GRADUAÇÃO PROFISSIONAL
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Sílvia Rita Magalhães de Olinda Graduação Profissional UNIFACS Coordenador Geral de EAD, GPRO e Extensão
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SUMÁRIO TÓPICOS ESPECIAIS EM LOGÍSTICA................................................................................................. 5 AULA 01 - ABORDAGEM LOGÍSTICA ................................................................................................................................................9 AULA 02 - A AMPLITUDE DA ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS......................................................................................... 21 AULA 03 - CLASSIFICAÇÃO ABC..................................................................................................................................................... 37 AULA 04 - ESPECIFICAÇÃO, NORMALIZAÇÃO, PADRONIZAÇÃO E CODIFICAÇÃO ................................................... 45 AULA 05 - GESTÃO DE ESTOQUES.................................................................................................................................................. 59 AULA 06 - NÍVEIS DE ESTOQUES E CUSTO DE ARMAZENAGEM ....................................................................................... 77 AULA 07 - AVALIAÇÃO DO VALOR DE ESTOQUE...................................................................................................................... 95 AULA 08 - NOÇÕES BÁSICAS DE ALMOXARIFADO E DEPÓSITOS...................................................................................105 AULA 09 - NOÇÕES FUNDAMENTAIS DE COMPRA...............................................................................................................115
TÓPICOS ESPECIAIS EM LOGÍSTICA Autor: José Gileá de Souza
APRESENTAÇÃO
Caro estudante,
Seja bem-vindo à disciplina Gestão de Suprimentos, que compõe o Curso de Administração. A gestão de suprimentos/administração de materiais é um dinâmico e emergente campo de atividades que está ligado estreitamente com a logística, com a administração da produção e, consequentemente, com as outras áreas funcionais da organização. A gestão de suprimento se constitui um campo dinâmico, pois as empresas têm investido cada vez mais em técnicas para obter sincronia nas atividades que envolvem seus recursos materiais e procuram se ajustar para eliminar perdas, elevar a qualidade e melhorar sua competitividade. A disciplina está dividida em nove aulas, além dos artigos e materiais complementares indicados para leitura no AVA. É fundamental que você tenha em mente que o processo de aprendizagem não deve se resumir à leitura das aulas e do material complementar, mas deve ser ampliado com debates e discussões, dos quais todos podem e devem participar. Espero tornar a sua incursão pela gestão de suprimentos a mais produtiva possível e contribuir para seu sucesso profissional.
Desejo a você um bom aprendizado!
Cordialmente, Prof. Msc. José Gileá.
Autor: José Gileá de Souza Caro Estudante, Bem-vindo à primeira aula da disciplina Gestão de Suprimentos. Vamos iniciar a nossa jornada?
A logística e a gestão de suprimentos não são ideias novas. Desde a antiguida-
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AULA 01 - ABORDAGEM LOGÍSTICA
de até hoje, os princípios que baseiam o fluxo eficiente de suprimentos, materiais e de informações necessários para atender às requisições dos clientes pouco mudaram (saliento que estou falando dos princípios básicos, pois os processos dessa área de atuação do administrador evoluíram e se modernizaram muito nos últimos anos). Para Dias (2006), a logística é responsável pela movimentação de materiais e produtos, através do uso de equipamentos, instalações e mão de obra, de tal forma que o cliente tenha acesso ao produto adequado, na hora certa e com o menor custo.
Gomes e Ribeiro (2004, p. 1) afirmam que a logística é:
A logística é o processo de gerenciar estrategicamente a aquisição, a movimentação e o armazenamento de materiais, peças e produtos acabados (e os fluxos de informação correlatos) por meio da organização e dos seus canais de marketing, de modo a poder maximizar as lucratividades presentes e futuras com o atendimento dos pedidos a baixo custo.
Esta disciplina tem o seu foco na administração de materiais, modernamente denominada gestão de suprimentos, mas antes de aprofundarmos nesse assunto vamos entender a sua origem junto com a expansão da logística.
HISTÓRICO DA LOGÍSTICA Para o Contra-Almirante Paes Rios (2004 apud GOMES e RIBEIRO, 2004), a logística é uma atividade que teve origem na área militar, quando grandes exércitos se deslocavam por grandes distâncias para combater e conquistar terras e riquezas e eram obrigados a lá permanecer por longo tempo. Sua origem remonta a época dos gregos e foi aperfeiçoada por Napoleão Bonaparte. Gomes e Ribeiro (2004) concordam que a logística teve seus primeiros indícios na Grécia Antiga, pois, com o distanciamento das lutas, era necessário um “estudo”
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do abastecimento das tropas com armamentos, alimentos e medicamentos, além do estabelecimento de acampamentos.
Nessa época, os soldados eram praticamente autossuficientes. Não havia apoio em profundidade - ele se limitava à retaguarda e grande parte do abastecimento era obtida por pilhagem dos territórios conquistados. No século XIX, o imperador da França, Napoleão Bonaparte, interessou-se pelo estudo e aplicação da logística, pois seus exércitos sofreram muito por falta de víveres e rações, entre outras coisas, durante a campanha contra a Rússia, uma vez que se afastou muito das suas fontes de suprimento e se abasteceu dos territórios ocupados (GOMES; RIBEIRO, 2004). Ainda segundo Gomes e Ribeiro (2004), o general alemão Carl Von Clausewitz, em seu livro “A Arte da Guerra1”, reconheceu as atividades que sustentam a guerra, porém não utilizou a palavra logística. O primeiro a utilizá-la foi o Barão Antoine Henri de Jomini, contemporâneo de Clausewitz e general de Napoleão, tendo essa palavra provavelmente se originado do vocábulo francês loger, que significa “alocar”.
“Alocar”? Alocar o quê?
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Provavelmente você já refletiu e respondeu ao questionamento! Mas vou complementar, alocar suprimentos! No sentido de dispor e entregar no local correto, todo e qualquer material necessário à realização e o atingimento dos objetivos da organização - no caso do Barão Jomini uma organização militar. Segundo Christopher (1997), ao longo de toda a história da humanidade, guerras têm sido vencidas e derrotadas pelas forças e pelas capacidades da logística. Ele argumenta que a derrota dos britânicos na Guerra de Independência dos Estados Unidos pode ser atribuída, em grande parte, a falhas de logística. O Exército britânico na América do Norte dependia quase totalmente de suprimentos vindos da Inglaterra. No auge da guerra, havia 12 mil soldados além-mar, e na maioria das vezes não só seus equipamentos, mas também os alimentos provinham da Inglaterra. Durante os seis anos iniciais da guerra, a gestão desses suprimentos vitais foi totalmente inadequada, mudando o curso das operações e o moral dos soldados. Na Segunda Guerra Mundial, a logística também desempenhou papel importante. A invasão da Europa pelas Forças Aliadas foi um exercício de logística de grande habilidade.
Christopher (1997) explica ainda que os generais do passado aprenderam e entenderam a duras penas o papel essencial da logística e só há pouco tempo as organizações empresariais reconheceram o impacto vital que o gerenciamento logístico pode causar na obtenção de vantagem competitiva. Essa falha em parte provém da insuficiente compreensão dos benefícios da logística integrada. 1
Pois é! O famoso general de origem prussiana, que no século XIX ajudou a consolidar a Alemanha, escreveu um livro sobre
estratégias de guerra e também o batizou de “A arte da guerra”. Então! Não confundam o livro dele com o de Sun Tzu.
tenha desenvolvido em suas operações, que lhe proporcione um valor diferenciado da concorrência perante o mercado consumidor. Estabelecer e manter uma vantagem competitiva é um processo complexo, mas a sobrevivência e prosperidade de uma empresa depende disso.
A logística integrada, também denominada de logística empresarial, é composta basicamente de dois subsistemas: administração de materiais e a distribuição física. Essa definição básica será ampliada e desenvolvida ao longo desta aula.
11 TÓPICOS ESPECIAIS EM LOGISTICA
Dica: A vantagem competitiva emana de uma competência fundamental que a empresa
Conforme já perceberam, o conceito de logística já esteve, essencialmente, ligado as operações militares como uma atividade de apoio que trabalhava em silêncio na retaguarda e que com a profissionalização dos exércitos passou a exercer um papel importante no planejamento estratégico e com a profissionalização migrou para as empresas. Nas empresas, a logística também já foi considerada uma atividade de apoio e sem prestigio, que não agregava valor ao produto, sendo o setor encarado como um simples centro de custos, sem valor estratégico, aliás, nem se denominava de logística, pois as suas atividades, muitas vezes, estavam dispersas dentro da organização. Vejamos então uma rápida análise da evolução da logística empresarial, digo ________________________ rápida, pois esse assunto será aprofundado na disciplina Logística do quarto semes- ________________________
________________________ ________________________ ________________________ Segundo Figueiredo e Arkader (2001 apud GOMES e RIBEIRO, 2004, p. 6), a logís- ________________________ ________________________ tica teve cinco fases, do século XX até os dias atuais. ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ No início do século XX, havia a preocupação com o 1a Fase ________________________ escoamento da produção agrícola. Essa fase é denominada ________________________ “do campo ao mercado”. ________________________ De 1940 até o início da década de 1960, a logística continuou com grande influência militar uma preocupação com a ________________________ 2a Fase movimentação de materiais principalmente armazenamento ________________________ e transporte de bens sendo essa a era das “funções ________________________ segmentadas”. ________________________ ________________________ ________________________ As “funções integradas” foram uma fase, do início da década ________________________ de 1960 até os primeiros anos da década de 1970, com ________________________ 3a Fase uma visão integrada, incluindo custo total e abordagem ________________________ de sistemas, foco mais amplo, transportes, distribuição, ________________________ armazenagem, estoque e manuseio de materiais. ________________________ tre.
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12 A partir da década de 1970, até a metade dos anos 80, 4a Fase
houve a fase do “foco no cliente”, ressaltando produtividade e custos de estoques, e foi incluída no ensino nos cursos de Administração de Empresas.
Atualmente, tem-se a fase “logística como elemento 5 Fase a
diferenciador”, destacando-se a globalização, a tecnologia da informação, a responsabilidade social e a ecologia.
Como vimos, a logística se originou e se desenvolveu como uma ciência Militar, mas podemos notar também que a logística está em constante evolução, acompanhando a evolução e as crescentes necessidades das organizações, do mercado e da sociedade. Para seguirmos adiante, veremos uma definição de uso comum e muito aceita do objetivo logístico: Garantir a disponibilidade do produto correto, na quantidade correta, na condição correta, no lugar certo, na hora certa, para o consumidor correto por um custo ideal.
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Neste momento, vamos entender, de modo simplista, a logística como um processo de integração de dois subsistemas: a administração de materiais e a distribuição física dos produtos e que teria inicialmente duas finalidades: providenciar os produtos corretos, na quantidade correta, com qualidade, no lugar correto, no tempo adequado, com método, preço justo e com boa impressão; e ajudar a aumentar o grau de satisfação do cliente. Mas, como observamos nas fases da logística, esse processo evoluiu, é conhecido nas empresas desde a 3a fase como Logística empresarial e trata das atividades de movimentação e armazenagem, que facilitam o fluxo de produtos desde o ponto de aquisição da matéria-prima até o ponto de consumo final, assim como dos fluxos de informação que colocam os produtos em movimento, com o propósito de providenciar níveis de serviço adequados aos clientes a um custo razoável (BALLOU, 1995).
Sim! Mas afinal o que é Logística empresarial?
LOGÍSTICA EMPRESARIAL Reafirmando, a logística empresarial também é conhecida como logística integrada e estuda como a administração pode fornecer o melhor nível de rentabilidade aos serviços de distribuição aos clientes e/ou consumidores, por meio de planejamento organizado e controle efetivo das atividades de movimentação e armazenagem, objetivando facilitar o fluxo de produtos.
logística. Figura 1: Elementos básicos da Logística
13 TÓPICOS ESPECIAIS EM LOGISTICA
Veja, na figura a seguir, um modelo esquemático com os elementos básicos da
Fonte: Adaptado de Novaes (2007, pág.36)
O conceito de Logística empresarial é uma evolução, pois antes prevalecia na ________________________ logística o conceito individualizado do estudo do transporte, estoque e armazenagem, ________________________ mas atualmente é o conceito de logística empresarial que predomina. Esse sistema (in- ________________________ tegrado) é o relacionamento entre fornecedores, suprimentos, produção, distribuição ________________________ e clientes, havendo um fluxo de materiais, um fluxo de informações e outro cada vez ________________________ mais importante que é a logística reversa. ________________________ O relacionamento e os fluxos são apresentados graficamente na figura abaixo. Figura 2: Fluxos logísticos
Fonte: Adaptado de Novaes (2007, pág.36)
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Entretanto, ressalto que existem importantes mudanças acontecendo na prática da logística empresarial, um crescente movimento de cooperação entre clientes e fornecedores na cadeia de suprimentos, uma evolução chamada de Supply Chain Management (SCM) ou Gestão da Cadeia de Suprimentos. Para Christopher (1997 apud GOMES e PIRES, 2004, p. 120): A cadeia de suprimentos representa uma rede de organizações, através de ligações, nos dois sentidos, dos diferentes processos e atividades que produzem valor na forma de produtos e serviços que são colocados nas mãos do consumidor final.
Mas, vamos voltar à questão da logística empresarial. Ao implementar o conceito de logística empresarial em seus negócios, as empresas devem integrar de modo sistêmico três etapas: suprimento de materiais, a fim de obter matéria-prima na quantidade exata, com menos custos e mantendo a qualidade; administração de produção, definindo junto com o marketing o quanto produzir, o que e para quem, e distribuição física, tendo em vista todo o processo de embalagem, transporte e movimentação. Sintetizando: a logística empresarial é a gestão do relacionamento entre forne-
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cedor, suprimentos, produção, distribuição e cliente, havendo um fluxo de materiais num sentido e um fluxo de informações no sentido contrário - como pudemos observar na figura anterior. Observe que o nosso foco nessa disciplina será estudar a gestão de suprimentos. A administração da produção e a distribuição física serão, melhor, enfocadas em disciplinas específicas, entretanto pela natureza complementar dos assuntos sempre serão citados para o melhor entendimento de nossa disciplina. Como vimos, a logística empresarial compõe-se de dois subsistemas de atividades: Administração de Materiais/Gestão de Suprimentos e Distribuição física.
Figura 3: Subsistemas da Logística
Fonte:adaptado de BALLOU, 1993, p.35
de várias origens (fornecedores) e coordena essa atividade com a necessidade de materiais ou serviços da empresa. A distribuição física é a parte da logística empresarial que trata da estocagem, movimentação e processamento de pedidos dos produtos acabados da empresa para outra empresa, ou da empresa para seu cliente final. Nesse momento, vamos nos concentrar na parte da logística empresarial que trata da gestão dos recursos materiais e patrimoniais, necessários à produção de bens e serviços pelas organizações, ou seja, da gestão de suprimentos, da administração dos recursos materiais.
15 TÓPICOS ESPECIAIS EM LOGISTICA
A administração de materiais trabalha para agrupar os materiais/suprimentos
Mas antes vamos entender um pouco o papel dos recursos materiais dentro da empresa.
As empresas e seus recursos produtivos
Podemos afirmar que atualmente quase tudo que consumimos é produzido por alguma organização. Tudo o que comemos, vestimos, lemos, usamos em nosso cotidiano, para transporte, higiene, saúde, lazer, trabalho etc. é feito em organizações. A indústria, o comércio, as universidades e escolas, os bancos e financeiras, o rádio, a televisão, a imprensa, os hospitais, a igreja, o exército, as repartições públicas, as empresas estatais, os clubes, o policiamento etc. são organizações (CHIAVENATO, 2005, p. 1).
Você, com certeza, já estudou os três tipos de organização que existem, mas vamos lembrar! Organizações governamentais; Organizações Não-Governamentais (ONG’s) e as Empresas. As organizações existem para produzir alguma coisa, ou seja, a produção de bens ou serviços é a razão da existência de qualquer organização, se constituindo no seu objetivo básico. Todas elas produzem alguma coisa: o Estado de certa forma foi criado para atender as necessidades e prestar serviços à população; as ONG’s buscam o bem comum da sociedade através de prestações de serviços, ocupando os espaços que o Estado não consegue atender; as Empresas não é preciso nem exemplificar. Partindo desse pressuposto, podemos afirmar: não existe organização que nada produza. Mas, vamos enfocar mais a organização Empresa. De acordo com Chiavenato (2005), as empresas constituem um tipo especial de organização. Seriam organizações sociais que utilizam determinados recursos para atingir determinados objetivos. Esse objetivo em geral é o lucro.
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16 ORGANIZAÇÃO É UMA ENTIDADE SOCIAL COMPOSTA DE PESSOAS E DE RECURSOS DELIBERADAMENTE ESTRUTURADA E ORIENTADA PARA ALCANÇAR UM OBJETIVO COMUM.
Sintetizando: uma empresa é um conjunto de pessoas que trabalham juntas, no sentido de alcançar objetivos, por meio da gestão de recursos. As Empresas são organizações voltadas à produção de Bens e Serviços com vista, em geral, à obtenção de lucro. Bem, acredito que já chegamos a um consenso de que as empresas existem para produzir algo. Partindo, então, do pressuposto de que elas existem para produzir e para que haja uma produção, são necessários alguns recursos indispensáveis, vamos analisar inicialmente os fatores clássicos da produção.
Os fatores da produção Tradicionalmente, os economistas denominavam os recursos necessários ao
________________________ processo produtivo de fatores de produção. Esses fatores englobavam todos os ele________________________ mentos necessários à produção. ________________________ Veja na figura a seguir os quatro fatores tradicionais de produção: ________________________ ________________________ Figura 4: Fatores tradicionais de produção ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ Fonte: Chiavenato (2005) ________________________ ________________________ Para eles, os fatores de produção se resumiam a Natureza, Capital, Trabalho e ________________________ ________________________ Empresa (CHIAVENATO, 2005): ________________________ A Natureza seria o fator que fornece as entradas e os insumos necessários à ________________________ produção, como as matérias-primas, os materiais, a energia etc.
mos e pagar as despesas e custos relacionados com a produção. O capital representa o fator de produção que permite meios para comprar, adquirir e utilizar os demais fatores de produção.
O Trabalho seria o fator constituído pela mão de obra, que processa e transforma os insumos, através de operações manuais ou de máquinas e ferramentas, em produtos acabados ou serviços prestados. O trabalho representa o fator de produção que atua sobre os demais, isto é, que aciona e agiliza os outros fatores de produção.
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O Capital seria o fator que fornece o dinheiro necessário para adquirir os insu-
E, finalmente, a Empresa que seria o fator integrador, que reúne e coordena harmoniosamente a natureza, o capital e o trabalho, fazendo com que o resultado do conjunto supere o resultado que cada fator teria isoladamente. A empresa tem um efeito sinergético, capaz de proporcionar um ganho adicional, que é o lucro.
SINERGIA É UM EFEITO MULTIPLICADOR. HOJE JÁ NÃO SE PODE MAIS PENSAR EM APENAS ADICIONAR OU AGREGAR. É PRECISO MAIS DO QUE ISSO, É PRECISO JUNTAR OS GANHOS PARA OBTER RESULTADOS CRESCENTES. É PRECISO MULTIPLICAR.
Mas, essa divisão em natureza, capital, trabalho e empresa é uma conceituação muito antiga. Hoje, os fatores de produção são denominados Recursos2 Empresariais. Os principais recursos empresariais são: recursos financeiros; recursos humanos; recursos mercadológicos; recursos administrativos e recursos materiais (CHIAVENATO, 2005). Recursos esses que, ao serem combinados numa empresa, devem proporcionar a produção de bens e serviços. Os Recursos financeiros são constituídos por todos os aspectos relacionados com o dinheiro utilizado pela empresa para financiar seu funcionamento. Note que ele é mais amplo do que o fator de produção denominado capital, pois envolve toda forma de dinheiro (próprio ou de terceiros), crédito e financiamentos necessários ao funcionamento da empresa. Os Recursos humanos são compostos por toda forma de atividade humana dentro da empresa. Maior que o fator de produção trabalho, pois enquanto ele só se refere especificamente a mão-de-obra, a atividade manual ou braçal exercida pelo homem, os recursos humanos englobam, além dessas toda e qualquer atividade humana, seja ela mental, conceitual, verbal e social. Os Recursos mercadológicos são constituídos por toda a atividade voltada para o atendimento do mercado de clientes e consumidores da empresa. Esses recursos compreendem todo o esquema de marketing ou de comercialização da empresa. 2
Utilizaremos o termo Recurso como sendo tudo aquilo que gera ou tem a capacidade de gerar riqueza dentro das empresas. É o
meio pelo qual a empresa realiza suas operações.
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Os Recursos administrativos são constituídos por todo o esquema administrativo e gerencial da empresa. Os Recursos materiais também chamados de recursos físicos englobam todos os aspectos materiais e físicos que a empresa utiliza para produzir. Constituem um recurso empresarial que ultrapassa o conceito do fator de produção natureza, visto anteriormente, pelo fato de ser mais amplo e envolver os insumos diretamente relacionados com a atividade empresarial. São os estoques de matérias-primas, produtos em trânsito, produtos em processos, produtos acabados, materiais auxiliares e produtos em consignação, e também as instalações físicas, máquinas, equipamentos e ferramentas. Na figura a seguir, temos uma representação em que todos os recursos dão entrada na empresa, são processados e depois saem como produtos acabados ou em forma de serviços.
Figura 5: Sistema de processamento
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especialidade administração da produção, mas não se prenda a essa ideia, pois a área de administração de materiais tem crescido muito em importância nas empresas, devido à acirrada concorrência e à implementação do conceito de Gestão da Cadeia de Suprimentos - visto na aula anterior. Portanto, no paradigma atual, ela trabalha cada vez mais em conjunto com a produção, as finanças e o mercado em busca das vantagens competitivas necessárias à sobrevivência das empresas. Sendo a empresa composta por diversas áreas que juntas ditam a sua vida, não é difícil compreender que o bom funcionamento destas áreas é fundamental. Para tanto, elas devem ser coordenadas e controladas, numa perfeita harmonia, sendo ne-
19 TÓPICOS ESPECIAIS EM LOGISTICA
Nessa esquematização, a administração de materiais seria parte integrante da
cessário que se entenda suas respectivas importâncias. Daí a nossa necessidade de entender a administração de materiais. A administração de materiais hoje é um sistema integrado em que diversos subsistemas próprios interagem para constituir um todo organizado. Ela destina-se a dotar a empresa dos meios necessários ao suprimento de materiais imprescindíveis ao seu funcionamento, no tempo oportuno, na quantidade necessária, na qualidade requerida e pelo menor custo.
Mas afinal o que é Administração de Materiais?
Bem, isso é assunto para a nossa próxima aula, até lá!!!
SÍNTESE Nesta aula, de caráter introdutório, abordamos o histórico da logística e suas fases de evolução. O objetivo foi ter uma visão sistêmica dos elementos que compõem a moderna logística e da qual faz parte a administração de materiais/gestão de suprimentos área de maior interesse desta disciplina. Revisamos também o que é uma organização, e especificamente a organização empresa. Vimos que uma empresa, para produzir bens ou serviços, necessita de recursos e que esses recursos devem se relacionar de forma harmônica para que a empresa atinja os seus objetivos com competitividade.
LEITURAS INDICADAS Para aprofundamento da temática discutida nessa aula, sugerimos a leitura dos seguintes textos. O capítulo 2 do livro Logística e gerenciamento da cadeia de distribuição, de Antonio Galvão Novaes, editado pela Elsevier, em 2007.
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O capítulo 1 do livro Gestão da cadeia de suprimentos integrada à tecnologia da informação, de Carlos Francisco Simões Gomes e Priscilla Cristina Cabral Ribeiro, editado pela Thomson, em 2004.
SITES INDICADOS http://www.revistarai.org/ojs-2.2.4/index.php/rai/article/viewFile/73/71 http://www.administradores.com.br/informe-se/artigos/a-evolucao-dalogistica/53747/ www.propgpq.uece.br/semana_universitaria/anais/.../sociais_18.doc
REFERÊNCIAS BALLOU, R. H. Logística empresarial: transporte, administração de materiais e distribuição física. São Paulo: Atlas, 1995.
CHIAVENATO, Idalberto. Administração de materiais: uma abordagem introdutória. Rio de Janeiro: Edito-
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ra Elsevier, 2005.
CHRISTOPHER, M. Logística e gerenciamento da cadeia de suprimentos: estratégia para redução de custos e melhoria de serviços. São Paulo: Thomson, 1997.
DIAS, Marco Aurélio P. Administração de materiais: princípios, conceitos e gestão. São Paulo: Atlas, 2006.
GOMES, Carlos Francisco Simões; RIBEIRO, Priscilla Cristina Cabral. Gestão da cadeia de suprimentos integrada à tecnologia da informação. São Paulo: Thomson, 2004.
NOVAES, Antonio Galvão. Logística e gerenciamento da cadeia de distribuição. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007.
