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FORMAÇÃO HUMANÍSTICA UNIFACS



Caro estudante,

Desde a criação da Unifacs, acreditamos que formação é muito mais do que preparação técnico-científica e que nossa missão como Universidade é proporcionar ao estudante uma educação para toda a vida, embasada no domínio do conhecimento, na fixação de valores e no desenvolvimento de habilidades e atitudes. É proporcionar o desenvolvimento integral do indivíduo.

Mais do que profissionais, queremos formar pessoas com visão abrangente do mundo e das transformações da dinâmica social, com competência para avaliar de forma crítica e criativa as questões que nos cercam. Pessoas capazes de enfrentar os desafios que se coloquem ao longo de sua vida e de sua trajetória profissional, e de aprender permanentemente e de forma autônoma.

Buscamos atingir este objetivo - fundamentados na nossa missão e no nosso Projeto Pedagógico Institucional - por intermédio das diversas atividades acadêmicas, dentro e fora da sala de aula, que compõem o Currículo Unifacs e que desenvolvem e fortalecem habilidades essenciais para a formação do perfil do egresso Unifacs; como um “DNA” reconhecido pela sociedade e pelo mercado de trabalho. Este Currículo compõe-se dos elementos descritos a seguir:

Disciplinas de Formação Humanística: oferecidas em todos os cursos de graduação da Unifacs; Disciplinas de Formação Básica: conferem conhecimentos e competências comuns aos cursos de uma mesma área do conhecimento, para o futuro exercício profissional; Disciplinas de Formação Específica: proporcionam a formação técnica e o desenvolvimento de habilidades e atitudes necessárias ao perfil profissional do curso; Atividades integradoras: permitem vivenciar na prática os conteúdos teóricos trabalhados em sala de aula, através do desenvolvimento de projetos específicos; Atividades Complementares: oferecem oportunidades de ampliação do conhecimento fora da sala de aula, a exemplo da Iniciação Científica, ações comunitárias, programas de intercâmbio, cursos de extensão e participação em Empresas Juniores, entre outras; Estágio Supervisionado; Trabalho de Conclusão de Curso e demais atividades acadêmicas.


As disciplinas de Formação Humanística, em especial, cumprem um papel fundamental na consecução desse perfil. Preparam uma sólida base de conhecimentos gerais que permitirão uma compreensão mais ampla da formação técnica de cada curso, estimulando o pensamento crítico e sensibilizando o estudante para as questões sociais, políticas, culturais e éticas que envolvem sua atuação como cidadão e profissional; motivando à busca do saber perene.

Em complementação, portanto, à formação técnico-profissional proporcionada pelas disciplinas de Formação Básica e Específica, as disciplinas de Formação Humanística possibilitarão ao estudante adquirir quatro importantes saberes: aprender a aprender, aprender a fazer, aprender a conviver e aprender a ser.

Esta é a concretização do nosso compromisso de formar pessoas melhores, cidadãos atuantes e profissionais comprometidos para a construção de um mundo melhor.

Cordialmente,

Prof. Manoel J. F. Barros Sobrinho Chanceler


FORMAÇÃO HUMANÍSTICA UNIFACS

Conforme explicitado no Projeto Pedagógico Institucional da Unifacs, as disciplinas de Formação Humanística têm como objetivo:

Possibilitar aos discentes a visão abrangente do mundo e da sociedade, propiciando aquisição de competências relativas ao processo de comunicação e raciocínio lógico, necessárias para a formação profissional; bem como conhecimentos inerentes aos direitos humanos, à ética, às questões sócio-ambientais que envolvam aspectos ecológicos, psicológicos, legais, políticos, sociais, econômicos, científicos e culturais, delineando a formação cidadã.

As disciplinas de Formação Humanística e seus objetivos são:

1. Comunicação Desenvolver a capacidade de ler criticamente e produzir textos de forma autônoma, adequando-se às diversas situações comunicativas presentes no dia-adia, e reconhecer a importância do desenvolvimento destas habilidades para sua vida pessoal e profissional.

2. Introdução ao Trabalho Científico Despertar o interesse pela ciência, apontando seu papel na construção do conhecimento e mostrar como o método científico pode ser utilizado para a solução de questões cotidianas.

3. Sociedade, Direito e Cidadania. Promover uma reflexão sobre o exercício da cidadania e os mecanismos que garantem sua efetividade, bem como a participação nos processos sociais, de forma a interferir positivamente na sociedade.

4. Conjuntura Econômica Habilitar à compreensão da dinâmica da economia e do impacto das suas diversas variáveis e características no dia-a-dia de países, empresas e cidadãos.


5. Arte e Cultura Proporcionar o conhecimento e a valorização das manifestações artísticas e culturais e ampliar a percepção estética como habilidade relevante para profissionais de qualquer área do conhecimento.

6. Meio Ambiente e Sustentabilidade Transmitir conceitos fundamentais sobre ambiente, sustentabilidade e suas relações com o desenvolvimento e despertar atitude político-ambiental nos estudantes, a partir do entendimento de seu papel como profissionais e cidadãos.

7. Psicologia e Comportamento Estudar as interações dos indivíduos no cotidiano, nos grupos dos quais fazem parte, e avaliar papeis e funções nas relações pessoais e profissionais.

8. Filosofia Discutir as grandes questões da vida humana pela compreensão das diversas correntes de pensamento filosófico e de suas contribuições.

9. Empreendedorismo Desenvolver a atitude empreendedora como elemento indispensável para o sucesso pessoal e profissional, seja trabalhando em organizações ou como empresário.

10. Saúde e Qualidade de Vida Enfatizar a importância dos cuidados preventivos com a saúde para obter uma melhor qualidade de vida dando a base para o pleno desenvolvimento dos projetos pessoais e profissionais.


LIBRAS Autoras: Cíntia Barbosa de Oliveira e Márcia Silva Carvalho


© 2011. Universidade Salvador – UNIFACS – Laureate International Universities É proibida a reprodução parcial ou total desta obra sem autorização. Disciplina: Libras.

Universidade Salvador – UNIFACS Presidente

Marcelo Henrik Chanceler

Manoel Joaquim Fernandes de Barros Sobrinho Reitora

Marcia Pereira Fernandes de Barros Pró-reitor de Graduação

Adriano Lima Barbosa Miranda Pró-reitor de Pesquisa, Extensão e Inovação

Luiz Antônio Magalhães Pontes Coordenadora do Eixo de Formação Humanística

Sílvia Rita Magalhães de Olinda

EAD UNIFACS Coordenador Geral

Péricles Nogueira Magalhães Junior Coordenadora Pedagógica

Maria Luiza Coutinho Seixas Coordenadora Acadêmico-Administrativa

Rita de Cássia Beraldo Coordenador de Tecnologia da Informação

Guna Alexander Silva dos Santos Coordenadora do Laboratório de Mídias

Agnes Oliveira Bezerra Concepção e Multimídia

Tatiane dos Santos Souza Designers

Jorge Antônio Santos Alves José Archimimo Costa Conceição Daniel Sousa Santos Apoio do Laboratório de Mídias

Adusterlina Cerqueira Lordello Coordenadora SPACEAD

Renata Lemos Carvalho Revisão / estrutura

Séfora Joca Maciel Sonildes de Jesus Sousa Contato: www.unifacs.br | UNIFACS Atende: 3535-3135 - Demais Localidades: 0800 284 0212


SUMÁRIO FORMAÇÃO HUMANÍSTICA UNIFACS............................................................................................... 1 LIBRAS................................................................................................................................................... 7 AULA 01 - POLÍTICAS PÚBLICAS EM EDUCAÇÃO ESPECIAL; LEGISLAÇÃO NA ÁREA DA SURDEZ ..................... 13 AULA 02 - O CONTEXTO EDUCACIONAL DE ALUNOS SURDOS: LETRAMENTO, PORTUGUÊS COMO SEGUNDA LÍNGUA (L2), BILINGUISMO ....................................................................................................................................... 23 AULA 03 - PARÂMETROS DA LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS ............................................................................................ 33 AULA 04 - ALFABETO MANUAL; NÚMEROS E HORAS EM SINAIS; SOLETRAÇÃO DE NOMES ............................... 47 AULA 05 - CLASSIFICADORES, TIPOS DE FRASES E A ESTRUTURA DA FRASE EM LIBRAS ..................................... 61 AULA 06 - SINAIS DE SAUDAÇÕES, SINAIS DE AMBIENTE FAMILIAR, ADVÉRBIO DE TEMPO, DIAS DA SEMANA E MESES DO ANO .............................................................................................................................................................. 75 AULA 07 - SINAIS DE AMBIENTE ESCOLAR, DE PRONOMES PESSOAIS, E DE CORES................................................ 87 AULA 08 - ADJETIVOS E PRONOMES POSSESSIVOS, DEMONSTRATIVOS E INDEFINIDOS EM LIBRAS; PRATICANDO A LÍNGUA DE SINAIS.............................................................................................................................................103



APRESENTAÇÃO Querido Aluno(a)

Esta disciplina é um convite a reflexão sobre a prática pedagógica com alunos surdos, suas diferenças culturais e linguística e ao conhecimento sobre a LIBRAS ( Língua Brasileira de Sinais). Aqui você terá a oportunidade de estudar, não apenas sobre a prática pedagógica, como também conhecer sobre a pessoa surda, aquela que usa uma outra forma de comunicação, uma língua de sinais, aquela que possui uma história, uma identidade e uma cultura surda que se desenvolve dentro de uma comunidade surda. Você terá acesso ao conteúdo mínimo, mas, necessário para um entendimento e conhecimento sobre a LIBRAS. Você estudará nesse módulo os seguintes conteúdos: Políticas Públicas – quais são as medidas que estão sendo tomadas em relação à inclusão de surdos no contexto educacional e social; Legislação – de que forma a lei de libras e decretos regulamentam o uso e difusão da libras; O contexto educacional de alunos surdos: Letramento, Português como segunda língua (L2), bilinguismo; Língua de Sinais Brasileira (LIBRAS) – essa abordagem trará reflexões sobre o processo de ensino– aprendizagem do educando surdo e qual metodologia os alunos surdos sugerem para uma aprendizagem eficaz; Parâmetros da língua de sinais – de que forma a libras se estrutura como língua; Alfabeto manual, Números em sinais, Soletração de nomes – de que forma; Classificadores e Tipos de frases – esse conteúdo mostrará a organização das sentenças em libras, deixando claro também a organização do pensamento visualmente organizado da pessoa surda; Sinais de :Saudações, Dias da semana, Meses do ano, Advérbio de tempo; Sinais de Ambiente escolar – esses conteúdos facilitarão a sua comunicação com a pessoa surda a partir de um primeiro contado, principalmente se você treinar com dedicação os sinais de saudação, soletração de nomes e números. Aproveite os estudos e busque a cada etapa desse módulo refletir sempre sobre a prática pedagógica.

Bons estudos!

Marcia e Cíntia



ÇÃO ESPECIAL; LEGISLAÇÃO NA ÁREA DA SURDEZ

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AULA 01 - POLÍTICAS PÚBLICAS EM EDUCA-

Autoras: Cíntia Barbosa de Oliveira e Márcia Silva Carvalho

“...as pessoas surdas fazem parte de um grupo visual,de uma comunidade surda que pode se estender além da esfera nacional, no nível mundial.É uma comunidade que atravessa fronteiras ”

Rachel Sutton-Spence

Ronice Müller de Quadros

Olá!

Vamos começar o estudo desta disciplina revendo o que aprendemos na disciplina Educação Especial. Nesta aula retornaremos às Políticas Públicas Educacionais da Educação Especial e conheceremos a legislação atual na área da surdez para refletirmos sobre a prática pedagógica com o aluno surdo.

POLÍTICAS PÚBLICAS EM EDUCAÇÃO ESPECIAL Atualmente, o MEC vem defendendo uma política educacional voltada para a inclusão do aluno com Necessidades Educativas Especiais, visando garantir, com sucesso, a sua entrada e permanência no sistema regular de ensino, desde a fase préescolar até o nível superior. No âmbito legal, este princípio vem sendo amparado nos seguintes documentos:

Constituição Federal (BRASIL, 1988), artigo 208, inciso III, o “atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino”. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional/Lei nº. 9394/96 (BRASIL, 1996) que dedica o Capítulo V à Educação Especial, à conquista do sucesso escolar aos portadores de necessidades especiais, a partir de professores capacitados para a integração e da permanência desses educandos, preferencialmente, nas classes regulares, como também educação especial para o trabalho visando à integração social dos mesmos. Plano Nacional de Educação (BRASIL, 2001), aprovado pela Lei nº. 10.172/2001, que traz as tendências do sistema de ensino sendo a “integração/inclusão do aluno com necessidades especiais no sistema regular de ensino e, se isto não for possível em função das necessidades do educando, realizar o atendimento em classes e escolas especializadas.”

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No entanto, para que esta inclusão tenha um bom resultado, se faz necessário o reconhecimento e o respeito às diferenças individuais, assim como a valorização das potencialidades do aluno com necessidades especiais e oferecimento de meios para desenvolvê-las. Encontramos estes direitos propostos na Declaração de Salamanca — documento resultante da Conferência Mundial sobre Necessidades Educativas Especiais: Acesso e Qualidade – Espanha —, a qual proclama que:

Todas as crianças, de ambos os sexos, têm direito fundamental à educação e que a elas deve ser dada a oportunidade de obter e manter um nível aceitável de conhecimentos; Cada criança tem características, interesses, capacidades e necessidades de aprendizagem que lhe são próprias. As pessoas com necessidades educativas especiais devem ter acesso às escolas comuns que deverão integrá-las numa pedagogia centralizada na criança, capaz de atender a essas necessidades. (UNESCO, 1997, p.10).

Com a Declaração de Salamanca, tivemos a constatação de que cada criança possui características, interesses, habilidades e necessidades que lhes são únicas e que as escolas precisam se adequar a elas e estarem centradas em uma pedagogia que atenda a essas necessidades. Desta forma, haverá o verdadeiro reconhecimento e res-

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Reportando ao aluno surdo, dentro de uma perspectiva inclusiva, devemos es-

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A EDUCAÇÃO DO SURDO

tar atentos não só à aceitação da LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais) pela comunidade escolar, mas também estar atento às suas diferenças culturais e linguísticas, já que entendemos linguagem e língua como importantes mecanismos de intermediação, através dos quais podemos expressar todo conteúdo histórico, cultural e representativo dos seres humanos. E neste aspecto a Declaração de Salamanca prevê que:

[...] as políticas educacionais deverão levar em conta as diferenças individuais e as diversas situações. Deve ser levada em consideração, por exemplo, a importância da linguagem dos sinais como meio de comunicação para os surdos, e assegurado a todos os surdos o acesso ao ensino da linguagem de sinais do seu país. Face às necessidades específicas de comunicação de surdos e de surdo-cegos, seria mais conveniente que a educação lhes fosse ministrada em escolas especiais ou em classes ou unidades especiais nas escolas comuns. [...] (UNESCO, 1997, p.30)

Observamos que este processo de escola ou classes especiais se dá, principalmente, pelo respeito às necessidades especiais, para que se possa evitar a exclusão, apesar de o aluno surdo estar em uma escola inclusiva, próximo fisicamente das pessoas, se sente excluído, separado, pela não comunicação com o outro que ouve e desconhece sua língua . Inicialmente, deverá ser garantido a este aluno o aprendizado e interação com sua língua natural. Quando ele chega na escola não traz nenhuma língua porque ainda não teve contato e interação com outros surdos, usuários da língua de sinais, e geralmente a família desconhece a Libras. Sendo assim, seu processo educacional deverá se iniciar utilizando uma metodologia de primeira língua a partir da língua de sinais, “[...], pois o aluno desenvolve as suas competências na língua materna, assim como o conhecimento de si próprio, dos outros e do mundo que o rodeia [...]” e um processo de ensino dentro de uma pedagogia visual para que posteriormente seja incluído junto com ouvintes que, diferentemente do surdo, são alfabetizados utilizando uma metodologia de primeira língua, no nosso caso o Português, partindo de uma língua oral e uma metodologia que utiliza o canal auditivo-oral em seu processo de ensino-aprendizagem. Respeitando a diferença linguística e sua experiência visual, teremos uma inclusão que respeita as especificidades, dando, a todos, um igual acesso ao conteúdo curricular. A língua natural do surdo brasileiro é a Libras, uma língua gestual-visual, ou seja, é uma língua, na qual se percebe pela visão os movimentos e expressões faciais, e como qualquer outra língua, é adquirida através da interação com seus pares. Desta forma, o surdo, como qualquer outra pessoa, adquirindo uma língua, poderá se expressar e se comunicar, possibilitando a estruturação no desenvolvimento cognitivo para, posteriormente, na aprendizagem de uma L2 (uma segunda língua, no nosso caso o Português), fazer relações entre sua língua e a língua vigente em seu país.

