CÁLCULO INTEGRAL
Universidade Anhembi Morumbi
Universidade Salvador
Janes Fidelis Tomelin Diretor de EaD
Adriano Lima Barbosa Miranda Diretor de Educação Corporativa e Novos Projetos
Fabiano Prado Marques Diretor Acadêmico – Escola de Engenharia e Tecnologia
Rafael Gonçalves Bezerra de Araújo Diretor da Escola de Engenharia e TI
Adriana Trigolo Revisor Técnico
Diniz Alves de Sant’Ana Silva Revisor Técnico
Universidade Potiguar
Rede Laureate Internacional de Universidades
Barney Vilela Coordenador Geral do Núcleo de Coordenação a Distância Catarina de Sena Pinheiro Diretora da Escola de Engenharia e Ciências Exatas
Daniella Loureiro Koncz Coordenadora de Novos Negócios André Torres Gregório Designer Instrucional FabriCO Projeto educacional Projeto gráfico Autoria do conteúdo Revisão ortográfica e gramatical
SUMÁRIO UNIDADE 1 - INTEGRAL INDEFINIDA...................................................................... 5
1. Integral Indefinida....................................................................6 2. Algumas Técnicas de Integração...........................................19 2.1 Integração por Substituição (ou por Mudança de Variável).................................................................................21 UNIDADE 2 - MÉTODO DE INTEGRAÇÃO POR PARTES..........................................27
1. Integração por partes.............................................................28 UNIDADE 3 - INTEGRAL DEFINIDA.......................................................................43
1. Integral Definida....................................................................44 1.1. Somatória........................................................................44 1.2 Regiões delimitadas por curvas.......................................48 2 A Integral Definida, ou Integral de Riemann.........................56 2.1 Propriedades da Integral Definida...................................62 2.2 Teorema do Valor Médio para Integrais ........................67 3 Teoremas Fundamentais do Cálculo ......................................71
CONTABILIDADE SOCIETÁRIA
CARTA AO ALUNO Caro estudante, seja bem-vindo! Cálculo Integral é uma disciplina que reúne conceitos muito importantes e necessários à Engenharia. Você utilizará o conteúdo estudado aqui em várias situações reais. Uma das aplicações do Cálculo Integral é na determinação do centro de massa de uma estrutura de concreto, algo fundamental para construir estruturas resistentes. Você também poderá usar o que aprender ao longo deste material para determinar o momento de uma força em relação a um eixo ou o momento da inércia. Também, se optar por ser um engenheiro de produção, terá subsídios para medir a satisfação das pessoas com a aquisição de um produto, calculando o excedente de consumo. O profissional da Engenharia trabalha, muitas vezes, com aproximações de resultados e, por isso, também precisa estimar os erros apresentados. Você aprenderá a identificar e calcular esses erros. Isso será útil, por exemplo, na estimativa do custo da construção de uma estrada reta e nivelada, fazendo um corte através de um morro. Para isso, os engenheiros precisam conhecer o volume de terra que deve ser removido do local onde será construída a estrada. Leia com atenção suas aulas e busque sempre que necessário apoio no referencial bibliográfico disponibilizado ao longo da disciplina, para que você possa, cada vez mais, solidificar os saberes proporcionados pelo Cálculo Integral. Não se esqueça de praticar o que aprendeu com a resolução de exercícios, pois são eles que permitem que você desenvolva habilidades específicas da área e fazem com que você fixe os conceitos envolvidos. Bom estudo!
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AULA 1 Integral Indefinida
INTRODUÇÃO Cálculo Diferencial e Integral são ferramentas muito importantes para diversas áreas do conhecimento, entre elas os cursos de Engenharia, por possibilitarem o estudo e a modelagem de situações-problema reais. A integração surgiu, historicamente, da necessidade de se calcular áreas de figuras cujos contornos não são figuras planas, como quadrados, triângulos e outras. Mas o Cálculo Integral não se restringe apenas a isso. Ele tem inúmeras aplicações, entre elas o cálculo do volume de sólidos por cortes e de discos e anéis circulares; do comprimento do arco de uma curva; do centro de massa de uma partícula; da massa total de uma barra; do centroide de uma região plana; do trabalho para esticar uma mola; da pressão líquida e da taxa de crescimento de uma comunidade proporcional à população em determinado instante. Os dois principais conceitos do Cálculo, derivado e integral, são desenvolvidos a partir de ideias geométricas relativas a curvas. A derivada resulta da construção das tangentes a determinada curva. Já a integral provém do cálculo da área de uma região limitada por uma curva.
CÁLCULO INTEGRAL
Como engenheiro, você utilizará a integral no estudo e dimensionamento de vigas. Outra aplicação é o desenvolvimento de um modelo matemático aplicado ao controle do processo de esterilização de alimentos enlatados. Você também poderá usar os conhecimentos que obterá a partir de agora para medir a velocidade e a aceleração, por exemplo, de um foguete de água e ar comprimido, utilizando a integral de funções baseada em informações como variação de tempo, distância e velocidade. Nesta aula, você estudará a integral indefinida e as técnicas de integração, que serão muito úteis para você compreender a integral definida, que será o assunto de aulas posteriores.
OBJETIVOS » » Reconhecer a importância da integral indefinida como subsídio para a integral definida. » » Compreender as propriedades da integral indefinida na resolução de exercícios. » » Compreender as regras da integral indefinida aplicando os conceitos matemáticos básicos. » » Aplicar o Cálculo Diferencial para a resolução de alguns casos de integral indefinida.
1. INTEGRAL INDEFINIDA Ao estudar Matemática, você já deve ter se habituado a trabalhar com operações inversas: a subtração inversa da adição, a divisão inversa da multiplicação e radiciação e logaritmação como inversas da potenciação, por exemplo. Agora, é hora de aprender a integração (antidiferenciação ou antiderivação) como inversa da derivação (diferenciação). Quando você estudou diferenciação, viu situações em que havia uma função e era preciso obter, a partir dela, outra função, que chamamos de derivada. Agora, você fará o inverso. Isto é, é dada a derivada e será necessário encontrar a função original, que chamaremos de primitiva. Para isso, é importante conhecer as regras de derivação e as derivadas de várias funções. Veja a seguir a ilustração de algumas primitivas da função f(x) = 2.
Figura 1 – Representação de algumas curvas da família y = x2 + c. Fonte: Costa (2014).
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AULA 1 – INTEGRAL INDEFINIDA
Você pode criar os seus próprios gráficos. Busque pela ferramenta Geogebra, um software livre para fins didáticos, no site <www.geogebra.org.>.
Uma função F, que é a primitiva de uma função f(x) em um intervalo I, será chamada de integral ou antiderivada de uma função f em um intervalo I se F’(x) = f(x), para todo x em I. Para compreender melhor esse conceito, analise o seguinte exemplo. Se F for definida por F(x) = 4x³ + x² + 5, então F’(x) = 12x² + 2x. Desse modo, se f for a função definida por f(x) = 12x² + 2x, afirmamos que f é a derivada de F, F é integral de f, e F é a primitiva de f(x). Da mesma forma, se G for a função definida por G(x) = 4x³ + x² – 17, então G também será uma integral de f, pois G’(x) = 12x² + 2x. Com isso, toda função dada por 4x³ + x² + c, com c uma constante qualquer, é uma integral de f. Para afirmar que qualquer integral particular de f em um intervalo I será dada por F(x) + c, em que c é uma constante arbitrária, chamada de constante de integração, é necessário utilizar dois teoremas. » » Teorema 1: Se f e g forem duas funções, tais que f’(x) = g’(x) para todo x no intervalo I, então haverá uma constante k, tal que f(x) = g(x) + k , para todo x em I. » » Teorema 2: Se F for uma integral particular de f em um intervalo I, então toda integral de f em I será dada por F(x) + c (1), em que c é uma constante arbitrária e todas a as integrais de f em I poderão ser obtidas de (1), atribuindo-se certos valores a c. Logo, integração ou antidiferenciação é o processo de encontrar o conjunto de todas as integrais de uma dada função. O símbolo ∫ denota a operação: ∫ f(x)dx = F(x) + c, em que F’(x) = f(x) e d(F(x)) = f(x)dx
Integral indefinida é uma família de antiderivadas de uma dada função.