ÇÃO DE MATERIAIS Autor: José Gileá de Souza
Caro aluno(a), Para que você entendesse a importância da administração de materiais dentro da empresa, fizemos, na aula anterior, uma rápida análise dos elementos que com-
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AULA 02 - A AMPLITUDE DA ADMINISTRA-
põem uma empresa (as pessoas, os recursos e o objetivo), focamos nos recursos empresariais modernos dando ênfase nos recursos materiais e na sua gestão. Vamos agora responder o questionamento que fechou a nossa aula passada, ou seja, vamos começar a compreender o que é Administração de materiais.
Administração de materiais A atividade de gestão de materiais existe desde a mais remota época, por meio das trocas de utensílios e de mercadorias até chegarmos aos dias de hoje, passando pela Revolução Industrial. O processo de produzir, estocar, trocar produtos e mercadorias é algo tão antigo quanto a existência do próprio ser humano. Porém, com o advento de novos modos de produção e manufatura as empresas necessitaram adequar as técnicas de gerenciamento de materiais. A Administração de Materiais dentro da empresa é uma função coordenadora responsável pelo planejamento e controle do fluxo de materiais, desde o fornecedor, passando pela produção até o consumidor.
Sim, mas o que vem a ser material e administração de materiais...
Viana (2006) define material e administração de materiais da seguinte forma: Material: todas as coisas contabilizáveis que entram como elementos constituídos ou constituintes na linha de atividade e uma empresa;
Administração de Materiais: planejamento, coordenação, direção e controle de todas as atividades ligadas à aquisição de materiais para a formação de estoques, desde o momento de sua concepção até seu consumo final. (VIANA, 2006, p.41)
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A administração dos recursos materiais engloba a sequência de operações que tem início na identificação e na seleção do fornecedor, na compra do bem, em seu recebimento, acondicionamento, armazenagem, conservação, transporte interno durante o processo produtivo e sua armazenagem como produto acabado. Podemos detalhar ainda mais e afirmar que a administração de materiais é um conjunto de atividades desenvolvidas dentro de uma empresa, algumas vezes centralizadas outras não, com o objetivo de suprir os diversos setores, com os materiais necessários ao seu funcionamento normal. A gestão de materiais tem como função garantir um fluxo contínuo de materiais necessários ao funcionamento da empresa mantendo um estoque, organizado de modo à nunca faltar nenhum dos itens que o compõem e sem tornar excessivo o investimento financeiro total em materiais.
O gestor de Materiais De acordo com Viana (2006), o administrador de materiais é o profissional a quem cabe o gerenciamento, o controle e a direção de empresas, ou partes dela, na área de sua habilitação, buscando os melhores resultados em termos de lucratividade e produtividade. Dessa maneira o administrador prevê, planeja, organiza, comanda e controla o funcionamento de processos administrativos, visando aumentar a produti-
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vidade, rentabilidade e controle dos resultados (VIANA, 2006). Ao administrador de materiais cabe definir o quê, quanto, quando e como comprar, deve gerir com eficiência e exatidão o movimento de entradas e saídas dos materiais necessários à empresa. A ele cabe dotar a empresa do suprimento dos materiais indispensáveis, no tempo adequado, na quantidade necessária, na qualidade especificada e pelo menos custo. A chegada dos materiais no momento adequado para o suprimento influencia no nível dos estoques. Assim, suprir os estoques antes do momento adequado ocasionará estoques altos e acima das necessidades da organização. Por outro lado, a chegada do suprimento após o tempo certo poderá ocasionar a falta do material necessário ao funcionamento da empresa. Da mesma forma, o tamanho do pedido de Compra ocasiona as mesmas conseqüências: quantidades maiores que o demandado representa investimento em estoques parados, bem como, quantidades abaixo do necessário podem levar à falta de material em estoque, o que é danoso à eficiência operacional da empresa. O suprimento de material no tempo adequado e na quantidade necessária se for mal planejado, como já vimos, pode ocasionar uma série de custos indesejáveis a empresa. Do mesmo modo, a compra de material que não atenda os parâmetros de qualidade especificados ocasiona prejuízos e oportunidades de lucro não realizadas. Isto porque materiais sem a qualidade necessária podem implicar em paradas de máquinas, defeitos na fabricação ou no serviço, perda de material, compras adicionais, entre outras possibilidades. O quadro a seguir mostra alguns procedimentos fundamentais a serem observados na gestão de suprimentos.
Procedimento
Esclarecimento Implica a especificação de compra,
O que deve ser comprado
que traduz as necessidades da empresa Revela o procedimento mais
Como deve ser comprado
recomendável
Quando deve ser comprado
Identifica a melhor época
Implica o conhecimento dos
Onde deve ser comprado
melhores segmentos de mercado Implica o conhecimento dos
De quem deve ser comprado
fornecedores da empresa Evidencia o conhecimento da
Por que preço deve ser comprado
evolução dos preços de mercado Estabelece a quantidade ideal, por
Em que quantidade deve ser comprada
meio da qual haja economia na compra
Fonte: Viana (2006, p. 40)
Segundo Viana (2006, p. 41), as funções básicas do administrador de materiais, de modo bem resumido, seriam: Saber comprar, para garantir a qualidade e a quantidade do que será adquirido ao menor custo; Controlar, para evitar falta e ou excesso; Armazenar adequadamente, para evitar perdas.
Chamo a sua atenção, pois esse é um resumo bem simplista, administrar materiais é bem semelhante a isso, só que numa proporção muito maior, e um administrador de materiais, para aumentar a competitividade de sua empresa, deve buscar e alcançar os seguintes objetivos: Preço baixo - este é um objetivo óbvio e, mas com certeza um dos mais importantes. Reduzir o preço de compra implica em aumentar as margens de lucro, se for mantida a mesma qualidade; Giro de estoques alto - se traduz no melhor uso do capital investido em estoque, busca aumentar o retorno sobre os investimentos e reduzir o montante aplicado em capital de giro;
23 TÓPICOS ESPECIAIS EM LOGISTICA
Figura 1: Procedimentos fundamentais de administração de materiais
________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________
TÓPICOS ESPECIAIS EM LOGISTICA
24
Melhor custo de obtenção e posse - dependem essencialmente da eficiência e da eficácia dos setores de gestão de estoques, armazenagem e compras; Garantia de fornecimento - essa garantia é em decorrência de um trabalho criterioso de escolha, relacionamento e desenvolvimento de fornecedores, pois o sucesso das empresas no mercado competitivo é cada vez mais influenciado pela maneira como elas negociam com seus fornecedores; Conformidade - a administração de materiais também é responsável pela qualidade de materiais e serviços provenientes de fornecedores externos; Aperfeiçoamento diminuição de despesas com pessoal - aumentar a aptidão do pessoal e com isso obter melhores resultados com a mesma despesa ou, mesmo resultado com menor despesa; Bons Registros - é um objetivo primário, pois contribui para o papel de controle da administração de material e na sobrevivência e nos lucros da empresa, de forma indireta.
A amplitude da administração de materiais
Na figura a seguir vemos um fluxograma que engloba todos os subsistemas e
________________________ atividade desenvolvidos pela administração de materiais. ________________________ ________________________ ________________________ Figura 2: Amplitude da administração de materiais ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ Fonte: UNIFACS - Adaptado de Viana (2006, p. 42)
O Cadastramento é a atividade responsável pela identificação (especificação), classificação, codificação, cadastramento e catalogação de material. Visa cadastrar todos os materiais necessários à manutenção e ao desenvolvimento da empresa, o que implica o conhecimento perfeito de sua classificação, estabelecimento de codificação e determinação da especificação, com o objetivo de catalogar e disseminar esse catálogo a todos os envolvidos na gestão de suprimentos. No cadastramento temos ainda a Padronização e Normalização - subsistema de apoio ao qual cabe a obtenção de menor número de variedades existentes de determinado tipo de material, por meio de unificação e especificação dos mesmos, propon-
25 TÓPICOS ESPECIAIS EM LOGISTICA
Vamos falar um pouco sobre cada um deles:
do medidas de redução de estoques. A Gestão é a atividade responsável pela gestão econômica dos estoques, através do planejamento e da programação de material, compreendendo a análise, a previsão, o controle e o ressuprimento de material. A atividade Compras é a atividade responsável por suprir as necessidades de materiais da empresa, identificando no mercado as melhores condições de compra associadas às melhores condições técnicas. O setor de Recebimento é a função responsável pela verificação física e documental do recebimento de material, ou seja, verificar se o material que está sendo
entregue na empresa está dentro das especificações (preço, prazo, quantidade etc.) ________________________ negociadas com o fornecedor, podendo ainda encarregar-se da verificação dos atribu- ________________________ tos qualitativos de acordo com as normas de controle de qualidade. O Almoxarifado é a atividade responsável pela gestão física dos estoques, compreendendo as atividades de guarda, preservação, embalagem, recepção e expedição de material, segundo determinadas normas e métodos de armazenamento. Também é responsável pelo controle e normalização das transações de recebimento, fornecimento, devoluções, transferências de materiais e quaisquer outros tipos de movimentações de entrada e de saída de material. Inventário físico é a atividade que visa à auditoria permanente de estoques com o objetivo de garantir a plena confiança e acuracidade de registros contábeis e físicos, essencial para que a área de suprimentos funcione com a eficiência requerida. A acuracidade é um termo muito usado na logística e mede o nível de igualdade existente entre os dados que estão registrados no sistema e as quantidades que realmente estão fisicamente dentro dos depósitos e almoxarifados. Todas essas atividades serão abordadas com mais profundidade ao longo de nossas aulas. Mas no momento devemos entender que a integração dessas atividades funciona como um conjunto de engrenagens que aciona a administração de materiais e permite a conexão com outros setores da empresa. Assim, quando um item de material é recebido do fornecedor, houve, antes, todo um conjunto de ações inter-relacionadas para esse fim. Quando do Recebimento do material os itens aceitos pela inspeção de qua-
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TÓPICOS ESPECIAIS EM LOGISTICA
26
lidade e documental são encaminhados ao Almoxarifado para armazenagem nas unidades de estocagem próprias e demais providências, ao mesmo tempo em que a Gestão de controle de estoque é informada para proceder aos registros físicos e contábeis da movimentação de entrada. Os itens recusados pelo recebimento são devolvidos ao fornecedor. A devolução é providenciada pelo setor de Compras que aciona o fornecedor para essa providência. O setor de compras aciona o fornecedor após ser informado, pelo setor de recebimento, que o material não atende às especificações acertadas. Quando o material é requisitado do almoxarifado, este evento é comunicado à gestão de estoques pelo almoxarifado. Este procede à baixa física e contábil, podendo, gerar com isso, uma ação de ressuprimento. Neste caso, é emitida pela gestão de estoques uma ordem ao setor compras, para que o material seja comprado de um dos fornecedores cadastrados e habilitado junto à empresa. Como já vimos, o cadastramento é um dos subsistemas da gestão de suprimentos responsável pela classificação, especificação, codificação, catalogação dos materiais. Vamos agora abordar a classificação de materiais.
Classificação de Materiais ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________
Segundo Viana (2006, p. 51)
A classificação é o processo de aglutinação de materiais por características semelhantes. Grande parte do sucesso no gerenciamento de estoques depende fundamentalmente de bem classificar os materiais da empresa. (VIANA, 2006, p. 51)
Classificar materiais é reunir itens de estoque de acordo com suas características semelhantes. O sistema classificatório permite identificar e decidir prioridades referentes a suprimentos na empresa. Uma eficiente gestão de estoques, em que os materiais necessários ao funcionamento da empresa não faltam, depende de uma boa classificação dos materiais. Dentro das empresas existem vários tipos de classificação de materiais. Estudaremos somente os mais comuns e conhecidos, o que lhe permitirá entender o processo e, se necessário, adaptá-los às necessidades de cada empresa. Para Viana (2006), um bom método de classificação deve ter algumas características: ser abrangente, flexível e prático.
Abrangência: deve tratar de um conjunto de características, em vez de reunir apenas materiais para serem classificados;
modo que se obtenha ampla visão do gerenciamento do estoque; Praticidade: a classificação deve ser simples e direta.
Para atender às necessidades de cada empresa, é necessária uma divisão que norteie os vários tipos de classificação.
27 TÓPICOS ESPECIAIS EM LOGISTICA
Flexibilidade: deve permitir interfaces entre os diversos tipos de classificação de
Tipos de Classificação Para Viana (2006) os principais tipos de classificação são:
1. Por tipo de demanda 2. Materiais Críticos 3. Perecibilidade 4. Quanto à periculosidade 5. Possibilidade de fazer ou comprar 6. Tipos de estocagem 7. Dificuldade de aquisição
8. Mercado fornecedor Fonte: Adaptado de Viana (2009, p. 52-53)
Nós abordaremos as principais características e subdivisões de cada um deles, iniciaremos com a classificação por tipo de demanda. Quanto à aplicação Quanto ao valor de consumo Quanto à importância operacional
1 Por tipo de demanda
A classificação por tipo de demanda é uma classificação bastante utilizada nas empresas. Ela se divide em materiais não de estoque e materiais de estoque.
1.1 MATERIAIS NÃO DE ESTOQUE
São materiais de demanda imprevisível para os quais não são definidos os parâmetros para o ressuprimento. Esses materiais são utilizados imediatamente, ou seja, a inexistência de regularidade de consumo faz com que a compra desses materiais somente seja feita por solicitação direta do usuário, na ocasião em que isso se faça necessário.
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TÓPICOS ESPECIAIS EM LOGISTICA
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O usuário é que solicita sua aquisição quando necessário. Devem ser comprados para uso imediato e se forem utilizados posteriormente, devem ficar temporariamente no estoque.
1.2 MATERIAIS DE ESTOQUES
São materiais que devem sempre existir nos estoques para uso futuro e para que não haja sua falta são criadas regras e critérios de ressuprimento automático. Deve existir no estoque, seu ressuprimento deve ser automático, com base na demanda prevista e na importância para a empresa. Os materiais de estoque se subdividem ainda:
Quanto à aplicação eles podem ser:
Materiais produtivos: compreendem todo material ligado direta ou indiretamente ao processo produtivo;
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Matérias primas: materiais básicos e insumos que constituem os itens iniciais e fazem parte do processo produtivo; Produtos em fabricação: também conhecidos como materiais em processamento são os que estão sendo processados ao longo do processo produtivo. Não estão mais no almoxarifado porque já não são mais matérias-primas, nem no estoque final porque ainda não são produtos acabados;
Produtos acabados: produtos já prontos e que não sofrerão mais nenhum processo de transformação dentro da empresa; Materiais de manutenção: materiais aplicados em manutenção com utilização repetitiva; Materiais improdutivos: materiais não incorporados ao produto no processo produtivo da empresa; Materiais de consumo geral: materiais de consumo, aplicados em diversos setores da empresa.
Quanto ao valor do consumo: Para que se alcance a eficácia na gestão de estoque, é necessário que se separe, de forma clara, aquilo que é essencial do que é secundário em termos de valor de consumo. Para fazer essa separação, contamos com uma ferramenta chamada de curva
valor expresso pelo próprio consumo em determinado período. Os materiais são classificados em:
Materiais A: materiais de grande valor de consumo; Materiais B: materiais de médio valor de consumo; Materiais C: materiais de baixo valor de consumo.
29 TÓPICOS ESPECIAIS EM LOGISTICA
ABC ou Curva de Pareto, que determina a importância dos materiais em função do
Vamos nos aprofundar mais e trabalhar com a metodologia de cálculo da curva ABC na próxima aula, mas de antemão lhe aviso que não se recomenda o uso da classificação ABC sem a interface com a importância operacional, em que se identificam os materiais imprescindíveis ao funcionamento da empresa.
Quanto à importância operacional: Esta classificação leva em conta a imprescindibilidade ou ainda o grau de dificuldade para se obter o material. Os materiais são classificados em:
Materiais X: materiais de aplicação não importante, com similares na empresa; Materiais Y: materiais de média importância para a empresa, com ou sem similar; Materiais Z: materiais de importância vital, sem similar na empresa, e sua falta ocasiona paralisação da produção.
Quando ocorre a falta no estoque de materiais classificados como “Z”, eles provocam a paralisação de atividades essenciais e podem colocar em risco o ambiente, pessoas e patrimônio da empresa. São do tipo que não possuem substitutos em curto prazo. Os materiais classificados como “Y” são também imprescindíveis para as atividades da organização. Entretanto podem ser facilmente substituídos em curto prazo. Os itens “X”, por sua vez, são aqueles que não paralisam atividades essenciais, não oferecem riscos à segurança das pessoas, ao ambiente ou ao patrimônio da organização e são facilmente substituíveis por equivalentes e ainda são fáceis de serem encontrados. Para a identificação dos itens críticos devem ser respondidas as seguintes perguntas:
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TÓPICOS ESPECIAIS EM LOGISTICA
30 O material é imprescindível à empresa? Pode ser adquirido com facilidade? Existem similares? O material ou seu similar podem ser encontrados facilmente? Figura 3: Classificação de importância operacional
Fácil
Existem
A compra do original
aquisição?
similares?
ou similar é fácil?
SIM
NÃO
NÃO
-
Z
SIM
SIM
NÃO
-
Y
NÃO
NÃO
SIM
NÃO
Y
SIM
SIM
SIM
SIM
X
NÃO
SIM
SIM
SIM
X
É imprescindível
CLASSE
Fonte: Adaptado de Viana (2006, p. 55)
2 Materiais Críticos ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________
Classificação muito utilizada por indústrias. São materiais de reposição específica, cuja demanda não é previsível e a decisão de estocar tem como base o risco. Por serem sobressalentes vitais de equipamentos produtivos, devem permanecer estocados até sua utilização, não estando, portanto, sujeitos ao controle de obsolescência. A quantidade de material cadastrado como material crítico dentro de uma empresa deve ser mínima. Os materiais são classificados como críticos segundo os seguintes critérios:
Críticos por problemas de obtenção: material importado; único fornecedor; falta no mercado; estratégico e de difícil obtenção ou fabricação. Críticos por razões econômicas: materiais de valor elevado com alto custo de armazenagem ou de transporte. Críticos por problemas de armazenagem ou transporte: materiais perecíveis, de alta periculosidade, elevado peso ou grandes dimensões. Críticos por problema de previsão: ser difícil prever seu uso Críticos por razões de segurança: materiais de alto custo de reposição ou para equipamento vital da produção.
3 Perecibilidade Os materiais também podem ser classificados de acordo com a possibilidade de extinção de suas propriedades físico-químicas. Muitas vezes, o fator tempo influencia na classificação; assim, quando a empresa adquire um material para ser usado em um
necessária, o que inviabiliza a estocagem por longos períodos. Quanto à possibilidade de se extinguirem, seja dentro do prazo previsto para sua utilização, seja por ação imprevista, os materiais podem ser classificados em: perecível e não perecível. Os perecíveis podem ser ainda subdivididos: a) Ação higroscópica: capacidade do material em absorver água da atmosfera, ex: sal, cal virgem;
31 TÓPICOS ESPECIAIS EM LOGISTICA
período, e nesse período o consumo não ocorre, sua utilização poderá não ser mais
b) Limitação do tempo, ex: alimentos, remédios; c) Instabilidade: materiais que se decompõem espontaneamente, ex: ácidos, óxido de etileno; d) Volatilidade: materiais que mudam de estado físico, ex: amoníaco, éter, álcool; e) Contaminação da água, ex: óleo para transformadores; f ) Contaminação por partículas sólidas, ex: graxas; g) Gravidade: materiais que se deformam, ex: eixos de grande comprimento; h) Quebra, colisão ou vibração, ex: vidro, cristais; i) Mudança de temperatura, ex: vedantes de borracha; j) Ação da luz, ex: filmes fotográficos; k) Atmosfera agressiva: materiais que sofrem corrosão, ex: metais; L) Ação de animais, ex: grãos, madeira.
A utilização da classificação por perecimento permite as seguintes medidas:
determinar lotes de compra mais racionais, em função do tempo de armazenagem permitido; programar revisões periódicas para detectar falhas de estocagem a fim de corrigi-las e baixar materiais sem condições de uso; selecionar adequadamente os locais de estocagem, usando técnicas adequadas de manuseio e transporte de materiais, bem como transmitir orientações aos funcionários envolvidos quanto aos cuidados a serem observados.
4 Periculosidade O uso dessa classificação permite a identificação de materiais que, devido as suas características físico-químicas, podem oferecer risco à segurança no manuseio, transporte, armazenagem. Ex: líquidos inflamáveis.
________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________
TÓPICOS ESPECIAIS EM LOGISTICA
32
5 Possibilidade de fazer ou comprar Esta classificação visa determinar quais os materiais que poderão ser recondicionados, fabricados internamente ou comprados:
Fazer internamente: fabricados na empresa; Comprar: adquiridos no mercado; Decisão de comprar ou fazer: sujeito à análise de custos; Recondicionar: materiais passíveis de recuperação sujeitos à análise de custos.
6 Tipos de Estocagem Os materiais podem ser classificados em materiais de estocagem permanente e temporária.
Permanente: materiais para os quais foram aprovados níveis de estoque e
que necessitam de ressuprimento constantes.
Temporária: materiais de utilização imediata e sem ressuprimento, ou seja, é
________________________ um material não de estoque. ________________________ ________________________ 7 Dificuldade de Aquisição ________________________ ________________________ Os materiais podem ser classificados por suas dificuldades de compra em mate________________________ ________________________ riais de difícil aquisição e materiais de fácil aquisição. As dificuldades podem advir de: ________________________ ________________________ Fabricação especial: envolve encomendas especiais com cronograma de fabricação ________________________ longo; ________________________ ________________________ Escassez no mercado: há pouca oferta no mercado e pode colocar em risco o processo produtivo; ________________________ ________________________ Sazonalidade: há alteração da oferta do material em determinados períodos do ano; ________________________ Monopólio ou tecnologia exclusiva: dependência de um único fornecedor; ________________________ ________________________ Logística sofisticada: material de transporte especial, ou difícil acesso; ________________________ Importações: os materiais sofrer entraves burocráticos, liberação de verbas ou finan________________________ ciamentos externos. ________________________ ________________________ 8 Mercado Fornecedor ________________________ ________________________ Esta classificação está intimamente ligada à anterior e a complementa. Assim ________________________ ________________________ temos: Materiais do mercado nacional: materiais fabricados no próprio país;
33
Materiais do mercado estrangeiro: materiais fabricados fora do país;
TÓPICOS ESPECIAIS EM LOGISTICA
Materiais em processo de nacionalização: materiais aos quais estão desenvolvendo fornecedores nacionais.
Você acabou de ver oito tipos principais de classificação de materiais, eles não necessitam trabalhar separadamente, e alguns deles recebem indicações explícitas para que trabalhem em conjunto com outra classificação, tornando mais eficaz a gestão dos estoques. Veja a seguir um quadro resumido dos tipos de classificação com suas vantagens, desvantagens e limitações.
Figura 4: Tipos de classificação
QUADRO SINÒPTICOS DOS TIPOS DE CLASSIFICAÇÂO Classificação
Objetivo Materiais de
Valor de
maior valor
consumo
(consumo) método ABC
Importância dos Importância
materiais para o
Operacional
funcionamento da empresa
Vantagem Demonstra os materiais de grande investimento no estoque
Demonstra os materiais vitais para a empresa
Identificar os materiais sujeitos Perecibilidade
Se o material é perecível ou não
à perda por perecimento, facilitando armazenagem e movimentação Determina incompatibilidade
Periculosidade
Grau de
com os outros
periculosidade
materiais,
de material
facilitando armazenagem e
Se o material deve ser Fazer ou
comprado,
comprar
fabricado internamente ou recondicionado.
movimentação Facilita a organização da programação e planejamento de compras
Desvantagem
Aplicações Fundamental
Não fornece
deve ser
análise de
utilizada em
importância
conjunto com
operacional
importância
Não fornece análise econômica dos estoques
________________________
operacional Fundamental ________________________ deve ser
________________________ ________________________ conjunto ________________________ com valor de consumo ________________________ ________________________ ________________________ Básica. Deve ser ________________________ utilizada com ________________________ classificação de ________________________ periculosidade ________________________ ________________________ ________________________ Básica. Deve________________________ ser utilizada com ________________________ classificação de ________________________ perecibilidade ________________________ ________________________ ________________________ Complementar ________________________ para os procedimentos ________________________ de compras________________________ ________________________ ________________________ utilizada em
TÓPICOS ESPECIAIS EM LOGISTICA
34
Complementar Dificuldade de
Materiais de fácil
Agiliza a reposição
para os
aquisição
ou difícil
de estoques
procedimentos de compras
Origens dos
Auxilia a
Complementar
Mercado
materiais
elaboração dos
para os
fornecedor
(nacionais ou
programas de
procedimentos
importados)
importação
de compras
Fonte: Adaptado de Viana (2006, p. 62)
Na próxima aula retomaremos de forma mais aprofundada a classificação ABC devido a sua importância na gestão de estoques.