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Aqui no Brasil, o aprendizado da língua Portuguesa para os surdos deve se dar como uma segunda língua (L2), na sua forma escrita. E isto está sendo garantido através da lei nº. 10436/2002 que reconhece a Libras como uma língua, meio legal de comunicação e expressão “em que o sistema linguístico de natureza visual motora, com estrutura gramatical própria, constituem um sistema linguistico de transmissão de idéias e fatos, oriundos de comunidades de pessoas surdas do Brasil” (BRASIL, 2002) . O decreto nº. 5626/2005 (BRASIL, 2005) que regulamenta a lei anteriormente citada, refere-se, ainda, que a educação do surdo deve acontecer em ambiente bilíngue; isto significa que duas línguas vão fazer parte do cotidiano deste aluno e devemos considerar a língua de sinais como a língua de instrução, e a Língua Portuguesa escrita, como L2. Isto tudo vem sendo amparado no referido decreto em seu art.14, §1º, no qual encontramos:

II - ofertar, obrigatoriamente, desde a educação infantil, o ensino da Libras e também da Língua Portuguesa, como segunda língua para alunos surdos;

III – prover as escolas com:

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a) professor de Libras ou instrutor de Libras;

b) tradutor e intérprete de Libras - Língua Portuguesa

c) professor para o ensino de Língua Portuguesa como segunda língua para pessoas surdas; e

d) professor regente de classe com conhecimento acerca da singularidade lingüística manifestada pelos alunos surdos

Observe que o professor de um aluno surdo também terá que ser um professor bilíngue para que possa interagir e mediar o processo de ensino aprendizagem. Desta forma, ele garantirá o direito à educação das pessoas surdas conforme está previsto no decreto citado, em seu art.22, I – “escolas e classes de educação bilíngüe, abertas a alunos surdos e ouvintes, com professores bilíngües, na educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental” (BRASIL, 2005). Para garantir que o aluno surdo tenha realmente um professor bilíngue, a lei também garante a inclusão da Libras como disciplina curricular nos cursos de Licenciatura. Veja o que diz o art. 3º do referido decreto: A Libras deve ser inserida como disciplina obrigatória nos cursos de formação de professores para o exercício do magistério, em nível médio e superior, e nos cursos de fonoaudiologia, de instituições de ensino, públicas e privadas, do sistema federal de ensino e dos sis-


temas de ensino dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios

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(BRASIL, 2005).

Com a inclusão da disciplina Libras no currículo dos cursos de formação de professores, espera-se que o futuro professor de surdos possa comunicar e interagir com seu aluno, possa tornar-se um professor bilíngue.

Sugestão:

Querendo conhecer na íntegra a lei nº. 10436/2002 que reconhece a Libras como uma língua, meio legal de comunicação e expressão e o decreto nº. 5626/2005 que a regulamenta, acesse os sites: http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/lei10436. pdf. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/Decreto/D5626.htm

AVALIAÇÃO DIFERENCIADA

A avaliação educacional, por si só, é um processo complexo e amplo no que envolve o ensino e a aprendizagem. Na educação do surdo este processo parece ser ainda mais complexo e merece uma grande atenção. Para garantir o acesso e permanência das pessoas surdas à educação, faz-se necessário um olhar diferenciado na avaliação educacional deste aluno, principalmente em suas produções escritas que sofrem influências da estrutura da língua de sinais. Na aula sete aprofundaremos o reconhecimento da estrutura da Libras. Reconhecendo esta diferença no processo de avaliação, temos o Aviso Circular 277/96 (BRASIL, 1996) e a Portaria nº. 1.679 (BRASIL, 1999) que dispõem sobre requisitos de acessibilidade, ao ensino superior, das pessoas com necessidades educativas especiais sensorial e deficiência física , estabelecendo critérios para a avaliação diferenciada:

[...] flexibilidade nos critérios de correção da redação e das provas discursivas dos candidatos portadores de deficiência auditiva, dando relevância ao aspecto semântico da mensagem sobre o aspecto formal e/ou adoção de outros mecanismos de avaliação da sua linguagem em substituição a prova de redação.(BRASIL, 1996)

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Além da recomendação do Aviso Circular, temos também garantido esta avaliação diferenciada no decreto 5626/2005 em seu art. 14, § 1º:

VI – adotar mecanismos de avaliação coerentes com aprendizado de segunda língua, na correção das provas escritas, valorizando o aspecto semântico e reconhecendo a singularidade lingüística manifestada no aspecto forma da Língua Portuguesa;

VII – desenvolver e adotar mecanismos alternativos para a avaliação de conhecimento expresso em Libras, desde que devidamente registrado em vídeo ou em outros meios eletrônicos e tecnológicos.

Mesmo tendo uma avaliação diferenciada, isto não significa que os “erros” da estrutura do Português padrão não devam ser trabalhados; pelo contrário, o professor deverá estar atento a estes “erros” e trabalhar em sala de aula para que o aluno possa superá-los. Sempre buscando desenvolver um trabalho em um contexto que faça sentido para o aluno, ou seja, trabalhar o uso social da leitura e da escrita, com práticas de letramento e nunca com o ensino do aspecto gramatical apenas não perdendo de vista que o ensino do Português deverá ter uma metodologia de ensino de uma segunda

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língua, na forma escrita Para orientar este trabalho, temos como sugestão um material fornecido pelo MEC — a série “Saberes e Práticas da Inclusão – desenvolvendo competências para o atendimento às necessidades educacionais de alunos surdos” (MEC, 2003) —, que nos traz propostas de atividades que podem contribuir para o trabalho pedagógico e assinala orientações sobre avaliação diferenciada, que deve ser promovida nas classes especiais. É um material desenvolvido para colaborar com a formação continuada do professor, visando também proporcionar reflexões sobre as condições de desenvolvimento da prática pedagógica no atendimento ao aluno surdo. Desta forma, reforçamos a necessidade de que, para trabalhar com este aluno dentro de uma perspectiva inclusiva, devemos respeitar sua diferença cultural e linguística.

Pessoa surda Vimos até agora a Legislação na área da surdez e as especificidades nas práticas pedagógicas desenvolvidas na educação do aluno surdo. Continuando com nosso estudo, conheceremos um pouco desta pessoa surda. Quem é meu aluno surdo? No Decreto 5626/05 (BRASIL, 2005), em seu capítulo 1º, artigo 2, define pessoa surda sendo “aquela que, por ter perda auditiva, compreende e interage com o mundo por meio de experiências visuais, manifestando sua cultura principalmente pelo uso da Língua Brasileira de Sinais - Libras.”


uma diferença em relação a sociedade majoritária, pessoas ouvintes,, ou seja, a pessoa surda não é só aquela que usa uma outra forma de comunicação, uma língua de

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A pessoa surda (ou surdo) não possui uma perda, nem uma deficiência e sim

sinais, é aquela que possui uma história, uma identidade e uma cultura surda que se desenvolve dentro de uma comunidade surda, que produz literatura infantil em língua de sinais, cria piadas e poesias sinalizadas que são transmitidas visualmente...

O conceito de Cultura Surda deve ser compreendido como uma série de regras e práticas de comportamento, valores, atitudes, costumes e tradições, de onde é importante ressaltar a importância da comunicação e das manifestações artísticas.

Sendo um valor essencial para a sobrevivência da comunidade surda, não podemos esquecer que a cultura se transmite de geração em geração, dos surdos mais velhos para os mais novos, através da Língua de Sinais (QUADROS; STUMPF, 2009)

Podemos assim concluir que a pessoa surda é aquela que possui uma diferença linguística e cultural. Veja o poema “LIBRAS” de Jeane Bordignon de Jesus, para que possa fazer uma reflexão sobre o vimos até aqui:

LIBRAS

Em silêncio Eles conversam As mãos dizem as palavras Frente a frente Eles conversam Precisam olhar um para o outro para ouvir Eles têm um modo próprio de conversar Falam com as mãos E ouvem com os olhos

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Dica:

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Para ver um poema em língua de sinais acesso o endereço: http:// cursodelibrasextensao.blogspot.com/2009/07/poesia-surda-por-priscilla-leonnor. html, você verá um poema criado e apresentado pela surda Priscilla Leonnor com a tradução da intérprete Thalita Araujo, ambas baianas. Acesse também o vídeo com a poesia “O Voo da Libras” em:http://www.youtube.com/watch?v=yVqUYKu1sTw, um poema criado por estudantes do curso de Letras-Libras do pólo UFBA-Salvador.

Desfrute!

Dentro das manifestações culturais o surdo retrata peculiaridades da visão de mundo do surdo.Veja a seguir uma piada que pretende retratar a história da educação vivida pelos surdos, o fracasso escolar que muda a partir do reconhecimento de sua Língua.

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“O Homem e a árvore” Um lenhador caminha para a floresta (ele só corta árvores em lugar de reflorestamento), escolhida a árvore começa a cortá-la. O lenhador grita:Madeira! E a arvore cai. Escolhe outra árvore... Corta de todos os lados, grita: Madeira!Mas ela não cai. O Lenhador não entende o que está acontecendo... Ele grita mais alto, mas a árvore não cai. Ele pede ajuda a um botânico. O botânico examina a árvore e entende o que está acontecendo... Ele digita M-A-D-E-I-R-A e a arvore cai.Sabe por quê???? A arvore é surda!


Trouxemos aqui referências sobre as Políticas Públicas em Educação Especial e

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SÍNTESE a Legislação na área da Surdez para que possamos conhecer suas especificidades, e refletir sobre as práticas pedagógicas desenvolvidas na sala de aula com alunos surdos. Refletimos também sobre quem é a pessoa surda e sobre como deve ser educação deste discente em um ambiente bilíngue, com o ensino do Português como segunda língua, na forma escrita, e a libras como língua de instrução, tendo ainda, uma avaliação diferenciada no seu processo educacional.

QUESTÃO PARA REFLEXÃO Será que as práticas pedagógicas desenvolvidas no atual processo educacional do surdo respeitam sua diferença linguística e cultural?

LEITURA INDICADA Estudos surdos I, Ronice Müller de Quadros (org.). Disponível em: http://editora-araraazul.com.br/ParteA.pdf

SITES INDICADOS http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=12907:le gislacoes&catid=70:legislacoes - site do MEC que encontrará toda nossa legislação na área da Educação http://editora-arara-azul.com.br/novoeaa/pesquisas-em-estudos-surdos/ - site que encontrarás uma coleção sobre pesquisas que estão sendo produzidas no campo dos Estudos Surdos

REFERÊNCIAS BRASIL. Aviso Circular nº. 277 (de 08 de maio de 1996). MEC/GM. Disponível em: <http://portal.mec.gov. br/seesp/arquivos/pdf/aviso277.pdf>. Acesso em: 28 ago. 2010.

______. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília. Distrito Federal: Senado, 1988.

______. Decreto 5626 (22 de dezembro de 2005). Regulamenta a Lei nº10436/2002 e o art.18 da lei 10098/2000. Diário Oficial da União. República Federativa do Brasil, Brasília, DF, n.246, 23 de dez. 2005. Seção 1, p.28-30.

______. Lei 9394. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB). Brasília: MEC, 1996.

______. Lei 10172 (9 de janeiro de 2001). Aprova o Plano Nacional de Educação e dá outras providências.

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Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/leis_2001/l10172.htm>. Acesso em: 28 ago 2010.

______. Lei 10436 (24 de abril de 2002). Que dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/lei10436.pdf>. Acesso em: 28 ago. 2010.

______. Parecer CNE/CEB n.017/2001. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica. Brasília: MEC, 2001.

______. Portaria 1679 (02 de Dezembro de 1999). Dispõe sobre requisitos de acessibilidade de pessoas portadoras de deficiências. Disponível em: <http://www.cedipod.org.br/edu1679.htm>. Acesso em: 28 ago. 2010.

______. Saberes e práticas da inclusão: desenvolvendo competências para o atendimento às necessidades educacionais de alunos surdos. Organização: Maria Salete Fábio Aranha Brasília, 2003. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/alunossurdos.pdf>. Acesso em: 27 ago. 2010.

QUADROS, Ronice Müller de (org.). Estudos surdos I. Petrópolis: Arara Azul, 2006. 324 p. Disponível em: <http://editora-arara-azul.com.br/novoeaa/pesquisas-em-estudos-surdos/>. Acesso em: 27 ago. 2010.

QUADROS, Ronice Müller de; STUMPF, Marianne Rossi (org.). Estudos surdos IV. Petrópolis: Arara Azul, 2009. 452 p. Disponível em: <http://editora-arara-azul.com.br/novoeaa/pesquisas-em-estudos-surdos//>. Acesso em: 27 ago. 2010.

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UNESCO, MEC - Espanha. Declaração de Salamanca e linha de ação sobre necessidades educativas especiais. 2. ed. Tradução de Edílson Alkmim da Cunha. Brasília: CORDE, 1997. Disponível em: <http://portal. mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/salamanca.pdf>. Acesso em: 27 ago. 2010.


ALUNOS SURDOS: LETRAMENTO, PORTUGUÊS COMO SEGUNDA LÍNGUA (L2), BILINGUISMO

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AULA 02 - O CONTEXTO EDUCACIONAL DE

Autoras: Cíntia Barbosa de Oliveira e Márcia Silva Carvalho

“A LEITURA DO MUNDO PRECEDE A LEITURA DA PALAVRA”

Paulo Freire

Olá!

Na aula anterior, revisamos aspectos das Políticas Públicas Educacionais da Educação Especial e a Legislação atual na Área da Surdez, na qual aprendemos sobre as especificidades das práticas pedagógicas que devem ser desenvolvidas na sala de aula com aluno surdo. Agora, abordaremos as especificidades do contexto educacional dentro de uma perspectiva de Educação Bilíngue com o trabalho de ensino da Língua Portuguesa como segunda língua (L2).

Fonte: Clipart

O contexto educacional de alunos surdos Começaremos abordando questões referentes às especificidades do processo de ensino-aprendizagem dos alunos surdos, cuja grande problemática constitui-se na comunicação oral praticada pelos professores e toda a comunidade escolar e na falta de respeito ao indivíduo que usa uma outra língua, a LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais), como sua primeira língua (L1). Esta Língua é originada da necessidade natural de comunicação entre pessoas que não utilizam o canal auditivo-oral e sim o gestualvisual, ou seja, perceber pela visão os movimentos gestuais e expressões faciais.