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CÁLCULO INTEGRAL
Foi o matemático e filósofo alemão Gottfried Leibniz quem introduziu a convenção de escrever a diferencial de uma função após o símbolo de integração. Ele viveu entre 1646 e 1716 e foi um gênio universal, um dos fundadores da ciência moderna (TENT, 2012).
Como a integração é a operação inversa da derivação, os teoremas sobre integração podem ser obtidos dos teoremas sobre derivação. Assim, são válidos os seguintes teoremas: » » Teorema 3: ∫ dx = F(x) + c . Quando você derivar x + c, ou seja, d(x + c), obterá dx. Logo, ∫ dx = F(x) + c. » » Teorema 4: ∫ af (x)dx = a ∫ f(x)dx, em que a é uma constante. Ou seja, para determinarmos uma integral do produto entre uma constante e uma função, achamos primeiro uma integral da função, multiplicando-a, em seguida, pela constante. Veja a seguir um exemplo de aplicação desses dois teoremas. Exemplo 1
2x + c » » Teorema 5: Se f1 e f2 estão definidas no mesmo intervalo, então ∫ [f1(x) + f2(x)]dx = ∫ f1(x)dx + ∫ f2(x)dx. Em outras palavras, a integral da soma de funções é a soma das integrais dessas funções. Ou seja, para encontrar a integral da soma de funções, você deve primeiro encontrar a integral de cada uma das funções separadamente e, então, somar os resultados, ficando subentendido que ambas funções estão definidas no mesmo intervalo. Tal teorema pode ser estendido a um número finito de funções. Exemplo 2
O segundo termo da soma de integrais você já sabe calcular utilizando o teorema 4. Porém, você ainda não aprendeu como resolver a primeira integral dessa soma. Não se preocupe: em breve, você poderá resolver por completo o exemplo 2.
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AULA 1 – INTEGRAL INDEFINIDA
Combinando os teoremas 4 e 5, temos o seguinte: Teorema 6: Se f1 , f2, ..., fn estão definidas no mesmo intervalo, ∫ [c1f1(x) + c2f2(x) + c3f3(x) + ... + cnfn(x)]dx = c1 ∫ f1(x)dx + c2 ∫ f2(x)dx + ... + cn ∫ fn(x)dx, em que c1, c2, ... , cn são constantes. Exemplo 3
» » Teorema 7: Se n for um número racional,
, com n ≠ –1
Exemplo 4
Figura 2 – Representação da função f(x) = x2 e da ∫ x2 dx Fonte: Costa (2014).
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Agora, é hora de retomar o exemplo 2. Agora que você já aprendeu o Teorema 7, podemos concluir a resolução dele. Você chegou até o seguinte passo da resolução:
Vamos prosseguir utilizando o Teorema 7 no primeiro termo da soma de integrais. Na segunda parte, é só usar o Teorema 3.
Como c1 e c2 são constantes arbitrárias, podemos escrever a expressão da seguinte forma: x² + 5x + c » » Teorema 8: ∫ senx dx = – cosx + c.
Figura 3 – Representação gráfica do Teorema 8. Fonte: Costa (2014).
» » Teorema 9: ∫ cosx dx = senx + c. » » Teorema 10: ∫ sec2x dx = tgx + c.
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AULA 1 – INTEGRAL INDEFINIDA
Figura 4 – Representação gráfica do Teorema 10. Fonte: Costa (2014).
» » Teorema 11: ∫ cosec2x dx = –cotgx + c. » » Teorema 12: ∫ secx tgx dx = secx + c. » » Teorema 13: ∫ cosecx cotgx dx = –cosecx + c. Exemplo 5 ∫ (3secx tgx – 5cosec2x)dx Resolução Aplicando os Teoremas 12 e 11, temos:
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Figura 5 – Representação gráfica do exemplo 5. Fonte: Costa (2014).
É importante relembrar algumas importantes identidades trigonométricas, pois estas são muito usadas quando calculamos integrais envolvendo funções trigonométricas. Destacamos as descritas a seguir como bastante importantes:
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AULA 1 – INTEGRAL INDEFINIDA
Exemplo 6
Na sua vida como engenheiro, você poderá enfrentar situações nas quais, por exemplo, você conhece a função da velocidade escalar v em um movimento e precisa encontrar a função horária (ou função de posição) s. Você sabe como fazer isso? Será preciso tomar a derivada
para, a partir dela,
encontrar uma função s, cuja derivada é dada. Considerando v(t) = 2t, você terá de achar s tal que
Outra situação seria encontrar uma função f, conhecendo, em cada x do seu domínio, a inclinação da reta tangente ao gráfico em determinado ponto. Ou seja, queremos encontrar f, conhecendo f’. Por exemplo, sendo
, queremos achar f.
As integrais são usadas até mesmo na Economia, quando é dada a função custo marginal e você precisa encontrar a função custo total. Para resolver problemas como esses, você terá de encontrar uma integral específica que satisfaça determinadas condições – chamadas inicial ou lateral – conforme elas ocorram no ponto inicial ou para os extremos do intervalo de definição da variável. Acompanhe os exemplos. Exemplo 7 A velocidade escalar em um movimento é dada por v(t) = t2⁄3. Ache a função horária do movimento, sabendo que essa função vale 1 no instante t = 0. Resolução Temos:
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Ou seja:
Sabemos que s(0) = 1. Fazendo t = 0 na equação anterior, resulta em s(0) = c, ou seja, 1 = c. Substituindo na expressão s(t), obtemos:
que é a função horária do movimento, sabendo que ela vale 1 no instante t = 0.
Figura 6 – Representação gráfica do exemplo 7. Fonte: Costa (2014).
Exemplo 8 a) O custo marginal para produção de uma quantidade x de um bem é dado por Sabendo que o custo fixo é 40, determine a função custo.
.
b) O custo médio marginal relativo à produção de um bem é dado por Calcule o custo total, sabendo que o custo para produzir uma unidade (x = 1) é 79. Resolução a) A definição geral do conceito marginal em Economia refere-se à derivada das funções receita, lucro e custo médio, acrescidas do índice inferior mg. Tomando
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, logo:
AULA 1 – INTEGRAL INDEFINIDA
Ou seja:
O custo fixo é obtido considerando x = 0 na expressão anterior, então, C(0) = c. Sabemos que o custo fixo é 40, logo, c = 40. Assim, substituindo na expressão de C(x), obtemos:
Figura 7 – Representação gráfica do exemplo 8 (a). Fonte:Costa (2014).
b) Temos:
Logo:
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CÁLCULO INTEGRAL
Nesse caso, não foi dada uma condição inicial para Cm, ou seja, não foi adiantado nenhum valor dessa função. Se isso fosse feito, permitiria a determinação da constante c. Isso não é relevante, pois foi informada uma condição inicial para C. Como
, de modo que C(x) = x Cm(x):
Usando a informação de que C(1) = 79 e substituindo na expressão: C(x) = x3 – 12x2 + 30 + cx, temos:
Portanto: C(x) = x3 – 12x2 + 30 + 60 16
AULA 1 – INTEGRAL INDEFINIDA
Figura 8 – Representação gráfica do exemplo 8 (b). Fonte: Costa (2014).
Exemplo 9 Em qualquer ponto (x,y) de determinada curva, a reta tangente tem uma inclinação igual a 4x – 5. Considere f(x) ⊂ IR. Se a curva contém o ponto (3,7), encontre sua equação. Resolução Como a inclinação da reta tangente a uma curva em qualquer ponto (x,y) é o valor da derivada nesse ponto, temos:
A equação y = 2x2 – 5x + c representa uma família de curvas. Mas objetivamos encontrar a curva dessa família que contém o ponto (3,7) e, para tanto, devemos substituir x por 3 e y por 7, obtendo: 7 = 2(9) – 5(3) + c 7 = 18 – 15 + c c=4
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Ao substituir c por 4 na equação y = 2x2 – 5x + c, obteremos a equação da curva pedida, que é: y = 2x2 – 5x + 4
Figura 9 – Representação de algumas curvas da família y = 2x2 – 5x + c , da curva y = 2x2 – 5x + c e da reta com inclinação y = 4x – 5. Fonte: Costa (2014).