SÍNTESE Nesta aula, vimos a amplitude da gestão de suprimentos/administração de materiais. Abordamos o papel do administrador e especificamente o administrador de materiais, suas funções e importância. Vimos a amplitude que tem a administração de materiais. Estudamos também o subsistema cadastramento, mais especificamente a classificação de materiais.
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QUESTÃO PARA REFLEXÃO Analise qual é a importância da classificação de materiais para a gestão dos materiais dentro das empresas.
LEITURAS INDICADAS Para aprofundamento da temática discutida nesta aula, sugerimos a leitura dos seguintes textos. O capítulo 1 do livro Administração de materiais: um enfoque prático, de João José Viana, editado pela Atlas, em 2006. O capítulo 3 do livro Administração de materiais: uma abordagem introdutória, de Idalberto Chiavenato, editado também pela Campus, em 2005.
SITES INDICADOS O artigo “Tendências da administração de materiais” no endereço: http://tudoadm.hd1.com.br/tendencias_adm_materiais.pdf
pública estadual” no endereço: http://www.saeb.ba.gov.br/biblioteca_ virtual/Material/Manual%20Gest%C3%A3o%20de%20Material%20em%20 ALmoxarifado%20na%20Adm.%20P%C3%BAblica.pdf
REFERÊNCIAS VIANA, João José. Administração de materiais: um enfoque prático. São Paulo: Atlas, 2006.
35 TÓPICOS ESPECIAIS EM LOGISTICA
O capítulo 3 do manual de “Gestão de material em almoxarifado na administração
________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________
TÓPICOS ESPECIAIS EM LOGISTICA
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Autor: José Gileá de Souza
”A classificação ABC é um procedimento que tem por objetivo identificar os produtos em função dos valores que eles representam e, com isso, estabelecer formas de gestão apropriadas à importância de cada item em relação ao valor total dos estoques.”
37 TÓPICOS ESPECIAIS EM LOGISTICA
AULA 03 - CLASSIFICAÇÃO ABC
Caro(a) estudante,
Como combinamos na aula passada, esta aula será dedicada a estudarmos mais detidamente a classificação ABC, devido a sua importância na gestão de materiais.
CLASSIFICAÇÃO ABC O princípio da curva ABC foi elaborado, inicialmente, por Vilfredo Pareto, na Itália, no fim do século XIX, quando, por volta do ano 1897, elaborava um estudo de distribuição de renda e riqueza da população local. Segundo Viana (2006, p. 64):
Nos últimos 30 anos, após os esforços iniciais da General Electric americana, o princípio de Pareto foi sendo adaptado ao universo dos materiais, particularmente ao gerenciamento de estoques, com a denominação de classificação ou curva ABC, importante instrumento que permite identificar itens que justificam atenção e tratamentos adequados em seu gerenciamento. Assim, a classificação ABC poderá ser implementada de várias maneiras, como reposição, valor de demanda/consumo, inventário, aquisições realizadas e outras, porém a preponderante é a classificação por valor de consumo [...].
De acordo com Dias (2006), a curva ABC é um importante instrumento para o administrador, pois ela permite identificar aqueles suprimentos e materiais que justificam atenção e tratamento adequados quanto à sua gestão. Obtém-se a curva ABC, como já foi ressaltado, principalmente através da ordenação dos itens conforme a sua importância relativa em termos de valor de consumo anual. A curva ABC auxilia na administração de estoques, na definição de políticas de
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vendas, no estabelecimento de prioridades para a programação da produção e uma série de outros problemas normais da empresa relacionados à gestão de estoques. Após os materiais terem sido ordenados pela importância relativa em termos de valor, as classes da curva ABC podem ser definidas, como já estudamos, da seguinte forma:
Figura 1 - Curva ABC
Curva ABC % acumulada de valor de uso
TÓPICOS ESPECIAIS EM LOGISTICA
38
100 90 80 70 60
C
50 40 30 20
B
Classe
% itens
% demanda monetária anual
A
10-20
50 a 60
B
30-40
25 a 40
C
50
5 a 15
________________________ 10 A ________________________ 0 20 50 75 100 ________________________ itens (%) ________________________ Importância Muitos itens Poucos Fonte: Baseado em Pozo (2007, p. 96) ________________________ média menos Itens importantes importantes ________________________ ________________________ Classe A: grupo de materiais mais importante que devem ser trabalhados com uma ________________________ atenção especial pela administração. ________________________ ________________________ ________________________ Classe B: grupo intermediário entre a classe A e C. ________________________ ________________________ ________________________ Classe C: grupo de materiais menos importantes que justificam pouca atenção da ________________________ administração, no entanto requerem atenção pelo fato de gerarem custo de mantê-los ________________________ em estoque. ________________________ ________________________ ________________________ Dica: Os materiais a que me refiro, neste momento, podem ser matérias________________________ ________________________ primas, materiais em processamento ou produtos acabados. ________________________ ________________________ Segue um exemplo de Curva ABC aplicado a estoque de produtos de uma em________________________ ________________________ presa varejista:
dagem anual de 2400 produtos diferentes. É preciso fazer um estudo para redefinir a sua política de estoques de produtos. Devido ao elevado investimento em estoque, convém identificar os grupos de produtos que deverão ter um rígido controle (produtos classe A), intermediários (produtos classe B) e os que terão pouca atenção (produtos classe C).
Veja, na figura a seguir, a curva separando os produtos em A, B e C.
39 TÓPICOS ESPECIAIS EM LOGISTICA
O departamento de marketing de uma empresa varejista apresentava uma ven-
Figura 2 - Exemplo de Curva ABC
Fonte: Elaboração própria
A = 500 itens; B = 700 itens e C = 1200 itens
A curva, nesse caso, fornece a ordenação dos materiais pelos respectivos valores de faturamento anual. Ao analisar o gráfico, note que os itens classe A são responsáveis pela maior percentagem do faturamento. Ao contrário, na classe C, temos a maior quantidade de itens responsáveis apenas por pequena percentagem do faturamento de vendas. A classe B está em situação intermediária. Dessa maneira, a análise do nosso exemplo resulta em:
A classe A tem 20,8% dos itens em estoque (500 itens), que correspondem a 80% do faturamento, ou seja, precisam de uma maior atenção. A classe B tem 29,2% dos itens em estoque (700 itens), que correspondem a algo em torno de 15% do faturamento de vendas. A classe C sozinha tem 50% dos itens em estoque (1200 itens), que correspondem a algo em torno de 5% do faturamento.
Portanto, nesse caso, verifica-se que, para garantir 80% do faturamento de vendas da empresa, basta estabelecer controle sobre 20,8% dos itens em estoque, ou seja, sobre 500 itens. As classes B e C, que se compõem dos 1900 itens restantes, correspondem a apenas 20% do faturamento.
________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________
TÓPICOS ESPECIAIS EM LOGISTICA
40
Agora que você já entendeu a utilização da curva ABC, vamos ao método de cálculo da curva ABC. Para isso, neste momento, definiremos os seguintes passos:
- Passo 1: Definir a variável a ser analisada - Passo 2: Coletar os dados - Passo 3: Ordenar os dados - Passo 4: Calcular os percentuais - Passo 5: Construir o Gráfico - Passo 6: Analisar os resultados
No passo 1, a variável a ser considerada será o Custo do Estoque. Para calcularmos o custo do estoque, é necessário passarmos ao passo 2, ou seja, coletar os dados, que, nesse caso, serão a quantidade demandada de cada item relacionado no estoque e o custo unitário de cada item em estoque no período de tempo que o estoque estiver sendo analisado.
________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________
Ao multiplicarmos a quantidade do item pelo seu respectivo custo unitário, teremos como resultado o custo do estoque daquele item e, ao somarmos o custo de cada um, teremos o valor total do estoque.
O terceiro passo consiste em ordenar os dados, ou seja, arrumar os itens em ordem decrescente de valor (custo unitário multiplicado por quantidade demandada), somar o valor de consumo dos itens.
O quarto passo consiste em calcular os percentuais na tabela que será montada com o ordenamento de dados realizado no passo anterior.
O quinto passo consiste em construir a representação gráfica da classificação ABC, ou seja, a curva ABC com os percentuais calculados no passo 4, e o passo 6 consiste em fazer uma análise de quais itens se enquadram nas faixas “A”, “B” ou “C” e indicar ações de melhoria no tratamento desses itens.
Segue um exemplo para ilustrarmos, na prática, os passos de construção de uma curva ABC:
Em uma empresa, encontra-se um estoque com os seguintes materiais e seus
forme tabela abaixo, que denominaremos de tabela inicial.
Tabela inicial Código do
Demanda Anual
Custo Unitário
Custo do estoque
Material
(unidades)
(R$)
(ano em R$)
X-01
10.000
1,0
10.000,00
X-02
10.200
12,00
122.400,00
X-03
90.000
3,00
270.000,00
X-04
4.500
6,00
27.000,00
X-05
7.000
10,00
70.000,00
X-06
20
1.200,00
24.000,00
X-07
42.000
0,60
25.200,00
X-08
8.000
28,00
224.000,00
X-09
1.800
4,00
7.200,00
X-10
130
60,00
7.800,00
41 TÓPICOS ESPECIAIS EM LOGISTICA
respectivos custos unitários e quantidades consumidas em determinado período, con-
Os materiais listados de X-01 a X-10 estão lançados na tabela com seus respectivos consumo/ano e custo por unidade. Ao multiplicarmos o consumo anual de cada material pelo seu respectivo custo unitário, teremos o valor anual de cada material. A partir da tabela inicial, seguiremos as instruções e montaremos uma nova ________________________ tabela, que denominaremos de tabela mestra. Ela servirá de base para a construção ________________________ do gráfico. Note que a tabela inicial está ordenada pelo código do material, o que não ________________________ nos interessa, pois pretendemos fazer uma análise em cima dos gastos anuais dos ma- ________________________ teriais, motivo pelo qual montaremos a tabela mestra. A tabela mestra reordenará os dados seguindo uma ordem decrescente, do material com maior valor de consumo para o de menor valor de consumo, ou seja, o primeiro item da tabela passa a ser o item que tem o maior valor de consumo anual (X-03) e vai descendo até o item de menor gasto no ano (X-09). Além disso, calcula também o consumo acumulado e da porcentagem do acumulado sobre o acumulado total.
Tabela mestra
________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________
TÓPICOS ESPECIAIS EM LOGISTICA
42
O valor de consumo acumulado foi obtido da seguinte forma: o valor do item de maior gasto (270.000,00) é repetido na coluna e depois somado com o valor do outro item, seguindo a indicação das setas até chegar ao total do consumo acumulado (R$ 788.000,00). Para calcular a percentagem sobre o valor total acumulado, usamos a seguinte fórmula:
VCA X = T A 100 Onde X = valor a ser calculado, para cada material; VCA = valor do consumo acumulado; TA = valor total do consumo acumulado (nesse exemplo, 788.000,00).
Vamos substituir os dados na fórmula e mostrar como chegamos ao percentual 46% na primeira linha da tabela mestra:
Percentual de consumo
________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ E assim é feito sucessivamente até chegarmos o 100% da tabela. ________________________ De posse dos dados da tabela mestra, pode-se construir a curva ABC. É traçado ________________________ ________________________ um eixo cartesiano em que, na linha horizontal, é registrado o número de itens e, na ________________________ linha vertical, são marcadas as percentagens relativas do consumo total. ________________________ ________________________ Curva ABC ________________________ 120 ________________________ 100 99.1 100 93.58 96.83 98.1 ________________________ 87.15 90.58 80 78.26 ________________________ 62.77 60 ________________________ 40 34.28 20 ________________________ 0 0 ________________________ 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 ________________________ Itens ________________________ ________________________
Classe A: dois itens (20% deles) correspondem a 62,74% do valor gasto com estoque; Classe B: três itens (30% deles) correspondem a 27,84% do valor gasto com estoque; Classe C: cinco itens (50% deles) correspondem a 9,42% do valor gasto com estoque.
Portanto, os materiais X-03 e X-02 (classe A) merecem uma gestão especial em relação aos demais no que diz respeito a políticas de controle de estoques, pois eles
43 TÓPICOS ESPECIAIS EM LOGISTICA
A curva assim encontrada é subdividida em três classes A, B, C.
correspondem a 67% dos gastos totais. Os materiais X-06, X-08, X-01, X-10 e X-09 (classe C) devem ser submetidos a uma gestão de estoques mais simples. O baixo valor relativo aos itens classe C não justifica a introdução de controles precisos e caros. O estoque dos itens classe A devem ser rigorosamente controlados, com o menor estoque de segurança possível. Bem, por hoje ficamos por aqui e, na próxima aula, abordaremos Especificação e Codificação.
Até lá!
SÍNTESE Vimos, nesta aula, a classificação ABC com mais detalhes e a ampla possibilidade de usos da curva ABC. Ressalto que ela pode ser usada por empresas de pequeno, médio e grande porte, tanto por empresas que disponham de sistemas informatizados, como por aquelas que não os tenham. Observamos, ainda, que a divisão em três classes (A, B e C) é uma mera conveniência e que podem ser estabelecidas quantas classes uma empresa julgar necessárias.
QUESTÃO PARA REFLEXÃO Reflita: uma empresa que trabalha com milhares de itens pode prescindir de utilizar uma ferramenta “simples” que lhe permita verificar quais desses itens têm maior peso financeiro em relação a todo o estoque?
LEITURAS INDICADAS NASCIMENTO, Thiago Lopes. Classificação ABC e sua importância na gestão de estoques das empresas. Disponível em: <http://www.administradores.com.br/ informe-se/artigos/administracao-de-materiais-classificacao-abc/38833/>. Acesso em: 14 mar.2012.
________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________
TÓPICOS ESPECIAIS EM LOGISTICA
44
SUCUPIRA, Cezar Augusto de Castro. A classificação ABC e as políticas de gestão de estoques. Disponível em: <http://www.ogerente.com.br/novo/artigos_ler.php?canal =11&canallocal=41&canalsub2=131&id=1759>. Acesso em: 14 mar.2012.
REFERÊNCIAS DIAS, Marco Aurélio P. Administração de Materiais: princípios, conceitos e gestão. São Paulo: Atlas, 2006.
POZO, Hamilton. Administração de recursos materiais e patrimoniais. São Paulo: Atlas, 2007.
VIANA, João José. Administração de materiais: um enfoque prático. São Paulo: Atlas, 2006.
________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________
PADRONIZAÇÃO E CODIFICAÇÃO Autor: José Gileá de Souza
Vamos continuar a nossa incursão pelo mundo da Gestão de Suprimentos?
O objetivo desta aula é entender os conceitos de especificação, normalização, padronização, codificação e sua importante utilização na gestão de suprimentos.
45 TÓPICOS ESPECIAIS EM LOGISTICA
AULA 04 - ESPECIFICAÇÃO, NORMALIZAÇÃO,
ESPECIFICAÇÃO Viana (2006, p. 74), de forma clara, objetiva e sintética define Especificação da seguinte forma: Descrição das características de um material, com a finalidade de identificá-lo e distingui-lo de seus similares.
No entanto, ele mesmo ressalta que existem outras definições mais elaboradas e complexas, como a seguinte:
É a representação sucinta de um conjunto de requisitos a serem satisfeitos por um produto, um material ou um processo, indicandose, sempre que for apropriado, o procedimento por meio do qual se possa determinar se os requisitos estabelecidos são atendidos. (VIANA, 2006, p. 74).
Podemos, então, afirmar que a Especificação é preponderante para o processo de ressuprimento e que o ressuprimento, necessário às atividades da empresa, depende da correta especificação, que deve ser detalhada e completa, para evitar a compra de materiais em desacordo com as necessidades da empresa, evitando, ainda, a necessidade de distribuição de amostras pelos compradores para cotação. O objetivo do processo de especificação é facilitar as tarefas de coleta de preços, negociação com o fornecedor, cuidado no transporte, identificação, inspeção, armazenagem e preservação dos materiais, apresentando um conjunto de condições destinadas a fixar requisitos e características exigíveis na fabricação e no fornecimento de suprimentos. E uma de suas vantagens é eliminar dúvidas na identificação de materiais, evitando que se confundam materiais similares. O sucesso do processo de especificação de materiais depende das seguintes condições:
________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________
46
existência de catalogação de nomes, que deve ser padronizada;
TÓPICOS ESPECIAIS EM LOGISTICA
estabelecimento de padrões de descrição; existência de programa de normalização de materiais.
A descrição dos materiais deve ser:
Concisa, completa e permitir a individualização; Abolir a utilização de vocábulos regionais, gírias, marcas comerciais (que, muitas vezes, inadequadamente denominam o material, como por exemplo, a marca “Bombril”, que, na linguagem popular, designa o material “esponja de aço”).
A descrição dos materiais, além de seguir esses parâmetros colocados em destaque, deve seguir critérios racionais, entre os quais merecem destaque (VIANA, p. 75):
A denominação deverá, em princípio, ser sempre no singular;
________________________ A denominação deverá prender-se ao material especificamente e não a sua forma ou ________________________ embalagem, apresentação ou ao uso; ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ Exemplo: ________________________ ________________________ Barra de sabão - ERRADO ________________________ Sabão em barra - CERTO ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ Utilizar, sempre que possível, denominações únicas para materiais da mesma nature________________________ za; ________________________ ________________________ Utilizar abreviaturas devidamente padronizadas. ________________________ ________________________ ________________________ Vamos trabalhar, agora, na estruturação e formação da Especificação! ________________________ ________________________ Estrutura e formação da Especificação ________________________ ________________________ Para montar a especificação de um material, vamos aprender passo a passo al________________________ gumas regras. ________________________ Primeiro, vem o Nome básico (que é o primeiro termo da especificação); de-
Vejamos, primeiro, alguns exemplos simples; depois, partiremos para exemplos mais complexos:
Exemplos:
Lâmpada incandescente;
47 TÓPICOS ESPECIAIS EM LOGISTICA
pois, o Nome modificador (trata-se de um termo complementar).
Sabão em pó.
No exemplo da lâmpada, o termo lâmpada é o nome básico e o termo incandescente é o nome modificador, pois, a partir daí, poderemos especificar vários outros tipos de lâmpadas (fosforescente, néon, dicróica, eletrônica etc.). O exemplo do sabão segue a mesma lógica - sabão: em pó, em barra, líquido, em pasta, cremoso etc. Espero que tenham entendido, pois, na especificação dos materiais, entram muito mais elementos, como por exemplo, as características físicas e elementos auxiliares.
________________________ ________________________ ________________________ Características físicas ________________________ ________________________ As características físicas descrevem informações detalhadas e referentes às pro________________________ priedades físicas e químicas dos materiais, tais como: densidade, peso específico, gra________________________ nulometria, viscosidade, dureza, resistência. ________________________ ________________________ ________________________ Elementos auxiliares ________________________ ________________________ ________________________ Os elementos auxiliares ajudam a descrever outras características do material, ________________________ como: ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ São informações referentes à unidade de Unidade metrológica ________________________ fornecimento do material, a unidade de ________________________ controle adotada pela empresa. ________________________ Desenhos dimensionais e tolerâncias limites ________________________ de qualidade do material, além de outras Medidas ________________________ medidas como: capacidade, potência (HP), ________________________ frequência (HZ), corrente (A), tensão (V) etc. ________________________
TÓPICOS ESPECIAIS EM LOGISTICA
48
Indicar os processos de fabricação, detalhes Características de fabricação
de construção ou execução, acabamento do material etc.
Características de operação
Cuidados em relação ao manuseio
Garantias exigidas, testes de aceitação etc.
Detalhes sobre o manuseio, transporte, armazenagem, preservação etc.
Deve levar em conta a finalidade do Embalagem
material, visando a sua integridade e evitando perdas até a sua entrega final.
Existem tipos padronizados de especificações técnicas que são amplamente usados pelas empresas, principalmente por indústrias.
________________________ Tipos padronizados de Especificação ________________________ ________________________ ________________________ É necessário estabelecer uma lógica para dispor as informações técnicas, a fim ________________________ de garantir a conformidade da descrição e, principalmente, que os materiais de um ________________________ mesmo grupo contenham as mesmas informações na mesma sequência. ________________________ ________________________ ________________________ Seguem alguns padrões de especificação: ________________________ ________________________ ________________________ Utilizada quando há dificuldade em detalhar ________________________ Conforme a amostra as características do material. Ex.: nota fiscal. ________________________ ________________________ Por padrão e características físicas Utilizada quando se trata de materiais ________________________ possuem normas técnicas (ABNT). ________________________ ________________________ Utilizada quando há exigência de teor ________________________ Por composição química predeterminado para os componentes ________________________ químicos do material. Ex.: sulfato, amônia, ________________________ para análise, solução 10% H2S. ________________________ ________________________ Utilizada quando se deseja garantir a Por marca de fábrica ________________________ qualidade do material, aceitando-se a marca ________________________ como padrão. Ex.: rolamento SKF 3210.
do material são complexas, não havendo possibilidade de especificação por meio
Conforme desenho
escrito. Ex.: material conforme desenho.
Após compreendermos o processo utilizado para especificar os materiais, continuaremos a aula com o estudo da normalização dos materiais.
49 TÓPICOS ESPECIAIS EM LOGISTICA
Utilizada quando a forma e as características
NORMALIZAÇÃO
Normalização, conforme a ABNT (s.d. apud VIANA, 2006, p. 79):
É a classe de norma técnica que constitui um conjunto metódico e preciso de preceitos destinados a estabelecer regras para execução de cálculos, projetos, fabricação, obras, serviços ou instalações, prescrever condições mínimas de segurança na execução ou utilização de obras, máquinas ou instalações, recomendar regras para elaboração de outras normas e demais documentos normativos.
Desde as épocas mais primitivas, os homens precisaram estabelecer princípios e regras definidoras de suas relações. Nos diferentes ramos de atividades cotidianas, o homem fica sempre condicionado às regras que estabelece, aos padrões que cria, ou seja, às normas. A norma é fruto de consenso, de acordo firmado entre as partes. A norma técnica é um documento estabelecido por consenso e aprovado por um organismo reconhecido, que fornece, para uso comum e repetitivo, regras, diretrizes ou características para atividades ou seus resultados, visando à obtenção de um grau ótimo de ordenação em um dado contexto - e o nosso contexto é a empresa, especificamente, os materiais. Na empresa, desde o setor administrativo até a produção, é preciso seguir regras e normas.
Vantagens da normalização A utilização da normalização traz uma série de vantagens técnicas para as empresas que a adotam (VIANA, 2006): economia de tempo no planejamento; maior segurança e menor possibilidade de diferenciação pelo uso de produtos normalizados;
________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________
50
menor possibilidade de falhas técnicas;
TÓPICOS ESPECIAIS EM LOGISTICA
economia de tempo para o processo técnico de produção; simplificação das decisões pelos responsáveis; simplificação nos entendimentos entre projetistas, montadores e engenheiros de produção; menor tempo de preparação do pessoal técnico; simplificação dos métodos de montagem em conformidade com as normas; limitação de correções no decorrer da produção; asseguramento da intercambialidade e reutilização de peças, desenhos, embalagens e gabaritos de verificação, processos e produtos melhorados; eliminação de preconceitos que possam surgir pela programação mal elaborada; possibilidade de cálculos mais econômicos etc.
Vamos, agora, ver um pouco da normalização no Brasil.
Normalização no Brasil
________________________ ________________________ ________________________ As normas brasileiras são resultantes de um processo de consenso nos diferen________________________ tes fóruns do sistema normativo nacional, cujo universo abrange o Governo, o setor ________________________ produtivo, o comércio e os consumidores. ________________________ Dentre os órgãos nacionais que regem nossas normas, temos a ABNT, o SINME________________________ TRO e o INMETRO. ________________________ ________________________ ________________________ ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) – Criada em 1940, atualmente é parte ________________________ do Conmetro (Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial) ________________________ como membro representante de caráter privado. ________________________ ________________________ ________________________ SINMETRO (Sistema Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial) – ________________________ Criado em 1973, lei nº. 5966, formula e executa a política nacional de metrologia. ________________________ ________________________ ________________________ INMETRO (Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial) - É o órgão executante do sistema instituído. ________________________ ________________________ ________________________ As normas brasileiras são classificadas em quatros classes: ________________________ ________________________ NBR 1 - normas compulsórias, de uso obrigatório em todo o território nacional; ________________________
cos concedidos; NBR 3 - normas registradas, normas voluntárias que venham a merecer registro do Inmetro; NBR 4 - normas probatórias, em fase experimental com vigência limitada e registrada no Inmetro.
Vamos, agora, ver um pouco da normalização internacional.
51 TÓPICOS ESPECIAIS EM LOGISTICA
NBR 2 - normas referendadas, de uso obrigatório para Poder Público e serviços públi-
Normalização Internacional Existem duas organizações internacionais dedicadas exclusivamente à normalização:
ISO – Organização Internacional para Normalização; IEC – Comissão Internacional Eletrotécnica.