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Segundo Fernandes (2003), no atual contexto educacional do aluno surdo o ensino da Língua Portuguesa é ministrado numa abordagem de primeira língua, numa concepção oralista, reproduzindo as mesmas metodologias utilizadas para os alunos ouvintes que estudam o Português como sua primeira língua. Dessa forma, o aluno surdo participa de uma aula para aprender uma língua que desconhece sua base linguística, sua estrutura gramatical, e ainda como afirma Vygotsky (1994, p.139) “[...] ensina-se às crianças a desenhar letras e construir palavras com elas, mas não se ensina a linguagem escrita”. Ou seja, os alunos aprendem a decodificar o que está escrito sem realmente conhecer seu significado e uso. Não conseguem aprender dentro de uma metodologia que faz relação entre fonemas e grafemas, ou seja, entre escrita e sons, já que, para o surdo, a metodologia de ensino do português deverá ser dentro de uma metodologia de segunda língua, na sua forma escrita, não havendo relação entre fonemas e grafemas e sim entre gestos, expressões faciais e imagens, uma vez que, para o surdo, seu processo de aprendizagem é essencialmente visual. Desta forma, o surdo desenvolverá naturalmente o aprendizado da leitura e da escrita. O que vem acontecendo é que o aluno surdo passa por várias séries sem que haja o respeito às suas diferenças, no que tange aos seus aspectos culturais e linguísticos e, muitas vezes, não desenvolve, educacionalmente, como o esperado pelo professor, tornando-se apenas um copista que desconhece a estrutura gramatical da língua portuguesa. Outro fato a ser observado é que a cultura e a língua dos surdos não estão sendo respeitadas nem ensinadas no contexto escolar. Existe um grande equívoco em

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achar que o surdo já é nato na língua de sinais e que esta não deverá ser ensinada e que este aluno não deverá ter acesso às questões linguísticas da sua língua! Veja o que afirma STUMPF (2008):

As dinâmicas educacionais da sala de aula estão focalizadas na língua oral e na escrita da mesma. O aluno surdo inserido no espaço educacional de alunos ouvintes, sem os suportes adequados, vai tentar se comportar como um deles. Sua Língua de Sinais aparece pouco e desfigurada, de sua cultura não há sinais. Como vai esse aluno ter acesso aos conhecimentos se sua questão lingüística não está sendo observada e menos ainda seu pertencimento cultural? (STUMPF, 2008, p.25):

No processo educacional do aluno surdo que tem a língua de sinais como primeira língua, deveremos estar atentos também ao ensino da Língua Portuguesa que só terá sentido se for ensinado com uma metodologia de segunda língua e que seja na sua forma escrita, nunca na perspectiva da oralidade. Deveremos considerar, ainda, o letramento, a leitura precedendo à escrita, e um contexto educacional sempre inserido em práticas sociais, ou seja, o texto trabalhado em sala de aula deverá fazer sentido para o aluno, sendo um texto que circula no seu meio social. Desta forma, o ensino do Português como segunda língua seguirá numa perspectiva de letramento a qual “[...] pressupõe o estado ou condição daquele que, não apenas sabe ler e escrever, mas utiliza socialmente a leitura e a escrita, tendo como


RES, 2003, p. 56-57). Veja o que analisam Quadros e Schmiedt (2006):

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resultados mudanças significativas nas estruturas linguísticas e no vocabulário” (SOA-

Letramento nas crianças surdas, enquanto processo, faz sentido se significado por meio da língua de sinais brasileira, a língua usada na escola para aquisição das línguas, para aprender por meio dessa língua e para aprender sobre as línguas. A língua portuguesa, portanto, será a segunda língua da criança surda sendo significada pela criança na sua forma escrita com as suas funções sociais representadas no contexto brasileiro. (QUADROS; SCHMIEDT, 2006, p.17)

Dessa forma, nas séries iniciais, o surdo deverá aprender e conhecer sua Língua, para que, posteriormente, no aprendizado do Português, ele possa fazer relações entre uma língua e outra. Aprendendo a Língua de Sinais, ele terá subsídios linguísticos para aprender uma outra língua, neste caso, o Português escrito . Como falamos anteriormente, a primeira língua do surdo é a Libras (L1) e ela deve ser usada para que esse aluno tenha acesso aos conteúdos curriculares, sendo estes transmitidos através da língua de sinais, que será a língua de instrução de todas as disciplinas, e significados na forma escrita, nunca na forma oral.

CURIOSIDADE: Você sabia que as línguas de sinais também podem ser representadas na escrita? É isso mesmo, existe a escrita de sinais: O SignWriting, que é a escrita visual dos sinais, “é um sistema de escrita para escrever línguas de sinais” (QUADROS, s.d.)

Veja, a seguir, o alfabeto em SignWrint11:

Figura 1 - Alfabeto em SignWrint Fonte: Tipografia SuttonBR

1

Querendo obter mais informações sobre o SignWriting, visite os sites indicados:

http://www.signwriting.org/brazil/ http://www.signwriting.org/archive/docs5/sw0472-BR-Licoes-SignWriting.pdf http://www.signwriting.org/library/history/hist010.html

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Conforme Capovilla e Raphael (2008), a escrita de sinais é a

escrita que representa as propriedades quirêmicas (de articulação da mão) dos sinais. Sistema denominado SignWritin, inventado por Valerie Sutton na decada de 70. Ex.: A escrita visual direta de sinais é diferente da escrita alfabética porque representa as articulações e movimento das mãos, e não os sons da fala. (CAPOVILLA; RAPHAEL, 2008, p.604).

Ou seja, cada sinal pode ser representado pela escrita. Dessa forma, os surdos poderão registrar toda sua cultura e história através da escrita de sua própria língua. Podemos encontrar essa escrita no dicionário Enciclopédico Ilustrado Trilíngue da Língua de Sinais Brasileira, no qual encontraremos os sinais, o significado de cada sinal em português e inglês, e a sua escrita. Veja, a seguir, o desenho do sinal IDENTIDADE e, ao lado, a escrita deste sinal:

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Figura 2 - Sinal de IDENTIDADE e sua escrita Foto: http://www.signwriting.org/archive/docs6/sw0585_BR_Novo_Deit_Libras_Dict_2009.pdf

O Português como segunda língua Já sabendo que, para o aluno surdo, o ensino-aprendizagem do Português só terá sentido se for ensinado como uma segunda língua e que esse processo deverá ocorrer na sua forma escrita, deveremos, também, estar atentos, que estaremos ensinando uma língua que utiliza o canal auditivo-oral. Dessa forma, o surdo necessita de atendimento e metodologia específica, para que possa ser favorecido no aprendizado dessa segunda língua que, para ele, independe desse canal, da relação grafema e fonema. Para nomear as práticas desenvolvidas em sala de aula, o processo de ensino e aprendizagem da L2, o Português escrito, para o educando surdo, deverá pressupor como base linguística a primeira língua do aprendiz (a L1). Neste caso, a Libras, ou seja, para aprender uma segunda língua, é necessária uma base linguística consolidada e a aprendizagem da L2 ocorrerá pela mediação da L1. Como o surdo é usuário de uma língua gestual-visual, não poderá aprender o


faz relações entre sons e escrita. Para a aprendizagem do aluno surdo, é preciso que adotemos metodologias diferentes. Sendo assim, o primeiro passo é trabalhar dentro

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Português da mesma forma que um ouvinte, usuário de uma língua oral-auditiva, que

de uma pedagogia surda, que envolve a questão cultural, linguística e a aprendizagem do Português como uma língua estrangeira, com uma metodologia de segunda língua, e que apresenta a surdez como uma experiência essencialmente visual. Será muito importante o uso de imagens para contextualizar o que está escrito, estabelecer relação entre o sinal em Libras a palavra em Português, soletrada por meio do alfabeto digital e sempre com a leitura antecedendo a escrita, tendo em mente que “[...] a leitura do mundo precede a leitura da palavra e a leitura desta é importante para a continuidade da leitura daquele” (FREIRE, 1982 apud SALLES et al., 2004, p. 19). Trabalhando com textos diversos de uso social, com o ensino da leitura precedendo a escrita e a compreensão precedendo a produção, os alunos se apropriarão da Língua Portuguesa escrita, de forma significativa, através de atividades de leitura com compreensão e interpretação de textos, como nos mostra Salles et al. (2004).

[...] embora os surdos não tenham o português como língua materna, estão inseridos em boa parte dessa cultura lingüística: os nomes das ruas, das praças das lojas, a propaganda, o extrato bancário, o cartão de crédito, de natal, constituem apenas uma pequena parte do grande universo que são as práticas sociais fundadas no letramento. E o texto escrito é ferramenta básica de comunicação entre surdos e ouvintes [...]. (SALLES et al., 2004, p. 25).

Para dar suporte aos professores que estão com alunos surdos em suas salas de aula, o MEC lançou alguns livros sobre o processo de ensino-aprendizagem do Português como segunda língua. Como exemplo, temos o livro “Idéias para Ensinar Português para Alunos Surdos” (2006). Nesta obra, as autoras conceituam e diferenciam o ensino da Libras e o do Português como L2. Além disso, encontramos também conceitos da educação de surdos e propostas de atividades de ensino de L2. E ainda o livro “Ensino de Língua Portuguesa para Surdos: caminhos para a prática pedagógica” (Volumes I e II), desenvolvido como material de instrução para capacitar professores de língua portuguesa e que traz sugestões e propostas para o ensino de L2. Esses livros são de cunho instrucional, tem a finalidade de colaborar com a ação pedagógica e fazer o professor refletir nas questões atuais do ensino com alunos surdos. Eles trazem propostas para o ensino de L2 numa perspectiva bilíngue, mas isso não impede que o professor possa criar outras propostas que auxiliem o aluno surdo no processo de ensino-aprendizagem.

Educação Bilíngue A educação bilíngue para surdos significa a co-existência de duas línguas no

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seu processo de ensino-aprendizagem, a Língua de Sinais e a Língua Portuguesa na

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como vimos na aula anterior. E, para que isso aconteça, será necessário que a escola

modalidade escrita, processo este que já vem sendo assinalado no Decreto 5626/2005, seja bilíngue, que a comunidade escolar saiba Libras, possibilitando a interação entre surdos e ouvintes, portanto é indispensável que o professor também seja bilíngue, pois

[...] a educação bilíngüe depende da presença de professores bilíngües. Assim, pensar em ensinar uma segunda língua pressupõe a existência de uma primeira língua. O professor que assumir essa tarefa estará imbuído da necessidade de aprender a língua brasileira de sinais. (QUADROS; SCHMIEDT, 2006, p. 19)

Para que o surdo tenha o efetivo direito à educação, informação e comunicação, no caso de uma aula de leitura, por exemplo, “[...]o professor precisa conversar na língua de sinais sobre o que a leitura estará tratando. Isso não necessariamente implica em ler o texto em sinais, mas sim conversar sobre o texto [...]” (QUADROS; SCHMIEDT, 2006 p. 41). Dessa forma, o professor poderá fazer relações entre o que está sendo veiculado no texto e o conhecimento prévio trazido pelo aluno, ou seja, fazer a mediação

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no processo de aprendizagem. Mesmo que seja uma classe inclusiva e exista um intérprete, este deverá assumir sua verdadeira função de intérprete e o professor assumir o seu papel de educador bilíngue, usuário da língua de sinais, conhecedor das especificidades do seu aluno, e compreender que a educação do surdo exige muito mais do que um intérprete em sala de aula:

[...] o intérprete é apenas um dos elementos que garantirá a acessibilidade. Os alunos surdos participam das aulas visualmente e precisam de tempo para olhar para o intérprete, olhar para as anotações no quadro, olhar para os materiais que o professor estiver utilizando em aula. Também, deve ser resolvido como serão feitas as anotações referentes ao conteúdo, uma vez que o aluno surdo manterá sua atenção na aula e não disporá de tempo para realizá-las. Outro aspecto importante é a garantia da participação do aluno surdo no desenvolvimento da aula através de perguntas e respostas que exigem tempo dos colegas e professores para que a interação se dê. A questão da iluminação também deve sempre ser considerada, uma vez que sessões de vídeo e o uso de retroprojetor podem ser recursos utilizados em sala de aula. (BRASIL, 2004, p.61)

Sendo assim, o professor deverá estar atento a todo processo que envolve a educação bilingue do surdo e, sendo o mediador no processo de ensino-aprendizagem na sala de aula, não poderá transferir sua função ao intérprete.


sidades reais no meio escolar e extra-escolar do surdo [...]. Agindo como mediador na comunicação com as pessoas ouvintes e auxiliando o surdo na aquisição de informações sobre o universo ouvin-

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Verifica-se, pois, que a presença de um intérprete, é uma das neces-

te, o intérprete é um elemento fundamental nessa interação (THOMA, 2006, p. 162).

Sabemos que o intérprete tem a importante função de romper barreiras entre uma comunicação oral e sinalizada, entre surdos e ouvintes. Sua presença é imprescindível em uma sala de aula inclusiva, como está determinado no Decreto nº. 5.626 (BRASIL, 2002), art.14, § 1º, II, conforme vimos na aula anterior. Mas devemos ter em mente que ele deverá fazer, somente, a interpretação do que está sendo falado. Dentro de uma sala de aula, por exemplo, o intérprete não poderá tirar dúvidas sobre o conteúdo que está sendo dado pelo professor, ele deverá fazer a interpretação da aula. De acordo com o que é recomendado pelo MEC/SEESP (BRASIL, 2004, p.63), no livro “O Tradutor e intérprete de língua brasileira de sinais e língua portuguesa”, o intérprete deverá “[...] redirecionar os questionamentos dos alunos ao professor, pois desta forma o intérprete caracteriza o seu papel na intermediação” e essa intermediação vai além da relação professor e alunos. Ela também estará nas relações entre colegas ouvintes e surdos. Veja as fotos, a seguir, e observe que o intérprete de Libras2 está presente em

________________________ ________________________ zada, fazendo interpretação em sala de aula, em eventos, na televisão e também na ________________________ tradução de sinais para a fala, ou seja, na comunicação entre surdos e ouvintes. ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ Figura 3 - Atuação de intérpretes de libras Fonte: http://commons.wikimedia.org ________________________ ________________________ ________________________ 2 Querendo conhecer mais sobre a profissão e o código de ética do intérprete, você poderá consultar, no site http://portal.mec.gov.br/seesp/ arquivos/pdf/tradutorlibras.pdf , o livro “O Tradutor e intérprete de língua brasileira de sinais e língua portuguesa” (formato PDF), que tem como ________________________ vários contextos, na função de romper barreiras entre a comunicação oral e a sinali-

objetivo incentivar e apoiar o desenvolvimento profissional de tradutores e intérpretes de Libras.


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Até a próxima aula, na qual conheceremos a Libras, a língua de sinais usada no Brasil, com sua especificidade linguística, estudaremos os seus parâmetros e a diferença entre a língua de sinais e a língua oral do nosso país.

SÍNTESE Nesta aula, vimos que no contexto educacional do aluno surdo o ensino do Português só terá sentido se for ensinado como uma segunda língua e na sua forma escrita. Vimos, ainda, que, para trabalhar o Português como segunda língua numa perspectiva bilíngue, o professor também deverá ser bilíngue, pois a Língua de sinais será sempre a língua de instrução nesse processo e a aprendizagem da L2 ocorrerá pela mediação da L1.

QUESTÃO PARA REFLEXÃO Depois de conhecermos sobre o contexto educacional do aluno surdo e suas especificidades, como deveremos, então, nos preparar para atuação nesse contexto?

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LEITURAS INDICADAS QUADROS, Ronice Müller de; SCHMIETD, Magali L. P. Idéias para ensinar português para surdos. Brasília: MEC, SEESP, 2006. 120p. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/port_surdos.pdf. Acesso em 06.set.2010 Site Indicado http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=12625& Itemid=860 - (Site do MEC em que você encontrará publicações na área da Educação Especial)

REFERÊNCIAS BRASIL. Decreto 5626 (22 de dezembro de 2005). Regulamenta a Lei nº10436/2002 e o art.18 da lei 10098/2000. Diário Oficial da União. República Federativa do Brasil, Brasília, DF, n. 246, 23 de dez 2005. Seção 1, p.28-30.

CAPOVILLA, Fernando César; RAPHAEL, Walquiria Duarte. Dicionário Enciclopédico Ilustrado Trilingue da Língua de Sinais Brasileira. São Paulo: Editora Universidade de São Paulo, 2008. v. I e II.

BRASIL, MEC/SEESP. O Tradutor e intérprete da língua brasileira de sinais e língua portuguesa. Brasília: MEC/SEESP, 2004. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/tradutorlibras.pdf. Acesso em 06.set.2010.


MEC, SEESP, 2006. 120p. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/port_surdos.pdf . Acesso em 08 set 2010.

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QUADROS, Ronice Müller de; SCHMIETD, Magali L. P. Idéias para ensinar português para surdos. Brasília:

STUMPF, Mariane Rossi. Mudanças Estruturais para uma Inclusão Ética. In: QUADROS, Ronice Müller de (org.). Estudos surdos III. Petrópolis, RJ: Arara Azul,2008. 324 p. Disponível em : http://editora-arara-azul. com.br/novoeaa/pesquisas-em-estudos-surdos/ Acesso em: 27.ago.2010.

QUADROS, Ronice Müller de. History of SignWriting. Disponível em: <ttp://www.signwriting.org/library/ history/hist010.html>. Acesso em: 18.jan.2011.

