo Upjohn (1979, p.181), “o escultor grego experimentava continuamente. Contrariamente ao que se passava no Egito, a tradição artística não tinha um papel limitativo”. No período helenístico houve uma transformação ideológica decorrente das conquistas do macedônio Alexandre, o Grande (356-323 a.C.). Ele propiciou o encontro de diferentes culturas, o que levou a uma nova expressão artística, marcada pela emoção e dramaticidade. São desse período as fa- ________________________ mosas Vênus de Milo e Vitória de Samotrácia. ________________________

Vênus de Milo, em mármore, séculos III-II a.C. Altura: 2,02m.

Vitória (Nike) de Samotrácia. Mármore, c. 200-190 a.C.

Museu do Louvre, Paris, França. Fonte: http://upload.wiki-

Alt: 2,41 m. Museu do Louvre, Paris, França. Fonte: http://

media.org/wikipedia/commons/e/e0/Venus_de_Milo_Lou-

upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/5/5f/Nike_of_

vre_Ma399_n2.jpg

Samothrake_Louvre_Ma2369_n4.jpg

VIAJE PELA ARTE DA GRÉCIA ANTIGA: http://www.youtube.com/watch?v=qi8ZcU-StI0&feature=PlayList&p=2A86A20382D1AD0A &playnext_from=PL&playnext=1&index=2

PARA SABER MAIS:

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BENDALA, Manuel. Saber ver a arte grega. São Paulo: Martins Fontes, 1991. 78 p. NA BIBLIOTECA UNIFACS - Número de Chamada: 709.3 B466s 1991

ARTE ROMANA A arte etrusca está na base da arte romana. Há também a influência da arte grega, o referencial cultural da época. Podemos dividir a arte romana em dois períodos: período republicano (509-31 a.C.) e período imperial (27 a.C a 476 d.C.). A arquitetura é a maior expressão da arte romana. Tecnicamente foram usados tijolos, betão3, arcos, abóbadas, cúpulas, etc. Eles propiciaram a construção de obras públicas, que dominaram todo o Império Romano. Eles são emblemas do poder de Roma.

________________________ ________________________ ________________________ Coliseu. Roma, 71-80 d.C. Fonte: http://upload.wikimedia. Pantheon. Roma, 118-125 a.C. Fonte: http://upload. ________________________ org/wikipedia/commons/d/d5/Colosseum-Rom.jpg wikimedia.org/wikipedia/commons/3/31/Panthe________________________ on_aussen.jpg ________________________ Não só os aquedutos, teatros, termas, arcos triunfais, e outros exemplares ar________________________ ________________________ quitetônicos consolidavam a força romana. As esculturas e os relevos comemorativos ________________________ também tinham essa função. ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ Augusto, de Primaporta, em mármore, Altura de 2 m. Museus Coluna de Trajano e detalhes, em mármore. Altura de ________________________ do Vaticano, Roma. Fonte: http://upload.wikimedia.org/ 37,5m. Roma, 106-113 d.C. Fonte: http://upload.wikime________________________ wikipedia/commons/b/ba/Brogi,_Giacomo_(1822-1881)_dia.org/wikipedia/commons/7/78/ColonnaTraianaDa_n._4123_-_Roma_-_Vaticano_-_Cesare_Augusto_-_StaMercati.jpg ________________________ tua_in_marmo.jpg ________________________ ________________________ 3 Mistura de areia ou cascalho com argamassa ou cimento inventada no Oriente Próximo. Ela foi melhorada pelos Romanos e retomada no Renascimento.


http://www.youtube.com/watch?v=1N8A-qgLOn8&feature=related

PARA SABER MAIS:

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VISITE A ROMA ANTIGA:

MARTIN, Alfonso Jimenez. Saber ver a arte etrusca e romana. São Paulo: Martins Fontes, 1992. 79 p.

NA BIBLIOTECA UNIFACS - Número de Chamada: 709.3 M379s 1992

ARTE PALEOCRISTÃ A arte paleocristã ou Cristã Primitiva é a arte do início do Cristianismo até o século V a.C. Ela apresenta duas diferentes fases: a fase de perseguição (até 313 d.C) e a fase de oficialização (313 – 476 d.C). Na fase de perseguição, trata-se de uma arte escondida, que habita as catacumbas romanas. Nelas é possível ver algumas pinturas murais desse período de construções simbólicas. Evitava-se a adoção de referenciais do opressor Império Romano. Buscavam-se motivos na arte grega. Um deles foi o Bom Pastor, que passou por uma ressignificação para aproximá-lo de Jesus Cristo.

Catacumba de Santa Lucia. Siracusa, Itália. Fonte:

Jesus como o Bom Pastor. Catacumba de São Calisto, Roma,

http://commons.wikimedia.org/wiki/File:0524_-_Si-

Itália. Fonte: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/

racusa_-_Catacombe_di_S._Lucia_-_Foto_Giovanni_

commons/c/ce/Good_shepherd_02b_close.jpg

Dall%27Orto_-_21-May-2008.jpg

VISITE UMA CATACUMBA ROMANA: http://www.youtube.com/watch?v=oatRMclnVbs&NR=1

O Edito de Milão, em 313 d.C., inaugurou um novo momento: a fase de oficialização. Não era preciso mais que os cristãos se escondessem. Eles podiam agora sair das catacumbas e praticar o seu culto. Novos espaços precisavam ser construídos. A conversão do Imperador foi um trunfo. Ele próprio fomentou essa nova arquitetura religiosa. E como eram esses novos templos? A partir dos templos pagãos foram constituídas as basílicas paleocristãs, formadas por: átrio, nave e ábside4. 4 O átrio era como um grande pátio na entrada da igreja, um espaço de transição entre o público e o sagrado. No interior da igreja encontravase o seu corpo ou nave, onde ficavam os fiéis. A ábside é o espaço mais sagrado, onde ficava o altar.

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Basílica de Constantino, séc. IV. Trier, Alemanha.

Interior da Igreja de Santa Costanza, Roma, c. 350 d.C.Fonte:

Fonte: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/

http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/d/df/Santa_

commons/1/17/TrierBasilicaInterior.jpg

Costanza_00272-3st.JPG

As paredes das igrejas paleocristãs eram adornadas com pinturas e mosaicos. O tema dominante era retirado dos relatos da Bíblia. O medo da idolatria fez com que a escultura desse período não fosse muito importante. Mas existem trabalhos interessantes decorando sarcófagos.

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O Bom Pastor, mausoléu de Galla Placidia Ravena, Itália. Início

Sarcófago de Junius Bassus. Mármore, c. 359 d.C. Dimen-

do século V d.C. Fonte: http://commons.wikimedia.org/wiki/

sões: 1,18 x 2,44 m. Grutas do Vaticano, Roma.

File:Ravenna,_mausoleo_di_galla_placidia,_buon_pasto-

Fonte: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/

re_(prima_metà_del_V_secolo).jpg

commons/1/1e/Sarcophagus_of_Junius_Bassus_-_Cast_ in_Rome.jpg

Mas as coisas não vão parar por aqui, vamos seguir para um outro momento histórico: a Idade Média.

ARTE MEDIEVAL Nada dura para sempre, nem o Império Romano. Com a sua queda no Ocidente em 476, o mundo se transformou. A antiga ordem ruiu, uma nova foi construída a partir da religião cristã e das tradições dos povos “bárbaros”. A arte paleocristã foi dando lugar a outras formas, que acabaram por gerar os dois estilos medievais: o Românico e o Gótico. O Românico (séc. XI-XII) reflete a instabilidade existente. Suas igrejas são como refúgios, fortalezas, expressão do poder divino e do poder terreno da Igreja. Suas principais características: paredes grossas e pilares maciços (contrafortes) para apoiarem as pesadas abóbadas de pedra; uso de arco pleno (arco de 180°); poucas e estreitas aberturas para não fragilizarem a estrutura; torres postas na fachada ou no cruzamento das naves. Essas eram construções sólidas e sóbrias.


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Igreja de Saint-Martin de Chapaize. França, séculos XI. Fonte:

Interior da Catedral de Saint-Trophime. Arles, França,

http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/2/29/Egli-

séculos XI-XII. Fonte: http://upload.wikimedia.org/

se_chapaize_chevet.JPG

wikipedia/commons/2/2a/Arles_St._Trophime_Church_Interior.jpg

A escultura e a pintura românicas têm uma função informacional, por isso, elas são essencialmente narrativas. Elas contam visualmente as histórias da Bíblia, inacessível para a grande população iletrada. Elas devem compor o clima religioso das igrejas e manter o foco dos olhos curiosos.

Pórtico da Glória, Santiago de Compos-

Basílica de San Isidro de Leon, Espanha, séculos XI-XII. Fonte: http://upload.

tela, Espanha. Fonte: http://upload.

wikimedia.org/wikipedia/commons/f/fc/PanteónSanIsidoroLeón.jpg

wikimedia.org/wikipedia/fr/f/fe/Cath_ St_Jacques_Portail_Gloire_.jpg

PARA SABER MAIS:

RAMALHO, German. Saber ver a arte românica. São Paulo: Martins Fontes, 1992. 80 p. NA BIBLIOTECA UNIFACS - Número de Chamada: 709.0216 R165s 1992

O estilo Gótico (séc. XII-XIV) surgiu no sul da França, em cerca de 1.140. Essa arte refletia a glória de Deus. Os avanços técnicos arquitetônicos possibilitaram o seu verticalismo. Com o uso de arcobotantes e contrafortes o peso das construções pode ser deslocado, possibilitando que as paredes fossem mais altas e menos espessas. Também eram possíveis mais aberturas, o que significava mais luz no interior. Mas não era qualquer luz o que se pretendia, e sim a luz divina. Os usos de vitrais coloridos trouxeram esse caráter místico.

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Abadia de Saint-Denis. França, séc. XII.

Interior da Abadia de Saint-Denis. França, séc. XII. Fonte: http://upload.wikime-

Fonte: http://fr.wikipedia.org/wiki/

dia.org/wikipedia/commons/6/6e/Vitraux_Saint-Denis_190110_13.jpg

Fichier:Basilique_Saint_-Denis.jpg

A escultura continuou sendo secundária, meramente decorativa e educativa nas paredes e fachadas das igrejas. Destacam-se, contudo, alguns túmulos de grande maestria.

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Túmulo de Inês de Castro. Mosteiro de Alcobaça, Portugal. Fonte: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/8/80/ Ines1.jpg

E a pintura? Ela começou a reinvindicar mais importância, buscando um maior realismo. Não é só a narrativa religiosa que importa agora. Alguns artistas, como Giotto di Bondone (1267-1337) e Jan van Eyck (1309-1441), começam a visar à humanização da arte. Eles são os arautos de um novo estilo, o Renascimento, que veremos em nossa próxima aula.

A Lamentação. Giotto di Bondone. Fresco da Capela da Arena, Pádua,

Retrato de casamento de Giovanni Arnolfini e

1305-6. Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Giotto_di_Bon-

sua mulher. Jan van Eyck, 1434. The National

done_009.jpg

Gallery, Londres. Fonte: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/0/0f/Jan_van_ Eyck_001.jpg


BRACONS, Jose. Saber ver a arte gótica. São Paulo: Martins Fontes, 1992. 80 p.

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PARA SABER MAIS:

NA BIBLIOTECA UNIFACS - Número de Chamada: 709.022 B796s 1992

SÍNTESE Iniciamos a nossa jornada através da História da Arte. Um novo olhar foi despertado. Tentando entender a nossa trajetória humana, vimos o nascimento da arte na pré-história, sua manifestação nas grandes civilizações da Antiguidade e, por fim, percorremos a Idade Média. Assim pudemos observar as relações entre arte e contexto histórico e os mecanismos de mudança e criação de novas formas de representação artística. Estamos chegando ao século XV e ainda há muito o que ver. Continue conosco nessa viagem.

QUESTÃO PARA REFEXÃO

________________________ A partir desse momento você não é mais um mero leigo em matéria de arte, ________________________ você está sendo iniciado e, por isso, agora vamos refletir sobre o que é arte. Por que é ________________________ feita? Qual a sua importância? O homem pode viver sem arte? Como a arte está pre- ________________________ ________________________ sente em sua vida? ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ PARA VER COM OUTROS OLHOS... ________________________ ________________________ Instituições culturais: ________________________ ________________________ ________________________ Museu de Arqueologia e Etnologia – UFBA ________________________ ________________________ Terreiro de Jesus S/N - Prédio da Faculdade de Medicina - Salvador/BA ________________________ www.mae.ufba.br/ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand - MASP ________________________ Av. Paulista, 1578 - São Paulo - SP ________________________ ________________________ www.masp.art.br ________________________


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Museu Egípcio do Cairo

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Cairo, Egito. http://www.egyptianmuseum.gov.eg/

Museu do Louvre Paris, França Ver as coleções: www.louvre.fr/llv/oeuvres/liste_departements.jsp?bmLocale=en

Museu Britânico Great Russell Street, WC1B 3DG – Londres, Inglaterra. http://www.britishmuseum.org/

SITES www.historiadaarte.com.br

________________________ www.historianet.com.br ________________________ ________________________ REFERÊNCIAS ________________________ ________________________ DOWNES, Stephen; GALFORD, Ellen; HAYWARD, Roy; KERRIGAN, Michael; LOTHIAN, Alan. A aurora da ________________________ humanidade. Rio de Janeiro: Time-Life/Abril, 1996. ________________________ ________________________ HAUSER, Arnold. História social da arte e da literatura. São Paulo: Martins Fontes, 1994. ________________________ ________________________ JANSON, H. W. História da arte: panorama das artes plásticas e da arquitectura da Pré-História à actualida________________________ de. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1984. ________________________ ________________________ OSTROWER, Fayga. Criatividade e processos de criação. Petrópolis: Vozes. 1978. ________________________ ________________________ SILVA, Simone Trindade V. da. Material didático impresso de História da Arte. Salvador: FTC EAD, 2007. ________________________ ________________________ UPJOHN, Everard M. e outros. História mundial da arte. São Paulo: Martins Fontes, 1979. 6v. ________________________ ________________________ WÖLFLIN, Heinrich. Conceitos fundamentais da História da Arte. O problema da evolução dos estilos na ________________________ arte mais recente. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1989. ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________


ARTÍSTICOS

Autora: Simone Trindade V. da Silva

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AULA 02 - EM BUSCA DE NOVOS CAMINHOS

“A única viagem verdadeira [...] seria não partir em demanda de novas paisagens, mas ter outros olhos, ver o universo com os olhos de outra pessoa, de cem pessoas, ver os cem universos que cada uma delas vê, que cada uma delas é.” (PROUST, 2002, p. 238).

Continuaremos nossa jornada através da História da Arte. Nesta aula percorreremos as manifestações artísticas do século XV ao século XX, analisando do Renascimento ao Pós-Impressionismo. A grande questão que discutiremos é o que faz a arte mudar através dos séculos, como novas formas de representação são construídas.

O que mudou da Idade Média para o Renascimento? O que faz do Renascimento um marco na arte? Mais uma vez o mundo estava se reorganizando. A ordem medieval, o feudalismo, estava dando lugar ao renascimento comercial, ao fortalecimento das cidades. O racionalismo e o cientificismo se impunham, a partir do resgate da tradição grecoromana. A Itália foi o centro cultural de irradiação do Renascimento. Por quê? As cidades italianas enriqueceram e disputavam a hegemonia. Os poderosos se exibiam, afirmavam-se através da arte. Além disso, os vestígios da arte da Roma antiga inspiravam os novos artistas. Mas a arte renascentista não era uma cópia das obras do passado e sim, uma reinterpretação destas. É nesse momento que a arte adquire uma nova posição. Ela se separa dos trabalhos manuais, diferencia-se, valoriza-se. Ela agora é especial, é criação, envolve a razão. Alguns inventos e desenvolvimentos técnicos foram decisivos para esse novo panorama tais como a imprensa e a perspectiva linear. A primeira possibilitou o acesso às novas ideias, a difusão do conhecimento. A segunda transformou a forma da representação bidimensional. Como assim? O que é perspectiva? Você certamente já desenhou algo. Lembre-se das suas aulas de geometria, em como você representava um cubo em papel quadriculado. Pois bem, a perspectiva é um sistema de simulação da realidade tridimensional, que vemos, na representação bidimensional, ou seja, no desenho, na pintura. Esse processo foi teorizado por vários tratados e foi se consolidando. Desta forma, conseguimos visualizar a profundidade, o sentido de espacialidade. Essa ilusão é baseada em linhas que convergem para um único ponto, o ponto de fuga. Observe a figura.

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Ponto de fuga

A Escola de Atenas. Rafael Sanzio. Afresco de Stanza della Segnatura, 1510-1511. Palácio do Vaticano, Roma. Fonte: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/9/94/Sanzio_01.jpg

Entendeu agora? Essa construção linear induz a nossa percepção visual a entender o longe e o perto, quando na verdade todas as figuras estão sobre uma mesma superfície. Essa é uma grande conquista, que vai orientar a representação artística por séculos. Vejamos agora algumas obras emblemáticas do Renascimento e seus grandes mestres. Não podemos visualizar o Renascimento sem Leonardo da Vinci e Michelangelo Buonarotti. Eles fazem parte de nosso imaginário. Leonardo da Vinci encarna o homem renascentista ideal. Ele buscava entender o mundo através da razão, exploran-

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do a ciência e a arte. Suas pinturas são singulares. Ele utiliza a técnica do claro-escuro ou chiaroscuro com maestria. A sua mais célebre obra é a Gioconda ou Mona Lisa, datada de 1503-1505. Segundo Bérence (1984, p.190), “conta Vasari que Leonardo fez o retrato de Monna Lisa Gherardi, patrícia de Florença, terceira esposa de Francesco di Bartolommeo di Zanobi Del Giocondo, uma personagem importante”. Através dos séculos esse retrato tem intrigado e encantado. Quem nunca viu uma reprodução da Mona Lisa? Quem nunca ouviu uma história interessante sobre ela?

Mona Lisa. Leonardo da Vinci. Óleo sobre madeira, 1503-1505. Dimensões: 77,0 x 53,0 cm. Museu do Louvre, Paris, França. Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/ Ficheiro:Mona_Lisa.jpeg

FAÇA UMA VISITA À MONA LISA NO MUSEU DO LOUVRE: http://www.louvre.org/llv/dossiers/detail_oal.jsp?CONTENT<>cnt_ id=10134198673229908&CURRENT_LLV_OAL<>cnt_id=10134198673229908&FOLDER<>fo lder_id=0&bmLocale=en


tão característica de Miguelangelo (JANSON, 1984, p.425). Esse mesmo talento é visto em suas pinturas na Capela Sistina, no Vaticano. Nela, ele construiu um mundo à parte, entre a Criação de Adão e o Juízo Final, entre o humano e o divino.

Davi. Escultura em mármore de Migue-

Cena da Criação de Adão: afresco do teto (1508-12) da Capela Sistina. Miche-

langelo, 1501-4. Altura 4,089m. Museu da

langelo. Vaticano, Roma. Fonte: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/com-

Academia, Florença. Fonte: http://uplo-

mons/6/63/The_Creation_of_Adam.jpg

33 arte e cultura

Michelangelo foi um fabuloso escultor. O seu Davi capta a “ação em suspenso”,

ad.wikimedia.org/wikipedia/commons/d/ d5/David_von_Michelangelo.jpg

FAÇA UMA VISITA VIRTUAL À CAPELA SISTINA: http://mv.vatican.va/3_EN/pages/x-Pano/CSN/Visit_CSN_01.html

O Rapto das Sabinas. Giovanni Bologna. Escultura

O Enterro do Conde de Orgaz. El Greco, 1586. Óleo sobre tela.

em mármore, 1583. Altura: 4,11m. Loggia dei Lanzi,

Dimensões: 4,80 x 3,60m. Capela lateral da Igreja de São Tomé,

Florença.

Toledo, Espanha.

Fonte: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/

Fonte: http://es.wikipedia.org/wiki/Archivo:El_Greco_-_The_Bu-

commons/f/f7/Firenze.Loggia.Sabine01.JPG

rial_of_the_Count_of_Orgaz.JPG

Também o Renascimento não durou para sempre. A roda da fortuna tornou a girar e um novo estilo artístico surgiu: o Maneirismo. Ele desconstrói o Renascimento. A razão cede à emoção. A nova expressão, ou um momento de transição, utiliza cores fortes, deforma, distorce, movimenta as suas composições. A arquitetura não é o ponto forte do Maneirismo. Suas características são mais facilmente observadas na escultura e na pintura.

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PARA SABER MAIS:

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CONTI, Flavio. A Arte do Renascimento. Lisboa: Edições 70.68 p. Esse livro explora visualmente as características estilísticas do Renascimento na arquitetura, escultura e pintura. Bom guia de referência.

JANSON, H. W. História geral da arte: Renascimento e barroco. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2001. v.2. NA BIBLIOTECA UNIFACS: Número de Chamada: 709 J27h 2. ed. – 2001

E no Brasil, o que estava acontecendo?

Estávamos recém descobertos pelos portugueses, em processo de colonização. Há poucos exemplares desse período. E na Bahia?

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Podemos citar as fachadas da atual Catedral Basílica, no Terreiro de Jesus e da Igreja de Santo Antonio da Barra. Prof. Carlos Ott (1991, p.54) salienta que o estilo renascentista “impôs suas formas externas às igrejas baianas”, perdurando até grande parte do barroco.

Fachada da Catedral Basília, inaugurada em 1672.

Fachada da Igreja de Santo Antonio da Barra. Salvador-

Salvador-Bahia. Victor Frond, 1858.

Bahia. Fotografia Aníbal Gondim, 2008.

Fonte: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/c/ c3/Church_Salvador_Bahia_1858.jpg

BARROCO O que significa Barroco? Imperfeito, irregular, grotesco. Esse conceito deriva de uma palavra portuguesa aplicada à pérola irregular. Esse estilo reinou entre 1600 e 1750. Ele é a expressão de duas grandes forças: a Contra-Reforma e o Absolutismo. Serve à Igreja e aos governantes. Esse é um estilo conflituoso que reflete a luta entre a razão e a emoção, a devoção e os desejos carnais. Por isso, a arte barroca é dramática. Ela envolve o espectador e busca seduzir, converter, dominar. Sua composição é sinuo-


é cenográfico e sua iluminação é teatral. Gianlorenzo Bernini foi um artista barroco. Janson (1984, p.486) o distinguiu como o maior arquiteto-escultor do século XVII. É de sua autoria a Praça de São Pedro em Roma, que ilustra a preocupação urbanística do barroco. Em formato oval, sua co-

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sa, movimentada, suas colunas são retorcidas, sua decoração é exagerada, seu espaço

lunata se liga à igreja de São Pedro. Segundo Flávio Conti (1984, p.24)

[...] o conjunto, solene e acolhedor como dois imensos braços de pedra, exprime a missão ecumênica, que ‘abraça’ o mundo inteiro, da Igreja católica. Não foi por acaso que o barroco esteve na origem da arquitetura da Contra-Reforma.

Praça de São Pedro, Roma. Nave e fachada de Carlo Maderno, 1607-1615 e colunata de Gianlorenzo Bernini, delineada em 1657.

O Êxtase de Santa Teresa, es-

Fonte: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/it/1/19/800px-Piazza_st_peters_rome_1909.jpg

cultura em mármore, 1646-48. Gianlorenzo Bernini. Capela Cornaro, S. Maria della Vitto-

ria, Roma. ________________________ Fonte: http://upload. ________________________ wikimedia.org/wikipedia/ commons/4/4c/Ecstasy_St_ ________________________ Theresa_SM_della_Vittoria. jpg ________________________ ________________________ ________________________ FAÇA UM TOUR PELO VATICANO: ________________________ ________________________ http://www.italyguides.it/us/roma/pietro.htm ________________________ A ostentação e o luxo são facetas do Barroco. No lado profano, temos a reforma ________________________ do Palácio de Versailles por Jules Hardouin-Mansart. O interior do palácio é majestoso. ________________________ ________________________ A decoração, do chão ao teto, compõe o ambiente perfeito para a corte francesa. ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ Palácio de Versailles. França, séc.XVII. Palácio de Versailles: Salão dos espelhos. França, séc.XVII. ________________________ Fonte: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/comFonte: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/ ________________________ mons/6/67/Versailles-Chateau-Jardins-Sculpture.JPG commons/d/d5/Les_peintures_de_la_galerie_des_Glaces_du_château_de_Versailles.jpg ________________________ ________________________


36

VISITE O PALÁCIO DE VERSAILLES:

arte e cultura

http://www.chateauversailles.fr/homepage

A invocação de S. Mateus. Caravaggio (1599-1600). Óleo sobre

Museu do Prado, Espanha.

Fonte: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/1/14/

Fonte: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/com-

Calling-of-st-matthew.jpg

________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________

Las Meninas. Velásquez, 1656

tela; Igreja de S.Luís dos Francesesi, Roma.

mons/9/99/Las_Meninas_01.jpg

A lição de anatomia do professor Tulp. Rembrandt,1632. Museu de

Glorificação de Santo Inácio. Andrea Pozzo. Pintura do

Haia, Holanda.

teto da Igreja de Santo Inácio de Loyola, Roma, 1685.

Fonte: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/8/8c/

Fonte: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/com-

The_Anatomy_Lesson.jpg

mons/6/63/Triumph_St_Ignatius_Pozzo.jpg

E quanto à pintura barroca? Dramaticidade e teatralidade são suas marcas, tanto nos temas religiosos como nos profanos. Caravaggio imprime em seus trabalhos uma iluminação cênica transversal. Velázquez tenta capturar a alma de seus retratados. Rembrandt é um mestre do claro-escuro. O jesuíta Andrea Pozzo une arte e ciência na pintura de tetos ilusionistas, que parecem se prolongar além do espaço físico.

PARA SABER MAIS: TRIADO, Juan-Ramon. Saber ver a arte barroca. São Paulo: Martins Fontes, 1991. 79 p. NA BIBLIOTECA UNIFACS - Número de Chamada: 709.032 T819s 1991

E no Brasil? Costuma-se dizer que nossa alma é barroca. Esse estilo marca a nossa cultura no sagrado e no profano. Passeando por Salvador vemos a fachada da Ordem Terceira


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de São Francisco e o interior da Igreja de São Francisco numa profusão decorativa. As

arte e cultura

imagens de muitos de nossos altares são marcadas pela dramaticidade e movimentação, e nos tetos podemos nos deleitar com o ilusionismo teatral. Visite as nossas igrejas e aprecie essas expressões artísticas, veja com outros olhos e verifique o que estudamos.

Fachada da Ordem Terceira de São Francisco. Fotografia Aníbal

Interior da Igreja de São Francisco. Fotografia Aníbal Gondim, 2008.

Gondim, 2008.

EXPLORE O BARROCO BRASILEIRO: http://barroco.gctec.com.br/

ROCOCÓ Entre o Barroco e o Neoclássico, esse estilo floresceu no início do século XVIII e predominou até cerca de 1770. O Rococó era o estilo da corte, mas não da ostentação. Sua marca era o divertimento, essencial nesse ambiente requintado, frívolo e inconsequente. Artisticamente ele se expressava pelo uso das linhas sinuosas, uma paleta suave de tons pastéis, temáticas intimistas, decoração delicada com o emprego de conchas, laços e flores. Na França, o Rococó foi o estilo adotado e incentivado por Madame Pompadour, a amante oficial do rei Luís XV.

O Beijo às escondidas. Fragonard. Óleo sobre tela, 1780. Hermitage.

O Amor sentado. Etienne-Maurice Falconet

Fonte: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/9/9d/Jean-

(1716-1791). Museu Hermitage.

Honoré_Fragonard_-_The_Stolen_Kiss.jpg

Fonte: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/e/e1/FalconetAmour.jpg

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arte e cultura

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SINTA O CLIMA DO ROCOCÓ: Assista ao filme Ligações Perigosas (Dangerous Liaisons, 1988), dirigido por Stephen Frears, com Glenn Close, John Malkovich, Michelle Pfeiffer, Keanu Reeves e Uma Thurman.

PARA SABER MAIS:

CONTI, Flavio. Como reconhecer a arte Rococó. Lisboa: Edições 70.68 p. Esse livro é um excelente guia visual sobre o estilo Rococó.

BAZIN, Germain. Barroco e rococo. São Paulo; Martins Fontes, 1993. 313 p. NA BIBLIOTECA UNIFACS - Número de Chamada: 709.033 B363b 1993

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NEOCLÁSSICO O Neoclássico é um estilo sóbrio, de resgate dos ideais estéticos clássicos. Ele foi impulsionado pelas descobertas de Herculano e Pompéia em meados do século XVIII. Esse estilo será abraçado pela burguesia revolucionária francesa e o período imperial de Napoleão Bonaparte. Dentro do espírito racionalista classicista, adota a linha reta, a decoração moderada e a simetria compositiva.