Além dessas duas organizações, existem vários acordos internacionais de nor- ________________________ malização restritos a determinadas regiões. A seguir, listamos alguns:
CEN – Comitê Europeu de Normalização; ASAC – Comitê Asiático de Normas; ASMO – Organização Árabe para Normalização e Metrologia; OPANT – Comissão Pan-Americana de Normas Técnicas
Alem de serem amplamente aplicadas pela administração de materiais, as normas também são empregadas no desenvolvimento das especificações de compra. Daí, observa-se a sua importância.
PADRONIZAÇÃO A padronização decorre da especificação, como já vimos anteriormente, e é definida da seguinte forma pela ABNT (VIANA, 2006, p. 83): É a classe de norma técnica que constitui um conjunto metódico e preciso de condições a ser satisfeitas, com o objetivo de uniformizar formatos, dimensões, pesos ou outras de elementos de construção,
________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________
TÓPICOS ESPECIAIS EM LOGISTICA
52
materiais, aparelhos, objetos, produtos industriais acabados, ou ainda, de desenhos e projetos.
Podemos pensar a padronização na gestão de suprimentos como uma forma de normalização, que consiste na redução do número de tipos de materiais, dentro de uma faixa definida, ao número que seja adequado para o atendimento das necessidades em vigor em uma ocasião. A padronização seria, para a gestão de suprimentos, uma simplificação. A padronização tem por objetivos:
Diminuir o número de itens no estoque (elimina materiais de mesma classe para os mesmos fins, gerando resultados técnicos e econômicos para a empresa); Simplificar os materiais (gera eliminação de tipos ineficientes de materiais e do conseqüente desperdício); Permitir a compra em grandes lotes (melhora a eficiência das compras – reduz itens, aumenta lotes de compra e possibilita obtenção de melhores preços); Diminuir o trabalho de compras (reduz número de concorrências, menor número de
________________________ itens gera especialização e melhor nível de serviços); ________________________ Diminuir custo de estocagem (simplifica a estocagem - menos encargos e controle); ________________________ ________________________ Facilitar o arranjo físico, facilitar a centralização dos estoques, reduzir o capital empatado na formação dos estoques e diminuir os trabalhos de inventário; ________________________ ________________________ Reduzir a quantidade de itens estocados; ________________________ Adquirir materiais com maior rapidez (menos processos de compra); ________________________ ________________________ Evitar a diversificação de materiais de mesma aplicação (padroniza e evita excesso de ________________________ materiais com a mesma utilidade); ________________________ Obter maior quantidade e uniformidade (adotam-se materiais de boa qualidade, uni________________________ formizam-se manuseio e armazenagem). ________________________ ________________________ ________________________ A padronização também proporciona uma série de vantagens para a empresa ________________________ que a adota. ________________________ ________________________ ________________________ Vantagens da padronização: ________________________ ________________________ ________________________ Redução do risco de falta de materiais no estoque - ao reduzir a variedade, fica mais ________________________ fácil gerenciar estoques, uma vez que o valor do imobilizado em estoque e os perigos de ________________________ obsolescência diminuem. ________________________ Compra em grandes lotes – o poder de compra fica ampliado por se comprar menos
venientes. Redução da quantidade de itens em estoque diminui o custo de armazenagem - por simplificar os meios de estocagem, melhorando o layout e diminuindo o espaço físico.
Para findar esta aula, veremos a importância da codificação.
CODIFICAÇÃO
53 TÓPICOS ESPECIAIS EM LOGISTICA
itens em maior quantidade, além de permitir compras mais eficientes e preços mais con-
Antes de iniciarmos essa análise, lembro que a Codificação é uma variação da classificação de materiais. Identificar, com facilidade, a grande quantidade e diversidade dos materiais sempre foi uma preocupação das empresas. E uma das soluções é representar os materiais por símbolos alfanuméricos, numéricos e cada vez mais por códigos de barra, os quais traduzem as suas características de forma metódica, racional e clara. Os símbolos transformaram-se em uma linguagem única na empresa para o reconhecimento dos materiais.
________________________ ________________________ ________________________ Sintetizando: codificação é a representação por meio de um conjunto de símbolos que ________________________ traduzem as características dos materiais, de maneira racional, metódica e clara, para ________________________ se transformar em linguagem universal de materiais na empresa. ________________________ ________________________ ________________________ A codificação consiste em ordenar os materiais da empresa segundo um plano ________________________ metódico e sistemático, dando a cada um deles determinado conjunto de caracteres. ________________________ Vamos entender, agora, os objetivos de uma boa codificação. ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ OBJETIVOS ________________________ ________________________ Os objetivos da codificação são os seguintes: ________________________ ________________________ ________________________ Facilitar a comunicação interna na empresa no que se refere a materiais e compras; ________________________ Evitar a duplicidade de itens no estoque; ________________________ ________________________ Permitir as atividades de gestão de estoques e compras; ________________________ Facilitar a padronização de materiais; ________________________ ________________________ Facilitar o controle contábil dos estoques.
TÓPICOS ESPECIAIS EM LOGISTICA
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Ou seja: a codificação permite o pleno controle do estoque, de compras em andamento e de recebimento. Uma boa codificação permite que, quando o código é visualizado, seja identificado o material de um modo geral, faltando apenas os detalhes para a identificação total, o que somente será obtido, consultando-se os catálogos de materiais.
Catálogo de Materiais, resultante da codificação + especificação, é ferramenta fundamental para o exercício das atividades dos funcionários envolvidos nos procedimentos de gestão de estoques, compras e armazenagem.
Agora, vamos conhecer as características de um bom sistema de codificação:
expansivo - o sistema deve ter espaço para inclusão de novos itens e para a ampliação de determinada classificação; preciso - o sistema deve permitir somente um código para cada material; conciso - o sistema deve possuir o mínimo possível de dígitos para definição dos có-
________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________
digos; conveniente - o sistema deve ser facilmente compreendido e de fácil aplicação; simples - o sistema de ser de fácil utilização.
Normalmente, os planos de codificação seguem o mesmo princípio, dividindo os materiais em grupos e classes. Vamos ver alguns exemplos de plano de codificação.
Codificação Decimal Os materiais ficam divididos em grandes grupos de acordo com o campo de emprego, de 01 a 99. Os grupos são divididos em subclasses (por tipo de equipamento ou tipo de material sendo 001 a 999. A última sequência de três dígitos (001 a 999) identifica o item em sua subclasse.
Ex.: rolamento SKF 6303-2Z, de 17 X 47X14 mm: Classe de rolamento: 59 Subclasse de rolamento fixo de uma carreira de esferas seja 001.
Assim, o código desse material seria: 59.001.194 Sistema Decimal Simplificado
FSC - Federal Supply Classification Compõe-se de 11 dígitos sendo: Número de classe: 4 dígitos (sendo 2 os dois primeiros o grupo) Número de identificação: 7 dígitos
55 TÓPICOS ESPECIAIS EM LOGISTICA
O número identificador deste rolamento na subclasse seja 194.
________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________
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Código de barras
TÓPICOS ESPECIAIS EM LOGISTICA
O sistema de informações de empresas, tanto industriais quanto comerciais, se
________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________
utiliza, cada vez mais, desse método de codificação. Elas funcionam com um sistema para entrada de dados que atualiza os registros para o perfeito controle das variáveis físicas, no nosso caso, o estoque.
Figura 1 - Código de barras
Fonte: http://flashcard.inf.br/artigos/
O código de barras permite a automatização desse controle através de leitura ótica do código, evitando a necessidade de leituras analógicas.
SÍNTESE Nesta aula, vimos especificação, normalização, padronização e codificação, conceitos extremamente importantes, que dão suporte a uma gestão profissional dos elementos materiais de uma empresa, que, ao serem utilizados, proporcionam a precisão e o controle sobre seus materiais e suprimentos.
QUESTÃO PARA REFLEXÃO Analise como seria o controle de estoques e as vendas de uma empresa (fábrica, armazém ou supermercado) sem a utilização do código de barras.
FARIA, Nivaldo da Cunha. Cadastro de materiais um tesouro ignorado pelas empresas. Disponível em:<http://www.cra-rj.org.br/site/espaco_opiniao/arquivos/ art068.pdf>. Acesso em: 15 fev.2012.
SITE INDICADO Navegar no site da Global Specification no Brasil: http://www.gs1.org.br
57 TÓPICOS ESPECIAIS EM LOGISTICA
LEITURA INDICADA
REFERÊNCIAS DIAS, Marco Aurélio P. Administração de Materiais: princípios, conceitos e gestão. São Paulo: Atlas, 2005.
VIANA, João José. Administração de Materiais: um enfoque prático. São Paulo: Atlas, 2000.
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Autor: José Gileá de Souza
Olá! A nossa aula tratará dos estoques e de sua importância dentro das organizações, ou seja, nos dedicaremos, nesta aula, a estudar o principal objetivo da gestão de estoques, que é a busca do equilíbrio entre o estoque e o consumo.
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AULA 05 - GESTÃO DE ESTOQUES
Estoque
Viana (2006, p. 109) define estoque da seguinte forma: a) materiais, mercadorias ou produtos acumulados para a utilização posterior, de modo a permitir o atendimento regular das necessidades dos usuários para a continuidade das atividades da empresa, sendo o estoque gerado, consequentemente, pela impossibilidade de prever-se a demanda com exatidão;
b) reserva para ser utilizada em tempo oportuno.
Podemos, ainda, afirmar que estoque é o conjunto de materiais (matérias-primas, produtos em processamento, produtos acabados, materiais auxiliares e de manutenção) que não é utilizado em determinado momento na empresa, mas que precisa existir em função de futuras necessidades. Assim, o estoque constitui todo o tipo de materiais que a empresa possui e utiliza no processo de produção/comercialização de seus produtos ou serviços. Os estoques podem ser entendidos, ainda, de forma generalizada, como certa quantidade de itens mantidos em disponibilidade constante e renovados, permanentemente. Representam uma necessidade em qualquer tipo de empresa e, ao mesmo tempo, fonte permanente de problemas, cuja magnitude é função do tamanho, da complexidade e da natureza das operações da produção, das vendas ou dos serviços. Sem estoque, é impossível uma empresa trabalhar, pois ele funciona como amortecedor entre os vários estágios do processo produtivo até a venda final. O ideal seria a inexistência de estoques, à medida que fosse possível atender ao usuário no momento em que ocorressem as demandas. A manutenção dos estoques requer investimentos e gastos muitas vezes elevados e representa uma considerável parcela dos ativos da empresa. Evitar sua formação ou tê-los em número reduzido de itens e em quantidades mínimas, sem que isso aumente o risco de faltar, representa um ideal conflitante com a realidade do dia a dia
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e aumenta a importância da sua gestão, como podemos ver no dilema representado pela figura a seguir.
Figura 1 - Gestão de estoques - o conflito de interesses
Gestão de Estoques
O Conflito
dos Objetivos
Financeiro: Estoque Mínimo
Operacional: Estoque Máximo
Qual o Ponto de Equilibrio? ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________
Fonte: Elaboração própria
A manutenção de estoques em níveis adequados é uma necessidade para o bom funcionamento da empresa. Em compensação, os estoques representam um enorme investimento. A gestão dos estoques tem alguns aspectos financeiros que exigem uma estreita ligação com a área de finanças, pois, enquanto a Gestão de Suprimentos está voltada para facilitar o fluxo físico dos materiais e o abastecimento adequado à produção e às vendas, a área financeira está preocupada com o lucro, a liquidez da empresa e a boa aplicação dos recursos empresariais.
GESTÃO DE ESTOQUE A gestão de estoques é responsável pelo planejamento e controle dos estoques, desde a matéria-prima até o produto acabado e entregue ao cliente. A gestão eficaz dos estoques permite o aumento da competitividade das empresas.
A gestão de estoque é, fundamentalmente, o ato de administrar recursos ociosos possuidores de valor econômico e destinados ao suprimento das necessidades futuras de material, numa empresa.
A gestão de estoques consiste em um conjunto de atividades que visam ao pleno atendimento das necessidades da empresa, com a máxima eficiência, ao menor custo, através do maior giro possível para o capital investido em materiais.
A gestão dos estoques visa, numa primeira abordagem, a manter os recursos
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ociosos em estoque em constante equilíbrio em relação ao nível econômico ótimo dos investimentos. E isto é obtido mantendo estoques mínimos, sem correr o risco de faltar.
FUNDAMENTOS DA GESTÃO DE ESTOQUE O objetivo fundamental da Gestão de estoques é a busca do equilíbrio entre estoque e consumo, o que será obtido mediante os seguintes procedimentos (VIANA, 2006, p. 117):
manter em estoque só os materiais de real necessidade da empresa, impedindo a entrada de materiais desnecessários; centralizar as informações que possibilitem o permanente acompanhamento e o planejamento das atividades de gestão; definir os parâmetros de cada material incorporado ao sistema de gestão de estoques, determinando níveis de estoque máximo, mínimo e de segurança; determinar, para cada material, as quantidades a comprar, por meio dos respectivos lotes econômicos e tempo de reposição; analisar e acompanhar a evolução dos estoques da empresa, desenvolvendo estudos estatísticos a respeito; desenvolver e implantar política de padronização de materiais; ativar o setor de compras, para que as encomendas referentes a materiais com variação nos consumos tenham suas entregas aceleradas, ou para reprogramar encomendas em andamento, em face das necessidades da empresa; decidir sobre a regularização ou não de materiais entregues além da quantidade permitida, portanto, em excesso; realizar, frequentemente, estudos, propondo alienação, para que os materiais obsoletos e inservíveis sejam retirados do estoque.
Antes de montar um sistema de controle de estoques, devemos definir vários aspectos, um deles é classificar os tipos de estoques existentes na empresa.
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TIPOS DE ESTOQUES Existem diversos tipos ou nomes de estoques. Normalmente, as empresas possuem cinco tipos básicos de estoque nomeados da seguinte forma:
Estoques de matérias-primas (MP)
Os estoques de MPs são os insumos e materiais básicos necessários à produção do produto e que são incorporados a ele. São os itens iniciais para a produção dos produtos ou serviços da empresa e o seu consumo é proporcional ao volume de produção.
Estoques de produtos acabados (PA)
Os estoques de produtos acabados se referem aos produtos já prontos e acabados, cujo processamento já foi realizado totalmente. Estão na fase final do processo produtivo, portanto já passaram por todas as outras fases, como MP, materiais em pro-
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cessamento, materiais semiacabados, materiais acabados e produtos acabados.
Estoques de materiais em processamento ou em vias de processamento (work in process - WIP)
O estoque de materiais em processamento ou produtos em processo são todos os materiais que estão sendo usados no processo produtivo. Os estoques de materiais em processamento, também chamados de materiais em vias de processamento, são materiais que estão sendo processados ao longo dos diversos setores que compõem o processo produtivo da empresa. Não estão nem no estoque de MP, por não serem mais MPs iniciais, nem no depósito de produtos acabados, por ainda não serem produtos acabados. Mais adiante, serão transformadas em produtos acabados. O ciclo total do estoque, que é o tempo total, que vai desde a chegada da matéria-prima até a entrega ao cliente do produto acabado, deve ser minimizado e, ao mesmo tempo, as faltas de estoques diminuídas o máximo possível.
Estoque de materiais auxiliares
Constitui-se dos agregados que participam do processo de transformação da matéria-prima, mas que não são incorporados no produto final, embora sejam imprescindíveis à sua fabricação.
É o estoque onde se encontram todos os materiais que servem de apoio à manutenção dos equipamentos, dos imóveis, das instalações e atividades de apoio ao processo produtivo.
PRINCÍPIOS DO CONTROLE DE ESTOQUE Segundo Dias (2006, p. 25), para controlar um estoque, deve-se buscar:
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Estoques de materiais de manutenção
a) determinar “o que” deve permanecer em estoque - número de itens; b) determinar “quando” se devem reabastecer os estoques - periodicidade de compra; c) determinar “quanto” de estoque será necessário para um período predeterminado - quantidade de compra; d) acionar o departamento de compras para executar a aquisição para estoque - solicitação de compras; e) receber, armazenar e atender os materiais estocados de acordo com as ne- ________________________
________________________ ________________________ f ) controlar os estoques em termos de quantidade e valor, e fornecer informa________________________ ções sobre a posição do estoque; ________________________ g) manter inventários periódicos para avaliação das quantidades e dos estados ________________________ ________________________ dos materiais estocados; ________________________ h) identificar e retirar do estoque os itens obsoletos e danificados. ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ FUNÇÕES DO CONTROLE DE ESTOQUE ________________________ ________________________ O controle de estoque tem as seguintes diretrizes: ________________________ a) Garantir o abastecimento de suprimentos à empresa, diminuindo os efeitos ________________________ ________________________ de: ________________________ ________________________ ________________________ atraso na reposição de materiais; ________________________ sazonalidade no suprimento; ________________________ riscos ou dificuldades no fornecimento. ________________________ ________________________ ________________________ cessidades;
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b) Proporcionar economias de escala:
através de lotes econômicos de compras; através da flexibilidade do processo produtivo; pela rapidez e eficiência no atendimento às necessidades.
O objetivo básico do controle de estoques é evitar a falta de material, sem que este procedimento resulte em estoques acima das necessidades da empresa. O controle procura manter os níveis predeterminados em harmonia com as necessidades de consumo, das vendas e os custos daí resultantes. Os níveis dos estoques dependem do volume de demanda. Se a procura do material for maior que o tempo de ressuprimento, ou se o mesmo não for providenciado em tempo adequado, a fim de evitar a interrupção do fluxo de materiais, teremos a situação de falta de material no estoque, com prejuízos para a produção, a manutenção, as vendas etc. Se, por outro lado, não calcularmos bem as necessidades do estoque, poderá chegar ao ponto de excesso de material em relação à procura, com prejuízos para a
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empresa. O equilíbrio entre a demanda e a aquisição de material, ou seja, os níveis de estoque, é a função mais importante do controle de estoque, é um dos principais objetivos da gestão de suprimentos. Ao determinar os níveis de estoque que a empresa deve ter, devemos nos preocupar com os custos que incorrem na formação dos estoques. Alguns que são frequentemente usados, segundo Pozo (2007):
Cada vez que uma requisição ou um Custo de pedido
pedido é feito(a), têm-se custos fixos e variáveis referentes a esse processo. São as despesas com armazenagem (espaços, funcionários, sistemas,
Custo de manutenção de estoque
equipamentos etc.) e custos associados a impostos, seguros e obsolescência. A falta de material pode acarretar atraso de entrega ou não entrega de produtos a clientes, gerando custos
Custo por falta de estoque
de imagem, multas, cancelamento de pedidos etc.
armazenagem, de pedidos e de falta para atender, de modo satisfatório, às demandas do mercado consumidor e aos objetivos da empresa. Se analisarmos friamente esses custos, notaremos que eles são conflitantes, pois quanto maior a quantidade de material estocado, maior será o custo de manutenção. Concomitantemente, maior estoque necessita de menor número de pedidos, pois lotes de compras maiores implicam menores custos de pedido e menores problemas de faltas ou atraso de entrega. Juntando os três tipos de custos numa representação gráfica, teremos a curva de custo total de manutenção de estoque:
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De acordo com essa visão, devemos buscar um balanceamento dos custos de
Figura 2 - Curva de custo total
Curva de custo total
Custo
Custo Total
Custo manutenção de estoque Custo ideal
Custo de falta
Custo de pedidos Quantidade de material
Fonte: Pozo (2007, p. 44)
Analisando o gráfico, notamos que, à medida que a quantidade de material pedido aumenta, o custo de pedidos e de falta diminui; no entanto, o custo de manutenção de estoque aumenta. O objetivo da empresa é minimizar o custo total. Para isso, a empresa deve procurar trabalhar no ponto de equilíbrio, representado, no gráfico, pelo custo ideal - ponto onde a empresa vai ter o menor custo total.
Além disso, a empresa deve considerar o investimento em estoque para responder a um grau de atendimento de serviço definido (presteza na entrega e atendimento às necessidades do cliente) e de acordo com os objetivos da empresa. Por exemplo, manter um estoque para atender 98% ou 100% da demanda de acordo com os prazos solicitados pelo mercado, seja qual for o cliente, levará a um nível de estoque alto. Note, no gráfico a seguir, que os custos de estoques sobem exponencialmente quando se aproximam de graus de atendimentos próximos de 100%.
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Figura 3 - Nível de serviço
Investimento em estoque para diversos níveis de serviços Valor do estoque em R$
0
Nível de serviço ao cliente
98%
100%
Fonte: Pozo (2007, p. 45) ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________
Existem muitas maneiras e métodos de planejar e controlar estoques, alguns simples outros complexos. Ao longo desta aula, veremos alguns e outros vocês verão na bibliografia indicada no plano de ensino. Para fazer uma análise do planejamento de estoque, é comum avaliar o retorno de capital investido em estoque e o giro de estoques.
Retorno de capital Segundo Pozo (2006), a avaliação do retorno de capital (RC) é baseada no lucro das vendas anuais dividido pelo capital investido em estoque. O RC resultante serve como parâmetro de avaliação da gestão de estoque e deve situar-se acima de 1, e quanto maior for esse coeficiente, melhor será o resultado da gestão.
A fórmula utilizada é a seguinte:
Onde: L = lucro das vendas anuais C = capital investido em estoque
Exercício: Uma empresa, com vendas anuais de R$ 1.000.000,00 e lucro anual de R$ 70.000,00, tem em seus estoques (MP’s, WIP’s e PA’s) um investimento de R$ 210.000,00. Qual é o seu retorno de capital em estoques?
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Vamos exercitar?
Fazendo uma análise, podemos dizer que essa empresa tem um péssimo RC, pois o coeficiente de 0,3 ficou abaixo de 1.
O coeficiente ideal para o RC em estoques é ao redor de 15 a 25.
Giro de Estoques ou Rotatividade Giro de estoques é a avaliação do capital investido em estoque comparado com os custos das vendas anuais, ou da quantidade média de materiais em estoque dividido pelo custo anual de vendas.
Onde: R = Giro de estoque ou rotatividade CV = Custo das vendas anuais E = Estoque
Exemplo: Uma empresa com vendas anuais de R$ 2.000.000,00, com custo anual de vendas de R$ 960.000,00 e lucro anual de R$ 80.000,00 e com estoques no valor de R$ 240.000,00. Qual é a rotatividade de seus estoques?
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Exemplo: Uma empresa tem vendas anuais de 6.000 unidades de um produto e o estoque desse produto é de 1.100 unidades. Qual é o giro de estoque?
O estoque gira 5,45 vezes ao ano. Note que, para chegar a esse resultado, dividimos a quantidade vendida anual (QV) pelo estoque. Conhecendo o giro de estoque, podemos calcular o período de tempo, ou tempo de cobertura (em meses, semanas ou dias) em que esse estoque pode atender a demanda. Para calcular o tempo de cobertura em meses, dividimos 12 meses pelo giro. Se dividirmos 52 semanas pelo giro, teremos o tempo em semanas e, se dividirmos 365 dias pelo giro, teremos o tempo em dias. Aproveitando o exemplo anterior, vamos calcular o tempo de cobertura do estoque em meses, semanas e dias.
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O giro de estoques é um modo rápido e muito útil para avaliar a gestão de estoques, facilita a análise da situação operacional da empresa, além de ser um padrão mundial de análise e comparação entre empresas.
Quanto maior for o giro de estoques da empresa, menores serão os seus custos e maior a sua competitividade.
Previsão para estoque De acordo com Dias (2006), toda a gestão de estoques está baseada na previsão de consumo. A previsão de consumo estabelece estimativas futuras dos produtos acabados e vendidos. Projeta, portanto, quais os produtos, quantas unidades desses produtos e quando eles serão comprados pelos clientes. A previsão de vendas seria, então, o ponto de partida para todo o planejamento de estoques. A previsão deve levar em conta fatores quantitativos, qualitativos e modelos matemáticos na busca de maior precisão na previsão do estoque.
Evolução de consumo no tempo Crescimento populacional Influência da propaganda Situação econômica etc. Gráficos / Modelos Matemáticos
Informações para Previsão de Estoques
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Figura 4 - Modelo de previsão de estoques
Opiniões do Pessoal: Gerentes; Vendedores; Compradores; Mercado.
Fonte: Baseado em Pozo (2007)
Quantitativas são relativas a volumes e decorrentes de condições que podem ________________________ afetar a demanda, como: ________________________ evolução das vendas no passado; influência da propaganda; variações decorrentes de modismos; crescimento populacional; variações econômicas (PIB, renda etc.).
Qualitativas são relativas a informações advindas de pessoas com grande conhecimento, ou seja, especialistas no ramo da empresa, como: opinião dos gerentes; opinião dos vendedores; opinião dos compradores; pesquisas de mercado.
Muitas vezes, somente os fatores quantitativos e qualitativos não são suficientes para planejar os níveis de estoque, sendo necessário o uso de modelos matemáticos na busca por melhor precisão e acurácia. Antes de aprofundarmos o conhecimento dos modelos matemáticos, vamos entender um pouco sobre as formas de evolução de consumo.