FERNANDES, Sueli. Práticas de letramento nos contextos da educação bilíngüe para surdos. Curitiba, SEED/SUED/DEE, 2006. Disponível em:

http://www.cultura-sorda.eu/resources/Fernandes_praticas_letramentos+surdos_2006.pdf. Acesso em: 05. set.2010.

LODI, Ana Cláudia B.; HARRISON, Katryn M. P.; CAMPOS, Sandra R. L. de. Letramento e minorias. Porto Alegre: Mediação, 2002. 160p

SALLES, Heloisa M. M. L. et. al. Ensino de língua portuguesa para surdos: caminhos para a prática pedagógica. Brasília: MEC, SEESP, 2004. v. I, 207 p. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/ lpvol1.pdf. Acesso em 08.set.2010.

SALLES, Heloisa M. M. L. et. al.. Ensino de língua portuguesa para surdos: caminhos para a prática pedagógica. Brasília: MEC, SEESP, 2004. v. II, 139 p. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/ lpvol2.pdf. Acesso em: 08.set.2010.

SOARES, Magda. Letramento: um tema em três gêneros. Belo Horizonte: Autêntica, 2003.

THOMA, Adriana da Silva; LOPES, Maura Corcini. A invenção da surdez: cultura, alteridade, identidades e diferenças no campo da educação. Santa Cruz do Sul: EDUNISC, 2004.

VYGOTSKY, L. S. A pré-história da linguagem escrita. In: Vygotsky, L. S. A formação social da mente. 5. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1994.

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BRASILEIRA DE SINAIS

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AULA 03 - PARÂMETROS DA LÍNGUA Autora: Cíntia Barbosa de Oliveira e Márcia Silva Carvalho

Olá!

Estudamos na aula anterior sobre Educação de surdos, a Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS, uma língua de modalidade gestual-visual, isto é, a informação lingüística é percebida pelos olhos e produzida pelas mãos, é a língua natural do surdo. Vimos que no contexto educacional do aluno surdo o ensino do Português só terá sentido se for ensinado como uma segunda língua e na sua forma escrita, e que para saber trabalhar o Português como segunda língua, numa perspectiva bilíngüe, o professor também deverá ser bilíngüe, pois a Língua de sinais será sempre a língua de instrução neste processo e a aprendizagem da L2(a segunda língua) ocorrerá pela mediação da L1(a primeira língua – Língua de sinais). Nesta aula temos como objetivo a língua de sinais como uma língua natural usada pela comunidade surda, também compreenderemos e estudaremos os parâmetros da Língua de Sinais Brasileira que são as estruturas gramaticais da LIBRAS .

Antigamente não havia conhecimento acerca da comunicação da pessoa surda, a língua de sinais era vista como mímicas ou gestos soltos, criando-se mitos sobre ela. Com o passar do tempo, pesquisas vêm mostrando que a língua de sinais é uma língua natural, com sua própria estrutura e pode ser comparada com qualquer língua e possui os mesmos níveis lingüísticos das línguas orais: o fonológico, o morfológico, o sintático, o semântico e o pragmático. Segundo Quadros e Karnopp (2004, p.30), “As línguas de sinais são, portanto, consideradas pela lingüística como línguas naturais ou como um sistema lingüístico legítimo e não como um problema do surdo.” E como vimos na primeira aula, hoje já temos a lei nº. 10436/2002 (BRASIL, 2002) que reconhece a Libras como uma língua, meio legal de comunicação e expressão. Existem alguns mitos criados acerca desta língua, vamos a eles:

Mitos sobre a Língua de Sinais O primeiro equívoco diz respeito ao fato de a Língua de Sinais ser vista como universal e o desconhecimento de que se trata de uma língua natural. Ao reconhecêla como uma língua natural, percebe-se que apresenta variantes regionais e que cada país tem a sua própria língua: no Brasil temos a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS), na França, a Língua Francesa de Sinais (LSF), nos Estados Unidos a Língua de Sinais Americana (ASL) e assim em outros paises, cada um tem sua língua de sinais. Apesar de encontrarmos algumas letras com configurações de mãos iguais, veja que os alfabetos datilológicos (alfabeto feito com as mãos) a seguir, diferem de

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um país para outro. Observe os alfabetos da Libras, da ASL (Língua Americana de Sinais) e da LSF (Língua Francesa de Sinais) e tente identificar a diferença entre eles.

O alfabeto do Brasil

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Fonte: Tipografia LIBRAS

O alfabeto em sinais dos EUA

Figura 2 – O alfabeto em sinais dos EUA Foto: www.chaffey.edu/asl/asl_a-z.jpg


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O alfabeto da Língua Francesa de sinais

Figura 3 Fonte: http://pessoas.hsw.uol.com.br/linguagem-dos-sinais2.htm

Veja também o alfabeto manual da Língua de Sinais PORTUGUESA (De Portugal), que também é diferente do alfabeto da língua de sinais do Brasil:

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Huet, professor de surdo que veio ao Brasil no século XIX a convite de Imperador D. Pedro II, fundando logo em seguida o Instituto Nacional de Surdos - INES. Outro mito que ainda encontramos na sociedade atual e que Quadros, e Karnopp (2004) citam em seu livro sobre estudos lingüísticos, é que a língua de sinais é uma mistura de gestos, mímicas, que não formam conceitos abstratos. Esta afirmação vem mais uma vez mostrar o desconhecimento de algumas pessoas a respeito desta língua. Como já vimos, pesquisas vêm mostrando que a língua de sinais é uma língua natural, com sua própria estrutura e pode ser comparada com qualquer língua e possui os mesmos níveis lingüísticos das línguas orais. Na construção dos sinais na língua de sinais, não podemos deixar de citar Willian Stokoe, que é considerado o pai da lingüística da língua de sinais americana e foi um dos primeiros a estudar esta língua com tratamento lingüístico. “Stokoe, em 1960, percebeu e comprovou que a língua de sinais atendia a todos os critérios linguísticos de uma língua genuína, no léxico (vocabulário), na sintaxe e na capacidade de gerar uma quantidade infinita de sentenças.” (QUADROS; KARNOPP, 2004, p.30). Você pode se aprofundar mais sobre os mitos no livro de Quadros e Karnopp citado anteriormente. Agora vamos estudar os Parâmetros da Língua de Sinais Brasileira para que possamos compreender a formação desta língua.

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Parâmetros da Língua de Sinais No Português, como em qualquer outra língua oral, temos a fonologia que estuda os sons da fala e fonemas, unidades mínimas sem significados, que se combinam para formar a palavra. (FELIPE; MONTEIRO, 2007)

EX: /b/ /o/ /l/ /a/ /bola/ Já na língua de sinais, no nosso caso a Libras, temos os Quiremas (do grego “mãos”) que também são unidades menores que se combinam para formar o sinal, e que chamamos de parâmetros da língua de sinais. São eles: a) Configuração de Mãos (CM) b) Locação (L) ou Ponto de Articulação (PA) c) Movimento (M) d) Orientação (O) ou Direção (D) e) Expressão facial ou corporal.

Agora iremos estudar cada um destes parâmetros separadamente:


Configuração de Mãos (CM)

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Conforme Felipe e Monteiro (2007), na Libras temos 64 configurações das mãos, ou seja, 64 formas diferentes, feitas com as mãos, para formar os sinais.Porém esta quantidade não é definitiva, há vários pesquisadores nesta área e cada um determina um número diferente de configuração. Configuração das mãos é a forma, ou formas, das mãos presente num sinal. Elas podem ser feitas pela mão dominante (direita para os destros e esquerda para os canhotos) ou pelas duas mãos. Veja a seguir tabelas de configuração de mãos retiradas de 02 sites diferentes e observe que cada uma tem quantidades diferentes. E para começar nossa aprendizagem da LIBRAS tente fazer todas as configurações. Isto será um treino para você aprender a fazer os sinais.

Figura 5 – Configuração de Mãos Foto: http://www.ines.org.br/libras/index.htm

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Figura 6 - Configuração de Mãos Foto: http://www.acessobrasil.org.br/libras/

A depender do sinal, a configuração de mãos pode ser feita com uma ou duas mãos, podendo ser configurações iguais ou diferentes. Observe os exemplos: ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ Configuração feita com uma mão ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ BEBER ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ FEMININO (MULHER) ________________________ ________________________ ________________________ Fonte: http://www.acessobrasil.org.br/libras


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Feita com duas mãos e configurações iguais

Ficar

Futebol Fonte: http://www.acessobrasil.org.br/libras

Sinais feitos com duas mãos e cada mão com uma configuração diferente

Identidade

Apagar

________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________


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Copo

Detergente Fonte: http://www.acessobrasil.org.br/libras

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Agora que você já entendeu o que é Configuração de Mãos(CM), conheça o ponto de articulação que é mais um parâmetro da língua de sinais.

Ponto de articulação (PA) O ponto de articulação é o local onde é feito o sinal, ele pode ser feito em um espaço neutro, isto é, fora do corpo ou próximo ao corpo, feito no tronco, na testa ou no braço. O ponto de articulação é muito importante porque a depender do local, ainda que o sinal seja feito com as mesmas configurações, poderá transmitir significados diferentes como, por exemplo, os sinais de SÁBADO e APRENDER, pois, têm o mesmo movimento, a mesma configuração, mas o primeiro é feito na testa e o segundo é feito na boca o que traz um sentido e um significado que os diferenciam, pois, a os sinais relacionados à cognição são feitos sempre na altura da cabeça e os sinais relacionados a alimentos são feito na altura da boca, nesse caso sábado lembra dia de feira que lembra laranja, conforme representação a seguir.


SÁBADO

APRENDER

libras

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Exemplos:

Fonte: http://www.acessobrasil.org.br/libras

Veja a seguir sinais feitos fora do corpo: (as mãos não tocam no corpo, ou seja, o ponto de articulação é neutro)

Fonte: Autoria Márcia Silva Carvalho

Agora observe sinais feitos no corpo, ou seja, as mãos tocam em partes do corpo: Ponto de articulação no peito Saudades

Fonte: http://www.acessobrasil.org.br/libras

________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________


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Ponto de articulação na testa (são sinais feitos na testa):

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Afilhado

Fonte: http://www.acessobrasil.org.br/libras

Ponto de articulação no braço (sinais feitos no braço):

Gordo:

________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________

Fonte: http://www.acessobrasil.org.br/libras

Já vimos alguns dos Parâmetros da língua de sinais: a Configuração de mãos (CM) e Ponto de Articulação (PA), agora vamos aprender mais um dos parâmetros que é o parâmetro Movimento:

Movimento (M)

Como o próprio nome já diz, os sinais podem ter ou não movimentos. Veja os exemplos observando a indicação da seta:

Sinais com movimento

Álcool - passa a mão pelo braço, fazendo movimento, como se estivesse passando álcool.


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Fonte: http://www.acessobrasil.org.br/libras

Boi - gira a mão e fica na posição como se estivesse formando um chifre. Para visualizar e entender melhor o movimento, você poderá consultar o dicionário online no site: http://www.ines.gov.br/libras/ ou em http://www.acessobrasil.org.br/ libras/

Fonte: Autoria Márcia Silva Carvalho

Sinais sem movimentos

Exemplo do sinal FICAR EM PÉ – coloca-se a mão direita sobre a esquerda e deixa as mãos paradas, não faz movimento.

Fonte:http://www.acessobrasil.org.br/libras

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Um outro parâmetro da língua de sinais é a Orientação, vamos conhecê-lo:

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Orientação (O) Os sinais têm uma orientação, ou seja, “é a direção para a qual a palma da mão aponta na produção do sinal” (QUADROS; KARNOPP, 2004, p.59).

Exemplos:

A palma da mão fica para dentro do corpo, veja no exemplo a seguir no sinal de esquecer:

Esquecer

________________________ ________________________ ________________________ ________________________ Fonte:http://www.acessobrasil.org.br/libras ________________________ ________________________ ________________________ Já no sinal de identidade, a palma da mão fica virada para o lado em ambas as mãos. ________________________ Observe: ________________________ Identidade ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ Fonte:http://www.acessobrasil.org.br/libras ________________________ ________________________ Por último, veremos a expressão facial ou corporal, que também faz parte dos ________________________ ________________________ parâmetros da língua de sinais: ________________________ ________________________


A expressão facial ou corporal é muito comum na língua de sinais, já que é uma língua espacial e visual, e requer expressões para determinar um sinal ou diferenciá-

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Expressão facial ou corporal

lo. Veja os exemplos, observando a expressão facial das pessoas:

Magro

Gordo Fonte:http://www.acessobrasil.org.br/libras

Ao reconhecermos a língua de sinais como uma língua natural, utilizada pela comunidade surda, com sua estrutura própria, cai por terra mitos construídos acerca dela. Hoje podemos entender que a LIBRAS é a língua de sinais usada no Brasil, e que cada país possui a sua língua de sinais. Observamos também que a modalidade da língua oral é diferente da língua de sinais, uma é oral-auditiva, e a outra é visual – espacial que apresenta cinco parâmetros para formar os sinais. Sendo assim, a pessoa surda no Brasil deve ter como primeira língua a LIBRAS, sua língua natural e como segunda língua, a portuguesa. Até a próxima aula em que estudaremos a função do alfabeto datilológico ou manual, bem como os numerais em língua de sinais, a fim de sabermos como utilizálos na comunicação com a pessoa surda.

SÍNTESE Nesta nossa terceira, aula você aprendeu alguns mitos sobre a língua brasileira

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de sinais, a variação do alfabeto manual entre países, e os cinco parâmetros dessa língua que servem para formar os sinais.

QUESTÃO PARA REFLEXÃO Você já havia pensado na Língua Brasileira de Sinais como uma língua natural, com estrutura gramatical própria e sujeita a variações regionais e nacionais?

LEITURAS INDICADAS QUADROS, Ronice Muller de; KARNOPP, Lodenir. Língua de sinais brasileira: estudos lingüísticos. Porto Alegre: ARTMED, 2004

SITES INDICADOS BRASIL. Lei 10436 (24 de abril de 2002). Dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/lei10436.pdf>.

________________________ Acesso em 18 Jul 2009. ________________________ http://www.ines.gov.br/libras/index.htm, Acesso em 13 de outubro de 2010 ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ REFERÊNCIAS ________________________ ________________________ BRASIL. Lei 10436 (24 de abril de 2002). Que dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS. Disponível ________________________ em: http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/lei10436.pdf. Acesso em 18 Jul 2009. ________________________ ________________________ FELIPE, Tanya A; MONTEIRO, Myrna S. Libras em contexto: curso básico - livro do professor. 6. ed. Brasília: ________________________ Ministério da Educação, Secretaria de Educação Especial, 2006. 448p. ________________________ ________________________ QUADROS, Ronice Muller de; KARNOPP, Lodenir. Língua de sinais brasileira: estudos lingüísticos. Porto ________________________ Alegre: ARTMED, 2004. ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________


HORAS EM SINAIS; SOLETRAÇÃO DE NOMES

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AULA 04 - ALFABETO MANUAL; NÚMEROS E Autora: Cíntia Barbosa de Oliveira e Márcia Silva Carvalho

“Eu tinha olhos para escutar” (Laborit,1994)

Olá!

Você viu na aula anterior o que é língua brasileira de sinais e os cinco parâmetros dessa língua que servem para formar os sinais. Nesta aula você aprenderá a função do alfabeto datilológico ou manual, bem como os numerais em língua de sinais (LS) a fim de saber utilizá-los na comunicação com a pessoa surda, facilitando assim o processo de inclusão entre ouvintes e surdos. Não se esqueça de que para aprender tem que praticar, não adianta olhar apenas, tente reproduzir cada letra e número no mínimo de três vezes, LS como em qualquer língua precisa ser compartilhadas entre seus usuários, por isso, comece a pensar na ideia de visitar a comunidade surda para aperfeiçoar a sua comunicação em LIBRAS.