O gráfico anteriormente representado foi construído com auxílio da ferramenta ZGrapher, que é um software livre, disponível para download em <http://download.cnet.com/ZGrapher/3000-2053_4-10350845. html>. Você mesmo pode criar seus gráficos com ele!
No gráfico, podemos observar que as parábolas coloridas representam parte da família de curvas y = 2x2 – 5x + c. A curva em vermelho é a curva da família y = 2x2 – 5x + c que contém o ponto (3,7). Muitas integrais não podem ser calculadas de forma imediata utilizando os teoremas que você viu até aqui. Portanto, é preciso aprender algumas técnicas que o auxiliarão na resolução dessas integrais. Para facilitar o trabalho na aplicação dessas técnicas, veja a seguir uma tabela básica de primitivas. Tabela 1 - Tabela básica de primitivas
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AULA 1 – INTEGRAL INDEFINIDA
Fonte: Boulos (1999).
Você pode encontrar outras tabelas de integrais mais completas nos livros que constam nas referências desta aula.
2. ALGUMAS TÉCNICAS DE INTEGRAÇÃO Mesmo com as técnicas de integração, encontrar a primitiva de uma função nem sempre é uma tarefa fácil. É muito grande a quantidade de situações em que artifícios matemáticos específicos devem ser utilizados, os quais têm base nos métodos que você verá a seguir. » » Teorema 14: a regra da cadeia (ou encadeamento) para a antidiferenciação Considere ɡ uma função diferenciável, e o intervalo I é a imagem de ɡ. Suponha que f seja uma função definida em I e que F seja uma antiderivada de f em I. Então:
Como um caso particular do teorema 14, a partir do teorema 7, temos a fórmula da potência generalizada para a integral a seguir, que é o próximo Teorema. Teorema 15: se ɡ for uma função diferenciável e se n for um número racional
Exemplo 10 Calcule
.
Resolução
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CÁLCULO INTEGRAL
Temos que ɡ(x) = 3x + 4 então ɡ’(x)dx = 3dx. Assim, precisamos de um fator de 3 que acompanhe dx para dar ɡ’(x)dx . Assim, escrevemos:
Do teorema 15, com ɡ(x) = 3x + 4 e ɡ’(x)dx = 3dx, temos:
Exemplo 11 Encontre fx2(5 + 2x3)8 dx. Resolução Note que, se ɡ(x) = 5 + 2x3, então e ɡ’(x)dx = 6x dx. Como fx2(5 + 2x3)8 dx = f (5 + 2x3)8 (x2)dx, precisamos de um fator 6 que acompanhe x dx para obtermos ɡ’(x)dx. Dessa forma, escrevemos:
Aplicando o teorema 15, com ɡ(x) = 5 + 2x e ɡ’(x)dx = 6x dx, obtemos:
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AULA 1 – INTEGRAL INDEFINIDA
Exemplo 12 Calcule ∫ x cos2x dx. Resolução Tomando ɡ(x) = 2x2 então ɡ’(x)dx = 2x dx. Como ∫ x cos2x dx = ∫(cosx2) (x dx), precisamos de um fator 2 acompanhando x dx para obtermos ɡ’(x)dx. Assim, escrevemos:
Segundo o teorema 14:
Se, nessa fórmula, ∫ for a função cosseno, então F será a função seno, e teremos:
Sempre que você quiser conferir se o resultado de sua integração está correto, basta derivá-lo. Se você encontrar o integrando, ou seja, o termo que aparece após o símbolo de integração, então você integrou a função corretamente.
Às vezes, é possível calcular integrais fazendo uma mudança de variável, recurso muito útil quando você tem o produto de funções em que uma delas é a derivada da outra. Esse artifício facilita a visualização da integral que você tem a resolver. A seguir, você conhecerá um método de integração, que advém do método que você acabou de aprender.
2.1 INTEGRAÇÃO POR SUBSTITUIÇÃO (OU POR MUDANÇA DE VARIÁVEL) A integração por substituição (ou por mudança de variável) é baseada na Regra da Cadeia. Assim, poderíamos utilizá-la para resolver os exemplos 10, 11 e 12. A ideia de usar a Integração por Substituição é substituir uma integral relativamente complicada por uma mais simples. Para isso, basta mudar a variável x por uma nova variável u, que é uma função de x. O maior desafio desse método de integração é descobrir uma substituição apropriada. Você deve tentar escolher u como uma função cuja derivada também faça parte do integrando. E, se isso não der certo, tente escolher u como uma parte complicada do integrando.
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CÁLCULO INTEGRAL
É comum cometer erros na escolha da substituição e, por isso, se algo der errado na primeira tentativa, tente outra alteração.
Agora, veja como ficariam as resoluções dos exemplos 10, 11 e 12 utilizando a Integração por Substituição. Exemplo 13 Calcule
.
Resolução
Como u = 3x + 4, temos:
Exemplo 14 Encontre fx2(5 + 2x3)8 dx Resolução
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AULA 1 – INTEGRAL INDEFINIDA
Como u = 5 + 2x2, temos:
Exemplo 15 Calcule ∫ x cos2x dx. Resolução
Como u = x2, então:
Você percebeu que utilizar o método da substituição simplificou o uso do método da Regra da Cadeia? Você também poderia ter resolvido esse exemplo de outra forma. Observe:
Assim:
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Como
, temos:
Veja agora outro exemplo. Exemplo 16 Determine Resolução Seja u = 1 + x
.
x = u – 1
du = dx
Temos:
Ao aplicar o quadrado da diferença, temos:
Multiplicando tudo que está entre parênteses por u1/2, obtemos:
Como u = 1 + x, temos:
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AULA 1 – INTEGRAL INDEFINIDA
Em ɡ(x), se você considerar c = 0, obterá a seguinte representação gráfica:
Figura 10 – Representação gráfica do exemplo 14. Fonte:Costa (2014).
Exemplo 17 Calcule ∫ sen x cos x dx. Resolução Note que o fator cos x é a derivada de sen x, então fazemos u = sen x. Logo, du = cos x dx . Substituindo em ∫ sen x cos x dx, temos:
Figura 11 – Representação gráfica do exemplo 14. Fonte: Costa (2014).
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CÁLCULO INTEGRAL
O que você acabou de conhecer sobre integral indefinida e as técnicas de integração será extremamente importante e necessário para que você avance no estudo do Cálculo Integral. É um conteúdo fundamental para que você entenda a integral indefinida, ou seja, o valor numérico da variação da primitiva de uma função contínua em um intervalo [a, b], nesse intervalo. Em outras palavras, conhecendo ∫ f(x)dx, você pode encontrar o valor numérico dessa integral em um intervalo [a, b], que é .
Toda técnica de integração é limitada, ou seja, pode resolver algumas integrais, mas não todas.
Você aprenderá como resolver integrais indefinidas na aula 3. Por enquanto, o que você precisa saber é que o conceito de integral indefinida, bem como seus teoremas e suas técnicas de integração, é muito importante para que você possa aprender integral definida e avançar no estudo do Cálculo Integral.
CONCLUSÃO O Cálculo Diferencial e Integral será uma ferramenta muito útil para sua formação profissional. Nesta aula, você aprendeu algumas regras e conceitos básicos que você utilizará para resolver problemas futuros, que você verá em aulas mais à frente. Você viu algumas aplicações do Cálculo Diferencial e, mais especificamente, da Integral. Estudou a definição de integral indefinida e as visualizou como uma família de antiderivadas de determinada função. A partir daí, você estudou diversos teoremas que permitem encontrar as primitivas das funções conhecendo sua derivada, bem como as técnicas de integração. Assim, você deu um grande passo para aprender sobre a Integral Definida, que está diretamente ligada ao cálculo da área de regiões curvilíneas. Com isso, você deve ter percebido que a integral é muito importante na construção de modelos matemáticos que permitirão resolver situações-problema do cotidiano de seu ambiente de trabalho. Na próxima aula, você conhecerá mais um método de integração. Até lá!