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Alguns produtos têm o seu consumo constante sem grandes variações no Evolução de Consumo Constante (ECC)
decorrer do tempo e sem muitas influências conjunturais, ambientais e mercadológicas. Ex.: sal. O volume de consumo sofre oscilações regulares com o passar do tempo, que tanto
Evolução de Consumo Sazonal (ECS)
podem ser negativas quanto positivas, e sofre influências culturais e ambientais. Ex.: enfeites de Natal. O consumo médio aumenta ou diminui
Evolução de Consumo de Tendência (ECT)
com o correr do tempo, de acordo com as tendências do mercado. Ex.: máquinas de escrever.
Segundo Dias (2006), o que ocorre, na prática, é uma combinação de vários modelos de evolução de consumo. Para o autor, o conhecimento sobre a evolução do consumo no passado possibilita uma previsão da sua evolução futura. No entanto, essa previsão só estará correta se o comportamento de consumo permanecer inalterada. A seguir, veremos alguns métodos matemáticos de previsão de estoques.
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Método do Último Período (MUP) Esse é o método mais simples e sem fundamento matemático. Consiste em usar, como base de previsão para o próximo período, o que foi demandado no período passado. Por exemplo, suponhamos que uma empresa tivesse registros de vendas dos meses de janeiro a junho e, para prever a demanda do mês de Julho, usou o MUP, como mostra o gráfico a seguir.
Método do Último Período 350 300 250 200 150 100 50 0 Jan
Fev
Mar
Abr
Mai
Jun
Jul
será 250 unidades, ou seja, foi repetida a demanda do mês de junho. MUP é quando se utiliza a repetição dos valores do período anterior.
Método da Média Aritmética (MMA) Este método é uma extensão do método anterior. A previsão para o próximo período é calculada através da média do consumo dos períodos anteriores.
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Pjulho (MUP) = O último período foi junho, 250 unidades. A previsão para julho
Exemplo: Uma empresa vendedora de peças teve, no período entre janeiro e junho, o seguinte volume de vendas (tabela) para seu produto. Calcule a previsão para julho.
Janeiro
Fevereiro
Março
Abril
Maio
Junho
Julho
250
200
300
250
290
250
?????
1540 é a soma do consumo dos meses anteriores e foi dividido por 6, que é o número de meses (janeiro a junho). O resultado é a média de consumo dos meses anteriores e servirá como previsão de demanda para o mês posterior.
Método da Média Ponderada Nesse método, a previsão do próximo período é calculada por meio da ponderação dada a cada período anterior, sendo que o período mais próximo recebe peso maior e vão sendo reduzidos os pesos para os períodos mais distantes. A definição dos pesos, ou fator de importância, deve ser de tal ordem que sua soma final seja 100%. Os valores da ponderação têm como regra geral que o período mais recente deve ter um peso entre 40 e 60% e o período mais distante 5%. Vamos exemplificar para entendermos melhor. Exemplo: Uma empresa vendedora de peças teve, no período entre janeiro e junho, o seguinte volume de vendas para seu produto: jan, 250; fev, 200; mar, 300; abril, 250; maio, 290 e junho 250. Calcule a previsão para julho.
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Bem, mãos a obra! Primeiro, montamos a tabela e colocamos os dados de consumo mês a mês. Alocamos os pesos do primeiro e do último mês, que devem seguir a regra dada anteriormente, e, depois, alocamos de acordo com a nossa sensibilidade e conhecimento do mercado os pesos para os outros meses (Pois é! Peso depende de conhecimento e experiência do gestor).
Mês
Consumo
Peso dado
Janeiro
250
5%
Fevereiro
200
A ser dado por você
Março
300
A ser dado por você
Abril
250
A ser dado por você
Maio
290
A ser dado por você
Junho
250
40%
Julho
-
Bem, agora eu vou montar outra tabela com os pesos escolhidos por mim, lembrando que a soma dos pesos deve ser 100%. E depois de montada, multiplica-se o consumo pelo peso dado. O somatório de consumo vezes o peso é a previsão para o próximo período.
________________________ ________________________ ________________________ Mês Consumo Peso Consumo × Peso ________________________ Janeiro 250 5% 12,5 ________________________ Fevereiro 200 10% 20 ________________________ Março 300 10% 30 ________________________ Abril 250 15% 37,5 ________________________ Maio 290 20% 58 ________________________ Junho 250 40% 100 ________________________ Previsão de Julho 100% 258 ________________________ ________________________ ________________________ Método da Média com Ponderação Exponencial ________________________ ________________________ Nesse método, a previsão para o próximo período é obtida mediante a ponde________________________ ração dada ao último período. Para calcularmos a previsão por esse método, necessi________________________ tamos dos seguintes dados: ________________________ ________________________ ________________________ a previsão do último período; ________________________ o consumo real do último período; ________________________ ________________________ uma constante que determina o valor ou a ponderação dada aos valores mais recen________________________ tes. ________________________
A ponderação utilizada é chamada de constante de suavização exponencial e
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pode variar de Segundo Pozo (2007), essa constante varia de 0,1 a 0,3. A fórmula para esse cálculo é:
Onde: Ra = Consumo real do período anterior Pa = Previsão do período anterior @ = Constante de suavização exponencial
Vamos exercitar? Exemplo: Uma empresa vendedora de peças teve, no período entre janeiro e junho, o seguinte volume de vendas (tabela) para seu produto.
Janeiro
Fevereiro
Março
Abril
Maio
Junho
250
200
300
250
290
250
Sabendo que a previsão para o mês de junho foi de 280 unidades, calcule a previsão de demanda para o mês de julho com uma constante de suavização exponencial de 0,15.
Pjulho (MMSE) = [(Ra x @) + (1 - @) x Pa] Pjulho (MMSE) = [(250 x 0,15) + (1 - 0,15) x 280] Pjulho (MMSE) = [(37,5) + (0,85) x 280] Pjulho (MMSE) = 37,5 + 238 Pjulho (MMSE) = 275,5 aproximando 276 unidades
Método da Média dos Mínimos Quadrados (MMMQ) É o método que melhor nos orienta para fazermos uma previsão, pois é um processo de ajuste que tende a aproximar-se dos valores existentes, minimizando as distância entre os consumos realizados nos períodos anteriores. Baseia-se na Equação da Reta [Y = a + bx], ou seja, a previsão será P = a + bx. No entanto, para chegarmos à previsão, temos que calcular a, b e x:
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a = valor a ser obtido na equação normal por meio da tabulação dos dados
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b = valor a ser obtido na equação normal por meio da tabulação dos dados x = quantidades de períodos de consumo utilizados para calcular a previsão
Equação Normal
Bem, vamos a mais um exemplo: Exemplo: Uma empresa vendedora de peças teve, no período entre janeiro e junho, o seguinte volume de vendas (tabela) para seu produto.
Janeiro
Fevereiro
Março
Abril
Maio
250
200
300
250
290
Calcule a previsão de demanda para junho. ________________________ ________________________ Pjunho (MMMQ) = a + bx ________________________ Para calcularmos os termos “a” e “b”, é necessário tabular os dados existentes ________________________ ________________________ para preparar as equações normais, dadas por: ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ Tabulando os dados, temos: ________________________ ________________________ ________________________ Y X X2 XY ________________________ “n” quant. de Períodos ________________________ períodos ________________________ ________________________ 1 Janeiro 250 0 0 0 ________________________ ________________________ 2 Fevereiro 200 1 1 200 ________________________ 3 Março 300 2 4 600 ________________________ ________________________ 4 Abril 250 3 9 750 ________________________ 5 Maio 290 4 16 1160 ________________________ ________________________ Total = 5 Σ 1290 10 30 2710 ________________________
Duas equações com incógnitas (a e b). Para podermos resolvê-las, precisamos eliminar uma delas. 1290 = 5a + 10b
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2710 = 10a + 30b
Resolvendo as duas equações simultaneamente, teremos: a = 232 b = 13 Pjunho (MMMQ) = a + bx Pjunho (MMMQ) = 232 + 13 × (5) Pjunho (MMMQ) = 232 + 65 Pjunho (MMMQ) = 297 unidades
O modelo MMMQ é baseado nos consumos anteriores e elimina as possíveis distorções e interpretações erradas que poderiam acontecer devido a sentimentos pessoais do gestor, ou seja, elimina as ponderações dadas pelo gestor. Na próxima aula, veremos como avaliar os níveis de estoque. Até lá!
SÍNTESE Nesta aula, vimos a gestão de estoque e seus fundamentos, como também os tipos de estoques e controle. Vimos, ainda, alguns métodos de previsão de estoque.
QUESTÃO PARA REFLEXÃO Como reduzir os níveis de estoque sem gerar falta de materiais necessários ao funcionamento da organização?
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LEITURAS INDICADAS AROZO, Rodrigo. Monitoramento de desempenho na gestão de estoques. Disponível em: <http://kuehne.com.br/artigos/indicadores.PDF>. Acesso em: 15 fev.2012. WANKE, Peter. Aspectos fundamentais da gestão de estoques na cadeia de suprimentos. Disponível em: http://professorricardo.tripod.com/Artigo_3.pdf. Acesso em: 15 fev.2012.
REFERÊNCIAS DIAS, Marco Aurélio P. Administração de Materiais: princípios, conceitos e gestão. São Paulo: Atlas, 2006.
POZO, Hamilton. Gestão de Materiais: um enfoque logístico. São Paulo: Atlas, 2007.
VIANA, João José. Administração de Materiais: um enfoque prático. São Paulo: Atlas, 2006.
________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________
ARMAZENAGEM Autor: José Gileá de Souza
Olá! Nesta aula, estudaremos os níveis de estoques, os custos de armazenagem e sua importância na empresa.
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AULA 06 - NÍVEIS DE ESTOQUES E CUSTO DE
Um dos desafios da gestão de suprimentos está em planejar e controlar os estoques para mantê-los em níveis adequados ou, então, reduzi-los sem interferir no processo produtivo e sem onerar os custos. De acordo com Pozo (2007), os custos de estoques são influenciados por diversos fatores, tais como: espaço ocupado, disponibilidade, movimentação, mão de obra e o próprio recurso financeiro aplicado, e, a depender da situação envolvida, cada uma dessas variáveis pode ter uma preponderância maior ou menor. Vamos ver, agora, como avaliar os níveis de estoque.
Níveis de estoques Segundo Dias (2006), a representação da movimentação (entrada e saída) de um material dentro de um sistema de estoque pode ser feita por um gráfico denominado gráfico dente de serra:
Figura 1- Gráfico dente de Serra.
Fonte: Dias (2006, p. 54)
Observe, no gráfico, que o estoque se iniciou com 140 unidades e foi sendo consumido durante um intervalo de tempo (janeiro a junho), até chegar a seu nível mais baixo (zero) em junho. De acordo com o gráfico, o material foi consumido mês a mês, de modo uniforme, e quando chegou a zero, um novo lote de 140 unidades deu entrada no estoque, fazendo-o retornar a posição inicial. Dias (2006, p. 54) afirma que o ciclo acima visualizado será sempre repetitivo e constante se persistirem as seguintes condições:
________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________
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não existir alteração de consumo durante o tempo T;
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não existirem falhas administrativas que provoquem uma falha ao solicitar compra; o fornecedor do material nunca atrasar a entrega; nenhuma entrega do fornecedor for rejeitada pelo controle de qualidade.
Empiricamente, sabemos que essas quatro condições quase nunca ocorrem juntas, pois o consumo de materiais no processo produtivo quase sempre varia. Não devemos confiar cegamente nos prazos de entrega dos nossos fornecedores. Pode, ainda, acontecer de o material recebido não estar em conformidade com os padrões de qualidade e ser rejeitado parcialmente ou totalmente, além de outros acontecimentos não previstos, levando a empresa à falta de material, como representado na figura a seguir: Figura 2 - Dente de serra com ruptura do estoque
________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________
Fonte: Dias (2006, p. 55)
No gráfico 2, podemos observar que, entre os meses de junho e setembro, houve uma ruptura no estoque, ou seja, ele esteve a zero e deixou de atender a uma quantidade de 80 peças. Para evitar que algum imprevisto leve a empresa a ficar com o estoque vazio e sem possibilidade de atender às demandas, devemos montar um sistema que absorva essas falhas, ou seja, um estoque mínimo ou de segurança (ES).
Figura 3 - Dente de serra utilizando o estoque mínimo
Fonte: Dias (2006, p.56)
ao longo dos meses e, quando alcança ao nível de 20 unidades, é ressuprido em 120 unidades, voltando o estoque ao nível inicial de 140 unidades. Então, essas 20 unidades de estoque mínimo (ES) serviriam como uma segurança para atender aos imprevistos que podem acontecer no ressuprimento.
Note que esse estoque de segurança de 20 unidades será um estoque reserva. Existirá apenas para cobrir flutuações aleatórias e imprevisíveis do ressuprimento.
79 TÓPICOS ESPECIAIS EM LOGISTICA
Analisando o gráfico 3, um estoque se inicia com 140 unidades e é consumido
Vamos aprender como dimensionar e calcular esse estoque de segurança, pois não podemos esquecer que ele se constituirá em um capital parado. Mas, antes, precisamos entender o que é tempo de reposição, ponto de pedido, lote de compra e estoque máximo.
TEMPO DE REPOSIÇÃO (TR) Segundo Dias (2006), uma das principais informações que necessitamos para calcular o estoque mínimo é o tempo de reposição, que é o tempo gasto desde que se verifica que o estoque deve ser reposto até a efetiva chegada do material no estoque ________________________ da empresa. ________________________
O TR é composto de três componentes:
emissão do pedido: tempo que leva desde a emissão do pedido de compra até ele chegar ao fornecedor; preparação do pedido: tempo que leva o fornecedor para fabricar o material, separar o material se já estiver pronto, emitir faturamento e deixá-lo em condições de ser transportado. transportes: tempo que leva da saída do fornecedor até o recebimento pela empresa do material encomendado.
Ou seja, o tempo de reposição pode ser calculado somando o tempo decorrente em cada um dos três itens listados.
TR = 1 + 2 + 3
Graficamente, temos:
________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________
Figura 4 - Tempo de reposição
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Fonte: Dias (2006, p. 57)
Em virtude de sua importância, o TR deve ser apurado do modo mais real possível, pois as variações ocorridas durante esse período de tempo pode alterar toda a estrutura do sistema de estoques.
PONTO DE PEDIDO (PP) Conforme Pozo (2007), ponto de pedido é a quantidade de material que temos em estoque e que garante o processo produtivo da empresa, sem que ela sofra problemas de falta, enquanto se aguarda a chegada do lote de compra (LC), durante o TR. O
________________________ ponto de pedido também é conhecido como ponto de ressuprimento. ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ Resumindo: quando um determinado material de estoque atinge seu PP, devemos providenciar seu ressuprimento emitindo um pedido de compra. ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ Agora, vamos visualizar, graficamente, o ponto de pedido. ________________________ ________________________ Figura 5 - Ponto de pedido ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ Fonte: Dias (2006, p.58) ________________________ ________________________ ________________________ Para calcular o ponto de pedido, utilizamos a seguinte fórmula: ________________________ ________________________
PP = Ponto de pedido C = Consumo normal da peça no período TR = Tempo de reposição ES = Estoque mínimo que é igual ao estoque de segurança
Vamos exercitar um pouco?
81 TÓPICOS ESPECIAIS EM LOGISTICA
Onde:
Exemplo: Um produto é consumido em 2.800 unidades mensalmente e sabemos que seu tempo de reposição é de 40 dias. Então, qual é o seu Ponto de Pedido (PP), uma vez que seu estoque de segurança é 380 unidades?
Dica: Observe que o período de tempo trabalhado no problema é o mês e o TR foi dado em dias (40 dias). Para calcular o PP, convertemos a TR para a mesma unidade de tempo (no caso, o mês), ou seja, o período de 40 dias é igual a 1,33 mês.
LOTE DE COMPRA Segundo Pozo (2007), o lote de compras é a quantidade de material especificada no pedido de compra, que está sujeito à política de estoque da empresa. Por enquanto, isso nos basta. Mais adiante, aprenderemos a calcular o lote econômico de compras (LEC).
ESTOQUE MÁXIMO Ainda segundo Pozo (2006), o estoque máximo é a resultante da soma do estoque de segurança mais o lote de compra e é calculado através da seguinte fórmula: Emax = ES + LC Onde: ES = estoque de segurança LC = lote de compra
________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________
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Vamos exercitar?
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Qual é o estoque máximo de um material cujo LC é de 1500 unidades e o ES é igual a 1/3 do lote de compra?
Emax = ES + LC Emax = (1/3 x 1500) + 1500 Emax = 500 + 1500 Emax = 2000 unidades
Vamos aproveitar e conhecer também o conceito de estoque médio, que nos servirá muito quando começarmos a trabalhar com o custo de armazenagem.
ESTOQUE MÉDIO O estoque médio nada mais é do que o estoque máximo dividido por dois, ou seja, a metade do estoque máximo.
________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________
Bem, juntando todos esses conceitos, podemos montar um modelo de reposição contínua de estoque, conhecido com Sistema máximo-mínimo.
SISTEMA MÁXIMO-MÍNIMO Uma forma de avaliar o estoque é o sistema máximo-mínimo, também conhecido como modelo de reposição contínua. Esse modelo se utiliza do lote de compra para manter níveis de estoques que atendam às necessidades da empresa. É usado quando existe alguma dificuldade para determinar a demanda do material ou quando ocorrem alterações no TR. Esse sistema consiste em avaliar o Emax e o Emin para cada material, em função de uma perspectiva de demanda prevista para um determinado período de tempo. A partir daí, calcula-se o PP. O funcionamento do sistema representado na Figura 6 tem a seguinte mecânica: cada material em estoque receberá cinco informações básicas. São elas: quantidade mínima que se deseja manter em estoque (Emin); o momento em que novo lote de material deve ser comprado (PP); tempo necessário para repor o material (TR); a quantidade de material que deve ser adquirida em cada pedido (LC) e, por fim, quando
Essas cinco informações permitem manter os níveis de estoques estabelecidos para cada material e configuram um sistema automático de suprimento e manutenção dos estoques, onde os pedidos de compra são emitidos em função das variações do nível do estoque.
Figura 6 - Modelo de reposição contínua
MODELO DE REPOSIÇÃO CONTÍNUA - SISTEMA MÁXIMO-MÍNIMO
Unid.
Emáx. LC
Estoque
LC
PP
0
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o lote chega à empresa, temos o estoque máximo (Emax).
E. médio
PP
Emin.. TR
Tempo
IP Intervalo entre Pedidos
TR = tempo de reposição PP= ponto de pedido de compra LC = Quantidade a ser comprada para repor o estoque máximo Emax = volume máximo de peças em estoque Emin = volume mínimo de peças em estoque E. Médio = metade do estoque máximo
Fonte: Adaptado de Pozo (2007, p. 63)
Analisando a figura, podemos notar que o estoque se inicia em seu ponto máximo, ou seja, Emax, e vai sendo consumido até chegar à quantidade referente ao PP, quando, automaticamente, um pedido de compra para o material específico deve ser emitido. O intervalo de tempo necessário para que o novo lote de material chegue, sem permitir que o estoque entre em seu Emin, como já vimos, é denominado TR. Quando o novo LC chega, o estoque é ressuprido e volta ao seu nível máximo. Mas, não vamos perder o rumo! Analisamos esses conceitos, pois queríamos calcular o estoque de segurança. Lembra-se disso?
ESTOQUE DE SEGURANÇA (ES) Também conhecido como estoque reserva ou estoque mínimo, é definido por Dias (2006, p. 61) como: “[...] a quantidade mínima que deve existir em estoque, que se destina a cobrir eventuais atrasos no ressuprimento, objetivando a garantia do funcionamento ininterrupto e eficiente do processo produtivo, sem o risco de faltas”. Lembre-se de que, anteriormente, vimos várias causas que podem ocasionar essas faltas. Porém, para evitá-las, vamos aprender a calcular o ES.
________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________
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Para calcularmos o estoque de segurança, usaremos três métodos: o Método do grau de risco (MGR); o Método com variação de consumo e/ou tempo de reposição (MVC) e o Método com grau de atendimento definido (MGAD).
Método do Grau de Risco (MGR)
O MGR é o modo mais simples e fácil de utilizar, e não tem muita precisão matemática. Esse método usa um fator de risco dado arbitrariamente pelo administrador em função de sua experiência, sensibilidade e conhecimento do mercado. A fórmula para esse cálculo é:
Onde: ES = estoque de segurança C = consumo médio mensal K = fator de segurança arbitrário com qual se deseja garantia contra a falta de
________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________
material no estoque.
Vamos exercitar? Exemplo: Uma empresa necessita determinar o ES de um material, sabendo que o material tem uma demanda mensal de 300 unidades e que o gerente de suprimentos definiu um fator de segurança ou grau de risco de 70%, ou seja, ele quer uma garantia de que somente em 30% das vezes o estoque desse material esteja a zero. Nesse caso, qual seria o ES?
Método com Variação de Consumo e/ou Tempo de Reposição (MVC) Esse método leva em consideração qualquer modificação no consumo médio mensal ou no tempo de reposição do material. A fórmula utilizada por este método é a seguinte:
Onde: Cm = Consumo mensal maior que o normal
Ptr = Porcentagem de atraso no tempo de reposição
Vejamos um exemplo prático: Uma empresa necessita definir o ES de um material que tem uma demanda média mensal de 500 unidades e o gerente de suprimentos está prevendo um aumento na demanda de 20% e recebeu informações de seu fornecedor que haverá atraso de 10 dias na entrega do material, cujo prazo é de um mês. Calcule qual será o novo ES. Primeiro, precisamos calcular o Cm
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Cn = Consumo normal do material
Cm = (500 x 1,20) = 600, ou seja, é o con-
sumo normal multiplicado pela variação da demanda prevista, que é de 20%. Depois, calculamos o percentual de atraso
Ptr = 10 dias / 30 dias = 33,33%
Se, no exemplo anterior, não houver previsão de atraso na entrega, qual será o novo ES?
________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ E se não houver previsão de aumento nas vendas, só previsão de atraso, qual ________________________ será o novo ES? ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ Método com Grau de Atendimento Definido (MGAD) ________________________ ________________________ ________________________ Esse método tem por objetivo definir um estoque de segurança baseado no ________________________ consumo médio do material durante certo período e num grau de atendimento da ________________________ demanda predeterminado pela administração da empresa. ________________________
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Este modelo visa determinar um estoque de segurança baseado em
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dimento da demanda não em sua totalidade, mas em determina-
um consumo médio do produto durante certo período e um atendo grau de atendimento. Por esse método, podemos comparar em termos percentuais e financeiros as diversas alternativas de grau de atendimento, decidindo pelo que melhor atenda às políticas da empresa e o que causará menor impacto negativo para a empresa por não entregar todos os pedidos. (POZO, 2007, p. 69).
Veja, a seguir, o impacto no nível do estoque de segurança à medida que o grau de atendimento da demanda aumenta.
Figura 7 - Curva do estoque
Curva do estoque em função do grau de atendimento definido ES
________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ 0% Grau de atendimento em % 100% ________________________ Fonte: Baseado em Pozo (2007) ________________________ ________________________ ________________________ Observe que, à medida que o grau de atendimento aumenta, o nível do esto________________________ que de segurança sobe. ________________________ ________________________ ________________________ A empresa deve decidir, dentre os diversos graus de atendimento à demanda, ________________________ qual melhor atende aos objetivos da empresa e acarreta o menor custo da falta de ________________________ estoques. ________________________ ________________________ ________________________ A fórmula utilizada por esse método é a seguinte: ________________________ ________________________ ________________________
= desvio padrão k = coeficiente de risco
O coeficiente de risco é dado por uma tablita de conversão: Risco
65%
70%
75%
80%
85%
90%
95%
99%
K
0,385
0,524
0,674
0,842
1,036
1,282
1,645
2,326
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Onde:
Por esse método, para calcular o ES adequado à empresa, é necessário calcular inicialmente o consumo médio (Cmd) e o desvio padrão (σ). A fórmula para calcular o consumo médio é a seguinte:
Onde:
________________________ ________________________ = somatório dos consumos mensais ________________________ n = é o numero de meses. ________________________ ________________________ ________________________ A fórmula para calcular o desvio padrão (σ) é a seguinte: ________________________ ________________________ ________________________ n 2 ________________________ C − Cmd ________________________ i =1 ________________________ n −1 ________________________ ________________________ ________________________ Onde: ________________________ C = consumo mensal ________________________ ________________________ Cmd = consumo médio mensal ________________________ n = número de meses ________________________ ________________________ ________________________ Bem, para compreender melhor esse método, vamos exercitar. ________________________ ________________________ Exemplo: Uma empresa obteve neste ano o seguinte volume de vendas para ________________________
∑(
seu produto:
)
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Período Vendas (unid)
Janeiro
Fevereiro
Março
Abril
Maio
Junho
250
220
260
280
290
300
Calcule o estoque de segurança com o grau de atendimento esperado de 90%. Bem, vamos fazer passo a passo esse cálculo. Primeiro, é necessário calcular o consumo médio (Cmd).