ALFABETO MANUAL

________________________ ________________________ O alfabeto manual, ou seja, datilológico, é o mesmo que soletração de letras, só ________________________ que em mãos e com ausência de som. ________________________ Veja a seguir o alfabeto manual e aproveite para treinar cada letra, não esque- ________________________ cendo de observar as setas indicadoras de movimento e orientação (as letras que têm ________________________ movimento são: Ç, H, J, K, W, X, Y e Z). ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ Fonte: Criação Unifacs ________________________


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O alfabeto em língua de sinais é utilizado para indicar nomes próprios de pessoas, lugares e vocabulários não existentes em língua de sinais, ou seja, vocabulário que não existe em forma de sinal, como mostram os exemplos a seguir:

Fonte: Criação Unifacs

Nunca = N-U-N-C-A é uma palavra da língua portuguesa que por empréstimo lingüístico é utilizada na LS, na qual não há um sinal específico, por isto ela é soletrada com movimentos próprios da LS. “De modo geral, todas as línguas, orais ou de sinais, incorporam em seu vocabulário palavras estrangeiras que são consideradas como

________________________ empréstimo linguístico.” (QUADROS; KARNOPP, 2004, p. 89). E a libras, como qualquer ________________________ outra língua, também faz empréstimos lingüísticos. Veja o exemplo: ________________________ NUNCA ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ Fonte: http://www.acessobrasil.org.br/libras ________________________ ________________________ Para soletrar a palavra NUNCA, utilizamos as seguintes configurações de mãos: ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ Fonte: http://www.ines.gov.br/ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________


E a soletração é feita de forma bem rápida da seguinte maneira:

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U INVERTIDO + U + U INVERTIDO+ C + A (DEVE-SE FAZER ISTO RAPIDAMENTE)

libras

Quando utilizamos o alfabeto manual para indicar nome completo de pessoas, soletramos cada nome e sobrenome, separando-os por espaços, como se empurrássemos cada palavra para o lado, fazendo a mímica de uma alavanca de antiga máquina de datilografia.

Alguns sinais serão feitos por parte da soletração, como vemos nos exemplos da datilologia das palavras a seguir.

Exemplo 1: para sinalizar a palavra março, utilizamos as seguintes configurações de mãos.

________________________ Fonte: http://www.ines.gov.br/ ________________________ ________________________ ________________________ A primeira configuração a letra M invertida + a segunda configuração feita com ________________________ um leve tremor das mãos (Ç ) mais O. ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ Fonte: FELIPE, Tanya A; Monteiro, Myrna S. Libras em contexto: curso básico - livro do professor, 2006. ________________________ ________________________ ________________________ ________________________


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Exemplo 2: para sinalizar a palavra julho utilizamos as seguintes configurações de mãos.

Fonte:http://www.ines.gov.br/

A primeira configuração fazendo uma curva (letra J do alfabeto manual) em seguida, a segunda configuração, letra L do alfabeto manual.

Obs.:Você sabia? Na comunidade surda, além do nome próprio, as pessoas são conhecidas por um sinal pessoal. Este sinal normalmente é criado pela comunidade a qual a pessoa pertence e pode representar uma característica física, a sua profissão, a primeira letra do nome etc. O alfabeto datilológico no caso descrito acima corrobora para melhor identificar, não somente uma pessoa, mas um lugar ou uma empresa, pois, o mesmo diferencia sinais iguais quando é usado para complementar tais sinais com uma letra ou letras, siglas que tenham relação com o que está sendo sinalizado. Um exemplo é o sinal pessoal de duas professoras que trabalham na mesma escola e que usam óculos. Ambas são identificadas

________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________

pelo sinal óculo na região do olho direito, porém a uma é acrescida a letra M do seu nome M-A-R-I-A e à outra é acrescida a letra N de N-A-D-I-A.

O alfabeto manual também facilita a comunicação entre ouvintes que não sabem sinais e surdos, pois, o nome de algo é soletrado em sinais e o surdo compreende se também souber Libras e português escrito.

Agora tente soletrar seu nome completo e pratique com algum colega a soletração de nomes. Desta forma, você estará praticando o fazer e a visualização “leitura” do alfabeto datilológico.


Relacione a primeira coluna com a segunda:

Fonte: Márcia Silva Carvalho

Como já estudamos o alfabeto datilológico, vamos, então, aprender os numerais em língua de sinais?

NUMERAIS EM LÍNGUA DE SINAIS Quanto aos numerais em língua de sinais, podem ser utilizados para representar cardinais, medidas, horas, meses do ano, dias, valores monetários, quantidades, ordem, códigos em geral, porém é preciso observar a diferença entre numerais cardinais e ordinais. Veja a seguir os numerais em língua de sinais:

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Agora pratique a atividade a seguir para aperfeiçoar sua aprendizagem.

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A partir do número dez, faz-se a união dos numerais, realizando a sinalização mais rápida, faz o sinal de um número mais próximo ao outro. Observe o exemplo do número 12:

Para números repetidos como 11, 22, 33, 77, sinalizamos o primeiro número de forma a arrastá-lo, não repetitivamente, mas de uma forma como se tivesse sinalizando duas vezes o mesmo número.Observe os exemplos:

Fonte: Criação Unifacs

Agora você vai conhecer algumas regras básicas para utilizar os numerais car-

________________________ dinais em libras. ________________________ ________________________ Nos números de 1 a 4 a palma da mão fica virada para o corpo. ________________________ ________________________ No caso da utilização de um ou mais zeros à esquerda do número, rotacionar o pulso para fazer os números após o zero (ex. 05, 001, 0007, etc). ________________________ ________________________ Quando os zeros estiverem à direita de outros números em centena ou unidades de ________________________ milhar, o zero é arrastado em movimentos curtos para as centenas e movimentos mais ________________________ longos para as unidades de milhar. ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ Fonte: Criação Unifacs ________________________ ________________________ Agora que você já aprendeu os numerais em sinais, aprenderá a diferença entre ________________________ ________________________ os cardinais, ordinais e quantitativos, essas diferenças acontecem em outras línguas. ________________________ ________________________ ________________________ ________________________


Os numerais cardinais são utilizados para indicar números de telefones, casas, CEP, registro de documentos, etc. Como exemplos, temos: casa 1; TEL: 2400-7568; ÔNI-

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Numerais Cardinais

BUS 574. Porém, as configurações desses exemplos não têm movimentos. Os sinais dos numerais são feitos parados, ou seja, fixos num ponto. Ex: Casa nº. 01.

Fonte: Criação Unifacs - http://www.acessobrasil.org.br/libras Clipart: www.sxc.hu

Numerais Ordinais

Já os numerais ordinais em língua de sinais têm a mesma configuração dos cardinais, acrescentando a eles alguns movimentos. Os numerais do primeiro ao quarto são movimentados para cima e para baixo e os numerais do quinto até o nono são movimentados de um lado para outro. A partir do décimo, os numerais se igualam aos cardinais e não têm movimentos ao serem realizados, portanto, serão mais bem compreendidos pelo interlocutor através do contexto do diálogo.

Fonte: Criação Unifacs

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Numerais Quantitativos

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Os numerais quantitativos representam quantidade, podendo ser valores monetários, quantidade de pessoas, objetos, coisas, ou seja, tudo que tenha ideia de quantidade. E nesses casos, as configurações de mãos, do número 01 até o número 04, são configurações diferentes das configurações dos numerais cardinais. São feitas como se estivéssemos representando determinada quantidade por cada um dos dedos, como nos exemplos a seguir: 5 Flores

3 Pessoas

1 Real

Fonte: Autoria Cíntia Barbosa

Isto acontece do 1 ao 4. A partir do número 5 (cinco), as representações se igualam aos numerais cardinais.

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E em relação aos valores monetários, a vírgula (faz o desenho de uma vírgula no ar) deve ser incorporada ao sinal do número, e segundo Felipe (1997, p.60) “quando o valor é centavo, o sinal VÍRGULA vem depois do sinal ZERO, mas na maioria das vezes não precisa usar o sinal ZERO para centavo porque o contexto pode esclarecer.” Agora vamos treinar os numerais em libras ligando a 2ª coluna de acordo com a 1ª.

Fonte: Criação Unifacs


dinais. Estudaremos agora horas em LS.

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Já que aprendemos a diferença entre os numerais cardinais, quantitativos e or-

Horas Usaremos dois sinais diferentes para identificar horas no sentido cronológico e horas no sentido da duração, ou seja, tempo gasto numa determinada atividade. Para hora cronológica, apontaremos com o dedo indicador para o pulso ou mão em forma de ponteiro, movimentando o indicador como se quisesse fazer um semicírculo no pulso e em seguida fazer o sinal de numeral quantitativo até o 4 e, a partir do 5, os sinais de numerais cardinais até 12. Após esse número votaremos a sinalizar a partir do 1 acrescentando o sinal de tarde, noite ou madrugada . Já em relação à duração, um sinal é feito a partir de um círculo em volta do rosto com o dedo indicador para 1 hora, dedos indicador e médio para 2 horas, dedos indicador, médio e anelar para três horas, dedos indicador, médio, anelar e mínimo para 4 horas.

________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ Vejamos agora alguns sinais relacionados ao tema HORAS para ampliarmos ________________________ nossos conhecimentos. ________________________ MANHÃ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ TARDE ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________


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56 NOITE

MADRUGADA

ONTEM

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ANTEONTEM

AMANHÃ


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DIA

DEPOIS

Fonte: Criação Unifacs - http://www.acessobrasil.org.br/libras/

Para melhor aprender os sinais relacionados às horas, responda com atenção as perguntas relacionadas a você e sua rotina. Qual o seu nome e sobrenome? Responda utilizando o alfabeto datilológico. Em que cidade você nasceu? Qual sua filiação? Quantas horas você estuda por dia? Em que dia, mês e ano você nasceu? Quanto tempo você leva de sua casa para seu trabalho ou lugar de estudo?

Até a próxima aula, em que estudaremos o sistema de classificação e a importância da expressão facial e corporal como parte integrante das frases em língua de sinais (LS), já que sua representação sempre se baseia no trinômio: expressão facial e corporal, configuração de mãos e ponto de articulação, como já estudamos na aula 3 (os parâmetros da LS).

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SÍNTESE

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Nessa nossa aula, estudamos o alfabeto manual, os números e as horas em sinais, ou seja, conhecimentos básicos da língua de sinais. Essa língua é tão complexa como qualquer outra que se desenvolve naturalmente, é uma língua viva, e novos sinais vão surgindo, por isso se faz necessário muito estudo e pesquisa para um maior conhecimento. Tente você mesmo (a) praticar estes sinais para absorver melhor os assuntos desta aula.

QUESTÃO PARA REFLEXÃO Diante da LIBRAS, que é uma língua essencialmente visual, quais as dificuldades que você tem encontrado para aprendê-la? Quais relações você faz com a sua língua de referencia? Pense nessa questão e registre todas as dificuldades encontradas nesse processo de aprendizagem de uma nova língua.

LEITURAS INDICADAS ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Ensino da língua portuguesa para surdos: caminhos para a prática pedagógica. Brasília: MEC/ SEESP, 2002. Volumes 1 e 2. BRITO, Lucinda Ferreira. Por uma gramática de língua de sinais.Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro: UFRJ, 1995. BOTELHO, Paula. Linguagem e letramento na educação dos surdos - Ideologias e práticas pedagógicas. Belo Horizonte: Ed. Autêntica, 2002. FERNANDES, Eulalia. Linguagem e Surdez. Porto Alegre: Artmed, 2003. QUADROS, R. M. de Educação de Surdos: a aquisição da linguagem. Porto Alegre. Artes Médicas. 1997. QUADROS, R. M. e KARNOPP, L. B. de Língua de Sinais Brasileira: Estudos Lingüísticos. Porto Alegre. Artes Médicas (no prelo). SKLIAR, Carlos (org.). Um olhar sobre as diferenças. Porto Alegre: Ed. Mediação, 1998. SKLIAR, Carlos (org.). Atualidade da educação bilíngue para surdos. Porto Alegre: Mediação, 1999, Volumes 1 e 2. SOUZA. Regina Maria de. Que palavra te falta? Linguística, educação e surdez: considerações epistemológicas a partir da surdez. São Paulo: Martins Fontes, 1998.


http://www.acessobrasil.org.br/libras/

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SITES INDICADOS

http://www.dicionariolibras.com.br/website/dicionariolibras/dicionario. asp?cod=124&idi=1&moe=6 http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=288&Ite mid=355

REFERÊNCIAS CAPOVILLA, Fernando César; RAPHAEL, Walquiria Duarte. Dicionário enciclopédico ilustrado trilingue da língua de sinais brasileira. São Paulo: Editora Universidade de São Paulo, 2008 V I e II.

FELIPE, Tanya A; Monteiro, Myrna S. Libras em contexto: curso básico - livro do professor. 6. ed. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Especial, 2006.

FELIPE, Tanya A. Libras em contexto: curso básico - livro do aluno. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Especial, 1997.

LIRA, Guilherme de A; FELIPE, Tanya A. Dicionário da língua brasileira de sinais: libras. Brasília: INES/CORDE, Secretaria Especial dos Direitos Humanos, Acessibilidade Brasil. Impressão em multimídia – CD – versão 2.0, 2005.

QUADROS, Ronice Muller de; KARNOPP, Lodenir. Língua de sinais brasileira: estudos lingüísticos. Porto Alegre: ARTMED, 2004.

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FRASES E A ESTRUTURA DA FRASE EM LIBRAS

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AULA 05 - CLASSIFICADORES, TIPOS DE

Autoras: Cíntia oliveira Barbosa e Márcia Silva Carvalho

Olá!

Esta é a nossa quinta aula. Nela trataremos do sistema de classificação e a importância da expressão facial e corporal como parte integrante da frase em língua de sinais (LS), já que sua representação sempre se baseia no trinômio: expressão facial e corporal, configuração de mãos e ponto de articulação como já estudamos na aula 3 (os parâmetros da LS). Conheceremos também os tipos de frases e estrutura da frase em libras, para que, desta forma, você possa estabelecer uma comunicação com um aluno surdo. Volto a lembrar que esta língua é tão complexa como qualquer outra que se desenvolve naturalmente na interação com o outro, por isso se faz necessário muito estudo e pesquisa para um maior conhecimento e desenvolvimento de sua prática.

LÍNGUA DE SINAIS

Classificadores Para Felipe e Monteiro (2006), na língua brasileira de sinais, os classificadores (CL) são configurações de mãos que, relacionadas à coisa, pessoa e animal, funcionam como marcadores de concordância. Já para Quadros e Karnopp (2004, p. 93), “[...] classificadores são geralmente usados para especificar o movimento e a posição de objetos e pessoas ou para descrever o tamanho e a forma de objetos”. Podemos dizer, então, que denominamos “classificadores” uma espécie de pronomes especiais que substituem o nome; incorporando a ideia de gênero, número; que trazem a ideia de tamanho, quantidade, volume, e que atribuem qualidade de redondo, quadrado, listrado, etc. Os classificadores são próprios da língua de sinais e ajudam a evitar o uso do português sinalizado (sinalizar palavra por palavra, seguindo a estrutura da língua portuguesa), uma aplicação incorreta para interpretar e traduzir a Libras que pode, inclusive, dificultar a clareza da comunicação entre os usuários da língua de sinais.

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Os classificadores podem ser divididos em:

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Especificadores de Tamanho e Forma; Classificadores Semânticos; Classificador de Parte do Corpo; Classificadores instrumentais; Verbos classificadores.

1 Especificadores de tamanho e forma: são os aspectos do objeto ou referente, o ser a que se refere, representados pelas configurações de mãos. Esses classificadores especificam objetos quando redondos, longos, quadrados, etc.

Veja os exemplos a seguir:

Este é o sinal para BOLA, porém:

________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ Fonte:http://www.acessobrasil.org.br/libras ________________________ ________________________ ________________________ a) Para representar uma bola de ping-pong, iremos utilizar o classificador de ________________________ especificador de tamanho: mãos configuradas em C colocando uma mão dentro da ________________________ outra + expressão facial (a boca um pouco murcha). ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ Fonte: Clipart


em C, mas numa posição como se segurássemos uma bola grande imaginária + expressão facial (bochechas cheias de ar e olhos abertos).

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b) Para representar uma bola de futebol também iremos ter as mãos configuradas

Desta forma, usamos o classificador de especificador de tamanho e forma para representar os diferentes tipos e tamanhos de uma bola.

2 Classificadores semânticos: expressam os referentes, como semânticas, indicando seres com pernas (pessoas e animais) e também objetos verticais e horizontais.