Monticello. Thomas Jefferson, 1770-84 e 1796-1806. Charlottesvil-

Napoleão cruzando Saint-Bernard (1800).

le, Virgínia, E.U.A. Fonte: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/

Jacques-Louis David. Österreichische Gallerie

commons/4/4f/Monticello_front.JPG

Unteres Belvedere, Viena, Austria. Fonte: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/6/64/Jacques-Louis_David_008b.jpg

SINTA O CLIMA DO NEOCLÁSSICO: Assista ao filme Napoleão (Napoleon, 2002), dirigido por Yves Simoneau, com Christian Clavier, Isabella Rosselini, John Malkovich, Gerard Depardieu.

E no Brasil?


blicos são deste estilo ou trazem influência dele. Na Bahia, também o Neoclássico está presente, podemos vê-lo até em nossas igrejas. O historiador da arte Prof. Luiz Alberto Ribeiro Freire (2006) aponta que muitas de nossas igrejas, originalmente barrocas, passaram por reformas neoclássicas em busca de modernização. Assim aconteceu com a

39 arte e cultura

O Neoclássico foi o estilo da corte de D. João VI. Muitos de nossos prédios pú-

nossa mais famosa igreja, a Igreja de Nosso Senhor do Bonfim.

Retábulo mor da Igreja de N. Senhor do Bonfim. Fotografia Aníbal Gondim, 2006.

PARA SABER MAIS: MIRABENT, Isabel Coll. Saber ver a arte neoclássica. São Paulo: Martins Fontes, 1991. 78 p.

NA BIBLIOTECA UNIFACS - Número de Chamada: 709.0341 M671s 1991

ROMANTISMO Quando pensamos em Romantismo visualizamos casais apaixonados. Na verdade, embora movido pela paixão, ele é mais que isso. Ele é um estilo que surgiu no século XIX como uma reação ao rigor acadêmico classicista. Ele quer a liberdade de expressão. Movido por nobres ideais, esse é um movimento nacionalista, que resgata e constrói heróis.

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A arquitetura e a escultura pouco inovaram. Esses são territórios do Neoclássico (principalmente para edifícios públicos). Por vezes, as buscas pela identidade nacional levam à retomada de antigos estilos. Esses são os revivals1 (neo-gótico, neo-renascimento, neo-barroco). O Parlamento de Londres, de 1836, é uma expressão do neogótico. A pintura possui grande força no Romantismo. Ela é movimentada, dinâmica, vívida. Temas históricos, mitológicos, heróicos são seus prediletos. Muitos foram os seus artistas, merecendo destaque o retratista espanhol Goya (1746-1828); os paisagistas ingleses William Turner (1773-1851) e John Constable (1776-1837); e o francês Ferdinand-Victor Eugène Delacroix (1798-1863) com suas composições vigorosas e emblemáticas.

Parlamento de Londres, 1836. Charles Barry e A. Welby Pugin.

A Liberdade guiando o Povo, 1830. Delacroix. Museu do

Londres, Inglaterra.

Louvre, Paris, França.

Fonte: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/e/e4/

Fonte: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/

Houses.of.parliament.overall.arp.jpg

commons/a/a7/Eugène_Delacroix_-_La_liberté_gui-

dant_le_peuple.jpg ________________________ ________________________ EMBARQUE NO CLIMA DO ROMANTISMO: ________________________ ________________________ Assista ao filme Razão e Sensibilidade (Sense and Sensibility, 1995), dirigido por Ang Lee, ________________________ com Emma Thompson, Kate Winslet e Hugh Grant. ________________________ No Brasil, o Romantismo buscou estabelecer uma identidade nacional. Afinal, ________________________ ________________________ a partir de 1822 passamos a ser um país independente. Mas qual seria a nossa iden________________________ tidade? O indígena tornou-se um referencial, mas idealizado, e as cenas patrióticas ________________________ floresceram. E, é claro, as cenas amorosas. ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ Independência ou Morte. Pedro Américo, 1888. Museu Paulista. Fonte: Moema. Victor Meirelles, 1866. Museu de Arte de http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Independencia_ou_Morte_-_ São Paulo. ________________________ Pedro_Americo.jpg Fonte: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/ ________________________ commons/f/f9/Vitor_meirelles_-_moema02.jpg ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ 1 É importante lembrar que um estilo artístico está vinculado a um período histórico, se suas características aparecem num momento posterior falamos de revivals ou influências.


JANSON, H. W. História geral da Arte. São Paulo: Martins Fontes, 2001. vol.3

41 arte e cultura

PARA SABER MAIS:

NA BIBLIOTECA UNIFACS - Número de Chamada: 709 J27h 2. ed. - 2001

REALISMO Entre 1850 e 1900 surgiu um novo movimento artístico: o Realismo. Contra a idealização romântica e o rigor acadêmico, ele procura uma visão objetiva e simples da vida. O artista realista não devia modificar ou idealizar o real e sim retratá-lo fielmente como um cientista. Seus principais artistas foram Jean-François Millet (1814-75), Gustave Courbet (1819-77) e Jean-Baptiste Camille Corot (1796-1875).

________________________ ________________________ As respigadeiras. Millet. Museu do Louvre, Paris, França. Ville d’Avray. Corot. Óleo sobre tela, c. 1867. National Gallery, ________________________ Fonte: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/comLondres. Fonte: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/6/64/Millet_Gleaners.jpg mons/8/80/Corot.villedavray.750pix.jpg ________________________ ________________________ O Realismo nas artes visuais no Brasil não foi muito expressivo. Podemos ob- ________________________ servar sua influência em obras de Almeida Júnior (1850-99) e nas paisagens de Georg ________________________ Grimm (1846-87), Castagneto (1851-1900), Parreiras (1860-1937) e Pancetti (1902-58). ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ Derrubador brasileiro. Almeida Junior, 1879. Museu NaVentania. Antônio Parreiras, 1888. Pinacoteca do Estado ________________________ cional de Belas Artes. Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/ de São Paulo. Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/ Ficheiro:Almeida_J%C3%BAnior_-_O_Derrubador_BrasiFicheiro:Parreiras-ventania-pinac.jpg ________________________ leiro.jpg ________________________ ________________________ ________________________ ________________________


arte e cultura

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PARA SABER MAIS:

STREMMEL, Kerstin. Realismo. Lisboa: Taschen, 2005

IMPRESSIONISMO O Impressionismo situa-se entre 1850 e 1900, tendo a pintura como sua principal forma de expressão. Por que Impressionismo? Sua denominação é fruto da crítica feita pelo crítico de arte Louis Leroy sobre o quadro Impressão: Nascer do Sol de Claude Monet (1840-1926). A cor e a luz são essenciais para esse estilo, que busca a fixação do momento. Por isso o pintor impressionista pintava fora do estúdio, ao ar livre. Tecnicamente ele inova ao propor que as cores e suas nuances não são mais sejam construídas na paleta do artista pela mistura de tintas, mas elas devem ser criadas na retina do espectador. Como assim? Pinceladas de várias cores puras na tela devem provocar uma leitura de cor decodificada pelo cérebro humano.

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Impressão: Nascer do Sol. Claude Monet. Óleo sobre tela, 1872.

O Moinho de la Galette. Auguste Renoir. Óleo sobre telas,

Musée Marmottan Monet, Paris

1876. Musée d’Orsay, Paris, França.

Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Claude_Monet,_

Fonte: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/com-

Impression,_soleil_levant,_1872.jpg

mons/9/97/Renoir21.jpg

Prima Ballerina. Edgar Degas. Museu do Louvre, Paris, França.

O Beijo. Auguste Rodin. Escultura em mármore, 1886-

Fonte: http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Degas.etoile.jpg

98. Museu Rodin, Paris, França. Fonte: http://ro.wikipedia.org/wiki/Fișier:Rodin-Sărutul.jpg


BALZI, Juan Jose. O Impressionismo. Sao Paulo: Ática, 1992. 85 p. NA BIBLIOTECA UNIFACS - Número de Chamada: 709.0344 B198i

arte e cultura

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PARA SABER MAIS:

O Impressionismo influenciou muitos artistas brasileiros, inclusive os grandes mestres da Escola de Belas Artes da Bahia: Manoel Lopes Rodrigues (1861-1917), Presciliano Silva (1883-1965), Alberto Valença (1890-1983) e Mendonça Filho (1895-1964), cujas obras podem ser vistas nos museus baianos.

Sala do Capítulo. Presciliano Silva. Óleo sobre tela, 1932. Mu-

Marinha. Mendonça Filho. Óleo sobre tela. Museu Carlos

seu Carlos Costa Pinto. Arquivo Museu Carlos Costa Pinto.

Costa Pinto. Arquivo Museu Carlos Costa Pinto.

PÓS-IMPRESSIONISMO Alguns artistas impressionistas não se acomodaram, buscaram individualmente novas expressões levando ao Pós-Impressionismo. As experiências desses artistas serão muito importantes para os movimentos do Modernismo. O pintor francês Paul Cézane (1839-1906) construiu a sua expressão através da simplificação das formas: esfera, cubo, cilindro, etc. Essa proposta, baseada no volume e nas cores fortes, o tornou um precursor do movimento Cubista. George-Pierre Seurat (1859-91) elaborou uma nova técnica pictórica: Pontilhismo ou Divisionismo. Abolindo a pincelada, ela se baseia na composição das formas através de pequenos pontos ou manchas, que são misturados pelo cérebro do espectador. Essas obras são feitas para apreciação à distância. Vistos de perto revelam os seus pontos.

Natureza morta com uma cortina. Paul Cézanne. Óleo sobre

Uma Tarde de Domingo na Ilha de Grande-Jatte. Seurat.

tela, 1893-4. Whitney Museum of American Art

Óleo sobre tela, 1884-6. The Art Institute of Chicago.

Fonte: http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Cézanne,_

Fonte: http://en.wikipedia.org/wiki/File:Georges_Seu-

Paul_-_Still_Life_with_a_Curtain.jpg

rat_-_Un_dimanche_après-midi_à_l’Île_de_la_Grande_Jatte_v2.jpeg

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Vicent Van Gogh (1853-1890) é o artista da cor. O amarelo é a sua cor dominante, emblemática. As paisagens são seus temas principais. Tecnicamente, ele constrói seus quadros através de pinceladas pequenas e dinâmicas. As obras de Van Gogh irão repercutir na Arte Moderna, principalmente no Expressionismo, no Fauvismo e no Abstracionismo. O pintor francês Eugène-Henri-Paul Gauguin (1848-1903) buscou a essência da representação na realidade “pura”, não infectada pelas convenções sociais e artísticas. Iniciou sua jornada na área rural francesa, mas foi no Taiti que encontrou a sua chama criativa. Essa experiência decisiva consolidou a essência de sua expressão, marcada pelas seguintes características: cores fortes e vibrantes; formas simples e sintéticas; composição estática; rejeição da perspectiva e volumetria. Desta forma, Gauguin será decisivo para o Expressionismo e o Primitivismo.

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Campo de trigo com corvos. Vicent Van Gogh. Óleo sobre tela, 1890. Van Gogh

Duas taitianas com flores de manga.

Museum, Amsterdã.

Gauguin. Óleo sobre tela, 1899. Metropo-

Fonte: http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Vincent_van_Gogh_(1853-

litan Museum, New York.

1890)_-_Wheat_Field_with_Crows_(1890).jpg

Fonte: http://commons.wikimedia.org/ wiki/File:Paul_Gauguin_128.jpg

PARA SABER MAIS: THOMPSON, Belinda. Pós-impressionismo. São Paulo: Cosac & Naify, 1999. 80 p. NA BIBLIOTECA UNIFACS - Número de Chamada: 709.0346 T468p 1999

Síntese Nesta aula partimos do Renascimento, onde vimos com o nascimento da perspectiva, passamos pelo Maneirismo, chegando à dramaticidade do Barroco no século XVII, que imprimirá sua marca na arte colonial brasileira. A seguir observamos o estilo festivo do Rococó, a austeridade do Neoclássico, a paixão do Romantismo, a objetividade do Realismo, e, por fim, os novos caminhos introduzidos pelo Impressionismo e Pós-Impressionismo, que serão vitais para a Arte Moderna.

QUESTÃO PARA REFEXÃO Durante a nossa viagem através da História da Arte, vimos que a arte muda através do tempo, das civilizações, dos países. Por que isso acontece? Por que as formas de


conhecimento pode nos ajudar a entender quem somos?

PARA VER COM OUTROS OLHOS...

45 arte e cultura

representam se modificam? E qual é a nossa relação com esse processo? Como esse

Instituições culturais: BASÍLICA NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO DA PRAIA Rua da Conceição da Praia - Igreja, s/n - Comércio

CATEDRAL BASÍLICA Praça Quinze de Novembro, s/n - Terreiro de Jesus /Centro – Salvador-Bahia http://www.arquidiocesesalvador.org.br/conteudo.php?ID=27

FUNDAÇÃO INSTITUTO FEMININO DA BAHIA (Museu Henriqueta Catharino e Museu do Traje e do Têxtil) Rua Monsenhor Flaviano, 02 – Politeama – Salvador-BA http://www.institutofeminino.org.br

GALERIA UFFIZI Florença, Itália. http://www.virtualuffizi.com/biography/Gian-Lorenzo-Bernini.htm

MUSEU CARLOS COSTA PINTO Av. Sete de Setembro, 2490 – Corredor da Vitória, Salvador-BA www.museucostapinto.com.br

MUSEU DE ARTE SACRA – UFBA Rua do Sodré, 276 - Centro - Salvador/BA http://www.mas.ufba.br/

MUSEU HISTÓRICO NACIONAL Praça Marechal Âncora, s/n – Rio de Janeiro - RJ

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http://www.museuhistoriconacional.com.br/

arte e cultura

MUSEU IMPERIAL Rua da Imperatriz, nº 220, Centro - Petrópolis - RJ. http://www.museuimperial.gov.br

PALÁCIO DE VERSAILLES Paris, França. http://en.chateauversailles.fr/homepage

SITES Enciclopédia de Artes Visuais Itaú Cultural - http://www.itaucultural.org.br/ aplicexternas/enciclopedia_ic/index.cfm?fuseaction=artistas_biografia&cd_ verbete=2020&cd_idioma=28555&cd_item=1

________________________ Revista Eletrônica 19&20 - http://www.dezenovevinte.net/ ________________________ Revista Eletrônica Ohun - http://www.revistaohun.ufba.br/ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ REFERÊNCIAS ________________________ ________________________ BÉRENCE, Fred. Leonardo da Vinci. Lisboa: Editorial Verbo, 1984. ________________________ ________________________ CONTI, Flávio. Como reconhecer a Arte Barroca. Lisboa: Edições 70, 1996. ________________________ ________________________ FREIRE, Luiz Alberto. A talha neoclássica na Bahia. Rio de Janeiro: Versal, 2006. ________________________ ________________________ JANSON, H. W. História da Arte: panorama das artes plásticas e da arquitectura da Pré-História à actualida________________________ de. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1984. ________________________ ________________________ OTT, Carlos. História das Artes Plásticas na Bahia (1550-1900): Arquitetura. Salvador: Ed. do autor, 1991. ________________________ vol.1. ________________________ ________________________ PROUST, Marcel. A prisioneira. São Paulo: Globo, 2002. ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________


47 arte e cultura

AULA 03 - ARTE MODERNA Autora: Neila Maciel

Depois de passar por milênios de arte nas duas aulas anteriores, iremos analisar aqui a grande mudança que ocorreu na representação visual entre o final do século XIX e a metade do século XX. Nosso objetivo é compreender as razões e as consequências destas transformações para as artes plásticas no Modernismo e como isso ocorreu de maneira diferente no Brasil.

E a palavra de ordem é: INOVAR!!!!!!!!!

Fonte: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/5/52/Ritratto_di_Busoni%2C_1916_%28Roberto_Biccioni%29.jpg

Estamos no promontório extremo dos séculos!... Por que haveremos de olhar para trás, se queremos arrombar as misteriosas portas do Impossível? O Tempo e o Espaço morreram ontem. Vivemos já o absoluto, pois criamos a eterna velocidade onipresente. (MARINETTI, 1909, apud STANGOS, 2000, p. 71)

Quando o assunto é arte, muitas vezes ficamos um pouco confusos com tantos nomes, estilos, técnicas e etc., mas veja o quanto pode ser interessante, já que as obras de arte refletem o homem e a sua cultura! Então, para entendermos um pouco mais da arte que é produzida hoje temos que dar uma olhada para trás (para o início do século XX, para ser mais exata). Observar as grandes transformações que aconteceram no MODERNISMO nos ajuda a perceber as formas e todas as ideias expressas pelos artistas, as quais são inquietantes e nos influenciam até hoje.

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arte e cultura

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Podemos destacar quatro pontos fundamentais para entender a ARTE MODERNA:

a visão de progresso e desenvolvimento alcançados através dos avanços tecnológicos e do uso dos princípios racionais, ou seja, a ciência, a velocidade das máquinas, dos meios de transporte e comunicação, da eletricidade, etc.; o rompimento com os ideais classicistas aristocráticos, ou seja, não mais aceitar o que vinha das classes altas; total questionamento das crenças e da ordem estabelecida, considerando sempre a experiência direta e individual como a forma mais coerente de obtenção do conhecimento, ou seja, dispensar as tradições; ressaltar o papel da liberdade de escolha e da manifestação dos impulsos do artista, ou seja, o artista criando a partir do que pensa, sonha, imagina e não mais a partir somente do que vê na natureza.

(ENTRE PARÊNTESES) MAS, O QUE QUER DIZER MODERNO? O termo MODERNO está quase sempre associado ao novo, independente do momento histórico a que nos referimos. No entanto, quando falamos de ARTE MO-

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DERNA, devemos nos lembrar que se trata de um tipo de arte específica, com características próprias e que fazem referência a um pensamento que vigorou do início do século XX até os anos de 1960. Mas, é bom lembrar que as exceções existem! Você pode se perguntar: Como entender algumas obras de arte que são produzidas hoje, mas continuam muito parecidas com as da primeira metade do século XX? Isso acontece porque existem algumas características que definem uma obra de ARTE MODERNA, como por exemplo: o uso das linguagens convencionais das artes plásticas.

(ENTRE PARÊNTESES) MAS, O QUE SÃO AS ARTES PLÁSTICAS? Artes Plásticas são as artes que se manifestam por meio de elementos visuais e táteis, como linhas, cores, volumes; reproduzindo formas da natureza ou realizando formas imaginárias. Plástica se refere a tudo que depende da manipulação, da ação manual sobre um material dando-lhe forma e sentido. As diferentes categorias das artes plásticas podem ser desenvolvidas no plano bidimensional, ou seja, em superfícies como o papel, tecido, parede, entre outros, através do desenho, da gravura e da pintura, como também pode ser realizada no plano tridimensional, cujo volume é explorado pela escultura.

Vamos olhar alguns exemplos destas categorias:


DESENHO: pode ser feito à grafite, lápis de cor, carvão, giz, caneta, tinta guache, aqua-

49 arte e cultura

rela, entre outros.

Fonte: www.sxc.hu

Saiba mais: http://desmat.no.sapo.pt/mit_intro.html

GRAVURA: desenho feito através de incisões sobre um material apropriado com a finalidade de obter impressões. Trata-se de procedimentos gráficos, já que é a transposição de algo grafado numa superfície para outra, que pode ser o papel ou tecido, por exemplo. As gravuras podem ser feitas em relevo (xilogravura, linogravura), em encavo (gravura em metal) e planográfica (litografia, serigrafia). E, em todas as técnicas a finalidade é criar uma matriz para gerar cópias. Mas atenção, estas não sairão todas iguais, pois a reprodução é um processo manual.

O rinoceronte. Albert Durer, xilogravura, séc. XVI. Fonte: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/e/ec/1598_-_David_Kandel_02.jpg

Saiba mais: http://www.gravurarte.hpg.com.br/historico.htm

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PINTURA: pode ser entendida como a aplicação de pigmento líquido a uma superfície, colorindo e criando tons e texturas. As técnicas mais conhecidas são: a pintura a óleo, a tinta acrílica, o guache, a aquarela, o afresco, a encáustica e a têmpera de ovo.

Adão e Eva de Mabuse (Jan Gossaert), exposta na National Galery em Londres. Pintura de óleo sobre madeira com 168.9 x 111.4 cm. Fonte: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/4/48/Adao_eva.PNG

Saiba mais: http://artevis.blogspot.com

ESCULTURA: podemos definir escultura como a arte de moldar ou talhar determinados materiais como, por exemplo, madeira, argila (barro), pedra, metais, entre outros, a fim de produzir imagens em relevo, ou seja, tridimensionais.

Escultura busto-herma representando a Dionisios procedente de Carthago Nova (Cartagena). Museo arqueológico de Murcia Fonte: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/6/6b/Escultura-busto_herma.jpg


Saiba mais: http://www.cccv.org.br/galeria/vilar/escultura.htm

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Voltando à ARTE MODERNA... Essas categorias das artes plásticas existem desde a pré-história, só foram se desenvolvendo e se aprimorando ao longo dos séculos. Os artistas modernos também continuaram a fazer uso delas, todavia, rompendo com as formas tradicionais, naturalistas. Era o basta aos modelos, estilos uniformes seguidos até então. Era a revolução individual de cada artista!

Mais adiante vamos perceber que só a partir da década de 1960 é que essas técnicas vão ser questionadas e até negadas.

EXEMPLOS:

Uma pintura naturalista, tradicional, com todas as regras de composição clássica (tentativa de imitação da realidade!)

Pauline Eleanore. Dominque Ingres. 1853, Óleo s/ tela; The Metropolitan Museum of Art, New York.

Fonte: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/8/89/ Jean_auguste_dominique_ingres_princesse_albert_de_broglie. jpg

Uma pintura moderna, anti-convencional, expressa aquilo que o artista sente, pensa, sonha, deseja...

Mulher diante do espelho. Pablo Picasso. 1932. Óleo sobre tela. The Museum of Modern Art, New York. Fonte: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/8/81/ JuanGris.Portrait_of_Picasso.jpg

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52 Assista ao vídeo e perceba as mudanças de representação da figura feminina ao longo da arte. No final do vídeo você verá obras modernas. Agora já está fácil identificar! http://www.youtube.com/watch?v=nUDIoN-_Hxs

MODERNISMO e VANGUARDAS ARTÍSTICAS

A ARTE MODERNA costuma ser classificada dentro de um período e conceito chamado MODERNISMO. Trata-se de uma categoria na qual algumas obras, dentre as mais diversificadas produções do período moderno, podem se enquadrar. Estas obras têm como raiz principal a vontade de inovar, de romper com as regras, de libertar a criatividade e sensibilidade do artista. Algumas estão relacionadas diretamente com a vida moderna, na qual os homens e mulheres das grandes cidades européias estavam vivenciando. Evidenciando a ciência, as máquinas, o automóvel, o cinema (que já dava seus primeiros passos em 1895!), o futuro! Outras obras destacam os sentimentos humanos, bons e maus, principalmente depois do horror da Primeira Guerra Mundial. Há também as imagens vindas dos sonhos e do inconsciente, estimulados pela psicanálise e teorias de Sigmund Freud.

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Essas vertentes foram denominadas VANGUARDAS ARTÍSTICAS.

No sentido original, vanguarda é um termo militar, o qual diz respeito ao batalhão que precede as tropas em ataque durante uma batalha. Portanto, o conceito de que vanguarda é aquilo que “está à frente”. Diante disso, esta definição foi adaptada aos movimentos artísticos inovadores da primeira metade do século XX. Estes movimentos, segundo seus próprios autores, apontavam os rumos da arte com a visão à frente de tudo. Eram formados por diferentes grupos de artistas, dentre os quais, alguns laçaram manifestos com postura política e tudo e, acreditavam que “a verdadeira arte” encontrava-se com eles. Algumas das Vanguardas artísticas: Fauvismo (1904 – 1907); Cubismo (1906 – 1914); Expressionismo (1905 – 1933); Futurismo (1909 – 1914); Dadaísmo (1916 – 1922); Surrealismo (1916 – 1936); Construtivismo (1914 – 1950); Abstracionismo (1910 – 1950), entre outros.

Saiba mais: Leia e assista ao vídeo sobre as vanguardas artísticas: http://www.itaucultural.org.br/aplicexternas/enciclopedia_ic http://www.youtube.com/watch?v=N7Ph6H5OshE&feature=related


são uma forma didática de apresentar os conteúdos, mas muitas vezes, as coisas aconteciam ao mesmo tempo, e um movimento sempre acabou influenciando o outro. Além disso, alguns artistas passaram por vários destes movimentos.

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É preciso ficar atento(a), pois quando falamos de arte, nada é rigidamente preciso. As datas

Enquanto isso no Brasil....

O IMPORTANTE É INOVAR.... O IMPORTANTE É SER AUTÊNTICO – BRASILEIRO!!!!

No Brasil, e em boa parte do mundo ocidental, fora dos grandes centros europeus, as artes plásticas do início do século XX, encontravam-se ainda baseadas no pensamento clássico do século anterior, considerando a arte como enfeite da vida e instrumento mantenedor da ordem. Enquanto a Europa vivia já a crise do desenvolvimento industrial, o inchaço populacional nos grandes centros, as cidades brasileiras iniciavam-se no ideal de modernização. As condições históricas, políticas, econômicas e sociais eram outras. Portanto, as primeiras manifestações de ARTE MODERNA vão aparecer timidamente em São Paulo na segunda década do século. Ainda em 1920, por exemplo, era a cultura agrária que predominava, por mais que o país tivesse passado por um surto industrializador proporcionado por uma emergente burguesia, assim como, pela diminuição das importações dos produtos europeus industrializados, principalmente, durante o período da Primeira Guerra Mundial. No entanto, as grandes cidades como Rio de Janeiro e São Paulo só passariam a enfrentar os graves problemas da crise relativa à modernidade e o ritmo acelerado da vida urbana, a partir de então. Se o contexto histórico era diferente, a arte também tinha que ser. As ideias modernistas se espalharam por todo o mundo, principalmente através dos artistas e intelectuais de diversos países que viajavam, sobretudo, à Paris para estudar e passear na cidade considerada o berço da cultura ocidental daquele período. Os poetas e artistas brasileiros beberam na fonte das Vanguardas Artísticas, quando estas já estavam consolidadas por toda a Europa, trazendo para o Brasil todas as novidades propostas nos manifestos e discussões sobre os novos rumos da arte.

Mas... Toda a ideia de rompimento, de ruptura com os modelos tradicionais, foi adaptada à nossa realidade. Nossos artistas perceberam que desde sempre tiveram como base a arte europeia, seja na arte religiosa no período colonial, como também no século XIX e começo do XX, ou seja, a arte brasileira tinha sido uma cópia do que se fazia na Europa. Portanto, a ARTE MODERNA tinha que servir ao artista brasileiro como um meio para se libertar de toda dependência cultural. O novo, naquele momento, passou

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a ser o autêntico, o original, o nacional, o brasileiro. Então, quando pensarmos sobre ARTE MODERNA brasileira, devemos pensar em descoberta da identidade nacional. Esta busca pelo reconhecimento de quem éramos, diante de toda a história de miscigenação genética e cultural, foi o grande diferencial dos artistas modernistas brasileiros.

Mulher em Círculos”, pintura do artista brasileiro Belmiro de Almeida, antes da Semana de Arte Moderna de 22 Fonte: http:// upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/4/44/Belmiro_de_Almeida_-_Mulher_em_C%C3%ADrculos_-_1921.png

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Pintura da pintora modernista brasileira Tarsila do Amaral, no Museu Brasileiro da Fundação Cultural Ema Gordon Klabin, São Paulo, Brasil http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/8/84/TarsiladoAmaral.jpg

(ENTRE PARÊNTESES) - A Semana de Arte Moderna de 1922 sempre foi apresentada como o evento que deu início ao Modernismo no Brasil. O evento foi de fato muito importante, mas, não foi por conta dele, exclusivamente. Na verdade, a Semana nem fez tanto barulho assim na época. Os artistas é que passaram a desenvolver nos seus ateliês, nas viagens que faziam à Europa, uma arte que cada vez mais tomava para si os conceitos do modernismo. O processo foi demorado e gradativo. Somente a partir dos anos de 1950, é que a ARTE MODERNA ganha o Brasil como um todo. Cria-se, portanto, um elo entre a vontade de modernidade e a construção da identidade, que vai se prolongar muito além da Semana de 22, passando pelos anos


tismo, além de outras vertentes do Abstracionismo, vêm lutar por questões relativas somente à própria arte, tentando desvencilhar-se da problemática nacional.