Cmd = (250 + 220 + 260 + 280 + 290 + 300)
6 => somamos o consumo de
todos os meses e dividimos pelo número de meses. Cmd = 1600
6
Cmd = 266,66 aproximadamente 267 unidades
Agora, para calcular o desvio padrão, vamos montar uma tabela, pois precisamos calcular o somatório do consumo menos o consumo médio elevado ao quadrado
________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________
Cmd:
. Bem, vamos lá!
“n” número de meses
C
(C – Cmd)
(C – Cmd)2
Janeiro
250
-17
289
Fevereiro
220
-47
2209
Março
260
-7
49
Abril
280
13
169
Maio
290
23
529
Junho
300
33
1089
n=6
Cmd = 267
Para chegar ao número que nos interessava, percorremos o seguinte caminho: subtraímos um a um o consumo mensal do Cmd => (C - Cmd), o elevamos ao quadrado (C - Cmd)2 e, após isso, somamos todos eles e chegamos ao número que nos interessava Agora, podemos calcular o desvio padrão:
O desvio padrão é a raiz quadrada de 722,33:
Bem, agora vamos ao cálculo do ES:
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ES = 26,88 x k
Mas, que é o k? Como o nosso grau de atendimento foi de 90% e nossa tablita diz que, para um grau de risco de 90%, o k é igual a 1,282. E é só substituir na formula.
ES = 26,88 x 1,282 ES = 34,5 aproximadamente 35 unidades
Bem, agora que já sabemos calcular o estoque de segurança, vamos entender os custos e os componentes que influenciam na armazenagem dos produtos e como calcular o custo de armazenagem.
CUSTO DE ARMAZENAGEM Segundo Dias (2006, p. 43):
O custo de armazenagem, anteriormente, parecia pequeno, ou sem importância, e com pouca possibilidade de avaliação e de redução. Na realidade, esse custo era considerável, tendo-se em vista que representava uma parcela de grande eficácia para diminuir o custo total da empresa, e, consequentemente, era uma arma poderosa para enfrentar a concorrência.
Antes, a principal preocupação das empresas era diminuir os custos de fabricação através do aumento da produção. Aumentando a produção, os custos de fabricação diminuem, mas os problemas na área de armazenagem começam a aumentar, pois há um aumento no consumo de materiais.
________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________
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Definir níveis de estoque que podem ser economicamente mantidos e decidir sobre as quantidades a serem mantidas no estoque são tarefas importantes da gestão de estoques. Os estoques ajudam a:
compensar possíveis falhas nas previsões de demanda; utilizar melhor os recursos humanos e físicos da empresa; programar a produção sem grandes oscilações.
No entanto, já vimos que existem fatores que encorajam a manutenção de níveis elevados de estoques e outros que encorajam a manter o menor estoque possível. E para melhor administrar os estoques, devemos mensurar os custos que os afetam. Todo e qualquer armazenamento de material gera custos, que são: juros; depreciação; aluguel; equipamentos de movimentação; deterioração; obsolescência; seguros; salários e conservação. Esses custos geralmente são agrupados em quatro categorias: custos de edificações; custos de equipamentos e manutenção; custo de material/capital e custo de
________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________
pessoal.
São os custos relacionados às áreas destinadas à Custos de edificações
estocagem de materiais. Ex.: aluguéis, impostos, seguros, iluminação, conservação.
Custos de equipamentos e manutenção
São os gastos para manter o estoque, incluindo a manutenção dos equipamentos e maquinários, sua depreciação etc. São os custos financeiros do dinheiro correspondentes
Custos de material/capital
a todos os materiais estocados. O dinheiro investido em estoque não está disponível para outras utilizações e isso representa o custo de uma oportunidade perdida. São os gastos com a mão de obra diretamente envolvida
Custos de pessoal
com as atividades do estoque. Ex.: salário, encargos sociais e trabalhistas etc.
O custo de armazenagem é composto de custos fixos e custos variáveis. O custo fixo, independente da quantidade de material estocado, sempre vai existir, já o custo variável é diretamente proporcional ao tempo e a quantidade de material em estoque. Na figura a seguir, podemos observar que, no ponto X, o estoque é máximo e
o custo de armazenagem não é zero, pois existem despesas fixas, inerentes à área de estoque, que fazem com que ele seja diferente de zero (por exemplo, o salário dos funcionários do estoque tem que ser pago independente de ter material em estoque).
Figura 8 - Curva do custo de armazenagem
Curva do custo de armazenagem Estoque máximo
91 TÓPICOS ESPECIAIS EM LOGISTICA
o custo de armazenagem também, no entanto, no ponto Y, quando o estoque é zero,
X
Estoque médio
Y
Custo de armazenagem
Fonte: Dias (2006, 76)
O custo de armazenagem tem como base para o seu cálculo o estoque médio dos materiais (lembra-se do estoque médio - Emed?) e as despesas mensais dos custos citados. Normalmente, as empresas calculam o custo de armazenagem total e não o custo de armazenagem de um único material. Entretanto, vamos aprender a calcular o custo de armazenagem total e também o custo de armazenagem de materiais específicos. Bem, vamos às fórmulas!
Para calcular o custo de armazenagem de determinado material, podemos utilizar a seguinte expressão:
Para calcular o custo de armazenagem geral, podemos utilizar a seguinte expressão:
________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________
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92 Onde: CA = Custo de armazenagem Q = Quantidade de material em estoque P = Preço unitário do material T = Tempo de armazenagem Df = Despesa de material auxiliar, de manutenção, de edificações, de equipamentos, de mão de obra i = Taxa de juros, custo do dinheiro no período
Vamos à prática?
Calcule o custo de armazenagem anual do produto “X” e de todo o estoque de uma empresa que tem os seguintes dados: 100 itens “X” em estoque a um custo de R$ 20,00 por unidade; ________________________ ________________________ R$ 1.000.000,00 de estoque total; ________________________ R$ 80.000,00 mensais de gastos gerais da área de materiais; ________________________ ________________________ R$ 20.000,00 mensais de gastos com pessoal do estoque (sem os encargos); ________________________ R$ 20.000,00 de despesas gerais de compras; ________________________ ________________________ Encargos da folha salarial 80%; ________________________ ________________________ Custo do dinheiro ao ano 20%. ________________________ ________________________ ________________________ Resposta: ________________________ Custo de armazenagem do produto “X” ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ Custo de armazenagem total ________________________ ________________________ ________________________ ________________________
Precisamos do estoque médio:
lembra que o estoque médio é o estoque máximo dividido por dois?
TÓPICOS ESPECIAIS EM LOGISTICA
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Vamos resolver este por partes!
Precisamos das despesas referentes ao estoque:
Df = 80.000,00 + 20.000,00 + (20.000,00 x 0,8) = R$ 116.000,00
oitenta mil
das despesas gerais do estoque, somados a vinte mil dos salários dos funcionários do estoque, somados a oitenta por cento dos encargos sobre os salários. Observe que as despesas de compras não foram somadas, pois não fazem parte dos custos de armazenagem. Então, o custo de armazenagem total é:
R$ 135.520,00 é o custo de armazenagem anual de todo o estoque. Para ter o custo mensal, é só dividi-lo por 12.
Devido ao acirramento da concorrência e da busca da competitividade, as empresas estão cada vez mais preocupadas com seus custos, e um custo de armazenagem alto sinaliza uma oportunidade redução de despesas, através da racionalização das áreas ocupadas e da busca de novos processos que reduzam as despesas ligadas à área de estocagem. Na próxima aula, abordaremos as noções fundamentais de compras.
SÍNTESE Nesta aula, nós aprendemos os seguintes parâmetros: estoque de segurança; tempo de ressuprimento; ponto de pedido; lote de compra; estoque máximo; estoque médio e o sistema máximo-mínimo, que são os parâmetros utilizados para controlar os níveis de estoques. Vimos também o custo de armazenagem e seus componentes.
________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________
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QUESTÃO PARA REFLEXÃO Até algum tempo atrás, poucas empresas tinham uma genuína preocupação com seus estoques. A guarda, a estocagem e a movimentação interna eram de responsabilidade exclusiva do estoquista, cuja área de trabalho sempre foi considerada de menor importância, pois, em primeiro lugar, estava a produção. O maior e principal objetivo era minimizar os custos de fabricação, através do aumento da produção. O custo de armazenagem parecia pequeno, ou sem importância, e com pouca possibilidade de avaliação e de redução. Agora, analise se, de fato, o custo de armazenagem não é considerável ou se, na verdade, representa uma oportunidade para diminuir o custo total de uma empresa e, consequentemente, podendo o seu controle tornar-se uma arma poderosa na busca da competitividade empresarial.
LEITURA INDICADA LIMA, Maurício Pimenta. Os custos de armazenagem na logística moderna. Disponível em: <http://professorricardo.tripod.com/Artigo_13.pdf>. Acesso em: 11 mar.2012.
________________________ ________________________ SITES INDICADOS ________________________ ________________________ http://www.multistrata.com.br/site-brasilian/biblioteca/oscustos_armazenagem.htm ________________________ ________________________ http://www.sacarmazenagem.com.br/pt/estimativa-de-custo/infraero/calculo.html ________________________ ________________________ ________________________ REFERÊNCIAS ________________________ ________________________ DIAS, Marco Aurélio P. Administração de Materiais: princípios, conceitos e gestão. São Paulo: Atlas, 2006. ________________________ ________________________ POZO, H. Administração de recursos materiais e patrimoniais: uma abordagem logística. São Paulo: ________________________ Atlas, 2007. ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________
QUE
Autor: José Gileá de Souza “A avaliação dos estoques inclui o valor das mercadorias e dos produtos em fabricação ou produtos acabados. Para se fazer uma avaliação desse material, tomamos por base o preço de custo ou de mercado, preferindo-se o menor entre os dois. O preço de
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AULA 07 - AVALIAÇÃO DO VALOR DE ESTO-
mercado é aquele pelo qual a matéria-prima é comprada e consta da nota fiscal do fornecedor. No caso de materiais de fabricação da própria empresa, o preço de custo será aquele da fabricação do produto. (DIAS, 2005, p.159)”
Olá! Nesta aula, estudaremos como avaliar monetariamente os estoques, por quatro métodos diferentes: Custo Médio; PEPS (primeiro a entrar, primeiro a sair); UEPS (último a entrar, primeiro a sair) e Custo de Reposição.
Avaliação de estoque A avaliação monetária apropriada dos materiais recebidos e armazenados no estoque é uma importante questão para a contabilidade e para o gestor de materiais. De acordo com Pozo (2007), o gestor de materiais, além de se preocupar com as quantidades armazenadas, deve também se preocupar em buscar constantemente a diminuição dos valores monetários de seus estoques, trabalhando para mantê-los em níveis baixos, porém dentro dos níveis de segurança, tanto financeiro quanto operacional. Pozo (2007, p. 87) afirma, ainda, que “muitas empresas chegam à falência por imobilizar elevadas somas de capital em estoques, faltando-lhes recursos financeiros para capital de giro”. Uma das funções do gestor de estoques é mensurar o valor do estoque em intervalo de tempo adequado e gerenciá-lo, comparando-o com o que foi planejado para o período, e tomar as devidas deliberações quando houver discrepâncias entre o planejado e o executado. Como você já notou, o administrador de materiais deve saber valorizar os estoques, ou seja, deve saber avaliar, contabilmente, quanto do ativo da organização está investido em estoques. Lembra que você estudou na disciplina de Contabilidade Gerencial os demonstrativos financeiros e que, entre eles, estava o Balanço Patrimonial e o Demonstrativo
________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________
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do Resultado do Exercício (DRE)? O Balanço Patrimonial mostra os ativos, os passivos e o patrimônio líquido da organização, e o DRE oferece uma síntese financeira dos resultados da empresa em certo período. São elaborados anualmente para fins de divulgação legal. Normalmente, são realizados mensalmente para fins administrativos e trimestralmente para fins fiscais. De acordo com Arnold (1999, p. 278):
Um ativo é algo que tem valor e do qual se espera que traga benefícios às operações futuras da empresa. Um ativo pode ser tangível, como no caso do caixa. Do estoque, do maquinário e de prédios, ou pode ser intangível, na forma de contas a receber ou uma patente.
Não vamos aprofundar nas questões da Contabilidade, mas chamo sua atenção: o estoque é parte do Ativo Circulante e, para realizar o Balanço Patrimonial, é necessário seu valor atualizado e também precisamos dele para elaborar o DRE. Vamos focar na nossa disciplina e entender os outros fatores ligados à gestão de materiais que justificam a avaliação do estoque. Segundo Pozo (2007, p. 88), são os seguintes:
________________________ ________________________ Assegurar que o capital imobilizado em estoques seja o mínimo pos________________________ sível; ________________________ ________________________ Assegurar que estejam de acordo com a política da empresa; ________________________ ________________________ Garantir que a valorização do estoque reflita exatamente o seu con________________________ teúdo; ________________________ ________________________ O valor desse capital seja uma ferramenta de tomada de decisão; ________________________ ________________________ ________________________ Evitar desperdícios como obsolescência, roubos, extravios etc. ________________________ ________________________ ________________________ Podemos realizar uma avaliação monetária dos estoques através de quatro mé________________________ todos: ________________________ Custo Médio; ________________________ ________________________ Método PEPS (FIFO) ________________________ Método UEPS (LIFO) ________________________ Custo de Reposição ________________________ ________________________ ________________________ Veremos cada um a seguir.
O custo médio é calculado levando em conta o preço médio de todo o estoque, ou seja, soma-se o preço total das entradas e divide-se pela quantidade de peças que ingressaram no estoque. É um método muito usado e, em longo prazo, possibilita um balanceamento dos preços que ocorrem em determinado período. A avaliação feita por meio do método do Custo Médio é a de utilização mais frequente pelas empresas. Tem por base o preço de todas as retiradas, ao preço médio do estoque total do item armazenado, pois equilibra as flutuações de preços e, em longo prazo, reflete os custos reais de compra dos materiais.
TÓPICOS ESPECIAIS EM LOGISTICA
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Custo médio
Analisando a tabela a seguir e com a ajuda do exemplo adaptado de Pozo (2007, p. 88), vamos entender melhor uma avaliação do estoque pelo Custo Médio.
EXEMPLO: O item caneta teve, no mês passado, o seguinte movimento: dia 3, entraram 200 peças, a R$15,00 cada Nota Fiscal (NF 01); dia 8, entraram 120 peças, a R$16,00 cada (NF 02); dia 10, saíram do estoque 150 peças com Ordem de Fabricação (OF 10); dia 15, entraram 150 peças, a R$ 20,00 cada (NF 03); dia 20, saíram do estoque 180 peças (OF 11); dia 22, saíram do estoque 100 peças (OF 12); dia 28, entraram 50 peças, a R$ 30,00 cada (NF 04), e dia 30, saíram do estoque 30 peças.
Tabela 1 - Tabela de avaliação de estoque - Método Custo Médio
Fonte: Pozo (2007, p. 91)
Perceba que cada saída do material é valorizada pelo valor de custo médio das canetas em estoque e pela entrada cronológica dos mesmos, ou seja, o primeiro a entrar é o primeiro a sair fisicamente, porém com a valorização de custo médio. Vamos compreender melhor analisando a tabela. Note que a primeira saída, OF 10, corresponde a 150 canetas, com valor médio das duas entradas anteriores, e corresponde às canetas em estoque.
________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________
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Na segunda saída, OF 11, 180 é o valor médio das peças existentes no estoque em função dos preços pagos. Assim procedemos, sucessivamente, até a última data do mês em questão, que nos mostra o saldo de 60 canetas, com preço médio de R$24,46, fornecendo um valor total de R$ 1.468,00, conforme a Tabela 1.
Método PEPS No método PEPS (FIFO - first in, first out), a avaliação do estoque é fundamentada na ordem cronológica das entradas em que foi recebido o pedido, sendo também, fisicamente, o primeiro a sair. É uma maneira muito apropriada para o estoque que tem alto giro de materiais ou, quando se dispõe de material que esteja armazenado por longo prazo, acontece, nesse método, uma valorização dos estoques contabilizados. Vamos utilizar o mesmo exemplo do método anterior para entender a avaliação de estoque pelo método PEPS. EXEMPLO: O item caneta teve, no mês passado, o seguinte movimento: dia 3, entraram 200 peças, a R$15,00 cada Nota Fiscal (NF 01); dia 8, entraram 120 peças, a R$16,00 cada (NF 02); dia 10, saíram do estoque 150 peças com Ordem de Fabricação (OF 10); dia 15, entraram 150 peças, a R$ 20,00 cada (NF 03); dia 20, saíram do estoque 180 peças (OF 11); dia 22, saíram do estoque 100 peças (OF 12); dia 28, entraram 50
________________________ peças, a R$ 30,00 cada (NF 04), e dia 30, saíram do estoque 30 peças. ________________________ ________________________ Tabela 2 - Tabela de avaliação de estoque - Método PEPS ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ Fonte: Pozo (2007, p. 89) ________________________ ________________________ Analisando a tabela, perceba que cada saída de caneta é valorizada pelo valor ________________________ da entrada cronológica, ou seja, o primeiro a entrar é o primeiro a sair contabilmente. ________________________ Na tabela, a primeira saída de caneta, de acordo com a ordem de fabricação OF 10,
Na segunda saída de 180 canetas, da ordem de fabricação OF 11, tivemos que contabilizar as primeiras 50 canetas do saldo das canetas recebidas pela nota fiscal NF 01 e 120 canetas do lote recebido pela nota fiscal NF 02 e, por fim, 10 canetas recebidas pela nota fiscal NF 03. Assim procedemos, sucessivamente, até a última data do mês em questão, que nos mostra o saldo de 50 canetas de R$ 30,00 (R$ 1.500,00) e 10 canetas de R$ 20,00 (R$ 200,00), que têm um valor total de R$ 1.700,00, conforme mostrado na Tabela 2.
Método UEPS
99 TÓPICOS ESPECIAIS EM LOGISTICA
corresponde a 150 peças das 200 primeiras que chegaram.
O método de avaliação de estoques, UEPS (LIFO - last in, first out), último a entrar e primeiro a sair, faz com que o saldo seja avaliado ao preço das últimas peças que foram recebidas. Este método se torna o mais adequado em períodos inflacionários, por unificar os preços dos produtos em estoque para o mercado consumidor. Vamos utilizar o mesmo exemplo do método anterior para entender a avaliação de estoque pelo método UEPS.
EXEMPLO: O item caneta teve no mês passado o seguinte movimento: dia 3, entraram 200 peças, a R$15,00 cada Nota Fiscal (NF 01); dia 8, entraram 120 peças, a ________________________ R$16,00 cada (NF 02); dia 10, saíram do estoque 150 peças com Ordem de Fabricação ________________________ (OF 10); dia 15, entraram 150 peças, a R$ 20,00 cada (NF 03); dia 20, saíram do estoque ________________________ 180 peças (OF 11); dia 22, saíram do estoque 100 peças (OF 12); dia 28, entraram 50 ________________________ peças, a R$ 30,00 cada (NF 04), e dia 30, saíram do estoque 30 peças. Tabela 3 - Tabela de avaliação de estoque - Método UEPS
Fonte: Pozo (2007, p. 90)
________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________
TÓPICOS ESPECIAIS EM LOGISTICA
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Analisando a tabela anterior, você nota que cada saída de caneta é valorizada pelo valor da entrada cronológica, ou seja, o último a entrar é o primeiro a sair. Na tabela, a primeira saída de canetas, OF 10, corresponde a 120 canetas das 120 primeiras que chegaram com a nota NF 02 e 30 canetas restantes do primeiro lote a chegar. Na segunda saída, OF 11, 150 canetas foram contabilizadas da NF 03 e as restantes 30 canetas do primeiro lote, NF 01. E assim iremos proceder, sucessivamente, até a última data do mês em curso, que nos mostra o saldo de 20 peças de R$ 30,00 (R$ 600,00) e 40 peças de R$ 15,00, ainda do primeiro lote (R$ 600,00), e que nos apresenta um valor total de R$ 1.200,00, conforme está na Tabela 3.
Custo de reposição Avaliação do estoque pelo Custo de Reposição baseia-se na elevação dos custos a curto prazo, em relação à inflação, ou seja, leva-se em consideração a alteração dos custos de ressuprir o estoque no curto prazo. Este método é utilizado através da previsão trimestral da inflação, aplicando o índice projetado aos custos unitários de reposição dos materiais em avaliação. Para calcular o custo de reposição, temos a seguinte fórmula:
________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________
CR = PU + (PU x índice de inflação)
Onde: CR = custo de reposição (custo unitário de reposição); PU = preço unitário
Através de um exemplo prático, vamos demonstrar como este método é utilizado.
EXEMPLO: Uma empresa tem um estoque de 520 canetas ao preço unitário de R$ 24,46. Entretanto, espera-se, para os próximos três meses, uma alta de preços de 20%. Logo, para os próximos três meses, será feito um ajuste de R$ 4,89 no custo unitário de reposição, passando este para R$ 29,35.
Segue o cálculo realizado:
CR = PU + (PU x índice de inflação)
CR = 24,46 + 4,89 CR = R$ 29,35
Vamos, agora, fazer um comparativo dos métodos de avaliação de estoques.
Estudo comparativo
101 TÓPICOS ESPECIAIS EM LOGISTICA
CR = 24,46 + (24,46 x 0,20)
De acordo com Dias (2005, p. 163): Seja qual for o método utilizado, seja ele o PEPS, ou UEPS, ou qualquer outro, seu emprego está condicionado ao tipo de empresa, porque a avaliação do estoque final influi diretamente no custo dos bens vendidos ou das matérias-primas utilizadas na produção. Qualquer variação no valor do estoque repercute de imediato nos custos operacionais e conseqüentemente no lucro.
Vamos, agora, comparar os métodos de avaliação de estoque Custo Médio, PEPS e UEPS. Porém, ressalto que os métodos normalmente usados e admitidos pela legislação fiscal são o do Custo Médio e o PEPS. O UEPS não é um método aceito pela Receita Federal, pois, quando é realizado o Demonstrativo de Resultado do Exercício, a empresa apresenta um resultado operacional menor, prejudicando a arrecadação de tributos para o Estado. Na Tabela1, constata-se que, em cada entrada no estoque (compra), foi ajustado o Custo Médio, por uso da média ponderada, fundamentado no saldo físico, no custo médio anterior e na quantidade e no preço unitário registrado contabilmente na entrada. Para o cálculo da média ponderada, basta que, após o ajuste do saldo físico e monetário, se faça a adição da quantidade e do valor total da entrada aos respectivos saldos anteriores, e se divida o valor do estoque pelo número de unidades existentes. Na Tabela 2, para facilitar a compreensão, foram desdobrados os lançamentos (saídas e saldos) fundamentados em preços unitários diferentes, visto que as saídas devem ser valorizadas pelo preço mais antigo. Nos dois casos, utilizamos o mesmo inventário de estoque. Na Tabela 3, para facilitar a compreensão, foram desdobrados os lançamentos (saídas e saldos) fundamentados em preços unitários diferentes, visto que as saídas devem ser valorizadas pelo preço mais recente. Note que, nos três métodos, utilizamos o mesmo inventário de estoque, para podermos, agora, comparar os resultados. Comparando os três métodos e os resultados lançados nas tabelas, observamos que o mesmo movimento de estoque apresentou a seguinte variação:
________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________
TÓPICOS ESPECIAIS EM LOGISTICA
102
Tabela 4 - Tabela comparativa dos métodos
CUSTO MÉDIO
UEPS
PEPS
Valor do estoque final (R$)
1.468,00
1.200,00
1.700,00
Custo das saídas
7.952,00
8.220,00
7.720,00
Fonte: Adaptado de Pozo (2007, p. 91)
Percebe-se, claramente, que o melhor resultado apresentado para uma empresa é pelo método UEPS, já que apresenta um custo operacional de seus materiais maior e um imobilizado em estoque menor, consequentemente, reduzindo a carga tributária do Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ), em razão de apresentar, em termos contábeis, lucro menor e menor imobilizado em estoque. Contudo, como já vimos, a Receita Federal não aceita esse método. Entre os dois métodos aceitos, o Custo Médio apresenta ligeira vantagem contábil para fins de IRPJ. Entretanto, Dias (2010) afirma que a empresa tem de optar pelo método que melhor atenda a sua necessidade, pois, qualquer que seja, ele influenciará diretamente o valor do estoque e os custos operacionais. Para a maioria das empresas, o custo médio é a melhor opção. Bem, concluímos aqui o assunto relacionado à avaliação monetária do valor
________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________
dos estoques. Na próxima aula, estudaremos as noções básicas de almoxarifado e depósitos. Até lá!!!