Observe os exemplos: a) Para representar pessoas ou animais andando, usamos os classificadores semânticos. Observe as gravuras e as configurações ao lado de cada desenho, e veja que ANDAR para pessoa é diferente de ANDAR para animal.

ANDAR (para pessoa)

ANDAR (para animal)

________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ Fonte:http://www.acessobrasil.org.br/libras ________________________ ________________________ Os classificadores semânticos para objetos verticais ou horizontais, represen________________________ tam o movimento e característica do objeto, através da concordância de uma caracte________________________ rística da ação verbal deste objeto. Para melhor entendimento, observe o exemplo: ________________________ ________________________ Este é o sinal de CARRO, que fazemos com a configuração S ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ Fonte: http://www.acessobrasil.org.br/libras


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Porém, para representar vários carros enfileirados, não fazemos o sinal de carro, usamos a configuração em B com as duas mãos e a característica da ação verbal (enfileirados):

Fonte: Autoria Márcia Silva Carvalho

Na ilustração, observamos as mãos configuradas em B com a palma da mão para baixo e uma mão atrás da outra representando uma fila. Assim, aprendemos os classificadores semânticos que usamos para representar o verbo andar para pessoa e animais e enfileirados ou engarrafados para carros.

________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________

3 Classificador de parte do corpo: o emissor usa seu próprio corpo ou as mãos para representar uma parte do corpo do ser a que está se referindo.

Exemplo: Para falarmos que as orelhas de um cachorro estão feridas ou que um cavalo se machucou na barriga, utilizamos nossa própria parte do corpo para demonstrar as partes do corpo do animal.

4 Classificadores instrumentais: é quando se mostra um objeto sendo manipulado, utilizando espaço e forma visual-geométrica ou de forma mimética.

Ex: Para mostrar os lados de uma caixa de sapato, por exemplo, deve-se fazer o sinal de uma caixa e uma mímica como se estivéssemos com a caixa na mão mostrando os lados desta caixa.


CAIXA

libras

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Fonte:http://www.acessobrasil.org.br/libras

Para mostrar um objeto cilíndrico, utilizamos a configuração das mãos em C

(copo, vasos, etc.).

Conforme Felipe (2006, p. 205) A Libras, como outras línguas de sinais, devido à sua característica gestual-visual, pode introduzir, no contexto discursivo, a mímica e por isso um objeto, uma qualidade de um objeto, um estado, um processo ou uma ação pode mimeticamente ser representada juntamente com a estrutura frasal. Este processo de formação de palavra, altamente produtivo, permite uma economia, já que expressões faciais e corporais podem complementar os itens lexicais estabelecendo contextos discursivos uma vez que essas se estruturam a partir das convenções da língua. O processo mimético transforma a mímica em uma forma lingüística que representa iconicamente o referente a partir dos parâmetros de configuração sígnica e da sintaxe da língua. Na verdade, não se faz a mímica simplesmente, esta é incorporada pela língua e se estrutura a partir dos parâmetros de cada língua de sinais, como as onomatopéias nas línguas oralauditivas.

Assim, como utilizamos a expressão facial e corporal para complementar e dar ênfase ao que estamos sinalizando, também podemos fazer mímicas quando estamos

________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________


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conversando em língua de sinais e estas podem representar, juntamente com os sinais, o que desejamos transmitir.

5 Verbos classificadores: utiliza-se a configuração de mãos para concordar com os gêneros: pessoas, animais, coisas. Esses verbos classificadores concordam com o sujeito, ou objeto da frase.

Para entender melhor, observe os exemplos: Exemplo 1: Para representar um copo caindo, temos que fazer a mão configurada em C, em cima da palma da outra mão, virando como se o copo estivesse indo ao chão. Observe a indicação da seta, que representa o copo caindo.

COPO CAINDO

________________________ ________________________ ________________________ ________________________ Fonte:http://www.acessobrasil.org.br/libras ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ Exemplo 2: Para representar uma pessoa caindo, a mão fica configurada em um V virado ________________________ para baixo, apoiada na palma da outra mão e fazendo o movimento como se a pessoa estivesse caindo no chão. Observe novamente a indicação da seta. ________________________ ________________________ ________________________ PESSOA CAINDO ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ Fonte:http://www.acessobrasil.org.br/libras ________________________ ________________________ ________________________ Observe que no exemplo 1, representação de um copo, utilizamos o classifica________________________ dores instrumentais, ou seja, para mostrar um objeto cilíndrico utilizamos a configuração das mãos em C. Ao mesmo tempo, para representar o copo caindo utilizamos os


palma da outra mão, e fazendo o movimento virando a mão como se o copo estivesse indo ao chão.

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verbos classificadores, ou seja, temos que fazer a mão configurada em C, em cima da

Temos ainda as expressões faciais e corporais como fundamental na realização dos classificadores. Alguns exemplos de expressões faciais e corporais são apresentados por Fernandes e Strobel (1998, p.29 e 30): a) Para representar coisas grandes ou grossas, devemos inflar as bochechas e abrir bem os olhos.

Fonte:http://www.acessobrasil.org.br/libras

b) Para representar coisas estreitas ou finas, os olhos devem ficar semifechados, franzir a testa, os ombros levantados e uma pequena inclinação da cabeça para frente.

Fonte:http://www.acessobrasil.org.br/libras

c) Para representar tamanhos médios, a expressão facial deverá ficar neutra.

Fonte:http://www.acessobrasil.org.br/libras

________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________


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Os classificadores e as expressões facial e corporal são muito importantes, pois se configuram partes integrantes da frase em língua de sinais. Devemos usá-los para que haja uma melhor compreensão do que se quer transmitir e para que não exista confusão no entendimento da mensagem. Estudaremos, agora, tipos de frases em libras.

Tipos de frases Em Libras, como na língua portuguesa, temos os tipos de frases afirmativa, interrogativa, exclamativa e negativa. E para estabelecer tipos de frases, as línguas de sinais utilizam expressões corporais e faciais que são como as entonações usadas nas línguas orais. Estas “expressões facial e corproral são feitas simultaneamente com certos sinais ou com toda frase.” (FELIPE; MONTEIRO, 2006, p.126). Desta forma, para demonstrar ou perceber o tipo de frase na língua de sinais teremos que ficar atentos à expressão corporal e facial. Veja, a seguir, os tipos de frases: Na forma afirmativa, sinaliza-se a frase e a expressão facial fica neutra. Ex: Meu nome é Carla.

NOME CARLA

________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ Fonte:http://www.acessobrasil.org.br/libras ________________________ ________________________ ________________________ Na forma interrogativa, sinaliza-se a frase e simultaneamente ao sinal e faz-se as se________________________ guintes expressões: franze a sobrancelha e a cabeça é ligeiramente levantada. ________________________ ________________________ ________________________ Ex: Qual o seu nome? ________________________ ________________________ NOME QUAL? ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ Fonte:http://www.acessobrasil.org.br/libras ________________________ ________________________


que vai marcar a diferença entre a afirmativa e a interrogativa é a expressão facial.

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Observe que o sinal de “NOME” e da frase “QUAL O SEU NOME?” é o mesmo; o

Na forma exclamativa, ao sinalizar a frase, realiza-se a expressão facial e corporal: levanta as sobrancelhas e faz um ligeiro movimento com a cabeça para baixo e para cima.

EX: Que nome lindo!

NOME

BONITO

Fonte:http://www.acessobrasil.org.br/libras

E ainda podemos utilizar um intensificador, ou seja, simultaneamente ao sinal de BONITO fazer a expressão facial e colocar intensidade no sinal, fazer o sinal de forma ________________________ mais lenta. ________________________ NOME

LINDO (BONITO)

Fonte:http://www.acessobrasil.org.br/libras

Na frase negativa, temos três formas diferentes:

a) O acréscimo do sinal não à frase afirmativa; b) O sinal do verbo na forma negativa, como, por exemplo, os verbos: não gostar, não ter, não poder, não querer; c) Simultaneamente com a ação negada — que podem ser os verbos na forma negativa —, acenar a cabeça em forma de negação.

________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________


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A seguir, exemplificamos as três formas negativas:

a) O acréscimo do sinal não à frase afirmativa. Ex: O sapato é feio, eu não vou comprar.

SAPATO

FEIO

COMPRAR

NÃO

Fonte:http://www.acessobrasil.org.br/libras

b) O sinal do verbo na forma negativa, como, por exemplo, os verbos: não gostar, não ter, não poder, não querer. Ex: Não quero este sapato.

Faz o sinal de quero, porém movimentando-o para baixo de forma contraria a

________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________

afirmação. SAPATO

QUERER NÃO

Fonte:Sapato http://www.acessobrasil.org.br/libras Fonte: Querer Não - Autoria Márcia Silva Carvalho

c) Simultaneamente com a ação negada, que podem ser os verbos na forma negativa,como no exemplo acima do verbo QUERER NÃO, devemos também acenar a cabeça em forma de negação. Ex: Não posso comprar o sapato. SAPATO

COMPRAR

Fonte: http://www.acessobrasil.org.br/libras

PODER NÃO


também balança a cabeça em forma de negação. Observe acima a seta de indicação do movimento.

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Veja que o verbo PODER NÃO, é um verbo negativo e simultaneamente a este verbo

Desta forma, aprendemos os tipos de frases afirmativa, interrogativa, exclamativa e negativa em língua de sinais. E não podemos esquecer que para estabelecer tipos de frases, utilizam-se expressões corporais e faciais que são como as entonações usadas nas línguas orais.

Atenção! Para compreender melhor os movimentos dos sinais, aqui estudados, consulte os dicionários digitais nos seguintes sites: http://www.ines.org.br/libras/index.htm http://www.acessobrasil.org.br/libras/.

Não podemos esquecer, portanto, que para uma melhor comunicação com a pessoa surda, visando sua inclusão numa sociedade, majoritariamente ouvinte, é necessário observar os seguintes aspectos: seres, coisas e objetos estão ligados por ações que proporcionam uma compreensão lógica entre as pessoas envolvidas no processo de comunicação. É essa compreensão que faz surgir a estrutura do pensamento que, por sua vez, dá forma a linguagem; não é possível que uma pessoa surda compreenda a estrutura da língua portuguesa escrita sem que antes tenha conhecimento de sua língua (LS), já que seu pensamento se estrutura de acordo com linguagem gestual-visual. Portanto, ao surdo devemos proporcionar condições favoráveis de comunicação através dos elementos de expressão facial e corporal e os classificadores, que colaboram não só para uma melhor comunicação, mas para uma inclusão de fato.

Estrutura de frases em Libras Como qualquer outra língua, a Libras possui sua estrutura gramatical. Ela não é o Português Sinalizado, como muitos possam pensar, ou seja, não é a repetição de palavra por palavra da língua portuguesa. De forma geral, no português, as frases seguem a ordem de Sujeito – Verbo – Objeto (SVO). Veja o exemplo:

________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________


libras

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Na língua de sinais, podemos seguir esta mesma ordem, mas não usamos os conectivos (pronome, conjunções, preposições). A frase sinalizada ficaria assim:

GATO COMEU CARNE

Para Quadros e Karnopp (2004), a ordenação mais básica na língua de sinais também é a SVO. Porém, podemos encontrar outras ordens, dentre as quais temos: Objeto – Sujeito – Verbo (OSV) e Sujeito – Objeto – Verbo (SOV) e estas são alteradas pela presença do tópico que é “o tema do discurso que apresenta uma ênfase especial, posicionado no início da frase e seguido de comentário a respeito desse tema” (QUADROS; KARNOPP, 2004, p. 148). Exemplos:

Em Libras:

________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________

Em Português:

a) ELE SÃO PAULO VAI.

a) Ele vai para São Paulo.

b) CARRO MENINO GOSTA.

b) O menino gosta de carro.

Na frase A temos a ordem SOV, isto significa que o tópico é o sujeito ELE, seguido do comentário SÃO PAULO VAI. Na frase B temos a ordem OSV, neste caso o tópico é o objeto CARRO, seguido do comentário MENINO GOSTA. Quanto à ordem da frase, também vimos na aula anterior que os advérbios, normalmente, vêm no início da frase, mas que também podem vir no final (FELIPE; MONTEIRO, 2006. p. 155; QUADROS; KARNOPP, 2004. p.143). Uma coisa muito importante, a saber, é que necessitamos interpretar a frase antes de sinalizar, pois, um grande erro que cometemos é quando fazemos o Português Sinalizado, traduzir palavra por palavra. Ao fazermos Português Sinalizado podemos passar um sentido diferente do que pretendemos. Se, por exemplo, na frase “A menina saiu depois da chuva” traduzirmos palavra por palavra, o sentido ficará diferente do que desejamos transmitir, o surdo entenderá que a menina saiu e depois choveu, consequentemente ela poderá se molhar na chuva. Para que não haja uma confusão no entendimento da mensagem, temos que traduzi-la em libras, na qual teremos que sinalizar diferente do português, e desta forma a frase sinalizada ficará assim:

CHOVER ACABOU MENINA SAIU

Assim será entendido o sentido real da frase, que a chuva parou e que a menina só saiu depois que a chuva acabou. Portanto, esteja bem atento à estrutura da frase em


SÍNTESE

73 libras

Libras quando estiver mantendo diálogos com pessoas surdas.

Nesta aula estudamos aspectos importantes da língua de sinais; conhecemos os sistemas de classificação e as partes integrantes da estrutura frasal em língua de sinais, a exemplo a expressão facial e a corporal. Estudaremos com mais detalhes a estrutura da frase em libras na. Na próxima aula, estudaremos mais sinais que utilizamos no dia a dia quando estabelecemos comunicação com uma pessoa surda. Sinais referentes à ambiente familiar, advérbios de tempo, dias da semana e meses do ano. Até lá!

QUESTÃO PARA REFLEXÃO Você consegue entender as diferenças entre produzir uma frase em língua portuguesa e língua de sinais, sua estrutura e classificadores?

LEITURAS INDICADAS FERNANDES, Sueli; STROBEL, Karin Lílian. Aspectos lingüísticos da língua brasileira de Sinais. Curitiba: SEED/SUED/DEE, 1998, 37p.

QUADROS, Ronice Muller de; KARNOPP, Lodenir. Língua de sinais brasileira: estudos lingüísticos. Porto Alegre: ARTMED, 2004.

SITES INDICADOS http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=12625&I temid=860 http://www.dicionariolibras.com.br/website/index.asp?cod=124&idi=1&moe=6

REFERÊNCIAS CAPOVILA, Fernando César. RAPHAEL, Walkíria Duarte. Enciclopédico ilustrado trilingüe: língua de sinais brasileira. Volumes I e II. São Paulo: EDUSP, 2001.

FELIPE, Tanya A; MONTEIRO, Myrna S. Libras em contexto - curso básico: livro do Professor. 6. ed. Brasília: Ministério da Educação/Secretaria de Educação Especial, 2006.

________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________


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FELIPE, Tânia Amaro. Os processos de formação de palavras em Libras. Educação Temática Digital, Campinas, v.7, n.2, p.199-216, jun. 2006 – ISSN: 1676-2592.

FERNANDES, Sueli; STROBEL, Karin Lílian. Aspectos lingüísticos da língua brasileira de sinais. Curitiba: SEED/SUED/DEE, 1998, 37p.

QUADROS, Ronice Muller de; KARNOPP, Lodenir. Língua de sinais brasileira: estudos lingüísticos. Porto Alegre: ARTMED, 2004.

SALLES, Heloisa M.M.L. et. al. Ensino de língua portuguesa para surdos: caminhos para a prática pedagógica. Brasília: MEC, SEESP, 2004. V I, 207 p. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/ lpvol1.pdf. Acesso em: 08 set 2010.

______. Ensino de língua portuguesa para surdos: caminhos para a prática pedagógica. Brasília: MEC, SEESP, 2004. V II, 139 p. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/lpvol2.pdf. Acesso em: 08 set 2010.