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de 1930 até a década de 1950, quando os movimentos Concretismo e Neo-concre-

“O flautista”. Candido Portinari, 1934. Óleo s/ tela. Fonte: http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Portinari_flautista.jpg

Saiba mais: Assista ao vídeo e leia sobre o Modernismo no Brasil e suas peculiaridades: http://www.youtube.com/watch?v=ATAY66NkR-4&feature=related http://www.itaucultural.org.br/aplicexternas/enciclopedia_ic/index. cfm?fuseaction=termos_texto&cd_verbete=359

PARA CONHECER E USUFRUIR... Instituições culturais:

Museu de Arte Moderna da Bahia http://www.mam.ba.gov.br/ e http://mamboxx. blogspot.com/ Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro http://www.mamrio.com.br/ Museu de Arte Moderna de São Paulo http://www.mam.org.br Museu Nacional de Belas Artes http://www.mnba.gov.br/ Biblioteca Nacional http://www.bn.br/portal/

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Funarte http://www.funarte.gov.br/portal/

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IPHAN (Órgão do Ministério da Cultura que tem a missão de preservar o patrimônio cultural brasileiro.) http://portal.iphan.gov.br/

MASP (é considerado hoje o mais importante museu de arte do Hemisfério Sul, por possuir o mais rico e abrangente acervo. São cerca de 8.000 peças, em sua grande maioria de arte ocidental, desde o século IV a.C. aos dias de hoje.) http:// www.masp.art.br

CCBB (Conjunto Cultural Banco do Brasil) http://www.bb.com.br/portalbb/ home21,128,128,0,1,1,1.bb Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular http://www.cnfcp.gov.br/ Museu da República http://www.museudarepublica.org.br/ Museu Histórico Nacional http://www.museuhistoriconacional.com.br/ Fundação Palmares http://www.palmares.gov.br/ Museu Afro-Brasileiro http://www.museuafrobrasil.com.br/index_01.asp

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o que aprendemos? Nesta aula vimos que a grande questão do Modernismo é a inovação. É a crença na ideia de progresso, de evolução e, consequentemente, da substituição das antigas tradições por novas maneiras de pensar e produzir as artes plásticas. Vimos também que no Brasil as coisas aconteceram diferentemente. Os artistas brasileiros tinham como missão inventar sua própria história, cuja produção foi desde o princípio marcada pela cópia. E, para isso, encontraram a base ideológica nos movimentos de vanguarda, justamente onde estes pregavam o rompimento com o passado, ou seja, captaram o sentido e perseguiram a forma nacional, brasileira. Portanto, alcançamos o objetivo da aula ao compreendermos que a Arte Moderna está ligada ao rompimento e a construção de novos valores a partir da subjetividade de cada artista.

Para refletir! Manifesto Pau-Brasil e Manifesto Antropófago. “Tupi, or not tupi that is the question.” (Trecho do Manifesto Pau-Brasil, 1924) Oswald de Andrade


do Manifesto Antropófago, 1928) Oswald de Andrade

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“Só a Antropofagia nos une. Socialmente. Economicamente. Filosoficamente.” (Trecho

Estes manifestos tinham como essência o repensar a questão da dependência cultural no Brasil. O movimento Antropofágico instigou a valorização das diferenças culturais que formavam a base da cultura brasileira para assim se distanciar da assimilação acrítica de tudo o que vinha de fora. O que o escritor propunha era uma “deglutição” crítica desses modelos estrangeiros e de tudo o mais que fosse estranho à cultura nacional assumindo, assim, o que havia de positivo, eliminando o que não interessava e transformando as informações de acordo com a perspectiva local. Era a “Revolução Caraíba”, anunciada por Oswald de Andrade em seu manifesto.

Saiba mais http://www.lumiarte.com/luardeoutono/oswald/manifantropof.html (Manifesto Antropófago na integra) http://www.lumiarte.com/luardeoutono/oswald/manifpaubr.html (Manifesto Pau-Brasil na integra)

Leituras indicadas ARGAN, Giulio Carlo. Arte moderna. São Paulo: Companhia das Letras, 1992. ÁVILA, Affonso. O modernismo. São Paulo: Perspectiva, 1975 HARRISON, Charles. Modernismo. 2. ed.Tradução João Moura. São Paulo: Cosac & Naif Edições, 2001. JANSON, H. W. Iniciação à história da arte. São Paulo: Martins Fontes, 1996. ORTIZ, Renato. A moderna tradição brasileira. São Paulo: Brasiliense, 2001. _____________Cultura brasileira e identidade nacional. São Paulo: Brasiliense, 2006. TASSINARI, Alberto. O espaço moderno. São Paulo: Cosac & Naif Edições, 2001.

Sites Indicados www.historiadaarte.com.br www.itaucultural.org.br www.historianet.com.br

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www.digestivocultural.com/ensaios/ensaio.asp?codigo=24

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www.cce.ufsc.br/~nupill/ensino/as_vanguard_modern.htm

ReferĂŞncia STANGOS, Nikos (org.). Conceitos da arte moderna. Rio de Janeiro. Ed. J. Zahar, 2000.

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AULA 04 - LINGUAGENS CONTEMPORÂNEAS Autora: Neila Maciel

Nesta aula iremos conhecer um pouco mais sobre as Linguagens Contemporâneas, o que elas significam e como se aplicam às Artes Visuais. Veremos as mudanças no pensamento e comportamento das sociedades, a partir dos anos sessenta do século XX, e também iniciativas particulares de alguns artistas específicos que influenciaram todo o universo da arte. Nosso objetivo é entender um pouco mais da cultura atual e das artes contemporâneas, passando pelo processo inicial até chegarmos ao momento em que vivemos.

A ordem do dia é QUESTIONAR!!!!!

Roda de bicicleta, Marcel Duchamp, 1913 Fonte: Imagem capturada do site http://www.moma.org/collection/browse_results.php?object_id=81631

Seguindo as transformações da arte, depois de passar pelas inovações modernistas, entraremos num campo difícil de definir e classificar. É a contemporaneidade. Nesta palavra enorme cabem tantos conceitos, estilos, acordos e desacordos que é preciso ir com calma para tentar entender as LINGUAGENS DA ARTE CONTEMPORÂNEA. Quando falamos do passado, temos um distanciamento que nos permite observar, elaborar teorias e até reinventar velhas certezas. Mas, quando estamos vivendo os fatos, fica muito mais complicado. É o que acontece com o que chamamos de contemporaneidade. Estamos nela! Para muitos teóricos não há um momento exato ou um fator definidor deste “novo período” da história. Entretanto, existe um consenso de que os anos de 1960 são cruciais nas mudanças de paradigmas e posicionamentos diante da vida e da arte. Rapidamente, podemos nos lembrar da Revolução Sexual, com o surgimento da pí-

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lula, do Woodstok, grande festival que celebrou a contracultura e todo o movimento Paz e Amor, da revolta dos estudantes, no marcante Maio de 68 em Paris, da luta pela censura no Brasil, entre tantos marcos questionadores dessa década. É preciso lembrar também, que neste momento, não era mais a Europa o grande centro irradiador da cultura. Desde o final da Segunda Guerra Mundial são os Estados Unidos da América que passam a ocupar o posto de potência cultural e econômica do ocidente. A arte também esteve repleta destes sentimentos provocativos que permeavam todos os aspectos da sociedade. Todavia, existem algumas experiências marcantes que influenciaram muito nestas inovações questionadoras dos anos sessenta. Ao voltarmos nossos olhos para uma das vanguardas que vimos na aula anterior, o Dadaísmo e para um artista chamado Marcel Duchamp, veremos que já nas duas primeiras décadas do século XX a ironia, o sarcasmo e outras características que iriam impulsionar a arte contemporânea, já estavam presentes.

(ENTRE PARÊNTESES) Por que Marcel Duchamp?

Marcel Duchamp foi um artista francês que depois de realizar algumas experiências futuristas e cubistas em Paris, mudou-se para os EUA ao fim da Primeira Guerra Mundial, onde desenvolveu seus mais relevantes trabalhos. Duchamp é considerado

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um dadaísta pela sua postura. É importante saber que o movimento DADÁ se baseava na negação, no acaso, na ironia, no jogo das palavras, características assumidas e exageradas nas suas obras. Para ele a arte não podia mais servir apenas para um ato de contemplação, tinha que servir como exercício mental, ou seja, o intelecto sobrepondo as habilidades manuais do artista. É a origem do que depois viria a se chamar ARTE CONCEITUAL, ou seja, a arte reflexiva, provocativa, centrada no conceito apresentado pelo artista. Esta é a sua grande revolução! A valorização da ideia. A partir disso, Duchamp passou a usar objetos e coisas industrializadas, elementos comuns do cotidiano das pessoas e propor em cima destes objetos situações questionadoras do mundo da arte. Quebra-se, portanto, o conceito de artista gênio, aquele possuidor de um dom divino. O artista agora passava a ser um proponente, ou seja, propunha reflexões para o público, sem necessariamente pintar, ou esculpir ou ainda desenhar. A primeira imagem desta aula é exemplo disto: uma roda de bicicleta e um banco. Mas, é muito mais que simplesmente uma roda e um banco. É um READY MADE, ou seja, é um objeto pronto, industrializado, o qual foi apropriado pelo artista que o coloca numa galeria ou museu e diz que aquilo, cujas mãos ele nem precisou tocar, é arte. Com este ato, ele ironiza a arte, a própria figura do artista, o público que vê e tudo que diz respeito aquele conceito tradicional de arte, cuja função não era mais REPRESENTAR a realidade, ela era a própria REALIDADE.


Saiba mais Leia mais sobre READY MADE http://www.itaucultural.org.br/aplicexternas/enciclopedia_ic/index.

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cfm?fuseaction=termos_texto&cd_verbete=5370

Assista ao vídeo que explica um pouco mais sobre Arte Conceitual http://www. youtube.com/watch?v=rwzf9YoS5wg&feature=related

Muita coisa aconteceu desde o dadaísmo, mas, vamos encontrar em meados da década de 1950 um movimento essencial para o entendimento destas novas linguagens, é a POP ARTE!

Fragmentos de trabalhos em serigrafia de Andy Warhol. Década de 1960. Fonte: http://commons.wikimedia.org/wiki/File:In_the_style_of_Andy_Warhol.jpg

Veja mais imagens em: Fonte:http://karolnews.wordpress.com/2010/03/17/

Apesar de ter surgido na Inglaterra, foi nos Estados Unidos que a Pop Arte ganhou força e expressão mundial. A ideia central era trabalhar com as imagens da sociedade de consumo, a qual havíamos nos tornado (ou pelo menos, queríamos nos tornar) já na metade do século XX. Era a utopia da felicidade obtida através dos bens de consumo O que Andy Warhol (principal artista visual do pop) e tantos outros fizeram, foi se apropriar dos objetos das indústrias de consumo, ou seja, da moda, da alimentação (industrializada), dos eletrodomésticos, do cinema, da história em quadrinhos, da publicidade, da vida urbana em geral, a chamada cultura de massa. É o mesmo conceito de apropriação de Marcel Duchamp explorado de outro modo. Ora exaltando, ora criticando esta sociedade movida pela imagem. Talvez, o mais importante disso tudo tenha sido a aproximação da arte com a

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vida, com o cotidiano das pessoas. É a tal realidade mencionada anteriormente. Então, os assuntos abordados, as questões promovidas eram e são as mesmas vivenciadas pela sociedade de maneira geral. As ARTES PLÁSTICAS passaram a ser chamadas de ARTES VISUAIS, pois, aquelas categorias mencionadas na AULA 3 já não dão conta desta nova realidade, na qual os artistas usam de tantos outros meios, não somente os plásticos, mas eletrônicos, fotográficos, cinematográficos, corporais, digitais, entre outros.

(ENTRE PARÊNTESES) Além da mudança nos meios utilizados, é importante ficar atento(a) às mudanças das relações. Vejamos: O artista – passa de gênio, que concluía seu trabalho no ateliê, para aquele que propõe ideias e/ou experiências ao público. O público – passa de observador contemplativo para um agente participante, é através da sua leitura individual que a obra se faz por completa. A sua experiência é que faz a obra existir. A autoria – o artista se apropria de objetos já existentes, questionando os conceitos de originalidade e autoria (se o objeto é industrializado, qualquer um pode reproduzir a ideia).

________________________ A relação com o tempo – a obra de arte passa a ser a ideia e o processo de execução e ________________________ experimentação. Então, não há a preocupação da durabilidade, ao contrário, ela é pen________________________ sada para ser efêmera, ou seja, ela existe naquele momento, depois, pode ser desmon________________________ tada, quebrada, refeita, etc. ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ AS NOVAS LINGUAGENS ________________________ ________________________ ________________________ As linguagens visuais contemporâneas, diferentemente de suas an________________________ tecessoras, quebraram com o conceito único e desconstruíram suas ________________________ técnicas, misturando-as entre si ou fora delas. Esse processo de mis________________________ tura desloca as técnicas tradicionais de suas nascentes, adquirindo ________________________ formas e significados diversos, ampliando e desconstruindo o signi________________________ ficado único delas, um dos principais impulsos na arte contemporânea que é o da transferência de significado de um lugar ao outro ________________________ (WANNER, 2005, p. 56). ________________________ ________________________ ________________________ A partir destas novas relações, entenderemos melhor algumas das linguagens ________________________ surgidas do desenvolvimento tecnológico e pelas novas formas de pensar a arte. Con________________________ forme veremos a seguir: ________________________ ________________________ ________________________ Instalação – é uma operação artística na qual a obra de arte, seja um objeto


esteja relacionada com o espaço. Não se trata mais do objeto isolado, o lugar acaba fazendo parte também. Como por exemplo, esta INSTALAÇÃO Célula Nave, do artista brasileiro Ernesto Neto, na qual o artista usa o teto e o espaço da própria galeria como parte integrante de seu trabalho, no qual o público tem que caminhar e fazer parte da

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industrializado, um quadro, uma TV exibindo um vídeo, ou qualquer outra situação,

obra.

Célula Nave, Ernesto Neto, 2004. Fonte: http://commons.wikimedia.org/wiki/File:WLANL_-_Cybergabi_-_YIP158,_Where_truth_dances.jpg

Ou ainda este outro artista brasileiro, Cildo Meireles, cujo trabalho é a criação de um ambiente, ou seja, é a utilização do espaço para possibilitar as mais variadas leituras a partir de sua ideia.

Desvio para o vermelho. Cildo Meireles. 1967 Ver imagem no link abaixo: Fonte: http://newindustryarts.com/2008oct.html

Saiba mais Sobre instalações: http://www.mac.usp.br/mac/templates/projetos/seculoxx/modulo5/instalacao.html

Performance – Este termo surgiu na década de 1970, entretanto, os eventos dadaístas e surrealistas no começo do século XX já continham ações que podemos chamar de performáticas. Entendemos por PERFORMANCE toda forma de arte na qual o artista usa o corpo, pode ser o seu próprio ou de outras pessoas, combinando ele-

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mentos do teatro, da música, da dança e das artes visuais a fim de passar expressar sua mensagem. É importante destacar que este tipo de linguagem é efêmera, ou seja, ela só acontece ali naquele momento em que está sendo realizada, depois restam as fotos, vídeos, registros de uma arte que não foi feita para durar, mas para ser “consumida” e, não admirada e contemplada num museu ou galeria durante anos. É a expressão do agora, bem de acordo com o movimento frenético da sociedade contemporânea.

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Passage. Murakami Saburo. 1955. Fonte: http://www.youtube.com/watch?v=EWctXXGeJMA

Esta imagem ao lado é um registro da performance realizada pelo artista japonês Murakami Saburo, na qual ele anda e rasga as telas de papel, refletindo sobre os velhos e novos paradigmas da arte.

Saiba mais Sobre performance: http://www.revistaohun.ufba.br/01_Artigo_Ze_Mario_Ohun_4.pdf

http://www.itaucultural.org.br/aplicexternas/enciclopedia_ic/index. cfm?fuseaction=termos_texto&cd_verbete=3646

Vídeoarte – Trata-se de uma linguagem que utiliza imagens eletrônicas de vídeo, as quais buscam quase sempre romper com os padrões exibidos pela televisão e pelo cinema comercial. Outra característica marcante é que frequentemente a VÍDEOARTE é apresentada integrada a outras linguagens como a performance ou compondo uma instalação.


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Vídeoarte Majewskfoto do artista Lech Majewski, 2007. Fonte: http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Majewskfoto.jpg

(ENTRE PARÊNTESES) Vale a pena lembrar que a mistura das linguagens é muito marcante na arte contemporânea. Talvez, seja uma das suas principais características. Então, quando pensarmos sobre estas NOVAS LINGUAGENS, temos que lembrar que o hibridismo faz parte das suas essências, assim como a despreocupação com a durabilidade e com o caráter único, ou seja, elas podem e devem ser reproduzidas sem que com isso percam o valor de obra de arte.

________________________ ________________________ ________________________ Saiba mais ________________________ ________________________ Texto sobre vídeo arte e instalação: ________________________ ________________________ http://cibercultura.org.br/tikiwiki/tiki-index.php?page=videoarte%20e%20 ________________________ v%C3%ADdeo%20instala%C3%A7%C3%A3o ________________________ Blog que tem vídeos, links e informações sobre a história e o universo da vídeo arte: ________________________ ________________________ http://videarte.wordpress.com/video-arte/ ________________________ ________________________ ________________________ Assista a um exemplo de vídeo arte disponível no Youtube: ________________________ http://www.youtube.com/watch?v=q4VzhhPQK1Y ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ OUTRAS POSSIBILIDADES ________________________ ________________________ ________________________ Como já foi destacado aqui, a partir dos anos sessenta surgiram inúmeras in________________________ dagações e possibilidades para fazer, ler e consumir arte. Além da INSTALAÇÃO, PER________________________ FORMANCE, VÍDEOARTE, existem muitas outras linguagens e classificações como:


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MINIMALISMO, BODY ART, ARTE POVERA, entre outras. E, na amplitude da vida contemporânea, há espaço também para linguagens e propostas que estabelecem uma relação com as massas, fora dos ambientes artísticos tradicionais. É a chamada ARTE URBANA, presente nos lugares menos improváveis para a arte: muros, postes, terrenos abandonados, fachadas de prédios e casas, pontos de ônibus, estações de metrô, ou seja, qualquer lugar na rua. É a apropriação do espaço público. Ainda nos anos de 1970, os artistas fizeram questão de sair das galerias a fim de questionar o sistema das artes, o qual era, e ainda é, centrado no valor de mercado e no status que os espaços oficiais de arte, como museus e galerias, garantiam a quem conseguisse entrar neles. A rua não impõe regras, tabus ou valores artísticos determinantes. Ela é um espaço aberto, livre de intermediadores, ou seja, é a possibilidade de estabelecer uma comunicação direta com o público. Ela é efêmera, passível a todas as transformações do tempo, das chuvas, da poluição, da ação de outros artistas, já que a rua não tem dono, pertence a todos e todas.

O GRAFFITI (OU GRAFITE) O GRAFFITI pode ser considerado uma arte gráfica, uma inscrição ou desenho

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pintado ou gravado, cuja finalidade maior é estabelecer uma comunicação visual que pode ser apreendida pela sociedade em geral ou por pequenos grupos de sujeitos inseridos em contextos específicos, e esta comunicação pode se dar de uma maneira clara ou não.

O graffiti ajuda-nos a compreender os mecanismos de comunicação urbana, de leitura da imagem citadina, converte o imaginário em real, nos indica como a cidade é um espaço (físico e mental) em constante construção simbólica, e que, assim, uma cidade não é só topografia, mas também desejos, sonhos. Nossa atuação, nossa existência participante faz com que se criem vínculos entre esse espaço e nós mesmos (SAMPAIO, 2006, p 17).

É interessante notar o quanto este tipo de linguagem essencialmente urbana vem sendo apreendida nos últimos dez anos no Brasil e no mundo de uma maneira geral. Houve uma significativa mudança na aceitação e na interação dos cidadãos transeuntes da cidade com relação às imagens e mensagens exibidas nas ruas, principalmente das grandes metrópoles. Deixa de ser uma contravenção e passa a assumir o status de ARTE URBANA. As letras e desenhos causam um forte impacto visual através de cores fortes e das mensagens, que frequentemente são carregadas de protestos e questionamentos sociais, alterando o dia a dia e a estética destas cidades e, consequentemente de seus habitantes.


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Graffiti coletivo de Duin, Izolag e Nahu, Salvador, 2007. Fonte: http://www.fotolog.com.br/kajaman471/38400799

Veja o teaser do documentรกrio no link abaixo: http://www.youtube.com/watch?v=tciqibSoT9s&feature=player_embedded

Graffiti de Banksy. Londres, 2009. Fonte: http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Banksy_-_Sweep_at_Hoxton.jpg

Saiba mais http://www.youtube.com/watch?v=8ZS3TQYJwCc&feature=related http://correio24horas.globo.com/noticias/noticia. asp?codigo=20308&mdl=&pagina=1 http://www.alexandreorion.com/meta/ http://www.graffiti.org.br/

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http://www.banksy.co.uk/index.html

(ENTRE PARÊNTESES) GRAFFITI X PICHAÇÃO????

Este tipo de linguagem sempre causou discussões sobre o GRAFFITI e a pichação. Segundo o sociólogo David de Souza:

A pichação é usualmente associada a um discurso norteado pelas noções de vandalismo, delinqüência e poluição visual. O graffiti está atualmente vinculado a um discurso de conscientização, de salvação ou libertação dos jovens da delinqüência através da arte (SOUZA, 2008, p. 5).

Além disso, o GRAFFITI é associado ao movimento Hip Hop, sendo um dos seus quatro elementos básicos. A pichação também é uma forma de expressão, contudo, não é encarada como arte devido ao seu caráter de depredação, ao qual está quase sempre vinculada. Entretanto, esta discussão é longa e cabem muitos pontos de vista.

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O que podemos apreender é que se trata de cultura urbana, contemporânea, reflexo dos problemas e situações nas quais estamos inseridos.

A INTERVENÇÃO URBANA

O GRAFFITI é um tipo de INTERVENÇÃO URBANA, termo que ainda abrange muitas outras linguagens, tais como, arte ambiental, mas, quando usamos este termo atualmente, fazemos uma distinção. Visto que, existem inúmeras outras formas de intervir na cidade. Nos últimos dez anos, justamente o período que o GRAFFITI vai conseguir uma grande aceitação, muitos artistas passaram a se expressar na rua com outras técnicas e formatos, principalmente os de pequeno porte. Geralmente, no uso atual do termo, as INTERVENÇÕES URBANAS são simples e visam capturar a atenção de quem passa por alguns instantes a fim de provocar um estado de reflexão ou emoção. Para a realização de tais propostas, os artistas exploram outras ferramentas além das tintas, como papel, adesivos, pôsteres, entre outros, depende da situação e da mensagem que se queira transmitir. Hoje no Brasil existem muitos grupos que realizam estas INTERVENÇÕES de maneira coletiva. São majoritariamente artistas jovens, com passagem pelos cursos universitários de arte, os quais formam grupos de discussão, planejamento e aplicação destas ações. A internet é também um veículo muito utilizado por estes “interventores”. Através da rede marcam ações semelhantes em todo o país e também no exterior,


em cidade. O G.I.A. (Grupo de Interferência Ambiental), por exemplo, é um grupo formado por 6 artistas visuais de Salvador, os quais atuam há quase 9 anos em diversas cidades brasileiras, além de terem participações em diversos eventos internacionais de arte

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criando assim, um campo de arte sem fronteiras, com um alcance variável de cidade

contemporânea.

A cama consiste numa ação provocativa, onde depois de instalarem uma cama em frente ao Farol da Barra, ainda de madrugada, um integrante do grupo dormiu por algumas horas, gerando as mais variadas reações. G.I.A. Salvador, 2005.

Veja a imagem no link abaixo: http://redecoro.zip.net/images/CamaFaroldaBarraweb.JPG Fonte: http://redecoro.zip.net/

Suas ações são muito simples, porém, possuem uma delicada e irônica forma ________________________ de questionar os valores da nossa sociedade, tão carregada de informação e imedia- ________________________ tismo. Além, de ironizar, os ainda existentes, aspectos elitistas da arte. O G.I.A., dentre ________________________ outros coletivos de INTERVENÇÃO URBANA, trazem a arte para o dia a dia da cidade, ________________________ de forma rápida, efêmera, reproduzível por qualquer outra pessoa em qualquer outra ________________________ ocasião. ________________________

(ENTRE PARÊNTESES) Toda regra tem sua exceção!!

Não só de pequenos formatos se fazem as INTERVENÇÕES URBANAS. Existem também as grandes propostas que se apropriam de grandes marcos da cidade. Existe uma dupla de artistas, na verdade um casal francês, Christo e Jeanne Claude, os quais literalmente empacotam edifícios, montanhas, lagos, pontes, ou ainda interferem na paisagem urbana com tecidos de variadas maneiras. Este é o tipo de intervenção deles. Ou seja, existem vários tipos!!!

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Intervenção na Ponte Neuf em Paris, Christo e Jeanne-Claude, 1985. Fonte: http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Pont_Neuf_emball%C3%A9_par_Christo_(1985).jpg

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http://www.intervencaourbana.com.br/blog/

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http://poro.redezero.org/inicial.html

Esta aula teve como objetivo nos aproximar um pouco mais da arte contemporânea e entendermos o processo que vem se desenrolando ao longo do século xx, juntamente com todas as transformações sóciopolíticoeconômicas da sociedade ocidental, as quais nos fazem ser quem somos.

SÍNTESE Nesta aula estudamos as linguagens contemporâneas, desde instalações, vídeos, performances até as manifestações que acontecem nas ruas, bem próximo do nosso cotidiano.

(ENTRE PARÊNTESES) – Para refletir!

Arte contemporânea

Falar de arte e linguagens contemporâneas é tão profundo quanto falar da vida. No primeiro momento, esse assunto pode parecer distante para quem não é artista ou trabalha com arte. Entretanto, as manifestações artísticas estão tão presentes no nosso dia a dia que nem nos damos conta. Observe que, mesmo sem visitar um museu ou uma galeria entramos em contato com arte. Seja através das imagens que tomam nosso olhar nas ruas, no ônibus, nos outdoors, nas revistas, na televisão, no cinema. Mas, você deve estar se perguntando se as imagens que estão nesses veículos de comunicação são arte. Pois é, esta é uma questão: o que é a arte nos dias de hoje? Qual o limite entre arte e design, ou arte e publicidade? Depois de todas as quebras de paradigmas, da apropriação de objetos banais do cotidiano para inserir no universo das artes, torna-se muito tênue a linha que separa uma coisa da outra. Uma fotografia jornalística, realizada com a finalidade de documentar pode alcançar uma estética ou proporcionar uma reflexão. O que impede dela ser considerada arte? Perceba que não estou afirmando, e sim, refletindo sobre a questão: o que é considerado arte na contemporaneidade. Vejamos outra situação: se a política, a economia, as questões sociais influenciam e transformam as ARTES VISUAIS, por que não pode acontecer o oposto? Acontece! Então, trata-se na verdade, de um fluxo de conteúdo e de questionamentos. A arte contemporânea está muito mais próxima e presente do que imaginamos.

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72 LEITURAS INDICADAS ADES, Down. Arte na América Latina. São Paulo: Cosac & Naify, 1997. AMARAL, Aracy A. Arte para quê? São Paulo: Studio Nobel, 2003 ARCHER, Michael. Arte contemporânea: uma história concisa. São Paulo: Martins Fontes, 2001. CAUQUELIN, Anne. Arte contemporânea: uma introdução. São Paulo: Martins Fontes, 2005. CONNOR, Steven. Cultura pós-moderna: introdução às teorias do contemporâneo. Tradução Adail Ubirajara Sobral, Maria Stela Gonçalves. São Paulo: Loyola, 2000. DOMINGUES, Diana (Org.). Arte e vida no século XXI: tecnologia, ciência e criatividade. São Paulo: UNESP, 2003. FREIRE, Cristina. Arte conceitual. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2006. HONNEF, Klaus. Arte contemporânea. Colônia: Taschen, 1992. SANTOS, Jair Ferreira. O que é pós-moderno? São Paulo: Braziliense, 1991.