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AULA 2 Método de Integração por Partes
INTRODUÇÃO Na aula 1, você aprendeu sobre a integral indefinida e conheceu duas técnicas de integração para encontrar integrais não imediatas: a Regra da Cadeia para a Antidiferenciação e a Integração por Substituição (ou Mudança de Variável). Agora, é hora de estudar a Integração por partes. Assim como os métodos de integração estudados anteriormente, consiste em calcular integrais não imediatas. Essa técnica, no entanto, deve ser utilizada para determinar a integral do produto de duas funções diferenciáveis, em que uma não é a derivada da outra. Você utilizará a Integração por partes, por exemplo, quando você precisar encontrar a distância percorrida por uma partícula, em função do tempo, quando você já conhecer a velocidade. Isso é válido para os casos em que a velocidade for expressa pelo produto entre duas funções (uma não derivada da outra) e a integração de uma delas não for trivial. Consegue perceber que nem a integração direta nem os métodos de integração que você aprendeu até agora o ajudarão a solucionar esse problema? Para que você consiga soluções para situações como essa, você aprenderá o método da Integração por partes.
CÁLCULO INTEGRAL
OBJETIVOS » » Compreender que nem sempre é possível aplicar as regras de integração diretas para resolver um exercício. » » Aplicar os conceitos de derivada para calcular exercícios e problemas que envolvem Integração por partes.
1. INTEGRAÇÃO POR PARTES Você vai aprender agora uma técnica empregada na integração do produto de duas funções em que uma é facilmente integrável e a outra pode ser simplificada quando derivada. É a Integração por partes. Ela é diferente da Integração por Substituição, usada quando você precisa integrar, por vezes, o produto de duas funções quando uma é a derivada da outra. Na Integração por Substituição, as funções não têm as mesmas características, isto é, um termo do produto no integrando não é a derivada do outro. Você já sabe que para cada regra de derivação existe uma regra correspondente para a integração. Logo, a Integração por partes corresponde à Regra do Produto para a derivação. Assim, o método de Integração por Partes é obtido da fórmula da derivada do produto de duas funções diferenciáveis. Então, considerando ʃ(x) e ɡ(x) funções diferenciáveis, temos: Quando integramos ambos os membros da expressão anterior, obtemos:
Assim, obtemos a primeira fórmula de integração por partes: (2.1) Para facilitar os cálculos, é mais conveniente escrever a fórmula que você acabou de conhecer, considerando: u = ʃ(x) v = ɡ(x) Então: du = ʃ’(x) dx dv = ɡ’(x) dx Substituindo esses novos elementos em (2.1), a fórmula de integração por partes passa a ser: ʃ u dv = uv – ʃ v du (2.2) O objetivo de se usar a integração por partes é obter uma integral mais simples de calcular do que a inicial.
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AULA 2 – MÉTODO DE INTEGRAÇÃO POR PARTES
O primeiro passo é selecionar, entre os fatores do produto, o que será integrado e o que será derivado. Mas essa escolha nem sempre é fácil. Ao eleger quem será u e quem será dv, geralmente, u deve ser a função que se torna mais fácil quando derivada. Assim, você obterá du. Por sua vez, dv deve ser uma função que seja prontamente integrada para fornecer v. Para entender melhor, observe o exemplo. Exemplo 1 Calcule ʃ x lnx dx. Resolução Qual função você chamará de u e qual chamará de dv? É importante saber que, para encontrar v, precisamos saber integrar dv. Por isso, é melhor considerar: dv = x dx u = lnx Essa é a melhor opção, pois a ʃ x lnx dx é mais complicada que ʃ x dx. Lembre-se de que, para usar a fórmula da Integração por partes, você deve derivar u a fim de obter du e integrar dv para conhecer v. Concorda que é mais conveniente derivar lnx do que integrá-la? Então:
e se: u = lnx, então:
Da expressão (2.2), decorre que:
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CÁLCULO INTEGRAL
Note que os termos em destaque são simétricos e, por isso, se anulam.
Como c1 e c2 são constantes arbitrárias, você pode escrever a solução do exemplo 1 da seguinte forma:
Colocando
em evidência, você obterá:
Figura 11 –Representação gráfica de algumas primitivas da ʃ x lnx dx. Fonte: Costa (2014).
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AULA 2 – MÉTODO DE INTEGRAÇÃO POR PARTES
Exemplo 2 Calcule
.
Resolução Para facilitar sua visualização para a escolha de dv e u, você deve reescrever a integral como . Usando esse artifício, você deve escolher:
Então:
Para resolver a integral anterior, você deve usar o método da substituição. Assim: u = x2 e du = 2x dx Desse modo, precisamos de um fator 2 que acompanhe x dx. Daí, temos:
Agora você já tem todos os termos necessários para substituir na fórmula da Integração por partes (2.2):
Então, temos:
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CÁLCULO INTEGRAL
Substituindo o termo em destaque pelo resultado que encontramos para essa integral anteriormente, obtemos:
Figura 13 – Representação gráfica de algumas primitivas da Fonte: Costa (2014).
Exemplo 3 Ache ∫ x cos xdx. Resolução Considere: u=x dv = cos x dx Assim, temos:
Logo:
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.
AULA 2 – MÉTODO DE INTEGRAÇÃO POR PARTES
v = sen x Substituindo na fórmula da integração por partes, obtemos:
Figura 14 – Representação gráfica de algumas primitivas da ∫ x cos xdx. Fonte: Costa (2014).
Quer ver como é importante fazer as escolhas certas para facilitar o cálculo? Observe o que aconteceria se tivéssemos resolvido o exemplo de outra forma, considerando: u = cosx dv = x dx Daí, teríamos:
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CÁLCULO INTEGRAL
Substituindo na fórmula da Integração por partes (2.2), ficaria:
Como você dever ter notado, a integral do segundo termo é bem mais complicada do que a que tínhamos inicialmente em:
Isso indica que as escolhas feitas para u e dv não foram boas, pois, em vez de facilitar seu trabalho na integração, acabou dificultando a operação.
Caso você não faça, inicialmente, a decisão correta ou mais conveniente na hora de obter u e dv, inverta a escolha e recomece o trabalho!
Para o cálculo de algumas integrais, às vezes é necessário utilizar a fórmula da integração por partes mais de uma vez. Veja o exemplo a seguir. Exemplo 4 Calcule ʃ x2 ex dx.
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AULA 2 – MÉTODO DE INTEGRAÇÃO POR PARTES
Resolução Seja: u = x2 dv = ex dx Então:
Assim: v = ex
Observe que suprimimos a constante de integração c em v. Isso pôde ser feito porque todas as constantes que aparecem no desenvolvimento da integração por partes podem ser substituídas por uma única, que pode ser acrescida no final do processo de integração.
Substituindo os dados obtidos na fórmula da integração por partes, temos:
Aplicando a integração por partes no segundo termo, temos:
Então:
35
CÁLCULO INTEGRAL
Voltando ao problema inicial, você terá:
Figura 15 – Representação de algumas primitivas da ʃ x2 ex dx. Fonte: Costa (2014).
Frequentemente, você também vai usar a Integral por partes quando o integrando for logaritmo e funções trigonométricas inversas. Acompanhe. Exemplo 5 Determine a ʃ tg-1 x dx. Resolução Neste caso, você deverá tomar: u = tg-1 x dv = dx Como tg-1 x = arctg x (ou seja, a função inversa da tg), então: , então v = x Substituindo os dados na fórmula da Integração por partes (2.2), temos:
Você deve usar o método da substituição para resolver a integral que aparece ao usar a fórmula da Integração por partes. Assim, tomando u = 1 + x2, então du = 2x dx. Logo, quando você substituir os dados anteriores em
36
, obterá:
AULA 2 – MÉTODO DE INTEGRAÇÃO POR PARTES
Retomando, então, a resolução, você terá:
Figura 16 – Representação gráfica de algumas primitivas da ʃ tg-1 x dx. Fonte: Costa (2014).
Você percebeu que os métodos de integração não são utilizados sempre de forma isolada? Você pôde ver, nos exemplos anteriores, que utilizamos o método da substituição (ou mudança de variável) porque a integral gerada na aplicação da fórmula de Integração por partes não pôde ser resolvida de forma direta. Portanto, fique atento!