________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________


AMBIENTE FAMILIAR, ADVÉRBIO DE TEMPO, DIAS DA SEMANA E MESES DO ANO

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AULA 06 - SINAIS DE SAUDAÇÕES, SINAIS DE

Autoras: Cíntia de Oliveira Barbosa e Márcia Silva Carvalho

Caro(a) Aluno(a),

Na aula anterior você estudou sobre os classificadores, as expressões não-manuais, que são as expressões faciais e corporais, e os tipos de frase e a estrutura da frase em LIBRAS. Agora você vai aprender alguns sinais utilizados no dia a dia quando estabelecemos comunicação com uma pessoa surda. Desta forma, quando você estiver diante uma pessoa surda poderá estabelecer uma comunicação com ela. Não esqueça que para aprender tem que praticar. Mais uma vez eu lembro, não adianta olhar apenas as imagens nas aulas, por isso, tente reproduzir cada sinal no mínimo de três vezes. Veja a seguir sinais de saudações:

________________________ ________________________ ________________________ SAUDAÇÕES ________________________ Aprenderemos agora alguns sinais de saudação para que possa cumprimentar ________________________ pessoas surdas quando as encontrarem, algo muito comum entre as pessoas educa- ________________________ das que se encontram ou passam umas pelas outras. Existem algumas saudações que ________________________ ________________________ são mais formais, exemplo: ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ BOM DIA ________________________ Fonte: Autoria Márcia Silva Carvalho ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ BOA TARDE ________________________ Fonte: Autoria Márcia Silva Carvalho ________________________


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________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________

BOA NOITE Fonte:http://www.acessobrasil.org.br/libras

ADEUS (TCHAU) Fonte: Autoria:Thalita AraĂşjo


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E temos, ainda, uma saudação informal

OI (digita, rapidamente, as letras: O - I) Fonte:http://www.acessobrasil.org.br/libras

Numa comunicação informal as pessoas surdas costumam cumprimentar-se através do sinal O-I, um empréstimo linguístico da língua portuguesa. Outro elemento importante para iniciar uma conversa é a identificação pessoal através do nome.

________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ Fonte: Criação Unifacs - http://www.acessobrasil.org.br/libras e Márcia Silva Carvalho ________________________ ________________________ ________________________ O sinal de NOME é feito com a mão em U (do alfabeto manual), com movimento ________________________ da esquerda para direita e fazendo a expressão facial interrogativa. A resposta deve ser ________________________ dada através da datilologia, ou seja, soletração do nome. ________________________ Os surdos conhecem outros surdos pelos sinais visuais das pessoas, estas rece- ________________________ bem os sinais das pessoas surdas de acordo com características marcantes pessoais. ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ Fonte: Criação Unifacs


libras

78 O sinal acima é feito com a configuração de mão em A (do alfabeto datilológico) e um leve giro do punho, à frente do peito, direcionando para a pessoa que é feita a pergunta.

Agora vamos aprender alguns sinais referentes à família

Família Esse é o momento de vermos alguns sinais relacionados à família com o objetivo de facilitar a comunicação entre você e a pessoa surda a partir desse tema (família) que é comum a todas as pessoas. Inicialmente veja o sinal a seguir:

________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ Duas mãos na mesma configuração, uma paralela a outra fazendo movimento circular ________________________ de dentro para fora na altura do peito, temos o sinal de FAMÍLIA. ________________________ Aprenda agora outros sinais: ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ Fonte: Maurício Damasceno ________________________ ________________________ ________________________ Os sinais de homem e mulher determinam o gênero dos sinais relativos a pes________________________ soas.


seja, PAI= HOMEM+BÊNÇÂO/ HOMEM^BENÇÃO e o sinal de MÂE= MULHER + BÊNÇÃO/ MULHER^BENÇÃO. Observe mais uma vez os sinais de PAI e Mãe:

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Os sinais de pai e mãe são compostos por serem formados por dois sinais, ou

Fonte: Maurício Damasceno

Os sinais a seguir estão no gênero masculino. Para o feminino basta antes dos sinais acrescentar o sinal de mulher.

________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ Fonte: Maurício Damasceno ________________________ ________________________ Agora que você conhece os sinais relativos à saudação e família, procure cum________________________ primentar um surdo(a) e aproveite para aprofundar o diálogo perguntando algo sobre ________________________ sua família. ________________________ Aprenderemos agora alguns sinais de advérbios de tempo para que possamos ________________________ ________________________ nos localizar no tempo quando estivermos dialogando em Libras. ________________________ ________________________ ________________________ ________________________


ADVÉRBIOS DE TEMPO

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MANHÃ

TARDE Fonte:http://www.acessobrasil.org.br/libras

________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________

NOITE Fonte:http://www.acessobrasil.org.br/libras

MADRUGADA Fonte:http://www.acessobrasil.org.br/libras

ONTEM

HOJE Fonte:http://www.acessobrasil.org.br/libras


libras

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AMANHÃ Fonte:http://www.acessobrasil.org.br/libras

OBS: Em língua de sinais não existe a marca de tempo das formas verbais. Poderemos marcar o tempo através dos advérbios HOJE, quando a ação ocorre no presente; ONTEM, quando a ação ocorreu no passado e AMANHÃ, quando a ação irá ocorrer no futuro. Por esse motivo é que em um diálogo, normalmente, os advérbios aparecem no início da frase, mas também podem vir no final (FELIPE; MONTEIRO, 2006, p. 155; QUADROS; KARNOPP, 2004, p. 143). Você verá mais detalhes sobre a estrutura frasal da Língua Brasileira de Sinais na próxima aula.

________________________ ________________________ Também utilizamos alguns sinais para indicar um passado ou futuro mais dis- ________________________ ________________________ tante. Veja os sinais: ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ PASSADO FUTURO ________________________ Fonte:http://www.acessobrasil.org.br/libras ________________________ ________________________ Antes de passar aos sinais de dias da semana, treine mais uma vez os sinais de ________________________ ________________________ advérbios de tempo. ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________


libras

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DIAS DA SEMANA Agora aprenderemos os sinais referentes aos dias da semana SEGUNDA-FEIRA

TERÇA-FEIRA

Fonte: Autoria Márcia Silva Carvalho

QUARTA-FEIRA

________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________

QUINTA-FEIRA

SEXTA-FEIRA

SÁBADO


83 libras

DOMINGO

Fonte:http://www.acessobrasil.org.br/libras

MESES DO ANO Iremos, agora, aprender os sinais referentes aos meses do ano: JANEIRO

FEVEREIRO

Veja a animação no AVA MARÇO

ABRIL

Veja a animação no AVA Veja a animação no AVA

________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________


libras

84 MAIO (digita todas as letras do nome)

JUNHO

Veja a animação no AVA

JULHO

________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________

AGOSTO

Letra J

Letra L Fonte: Autoria Márcia Silva Carvalho

Veja a animação no AVA SETEMBRO

Fonte: Autoria Márcia Silva Carvalho

Veja a animação no AVA

OUTUBRO


DEZEMBRO

85 libras

NOVEMBRO

Fonte:http://www.acessobrasil.org.br/libras

Até a próxima aula na qual estudaremos alguns sinais que utilizamos no cotidiano escolar, sinais de pronomes pessoais e de cores.

SÍNTESE Nesta aula aprendemos alguns sinais que utilizamos no dia a dia quando estabelecemos comunicação com uma pessoa surda. Desta forma, quando você estiver diante de um surdo, poderá sinalizar algumas saudações para cumprimentá-lo, utilizar

________________________ ________________________ rências aos dias da semana e meses do ano. ________________________ ________________________ ________________________ QUESTÃO PARA REFLEXÃO ________________________ ________________________ POR QUE A SURDEZ É UMA DEFICIÊNCIA INVISÍVEL? ________________________ ________________________ Você, ou alguém que conheça, já se deparou com alguma situação comunica________________________ tiva da qual não tenha percebido que falava com uma pessoa surda? Qual foi a reação ________________________ ao descobrir a barreira da comunicação? Tentou de alguma forma estabelecer um diá________________________ logo ou recuou frente a esta situação? ________________________ ________________________ ________________________ LEITURAS INDICADAS ________________________ ________________________ FERNANDES, Sueli. Aspectos lingüísticos da língua brasileira de sinais. Secretaria de ________________________ Estado da Educação. Superintendência da Educação. Departamento de Educação ________________________ Especial. Curitiba: SEED/SUED/DEE,1998. ________________________ ________________________ http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=288&Ite ________________________ mid=355 ________________________ http://www.slideshare.net/hudsonaugusto/apostia-libras-basico?src=related_ ________________________ normal&rel=1265991 ________________________ alguns advérbios de tempo, para que possa se localizar no tempo e ainda fazer refe-


libras

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SITES INDICADOS Para aprofundar seus estudos e conhecer mais sinais em libras, você poderá estudar através de dicionários virtuais nos seguintes endereços:

http://www.dicionariolibras.com.br/website/dicionariolibras/dicionario. asp?cod=124&idi=1&moe=6 http://www.acessobrasil.org.br/libras/ http://www.ines.org.br/libras/ http://www.slideshare.net/hudsonaugusto/apostia-libras-basico?src=related_ normal&rel=1265991

REFERÊNCIAS CAPOVILA, Fernando César; RAPHAEL, Walkíria Duarte. Enciclopédico ilustrado trilingüe: língua de sinais brasileira. Volumes I e II. São Paulo: EDUSP, 2001.

________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________

FELIPE, Tanya A; MONTEIRO, Myrna S. Libras em contexto: Curso Básico: Livro do Professor. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Especial, 6. ed., 2006.

FERNANDES, Sueli. Aspectos lingüísticos da língua brasileira de sinais. Secretaria de Estado da Educação. Superintendência da Educação. Departamento de Educação Especial. Curitiba: SEED/SUED/DEE,1998.

LIRA, Guilherme de A; FELIPE, Tanya A. Dicionário da língua brasileira de sinais: LIBRAS. Brasília: INES/ CORDE, Secretaria Especial dos Direitos Humanos, Acessibilidade Brasil. Impressão em multimídia – CD – versão 2.0, 2005.

QUADROS, Ronice Muller de; KARNOPP, Lodenir. Língua de sinais brasileira: estudos lingüísticos. Porto Alegre: ARTMED, 2004.


DE PRONOMES PESSOAIS, E DE CORES

87 libras

AULA 07 - SINAIS DE AMBIENTE ESCOLAR, Autoras: Cíntia Barbosa de Oliveira e Márcia Silva Carvalho

Caro(a) aluno(a), Na aula anterior aprendemos alguns sinais de saudações, ambiente familiar, advérbios de tempo, dias da semana e meses do ano. São sinais que utilizamos no dia a dia quando dialogamos com uma pessoa surda, usuária da libras. Agora, além de aprender alguns sinais referentes ao ambiente escolar, vamos aprender também sinais de pronomes pessoais e de cores, para que, desta forma, você consiga estabelecer uma comunicação com um aluno surdo.

SINAIS DE AMBIENTE ESCOLAR Aprenderemos alguns sinais que utilizamos em um ambiente escolar para que você consiga estabelecer uma comunicação com um aluno surdo. Não se esqueça de que para aprender, é preciso praticar, e que não adianta olhar apenas; por isso, continue reproduzindo cada sinal no mínimo três vezes, se possível observando o movimento nos dicionários digitais. Continue seu estudo, aprendendo novos sinais. Para isso, seguem, novamente, os endereços dos sites que disponibilizam os dicionários:

http://www.acessobrasil.org.br/libras/ http://www.ines.org.br/libras/index.htm http://www.dicionariolibras.com.br/website/dicionariolibras/dicionario. asp?cod=124&idi=1&moe=6

Inicialmente veja o sinal de escola: ESCOLA

Foto: autoria Thalita Araujo

________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________


libras

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Aprenderemos, agora, sinais de alguns objetos que encontramos dentro de uma escola:

MESA

Fonte: Autoria Thalita Araujo

________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________

PAPEL Fonte: http://www.acessobrasil.org.br/libras

LĂ PIS Fonte: http://www.acessobrasil.org.br/libras

CANETA Foto: autoria Talita Araujo


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BORRACHA Fonte: Autoria Thalita Araujo

LIVRO

CADEIRA Fonte: http://www.acessobrasil.org.br/libras

Fonte: http://www.acessobrasil.org.br/libras

Fonte: Autoria Thalita Araújo

RÉGUA

LÁPIS DE COR

CADERNO Fonte: http://www.acessobrasil.org.br/libras

________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________


libras

90

________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________

Veja agora sinais de alguns termos que podem ser usados em uma comunicação dentro de uma sala de aula:

CERTO

ERRADO

Fonte: http://www.acessobrasil.org.br/libras

Fonte: Autoria Márcia Silva Carvalho

EXEMPLO

POR FAVOR/LICENCA

Fonte: Autoria Thalita Araújo

Fonte: Autoria Thalita Araújo

Agora, aprenderemos alguns sinais de cômodos existentes em uma escola

SALA Fonte: Autoria Thalita Araujo


libras

91

BANHEIRO Fonte: Autoria Márcia Silva Carvalho

________________________ ________________________ COZINHA DIRETORIA ________________________ Fonte: http://www.acessobrasil.org.br/libras ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ SECRETARIA ________________________ Fonte: http://www.acessobrasil.org.br/libras ________________________ ________________________ ________________________ Aprenderemos, também, alguns sinais de verbos que geralmente utilizamos ________________________ em uma comunicação com nossos alunos. ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________


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PERGUNTAR Fonte: http://www.acessobrasil.org.br/libras

________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________

RESPONDER Fonte: http://www.acessobrasil.org.br/libras

FAZER Fonte: Autoria Thalita Araujo


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LER Fonte: http://www.acessobrasil.org.br/libras

FALTAR - N達o ter suficiente

FALTAR - N達o estar presente

Fonte: http://www.acessobrasil.org.br/libras

APRENDER Fonte: http://www.acessobrasil.org.br/libras

ESTUDAR

________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________


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Movimento de escrita ESCREVER Fonte: http://www.acessobrasil.org.br/libras

________________________ ________________________ TER ________________________ Fonte: Autoria Thalita Araujo ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ NÃO-TER ________________________ Fonte: Ilustração Unifacs ________________________ ________________________ ________________________ Obs.: O sinal de NÃO-TER é feito na altura do peito, com a mão em L (do alfabeto ________________________ manual) e com movimento (conforme indicação da seta). ________________________ ________________________ ________________________


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SABER

Nテグ SABER Fonte: http://www.acessobrasil.org.br/libras

QUERER Fonte: http://www.acessobrasil.org.br/libras

Nテグ QUERER Fonte: Autoria Mテ。rcia Silva Carvalho

________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________


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PODER

NÃO PODER Fonte: http://www.acessobrasil.org.br/libras

________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________

EXPLICAR Fonte: http://www.acessobrasil.org.br/libras

OBS: Em língua de sinais, os verbos normalmente não se flexionam em número e pessoa como acontece na língua portuguesa. Mesmo quando alternamos as pessoas do discurso, o sinal do verbo é sempre o mesmo, é como se ele ficasse no infinitivo. Veja exemplo:

1) EU ESTUDAR PORTUGUÊS

-

2) NÓS ESTUDAR PORTUGUÊS -

(Eu estudo português) (Nós estudamos português)

Quando fazemos uma frase sinalizada, modificamos o sinal das pessoas do discurso, no caso EU e NÓS. Porém, o sinal do verbo — nesse caso, ESTUDAR — será sempre o mesmo. Como vimos na aula anterior, em língua de sinais, não existe a marca de tempo das formas verbais. Poderemos marcar o tempo através dos advérbios HOJE, ONTEM e AMANHÃ e também utilizamos, algumas vezes, os sinais de PASSADO e FUTURO para indicar um passado ou futuro mais distante.