________________________ STANGOS, Nikos (org.). Conceitos da arte moderna. Rio de Janeiro: Zahar, ________________________ ________________________ 1995. ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ PARA CONHECER E USUFRUIR ________________________ ________________________ Sites interessantes sobre arte contemporânea, arte e tecnologia e cultura digi________________________ tal: ________________________ ________________________ Canal Contemporâneo http://www.canalcontemporaneo.art.br/_v3/site/index.php?idioma=br ________________________ ________________________ Instituto de Arte Contemporânea http://www.iacbrasil.org.br/ ________________________ ________________________ Museu Virtual http://www.museuvirtual.com.br/ ________________________ ________________________ Arte e Tecnologia http://www.arteetecnologia.com.br/ ________________________ ________________________ Associação Cultural Vídeo Brasil www.videobrasil.org.br/ ________________________ ________________________ REFERÊNCIAS ________________________ ________________________ SAMPAIO, Adriana Valadares. Graffiti: tipografia, arte, cidade e ideologias. Revista Cadernos do PPGAV,


SOUZA, David da C. Aguiar. Graffiti, pichação e outras modalidades de intervenção urbana: caminhos e destinos da arte de rua brasileira. In: Revista Enfoques, Rio de Janeiro, v.7, n. 1, UFRJ, 2008.

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Salvador, ano 3, n.3 , p. 09 - 19, 2006. Semestral.

WANNER, Maria C. de Almeida. (In) Materialidade e a desconstrução das técnicas tradicionais: 1960- 1970. In: Revista Cultura Visual, Salvador, v. 1, n. 7, EDUFBA, 2005.

SITES www.canalcontemporaneo.art.br www.artistasvisuais.com.br www.itaucultural.org.br www.museuvirtual.com.br www.historianet.com.br www.mac.usp.br www.macniteroi.com.br

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AULA 05 – FOTOGRAFIA, CINEMA, MODA E

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DESIGN

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Autora: Neila Maciel Nesta aula iremos discutir um pouco mais sobre os meios de comunicação que também envolvem a arte e a preocupação estética. O nosso objetivo não é nos tornarmos especialistas em nenhuma destas linguagens, mas, observar o quanto elas fazem parte de nossas vidas e, além disso, perceber o quanto elas dialogam e se misturam muito bem.

Cartaz do filme “Alice no País das Maravilhas.” Veja a imagem no link abaixo: Fonte: http://www.chiarotrends.com.br/10,3,26,alice-no-pais-das-maravilhas-de-lewis-carroll-por-tim-burton-.htm

Veja o trailer do filme no link abaixo:

Fonte: Imagem capturada de http://www.youtube.com/watch?v=9POCgSRVvf0

Vivemos no tempo da profusão de símbolos no vácuo de conceitos, da explosão de imagens sem fixação, do turbilhão de dados sem conexão nem direção. No universo pós-moderno, entretanto, o inverso da verdade é outra verdade, sem contradição: proliferação de conceitos no vazio simbólico, reino das imagens de apreensão veloz, corrente de informação conectada em várias direções. (LUCAS, 2000, p. 69)

Vimos na aula número 4 algumas das linguagens contemporâneas de expres-

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são artística, entretanto, a arte, ou as artes, se projetam e alcançam muitas outras áreas em nossas vidas. A sociedade atual, ou seja, contemporânea, ou pós-moderna, é muito complexa, interligada, plural, instável, entre tantos outros adjetivos que são compatíveis com o ritmo e o desenrolar dos processos que vivemos. Vimos também que o avanço das tecnologias de comunicação, transporte, e tudo o mais que envolve a vida cotidiana, acabou influenciando e sendo influenciado pelas inovações artísticas desde o final do século XIX. E, dentro deste pensamento de progresso técnico, individualismo, funcionalidade e entretenimento existem outras categorias que complementam nosso entendimento sobre cultura de uma maneira geral. Além das artes plásticas ou visuais, outras linguagens como a Fotografia, o Cinema, a Moda e o Design são incorporadas no dia a dia das pessoas das mais variadas culturas, em níveis diversos, mas cada vez mais presentes e determinantes. Nenhuma destas linguagens surgiu na chamada contemporaneidade. O século XIX viu o nascimento da fotografia, a popularização e o aprofundamento das atividades projetuais, o design gráfico e de produto, além da moda, que também se encaixa como tal, cuja aceleração e transformação ocorreram devido às mudanças de pensamento e desenvolvimento tecnológico alcançados neste século. Além destes, o cinema, cujo conceito primário é a imagem em movimento, já dava os primeiros passos na transição do século XIX para o XX. Portanto, estas atividades, que visavam alcançar públicos cada vez maiores de formas mais rápidas, baratas e eficazes, foram sendo desenvolvidas e vivenciadas juntamente com todas as transformações ocorridas ao lon-

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go do século XX, incorporando os novos processos tecnológicos e comportamentais. Tais segmentos ficaram ainda mais visíveis e imprescindíveis na vida pós-moderna, principalmente, devido ao modelo da sociedade de consumo, base central da vida urbana, desde os anos de 1960. Desta década em diante, a cultura de uma maneira geral, os hábitos, as crenças, as manifestações artísticas, a língua, e, tudo o mais que compõe esses códigos simbólicos que determinam as especificidades de cada povo-comunidade, é recheada e alimentada pelas trocas constantes, pela fusão dos meios, pela interação, pela negação e afirmação contraditórias, enfim, por uma rede que vem se misturando vertiginosamente, mesmo quando as diferenças são exaltadas e perseguidas. Todavia, o que nos importa neste momento, é perceber que mesmo estudando cada linguagem separadamente como estamos fazendo, é fácil perceber o quanto elas dialogam e se misturam e ainda, o quanto separar, querer estabelecer limites rígidos entre uma e outra, não acrescenta muita coisa à compreensão do todo. O divertido talvez seja encontrar as semelhanças, as divergências, fazer uma leitura ampliada da cultura, cuja presença é sentida em momentos, lugares, alcances, meios e formas específicas para cada um. A seguir vamos ver algumas destas linguagens mais dinâmicas, tais como: Fotografia, Cinema, Moda e Design.

FOTOGRAFIA

Segundo Walter Zanini (1982, p. 869), desde há muito tempo a fotografia tem


municação e a informação, bem como para a expressão artística do homem. Está relacionada, principalmente, à documentação, publicidade e a arte.

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sido um extraordinário instrumento de apoio para a ciência e a tecnologia, para a co-

(ENTRE PARÊNTESES) Não vamos nos deter as informações técnicas do processo fotográfico, mas é relevante falar rapidamente sobre a história da fotografia, incluindo assim seu desenvolvimento técnico.

Em primeiro lugar, a fotografia pode ser entendida como uma técnica de gravação por meios mecânicos, químicos ou digitais, de uma imagem numa camada de material sensível á exposição luminosa, designada como o seu suporte.

Fotografia = fos (luz) + grafis (estilo, pincel) = desenhar com luz

A fotografia não é uma criação de uma única pessoa. Em vários momentos da história, muitos artistas, cientistas e mesmo curiosos foram experimentando e deixando anotações e invenções que foram sendo agrupadas até dar origem aos processos técnicos da fotografia como a conhecemos. Segundo Janson (1996, p. 424), o francês Joseph Nicéphore Niépce foi o primeiro a fazer uma imagem fotográfica permanente em 1822. Sendo que esta foi produzida com uma câmera, sendo exigidas oito horas de exposição à luz solar. Já em 1835, outro francês, chamado Louis J. M. Daguerre, depois de uma década de experimentações, cria uma máquina, denominada daguerreótipo, cuja expansão se deu rapidamente. Na verdade, são muitos os nomes dos pesquisadores deste assunto, cujo interesse era muito mais ligado ao artístico que ao documental, já que boa parte se tratava de artistas que visavam alcançar efeitos de ilusão em seus trabalhos. No entanto, esse invento acabou gerando uma série de conflitos para os artistas plásticos, pois, a função de retratar e documentar momentos históricos passou a ser realizada pela fotografia. Mas, como tudo tem dois lados, esta “perda” fez acelerar outras mudanças que desembocaram na Arte Moderna, ou seja, na busca pela expressão da visão interior e particular de cada artista e não mais a visão realista (cópia) da natureza, como vimos na Aula 3. É interessante perceber como o pensamento do homem do século XIX e, também, da primeira metade do século XX, vai conceber as evoluções tecnológicas. É quase uma utopia do progresso. Imaginando isso, é fácil entender o fascínio causado pelo registro fotográfico, que inicialmente demorava muitos minutos e só era possível uma única impressão, mas que rapidamente, com as novas pesquisas, passou a ser rápida e reproduzível em papel. A fotografia coube perfeitamente no desejo do homem burguês de querer perpetuar sua imagem, não mais com uma pintura, mas com um instrumento moderno. E, depois, com o barateamento e o surgimento dos inúmeros estúdios, o homem comum também passou a usufruir desta linguagem. No começo do século XX, com a introdução da câmara Brownie-Kodak e, em especial, com a industrialização da produção e revelação de filme, o registro fotográfico atinge quase todas

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as camadas sociais e torna-se mesmo uma paixão da vida moderna, seja no retrato de família, ou no fotojornalismo, na publicidade, ou ainda, na arte.

Saiba mais Sobre a história da fotografia:

FRABRIS, Annateresa. Fotografias: usos e funções no século XIX. São Paulo: EDUSP, 2008. KOSSOY, Boris. Fotografia & história. São Paulo: Atelie Editorial, 2001.

http://www.cotianet.com.br/photo/ http://www.fujifilm.com.br/comunidade/historia_da_fotografia/index.html http://www.fotodicas.com/historia/index.html

Na Linguagem da Fotografia, são estabelecidas algumas categorias, tais como: Fotojornalismo, Documental, Publicitária, de Moda e a Artística. Vamos exemplificar

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rapidamente cada uma delas:

FOTOJORNALISMO – busca-se a imagem clara, objetiva, a fim de estabelecer uma comunicação, ou seja, explorar o potencial informativo do objeto fotografado. É, portanto, o uso da fotografia como um veículo de observação, de informação e análise sobre a vida e o desenrolar dos fatos. Pode ser usada em vários suportes, desde jornais, revistas, televisão, internet, entre outros.

Saiba mais Sobre Fotojornalismo, acessando o link a seguir:

http://semtiragem.wordpress.com/pagina-teste/historia/

DOCUMENTAL – Segundo Janson (1996, p. 429), este tipo de fotografia tenta narrar as vidas das pessoas em forma de ensaio ilustrado. Encarado também como Antropologia Visual, já que busca encontrar as nuances culturais de cada cena retratada. Diferente do Fotojornalismo, a Fotografia Documental não quer simplesmente reproduzir o real mas antes tornar visível o que se passa no mundo de forma criativa, ou seja, buscando ângulos, luzes diferenciadas, focos simbólicos, etc.


Fotógrafos documentais: Guy Veloso - http://www.fotografiadocumental.com.br/

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Saiba mais

José Geraldo Pimentel - http://www.doc.fot.br/ Robert Capa - http://midiablacktie.wordpress.com/2009/10/06/decifrando-robertcapa/

PUBLICITÁRIA - Fotografia especialmente produzida para a difusão comercial de um produto. A grande diferença entre a foto publicitária e a foto documental, por exemplo, é o planejamento da foto. Ou seja, antes da foto acontecer é preciso definir o suporte que veiculará o anúncio, visto que cada meio tem um peso e um alcance específico, como internet, revista, busdoor, por exemplo, além disso, é necessário definir o público-alvo da mensagem e, ainda, projetar o layout da campanha, ou seja, a imagem final tem que pré-existir num projeto.

Saiba mais

Verbete sobre Fotografia publicitária http://www.itaucultural.org.br/aplicexternas/ enciclopedia_ic/index.cfm?fuseaction=termos_texto&cd_verbete=3868

FOTOGRAFIA DE MODA – Semelhante à Publicitária, a fotografia de moda é especialmente produzida com o objetivo da difusão comercial de peças de vestuário, adereços e acessórios, bem como de produtos relacionados à estética/beleza. Preocupa-se, sobretudo, em passar conceitos e padrões ideais de beleza e comportamento através da manipulação da imagem real.

Saiba mais As características da fotografia de moda: http://www.personalstylist.com.br/Colunas/ Marina%20Pontieri/fotografiademoda/fotografiademoda.htm

ARTÍSTICA – Definir o que é ou não artístico é difícil e até pretensioso, mas, de antemão, podemos considerar a fotografia como artística, aquela que tem uma preocupação independente da informação, documentação ou caráter mercadológico. Seu foco principal são os princípios estéticos, tais como, geometrismo, expressionismo, conceitualismo, ou seja, as mesmas correntes das artes visuais.

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Vejamos alguns exemplos de artistas que usaram e usam a linguagem fotográfica como mais uma das linguagens das artes visuais. Man Ray foi pintor, mas é mais conhecido pelos seus trabalhos em fotografia. É um dos principais nomes do surrealismo. Buscava alterar as formas da natureza, em vez de registrá-las. Foi responsável por inovações, já que perseguia uma obra pessoal, imprevisível, além do real.

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Man Ray, Rrose Selavy, 1921 Fonte: http://commons.wikimedia.org/wiki/File:RroseSelavy.jpg

Geraldo de Barros foi artista plástico, designer e fotógrafo. Sua obra tem uma grande importância para a arte brasileira. Inovador e ousado, conseguiu resultados plásticos inovadores a partir da manipulação de negativos, acréscimos e outros artifícios em cima de objetos simples e corriqueiros.

Geraldo de Barros, Sem Título, 1949 Coleção do Artista Veja a imagem no link abaixo: Fonte: http://www.itaucultural.org.br/aplicexternas/enciclopedia

Mário Cravo Neto é um dos principais nomes da fotografia brasileira contempo-


te. Seus retratos vão além de estudos antropológicos, exprimem uma preocupação com as formas quase como um escultor, explorando a luz e a sombra como elementos plásticos.

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rânea. Falecido no ano passado (2009), deixou um legado admirado internacionalmen-

Mario Cravo Neto, Tinho com Osso, 1990, Coleção do Artista. Veja a imagem no link abaixo: Fonte: http://www.itaucultural.org.br/aplicexternas/enciclopedia

CINEMA

Em diversas fontes encontramos a descrição das origens do Cinema ligada à preocupação do homem em registrar o movimento. Diversas também foram as técnicas rudimentares até o aparecimento dos aparelhos fotográficos no século XIX, como acabamos de mencionar acima. A partir destes aparelhos, foram possíveis estudos e experiências para chegar à fixação de várias fases de um corpo em movimento, surgindo assim, a base do cinema. Em 1895, os irmãos franceses Louis e Auguste Lumière fo- ________________________ ram os responsáveis pela criação da primeira sala cinematográfica em Paris. Segundo ________________________ Daniela Calanca (2008):

Diferentemente dos outros percussores, os irmãos Lumière conceberam o novo aparelho como algo que ia além de uma experiência ótica, de projeção de imagens em movimento, e logo fizeram do cinematógrafo uma ocasião de espetáculo e um investimento comercial (CALANCA, 2008, p. 140).

Assim, rapidamente o cinema foi assimilado à sociedade daquele momento, como símbolo de modernidade e progresso. Após sofrer uma queda na Europa, consequência da Primeira Guerra Mundial, inicia-se uma vertiginosa ascensão do cinema nos estúdios dos Estados Unidos da América. O cinema mudo, com documentários e as primeiras produções de ficção, fez muito sucesso nas duas primeiras décadas do século XX. É também neste momento que surge, por exemplo, Charles Chaplin e outros criadores importantes para a indústria cinematográfica de Hollywood. O advento do cinema sonorizado vai impulsionar ainda mais esta indústria que passa a ter um papel influenciador na sociedade. Desde o comportamento, até a criação de padrões de beleza seguidos por milhares de mulheres e homens, os quais se espelhavam nos astros e estrelas forjados pelo glamour hollywoodiano. Num estudo mais aprofundado sobre os estilos que foram se desenvolvendo ao longo do século XX, até os dias atuais, perceberemos o quanto multifacetada é a

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linguagem do cinema. Abordaremos agora brevemente alguns destes estilos: A década de 1930 viu surgir um gênero muito marcante para a cultura dos EUA: o Western ou Faroeste, o qual explorava a Conquista do Oeste Americano e o combate contra os índios. Entretanto, além deste gênero, surgem, também nesta década, os Musicais, os quais se caracterizam por roteiros que mesclam danças, cantos e musicas, e, ainda os filmes Policiais, surgidos originalmente na França, mas logo assimilados na América, cujas cenas de crimes e violência envolvem detetives, policiais, aristocratas e belas mulheres. Nos anos 30, também aparecem os filmes de Terror, buscando a transgressão do real, como por exemplo, “Drácula”, “Frankesntein” entre outros. Esta é uma década extremamente “frutífera” para o cinema, é chamada por muitos de “anos dourados” marcando o início das superproduções como “O vento levou”, “Casablanca”, etc.

Cartaz de “Casablanca” Veja a imagem no link abaixo: Fonte: http://robertouchoa3.blogspot.com/2010/03/blog-post_4209.html

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Fonte: http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Casablanca,_title.JPG

Com o fim da Segunda Guerra Mundial, os gêneros se multiplicaram e também aconteceu um ressurgimento e valorização dos cinemas nacionais, ou seja, cada país passou a buscar características próprias, a fim de valorizar a individualidade, com produções inovadoras e provocantes. São os chamados Cinemas Novos.

Podemos perceber que as linguagens artísticas são influenciadas e influenciam a sociedade. É o que vemos também com o Cinema. Nos anos cinquenta e sessenta, com todas as mudanças de comportamento, quebra de paradigmas da juventude, a luta pela liberdade sexual das mulheres, da mentalidade como um todo, vão estar


latrados nas mais diversas partes do mundo. Marilyn Monroe, Marlon Brando, James Dean, entre outros marcam os novos modelos de comportamento, padrões de beleza e moda. A partir de então, surgem também os grandes diretores que passam a demonstrar na tela suas identidades inconfundíveis, tais como Spielberg, De Palma,

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presentes nos mais variados gêneros de filmes. Grandes astros e estrelas vão ser ido-

George Lucas, Copola, Scorsese, entre outros grandes nomes. Com a proximidade do final do século XX, a linguagem do cinema atende, talvez como nenhuma outra, à industria do entretenimento. São geradas a cada ano mega produções, movimentando milhões de dólares e proporcionando ao público, na maioria das vezes, narrativas com muita ação, violência, velocidade e problemáticas superficiais e carismáticas. Além, do apelo aos efeitos especiais, os quais são superados a cada novo filme, aproveitando todos os avanços nas tecnologias digitais de som e imagem.

Saiba mais Sugestão de Bibliografia: BERNARDET, Jean-Claude. O que é cinema. São Paulo: Brasiliense, 2006. (Coleção primeiros passos, 9). SADOUL George. História do cinema mundial. Lisboa: Livros Horizonte, 1983. XAVIER, Ismail (Org.). O cinema no século. Rio de Janeiro: Imago, 1996.

Sobre a história do Cinema: http://www.socine.org.br/index.asp http://www.historiadocinema.com.br/

O Cinema Brasileiro

Segundo o pesquisador Jean-Claude Bernardet (2008, p.19), o cinema brasileiro nasceu em 1898 com uma pequena filmagem da Baía da Guanabara no Rio de Janeiro. Entretanto, apesar desta rápida interação com a nova linguagem, o Brasil demorou a desenvolver de fato a produção de filmes. Temos nas primeiras décadas algumas tentativas, impulsionadas pela vinda de estrangeiros e pela criação de um centro de produção no Rio de Janeiro, então Capital do Brasil. Com o passar do tempo, as produções se espalham por várias capitais no Nordeste, Sudeste e Sul do país, embora, seja importante ressaltar que, em todos os momentos de crescimento do cinema nacional, inclusive atualmente, foi e é sempre marcante a luta pelo espaço que é amplamente ocupado pelas produções norte-americanas.

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Cartaz do filme “Alô Alô Carnaval”, de 1936. Fonte: http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Aloalocarnaval_1936.jpg

Na História do Cinema Brasileiro, existem dois momentos especiais. O primeiro, chamado de Hollywood Brasileira, é a produção dos estúdios Cinédica, Atlântica e Vera Cruz. Entre os anos 30 e 50 do século XX foram produzidas comédias musicais com Carmem Miranda, as Chachadas de baixo custo estreladas por grandes nomes como Oscarito, Zé Trindade, Grande Otelo e Dercy Gonçalves, por exemplo. Além de produções elaboradas com temáticas mais reflexivas sobre a identidade brasileira. O segundo momento especial é conhecido como Cinema Novo. A tendência surgida no final da década de 1950 de tentar desvendar os “Brasis” vai ganhar espaço nos anos sessenta através de jovens cineastas que vão realizar produções na busca por novas estéticas, novos olhares técnicos e conceituais do que era fazer cinema naquele momento. Usando cenários naturais, ideias claras e linguagem, que os mesmos julgavam adequada à situação do país, estes diretores revolucionaram com suas concepções de diálogos longos, poucos recursos, provocando sensações até então desconhecidas pelo público. Público este que não foi muito receptivo na época. Glauber Rocha é, talvez, o maior nome deste movimento existente entre os anos 60 e 70. Seus filmes são vistos e estudados no mundo todo. Acabou influenciando todas as gerações posteriores, de uma maneira ou de outra. Filmes como “Deus e o Diabo na Terra do Sol” 1964, “Terra em Transe” 1967, e “O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro” 1969, apresentam de forma radical a postura e o pensamento sobre a realidade brasileira, um dos fatores pelo qual Glauber Rocha se tornou tão importante


Cartaz do filme “Deus e o Diabo na Terra do Sol” Veja a imagem no link abaixo:

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para o cinema nacional.

Fonte: http://trajetoria.wordpress.com/2009/02/06/o-cinema-novo-sou-eu/

Já nos últimos quinze anos, vimos o crescimento da produção brasileira incentivada pelo poder público e também pela iniciativa privada. São destacadas as narrativas sobre as condições socioeconômicas, culturais e também as não ficcionais, ou seja, o cinema da vida real, o documentário. Tipo de cinema muito forte no Brasil, o documentário ganha cada vez mais espaço entre os cineastas, assim como, o interesse do público, apesar de não ter o mesmo investimento, nem o sucesso comercial dos gêneros ficcionais. É interessante observar que a popularização das câmeras digitais integra uma das explicações do crescente desenvolvimento deste segmento no Brasil.

(ENTRE PARÊNTESES) Vale a pena destacar que, apesar do documentário apresentar a realidade, devemos contar com a forma e a direção subjetiva de cada cineasta, ou seja, será sempre a realidade vista pelos olhos de alguém.

Saiba mais Sugestões de Bibliografia:

BERNARDET, Jean-Claude. Historiografia clássica do cinema brasileiro. São Paulo: Annablume, 2008. LABAKI, Amir(Org.). O cinema brasileiro. São Paulo: Publifolha, 1998.

Vídeos sobre a História do Cinema Brasileiro: http://www.youtube.com/watch?v=c9M2bwhw9ss http://www.youtube.com/ watch?v=p26BJl8F-m8&feature=related http://www.youtube.com/watch?v=_tvaHf1pwRQ&feature=related

Falar sobre Cinema em poucas linhas não é fácil. Suas origens, suas variedades estilísticas, as relações econômicas, sociais, industriais e tecnológicas demandariam mais linhas. Entretanto, a nossa pretensão nesta aula é observar estas linguagens como parte integrante do sistema cultural no qual vivemos e dialogamos todos os dias. Portanto, agora vamos descobrir como a Moda se encaixa nos desdobramentos das sociedades contemporâneas.

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MODA

O termo Moda vem de modus, palavra de origem latina que significa modo, maneira, comportamento e, entrou em uso no século XVII na Itália durante o Renascimento. Foi usado como uma referência à mutabilidade e busca pela diferenciação e elegância das roupas, objetos de decoração, convenções, modos de pensar e se comportar. Segundo vários historiadores da Moda, este termo, desde seu início, não era usado somente para falar do modo de se vestir, mas a todos os meios de expressão e transformação do homem. Ao longo dos séculos seguintes, todas as mudanças políticas, econômicas e culturais também foram visíveis na Moda. A questão da diferenciação das identidades é algo marcante e importante para entender o quanto o ser humano sente a necessidade de demonstrar sua personalidade, suas crenças, seu poder, seus desejos e emoções através da sua própria imagem. Segundo Daniela Calanca (2008):

A roupa expõe o corpo a uma transformação constante, estruturando em signos, isto é, em cultura [...]. A roupa, portanto, pode ser definida como a forma do corpo revestido e, a partir dessa definição, a moda, por sua vez, pode ser definida como uma linguagem do cor-

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po (CALANCA, 2008, p.19)

A moda agrega a si muitos valores de inúmeras facetas, os quais a tornam dinâmica e mutante. Segundo João Braga (2005, p.15), a Moda tem como característica a sua própria negação, ou seja, existe um consenso de que é necessário acontecer uma espécie de morte provocada do que já existe para que se possa dar espaço ao novo, à novidade. A partir disso, podemos entender que a paixão pelo novo, pela renovação das formas, torna-se um valor. E, este valor é o mesmo que impulsiona outras linguagens, as quais estamos tratando nesta aula. Lipovetsky (1989, p. 239) conclui que o mundo atual é ordenado pelo efêmero e pelo superficial. A Moda está presente em todo o investimento para se destacar dos demais. E talvez isto pareça uma contradição, já que quando falamos que algo está na moda, significa que muitas pessoas concebem determinados objetos, roupas, cabelos, gírias, pessoas, etc., aceitáveis como padrão de beleza e poder num determinado período. No entanto, é perceptível a vontade de demarcar um posicionamento diante dos outros. Ou seja, o ser humano, quando não está preocupado com sua sobrevivência, geralmente, tenta se destacar dos demais. Não é simplesmente uma competição, é, sobretudo, uma afirmação da individualidade, da particularidade de cada um. Então, quando algo se torna popular, repetitivo, homogêneo e “velho” criam-se outros modelos, outra Moda. Existe um círculo no mundo da Moda, aliás, na produção de uma nova Moda. Primeiro vem a Alta Costura, que visa ao luxo, à unicidade, que produz uma única peça para cada cliente, de acordo com a criatividade do estilista, mas também, de acordo com a individualidade de quem pode pagar pela exclusividade. Esta pequena produ-


de publicidade, nos filmes, entre outros meios de comunicação que se tornam responsáveis por divulgar e atestar que aquelas formas são as melhores daquele momento. A partir disso, as grandes indústrias reproduzem em série e com custos baixos até os signos serem incorporados pela massa consumidora, até surgir a próxima Moda e co-

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ção influencia diretamente na produção que é vista nos desfiles, nas variadas formas

meçar tudo de novo.

Moda Anos 60. Moda dos anos 60 Fonte: http://commons.wikimedia.org/wiki/File:GamMonkey67.jpg

Saiba mais Sugestão de Bibliografia: CALANCA, Daniela. História social da moda. São Paulo: SENAC, 2008. LAVER, James. A roupa e a moda: uma história concisa. São Paulo: Companhia das Letras, 1989.

Blogs sobre história e reflexões sobre o universo da Moda: http://modahistoria.blogspot.com/

http://www.fashionbubbles.com/historia-da-

moda/breve-historia-da-moda/ http://www.comunidademoda.com.br/

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DESIGN Design, como já foi mencionado, faz mais parte do nosso dia a dia do que imaginamos. Em realidade, toda atividade projetual pode ser entendida como Design, ou seja, as atividades que envolvem concepção, elaboração de projeto, no qual se prevê a finalidade e o alcance do produto final, dialogando entre o processo técnico e a criatividade. Portanto, se olharmos ao redor, tudo que foi desenhado, desde o que vestimos, usamos como utensílios domésticos, ferramentas de trabalho, móveis, meios de transporte, comunicação, ambientes, livros, páginas da internet e muitos dos nossos alimentos, são objetos/produtos que passaram por uma atividade projetual. Podemos nos perguntar, para que serve o Design? Alguns estudiosos respondem a esta questão afirmando que o principal objetivo do Design é tornar os objetos belos, outros sugerem que se trata de métodos especiais de resolver problemas e há ainda outros, mais recentes. Segundo Adrian Forty (2007), muitos designers e teóricos afirmam que o Design tem algo a ver com a transmissão de ideias e com a busca pelo lucro. De acordo com o próprio Forty:

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Nas sociedades capitalistas, o principal objetivo da produção de artefatos, um processo do qual o design faz parte, é dar lucro para o fabricante. Qualquer que seja o grau de imaginação artística esbanjado no design de objetos, ele não é feito somente para dar expressão à criatividade e à imaginação do designer, mas para tornar os produtos vendáveis e lucrativos. (FORTY, 2007, p. 13)

O designer, ou seja, o profissional que exerce o Design, que pode ser de Produto, Visual, de Moda, Industrial e de Interiores, tem uma participação ativa nas sociedades desde o século XIX com o processo de industrialização crescente, no qual desempenhou papel vital. O Design corresponde à sociedade na qual ele é produzido, tal qual as outras linguagens que já vimos. Seja um cartaz ou uma máquina de café, o comportamento e anseios estão embutidos para seduzir, facilitar, proporcionar segurança e conforto, ou não, depende do objetivo/intenção de quem faz, ou manda fazer o projeto. Portanto, a compreensão do Design é também a compreensão da história das sociedades, já que um afeta os processos do outro.