SÍNTESE Vimos, nesta aula, quatro métodos de avaliação de estoque: o método do Custo de Reposição; o método do Custo Médio - o mais utilizado pelas empresas; o método PEPS e o método UEPS - que não é permitido pela Receita Federal. Compreendemos, ainda, a importância de atualizar o valor dos materiais estocados na empresa.
QUESTÃO PARA REFLEXÃO Reflita sobre qual é a importância da atualização dos valores investidos em estoque, sua utilização para acompanhar a tendência de evolução do estoque e a sua relação com a competitividade das empresas.
LEITURA INDICADA KOXNE, Daniele Comandoli; HAUSSMANN, Darclê Costa e Silva; BEUREN, Ilse Maria. Um estudo do controle e dos custos dos estoques: o caso de uma empresa
artigos06/875_Seget%202006%20-%20Custos%20dos%20estoques.pdf. Acesso em: 02 abr.2012.
REFERÊNCIAS ARNOLD, J. R. Tony. Administração de materiais: uma introdução. São Paulo: Atlas, 1999.
103 TÓPICOS ESPECIAIS EM LOGISTICA
comercial varejista importadora. Disponível em: http://www.aedb.br/seget/
CHIAVENATO, Idalberto. Administração de materiais: uma abordagem introdutória. Rio de Janeiro: Editora Elsevier, 2005.
DIAS, Marco Aurélio P. Administração de materiais: princípios, conceitos e gestão. São Paulo: Atlas, 2005.
POZO, Hamilton. Administração de recursos materiais e patrimoniais: uma abordagem logística. São Paulo: Atlas, 2007.
________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________
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FADO E DEPÓSITOS Autor: José Gileá de Souza
“Não se pode admitir que um sistema funcione sem local próprio para a guarda de materiais. Logo, fica claro que o almoxarifado é o local devidamente apropriado para armazenagem e proteção dos materiais as empresa (VIANA, 2006, p.271)”
105 TÓPICOS ESPECIAIS EM LOGISTICA
AULA 08 - NOÇÕES BÁSICAS DE ALMOXARI-
Olá! Nesta aula, conceituaremos o que é um almoxarifado e estudaremos noções básicas relacionadas à gestão de almoxarifado e armazenagem de materiais.
Noções Básicas de Almoxarifado
De acordo com Arnold (1999), os almoxarifados e os depósitos desempenham as mesmas funções e contêm matérias-primas, estoques de produtos em processo, produtos acabados, suprimentos, materiais de manutenção, reposição e operacionais. Como desempenham as mesmas funções, os almoxarifados e os depósitos receberão, nesta aula, a mesma abordagem, sendo os termos usados de forma indistinta.
Então, vamos ao assunto da aula!
Até pouco tempo, o almoxarifado se organizava em um depósito, relegado a um espaço inadequado dentro da empresa, local esse onde os materiais eram colocados de qualquer forma, utilizando trabalhadores sem o devido treinamento e capacitação. Com a evolução da logística foram criados sistemas de manuseio e de armazenagem sofisticados, o que ocasionou o aumento da produtividade, operações mais seguras, maior grau de controle sobre os materiais estocados, além de rapidez e acuracidade na obtenção das informações referente ao conjunto de materiais acondicionados no almoxarifado. De acordo com Viana (2006, p. 272), o vocábulo Almoxarifado deriva do termo árabe Al-makhen, que significa depositar.
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TÓPICOS ESPECIAIS EM LOGISTICA
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Conceituação do almoxarifado O almoxarifado é o espaço físico destinado à alocação, guarda e conservação de materiais, podendo ser um lugar coberto ou não, adequado à natureza do material a ser estocado, tendo a função de destinar o local onde ficará cada item até a necessidade do seu uso. Em alguns casos, o material estocado pode ser mantido por um longo período; em outros, o material é consumido rapidamente. O almoxarifado funciona como um centro de distribuição. A localização do estoque, ou arranjo físico (layout) do almoxarifado, relacionase com localização de itens no almoxarifado. Posso-lhe afirmar que não existe um único sistema universal de localização de materiais que seja adequado para todas as ocasiões, mas existem vários sistemas básicos que podem ser utilizados. Podem-se agrupar os materiais utilizando a classificação de materiais aprendida nas aulas 2 e 3, agrupar os materiais pela sua velocidade de Giro ou Rotatividade no estoque, visto na aula 5. Esses são exemplos básicos, mas os materiais podem ser agrupados dentro do almoxarifado de acordo com as necessidades específicas da empresa. De acordo com Viana (2006), o objetivo principal de qualquer almoxarifado é
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impedir que ocorram divergências de inventário e perdas de qualquer natureza. Além disso, o mesmo deve possuir condições de assegurar que o material adequado, na quantidade devida, estará no local certo, quando necessário, por meio da armazenagem de materiais, conforme as normas e os procedimentos previamente definidos. Pode-se comparar o esquema de funcionamento do almoxarifado ao de um banco, conforme quadro a seguir:
Quadro 1 - Comparação funcional entre almoxarifado e banco
BANCO
ALMOXARIFADO
Entrada para estoque
Ficha de depósito
Nota fiscal de compra
Saída do estoque
Cheque
Requisição de material
Fonte: Viana (2006, p. 272)
Viana (2006) afirma que depositar materiais em um almoxarifado é o mesmo que depositar dinheiro em um banco, devendo seguir rotinas rigorosas para sua entrada, preservação contra furtos e deterioração, e saída. As principais atribuições do almoxarifado são definidas de forma resumida por Viana (2006, p. 275): Receber para guarda e proteção os materiais adquiridos pela empresa;
rios da empresa;
Manter atualizados os registros necessários;
Vamos, agora, analisar os setores que compõem a estrutura funcional do almoxarifado, que são: o recebimento, a armazenagem e a distribuição. Embora não exista o setor controle na estrutura funcional de um almoxarifado, o controle faz parte das atribuições de cada setor envolvido.
107 TÓPICOS ESPECIAIS EM LOGISTICA
Entregar os materiais mediante requisições autorizadas aos usuá-
O controle deve ter a capacidade de fornecer, em tempo real, as quantidades que se encontram à disposição da empresa no processo de recebimento, as devoluções ao fornecedor e as compras recebidas e aceitas.
Vamos estudar, então, as atividades desempenhadas por cada setor do almoxarifado.
Recebimento O recebimento é a atividade que está entre as tarefas de compra e pagamento ao fornecedor, sendo sua a função de fazer a conferência dos materiais destinados à empresa. De acordo com Viana (2006, p. 281), as atribuições básicas do Recebimento são: Coordenar e controlar as atividades de recebimento e devolução de materiais;
Analisar a documentação recebida, verificando se a compra está autorizada;
Confrontar os volumes declarados na Nota Fiscal e no Manifesto de Transporte com os volumes a serem efetivamente recebidos;
Proceder a conferência visual, verificando as condições de embalagem quanto a possíveis avarias na carga transportada e, se for o caso, apontando as ressalvas de praxe nos respectivos documentos;
Proceder a conferência quantitativa e qualitativa dos materiais recebidos;
Decidir pela recusa, aceite ou devolução, conforme o caso;
________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________
TÓPICOS ESPECIAIS EM LOGISTICA
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Providenciar a regularização da recusa, devolução ou da liberação de pagamento ao fornecedor;
Liberar o material desembaraçado para estoque no almoxarifado;
O setor de recebimento é responsável pelas atividades desenvolvidas da recepção do material na entrega pelo fornecedor até a entrada dos materiais nos depósitos. A função de recebimento de materiais se integra coma outros setores da empresa a que está ligada, como as áreas de contabilidade, compras, gestão de estoques e contas a pagar, e é caracterizada como uma interface entre o atendimento do pedido pelo fornecedor e os estoques físico e contábil. Externamente, ela se relaciona com os fornecedores e com as transportadoras. Veja, na figura a seguir, as interfaces do sistema de recebimento de uma empresa.
Figura 1 - Interfaces do sistema de recebimento de materiais
________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ Fonte: Viana (2006, p. 282) ________________________ ________________________ Segundo Viana (2006, p. 276), o recebimento compreende quatro fases: a pri________________________ ________________________ meira fase é a Entrada de Materiais; a segunda fase, a Conferência Quantitativa; a ________________________ terceira fase, a Conferência Qualitativa, e a quarta fase se denomina Regularização. ________________________ Essas quatro fases podem observadas na figura a seguir e serão abordadas uma ________________________ a uma.
109 TÓPICOS ESPECIAIS EM LOGISTICA
Figura 2 - Fases do recebimento de materiais
Fonte: Viana (2006, p. 277)
A primeira fase é a entrada de materiais e representa o começo do das atividades de recebimento, tendo como finalidade realizar a recepção dos veículos de transporte, efetuar a triagem da documentação e notas fiscais, direcioná-los para a descarga e realizar o cadastramento dos dados no sistema gerencial da empresa. Na chegada do material à empresa, para serem autorizados a descarga e o acesso ao Almoxarifado, faz-se a conferência da nota fiscal do fornecedor aos respectivos registros e controles de compra; depois, o veículo é posicionado no local adequado e são alocados os equipamentos necessários a descarga. A aceitação dos materiais fica condicionada à posterior conferência quantitativa e qualitativa. A segunda fase é a conferência quantitativa, que é a atividade que vai observar se a quantidade declarada na nota fiscal pelo fornecedor corresponde à quantidade efetivamente recebida. Desse modo, é um processo de contagem física, que é realizada pelo conferente da empresa compradora, que, normalmente, realiza a chamada “contagem cega”, pois o conferente não sabe a quantidade que está declarada na nota fiscal. O resultado da contagem é confrontado com o que foi declarado na nota fiscal. Veja, a seguir, um exemplo de formulário utilizado na conferência de quantidade.
________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________
TÓPICOS ESPECIAIS EM LOGISTICA
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Figura 3 - Formulário de conferência de quantidade
CONFERÊNCIA DE QUANTIDADE Fornecedor
Nota Fiscal nº
Código
Data Quantidade
Material
contada
Observações
Nome do Conferente
Assinatura
Data
Fonte: Viana (2006, p. 94)
A contagem pode ser manual, quando as quantidades são pequenas; por meio de cálculo, quando envolve embalagens padronizadas com grandes quantidades; por meio de balanças, quando se trata de peso, e por outras formas de medição que sejam necessárias e pertinentes. A terceira fase é a conferência qualitativa, pois, atualmente, a concorrência tem
________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________
se tornado mais acirrada e as empresas passaram a melhorar a qualidade de seus produtos, a fim de buscar vantagens competitivas e se ajustar a essa nova conjuntura. A qualidade e o desempenho dos produtos dependem diretamente da qualidade dos materiais comprados. Nessa fase, é verificado se os materiais recebidos estão dentro das características e especificações negociadas com o fornecedor, ou seja, é realizada uma inspeção técnica do material recebido. Veja, na figura a seguir, um Relatório Técnico de Inspeção de material muito utilizado pelas empresas.
Figura 4 - Relatório de Inspeção Técnica
RTI Número
RELATÓRIO TÉCNICO DE
Data
INSPEÇÃO Local de Inspeção Almoxarifado
Fornecedor
Subfornecedor
Fornecedor
AF
NF
Informações do Material Descrição Código
Desenho
Classificação
Quantidades Recebida
Inspecionada
Liberada
Informações do Resultado de Inspeção Inspeção Visual
Recusada
Confirmado Inspeção Dimensional
Solicitado
Confirmado Resultado de Ensaios
Observações Resultado Final Aprovado
111 TÓPICOS ESPECIAIS EM LOGISTICA
Solicitado
Recusado
Assinaturas Fornecedor
Usuário
Inspetor
Fonte: Viana (2006. p. 299)
A quarta fase é denominada de regularização e consiste em controlar as etapas anteriores e verificar se há conformidade no processo de recebimento. Havendo conformidade, ou seja, estando dentro dos limites de aceitação da empresa, o processo de recebimento é encerrado; não estando em conformidade, o material pode ser devolvido ao fornecedor.
Agora, veremos um pouco sobre o setor de armazenagem.
Armazenagem A alocação, a guarda e a preservação dos materiais no depósito seguem regras e procedimentos rígidos, que devem ser definidos no sistema de instalação adotado e no layout, criando as condições físicas que mantenham as especificações dos materiais e objetivando a ocupação física plena das instalações e a ordenação da arrumação. De acordo com Viana (2006, p. 278): A melhor forma de guardar é aquela que maximiza o espaço disponível nas três dimensões do prédio: comprimento, largura e altura.
A racional utilização do espaço disponível para armazenagem demanda um estudo minucioso dos materiais a armazenar, dos níveis de armazenamento, das estruturas para armazenagem e dos equipamentos mecânicos a serem utilizados. Por exemplo, no projeto do layout, Viana (2006) afirma que se deve buscar atender às seguintes condições:
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máxima utilização do espaço;
TÓPICOS ESPECIAIS EM LOGISTICA
efetiva utilização dos recursos disponíveis (mão de obra e equipamentos); pronto acesso a todos os itens; máxima proteção aos itens estocados; boa organização.
Os materiais a serem armazenados não estão presos a regras inflexíveis, que regulam a forma como os materiais devem ser alocados no almoxarifado. Por isso, devem-se levar em conta as condições citadas anteriormente, para depois escolher pelo arranjo físico mais conveniente e que melhor atenda ao fluxo de materiais. Passemos, agora, ao setor de distribuição.
Distribuição A distribuição é a atividade por meio da qual a empresa efetua a entrega dos materiais. As atividades desempenhadas pelos setores descritos anteriormente nesta
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aula não terão sentido, se não se concretizar a distribuição dos materiais estocados no almoxarifado ou depósito para os usuários/clientes. Os materiais devem ser distribuídos aos interessados mediante planejamento previamente acordado entre os setores envolvidos no processo. Porém, o assunto distribuição não se esgota aqui. Ele terá uma abordagem mais aprofundada na disciplina de Logística.
Concluímos, então, o assunto relacionado às noções básicas de almoxarifado e depósito. Na próxima aula, estudaremos as noções fundamentais do processo de compras. Até lá!!!
SÍNTESE Vimos, nesta aula, além da conceituação de almoxarifado e depósitos, o processo de recebimento, armazenagem e distribuição, que são os setores básicos que o compõem um almoxarifado.
QUESTÃO PARA REFLEXÃO Por que utilizar o princípio da contagem cega na fase de conferência quantitativa do recebimento de materiais?
Para aprofundamento da temática discutida nesta aula, sugerimos a leitura dos seguintes textos: Os capítulos 13 e 14 do livro: Administração de materiais: um enfoque prático, de João José Viana, editado pela Atlas, em 2006. O capítulo 12 do livro: Administração de materiais, de J. R. Tony Arnold, editado pela Atlas, em 1999.
113 TÓPICOS ESPECIAIS EM LOGISTICA
LEITURAS INDICADAS
REFERÊNCIAS ARNOLD, J. R. Tony. Administração de materiais: uma introdução. São Paulo: Atlas, 1999.
DIAS, Marco Aurélio P. Administração de materiais: princípios, conceitos e gestão. São Paulo: Atlas, 2005.
VIANA, João José. Administração de materiais: um enfoque prático. São Paulo: Atlas, 2006.
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PRA
Autor: José Gileá de Souza “Em muitos casos não é o custo que determina o preço de venda, mas o inverso. O preço de venda necessário determina qual deve ser o custo. Qualquer economia, resultando em redução de custo de compra, que é uma parte de despesa de operação de uma indústria, é 100% lucro. Os lucros das compras são líquidos” (FORD apud ARAÚJO, 1976, p. 26).
115 TÓPICOS ESPECIAIS EM LOGISTICA
AULA 09 - NOÇÕES FUNDAMENTAIS DE COM-
Olá! Nesta aula, estudaremos as noções fundamentais de compras e abordaremos tanto o processo de compras nas empresas, quanto nas organizações governamentais, ou seja, o Estado, onde o processo de aquisição de materiais é regido pela Lei das Licitações nº 8.666/93.
As empresas não são auto-suficientes. Elas dependem de terceiros, parceiros e de outras empresas para realizar suas atividades. Para abastecer suas operações, as empresas requerem matérias-primas, materiais, máquinas, equipamentos, serviços e uma extensa variedade de insumos que provêm do ambiente externo. Todo processo produtivo precisa ser devidamente abastecido por uma cadeia de suprimento para poder satisfatoriamente. A rigor, para que a primeira operação tenha início, torna-se necessário que os materiais e insumos estejam disponíveis e o seu abastecimento garantido com certo grau de certeza para atender às necessidades e à sua continuidade ao longo do tempo. O ritmo e a cadência de funcionamento da empresa requerem, portanto, um fluxo constante de materiais e insumos que provêm do ambiente externo (CHIAVENATO, 2005, p. 99).
Como pudemos ver, a empresa precisa de materiais que tem origem externa. Daí, observa-se a importância do setor de compras, que é um subsistema da gestão de suprimentos e tem por finalidade suprir as necessidades de materiais ou serviços da empresa. A gestão de compras assume, hoje, uma importância verdadeiramente estratégica nos negócios, em face do volume de recursos, principalmente financeiros. Quebra-se, então, o paradigma de que era um processo burocrático e repetitivo, um centro de despesas e não de lucros. A função de compras é muito mais ampla e, se realizada com eficiência, envolve todos os setores da empresa. Obter o material certo, ao preço certo, na quantidade certa, com a entrega certa (tempo e lugar), da fonte correta são funções de compras. O setor de compras tem a responsabilidade de localizar fornecedores adequados e de negociar preços. As informações vindas de outros setores da empresa são
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necessárias para a busca e a avaliação dos fornecedores, auxiliando o setor de compras também na negociação dos preços. Comprar, nesse sentido, é responsabilidade de todos os setores.
COMPRAS Segundo Chiavenato (2005), o conceito de compras envolve todo o processo de localização de fornecedores, aquisição de materiais por meio de negociações de preço e condições de pagamento, bem como o acompanhamento do processo junto aos fornecedores escolhidos e o recebimento do material comprado para controlar e garantir o fornecimento dentro das especificações solicitadas. De acordo com Arnold (1999, p. 209), compras tem a seguinte função: “[...] é responsável pelo estabelecimento do fluxo dos materiais na firma, pelo seguimento junto ao fornecedor, e pela agilização da entrega”.
Objetivos de compras Os objetivos do setor de compras podem ser divididos em quatro categorias ________________________ ________________________ (ARNOLD, 1999): ________________________ obter mercadorias e serviços na quantidade e com qualidade necessárias; ________________________ obter mercadorias e serviços ao menor custo; ________________________ garantir o melhor serviço possível e pronta entrega por parte do fornecedor; ________________________ ________________________ desenvolver e manter boas relações com fornecedores e desenvolver fornecedores ________________________ potenciais. ________________________ ________________________ ________________________ Para atender a esses objetivos, devem ser realizadas algumas funções básicas: ________________________ determinar as especificações de compra - qualidade certa, quantidade certa e entrega ________________________ certa (tempo e lugar); ________________________ selecionar o fornecedor (fonte certa); ________________________ ________________________ negociar os termos e condições de compra; ________________________ emitir e administrar pedido de compra. ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ O ciclo de compras ________________________ ________________________ O ciclo de compras são todos os passos que se fazem necessários para dar sen________________________ tido ao processo de compras, sejam eles para aquisição de recursos materiais ou de ________________________ recursos patrimoniais. Recursos patrimoniais são edificações, equipamentos, maqui-
terrenos e jazidas; prédios e instalações; equipamentos e veículos. Esse ciclo pode ser melhor observado na figura a seguir:
Figura 1 - Ciclo de compras
Fonte: Baseado em Arnold (1999, p. 209).
As requisições de compra têm início com o indivíduo que será o usuário final do material ou no setor que o utilizará. As requisições são analisadas e liberadas pelo departamento específico que autoriza ao setor de compras a processar um pedido de compra. De acordo com Arnold (199), as requisições de compra devem conter as seguintes informações:
identidade do requerente, aprovação assinada e centro de custos onde será debitada a conta; especificações do material; quantidade e unidade de medida; data e local de entrega exigidos e qualquer outra informação complementar necessária.
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nários e veículos utilizados por uma empresa para desenvolver suas atividades. Ex.:
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TÓPICOS ESPECIAIS EM LOGISTICA
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Identificar e escolher fornecedores são importantes funções do setor de compras. Para materiais de compra rotineira, deve-se ter uma lista de fornecedores previamente aprovados. Se o material nunca foi comprado antes, deve-se fazer uma pesquisa para seleção e desenvolvimento de um novo fornecedor. Outra função do setor de compras é negociar o preço, buscando o melhor preço junto ao fornecedor. Após a negociação do preço e sendo ele aceito pelo setor de compras e pelo fornecedor, emite-se um pedido de compras, por meio de um contrato legal que explicita as condições de entrega do material, os termos e as especificações negociadas. Após a emissão do pedido de compra, deve-se acompanhar a entrega do material, para garantir que os materiais solicitados ao fornecedor sejam entregues com pontualidade. Se existirem dúvidas quanto ao cumprimento dos prazos de entrega, o setor de compras deve antecipar-se e tomar medidas corretivas. Na chegada do material à empresa, o setor de recebimento deve verificar se os materiais entregues correspondem em quantidade e se estão dentro das especificações negociadas pelo setor de compras. Se estiverem dentro dos parâmetros negociados, o material é recebido. Se estiverem fora dos parâmetros, o material é devolvido ao fornecedor. A última etapa do ciclo de compras é a aprovação do pagamento ao forne-
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cedor, ou seja, quando é recebida a fatura do fornecedor. Existem três informações que devem estar em consonância: o pedido de compra, o relatório de recebimento do material e a fatura. Os materiais e as quantidades devem ser os mesmos nos três documentos. Os preços devem ser os mesmos no pedido de compra e na fatura. O setor de compras observa esses elementos.e, estando eles em conformidade, a fatura é aprovada e enviada para o setor contas a pagar.
Estabelecimento das especificações da compra O que comprar é a primeira preocupação do setor de compras e, embora pareça, não é necessariamente uma decisão muito fácil. A decisão de comprar deve considerar como o material a ser comprado será utilizado, com que freqüência e quanto à empresa está disposta a pagar por esse material. De acordo com Arnold (1999), na compra de um item ou serviço de um fornecedor, vários fatores estão incluídos no processo de compra. Esses fatores devem ser considerados quando as especificações do material a ser comprado estão sendo desenvolvidas. Eles podem ser divididos nas três seguintes categorias:
Exigências de quantidade - A demanda de mercado determina a quantidade necessária a ser comprada, esta influenciará o modo como o produto será projetado, especificado e fabricado.
ao item, ou seja, quanto ele está disposto a pagar. Se o produto deve ser vendido a um preço baixo, o fabricante não estará disposto a pagar um preço muito alto por um material que o componha. O valor econômico dado ao produto deve relacionar-se com o uso do produto e com seu futuro preço de venda.
Exigências funcionais - As especificações funcionais estão ligadas com a utilização final do produto e com o desempenho esperado. É a categoria de exigência mais importante, pois orienta as outras.
119 TÓPICOS ESPECIAIS EM LOGISTICA
Exigências de preço - O preço representa o valor econômico que o comprador atribui
As exigências funcionais são as mais difíceis de serem definidas. Elas devem satisfazer a necessidade ou o propósito real do produto. Em muitos casos, o propósito real de um produto tem, para o cliente, tanto aspectos práticos quanto estéticos. Uma luminária, por exemplo, serve para iluminar e também pode servir para decorar um ambiente. O que suscita várias perguntas, como por exemplo: em que cor, estilo ou material deve ser fabricado para atender às exigências do cliente final?
SELEÇÃO DE FORNECEDORES Como já aprendemos, o objetivo do setor de compras é conseguir, de modo harmonioso, qualidade, quantidade, prazo de entrega e preço. E depois que uma empresa decide o que comprar, a decisão seguinte é selecionar o fornecedor ou fornecedores certo(s). O fornecedor é uma pessoa física ou jurídica, externa ao negócio, que fornece produtos ou serviços à empresa. Um bom fornecedor é aquele que tem a tecnologia para fabricar o produto na qualidade exigida, tem a capacidade de produzir as quantidades necessárias e pode administrar seu negócio com eficiência suficiente para ter lucros e ainda assim vender um produto a preços competitivos. (ARNOLD, 1999, p. 218).
As empresas, para produzir produtos de boa qualidade e que sejam capazes de competir no mercado, precisam de bons fornecedores, que atendam às necessidades, em termos de qualidade do material oferecido, bem como de prazo de entrega aceitável e preço acessível. O setor de compras deve buscar, junto ao mercado de fornecedor de materiais, as melhores opções. Para isso, são usados parâmetros que exerçam influência direta no processo produtivo (baixo custo e qualidade) e buscam-se fontes de fornecimento que melhor se adaptem às suas necessidades. Segundo Arnold (1999, p. 218), as fontes podem ser classificadas em: única, múltipla e simples.
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TÓPICOS ESPECIAIS EM LOGISTICA
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Fonte única - implica que apenas um fornecedor está disponível devido a patentes, especificações técnicas, matéria-prima, localização, e assim por diante.