37
CÁLCULO INTEGRAL
Agora que você já aprendeu a usar o método da Integração por partes, está pronto para observar como ele se aplica em situações reais. Exemplo 6 A taxa estimada de produção de petróleo de certo poço em t anos após o início da produção é dada por: R(t) = 100 t e–0,1t milhares de barris por ano. Encontre uma expressão que descreva a produção total de petróleo ao final do ano t. Resolução: Seja T(t) a produção total de petróleo do poço ao final do ano t (t ≥ 0). Então, a taxa de produção de petróleo será dada por T’(t) barris de petróleo por ano. Logo:
Assim:
Você utilizará o método da Integração por partes para resolver esse problema. Então, você deve escolher: u=t dv = e–0,1 dt Logo:
Para encontrar v, você deverá usar o método da substituição, ou seja, você resolverá a ʃ e–0,1 dt usando essa técnica. Então:
38
AULA 2 – MÉTODO DE INTEGRAÇÃO POR PARTES
Você precisa de um fator
que acompanhe dt. Portanto, terá:
Assim, temos: v = – 10e–0,1t Voltando à resolução de: T(t) = 100 ʃ t e–0,1t dt, você utilizará a fórmula da Integração por partes (2.2). Relembrando:
Colocando – 1000e–0,1t em evidência, reduzimos a expressão para: T(t) = – 1000e–0,1t (t + 10) + c, que é a expressão que descreve a produção total de petróleo ao final do ano. Exemplo 7 Após t segundos, um objeto se move a uma velocidade te –t/2 m/s. Expresse a distância s que o objeto percorre como função do tempo t. Resolução Como a velocidade é o quociente da distância (s) pelo tempo (t), temos:
39
CÁLCULO INTEGRAL
Como você quer saber s em função de t, deve então integrar os dois lados de (1). Desse modo:
Logo:
Como no produto das funções do integrando uma função não é derivada da outra, você não pode usar o método da substituição. Portanto, deve utilizar o método da Integração por partes. Logo, você deve escolher de forma conveniente quem vai ser u e quem vai ser dv. Como e –t/2 é uma função mais complicada de integrar, você deve escolhê-la para ser dv. Logo, você terá: dv = e –t/2 dt u=t Você deve encontrar du derivando u e v e integrando dv. Assim, você obterá os elementos necessários para usar a Integração por partes. Veja: u=t du = dt e
A ʃ e–/2 dt você resolverá usando o método da substituição. Então:
Assim:
40
AULA 2 – MÉTODO DE INTEGRAÇÃO POR PARTES
Então:
Voltando à resolução do exemplo e aplicando a fórmula da Integração por partes, temos:
Logo:
Você não pode se esquecer de somar a constante arbitrária c na expressão final. Dessa forma:
é a expressão da distância do objeto em função do tempo.
41
CÁLCULO INTEGRAL
CONCLUSÃO Nesta aula, você aprendeu mais uma técnica de integração: a Integração por partes. Ela permite que você calcule integrais não imediatas que têm como integrando o produto de duas funções em que uma não é derivada da outra. Você aprendeu que utilizar este método requer cuidado no momento de escolher a função mais difícil de integrar e a função mais simples de encontrar sua derivada. Só com a opção certa é que você deixará o cálculo da integral mais fácil. Durante a resolução dos exemplos abordados nesta aula, você observou que, por vezes, a aplicação desse método não é direta. Em alguns casos, você precisará usar a técnica da substituição para resolver a integral, que é o segundo termo da fórmula de integração por partes. Em outras situações, você terá de usar mais de uma vez o método de integração por partes para conseguir resolver a integral. Ao conhecer as técnicas de integração, você deve ter compreendido que elas são de fundamental importância para a resolução de muitas integrais indefinidas. Mas sua importância não para por aí. As técnicas de integração serão muito úteis no cálculo de integrais definidas, que é o assunto da nossa próxima aula. Até lá!
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AULA 3 Integral Definida
INTRODUÇÃO Você aprendeu nas aulas anteriores que a integração está diretamente relacionada ao cálculo da área de regiões limitadas por curvas. Mas o uso da integração também é útil na resolução de problemas relativos a volumes, comprimentos de arcos, distância percorrida por um objeto, centros de massa e em muitas outras situações. Você também compreendeu que a Integral Indefinida é uma família de antiderivadas (primitivas) de uma dada função. Assim, pôde perceber a importância da Integral Indefinida como pré-requisito ao aprendizado da Integral Definida, que é o assunto desta aula. A Integral Definida relaciona o conceito de área a outros conceitos importantes como comprimento, volume, densidade, probabilidade e trabalho. Você já tem uma ideia intuitiva do que se entende por área de certas figuras geométricas. Já conhece modelos matemáticos que lhe permitem calcular a área de alguns polígonos, por exemplo, o retângulo. Você deve se lembrar de que é possível definir a área de um polígono pela soma das áreas dos triângulos que o compõem.
CÁLCULO INTEGRAL
Porém, como definir a área de uma região limitada por uma curva? É isso que você vai aprender nesta aula. E, a partir desse esclarecimento, é que você aprenderá a definição de Integral Definida.
OBJETIVOS » » Compreender que a Integral Definida está associada à formalização matemática dos problemas de área e problemas que envolvem a Física. » » Compreender as propriedades da Integral Definida na resolução de exercícios.
1. INTEGRAL DEFINIDA Se você dividir um polígono em triângulos e calcular a área de cada um deles, conseguirá determinar a área total desse polígono.
Figura 16 – Decomposição de um polígono em triângulos. Fonte: Costa (2014).
Agora, como definir a área de uma região se ela for delimitada por uma curva? Para conseguir resolver problemas como esse, antes de tudo você precisa aprender a fazer somas com muitas parcelas. Para facilitar essa atividade, você utilizará a notação chamada somatória.
1.1. SOMATÓRIA A somatória é representada por ∑, a letra sigma maiúscula do alfabeto grego e é descrita, genericamente, da seguinte forma:
em que m e n são inteiros e m ≤ n. O número m é chamado limite inferior da somatória e n é o limite superior. O índice da somatória é comumente representado pela letra ∑, mas qualquer outra pode ser usada com o mesmo propósito. Para que você se familiarize com a notação de somatória, seguem alguns exemplos.
44
AULA 3 - INTEGRAL DEFINIDA
Exemplo 1:
Exemplo 2:
Exemplo 3:
Conheça agora alguns teoremas úteis envolvendo somatória. Teorema 1:
em que c é qualquer constante. Esse teorema é simples. Significa que a soma de termos iguais pode ser expressa como o produto desse termo (c) pelo número de vezes que ele é somado a si mesmo (n).
45
CÁLCULO INTEGRAL
Teorema 2:
em que c é uma constante qualquer. Neste teorema, você deve considerar que há uma constante que multiplica cada termo em uma soma de várias parcelas. Ou seja, cada termo da soma é multiplicado pela constante c. Coloque a constante em evidência para observá-la multiplicando a soma. Observe:
Teorema 3:
Você deve considerar F(i) e G(i), no primeiro termo da igualdade, como funções distintas que estão sendo somadas. Assim, você terá:
Por tratar-se de soma, você pode reescrevê-la da seguinte forma:
Logo, você obterá:
46
AULA 3 - INTEGRAL DEFINIDA
Teorema 4:
e
Em (1), quando você soma uma constante c aos limites inferior e superior, deve diminuí-la na função. Teorema 5:
Teorema 6: Se n for um inteiro positivo, então:
Essas quatro fórmulas são úteis ao cálculo com somatórias e estão numeradas para referências futuras. Exemplo 4 Calcule:
Resolução
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CÁLCULO INTEGRAL
Pelo teorema 3, você terá:
Pelo teorema 2, você obterá:
Pelas fórmulas 2 e 1 do teorema 6, você escreverá as somatórias como:
Simplificando o primeiro termo, você terá:
Agora que você já se familiarizou com a notação de somatória, é hora de entender como definir a área de uma região se ela for delimitada por uma curva.
1.2 REGIÕES DELIMITADAS POR CURVAS Você já domina os cálculos de polígonos formados por linhas retas, certo? Mas haverá situações nas quais você terá de lidar com áreas delimitadas por curvas. Observe a imagem a seguir.
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AULA 3 - INTEGRAL DEFINIDA
Figura 17 – Representação de uma região limitada por uma curva. Fonte: Costa (2014).