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Campanha publicitária de produtos de limpeza Luxor, 1918. Fonte: http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Luxor_products.jpg

________________________ ________________________ Oliviero Toscani causou muita polêmica com a produção de diversas ________________________ campanhas, as quais criticavam e questionavam diversos valores da nossa ________________________ sociedade, segundo o mesmo, hipócrita e preconceituosa. Campanha publicitária ________________________ da grife italiana Benetton. ________________________ ________________________ Veja a imagem no link abaixo: ________________________ Fonte: http://comuniquec.wordpress.com/2009/05/11/united-colors-of-benetton________________________ parte-2/ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ Saiba mais ________________________ ________________________ Sugestão de Bibliografia: ________________________ ________________________ FORTY, Adrian. Objetos de desejo: design e sociedade desde 1750. São Paulo: Cosac ________________________ ________________________ Naify, 2007. ________________________ CARDOSO, Rafael. O design brasileiro antes do design. São Paulo: Cosac Naify, ________________________ 2005. ________________________ ________________________ ________________________ Sites com artigos, links, imagens e reflexões sobre Design industrial, de produto, de


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moda, de interiores, entre outros:

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http://www.revistadesign.com.br/2/ http://www.designbrasil.org.br/ http://www.sobresites.com/design/ http://semtiragem.wordpress.com/pagina-teste/historia/

Chegamos ao final de mais uma aula. Para ter uma compreensão melhor de tudo que foi tratado aqui, seria bom acessar os sites e assistir aos vídeos sugeridos em cada tópico, além dos livros, os quais se aprofundam substancialmente nos temas. Tenho certeza que será uma “viagem” boa pelo mundo da cultura, da nossa cultura! Já que fazemos parte de tudo o que é fotografado, filmado, exibido e projetado.

SÍNTESE ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________

Nesta aula nos aprofundamos um pouco mais em algumas linguagens da vida moderna e pós-moderna. É interessante observar que todas elas, ou seja, a Fotografia, o Cinema, a Moda e o Design, são frutos do desenvolvimento tecnológico da Revolução industrial e, talvez, mais ainda do pensamento do mundo ocidental de querer o progresso, destacando o individualismo e o entretenimento. Vimos também que na história do desenvolvimento de cada linguagem muitas pessoas experimentaram até chegar aos processos que nós conhecemos e usufruímos.

(ENTRE PARÊNTESES) – Para refletir!

Um dos desafios para pensar sobre cultura e as linguagens de comunicação e arte é estabelecer relações entre elas e entre os signos políticos, econômicos, religiosos, e tudo o mais que engloba a sociedade contemporânea. Vimos que as linguagens, por mais diferentes que sejam nos seus procedimentos, acabam se cruzando em ideologias, reflexões, interesses e/ou conceitos. Vivemos num mundo múltiplo, onde os limites técnicos e virtuais estão borrados, ou seja, se misturam. E, como havia proposto nas primeiras linhas desta aula, o interessante aqui é perceber as semelhanças, as divergências e como a Fotografia, o Cinema, a Moda e o design se “tocam”. Além destas provocações, podemos levantar a seguinte questão: como e quanto a cultura e suas linguagens expressivas são presentes e influenciadoras nas nossas escolhas diárias?


(Este vídeo reflete sobre a cultura contemporânea e enfatiza a produção e consumo do Entretenimento.)

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Saiba mais

http://videolog.uol.com.br/video.php?id=424435

leituras indicadas BERNARDET, Jean-Claude. O que é cinema. São Paulo: Brasiliense, 2006. (Coleção primeiros passos, 9). _______. Historiografia clássica do cinema brasileiro. São Paulo: Annablume, 2008. CALANCA, Daniela. História social da moda. São Paulo: SENAC São Paulo, 2008. CARDOSO, Rafael. O design brasileiro antes do design. São Paulo: Cosac Naify, 2005. FRABRIS, Annateresa. Fotografias: usos e funções no século XIX. São Paulo: EDUSP, 2008. FORTY, Adrian. Objetos de desejo: design e sociedade desde 1750. São Paulo: Cosac Naify, 2007. KOSSOY, Boris. Fotografia & história. São Paulo: Atelie Editorial, 2001. LABAKI, Amir(Org.). O cinema brasileiro. São Paulo: Publifolha, 1998. LAVER, James. A roupa e a moda: uma história concisa. São Paulo: Companhia das Letras, 1989. SADOUL George. História do cinema mundial. Lisboa: Livros Horizonte, 1983. XAVIER, Ismail (Org.). O cinema no século. Rio de Janeiro: Imago, 1996.

sites indicadOs http://www.cotianet.com.br/photo/ http://www.fujifilm.com.br/comunidade/historia_da_fotografia/index.html http://www.fotodicas.com/historia/index.html http://www.fotografiadocumental.com.br/ http://www.doc.fot.br/ http://midiablacktie.wordpress.com/2009/10/06/decifrando-robert-capa/ http://www.itaucultural.org.br/aplicexternas/enciclopedia_ic/index. cfm?fuseaction=termos_texto&cd_verbete=3868

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http://www.personalstylist.com.br/Colunas/Marina%20Pontieri/fotografiademoda/ fotografiademoda.htm http://www.socine.org.br/index.asp http://www.historiadocinema.com.br/ http://www.youtube.com/watch?v=c9M2bwhw9ss http://www.youtube.com/ watch?v=p26BJl8F-m8&feature=related http://www.youtube.com/watch?v=_tvaHf1pwRQ&feature=related http://modahistoria.blogspot.com/

http://www.fashionbubbles.com/historia-da-

moda/breve-historia-da-moda/ http://www.comunidademoda.com.br/ http://www.revistadesign.com.br/2/ http://www.designbrasil.org.br/ http://www.sobresites.com/design/ http://semtiragem.wordpress.com/pagina-teste/historia/

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REFERÊNCIAS BERNARDET, Jean-Claude. Historiografia clássica do cinema brasileiro. São Paulo: Annablume, 2008.

BRAGA, João. Reflexões sobre moda. São Paulo: Editora Anhembi Morumbi, 2005.

CALANCA, Daniela. História social da moda. São Paulo: Ed. SENAC São Paulo, 2008.

FORTY, Adrian. Objetos de desejo: design e sociedade desde 1750. São Paulo: Cosac Naify, 2007.

JANSON, H. W. Iniciação à história da arte. Tradução Jefferson Luiz Camargo. São Paulo: Martins Fontes, 1996.

LIPOVETSKY, Gilles. O império do efêmero. São Paulo: Companhia das Letras, 1989.

LUCAS, Fábio. Pós-modernidade: em busca de uma definição. Pensata: Revista Continente Multicultural, Recife, v. 1, p.69-73, 2000.

ZANINI, Walter (org.). História geral da arte no Brasil. São Paulo: Instituto Walther Moreira Salles, 1983.


AULA 06 - A LINGUAGEM LITERÁRIA

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Autora: Angela Sallenave Cambeses À desmedida esperança sucedeu, como é natural, uma depressão excessiva. A certeza de que alguma prateleira em algum hexágono encerrava livros preciosos e de que esses livros preciosos eram inacessíveis, pareceu quase intolerável. (…) A certeza de que tudo está escrito nos anula ou faz de nós fantasmas.

BORGES, 2007

Olá, aluno, Nesta aula, você vai conhecer mais um tipo de linguagem, a literária, e a interface desta linguagem com outras visando perceber o diálogo que se estabelece entre os diversos textos produzidos social e culturalmente.

Denotação e Conotação Olhar a literatura na sua condição de linguagem, em interface com outras expressões, pode proporcionar ao leitor a oportunidade de referir e tratar a cultura, em ________________________ múltiplas formas de expressão, seja o cinema, as artes plásticas ou a música. ________________________ A discursividade literária é inegavelmente uma ponte entre a teoria e outros saberes, portanto devemos pensar no ganho extraordinário que se pode obter dessa nova experiência com a literatura, não mais marcada pelo ranço de abordagens que já não correspondem aos interesses e às necessidades dos jovens leitores e estudantes. Por isso convido vocês a conversar um pouco sobre a especificidade da linguagem literária. Para ler e entender um texto é preciso atingir dois níveis de leitura: Informativa e de Reconhecimento e Interpretativa. A primeira deve ser feita cuidadosamente por ser o primeiro contato com o texto, extraindo-se informações e se preparando para a leitura interpretativa. Nesse primeiro momento você deve procurar identificar qual o tipo de linguagem utilizada pelo autor. Se a linguagem representativa do objeto é objetiva, direta sem metáforas ou outras figuras literárias, chamamos de linguagem denotativa, pois na descrição denotativa as palavras são utilizadas no seu sentido real. Além do sentido real, referencial, literal, cada palavra remete a inúmeros outros sentidos, virtuais, conotativos, que são apenas sugeridos, evocando outras ideias associadas, de ordem abstrata, subjetiva. Nesses casos a linguagem deve ser denominada de conotativa, linguagem figurada ou polivalente. Leia os textos a seguir observando a diferença de linguagem entre eles e, depois, vamos procurar analisar as questões de reflexão propostas a partir do que foi

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observado.

TEXTO 1 Nosso lixo é luxo [...] Os homens depararam-se agora com a realidade da ação e reação, tudo que tem um começo também tem um fim. Tudo que nasce um dia morre. Quando jogamos nossos detritos na lixeira não pensamos qual a direção do mesmo, apenas sabemos que o jogamos em um saco plástico e nada mais. No entanto agora existe uma preocupação com relação ao destino do lixo, pois “produzimos” tanta imundície, mas para onde vai? Será que você já se perguntou para onde vai tanto lixo produzido em nossas casas, universidades, repartições públicas, hospitais, parques, teatros, indústrias e etc? Fonte: http://lixoxluxo.blogspot.com/2007/08/descuidar-do-nosso-lixo-sujeira.html

Para os que acham que o “final da vida do lixo” é o depósito, está precisando se atualizar, porque é neste ponto que o lixo renasce e parte para uma nova vida (este procedimento não é generalizado, é feito ainda por uma minoria). Caro aluno, observe atentamente a imagem e leia o poema de Manoel Bandeira transcrito logo após a imagem.

Texto 2 ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ Catadores no Lixão da Vila Estrutural, DF-BR. ________________________ Fonte: Marcello Casal Jr./Agência Brasil http://commons.wikimedia.org/wiki/File:LixaoCatadores20080220MarcelloCasalJrAg enciaBrasil.jpg ________________________ ________________________ Você poderá assistir ao vídeo sobre o poema pelo site: http://www.youtube. ________________________ com/watch?v=N_DEkVEBA64 ________________________ ________________________


Você percebeu que as mensagens apresentam semelhanças quanto ao conteúdo? Em que aspecto esse conteúdo é semelhante? Existe, porém, uma diferença de linguagem. Em que elas diferem?

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Vamos refletir um pouco

O Texto 1 tem como título Nosso lixo é luxo e apresenta as consequências geradas pelo desenvolvimento desmesurado das cidades e o excesso de lixo produzido pelo homem moderno que hoje sofre com a lei da “ação” e “reação”. A característica principal deste texto é a linguagem direta. Ele contém informações claras, cita exemplos, não emite opiniões pessoais. Logo, ele utiliza uma linguagem denotativa. No Texto 2, podemos, também, usar a palavra “leitura” em um sentido menos comum, significando leitura visual. Essa é uma outra maneira de ler o mundo, não decifrando letras, mas decifrando imagens. São paisagens da cidade, do campo, das ruas, das casas, dos outdoors, dos livros, revistas, TVs. Paisagens cheias de objetos e sujeitos. Logo, a imagem que vemos através do Texto 2 nos remete à mesma situação daquela descrita no Texto 1 e no Texto 3. A imagem desoladora do lixo que as cidades modernas produzem a cada dia. O Texto 3, por sua vez, apesar de apresentar conteúdo semelhante, utiliza uma linguagem diferente das demais por ser um texto poético. Para ser literário o texto deve apresentar uma linguagem específica, isto é, uma linguagem na qual se encon-

tram recursos expressivos que chamam atenção para o modo como ela própria está ________________________ construída. As palavras empregadas em determinados contextos ganham sentidos ________________________ novos, figurados, carregados de valor afetivo e social. Apesar de o poema “O Bicho” de Manuel Bandeira abordar um tema trivial, ele apresenta uma linguagem pessoal, carregada de emoção e de valores do eu lírico, que se sente indignado diante do quadro degradante que vê. Logo, o que nós vimos até agora foi que para considerar se um texto é ou não literário é preciso analisar sua função predominante, isto é, qual é seu objetivo principal. Se for informar de modo objetivo, de acordo com os conhecimentos que se tem da realidade exterior, ou se tiver um compromisso com a verdade científica, o texto não é literário, mesmo que, ao elaborar a linguagem, seu autor tenha feito uso de figuras de estilo, utilizado recursos estilísticos de expressão etc. A função referencial predomina no texto não-literário. Já o texto literário não tem essa função nem esse compromisso com a realidade exterior: é a expressão da realidade interior e subjetiva de seu autor. São textos escritos para emocionar, que utilizam a linguagem poética. No texto literário, predominam as funções emotiva e poética da linguagem. As palavras, num texto literário, remetem a inúmeros outros sentidos, virtuais, conotativos, que são apenas sugeridos, evocando outras idéias associadas, de ordem abstrata, subjetiva. Aí está a polissemia da linguagem, assunto que vamos estudar agora.

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A LINGUAGEM POLISSÊMICA Plurissignificação da Linguagem

Dissemos que a linguagem conotativa é plurissignificativa. E o que é a plurissignificação da linguagem? Antes de iniciarmos, devemos esclarecer que esta não é uma característica exclusiva da linguagem literária. Ela é também empregada em letras de música, anúncios publicitários, conversas do dia-a-dia, etc. Peço que você atente para os quadros 4, 5 e 6 que apresentado a seguir e, depois, responda as questões para reflexão. Faça a leitura do cartum, procurando identificar o que a personagem pede ao gênio.

Texto 4

________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ Você deve ter percebido que a 1ª personagem referiu-se ao colega como aque________________________ le difícil de entender as coisas Mas o seu interlocutor interpretou literalmente a afirma________________________ ção, ou seja, entendeu a expressão no sentido denotativo e visualizou o colega com ________________________ uma cabeça de pedra. ________________________ ________________________ ________________________ Agora leia a tirinha nº2 ________________________ ________________________ TEXTO 5 ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________


“mão na massa” como iniciar o trabalho e não meter a mão na massa de pão. Veja ainda mais um exemplo do assunto que estamos estudando. Para tanto faça a leitura do texto 6. Isso é muito importante para você entender esse assunto.

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Qual o sentido que a 2ª personagem compreendeu a afirmação? Ela referiu-se a

TEXTO 6

Somos Quem Podemos Ser Engenheiros do Hawaii Composição: Humberto Gessinger

Um dia me disseram Que as nuvens Não eram de algodão Um dia me disseram Que os ventos Às vezes erram a direção E tudo ficou tão claro Um intervalo na escuridão Uma estrela de brilho raro Um disparo para um coração... A vida imita o vídeo Garotos inventam Um novo inglês Vivendo num país sedento Um momento de embriaguez... Somos quem podemos ser... Sonhos que podemos ter... Um dia me disseram Quem eram os donos Da situação Sem querer eles me deram

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As chaves que abrem

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Essa prisão E tudo ficou tão claro O que era raro, ficou comum Como um dia depois do outro Como um dia, um dia comum... A vida imita o vídeo Garotos inventam Um novo inglês Vivendo num país sedento Um momento de embriaguez... Somos quem podemos ser... Sonhos que podemos ter... Um dia me disseram Que as nuvens

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Não eram de algodão Um dia me disseram que os ventos às vezes erram a direção Quem ocupa o trono Tem culpa Quem oculta o crime Também Quem duvida da vida Tem culpa Quem evita a dúvida Também tem... Somos quem podemos ser... Sonhos que podemos ter...

Vamos, agora, analisar esta composição. Você deve ter percebido que muitas palavras escolhidas pelo compositor não têm um único sentido, aquele apresentado pelo dicionário. Empregadas nesse novo contexto, criado por ele, elas ganharam sentidos novos e figurados. Ao descobrir que as “nuvens não são de algodão” o eu lírico ou eu poemático desperta para a nova vida, acorda para a realidade e percebe que não há mais ilusão, tudo se torna claro e comum para ele. Os sonhos que podemos ter não são nossos, são sonhos que nos iludem como o “novo inglês” que os jovens criam, como as imitações ou importações que não


Muitas palavras e expressões dos versos de Gissinger são utilizadas com um sentido diferente daquele que lhe é comum, dizemos que foram empregadas conota-

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nos pertencem, não pertencem a esse “país sedento” em que nós vivemos.

tivamente e apresenta polissemia.

Poderíamos resumir as informações dadas dizendo que a polissemia, ou polissemia lexical (do grego poli=”muitos” e sema=”significados”), é o fato de uma determinada palavra ou expressão adquirir um novo sentido além de seu sentido original.

Além da polissemia da palavra, da riqueza que ela possui, temos que observar, ao ler um texto poético, a relação que aquele texto estabelece com outros textos. Isto é, o seu dialogismo. Esse é um recurso, que permite ao escritor criar uma espécie de diálogo entre textos, e é denominado intertextualidade. Seu emprego é frequente na literatura moderna. Por isso, diz Thaís Nicoleti de Camargo, consultora de Língua Portuguesa da Folha de São Paulo: “para ler poesia hoje, é preciso cultivar não só a sensibilidade, mas também a cultura geral” caso contrário você deixará de perceber a riqueza que este ou aquele texto pode te proporcionar.

O que você tem lido? Você anda lendo o mundo?

Mas é que livros, filmes, revistas, programas de televisão, jornal, novelas, pinturas, outdoors, também são lidos por você. Quando perguntamos sobre ler o mundo estamos usando o verbo no seu sentido mais amplo. Aquele proposto no conceito de leitura de Paulo Freire1 porque a riqueza de informações que o mundo nos proporciona vai além do livro e se estende para as relações entre texto e contexto em que vivemos. Por isso recomendo a leitura desse pensador que considera que “o ato de ler, não se esgota na decodificação pura da palavra escrita ou da linguagem escrita, mas se antecipa e se alonga na inteligência do mundo”. Lembre que para conhecer literatura não basta, apenas, ter sensibilidade, é preciso, também, ter conhecimentos gerais que são adquiridos através da apreensão dessas múltiplas possibilidades de representação do mundo expressas pelos artistas. Essas diferentes formas de representação como o cinema, o teatro, a pintura, a televisão expressam a realidade nas suas mais variadas nuances e ampliaremos os nossos conhecimentos se conseguirmos apreender a riqueza de informações que elas têm para nos oferecer. Nesse sentido, propomos um tour por algumas passagens desses diferentes textos. Vamos observar como essas artes mantêm uma relação de proximidade que denominamos “intertextualidade” ou “diálogo de textos”. 1 FREIRE. Paulo. A importância do ato de ler. I: ___ . A importância do ato de ler. 37. ed. São Paulo: Cortez, 1999. p. 11-12

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Quando falamos em intertexto, devemos pensar, também, no registro sonoro e visual. Portanto, aqui, os textos não se resumirão apenas à linguagem verbal, ou seja, uma imagem, um vídeo, uma canção, um desenho animado, entre muitas outras possibilidades, também serão compreendidas como textos. E todos, de alguma maneira, relacionados. A noção de intertextualidade foi introduzida na Teoria Literária por Julia Kristeva em 1966 por influência da noção de dialogicidade que M. Bakhtin (2000) havia desenvolvido no seu livro Estética da Palavra. O importante na concepção da literatura como intertextualidade é o questionamento das visões tradicionais de obra e de autor. Um dos pontos mais importantes é a critica a visão de obra literária como uma obra que seria absolutamente original, encerrada nela mesma. Observe a dialogicidade existente nos textos apresentados a seguir.

Para facilitar o seu entendimento, leia os versos do poema “Desastre” do poeta realista português Cesário Verde.

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Cesário Verde Ele ia numa maca, em ânsias contrafeito, Soltando fundos ais e trêmulos queixumes;

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DESASTRE

Caíra dum andaime e dera com o peito, Pesada e secamente, em cima duns tapumes.

A brisa que balouça as árvores das praças, Como uma mãe erguia ao leito os cortinados, E dentro eu divisei o ungido das desgraças, Trazendo em sangue negro os membros ensopados.

Um preto que sustinha o peso dum varal, Chorava ao murmurar-lhe: “Homem não desfaleça!” E um lenço esfarrapado em volta da cabeça, Talvez lhe aumentasse a febre cerebral.

Flanavam pelo aterro os dândis e as cocotes, Corriam char-à-bancs cheios de passageiros E ouviam-se canções e estalos de chicotes, Junto à maré, no Tejo, e as pragas dos cocheiros.

Viam-se os quarteirões da Baixa: um bom poeta, A rir e a conversar numa cervejaria, Gritava para alguns: “Que cena tão faceta! Reparem! Que episódio! “Ele já não gemia.

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Texto 7

Findara honradamente. As lutas, afinal, Deixavam repousar essa criança escrava, E a gente da província, atônita, exclamava: “Que providências! Deus! Lá vai para o hospital!”

Por onde o morto passa há grupos, murmurinhos; Mornas essências vêm duma perfumaria, E cheira a peixe frito um armazém de vinhos, Numa travessa escura em que não entra o dia

Um fidalgote brada a duas prostitutas: “Que espantos! Um rapaz servente de pedreiro!” bisonhos, devagar, passeiam uns recrutas

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E conta-se o que foi na loja dum barbeiro.

Era enjeitado, o pobre. E, para não morrer, De bagas de suor tinha uma vida cheia; Levava a um quarto andar cochos de cal e areia, Não conhecera os pais, nem aprendera a ler.

Depois da sesta, um pouco estonteado e fraco, Sentira a exalação da tarde abafadiça; Quebravam-lhe o corpinho o fumo do tabaco E o fato remendado e sujo de caliça.


Ao longe o mar, que abismo! E o sol, que labareda! “Os vultos, lá embaixo, oh! Como são pequenos!” E estremeceu, rolou nas atrações da queda.

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Gastara o seu salário — oito vinténs ou menos —,

O mísero a doença, as privações cruéis Soubera repelir — ataques desumanos! Chamavam-lhe garoto! E apenas com seis anos Andara a apregoar diários de dez-réis.

Anoitecia então. O féretro sinistro Cruzou com um coupé seguido dum correio, E um democrata disse: “Aonde irás, ministro! Comprar um eleitor? Adormecer um seio?”

E eu tive uma suspeita. Aquele cavalheiro, — conservador, que esmaga o povo com impostos —, mandava arremessar — que gozo! Estar solteiro! — Os filhos naturais à roda dos expostos...

Mas não, não pode ser... Deite-se um grande véu... De resto, a dignidade e a corrupção... que sonhos! Todos os figurões cortejam-no risonhos E um padre que ali vai tirou-lhe o solidéu.

E o desgraçado? Ah! Ah! Foi para a vala imensa,

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Na tumba, sem o adeus dos rudes camaradas:

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Isto porque o patrão negou-lhes a licença, O inverno estava à porta e as obras atrasadas.

E antes, ao soletrar a narração do fato, Vinda numa local hipócrita e ligeira Berrava ao empreiteiro, um tanto estupefato: Morreu!? Pois não caísse! Alguma bebedeira.

Fonte: http://recantodasletras.uol.com.br/teorialiteraria/1552777

Neste poema, Cesário Verde faz com que o leitor se sinta parte da multidão que observa o acontecimento tornando-o cúmplice dos sentimentos que o acidente desperta no poeta. Coloca o fato diante dos olhos do leitor como uma tela viva, o que permite comparar o poema ao quadro Acidente de trabalho de Proença Sigaud.

Eugênio de Proença Sigaud - Acidente de trabalho.

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Veja a imagem no link abaixo: http://segurancanotrabalho.alexsonic.com/?p=296 Texto 8

E cada filho seu como se fosse o único E atravessou a rua com seu passo tímido Subiu a construção como se fosse máquina Ergueu no patamar quatro paredes sólidas Tijolo com tijolo num desenho mágico Seus olhos embotados de cimento e lágrima Sentou pra descansar como se fosse sábado Comeu feijão com arroz como se fosse um príncipe Bebeu e soluçou como se fosse um náufrago Dançou e gargalhou como se ouvisse música E tropeçou no céu como se fosse um bêbado


E se acabou no chão feito um pacote flácido Agonizou no meio do passeio público Morreu na contramão atrapalhando o tráfego

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E flutuou no ar como se fosse um pássaro

Amou daquela vez como se fosse o último Beijou sua mulher como se fosse a única E cada filho seu como se fosse o pródigo E atravessou a rua com seu passo bêbado Subiu a construção como se fosse sólido Ergueu no patamar quatro paredes mágicas Tijolo com tijolo num desenho lógico Seus olhos embotados de cimento e tráfego Sentou pra descansar como se fosse um príncipe Comeu feijão com arroz como se fosse o máximo Bebeu e soluçou como se fosse máquina Dançou e gargalhou como se fosse o próximo E tropeçou no céu como se ouvisse música E flutuou no ar como se fosse sábado E se acabou no chão feito um pacote tímido Agonizou no meio do passeio náufrago Morreu na contramão atrapalhando o público Amou daquela vez como se fosse máquina Beijou sua mulher como se fosse lógico Ergueu no patamar quatro paredes flácidas Sentou pra descansar como se fosse um pássaro E flutuou no ar como se fosse um príncipe E se acabou no chão feito um pacote bêbado

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Morreu na contra-mão atrapalhando o sábado

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Por esse pão pra comer, por esse chão prá dormir A certidão pra nascer e a concessão pra sorrir Por me deixar respirar, por me deixar existir, Deus lhe pague Pela cachaça de graça que a gente tem que engolir Pela fumaça e a desgraça, que a gente tem que tossir Pelos andaimes pingentes que a gente tem que cair, Deus lhe pague Pela mulher carpideira pra nos louvar e cuspir E pelas moscas bicheiras a nos beijar e cobrir E pela paz derradeira que enfim vai nos redimir, Deus lhe pague

Você pode encontrar essa letra no site:

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http://letras.terra.com.br/chico-buarque/45124/

Se preferir pode escutar no youtube:

http://www.youtube.com/watch?v=P7mHf-UCZp0

Percebemos que se trata de um gênero textual, com marcas narrativas (típicas da obra de Chico). A canção narra o percurso de um sujeito ou, a ação de um sujeito num determinado espaço e num tempo. Comprovamos isso ao atentarmos para ações – realizadas pelo sujeito – como: “Subiu a construção como se fosse sólido/Ergueu no patamar quatro paredes mágicas”. Entendemos que o sujeito que sobe a construção, ergue quatro paredes é alguém a respeito do qual se contará algo. Sob essa ótica, consideramos a indeterminação desse sujeito – no sentido de que não sabemos seu nome, mas sabemos que se trata de um operário da construção civil. O trecho: “Subiu a construção como se fosse máquina/Ergueu no patamar quatro paredes sólidas/Tijolo com tijolo num desenho mágico”; nos transmite essa ideia e nos permite pensar no sujeito de “Construção” como um operário. Os elementos “construção”, “quatro paredes” e “tijolo” nos levam ao campo da construção civil. Inclusive são esses elementos que justificam o título da canção. O momento histórico de produção da canção foi marcado por baixos salários, acidentes e longas jornadas de trabalho na sociedade brasileira. Nesse ponto a canção


século XIX, apesar da distância no tempo, quando a paisagem das urbes se transformava e o espaço urbano crescia assustadoramente. Em outros aspectos, também os textos se aproximam. Citamos, por exemplo, a figura do encarregado de obras, que, provavelmente, fiscalizava o trabalho do ope-

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se aproxima, mais uma vez, da imagem registrada nas cidades européias do final do

rário, do dono da construção, que certamente pagava o salário do sujeito operário, entre outros. O sujeito dessa canção identifica-se com vários outros que, por sua vez, conferem sentido - ou não - à sua existência.

O Conto e a Canção

Para iniciarmos esta seção, procure rememorar, nas imagens da sua infância, a personagem que trajava a capinha vermelha. Lembra-se dela, a que história infantil ela pertencia?