Para enteder melhor a marcação de tempo, reveja os sinais dos advérbios de tempo na aula anterior e entre no dicionário online para que você possa treinar os movimentos, a

libras

97

DICA!!!

produção do sinal. Dicionário online: http://www.acessobrasil.org.br/libras/

Agora conheça os sinais para pronomes pessoais:

EU

TU Fonte: http://www.acessobrasil.org.br/libras

ELE Fonte: http://www.acessobrasil.org.br/libras

________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________


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NÓS-DOIS

NÓS-TRÊS Fonte: Autoria Márcia Silva Carvalho

NÓS-TODOS Fonte: http://www.acessobrasil.org.br/libras ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ VÓS (VOCÊS) ELES ________________________ Fonte: Ilustração Unifacs Interativa ________________________ ________________________ Também iremos aprender sinais de algumas profissões existentes em uma es________________________ ________________________ cola. Veja a seguir: ________________________ ________________________ Dica: não se esqueça de repetir os sinais para que possa aprendê-los! ________________________ ________________________ ________________________ ________________________


libras

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PROFESSORA Fonte: http://www.acessobrasil.org.br/libras

ALUNO Fonte: Autoria Mรกrcia Silva Carvalho

Colocar seta baixo (diretoria) DIRETOR

SECRETร RIO

VICE-DIRETOR Fonte: http://www.acessobrasil.org.br/libras

________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________


libras

100 Aprenderemos agora sinais de algumas cores, que também fazem parte do contexto escolar:

Cores

AZUL

AMARELO

________________________ BRANCO ________________________ ________________________ CINZA ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ MARROM PRETO ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________VERMELHO ________________________ VERDE ________________________ ________________________ ________________________ Encerramos por aqui a nossa 7ª aula. Até a próxima aula, na qual estudaremos ________________________

mais sinais da Libras e poderemos praticar a língua através de diálogos com produção


lário. Até lá!

101 libras

de frases em Língua Brasileira de Sinais! Assim, estaremos ampliando nosso vocabu-

SÍNTESE Nesta aula, aprendemos alguns sinais que utilizamos no cotidiano escolar com alunos surdos, além pronomes pessoais que utilizamos no dia a dia. Desta forma, quando estiver diante de um aluno surdo, dentro de um ambiente escolar, poderá estabelecer uma comunicação e utilizar alguns pronomes pessoais para se referir às pessoas do discurso.

QUESTÃO PARA REFLEXÃO Com os sinais aprendidos nesta aula, você conseguirá iniciar um diálogo com alunos surdos?

LEITURAS INDICADAS BRASIL. Saberes e práticas da inclusão: desenvolvendo competências para o atendimento às necessidades educacionais especiais de alunos surdos. MEC/SEESP, 2006. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/alunossurdos. pdf>. Acesso em: 15 dez. 2010. BRASIL. Educação infantil: saberes e práticas da inclusão: dificuldades de comunicação e sinalização: Surdez. MEC- Secretaria de Educação Especial, 2006. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/surdez.pdf>. Acesso EM: 15 dez. 2010. Aprendendo Libras como segunda língua - Nível básico. Disponível em: http:// hendrix.sj.cefetsc.edu.br/~nepes/videos/apostilas/apostia_libras_basico.pdf

SITES INDICADOS http://www.ines.gov.br/libras/index.htm http://www.acessobrasil.org.br/libras/ http://www.dicionariolibras.com.br/website/index.asp?cod=124&idi=1&moe=6 http://hendrix.sj.cefetsc.edu.br/~nepes/videos/apostilas/apostia_libras_basico.pdf

________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________


libras

102

REFERÊNCIAS CAPOVILA, Fernando César. RAPHAEL, Walkíria Duarte. Enciclopédico ilustrado trilingüe: língua de sinais brasileira.. São Paulo: EDUSP, 2001. Volumes I e II

FELIPE, Tanya A.; MONTEIRO, Myrna S. Libras em contexto: curso básico: Livro do Professor. 6. ed. Brasilia: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Especial, 2006.

LIRA, Guilherme de A; FELIPE, Tanya A. Dicionário da língua brasileira de sinais: LIBRAS. Brasília: INES/ CORDE, Secretaria Especial dos Direitos Humanos, Acessibilidade Brasil. Impressão em multimídia – CD – versão 2.0, 2005.

QUADROS, Ronice Muller de; KARNOPP, Lodenir. Língua de sinais brasileira: estudos lingüísticos. Porto Alegre: ARTEMED, 2004.

VASCONCELOS, S. P. de; SANTOS, F. da S.; SOUZA G. R. de. Libras, língua de sinais: nível I. Disponível em: <http://www.libras.org.br/livro_libras.php>. Acesso em: 18 Jul. 2009.

________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________


SIVOS, DEMONSTRATIVOS E INDEFINIDOS EM LIBRAS; PRATICANDO A LÍNGUA DE SINAIS

103 libras

AULA 08 - ADJETIVOS E PRONOMES POSSES-

Autoras: Cíntia de Oliveira Barbosa e Márcia Silva Carvalho “ Amo minhas mãos [...[

Elas exprimem aminha emoção[...[

com elas posso falar do passado obscuro,de sofrimento e dor,

da repressão do oralismo,de uma época de prisão das minhas mãos,

quando elas queriam comunicar, me diziam:

- É proibido, é proibido!

O congresso de Milão foi como uma morte de amarguras,

mas os anos se passaram[...[

Agora não há mais escuridão, mas sim o claro!

Eu vejo as minhas mãos

e sinto, e posso compartilhar, me comunicar...

Delas surgem as árvores,o sol, a lua , as estrelas[...[,

Os sonhos...

[...[ Minha essência,minhas mãos...

Com uma eu vejo a outra, e assim eu vejo o mundo!

E os surdos em volta do mundo!

Surdos, surdos,surdos, surdos, surdos!

Eu sou surda também!!!

Ahh mãos!

Libras é comunicação e liberdade!!

Priscilla Leonnor”

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104 Caro(a) Aluno(a) Na aula anterior aprendemos alguns sinais que poderemos utilizar no ambiente escolar, sinais de objetos, espaços físicos, profissões e verbos, além de pronomes pessoais e de cores. São sinais que normalmente utilizamos dentro de um espaço escolar, para estabelecer uma comunicação com um aluno surdo. Agora, na aula 08, nossa última aula, além de aprender sinais de adjetivos e pronomes demonstrativos e indefinidos, também iremos praticar a Língua de sinais através de produção de frases. Iniciaremos nossa última aula com sinais de Adjetivos, esteja atento para as expressões faciais necessárias na produção do sinal.

Adjetivos Em Português normalmente os adjetivos dão qualidade ao substantivo e existe uma flexão de número e gênero, já em Libras não existem estas flexões, porém existe um intensificador, veja o exemplo a seguir para que possa entender e aprender: Obs.: Na língua portuguesa existe uma flexão de gênero para quase todos os adjetivos e para alguns pronomes, porém em Libras não existe esta flexão, desta forma, você encontrará palavras terminadas com o símbolo @ para que saiba que o sinal é único para os

________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________

dois gênero (masculino e feminino) Exemplos: AMIG@S (existe um só sinal para amigos ou amigas)

GORD@

MAGR@

MUITO GORD@ Fonte: http://www.acessobrasil.org.br/libras/


gorda, ou seja, infla as bochechas com maior intensidade). Observe a seguir que para cada adjetivo existe uma expressão facial correspon-

105 libras

(Neste caso existe um intensificador para dar ênfase à pessoa que está muito

dente, necessária na sinalização, pois é um dos parâmetros da Língua de Sinais, assunto estudado na aula 03:

BONIT@

FEI@

GROSS@

FIN@

GRANDE

ALT@/GRANDE

(Referindo-se a objetos)

(Referindo-se à pessoa)

PEQUEN@

PEQUEN@/BAIX@

(Referindo-se a objetos)

(Referindo-se à pessoa)

________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________


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106 Querendo, mais uma vez, treinar os movimentos e expressão facial, entre no dicionário digital: http://www.acessobrasil.org.br/libras/, assim poderá aprender de forma mais dinâmica. Veremos agora sinais dos pronomes possessivos, demonstrativos e indefinidos. Mas, antes de passar ao próximo tópico, treine todos os sinais dos adjetivos para aprendizagem de cada um deles e lembre-se, neste caso, o sinal será sempre o mesmo tanto para feminino como para o masculino!

Pronomes possessivos Em Libras os pronomes possessivos estão relacionados aos objetos de posse e às pessoas do discurso. Ao fazer estes sinais será muito importante a direção do olhar e da mão para determinar a sua significação. Veja e reproduza os sinais a seguir:

________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ME@ TE@ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ VOSSO@/VOCÊS ________________________ ________________________ ________________________ Aprenderemos a seguir os sinais de pronomes demonstrativos: ________________________ ________________________ ________________________ Pronomes demonstrativos ________________________ ________________________ Assim como no Português, os pronomes demonstrativos são aqueles utilizados para demonstrar a posição de um ser em relação às pessoas do discurso. Aqui,


também será muito importante a direção da mão e do olhar em relação ao ser. Veja os

107 libras

exemplos:

EST@

ESS@

AQUEL@

________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ Veja agora os pronomes indefinidos: ________________________ ________________________ Pronomes indefinidos ________________________ ________________________ Na língua de sinais poderemos utilizar pronomes indefinidos para dar informa________________________ ções, veja alguns exemplos: ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ NINGUEM ________________________ ________________________ ________________________


libras

108

NADA (colocar o 3o sinal)

ALGUM

ALGUÉM

________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ TOD@ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ MUIT@ POUC@ ________________________ ________________________ ________________________ Até aqui, aprendemos vários sinais da língua brasileira de sinais, porém de for________________________ ma isolada, mas necessário para um começo. Agora você irá aprender a sinalizar algu________________________ mas pequenas frases, desta forma, entenderá melhor a estrutura gramatical da LIBRAS, ________________________ assunto estudado na aula 05: ________________________ ________________________


109 libras

Praticando a língua de sinais

Algumas frases na língua de sinais são representadas por apenas um sinal, veja a seguir:

Obs.: Nas frases, as palavras que estiverem em letra maiúscula estarão representando o sinal em LIBRAS e o que está entre parêntese será a tradução em Português. E as palavras que não têm um sinal específico, que serão digitadas, estarão também escritas em letra maiúscula porém separadas letra por letra através do hifen:

Fonte: Criação Unifacs

A- NOME? (Qual o seu nome?) B - J-O-S-É.

C - IDADE? D- 23.

(Qual sua idade?) (23 anos)

________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________


libras

110 Observe agora outros tipos de frases e reproduza os diálogos:

1- Um diálogo entre dois colegas que estudam juntos.

Libras

Português

A- ELE AMIGO SEU? A - Ele é seu amigo? (fazer expressão facial de interrogação) B - SIM, AMIGO. (aqui não existe sinal para sim, balança a cabeça afirmando e faz o sinal de amigo) A - LIVRO MEU?

B - Sim ele é meu amigo.

(fazer expressão facial de interrogação e o olhar direcionado para o livro que supostamente está na

A - Este é o meu livro?

mão do colega) B - NÃO, DELE. (aqui não existe sinal para NÃO, balança a cabeça negando e aponta para o amigo).

B - Não, este livro é dele.

A - Alguém encontrou meu livro? ________________________ A - PESSOA QUAL MEU LIVRO ENCONTRAR? ________________________ ________________________ B - NÃO, NINGUÉM! ________________________ B - Não, ninguém viu! ________________________ (aqui também não existe sinal para NÃO, balança a ________________________ cabeça negando e faz o sinal de NINGUÉM). ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ 2 - Agora observe uma conversa entre duas colegas antes do começo de uma ________________________ prova de Libras: ________________________ ________________________ ________________________ Libras Português ________________________ A- BO@ TARDE! A - Boa Tarde! ________________________ ________________________ B - PROVA LIBRAS ESTUDAR? ________________________ (neste caso não precisará digitar o nome , apenas olhar para ________________________ a pessoa e quando se faz uma pergunta é necessário fazer a B - Ana, você estudou para a prova de Libras? ________________________ expressão facial de interrogação). ________________________ A - SIM, ESTUDAR. ________________________ ________________________ (Não é necessário fazer sinal de sim, apenas balançar a A -Sim, eu estudei. cabeça afirmando.) ________________________ B - BO@! B - Que bom! ________________________


(aqui também olha para a pessoa com quem se fala, não

A - E você estudou?

é necessário fazer sinal de VOCÊ. Faz a expressão facial de

libras

111

A - ESTUDAR?

interrogação) B - NÃO, ESTUDAR NADA. (deve-se apenas balançar a cabeça fazendo sinal de

B - Não, eu não estudei nada!

negativo, não será necessário fazer sinal de NÃO com a mão) A- VER, COMEÇAR JÁ, DEPOIS CONVERSAR.

A - Olhe! já vai começar a prova, depois conversaremos.

Com a apresentação destes diálogos simulados, pretendemos que perceba a estrutura da Libras, uma língua natural, já reconhecida nacionalmente pela Lei nº 10436/2002 que em seu art.1º declara que “É reconhecida como meio legal de comunicação e expressão a Língua Brasileira de Sinais- LIBRAS - e outros recursos de expressão a ela associados”. O Decreto nº 5626/2005 regulamenta a lei anteriormente citada e em seu parágrafo único define Língua de Sinais como:

[...] a forma de comunicação e expressão, em que o sistema línguistico de natureza visual-motora, com estrutura gramatical própria, constitui um sistema linguístico de transmissão de idéias e fatos, oriundos de comunidade de pessoas surdas do Brasil.

Em apenas um semestre, não conseguiremos dominar uma língua completa com estrutura gramatical própria, diferente da nossa língua portuguesa, porém continue estudando e se possível interagindo com pessoas surdas para que possa ser usuário(a), com domínio, da Libras!

SÍNTESE Chegamos ao final da nossa disciplina. Esperamos ter-lhe auxiliado no entendimento desta língua que utiliza o canal gesto-visual, diferente do utilizado pelas línguas orais, e de ter proporcionado a você conhecimentos sobre as práticas pedagógicas com aluno surdo. Para tanto, promovemos uma análise crítica sobre a importância da Libras para a inclusão e comunicação entre o indivíduo surdo e o ouvinte e tentamos lhe sensibilizar para a necessidade de sermos habilitados na língua de sinais para usála em contextos reais de comunicação com uma pessoa surda. Desejamos muito sucesso em sua caminhada profissional e pessoal!

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libras

112

QUESTÃO PARA REFLEXÃO O que você já conhecia sobre LIBRAS antes desta disciplina? E agora, como a vê? Será que já está apto a estabelecer uma comunicação com uma pessoa surda?

LEITURAS INDICADAS QUADRO, Ronice Muller de; KARNOPP, Lodenir. Língua de sinais brasileira: estudos lingüísticos. Porto Alegre: ARTEMED, 2004 QUADROS, Ronice Müller de; STUMPF, Marianne Rossi (org.). Estudos surdos IV. Petrópolis, RJ: Arara Azul, 2009. 452 p. Disponível em: http://editora-arara-azul.com.br/novoeaa/pesquisas-em-estudos-surdos/ Acesso em 17 de novembro de 2010.

SITES INDICADOS http://www.sj.cefetsc.edu.br/~nepes/nepes_materialdidatico.htm

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http://www.libras.org.br/livro_libras.php http://www.girafamania.com.br/girafas/ lingua_sinais.html http://www.libras.org.br/ http://www.dicionariolibras.com.br/website/index.asp www.feneis.org.br http://www.sj.cefetsc.edu.br/~nepes/videos/apostilas/Apostila_Libras_ Intermediario_COM_SIMBOLO_NEPES.pdf http://www.sj.ifsc.edu.br/~nepes/dicionarios_ciencias.htm?

REFERÊNCIAS BRASIL. Decreto 5626 de 22 de dezembro de 2005. Regulamenta a lei 10436/2002 e o art. Da lei 10098/200.Diário Oficial da União. República Federativa do Brasil, Brasília, DF, n.246, 23 de dez. 2005. Seção 1, p.28-30.

_____. Lei 10436 de 24 de abril de 2002. Dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS. Disponível na internet: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2002/L10436.htm. Acesso em 20 de nov. 2010.

CAPOVILA, Fernando César. RAPHAEL, Walkíria Duarte. Enciclopédico ilustrado trilingüe: língua de sinais brasileira. Volumes I e II. São Paulo: EDUSP, 2001.


Ministério da Educação, Secretaria de Educação Especial, 2006.

LIRA, Guilherme de A; FELIPE, Tanya A. Dicionário da língua brasileira de sinais: LIBRAS. Brasília: INES/

113 libras

FELIPE, Tanya A.; MONTEIRO, Myrna S. Libras em contexto: curso básico: Livro do Professor. 6. ed. Brasilia:

CORDE, Secretaria Especial dos Direitos Humanos, Acessibilidade Brasil. Impressão em multimídia – CD – versão 2.0, 2005.

QUADRO, Ronice Muller de; KARNOPP, Lodenir. Língua de sinais brasileira: estudos lingüísticos. Porto Alegre: ARTEMED, 2004.

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