Fonte múltipla – é a utilização de mais de um fornecedor para um item. As vantagens potenciais da fonte múltipla são as seguintes: a competição vai gerar preços mais baixos ou melhores serviços e haverá uma continuidade no fornecimento. Na prática, existe uma tendência de relação competitiva entre o fornecedor e o cliente.
Fonte simples – é uma decisão planejada pela organização no sentido de selecionar um fornecedor para um item quando existem várias fontes disponíveis. A intenção é criar uma parceria a longo prazo.
Veremos, a seguir, fatores que influenciam a escolha de fornecedores.
________________________ ________________________ ________________________ FATORES QUE INFLUENCIAM A ESCOLHA DE ________________________ FORNECEDORES ________________________ ________________________ Há vários fatores que influenciam na escolha de fornecedores, pois estes devem ________________________ atender a especificações técnicas que permitam as empresas produzirem seus produ________________________ tos com qualidade. Entre eles, temos: ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ O fornecedor deve ter a habilidade ________________________ Habilidade técnica técnica para produzir e fornecer o material desejado. ________________________ ________________________ ________________________ O fornecedor deve ser capaz de satisfazer ________________________ Capacidade de produção às especificações técnicas e suprir a ________________________ quantidade e a qualidade desejadas. ________________________ ________________________ O fornecedor deve ser confiável, respeitado ________________________ Confiabilidade e financeiramente sólido. ________________________ ________________________ O fornecedor deve ter um bom serviço de ________________________ Serviços pós-vendas atendimento pós-venda. ________________________
do tempo de reposição.
O fornecedor deve ser capaz de oferecer
Preço
preços competitivos.
No processo de seleção, a capacidade de produção e a confiabilidade devem ser analisadas criteriosamente pelo comprador, pois o fornecedor deve atender às especificações do material, com baixa taxa de defeitos, com qualidade e quantidade
121 TÓPICOS ESPECIAIS EM LOGISTICA
Localização do fornecedor
Uma localização próxima auxilia na redução
exigidas. Quando se escolhe um fornecedor, ele deve ser respeitado e sólido financeiramente, para que o suprimento seja devidamente garantido dentro dos prazos acordados. Outros parâmetros que devem ser levados em consideração são: os serviços pós-vendas (sistema de suporte); a localização do fornecedor (de preferência, perto do comprador), a redução de tempo de entrega, a fim de evitar falta de material. Como exemplo, podemos citar a fábrica da Ford, em Camaçari, que reflete a maior parte - se não todos - dos fatores que foram citados. A maioria de seus fornecedores está dentro da área física da empresa ou está a uma distância relativamente pequena dela.
PESQUISA E SELEÇÃO DE FORNECEDORES A procura de fornecedores é simplesmente uma pesquisa de mercado, para averiguar quais são as possíveis fontes de fornecimento do material pedido. A escolha do fornecedor é uma seleção feita pelo setor de compras, tendo como base a comparação entre os possíveis fornecedores e dos fatores já estudados. A pesquisa permite uma comparação dos vários fornecedores qualificados, enquanto a seleção é uma decisão sobre qual será o escolhido para fornecer o material requisitado. À medida que pesquisa e seleciona os fornecedores, o setor de compras deve manter um registro sobre a avaliação dos fornecedores quanto ao preço, aos prazos de entrega e à qualidade do material recebido, para facilitar futuros processos de compra. Aproveito para chamar a sua atenção para as mudanças que estão ocorrendo no mundo dos negócios. Para isso, uso uma citação de Chiavenato (2005, p. 106): As empresas modernas estão tratando seus fornecedores como verdadeiros parceiros do negócio. Como? A maioria delas se preocupa em selecionar os fornecedores mais confiáveis em termos de preço, qualidade e entrega para transformá-los em fornecedores preferenciais, ao mesmo tempo em que reduzem o número de opções de fornecedores, elas se concentram naqueles em que possam confiar e
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que as ajudem a definir e garantir seu plano de produção com futu-
TÓPICOS ESPECIAIS EM LOGISTICA
de quantidade e qualidade assegurada, enquanto a empresa busca
ras encomendas. Os fornecedores podem contribuir com contratos aumentar a certeza em seu fornecimento.
Entretanto, a modernidade ainda não alcançou todas as empresas e algumas ainda utilizam, no seu processo de compra, o Lote Econômico de Compras (LEC).
Lote econômico de compras (LEC) O LEC é o resultado de um procedimento matemático, através do qual a empresa adquire o material necessário às suas atividades pelo seu custo total de estoque mais baixo. O lote econômico para compra representa a quantidade de material, de tal forma que o custo de pedido e de armazenagem seja mínimo, como podemos observar no gráfico a seguir.
Figura 2 - Curva de custo total
________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ Custo total Custo por ________________________ período de ________________________ tempo ________________________ Custo de armazenagem ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ Custo de pedido ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ Tamanho do lote LEC ________________________ ________________________ Fonte: Adaptado de Pozo (2007, p. 163) ________________________ ________________________ ________________________ Analisando o gráfico, podemos observar que, à medida que a quantidade de ________________________ material pedido aumenta, o custo de armazenagem também aumenta, porém o custo ________________________ de pedido diminui. ________________________ Essa prática torna possível diluir os custos fixos entre muitas unidades compra________________________
Curva de custo total
das e, portanto, reduzir o custo unitário. Em geral, não é econômico estocar um mate-
As empresas devem buscar um tamanho de lote que minimize o custo total, ou seja, onde os custos de obtenção e de manutenção sejam mínimos. No entanto, não se deve levar tal procedimento muito longe, pois, se as ordens de reposição se tornam muito grandes, os estoques resultantes crescem além de certos limites e os custos, tanto de capital como de manuseio, excedem as possíveis economias em custos de transporte, produção e administração. O custo total do estoque é calculado através da seguinte fórmula:
123 TÓPICOS ESPECIAIS EM LOGISTICA
rial se isso excede o custo de comprá-lo de acordo com as necessidades.
CTA = CMC + Cp + Cm + CA
Onde: CTA = Custo total Anual de Estoque CMC = Custo anual do material comprado Cp = Custo anual do pedido Cm = Custo anual de manuseio CA = Custo anual de armazenagem
________________________ ________________________ ________________________ E o lote econômico de compras se utiliza da seguinte fórmula: ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ Onde: ________________________ ________________________ LEC = Lote econômico de compras ________________________ C = Consumo anual em quantidades ________________________ ________________________ CP = Custo unitário do pedido de compra ________________________ CA = Custo de armazenagem unitário anual ________________________ ________________________ ________________________ Nós já estudamos, na aula anterior, o custo de armazenagem. Quanto ao custo ________________________ do pedido, é composto de todos os custos que incorrem no processamento de uma ________________________ ________________________ compra. ________________________ Bem, para entender melhor esses conceitos, vamos a um exemplo prático. ________________________ ________________________
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Exemplo:
TÓPICOS ESPECIAIS EM LOGISTICA
Um varejista comercializa 9.000 unidades de um produto mensalmente, totalizando compras anuais de 108.000 unidades. Definiu-se que seu estoque de segurança seria zero e a compra do produto seria por meio do lote econômico de compras. Sabese das seguintes informações:
o custo unitário do produto é de R$ 50,00, sem variação de preço por quantidade comprada; o custo de emissão de pedido de R$ 2000,00 por pedido.
Note que esses custos adicionais são elevados e, para diminuir o custo por unidades, é necessário emitir pedidos grandes. Lotes grandes redundam em estoques médios maiores e, como consequência, investimentos maiores. Considere o custo anual de armazenagem por unidade sendo o resultado da soma dos seguintes custos: custo de estoque de 40% do custo unitário do produto; custo de deterioração e obsolescência de R$ 6,00 por unidade ao ano e outros custos de R$ 9,00 por unidade ano.
________________________ Calcule o LEC. ________________________ ________________________ ________________________ Para calcular, precisamos dos seguintes dados: quantidade consumida no ano; ________________________ ________________________ custo total de cada pedido e o custo de armazenagem. ________________________ ________________________ ________________________ Bem vamos lá! ________________________ ________________________ ________________________ C = 108.000 unidades (quantidade consumida no ano) ________________________ CP = R$ 2.000,00 (custo de emissão de cada pedido) ________________________ ________________________ CA = 40% do preço do produto + custo de deterioração e obsolescência + ou________________________ tros custos => CA = 20,00 + 6,00 + 9,00 => CA = R$35,00. ________________________ ________________________ ________________________ LEC = raiz quadrada de [(2 × 108.000 x 2.000) 35] ________________________ LEC = raiz quadrada de [(432.000.000) 35] ________________________ ________________________ LEC = raiz quadrada 12.342.857 ________________________ LEC = 3.514 unidades ________________________ ________________________
LEC?
CTA = CMC + Cp + Cm + CA
CMC = custo unitário x compras anuais CMC = R$ 50,00 x 108.000
125 TÓPICOS ESPECIAIS EM LOGISTICA
E qual será o custo total anual de estoque se a empresa trabalhar com o esse
CMC = R$ 5.400.000,00
Cp = (108.000
3.514) x 2.000,00 (As compras anuais são divididas pelo LEC e
o resultado dessa divisão é multiplicado pelo custo de emissão e manuseio, pois, aqui, é necessário o custo anual de pedidos.)
Cp = R$ 61.468,41
CA = (3514
2) x 35 (Como nós já temos o custo de armazenagem unitário, ________________________ basta multiplicá-lo pelo estoque médio, que, no nosso caso, é igual ao lote econômico ________________________ de compras, pois o estoque de segurança é zero.)
________________________ ________________________ ________________________ CA = R$ 61.495,00 ________________________ ________________________ ________________________ CTA = CMC + Cp + Cm + CA ________________________ ________________________ CTA = 5.400.00,00 + 61.468,41 + 0 + 61.495,00 ________________________ ________________________ CTA = 5.522.963,41 ________________________ ________________________ Se, nesse exemplo, o fornecedor oferecer um desconto de 3,5% para lotes aci- ________________________ ________________________ ma de 18.000 unidades? ________________________ ________________________ ________________________ Responda: é melhor comprar com desconto ou manter o LEC? ________________________ ________________________ Com desconto de 3,5%, o preço unitário do produto baixa de R$ 50,00 para R$ ________________________ ________________________ 48,25 e o CMC cai para: ________________________ ________________________ CMC = R$ 48,25 x 108.000 = R$ 5.211.000,00
TÓPICOS ESPECIAIS EM LOGISTICA
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O custo anual de pedido anual de pedido também cai:
Cp = (108.000
18.000) x 2.000,00 = R$ 12.000,00
Entretanto, o custo de armazenagem anual aumenta vertiginosamente para:
CA = (18.000
2) x {(48,25 x 0,4) + 15,00}
CA = R$ 308.700,00
elevando o custo total anual de estoque para:
CTA = CMC + Cp + Cm + CA CTA = 5.211.000,00 + 12.000,00 + 0 + 308.700,00 CTA = 5.531.700,00
________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________
Resumindo, o desconto de 3,5% para compras acima de 18.000 unidades, oferecido pelo fornecedor, ao invés de proporcionar lucro para a empresa, vai, ao final de um ano, aumentar o seu custo total, não sendo interessante para a empresa. Bem, agora que compreendemos o processo de compras nas empresas, estudaremos um pouco sobre o processo de compras no setor público. As compras no setor público são regidas pela Lei nº 8.666/93, que trata das licitações e dos contratos administrativos.
Lei das licitações A Lei nº 8.666/93, comumente denominada de Lei das Licitações, regulamenta as compras do setor público. A Lei, no seu Art. 1º, estabelece que as:
[...] normas gerais sobre licitações e contratos administrativos pertinentes a obras, serviços, inclusive de publicidade, compras, alienações e locações no âmbito dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.
administração pública, direta ou indireta. Nós nos fixaremos nos elementos da Lei que tratam do processo de Compras. A Lei nº 8.666/93 define compras, no seu Art. 6º, como “toda aquisição remunerada de bens para fornecimento de uma só vez ou parceladamente”. A Lei nº 8.666/93 deve ser utilizada como importante instrumento de gestão pelo responsável por compras no setor público, pois essas compras são realizadas por meio de licitações. A Lei nº 8.666/93, no seu Art. 3º, afirma que:
127 TÓPICOS ESPECIAIS EM LOGISTICA
Note que a Lei regulamenta todo o processo de contratação realizado pela
A licitação destina-se a garantir a observância do princípio constitucional da isonomia e a selecionar a proposta mais vantajosa para a Administração e será processada e julgada em estrita conformidade com os princípios básicos da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade, da probidade administrativa, da vinculação ao instrumento convocatório, do julgamento objetivo e dos que lhes são correlatos. (grifo nosso)
Observe que esse artigo preconiza que a licitação é a ocasião de estabelecer a concorrência entre os vários fornecedores de materiais para o setor público, per- ________________________ mitindo ao gestor de compras selecionar o fornecedor que ofereça a proposta mais ________________________ vantajosa para o interesse público.
Esse artigo define que deve ser observado o princípio da Isonomia, ou seja, a igualdade entre os licitantes, e impede a discriminação entre os participantes da licitação, quer seja por meio de cláusulas que, no edital, favoreçam uma empresa fornecedora em detrimento de outra, quer seja mediante julgamento parcial. Entretanto, não configura transgressão ao princípio da isonomia a especificação de requisitos mínimos de participação, porque a administração pública pode e deve fixá-los sempre que forem necessários, para garantir o cumprimento do contrato, a regularidade do fornecimento e o atendimento do interesse público. O artigo define, ainda, que devem ser observados os seguintes princípios: O princípio da legalidade diz que a licitação é o procedimento inteiramente definido pela a Lei. Todas as fases da licitação estão disciplinadas na Lei e todo licitante que se sinta lesado pela não observância de alguma norma pode impugnar judicialmente a licitação. O princípio da impessoalidade está totalmente ligado aos dois princípios, o da isonomia, que já vimos, e o do julgamento objetivo, que ainda veremos. O princípio diz que todos os licitantes devem ser tratados igualmente, em termos de direitos e obrigações, devendo a administração pública, em suas decisões, pautar-se por critérios objetivos sem levar em consideração as condições pessoais do licitante ou as vantagens por ele oferecidas, salvo as expressamente previstas na lei ou no edital de licitação.
________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________
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Quanto ao principio da moralidade e probidade administrativa, exige-se da administração pública o comportamento não apenas lícito, mas também em consonância com a moral, os bons costumes, as regras de boa administração, os princípios de justiça e equidade, enfim, com a honestidade. O ato de improbidade administrativa está perfeitamente abordado na Lei nº 8.429/92. Em relação à Lei nº 8.666, sem se referir diretamente à improbidade administrativa, ela prevê punição para essa infração nos artigos 89 a 99. O princípio da publicidade se refere não apenas à divulgação da licitação para conhecimento de todos os interessados, mas também às ações da administração pública praticadas em suas várias fases, as quais podem e devem ser abertas aos interessados, para assegurar a todos a possibilidade de fiscalizar sua legalidade. É a transparência em prol não apenas dos licitantes, mas de qualquer cidadão. A Lei nº 8.666, no parágrafo 3º do artigo 3º, define que “a licitação não será sigilosa, sendo públicos e acessíveis ao público, os atos de seu procedimento, salvo, quanto ao conteúdo das propostas até a respectiva abertura.” O artigo 4º também menciona o direito de qualquer cidadão acompanhar o desenvolvimento da licitação. O princípio da vinculação ao instrumento convocatório é o princípio básico da licitação. O edital é a lei interna da licitação e a vincula aos seus termos, tanto os licitantes, quanto a administração pública que o expediu. Esse atrelamento ao edital é o princípio básico de toda licitação. Não se entenderia que a administração fixasse no
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edital a forma e o modo de participação dos licitantes e, no decorrer da licitação ou na realização do julgamento, se afastasse do estabelecido, ou admitisse documentação e proposta em desacordo com o solicitado. O princípio do julgamento objetivo impõe que o julgamento das propostas seja realizado com base nos critérios descritos no edital e nos termos da proposta, ou seja, não pode ser decidido ou influenciado pelo subjetivismo, por sentimentos, impressões ou propósitos pessoais. Para fechar o estudo sobre os princípios da licitação, veremos o princípio da adjudicação compulsória ao vencedor. A adjudicação define que a administração pública está impedida de, concluído o procedimento licitatório, atribuir o seu objeto a outrem que não o legítimo vencedor da licitação. A adjudicação ao vencedor é obrigatória, a menos que este desista expressamente do contrato ou não o firme no prazo fixado, exceto que comprove justo motivo. A compulsoriedade impede também que se inicie nova licitação enquanto estiver válida a adjudicação anterior. Adverte-se, entretanto, que o direito do vencedor se limita à adjudicação, ou seja, a atribuição a ele do objeto da licitação, e não ao contrato imediato. Com a homologação da licitação e adjudicação, encerra-se o procedimento licitatório, passando-se ao contrato. Porém, quais são os tipos de licitação? Veremos agora!
No artigo 22, são definidas as modalidades de licitação: I – concorrência;
II – tomada de preços;
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Tipos de licitação e alguns de seus limites
III – convite;
IV – concurso;
V – leilão.
A concorrência é o tipo de licitação entre todos os interessados que, na fase inicial de habilitação preliminar, comprovem possuir os requisitos mínimos de qualificação exigidos no edital para execução de seu objeto. A tomada de preços é o tipo de licitação entre interessados devidamente ca- ________________________ dastrados ou que atenderem a todas as condições necessárias para cadastramento até ________________________ o terceiro dia anterior à data do recebimento das propostas, observada a necessária ________________________ qualificação. A carta convite é o tipo de licitação entre interessados do ramo pertinente ao seu objeto demandado, cadastrados ou não, escolhidos e convidados, em número mínimo de 3, pela unidade administrativa, a qual afixará, em local apropriado, cópia do edital convocatório e o estenderá aos demais cadastrados na correspondente especialidade que manifestarem seu interesse com antecedência de até 24 horas da apresentação das propostas. O concurso é o tipo de licitação entre os interessados para escolha de trabalho técnico, científico ou artístico, mediante a instituição de prêmios ou remuneração aos vencedores, conforme critérios constantes no edital publicado na imprensa oficial, com antecedência mínima de 45 dias. O Leilão é o tipo de licitação entre os interessados para a venda de bens móveis inservíveis para a Administração ou de produtos legalmente apreendidos ou penhorados, ou para a alienação de bens imóveis, prevista no art. 19 da Lei nº 8.666/93, a quem oferecer o maior lance, igual ou superior ao valor da avaliação. Em alguns casos especiais, a licitação pode ser inexigível. Esses casos são tratados no artigo 25: É inexigível a licitação quando houver inviabilidade de competição, em especial:
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I – para aquisição de materiais, equipamentos, ou gêneros que só
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mercial exclusivo, vedada a preferência de marca, devendo a com-
possam ser fornecidos por produtor, empresa ou representante coprovação de exclusividade ser feita através de atestado fornecido pelo órgão de registro do comércio do local em que se realizaria a licitação ou a obra ou o serviço, pelo Sindicato, Federação ou Confederação Patronal, ou, ainda, pelas entidades equivalentes;
II – para a contratação de serviços técnicos enumerados no art. 13 desta Lei, de natureza singular, com profissionais ou empresas de notória especialização, vedada a inexigibilidade para serviços de publicidade e divulgação;
III – para contratação de profissional de qualquer setor artístico, diretamente ou através de empresário exclusivo, desde que consagrado pela crítica especializada ou pela opinião pública.
O parágrafo primeiro deste artigo considera como de notória especialização o profissional ou empresa cujo conceito no campo de sua especialidade, decorrente de desempenho anterior, estudos, experiências, publicações, organização, aparelhamento, equipe técnica, ou de outros requisitos relacionados com suas atividades, permita inferir que o seu trabalho é essencial e indiscutivelmente o mais ade-
________________________ quado à plena satisfação do objeto do contrato. ________________________ ________________________ ________________________ Para habilitar-se a participar das licitações no setor público, será exigida dos ________________________ interessados, exclusivamente, documentação relativa aos seguintes elementos preco________________________ nizados no artigo 27 e devidamente explicados nos artigos de 28 a 31 da Lei. ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ I – habilitação jurídica; ________________________ ________________________ II – qualificação técnica; ________________________ ________________________ III – qualificação econômico-financeira; ________________________ ________________________ IV – regularidade fiscal; ________________________ ________________________ ________________________ V – cumprimento do disposto no inc. XXXIII do art. 7º da Constituição ________________________ Federal. ________________________ ________________________ ________________________ Agora que entendemos como é regida a licitação, vamos examinar, agora, como ________________________ são regulamentadas as compras no setor público. ________________________
O artigo 14 da Lei nº 8.666/93 estatui que nenhuma compra será realizada no setor público sem a adequada especificação de seu objeto e indicação dos recursos orçamentários para seu pagamento, sob pena de nulidade do ato e responsabilidade de quem lhe tiver dado causa. No artigo 15, é definido que as compras, sempre que possível, deverão:
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COMPRAS no setor público
I – atender ao princípio da padronização, que imponha compatibilidade de especificações técnicas e de desempenho, observadas, quando for o caso, as condições de manutenção, assistência técnica e garantia oferecidas;
II – ser processadas através de sistema de registro de preços;
III – submeter-se às condições de aquisição e pagamento semelhantes às do setor privado;
• Ver Decreto nº 3.892, de 20.8.01 (DOU de 21.8.01)
IV – ser subdivididas em tantas parcelas quantas necessárias para aproveitar as peculiaridades do mercado, visando economicidade;
V – balizar-se pelos preços praticados no âmbito dos órgãos e entidades da Administração Pública.
Afirma, ainda, em seu primeiro parágrafo do Art. 15, que o registro de preços será precedido de ampla pesquisa de mercado e, no segundo parágrafo, estatui que os preços registrados serão publicados trimestralmente para orientação da Administração, na imprensa oficial. Ainda no artigo 15, o parágrafo 7 define que, nas compras públicas, deverão ser observadas: I – a especificação completa do bem a ser adquirido sem indicação de marca;
II – a definição das unidades e das quantidades a serem adquiridas em função do consumo e utilização prováveis, cuja estimativa será obtida, sempre que possível, mediante adequadas técnicas quantitativas de estimação;
III – as condições de guarda e armazenamento que não permitam a deterioração do material.
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Bem, não esgotamos o assunto sobre a Lei de licitações, mas vimos os seus pontos mais importantes em relação ao processo de compras. A seguir, em LEITURAS INDICADAS, há sugestões de algumas leituras complementares a respeito da Lei de licitações e dos outros assuntos aqui abordados. Encerramos, nesta aula, os conteúdos programáticos contidos em nosso plano de ensino.
SÍNTESE Nesta aula, nós abordamos o assunto compras, tanto na visão das empresas, quanto na visão das organizações governamentais, onde a Lei de licitações nº 8.666/93 rege o processo de aquisição de materiais.
QUESTÃO PARA REFLEXÃO O Lote Econômico de Compra (LEC) é o resultado de um procedimento matemático, através do qual a empresa adquire o material necessário às suas atividades pelo seu custo mais baixo. Mas, será que é econômico estocar um material se isso ex-
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cede o custo de comprá-lo de acordo com as necessidades da organização?
LEITURAS INDICADAS PROVIN, Diego Telles; SELLITO, Miguel Afonso. Política de compra e reposição de estoques em uma empresa de pequeno porte do ramo atacadista de material para construção civil. Disponível em: http://www.pg.cefetpr.br/depog/periodicos/index. php/revistagi/article/viewFile/631/674. Acesso em: 28 mar. 2012. Lei das licitações comentada. Disponível em: www.fortium.com.br/blog/material/ Lei.86666...Comentada.pdf. Acesso em: 28 mar.2012. Leitura do capítulo 5 do seguinte livro: POZO, Hamilton. Administração de recursos materiais e patrimoniais: uma abordagem logística. São Paulo: Atlas, 2007. Leitura do capítulo 7 do seguinte livro: VIANA, João José. Administração de materiais: um enfoque prático. São Paulo: Atlas, 2006.
REFERÊNCIAS ARNOLD, J. R. Tony. Administração de Materiais uma Introdução. São Paulo: Atlas, 1999.
BRASIL. Lei nº 8666/93. Disponível em: www.ufrrj.br/portal/modulo/daa/formularios/Lei8666.pdf. Acesso em: 05 abr. 2012.
w=article&id=29&Itemid=9. Acesso em: 05 abr. 2012.
CHIAVENATO, Idalberto. Administração de materiais: uma abordagem introdutória. Rio de Janeiro: Editora Campus, 2005.
POZO, Hamilton. Administração de recursos materiais e patrimoniais: uma abordagem logística. São Paulo: Atlas, 2007.
VIANA, João José. Administração de materiais: um enfoque prático. São Paulo: Atlas, 2006.
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BRASIL. Lei nº 8.429/92. Disponível em: http://www.ipea.gov.br/etica/index.php?option=com_content&vie
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