Para ajudá-lo a relembrar, assista ao vídeo, disponível no site: http://www.youtube.com/watch?v=G_sZZx3Nle4

Há outros textos que recontam essa história trouxemos uma versão dos anos 60 composta por Carlos Lyra e Roberto Menescal interpretada por Claudia Telles. Leia e veja como a composição dialoga com o texto matriz. Você também pode assistir e ouvir esta versão na bela interpretação de Sandra de Sá e Wilson Simonal disponível no youtube: http://www.youtube.com/watch?v=guEnqahecA0

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Texto 9 Lobo Bobo Cláudia Telles Composição: Carlos Lyra/ Roberto Menescal

Era uma vez um lobo mal Que resolveu jantar alguém Estava sem vintém mas arriscou E o lobo se estrepou Chapeuzinho de maiô Ouviu buzina e não parou Mas lobo mal insiste e faz cara de triste Mas chapeuzinho ouviu Os conselhos da vovó Dizer que não prá lobo

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Que com lobo não sai só Mas o lobo canta, pede Promete tudo até amor E diz que fraco de lobo é ver Um chapeuzinho de maiô Mas chapeuzinho percebeu Que o lobo mal se derreteu Prá ver você que lobo Também faz papel de bobo Só posso lhe dizer Chapeuzinho agora traz um lobo na coleira Que não janta nunca mais

Além dessas duas referências, há o conto “Fita Verde no Cabelo” que Guimarães Rosa escreveu e foi publicado pela Nova Fronteira em 1988. Uma análise intersemiótica sobre este conto pode ser encontrada no site: http://www.filologia.org.br/anais/ anais_319.html

A ensaísta Aira Suzana Martins traça um paralelo entre o conto de Guimarães e outros textos que têm Chapeuzinho Vermelho de Perrault como texto matriz. A autora retoma, também, o Chapeuzinho Amarelo, de Chico Buarque de Holanda, Chapeu-


Angelo Machado. A personagem é retomada, mais uma vez, no filme imperdível deTerry Gilliam: “Os irmãos Grimm”, interpretados por Matt Damon e Heath Ledger no papel de Jacob e Wilhelm Grimm, respectivamente.

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zinho Vermelho, de Ricardo Gouveia e Chapeuzinho Vermelho e o Lobo Guará , de

Fonte: http://www.adorocinema.com/filmes/irmaosgrimm/imagens/1245087689_irmaosgrimmposter07/#imagens

Neste filme, através de uma narrativa fantástica, Terry Gillian relata a história ________________________ fictícia e heróica vivida pelos filólogos e compiladores de histórias infantis, Jacob Lu- ________________________ dwing Karl Grimm (1785) e Wilhelm Karl Grimm (1786) inseridos num contexto históri- ________________________ co alemão de resistência às conquistas napoleônicas. ________________________ Na narrativa, encontramos o amor, os medos além de elementos mágicos e sim- ________________________

bólicos tão caros a essas estórias. A riqueza da narrativa deve-se ao fato de o autor ________________________ construir a sua estrutura permeando-a com outros contos infantis recolhidos do fol- ________________________ clore pelos irmãos Grimm como: Chapeuzinho Vermelho, Rapunzel, João e Maria, João ________________________ do pé-de-feijão, etc., o que provoca no espectador o desejo nostálgico de resgatar, na ________________________ memória, os seus enredos. Inúmeros outros estudos consolidam o tema da leitura e do diálogo entre as diferentes artes como objetos de pesquisa instigantes e cada vez mais promissores à medida que a produção e a circulação do livro permanecem como desafios, tendo em vista a recorrente renovação tanto no nível textual como nas formas de apresentação (impressa, multimidial e digital) e, por conseguinte, seus efeitos.

È importante perceber como a literatura dialoga com outros canais de comunicação além do livro como, por exemplo, o cinema, enriquecendo e divulgando o gênero. Para tanto, acesse o site: http://www.youtube.com/watch?v=jwM7Xk0pr4g

O aumento do interesse pelo tema da interssemiótica tem se observado, de maneira intensa em relação às produções cinematográficas. Verificou-se que, por muito tempo, as adaptações tiveram a análise de sua prática restrita à reflexão sobre o

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problema do grau de fidelidade entre a obra original e a sua transposição. Diferentes em suas especificidades, os códigos fílmico e literário partilham de uma significação autônoma, a narrativa. É esse fator que possibilita uma mesma história ser contada através de diferentes meios. O cinema é potencializado por sua linguagem, cuja essência difere da linguagem literária, contudo as duas se beneficiam com essa transposição.

A pintura e o poema

Para demonstrar a relação entre a pintura e o poema, foram selecionados alguns versos do poema Num Bairro Moderno de Cesário Verde a fim de confrontá-los com a imagem do pintor maneirista Giuseppe Archimboldo. Primeiramente, leia os versos.

Texto 10

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Num Bairro Moderno

[...] Subitamente, – que visão de artista! – Se eu transformasse os simples vegetais, À luz do sol, o intenso colorista, N’um ser humano que se mova e exista Cheio de balas proporções canais?! ­­­­­­­­­­­­­[...] E eu recompunha, por anatomia, Um novo corpo orgânico, aos bocados. Achava os tons e as formas. Descobria Uma cabeça n’uma melancia, E n’uns repolhos seios ejetados.

O poema completo você pode encontrar no site: http://www.prof2000.pt/users/angela/bairro.htm


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Agora, observe atentamente a imagem abaixo.

Fonte: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/4/49/Arcimboldo_Vegetables.jpg

O poema Num Bairro Moderno transmite uma originalidade que transborda a plasticidade, é capaz de traduzir uma realidade em processo de transformação. Aos olhos do poeta o cotidiano se dilata e ele captura o instante, flagra alguma cena, apa- ________________________ rentemente banal e transmite a mutabilidade do mundo em uma poética repleta de ________________________ cores, movimento, imagens. Na visualidade de sua obra, podemos encontrar associações ao pictórico, sobretudo impressionista, e ao fotográfico: o anacronismo permite entrever o aspecto inovador de sua linguagem e compreender a estrutura extremamente eficiente na reconstrução do mundo exterior em seu caráter dinâmico e multifacetado. A transfiguração do objeto real (os legumes do cesto) numa imagem humana traz à metáfora um valor simbólico bastante significativo. As figuras humanas sempre foram retratadas pelo homem. As primeiras remontam o Período Mesolítico. As mais antigas são as estatuetas femininas conhecidas como Vênus esteatopigias, estatueta pré-histórica. Essas representações são caracterizadas pelas formas fartas, seios, púbis, coxas e nádegas volumosos. Você já teve a oportunidade de ler sobre isso na AULA 1 da professora Simone Trindade V. da Silva. Muitos artistas procuraram representar a figura humana das mais variadas formas, mas as representações de Arcimboldo são realmente fantásticas. Esse pintor italiano, chamado Giuseppe Arcimboldo (1527 - 1593), foi um dos pintores mais curiosos da sua época, por ter representado fisionomias de uma maneira grotesca. Suas obras principais incluem a série As quatro estações, na qual usou, pela primeira vez, imagens da natureza, tais como frutas, verduras e flores, para compor fisionomias humanas.

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Leia mais em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Giuseppe_Arcimboldo

Assim, vimos como o poema Num Bairro Moderno “dramatiza simbolicamente a invasão da cidade pelo campo”, tratando dos efeitos psicológicos causados no narrador pela aparição inesperada de alguém que lhe faz lembrar valores existenciais diferentes. No caso, a vendedora de frutas e legumes evocaria um mundo natural e forte, em meio às ruas macadamizadas da cidade. Esse exemplar é classificado como lírico, mas lembre que, a lírica moderna foi invadida pelas representações da cidade. O poeta, como um flaneur circula pelas ruas e capta desse novo ambiente as imagens urbanas. Sobre os gêneros vamos rever algumas noções, certo?

Os Gêneros Literários

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Agora vamos recordar um assunto estudado por você no ensino médio: gêneros literários. Vamos lá!

Os gêneros literários são geralmente divididos, desde a Antiguidade, em três grupos: narrativo ou épico, lírico e dramático. Essas três classificações básicas fixadas pela tradição englobam inúmeras categorias menores, comumente denominadas subgêneros. É importante você saber que tanto os textos que produzimos nas situações cotidianas de comunicação, como o texto literário se organizam em gêneros. Enquanto os primeiros se organizam em gêneros textuais, isto é, tipo de texto que apresentam determinada estrutura, estilo, (procedimentos de linguagem) e assunto, o texto literário se organiza nos gêneros literários. Além da concepção clássica dos três gêneros: lírico, épico e dramático que procuramos ilustrar para você há a concepção moderna que se filia a modalidade narrativa como o romance, o conto e a crônica que você conhece.

O gênero dramático

O gênero dramático é um texto para ser encenado no teatro. Nesse tipo de texto, não há um narrador contando a história. Ela “acontece” no palco, ou seja, é representada por atores que assumem os papéis das personagens. Todo o texto se desenro-


Você já deve ter assistido ou lido as aventuras de João Grilo, um sertanejo pobre e mentiroso, e Chicó, o mais covarde dos homens. Ambos lutam pelo pão de cada dia e enganam a todos da pequena cidade em que vivem. A peça teatral, de fundo popular e religioso, foi encenada pela primeira vez em 1955. Foi adaptada para o cinema e teve

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la a partir de diálogos, obrigando a uma seqüência rigorosa de cenas.

a direção de Guel Arraes, Matheus Natchergaele como João Grilo e Selton Mello como Chicó.

________________________ ________________________ ________________________ Veja as cenas através do youtube: ________________________ http://www.youtube.com/watch?v=90kBGBW4Ozw ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ Você conhece Ariano Suassuna? Leia um pouco sobre ele no SITE: http://www.revista. ________________________ agulha.nom.br/ari.htmlhttp://www.revista.agulha.nom.br/ari.html ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ O gênero lírico ________________________ ________________________ ________________________ Para entender sobre este gênero, vamos começar lendo o poema Fanatismo de ________________________ Florbela Espanca, poetisa portuguesa, grande representante do simbolismo em Por________________________ tugal. ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ Imagem capturada do youtube


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Texto 11 Fanatismo Florbela Espanca

Minh’alma, de sonhar-te, anda perdida Meus olhos andam cegos de te ver! Não és sequer razão de meu viver, Pois que tu és já toda a minha vida!

Não vejo nada assim enlouquecida... Passo no mundo, meu Amor, a ler No misterioso livro do teu ser A mesma história tantas vezes lida!

Tudo no mundo é frágil, tudo passa...”

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Quando me dizem isto, toda a graça Duma boca divina fala em mim!

E, olhos postos em ti, vivo de rastros: “Ah! Podem voar mundos, morrer astros, Que tu és como Deus: princípio e fim!...”

Esse poema pertence ao gênero lírico, tipo de texto no qual um eu lírico (a voz que fala no poema) exprime as suas emoções, ideias e impressões ante um mundo exterior. Há aí o predomínio da função emotiva da linguagem e, normalmente, os pronomes e verbos estão na 1ª pessoa. Quando, na poesia, o escritor fala da sua experiência e/ou do seu tempo, ele o faz de uma forma diferenciada daquela que geralmente se encontra nos registros dos outros gêneros textuais; nesse caso, o poeta faz uso da memória da linguagem de um passado presente, que se alimenta, entre outras coisas, do inconsciente. A importância da palavra no poema é tão relevante que é possível aproveitar toda a riqueza fonética, morfológica e sintática da língua e, através dela, constroem-se várias maneiras de provocar sensações no íntimo do leitor. Devido à essa intensidade de expressão, as obras líricas tendem a ser breves e a acentuar o ritmo e a musicalidade da linguagem.

Você pode encontrar as seguintes modalidades textuais pertencentes ao gênero lírico:


Ode: é um texto de cunho entusiástico e melódico, em geral, uma música. Hino: é um texto de cunho glorificador ou até santificador. Os hinos de países e as músicas religiosas são exemplos de hinos.

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Soneto: é um texto em poesia com 14 versos, dividido em dois quartetos e dois tercetos, com rima geralmente em A-B-A-B A-B-B-A C-D-C D-C-D. Haicai ou haiku: é uma forma de poesia japonesa, sem rima, constituídos normalmente por três versos na ordem de 5-7-5 sílabas.

Pensando um pouco mais no que você já sabe sobre o gênero lírico e, especialmente sobre o soneto, procure responder qual a estrutura desse exemplar de Florbela Espanca? Você saberia responder de quantos quartetos e quantos tercetos ele é formado? Se você respondeu que ele é um soneto composto de dois quartetos e dois tercetos você acertou. Além disso, a equivalência sonora é o esquema de rimas que apresenta o poema: abba/abba/ccd/eed. Devemos notar que elas diferem do esquema regula por ser uma variação deste, apesar de o poema possuir todas as características da forma de soneto. Vejamos o exemplo a seguir. As duas quadras formam um campo fônico homogêneo pelo chamado entre si dos versos externos e dos versos internos. Já a sonoridade dos tercetos provém de uma diferente combinação de rimas ccd/eed.

Este poema foi musicado por Fagner e está disponível no youtube. Para escutá-lo acesse o site:http://www.youtube.com/watch?v=kZzsxxm_-o4

Não podemos encerrar este tópico sem esclarecer que, na modernidade, tudo se modificou. Em relação às artes plásticas, você pode ver essas alterações quando leu a Aula 3 - Arte Moderna, da professora Neila Maciel. A literatura, também sofreu alterações. O poeta está nas ruas observando as novas paisagens urbanas e passa a representar esse novo espetáculo que se mostra de forma espetacular não só nas suas narrativas como, também no seu poema lírico. No que se refere aos gêneros, na lírica moderna são observados aspectos bem diversos dos exteriorizados pela lírica tradicional. Esta última defende a ideia de que a poesia brota como produto da inspiração e chega a explicitar o papel demiurgo que o poeta assumiria. A lírica moderna vislumbra o poeta como um operário da palavra – Lutar com palavras/ É a luta mais vã/ Entanto lutamos/ mal rompe a manhã diz Drummond. A luta com o signo lingüístico e com sua imensidão de potencialidades faz com que ele vislumbre a própria impotência em nomear de modo absoluto e completo o universo com que lida.

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O gênero épico

Depois de conhecer um pouco sobre a lírica e o drama vamos conhecer mais um gênero. No gênero épico, há a presença do narrador, que quase sempre conta a história. Os textos épicos são geralmente longos e narram histórias de um povo ou de uma nação. Envolvem aventuras, guerras, viagens, gestos heróicos e apresentam um tom de exaltação. Leia os versos do poema Caramuru que narra o descobrimento da Bahia, o naufrágio de Diogo Álvares Correia e seus amores com as índias, sobretudo com Paraguaçu. Veja como ele difere do soneto de Florbela Espanca.

Caramuru LXXVIII Paraguaçu gentil (tal nome teve) Bem diversa de gente tão nojosa, De cor tão alva como a branca neve, E donde não é neve, era de rosa;

________________________ O nariz natural, boca mui breve, ________________________ Olhos de bela luz, testa espaçosa; ________________________ ________________________ De algodão tudo o mais, com manto espesso, ________________________ Quanto honesta encobriu, fez ver-lhe o preço. ________________________ ________________________ ________________________ LXXXI ________________________ Deseja vê-lo o forte lusitano, ________________________ ________________________ Por que interprete a língua que entendia; ________________________ E toma por mercê do céu sob’rano ________________________ ________________________ Ter como entenda o idioma da Bahia. ________________________ Mas, quando esse prodígio avista humano, ________________________ Contempla no semblante a louçania: ________________________ ________________________ Pára um, vendo o outro, mudo e quedo, ________________________ Qual junto de um penedo outro penedo. ________________________ ________________________ [...] ________________________ ________________________ Modernamente, também se chamam épicos certos filmes cujo tema são aven________________________ turas ou guerras que definem a história de um povo. Veja a sinopse do filme épico ________________________ Quilombo de Carlos Diegues.


co e ruma ao Quilombo dos Palmares, onde uma nação de ex-escravos fugidos resiste ao cerco colonial. Entre eles, está Ganga Zumba, príncipe africano e futuro líder de Palmares, durante muitos anos. Mais tarde, seu herdeiro e afilhado, Zumbi, contestará as idéias conciliatórias de Ganga Zumba, enfrentando o maior exército jamais visto na

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Em torno de 1650, um grupo de escravos se rebela num engenho de Pernambu-

história colonial brasileira.

Fonte: http://www.adorocinemabrasileiro.com.br/filmes/quilombo/quilombo.asp

Agora que você já conhece os gêneros literários procure identificá-los ao ler um texto poético. Chegamos ao fim desta aula. Espero que ela tenha despertado em você a curiosidade pelos textos literários e por buscar relacionar esses textos às diversas linguagens que humanidade dispõe para expressar seus sentimentos e sua cultura.

Síntese Nesta aula, foram apresentadas as características linguagem literária, e vimos que, efetivamente, não há gênero literário que atinja, de modo pleno, a essência de uma obra. Não há gênero puro! Somente quando determinados fenômenos estilísticos predominam, poderemos afirmar que em tal obra literária há presença do gênero épico, lírico ou dramático. Vimos, também, que a modernidade chega interferindo, de modo radical, também nas manifestações líricas. Aliás, afirma-se que a crise da poesia lírica se relaciona com a progressiva desintegração entre cidade e campo.

questão para Reflexão Você já havia pensado quanta poesia existe na letra das músicas que ouvimos no nosso dia-a-dia e na relação que elas estabelecem com outras linguagens, como a pintura, o cinema, o outdoor, etc?

Leituras indicadas BAKHTIN, Mikhail. Estética da criação verbal. 3.ed. São Paulo: Martins Fontes,2000. (Ensino Superior). BORGES, Jorge Luís, s. d. (1941), “A biblioteca de Babel”, Georges Gharbonnier (Org.),

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Entrevistas com Jorge Luís Borges, Lisboa, Início, pp. 125-138.

arte e cultura

FIDALGO, António, 1996, “Os novos meios de comunicação e o ideal de uma comunidade científica universal”, Xo Universário da Universidade da Beira Interior, Covilhã, UBI, pp. 37-47. FARACO, C.A. Linguagem e Diálogo: as idéias lingüísticas do Círculo de Bakhtin. Curitiba: Criar Edições, 2006. FREIRE. Paulo. A importância do ato de ler. In: ___ . A importância do ato de ler. 37. ed. São Paulo: Cortez, 1999. p. 11-12. GOMES, Dias. O pagador de promessas. São Paulo: Tecnoprint, 1970, 14-15. HARVEY, D. A Condição Pós-Moderna: uma pesquisa sobre as origens da mudança cultural. São Paulo: Edições Loyola, 1993. MINÉ, Elza. Da transformação fantasiosa à explosão onírica: Archinboldo, Cesário, e Aníbal Machado. Porto: ano III, n 34: out 1990, p.9 (Jornal). SERRÃO, Joel. Nós, uma leitura de Cesário Verde. op. cit. p.110. ROSENFELD, Anatol. O teatro épico. 4. ed. São Paulo: Perspectiva, 2002 (Debates: 193).

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Sites Indicados http://www.sul-sc.com.br/afolha/monografia/resenha_ato_ler.htm http://recantodasletras.uol.com.br/teorialiteraria/256597 http://pt.shvoong.com/books/novel-novella/1930516-biblioteca-babel/ http://www.youtube.com/watch?v=N_DEkVEBA64 http://www.bocc.uff.br/pag/bocc-lopes-literatura.pdf http://www.iltec.pt/pdf/wpapers/2000-mcorreia-homonimia_polissemia.pdf http://www.prof2000.pt/users/angela/bairro.htm http://www.google.com.br/images?hl=pt-BR&rlz=1R2ADFA_pt-BRBR355&q=pinturas +de+Arcimboldo&um=1&ie=UTF 8&source=univ&ei=-NwsTNrRG4KB8gbn1oGGDg&s a=X&oi=image_result_group&ct=title&resnum=1&ved=0CC8QsAQwAA http://pt.shvoong.com/books/190319-g%C3%AAneros-liter%C3%A1rios/ http://www.youtube.com/watch?v=kZzsxxm_-o4 http://www.youtube.com/watch?v=90kBGBW4Ozw http://pt.wikipedia.org/wiki/Romance http://www.rederpg.com.br/portal/modules/news/print.php?storyid=2571 http://educaterra.terra.com.br/literatura/temadomes/2003/01/20/005.htm


Referências

119 arte e cultura

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BARROS, Diana Luz Pessoa de; FIORIN, José Luiz (orgs.). Dialogismo, polifonia, intertextualidade: em torno de Bakhtin. 2. ed. São Paulo: Edusp, 2004.

BENJAMIN, Walter. Obras Escolhidas I. Magia e técnica, arte e política. São Paulo:

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urbana: uns mo(vi)mentos Autora: Cida Lopes

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AULA 07 - Música brasileira popular

Pra começo de conversa...

A Música é uma prática cultural e humana, manifestada nas mais diversas civilizações, provavelmente desde a Pré-história. É uma Arte sublime que caminha de mãos dadas com a história da humanidade, sonorizando e participando da construção de identidades. A trajetória da música no Brasil no foi escolhida para ilustrar esta aula. Trata-se de uma parcialidade que se justifica dada a sua importância sociocultural. Não se pretende aqui traçar uma linha de tempo, nem uma história da música no Brasil. Face à diversidade musical brasileira, tenta-se apresentar mo(vi)mentos significativos para se demonstrar como uma brasilidade pode ser vista através da música,

e trazer, também, alguns nomes que se destacaram neste cenário. No Brasil, a chamada ________________________ música “popular”, notadamente a canção1 do século XX, traduz os dilemas nacionais, e ________________________ é um campo privilegiado para se discutir temas socioculturais, para além de questões ________________________ meramente musicais e estéticas. Assim, sinta-se convidado a assistir a um breve panorama do que foi a música brasileira popular urbana do século XX - o século da canção.

Primeiros acordes No final do século XIX a valsa, a modinha, a polca eram gêneros musicais que predominavam na música brasileira popular urbana, e o piano era o instrumento principal. A influência dominante era da música europeia. Estes gêneros se transformaram, recebendo contornos novos, e tem-se a música “do Brasil”. O choro, considerado o primeiro gênero musical tipicamente brasileiro, nasce da mistura de elementos da música de dança de salão europeia e da influência da música africana. É uma música só instrumental, ou seja, sem letra, ainda. A compositora, pianista e maestrina Chiquinha Gonzaga - primeira mulher a se destacar na música popular do Brasil - não só foi a primeira chorona, mas também a primeira pianista do gênero. Ela fazia música para o teatro também, e sua marchinha Ô abre alas (1901) é a primeira música feita para o Carnaval no Brasil. Segundo Carlos Calado (2000, p. 1)2, de início o choro

1 É a simbiose entre letra e melodia. 2 Disponível em: <

http://cliquemusic.uol.com.br/generos/ver/choro>Acesso em: 9 maio 2010.

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[...] era apenas uma maneira mais emotiva, chorosa, de interpretar

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gênero, o choro só tomou forma na primeira década do século 20,

uma melodia, cujos praticantes eram chamados de chorões. Como mas sua história começa em meados do século XIX [...].

Não só no choro - mas em toda a música brasileira - destaca-se o nome do compositor e arrajador Pixinguinha, autor de Carinhoso (confira a curiosa história desta música no link abaixo) entre centenas de outras composições. Sua estreia no disco dá-se em 1913, e no começo da década de 1920 faz com o seu grupo Os Oito Batutas uma excursão pela Europa, que se tornou célebre com o propósito de divulgar a música brasileira.

http://www.youtube.com/watch?v=rbNRzyEKhKc

Chiquinha Gonzaga

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http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Chiquinha_6a.jpg

Pixinguinha

http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/d/d5/Pixinguinha.jpg


material sonoro em sistema mecânico, a base da indústria fonográfica. A partir dos anos 20, a gravação já era elétrica e um gênero musical começava a tomar a forma de como hoje o conhecemos: o samba, que alegorizava a geografia musical carioca, passando a significar na década seguinte a própria ideia de brasilidade. O surgimento

123 arte e cultura

No início dos anos 1900 tem-se a chegada do disco no Brasil - a fonofixação de

e a consolidação do samba são momentos decisivos na formação da tradição musical popular brasileira.

Nota musical A primeira gravação em disco no Brasil (1901-Casa Edison, Rio de Janeiro) foi o lundu1 Isto é bom do baiano Xisto Bahia, na voz do santamarense Manuel da Paixão, o Baiano.

1

Música do início do século XIX considerada como o primeiro gênero afro-brasileiro da canção popular.

Samba, a música brasileira por EXCELÊNCIA

O samba, na realidade

Não vem do morro

Nem lá da cidade

E quem suportar uma paixão

Sentirá que o samba então

Nasce do coração

(Noel Rosa e Vadico. Feitio de Oração)

Samba, no Brasil, designa significações distintas ao longo da sua história. A dança, a festa e a música são algumas delas. Carlos Sandroni (2003) afirma que a sua acepção mais comum refere-se ao gênero musical, e que no início do século XX quem falava em samba pertencia à comunidade de negros e mestiços vindos da Bahia, e que se instalou

[...] nos bairros próximos ao cais do porto, a Saúde, a Praça Onze, a Cidade Nova. Essas pessoas cultivavam muitas tradições de sua terra natal: era uma gente festeira, que gostava de cantar, comer, beber e dançar. Chamavam suas festas de “sambas”. E usavam a mesma palavra para designar uma modalidade musical coreográfica [...] Formava-se uma roda, para o centro da qual ia alguém que começava a dançar e dançando escolhia um parceiro do sexo oposto. (SANDRONI, 2003, p.78).

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124 Pelo telefone, o primeiro samba gravado Ver imagem no link a baixo: http://www.brasilcultura.com.br/perdidos/historia-do-samba-2/

Pelo telefone foi registrado em 1917 na Biblioteca Nacional por Donga, assumindo assim a sua paternidade. Formou-se uma polêmica na época quanto a sua autoria, e também sobre ser samba, mesmo. Vê-se, com isso, que o samba já surge polêmico, e se criou num ambiente também polêmico, como será demonstrado adiante. Segundo Sandroni, (2001) é a partir do lançamento desta canção, “que a palavra ‘samba’ entra no vocabulário da música popular” (p. 15) e “tornou o termo ‘samba’ incomparavelmente mais popular” (p.118). Sinhô, compositor denominado o Rei do Samba, figura emblemática que buscou o reconhecimento social do samba foi o responsável

[...] por estabelecer o gênero num período em que ele ainda se confundia com o tango e o maxixe3, ao longo dos anos 1920, mas principalmente porque seu comportamento tornou-se um dos pa-

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radigmas das relações entre o compositor popular e a chamada ‘sociedade’ no período. (CALDEIRA, 2007, p.44).

Em seguida compositores como Noel Rosa - primeiro compositor branco, de classe média - e Ismael Silva também transitam neste espaço, e o morro e a cidade tornam-se parceiros musicais. O samba, assim, foi se consolidando nas primeiras décadas do século XX, no Rio de Janeiro, então capital federal. Não foi um processo simples: sofreu nos primeiros tempos com as perseguições policiais, que não poupavam os malandros4, bem como o violão e o pandeiro, companheiros de todas as horas, que também eram reprimidos. O samba viveu, sobreviveu, vive, na “voz” dos seus compositores. Vale acompanhar a letra e ouvir o bossanovista João Gilberto em Pra que discutir com Madame5, um samba de Haroldo Barbosa e Janet de Almeida (1956), que versa sobre uma inimiga do samba.

Madame diz que a raça não melhora Que a vida piora 3 Música e dança sensual urbana surgida no Rio de Janeiro por volta de 1870. 4 Tipo social, símbolo de determinada cultura carioca, muito presente em sambas dos anos 1930 e que alcança o seu apogeu na década seguinte, e perdura por mais duas décadas, numa nova versão: o “malandro regenerado”. 5 A Madame realmente existiu. Magdala da Gama de Oliveira tornou-se conhecida como crítica de rádio, escrevendo numa coluna do jornal Diário de Notícias. Informação de: GARCIA, Tânia da Costa. Madame existe. Revista FACOM/FAAP. jun-dez. 2001. Disponível em: <http://www. faap.br/revista_faap/revista_facom/artigos_madame1.htm>Acesso em: 7 maio 2010.


Madame diz que o samba tem pecado Que o samba é coitado Devia acabar

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Por causa do samba

Madame diz que o samba tem cachaça Mistura de raça, mistura de dor Madame diz que o samba é democrata É música barata Sem nenhum valor Vamos acabar com o samba Madame não gosta que ninguém sambe Vive dizendo que o samba é vexame Pra que discutir com Madame No carnaval que vem também com o povo Meu bloco de morro vai cantar ópera E na avenida entre mil apertos Vocês vão ver gente cantando concerto Madame tem um parafuso a menos Só fala veneno Meu Deus que horror O samba brasileiro, democrata Brasileiro na batata é que tem valor. http://www.youtube.com/watch?v=ojr0HdBH_T8&feature=related

Ismael Silva, Noel Rosa, Ataulfo Alves, Wilson Batista, Geraldo Pereira, Dorival Caymmi, Assis Valente, Cartola, Adoniran Barbosa, Ari Barroso – compositores de clássicos da música brasileira de todos os tempos, e que influenciaram as gerações vindouras, são nomes fundamentais para se entender o processo de transformação que o samba sofreu desde a sua primeira gravação, pois neles encontram-se inovações, originalidades. Conhecer a obra desses compositores populares é passear por décadas do cotidiano brasileiro, uma vez que a música o retrata e ao mesmo tempo também o constitui.