A figura mostra uma região R, no plano, limitada pelo eixo x, pelas retas x= a e x = b e pela curva de equação y= f (x), em que a função f é contínua no intervalo fechado [a,b]. Para facilitar a compreensão, considere f (x) ≥ 0 para todo x ∈ [a,b]. Objetiva-se atribuir à medida da área de R um número A, usando um processo de limite semelhante ao utilizado para definir a área de um círculo.
A área do círculo é definida como o limite das áreas dos polígonos regulares inscritos quando o número de lados cresce indefinidamente. Ou seja, quanto maior o número de lados do polígono inscrito no círculo, mais a área do polígono se aproximará da área do círculo (Método da Exaustão de Arquimedes).
Dessa forma, qualquer que seja o número escolhido para representar A, esse número deve ser tão grande quanto a medida da área de qualquer região poligonal contida em R e não deverá ser maior do que a área de qualquer região poligonal que contém R. É preciso, então, definir primeiramente uma região poligonal contida em R. Comece dividindo o intervalo [a,b] em n subintervalos e considere que cada uma desses subintervalos tem o mesmo comprimento, que será chamado ∆x. Logo, Denote os extremos desses subintervalos por x 0, x 1, x 2, ... , x n-1, x n, em que:
Seja [xi-1, xi] o i-ésimo subintervalo. Como f é contínua no intervalo fechado [a,b], também é contínua em cada um dos subintervalos. O teorema do valor extremo diz que se uma função f for contínua no intervalo fechado [a,b], então f terá um valor máximo absoluto e um valor mínimo absoluto em [a,b]. Assim, existe um número em cada subintervalo para o qual f tem um valor mínimo absoluto. No i-ésimo subintervalo, considerando ci esse número, f (ci) será o valor mínimo absoluto de f no subintervalo [xi-1, xi]. 49
CÁLCULO INTEGRAL
A interpretação da derivada como a inclinação de uma reta tangente nos dá informações sobre o comportamento das funções e, por isso, é usada em técnicas de gráficos de funções.
Figura 18 – Região R dividida em n retângulos inscritos de comprimento ∆x unidades e altura f (ci) . Fonte: Costa (2014).
Seja Sn unidades quadradas à soma das áreas desses n retângulos, então:
Ou seja, representando como somatória:
que dá a área dos n retângulos inscritos em R. Assim, não importa como A seja definido, mas ele deve ser tal que A ≥ Sn. Quanto menores forem os retângulos inscritos em R mais você se aproxima do número que A deseja encontrar para representar a medida da área da região R. Ou, seja, enquanto n cresce, os valores de Sn aumentam e diferem um do outro por quantidades arbitrariamente pequenas, tendendo a um limite. Esse limite é que será tomado como a definição da medida da área da região R.
50
AULA 3 - INTEGRAL DEFINIDA
Definição 1: Para obter a área sob uma curva, suponha que a função f seja contínua no intervalo fechado [a,b] com f (x) ≥ 0 para todo x ∈ [a,b] e R é a região limitada pela curva y= f (x), o eixo x e as retas x = a e x = b. Divida o intervalo [a,b] em n subintervalos, cada um com comprimento
e denote o i-ésimo subintervalo por [xi-1, xi]. Então, se f (ci) for o valor
funcional mínimo absoluto no i-ésimo subintervalo, a medida da área da região R será dada por:
Essa igualdade significa que, para todo ε > 0, existe um número N > 0 tal que, se n for um inteiro positivo e se n > N então:
Você poderia ter considerado retângulos circunscritos ao invés de retângulos inscritos, como mostra a próxima figura. Nesse caso, você tomaria como medida das alturas dos retângulos o valor máximo absoluto de f em cada subintervalo.
Figura 19 – Região R dividida em n retângulos circunscritos de comprimento ∆x unidades e altura f (ci) . Fonte: Costa (2014).
Exemplo 5 Ache a área da região limitada pela curva y = x2, o eixo x e a reta x = 3, tomando retângulos inscritos.
51
CÁLCULO INTEGRAL
Figura 20 – Representação gráfica do i-ésimo retângulo inscrito do Exemplo 8. Fonte: Costa (2014).
Resolução A figura mostra, na região da qual você deve encontrar a área, o i-ésimo retângulo inscrito. Aplique a definição, dividindo o intervalo fechado [0,3] em subintervalos, cada um com comprimento
Sendo:
52
AULA 3 - INTEGRAL DEFINIDA
e
e, também, como f é crescente em [0,3], o valor mínimo absoluto de f no i-ésimo subintervalo [xi-1, xi] é f (xi 1 ) . Logo, da definição:
Como xi-1 = (i -1) ∆x e f (x) = x2, você terá:
Logo:
Como:
Então:
53
CÁLCULO INTEGRAL
Ao utilizar as fórmulas (4) e (3) do teorema 6, você obterá:
Então, da definição, você obterá:
Assim, você pode concluir que a área da região é de 9 unidades quadradas.
54
AULA 3 - INTEGRAL DEFINIDA
Imagine agora um problema de Física. Você precisa achar a distância percorrida por um objeto durante certo período de tempo, conhecendo a velocidade do objeto em todos os instantes. Lembre-se de que, se a velocidade é constante, o problema é facilmente resolvido pela fórmula: distância = velocidade x tempo Se a velocidade variar, entretanto, o problema deixa de ser tão trivial. Veja como resolvê-lo. Exemplo 9 Suponha que você queira estimar a distância percorrida por um carro durante um intervalo de tempo de 30 segundos e que, a cada 5 segundos, a leitura do velocímetro é registrada. TEMPO (SEGUNDOS)
0
5
10
15
20
25
30
VELOCIDADE (M/S)
7,5
9,4
10,6
12,8
14,2
13,9
12,5
Figura 21 – Representação gráfica do Exemplo 9. Fonte: Stewart (2011).
Resolução Quando você traça os retângulos cujas alturas são as velocidades iniciais para cada intervalo de tempo, tem que a área do primeiro retângulo é 5 × 7.5 = 37.5, que corresponde ao cálculo da distância percorrida nos primeiros 5 segundos. Como a velocidade do automóvel não é constante, você deve supor que ele se move com velocidade v = f (t), em que a ≤ t ≤ b e f (t) ≥ 0 . Como o veículo se move sempre no sentido positivo, considere o registro das velocidades nos instantes t0 (=a), t1, t2, ... , tn (=b), de forma que a velocidade seja aproximadamente constante em cada subintervalo. Nesse caso, considere, também, os tempos igualmente espaçados e obterá duas leituras consecutivas como o período de tempo ∆t = (b - a)/n. Durante o primeiro intervalo de tempo, a velocidade é, aproximadamente, f (t0), e a distância percorrida é de f (t0)∆t. Da mesma forma, a distância percorrida no segundo intervalo é, aproximadamente, f (t1)∆t e a distância total percorrida no intervalo [a,b] é de:
Quanto maior a frequência com que você mede a velocidade, mais precisa será sua estimativa. Logo, parece pertinente que a distância exata percorrida pelo carro seja o limite da expressão anterior. Assim, você obterá:
55
CÁLCULO INTEGRAL
Agora que você já viu alguns exemplos para compreender os conceitos básicos desta aula, é hora de conhecer a Integral de Riemann.
2 A INTEGRAL DEFINIDA, OU INTEGRAL DE RIEMANN Considerea função f definida no intervalo fechado [a,b]. Divida esse intervalo em n subintervalos, escolhendo qualquer dos (n -1) pontos intermediários entre a e b. Os pontos intermediários são de tal forma que
Os pontos
não são necessariamente equidistantes. O comprimento do
primeiro subintervalo é ∆1x , de tal forma que subintervalo, tal que
é o comprimento do segundo
. E assim por diante, de forma que o comprimento do i-ésimo
subintervalo é O conjunto de todos esses subintervalos do intervalo [a,b] é uma partição do intervalo [a,b], representada por ∆, e com n subintervalos. Um desses subintervalos é o maior, chamado de norma da partição, e é denotado por . Agora você deve escolher um ponto em cada subintervalo da partição ∆: c1 é o ponto escolhido em de modo que . Considere c2 o ponto escolhido em , de maneira que e assim por diante. Ou seja, ci é o ponto escolhido em e .
Figura 22 – Representação gráfica das áreas parciais dos retângulos sob a curva Fonte: Costa (2014).
56
y = f (x) .