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Noel Rosa

http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/2/29/Noel.jpg

Ataulfo Alves Ver imagem no link abaixo http://portalresende.com.br/blogs/?p=1259

Uma intérprete diferenciada merece destaque: Carmen Miranda, a pequena no-

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tável. Na primeira metade dos anos 40 participou de vários filmes em Hollywood, sendo a representante da cultura verde-amarela nos Estados Unidos. Ela foi baiana, e era portuguesa. Expressava-se com o samba, além de ritmos caribenhos como a rumba e o bolero. Carmen ocupava o lugar simbólico destes diálogos. Compositores no Brasil reagiram, ironizando esse seu “estrangeirismo”. O samba não só recebeu de fora, como também influenciou movimentos musicais aqui dentro e se faz presente, por exemplo, no Manguebeat - importante movimento que misturou o tradicional maracatu com ritmos modernos - surgido nos anos 90 no Recife, e que teve Chico Science como ícone. Do mundo livre s/a, também representante deste movimento, segue O mistério do samba (Marcelo Pianinho e Fred Zero Quatro - 2000)

O samba não é carioca O samba não é baiano O samba não é do terreiro O samba não é africano O samba não é da colina O samba não é do salão O samba não é da avenida O samba não é carnaval


O samba não é do quintal Como reza toda tradição É tudo uma grande invenção

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O samba não é da tv

[...] http://www.youtube.com/watch?v=7VmKJUy98v4

E sobre esta “invenção”, fruto de uma pura mistura, volta-se à consolidação do samba como “coisa nossa”, brasileira, diz Vianna (1995, p.151):

Muitos grupos e indivíduos (negros, ciganos, baianos, cariocas, intelectuais, políticos, folcloristas, compositores eruditos, franceses, milionários, poetas – e até mesmo um embaixador norte-americano) participaram, com maior ou menor tenacidade, de sua “fixação” como gênero musical e de sua nacionalização. [...] Nunca existiu um samba pronto, “autêntico”, depois transformado em música nacional.

Música romântica, cafona, brega

Nos anos 40-50, período conhecido como “Época de Ouro”, uma música melodramática, com forte influência do bolero6 era o que se ouvia no rádio, principal veículo difusor da época, e fazia sucesso a partir do nosso cartão-postal musical, o Rio de Janeiro. O samba, então, “abolerou-se” e com uma cadência mais branda, passou a ser conhecido como samba-canção. Lupicínio Rodrigues, Herivelto Martins, Dalva de Oliveira, Ângela Maria, Marlene, Nora Ney, Linda e Dircinha Batista, Francisco Alves, Emilinha, Nelson Gonçalves, Elizeth Cardoso, Jorge Goulart... além das compositorasintérpretes Dolores Duran e Maysa são nomes que fazem parte do cenário musical da época, tematizado por “dor-de-cotovelo”, amores desfeitos, paixões impossíveis, a vida privada, o ciúme e a ingratidão. Vingança, de Lupicínio Rodrigues, sucesso na voz da Rainha do Rádio por 11 anos, Linda Batista, é uma representante desse momento:

Eu gostei tanto Tanto quando me contaram Que lhe encontraram Chorando e bebendo 6 Música romântica e melancólica, que teve o rádio, o disco e o cinema como mídias responsáveis pela consolidação do gênero. No Brasil, notadamente o produzido no México era muito consumido.

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Na mesa de um bar

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E que quando os amigos do peito Por mim perguntaram Um soluço cortou sua voz Não lhe deixou falar Ai, mas eu gostei tanto Tanto quando me contaram

Que tive mesmo que fazer esforço Pra ninguém notar O remorso talvez seja a causa Do seu desespero Você deve estar bem consciente Do que praticou

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Ai, me fazer passar essa vergonha Com um companheiro E a vergonha É a herança maior que meu pai me deixou Mas enquanto houver força em meu peito Eu não quero mais nada Só vingança, vingança, vingança Aos santos clamar Você há de rolar como as pedras Que rolam na estrada Sem ter nunca um cantinho de seu Pra poder descansar Você há de rolar como as pedras Que rolam na estrada Sem ter nunca um cantinho de seu Pra poder descansar


A influência de outros ritmos estrangeiros (jazz, gêneros caribenhos como o mambo e a conga) movimenta o ambiente musical no Brasil, e a manifestação do sucesso do samba-canção gera tensão e conflito. Tal tensão não se limita à aceitação dos ritmos, mas também às questões culturais que permeiam um fato dessa importância.

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http://www.youtube.com/watch?v=z6i8z8ArLYc

Via-se uma inflexão no domínio do espaço do samba, que à época era de exaltação e euforia patriótica. Assim, a canção brasileira nos anos 40-50 expande-se em um território de trocas, fusões e assimilações. É o hibridismo cultural: encontros múltiplos, seja adicionando novos elementos à mistura, ou reforçando os antigos elementos, como sugere Burke (2006). Havia uma resistência de críticos naciotradicionalistas e também do pessoal do ambiente musical que não aceitava a mistura no samba, como se pode conferir na canção Mataram o meu samba7 (Alexandre Bene), gravada por Ciro Monteiro em 1955:

Mataram o meu samba O que é que eu vou fazer Dar vida ao meu samba Já não pode ser Até minha gente do morro Só canta bolero e versão [...] Meu samba que era risonho Ficou tão tristonho Ao se ver no chão Chorando disse Eu sou brasileiro E esse cara estrangeiro Não é meu irmão

Dalva de Oliveira Ver imagem no link abaixo: http://eaudiencia.wordpress.com/2009/09/16/globo-inicia-gravacao-de-minisseriesobre-a-vida-de-dalva-de-oliveira/

7 Gravação original disponível para escuta em www.ims.com.br.

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Lupicínio Rodrigues

Lupicínio Rodrigues (à esquerda, com seu filho). Atrás da mesa, Demosthenes Gonzalez, Hebe Camargo e Antonio Onofre da Silveira (de olhos fechados). No fundo, encoberto, Luis Germon. Foto sem data. Foto original do arquivo pessoal de A.O.S. Fonte: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/b/b6/Antonio_Onofre_da_Silveira_Lupicinio_Rodrigues_Hebe_Camargo_Demosthenes_Gonzalez.jpg

Além da internacionalização, potencializada pelo cinema, o rádio e o disco, as chamadas canções “regionalizadas”: baião, coco e xaxado (Luiz Gonzaga e Carmélia Alves, respectivamente Rei e Rainha do Baião e Jackson do Pandeiro são as figuras

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mais representativas) contribuíram também para que o samba dividisse espaço com gostos diferenciados, e tivesse a sua hegemonia abalada. É neste cenário que o sambacanção se fixa como sucesso até o final da década de 50. Ainda na linha romântica, tem-se nos anos 70 a chamada música “cafona”. Neste estilo, padrões estéticos como temas, vestuário e a maneira de cantar são característicos. Waldick Soriano pode ser empregado aqui como um exemplo. Projetou-se como artista de sucesso no período de repressão política pós AI-58, e vale aqui ressaltar que ele sofreu um embate com a censura vigente no regime militar: o bolero Tortura de amor (1974) teve sua execução e radiodifusão públicas proibidas no país. A referência à palavra tortura, que remetia aos porões da ditadura, foi o suficiente para que a canção fosse censurada (ARAÚJO, 2005). Confira esta canção no link a seguir:

http://www.youtube.com/watch?v=7-kHtzijxtw

Odair José Ver imagem no link abaixo: http://www.jovemguarda.com.br/entrevista-odair-jose.php

8 Ato Institucional n. 5 (1968) que deu poderes absolutos ao Estado, fechou o Congresso Nacional, e endureceu ainda mais o regime ditatorial.


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Waldick Soriano

Fonte: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/e/e5/Waldikc_soriano.jpg

Eu não sou cachorro, não é a música mais emblemática do repertório de Waldick, e diz respeito à humilhação, temática repetida em Eu também sou gente. Outros representantes legítimos e autênticos da música “cafona”: Paulo Sérgio, Fernando Mendes, Odair José, Reginaldo Rossi, Amado Batista ... De “cafona”, essa música passa a ser rotulada de “brega”. É a música brasileira popular produzida e consumida por camadas descriminadas da população, e pejorativamente assim classificada a partir dos anos 80, como assegura Paulo César Araújo (2005). Ainda em Araújo (2005) acerca da discriminação do “brega”

[...] sucesso de norte a sul do país, patrimônio afetivo de grandes contingentes das camadas populares, esta vertente da nossa canção romântica tem sido sistematicamente esquecida pela historiografia da música popular brasileira. (ARAÚJO, 2005, p.15)

Bossa Nova: um banquinho, um violão

Fonte: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/e/ea/338857405_591460ac96.jpg

Em 1958, João Gilberto, baiano de Juazeiro, grava o Long Play (LP) Chega de Saudade e inaugura uma batida nova do violão. O Rio passa por mudanças: a onda

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agora são apartamentos em Copacabana e Ipanema; JK é o “presidente bossa nova”; a TV já está ligada. Uma nova bossa paira no ar: o amor, o sorriso e a flor. Carlos Lyra, Tom Jobim, Roberto Menescal, Vinicius de Moraes, Newton Mendonça, Sylvia Telles são outros nomes deste contexto. Desafinados, pois. Isso é bossa nova, isso é muito natural. Aqui também houve a acusação pelos tradicionalistas de certa imitação de ritmo estrangeiro - o jazz dos EUA, o que gerou a canção Influência do jazz, de Carlos Lyra. Em 1962, após a apresentação histórica no Carnegie Hall, NY, esta música ganhou o mundo, e talvez seja o estilo musical brasileiro mais conhecido e amado lá fora.

Para saber mais sobre a Bossa Nova: http://cliquemusic.uol.com.br/generos/ver/bossa-nova

Jovem Guarda: é uma brasa, mora!? ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________

Movimento caracterizado por certa inocência, trata o amor com leveza. Românticos, sem “fossa”, bem diferente dos anos 50. Traz a influência do rock e promove a entrada de termos em inglês no cotidiano do brasileiro. Iê iê iê era um expressão própria, relacionada aos Beatles. É um estilo musical fora do contexto do samba, voltado para a juventude. Fazia parte deste contexto o Tremendão Erasmo Carlos, Martinha, Wanderley Cardoso, Jerry Adriani, Eduardo Araújo, Wanderléia, a Ternurinha que, de saia bem curta, ordenava ao juiz: pare, agora! Roberto Carlos, o Rei da Juventude, comandava o programa de TV Jovem Guarda, à tarde, que teve a sua estreia em 1965. Era um grande sucesso. O último programa foi ao ar no início de 1968.

Para saber mais sobre este momento musical: http://cliquemusic.uol.com.br/generos/ver/jovem-guarda

Assista imagens da época: http://www.youtube.com/watch?v=TdHSTiHjsqM

O ambiente dos Festivais e o Tropicalismo


o ambiente dos festivais contagiava e mobilizava massivamente as paixões no país, que nem sempre possuíam os seus corações preparados. Era o palco dos debates políticos, estéticos e culturais. Via-se aí não apenas a manifestação de torcidas jovens e a revelação de uma nova safra de cantores e compositores, mas a construção de um

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Os festivais da canção marcaram época na música brasileira. Na década de 60

repertório que buscava (re)pensar o Brasil. Se a cultura pode ser entendida como um campo de lutas, os festivais também assim se posicionaram. Nesse tempo surge a sigla MPB (Música Popular Brasileira) - “etiqueta” que passa a rotular a produção de artistas da classe média, em sua maioria procedente do meio universitário. Merecem destaque os Festivais do ano de 1968, ano ímpar na história, em que estudantes tomam as ruas e muros de Paris, e instauram uma rebeldia que se alastrou para várias partes do mundo. No Brasil, era o quarto ano do regime militar, que se estendeu até 1985. Vê-se o crescimento das forças opositoras e do movimento estudantil, ambas incentivadas pelo clima revolucionário que norteou os anos 1960. Foram três os festivais daquele ano: a I Bienal do Samba (TV Record- maio). Lapinha, de Baden Powell e Vinícius de Moraes, defendida por Elis Regina, tirou o primeiro lugar. Em setembro acontecia o III FIC - Festival Internacional da Canção (TV Globo). As três canções vencedoras, por ordem de classificação: Sabiá, de Tom Jobim e Chico Buarque, com Quarteto em Cy; Prá não dizer que não falei de flores, de Geraldo Vandré, defendida por Vandré, e Andança, de Edmundo Souto, Danilo Caymmi e Paulinho Tapajós, com Beth Carvalho e Golden Boys. No final do ano, mais um festival: o IV Festival da MPB (TV Record) São São Paulo, com Tom Zé, foi a vencedora; Memórias de Marta Saré, de Edu Lobo e Gianfrancesco Guarnieri, com Edu Lobo e Marília Medalha, ficou com o segundo lugar e Divino Maravilhoso, de Gilberto Gil e Caetano Veloso, defendida por Gal Costa, obteve a terceira colocação. Pra não dizer que não falei de flores (Geraldo Vandré) foi uma canção que se tornou um hino revolucionário pelo teor da ousada letra, um desafio ao sistema ditatorial em pleno 1968.

Caminhando e cantando E seguindo a canção Somos todos iguais Braços dados ou não Nas escolas, nas ruas Campos, construções Caminhando e cantando E seguindo a canção... Vem, vamos embora Que esperar não é saber Quem sabe faz a hora

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Não espera acontecer...

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[...] Há soldados armados Amados ou não Quase todos perdidos De armas na mão Nos quartéis lhes ensinam Uma antiga lição: De morrer pela pátria E viver sem razão... http://www.youtube.com/watch?v=g8v5twPc-io

O público de 30 mil pessoas que lotava o Maracanãzinho aplaudia frenetica-

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mente, cantava junto com Vandré, e continuava a cantar, caminhando, quando ia embora. Segundo Napolitano (2001, p. 73) “Talvez nunca mais tenha havido, na sociedade brasileira, uma síntese mais acabada entre arte, vida e política, como naquele momento”. Inconformado com o segundo lugar, esse público repudiou a vencedora Sabiá. Assim foi a reação do compositor de “Caminhando”:

Olha, sabe o que eu acho? Eu acho ... uma coisa só, mais ... Antônio Carlos Jobim e Chico Buarque de Hollanda merecem o nosso respeito. A nossa função é fazer canções. A função de julgar, nesse instante, é do júri que ali está. Por favor, por favor... Tem mais uma coisa só: pra vocês, pra vocês que continuam pensando que me apóiam, vaiando [é marmelada! é marmelada! .... ] .... gente, gente, por favor .... olha, tem mais uma coisa só: a vida não se resume em festivais! (VANDRÉ, 1968).

Nota musical No III FIC Caetano proferiu seu famoso discurso, durante a apresentação da música É proibido proibir, ao ser vaiado por jovens universitários, que o acusavam de hippie alienado, no TUCA, o teatro da PUC-SP. Confira: http://www.youtube.com/watch?v=mCM2MvnMt3c

Também em 1968 explode o movimento Tropicália, que trazia em si uma amalgamação entre valores tradicionais e modernos, e que contou com a participação de


Capinan e Rogério Duprat. Naves (2004) assim o define: [...] movimento cultural, transcendendo os limites de questões meramente estéticas ou confinadas no âmbito da canção popular. Havia

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Caetano Veloso, Gilberto Gil, Tom Zé, Gal Costa, Nara Leão, Os Mutantes, Torquato Neto,

uma predisposição, por parte dos músicos que inauguraram a tendência, de pensar criticamente a arte e a cultura brasileiras. (NAVES, 2004, p. 47)

Fonte: http://craifer.blogspot.com/2008/11/tropicalia-ou-panis-et-circensis-de.html

Tropicália ou Panis et Circencis é o manifesto sonoro do movimento, disco que incorporou novas tendências, bebeu na fonte da cultura brasileira, além de incluir vanguardas estrangeiras. Um mosaico musical. De Vicente Celestino (Coração materno) ao concretismo de Bat Macumba, de Gilberto Gil; Lindonéia, também de Caetano, com um toque de bolero cubano; o Hino do Senhor do Bonfim (Arthur de Salles e João Antônio Wanderley), além da presença de elementos da cultura pop em Parque industrial, de Tom Zé e Baby de Caetano Veloso. Vale ressaltar que é neste mo(vi)mento que se vê configurar, no Brasil, o pop:

[...] uma visão de mundo, uma atitude perante a vida, que engloba todas as artes [...]. O pop é um estilo que se propôs como anti-estilo, em uma tentativa de interpretar a modernidade e de inaugurá-la efetivamente no nível comportamental. (CRUZ, 2003, p. 46).

No final do ano de 1968, com o AI-5, a censura e o exílio eliminaram a possibilidade da participação em festivais de compositores consagrados como Caetano Veloso, Gilberto Gil, Geraldo Vandré e Chico Buarque, Edu Lobo, que, acossados, deixam o país. Sinal Fechado, de Paulinho da Viola, vencedora do V Festival da Música Popular Brasileira da TV Record (1969) pode ser considerada uma canção ainda pertencente à linhagem de músicas “de festival”. Nos anos seguintes, os festivais já não eram mais os

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mesmos...

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http://www.youtube.com/watch?v=o-pEoZtn1t8&feature=related

Painel dos anos 70 a 90

A gente faz um país

(Antônio Cícero e Marina Lima. Fullgás)

Influenciada (ou não) pelo tropicalismo, a geração dos anos 70 – a década dos compositores – trilhou os caminhos abertos na década anterior. Os Novos Baianos e os Secos & Molhados traziam coisas novíssimas; Milton Nascimento e o seu Clube de Esquina adicionavam pitadas de jazz e toadas mineiras à canção brasileira; o maluco beleza Raul Seixas já agitava o pedaço; um pessoal vinha do Ceará (Ednardo, Belchior e Fagner); o samba apresentava um novo gingado com João Nogueira, Paulinho da Viola, Martinho da Vila, Clara Nunes, Beth Carvalho e Alcione. Os compositores Gonzaguinha, Jards Macalé, Luiz Melodia, João Bosco apareciam no cenário. Os “filhos” de Luiz Gonzaga, Alceu Valença, Zé Ramalho ... deram novo rumo à chamada música nordestina. Djavan vem com uma maneira diferente de cantar, e Jorge (ainda) Ben, lançava discos

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importantíssimos para a música do Brasil, como A tábua de esmeraldas (1974), com seu suingue inconfundível. Roberto Carlos é considerado o maior cantor romântico do país, e três cantoras se destacam: Elis Regina, Gal Costa e Maria Bethânia. Na década seguinte, é a vez do rock: Barão Vermelho, Titãs, Plebe Rude, Os Paralamas do Sucesso, RPM, Legião Urbana, Blitz, Eduardo Dusek, Lobão, Marina, Lulu Santos, Kid Abelha, e a irreverente banda baiana Camisa de Vênus espalharam pelo Brasil o som das guitarras. Cazuza deixa o Barão, e faz sucesso na carreira solo. Da Bahia parte uma música que ganha o Brasil. Gerônimo e Luiz Caldas movimentam a cena. Eu sou negão, de Gerônimo, vira o grito da hora, e a Axé Music torna-se sucesso e se estabelece como música produzida, gravada e distribuída fora do eixo Rio-São Paulo. Em 90, uma nova turma da chamada MPB aparece: Lenine, Zeca Baleiro, Chico César, Marisa Monte, Cássia Eller, Adriana Calcanhoto... Os Mamonas Assassinas, irreverentes, agitam inclusive as crianças. É também neste tempo que a música sertaneja – caipira pop - ganha o Brasil nas vozes de duplas como Leandro e Leonardo, Chitãozinho e Chororó, Zezé di Carmargo e Luciano que serviram de trilha sonora do então candidato Collor. Surgem novos grupos de rock como Planet Hemp, Los Hermanos e O Rappa. Gabriel, O Pensador traz seu rap bem humorado. Marcelo D2 deixa o Planet Hemp e na década seguinte parte À procura da batida perfeita, numa clara aproximação com o samba.

Genialidade, para poucos


deixaram forte marca no panteão da música brasileira duas figuras que macerem um aparte, uma consideração à parte: Luiz Gonzaga e Dorival Caymmi.

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Assim como Pixinguinha e Noel, apontados logo no início deste panorama,

Fonte: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/0/0a/Luiz-Gonzaga-Est%C3%A1tua-de-bronze.jpg

Fonte: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/d/d0/Dorival_caymmi_1938.jpg

Apesar de trilharem caminhos diferentes, eles têm em comum a chegada ao Rio de Janeiro para tentar a carreira artística no mesmo tempo, o final dos anos 30. De lá cantaram o contaram, cada um à sua maneira, o seu rincão natal, além de outros “causos”. Com Luiz Gonzaga o sertão pede licença para entrar no texto da brasilidade. Dono de vasta e rica obra, centrada principalmente nos ritmos e na temática nordestina, começou tocando valsas, tangos e fados na noite carioca. Caymmi reafirmou o lugar da Bahia. Sua obra, que contabiliza perto de 100 canções, é imensa! Talvez uma coleção de obras-primas...

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Gonzagão é chão. Caymmi é mar. Sertão e litoral: contraste que, de algum modo, sintetiza o Brasil. Não à toa, tanto o Lua quanto o Buda Nagô são denominados de gênios, outro traço comum.

Luiz Gonzaga http://www.youtube.com/watch?v=dL3vzrFMQto http://www.recife.pe.gov.br/mlg/gui/Index.php

Dorival Caymmi http://www.youtube.com/watch?v=ATRYXkvBkKM http://50anosdetextos.com.br/1984/04/04/a-obra-admiravel-extraordinaria-dedorival-caymmi

Chico Buarque, um artista brasileiro ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________

Artista que pode ser considerado um intérprete do Brasil, Chico trilhou o seu caminho independente de movimentos estético-musicais, sem filiação a nenhum deles. Ele fez um movimento individualizado no cenário musical, social e político do Brasil. Sua música está associada à sigla MPB como figura emblemática deste contexto cultural. Chico dá voz aos brasileiros que não a têm. É o dono da voz, e voz do dono. Voz do Brasil da gente humilde, dos subúrbios, dos sambistas, das mulheres abandonadas, dos operários, do malandro, das crianças desamparadas... Seu vasto cancioneiro comprova como a música deste compositor soa: um registro do Brasil recente.

De nenhum outro compositor ou escritor contemporâneo talvez se possa dizer que a história do Brasil, de 1964 até hoje, passa por dentro de sua obra. É exatamente essa sensação que nos transmite o contato com a criação de Chico. Ela não apenas registra a nossa história, como freqüentemente a revela para nós sob ângulos insuspeitados, amarrando e comunicando a experiência coletiva aos segredos e abismos da subjetividade de cada um. É o inconsciente do país que parece falar na rede simbólica que Chico nos estendeu ao longo dos anos. (SILVA, 2004, p.8 - 9)

Vale frisar que Chico Buarque foi muito perseguido pelos censores da ditadura,


linho da Adelaide - que compôs três músicas: Acorda, amor (Chame o ladrão); Jorge maravilha que ficou famosa com os versos Você não gosta de mim/mas sua filha gosta, identificados como um recado a Geisel, numa menção à filha do presidente, o que Chico nega, e atribui sua inspiração aos censores que lhe pediam autógrafos para levar às

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teve várias canções mutiladas, e para driblá-los criou em 1974 um heterônimo - Ju-

suas filhas; e Milagre brasileiro. A canção que encerra esta aula é Paratodos (1993), na qual Chico faz uma autodeclaração de brasilidade. É um momento ímpar na sua trajetória. Um “reencontro dele com a cultura nacional-popular, com a sua própria obra e com as ilusões perdidas da juventude” (SILVA, 2004, p.100). É uma homenagem-reconhecimento à música produzida no Brasil: Antônio Brasileiro (Tom Jobim), Caymmi, Jackson do Pandeiro, Ari, Vinícius, Nelson Cavaquinho, Luiz Gonzaga, Pixinguinha, Noel, Cartola, Orestes, Caetano, João Gilberto, Erasmo, Ben, Roberto, Gil, Hermeto, Edu, Bituca (Milton Nascimento), Nara, Gal, Bethânia, Rita, Clara, todos os instrumentistas, e ainda traz a confiança expressa da continuidade, quando saúda os jovens à vista.

Ouça a canção Paratodos, em gravação do próprio Chico Buarque: http://www.youtube.com/watch?v=u_M1DvZBL2c

Nota musical A Infoglobo Comunicações lançou em 2007 a coleção Discoteca Brasileira do Século XX. São 6 cds: um do período 00-49, e os demais de 50-90, cada um acompanhado de um livroencarte.

Em poucas palavras... A aula traçou uma trajetória de alguns momentos e nomes significativos da música brasileira popular urbana no século XX, e trouxe a voz do samba, que ao longo da história gingou para se firmar como símbolo representativo deste povo mestiço, as várias ramificações que abraçou e outras que gerou o samba, num processo sempre transformador. Traçou também um perfil dos anos 70 a 90, além de destacar alguns mo(vi)mentos e personalidades que mudaram a cara da música produzida no Brasil. Buscou também demonstrar que a música popular pode/deve ser vista como uma carga de significações no ambiente sócio-político e ideológico, dona de um dizer que se faz ouvir para além de fronteiras, e principalmente por e para dentro, se reinventando. Já a aula seguinte versará sobre a Dança e o Teatro, que como a Música têm linguagem própria. Sinta-se convidado a participar de mais esta etapa, agora com as Artes Cênicas.

Pense nisso

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Em que medida pode-se afirmar que a música forma um manancial de referências de um tempo e do seu contexto, e participa da elaboração da memória do país?

Outras Palavras MOURA, Roberto M. No princípio, era a roda: um estudo sobre samba, partido-alto e outros pagodes. Rio de Janeiro: Rocco, 2004. SEVERIANO, Jairo. Uma história da música popular brasileira: das origens à modernidade. São Paulo: Editora 34, 2008. ______.; MELLO, Zuza Homem de. A canção no tempo: 85 anos de músicas brasileiras. 5. ed. São Paulo: Editora 34, 2006, v.1: 1901-1957; v.2: 1958-1985. TATIT, Luiz. O século da canção. Cotia, SP: Ateliê Editorial, 2004.

Na Rede www.cliquemusic.com.br www.cifrantiga3.blogspot.com

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www.dicionariompb.com.br www.ims.com.br www.revistamusicabrasiliera.com.br

Cinema verdade Vários são os documentários que retratam a vida e a obra de gente da música no Brasil. Busque trailer, sinopse e/ou resenha, e prepare a pipoca!

Fonte: http://cinezencultural.com.br/site/index.php/2009/12/08/feira-musica-brasil-mostra-de-filmes-tera-bate-papo-com-os-diretores-dos-longas/ http://www.cpers.org.br/index.php?cd_filme=11&menu=41 http://filmescomlegenda.net/fcl/filmes/vinicius-2005/attachment/vinicius-poster01/ http://www.telefilme.net/sinopse-do-filme-11377_MARIA-BETHANIA--MUSICA-E-PERFUME.html


arte e cultura

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Fonte: http://lh6.ggpht.com/_j0e34eHHdnc/SX9YC3MHUsI/AAAAAAAAAOs/i2KEK7ZxnqQ/noel%20rosa.jpg http://wp.clicrbs.com.br/bembossa/2009/05/19/paulinho-da-viola-hoje-no-canal-brasil/?topo=77,1,1 http://universo70.wordpress.com/2009/08/06/loki/ http://matrixdown.blogspot.com/2008/07/brasileirinho-grandes-encontros-do.html

Fonte: http://revistaraiz.uol.com.br/portal/index.php?option=com_content&task=view&id=1872&Itemid=163 http://www.fflch.usp.br/dh/lemad/?p=326 http://revistaraiz.uol.com.br/portal/index.php?option=com_content&task=view&id=1872&Itemid=163 http://billboard.br.com/noticias/dvd-paulo-vanzolini

Amigos da conversa

ARAÚJO, Paulo César de. Eu não sou cachorro, não: música popular cafona e ditadura militar. 5.ed. Rio de Janeiro: Record, 2005.

BURKE, Peter. Hibridismo cultural. Trad. Leila Mendes. 2. ed. São Leopoldo, RS: Editora Unisinos, 2006. (Coleção Aldus, n.18).

CALDEIRA, Jorge. A construção do samba. São Paulo: Mameluco, 2007.

CRUZ, Décio Torres. O pop: literatura, mídia e outras artes. Salvador: Quarteto/Uneb, 2003.

NAVES, Santuza Cambraia. Da bossa nova à tropicália. 2. ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2004. (Descobrindo o Brasil).

NAPOLITANO, Marcos. Cultura brasileira: utopia e massificação (1950- 1980). São Paulo: Contexto, 2001. (Repensando a História).

SANDRONI, Carlos. Feitiço decente: transformações no samba 1917-1933. Rio de Janeiro: Jorge Zahar / Editora UFRJ, 2001.

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______. Transformações do samba carioca no século XX. Revista Textos do Brasil. n. 11, p. 78-83. Ministé-

arte e cultura

pdf >. Acesso em: 10 ago. 2009.

rio das Relações Exteriores, [2003]. Disponível em: < http://www.dc.mre.gov.br/brasil/textos/78a83%20Po.

SILVA, Fernando de Barros e. Chico Buarque. São Paulo: Publifolha, 2004. (Folha Explica).

VANDRÉ, Geraldo. Pra não dizer que não falei de flores (ao vivo, 1968). Faixa 13. In: XEXÉU, Artur. Discoteca Brasileira do Século XX: anos 60. Rio de Janeiro: Interglobo Comunicações, 2007. Encarte; 1 Cd.

VIANNA, Hermano. O mistério do samba. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor/Editora UFRJ, 1995.

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AULA 08 - Dança e Teatro, artes cênicas Autora: Cida Lopes

Pra começar, a Dança

A dança é capaz de cantar, escrever, esculpir e pintar utilizando o corpo; é uma das formas de arte mais viva que existe. E tão singular que acontece uma única vez – um movimento nunca consegue ser igual a outro – e está sempre se modificando e nos transformando. Ela nos coloca na realidade e nos tira dela, possibilitandonos usufruir lugares nunca antes visitados dentro de nossa mente (TADRA, 2009, p. 17).

A dança está inserida em todo o processo de civilização e na transformação da sociedade. Acompanhou a evolução da humanidade, nas diversas características culturais. Desde tempos remotos, a dança é uma produtora de cultura. É uma atividade artística que se materializa no corpo dos dançarinos (DANTAS, 1999). Ela é “[...] a mãe de todas as artes. A música e a poesia existem no tempo; a pintura e a escultura no espaço. Porém a dança vive no tempo e no espaço. O criador e a criação, o artista e a sua obra, são na dança uma coisa única e idêntica” (SACHS1, 1944 apud DANTAS, 1999, p. 22). Assim sendo, a dança conta, mostra e passa o seu recado artístico manifestado exclusivamente pelos corpos que dançam, através dos seus movimentos. MOvImEnTo, dentro do espaço e do tempo, na criação e construção do dançar a partir do/no corpo, e de suas formas de expressão.

Os primeiros PASSOS Faz tempo que homens e mulheres dançam... Sabe-se que a dança auxiliou no desenvolvimento tanto social quanto intelectual do homem. Datam do Paleolítico Superior2, os primeiros registros de atividades dançantes, quando os humanos viviam em cavernas, isolados em pequenas hordas. No Neolítico3, magos e sacerdotes dançavam em cerimônias. O homem já adorava os espíritos e cultivava e enterrava seus mortos. Nos rituais, a dança era a arte dominante. Esteticamente pode ser considerada como a mais antiga das artes (MENDES, 1997). No final da Pré-história, esboçava-se o caráter de espetáculo. 1 Kurt Sachs, História

Universal da Dança.

2 Período caracterizado pela arte rupestre (pintura em rochas); por volta de 10 mil a.C. 3 Idade da Pedra Polida. + ou – 8 mil a.C. Dá-se o início do cultivo da terra e da domesticação de animais.

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Na Antiguidade Clássica, a dança desempenhou papéis diferenciados, notadamente na importância que os povos - gregos e romanos - davam à sua prática. Na Grécia, origem da civilização ocidental, se dançava e se apreciava a dança. Fazia parte da boa educação a filosofia e a política; o canto, a música e a dança - que em particular carregava valores simbólicos, uma vez que representava atributos das divindades. Era estreita a sua ligação com o teatro. Em Roma, o que mais agradava o público eram as lutas, nas grandes arenas, entre gladiadores e animais ferozes. Os romanos eram mais racionais, e talvez esteja aí a razão da dança não possuir uma expressão significativa, nesse primeiro momento. Mais tarde a dança foi promovida à condição de requisito social, apesar de, por volta de 150 a. C., se tentar banir os espaços que a praticavam. Alheia à sua natureza, Roma não resistiu ao apelo dessa arte.

Acesse http://www.kazantzakis.org.br/cultura_danca.php para conhecer sobre a dança na Grécia.

Passos seguintes

Com a ascensão do Cristianismo, na Idade Média, assiste-se a derrocada da dança, que fica atrelada exclusivamente a rituais pagãos, significando apenas divertimen-

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to. Interessava ali a salvação da alma, e o corpo era vinculado ao pecado. As manifestações dançantes foram então reduzidas, e quase desapareceram. Proibida nos espaços públicos, a dança ficou restrita à corte. Porém, aos poucos, a dança popular foi sendo introduzida nas festas cristãs. No Renascimento, o período em que a compreensão de mundo induzia a uma visão do futuro, e o mundo imaginário europeu se expandia com as navegações marítimas, ao tempo em que as cidades iam se desenvolvendo, várias transformações eram percebidas nas relações do corpo com o meio. Dançava-se para o deleite dos soberanos, e esta deixava de atuar só como manifestação étnico-cultural, para ser realizada como apresentação para a nobreza. Nessa época só os homens eram considerados artistas. Às mulheres só era permitido o ingresso no baile final, pois em nome da moral por poucas vezes elas puderam participar ativamente da dança “profissional”. Essas danças se transformaram no Ballet (dança teatral), que surgiu na Itália berço do Renascimento. Tipo de dança que inaugura um novo aspecto artístico já como forma de apresentação, onde os artistas (italianos) montavam luxuosos espetáculos para ocupar a nobreza, uma forma de afastá-la dos problemas sociopolíticos de então. Pode-se ver que tais danças tiveram origem popular, de rua, e a ostentação da nobreza transformaram-nas em exibições fechadas. Catarina de Médici chega à França, vinda da Itália, para casar com o rei Henrique II em 1533, e traz consigo artistas que já produziam óperas e balés de corte. Dentre esses artistas estava o coreógrafo Baldassarino Belgioso, nome artístico Baltasar Beaujoyeux, que transformou o balé de corte em balé teatral. Mas foi durante o reinado de Luiz XIII (1610-1643) que o balé tomou a forma na qual é conhecido hoje. Luis XIV, filho que o sucedeu (1643-1715) fundou em 1661 a Académie de Musique et de Danse, ob-


de profissionais. A dança é, então, regulamentada, e passa a fazer parte da educação da nobreza: reaparece nos palácios e começou-se a elaborar tratados sobre esta arte, que se estenderam pela Europa. No Século XVIII inicia-se a Era Romântica, e a Rússia Czarista, principalmente

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jetivando resguardar a qualidade no ensino e na produção do balé, além da formação

São Petersburgo - considerada a capital mundial da dança (balé) - torna-se o grande polo de criação, já que Paris apresenta um declínio da dança. Espetáculos como Giselle são levados a palco.

Acesse http://www.youtube.com/watch?v=HL5dKMWkIe0&feature=related e assista a um trecho de Giselle.

Nota dançante Em 9 e 10 de novembro de 1996, Salvador recebeu o Kirov Ballet, de São Petersburgo, nome de excelência em todo o mundo. Era a sua primeira turnê sul-americana, e foi acompanhado aqui pela Orquestra Sinfônica da Bahia. A peça apresentada foi Dom Quixote, no Teatro Castro Alves.

Um passo à frente O século XX inicia e ideias re e in-novadoras nas mais diversas áreas do conhecimento brotam, entre elas as artes cênicas. Sente-se a necessidade de transformações, de liberdade. Na dança, uma nova geração de coreógrafos, dançarinos e intelectuais começa a pensá-la diferentemente. Mendes (1997) relata que os primeiros sinais de uma nova revolução estética e formal na dança já eram visíveis nos primeiros anos do século XX, e que “No século XX e depois de profundas transformações sociais é que o balé se tornaria uma arte aberta e acessível aos palcos do mundo ocidental” (p. 24). Pois bem: surgiu a dança moderna, na Europa e nos Estados Unidos, que rejeitou a verticalidade e o rigor do balé clássico. Movimentos no solo, pés descalços e maior flexibilidade aos movimentos do tronco são permitidos, fundamentando-se na liberdade expressiva do corpo. Inserida no contexto histórico na qual surgiu, quando o homem trava novas relações consigo mesmo e com a sociedade, este novo estágio da dança trouxe também a mudança de pensamento. Segundo Dantas (1999, p. 37), “[...] teve como principais objetivos expressar as inquietações e contradições do seu tempo”. Garaudy (1980), por sua vez, afirma: “A dança moderna é a que exprime o homem moderno com suas angústias, seus combates e sua esperança” (p. 175). A partir de então, as mais variadas modalidades de dança atendem as necessidades de expressão da humanidade, explorando as ilimitadas possibilidades de que é capaz o corpo no fazer-se movimento. Antes da 2ª Guerra Mundial, a dança moderna se desenvolveu principalmente nos Estados Unidos e na Alemanha expressionista. Isadora Duncan e Martha Graham (iniciadoras da dança moderna americana) são dois nomes que se destacam neste cenário, cada uma à sua maneira e no seu tempo. Isadora era transgressora, dançava com os pés descalços e baseava-se em elementos da natureza e no misticismo; já Martha

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via na dança uma forma de manifestar-se sobre os problemas do século XX.

Veja um vídeo raro no qual Isadora Duncan dança: http://www.youtube.com/watch?v=mKtQWU2ifOs&feature=related

E http://www.youtube.com/watch?v=R6r-hN2ndIw&feature=related, um trecho de um trabalho de Martha Graham.

No início dos anos 60, um grupo que apresentava performances na Judson Memorial Church de Nova York mudou o rumo da história da dança moderna. “Os pósmodernos colocaram em questão os valores e práticas da dança moderna”, afirma Dantas (1999, p. 38). E continua: “A dança pós-moderna procura romper com o pressuposto de que a dança se produz transformando os movimentos cotidianos e abolindo o virtual, o espetacular, o não-visual” (p.39).

Para saber mais sobre a dança pós-moderna e contemporânea: http://idanca. net

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Dança, Bahia! Dança, Brasil!

O estudo da Dança no Brasil, durante muito tempo, esteve ligado às escolas dos teatros de metrópoles como São Paulo e Rio de Janeiro. Entre as décadas de 20 e 40, estes espaços (pre)ocupavam-se tão somente na preparação profissional de bailarinos para os seus corpos de baile. Não havia, ainda, uma escola voltada ao conhecimento em Dança. Esta nova fase só se inicia nos anos 50, quando da fundação da Escola de Dança da Universidade Federal da Bahia (Ufba):

Ela se inicia em 1956, como parte de um projeto ambientado num contexto desenvolvimentista e redemocratizante capitaneado pelo então Reitor Edgar Santos. Os ares de inovação podem ser detectados já na escolha da Dança Moderna e não do Balé Clássico para ser a diretriz da sua atuação pedagógica. [...] A Escola de Dança nasce sob o signo da inovação, propondo o exercício de subversão dos princípios então muito bem estabelecidos e consolidados, que propunha o ensino do balé como indispensável para todos os que desejassem ser bailarinos. [...] A modernidade que aqui chegava era a do discurso norte-americano, e a adoção do pensamento expressionista alemão fez com que a Escola da UFBA inaugurasse um espaço singular no nosso país (SETENTA, 2008, p. 70-71).

Falar em Dança como área do conhecimento no Brasil, é falar da Escola de Dan-


ano, expandiria o espaço destinado às artes na Bahia, iniciado com a criação da Escola de Belas Artes em 1877 – agregada à então Universidade da Bahia em 1946 – bem como a criação do curso de Música em 1954. Por 24 anos foi a única escola superior de Dança no país. Possui especialização e o único Mestrado em Dança do Brasil, e segun-

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ça da Ufba. A criação da Escola de Dança e também da Escola de Teatro, no mesmo

do a sua atual diretora, que foi aluna da primeira turma, ali se pensa a Dança “[...] é um centro de excelência sul-americano” (AQUINO, 2009, p. 12). Veja a seguir, vídeos de dança contemporânea do Grupo Corpo, de Belo Horizonte.

http://www.youtube.com/watch?v=TnlFhNWjPfs http://www.youtube.com/watch?v=WC650dbL6eY

Maurice Béjart, uma escol(h)a

A dança é uma das raras atividades humanas em que o homem se encontra totalmente engajado: corpo, espírito e coração. A dança é um esporte (só que completo).

Maurice Béjart. In: Prefácio a Garaudy (1980, p. 9)

http://pt.wikipedia.org/wiki/Maurice_B%C3%A9jart

Para fechar esse breve passo a passo dançante, se escolhe uma figura emblemática do mundo da dança, Maurice Béjart: bailarino e coreógrafo francês (1927-2007) é um grande nome da dança contemporânea. Ele revolucionou a dança clássica, ao tempo em que a apresentou às massas, num claro esforço de democratizar a cultura. Nos vídeos a seguir, dois momentos do seu movimento corporal. http://www.youtube.com/watch?v=gh_9leIFl7Y http://www.youtube.com/watch?v=JFhG0r-gsxQ&feature=related

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Nota dançante 1992. Cena literalmente cinematográfica: Al Pacino, incorporado num personagem cego, dançando um tango em Perfume de Mulher. Vale ver! http://www.youtube.com/ watch?v=8CHlvWowaJU

Outra cena: o Teatro

O teatro é um avançado meio de civilização, mas não progride onde não a há.

(atribuída a Almeida Garret)

O teatro tanto pode ser uma arte eterna que se mantém viva através dos textos dos grandes dramaturgos como pode ser uma arte absolutamente efêmera que acontece no espetáculo, que, a cada dia, precisa ser refeito pelos atores e nunca é o mesmo.

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(DÓRIA, 2009, p. 17)

A palavra “teatro” abraça ao menos duas acepções: pode designar tanto o espaço físico quanto uma peça. Magaldi (2010, p. 7) assim a define: “[...] o imóvel em que se realizam espetáculos e uma arte específica, transmitida ao público por intermédio do ator.” É uma palavra de origem grega, theatron, que significa ‘lugar aonde se vai ver’. E desse lugar o espectador vê uma ação representada que lhe é apresentada de outro lugar. Estabelece, assim, uma relação entre o que se vê e o que se mostra, dando abertura a possibilidades de (re)conhecimento do real, que se dá através de diferentes pontos de vista / ângulos de visão. Assim como na Dança, no Teatro o corpo fala - só que para além de movimentos físicos. O Teatro é uma arte que utiliza da linguagem verbal-vocal numa interface com a linguagem do corpo em si (visual), resultando na comunicação, expressão e reflexão, próprios do jogo teatral. É uma arte das mais complexas, pois. A arte teatral pode ser realizada num palco de teatro, ou ainda na rua. “Sobre o palco, a arena ou um simples estrado ergue-se o cenário que sugere o ambiente propício à ação” (MAGALDI, 2010, p. 9). É uma arte coletiva, que tem o indivíduo como o centro do palco. Suas temáticas giram em torno do ser humano, suas paixões, suas contradições, suas relações, enfim. Historicamente retratou suas angústias e participou ativamente na construção de valores sociais e culturais.


Desde as sociedades primitivas, havia a crença em que determinadas danças eram estimuladoras ou provocadoras de poderes sobrenaturais, e que também detinham a capacidade de exorcizar os maus espíritos. Assim, o Teatro se origina, com ca-

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Por trás da cortina do passado

racterísticas ritualísticas, místicas. Em seguida, tem-se a sua manifestação relacionada a deuses e heróis. O teatro ocidental tem a Grécia como a abertura da cena, com os festivais em homenagem ao deus Dionísio. Bárbara Heliodora (2008) descreve que o espaço para as encenações era dotado de uma arena circular que possuía uma arquibancada de pedra, e na sua frente o palco, que é a estrutura da cena. Mais tarde foram acrescentadas grandes inovações, como o surgimento de palco com estrutura elevada; a introdução do 2º ator, que se dá com Ésquilo, uma vez que até então só um ator entrava em cena. Isso não significa que só se tinha um personagem...

O Teatro de Dionísio, em reconstituição do século XIX

http://pt.wikipedia.org/wiki/Teatro_na_Gr%C3%A9cia_Antiga

O teatro grego tem a tragédia como o seu gênero mais antigo, surgido por volta do século VI a.C. Com temáticas oriundas das sagas de heróis, a sua grande maioria retrata a queda desses mesmos heróis. Surgiu também a comédia, gênero que trazia uma mescla de paródia mitológica com toque satírico, político. Os papéis eram representados por homens, pois não se permitia a participação das mulheres. Em Roma havia teatro, provavelmente baseado nos padrões gregos, mas que buscou identidade própria e criou inovações. Os romanos tinham a pantomima, espécie de teatro gestual, no qual a máscara é utilizada para diferenciar os personagens, pois só um ator representava todos os papéis, com acompanhamento de músicos e coro. Assim como foi visto com a Dança, no Cristianismo o Teatro foi também considerado pagão, e extinguiu-se. Em Roma a sociedade era muito mais hierarquizada que a grega, e

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[...] a Igreja católica, que já se espalhara por todo o Império e, com

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todo o Ocidente ficava chocada com o escândalo que eram os espe-

as invasões [Bárbaras], se tornaria a instituição mais organizada de táculos de teatro da época, e no século VII excomungou não só todos os atores, mas também suas famílias (HELIODORA, 2008, p. 29).

A própria Igreja é a responsável pelo renascimento do teatro, na Era Medieval, pois era utilizado para veicular conteúdos bíblicos, e chegou a ter membros da Igreja no seu meio. A partir de meados do século XIV, o teatro medieval religioso declinou. Mais adiante, o teatro italiano progrediu e experiências cênicas foram introduzidas, tornando-o próximo de como o conhecemos hoje. Mecanismos novos foram adicionados à estrutura do palco, e permitiram uma mobilidade de cenários. No século XVII dá-se o início da participação das mulheres, que passaram a atuar, na França e na Inglaterra.

Saiba mais do desenrolar dessa trama: http://liriah.teatro.vilabol.uol.com.br/historia/ aorigemeevolucaodoteatro.htm

A história e a transformação do Teatro no mundo acompanham o desenvolvi-

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mento tecnológico e a evolução do conhecimento do homem. A arte teatral, assim, abandonou o seu caráter puramente ritualístico e cedeu lugar aos contextos culturais, cotidianos, retratando a sociedade de tantas faces.

Cenário no Século XX Rompimento com as tradições, ecletismo, quer seja na direção teatral quanto na infra-estrutura, no aparato cênico, na dramaturgia4 e nos estilos de interpretação, são a tônica desse tempo. O dramaturgo alemão Bertolt Brecht (1898-1956) aqui se destaca por propor um teatro politizado, que objetiva modificar a sociedade. Para ele, em vez de magnetizar o espectador, o teatro deve despertá-lo para a análise crítica, indicando ao público que o que se vê é apenas teatro e não a vida real. Apresenta-se, assim, a função questionadora acerca da realidade. Suas ideias inovam o chamado teatro moderno. Como nas outras artes, as tendências e vanguardas do período também modificaram o Teatro.

Cena brasileira No Brasil, a cena teatral dá início com o Padre Anchieta (1534-1597). Inspirado em Gil Vicente (1470-1537), no teatro religioso medieval, as peças de Anchieta eram consideradas ingênuas e toscas. Era o chamado Teatro de Catequese.

4 Modo de se criar um texto literário de natureza dramática.


João Caetano (1808-1863) - do período do Romantismo - é considerado o primeiro grande ator brasileiro. Especializado em papéis dramáticos, encenou peças de autores como Victor Hugo, Shakespeare e Molière.

151 arte e cultura

Nota teatral

De Anchieta à dramaturgia moderna, diversas formas de representação vêm retratando a cultura brasileira. Criatividade, inovações cênicas de infraestrutura, aliadas a dramaturgos que têm em mente construir obras coerentes e originais, buscando atender as expectativas do público de teatro. Alguns desses momentos serão destacados a seguir. Vale destacar que na trajetória do teatro brasileiro, o advento da 1ª Guerra Mundial impulsiona certo nacionalismo e peças com temáticas regionalistas são aqui encenadas. Nos anos 30 e 40são fundadas as companhias Jaime Costa, Procópio Ferreira, Abigail Maia e Dulcina de Moraes, que permaneceram ativas até o final da década de 50. Em 1948, um marco na história do teatro no Brasil: o industrial italiano Franco Zampari funda o Teatro Brasileiro de Comédia (TBC), em São Paulo. Dono de um repertório eclético, o TBC encena textos clássicos e modernos, além de comédias que são a ________________________ tônica dessa companhia, uma das mais importantes fases do nosso teatro. ________________________ Na década de 50 assiste-se à preocupação com as questões sociais. A imposição ________________________

do autor brasileiro deu identidade artística ao chamado Teatro de Arena: Gianfran- ________________________ cesco Guarnieri e Augusto Boal em Arena Conta Zumbi utilizam de um herói nacional ________________________ como metáfora para se posicionarem contra a opressão. O Teatro de Arena, fundado ________________________ em São Paulo em 1953, teve a preocupação de nacionalizar o palco brasileiro, a partir ________________________ da estréia de Eles Não Usam Black-tie, também de Guarnieri, em 1958. O Pagador de Promessas, de Dias Gomes se transforma num enorme sucesso e ganha adaptação para o cinema em 1962, feita por Anselmo Duarte, e o filme leva a Palma de Ouro em Cannes. Nelson Rodrigues desperta polêmica com as peças Perdoame por me traíres, Beijo no asfalto, Bonitinha mas ordinária, consideradas por muitos, escandalosas. O grupo Opinião entra em atividade no Rio de Janeiro, em 1964, adaptando shows musicais e desenvolvendo um trabalho teatral de caráter político. Foi o responsável pelo lançamento de Maria Bethânia, quando esta substituiu Nara Leão, cantando Carcará. Em 1968 estreia Cemitério de Automóveis, de Arrabal. Este espetáculo e O Balcão, de Genet, marcam a entrada do teatro brasileiro numa fase de ousadias Ainda em 68, Roda Viva de Chico Buarque foi proibida e teve os atores presos em cena. Com o endurecimento do regime e o acirramento da censura, dramaturgos como vários compositores musicais - passam a se expressar metaforicamente. Surgem diversos grupos teatrais formados por novos atores e diretores. No Rio de Janeiro des-

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taca-se o grupo Asdrúbal Trouxe o Trombone, cujo espetáculo Trate-me Leão retrata toda uma geração de classe média. Na década de 1980, quando a censura havia acabado, “[...] o teatro brasileiro estava arrasado, porque as polêmicas entre grupos de linhas conflitantes, e principalmente os anos da censura, haviam diminuído radicalmente o público, que não estava mais habituado ao teatro.” (HELIODORA, 2008, p. 177). O teatro se viu praticamente voltado à estaca zero, em matéria de textos nacionais, afirma ainda Heliodora (2008). Atualmente têm-se uma produção que se singulariza pela pluralidade. Merece atenção uma encenação dos anos 90, do Grupo Galpão de Belo Horizonte, sob a direção de Gabriel Vilela, apontado como um novo e grande talento: Romeu e Julieta, encenada na rua, tendo um carro como cenário fixo. É um musical em que há uma mistura com a arte circense, também. Espetáculo diferente, inovador, como também é a adaptação para o teatro de Os Sertões de Euclides da Cunha pelo diretor José Celso Martinez Corrêa, do Teatro Oficina:

Veja um trecho da encenação de Os Sertões: http://www.youtube.com/watch?v=Bs_ ULi4XKD8&feature=related

Nota teatral O Bando de Teatro Olodum é um destaque do atual teatro produzido na Bahia. É uma

________________________ retomada de teatro em grupo. Dele se origina Lázaro Ramos, que junto a Wagner Moura e ________________________ João Miguel são atores baianos mais requisitados para as produções nacionais de cinema e ________________________ televisão. ________________________ ________________________ Cacilda Becker, TANTAS ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ Atriz é o título do poema apresentado a seguir, uma homenagem à figura do ________________________ teatro brasileiro escolhida para fechar as cortinas dessa nossa aula. ________________________ ________________________ ________________________ A morte emendou a gramática. ________________________ Morreram Cacilda Becker. ________________________ ________________________ Não era uma só. Era tantas. ________________________ Professorinha pobre de Piraçununga, ________________________ ________________________ Cleópatra e Antigona, ________________________ ________________________ Maria Stuart, ________________________ Mary Tyrone, ________________________ ________________________ Marta de Albee, ________________________ Margarida Gauthier e Alma Winemiller,


a velha senhora Clara Zahanassian, adorável Júlia outras muitas, modernas e futuras

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Hannah Jelkes a solteirona

irreveladas. Era também um garoto descarinhado e astuto: Pinga Fogo e um mendigo esperando infinitivamente Gadot. Era principalmente a voz de martelo sensível martelando e doendo e descascando a casca podre da vida para mostrar o miolo de sombra a verdade de cada um nos mitos cênicos. Era uma pessoa e era um teatro. Morreram mil Cacildas em Cacilda.

Carlos Drummond de Andrade (17 jun. 1969)

Para saber mais sobre Cacilda: http://inmemorian.multiply.com/photos/album/28

Acesse http://www.youtube.com/watch?v=euBIvqorgZg para vê-la atuando

Síntese A aula versou sobre Dança e Teatro, que têm linguagens singulares, ao tempo em que trouxe um breve histórico dessas artes cênicas. Num passo dançante e abrindo a cena, um pouco dessas artes foi mostrado, destacando momentos e nomes especiais.

Pense nisso

As últimas palavras ditas por Hamlet em A tragédia de Hamlet, príncipe da Dinamarca, peça escrita por William Shakespeare entre 1599 e 1601, servem aqui de provocação para uma reflexão, um incentivo à busca de sentidos, em suma, um estímulo ao pensar: “O resto é silêncio”.

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Outras palavras Dança FARO, Antonio José. Pequena história da dança. 6. ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2004. KATZ, Helena. O Brasil descobre a dança descobre o Brasil. São Paulo: DBA, 1994. PORTINARI, Maribel. História da dança. 2. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1989.

Teatro COSTA FILHO, José da. Teatro contemporâneo no Brasil. Rio de Janeiro: 7 Letras/ Faperj. 2009. PEIXOTO, Fernando. O que é teatro. São Paulo: Brasiliense, 1980.

Cinema / Dança

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Isadora (1968) A última dança (2003) Fonte: http://www.rottentomatoes.com/m/1010741-isadora/ http://shaidehalim.blogspot.com/2009/09/last-one-dance.html


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Cinema / Teatro

A bela do palco (2004) Shakespeare apaixonado (1998) Fonte http://produto.mercadolivre.com.br/MLB-123183089-dvd-a-bela-do-palco-original-lacrado-rarissimo-teatro-_JM http://blog.agalaxia.com.br/2005/01/27/shakespeare-apaixonado-resenha-dvd/

Referências ANDRADE, Carlos Drummond de. Atriz. Versiprosa II. In: Poesia completa e prosa. 3. ed. revista e modificada. Rio de Janeiro: José Aguilar, 1973, p. 554.

AQUINO, Dulce. Entrevista a Carla Bittencourt. A dança me escolheu. In: Muito. Ano 1, n. 79. Salvador, 4 out.2009. Revista dominical do Grupo A Tarde.

DANTAS, Mônica. Dança: o enigma do movimento. Porto Alegre: UFRGS, 1999.

DÓRIA, Lília Maria Fleury Texeira. Linguagem do teatro. Curitiba: Ibpex, 2009. (Metodologia no Ensino de Artes, v.7).

GARAUDY, Roger. Dançar a vida. 4. ed. Trad. Antônio Guimarães Filho; Glória Mariani. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1980.

HELIODORA, Bárbara. O teatro explicado aos meus filhos. Rio de Janeiro: Agir, 2008.

MAGALDI, Sábato. Iniciação ao teatro. 7. ed. São Paulo: Ática, 2010.

MENDES, Miriam Garcia. A dança. 2. ed. São Paulo: Ática: 1997.

SETENTA, Jussara Sobreira. O fazer-dizer do corpo: dança e performatividade. Salvador: EDUFBA, 2007.

TADRA, Débora Sicupira Arzua et al. Linguagem da dança. Curitiba: Ibpex, 2009 (Metodologia no Ensino de Artes, v.2).

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