AULA 3 - INTEGRAL DEFINIDA
Forma-se, então, a soma:
ou:
Essa é a soma de Riemann.
O matemático Georg Friedrich Bernhard Riemann nasceu em 1826 em Breselenz, na Alemanha. Ele tornou claro o conceito de integrabilidade de uma função por meio do que chamamos hoje de Integral de Riemann, ou Integral Definida. Em 1859, publicou seu único trabalho em Teoria dos Números: um artigo dedicado ao Teorema dos Números Primos. Riemann morreu de tuberculose em 1866, em Selasca, na Itália (ANTON; DAVIS, 2007).
Generalizando a definição de área sob uma curva, para permitir subintervalos de comprimentos diferentes, você deve substituir o comprimento constante ∆x pelos comprimentos variáveis ∆ix. Assim:
é substituída por:
Você também deve trocar a expressão por outra que garanta que os comprimentos de todos os intervalos tendam a zero. Para isso, você utilizará . Observação Se:
57
CÁLCULO INTEGRAL
então:
A razão para:
é que b > a e ∆x tende a zero através dos valores positivos, pois ∆x > 0. Desses limites, conclui-se que ∆x → 0 é equivalente a n → +∞. Dessa afirmativa, decorre que:
Pelo conceito intuitivo de área, espera-se que a área sob a curva y - f(x) no intervalo [a,b] satisfaça a equação:
Definição 2: Considere uma função f cujo domínio inclui o intervalo fechado [a,b]. Então, f será integrável em [a,b] se existir um número L que satisfaça a seguinte condição: para todo ∈> 0, existe um δ > 0 tal que, em toda partição ∆ para a qual ||∆|| < δ, com ci no intervalo fechado , i = 1, 2, ..., n tem-se:
Nessas condições, escreve-se:
58
AULA 3 - INTEGRAL DEFINIDA
Essa definição estabelece que, para uma dada função f definida no intervalo fechado [a,b], você pode tornar os valores das somas de Riemann tão próximos de L quanto desejar, considerando as normas ||∆|| de todas as partições ∆ de [a,b] suficientemente pequenas para todas as escolhas possíveis dos números ci para os quais Agora, você já tem subsídios para compreender o conceito de integral definida. Definição 3: Se f for uma função definida no intervalo [a,b], então a integral definida de f de a até
b, denotada por
, se o limite existir, será dada por:
A afirmação “a função f é integrável no intervalo fechado [a,b]“ é sinônima da de “a integral definida de f de a até b existe”.
Você sabe dizer sob que condições uma função é integrável? Você saberá a resposta ao compreender o próximo teorema. Teorema 7: Se uma função for contínua no intervalo fechado [a,b], então ela será integrável em [a,b]. Você se lembra da figura que ilustra a área sob uma curva? A partir dela, você terá a próxima definição.
Figura 23 – Representação de uma região limitada por uma curva. Fonte: Costa (2014).
Definição 4: Seja uma função f contínua em [a,b] e f (x) ≥ 0 para todo x em [a,b]. R é a região limitada pela curva y = f (x) , pelo eixo x e pelas retas x = a e x = b. Então, a medida A da área da região R é dada por:
59
CÁLCULO INTEGRAL
Essa definição estabelece que, se f (x) ≥ 0 para todo x em [a,b], com a < b, a integral definida poderá ser interpretada geometricamente como a medida da área da região R mostrada na imagem. Considere que, no intervalo em que f é contínua, você tenha a> b. Então:
se
existir.
Definição 5: Agora, suponha que f(a) existe. Então:
Exemplo 10 Ache o valor exato da integral definida
. Interprete, geometricamente, o resultado.
Resolução Considere uma partição regular do intervalo fechado [1,3] em n subintervalos. Então:
Escolha ci como o extremo direito de cada subintervalo, e você obterá:
Como
60
:
AULA 3 - INTEGRAL DEFINIDA
Logo, usando o item (1) da observação e aplicando os teoremas da somatória e a definição da área sob uma curva, você terá:
Interpretando geometricamente o resultado, como x ≥ 0 para todo x em [1,3], a região limitada pela curva y = x2, pelo x e pelas retas x = 1 e x = 3 tem 26/3 unidades quadradas de área, como mostra a próxima figura.
61
CÁLCULO INTEGRAL
Figura 24 – Representação gráfica do Exemplo 10. Fonte: Costa (2014).
2.1 PROPRIEDADES DA INTEGRAL DEFINIDA O cálculo de uma Integral Definida a partir da definição é muito trabalhoso e, por vezes, impossível. Para que se estabeleça um método mais simples, você precisa conhecer algumas propriedades da integral definida. Primeiramente, você precisa estudar os teoremas sobre as somas de Riemann. Teorema 8: Se ∆ for qualquer partição do intervalo fechado [a,b], então:
Teorema 9: Se f for definida no intervalo [a,b], e se existe:
em que ∆ é qualquer partição de [a,b], então se k for uma constante qualquer:
Teorema 10: Se k for uma constante qualquer, então:
62
AULA 3 - INTEGRAL DEFINIDA
Observe a figura a seguir.
Figura 25 – Representação gráfica do Teorema 9. Fonte: Costa (2014).
De acordo com a imagem, se k > 0, a Integral Definida
dará a medida da área da região
sombreada, que é um retângulo cujas dimensões são k unidades e (b - a) unidades. Exemplo 11 Calcule
.
Resolução Aplicando o teorema 10, você tem:
Teorema 11: Se a função f for integrável no intervalo fechado [a,b] e se k for uma constante qualquer, então:
Como f é integrável em [a,b]:
Então, pelo teorema 9:
63
CÁLCULO INTEGRAL
Logo:
Teorema 12: Se as funções f e g forem integráveis em [a,b], então f + g será integrável em [a,b] e:
Exemplo 12 Use o resultado do exemplo 10 e o fato de que
para calcular
Resolução No exemplo 10, Das propriedades da Integral Definida, você terá:
Teorema 13: Se a função f for integrável nos intervalos fechados [a,b], [a,d] e [d,b], então:
64
.
AULA 3 - INTEGRAL DEFINIDA
em que a < d < b. Teorema 14: Se f for integrável em um intervalo fechado contendo os números a, b e d, então:
não importando a ordem de a, b e d. Teorema 15: Se as funções f e g forem integráveis no intervalo fechado [a,b] e se f (x) ≥ 0 g (x) para todo x em [a,b] , então:
A figura a seguir representa a interpretação geométrica do teorema 15, quando f (x) e g (x) são não negativas em [a,b].
Figura 26 – Representação gráfica do Teorema 14. Fonte: Leithold (2002).
Observe na figura que f (x) ≥ g (x) ≥ 0 para todo x em [a,b]. A integral definida
dá
a medida a área da região limitada pela curva y = f (x) , pelo x e pelas retas x =a e x = b. Já dá a medida da área da região limitada pela curva y = g(x), pelo eixo x e pelas retas
x= a e x = b (região sombreada). Teorema 16: Suponha que a função seja contínua no intervalo fechado . Se e forem, respectivamente, os valores mínimo e máximo absolutos de em , ou seja:
para a ≤ x ≤ b, então:
65
CÁLCULO INTEGRAL
Figura 27 – Representação gráfica do Teorema 15. Fonte: Leithold (2002).
Na imagem f (x) ≥ 0 para todo x em [a,b]. Além disso, m e M são, respectivamente, os valores mínimo e máximo absolutos de f em [a,b]. A integral
dá a medida da área da região
limitada pela curva y = f (x), pelo eixo x e pelas retas x = a e x = b. Essa área é maior do que a do retângulo, cujas dimensões são m e (b - a) e menor que a do retângulo cujas dimensões são M e (b - a). Exemplo 13 Aplique o teorema 16 para determinar um intervalo fechado que contenha o valor da Integral Definida . Considere que f tem um valor mínimo relativo de 1 em x = 3 e um valor máximo relativo de 5 em x = 1 . Resolução Segundo o enunciado, sabemos que o valor mínimo de f em [½,4] é 1 e o valor máximo é 5. Tome m = 1 e M = 5 no teorema 15:
Logo, o intervalo fechado
contém os valores da Integral Definida.
Exemplo 14 Aplique o teorema 16 para encontrar o intervalo fechado contendo o valor da Resolução Se:
66
.
AULA 3 - INTEGRAL DEFINIDA
Para
.
Como f’ (x) > 0 quando
quando
valor máximo relativo em
.
Além disso,
e
, segue que f tem um
. Assim, em
o valor mínimo
absoluto de f é 0,841 e o valor máximo absoluto é 1. Dessa forma, com m = 0,841 e M = 1, no teorema 15, você tem:
Logo, o valor da Integral Definida está no intervalo fechado [1,32 , 1,57] . Existe, também, outra propriedade importante: o Teorema do Valor Médio para Integrais. Você precisará compreendê-lo para entender o primeiro Teorema Fundamental do Cálculo, que será apresentado mais adiante.
2.2 TEOREMA DO VALOR MÉDIO PARA INTEGRAIS Veja a ilustração a seguir para fazer a interpretação geométrica do teorema do valor médio para integrais.
Figura 28 – Representação gráfica do Teorema do Valor Médio para Integrais. Fonte: Leithold (2002).
67
CÁLCULO INTEGRAL
Considere f (x) ≥ 0 para todos os valores de x em [a,b]. Então,
dá a medida da área
da região limitada pela curva de equação y = f (x) , pelo eixo x e pelas retas x= a e x = b. O teorema do valor médio para integrais estabelece que existe um número x em [a,b] tal que a área do retângulo AEFB com altura f (x) unidades e comprimento (b - a) unidades seja igual à área da região ADCB. Teorema 17 (Teorema do valor médio para integrais): Se a função f for contínua no intervalo fechado [a,b], existe um número x em [a,b] tal que:
Exemplo 15 Ache o valor de x tal que que
. Use o resultado do exemplo 10, em
.
Resolução Segundo o exemplo 10, Isto é,
Logo, você quer encontrar x tal que
.
Então
Ou seja, você tem Você deve rejeitar
, pois esse valor não está no intervalo [1, 3]. Assim, você tem:
O valor f (x) dado pelo teorema do valor médio para integrais é chamado de valor médio (ou valor intermediário) de f no intervalo [a,b]. É considerado uma generalização da média aritmética de um conjunto finito de números. Ou seja, se for um conjunto de n números, então a média aritmética será dada por:
68
AULA 3 - INTEGRAL DEFINIDA
Generalizando essa definição, considere uma partição regular do intervalo fechado [a,b], que será dividido em n subintervalos de igual comprimento
. Se ci for qualquer ponto no
i-ésimo subintervalo, você tem a soma:
Esse quociente corresponde à média aritmética de n números. Como
, você tem:
Substituindo (2) em (1), você obtém:
Considere o limite quando n → +∞ (ou ∆x → 0). Se o limite existir, você tem:
o que leva você à definição a seguir. Definição 6: Se a função f for integrável no intervalo fechado [a,b], o valor médio de f em [a,b] será:
Exemplo 16 Considere novamente o resultado do exemplo 10, em que
Se f (x) = x2, ache o valor
médio de f no intervalo [1, 3] e, em seguida, interprete geometricamente o resultado. Resolução No exemplo 10, você obteve:
69
CÁLCULO INTEGRAL
Assim, se V. M. for o valor médio de f em [1, 3], você tem:
No exemplo 15, você encontrou para a função
pois .
Isso significa que
é o número em [a,b] tal que
Dessa forma, o valor médio da função f ocorre em
.
A figura a seguir mostra um esboço do gráfico de f em [1, 3] e o segmento de reta do ponto sobre o eixo x, ao ponto
. A área do retângulo AGHB tendo com
altura 13/3 e comprimento 2, é igual à área da região ACDB. Consequentemente, a área da região sombreada CGF é igual à área da região sombreada FDH.
Figura 29 – Representação gráfica do Exemplo 16. Fonte: Leithold (2002).
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AULA 3 - INTEGRAL DEFINIDA
3 TEOREMAS FUNDAMENTAIS DO CÁLCULO Você sabia que, historicamente, os conceitos básicos da Integral Definida foram usados pelos antigos gregos, principalmente por Arquimedes (287-212 a.C.), bem antes do Cálculo Diferencial? Mas foi somente no século XVII que Isaac Newton e Gottfried Wilhelm Leibniz mostraram como o Cálculo poderia ser usado para determinar a área de uma região limitada por uma curva ou um conjunto de curvas. Trata-se da Integral Definida por Antidiferenciação, um procedimento que envolve o que é conhecido como os Teoremas Fundamentais do Cálculo. Teorema 18 (Primeiro Teorema Fundamental do Cálculo): Seja f uma função contínua no intervalo fechado [a,b] e seja x qualquer número em [a,b]. Se F for a função definida por:
então:
Se x =a, a derivada F’(x) pode ser a derivada à direita e se x = b, a derivada F’(x) pode ser a derivada à esquerda. Considere que f seja uma função contínua no intervalo fechado [a,b]. Portanto, o valor da integral definida
depende apenas da função f e dos números a e b.
Se f for contínua no intervalo fechado [a,b], então, pelo teorema 7, a integral definida existe. Primeiramente, você deve estabelecer que, se uma integral definida existir, então ela terá, como valor, um único número inteiro. Caso x seja um único número em [a,b], então f será contínua em [a,x]., já que é contínua em [a,b]. Consequentemente, existe e é um número cujo valor depende de x. Assim, define uma função F que tem como domínio todos os números no intervalo fechado [a,b] e cujo valor funcional em qualquer número x de [a,b] e é dado por:
Conforme a convenção notacional, se os limites de uma integral definida forem variáveis, deverão ser usados símbolos diferentes para os limites e para a variável independente no integrando. Logo, em (1), sendo x o limite superior, foi usada a letra t como variável independente no integrando. Se em (1), f (t) ≥ 0 para todos os valores de em [a,b], então os valores funcionais de F(x) podem ser interpretados geometricamente como a medida da região limitada pela curva y = f (t) , pelo eixo t e pelas retas t= a e t = b como mostra a figura adiante.
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CÁLCULO INTEGRAL
Figura 30 – Representação gráfica do Primeiro Teorema Fundamental do Cálculo. Fonte: Leithold (2002).
Você também deve saber que a expressão F’(x) = f (x) pode ser escrita da seguinte forma, substituindo F’(x) por
Exemplo 17 Calcule as seguintes derivadas: a)
b)
Resolução a) De (2) com
, você tem:
b) Use a regra da cadeia com u=x2, e você tem:
De (2) com
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e como
, você obtém:
AULA 3 - INTEGRAL DEFINIDA
Teorema 19 (Segundo Teorema Fundamental do Cálculo): Seja f uma função contínua no intervalo fechado [a,b] e seja g uma função tal que g’(x) = f(x) para todo x em [a,b]. Então:
Se x = a, a derivada g’(x) = f(x) pode ser uma derivada à direita, e se x=b, a derivada g’(x) = f(x) pode ser uma derivada à esquerda. Agora, você pode encontrar o valor exato de uma integral definida, aplicando o teorema 19. Você usará a notação Ou seja:
Exemplo 18 Use o segundo teorema fundamental do Cálculo para determinar
.
Resolução Nesse caso,
. Uma antiderivada de
. Escolhendo
, do teorema 19:
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CÁLCULO INTEGRAL
CONCLUSÃO Nesta aula, você compreendeu que a Integral Definida está relacionada ao problema da área e a algumas situações da Física, como o cálculo de distâncias em situações com velocidade variada. Para compreender o assunto, primeiro você precisou se apropriar do conceito de somatória e relacionálo com o cálculo de áreas de regiões delimitadas por curvas. Depois, você estudou, por meio de teoremas e exemplos, o que é Integral Definida e suas propriedades. Para facilitar os cálculos das integrais definidas, você foi apresentado aos Teoremas Fundamentais do Cálculo. Você também observou a conexão entre integrais definidas e indefinidas e, por conseguinte, a diferença entre elas. Você deve ter notado que a Integral Indefinida, ∫ f (x) dx, é uma função cuja derivada resulta em f (x). Já a Integral Definida é um número cujo valor depende da função f e dos números a e b, definida como o limite de uma soma de Riemann. Na próxima aula, você fará uso do que aprendeu nesta aula para resolver problemas práticos. Até lá!
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